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A IMPRECISÃO TERMINOLÓGICA E TEXTUAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA E PORTUGUESA DE DIREITO AUTORAL
Bianca [email protected]
PARA COMEÇO DE CONVERSA...
A lei brasileira sobre direitos autorais é a lei 9.610/98
No caso de Portugal, encontramos o Decreto-Lei n.º 63/85 - Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos
POR QUE DISCUTIR O DIREITO AUTORAL EM UMA CONFERÊNCIA DE ACESSO ABERTO?
Porque as questões relacionadas com os titulares do direito de autor são dos principais entraves para a implantação das vias dourada e verde.
Como assim? Via dourada: o autor, engajado no movimento de
acesso aberto, tenta estabelecer uma nova relação contratual com os editores
Via verde: os depósitos (auto-depósito ou mediado) em repositórios são retardados ou vedados
DOCUMENTOS CONSTITUINTES DO MOVIMENTO DE ACESSO ABERTO À INFORMAÇÃO CIENTÍFICA Budapest Open Access Initiative - uma de suas
estratégias, o arquivamento da produção científica pelos próprios autores em repositórios digitais de acesso aberto
Declaração de Berlim - preconiza que as contribuições de acesso aberto devem satisfazer a condição de que o autor e depositário da propriedade intelectual deve garantir a todos usuários por igual o direito gratuito de ter acesso, copiar, usar, distribuir, transmitir publicamente, fazer e distribuir trabalhos derivados em meio digital para qualquer propósito responsável um trabalho
Trata-se de fazer com que o autor reveja as relações contratuais já estabelecidas e pensar em novas
maneiras de estabelecer estas relações, principalmente, com
seus editores
Mas, para poder discutir os termos constantes do contrato é necessário que os autores compreendam a parcela do universo
jurídico que trata da proteção de sua obra intelectual
uso informal de linguagem, não há a preocupação com a precisão terminológica
uso especializado, essa precisão é fundamental
Aonde devemos situar a linguagem utilizada na redação das leis; na linguagem informal ou de uso especializado? É linguagem especializada por ser oriunda de um
campo do saber, o Direito, e É informal porque tem que ser compreendida e
acatada por todos os indivíduos de uma determinada sociedade organizada
Alguns exemplos dessa imprecisão terminológica e textual...
artigo 7º da LB - “são obras intelectuais protegidas as criações do espírito...”
artigo 2º (Obras originais), inciso 1, alínea a) da LP – “livros, folhetos, revistas, jornais e outros escritos” Que outros???? Pois nas demais alíneas elenca uma série de outras obras escritas...
art. 46 da LB – “Não constitui ofensa aos direitos autorais: II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro.” Qual é a medida de “pequenos trechos”???
Sobre o mesmo tema, a LP é precisa! artigo 75, item 2, alínea a – “São lícitas, sem o consentimento do autor, as seguintes utilizações da obra: a) A reprodução, para fins exclusivamente privados, em papel ou suporte similar, realizada através de qualquer tipo de técnica fotográfica ou processo com resultados semelhantes, com excepção das partituras, bem como a reprodução em qualquer meio realizada por pessoa singular para uso privado e sem fins comerciais directos ou indirectos”
Mas....em relação à duração dos direitos de autor a LP é imprecisa. O artigo 31º determina que “O direito de autor caduca, na falta de disposição especial, 70 anos após a morte do criador intelectual”. A lei se refere a 70 anos a contar do mesmo ano do falecimento?
Neste caso a LB é precisa e diz no artigo 41. que “os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao de seu falecimento...”
As ambiguidades e imprecisões terminológicas e textuais presentes nas legislações brasileira e portuguesa não se detém às apresentadas.
Quando nos deparamos em situações em que temos que lidar com o disposto na lei é que realmente nos damos conta da imprecisão terminológica e textual da lei.
O problema é que a sua aplicação, muitas vezes, dependerá da interpretação pessoal do magistrado. Fato que pode nos causar insegurança...
A insegurança e desconhecimento das leis de direito autoral podem ser um fator de desânimo do autor quando tem que estabelecer um novo tipo de relação contratual com um editor.
E assim, o autor termina aceitando as condições que lhe são impostas, sem questionar...
Deste modo, a comunicação científica continua morosa...
E o que os cientistas realmente querem é que a informação entre os seus pares circule de maneira ágil!
Uma lei de direitos de autor precisa em sua redação não esconder as segundas interpretações que podem vir a existir.
Para tanto, nós, autores, temos que mostrar aos legisladores o que queremos que seja protegido e de que forma!
Obrigada! Ou quem sabe, melhor dizer, agradecida! Não, gratificada, acho que é melhor... Talvez, quem sabe se eu disser: penhorada! Ah, obrigadinha é mais bonitinho!
Bianca [email protected]