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CARVALHO, V. D. H. ; FREITAS JUNIOR, O. G. ; DOMARQUES M, A. L. P. ; CAVALCANTE, A. B. M. . Avaliando os Portais Corporativos de Conhecimento das Universidades Públicas Brasileiras. In: 9º Congresso Brasileiro de Gestão do Conhecimento - KM Brasil, 2010, Gramado. Anais do 9º Congresso Brasileiro de Gestão do Conhecimento. Gramado : MoBdesign, 2010.
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AVALIANDO OS PORTAIS CORPORATIVOS DE CONHECIMENTO DAS
UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS
Victor Diogho Heuer de Carvalho1
Olival de Gusmão Freitas Júnior1
André Luiz Pereira Domarques de Menezes1
Adolfo Bruno Moura Cavalcante1
RESUMO
A capacidade de criar, gerenciar, distribuir e compartilhar ativos de informação e
conhecimento é fundamental para que uma universidade se posicione em vanguarda, criando
diferenciais competitivos. Os ativos de informação e conhecimento disponibilizados nos
portais corporativos das Universidades Públicas Brasileiras – UPB's – são fundamentais para
otimizar os seus processos de trabalho e a geração de novas informações e conhecimentos.
Observa-se também a necessidade nas UPB's de remodelar seus canais de relacionamento
social, promovendo compartilhamento e disseminação de seu capital intelectual, aplicando-o
na busca de soluções e construção de estratégias para o desenvolvimento regional. O presente
estudo teve por objetivo investigar os aspectos conceituais e tecnológicos empregados nos
portais corporativos das UPB's. Esta pesquisa teve um caráter exploratório e descritivo com
uma abordagem qualitativa na qual se analisou uma amostra de 19 (dezenove) UPB's que
adotam o conceito de portais corporativos.
Palavras-Chave: Gestão do Conhecimento. Tecnologia da Informação. Portais Corporativos
de Conhecimento.
ABSTRACT
The capacity to create, manage, distribute and share assets of information and knowledge is
fundamental for that a university position itself at the forefront, creating competitive
advantages. The assets of information and knowledge available in the corporate portals of the
Brazilian Public Universities – BPUs - are essential to optimize their work processes and
generation of new information and knowledge. Also there is a need in the BPUs to reshape
their channels of social relationship, promoting sharing and dissemination of their intellectual
capital and applying it in the search of solutions and building strategies for regional
development. This study aimed to investigate the conceptual and technological aspects used in
corporate portals of BPUs. The research had exploratory and descriptive nature with a
qualitative approach in which a sample of 19 (nineteen) BPUs that adopt the concept of
corporate portals was analyzed.
Keywords: Knowledge Management. Information Technology. Corporate Knowledge Portals.
1 Universidade Federal de Alagoas, Maceió/Alagoas. E-mail: [email protected]
2
1. INTRODUÇÃO
No século XXI, o Brasil encontra-se numa nova fase que o governo federal instiga as
Universidades Públicas, para uma acirrada competição por recursos, na corrida pela
qualidade, expansão e pela excelência. As decisões do Estado agora se expressam por meio de
políticas nacionais, apenas por meio das quais, se podem obter os recursos para custeio e
investimento e que, por sua vez, submetem as instituições não somente ao monitoramento do
Estado, mas ao controle social exercido pela sociedade civil organizada.
Em 2004, O Governo Federal lançou o Programa de Extensão da Educação Superior
Pública, elaborado pelo Ministério da Educação, cujo objetivo visava a interiorização do
ensino superior, público e gratuito. Esse programa disponibilizou consideráveis recursos para
as Instituições Federais de Ensino Superior construírem e implantarem novos campi pelo
interior dos Estados de suas sedes, bem como para contratarem novos técnico-administrativos
e também novos docentes. Todavia, o cenário atual traz novas exigências e desafios relativos à
definição da missão social das universidades e às formas de seu relacionamento com a
sociedade.
Em abril de 2007, o governo federal lançou o Programa de Apoio aos Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI –, cujas orientações estão
contidas no PNE e no Decreto no 6.096/97 de 24 de abril de 2007, trata-se, de fato, de um
Plano de Desenvolvimento Institucional – PDI –, que reconhece as possibilidades e
potencialidades no atual estágio de desenvolvimento das IFES’s – Instituições Federais de
Ensino Superior –, bem como as oportunidades que se abrem, propondo as linhas de
desenvolvimento necessárias às reestruturações e expansões. A interlocução do Ministério da
Educação, representado pela sua Secretaria de Educação Superior (SESu), com a Associação
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) e com o
conjunto das IFES’s, contribuíram, substancialmente, para o delineamento do programa
apresentado pelo MEC.
Nesse cenário, as UPB’s têm sido questionadas sobre seus objetivos, estrutura
organizacional e sua gestão, assim como sobre a eficiência e qualidade dos seus serviços e a
forma como elas utilizam os recursos provenientes da sociedade (BRYSON, 2004;
ESTRADA, 2000).
O advento do governo eletrônico (e-gov), do comércio eletrônico (e-business) e ainda
o relacionamento eletrônico (e-relationship) vêm impondo um novo ritmo aos
relacionamentos existentes na sociedade organizada. Conceitos como a transparência, serviços
3
eletrônicos, otimização do tempo e dos processos de trabalho e ainda sobre o aumento da
confiança nos relacionamentos digitais – com base na segurança da informação – estão
norteando esse novo modelo, e, inevitavelmente, as UPB’s precisam se adequar a esse
cenário.
Avila (2007) define que, no contexto brasileiro, o governo eletrônico tem início com a
implantação da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) em 1989 e com a utilização dos
primeiros sistemas de informação para serviços públicos na década de 90. O Plano Diretor de
Reforma, as Modernizações na Estrutura Estatal e a Evolução das Tecnologias da Informação
contribuíram para a criação, em 1999, do Programa Sociedade da Informação, elaborado pelo
Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia sob supervisão do Ministério da Ciência e
Tecnologia.
No âmbito das UPB’s, visualizadas pela sociedade como amplas geradoras e
disseminadoras de ativos de informação e conhecimento, bem como principais formadoras de
recursos humanos especializados, as novas tecnologias estão redesenhando significativamente
os seus canais de relacionamento com a sociedade.
Com tudo isso, a estruturação de um portal corporativo de conhecimento permitirá que
essas universidades estejam em constante processo de relacionamento com a sociedade,
baseando-se significativamente nos recursos digitais para promover o compartilhamento dos
seus conhecimentos acadêmicos e científicos, aplicando-os na busca de soluções e construção
de estratégias para o desenvolvimento da sociedade.
O presente estudo teve como objetivo investigar os aspectos conceituais e tecnológicos
empregados nos portais corporativos mediante a aplicação de um questionário com 20 (vinte)
questões. O artigo estrutura-se em cinco seções posteriores: a primeira expõe a metodologia
empregada na pesquisa; a segunda seção delineia o referencial teórico utilizado na pesquisa de
campo; na terceira seção, encontram-se a análise e discussão dos resultados auferidos na
pesquisa de campo; e, enfim, a última seção apresenta as principais conclusões do estudo,
além de sugestões para estudos futuros.
2. METODOLOGIA
O presente estudo é caracterizado como de natureza exploratória e descritiva, trazendo
uma abordagem qualitativa (YIN, 2005) sobre como as UPB’s utilizam o conceito de portais
corporativos de conhecimento.
4
Na primeira etapa, foi realizada uma revisão bibliográfica da literatura sobre a
temática de portais corporativos de conhecimento, com o intuito de construir um referencial
teórico de apoio para o levantamento de dados realizado nos sítios das UPB’s.
A segunda etapa consistiu em definir uma escala evolutiva para os portais das UPB’s,
levando em consideração aspectos conceituais e tecnológicos.
A terceira etapa consistiu na exposição dos resultados obtidos por meio da análise de
cada um destes sítios das UPB’s, apresentando, através de uma tabela, a caracterização geral
dos portais dessas universidades bem como os conceitos empregados.
Na última etapa da pesquisa foi aplicado um questionário naquelas UPB´s que utilizam
o conceito de portais, visando aprofundar as informações quanto ao seu estágio evolutivo nos
aspectos conceituais e tecnológicos. O questionário foi submetido para as 19 UPB´s que
utilizam o conceito de portal, nas diversas regiões do País, distribuídas segundo a Tabela 1.
Região do País Quantidade de Universidades
Centro-oeste 2
Nordeste 5
Norte 3
Sudeste 4
Sul 5
Tabela 1 – A Distribuição Geográfica das UPB´s Avaliadas. (Fonte: dos autores)
3. ASPECTOS TEÓRICOS DA PESQUISA
3.1 O ambiente das universidades
O ambiente é uma fonte de recursos (humanos, materiais, informacionais e
financeiros) e oportunidades em que as UPB’s podem extrair os insumos necessários ao seu
funcionamento. O ambiente funciona também como um campo dinâmico de forças que
interagem entre si, provocando mudanças que influenciam as UPB’s.
As UPB’s, apesar de terem finalidades específicas e objetivos diferentes, possuem
semelhanças: têm estruturas similares, podendo ser administradas, conforme seus princípios e
modelos propostos, pelas teorias da administração (DOMENICO, 2001).
Do ponto de vista administrativo, essas instituições são organizáveis e planejáveis sob
influências do ambiente em que estão inseridas. Ambiente, neste contexto, é entendido como
o conjunto de elementos que não pertencem à organização, conforme exemplificado na
Figura 1.
5
Figura 1 – A UPB e o ambiente externo.
(Fonte: adaptada de TACHIZAWA E ANDRADE, 1999)
De acordo com Magalhães (2001), a gestão na UPB está voltada para gerência dos
seguintes elementos:
Comunidade Interna – representados pelos funcionários (docentes e técnicos) e discentes;
Mercado – o mercado são os clientes externos finais (empresas públicas e privadas) e
organizações governamentais, que absorverão os egressos;
Fornecedores – fornecedores são os agentes (ou entidades) que fornecem bens, serviços,
capital, materiais, equipamentos ou demais recursos necessários às atividades internas da
instituição; e
Produto – os produtos são os resultados das atividades internas da instituição, o profissional
formado, preparado para atuar no mercado, além dos produtos (bens e serviços) educacionais,
resultados de atividades de pesquisa e de extensão.
Diante do exposto, pode-se identificar os principais atores de uma UPB: o discente, o
servidor, o gestor, o empreendedor e o cidadão. O discente é o maior cliente de uma UPB, que
tem como objetivo prepará-lo para atuar no mercado de trabalho e o tornar um profissional
altamente qualificado.
O servidor é representado pelo docente ou pelo técnico. Este primeiro tem o papel
maior de formar os discentes e atua como mestres. O segundo atuaria como apoio técnico
necessário à realização das atividades da instituição.
O gestor é representado pelas organizações governamentais, pelos fornecedores
(parceiros) e pelos gestores internos. Os fornecedores são os agentes (ou entidades) que
fornecem recursos necessários às atividades internas da instituição. Os gestores internos são
os diretores de unidades, coordenadores e pró-reitores que fazem uso dos recursos da
instituição. Além disso, os gestores podem acompanhar o desempenho operacional das suas
unidades por meio de indicadores.
O empreendedor é representado, sobretudo, pelo setor produtivo que necessita da mão-
6
de-obra qualificada (discentes) e dos resultados das atividades de pesquisa e de extensão
desenvolvidas pela comunidade acadêmica para inovar em suas linhas de produtos e serviços.
O cidadão é representado pela sociedade ou pela comunidade externa que utiliza os serviços
da IES.
3.2. Portais Corporativos
Os portais corporativos de conhecimento surgiram no contexto do processo de
integração aos sítios de funcionalidades: chats em tempo real, listas de discussão,
comunidades virtuais, fóruns, conteúdos personalizados, de acordo com o interesse do
usuário, e acesso aos conteúdos especializados. Dessa forma, as organizações acabaram
percebendo o sucesso desses ambientes virtuais, em termos gerais de aceitação pelo público, e
começaram a trabalhar no desenvolvimento de sistemas de informação que pudessem ser
acessados via Web. Os portais corporativos de conhecimento possibilitam às organizações
uma infraestrutura tecnológica capacitadora para apoiar e sustentar fluxos otimizados de
informação e conhecimento (TERRA E GORDON, 2002).
Os portais corporativos disponibilizam informações estruturadas em dois espaços de
acesso, sendo um público disponível para todos os usuários da Internet e outro restrito
(ambiente da Intranet), permitindo acesso apenas para alguns atores, como, por exemplo, a
comunidade universitária (alunos, professores e técnicos). No entanto, o acesso ao ambiente
restrito obedece às regras de personalização para cada ator, ou seja, cada ator possui acesso
diferenciado às determinadas informações e aplicativos. No espaço destinado para acesso
restrito, normalmente são disponibilizados acesso aos determinados aplicativos e sistemas
legados bem como ferramentas de e-mail e fóruns de discussão. Já no ambiente externo
voltado para a sociedade, são fornecidos informações gerais sobre a instituição, links externos
e conteúdos variados. Com isso, os diversos serviços disponibilizados nos portais
corporativos de conhecimento permitem dinamizar o fluxo de informação e conhecimento,
possibilitando maior interação e integração entre os atores (mesmo os dispersos
geograficamente). Menezes (2009, p. 12) destaca:
Os portais corporativos oferecerem uma solução baseada na Web (web-based) para a
distribuição de informações corporativas e consolidação de objetos (relatórios,
documentos, planilhas, formulários, etc) da inteligência corporativa (business intelligence), tornando essas informações disponíveis em um único ponto de acesso e
podendo ser acessadas, através de um browser, em qualquer ponto do planeta com
uma rígida política de controle de acesso e segurança.
Existe uma série de benefícios na implantação do conceito de portais, entre eles estão:
7
Aumento da eficiência. O portal não só disponibiliza novas informações para os usuários,
como também fornece informações de modo integrado e personalizado;
Redução do custo da informação. O benefício é uma consequência tanto do reduzido custo
da publicação na Web como da automação oferecido pelo próprio portal;
Aumento da colaboração. Este benefício se traduz na busca e implantação dos objetivos da
instituição, aumentando a integração social dos seus diversos ambientes por meio da
integração das unidades acadêmicas e administrativas;
Aumento da produtividade dos servidores. Este argumento relaciona-se à redução do
tempo gasto para localizar informações e serviços necessárias à realização das
tarefas/atividades dos setores;
Visão única das informações corporativas. A visão unificada das informações tem forte
impacto na qualidade das informações, evitando inconsistências e redundâncias. Essa
característica também é atraente no que se refere à dispersão dos servidores pelas diversas
unidades da instituição, pois cria uma visão holística da mesma.
Os portais corporativos contribuem para o início do processo de criação do
conhecimento organizacional mediante o modelo de conversão proposto por Nonaka e
Takeuchi (1997). Com base nesse modelo, podem se contextualizar os portais corporativos da
seguinte maneira:
a utilização dos portais corporativos como plataformas integradoras de sistemas
relacionadas à área de atuação da organização, uma vez que o conhecimento é compartilhado
e disseminado por meio do intercâmbio de experiências, informações e conhecimentos
individuais entre os demais atores, ocorrendo a socialização do conhecimento;
como ocorre o processo de organização do conhecimento tácito em conhecimento explícito
por meio da plataforma, os portais promovem a externalização do conhecimento;
a plataforma disponibiliza uma série de informações: os canais da informação são os
documentos, manuais, relatórios ou cursos on-line, a organização realiza a combinação do
conhecimento que servirá de base para a criação de novos conhecimentos;
o conhecimento gerado pela combinação é transformado em tácito por meio da
internalização. Esse processo ocorre quando os colaboradores da organização, por
intermédio de um processo interativo, acessam e internalizam o conhecimento explícito
gerado, conforme suas próprias necessidades, voltando a assumir um contexto abstrato e
subjetivo para cada indivíduo na organização.
Em função da complexidade existente no processo de gerência das UPB’s, constata-se
a necessidade de eficientes sistemas de gestão do conhecimento que tratem os ativos de
8
informação e conhecimento como recursos estratégicos, visando atingir a excelência
acadêmica e científica, bem como melhorar e ampliar os canais de relacionamento com a
sociedade organizada.
4. AVALIANDO OS PORTAIS CORPORATIVOS NAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS
As universidades são organizações com uma grande multiplicidade de processos
internos, vários usuários e diversas unidades organizacionais, sendo facilmente perceptível
sua natural aderência à utilização do portal corporativo (GASPAR; DONAIRE; SANTOS;
SILVA, 2009).
Visando facilitar o estudo dos portais corporativos das UPB’s, houve a necessidade de
definir uma escala que retratasse os avanços conceituais e tecnológicos dos portais. Diante
disso, definiram-se três escalas evolutivas:
Fase Inicial. Nesta fase, as instituições utilizam apenas o conceito de portal corporativo.
Verifica-se que o portal corporativo apresenta algumas características comuns: áreas para
notícias e informes, eventos, menus e submenus (interativos ou não) – com links para diversas
informações relativas à estrutura e organização universitária; unidades acadêmicas, centros
e/ou departamentos; cursos de graduação e pós-graduação; acesso ao sistema acadêmico,
acesso à biblioteca virtual etc.
Fase Intermediária. Nesta fase, as instituições utilizam, além de um portal corporativo,
alguns portais temáticos, tais como: portal do aluno e portal do servidor. O portal do
aluno permite acesso ao sistema acadêmico, identificado como portal acadêmico, através de
login e senha cadastrada, mas pode-se visualizar algumas informações e acessar um “menu”
com horários de aulas dos cursos de graduação e pós-graduação. Contém ainda informações,
desde notícias da instituição e informações sobre as unidades acadêmicas, informações sobre
reitoria e pró-reitorias, grupos de pesquisa, processos seletivos, formação acadêmica e link
para biblioteca virtual. O portal do servidor é um espaço de cooperação e acesso às
informações e serviços de interesse de todos os servidores da instituição.
Fase Avançada. Nesta fase, as instituições utilizam, além de um portal corporativo, cinco
portais temáticos: portal do aluno, portal do servidor, portal da comunidade, portal do
empreendedor e portal do gestor. O conceito adotado nesta fase para portal corporativo
consiste em um sistema centrado nos diversos serviços, sistemas de informação e processos
da instituição, integrando e divulgando informações do banco de dados único, ampliando
9
significativamente as redes de relacionamento com os diversos atores (aluno, servidor,
cidadão, empreendedor e gestor). O portal do cidadão é um espaço de cooperação e troca de
saberes, buscando a construção e produção de conhecimento, visando à transformação da
sociedade em que está inserida. Este portal terá como conteúdo as seguintes informações e
serviços por área temática: projetos, cursos, eventos, publicações, links, fórum de discussão,
um banco de dados dos parceiros e membros de cada área. O portal do gestor enfatiza a
gestão por resultados como sendo a mais adequada para responder com agilidade às demandas
da sociedade, mantendo a competitividade e a efetividade. Esse portal conterá as informações
e serviços: execução orçamentário-financeira, licitações, contratos, convênios, despesas com
passagens e diárias, além de outros conteúdos de interesse institucional (relatório de gestão,
plano de desenvolvimento institucional, planejamento das unidades etc). O portal do
empreendedor tem como objetivo ser um espaço de cooperação entre empresas e a
comunidade científico-tecnológica. Além disso, a interação é dinamizada por um sistema de
busca por oportunidades nas empresas e por competência científico-tecnológica. Este portal
terá como conteúdo as seguintes informações e serviços: incubadoras, propriedade intelectual,
mapa de competência dos pesquisadores, grupos de pesquisa, patentes, convênios/contratos
com empresas, ofertas de estágios etc.
A Figura 2 retrata a fase avançada da escala evolutiva dos Portais Corporativos para
as UPB’s, que consiste em um sistema centrado nos diversos serviços, sistemas de
informação e processos da instituição, integrando e divulgando informações do banco de
dados único, ampliando significativamente as redes de relacionamento com os diversos atores.
Figura 2 – Fase Avançada do Conceito de Portais para as UPB's. (Fonte: dos autores)
Para que as UPB’s obtenham êxito na implantação desses portais, é necessário que
10
haja consenso sobre a importância da informação e definição da arquitetura de informação
dentro da instituição, sobre quem deve ser responsável por seu gerenciamento e sua
disseminação, bem como uma mudança na cultura dos servidores para trabalhar com o
conceito de gestão por resultados, cujo foco engloba desde a estrutura funcional (gestão de
processos) aos pormenores (sistema integrado de informações e portal corporativo do
conhecimento) do corpo funcional (gestão de processos), de quem se presume uma postura
eficaz e eficiente.
Dessa forma, a estruturação dos portais em categorias (aluno, servidor, gestor,
empreendedor e cidadão) permitirá que a IES pública esteja em constante processo de
relacionamento com a sociedade, baseando-se significativamente nos recursos digitais,
aplicando-o na busca de soluções e na construção de estratégias para o desenvolvimento do
País.
Partindo da conceituação apresentada, pôde-se avaliar o nível de desenvolvimento do
conceito de portais nas 56 Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Pelo Quadro 1, é
perceptível que neste total, apenas 19 (33,9%) encontram-se na fase Intermediária, possuindo
além do portal corporativo, entre um a quatro outros portais com foco nos atores descritos; a
fase Inicial se enquadra o restante das instituições, que adotam apenas a designação de portal
para seu sítio principal. Nenhuma instituição, atualmente, está enquadrada na fase avançada
por não possuir ainda os cinco portais descritos além de completa integração entre sistemas de
informação, processos e serviços.
Fase IFES (siglas)
Fase Inicial UNIR, UFBA, UFGD, UFPB, UNIFAL, UFCG, UFJF, UFLA, UFMS,
UFMG, UFOP, UFPEL, UFPE, UFRR, UFSCAR, UFSJ, UNIFESP, UFS,
UFV, UFAC, UFC, UFMA, UFPA, UFPR, UFPI, UFRJ, FURG, UFMT, UFF, UNIVASF, UFRRJ, UFRA, UFVJM, UFCSPA, UNB, UFABC, UFFS
Fase Intermediária (com as
designações dos portais adotados
pelas IFE´s)
UFG – Portal do Aluno e do Servidor
UNIFEI – Portal do Aluno/Acadêmico
UFMT – Portal Acadêmico
UFSC – Portal da Reitoria
UFU – Portal do Estudante, do Docente e do Servidor
UNIFAP – Portal Acadêmico/Ambiente Acadêmico e Portal dos Professores
UFAM – Portal do Aluno e do Professor
UFES – Portal do Aluno e do Professor
UNIRIO – Portal do Aluno e do Servidor UNIPAMPA – Portal do Aluno
UFRB – Portal Acadêmico
UFRN – Portal do Aluno, do Servidor, Administrativo e de Serviços
UFRGS – Portal do Aluno e do Servidor
UFT – Portal do Aluno, do Servidor e para Concursos, Vestibular e Seleções
UFRPE – Portal do Aluno e do Servidor
UTFPR – Portal do Aluno
UFERSA – Portal do Aluno, do Professor, do Servidor e de Serviços
UFAL – Portal do Gestor, da Extensão e do Servidor
11
UFSM – Portal do Aluno e do Servidor
Fase Avançada Ainda não existem IFES`s que estejam enquadradas nesta fase
Quadro 1 – Categorização das IFES de acordo com as Fases idealizadas.
(Fonte: dos autores)
Completando o quadro de IFES, a Universidade Federal de Integração da Amazônia
(UNIAM), a Universidade Federal da Integração Latino–Americana (UNILA) e a
Universidade Federal da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB)
ainda estão em fase de criação, não possuindo sítios definitivos a serem analisados.
5. RESULTADOS
Após a identificação das universidades públicas brasileiras que utilizam o conceito de
portas corporativos, foi aplicado um questionário para verificar os diversos aspectos
conceituais e tecnológicos empregados. O questionário foi submetido a 19 universidades
públicas, por meio da ferramenta Google Docs, estando dividido em três partes: a primeira
para levantar informações sobre a instituição, a segunda para definir o perfil do respondente
do questionário e a terceira para identificar as principais características conceituais e
tecnológicas dos portais. Das 19 universidades, 17 responderam à pesquisa.
Pela pesquisa realizada, 76,47% das instituições possuem mais de 30 anos de
existência. São, portanto, instituições maduras e com mais de 10.000 alunos matriculados.
Com relação ao perfil dos respondentes, 52,94% dos respondentes ocupam o cargo de diretor
do Núcleo de Tecnologia da Informação, sendo que a maioria tem mais de três anos no cargo.
No que diz respeito à quais públicos o portal está voltado para o atendimento das
necessidades informacionais, 100% das universidades responderam que os portais atendem ao
público alunos e docentes; 88,24% atendem aos servidores e a comunidade em geral e 64,71%
atendem aos gestores da instituição.
Sobre as categorias de portais, 76,47% das universidades responderam que possuem o
portal do aluno, 64,75% possuem o portal do servidor, 58,82% possuem o portal do docente e
29,45% possuem o portal da gestão.
Para os serviços e informações que são disponibilizados pelo portal corporativo da
instituição, 94,12% responderam que disponibilizam notícias gerais e da instituição, enquanto
que 88,24% disponibilizam informações sobre as unidades (acadêmicas e administrativas) e
os vestibulares e concursos da instituição, 82,35% disponibilizam informações sobre os
cursos ofertados, 76,47% disponibilizam informações sobre a Educação a Distância e 64,71%
disponibilizam o acesso a biblioteca virtual.
12
Quando perguntado quais serviços e informações estão disponíveis no portal do aluno,
76,47% responderam que disponibilizam a grade curricular dos cursos, a grade de disciplinas
e acesso a matrícula on-line; 70,59% emitem comprovantes e declarações para os alunos;
58,82% disponibilizam boletim on-line; 41,18% realizam avaliação institucional pelo aluno
por meio do portal. Foram mencionados como outros serviços no portal do aluno a “avaliação
do docente pelo discente” e a “solicitação de inscrição em disciplinas” (Figura 3).
Figura 3 – Serviços disponíveis no Portal do Aluno. (Fonte: dos autores)
Referente aos serviços e informações disponíveis no portal do docente: 76,47%
disponibilizam o acesso ao sistema acadêmico; 70,59% disponibilizam acesso às atividades de
ensino; 52,94% disponibilizam o e-mail institucional; 41,18% disponibilizam acesso à
biblioteca virtual; 41,18% ao perfil do docente. Nos outros serviços, uma instituição destacou
o “lançamento de notas” (Figura 4).
Figura 4 – Serviços disponíveis no Portal do Docente. (Fonte: dos autores)
Em relação aos serviços e informações, estão disponíveis no portal do servidor;
13
58,82% disponibilizam o e-mail institucional; 52,94%, as atividades administrativas; 47,06%
fazem uso do acesso ao sistema acadêmico e a outros sistemas do Governo Federal (Figura
5).
Figura 5 – Serviços disponíveis no Portal do Servidor. (Fonte: dos autores)
Em relação aos serviços e informações disponíveis no portal do gestor, 35,29%
apontou que disponibiliza o planejamento estratégico da instituição e das unidades, atividades
administrativas e legislação; 29,41% destacou a disponibilização de boletins e anuários
estatísticos, relatórios de gestão, e-mail institucional, acesso a sistema acadêmico e sistemas
administrativos; 23,53% garantem acesso a outros sistemas pertencentes ao Governo Federal
(SIAFI, SIMEC, SIDOR, SIAPENET, etc). Nenhuma instituição utiliza um painel de controle
(dashboard) no portal do gestor, através do qual poderia obter-se uma visualização dos
indicadores referentes a seu uso (Figura 6).
Figura 6 – Serviços disponíveis no Portal do Gestor.
(Fonte: dos autores)
Quanto a disponibilização dos portais em outros idiomas, apenas 23,53% possuem este
14
recurso. Quando perguntado se a universidade possuía algum sistema integrado de gestão que
utilizava o conceito de banco de dados único, apenas 29,41% responderam que possuem tal
sistema. A grande maioria das UPB´s (70,59%) ainda não possui um sistema integrado de
gestão.
Quando perguntado se o seu portal estava vinculado a algum sistema de gestão apenas
41,18% das universidades responderam que sim. Atualizações do portal são realizadas
diariamente por 88,24% das instituições, semanalmente por 5,88% e como outras formas de
atualizações, também 5,88% indicaram que são realizadas de forma dinâmica.
Quanto à tecnologia empregada na construção dos portais 23,53% utilizam o sistema
de gestão de conteúdo (SGC) Joomla, 11,76% utilizam o SGC Plone e 11,76% utilizam o
SGC Drupal.
A maioria das universidades, ou seja, 47,06% utilizaram outras tecnologias, tais como:
HTML, .NET, ASP, PHP, frameworks próprios etc. Isso mostra que menos da metade utiliza
uma arquitetura propícia para o desenvolvimento desses portais, em termos de usabilidade,
disponibilidade, segurança e suporte.
5. CONCLUSÃO
Os portais corporativos de conhecimento são vistos como ambientes propícios para a
busca contínua de melhoria dos serviços e do atendimento à sociedade. Todavia, no presente
estudo, apenas 33% das UPB’s investigadas empregam o conceito de portais.
Como resultado desta pesquisa, pode-se verificar a existência de importantes
diferenças tanto nos aspectos conceituais como tecnológicos. As principais distinções dizem
respeito ao tipo de serviços disponibilizados e a destinação dos ativos de informação
encontrados, que têm como foco o atendimento aos diferentes atores.
Pelo levantamento realizado, constata-se a necessidade da adoção de uma arquitetura
orientada a serviços para as UPB’s, visando disponibilizar seus serviços à sociedade de
maneira padronizada e sincronizada por meio de portais corporativos de conhecimento,
possibilitando maior interação e integração entre os seus diversos atores (gestores, servidores,
alunos, cidadão e empreendedores). Pode-se também concluir que as UPB’s necessitam
ampliar os seus canais de comunicação para os diversos públicos-alvos, entre eles o setor
produtivo e os egressos.
15
6. REFERÊNCIAS
AVILA, T. J. T. Gerenciamento de Projetos de Governo eletrônico: Um Estudo de Caso no
Estado de Alagoas. Monografia de Pós-Graduação do MBA em Gerência de Projetos.
Fundação Getúlio Vargas, Maceió, AL, 2007. 126p. Disponível em: <
http://www.itec.al.gov.br/biblioteca-de-tecnologia-e-informacao/capacitacao-em-ti/TCC-
ThiagoAvila-GP01MAC-VersaoFinal.pdf/view>. Acesso em: 12. ago. 2007.
BRYSON, J. M. Strategic planning for public and nonprofit organizations: a guide to
strengthening and sustaining organizational achievement. 3. ed. Jossey Bass, 2004.
ESTRADA, J. S. Os rumos do planejamento estratégico na universidade pública. 206f.
Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Departamento de Engenharia de Produção e
Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2000. 206 p.
DOMENICO, J.A.D. Definição de um Ambiente de Data Warehouse em uma Instituição
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