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Documento 156

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Documentos 156

Procedimentos Pós-Colheita na

Produção Integrada de Citros

Cruz das Almas, Bahia

2006

ISSN 1809-4996

Março, 2006

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Márcio Eduardo Canto PereiraFernando Flores CantillanoAnita de Souza Dias GutierezGabriel Vicente Bitencourt de Almeida

Page 3: Documento 156

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

Rua Embrapa, s/n°

Caixa Postal 007

CEP 44380-000, Cruz das Almas, Bahia

Fone: (75) 3621-8000

Fax: (75) 3621-8097

Homepage: http://www.cnpmf.embrapa.br

E-mail: [email protected]

Comitê de Publicações da Unidade

Presidente: Domingo Haroldo Reinhardt

Vice-Presidente: Alberto Duarte Vilarinhos

Secretária: Cristina Maria Barbosa Cavalcante Bezerra Lima

Membros: Adilson Kenji Kobayashi

Carlos Alberto da Silva Ledo

Fernanda Vidigal Duarte Souza

Francisco Ferraz Laranjeira Barbosa

Getúlio Augusto Pinto da Cunha

Márcio Eduardo Canto Pereira

Supervisor editorial: Domingo Haroldo Reinhardt

Revisor de texto: Jorge Luiz Loyola Dantas

Normalização bibliográfica: Sônia Maria Sobral Cordeiro

Foto da capa: Márcio Eduardo Canto Pereira

Editoração eletrônica: Saulus Santos da Silva

1a edição

1a publicação (2006): On-line

Todos os direitos reservados.

A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

© Embrapa 2006

Procedimentos pós colheita na produção integrada de citros / MárcioEduardo Canto Pereira... [et al] . − Cruz das Almas : EmbrapaMandioca e Fruticultura Tropical, 2006.40p.; il.: 21cm. − (Documentos / Embrapa Mandioca e FruticulturaTropical, ISSN 1809-4996; 156).

Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader.

Modo de Acesso: World Wide Web: <http://www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/documentos/documento_156.pdf>

Título da página web (acesso em 22/12/2006)

1. Fruta Cítrica. 2. Pós-colheita. I. Pereira, Márcio Eduardo Canto. II.Cantillano, Fernando Flores. III. Gutierrez, Anita de Souza Dias. IV.

Almeida, Gabriel Vicente Bitencourt de. V. Série.

CDD. 634.304 (21 ed.)

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Autores

Márcio Eduardo Canto Pereira

Engenheiro Agrônomo, Mestre em Fitotecnia,Pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura

Tropical, Rua Embrapa, s/n. Caixa Postal 7. BairroChapadinha. Cruz das Almas - BA, 44380-000 Fone:(75) 3621-8049, [email protected]

Fernando Flores Cantillano

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia,Pesquisador da Embrapa Clima Temperado BR 392 Km78 Caixa Postal 403 Pelotas-RS, 96001-970 Fone:(53) 3275-8185 [email protected]

Anita de Souza Dias Gutierrez

Engenheira Agrônoma, Doutora em Produção Vegetal,coordenadora do Centro de Qualidade em Horticultura daCEAGESP, São Paulo - SP, 05316-900 Fone: (11)3643-3825 [email protected]

Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida

Engenheiro Agrônomo, Mestre em Produção Vegetal,engenheiro agrônomo do Centro de Qualidade emHorticultura da CEAGESP, São Paulo - SP, 05316-900Fone (11) 3643-3525 [email protected]

Page 5: Documento 156

Apresentação

A Produção Integrada de Frutas é um Programa do Governo Brasileiro que atende

às exigências do mercado internacional de produção de frutas sadias, sem riscos

de contaminação ao consumidor, produzidas sob normas ambientalmente corretas

e socialmente justas, sempre alicerçada em registros para manutenção da

rastreabilidade.

A Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical vem participando ativamente neste

processo, coordenando projetos de Produção Integrada de Frutas - PIF. Nesta

oportunidade apresenta mais um documento para a Produção Integrada de Citros,

destacando o segmento de pós-colheita, fundamental para a manutenção da

qualidade da fruta até o mercado consumidor.

Esta publicação traz de maneira discursiva e comentada as normas de colheita e

pós-colheita para a Produção Integrada de Citros, agregando informações úteis

sobre os temas abordados. O presente documento é fruto de um trabalho em

parceria com a Embrapa Clima Temperado e a CEAGESP, que detém a coordenação

de projetos de logística pós-colheita para a PIF e contribuiram de maneira

significativa para a realização desta obra.

O Brasil destaca-se mundialmente na produção de citros, principalmente de laranja,

mas ainda apresenta deficiências quanto à qualidade da fruta para consumo in

natura. Este documento da Produção Integrada de Citros é um subsídio para a

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melhoria da qualidade da fruta cítrica em pós-colheita. Assim, com mais uma ação

pertinente e atualizada, a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical cumpre com

sua missão de contribuir com o desenvolvimento sustentável dos sistemas

produtivos de fruteiras tropicais em benefício da sociedade brasileira.

José Carlos Nascimento

Chefe Geral

Page 7: Documento 156

Sumário

Introdução......................................................................... 9

Rastreabilidade ...................................................................... 10

Citros .................................................................................. 10

Colheita ...........................................................................11

Maturação ............................................................................ 11

Higienização .......................................................................... 12

Operações de colheita ............................................................. 13

Transporte ....................................................................... 14

Recepção .........................................................................16

Análise tecnológica ................................................................ 16

Lavagem ......................................................................... 19

Seleção ........................................................................... 20

Tratamentos Pós-colheita ................................................. 20

Classificação e Padronização..............................................20

Histórico .............................................................................. 21

Normas de classificação .......................................................... 22

Estruturação da norma de classificação de citros .......................... 23

Embalagem...................................................................... 30

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Desverdecimento ............................................................. 35

Armazenamento ............................................................... 36

Expedição da Mercadoria .................................................. 36

Limpeza e Higienização na Empacotadora e Câmaras Frias... 36

Boas Práticas ................................................................... 37

Sites Úteis ....................................................................... 38

Referências Bibliográficas ................................................. 38

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Procedimentos Pós-Colheitana Produção Integrada deCitros

Márcio Eduardo Canto Pereira

Fernando Flores Cantillano

Anita de Souza Dias Gutierez

Gabriel Vicente Bitencourt de Almeida

Introdução

Uma agricultura moderna deve ser capaz de obter produtos de qualidade e

inócuos para produtores e consumidores e, ao mesmo tempo, proteger o meio

ambiente mediante a utilização das melhores práticas agronômicas.

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) constituiu um avanço importante no manejo

fitossanitário dos pomares, mas começou a ser questionado na Europa nos anos

70, pois seu foco estava dirigido somente ao manejo da parte fitossanitária, e

não considerava o manejo global da cultura. Com um foco mais abrangente,

considerando o manejo completo da cultura, nasceu a Produção Integrada no

setor agrícola.

A Produção Integrada de Frutas – PIF – iniciou-se no Brasil em 1998/99 com o

objetivo de elevar os padrões de qualidade e de competitividade das frutas

brasileiras. O sistema baseia-se no tripé: economicamente viável, ambientalmente

correto e socialmente justo. A Organização Internacional para o Controle Biológico

e Integrado contra os Animais e Plantas Nocivas (OILB) define a Produção Integrada

de Frutas (PIF) como “a produção econômica de frutas de alta qualidade, obtida,

prioritariamente com métodos mais seguros, minimizando os efeitos colaterais

indesejáveis do uso de agroquímicos, para reduzir riscos ao ambiente e à saúde

humana”. Como resultado da implementação da PIF, já houve redução média de

40% no volume de agrotóxicos aplicados nos pomares, o que contribui para

melhorar a qualidade da fruta e do meio ambiente, além da redução de custos.

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10 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Rastreabilidade

A rastreabilidade é a capacidade de se encontrar o histórico de localização e

utilização de um produto ou lote, por meio de uma identificação única registrada.

Na PIF é importante que haja um manuseio adequado e cuidadoso das frutas,

evitando-se a contaminação – principalmente microbiana – durante o processo

na empacotadora. Uma das principais preocupações do sistema é o registro das

principais operações realizadas no campo e em pós-colheita, para manutenção de

informações que permitam informar como foi produzida, embalada e transportada

a fruta que está sendo comercializada, bem como os tratamentos (físicos,

químicos, biológicos) aplicados. Esse registro, mantido nos cadernos de campo e

de pós-colheita, é importante e obrigatório na PIF, pois fomenta e mantém a

rastreabilidade, que é um processo pelo qual se resgatam as informações

registradas para a detecção da possível origem de problemas que envolvam a

mercadoria e que ocorram durante ou após a comercialização, identificando-se

datas, etapas, pessoas e outras informações relevantes.

Embora aumente o trabalho manual de anotações diárias, a rastreabilidade traz

vantagens consideráveis: maior controle das operações no campo e em pós-

colheita; maior transparência no processo produtivo, traduzido em segurança ao

vendedor e ao consumidor; rapidez no acesso a informações sobre a mercadoria.

Essas vantagens, aliadas às exigências dos mercados internos e externos quanto

à origem dos produtos e segurança alimentar (riscos de contaminação), fazem da

rastreabilidade uma necessidade e uma vantagem competitiva a ser implementada

com rapidez nos diversos empreendimentos agrícolas, a exemplo daqueles que

aderem à Produção Integrada.

Citros

As frutas cítricas são organismos vegetais perecíveis, com uma vida pós-colheita

curta ou média, dependendo da cultivar. Sua qualidade pode ser afetada de

forma negativa, caso o manuseio pós-colheita não seja adequado. A maioria dos

fatores de qualidade das frutas está relacionada ao potencial genético da cultivar

e ao processo de produção no pomar. Ademais, a principal característica das

frutas é sua condição de tecido vivo, submetido a constantes mudanças, que

geralmente são irreversíveis, tanto na fase de produção no pomar quanto na fase

de pós-colheita. Muitas dessas mudanças são desejáveis pois contribuem para

melhorar a apresentação, o sabor e o aroma das frutas. Entretanto, outras não

Page 11: Documento 156

11Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

são desejáveis e contribuem para a redução da qualidade. As técnicas de

manuseio pós-colheita objetivam preservar a qualidade que a fruta alcançou no

pomar até sua chegada à mesa do consumidor.

Neste documento são apresentados aspectos importantes da colheita e pós-

colheita de citros, baseado nas Normas Técnicas Específicas para a Produção

Integrada de Citros (PIC) aprovadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, e publicadas no Diário Oficial da União.

Colheita

As operações de pós-colheita objetivam conservar por mais tempo a qualidade

do fruto produzido no campo. Por isso, é essencial que a colheita seja realizada

de forma adequada, para que o fruto mantenha as características de qualidade

que atendam às necessidades do mercado. Grande parte do valor final da

produção está determinada pela forma como se realiza a colheita.

Maturação

Na fisiologia pós-colheita a maturação é considerada como um estádio de

desenvolvimento alcançado pelo fruto na planta, o qual, após o manejo da

colheita e pós-colheita, terá uma qualidade mínima que garanta sua aceitabilidade

pelo consumidor. A maturação é caracterizada pelas mudanças de cor, sabor,

aroma e textura que proporcionam as condições organolépticas ótimas e

asseguram sua qualidade comestível. É importante saber o momento apropriado

de colheita que proporcione uma adequada resistência ao transporte e mantenha

as condições necessárias para chegar até o consumidor com qualidade.

O grau de maturação da fruta na colheita é importante pois condiciona a

qualidade pós-colheita. Os citros são considerados frutos não-climatéricos, que

não amadurecem após serem retirados da planta. Portanto, é necessário colher os

frutos no estádio de maturação ideal para consumo. Colher o fruto com a

maturação correta é essencial para se obterem frutas cítricas de qualidade. Se a

colheita ocorre antes do fruto alcançar o ponto ideal de colheita, os frutos terão

uma baixa qualidade gustativa e serão sensíveis aos danos causados pelo frio.

Por outra parte, frutas cítricas colhidas muito maduras apresentam pouca firmeza,

maior suscetibilidade a danos mecânicos, podridões, alterações fisiológicas e

possuem uma menor vida de armazenamento e de prateleira.

Page 12: Documento 156

12 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

É considerado maduro o fruto que apresentar características definidas para cada

variedade. Para poder determinar o grau de maturação são utilizados índices que

são medidas de tipo físico ou químico que refletem a evolução da maturação,

devendo ser perceptível e variável ao mesmo tempo durante o amadurecimento

da fruta. Alguns índices apresentam a limitação de serem destrutivos,

complexos, lentos e caros. Os mais utilizados em frutas cítricas são: a cor da

epiderme, o teor mínimo de suco, o teor de sólidos solúveis, a relação sólidos

solúveis/ acidez titulável (SS/AT-ratio) e a rugosidade da casca.

A norma do Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura apresenta

os valores de alguns índices de maturação para frutas cítricas (Quadro 1).

Quadro 1. Valores de índices de maturação em frutas cítricas em São Paulo.

*Métodos de obtenção desses índices são descritos no item recepção.

Higienização

É obrigatória a higienização (limpeza e desinfecção) de equipamentos e utensílios

de colheita, tais como luvas, tesouras e caixas. Entende-se por limpeza a

remoção de sujidades grosseiras, tais como terra e resíduos de alimentos, e pode

ser realizada somente com água ou adicionando-se à mesma um detergente.

Apenas a limpeza não é capaz de reduzir agentes contaminantes que podem

causar doenças a índices aceitáveis. A desinfecção trata deste aspecto, na qual

utiliza-se um sanificante capaz de reduzir a carga microbiana a um ponto seguro

que não comprometa a segurança do alimento.

Como sanificantes, os mais utilizados são os liberadores de cloro ativo

(permitidos pela legislação), a exemplo do hipoclorito de sódio ou cálcio, por

serem de fácil utilização e baixo custo. No entanto, é preciso salientar que têm

efeito corrosivo para os metais (caso o pH da solução seja muito baixo), podem

causar irritação da pele e também gerar substâncias cancerígenas (trihalometanos

– THMs) se não forem adotados os devidos cuidados. Os THMs são formados

quando em contato direto do cloro na água com ácidos húmicos e fúlvicos,

produtos da decomposição da matéria orgânica.

Page 13: Documento 156

13Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

A eficiência do sanificante depende de muitos fatores, dentre os quais:

concentração do cloro na solução, tempo de contato, pH, espécie de

microorganismo. É comum a utilização de soluções de 50 a 200 ppm de cloro

livre em contato com o material por 3-5 minutos, mas há poucos estudos sobre

a eficiência destes parâmetros. É necessária a remoção da matéria orgânica antes

da imersão na solução de cloro, pois reagem com este elemento tornando-o

ineficaz. A solução preparada com hipoclorito deve estar com pH entre 6 e 7,5

para que haja ação sanificante, sendo a faixa ideal entre 6,5 e 7. O pH deve ser

monitorado sempre com auxílio de um pHmetro, equipamento portátil ou de

bancada, capaz de determinar o pH da solução.

Para preparar uma solução deve-se conhecer a concentração do cloro ativo no

produto concentrado (C1), o volume de solução que se deseja preparar (V

2) e a

concentração dessa solução (C2). Um exemplo: se fossem preparados 200 L de

uma solução de 100 ppm a partir de hipoclorito de sódio a 5% de cloro ativo,

que volume (V1) desse produto concentrado deveria ser utilizado? Calcula-se pela

fórmula C1 x V1 = C2 x V2.

Se C1 = 5%, então C

1 = 50.000 ppm. Assim, V

1 = (100 x 200)/50.000, isto

é, V1 = 0,4 L ou 400 mL. Portanto, em um tanque com 200 L de água deve-se

adicionar 400 mL do produto concentrado hipoclorito de sódio a 5% para se

obter uma solução de 100 ppm de cloro.

A quantidade de cloro na água deve ser monitorada periodicamente, uma vez

que ele se perde na presença de matéria orgânica ou sob exposição constante ao

ar. O monitoramento é realizado por meio de kits que podem ser adquiridos em

lojas do ramo de manutenção de piscinas ou de produtos para laboratório.

Operações de colheita

Os frutos podem ser colhidos por torção do pedúnculo e arranquio ou por meio

de tesouras ou alicates de colheita (recomendado). O arranquio é um método

mais rápido, mas que promove maior grau de danos aos frutos, principalmente

na região peduncular, favorecendo a entrada de patógenos e a perda de água. A

colheita com tesouras é mais delicada e recomendada na PIC, exatamente por

causar menos danos aos frutos e ampliar a possibilidade de frutos com melhor

classificação. É realizada em duas etapas: na primeira, faz-se um corte para retirar

o fruto do galho e, na segunda, corta-se o pedúnculo rente ao cálice. A colheita

Page 14: Documento 156

14 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

por derriça não deve ser realizada, uma vez que os frutos caem no chão, gerando

injúrias mecânicas e aumentando a contaminação por terra, pedras e

microorganismos diversos.

Deve-se evitar colher frutos nas primeiras horas da manhã, quando ainda estão

túrgidos ou com orvalho ou ainda molhados de chuva, que favorecem o

desenvolvimento de microorganismos. Frutos túrgidos são ainda mais sensíveis

ao toque, podendo-se facilmente romper glândulas de óleo presentes na casca

dos frutos cítricos, gerando manchas, num distúrbio chamado de oleocelose. A

turgidez em frutos de lima ácida ‘Tahiti‘ também aumenta a incidência da

podridão estilar, desordem fisiológica que se caracteriza pelo aparecimento de

mancha acinzentada/parda na região estilar da fruta, gerada pela degradação da

clorofila, ocasionada pelo suco que invadiu a casca.

Frutos com cortes ou qualquer outro tipo de injúria devem ser descartados ainda

no campo. É proibida a mistura de frutos coletados no chão com os colhidos na

planta. Obrigatoriamente, os frutos colhidos não devem ter contato direto com o

solo, nem exposição direta às intempéries (sol e chuva, principalmente). Estes

procedimentos reduzem o risco de contaminação microbiana e a incidência de

doenças.

O intervalo de segurança dos agrotóxicos deve ser obrigatoriamente respeitado

para a colheita dos frutos. É recomendado o uso de Equipamentos de Proteção

Individual (luvas, botas, aventais) para proporcionar segurança aos colhedores.

Periodicamente uma amostra dos frutos deve ser retirada para análise de resíduos

de agroquímicos em laboratórios credenciados no Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento – MAPA. Esta amostra deve ser representativa de

10% das parcelas (no campo) ou 10% dos lotes (na empacotadora), registrando

a ação no caderno de campo ou pós-colheita, conforme o caso.

Transporte

O transporte até a empacotadora deve ser feito em veículos e equipamentos

adequados, limpos e higienizados. É recomendado que os frutos colhidos sejam

levados para a empacotadora no mesmo dia da colheita para evitar que estejam

expostos às intempéries e a animais, aumentando assim o risco de

contaminação. Frutos da PIC devem ser transportados separadamente, podendo,

em casos restritos, ser transportados juntamente com frutas de outros sistemas

Page 15: Documento 156

15Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

de produção, desde que devidamente identificados e em embalagens separadas.

Dar preferência a caixas plásticas limpas e higienizadas para evitar contaminação

e danos aos frutos por amassamento. Deve-se evitar também o pisoteio da carga

e a sobrecarga para evitar contaminação. O transporte dos frutos a granel (Figura

1) não é recomendado, pois proporciona muitas injúrias aos frutos, além de não

propiciar um ambiente higiênico para o transporte.

Fig. 1. Transporte dos frutos a granel para a empacotadora (acima); detalhes do descarregamento

(esquerda) e danos aos frutos (direita).

Foto

s:

Márc

io Eduard

o C

anto

Pere

ira

Page 16: Documento 156

16 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Recepção

Na recepção, os frutos da PIC devem ser obrigatoriamente identificados e

registrados quanto à procedência para manter a rastreabilidade.

As informações são anotadas na planilha de recepção do caderno de pós-colheita.

Anota-se o número de identificação (definido pela empacotadora), a data da

colheita e da recepção, o código do produtor (definido pela empacotadora), a

variedade, o peso (kg) e em que embalagem recebeu o carregamento.

É possível também adotar um sistema de códigos de barras para facilitar a

identificação e a recuperação de informações. Neste sistema uma etiqueta com o

código de barras é impressa a partir das informações sobre a carga que foram

inseridas no computador. Esta etiqueta é colocada na caixa (podendo vir do

campo, inclusive) e as informações resgatadas por meio da leitura ótica do

código da etiqueta. Este sistema automatizado agiliza as operações logísticas na

empacotadora, permite criar um banco de dados com as características das

cargas recebidas e facilita a atualização de dados sobre produtores e produto.

Análise tecnológica

Amostras dos frutos devem ser retiradas para avaliação da qualidade, por meio

de análises do teor de suco, do teor de SS e AT e do ratio. Os valores são

anotados na planilha de análise tecnológica dos frutos. O mesmo número

anotado na recepção da carga deve ser repetido nesta planilha para manter a

rastreabilidade.

As análises tecnológicas são simples, de fácil e rápida execução e os métodos de

cada uma são listados a seguir.

Teor de suco

Com o auxílio de uma balança toma-se o peso total da amostra tomada para as

análises. Os frutos são cortados na região equatorial (transversalmente) e o suco

é retirado com auxílio de espremedores domésticos. Toma-se o peso do suco e

considera-se a percentagem desse valor em relação ao peso total da amostra:

A título de exemplificação, supondo um peso da amostra de frutos de 1500g e

o peso do suco de 700g, o teor de suco será de 46,7%.

Page 17: Documento 156

17Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Teor de sólidos solúveis - SS

Os sólidos solúveis estão compostos predominantemente por açúcares,

aminoácidos e vitaminas que se encontram dissolvidos no suco celular ou nos

vacúolos. Os açúcares solúveis, tais como a glicose, compõe a grande parte

destes sólidos. O teor de SS aumenta com o desenvolvimento e o

amadurecimento da fruta e podem ter valores reduzidos na fase de senescência.

A medida é realizada pela leitura direta do suco num aparelho chamado de

refratômetro (Figura 2). Após a colocação de gotas do suco (sem bagaço) no

prisma do aparelho, um feixe de luz é lançado contra a amostra e a luz refratada,

proporcional à quantidade de sólidos solúveis daquela amostra, é então

quantificada pelo aparelho e expressa em graus brix (ºBrix) ou porcentagem (%).

Nos refratômetros manuais ou de campo, coloca-se a amostra contra a luz

(contra o sol, por exemplo); nos digitais, aciona-se o feixe interno do próprio

aparelho. Em citros a medida dos sólidos solúveis é prática em nível de campo.

Também é bastante usada pela indústria.

Fig. 2. Refratômetro portátil (esquerda) com amostra (direita).

Acidez titulável - AT

A acidez da fruta é gerada pelos ácidos orgânicos presentes nos vacúolos

celulares. Nas frutas cítricas o ácido cítrico se encontra de forma predominante.

A AT aumenta durante o crescimento do fruto e geralmente diminui com o

amadurecimento. Os ácidos são utilizados em grande parte no processo

respiratório após a colheita da fruta.

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Pere

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18 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Para a determinação da acidez, toma-se uma amostra de 1 g de suco e dilui-se

em 50 mL de água destilada. Por meio de uma bureta ou titulador automático,

titula-se esta solução com NaOH (hidróxido de sódio) 0,1 N até pH 8,1, ponto

em que todo o ácido presente na solução está neutralizado. Este ponto final da

titulação pode ser identificado com o auxílio de um pHmetro, colocando-se o

eletrodo na solução a ser titulada, ou adicionando-se três gotas de fenolftaleína a

1 %, que torna a solução rósea em meio básico, isto é, sem ácido.

Para calcular o teor de acidez da amostra, deve-se conhecer o fator do ácido

predominante na fruta (FA) – no caso dos frutos cítricos, o ácido cítrico, o fator

da base utilizada para titulação – NaOH (FB), o volume de NaOH gasto na

titulação (V) e o peso da amostra de suco (P). De posse destes valores, faz-se o

cálculo através da seguinte fórmula: AT (% ácido cítrico) = 10 x FA x F

B x V / P.

O fator do ácido cítrico é uma constante, FA = 0,06404. No caso do fator da

base, FB, o valor é uma constante que dependerá do poder titulante da solução,

mas que deve estar próxima de “1”. Se a solução não for bem preparada, terá

um poder tamponante menor (menor FB), implicando em maior gasto de solução

para um mesmo volume de suco a ser titulado. Recomenda-se o uso de uma

balança semi-analítica, com duas casas decimais, para a pesagem da amostra de

suco, uma vez que pequenas diferenças de pesagem podem alterar o resultado

significativamente.

Na laranja e na tangerina, a acidez varia entre 0,5 – 1,0 %, sendo os valores

maiores para frutos mais imaturos. Para a lima ácida, pode-se obter valores de

até 8 %.

Ratio (relação SS/AT)

Este índice fornece uma idéia da palatabilidade dos frutos, sendo calculado pela

divisão simples entre o teor de SS e de AT. Por exemplo: se o SS = 10% e a

AT = 0,8%, então o ratio será igual a 12,5. Quanto maior o valor do ratio,

mais doce estará a fruta.

Estas análises são rotineiras em laboratórios de pós-colheita e análise de frutos.

Em caso de dúvidas é possível contactar com qualquer uma das instituições

envolvidas na elaboração desta publicação.

Page 19: Documento 156

19Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Lavagem

Caso a empacotadora beneficie frutas produzidas em outros sistemas de

produção, é obrigatória a limpeza e a higienização dos ambientes e do

maquinário antes do beneficiamento de frutas da PIC. É também proibido o

beneficiamento de frutas da PIC junto com frutas de outros sistemas de

produção.

Para a lavagem das frutas é obrigatório o uso de produtos neutros ou específicos

para a cultura, ou sanitizantes recomendados e registrados segundo a legislação

vigente. O cloro é o mais utilizado. A concentração do cloro na água deve ser

monitorada constantemente. Não é recomendada a mistura de detergente com

cloro na mesma água de lavagem, uma vez que a ação do cloro pode ser

neutralizada pela adição do detergente.

A água deve ser de boa qualidade e analisada periodicamente quanto à

potabilidade, presença de microoganismos e metais pesados, em laboratórios

credenciados pelo Governo Federal para realizar estas análises. O laudo emitido

pelo laboratório deve ser guardado como comprovante para manutenção da

rastreabilidade. O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) estabelece

padrões para a qualidade da água. É extremamente importante que se dê a

devida atenção à qualidade da água que entra em contato com as frutas, pois ela

é veículo para muitos dos microorganismos causadores de doenças aos seres

humanos. Assim, não somente a qualidade da água deve ser monitorada, mas

deve ser estabelecido um programa de manutenção das instalações para que as

superfícies (tanques, caixas, filtros) que entram em contato com a água não

sejam contaminadas por outros agentes. É proibido o uso de caixas ou

reservatórios construídos com materiais proibidos pela legislação vigente, tais

como o amianto.

Recomenda-se a utilização de tanques com circulação de água para facilitar a

remoção da sujeira e a renovação da água. Neste caso, a temperatura da água

deve ser pouco inferior ao do produto para evitar que haja o fluxo para o interior

do produto, podendo levar com ela contaminantes.

A água residual, saturada de matéria orgânica e agentes contaminantes, deverá

ser encaminhada ao tratamento antes do retorno ao solo ou ao leito dos rios.

Esse fator é muito importante para que não haja contaminação do ambiente.

Page 20: Documento 156

20 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Seleção

Descartam-se os frutos verdes, que têm ratio baixo, fraca coloração de suco e

podem gerar sabor estranho, e os frutos muito maduros, que são facilmente

afetados por doenças e mais sensíveis aos danos mecânicos, o que pode gerar

sabor estranho e contaminação do restante da carga.

Na classificação constante na norma do Programa Brasileiro para a Modernização

da Horticultura (ver item sobre classificação) são apresentados uma série de

defeitos como manchas e danos que podem afetar os frutos. Nestes casos

aconselha-se retirar aqueles frutos que apresentarem tais problemas para que se

tenha maior valor agregado à fruta a ser comercializada.

Tratamentos Pós-colheita

Qualquer tratamento químico ou com cera a ser aplicado nas frutas deve,

obrigatoriamente, utilizar produtos registrados para a PIC e no mercado de

destino (no caso de exportação), respeitando-se as recomendações do fabricante

para dose e intervalo de segurança do produto. As normas da PIC recomendam

adotar preferencialmente os tratamentos físicos e biológicos aos químicos.

As informações referentes a estes tratamentos são anotadas na planilha de

tratamento pós-colheita dos frutos, onde constam a data do tratamento, o lote de

frutas, o nome comercial e a dose. Para os tratamentos químicos ainda devem

ser registrados o princípio ativo do produto e a forma de aplicação.

Classificação e Padronização

Os conceitos de padronização, padrão, classificação e criação de normas

precisam estar estabelecidos de maneira muito clara antes se falar sobre

classificação de citros de mesa.

Padronização: é o processo de caracterização do produto por uma série de

atributos, quantitativos e qualitativos. Os atributos quantitativos se referem ao

tamanho ou peso. Os atributos qualitativos a aspectos como forma, turgidez,

desordens, danos por pragas, entre outros.

Page 21: Documento 156

21Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Padrão: é o modelo estabelecido em função dos limites dados aos atributos do

produto. Serve como modelo ou ponto de referência a partir do qual se pode

avaliar o grau de semelhança ou afastamento que com ele apresentam os outros

exemplares do mesmo produto.

Classificação: é a comparação do produto com os padrões estabelecidos, que

permite o seu enquadramento em um grupo de atributos semelhantes. Uma

classificação bem feita garante a homogeneidade de cada lote, a obediência a um

padrão mínimo de qualidade e caracteriza o produto com parâmetros

mensuráveis. Parâmetros mensuráveis podem ser medidos por instrumentos,

como área, peso, diâmetro, teor de açúcar ou de sólidos solúveis e fogem da

avaliação subjetiva. Parâmetros subjetivos dependem da percepção do avaliador,

como fruto de bom aspecto, praticamente sem manchas, avaliações imprecisas e

difíceis de serem repetidas. Instrumentos de medida como paquímetro, balança e

refratômetro caracterizam o produto e são de fácil utilização.

A norma de classificação é a linguagem do produto que permite a sua

caracterização de uma maneira transparente e a modernização da sua

comercialização. Somente a partir da sua adoção torna-se possível venda à

distância, leilões com cotações de preços confiáveis, comércio justo, contratos,

arbitragem, automação e outros processos modernos que beneficiam toda a

cadeia de produção.

Histórico

O mais recente trabalho de desenvolvimento de uma norma de classificação de

citros feito no Brasil aconteceu nos anos de 1999 e 2000, tendo como sede o

Centro APTA de Citricultura “Sylvio Moreira”, da Secretaria de Agricultura e

Abastecimento de São Paulo, através do “Grupo Brasileiro de Citros de Mesa”,

como parte do “Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura”,

antigo “Programa Paulista para a Melhoria dos Padrões Comerciais e Embalagens

de Hortigranjeiros”. O Programa passou de Paulista a Brasileiro no início de

2000, por solicitação dos participantes de outros Estados brasileiros, já bastante

ativos no desenvolvimento das normas de classificação. O Programa foi criado

pelas Câmaras Setoriais de Frutas e a de Hortaliças da Secretaria de Agricultura

de São Paulo, para atacar os dois grandes gargalos da evolução do setor

hortícola: a falta de padronização dos produtos e o uso de embalagens

Page 22: Documento 156

22 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

inadequadas. A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo

(CEAGESP), participante das Câmaras Setoriais, ficou responsável pela

operacionalização do programa desde o seu início.

A base do desenvolvimento de normas de classificação é a articulação dos

diferentes elos da cadeia de produção. O Grupo Brasileiro de Citros de Mesa

conseguiu a integração de pesquisadores, extensionistas, produtores, técnicos

de campo e consultores, formando uma equipe de alta qualidade técnica. A

primeira reunião aconteceu no dia 24 de setembro de 1999 e foi realizada no

Centro APTA “Sylvio Moreira”, que seguiu como a casa do grupo, até o

lançamento oficial das normas de classificação, em julho de 2000.

Normas de classificação

Para que a norma de classificação possa ser utilizada como a linguagem do

produto e garanta a transparência na comercialização, precisa atender alguns

requisitos básicos:

1º Garantir a homogeneidade visual do lote;

2º Utilizar características mensuráveis;

3º Abranger todos os lotes;

4º Atender às exigências do mercado;

5º Ser de fácil adoção pelos bons produtores;

6º Contribuir para a maior valoração do produto.

Todas as normas de classificação do Programa Brasileiro para a Modernização da

Horticultura obedecem a uma mesma estrutura de caracterização do produto. O

produto é caracterizado por grupo, classe e categoria.

Grupo: compreende cultivares com características varietais semelhantes.

Subgrupo: caracteriza a cor ou outra característica importante na homogeneidade

varietal ou de visual.

Classe: caracteriza o tamanho e garante a homogeneidade visual de tamanho dos

produtos no lote. Dentro de cada classe é permitida uma variação da

característica de tamanho mais adequado ao produto como peso, diâmetro ou

comprimento.

Categoria: caracteriza a qualidade do produto pelos defeitos tolerados no lote e a

obediência aos requisitos mínimos de qualidade. Os defeitos podem ser de dois tipos:

Page 23: Documento 156

23Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Defeito grave (inviabiliza o consumo e a comercialização) e defeito leve (deprecia

o produto, porém não impede seu consumo e comercialização).

Bem antes do início das atividades no Centro de Cordeirópolis, o Centro de

Qualidade em Horticultura da CEAGESP já trabalhava no levantamento das

características de mercado e valoração dos citros. O estudo das normas de

classificação de citros dos outros países mostrou a falta de características

mensuráveis na determinação da categoria, uma falha grave quando o objetivo é

transparência na comercialização. O trabalho do Grupo Brasileiro de Citros de

Mesa obedeceu aos princípios e conceitos aqui estabelecidos. Foi um trabalho

árduo de quase dois anos, de grande articulação de conhecimentos e dados.

Estruturação da norma de classificação de citros

1. Grupo. A diversidade de variedades fez com que, num primeiro momento, se

optasse pela não existência de grupos nas normas de classificação de citros. A

identificação da variedade no rótulo foi considerada como suficiente. Entretanto, o

encaminhamento da norma ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

exigiu o estabelecimento dos grupos, criados posteriormente às reuniões, com a

aprovação dos integrantes do Grupo Brasileiro de Citros de Mesa. A caracterização

do grupo permite ao comprador (varejista, consumidor) a organização das diferentes

variedades em grupos de características semelhantes e a sistematização das

informações. Se uma nutricionista de cozinha industrial ou hospital desconhece a

variedade Monte Parnaso, por exemplo, mas se lhe passarmos a informação que a

variedade Monte Parnaso é do grupo “Laranja de umbigo” ela poderá adquirir a

nova variedade e gerenciar a sua utilização. Foram estabelecidos grupos para

laranjas e tangerinas, apresentados nos quadros 2 e 3, respectivamente.

Quadro 2. Grupos de laranja.

Page 24: Documento 156

24 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

2. Subgrupo. As mudanças externas de coloração da casca do citros, naturais

do processo de maturação, foram utilizadas no estabelecimento dos subgrupos

nas laranjas, tangerinas e lima ácida. As figuras 3, 4 e 5 mostram a

caracterização dos subrupos.

Quadro 3. Grupos de tangerina.

Fig. 3. Sugrupos da laranja, determinados pela coloração da casca. Fonte: CQH/CEAGESP.

Fig. 4. Sugrupos da tangerina, determinados pela coloração da casca. Fonte: CQH/CEAGESP.

C1 C2 C3 C4 C5

C1 C2 C3 C4 C5

Page 25: Documento 156

25Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

3. Classe ou Calibre. O diâmetro equatorial dos frutos foi escolhido como o

parâmetro de caracterização das classes de citros, já utilizado tradicionalmente

pela grande maioria das máquinas de classificação.

Nas laranjas (Quadro 4) foram adotados os calibres fixados pela extinto

Conselho Nacional de Comércio Exterior – CONCEX por usar classes que

garantem uma homogeneidade visualmente perfeita. Nas tangerinas (Quadro 5),

onde convivem os frutos bem pequenos das mexericas com as Poncãs, propôs-

se uma tabela abrangente. Nas limas ácidas (Quadro 6) adotou-se o que já

estava sendo feito pelos bons produtores e exportadores, agora expresso em

medidas mensuráveis.

Fig. 5. Sugrupos da lima ácida, determinados pela coloração da casca. Fonte: CQH/CEAGESP.

Quadro 4. Amplitude de variação permitida (diâmetro transversal em mm) por

classe de laranja.

C1 C2 C3 C4 C5

Page 26: Documento 156

26 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Quadro 5. Amplitude de variação permitida (diâmetro transversal em mm) por

classe de tangerina.

Quadro 6. Amplitude de variação permitida (diâmetro transversal em mm) por

classe de lima ácida.

Page 27: Documento 156

27Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

A dificuldade de algumas máquinas de classificação atenderem às exigências

de homogeneidade levou a tornar a homogeneidade visual parte da

caracterização da categoria. Ficou estabelecido que a partir da Categoria I é

tolerada a convivência de mais de uma classe na mesma embalagem. A

tolerância à mistura de classes cresce com a diminuição da qualidade do

produto.

Na comercialização de citros no mercado atacadista paulistano (Entreposto

Terminal de São Paulo – ETSP da CEAGESP), a exigência de homogeneidade

visual de tamanho é alta. No entanto, a caracterização de tamanho ainda é

feita em dúzias de frutas na velha Caixa M. Levantamentos feitos no ETSP

mostram que os bons embaladores utilizam duas ou no máximo três classes

(tamanho) da norma proposta, o que demonstra a facilidade da adoção da

norma.

4. Categoria. Os citros são o único produto do Programa Brasileiro para a

Modernização da Horticultura que possui cinco categorias: Extra, I, II, III e IV. A

maioria dos produtos possui 4 ou 3 categorias. A categoria cresce com

aumento de tolerância aos defeitos.

A Categoria Extra foi estabelecida como o referencial de uma fruta quase perfeita,

um estímulo ao melhor produtor e à melhoria do produto. A Categoria I, uma

fruta muito boa, com pequena tolerância aos defeitos, é suficiente para

caracterizar a melhor fruta comercializada. A Categoria IV, que não estabelece

exigência de homogeneidade em tamanho (calibre), cor e aparência externa, é

uma tradução da famosa “Bica Corrida”, mas garantindo uma fruta ainda em

condições de consumo. As Categorias II e III são intermediárias.

4.1. Defeitos. Defeito é tudo aquilo que compromete a qualidade e a

apresentação de um produto. A quantidade de frutos com defeitos presentes em

um lote, determinadas através de amostragem, é o que determina a categoria do

lote.

Defeito grave é aquele que impede o consumo e a comercialização. O principal

defeito grave é a presença de podridão. Depois tudo o que pode levar à

podridão, com destaque para os danos profundos. No caso dos citros danos

profundos são os que atingem o albedo.

Page 28: Documento 156

28 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Defeitos leves levam à diminuição do valor comercial do lote, porém não

impedem que o fruto seja consumido ou comercializado. Entre eles estão: a

perda de turgescência, deformações e amassamentos sem rompimento da casca

ou exposição do albedo (Quadro 7).

Quadro 7. Determinação da categoria dos citros, com base na ocorrência

percentual de defeitos no lote.

Como os citros possuem inúmeros defeitos de casca, das mais diversas causas

como ácaros, danos mecânicos, doenças e insetos, as normas ficariam por

demais complexas se fosse considerada cada causa separadamente. Foi então

criado o conceito de Mancha, como tudo aquilo que altera o aspecto natural da

casca. Mancha difusa, quando é possível perceber a cor natural da casca na

área manchada e Mancha profunda quando não é possível a visualização da cor

original da casca (Figura 6). Como existem diferentes áreas ocupadas pelas

manchas, foram criados dois níveis de ocorrência. As manchas difusas são de

nível 1 até cobrirem trinta por cento da superfície do fruto, a partir daí passam

a nível 2. As manchas profundas são de nível 1 até uma área de 2cm2 (dois

centímetros quadrados), depois passam para nível 2. O conceito parece

simples, depois de pronto, mas foi fruto de muitos debates e estudos. A

quantidade de frutas manchadas e do tipo das manchas das frutas de um lote

são os grandes responsáveis pela caracterização da qualidade do lote. Os

outros defeitos normalmente são retirados na classificação ou podem se

desenvolver.

Page 29: Documento 156

29Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

4.2. A fruta cítrica azeda e seca. No Grupo Brasileiro de Citros de Mesa houve

consenso absoluto que não existe nada pior do que a presença de frutas cítricas

azedas e secas no mercado, que afastam o consumidor. Mesmo nas frutas de

Categoria IV, de baixa qualidade externa, não se deve permitir, de maneira

nenhuma, a presença de frutas ácidas ou com pouco suco. O problema é

especialmente grave antes do início das safras, quando alguns produtores

querem aproveitar melhores preços colocando frutos imaturos no mercado.

Foram estabelecidas exigências de teores mínimos de sólidos solúveis (ºBrix), de

ratio (relação açúcares/acidez) e de suco (suco extraído/peso total do fruto),

abaixo das quais os frutos não podem ser comercializados (dentro do Programa

Brasileiro para a Modernização da Horticultura). Para a determinação dos teores

mínimos contou-se com o extraordinário banco de dados do Grupo Fisher e do

Centro “Sylvio Moreira”. Como os dados que serviram de base são em sua

maioria do Estado de São Paulo, a tabela é válida para o Sudeste do Brasil

(Quadros 8, 9 e 10).

Na PIC, as informações sobre a classificação dos frutos devem ser anotadas no

caderno de pós-colheita, na planilha de classificação e destino da fruta para

exportação.

As normas completas de classificação de laranja, lima ácida e tangerina podem

ser consultadas no site http://www.hortibrasil.org.br ou solicitadas ao Centro de

Qualidade em Horticultura da CEAGESP pelo e-mail: [email protected].

Fig. 6. Caracterização das manchas difusas e profundas, níveis 1 e 2.

Mancha difusa

Nível 1 Nível 2

Page 30: Documento 156

30 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Embalagem

As características das frutas e hortaliças frescas determinam as principais regras

para o seu manejo. O produto está vivo e é perecível: respira, esquenta, perde

água, brilho, frescor, amadurece, envelhece. O produto é sensível: o manuseio

incorreto, batidas, cortes, aceleram o seu envelhecimento e permitem o

desenvolvimento de microorganismos oportunistas.

1a Regra - A qualidade do produto não pode ser melhorada, só conservada.

2a Regra - Evite o manuseio. O produto é recoberto por uma cera natural que o

protege da perda de água e da entrada de patógenos. A conservação desta

proteção natural só é possível com o manuseio mínimo.

3a Regra - Previna o manuseio. Lotes de produto visualmente homogêneos, bem

classificados por tamanho, cor e qualidade, reduzem a escolha pelo consumidor,

reduzem o manuseio.

Quadro 8. Requisitos mínimos de qualidade para laranja.

Quadro 9. Requisitos mínimos de qualidade para tangerina.

Quadro 10. Requisitos mínimos de qualidade para lima ácida.

Page 31: Documento 156

31Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

4a Regra - Evite os ferimentos. A grande maioria das podridões, que leva ao

descarte das frutas e hortaliças frescas, é causada por microorganismos

oportunistas, que só se desenvolvem se houver um ferimento, mesmo que

microscópico, no produto.

A embalagem é instrumento de identificação, proteção, conservação,

movimentação e exposição das frutas e hortaliças frescas. Só uma boa embalagem

garante o manuseio zero e uma logística eficiente. A Instrução Normativa Conjunta

(SARC, IPEM e ANVISA) 09 de 14/11/2002, estabeleceu regras simples e

revolucionárias para as embalagens de frutas e hortaliças frescas: medidas

paletizáveis; descartáveis ou retornáveis; se descartáveis, recicláveis ou de

incinerabilidade limpa; se retornáveis, higienizadas a cada uso; rotuladas; com a

identificação e garantia do fabricante; pode ser de papelão ondulado, cartão,

plástico ou madeira ou outro material apropriado. Na Produção Integrada de Citros

é obrigatória a observação das exigências dessa instrução normativa.

No mundo todo os citros são embalados em embalagens de plástico, papelão,

cartão, madeira e outros tipos de matéria prima. Na Produção Integrada de Citros é

proibido o uso de caixas de madeira fabricadas com matéria-prima não oriunda de

reflorestamentos ou que não proporcionem boa assepsia. A caixa M está fora da lei.

Não é paletizável, é retornável mas não é higienizável e não possui a identificação e

garantia do fabricante. As caixas plásticas têm sido preferidas por alguns mercados

por atenderem aos requisitos da instrução normativa e terem seu custo diluído ao

longo do tempo de uso. Caixas de papelão são mais utilizadas pelos exportadores,

por melhorarem a apresentação do produto e não requererem retorno.

Grandes empresas, com alta tecnologia, são responsáveis no Brasil, pela

fabricação de embalagens de papelão, cartão e plástico. Falta investimento e

tecnologia para a embalagem de madeira, que domina o mercado de citros in

natura – a conhecida caixa M – pesada, retornável, não paletizável, não

higienizável (Figura 7). No Norte e Nordeste do Brasil ainda é comum a

comercialização do citros a granel, contado aos centos (Figuras 8, 9 e 10).

Todas as embalagens de citros na PIC devem ser rotuladas de acordo com a

legislação vigente para identificação do produto e fins de rastreabilidade. A

adoção de um sistema de leitura ótica com códigos de barras agiliza o processo e

facilita a recuperação de informações. O rótulo deve estar visível ao comprador,

mesmo quando as embalagens estiverem paletizadas, empilhadas ou em

exposição. Os paletes facilitam a movimentação da carga e otimizam as

Page 32: Documento 156

32 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

operações logísticas de distribuição. É obrigatória a montagem de paletes

exclusivamente com frutas da Produção Integrada de Citros, não sendo permitida

a mistura de embalagens com frutas de outro sistema de produção. É proibido o

uso de estrados fabricados com madeira não oriunda de reflorestamentos.

A produção de citros no Brasil se concentra no Estado de São Paulo. Os

produtores citrícolas paulistas utilizam a classificação mecânica para o mercado

in natura, o que torna muito fácil a adoção de uma logística de movimentação

mais eficiente. Estranhamente isto não ocorre – nem mesmo práticas corriqueiras

de carga e descarga paletizadas. O ônus da administração das caixas vazias

para os produtores e atacadistas é muito alto: controle do retorno, descarga e

carga de caixa vazia, espaço de armazenagem ocupado pela caixa vazia, roubo,

frete de retorno, doca ocupada com caixa vazia, reparo, custo do frete (uma

caixa de madeira pesa 6 kg e uma caixa de papelão ou plástica com a mesma

capacidade pesa 1 kg). A crescente utilização de unidades de consumo para

venda de citros no varejo traz um outro problema porque comumente não se

utiliza uma embalagem de suporte para conter estas unidades de consumo,

causando ferimento e esmagamento dos frutos.

A mudança exige investimentos do produtor, do atacadista, das centrais de

abastecimento e do varejo. A falta de fiscalização prejudica quem quer mudar.

Alguns desafios logísticos precisam ser vencidos. É preciso criar mecanismos

que apóiem no campo prático a melhoria do desempenho da cadeia hortícola da

produção ao consumo, de maneira articulada:

1.º Exigindo a obediência à lei: embalagem, rotulagem, transporte, comércio de

alimentos;

2.º Promovendo a reciclagem das embalagens descartáveis utilizadas;

3.º Desenvolvendo um sistema que garanta o retorno das embalagens

retornáveis;

4.º Desenvolvendo uma família de embalagens modulares que permitam a

paletização do mix de produtos;

5.º Desenvolvendo um sistema de transporte e conservação que permita o mix

de produtos, atendendo da melhor maneira possível as diferentes exigências de

cada produto;

6º Desenvolvendo equipamentos que permitam a modernização da logística e a

redução drástica do manuseio do produto pelo produtor, transportador,

atacadista, varejista e serviço de alimentação;

Page 33: Documento 156

33Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

7º Implantando o “Programa Nacional de Modernização da Logística da Cadeia

de Produção de Frutas e Hortaliças Frescas”, que garanta recursos para

modernização dentro de um programa articulado de mudança.

Fig. 8. Embalamento de limão em sacaria.

Fig. 7. Movimentação de citros em caixa M no mercado atacadista.

Foto

: C

QH

/CEA

GESP

Foto

: C

QH

/CEA

GESP

Page 34: Documento 156

34 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Fig. 10. Comercialização a granel.

Fig. 9. Comercialização a granel.

Foto

: C

QH

/CEA

GESP

Foto

: C

QH

/CEA

GESP

Page 35: Documento 156

35Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Desverdecimento

Nem sempre é possível obter frutos de laranja e tangerina na cor laranja. A

coloração laranja, determinada pela presença dos pigmentos carotenóides na

casca dos frutos, é estimulada pela alternância de temperaturas, sendo

necessárias as temperaturas baixas. Assim, por exemplo, laranjas produzidas em

locais que não apresentem essas condições, como o Recôncavo Baiano, podem

não adquirir a coloração laranja típica atraente ao consumidor.

Para estimular a produção da cor laranja em frutos em pós-colheita, pode-se

adotar a prática do desverdecimento, que é a aplicação de etileno no ambiente de

armazenamento dos frutos. O etileno em contato com os frutos estimulará a

degradação do pigmento verde (clorofila) e a conseqüente pigmentação

alaranjada da fruta.

A aplicação do etileno gasoso precisa ser realizada em uma câmara

hermeticamente fechada para evitar o escape do gás. Deve-se ter o controle

rigoroso da concentração dos gases etileno e CO2 e também da temperatura e

umidade relativa do ambiente. Na planilha de controle de tratamento de

desverdecimento faz-se a anotação desses valores, bem como do número do lote

que está sendo tratado, do produto e dose utilizados e do tempo de exposição

ao gás.

Utiliza-se o gás etileno em concentrações de 1 a 10 ppm ou a mistura de etileno

(5%) com nitrogênio (95%), o azetil, que é menos explosivo. Existem diferenças

varietais com relação à resposta ao etileno. Aplica-se o gás por 24 a 48 horas,

renovando-se o ar da câmara a cada 12 horas por cerca de 30 minutos. A

temperatura ideal de armazenamento para o desverdecimento está na faixa de

18-25 ºC. Abaixo de 15 ºC o processo fica mais demorado e em temperaturas

altas a pigmentação laranja é prejudicada e os frutos senescem mais rapidamente.

A umidade relativa deverá estar entre 90-95%. O dióxido de carbono (CO2) é

antagonista do etileno. Nas temperaturas utilizadas no deverdecimento pode-se

gerar CO2, o qual deverá estar entre 0,1-0,2%, mas não deve ser superior a

1%.

É possível o desverdecimento com a utilização de ethephon, no entanto, este

produto não está ainda liberado para utilização na PIC.

Page 36: Documento 156

36 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

Armazenamento

As condições dependem da variedade, do local de cultivo e do estádio de

maturação do fruto. De modo geral, laranjas podem ser armazenadas entre 2 e 3

ºC / 90%-95% de umidade relativa por cerca de dois a cinco meses. As

tangerinas são conservadas entre 5 e 10 ºC por quatro a dez semanas. A lima

ácida ‘Tahiti’ conserva-se a 10 ºC / 90%-95% U.R. por quatro a dez semanas.

Tratamentos fungicidas, filmes plásticos e cera auxiliam no prolongamento da

vida útil pós-colheita dessas frutas.

O monitoramento da temperatura e da umidade relativa das câmaras frias deve

ser constante, sendo os valores anotados na planilha de monitoramento das

câmaras. Temperaturas mais baixas que as recomendadas podem ocasionar

injúrias pelo frio, que geram manchas de coloração vermelha ou marrom e

depressões na casca. A umidade relativa também deve ser controlada para que

não favoreça a incidência de doenças quando muito alta ou a excessiva perda de

peso quando estiver baixa.

Expedição da Mercadoria

A expedição da mercadoria também deve ser registrada. Faz-se anotações de

número do palete ou lote, data na expedição, data da embalagem, tipo de

embalagem e peso, e ainda informa-se se o transporte é refrigerado, por qual via

(rodoviária, aérea ou marítima) e qual o destino da carga. Para esta finalidade

utiliza-se a planilha de controle de mercadoria expedida.

Limpeza e Higienização na Empacotadora eCâmaras Frias

Após o início do funcionamento da empacotadora é bastante comum notar que o

ritmo chega a ser tal que não se destina um tempo específico para a limpeza e

higienização de instalações e equipamentos. A sujeira acumulada nestes torna-se

fonte de contaminação dos frutos e contribui para a redução da eficiência dos

equipamentos. Com essa preocupação, deve-se estabelecer um programa de

limpeza e higienização de instalações (pisos, tetos, paredes, balcões etc.) e

Page 37: Documento 156

37Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

equipamentos (tanques, esteiras, classificadores, câmaras frias etc.), cujas

operações devem ser registradas nas planilhas de controle de higienização

realizado na empacotadora (máquinas e galpão) e nas câmaras anotando-se o

local/equipamento limpo e higienizado, a data, o produto e a dose utilizados e a

sua forma de aplicação.

Boas Práticas

Para cuidar da qualidade da fruta é preciso cuidar das estruturas e das pessoas

que as manipulam. Há algumas situações observadas nas empacotadoras que

não são recomendadas para o manuseio das frutas: manuseio excessivo e

inadequado das frutas; falta de controle da qualidade da água; limpeza e higiene

deficientes; deficiência de estruturas de apoio à higiene e saúde dos

trabalhadores (banheiros, bebedouro, pias etc.); ausência de programa de

manutenção de instalações e equipamentos; falta de local específico para

agroquímicos; deficiência no uso de EPIs.

Para reduzir os riscos de contaminação das frutas e do meio ambiente e melhorar

as condições de trabalho, a primeira atitude a ser tomada é em relação à

conscientização dos trabalhadores, que devem ser informados da necessidade de

se produzir com qualidade, dos cuidados com o meio ambiente, da importância

dos hábitos de higiene. E para que isso seja concretizado, além da

conscientização constante, os funcionários devem ser treinados para realizar as

tarefas de forma a atender os requisitos exigidos para a qualidade.

As Boas Práticas são um conjunto de procedimentos que contribuem para o

conforto do trabalhador, sua saúde e higiene dentro do sistema de produção,

bem como a preservação do meio ambiente. Na Produção Integrada de Citros é

recomendável a implementação de Boas Práticas na fazenda, bem como do

sistema de monitoramento e controle da inocuidade chamado de APPCC –

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – na empacotadora. Este

programa avalia detalhadamente o processo e identifica os pontos críticos deste

processo, onde poderá haver riscos de contaminação do produto, e estabelece

ações preventivas e corretivas para cada um dos riscos identificados.

A implementação das Boas Práticas e do sistema APPCC é facilitada pela adesão

ao PAS – Programa Alimentos Seguros. Este Programa contempla os aspectos

Page 38: Documento 156

38 Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

que levam à produção de alimentos seguros, abrangendo as Boas Práticas e o

APPCC, sendo possível sua implementação em diversos segmentos: campo,

empacotadora, transporte, distribuição e consumidor.

Sites Úteis

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical – CNPMF

http://www.cnpmf.embrapa.br

http://www.cnpmf.embrapa.br/pic_bahia/index_pic.htm

Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo - CEAGESP

http://www.ceagesp.com.br

Logística e Pós-colheita na Produção Integrada de Frutas

http://www.pif.poscolheita.nom.br

Programa Brasileiro para a Modernização da Horticultura

http://www.hortibrasil.org.br/

Programa Alimentos Seguros

http://www.pas.senai.br

Referências Bibliográficas

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integrada de frutas no Brasil – até 2004. Disponível em <http://

www.inmetro.gov.br/qualidade/relatorio2005.doc> Acesso em 10 agosto 2005.

Cantillano, F.F. Bases do manejo pó-colheita e logística na produção integrada

de frutas. In: : Martins, D.S. Papaya Brasil. Qualidade do mamão para o mercado

interno. Vitória, E.: Incaper, 2003. p. 131-141.

Cantillano, F.F., Luchsinger, L.L., Salvador, M.E. Fisiologia e manejo pós-

colheita. In: Cantillano, F.F. Pêssego Pós-colheita. Embrapa Clima Temperado

(Pelotas-RS)-Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2003. p. 18-41. (Frutas

do Brasil; 51).

Chitarra, M.I.F., Chitarra, A.B. Pós-colheita de frutas e hortaliças: fisiologia e

manuseio. 2ª ed. Lavras: Editora UFLA, 2005. 785p.

Page 39: Documento 156

39Procedimentos Pós-Colheita na Produção Integrada de Citros

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