50
Trabalho elaborado por: André Matos

Empreendedorismo

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Empreendedorismo

Trabalho elaborado por:

André Matos

Page 2: Empreendedorismo

2

Índice

O empreendedorismo e a actividade económica ......................................................................... 6

Determinantes nacionais do empreendedorismo ........................................................................ 7

Determinantes pessoais do empreendedorismo .......................................................................... 7

Factor cultural ............................................................................................................................... 8

O que é ser empreendedor? ......................................................................................................... 8

A decisão de empreender ............................................................................................................. 9

Para ser empreendedor: ........................................................................................................... 9

Características comuns aos empreendedores: ......................................................................... 9

O empreendedor e a equipa da nova empresa .......................................................................... 10

Ética e responsabilidade social dos empreendedores ................................................................ 10

Oportunidade e ideias ................................................................................................................. 11

Fontes de novas ideias ................................................................................................................ 11

Tendências ambientais que geram oportunidades ..................................................................... 12

Ambiente sócio-cultural .......................................................................................................... 12

Ambiente tecnológico ............................................................................................................. 13

Ambiente político e mudanças de regulamentação ............................................................... 13

Métodos de geração de novas ideias .......................................................................................... 13

O brainstorming .......................................................................................................................... 13

Os questionários (surveys) .......................................................................................................... 14

Day-in-the-life research........................................................................................................... 14

Método de checklist .................................................................................................................... 15

O método de livre associação ..................................................................................................... 15

O método de anotações colectivas ............................................................................................. 15

As patentes .................................................................................................................................. 15

Os direitos de autor (copyrights) ................................................................................................ 16

O modelo de negócio .................................................................................................................. 16

As redes relacionais ..................................................................................................................... 17

O que é o franchising .................................................................................................................. 17

O franchising como forma de empreendedorismo ..................................................................... 18

Vantagens e desvantagens do franchising para o franchisador ................................................. 18

Vantagens: ............................................................................................................................... 18

Desvantagens: ......................................................................................................................... 19

Page 3: Empreendedorismo

3

Vantagens e desvantagens para o franchisado ........................................................................... 19

Vantagens: ............................................................................................................................... 19

Desvantagens: ......................................................................................................................... 19

Perfil do franchisado ................................................................................................................... 20

Expansão através do franchising ................................................................................................. 20

O estudo de mercado .................................................................................................................. 21

Recolha de dados primários ........................................................................................................ 22

A segmentação do mercado........................................................................................................ 22

Fases do processo de segmentação ........................................................................................ 23

Critérios de segmentação: ...................................................................................................... 23

Estabelecer uma posição única: o posicionamento .................................................................... 23

A marca: .................................................................................................................................. 23

Fases do processo de compra: ................................................................................................ 24

A personalidade ...................................................................................................................... 24

O estilo de vida ........................................................................................................................ 24

Profissão .................................................................................................................................. 24

O consumo ostensivo .............................................................................................................. 24

O marketing mix .......................................................................................................................... 25

Estratégias de preços .................................................................................................................. 26

A análise dos competidores ........................................................................................................ 28

A análise interna .......................................................................................................................... 28

A atractividade do negócio ......................................................................................................... 29

A análise da indústria .................................................................................................................. 29

A rivalidade entre empresas concorrentes ................................................................................. 30

A ameaça de novas entradas ...................................................................................................... 30

O poder negocial dos clientes ..................................................................................................... 31

O poder negocial de fornecedores .............................................................................................. 31

A ameaça de produtos substitutos ............................................................................................. 32

Estratégias genéricas de negócio ................................................................................................ 32

A diferenciação do produto ........................................................................................................ 32

A estratégia de liderança pelos custos ........................................................................................ 33

A estratégia de enfoque .............................................................................................................. 33

A análise SWOT ........................................................................................................................... 34

A gestão das pessoas ................................................................................................................... 34

Page 4: Empreendedorismo

4

A gestão dos recursos humanos ................................................................................................. 35

Recrutamento e selecção da equipa ........................................................................................... 35

O recrutamento externo ............................................................................................................. 36

Vantagens: ............................................................................................................................... 36

Desvantagens: ......................................................................................................................... 36

A liderança ................................................................................................................................... 36

Estilos e tipos de liderança .......................................................................................................... 37

A comunicação ............................................................................................................................ 38

Desenvolver competências na equipa ........................................................................................ 38

As vertentes da formação ....................................................................................................... 38

As empresas singulares: .............................................................................................................. 39

As formalidades a cumprir na criação de uma nova empresa .................................................... 39

Financiamento por endividamento ou por capital próprio......................................................... 40

Recursos financeiros próprios do empreendedor ...................................................................... 41

Outros investidores privados ...................................................................................................... 41

A banca comercial ....................................................................................................................... 42

Empréstimos por crédito a receber ............................................................................................ 42

Vantagens e desvantagens do factoring: ................................................................................ 42

Empréstimos por imóveis ............................................................................................................ 42

Empréstimos a curto prazo ......................................................................................................... 43

Empréstimo de longo prazo ........................................................................................................ 43

Empréstimos pessoais ................................................................................................................. 43

Os subsídios ................................................................................................................................. 43

O capital de risco ......................................................................................................................... 44

Benefícios do capital de risco ...................................................................................................... 44

Determinar o capital necessário ................................................................................................. 44

A actividade da empresa ............................................................................................................. 45

O ponto crítico das vendas .......................................................................................................... 45

A análise da sensibilidade ........................................................................................................... 45

As demonstrações financeiras .................................................................................................... 46

Demonstração de resultados ...................................................................................................... 46

O balanço .................................................................................................................................... 46

O mapa de fluxos de caixa........................................................................................................... 47

O equilíbrio financeiro e o fundo de maneio .............................................................................. 47

Page 5: Empreendedorismo

5

A importância de realizar investimentos .................................................................................... 48

Elementos dos projectos de investimento .............................................................................. 48

Métodos de actualização ............................................................................................................ 49

Os juros e a capitalização ............................................................................................................ 49

A actualização .............................................................................................................................. 49

Período de recuperação do investimento ................................................................................... 50

Índice de rendibilidade ................................................................................................................ 50

Os elementos do plano de negócios: .......................................................................................... 50

Page 6: Empreendedorismo

6

O empreendedorismo e a actividade económica

São as pequenas e novas empresas, e não as grandes corporações, as maiores geradoras

de novos empregos. Estas, dão um contributo para a inovação de produtos, serviços,

processos, métodos, técnicas e tecnologias.

Os benefícios do empreendedorismo não se restringem ao aumento da produção e da

riqueza. Também se traduzem na promoção de mudanças nos negócios e na sociedade.

Contribuem, ainda, para aumentar as escolhas individuais de cada indivíduo.

Há grandes variações entre países no que se refere à actividade empreendedora. Mas as

diferenças não são explicadas apenas pela riqueza relativa – ou pelo nível de

desenvoltura económica dos países. Note-se que, por um lado, nos países mais pobres,

as pessoas não têm emprego e não têm fonte de rendimento – seja através de um sistema

de segurança sócia, de subsídios, etc – pelo que a sua própria subsistência pode estar

dependente da criação do próprio negócio. Este será provavelmente um negócio

pequeno, o dito negócio de rua, que apenas exige um investimento mínimo. A

dificuldade é que nestes países os sistemas de apoio são muito débeis, mesmo quando os

montantes de financiamento necessários são baixos.

As necessidades insatisfeitas são sempre bons espaços para o surgimento de novas

empresas empreendedoras.

Por outro lado, nos países mais ricos o sistema institucional é razoavelmente eficaz

(bancos, seguradoras, agencias de apoio ao empreendedor, etc.) como sabemos, se

ficarem desempregados, os cidadãos de países mais desenvolvidos podem auferir dos

subsídios de desemprego e recorrer a outros sistemas de apoio social. Poderia parecer

que nestes países não haveria incentivo ao empreendedorismo, mesmo assim podemos

observar níveis relativamente elevados de empreendedorismo em países mais

desenvolvidos como os EUA, Nova Zelândia ou Austrália. Porquê? Nestes países as

pessoas têm melhor nível de vida, têm rendimentos superiores e procuram outras formas

de realização pessoal. As pessoas vêem o empreendedorismo como uma solução para a

vida activa e independente.

Page 7: Empreendedorismo

7

Nos países mais pobres tende a haver muitas pequenas e micro empresas. Em países

mais ricos tende a haver maior número de médias e grandes empresas. Assim, também

as pessoas nos países mais ricos conseguem mais facilmente encontrar um emprego

nestas empresas maiores e sentem menos necessidade de constituir uma empresa sua.

Idealmente, o empreendedor introduzirá algo de novo, algo que proporcione valor ao

cliente e que nenhum outro concorrente faz. No entanto, a maioria das inovações

introduzidas no mercado são inovações comuns, inovações incrementais que se podem

basear em aspectos tão simples como um melhor atendimento aos clientes, horários de

funcionamento mais convenientes, melhor decoração do espaço comercial, preços mais

baixos, etc.

Determinantes nacionais do empreendedorismo

As principais debilidades limitadoras da actividade empreendedora em Portugal são:

Os obstáculos no acesso a capitais e desconhecimento dos meios de

financiamento existentes;

A inconstância das politicas industriais, das estratégias de desenvolvimento

nacional;

A pouca oferta no ensino do empreendedorismo como disciplina nas escolas;

O insuficiente desenvolvimento dos serviços comerciais e profissionais

Determinantes pessoais do empreendedorismo

A necessidade leva alguns empreendedores a constituírem a sua própria empresa, não

por considerarem que existe uma oportunidade que pode ser aproveitada, mas antes

porque têm a necessidade de o fazer. Esta necessidade pode estar relacionada com o

estarem desempregados, vendo no empreendedorismo uma alternativa à falta de um

emprego. A necessidade pode ajudar a explicar os relativamente altos níveis de

empreededorismo em países menos desenvolvidos.

A oportunidade refere-se à percepção de que há oportunidades de negócio que podem

ser exploradas no mercado. Estas oportunidades podem estar, ou não, relacionadas com

o nível de desenvolvimento do país. Em países menos desenvolvidos pode haver

algumas necessidades mais básicas ainda insatisfeitas mas nos países mais

desenvolvidos as necessidade são de outro tipo, tais como a formação, realização

pessoal, entretenimento, etc.

A percepção dos indivíduos da sua capacidade para serem bem sucedidos com

empreendedores influencia a criação de novas empresas. Então, quanto menor for o

nível de formação, menores serão as suas competências e conhecimentos, as

Page 8: Empreendedorismo

8

capacidades de desenvolvimento de modelos e de análise crítica de situações,

nomeadamente para a identificação de boas oportunidades de negócio. Maiores serão

também os receios de não serem capazes, de não terem os conhecimentos necessários

para gerir a nova empresa.

Factor cultural

Há culturas que valorizam os indivíduos que criam as suas próprias empresas e têm

sucesso, como é o caso das culturas anglo-saxónicas mais individualistas (ex: USA) que

dão muito valor ao ser o seu próprio patrão, ao alcançar sucesso e ao ganhar dinheiro.

Não é, por isso, surpreendente que existam nestes países mais indivíduos a criar a sua

empresa. Ao contrário, em certos países o insucesso acarreta um peso social elevado,

pelo que a cultura não estimula a formação de novas empresas.

No caso português a cultura nacional é caracterizada por ter uma elevadíssima aversão à

incerteza e níveis acentuados de colectivismo. Culturalmente, a preocupação que a nova

empresa não seja geradora de rendimento suficiente e o factor risco associado são fortes

entraves ao empreendedorismo em Portugal. No entanto há quatro factores que

merecem destaque:

Atitude face ao fracasso ou insucesso;

Capacidade de reagir a oportunidades;

Percepção social sobre os empreendedores;

Protecção da propriedade intelectual

O que é ser empreendedor?

1. O empreendedor é o que toma a iniciativa para criar algo novo e de valor para o

próprio empreendedor e para os clientes;

2. O empreendedor tem de despender o seu tempo e esforço para realizar o

empreendimento e garantir o seu sucesso;

3. O empreendedor recolhe as recompensas sob a forma financeira, de

independência, reconhecimento social e realização pessoal;

4. O empreendedor assume os riscos de insucesso do empreendimento, quer sejam

riscos financeiros, sócios ou emocionais

Portanto, é o empreendedor que organiza os recursos humanos, materiais e financeiros.

Neste esforço o empreendedor é motivado pela necessidade de atingir algo, de fazer, de

realizar e de ser independente de outros.

Page 9: Empreendedorismo

9

A palavra “empreendedor” provavelmente surgiu para descrer as pessoas que

“assumiam os riscos” entre compradores e vendedores ou que “empreendiam” a tarefa

de começar uma nova empresa. Actualmente, é comummente usada para descrever as

pessoas que perseguem oportunidades independentemente dos recursos que têm ao seu

dispor e que controlam. Baseando-se nas oportunidades, os empreendedores formulam

ideias viáveis de negócio e, sozinhos ou em parceria com outros, procuram implementá-

las.

O que leva os indivíduos a serem empreendedores? Note que o empreendedor é definido

em termos de comportamentos e atitudes, não de traços de personalidade ou outras

características inatas. Ninguém nasce empreendedor, nem com genes empreendedores.

Alem de motivações próprias, sobre a forma como querem dirigir a vida, há também

factores exógenos como a necessidade de ter fontes de rendimento complementares ou

uma situação de desemprego, a conduzir ao empreendedorismo.

A decisão de empreender

Muitas pessoas começam a pensar no empreendedorismo como opção de carreira, em

parte como forma de realização pessoal profissional que o trabalho dependente em

grandes organizações não permite. No entanto, há ainda poucos estudantes, e em

particular estudantes do ensino superior, a pensar no empreendedorismo como opção de

carreira. Enquanto estudantes poucos se preparam efectivamente para os desafios de ser

empreendedor. Alias, mesmo entre os que sabem querer ser empreendedores,

relativamente poucos constituirão a sua empresa logo após terminarem as licenciaturas.

Ainda assim, temos assistido recentemente ao crescimento da oferta de cursos de

empreendedorismo. Estes cursos são importantes para que os jovens futuros

empreendedores adquiram as competências de que necessitarão ao nível da criatividade,

financiamento, controle, identificação de oportunidades e ideias de negócio, negociação,

financeiros, etc. para o desenvolvimento da empresa.

Para ser empreendedor:

Analise e compreenda os mercados e ouça as pistas que os clientes dão;

Compreenda a tecnologia e como ela pode ajudar;

Pense na melhor forma para fazer algo, não apenas na forma mais simples;

Evite respostas do tipo “sempre o fizemos assim”;

Experimente e não tenha medo de falhar. Não falha quem não tenta fazer

Características comuns aos empreendedores:

Page 10: Empreendedorismo

10

Necessidade de ser independente a realizar;

Assunção de riscos moderados;

Auto-confiança;

Assunção de responsabilidade;

Capacidade de trabalho e energia;

Criatividade e inovação;

Persistência apesar do fracasso

O empreendedor e a equipa da nova empresa

Normalmente, a equipa começa logo pelo grupo de empreendedores fundadores – como

é o caso numa sociedade entre um grupo de fundadores. A restante equipa constitui-se

gradualmente à medida que a empresa tem capacidade para ir fazendo contratações

adicionais.

Uma equipa trás mais talentos, recursos, ideias, contactos profissionais, etc.

A sobrevivência é um aspecto sensível nas novas empresas. As novas empresas têm

uma elevada probabilidade de falhar, fenómeno designado por liability of newness. Em

parte esta probabilidade de falhar refere-se ao facto de muitas empresas falharem porque

os empreendedores não se conseguem ajustar rapidamente ao seu novo papel.

Ética e responsabilidade social dos empreendedores

A sociedade contemporânea exige cada vez mais das empresas comportamento éticos e

socialmente responsáveis. Para evitar certas actuações do empreendedor, e dos seus

colaboradores, é importante que desenvolva um código de conduta ética pelo qual todos

os colaboradores da equipa se regem.

No passado, o princípio orientador da actuação das empresas era a maximização do

lucro e a eficiência produtiva. No entanto, esta visão está esgotada e uma nova cultura

empresarial está a nascer e esta contempla a ética nas actuações empresariais. Isto não

significa apenas o cumprimento da lei para evitar sanções ou penalidades, mas antes o

dever cívico de contribuir para a sociedade e garantir a sustentabilidade. A empresa é,

assim, vista como uma cidadã sujeita às determinações legais, ao pagamento de

impostos, e como qualquer cidadão deve comportar-se com honestidade e integridade,

não se envolve em corrupção, roubo ou fraude.

Page 11: Empreendedorismo

11

Portanto, face às crescentes pressões da sociedade, o empreendedor tem de procurar um

equilíbrio entre a acumulação de riqueza e a manutenção de um comportamento

socialmente responsável e eticamente consciente.

Oportunidade e ideias

Um novo empreendimento será um bom negócio se existir uma necessidade pelo

produto/serviço que oferece, com as funcionalidades apresentadas, no tempo certo, no

local adequado e ao preço proposto. A questão é, saber se as nossas ideias são

verdadeiramente boas oportunidades de negócio. Esta fase de identificação, e depois de

maturação e desenvolvimento da ideia, não deve ser encurtada.

Uma oportunidade materializa-se numa circunstância favorável, que cria uma

necessidade de um novo produto ou serviço. Uma boa oportunidade deve verificar

quatro qualidades essenciais: ser atractiva, durável, estar disponível no momento e local

certos, e ser suportada num produto ou serviço que adiciona valor ao seu comprador ou

utilizador. As oportunidades são externas, estão no ambiente, e são necessidades ou

vontades que embora ainda não estejam satisfeitas podem sê-lo. A existência de uma

oportunidade estimula a criação da maioria das novas empresas empreendedoras.

Uma oportunidade é um conjunto de circunstâncias favoráveis que cria a necessidade de

um novo produto ou serviço. Uma ideia é um pensamento, impressão, ou noção, que

pode ter, ou não, as qualidades de uma oportunidade.

Assim, o empreendedor precisa fazer uma análise genérica inicial da ideia para perceber

se há efectivamente uma oportunidade:

O que é que está a criar esta oportunidade?

Durante quanto tempo as condições que criam a oportunidade se irão manter?

Qual a necessidade real para o produto/serviço?

Quem são os clientes alvo?

Como é que se pode chegar aos clientes alvo?

Qual a sensibilidade ao preço e quanto é que o produto/serviço vale para os

clientes?

De onde parte a competição?

Criatividade – é ter a capacidade de olhar para as mesmas coisas, as mesmas

necessidades ou problemas que outras pessoas, mas de uma forma diferente, de um

ângulo diferente. A intuição refere-se a um pensamento “inconsciente”, a um raciocínio

que não é suportado em análises formais ou factuais.

Fontes de novas ideias

Page 12: Empreendedorismo

12

1. Identificação de necessidades – todas as empresas têm por base a oferta de um

produto ou serviço que visa satisfazer algum tipo de necessidade dos clientes, e

pela qual eles estão dispostos a pagar. Assim, a forma mais elementar da procura

de ideias é pesquisar necessidades não satisfeitas e conceber produtos/serviços

para as satisfazer.

2. Observação de deficiências – todos nós já pensámos que algum produto/serviço

precisava de algumas melhorias. Virtualmente todos os negócios podem ser

melhorados. Os produtos podem ser melhorados como o podem ser o design das

embalagens, os espaços físicos, o serviço ao cliente, a rapidez com que um

serviço é prestado, o preço, etc.

3. Observação de tendências – olhar para o mercado e observar tendências locais,

regionais, nacionais ou internacionais em alguma dimensão ambiental pode

permitir formular uma ideia. O mundo, a sociedade e os mercados estão em

constante mutação, alterando-se os gostos e as preferências dos consumidores,

as tecnologias e os padrões de consumo

4. Procura de novas aplicações – a procura de novos usos para bens que já existem.

Os empreendedores podem analisar e monitorizar os produtos e serviços de

empresas rivais a operar no mercado para detectar formas de melhorar os

produtos/serviços adequando-se às necessidades e criando uma oferta que o

mercado pode privilegiar.

5. Hobbies – nos seus hobbies os indivíduos podem encontrar necessidades não

satisfeitas – portanto, oportunidades. Muitas empresas relacionadas com

actividades desportivas nascem de ideias de praticantes amadores que sentem a

falta de serviços e/ou produtos direccionados.

6. Imitação do sucesso de outro – efectivamente, poucos empreendedores lançam

empresas com ofertas verdadeiramente novas. A maioria das novas empresas

posiciona-se muito perto de outras que já existem – isto é, imitam o sucesso de

uma empresa que já existe. No entanto, para ter sucesso nesta via é fundamental

analisar bem o que o outro está a fazer, qual a tecnologia, o mercado, o

marketing e a fonte de valor acrescentado que oferece ao cliente.

7. Os canais de distribuição – são fontes de novas ideias, na medida em que

conhecem melhor o mercado. Os canais de distribuição podem dar sugestões de

produtos/serviços novos que os consumidores desejam, de características que os

clientes preferem, e ate apoiar na comercialização do produto da nova empresa.

8. Os esforços do próprio empreendedor em investigação e desenvolvimento são

uma fonte de novas ideias

Tendências ambientais que geram oportunidades

Ambiente sócio-cultural

Page 13: Empreendedorismo

13

As tendências e mudanças sociais proporcionam “aberturas” para novos negócios. Por

exemplo, a expansão das cadeias de fast-food não acontece porque as pessoas adoram

comer fast-food, mas antes porque têm cada vez menos tempo disponível e têm algum

rendimento que estão dispostas a gastar em refeições relativamente baratas e rápidas.

Portanto, é preciso perceber como as tendências e mudanças sociais proporcionam

“aberturas” para novos negócios. São muitos os exemplos de forças sociais que geram

oportunidades, tais como:

Mudança no padrão de emprego;

Mudança no padrão e comportamentos das famílias;

Envelhecimento da população;

Maior diversidade no local de trabalho;

Globalização da indústria;

A proliferação dos computadores e da Internet, telemóveis, equipamentos

informáticos, etc.

Ambiente tecnológico

Dado o rápido progresso nas tecnologias, os empreendedores precisam manter-se

atentos à forma como as novas tecnologias podem afectar os negócios actuais e à

emergência de futuras oportunidades. Muitas indústrias surgiram, ou tiveram fortes

mutações, em resultado de progressos tecnológicos, como sejam as indústrias de

computadores, internet, biotecnologia, etc. quando uma nova tecnologia é criada,

formam-se novas empresas para aproveitar e desenvolver essas tecnologias.

Ambiente político e mudanças de regulamentação

A acção política e as mudanças na regulamentação proporcionam a base para novas

oportunidades de negócio. Por exemplo, as leis que protegem o ambiente criaram

oportunidades para os empreendedores criarem empresas que ajudem outras empresas e

os indivíduos a cumprir as leis e padrões ambientais.

Métodos de geração de novas ideias

Como gerar ideias? Há um conjunto de métodos que podem ser usadas para gerar ideias,

desde as popular “caixas” para recolher sugestões de colaboradores, clientes,

fornecedores, técnicas aos grupos de discussão e à técnica de brainstorming.

O brainstorming

Page 14: Empreendedorismo

14

O brainstorming é uma técnica usada para gerar rapidamente um grande numero de

ideias e soluções para problemas, explorando a criatividade dos indivíduos que

participam em dinâmicas de grupo organizadas. Tipicamente, uma sessão de

brainstorming envolve um grupo de pessoas e deve ser orientada para um tópico

especifico. Esta técnica é particularmente eficaz na geração rápida de ideias que

poderão dar pistas para solucionar problemas existentes.

Para que uma sessão de brainstorming seja bem sucedida na geração de novas ideias é

importante seguir regras:

1. Proibir as criticas e os comentários negativos a ideias e a membros;

2. Encorajar o pensamento livre, a criatividade, a irreverência e a improvisação;

3. Gerar dinâmica na sessão e incentivar o maior número possível de ideias;

4. Encorajar ou pelo menos permitir que se saltite de assunto para assunto e de

aspecto para aspecto, mesmo que esse saltitar seja desordenado;

5. Permitir junções, melhorias e reformulações de ideias avançadas por outros

Os questionários (surveys)

Os questionários são, frequentemente, usados para recolher informações de uma

amostra de indivíduos. Os questionários são um método relativamente rápido,

razoavelmente fácil de executar e barato, comparativamente com outros métodos.

Permitem a confidencialidade dos dados e podem ser usados para chegar a um elevado

número de indivíduos mesmo que se encontrem geograficamente dispersos ou

afastados. Os questionários permitem gerar ideias de novos produtos, serviços, ideias de

negócio porque se fazem perguntas específicas e se obtêm respostas direccionadas.

A amostra para o questionário – a selecção da amostra é essencial face aos objectivos. A

qualidade dos dados recolhidos depende de a amostra ser bem seleccionada de entre a

população.

A elaboração do questionário – para garantir a qualidade dos dados recolhidos através

do questionário é importante estudar as técnicas para realizar um bom questionário. Isto

significa aprender as vantagens e desvantagens de cada tipo de pergunta e dos tipos de

classificação das respostas.

Day-in-the-life research

Este método assenta em ter colaboradores da empresa a passar um dia com um cliente

actual ou potencial, para identificar aspectos do seu comportamento e as atitudes que

poderão ser uma base para a criação de novas ideias para o produto, serviço ou negócio.

Pela observação, podemos conhecer necessidades, identificar preferências, detectar

lacunas que podem ser possíveis oportunidades para um novo negócio. A observação

Page 15: Empreendedorismo

15

directa dos clientes a usar um certo produto ou serviço, nas suas compras, os

trabalhadores a executarem uma determinada tarefa ou qualquer aspecto do dia-a-dia,

pode permitir capturar muita informação relevante e gerar novas ideias.

Método de checklist

Neste método, uma nova ideia é desenvolvida a partir de um conjunto de questões que é

usado pelo empreendedor para guiar a discussão sobre o assunto. Não há regras

específicas para a elaboração da lista; esta depende do assunto ou problema, podendo

conter questões como:

Que outras formas de utilização pode haver para o produto/serviço?

Que modificações seriam necessárias para poder ter usos alternativos?

Que adaptações podem ser feitas para competir com empresas existentes?

Que características podemos imitar?

O que modificar no produto?

Mudar o horário de funcionamento?

Combinar ou misturar?

O método de livre associação

Este é um método simples e barato que os empreendedores poderão usar para gerar

novas ideias. Em essência, o procedimento consiste em escrever uma palavra

relacionada com o problema, depois outra e outra palavra, procurando com cada nova

palavra adicionar algo de novo e criando uma cadeia de ideias que levam à emergência

de uma nova ideia de produto ou negócio

O método de anotações colectivas

Neste método é distribuído a cada participante um bloco de notas com alguns dados

pertinentes sobre o problema. Os participantes vão pensando no problema no seu dia-a-

dia e vão escrevendo possíveis soluções e ideias.

As patentes

Uma patente é um benefício dado pelo governo que assim concede o direito de excluir

outros de fazer, vender ou usar uma invenção durante a duração da patente. O direito da

patente pode ser usado para “manter exclusividade” licenciar, “deixar estar” e não usar.

Page 16: Empreendedorismo

16

A patente concede o direito a excluir outros de produzir, vender ou usar uma invenção

patenteada e este direito é concedido por um período alargado (cerca de 20 anos,

embora dependa do tipo de patente).

É possível patentear um método de negócio. Estas patentes protegem uma invenção que

consiste em usar, ou facilitar, um método de fazer negócio.

As leis sobre marcas protegem os seguintes itens:

Palavras

Números e letras

Designs e logos

Sons

Fragrâncias

Formas

Cores

Os direitos de autor (copyrights)

Os direitos de autor são uma forma de protecção da propriedade intelectual que concede

ao autor do trabalho o direito legal a determinar como o trabalho é usado e a obter

benefícios económicos do trabalho. Os direitos de autor são o direito sobre a obra,

qualquer que seja o género ou a forma de expressão.

Quais os itens que podem ser protegidos pelos direitos de autor?

Trabalhos literários

Composição musical

Trabalhos dramáticos

Trabalhos coreográficos

Esculturas, gráficos, etc.

O modelo de negócio

O modelo de negócio evidencia todas as actividades que definem como a empresa

compete no mercado, usa os seus recursos, estrutura as suas relações com os

fornecedores, e interage com os clientes. O modelo de negócio é o que a empresa faz,

como faz e o que não faz.

É essencial que o empreendedor defina o modelo de negócios da nova empresa de forma

clara e articulada porque é este que clarifica como todos os elementos do negócio se

Page 17: Empreendedorismo

17

encaixam e descreve porque empresas parceiras são necessárias a que a ideia de negócio

funcione.

As redes relacionais

Uma rede relacional é o conjunto de pessoas que você conhece e com quem mantém

algum contacto – sejam interacções profissionais, pessoais ou ambas. Através das suas

redes, as pessoas e empresas trocam informação, experiencias, ideias e a possibilidade

de desenvolver algum projecto conjuntamente. Portanto, quanto mais empresas e

pessoas conhecer…melhor, porque terá acesso a mais informação e experiencias e

ideias de outros.

Para construir a sua rede siga as dicas seguintes:

Procure diversificar os seus relacionamentos com pessoas nas mais diversas

áreas de actividade, profissões, empresas e mesmo países;

Procure a diversidade de opiniões e seja flexível às opiniões dos que o rodeiam;

Tenha uma perspectiva de longo prazo. Não deve ter um comportamento

oportunístico e utilitarista ao criar uma rede. As relações constroem-se ao longo

de vários anos e muitas pessoas só estarão verdadeiramente dispostas a trocas de

informação quando a relação estiver desenvolvida;

Contacte com frequência e mantenha as pessoas na sua rede informada dos seus

planos e interesses;

Mantenha-se visível e esforce-se por introduzir continuamente novas pessoas na

rede. Apresente novos membros aos outros e construa relacionamentos;

Supere a sua timidez e faça contactos mesmo com desconhecidos. Todos são

desconhecidos antes de estabelecerem contacto. Frequente reuniões e

conferencias, vá a feiras e exposições.

O que é o franchising

O franchising é uma forma de organização em que uma empresa que já tem um

produto/serviço bem sucedido licencia a sua marca e forma de fazer negócio a outras

empresas ou indivíduos, em troca de um direito de entrada e do recebimento de

royalties. O franchisador coloca à disposição do franchisado um conjunto de produtos

ou serviços, originais ou específicos, a fim de serem explorados pelo franchisado

segundo determinadas regras, previamente acordadas.

Aderir a uma rede de franchising oferece ao empreendedor a possibilidade de abrir um

negócio sem que para isso tenha de possuir necessariamente experiencia prévia ou

Page 18: Empreendedorismo

18

conhecimentos sobre a actividade. Alias, o franchising permite ao franchisado abrir um

negócio próprio que já foi testado previamente e com sucesso, ter apoio técnico e

administrativo na gestão do dia-a-dia por uma equipa especializada, bem como

formação inicial e contínua. No entanto, o franchisado tem de aceitar as regras impostas

pelo franchisador e os limites à sua liberdade e autonomia enquanto empresário.

Há diferentes tipos de sistema de franchising. Os mais conhecidos são os franchise de

produtos e marcas. Estes consistem num acordo pelo qual o franchisador concede ao

franchisado o direito/obrigação a comprar os seus produtos e a utilizar a sua marca.

O franchising como forma de empreendedorismo

O franchising pode constituir uma excelente oportunidade de desenvolvimento da

vontade empreendedora do indivíduo. No entanto, é preciso fazer uma boa avaliação do

franchising. O sistema de franchising funciona partindo do princípio de que um

empreendedor ira gerir o seu próprio negócio, a partir de uma marca conhecida onde os

riscos de mercado já foram testados. Isto significa que, em vez de iniciar um negócio

sem conhecer as suas características, o empreendedor vai utilizar o conhecimento de um

negócio já testado e que lhe será ensinado. O franchising é mais apropriado quando a

empresa franchisadora tem uma marca forte e/ou um método de negocio bem

organizado e testado. Por outro lado, este tipo de negócios tem vários atractivos: ser

baseado na força da imagem de uma marca, o que limita o risco incorrido, experiencia

acumulada e um know-how adquirido por parte do franchisador – o que dá algumas

garantias de sucesso ao empreendedor. O franchise falhará se a marca do franchisador

não adicionar valor para os clientes e/ou se o seu modelo de negócio tiver falhas ou

estiver incipientemente desenvolvido.

Vantagens e desvantagens do franchising para o franchisador

Vantagens:

Rapidez de expansão: uma vez o sistema de franchise formado, o franchisador

pode expandir rapidamente a rede de distribuição a novos locais alargando a

novos franchisados;

Redução de custos – o franchisador pode realizar economias de escala pela

centralização das compras e da distribuição;

Maior participação no mercado – pelo crescimento da rede à medida que novos

franchisados são seleccionados;

Maior cobertura geográfica – a expansão da rede de frachisados proporciona

maior cobertura geográfica com o serviço de clientes e mercados antes não

explorados;

Page 19: Empreendedorismo

19

Gerar rendimento das royalties e das franchise fees – sem ter investimento em

novas instalações;

Acesso a ideias e sugestões – ainda que o franchise opere com regras pré

definidas é possível beneficiar de sugestões dos franchisados

Desvantagens:

Alguma perda de controlo – há uma perda parcial do controle sobre os actos dos

franchisados à medida que as distancias aumentarem e se torna mais difícil

controlar mais franchisados;

Potencial criação do concorrente – há uma perda de sigilo à medida que o

franchisador for transferindo o seu conhecimento para o franchisado;

Insuficiência nos serviços – uma expansão acelerada pode gerar dificuldade de

abastecimento dos franchisados ou a incapacidade de prestar o apoio de

consultoria necessárias;

Necessidade de partilhar lucros – os lucros serão menores do que se a empresa

crescesse internamente abrindo novas filiais;

Potenciais atritos com os franchisados – em particular quando estes violam

termos do contrato;

Vantagens e desvantagens para o franchisado

Vantagens:

Maior probabilidade de sucesso – enquanto o empreendedor independente

terá de construir o seu negócio do zero, o franchisado beneficia de adoptar

um produto/serviço já conhecido, com “provas dadas” no mercado e com

uma rede e marca bem sucedida;

Apoio continuado do franchisador – o franchisado beneficia das vantagens

competitivas do franchisador;

Potencial de maiores lucros – é possível que os lucros do franchisado sejam

superiores aos de um comerciante independente, dado que beneficia de

economias de escala e uma marca reconhecida;

Protecção da concorrência – de outros franchisados da mesma rede, dado que

o contrato, tipicamente concede direitos territoriais exclusivos

Desvantagens:

Controlo sobre as operações – o franchisador procede a auditorias frequentes

para detectar falhas no cumprimento das obrigações pelo franchisador. Controla,

também, as vendas para efeitos de pagamentos de royalties e fundo de

Page 20: Empreendedorismo

20

publicidade e observa os procedimentos e as normas estabelecidas estão a ser

respeitadas;

Restrições no encerramento da actividade e na cedência e venda da propriedade

– o franchisado não pode cedê-lo livremente a terceiros. Atenção às cláusulas de

cedência de contrato;

Custo do franchising – pode ser mais elevado que num negócio independente;

Fraco desempenho de outros franchisados – o franchising é tão bom quanto o

desempenho de toda a rede. A má actuação de alguns franchisados pode ter

efeitos negativos na reputação de toda a rede.

Perfil do franchisado

Aceitar que há um risco;

Capacidade de iniciativa;

Motivar os colaboradores;

Trabalhar com menos autonomia

Expansão através do franchising

O empreendedor pode recorrer ao franchising como forma de expandir rapidamente o

seu negócio. Como fazer? Primeiro, é preciso desenvolver o conceito de negócio,

definindo aspectos tais como: quem são os clientes, quais os produtos e serviços, quem

são os concorrentes, qual a melhor localização, qual a melhor forma de comunicação

com o mercado alvo.

Segundo, depois de definir bem o conceito de negócio, é importante perceber qual é a

dimensão potencial da rede. Isto é, qual o numero potencial e máximo de franchisados

para determinar a dimensão da rede.

Terceiro, a viabilidade. Apesar de um bom conceito de negócio ser uma condição

essencial para o sucesso do negócio, não chega. O negócio tem de ser rentável. É

preciso identificar todos os custos associados ao projecto de franchising e todos os

proveitos.

Quarto, é essencial a instalação e implementação da unidade piloto com o objectivo de

confirmar a viabilidade do negocio. O empreendedor necessita definir o formato de

ponto de venda e escolher a área de concessão – ou território exclusivo – para a

implantação da unidade piloto.

Por fim, dado que será necessário treinar os franchisados e os seus colaboradores, o

empreendedor precisa de desenvolver os manuais. É muito importante que os manuais

sejam o mais pormenorizado possível, de modo a transmitir fielmente toda a informação

Page 21: Empreendedorismo

21

relativa a aspectos como o modo de instalação e lançamento do negocio, a clarificação

das normas de procedimento e da organização de indicadores e instrumentos.

O estudo de mercado

Para desenvolver o marketing da nova empresa, e o plano inicial do projecto de negócio,

pode ser necessário fazer alguns estudos de mercado. Estes estudos requerem a recolha

de dados, de fontes primárias e secundárias, para aferir algumas das questões essenciais

do marketing, tais como: quem comprará o produto/serviço, qual a dimensão do

mercado potencial, que preço é mais adequado para o segmento de mercado previsto,

que canal de distribuição deve ser usado, e como deve ser feita a comunicação para

informar, capturar e manter os clientes.

As causas são variadas e incluem:

A abrangência cada vez menos meramente local e cada vez mais nacional e

internacional, que obriga as empresas a procurar conhecer mercados que antes

desconheciam;

Os comportamentos de compra dos consumidores, que se desvinculam de

procurar satisfazer as necessidades básicas para procurar também satisfazer

desejos e preferências várias;

O enfoque no factor preço que, em parte, vai sendo substituído pelo enfoque em

outros factores não preço;

A maior rivalidade com empresas nacionais e internacionais;

As necessidades impostas pelos progressos tecnológicos e inovações, etc.

Há quatro fases principais num estudo de mercado: definição dos objectivos,

desenvolvimento do plano de pesquisa, recolha dos dados, e análise e interpretação de

resultados.

1ª fase: definir objectivos

O empreendedor estará interessado em recolher informação sobre elementos

demográficos, sobre o que as pessoas pensam do produto/serviço, sobre a sua

disposição para comprar, sobre o preço, etc.

2ª fase: desenvolver o plano de pesquisa

Nesta fase é necessário determinar qual a informação necessária, desenvolver um plano

para a recolher de forma eficiente e eficaz e apresentar esse plano à gestão para feed-

back e aprovação.

Page 22: Empreendedorismo

22

3ª fase: recolha de dados, de fontes secundárias

Antes de decidir que precisa fazer o estudo de mercado – isto é, antes de tentar obter

dados primários – o empreendedor pode, e deve, procurar encontrar os dados que

necessita em fontes secundárias. Os dados secundários já existem e estão disponíveis

em relatórios, estudos, publicações, e poderão ser encontrados em revistas, bibliotecas,

etc. Esta pesquisa permitirá encontrar publicações sobre o sector, empresas

concorrentes, inovações recentes, entre outras.

Recolha de dados primários

O empreendedor pode observar os comportamentos de compra e de uso de clientes

potenciais para determinar algum aspecto relevante. A utilização de câmaras vídeo em

espaços comerciais permite estas observações sem serem intrusivas. As entrevistas a

indivíduos ou a representantes de associações industriais ou profissionais também

facultam dados primários e são uma forma barata de conhecer as necessidades,

dimensão, problemas actuais, etc.

Muitos empreendedores, talvez mais frequentemente os jovens saídos das escolas,

recorrem à técnica dos questionários para procurar conhecer o mercado. Estes merecem,

portanto, uma nota adicional. O questionário deve incluir questões que permitam obter

dados direccionados ao problema especificado pelo empreendedor. As questões devem

ser claras e formuladas de modo a não influenciarem as respostas dos entrevistados. No

fundo, todas as questões devem estar relacionadas com a necessidade de obter

informação de forma a verificar a necessidade, a localização, os atributos de oferta, o

preço que estão dispostos a pagar ou alguma fase do processo de compra.

Uma alternativa é a utilização dos focus groups. Os focus groups consistem numa

amostra de potenciais clientes que são convidados a participar numa discussão informal

sobre os produtos/serviços da nova empresa.

4ª fase: análise e interpretação dos resultados

A forma de exposição dos dados deve ser ajustada às necessidades de informação. Na

análise e interpretação dos dados é fundamental ter cuidado com a apresentação porque

esta pode induzir em erro. Desde logo é importante denominar e quantificar

adequadamente os eixos.

A segmentação do mercado

O consumidor como soberano conduziu à obrigatoriedade de os produtores terem em

conta acima de tudo a individualidade do consumidor, que é quem lhes irá comprar o

produto, em detrimento dos gostos pessoais e das produções que estão habituados a

Page 23: Empreendedorismo

23

realizar. É, todavia, evidente que poucos produtores conseguem oferecer um produto

único para cada cliente, porque o preço de produtos absolutamente individualizados é,

normalmente, muito elevado.

Mas de forma geral, as empresas industriais produzem bens razoavelmente

padronizados utilizando tecnologias que permitem realizar economias de escala, pelo

que precisam manter um certo volume de produção, mas são pouco flexíveis para fazer

adaptações.

Fases do processo de segmentação

Selecção dos critérios e métodos de segmentação – consiste em determinar quais

os critérios que vão presidir à segmentação e como os pôr em prática;

Descrição das características de cada segmento – definidos e delimitados os

segmentos, é necessário conhecê-los, saber o que os consumidores preferem, o

que valorizam e as suas características;

Selecção dos segmentos – nesta fase, o empreendedor tem de decidir a qual, ou

quais, segmentos se vai dirigir. Esta decisão influenciará a estratégia de

marketing a seguir.

Critérios de segmentação:

Variáveis geográficas;

Variáveis demográficas;

Variáveis psicograficas;

Variáveis de uso

Estabelecer uma posição única: o posicionamento

Depois de seleccionar o mercado alvo, a empresa necessita estabelecer uma “posição”

nesse mercado. De certa forma, o posicionamento é uma afirmação de qual o segmento

de mercado a que a empresa se dirige.

O posicionamento consiste no conjunto de acções que visam formar, ou manipular, a

percepção dos consumidores relativamente aos produtos e marcas.

As empresas podem desenvolver uma frase – ou slogan – que é usada consistentemente

no material de comunicação da empresa para reforçar a posição que almejam. Um

slogan deve ser uma expressão simples, curta, que fique facilmente na memoria, crie o

posicionamento desejado e associe um conjunto de benefícios da utilização ou posse do

produto/serviço que a empresa quer que o consumidor recorde.

A marca:

Page 24: Empreendedorismo

24

Fácil de ler e reconhecer;

Fácil de pronunciar;

Pode ser pronunciada em todas as línguas;

Pode ser pronunciada em todas as línguas;

Satisfaz requisitos de embalagem;

Adapta-se a qualquer canal de distribuição

Fases do processo de compra:

Identificação da necessidade ou problema;

Procura de informação;

Avaliação de alternativas;

Decisão de compra;

Comportamento pós-compra

A personalidade

Os indivíduos que se orientam positivamente relativamente aos outros;

As pessoas que se orientam de modo agressivo relativamente aos outros;

As pessoas que são desligadas dos outros

O estilo de vida

As actividades – incluem tudo o que as pessoas fazem: trabalho, lazer,

exposições aos diferentes meios de comunicação e hábitos de compra;

Os valores pessoais – são os sistemas de valores, características de

personalidade e aspectos psicossociológicos;

As opiniões – são as representações que os indivíduos fazem do seu ambiente

social em geral.

Profissão

Alem de uma serie de produtos e serviços cuja aquisição é específica a determinados

grupos profissionais, há padrões de consumo que são semelhantes entre os indivíduos

com a mesma profissão.

O consumo ostensivo

Designamos por consumo ostensivo aquele que visa demonstrar a riqueza ou o estatuto

daquele que o faz. A posse destes tipos de bens simboliza sucesso, a ascensão e a

pertença a uma classe superior.

Page 25: Empreendedorismo

25

A família – dimensão e composição do agregado familiar – influencia as compras e é,

também, um importante grupo de referência. Isto é, os comportamentos de compra

variam entre jovens solteiros, jovens casados, casados com filhos, etc.

O marketing mix

Produto – qualidade dos componentes, design e estilo, características técnicas e

funcionais, opções, marca, embalagem, tamanho, etc.

Preço – preço praticado, prática de descontos, promoções sazonais, cupões e vales,

condições de pagamento e de crédito.

Canais de distribuição – selecção do canal a usar, comercialização por grossistas ou

retalhistas, tipo de retalhistas ou grossistas, extensão do canal, cobertura geográfica.

Comunicação – os meios disponíveis, mensagem a comunicar, o potencial da venda

pessoal, promoções.

O empreendedor deve actuar sobre as seguintes quatro componentes do produto:

Marca – a marca é importante na identificação, memorização e diferenciação dos

produtos e empresas;

Produto físico – determine sempre as características fundamentais do produto,

face às necessidades dos consumidores e ao posicionamento desejado; considere

possíveis adaptações no tamanho, formato, materiais, etc.;

Embalagem – contribui para valorizar a imagem do produto e da empresa;

atenção aos custos de fabrico e de transporte na concepção da embalagem;

Serviços – os serviços de apoio à venda incluem os anteriores à venda, durante a

venda e pós-venda; tipicamente, mais serviços incorporados são mais atractivos

para os clientes

Serviço ao cliente:

Dê a conhecer a todos os colaboradores a sua filosofia quanto ao atendimento

dos clientes. Se necessário, escreve um breve manual com os princípios,

cuidados e procedimentos que todos devem ter e seguir na interacção com os

clientes;

Dê a formação específica aos colaboradores que interagem directamente com os

clientes;

Crie um mecanismo de avaliação do grau de satisfação do cliente, atribuindo a

um colaborador a tarefa de telefonar regularmente aos clientes para aferir da sua

satisfação;

Crie um sistema de recompensas aos colaboradores pelo bom atendimento;

Page 26: Empreendedorismo

26

Faça regularmente contacto com os clientes. Assim, consegue que os clientes

não se esqueçam da empresa e pode aproveitar para os informar sobre novos

produtos da empresa.

Preço

O preço é das variáveis mais complexas mas também das mais importantes na actuação

de marketing. As decisões sobre preços devem incorporar a influência de aspectos como

os custos, descontos oferecidos, concessão de crédito, transportes, mas não se devem

limitar a componentes de custo. O objectivo da empresa é realizar um determinado

montante de lucros, pelo que é normal que as vendas sejam superiores ao ponto crítico

das vendas, isto é, necessário que as vendas sejam suficientes para cobrir todos os

custos e ainda para originar um excedente.

Conhecer os preços praticados pelas empresas concorrentes pode ser útil como

referência para balizar limites inferiores e superiores dos preços. Provavelmente, na

maioria dos casos, o empreendedor deve estipular o preço do seu produto algures neste

intervalo.

Factores que influenciam a sensibilidade do consumidor ao preço:

Exclusividade do produto;

Possibilidade de substituição;

Dificuldade de comparação;

Importância nas despesas totais da família;

Custos repartidos;

Investimento já efectuado

Estratégias de preços

As estratégias de preços estão associadas à fase do ciclo de vida do produto; facto pelo

qual o preço de um produto recém-lançado no mercado é diferente do de um produto já

em fase de maturidade. Recorde o preço inicial elevado dos telemóveis há 8 ou 9 anos, e

compare-os com os preços actuais. Note que os aparelhos actuais são tecnologicamente

superiores e integram um conjunto de funcionalidades e serviços complementares

bastante sofisticados. Mas, ainda que a estratégia deva ser adequada à fase do CVP, há

diferentes alternativas. Por exemplo, na fase de introdução podemos optar por uma

estratégia de desnatação do mercado, ou por uma penetração no mercado.

A estratégia de desnatação do mercado é mais usada quando o produto incorpora uma

inovação significativa face à concorrência, quando a procura é pouco elástica face ao

preço, quando o cliente não tem outros produtos para comparar, ou quando os custos de

produção são tão elevados que só a prática de um preço elevado viabiliza o seu fabrico e

comercialização. Numa estratégia de desnatação, o vendedor fixa um preço inicial

Page 27: Empreendedorismo

27

elevado e centra-se nos consumidores que mais valorizam o produto. À medida que esta

“bolsa” de clientes vai diminuindo, os preços vão sendo sucessivamente reduzidos para

abarcar grupos adicionais de consumidores.

A estratégia de penetração no mercado consiste na prática de um preço suficientemente

baixo para conquistar clientes e agarrar uma quota de mercado elevada. Esta estratégia

necessita para uma boa aplicação, do perfeito conhecimento do mercado, dos preços da

concorrência, dos atributos mais valorizados pelos consumidores e da sua curva de

sensibilidade ao preço.

Distribuição

Através da distribuição, a nova empresa vai tornar o produto acessível ao cliente no

momento e local certos. Há vários canais de distribuição a que o empreendedor pode

potencialmente recorrer, como sejam a utilização de grossistas, retalhistas, a internet, a

venda pessoal directa.

É cada vez mais importante ter um bom website disponível, ate porque um número

crescente de pessoas procura informação na internet antes de fazer uma visita ao espaço

comercial.

O marketing directo é também uma forma relativamente simples e barata de uma nova

empresa se dar a conhecer ao seu mercado alvo. Para o marketing directo o que o

empreendedor precisa obter é uma boa lista de contactos para enviar correspondência.

Canais alternativos

O produtor pode optar por distribuir através de vários canais alternativos. Alem de

poder vender directamente ao consumidor final sem recorrer a qualquer intermediário,

pode também preferir recorrer a diversos tipos de distribuidores. A análise que deve

presidir à escolha deve considerar a relação custo-benefício, ou custo-eficácia.

Comunicação

A política de comunicação compreende os conteúdos e os meios de comunicar com os

clientes, informando-os, dando-lhes a conhecer os produtos e ensinando-os a utilizá-los.

A comunicação deve ser ajustada ao mercado alvo e ao tipo de produto. Enquanto os

mercados mais alargados podem justificar o uso de meios mais caros, como a televisão,

revistas, jornais, os mercados mais estreitos podem ser cobertos com o uso de imprensa

regional.

A visão e a missão da nova empresa

O empreendedor deve, também, formular a sua declaração de missão. A missão é uma

tradução da estratégia da empresa expressando o propósito da sua própria existência.

Page 28: Empreendedorismo

28

Isto é, a missão reflecte a resposta a três questões: quem somos?, o que fazemos? E,

porque fazemos?

O ambiente externo

Compreender o ambiente geral e as principais tendências e mudanças que afectam a

indústria em que a nova empresa vai operar é o primeiro passo no processo de

pensamento estratégico.

Identificar sinais de mudança e tendências;

Entender o significado das mudanças e tendências para a actividade actual e

especialmente para a actividade futura da empresa;

Desenvolver projecções dos resultados das mudanças e tendências;

Determinar qual o timing e importância dessas mudanças e tendências para a

estratégia e gestão da empresa

A análise dos competidores

Todas as empresas estão sujeitas à competição, seja esta nacional ou internacional,

devendo, por isso, estar preparadas para o confronto. Para tal, é importante conhecer os

rivais, conhecer o seu mercado, quem o integra, o lugar que ocupam no mercado, os

seus pontos fortes e fracos, as necessidades que satisfazem, quem são os clientes, que

organização e métodos de venda utilizam, que técnicas de publicidade e de venda usam,

as condições de venda que praticam, etc.

A análise dos competidores permitirá ao empreendedor compreender a competição com

que se vai deparar.

A análise interna

Alem da análise externa, também a análise interna é essencial. O desenvolvimento de

uma estratégia competitiva requer que a empresa olhe para o seu interior e entenda quais

são as suas forças e fraquezas – ou os seus recursos únicos e competências distintivas

face à concorrência. No fundo, importa que o empreendedor entenda o que tem de fazer

para poder almejar a uma vantagem competitiva. Porquê a necessidade da análise

interna? Em essência, porque embora o ambiente externo seja idêntico para todas as

empresas numa industria, a verdade é que algumas empresas conseguem ter maior

capacidade competitiva e melhor desempenho que outras. Isto é, mesmo em industrias

Page 29: Empreendedorismo

29

pouco rentáveis há umas empresas que têm lucros elevados enquanto outras geram

prejuízos.

As empresas criadas pelo empreendedor encontrarão a concorrência de outras empresas

já instaladas e a operar no mercado. Por isso, é fundamental que o empreendedor as

avalie cuidadosamente quais as áreas onde está efectivamente a gerar valor e consegue

deter uma vantagem competitiva. Para este efeito, é importante analisar a cadeia de

valor, decidindo quais as actividades que são importantes manter e quais as que podem

ser subcontratadas.

A atractividade do negócio

O empreendedor deve sempre pensar em tornar o seu negócio o mais atractivo possível,

para aumentar o potencial de crescimento e de lucro do negócio e desenvolver a

capacidade competitiva face aos rivais. Assim, num primeiro momento, é essencial ao

empreendedor pensar sobre o negócio em que vai actuar. Pensar a sua estratégia de

negócio, significa encontrar respostas para três questões básicas:

O que está a ser satisfeito? O empreendedor precisa identificar quais as

necessidades dos consumidores

Quem está a ser satisfeito? O empreendedor vai determinar quem são

efectivamente os clientes, identificando os segmentos de mercado e definindo o

mercado alvo

Como estão a ser satisfeitas as necessidades dos consumidores? O que a empresa

vai fazer, ou consegue fazer, melhor que os seus concorrentes para satisfazer as

necessidades identificadas dos clientes almejados

As estratégias de negocio procuram criar diferenças entre as posições relativas das

empresas e as dos seus rivais,

A análise da indústria

A análise das 5 forças competitivas que determinam a rendibilidade da indústria, é um

método de conhecermos o posicionamento da empresa face aos seus clientes,

concorrentes e fornecedores.

As 5 forças são:

A rivalidade entre empresas existentes;

A ameaça de novas entradas;

O poder negocial dos clientes;

O poder negocial dos fornecedores;

Page 30: Empreendedorismo

30

A ameaça de produtos substitutos

A rivalidade entre empresas concorrentes

O nível de competição entre empresas é um forte determinante da rendibilidade de uma

indústria. A rivalidade entre os concorrentes é função das características da indústria

onde a empresa opera. Algumas destas características são: a fase do ciclo de vida da

indústria, a estrutura da indústria, a diferenciação dos produtos e marcas das empresas, a

capacidade de produção instalada face à utilizada, etc.

A rivalidade entre os concorrentes tende a ser Maior em industrias maduras e em fase de

declínio, do que em industrias em crescimento. Algumas indústrias são tão competitivas

que os preços chegam a descer abaixo dos custos e toda a indústria sofre perdas.

A rivalidade será tanto mais forte quanto:

Maior o número de competidores de dimensão semelhante;

Menor o crescimento do mercado;

Menores os custos de mudança;

Menor a diferenciação dos produtos;

Maiores as variações na capacidade produtiva – aumenta em grandes

quantidades;

Maiores os custos fixos;

Maior a importância estratégica do negócio;

Mais elevadas as barreiras à saída

A ameaça de novas entradas

Quanto mais atractiva for a industria – quanto maiores os lucros que as empresas

registam – e menores as barreiras à entrada, maior o interesse de outras empresas e

empreendedores em entrarem nessa industria e captar uma parte do mercado.

Uma barreira à entrada é uma condição que cria um desincentivo a uma potencial nova

entrada na indústria.

As principais barreiras à entrada são:

Diferenciação do produto;

Custos de mudança/transferência;

Economias de escala;

Acesso aos canais de distribuição;

Desvantagens de custos independentes de escala;

Page 31: Empreendedorismo

31

Politica governamental;

Necessidades de capital;

Outras economias de custos

O poder negocial dos clientes

Os clientes podem reduzir a rendibilidade da indústria ao exigir outras condições, como

sejam as concessões nos preços ou aumentos de qualidade. Por exemplo, a indústria

automóvel é dominada por um grupo pequeno de grandes empresas que adquirem

produtos a milhares de fornecedores em diferentes indústrias. Isto permite-lhes reduzir a

rendibilidade das indústrias fornecedoras ao exigirem preços mais baixos.

Algumas das principais determinantes do poder negocial dos clientes são: o nível de

concentração dos clientes, o volume que os clientes compram, os custos de mudança

dos clientes relativamente aos custos de mudança para a nossa empresa, a sua

capacidade de integrar verticalmente a montante e a existência de produtos substitutos

O poder negocial dos clientes é tanto maior quanto:

Maior concentração e volume de compras;

Maior padronização do produto;

Mais baixos custos de mudança entre fornecedores;

Maior ameaça de integração vertical a montante;

Menos importante é o produto para a qualidade dos produtos e serviços do

comprador;

Menor a importância do produto no custo total do comprador

O poder negocial de fornecedores

Os fornecedores podem reduzir a rendibilidade de uma indústria aumentando os preços,

ou reduzindo a qualidade dos bens que fornecem. Se um fornecedor reduz a qualidade

dos componentes que fornece, a qualidade do produto final baixa, e o produtor terá,

eventualmente, de baixar o preço. O poder negocial dos fornecedores depende,

essencialmente, dos mesmos factores que o poder negocial dos clientes, mas agora visto

pela óptica do cliente.

Os principais determinantes do poder negocial dos fornecedores são:

Inputs diferenciados;

Page 32: Empreendedorismo

32

O custo de mudança entre fornecedores;

Presença de produtos substitutos;

O grau de concentração dos fornecedores;

A importância do volume de compras para o fornecedor;

O impacto dos inputs nos custos ou na diferenciação

A ameaça de produtos substitutos

O preço que os consumidores estão dispostos a pagar por um produto depende em parte

da disponibilidade de produtos substitutos, do preço desses produtos substitutos e do

custo de substituição para os clientes. Quando há muitos substitutos para um produto, a

rendibilidade da indústria diminui, porque os consumidores deslocam-se se o preço

subir muito (depende da elasticidade ao preço). No entanto, depende da propensão dos

consumidores a mudar para o produto substituto – em alguns casos os consumidores

podem ser leais à marca, ou ser elevado o custo dessa mudança no consumo.

Na análise da ameaça de produtos substitutos, o empreendedor precisa interrogar-se se:

É provável que apareçam novos substitutos?

Estes serão competitivos em termos de qualidade e preços?

Pode lutar contra os substitutos através dos preços ou publicidade ou

diferenciando o nosso produto?

Que acções podem tomar para reduzir o potencial dos produtos substitutos

parecerem legítimos substitutos?

Estratégias genéricas de negócio

O objectivo da estratégia é conseguir atingir uma vantagem competitiva face aos

concorrentes. A empresa, para melhorar a sua competitividade, tem de optar por

seleccionar a estratégia mais adequada. Porter indica três estratégias genéricas para

conseguir um bom desempenho: liderança pelos custos, diferenciação (do produto,

imagem, serviço, pessoal) e enfoque. Quando uma empresa não consegue prosseguir

uma destas opções estratégias e não desenvolve qualquer vantagem competitiva,

designa-se por “stuck in the middle”.

A diferenciação do produto

Se o empreendedor prosseguir uma estratégia de diferenciação o que vai procurar é

distinguir o seu negócio/produto do dos concorrentes. A estratégia de diferenciação

consiste em criar um produto, marca, imagem, atendimento dos clientes, exclusividade,

Page 33: Empreendedorismo

33

ambiente, ou qualquer outro atributo que o valorize e distinga face aos concorrentes e ao

consumidor. Embora muitos empreendedores e empresas compreendam a importância

de se diferenciarem, a verdade é que vão procurar faze-lo de forma diferente uns dos

outros. Em parte, estas diferenças existem porque o próprio empreendedor vê

oportunidades diferentes e concebe o seu negócio de forma ligeiramente diferente.

Altos níveis de diferenciação permitem manter margens de lucro consideráveis, porque

a lealdade à marca reduz a sensibilidade ao preço.

Protege da rivalidade porque há lealdade do consumidor à marca e logo também

menor sensibilidade ao preço;

Coloca barreiras à entrada da concorrência graças à lealdade à marca/empresa

pelo consumidor, com a consequente necessidade do novo concorrente superar a

supremacia da empresa;

Protege do poder negocial dos compradores que não têm alternativas

comparáveis – sendo por isso menos sensíveis aos preços;

Protege dos substitutos porque criou lealdade do consumidor e está mais

protegida que a concorrência dos efeitos dos produtos substitutos.

A estratégia de liderança pelos custos

O ponto central da estratégia de liderança pelos custos é atingir o custo mais baixo em

relação à concorrência. O grande problema desta estratégia é que muitos

empreendedores compreendem e tentam implementá-la, conduzindo muitas vezes a

guerra de preços, à redução das margens e à falência. O baixo custo exige: a construção

agressiva de instalações dimensionadas para a escala óptima de produção (a mais

eficiente), a redução de custos pela experiencia, o controlo rígido das despesas gerais, a

gestão eficiente dos stocks, da assistência e força de vendas, e da publicidade.

A estratégia de enfoque

Esta terceira estratégia na ênfase dada a um determinado e seleccionado grupo de

compradores, mercado geográfico ou linha de produtos. Um elemento diferenciador

relativamente às outras estratégias é o alvo que é restrito a um determinado segmento e

não a toda a indústria ou mercado. O empreendedor que prossegue uma estratégia de

enfoque pretende explorar o melhor serviço de um segmento, para o que desenvolve ou

uma posição de baixo custo relativamente ao seu segmento, ou diferenciada, ou ambas

cumulativamente, isto é, a empresa poderá ganhar vantagens competitivas em termos de

Page 34: Empreendedorismo

34

custos ou diferenciação. Também esta estratégia genérica proporciona protecção contra

as forças concorrenciais pela acção onde os concorrentes são mais fracos ou os

substitutos mais vulneráveis.

A análise SWOT

Realizada a análise interna e externa podemos sistematizar a informação numa análise

SWOT. Na análise SWOT examinamos, conjuntamente, dimensões internas à empresa

(as forças e fraquezas), bem como dimensões externas (as oportunidades e ameaças).

Para uma estratégia bem concebida, as forças e fraquezas devem estar ajustadas às

oportunidades de mercado e às ameaças exógenas.

Strengths – forças

Weaknesses – fraquezas

Oportuinities – oportunidades

Threats – ameaças

As forças são algo que a empresa faz bem ou uma característica que aumenta a sua

competitividade. As forças podem manifestar-se em aspectos como os seguintes:

Competências know-how;

Activos físicos;

Recursos humanos;

Activos organizacionais;

Activos intangíveis

As fraquezas são algo que a empresa não tem ou não faz bem, pelo que lhe confere uma

desvantagem competitiva face às empresas rivais. São exemplos de fraquezas:

Deficiência no know-how ou conhecimento/competências que a empresa não

tem;

Falta de activos físicos, organizacionais ou intangíveis essenciais;

Recursos humanos pouco qualificados;

Linha de produção antiquada

A gestão das pessoas

Page 35: Empreendedorismo

35

São as pessoas que fazem as organizações. A construção de uma equipa é uma tarefa

primeira do empreendedor, mas depois importa saber gerir a equipa. Ainda que muitos

empreendedores possam ter uma ideia de negócio que começam sozinhos, é provável

que venham a necessitar de contratar pessoas. Essas pessoas têm objectivos próprios,

para além dos objectivos da empresa. Alias, o empreendedor pode ter como objectivo

realizar um lucro elevado, mas como é que isso motiva o colaborador? No fundo, o que

o colaborador ganha se o empreendedor tiver um lucro elevado? Qual a sua motivação

para ajudar a atingir esse objectivo?

A gestão dos recursos humanos

Antes:

Critica, punição e coacção dominantes como formas de controlo;

Recompensas limitadas;

Controlo apertado e punição pelo erro;

Tarefas limitadas a trabalhos rotineiros;

Liderança autoritária e impositiva;

Comunicação apenas vertical informando e ordenando

Agora:

A crítica é construtiva e procura a melhoria dos desempenhos;

O trabalho é concebido em e para a equipa;

Os colaboradores participam na tomada de decisões;

As tarefas e os trabalhos são mais flexíveis e procuram evitar a rotina;

O estilo de liderança é democrático, participativo e com competências delegadas

Recrutamento e selecção da equipa

O primeiro passo na constituição de uma equipa é a detecção de quais os recursos, ou

competências de que necessita. O empreendedor precisa certificar-se sobre o perfil

pretendido para a função e face às expectativas de negócios futuros da empresa. Na

análise, é importante que clarifique três aspectos do perfil:

A identificação e especificação da função e o seu posicionamento na

organização;

Page 36: Empreendedorismo

36

A especificação dos requisitos que o candidato deve possuir, como sejam as

aptidões e competências técnicas e de gestão;

O que a empresa tem para oferecer, em matérias como salário; benefícios de

assistência; plano de formação; oportunidades para desenvolvimento.

Uma empresa que já exista, mesmo uma empresa relativamente jovem e pequena, pode

procurar internamente candidatos para uma determinada função. Neste caso, pode ser

proposto a um colaborador uma promoção ou uma transferência. O recrutamento interno

tem a vantagem de ser mais rápido e barato, e de ser uma fonte de motivação para os

colaboradores que aspirem a possibilidades de crescimento dentro da empresa.

Para uma empresa em fase embrionária o recurso ao mercado de trabalho é a solução,

para contactar candidatos disponíveis. Neste caso pode optar por uma, ou mais, das

seguintes técnicas de recrutamento: apresentação de candidatos pelos actuais

colaboradores da empresa, contacto com o centro de emprego, contacto com a

associação profissional; contactos com jovens estudantes ou recém-licenciados nas

escolas.

O recrutamento externo

Vantagens:

Entra “sangue novo”, novas experiências, conhecimentos e competências na

empresa;

Renova e rejuvenesce a equipa na empresa;

Beneficia dos investimentos que outras empresas ou os próprios indivíduos

fizeram na sua formação

Desvantagens:

Pode ser caro e demorado;

Tem o risco contratar alguém que não é bem ajustado ao perfil pretendido;

Pode levar à desmotivação dos colaboradores actuais

Na selecção é importante que o empreendedor avalie cuidadosamente quer os requisitos

da função, quer o perfil dos candidatos que se apresentaram.

Para a selecção, o empreendedor pode recorrer a uma, ou várias, de entre as seguintes

técnicas: entrevistas de selecção, provas de conhecimentos ou de capacidade, testes

psicometricos, testes de personalidade, ou outras como sejam as técnicas de simulação.

A liderança

Page 37: Empreendedorismo

37

Há vários tipos de líder e de liderança, como uma pesquisa da bibliografia existente

pode mostrar. Podemos, por exemplo, distinguir entre liderança estatutária e emergente.

O líder estatutário é o que detém uma posição na estrutura hierárquica que lhe confere

poder formal. Isto é, os seus poderes são formalmente reconhecidos. Por outro lado, o

líder emergente é o que surge naturalmente num grupo, independentemente da posição

que ocupa. Neste caso, mesmo que um indivíduo não tenha um cargo “de liderança”,

tem influência sobre o grupo. Assim, é importante não confundir liderança com chefia

ou com a liderança formal – estabelecida por nomeação ou eleição – devemos, antes

procurar reconhecer os líderes emergentes e entender como os colaboradores reagem

aos líderes.

Afinal, o que é liderança? A capacidade de liderança está relacionada com competências

de comunicação e de transmissão de ideias, mas há varias definições de liderança.

Liderar significa influenciar o comportamento de outros; ter a capacidade de promover

uma actuação coordenada para atingir os objectivos da organização; ter a capacidade de

conduzir as pessoas e envolver-se com entusiasmo e ate voluntariamente em actividades

para a concretização de objectivos. No fundo, o líder será então o que decide o que deve

ser feito e faz com que as pessoas executem essa decisão. Portanto, é importante que o

empreendedor perceba como é visto pelos outros na sua função de liderar.

Estilos e tipos de liderança

O líder autoritário – é aquele que não procura a participação dos colaboradores,

determinando ele as formas de execução dos trabalhos, nomeando trabalhadores

para as tarefas, construindo os grupos de trabalho;

Laisser-faire – este estilo é também designado por laisser faire, evidenciando

que não há imposição de regras. O líder não se impõe ao grupo e só toma

decisões em casos extremos de pânico ou quando obrigado, mas tentando

sempre evitar conflitos;

O líder democrático – este estilo é baseado na colaboração e debate entre todos

os indivíduos e é o grupo que planeia como atingir os objectivos, as tarefas, a

composição dos grupos

O empreendedor, enquanto líder, deve procurar ser:

Justo;

Honesto,

Page 38: Empreendedorismo

38

Capaz de lidar com as emoções;

Assertivo;

Capaz de motivar;

Conhecer as suas competências e limitações

A comunicação

A comunicação é fundamental a uma empresa e é central em todo o processo de

liderança. Em essência, a comunicação consiste num processo em que uma pessoa

veicula uma mensagem a outra pessoa. É através da comunicação que os líderes

procuram influenciar as suas equipas, motivá-las, conseguir que canalizem os seus

esforços para a prossecução dos objectivos da organização. No nosso âmbito, o

empreendedor será a maioria das vezes o emissor e vai necessitar comunicar

informações, estratégias, objectivos, planos operacionais aos trabalhadores.

Barreiras à comunicação:

Barreiras físicas;

Barreiras emocionais;

Barreiras culturais;

Barreiras de linguagem

Desenvolver competências na equipa

As vertentes da formação

Natureza:

Conhecimento;

Técnica;

Comportamental;

Desenvolvimento pessoal

Objectivo:

Orientada para o cargo, a função;

Page 39: Empreendedorismo

39

Orientada para o desenvolvimento

Forma:

Formação interna;

Formação externa;

Formação online

Sujeito:

O indivíduo;

O grupo;

A organização

As empresas singulares:

Sociedade unipessoal por quotas;

Empresário em nome individual;

Estabelecimento individual de responsabilidade limitada;

As sociedades:

Unidade ou pluralidade de partes;

Obrigação de contribuir com bens ou serviços;

Exercício de uma actividade económica;

Fim lucrativo

Tipos de sociedade:

Sociedade por quotas;

Sociedade anónima;

Sociedade em nome colectivo;

Sociedade em comandita

As formalidades a cumprir na criação de uma nova empresa

1º passo

Necessita pedir o Certificado de Admissibilidade de firma ou denominação de pessoa

colectiva e do Cartão Provisório de Identificação de Pessoa Colectiva, feito por um dos

futuro sócios.

2º passo

Page 40: Empreendedorismo

40

Marcação da escritura publica no cartório notarial ou via centro de formalidades –

IAPMEI.

3º passo

Celebração da escritura publica junto do cartório notarial, ou via centro de formalidades

do IAPMEI. Necessita dos seguintes documentos: identificação dos outorgantes e um

comprovativo do depósito do capital social, realizado em dinheiro a favor da sociedade.

4º passo

Obter a declaração do inicio de actividade junto da repartição de finanças da área da

sede da sociedade; ou através do gabinete da direcção geral dos impostos no CFE-

IAPMEI.

5º passo

Requisição do registo comercial, publicidade e inscrição no RNPC. Este tem efeitos

constituitivos porque a sociedade só passa a existir juridicamente a partir deste

momento, dado que é quando a sociedade adquire personalidade jurídica.

6º passo

Inscrição na segurança social, na entidade competente – um centro regional da

segurança social da área da sede da sociedade, ou através do IAPMEI.

Inscrição da empresa, dos trabalhadores, administradores, directores na segurança

social.

7º passo

Pedido de inscrição no cadastro comercial ou industrial, na entidade competente – a

direcção geral do comércio e concorrência, delegação regional do ministério da

economia da área do estabelecimento.

Financiamento por endividamento ou por capital próprio

Na decisão de como financiar o seu negócio, o empreendedor vai contemplar o

financiamento por endividamento e capital próprio. O financiamento por endividamento

é aquele que envolve um empréstimo que é remunerado com juros – isto é, requer que o

empreendedor não so pague a quantia que lhe foi emprestada, mas também uma taxa

Page 41: Empreendedorismo

41

adicional a um valor previamente acordado. Tipicamente, este financiamento, concedido

por um banco comercial, exige um activo como garantia. Os empréstimos podem ser

contraídos, de forma parcelada e a qualquer prazo: longo, médio ou curto.

Recursos financeiros próprios do empreendedor

Virtualmente todos os empreendedores usam alguma quantidade de recursos financeiros

próprios para iniciar a nova empresa. Estes recursos são necessários para iniciar a

actividade, e são também um garante perante investidores externos de que o

empreendedor está empenhado no sucesso do empreendimento, trabalhando e

resolvendo os problemas que surjam, buscando o sucesso, comprometendo o seu tempo

e esforço. Os investidores externos querem que o empreendedor se comprometa com

todos os seus bens, pois esse é um bom indicador que o empreendedor acredita

verdadeiramente no projecto, e que se irá empenhar para garantir o seu sucesso.

Se o empreendedor está muito dependente das suas poupanças pessoas para iniciar o

negócio, é prudente que pense sobre como fica a sua situação no caso de criar a

empresa. Olhe para as suas finanças pessoas e numa folha de papel anote qual o seu

ultimo rendimento.

Uma vez que se decida a realizar a vontade de ser empreendedor é provável que tenha

de abandonar o seu emprego por conta de outrem. Qual o impacto que a perda deste

rendimento do seu trabalho terá sobre os seus rendimentos? Neste caso, de onde virão

os rendimentos para fazer face a todas as suas despesas fixas pessoais e familiares?

Pode começar por analisar as suas despesas e analisar quais os itens que estão a

consumir mais do seu rendimento.

Outros investidores privados

Os empreendedores podem, também, recorrer a outros investidores privados; qualquer

outra pessoa que disponha do capital necessário, ou a ele tenha acesso – por exemplo,

através da venda de bens de que dispõe. Estes investidores, geralmente, ficam com a

posse de parte da propriedade da empresa e podem envolver-se na gestão quotidiana e

na definição da estratégia da nova empresa. O nível de envolvimento destes investidores

privados depende do montante de capital com que participam, da sua vontade e da sua

competência. A maioria dos investidores estará mais interessado em recuperar o seu

capital e obter um bom retorno para o seu investimento do que envolver-se na gestão da

empresa, mas cada pessoa é um caso e alguns podem querer ter “uma palavra a dizer”.

Page 42: Empreendedorismo

42

A banca comercial

Numa fase inicial, quando o empreendedor pretende começar a nova empresa é difícil

conseguir capital junto da banca. Os bancos, na sua prudência, preferem emprestar

dinheiro a empresas já estabelecidas e com uma reputação firmada, dado que aparentam

menor risco. No fundo, o que você pretende é construir uma relação com o banco e a

reputação de que reembolsa nos prazos estabelecidos os capitais em divida. Procure,

também, conhecer os gerentes e gestores de conta e de crédito, estabelecendo com eles

uma relação de confiança.

Empréstimos por crédito a receber

Os créditos a receber, tais como as dívidas de clientes, podem ser uma base para um

empréstimo, em particular se os clientes forem reconhecidos pelo seu bom nome e

merecedores de crédito. Em certos casos, o empreendedor pode fazer um contrato de

factoring em que o factor (banco) “compra” as dividas a receber por um valor abaixo do

valor nominal da venda e é ele que recebe o dinheiro directamente. Se a dívida não

puder ser cobrada é o factor que fica com prejuízo, e não a empresa.

Vantagens e desvantagens do factoring:

Vantagens:

Permite reduzir o prazo médio de recebimentos pela antecipação de

recebimentos, permitindo à empresa uma melhor gestão da tesouraria;

Transferência do risco e da responsabilidade de cobrança para o banco;

Redução do trabalho administrativo de controlo de dívidas e de cobrança

Desvantagens:

A banca pode, mediante o incumprimento persistente dos clientes da empresa

aderente, suspender o crédito;

A banca pode seleccionar quais os créditos que aceita, mediante avaliação do

risco de incobralidade.

Empréstimos por imóveis

Os empreendedores e empresas podem utilizar bens imóveis para financiamentos

baseados em activos. Estes empréstimos exigem a hipoteca do bem à entidade

Page 43: Empreendedorismo

43

emprestadora. Este tipo de empréstimos é mais usado para financiar a compra dos

próprios imóveis a que o financiamento se destina e podem ir até cerca de 80% do valor

do imóvel.

Empréstimos a curto prazo

Os empréstimos a curto prazo são geralmente usados para satisfazer necessidades de

capital circulante, em face de flutuações sazonais da actividade que necessitam de

financiamentos sazonais.

Empréstimo de longo prazo

Os empréstimos de longo prazo servem para financiar a aquisição de bens cuja

utilização se fará durante um longo período de tempo. Por exemplo, são empréstimos de

longo prazo os necessários para a aquisição de bens imóveis. Os empréstimos de longo

prazo exigem o pagamento do capital inicial e de uma remuneração de acordo com o

plano estabelecido.

Empréstimos pessoais

O empreendedor pode precisar de um empréstimo pessoal para cobrir as necessidades

da empresa, quando estão não tem ainda activos suficientes para suportar um

empréstimo. Os empréstimos pessoais normalmente exigem como colateral os bens do

empreendedor, ou de outra pessoa que avalize o empréstimo. Os bens mais

frequentemente penhorados são automóveis, edifícios e terrenos.

Os subsídios

O empreendedor às vezes pode obter recursos fornecidos pelo governo para desenvolver

e lançar uma ideia inovadora, ou uma nova empresa que crie postos de trabalho e

contribua para o desenvolvimento económico local. Cada instituição tem os seus

próprios critérios sobre quais são as áreas de actividade que apoiará. Cada instituição

tem também as suas exigências específicas quanto ao modelo de apresentação do plano

de negócios. O empreendedor deve apresentar a sua proposta directamente à instituição

a que recorre, mas antes deve-se informar sobre todos os pormenores necessários a essa

candidatura.

Page 44: Empreendedorismo

44

O pedido de subsídios é um processo razoavelmente claro. As agências anunciam as

áreas que apoiam e especificam a documentação necessária, datas de submissão da

candidatura, e os critérios de selecção e avaliação dos projectos.

O capital de risco

O capital de risco é um instrumento financeiro através do qual uma sociedade de capital

de risco adquire uma participação temporária, e tipicamente minoritária, no capital

social de uma nova empresa. Assim, a SCR financia em parte a nova empresa, mas

passa a ser sócia ou accionista da nova empresa, e esta participação incorre em todos os

riscos do negócio. Portanto, recorrer a CR não é o mesmo que recorrer a endividamento

ou a capital “fundo perdido”. As SCR não servem como tábua de salvação para

empresas em situação difícil, nem estão no ramo do crédito bonificado. A sua

participação suporta-se na perspectiva de valorização do negócio.

O CR é uma forma de investimento que visa financiar empresas, apoiando o seu

desenvolvimento e crescimento, com alguma intervenção na própria gestão da empresa.

É uma forma de financiamento de novas empresas e, em particular de investimentos

como risco elevado mas também com elevado potencial de rendibilidade.

Benefícios do capital de risco

As SCR contribuem com capital e com apoio de gestão sob a forma de consultoria nas

áreas financeira, de estratégia empresarial, de integração de uma rede com vista ao

desenvolvimento de contactos comerciais, transferência de tecnologia, etc., e questões

diversas abrangem desde o recrutamento e selecção à estratégia de marketing e sistemas

de informação. Recorde, que não cumpre à SCR a gestão diária do negócio, muito

embora tenha interesse em participar nas decisões que visem melhorar a empresa no

sentido da valorização da sua quota.

Determinar o capital necessário

Ainda antes de procurar o financiamento, o empreendedor precisa determinar o

montante de capital necessário para o inicio da actividade da nova empresa. Ao procurar

fontes de financiamento o empreendedor tem de cuidar para que o prazo dos capitais

obtidos esteja adequado aos objectos que visam financiar.

A parcela mais visível para a determinação do montante de financiamento necessário é a

constituída pelos activos imobilizados corpóreos e incorpóreos. Estas são as rubricas

que captam mais a atenção dos empreendedores. No entanto, é fundamental não

Page 45: Empreendedorismo

45

esquecer uma outra parcela porventura menos visível – a que se refere ao capital

circulante. A empresa necessita de financiar a sua actividade, o seu ciclo de exploração,

desde a aquisição de matérias-primas ate ao recebimento das dívidas dos clientes. Para

determinar o capital circulante necessários calculamos três indicadores: o prazo médio

de pagamentos, prazo médio de recebimentos e prazo médio de stockagem.

A actividade da empresa

No plano de marketing e comercial, o empreendedor selecciona o mercado alvo e faz

previsões sobre o volume de vendas e prestações de serviços potenciais. No

planeamento financeiro é importante formalizar as previsões de vendas e prestação de

serviços, na medida em que estas previsões servirão para projectar os proveitos e os

custos, e o volume da actividade da empresa.

É também necessário estimar todas as despesas incorridas na actividade. Estas são, por

exemplo, as associadas com os serviços contratados – isto é, com os trabalhadores.

O ponto crítico das vendas

A avaliação da actividade operacional da empresa requer a análise do ponto crítico das

vendas. Este “ponto” indica o nível de actividade para o qual os custos igualam os

proveitos e os resultados da empresa são nulos. A nova empresa deve, na sua actividade,

gerar recursos financeiros suficientes para cobrir todos os encargos que incorre. Quando

as receitas das vendas dos produtos ou das prestações de serviços cobrirem as despesas

que lhes estão associadas, consideramos que a empresa atingiu o ponto de equilíbrio.

Os custos variáveis são aqueles que acompanham o volume da produção, aumentando

ou diminuindo conforme aumentamos ou diminuímos a quantidade produzida, embora

se mantenham constantes por unidade.

Os custos fixos são todos aqueles que não são função do nível de actividade da empresa,

são pouco sensíveis a alterações no volume de produção.

O empreendedor precisa saber quanto custa produzir cada um dos seus produtos. Por

exemplo, em tempos difíceis, se a fábrica está a operar abaixo da sua capacidade

instalada, pode ser razoável aceitar uma encomenda mesmo a um preço de venda

inferior ao custo total se o preço de venda for superior ao custo variável.

A análise da sensibilidade

Page 46: Empreendedorismo

46

Para compreender o impacto de variações de preços, quantidades ou custos sobre a

empresa, o empreendedor deve, também, fazer uma análise de sensibilidade. Nesta

análise vai procurar saber como é que o resultado varia se um, ou vários, dos

pressupostos não se verificar. Por exemplo, não analisará o impacto sobre os lucros se

os custos variáveis aumentarem ou diminuírem 10% face aos níveis inicialmente

estimados. Estimará, também, os efeitos de variações nos preços. Note que os nossos

mapas previsionais incorporam muitas incertezas. Isto é, pode haver desvios em

qualquer dos factores.

As demonstrações financeiras

O plano financeiro materializa-se fundamentalmente em três documentos – o balanço, a

demonstração de resultados por naturezas e o mapa de fluxos de caixa. Estes são os

instrumentos que usamos para fazer a análise da situação da empresa.

Demonstração de resultados

A demonstração de resultados é o mapa financeiro que revela quais os proveitos e os

custos que a empresa gerou no decurso da sua actividade. Isto é, indica como é que a

empresa gerou o resultado líquido num determinado ano.

O objectivo do empreendedor é que a empresa crie um excedente de exploração – lucro.

Para gerar um lucro a empresa tem de vender os seus produtos ou prestar os seus

serviços a um preço superior ao custo dos factores que integrou no processo produtivo.

À diferença entre a soma dos custos e respectivos valores de venda dos produtos

chamamos de resultados.

O resultado líquido do exercício é calculado pela soma dos resultados operacionais,

financeiros, extraordinários, deduzidos dos impostos sobre o resultado.

O balanço

O balanço é um quadro de análise estática que representa a situação económica e

financeira da empresa num determinado momento do tempo evidenciando a situação

dos seus proprietários. Como parte do seu planeamento financeiro, o empreendedor

deve preparar balanços previsionais – no caso de investimentos a realizar os balanços

Page 47: Empreendedorismo

47

são designados por previsionais, dado que incluem previsões da condição da empresa

em anos futuros.

Em termos de estrutura, o balanço é constituído pelos activos, passivos e capital próprio

da empresa.

Os activos representam os bens e direitos disponíveis para a prossecução da actividade

económica da empresa.

Os passivos representam o conjunto de obrigações, ou dividas, perante credores. Assim,

o passivo agrupa todas as dívidas assumidas, quer as de curto prazo que se vencem no

prazo máximo de um ano, quer as de médio e longo prazo.

O capital próprio representa a posição, ou património, dos accionistas da empresa, e é

constituído pela diferença entre o activo e o passivo. O capital próprio é constituído por

duas parcelas essenciais: o valor que o proprietário afectou à actividade no seu início e

que é o dinheiro investido pelos sócios na empresa, e a parcela que representa o

resultado liquido que não foi utilizado ou distribuído pelos sócios.

O mapa de fluxos de caixa

O mapa de fluxos de caixa classifica os fluxos de acordo com o tipo de actividade que

os originou em: operacionais, de investimento e de financiamento. Aqui focamos o

mapa de fluxos de caixa pelo método directo – este divulga os principais componentes

dos recebimentos de caixa e dos pagamentos de caixa, permitindo aos empreendedores

compreender como a empresa gere e utiliza os meios de pagamento disponíveis.

As actividades operacionais – os fluxos gerados/utilizados na actividade operacional são

um indicador da capacidade da empresa gerar meios de pagamento suficientes para

manter a capacidade da empresa gerar meios de pagamento suficientes para manter a

capacidade operacional, reembolsar empréstimos, pagar dividendos e fazer

investimentos de substituição sem ter de recorrer a capitais alheios.

As actividades de investimento – os fluxos de caixa resultantes de actividades de

investimento mostram os dispêndios para a obtenção de recursos que tenham em vista

gerar resultados e fluxos de caixa futuros.

As actividades de financiamento – os fluxos de caixa gerados/utilizados por actividades

de financiamento permitem estimar as necessidades de meios de pagamento e de novas

entradas de capital e informar os financiadores sobre a capacidade da empresa os

reembolsar.

O equilíbrio financeiro e o fundo de maneio

Page 48: Empreendedorismo

48

A estabilidade da empresa é determinada, a cada momento, pelo equilíbrio financeiro

entre o activo e os respectivos meios de financiamento. A estabilidade pressupõe a

adequação entre origens e aplicações de fundos, pois permite a solvência dos

compromissos na data do seu vencimento e fazer face a riscos eventuais. Numa

perspectiva de médio e longo prazo, o equilíbrio financeiro depende do peso dos

capitais próprios relativamente ao investimento global, e logo, aos capitais alheios.

O empreendedor deve atender a que os activos imobilizados devem ser financiados por

capitais permanentes. Isto é, o imobilizado não deve ser financiado por divida de curto

prazo. De modo geral, as aplicações com reduzido grau de liquidez não devem ser

financiadas por origens com elevado grau de exigibilidade. Da mesma forma, os activos

circulantes devem ser financiados por capitais de curto prazo.

As necessidades de fundo de maneiro de uma organização estão ligadas à necessidade

de financiamento do ciclo de exploração e resultam, essencialmente das necessidades a

nível das contas de clientes, existências e fornecedores. As necessidades em termos de

clientes resultam do volume de vendas a crédito e do prazo médio de recebimento.

A importância de realizar investimentos

Porque é importante realizar investimento? No caso de uma nova empresa, o

investimento inicial permite criá-la adquirindo bens e equipamentos para a sua

actividade de exploração, iniciando uma campanha de comunicação de marketing e

formando a equipa. Mas é importante que as empresas existentes também realizem

investimentos, quer de modernização, quer de expansão, e mesmo de aumento da sua

capacidade competitiva. Os tempos de mudança em que vivemos exigem às empresas o

investimento continuo nos recursos humanos, em modernos sistemas técnicos e

tecnológicos e em processos de fabrico eficientes.

As decisões de investimento são função de um conjunto de variáveis e factores que

dependem do tipo de investimento. Quanto aos seus objectivos, podemos classificar os

tipos de investimento em: de substituição, de inovação, de expansão e estratégicos. Os

investimentos de substituição visam a modernização de equipamento ou a sua

substituição pelo desgaste do uso. Os investimentos de inovação podem visar a

introdução de novos produtos, ou a melhoria dos níveis de produtividade do trabalho, ou

a redução de custos. Os investimentos de expansão visam aumentar a actividade com a

entrada de novos mercados de produtos, ou espaços geográficos, e podem requerer o

aumento da capacidade produtiva. Os investimentos estratégicos visam melhorar a

posição ou capacidade competitiva da empresa a médio e longo prazo.

Elementos dos projectos de investimento

O investimento propriamente dito

As necessidades de fundo de maneio;

Page 49: Empreendedorismo

49

Os fluxos líquidos de tesouraria;

A vida do investimento;

O valor residual

Métodos de actualização

Na avaliação dos investimentos temos de considerar a dimensão TEMPO. Na prática,

isto significa que não podemos ignorar o custo dos capitais. Fazê-lo pode induzir, por

exemplo, a fazer investimentos que permitem recuperar o montante investido mas não a

parcela correspondente à remuneração desses capitais. Actualmente, os particulares e as

empresas recorrem a empréstimos; empréstimos para a compra de habitação,

empréstimos ao consumo, empréstimos ao investimento, etc.

Temos um empréstimo quando a entidade económica cede temporariamente a outra, um

montante de meios de pagamento, mediante uma remuneração que é contratada

previamente.

Ter 100 euros em 1 de Julho de 2009 não é a mesma coisa que ter 100 euros em 1 Julho

de 2010, pois se esse dinheiro não for necessário em 2009, podemos emprestar, e

receber em 2010 com juros.

Os juros e a capitalização

O regime de juro simples – neste regime, o juro é pago no período a que respeita, pelo

que é retirado do processo de capitalização, ficando o capital inicial sempre idêntico no

inicio de cada período, e não há retenção do juro produzido.

O regime de juros compostos – para a análise de projectos de investimento, o regime de

juros compostos é o relevante. No regime de juros compostos, não há, geralmente, um

pagamento periódico de juro, mas apenas um pagamento no fim de todo o processo de

capitalização. Neste, embora o juro se vença em cada período, o seu pagamento é só

feito no final, integrando-se no capital em divida e passando também estes a capitalizar.

A actualização

A actualização é o inverso de capitalização, na medida em que permite conhecer qual é

o valor actual de uma quantia no futuro. Isto é, a actualização permite projectar no

presente os fluxos de rendimentos futuros. Assim, podemos saber hoje quanto vale a

quantia que iremos receber dentro de 1 ou 2 anos.

Page 50: Empreendedorismo

50

Período de recuperação do investimento

Este método do período de recuperação do investimento permite conhecer qual o

número de anos ate à recuperação total do capital investido. O período de tempo

necessário para o somatório das receitas líquidas – fluxos de tesouraria acumulados –

recuperar a despesa em investimento.

Índice de rendibilidade

O índice de rendibilidade é o valor actual dos fluxos de tesouraria previsionais dividido

pelo valor do investimento inicial.

Os elementos do plano de negócios:

Capa e índice;

Apresentação do negócio;

A equipa fundadora e de gestão;

Apresentação da empresa e sua estrutura;

A análise do meio envolvente e da indústria;

O plano de marketing e análise do mercado;

A estratégia da empresa;

O plano de organização e de recursos humanos;

O plano de produção ou operações;

O plano económico-financeiro;

Plano/calendário de implementação;

Anexos