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Curso de História da FUNEDI/UEMG Divinópolis – Ano 4 – Nº 13 – Junho/2010 Ao que tudo indica, nossa participa- ção na feira vai ser brilhante. Pelo empenho dos estudantes, isso não deixa dúvidas. Os grupos estão or- ganizados e trabalhando para trazer um colorido cultural e um debate efu- sivo a respeito da cidade, de sua literatura, seu trabalho, sua evolução urbana e suas relações políticas e econômicas ao longo de quase cem anos de muita história. A feira é um espaço importante para a interlocução dos diversos cursos do ISED. É um espaço para o exercício de nosso aprendizado, além de estimular a busca fora da faculdade, de fontes capazes de nos aproximar de nossa memória. Assim, esta- mos colaborando com a construção de uma cultura que valoriza o antigo e deixa a ci- Quando abrimos a porta do Conven- to de Santo Antônio, nos deparamos com um senhor que nos olhava com grandes olhos azuis, bochechas ro- sadas, cabelos brancos. Ele nos re- cebeu com um sorriso cativante, es- pontâneo e alegre. Logo reconhecemos que seria ele o Frei Bernardino. Receptivo, o Descendentes de Rômulo, que foi salvo das águas, os romanos sempre amaram a natação e o banho. Os bal- neários eram acessíveis aos notáveis, enriquecidos graças às suas conquis- tas, enquanto os banhos públicos eram destinados aos demais, que eram a maioria. O banho era uma operação demorada, complexa e cheia de rituais. Os usuários podiam imaginar que estavam sendo rece- bidos no palácio dos reis da Ásia, que os gregos chamavam de paradisoi, e, depois de se despirem no vestiário (apodyterium), onde deixavam as túnicas, os mantos e as sandálias, os romanos entravam na sala aquecida (tepidarium), onde o corpo rela- xava e se aquecia. Assim, começavam a transpirar e, em seguida, passavam para o caldarium. O local era menos iluminado e menor. Neste lugar, havia uma enorme ba- geral era oferecer a todos aquilo que ape- nas os mais abastados podiam gozar, que era o prazer de um banho de luxo. Com isso, Agripa, ministro das Águas, dedicou- se à construção de um novo tipo de estabe- lecimento inspirado nos encontrados na Grécia. Assim, pela primeira vez, a água necessária era trazida por um aqueduto es- pecial. As salas ficavam dispostas em cír- culos e instaladas no coração de um par- que com um lago artificial, onde se podia nadar ao ar livre ao sair do frigidarium. Com a nova mudança arquitetônica, nasceram as termas, que evocavam ao mes- mo tempo a Grécia e o calor. Com o tempo as termas transformaram-se em grandes construções, cada vez mais oponentes e lu- xuosas, conforme os caprichos de seus construtores. dade viva na alma dos divinopolitanos. Esta busca abre caminhos para a percepção de nossas raízes culturais e para a luta de al- guns setores na construção de nossa socie- dade. Nesse sentido, acreditamos que os tra- balhos vão jogar luz no conhecimento de nossa cultura e interpretação da sociedade da qual fazemos parte. A feira está sinalizando para um grande potencial criativo, apontando que podemos realizar eventos para tornar nosso curso mais envolvente. Dessa forma, nosso en- volvimento e nossa dedicação também se tornam maiores, mais fortes e integrados no desejo de sucesso. Os projetos extra grade curricular e sala de aula são motivadores e capacitadores de nossa excelência. Essa bus- ca deve ser constante no meio acadêmico. A História na Feira do ISED ediotiral entrevista Frei Bernardino: ideias de um pensador frei filósofo se dispôs a nos dar um minuti- nho da sua atenção para falar de diversos assuntos. * Amanda Cristina Alves e Adriana Fa- ria e Cruz, alunas do 3° período de Histó- ria – Como o senhor chegou à vida religio- sa? O que o levou a ingressar na ordem dos franciscanos? Frei Bernardino – Na verdade, não sei. Na Holanda, meus pais, que faziam parte da 3ª ordem dos franciscanos, me incenti- varam a entrar para o colégio desta mesma ordem. Com isso, entrei na vida religiosa. Mas, no primeiro momento, não me inte- ressava muito. Somente depois me interes- sei, de fato, pela ordem na qual permaneço até hoje com muita devoção e dedicação. Amanda e Adriana – O que trouxe o se- nhor à cidade de Divinópolis? O que a ci- dade hoje representa para o senhor? Frei Bernardino – O que me trouxe foi a faculdade. Naquele tempo, só existia uma Faculdade de Teologia de franciscanos em Minas Gerais, onde faltou um professor e, sendo a Holanda fundadora dessa provín- cia, me prontifiquei ao trabalho. Em outu- A primeira versão da lenda foi escrita por um monge bretão de nome Geoffrey de Monmouth, por volta do século XII: His- toria Regnum Brithanniae (História dos Reis da Bretanha). Daí por diante, várias versões surgiram, e chegaram até os dias atuais. Filmes como As Brumas de Avalon, Rei Arthur e muitos outros livros, peças de teatro e até mesmo novelas (Pé na Jaca, de Carlos Lombardi, estreada pela Rede Globo em 2006) tinham personagens com os nomes que remetiam à lenda e até a um pouco da história. Enfim, se o Rei Arthur realmente exis- tiu (não há uma certeza concreta a este respeito), significa que muito tem de ser estudado sobre o assunto. Entretanto, é verdadeira a sua existência no imaginá- rio medieval e, por que não, também no imaginário atual? E, nesta busca por en- tender como a ficção motivou a constru- ção histórica de determinada época e se esta tem fundo de verdade (no caso, se um rei Arthur realmente existiu), como disse José Carlos Reis em A História en- tre a Filosofia e a Ciência: “A história se aproximaria de certa forma da poesia, pois elabora um discurso sobre o huma- no em suas múltiplas manifestações, pelo prazer de conhecer o humano ser” – e esta busca também possibilitaria aos ho- mens do passado “a esperança de sobre- viverem a sua finitude”. Quer ter uma boa visão sobre a lenda? Eu indico uma trilogia de livros que está na lista dos meus favoritos: As Crônicas do Rei Arthur, de Bernard Cornwell – são três livros: O Rei do Inverno, O Inimigo de Deus e Excalibur (uma literatura de ro- mances de ficção histórica baseada em pes- quisas históricas em certos pontos). Carla F. Morais aluna do 3º período de História Arquivo da Assessoria de Comunicação Os prazeres dos banhos romanos artigo nheira coletiva, cujo fundo era coberto de mosaicos representando peixes, divindades ou monstros marinhos abastecidos de água muito quente. Entravam descendo alguns degraus e sentavam perto de algumas pes- soas que já estavam mergulhadas. Quando não suportavam mais o calor das águas, iam ao outro extremo da sala banhar-se nas águas frias. Nestas salas, permaneciam por um bom tempo, trocando opiniões com os amigos ou com aqueles que estavam ao seu lado. Depois vinha a unção, e os banhistas ro- manos começavam a limpar seus corpos cobertos pelo suor e de sabão com a ajuda da strigile. Em seguida, um massagista tra- balhava todos os músculos com um óleo perfumado, e, por fim, os mais corajosos mergulhavam na piscina de água fria (fri- gidarium). A passagem de uma sala até a outra re- queria muito tempo, e, com isso, foi sur- gindo um pequeno comércio de iguarias, nas quais vendedores passavam anunci- ando seus produtos, como pastéis, salsi- chas e patês, e as termas ofereciam, além das massagens, as depilações, concertos e bibliotecas. A partir do ano de 29, quando o hor- ror das guerras civis terminou, Augusto, percebeu que um dos meios de retornar a paz social, a felicidade e a prosperidade Ao redor das termas, circulavam ban- didos, escroques, sedutores de todos os ti- pos, prostitutos dos dois sexos. Com seus vestiários imensos, seus corredores mal ilu- minados e suas salas repletas de vapor opa- co, as termas era o palco de um teatro, no qual ricos exibiam suas fortunas, combi- navam negócios e arquitetavam assassina- tos; as messalinas vagavam pelos salões, os homens se prostituíam e a pureza dos jovens e a honra das mulheres desapareci- am no meio da fumaça. Nas águas das termas, realizavam-se en- contros, traições, armações, descansos, co- mércios e prazeres do ócio. Nelas, os ro- manos adoravam com luxo mergulhar! Adriana Faria e Cruz aluna do 3º período de História Encontro para ampliar conhecimentos: 1º Simpósio de História Oral e Memória: Me- mória da Zona Leste de São Paulo. Data: de 22 e 23 de junho de 2010. Local: Esco- la de Artes, Ciência e Humanidade da USP. Encontro de Professores de Literatu- ras Africanas de Língua Portuguesa. Data: de 26 a 29 de outubro de 2010. Lo- cais: PUC Minas e UFMG, em Belo Ho- rizonte (MG). Simpósio 17º Encontro Regional de História da ANPUH. Conhecer, pesquisar e ensinar História: o lugar do conhecimento no mundo contemporâneo. Data: de 18 a 23 de julho de 2010. Local: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) – Campus de Três Lagoas. 12º Encontro Regional de História da ANPUH. História: políticas públicas e práticas culturais. Data: de 21 a 25 de ju- nho de 2010. Local: Universidade Regio- nal do Cariri (URCA) – Crato (CE). Encontro de professores Encontros Regionais de História Os Impasses da Estratégia – Os Comu- nistas, o Antifacismo e a Revolução Bur- guesa no Brasil. 1936-1948, de Carlos Za- carias de Serra Júnior (Editora Annablu- me e UNB). Este livro pretende analisar a trajetória do PCB entre os anos de 1936 e 1948, tendo como foco a linha política de união nacional e a estratégia de revo- lução democrática burguesa defendida pe- los comunistas brasileiros na conjuntura da luta antifacista. O livro narra a história do PCB tomando como base os documen- tos que orientavam a linha do Partido. Lançamento de livro Boletim informativo do curso de História da FUNEDI/UEMG – Ano 4 – Nº 13 – Junho/2010 – Editor deste número: Dayan Botelho de Castro (professor do curso de História) – Projeto gráfico/editorial e diagramação: Daniela Couto – Ilustrações: Arnaldo Pires Bessa – Revi- são: Elvis Gomes (Assessoria de Comunicação da FUNEDI/UEMG) – Contatos: (37) 3229-3569 – [email protected] – Avenida Paraná, 3001, bairro Jardim Belvedere, CEP 35501-170 – Divi- nópolis (MG) EXPEDIENTE Boletim informativo do curso de História da FUNEDI/UEMG – Ano 4 – Nº 13 – Junho/2010 5 Boletim informativo do curso de História da FUNEDI/UEMG – Ano 4 – Nº 13 – Junho/2010 6 Informes

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Curso de História da FUNEDI/UEMG Divinópolis – Ano 4 – Nº 13 – Junho/2010

Ao que tudo indica, nossa participa-ção na feira vai ser brilhante. Peloempenho dos estudantes, isso nãodeixa dúvidas. Os grupos estão or-ganizados e trabalhando para trazerum colorido cultural e um debate efu-

sivo a respeito da cidade, de sua literatura,seu trabalho, sua evolução urbana e suasrelações políticas e econômicas ao longode quase cem anos de muita história.

A feira é um espaço importante para ainterlocução dos diversos cursos do ISED.É um espaço para o exercício de nossoaprendizado, além de estimular a busca forada faculdade, de fontes capazes de nosaproximar de nossa memória. Assim, esta-mos colaborando com a construção de umacultura que valoriza o antigo e deixa a ci-

Quando abrimos a porta do Conven-to de Santo Antônio, nos deparamoscom um senhor que nos olhava comgrandes olhos azuis, bochechas ro-sadas, cabelos brancos. Ele nos re-cebeu com um sorriso cativante, es-

pontâneo e alegre. Logo reconhecemos queseria ele o Frei Bernardino. Receptivo, o

Descendentes de Rômulo, que foisalvo das águas, os romanos sempreamaram a natação e o banho. Os bal-neários eram acessíveis aos notáveis,enriquecidos graças às suas conquis-tas, enquanto os banhos públicos

eram destinados aos demais, que eram amaioria.

O banho era uma operação demorada,complexa e cheia de rituais. Os usuáriospodiam imaginar que estavam sendo rece-bidos no palácio dos reis da Ásia, que osgregos chamavam de paradisoi, e, depoisde se despirem no vestiário (apodyterium),onde deixavam as túnicas, os mantos e assandálias, os romanos entravam na salaaquecida (tepidarium), onde o corpo rela-xava e se aquecia. Assim, começavam atranspirar e, em seguida, passavam para ocaldarium. O local era menos iluminado emenor. Neste lugar, havia uma enorme ba-

geral era oferecer a todos aquilo que ape-nas os mais abastados podiam gozar, queera o prazer de um banho de luxo. Comisso, Agripa, ministro das Águas, dedicou-se à construção de um novo tipo de estabe-lecimento inspirado nos encontrados naGrécia. Assim, pela primeira vez, a águanecessária era trazida por um aqueduto es-pecial. As salas ficavam dispostas em cír-culos e instaladas no coração de um par-que com um lago artificial, onde se podianadar ao ar livre ao sair do frigidarium.

Com a nova mudança arquitetônica,nasceram as termas, que evocavam ao mes-mo tempo a Grécia e o calor. Com o tempoas termas transformaram-se em grandesconstruções, cada vez mais oponentes e lu-xuosas, conforme os caprichos de seusconstrutores.

dade viva na alma dos divinopolitanos. Estabusca abre caminhos para a percepção denossas raízes culturais e para a luta de al-guns setores na construção de nossa socie-dade. Nesse sentido, acreditamos que os tra-balhos vão jogar luz no conhecimento denossa cultura e interpretação da sociedadeda qual fazemos parte.

A feira está sinalizando para um grandepotencial criativo, apontando que podemosrealizar eventos para tornar nosso cursomais envolvente. Dessa forma, nosso en-volvimento e nossa dedicação também setornam maiores, mais fortes e integrados nodesejo de sucesso. Os projetos extra gradecurricular e sala de aula são motivadores ecapacitadores de nossa excelência. Essa bus-ca deve ser constante no meio acadêmico.

A História na Feira do ISED

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Frei Bernardino: ideias de um pensador

frei filósofo se dispôs a nos dar um minuti-nho da sua atenção para falar de diversosassuntos.

*Amanda Cristina Alves e Adriana Fa-

ria e Cruz, alunas do 3° período de Histó-ria – Como o senhor chegou à vida religio-sa? O que o levou a ingressar na ordem dosfranciscanos?

Frei Bernardino – Na verdade, não sei.Na Holanda, meus pais, que faziam parteda 3ª ordem dos franciscanos, me incenti-varam a entrar para o colégio desta mesmaordem. Com isso, entrei na vida religiosa.Mas, no primeiro momento, não me inte-ressava muito. Somente depois me interes-sei, de fato, pela ordem na qual permaneçoaté hoje com muita devoção e dedicação.

Amanda e Adriana – O que trouxe o se-nhor à cidade de Divinópolis? O que a ci-dade hoje representa para o senhor?

Frei Bernardino – O que me trouxe foia faculdade. Naquele tempo, só existia umaFaculdade de Teologia de franciscanos emMinas Gerais, onde faltou um professor e,sendo a Holanda fundadora dessa provín-cia, me prontifiquei ao trabalho. Em outu-

A primeira versão da lenda foi escritapor um monge bretão de nome Geoffreyde Monmouth, por volta do século XII: His-toria Regnum Brithanniae (História dosReis da Bretanha). Daí por diante, váriasversões surgiram, e chegaram até os diasatuais. Filmes como As Brumas de Avalon,Rei Arthur e muitos outros livros, peças deteatro e até mesmo novelas (Pé na Jaca,de Carlos Lombardi, estreada pela RedeGlobo em 2006) tinham personagens comos nomes que remetiam à lenda e até a umpouco da história.

Enfim, se o Rei Arthur realmente exis-tiu (não há uma certeza concreta a esterespeito), significa que muito tem de serestudado sobre o assunto. Entretanto, éverdadeira a sua existência no imaginá-rio medieval e, por que não, também noimaginário atual? E, nesta busca por en-tender como a ficção motivou a constru-ção histórica de determinada época e se

esta tem fundo de verdade (no caso, seum rei Arthur realmente existiu), comodisse José Carlos Reis em A História en-tre a Filosofia e a Ciência: “A históriase aproximaria de certa forma da poesia,pois elabora um discurso sobre o huma-no em suas múltiplas manifestações, peloprazer de conhecer o humano ser” – eesta busca também possibilitaria aos ho-mens do passado “a esperança de sobre-viverem a sua finitude”.

Quer ter uma boa visão sobre a lenda?Eu indico uma trilogia de livros que estána lista dos meus favoritos: As Crônicasdo Rei Arthur, de Bernard Cornwell – sãotrês livros: O Rei do Inverno, O Inimigode Deus e Excalibur (uma literatura de ro-mances de ficção histórica baseada em pes-quisas históricas em certos pontos).

Carla F. Morais aluna do 3º período de História

Arquivo da Assessoria de Comunicação

Os prazeres dos banhos romanos

artig

o

nheira coletiva, cujo fundo era coberto demosaicos representando peixes, divindadesou monstros marinhos abastecidos de águamuito quente. Entravam descendo algunsdegraus e sentavam perto de algumas pes-soas que já estavam mergulhadas. Quandonão suportavam mais o calor das águas,iam ao outro extremo da sala banhar-se naságuas frias.

Nestas salas, permaneciam por um bomtempo, trocando opiniões com os amigosou com aqueles que estavam ao seu lado.Depois vinha a unção, e os banhistas ro-manos começavam a limpar seus corposcobertos pelo suor e de sabão com a ajudada strigile. Em seguida, um massagista tra-balhava todos os músculos com um óleoperfumado, e, por fim, os mais corajososmergulhavam na piscina de água fria (fri-gidarium).

A passagem de uma sala até a outra re-queria muito tempo, e, com isso, foi sur-gindo um pequeno comércio de iguarias,nas quais vendedores passavam anunci-ando seus produtos, como pastéis, salsi-chas e patês, e as termas ofereciam, alémdas massagens, as depilações, concertose bibliotecas.

A partir do ano de 29, quando o hor-ror das guerras civis terminou, Augusto,percebeu que um dos meios de retornar apaz social, a felicidade e a prosperidade

Ao redor das termas, circulavam ban-didos, escroques, sedutores de todos os ti-pos, prostitutos dos dois sexos. Com seusvestiários imensos, seus corredores mal ilu-minados e suas salas repletas de vapor opa-co, as termas era o palco de um teatro, noqual ricos exibiam suas fortunas, combi-navam negócios e arquitetavam assassina-tos; as messalinas vagavam pelos salões,os homens se prostituíam e a pureza dosjovens e a honra das mulheres desapareci-am no meio da fumaça.

Nas águas das termas, realizavam-se en-contros, traições, armações, descansos, co-mércios e prazeres do ócio. Nelas, os ro-manos adoravam com luxo mergulhar!

Adriana Faria e Cruzaluna do 3º período de História

Encontro para ampliar conhecimentos: 1ºSimpósio de História Oral e Memória: Me-mória da Zona Leste de São Paulo. Data:de 22 e 23 de junho de 2010. Local: Esco-la de Artes, Ciência e Humanidade da USP.

4º Encontro de Professores de Literatu-ras Africanas de Língua Portuguesa.Data: de 26 a 29 de outubro de 2010. Lo-cais: PUC Minas e UFMG, em Belo Ho-rizonte (MG).

Simpósio

17º Encontro Regional de História daANPUH. Conhecer, pesquisar e ensinarHistória: o lugar do conhecimento nomundo contemporâneo. Data: de 18 a 23de julho de 2010. Local: UniversidadeFederal de Mato Grosso do Sul (UFMS)– Campus de Três Lagoas.

12º Encontro Regional de História daANPUH. História: políticas públicas epráticas culturais. Data: de 21 a 25 de ju-nho de 2010. Local: Universidade Regio-nal do Cariri (URCA) – Crato (CE).

Encontro de professores

Encontros Regionais de História

Os Impasses da Estratégia – Os Comu-nistas, o Antifacismo e a Revolução Bur-guesa no Brasil. 1936-1948, de Carlos Za-carias de Serra Júnior (Editora Annablu-me e UNB). Este livro pretende analisara trajetória do PCB entre os anos de 1936e 1948, tendo como foco a linha políticade união nacional e a estratégia de revo-lução democrática burguesa defendida pe-los comunistas brasileiros na conjunturada luta antifacista. O livro narra a históriado PCB tomando como base os documen-tos que orientavam a linha do Partido.

Lançamento de livro

Boletim informativo do curso de História da FUNEDI/UEMG – Ano 4 – Nº 13 – Junho/2010

– Editor deste número: Dayan Botelho de Castro (professor do curso de História) – Projeto

gráfico/editorial e diagramação: Daniela Couto – Ilustrações: Arnaldo Pires Bessa – Revi-

são: Elvis Gomes (Assessoria de Comunicação da

FUNEDI/UEMG) – Contatos: (37) 3229-3569 –

[email protected] – Avenida Paraná, 3001,

bairro Jardim Belvedere, CEP 35501-170 – Divi-

nópolis (MG)

EXPEDIENTE

Boletim informativo do curso de História da FUNEDI/UEMG – Ano 4 – Nº 13 – Junho/2010 5 Boletim informativo do curso de História da FUNEDI/UEMG – Ano 4 – Nº 13 – Junho/2010 6

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O ser humano precisarevestir-se da armadurade Deus, pois a viagem

da vida peregrina por esta terra é luta,

coragem e perseverançaaté o fim!

O dilema da conciliação da síntese bi-ológica e a diversidade cultural da es-pécie trazem uma centralidade de há-bitos culturais na qual “eles têm umcostume singular pelo qual diferemde todas as outras nações do mundo”(Heródoto – 484-424 a.C.), manten-

do os povos diferentes de cultura, religião,etnia e tendo mudado de território, massempre levando na alma a certeza da suacultura.

Gingado, festas, músicas, comida, co-res, sempre regados de muito folclore queconta com a participação popular, demons-trando a relação com o protetor. Os africa-nos, desde séculos atrás, celebravam, semregras, sem dependência, cada qual agra-decendo ao santo pela graça alcançada. Ten-do sua celebração reconhecida em louvorescomo missas, novenas, quermesses, orna-mentações, dança, folguedos. E, ao final decada celebração, sentavam-se ao redor dosanto pelo fato de ter cumprido um dever.

O Reinado vem de uma tradição antigacomo conta a lenda de um rei africano cha-mado Galanga, que veio para o Brasil jun-to com sua rainha Djalô, sua princesa Ituloe seu filho, junto com dezenas de mem-bros da tribo. Atravessou o Atlântico nossombrios porões de um navio negreiro,onde a bordo viu lançar-se ao mar sua rai-nha e sua princesa. O nobre homem rebai-xado à categoria de mercadoria foi vendi-do no Rio de Janeiro em 1740 e levado àVila Rica, atual Ouro Preto, então capitalda província. Rei em sua terra, jamais seconformou com o cativeiro.

Aproveitando as raras horas livres, tra-balhou sem descanso a fim de obter os mei-os necessários para comprar cartas de al-forrias. Libertou-se, e também seu filho.Continuaram trabalhando juntos, pois o in-tento era libertar todos os componentes datribo com a cooperação geral – isso foi ob-

Graal... Uns dizem que este era o cá-lice que Cristo usou na última santaceia e outros também acrescentamque este foi o cálice da qual José deArimateia também colheu o sanguede Cristo na cruz quando um solda-

do lhe atingiu com uma lança.O objeto em questão foi um dos mais

polêmicos da Idade Média. A primeira vezque ele aparece na literatura é em um ro-mance de um escritor francês, Chrétien deTroyes, escrito entre 1162 e 1182: Perce-val le Gallois ou Le Conte du Graal. O Gra-al no dito romance é um prato (ou uma ti-gela) cravejado de pedras preciosas quecarrega uma hóstia. O autor une a lenda deArthur com o venerável objeto. Entretan-to, a história é interrompida antes de terum fim, devido à morte de Troyes. Apósestes escritos do romancista francês, mui-tas versões já foram escritas. Uma das maisatuais que citam o objeto é o polêmico Có-digo Da Vinci, de Dan Brown.

Saindo dos rolos de pergaminhos me-dievais para a realidade, o Santo Graal nãofoi apenas um objeto fictício naquela épo-ca. Ele se tornou um dos elementos maisprocurados pelos medievos, entre eles ostemplários, e há quem diga que até mesmoo famoso nazista Adolf Hitler tenha anda-do atrás do valoroso Graal. Mas por quetamanha busca?

Em minhas concepções e nas de algunsautores, isso acontece devido ao santo ob-jeto ter poderes, ou seja, o homem que ti-vesse tal objeto em sua posse seria o maispoderoso da Terra e também teria o perdão

bro de 1951, estava eu defendendo minhatese de doutorado em Roma, quando meconvidaram para lecionar no Brasil. Em de-zembro do mesmo ano, estava eu desem-barcando no Rio de Janeiro, recebido porum padre franciscano brasileiro que falavafluentemente o holandês. Quando cheguei,ainda eram vilarejos, o meio de transporteera o burro e a estrada, de chão. Hoje, vejoa cidade como está desenvolvida, como umgrande polo comercial. Com o tempo, meidentifiquei com a cidade, e hoje posso di-zer que aqui estão minha família, meusamigos, meus companheiros, meu trabalho;é onde representa toda a minha vida.

Amanda e Adriana – Como o senhor in-gressou na academia?

Frei Bernardino – Na Holanda, me for-mei em Teologia, Filoso-fia e Psicologia, e, quandoestava realizando meudoutorado de TeologiaMoral, em Roma, fui con-vidado a lecionar no Bra-sil. Comecei no Norte deMinas, e foi uma revelaçãomuito grande, da qual gos-tei muito. No ano de 1953, fui convidado alecionar na Faculdade de Filosofia, Ciên-cias e Letras de Divinópolis. Em 1967, ter-minou a faculdade e fui transferido paraBelo Horizonte, para a Faculdade de Se-minário Central do Clero Diocesano. Edepois lecionei a matéria de Teologia naPontifícia Universidade Católica de MinasGerais, fui professor na Faculdade Jesuítade Teologia e Filosofia e no Instituto San-to Tomás de Aquino até o ano de 2004, quan-do dei as últimas aulas, percorrendo um ca-minho de 50 anos na área da educação.

Amanda e Adriana – Para o senhor, qualé a importância da disciplina de Históriano mundo hoje? O Senhor vê importânciada História (como disciplina) para a cons-trução do mundo hoje? E a importância dadisciplina para a construção do ser homem?

Frei Bernardino – A vida moderna, para

mim, já é uma história. Todos temos histó-rias. Construindo cada um a sua, olhandotrês dimensões, podemos ver o que somoshoje, o que fomos no passado e o que sere-mos no futuro. Todos os seres humanos sãohistórias em construções, pois não somosisolados, vivemos dentro de um grupo so-cial. Em minha opinião, quem não conhe-ce história não possui memória do passadoe de si mesmo, de sua cultura; o futuro éexpresso pelo passado. A visão em termosde planos em boa parte traz resultados cla-ros na própria educação de história que re-cebemos até agora. É pela história que par-ticipamos e temos que compreender histo-ricamente os fatos e feitos. Se não enten-dermos, como iremos imaginar um futurose não temos conhecimento para abrangertodo o intelectual do ser humano? A cons-

trução do homem vematravés do próprio enten-dimento, conhecendo asi mesmo e tendo de seconhecer como ser histó-rico, pois somos feitosatravés de um ser decompreensão histórica.

Amanda e Adriana – Como o senhor vêa relação entre Filosofia e História?

Frei Bernardino – A Filosofia é História.

Amanda e Adriana – Que visão o se-nhor tem do estudante de hoje?

Frei Bernardino – O povo lê muito pou-co. Até os estudantes não aprendem a leros textos, não interpretam, não possuem vo-cabulário em sua língua, não aprendem,com o autor, a ter o senso crítico em senti-do original, negativo, de condenar, quererabolir, não aceitar; criticar significa cataras coisas, é o processo de purificar textos,palavras, tirar o que estraga, dificulta, é amaneira de viver com os outros. Os filóso-fos chamam isso de doutrina de conheci-mento. Senso crítico precisa existir paraqualquer ciência.

Obras do Frei Bernardino

Moral do BurroO Pouco de Deus é MuitoHomossexuais e Éticas CristãsMatrimônio e Divórcio na Igreja CatólicaEm Plena LiberdadeMoral Conjugal e Regulação de Natalidade

A arte sociológica do Reinado nas Minas Gerais

tido. Reza atradição quenegras pu-nham escondi-do nas carapi-nhas o ouroque consegui-am e ia lavar ascabeças naságuas bentasdas igrejas dacidade, a fim de que o metal se despren-desse no fundo. Negros previamente avi-sados iam depois, discretamente, retirá-los.Os esforços do grupo foram compensados.O rei, que se convertera ao Catolicismo,foi batizado com o nome de Francisco, ouChico Rei, tornando-se devoto de NossaSenhora do Rosário. E, para agradecer pelagrande graça alcançada, organizou as fes-tas do Reinado nas quais sua nova crençase mesclava com as crendices.

Com as economias e as dívidas do pa-trão, comprou a Mina da Encardideira, vol-tando, assim, a ser imperador entre os seus,também convertidos, mas com raízes atá-vicas demasiado fortes, prendendo-os aosritos nativos da África. Assim, espalhou-se por toda Minas o costume do Reinado.A arte do Reinado, tendo-se iniciado sécu-los antes com manifestações culturais e re-ligiosas, traz um enredo com três emble-mas importantíssimos: a Vida de São Bene-dito, o encontro de Nossa Senhora do Rosá-rio submergida nas águas e a representaçãode Carlos Magno contra invasões mouras.

O Reinado, também chamado de Con-gado, mescla cultos católicos com africa-nos num movimento sincrético. Danças querepresentam a coroação do rei do Congo,acompanhadas de um cortejo compassado,cavalgadas, levantamento de mastro e mú-sicas. Esta obra cultural mostra a transver-salidade do tempo africano incorporado àsociologia brasileira.

Este casamento mostra a trajetória dotempo na qual a aculturação de estruturasincorporadas contribuiu para a formação donascente Reinado que temos nos dias atu-ais, prendendo a exposição sociológica dapreservação da cultura e dos encantos emantendo sua própria identidade.

Amanda Cristina Alvesaluna do 3º período de História

Graal: a ambição humana pelo poder

artig

o

dos pecados cometidos. Várias peças apa-receram no período medieval se passandopelo Santo Graal. Cálices de ouro maciçocravejado de pedras preciosas apareceramem determinados lugares atraindo cente-nas de fiéis e peregrinos, mas tudo nãopassou de farsa.

Estudiosos dizem que o objeto nomea-do de Graal, na época em que viveu Cristo,era provavelmente uma tigela de madeiracomum usada no cotidiano, e não um cáli-ce de ouro esplendoroso, e que este dificil-mente teria chegado à Idade Média, devi-do ao fato de ter sido feito no século I.

O fato é que tal objeto deslumbrou pes-soas, que saíram à sua procura, ou seja, àprocura de poder. Não é o homem um serque por natureza ambiciona o poder? Tam-bém vale ressaltar que, na Idade Média, oimaginário e a realidade mantinham umaproximidade constante, ou seja, muitoselementos fictícios saíam da ficção e vira-vam elementos da realidade e não era cer-to uma distinção do real e da fantasia, omundo metafísico se misturava nas concep-ções do cotidiano dos medievos. Indico umatrilogia super bacana para se conhecer umpouquinho sobre o assunto: A Demanda doGraal: O Arqueiro, O Andarilho e O Here-ge – os três livros são de um dos meus au-tores favoritos: Bernard Cornwell. Contu-do, vale ressaltar que são romances de fic-ção histórica, mas que, em sua construção,há vestígios de pesquisas históricas.

Carla F. Moraisaluna do 3º período de História

Quem nunca ouviu falar do Rei Ar-thur, aquele famoso rei medieval?Como uma fã fascinada pela lendamedieval, resolvi fazer meu traba-lho de conclusão do semestre na dis-ciplina de História Medieval, sobre

o assunto. Fiz um artigo: “A Influencia daslendas Arthurianas no cotidiano medie-val”. E, ao pesquisar para fazê-lo, li mui-tos artigos e alguns livros de historiadorese arqueólogos e sabe a que conclusão eucheguei? Que a lenda arthuriana, ao ser pro-pagada na Idade Média, serviu como ins-trumento da Igreja Católica medieval paradisseminar os ideais ou o perfil de um ca-

Rei Arthur: a força de uma lenda

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o

valeiro cristão, que reis como Afonso III(1248-1279), da Península Ibérica, se es-pelharam na figura de Arthur para se legi-timarem no poder e que também existemvestígios arqueológicos que indiciam queum rei chamado Arthur possa mesmo terexistido naBretanha porvolta do sécu-lo VI d.C. En-tretanto, há al-guns historia-dores que nãoacreditam nes-ta hipótese.

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Daniela Couto

Daniela Couto

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