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O Beijo Os dois amantes absorvidos num intenso beijo representados na estátua "O Beijo", realizada por Auguste Rodin, transmitem uma tal força emotiva e sensualidade que tornou esta obra numa das mais famosas esculturas de todos os tempos. Em 1879, poucos anos depois da viagem por Itália onde tomou contactodirecto com obras de Donatello e de Michelangelo Buonarroti, Rodin recebeu uma das suas primeiras encomendas de vulto, a entrada para o Museu de Artes Decorativas de Paris. Para esta porta o artista desenvolveu um ambicioso projecto: um grande conjunto escultórico denominado "As Portas do Inferno", a partir de um programa formal e simbólico retirado do "O Inferno", a primeira parte da Divina Comédia, a famosa obra literária de Dante. Embora este trabalho nunca tenha sido concluído, os estudos realizados foram posteriormente transformados numa série de esculturas autónomas, de menores dimensões, de entre as quais as mais famosas são "O Pensador" (inicialmente pensado para decorar a padieira da porta, e que mais tarde, Rodin passaria a bronze), "Adão e Eva" e "O Beijo", executado em mámore branco em 1886. Embora plasticamente seja mais conservadora que o coevo "O Pensador" ou outras peças moldadas em bronze, esta estátua apresentava uma característica importante da obra madura de Rodin, o interesse pelo inacabado e pela ideia da libertação das figuras dos blocos de pedra que a originaram, cujas raízes conceptuais e formais se encontram nas estátuas inacabadas dos "Escravos" de Michelangelo. Outra referência à escultura renascentista, pela qual Rodin tanto se interessara na sua viagem a Itália em 1875, é a meticulosa tentativa de tradução do movimento e da anatomia muscular assim como a técnica delicada no trabalho do mármore. A associação das duas figuras a um bloco de mármore grosseiramente aparelhado, permitia acentuar o contraste de textura e consequemente destacar a leveza, sensualidade e carnalidade dos corpos dos amantes. Marcado ainda pelo ideal estético romântico que procurava a beleza através da representação de estados de alma, "O Beijo" constituiu igualmente uma das obras precursoras do período moderno da escultura, acompanhando o despontar do impressionismo na pintura. A escultura "O Beijo" apresenta uma dimensão ligeiramente acima do natural (tem uma altura de 183 centímetros) e encontra-se exposta no Museu Rodin, em Paris. O Beijo é uma escultura em mármore do artista realista Auguste Rodin que está atualmente no Museu Rodin (Musée Rodin), em Paris. Na obra do escultor francês, o artista inspirou-se nos delírios amorosos vividos com Camille Claudel, sua assistente.Mas essa obra representa muito mais do que um simples beijo, ela simboliza o amor que duas pessoas podem ter (uma pela outra). Biografia Nascido François-Auguste-René Rodin, as primeiras esculturas de Rodin foram feitas na cozinha de sua mãe, com massa que ela usava para fazer pão. Aos 14 anos, aquele que seria um dos escultores mais geniais da história da arte, já tinha aulas numa pequena academia. Em pouco tempo foi aceito na Escola de Artes Decorativas, sob a orientação de Boisbaudran e de Barye. Ingressou depois na Academia de Belas-Artes, onde conheceu os escultores Carpeaux e Dalou. Trabalhou inicialmente como ornamentista, modelador, prático e cinzelador. A exemplo do que tantas vezes aconteceu com os grandes artistas, a primeira obra de Rodin, O Homem de Nariz Quebrado (1864), não foi aceita no Salon de Paris. A justificativa do júri foi

O beijo

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Page 1: O beijo

O Beijo

Os dois amantes absorvidos num intenso beijo representados na estátua "O Beijo", realizada

por Auguste Rodin, transmitem uma tal força emotiva e sensualidade que tornou esta obra

numa das mais famosas esculturas de todos os tempos.

Em 1879, poucos anos depois da viagem por Itália onde tomou contactodirecto com obras de

Donatello e de Michelangelo Buonarroti, Rodin recebeu uma das suas primeiras encomendas

de vulto, a entrada para o Museu de Artes Decorativas de Paris. Para esta porta o artista

desenvolveu um ambicioso projecto: um grande conjunto escultórico denominado "As Portas

do Inferno", a partir de um programa formal e simbólico retirado do "O Inferno", a primeira

parte da Divina Comédia, a famosa obra literária de Dante.

Embora este trabalho nunca tenha sido concluído, os estudos realizados foram posteriormente

transformados numa série de esculturas autónomas, de menores dimensões, de entre as quais

as mais famosas são "O Pensador" (inicialmente pensado para decorar a padieira da porta, e

que mais tarde, Rodin passaria a bronze), "Adão e Eva" e "O Beijo", executado em mámore

branco em 1886.

Embora plasticamente seja mais conservadora que o coevo "O Pensador" ou outras peças

moldadas em bronze, esta estátua apresentava uma característica importante da obra madura

de Rodin, o interesse pelo inacabado e pela ideia da libertação das figuras dos blocos de pedra

que a originaram, cujas raízes conceptuais e formais se encontram nas estátuas inacabadas

dos "Escravos" de Michelangelo. Outra referência à escultura renascentista, pela qual Rodin

tanto se interessara na sua viagem a Itália em 1875, é a meticulosa tentativa de tradução do

movimento e da anatomia muscular assim como a técnica delicada no trabalho do mármore.

A associação das duas figuras a um bloco de mármore grosseiramente aparelhado, permitia

acentuar o contraste de textura e consequemente destacar a leveza, sensualidade e

carnalidade dos corpos dos amantes.

Marcado ainda pelo ideal estético romântico que procurava a beleza através da representação

de estados de alma, "O Beijo" constituiu igualmente uma das obras precursoras do período

moderno da escultura, acompanhando o despontar do impressionismo na pintura.

A escultura "O Beijo" apresenta uma dimensão ligeiramente acima do natural (tem uma altura

de 183 centímetros) e encontra-se exposta no Museu Rodin, em Paris.

O Beijo é uma escultura em mármore do artista realista Auguste Rodin que está atualmente no

Museu Rodin (Musée Rodin), em Paris. Na obra do escultor francês, o artista inspirou-se nos

delírios amorosos vividos com Camille Claudel, sua assistente.Mas essa obra representa muito

mais do que um simples beijo, ela simboliza o amor que duas pessoas podem ter (uma pela

outra).

Biografia

Nascido François-Auguste-René Rodin, as primeiras esculturas de Rodin foram feitas na

cozinha de sua mãe, com massa que ela usava para fazer pão. Aos 14 anos, aquele que seria

um dos escultores mais geniais da história da arte, já tinha aulas numa pequena academia. Em

pouco tempo foi aceito na Escola de Artes Decorativas, sob a orientação de Boisbaudran e de

Barye. Ingressou depois na Academia de Belas-Artes, onde conheceu os escultores Carpeaux e

Dalou. Trabalhou inicialmente como ornamentista, modelador, prático e cinzelador.

A exemplo do que tantas vezes aconteceu com os grandes artistas, a primeira obra de Rodin, O

Homem de Nariz Quebrado (1864), não foi aceita no Salon de Paris. A justificativa do júri foi

Page 2: O beijo

que a obra era um esboço, uma coisa inacabada. Paradoxalmente, toda a criação do escultor

se basearia no conceito de "non finito". No ano de 1875, Rodin conheceu Meunier e realizou

uma viagem à Itália, de importância fundamental para sua futura estatuária. Lá se interessou

principalmente pela obra de Michelangelo, mais precisamente pela escultura O Prisioneiro,

que o mestre deixou inacabada, influência esta que o libertou do academicismo. Na sua volta,

o escultor visitou e estudou as catedrais góticas. Em pouco tempo criou seu famoso São João

Batista Pregando (1878).

Na contemplação de fragmentos de esculturas clássicas, Rodin compreendeu até que ponto

uma parte da obra era capaz de representar o todo dela. Assim, começou fazendo obras

cerceadas, por assim dizer, algo que ninguém jamais havia tentado. Exemplo disso são O

Homem que Caminha e Torso. No entanto, esses fragmentos de obras não eram produto de

um capricho artístico. Na obra A Mão de Deus, há uma ambivalência de significados: a mão

divina é na realidade a de um escultor em plena atividade. E foi exatamente o que Rodin

tentou plasmar ao longo de toda a sua obra: o momento da criação. É por esse motivo que ele

pode ser considerado um verdadeiro impressionista.

Sobre os Burgueses de Calais nos jardins da torre de Victoria, Londres, não foram permitidas

sob a lei francesa mais de doze cópias desta obra após a morte de Rodin . A cópia de Londres,

comprada pelo governo britânico em 1911, é uma delas. Rodin duplicava frequentemente as

suas estátuas. No caso dos Burgueses de Calais duas das cabeças do grupo escultórico são

idênticas e um terceira ligeiramente alterada. Algumas das mãos são também usadas duas

vezes.

Suas obras mais célebres, O Beijo, que faz parte de uma série de esculturas realizadas para a

Porta do Inferno, do Museu de Artes Decorativas, O Pensador, da mesma série, e o retrato de

Balzac confirmam isso. Tem hoje um museu em Paris dedicado as suas obras e vida (o Museu

Rodin), situado no HôtelBiron, ao lado do Hôteldes Invalides, túmulo de Napoleão.

Rodin teve como assistente a escultora Camille Claudel, com quem teve um romance e cujos

trabalhos são muitas vezes confundidos com os de Rodin. Camille acreditava que Rodin queria

se apropriar dos seus trabalhos. À época, foi considerada insana e terminou seus dias

internada em um manicômio.

Rodin conquistou fama em vida, e suas obras chegaram a ser as mais apreciadas no mercado

de arte europeu e americano. Hoje em dia encontram-se nos museus mais importantes do

mundo.

Escultura:

A exemplo da pintura, a escultura do fim do século XIX tentou renovar totalmente sua

linguagem. Foram três os conceitos básicos dessa nova estatuária: a fusão da luz e das

sombras, a ambição de obter estátuas visíveis a partir do maior número possível de ângulos e a

obra inacabada, como exemplo ideal do processo criativo do artista. Os temas da escultura

impressionista, como de resto da pintura, surgiram do ambiente cotidiano e da literatura

clássica em voga na época.

Rodin e Hildebrand foram, em parte, os responsáveis por essa nova estatuária - o primeiro

com sua obra e o segundo, com suas teorias. Igualmente importantes foram as contribuições

do escultor Carpeaux, que retomou a vivacidade e a opulência do estilo rococó, mas

distribuindo com habilidade luzes e sombras. A aceitação de seus esboços pelo público animou

Carpeaux a deixar sem polimento a superfície de suas obras, o que foi depois fundamental

para as esculturas inacabadas de Rodin.

Page 3: O beijo

Rodin considerava O Escravo, que Michelangelo não terminou, a obra em que a ação do

escultor melhor se refletia. Por isso achou tão interessantes os esboços de Carpeaux,

começando então a exibir obras inacabadas. Outros escultores foram Dalou e Meunier, a

quem se deve a revalorização dos temas populares. Operários, camponeses, mulheres

realizando atividades domésticas, todos faziam parte do novo álbum de personagens da nova

estética.

O francês Auguste Rodin (1840-1917) revolucionou a escultura no século 20. Desenvolveu um

estilo próprio e inovador, baseado nos modelos vivos. Seus trabalhos se distinguem pela força,

liberdade e um realismo pleno, estonteante, no qual se confrontam a aflição, a fraqueza

moral, a paixão e a beleza humana. Impressionista e moderno, a combinação perfeita para o

último grande mestre da escultura

3.“ O Beijo, 1882-98” Como escultor, contrapôs as formas lisas, polidas e aveludadas dos

corpos, ao bloco de pedra rugoso, inacabado e em bruto de onde saíam.

A associação das duas figuras a um bloco de mármore grosseiramente aparelhado, permitia

acentuar o contraste de textura e consequemente destacar a leveza, sensualidade e

carnalidade dos corpos dos amantes.

Marcado ainda pelo ideal estético romântico que procurava a beleza através da representação

de estados de alma, "O Beijo" constituiu igualmente uma das obras precursoras do período

moderno da escultura, acompanhando o despontar do impressionismo na pintura.

A escultura "O Beijo" apresenta uma dimensão ligeiramente acima do natural (tem uma altura

de 183 centímetros) e encontra-se exposta no Museu Rodin, em Paris.