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UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA Edsel Paulo Rockel SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE GERADOR EÓLICO Campo Grande 2013

Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

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Trabalho de conclusão de curso (TCC) de Engenharia Elétrica da Universidade Anhanguera-Uniderp, apresentado à banca examinadora em 13 de novembro de 2013. Trata-se de um sistema de controle, com microcontrolador, que permite um gerador eólico carregar uma bateria automotiva dentro de parâmetros preestabelecidos, para proteger tanto o gerador quanto a bateria que está submetida à carga.

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA UNIDERP PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Edsel Paulo Rockel

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE GERADOR EÓLICO

Campo Grande – 2013 –

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Edsel Paulo Rockel

SISTEMA DE MONITORAMENTO E CONTROLE DE GERADOR EÓLICO

Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora do curso de Engenharia Elétrica da Universidade Anhanguera-Uniderp, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Elétrica.

Orientador: Professor Esp. Romualdo Orlandeli Sanches

-

Campo Grande – 2013 –

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AGRADECIMENTOS...

Ao professor Romualdo Orlandeli Sanches, meu orientador, pelas sugestões

oportunas, cobranças eventuais e apoio constante.

Ao Luiz Cesar Nocera, pela oportunidade que me concedeu de realizar este

Trabalho com o seu gerador eólico.

Ao Meteorologista Natálio Abrahão Filho, da Estação Meteorológica da

Universidade Anhanguera-Uniderp, por me disponibilizar os dados sobre velocidade

dos ventos na cidade de Campo Grande, os quais foram imprescindíveis para as

demonstrações teóricas neste Trabalho.

À Miriam, minha esposa, pela compreensão e paciência.

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RESUMO

Este trabalho mostra o projeto de um sistema eletrônico de controle de carga de

gerador eólico, permitindo que ele carregue uma bateria automotiva, a qual tem

capacidade inferior à mínima estabelecida para o banco de baterias previsto no

manual do gerador eólico. Utiliza-se o recurso de desvio de carga na saída do

gerador, através de transistores de potência do tipo MOSFET (metal–oxide–

semiconductor field-effect), sempre que a tensão ou a corrente elétrica do gerador

exceder parâmetros predeterminados em software contido no microcontrolador do

sistema. O regime de carga é monitorado através de um amperímetro e voltímetro,

mostrado em um visor LCD e há também um cronômetro que grava o tempo de

carga em que a bateria foi submetida durante o período que ela ficou conectada ao

gerador eólico.

Palavras chave: gerador eólico; Air Breeze; bateria automotiva; sensor hall; PSoC;

controle de carga.

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ABSTRACT

This paper describes an electronic system designed to control the charge of an

electrical generator driven by a wind turbine so as to allow it to charge an automotive

battery whose storage capacity is smaller than the minimum established for the

battery bank by the turbine’s manufacturer. It must be a diversion style regulator the

with MOSFETs (metal-oxide-semiconductor field-effect transistors) whenever either

the voltage or the electric current of the generator exceeded the parameters pre-

established by the software of the microcontroller. The system load was monitored by

an ammeter and a voltmeter on an LCD display that also contains a clock to record

the load time of the battery for the period that it was connected to the wind turbine. --

----------------------------------------------------------------

Keywords: wind turbine, Air Breeze, automotive battery, hall sensor; PSoC; loading

…… ……….control.

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Lista de Figuras

Página

Figura 1 Bateria alcalina, com célula em destaque . 16

Figura 2 Método de dois níveis de tensão . 20

Figura 3 Método de dois níveis de tensão, em função do tempo. 21

Figura 4 Gerador eólico Air Breeze 23

Figura 5 Diagrama de instalação. 24

Figura 6 Gerador eólico instalado sobre o teto do hangar. 27

Figura 7 Bancada de testes do gerador eólico. 27

Figura 8 Diagrama de ligação de amperímetro e voltímetro. 28

Figura 9 Corrente e tensão máxima indicada. 29

Figura 10 Corrente e tensão obtidas com a bateria totalmente carregada. 30

Figura 11 Fluxo de vento através de uma turbina eólica. 31

Figura 12 Gráfico da potência máxima possível – “Máximo de Betz”. 33

Figura 13 Curva do coefic. de pot. Cp, em função da velocidade do vento. 34

Figura 14 Velocidade máxima do vento, em intervalos de 5 minutos. 38

Figura 15 Velocidade média dos ventos, tomada a cada 15 minutos 39

Figura 16 Fluxograma do Sistema de Controle. 40

Figura 17 Diagrama em blocos simplificado. 42

Figura 18 Diagrama em blocos. 43

Figura 19 Diagrama geral do sistema. 43

Figura 20 Conexão do gerador à bateria. 44

Figura 21 Simulação de carga através do trans. IRF4905 (MOSFET P) 45

Figura 22 Gráfico da corrente – ID, em função da tensão – VDS. 46

Figura 23 Desvio de carga do gerador eólico. 47

Figura 24 Monitoramento da tensão da bateria pelo gerador. 48

Figura 25 Sensor de corrente por Efeito Hall, ACS750xCA-50 . 49

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Figura 26 Diagrama em blocos do Sensor Hall . 50

Figura 27 Diagrama de uma aplicação típica do Sensor Hall . 50

Figura 28 Aplicação de campo elétrico em uma barra de metal. 51

Figura 29 Diagrama do sensor de corrente (Sensor Hall). 52

Figura 30 Diagrama do sensor de tensão. 53

Figura 31 Diagrama do microcontrolador PSoC CY8C29466-24PXI. 54

Figura 32 Diagrama da fonte de alimentação de 5 V (VDD). 55

Figura 33 Proteção de sobrecarga da bateria. 56

Figura 34 Dispositivo de proteção contra sobrecorrente – PTC 57

Figura 35 Barra de alimentação, com proteção por polyfuses. 57

Figura 36 Sistema do gerador eólico, com as conexões da chave geral. 58

Figura 37 Ambiente de desenvolvimento IDE-PSoC Designer. 60

Figura 38 Variação da tensão de saída do sensor de corrente 61

Figura 39 Identificação dos terminais do microcontrol. PSoC de 28 pinos. 62

Figura 40 Diagrama do sistema de controle de carga. 67

Figura 41 Layout da PCI (Placa de Circuito Impresso). 70

Figura 42 Placa de circuito impresso montada. 71

Figura 43 Monitoramento e Controle de Gerador Eólico. 72

Figura 44 Gráfico de tensão e corrente – com a bateria descarregada 73

Figura 45 Gráfico de tensão e corrente – com a bateria carregada. 75

Figura 46 Ajuste da tensão de regulação (Set Point) 77

Figura 47 Gráfico de tensão e corrente, em teste real, ao vento. 79

Figura 48 Verificação da densidade da solução da bateria. 79

Figura 49 Verificação do tempo de carga. 80

Figura 50 Resistência de desvio fora da caixa do sistema de controle. 81

Figura 51 Carga do gerador aplicado ao resistor nos instantes de desvio. 82

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Lista de Tabelas

Página

Tabela 1: Características dos métodos de carga. 19

Tabela 2: Velocidades médias e máximas de ventos em Campo Grande, MS. 37

Tabela 3: Teste do Sist. de Monit. e Contr. de Carga, com bat. descarregada. 74

Tabela 4: Teste do Sist. de Monit. e Contr. de Carga, com bateria carregada. 76

Tabela 5: Teste em campo do Sist. de Monitoramento e Controle de Carga. 78

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Lista de Símbolos

Unidade

A Área da seção transversal das trilhas da placa de circ. Imp. (PCI). m²

CB Capacidade da Bateria. Ah

Coeficiente de potência de uma turbina eólica. adimensional

fclock Clock interno do microcontrolador Hz

I Corrente elétrica. A

Imin Corrente mínima A

Imáx Corrente máxima A

m Fluxo de massa de ar. kg/s

Massa específica do ar. kg/m³

Potência do vento na saída da turbina eólica. W

Potência do vento na entrada da turbina eólica. W

Potência elétrica W

Resistência interna da Bateria

Vmin Tensão mínima V

Vmáx Tensão máxima V

Vmed Tensão média V

VGen Tensão do gerador V

Vf Tensão de flutuação da bateria V

Vst Tensão máxima permitida pelo fabricante da bateria V

VH Tensão HALL V

VREF Tensão de referência V

VBE Tensão entre a base e o emissor de um transistor bipolar. V

VDS Tensão entre o dreno e a fonte de um transistor FET V

VGS Tensão entre a porta e a fonte de um transistor FET. V

VVT Velocidade do vento m/s

v Velocidade do vento livre. m/s

t Tempo s

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12

1.1 Objetivo ........................................................................................................................ 12

1.2 Restrições técnicas .................................................................................................... 12

1.3 Descrição e metodologia .......................................................................................... 13

1.4 Sequência da apresentação..................................................................................... 13

2. BATERIAS ................................................................................................................... 15

2.1 Baterias alcalinas ....................................................................................................... 15

2.2 Baterias chumbo ácida .............................................................................................. 16

2.3 Métodos de carga de baterias chumbo ácidas ..................................................... 18

2.4 Conceitos e termos relacionados às baterias ....................................................... 21

3. O GERADOR EÓLICO .............................................................................................. 23

3.1 Instalação e funcionamento ..................................................................................... 23

3.2 Características e especificações técnicas ............................................................. 25

3.2.1 Regulação ................................................................................................................... 26

3.2.2 Desaceleração ............................................................................................................ 26

3.2.3 Travagem .................................................................................................................... 26

4. TESTE EM BANCADA .............................................................................................. 27

4.1. Potência máxima ........................................................................................................ 28

4.1.1. Descrição do teste ..................................................................................................... 28

4.1.2. Análise dos dados ...................................................................................................... 29

5. CÁLCULO DE POTÊNCIA DO VENTO ................................................................. 31

6. DEMONSTRAÇÃO DA NECESSIDADE DO SISTEMA DE CONTROLE ........ 35

5.1 Cálculos teóricos ........................................................................................................ 36

5.2 Velocidade dos ventos na cidade de Campo Grande .......................................... 37

7. PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE ............................................................ 40

7.1. Definição dos valores de limitação do sistema ..................................................... 41

7.2. Diagramas em blocos ................................................................................................ 42

7.3. Estudo e desenvolvimento dos diagramas eletrônicos ........................................ 44

7.3.1. Etapa de potência ...................................................................................................... 44

7.3.1.1.Simulação do circuito de potência ......................................................................... 45

7.3.2. Etapa de desvio .......................................................................................................... 47

7.3.3. Monitoramento do nível de carga da bateria para o gerador .............................. 48

7.3.4. Monitoramento e controle do nível de corrente .................................................... 49

7.3.4.1.Sensor Hall ................................................................................................................ 49

7.3.4.2.O Efeito Hall .............................................................................................................. 50

Page 13: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

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7.3.4.3.Diagrama eletrônico do sensor de corrente ......................................................... 52

7.3.5. Monitoramento e controle do nível de tensão ....................................................... 53

7.3.6. Diagrama do microcontrolador ................................................................................. 54

7.3.7. Fonte de alimentação ................................................................................................ 55

7.3.8. Proteção de sobrecarga ............................................................................................ 56

7.3.9. Chave geral ................................................................................................................. 58

7.4. O microcontrolador PSoC CY8C29466-24PXI ...................................................... 59

7.4.1. Descrição do microcontrolador ................................................................................ 59

7.4.2. Configurações do microcontrolador ........................................................................ 60

7.4.3. Amperímetro ............................................................................................................... 61

7.4.4. Voltímetro .................................................................................................................... 65

7.4.5. Contagem do tempo de carga ................................................................................. 65

7.4.6. Controle de potência ................................................................................................. 67

8. MONTAGEM DO SISTEMA DE CONTROLE ....................................................... 69

8.1. Placa de circuito impresso ........................................................................................ 69

9. TESTES DO EQUIPAMENTO ................................................................................. 73

9.1. Testes em bancada ................................................................................................... 73

9.1.1. Com a bateria fraca ................................................................................................... 73

9.1.2. Com a bateria carregada .......................................................................................... 75

9.1.3. Ajuste do Set Point .................................................................................................... 76

9.2. Teste real, com vento ................................................................................................ 78

9.3. Aquecimento da resistência de desvio ................................................................... 80

9.3.1. As causas do aquecimento ...................................................................................... 82

10. CONCLUSÃO ............................................................................................................. 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................86

ANEXO A: Especificações técnicas do gerador eólico Air Breeze. ...........................89

ANEXO B: Diagrama completo do Sistema de Monitoramento e Controle ...............90

ANEXO C: Especificações técnicas do transistor POWER MOSFET IRF4905.........91

ANEXO D: Especificações técnicas do diodo schottky MBR1060.............................92

ANEXO E: Especificações técnicas do transistor POWER MOSFET IRF2907.........93

ANEXO F: Datasheet do resistor de desvio de caga, 2,2W×150W...........................94

ANEXO G: Planilha com velocidades dos ventos .....................................................95

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1. INTRODUÇÃO

Os geradores eólicos de pequeno porte são fabricados com o objetivo de

fornecer energia elétrica a embarcações, residências, pequenas indústrias ou

comunidades. Podem ser instalados isoladamente ou com a interligação de vários

geradores em paralelo ou ainda combinando-os com painéis fotovoltaicos.

Atualmente esses sistemas são ligados diretamente à rede elétrica, mas,

dependendo da escala de produção de energia ou da localidade onde estão

instalados, ainda utilizam-se bancos de baterias para armazenar a energia produzida

pelo vento.

Neste Trabalho, o gerador eólico utilizado para carregar uma bateria

automotiva é o Air Breeze. Ele não tem, em princípio, esta finalidade, pois é

destinado a carregar bancos de baterias. Sem sistema de controle, o gerador Air

Breeze só pode ser ligado a bancos de baterias de no mínimo 400 Ah. Baterias com

menos capacidade, se ligadas a ele, são danificadas, devido ao excesso de carga

que recebem.

1.1 Objetivo

O presente Trabalho consiste em desenvolver um equipamento

eletroeletrônico, microprocessado, que possibilite ao gerador eólico Air Breeze

carregar uma bateria de automóvel sem causar danos à bateria, por excesso de

carga, e também sem causar danos ao gerador, por aumento excessivo do seu giro

quando estiver desconectado da bateria, girando livre, em ocasiões de ventos fortes.

1.2 Restrições técnicas

De acordo com o manual do gerador, o Air Breeze não está concebido para

funcionar com sistemas de controle que utilizam a técnica de modulação por PWM

(Pulse Width Modulation) ou do tipo shunt (SOUTHWEST, 2011). Por esse motivo,

optou-se por desenvolver um sistema de controle com derivação, que desvia para

uma carga resistiva a saída do gerador quando a tensão ou a corrente produzida

pelo gerador exceder os limites máximos estabelecidos no software do Sistema de

Controle.

Page 15: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

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1.3 Descrição e metodologia

O Sistema de Controle não contém relés eletromecânicos. A comutação é

feita através de transistores de potência do tipo MOSFET (metal–oxide–

semiconductor field-effect). O sensor de corrente para o amperímetro é um sensor

HALL (ACS750); para o voltímetro a referência é tomada com divisor de tensão feito

com resistores e todos os dados – do amperímetro, voltímetro e cronômetro – são

processados por um microcontrolador PSOC CY8C29466-24PXI. A escolha deste

microcontrolador foi porque ele contém módulos analógicos internos, amplificador

programável (PGA) e um conversor analógico-digital duplo (Dual ADC). Para a

elaboração e testes do software – feito em liguagem C, no PSOC designer 5.4 – é

utilizada uma placa de desenvolvimento da Cypress (CY3210-PSOC EVAL1). A

visualização das indicações de corrente, tensão e tempo de carga é através de um

display LCD (liquid crystal display) de 16 caracteres × 2 linhas (SC1602A).

Devido à imprevisibilidade de ocorrência de ventos, o sistema de controle

contém também um cronômetro (timer) que é disparado toda vez que o gerador

eólico fornece corrente de carga à bateria. Cada tempo gravado é somado à

gravação anterior e o total mostrado em um visor LCD.

1.4 Sequência da apresentação

Apesar deste Trabalho ter como foco o carregamento de baterias

automotivas, essas baterias não são tecnicamente as mais recomendadas para

comporem bancos de baterias destinadas ao fornecimento de energia elétrica a

residências, embarcações ou pequenas edificações comerciais (BASTOS, 2013;

MOURA, 1996). Por isso, este Trabalho inicia-se com uma pesquisa bibliográfica

sobre os diferentes tipos de baterias existentes no mercado, com um enfoque

especial às baterias automotivas.

Em seguida há a apresentação do gerador eólico Air Breeze. Além das

informações contidas no seu manual de instruções, fornecido pelo fabricante do

gerador, mostra-se uma sequência de testes que foi realizada em bancada

especialmente montada para este fim, para comprovar com prática experimental os

parâmetros técnicos desse gerador eólico e também para demonstrar a necessidade

Page 16: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

14

do Sistema de Controle a ser desenvolvido neste TCC (Trabalho de Conclusão de

Curso).

Nos capítulos subsequentes há a elaboração do projeto do sistema de

controle, sua execução e testes finais.

As definições de parâmetros e seus respectivos cálculos – referentes ao

Sistema de Controle – são mostradas durante a apresentação do projeto e na fase

de testes do equipamento em bancada e em campo, com eventuais mudanças do

projeto original, em função dos resultados obtidos nos testes práticos.

O diagrama geral e outras documentações podem ser vistas em anexos, nas

últimas páginas desta monografia.

Page 17: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

15

2. BATERIAS

Há diversos tipos de baterias, cuja escolha depende do uso a que se pretende

fazer dela. Essa escolha nem sempre é feita levando-se em conta apenas

parâmetros técnicos – que dizem respeito às especificações da bateria, sua

capacidade de se submeter a descargas profundas ou fornecer altas correntes em

curto espaço de tempo. O fator econômico, mais precisamente o preço da bateria, a

facilidade de aquisição e assistência técnica são fatores que em muitas ocasiões

pesam mais na hora da escolha.

2.1 Baterias alcalinas

A bateria de NI-CAD é um dos mais eficientes armazenadores de energia

elétrica disponíveis. Ela é rígida, compacta, provê correntes elevadas na saída,

apesar de seu pouco peso, carrega rapidamente, possui excelentes características

de funcionamento a baixas temperaturas e mantém uma tensão relativamente

constante na saída, até descarregar-se completamente (EMBRAER, 1977).

As baterias alcalinas, em especial as de Níquel-Cádmio (NiCd) ou Níquel

Metal Hidreto (NiMH), admitem descargas profundas de até 90% da capacidade

nominal, com baixíssimo coeficiente de autodescarga. A sua capacidade de

absorção de carga é superior a 80% e possui alto rendimento mesmo sob variações

extremas de temperatura. Durante a manutenção é possível substituir células

individualmente. A tensão de cada célula é de 1,2 volts e devem ser totalmente

descarregadas antes de serem submetidas à recarga, devido ao efeito memória

(EMBRAER, 1983).

Tecnicamente, as baterias alcalinas são as mais indicadas para o uso em

banco de baterias, mas o seu alto custo de aquisição e manutenção as tornam

inviáveis na maioria dos casos. Essas baterias requerem equipamentos especiais

para monitorar o processo de carga, porque não podem sofrer superaquecimento,

devido ao risco de incêndio. O ambiente de armazenamento e manuseio dessas

baterias não pode ser o mesmo de baterias chumbo ácidas, devido ao risco de

ocorrerem reações químicas que as danifiquem (EMBRAER, 1983).

A Figura 1 mostra detalhes de uma bateria alcalina, com a tampa superior

retirada.

Page 18: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

16

Figura 1: Bateria alcalina, com célula em destaque . Fonte: Manual de Sistemas Elétricos – (EMBRAER, 1983, p. 43).

2.2 Baterias chumbo ácida

Baterias chumbo ácida são as mais utilizadas para armazenamento de

energia e podem ser classificadas como:

1- Baterias SLI (Starting, Lighting and Igniton – arranque, iluminação e

ignição);

2- Baterias de tração;

3- Baterias estacionárias.

1- As baterias SLI – ou baterias de arranque, também conhecidas como

automotivas – são desenvolvidas para operarem durante períodos curtos,

como na partida do motor de um automóvel. As placas que constituem as

suas células são finas e em grande quantidade, o que resulta em uma

maior superfície ativa entre elas e suportam altas descargas de corrente

em curtos espaços de tempo. Por não serem utilizadas durante longos

ciclos (tempos longos de descarga) e não suportarem descargas

profundas, elas não são as mais recomendadas para sistemas de bancos

de baterias, apesar de usadas em sistemas de baixo custo (SAAD, 2012).

2- As baterias de tração podem ser submetidas a descargas profundas,

aceitam ciclos longos e possuem placas mais grossas e duráveis. Devido

a essas características, elas são geralmente utilizadas em veículos elétricos

e são recomendadas para sistemas eólicos e fotovoltaicos autônomos.

Page 19: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

17

3- As baterias estacionárias são comumente utilizadas em no-breaks para

computadores, equipamentos telefônicos e outros sistemas onde não se

pode ter interrupção da alimentação. Estas baterias permitem descargas

mais profundas se comparadas às baterias SLI.

Conforme o regime de descarga, temperatura de operação e aspectos

construtivos da bateria, as placas positivas ou negativas serão ou limitadoras da

capacidade ou superdimensionadas. Por exemplo: nas baterias de tração,

construídas especialmente para uso com correntes de média intensidade (uso

industrial), na faixa de temperatura entre 10º e 30ºC, a placa negativa é limitadora da

capacidade. Já para as altas correntes de descarga das baterias automotivas, na

mesma faixa de temperatura, é a placa positiva a limitadora da capacidade, porque a

placa negativa é superdimensionada (MOURA, 1996).

Os principais fatores construtivos que influem na capacidade de um elemento

são: matéria ativa e concentração de eletrólito; espessura das placas; área de

contato das placas com o eletrólito; porosidade das placas, e os componentes das

placas e da grade (MOURA,1996). Citando como exemplo a espessura das placas,

em geral altas correntes exigem placas finas – como são as das baterias

automotivas. Como o tempo disponível para que ocorra a reação é mais curto nas

correntes elevadas, convém que os íons obtenham uma penetração maior nas

placas e de forma mais acelerada, antecipando o contato com a matéria ativa. As

placas grossas são mais apropriadas para descargas lentas, como, por exemplo, as

baterias de no-breaks (estacionárias). Baterias com placas finas apresentam menor

vida útil que as baterias com placas grossas.

As baterias chumbo ácida também se distinguem pela forma de seu eletrólito:

Há as baterias inundadas e as baterias seladas.

Baterias inundadas são as clássicas baterias que dispõem de abertura para

a verificação do nível e concentração do eletrólito, assim como para a reposição de

água destilada ou deionizada.

Baterias Seladas são similares às inundadas, mas possuem eletrólito

suficiente em reserva para operarem dentro dos seus ciclos normais de vida,

dispensando reposição de água e manutenção. Elas não dispõem de aberturas para

verificação de estado, nível de eletrólito e reposição de água, o que pode limitar sua

vida útil. Por este motivo não devem sofrer sobrecarga, descargas profundas, e altas

Page 20: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

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temperaturas. É primordial serem carregadas adequadamente para o aumento de

performance e durabilidade (SAAD, 2012).

Há variações construtivas de baterias chumbo ácidas (VRLA e Gel, por

exemplo), igualmente seladas, requerendo, portanto, os mesmos cuidados.

Há algumas desvantagens apresentadas pelas baterias de chumbo e ácido,

tais como a dificuldade de se determinar com precisão o SOC (State of Carge ou

estado de carga, que é a quantidade de carga presente na bateria em relação à

carga máxima), principalmente quando a bateria está em operação (com carga ou

descarga em andamento) e a baixa densidade de energia que ela armazena, em

relação aos outros tipos de baterias. A durabilidade de uma bateria de chumbo e

ácido depende do regime de carga e descarga e da temperatura de operação

(COELHO, 2001).

O valor típico de tensão nos terminais de uma bateria de chumbo e ácido é

aproximadamente 2,14 V por célula, se completamente carregada (BASTOS, 2013).

O valor dessa tensão na verdade depende do seu estado de carga, se está sendo

carregada, descarregada ou em circuito aberto. Em geral, a tensão de uma célula

varia entre 1,75 e 2,5 volts, sendo a média cerca de 2 volts; a qual se costuma

chamar de tensão nominal da célula (MOURA, 1996). Se a bateria de chumbo ácida

não for utilizada por algum tempo, sua capacidade é reduzida devido à auto

descarga. Assim, uma tensão de flutuação deve ser imposta nos terminais da bateria

quando ela não estiver em operação, em torno de 2,2 V por célula (COELHO, 2001).

A capacidade de armazenagem de energia de uma bateria depende da

velocidade de descarga. A capacidade nominal que a caracteriza corresponde a um

tempo de descarga de 20 horas (C20) (NBR15914, 2013). Quanto maior for o tempo

de descarga, maior será a quantidade de energia que a bateria fornece. Um tempo

de descarga típico em sistemas eólicos e fotovoltaicos é 100 h. Por exemplo: uma

bateria que possua uma capacidade de 80 Ah, em 10 h (capacidade nominal), terá

100 Ah de capacidade em 100 h (MOURA, 1996).

2.3 Métodos de carga de baterias chumbo ácidas

O tempo de carga e o rendimento são dois fatores muito importantes para a

carga de uma bateria. A carga rápida requer corrente maior e isso diminui o

rendimento. Ambos (tempo de carga e rendimento) devem ser tratados de forma a

se obter um equilíbrio. Os fatores que limitam o processo de carga são: a tensão

Page 21: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

19

terminal e a temperatura, já que tensões e temperaturas elevadas danificam e

reduzem a vida útil da bateria (COELHO, 2001).

A capacidade armazenada por uma bateria, durante o processo de carga, são

os ampères-hora adquiridos durante o processo. Esses ampères-hora armazenados

são extraídos da bateria durante a descarga. Segundo a lei dos ampères-hora de

Woodbridge, 1935, quando a bateria se encontra em estado de carga baixo, a

aceitação de carga é elevada e vai diminuindo à medida que a bateria vai carregando.

A aceitação de carga depende não só das condições de carga, mas também da

construção da bateria, do tempo de uso e da temperatura (BASTOS,_2013).

Os métodos de carga de bateria vistos na literatura são cinco: corrente

constante; tensão constante; potência constante; corrente pulsada e métodos

mistos, nos quais existem estágios de alternâncias entre os outros métodos

(COELHO, 2001; BOSCH, 2007; SAAD, 2012).

Tabela 1 Características dos métodos de carga.

Fonte: COELHO, 2001.

Na Tabela 1 são apresentadas as características dos métodos de carga. O

método de corrente constante o que apresenta um dos melhores resultados, porque

Page 22: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

20

a corrente é controlada, evitando aquecimento. Porém, a bateria pode ser danificada

por ficar exposta a tensões elevadas (valores mais altos do que os limites máximos

permitidos pelo fabricante da bateria), então a tensão deve ser gerenciada durante

todo o processo.

No método de tensão constante a corrente tende a alcançar valores elevados

em determinados momentos, por isso deve ser utilizado para pequenos intervalos de

tempo. A temperatura deve ser observada para evitar aquecimento excessivo.

De acordo com a Tabela 1, vê-se que o método de potência constante deve

ser utilizado também com supervisão da temperatura da solução e somente para

curtos intervalos de tempo. Mas difere do método de tensão constante, porque a

potência injetada diminuí à medida que a bateria vai adquirindo carga. Neste método

a redução de potência não ocorre, fazendo com que as perdas ôhmicas sejam

superiores em relação ao método de tensão constante, devido à injeção de uma

potência mais elevada durante todo o processo.

Dos métodos mistos utilizados, destaca-se o método com dois níveis,

mostrado na Figura 2. Este método se baseia na união das características dos

métodos de corrente constante e do método de tensão constante, alternados de forma

a utilizar as melhores características de cada um (COELHO, 2001; BASTOS, 2013).

Figura 2: Método de dois níveis de tensão . Fonte: COELHO, 2001.

Supondo a bateria descarregada, aplica-se no primeiro estágio uma corrente

mínima, controlada (Imin), evitando-se, com isso, picos de corrente e formação

excessiva de gases. Esta etapa é mantida até que a bateria atinja uma tensão

mínima de trabalho (Vmin).

Page 23: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

21

Ao ser alcançado Vmin, inicia-se o processo de carga da segunda etapa,

injetando a corrente de carga desejada Imax. Com a injeção de uma corrente de carga

elevada, a tensão tende a subir a uma taxa proporcional à corrente. No momento em

que ela atinge o valor máximo permitido pelo fabricante da bateria (Vst), a terceira

etapa é iniciada, fixando-se este valor de sobretensão na bateria.

A terceira etapa tem a função de reduzir o tempo de carga por meio da

regulação de uma sobretensão Vst. Como a tensão é fixa, a corrente de carga inicia

um processo de queda, à medida que a bateria se aproxima da carga completa.

Ao ser atingida a carga completa, inicia-se a quarta etapa, que tem a função

de compensar a autodescarga da bateria, aplicando-se uma tensão de flutuação Vf,

uma vez que a bateria está carregada e não está em operação. Após o uso da

bateria, caso o processo de carga se inicie com uma carga diferente de zero, o

processo necessitará ser reiniciado a partir da segunda etapa.

A Figura 3 mostra a representação do método com dois níveis de tensão em

função do tempo (t).

Figura 3: Método de dois níveis de tensão, em função do tempo. Fonte: COELHO, 2001.

2.4 Conceitos e termos relacionados às baterias

A 1.ª Lei de Faraday estabelece que durante uma eletrólise, a massa de uma

substância libertada em qualquer um dos eletrodos, bem como a massa da substância

decomposta, é diretamente proporcional à quantidade de eletricidade que passa pela

solução. Decorrente dessa Lei, surge o conceito de capacidade (MOURA, 1996).

A capacidade de uma bateria é expressa na unidade de ampère-hora ou, de

forma menos usual, na unidade watt-hora.

A capacidade em ampère-hora mede a quantidade de eletricidade que a

bateria plenamente carregada pode fornecer numa descarga a uma determinada

Page 24: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

22

corrente até uma tensão final estabelecida, denominada tensão de corte. A

capacidade em watt-hora, por outro lado, é a energia que a bateria pode fornecer

durante a mesma descarga. A capacidade em watt-hora pode ser obtida

multiplicando-se a capacidade em ampère-hora pelo valor médio da tensão durante

o período de descarga. Portanto, na medida da capacidade é necessário especificar o

regime de descarga, a tensão final de corte e a temperatura da descarga (MOURA, 1996).

No teste de capacidade mais usual, se toma um valor constante para a

corrente de descarga, de modo que a capacidade é dada pela expressão CB = I . t,

onde I é a corrente de descarga, t é o tempo decorrido desde o início da descarga

até a tensão final de corte.

Define-se regime de descarga tanto pelo tempo total da descarga, quanto

pela corrente. Por exemplo: numa descarga completa de 20 horas de duração, com

corrente de 1,8 A, o regime de descarga pode ser especificado como “regime de 20

horas” ou “regime de 1,8 A”.

Já a tensão de corte é a tensão mínima admissível de operação da bateria em

descarga e varia conforme o regime. Ao descarregar além desse limite se observa a

queda brusca da tensão. Esta prática conduz a prejuízos estruturais na bateria, sem

nenhum ganho significativo em capacidade.

Outros termos relacionados à capacidade são:

1- Capacidade Nominal: trata-se da capacidade assegurada pelo fabricante

para uma bateria nova e em condições de operação especificadas. Um

acumulador com capacidade de 36 Ah, para 20 h de descarga, se

representa como C20. A corrente que é capaz de fornecer durante 20 horas

é de 1,8 A e se representa por I(C20)=1,8A.

2- Profundidade de descarga: são os ampères-hora extraídos de uma

bateria plenamente carregada, expressos como uma porcentagem da

capacidade.

3- Estado de carga (EC): ampères-hora disponíveis em uma bateria

expressos como uma porcentagem da capacidade.

4- Ciclo de vida: número total de ciclos que uma bateria pode suportar sob

certas condições.

5- Vida: período durante o qual uma bateria é capaz de operar, mantendo a

capacidade e o nível de rendimento.

Page 25: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

23

3. O GERADOR EÓLICO

O gerador eólico utilizado neste Trabalho é um aerogerador de pequeno

porte, que pode ser instalado em barcos, topo de edifícios, residências e outros

locais que tenham uma demanda adequada a sua capacidade de geração de

energia elétrica e haja ocorrência de ventos constantes. É fabricado nos Estados

Unidos e incorpora tecnologia de última geração.

Os folders de propaganda deste aerogerador informam que ele é silencioso,

eficiente e necessita de pouco vento para gerar energia (SOUTHWEST, 2011).

A Figura 4 mostra o gerador eólico.

Figura 4: Gerador eólico Air Breeze Fonte: Rockel, 2013

3.1 Instalação e funcionamento

O fabricante do gerador eólico recomenda que a altura mínima da torre deve

ser de 25 pés (7,6 m) em campo aberto ou 20 pés (6 m) acima de construções

próximas, porque a turbulência dos ventos reduz a eficiência e provoca desgastes

nas partes rotativas do gerador. Há diversas configurações de instalação possíveis,

associadas com painéis solares ou vários geradores eólicos agrupados, mas essas

configurações não serão abordadas neste Trabalho, porque não se relacionam com

Page 26: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

24

o projeto. Considerar-se-á apenas um gerador, cujo diagrama de instalação está

mostrado na Figura 5.

Figura 5: Diagrama de instalação do gerador eólico AIR BREEZE. Fonte: Manual do proprietário Air Breeze (SOUTHWEST, 2011, p. 13).

O fabricante do gerador eólico recomenda ligar o gerador diretamente ao seu

banco de baterias. É necessária a instalação de um interruptor de passagem, para

fornecer um modo conveniente de desligá-lo. Quando o interruptor desliga o gerador

do banco de baterias, ele coloca em curto os terminais do gerador, para evitar que o

rotor dispare por ação do vento – quando esse estiver muito intenso.

Page 27: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

25

As turbinas eólicas funcionam através da captura de energia cinética do ar em

movimento (o vento), convertendo-a em movimento de rotação de seu eixo, que está

acoplado a um alternador, que produz energia elétrica.

As pás giram em resposta ao vento. Dependendo da força do vento,

continuarão girando até elevar a tensão elétrica produzida a um nível acima da

tensão do banco de baterias, iniciando o carregamento.

O gerador eólico possui um alternador trifásico e seu controle é comandado

por um microcontrolador interno. O microcontrolador monitora a velocidade do rotor,

o nível de carga e a tensão do banco de baterias e, em função dessas variáveis,

atua nos circuitos internos do gerador – conforme informa o fabricante do gerador

(SOUTHWEST, 2011).

A seguir são descritos os recursos que o gerador tem, conforme consta no

manual do proprietário.

3.2 Características e especificações técnicas

O Air Breeze é um aerogerador leve, com apenas 6 kg, e seu rotor tem

diâmetro de 1,17 m. Ele necessita de uma velocidade mínima do vento de 2,7 m/s

(9,7 km/h) para começar a girar. Em testes realizados em bancada, que serão

mostrados no capítulo seguinte, constatou-se que o início do giro do rotor do gerador

não significa, necessariamente, que ele já tenha potência suficiente para carregar

uma bateria.

Para definir a potência nominal do gerador, que é de 160 watts, o fabricante

tomou como referência ventos com velocidade de 28 mph, que corresponde a

aproximadamente 12,5 m/s (45 km/h).

Outras especificações técnicas podem ser vistas no Anexo A, que se encontra

no final desta publicação.

O gerador roda livremente se estiver desligado, sem uma carga elétrica

conectada nele. Se o vento estiver muito intenso, ele pode atingir rapidamente o

limite máximo de velocidade e é travado pelo sistema interno de segurança. A

repetição sucessiva deste processo pode danificar o gerador. Por isso, na ausência

de carga elétrica, deve-se deixar os seus terminais curto-circuitados.

Ele possui os seguintes recursos de proteção automática:

Page 28: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

26

1- Regulação;

2- Desaceleração;

3- Travagem.

3.2.1 Regulação

O ponto de regulação (set point) vem definido de fábrica para 14,1 volts, mas

pode ser ajustado entre 13,6 e 17 volts. Não se trata de regulagem da saída do

gerador, como, em princípio, se pode pensar. Dá-se o nome de ponto de regulação,

ou set point, ao valor de tensão atingida pelo banco de baterias, durante a carga, em

que se considera que ele esteja totalmente carregado.

Quando a tensão do banco de baterias atinge o set point, o gerador entra no

modo “regulação”. Neste momento ele deixa de produzir energia e a rotação das pás

diminui drasticamente. O gerador permanece em regulação até a tensão do banco

de baterias atingir um valor ligeiramente abaixo do set point. Quando esse nível é

atingido, chamado de “nível de transição", as pás do gerador eólico retornam à

rotação normal, em resposta ao vento.

O modo de regulação é indicado por um LED, existente na parte debaixo do

corpo do gerador eólico, o qual pisca cerca de duas vezes por segundo.

3.2.2 Desaceleração

O modo desaceleração ocorre com uma redução abrupta da rotação do

gerador para cerca de 500 - 700 rpm. O gerador entra nesse modo quando a

velocidade do vento atinge 15,6 m/s (56,16 km/h) e permanece neste modo até a

velocidade do vento diminuir para 14 m/s (50,4 km/h). Se for detectado uma

velocidade de vento de 22 m/s (79,2 km/h), a turbina ficará totalmente desligada por

5 minutos.

O LED indica o modo de desaceleração piscando aproximadamente 10 vezes

por segundo.

3.2.3 Travagem

O modo de travagem ocorre quando os terminais de saída do gerador eólico

são postos em curto-circuito. Esse procedimento pode ser feito manualmente,

acionando o interruptor do gerador, ou automaticamente, com comando interno do

gerador, quando há ventos muito fortes.

Page 29: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

27

4. TESTE EM BANCADA

O gerador eólico escolhido como objeto de pesquisa para a realização deste

Trabalho fica instalado sobre o teto de um hangar no aeroporto Teruel, conforme se

vê na foto apresentada na Figura 6.

Figura 6: Gerador eólico instalado sobre o teto do hangar. Fonte: ROCKEL, 2013.

Para verificar in loco as suas características e especificações técnicas, ele foi

retirado desse local e instalado em uma bancada, sem as pás da hélice, de forma

que o seu giro pôde ser feito com uma furadeira elétrica, de rotação variável,

mostrada na Figura 7. Assim, a realização dos testes não ficaram restritas à

ocorrência de ventos.

Figura 7: Bancada de testes do gerador eólico. Fonte: ROCKEL, 2013.

Page 30: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

28

4.1. Potência máxima

Para verificar a potência máxima do gerador, utilizou-se uma bateria

automotiva de 12 volts × 60 Ah conectada diretamente ao gerador, conforme o

diagrama mostrado na Figura 8.

Figura 8: Diagrama de ligação de amperímetro e voltímetro. Fonte: ROCKEL, 2013.

Para a obtenção da potência máxima do gerador eólico, aplicada à bateria,

durante o giro do gerador em bancada, utilizou-se dois multímetros selecionados

para medir corrente e tensão respectivamente. Para facilitar o registro desses dados,

manteve-se acionada a tecla HOLD MAX em cada um dos instrumentos, para

congelar a imagem do visor no valor máximo indicado.

4.1.1. Descrição do teste

Com a furadeira elétrica acoplada ao gerador eólico, aumentou-se

gradualmente a rotação até atingir o limite máximo permitido pelo sistema de

proteção automática do gerador, o qual então travou o gerador – como se o “vento”

tivesse atingido a velocidade de 15,6 m/s (56,16 km/h). Nesse instante, os valores

indicados nos instrumentos eram:

1- Imáx = 13,25 A;

2- Vmáx = 14,66 V.

A bateria não estava carregada, apresentando tensão de 11,93 V, antes do

início do giro.

A Figura 9 mostra a indicação de corrente e tensão registradas pelos

multímetros no final do teste.

Page 31: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

29

Figura 9: Corrente e tensão máxima indicada. Fonte: ROCKEL, 2013.

Com os dados obtidos de corrente e tensão, a potência aplicada pelo gerador

à bateria, no instante final, foi de:

4.1.2. Análise dos dados

A potência nominal do gerador eólico é 160 W. No teste realizado obteve-se

194,25 W. Esta aparente discrepância certamente se justifica pela rotação aplicada

ao gerador. O fabricante do gerador estipulou como parâmetro de definição da

potência nominal ventos com velocidade de 12,5 m/s (45_Km/h). No teste, elevou-se

a rotação do gerador até o sistema de segurança interno dele travar, indicando que

a rotação aplicada correspondia a ventos com velocidade de aproximadamente 15,6

m/s (56,16 km/h). Portanto, o gerador foi submetido a um esforço extremo – máxima

rotação permitida – e, nesse instante, atingiu 194,25 W de potência.

Sabe-se que, dependendo das condições de carga, a bateria oferece uma

certa resistência à corrente de carga, limitando-a. Se a bateria estiver descarregada,

sua resistência (para o gerador) será baixa e a corrente de carga alta. Assim que

começa a carregar, sua resistência interna (para o gerador) aumenta e a corrente de

carga diminui.

A bateria que foi submetida ao teste não estava totalmente descarregada

(com 11,93 V antes do giro). A tensão de corte, em circuito aberto, de uma bateria

automotiva, é em torno de 10,5_V (MOURA, 1996). A 50% de carga ela possui 2,03 V

por célula e 1,95 V quando totalmente descarregada (COELHO, 2001). Mesmo assim,

durante o giro, a corrente subiu rapidamente, com pouco aumento de tensão. Pode-

Eq. 1

Page 32: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

30

se inferir, diante dessas considerações, que o crescimento da intensidade de

corrente de carga seria ainda maior com a bateria totalmente descarregada.

Um segundo teste foi realizado, com a bateria totalmente carregada, para

observar se, nesta condição, o aumento de tensão seria mais significativo do que o

aumento de corrente e obteve-se os seguintes dados no final do giro:

1- Tensão da bateria antes do giro: 12,73 volts.

2- Imáx = 7,63 A

3- Vmáx = 16,37 V

Figura 10: Corrente e tensão obtidas com a bateria carregada. Fonte: ROCKEL, 2013.

Observou-se que a tensão aumentou mais rapidamente do que a corrente

durante o giro. Mas, o teste foi encerrado antes do sistema de segurança do gerador

travar, não atingindo a potência máxima. Foi o suficiente para permitir o cálculo da

resistência interna da bateria (para o gerador) no instante final de cada giro (Eq. 2).

Pela Lei de Ohm,

A resistência interna da bateria, considerando o instante final do primeiro e

segundo teste, respectivamente, é:

A potência aplicada pelo gerador sobre a bateria é sempre a máxima

disponível, em função do vento, enquanto os valores de tensão e corrente de carga

dependerão do estado de carga da bateria (EC).

Eq. 2

Page 33: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

31

5. CÁLCULO DE POTÊNCIA DO VENTO

A equação da continuidade de Bernoulli define que a vazão de fluído é

constante para diferentes localizações ao longo do tubo de vazão, considerando-se

que não há fluxo de massa através dos limites do tubo de vazão e assumindo-se

que a massa específica do ar é constante, o que é válido para velocidades do vento

menores que 100 m/s (fluído incompressível) (CUSTÓDIO, 2009).

Ao converter a energia cinética do vento, a turbina eólica provoca a redução

da velocidade do vento na saída do rotor, o que resulta no aumento do diâmetro do

tubo de vazões, como se vê na Figura 11.

Figura 11: Fluxo de vento através de uma turbina eólica. Fonte: Electrónica, (http://www.electronica-pt.com/index.php/content/view/17/29/).

A potência do vento extraída pela turbina eólica é a diferença de potência

entre o fluxo de ar na entrada e na saída do rotor eólico, como demonstra a equação 3:

Onde:

Pt = potência extraída do vento pela turbina eólica (W),

Pe = potência disponível no vento na entrada do rotor eólico (W);

Ps = potência disponível no vento na saída do rotor eólico (W).

Se o vento perde muita velocidade atrás do rotor, o ar irá fluir em volta da

área do rotor, em vez de atravessá-lo. Por isso, a máxima potência que pode ser

extraída do vento por uma turbina eólica apresenta uma limitação que é referente a

uma velocidade do vento na saída do rotor eólico, que não pode ser inferior a 1/3 da

Eq. 3

Page 34: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

32

velocidade do vento incidente (v). Neste caso, o rotor absorve a energia equivalente

a 2/3 da energia disponível no vento livre, antes da turbina (CUSTÓDIO, 2009).

A potência do vento na entrada da turbina é dada pela equação 4:

Onde:

Pe = potência disponível no vento na entrada do rotor eólico (W);

m = fluxo de massa de ar (kg/s);

v = velocidade do vento livre (m/s).

Sendo que:

m = A ve

Onde:

m = fluxo de massa de ar (kg/s);

= massa específica do ar (kg/m³);

A = área da seção transversal (m²);

ve = velocidade do vento na entrada da turbina (m/s).

Então, a potência do vento na entrada da turbina eólica é dada por:

De forma similar, pode-se determinar a expressão da potência do vento na

saída da turbina, considerando-se que vs = v/3, ou seja:

Substituindo-se as equações 7, 6 e 3, obtêm-se a máxima potência do vento

que pode ser extraída por uma turbina eólica:

ou:

Onde:

Ptmáx = máxima potência possível de ser extraída do vento por uma turbina (W);

= massa específica do ar (kg/m³);

A = área da seção transversal varrida pelo rotor da turbina (m²);

Eq. 4

Eq. 5

Eq. 6

Eq. 7

Eq. 8

Eq. 9

Page 35: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

33

v = velocidade do vento livre antes da turbina (m/s);

P = potência disponível do vento (W).

Desconsiderando perdas na turbina eólica, ela poderá extrair no máximo

16/27 da potência disponível do vento, o que representa 59,3% dessa potência

(CUSTÓDIO, 2009). Este valor é chamado de “Máximo de Betz”, ou “Coeficiente de

Betz”. No gráfico abaixo (Figura 12), vê-se as curvas de potência do vento e da

máxima possível de extração pelo gerador eólico.

Figura 12: Gráfico da potência do vento e da máxima potência possível de ser extraída por uma turbina eólica – “Máximo de Betz”.

Fonte: Energia Eólica (CUSTÓDIO, 2009, p. 72).

Uma turbina real somente fará a extração de parte da potência máxima do

vento, porque há perdas na conversão da energia eólica.

O coeficiente Cp indica a relação entre a potência realmente extraída do vento

por uma turbina eólica e a potência disponível no vento, como se vê na equação 10:

Onde:

Cp = coeficiente de potência de uma turbina eólica (adimensional);

Pt = potência produzida pela turbina eólica (W);

= massa específica do ar (kg/m³);

Eq. 10

Page 36: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

34

A = área varrida pelo rotor da turbina (m²);

v = velocidade do vento (m/s).

O coeficiente Cp de uma turbina eólica varia de acordo com a velocidade do

vento. Vê-se um exemplo, de um determinado gerador eólico, na Figura 13. Esta

variação deve-se ao fato das pás do rotor da turbina alterarem suas eficiências

aerodinâmicas em função da variação da velocidade do vento incidente. O ponto de

máximo da curva Cp × v representa a máxima eficiência da turbina e é obtida em uma

determinada velocidade do vento.

A posterior conversão em energia elétrica ainda inclui outra redução de

potência devida aos rendimentos dos demais equipamentos, tais como gerador,

transmissão, etc. (CUSTÓDIO, 2009).

Figura 13: Exemplo de curva do coeficiente de potência Cp de um gerador eólico. Fonte: Energia Eólica (CUSTÓDIO, 2009, p. 68).

Portanto, a viabilidade de um projeto de conversão de energia eólica em

energia elétrica, além da frequência de ocorrência de ventos durante o ano, depende

também de um conjunto de fatores que resultarão (ou não) na potência pretendida

ou necessária, para o fim que se destina o projeto. A velocidade dos ventos é um

desses fatores fundamentais.

Page 37: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

35

6. DEMONSTRAÇÃO DA NECESSIDADE DO SISTEMA DE CONTROLE

No caso específico do sistema de controle desenvolvido neste Trabalho, não

se visa o carregamento de um banco de baterias, mas de uma bateria automotiva

unicamente, ligada ao gerador eólico.

O gerador aplica sobre os terminais da bateria toda a potência disponível, em

função da velocidade do vento (Eq. 9). Um banco de baterias, de no mínimo 400 Ah,

não precisa de sistema de controle, porque a potência máxima que o gerador aplica

nos momentos de vento forte não excede a capacidade de absorção de carga das

baterias. No entanto, se uma bateria automotiva de, por exemplo, 60 Ah for

conectada aos terminais do gerador, ela poderá ser submetida a um nível de

carregamento muito elevado, superior ao que ela suporta, e será danificada.

São os fabricantes de baterias que estipulam os níveis máximos

recomendados de corrente e tensão de carga para as baterias chumbo ácidas. A

tensão não deve exceder 14,5 volts (para baterias de 12 volts em regime de tensão

constante) e a corrente não deve exceder 10% da capacidade da bateria, quando

em regime de corrente constante (MOURA, 1996; Bosch, 2007; SAAD, 2012; BASTOS,

2013). Não significa, necessariamente, que tensões e correntes de carga com

valores acima dessa limitação danificarão a bateria. O risco, neste caso, está

vinculado ao aumento de temperatura no interior dela.

Em procedimentos de carga rápida, a intensidade de corrente de carga

ultrapassa os 10% da capacidade nominal da bateria. Em uma publicação técnica da

Johnson Controls – Treinamento Técnico em Baterias Automotivas –, diz o seguinte:

Normalmente, não é recomendada carga rápida para baterias chumbo-

ácido, devendo ser utilizada somente em situações de emergência.

Neste caso, recomendamos a recarga com corrente constante de 30%

da capacidade nominal, limitando a tensão ao máximo de 16 V e a

temperatura da solução a 50º-C.

(JOHNSON CONTROLS, 2009, p. 25.)

Pode-se concluir, então, que são aceitáveis regimes de carga com correntes

que atinjam até 30% da capacidade nominal da bateria e tensões até 16 volts,

porém requerem um monitoramento da temperatura do eletrólito, devido à

possibilidade de superaquecimento.

Page 38: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

36

Diante dessas constatações, resta saber o quanto de carga o gerador Air

Breeze aplica à bateria automotiva conectada a ele, em diversos níveis de

intensidade de ventos que ocorrem durante as estações do ano.

5.1 Cálculos teóricos

Nos experimentos realizados para verificar a potência máxima do gerador

(Cap. 3.3.1), obteve-se os seguintes dados:

1- Resistência interna da bateria, com ela semi descarregada, Ri1 = 1,106 ;

2- Resistência interna da bateria, com ela carregada, Ri2 = 2,145

Esses valores de resistência interna da bateria se referem unicamente aos

respectivos instantes que foram obtidos. Mas, apenas como um exercício teórico,

eles serão utilizados para calcular tensão e corrente de carga em condições

diferentes de velocidade do vento e de potência produzida pelo gerador.

Supondo a potência nominal do gerador (160 W) sendo aplicada à bateria

com essas resistências internas, resulta em correntes de carga de:

=>

=>

E tensões (Eq. 2):

Com esses dados, verifica-se que os valores obtidos de corrente de carga

(entre 8,64 e 12,03 A) são muito elevados, se aplicados durante um longo período de

tempo a uma bateria de chumbo e ácido de 60 Ah. Da mesma forma, a tensão de

18,53 V seria excessiva para essa bateria.

Porém, a potência nominal pode não retratar a realidade cotidiana da cidade

de Campo Grande – local do experimento com o gerador eólico Air Breeze –, porque

a potência nominal do gerador (160 W), é especificada pelo manual do gerador,

considerando a velocidade de vento de 12,5 m/s (45 km/h).

Diante disso, um estudo a respeito das velocidades de ventos em Campo

Grande se faz necessário.

Eq. 11

Page 39: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

37

5.2 Velocidade dos ventos na cidade de Campo Grande

Na Tabela 2, vê-se uma tomada de dados de velocidade média e máxima de

ventos, realizada na Estação Meteorológica da Universidade Anhanguera-Uniderp,

entre os meses de janeiro e setembro de 2013.

Tabela 2 Velocidades médias e máximas de ventos em Campo Grande, MS.

Mês Velocidade (m/s)

média máxima

Janeiro 1,7 25,5

Fevereiro 1,3 16,1

Março 1,5 16,5

Abril 1 12,5

Maio 1,2 19,2

Junho 0,7 20,6

Julho 1,9 15,6

Agosto 2,3 15,2

Setembro 2,2 18,3

Fonte: Estação Meteorológica da Universidade Anhanguera-Uniderp, 2013.

Os dados de temperatura, pressão, velocidade do vento, radiação solar,

umidade do ar, ponto de orvalho e outros são computados, na Estação

Meteorológica da Universidade Anhanguera-Uniderp, a cada 5 minutos todos os

dias, de forma ininterrupta (informação verbal) 1. Para compor a Tabela 2, extraiu-se do

sistema apenas os dados referentes à velocidade dos ventos. Esses dados são

apresentados prontos, calculados em software do próprio sistema computacional da

Estação Meteorológica.

No mês de junho aparece o registro do menor valor de velocidade média

(0,7_m/s) e o segundo valor mais alto de velocidade máxima (o valor mais alto é o de

janeiro, 25,5 m/s). Nota-se que em ambos os casos (Vmáx e Vmin) o gerador eólico Air

Breeze não estaria carregando a bateria automotiva, porque a velocidade mínima

para o rotor dele começar a girar é 2,7 m/s e a máxima que ele pode atingir, sem

travar, é 15,6_m/s.

Os dados médios e máximos de velocidade do vento de um mês inteiro não

nos permitem tirar conclusões a respeito do tempo de funcionamento do gerador

durante esse período. Mas, analisando-se somente as velocidades máximas,

(1) Informação prestada pelo meteorologista Natálio Abrahão Filho, da Estação Meteorológica da ..Universidade Anhaguera-Uniderp.

Page 40: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

38

constata-se que o gerador não atingiria a velocidade de travamento somente nos

meses de abril e agosto, conforme os números apresentados na coluna de

velocidade máxima, na Tabela 2. Em todos os outros meses ele seria submetido a

velocidades acima da máxima que ele funciona sem travar.

Para se ter uma noção melhor do funcionamento do gerador eólico durante

um determinado período, montou-se uma planilha no M. Excel, com os valores

médios e máximos de velocidade dos ventos, de um determinado período de um dia

do mês de agosto. Esta planilha pode ser vista no Anexo G.

Na Figura 14 é mostrado um gráfico com dados restritos a hora em que se

registrou a velocidade máxima daquele mês (15,2 m/s) e na Figura 15 se vê um

gráfico das velocidades médias registradas entre 6 horas da manhã até ao meio-dia,

ambos referentes ao dia 14 de agosto de 2013.

Figura 14: Velocidade máxima em intervalos de 5 minutos. Período das 8 às 9 horas da manhã do dia 14 de agosto de 2013, quando ocorreu a maior velocidade de vento naquele mês

..................(15,2 m/s 54,72 km/h, às 8 h e 30 min).

Fonte: Estação Meteorológica da Universidade Anhanguera-Uniderp, 2013.

A média das velocidades máximas tomadas a casa 5 min, entre 8 e 9 horas, é:

(43,16 km/h)

Já o gráfico mostrado na Figura 15 é diferente, porque cada ponto registra a

velocidade média computada em cada intervalo (e não a velocidade máxima de

cada intervalo, como no gráfico da Figura 14).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

08:00 08:05 08:10 08:15 08:20 08:25 08:30 08:35 08:40 08:45 08:50 08:55 09:00

V (m/s)

V (m/s)

V(m/s)

h:min

Eq. 12

Page 41: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

39

Figura 15: Velocidade média dos ventos, tomada a cada 15 minutos. Período das 6 às 12 horas da manhã do dia 14 de agosto de 2013.

Fonte: Estação Meteorológica da Universidade Anhanguera-Uniderp, 2013.

A média das velocidades tomadas das 6 às 12 horas, é (Eq.12):

(17,28 km/h)

Sendo 2,7 m/s a velocidade de início do giro e 15,6 m/s a velocidade de

travamento do gerador; a condição de produção de energia elétrica pelo gerador é

dada por:

2,7 < VVt < 15,6

VVt = Velocidade do vento (m/s)

Conclui-se que, apesar das velocidades máximas e mínimas dos ventos que

ocorreram no dia 14 de agosto de 2013, na cidade de Campo Grande (considerando

o dia inteiro, de 24 horas), terem registrado valores que ficam fora dos limites de

funcionamento do gerador eólico Air Breeze, para carregar uma bateria, houve

períodos durante o dia, como entre 6 e 12 horas da manhã, que a média das

velocidades indica que ele poderia estar em operação, produzindo eletricidade.

Os picos de velocidades mais altas, nos períodos estudados (janeiro a

setembro de 2013), extrapolam o valor definido de velocidade do vento para a

potência nominal do gerador (que é de 12,5 m/s), inclusive no mês de agosto – cujo

pico máximo de velocidade (15,2 m/s) ficou abaixo da velocidade de travamento

(15,6 m/s), mas acima da velocidade que determina a potência nominal.

Considerando que a potência nominal do gerador já pode ser excessiva para

carregar uma bateria automotiva – conforme ficou demonstrado no cálculo teórico da

seção 5.1 – há a necessidade de um sistema de controle de carga para o gerador

Air Breeze, se ele for conectado a uma bateria automotiva.

0

2

4

6

8 0

6:0

0

06

:15

06

:30

06

:45

07

:00

07

:15

07

:30

07

:45

08

:00

08

:15

08

:30

08

:45

09

:00

09

:15

09

:30

09

:45

10

:00

10

:15

10

:30

10

:45

11

:00

11

:15

11

:30

11

:45

12

:00

V (m/s)

V (m/s)

V(m/s)

h:min

Eq. 13

Page 42: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

40

7. PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE

No manual do gerador eólico há a seguinte advertência:

CUIDADO: Não utilize uma modulação de largura de impulsos (PWM) ou um

controlador do tipo shunt; o Air Breeze não está concebido para

funcionar com estes tipos de controladores. A maioria dos controladores

concebidos para funcionarem com painéis solares não é adequada para

o Air Breeze. Esses controladores desligam os painéis solares – ou

neste caso o Air Breeze – do banco de baterias, quando as baterias

estiverem carregadas, permitindo que o Air Breeze rode livremente.

(SOUTHWEST, 2011, p. 25)

Além do aviso em destaque, o manual recomenda que o sistema de controle

seja do tipo de derivação, que desvia para uma carga resistiva a saída do gerador

quando este produzir uma energia em excesso.

Sendo assim, o sistema de controle desenvolvido neste Trabalho é do tipo de

derivação, com a sequência demonstrada no fluxograma da Figura 16. Se não

houver vento, o gerador fica conectado à bateria, porém sem produzir carga (gerador

parado), e quando ocorrer vento, o sistema de controle monitorará os parâmetros de

corrente e tensão.

Figura 16: Fluxograma do sistema de controle.

Fonte: ROCKEL, 2013.

Page 43: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

41

7.1. Definição dos valores de limitação do sistema

Conforme foi exposto no capítulo 5, não é recomendável submeter a bateria

chumbo ácida a um regime de carga com correntes acima de 10% de sua

capacidade nominal por um período longo, bem como não ultrapassar o nível da

tensão de carga de 14,5 volts, para baterias de chumbo e ácido de 12 volts

nominais. Ainda naquele capítulo, na sequência deste tema, mostrou-se uma

exceção ou flexibilização desses limites, quando houvesse necessidade de cargas

rápidas de bateria, não podendo, porém, nesses casos, a corrente ultrapassar 30%

do valor da capacidade nominal da bateria e a tensão 16 V – com monitoramento da

temperatura interna da bateria (JOHNSON CONTROLS, 2009).

Para o sistema de controle de carga, apresentado neste Trabalho,

considerou-se os seguintes limites máximos:

1- Tensão: 14,5 V;

2- Corrente: 9 A.

O valor máximo estabelecido para a tensão (14,5 V) é o definido pelos

fabricantes de baterias automotivas para regimes de cargas de tensão constante,

sem risco de danificar a bateria (BOSH 2007; JOHNSON CONTROLS, 2009). O regime

de carga do gerador eólico não é constante em tensão, corrente ou potência, porque

depende da velocidade dos ventos, que varia constantemente. Mas, ao estabelecer-

se o nível máximo de tensão para a carga da bateria igual ao previsto para um

regime de carga de tensão constante, têm-se assegurado a ausência de riscos de

danificar a bateria devido ao excesso de tensão, haja vista a pouca margem de

flexibilização permitida, até 16 V em curtos períodos, pouco mais de 1% de 14,5_V.

Já o valor máximo atribuído à corrente de carga (9 .A) é arbitrário.

O principal fator que impõe a necessidade de limitação de corrente no

processo de carga da bateria é o superaquecimento interno. As publicações técnicas

estabelecem como temperatura máxima da solução 50º C (BOSCH, 2007; JOHNSON

CONTROLS 2009). Enquanto não houver aumento de temperatura, a corrente de

carga da bateria pode ser aumentada em 30% da capacidade nominal, de acordo

com a publicação da Johnson Controls – que corresponde a 18 A para baterias de 60

Ah – ou até 25 A, tomando-se como referência o Manual de Baterias Bosch

(BOSCH,_2007,_p._13).

Page 44: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

42

Desta forma, tem-se a premissa de que o limite máximo de corrente de carga

estabelecido em 9 ampères está dentro de uma faixa que preserva a integridade da

bateria automotiva de 60 Ah, a ser carregada pelo gerador eólico. Parte-se do

princípio de que os ventos são inconstantes – como se vê nos gráficos das figuras

14 e 15 – e os níveis de corrente e tensão ficam oscilando para mais e para menos,

eventualmente atingindo os picos máximos, quando atuará a proteção do sistema de

controle, seja pela corrente ou tensão máxima.

7.2. Diagramas em blocos

Na figura 17, vê-se o diagrama em blocos simplificado do projeto do sistema

de controle.

Figura 17: Diagrama em blocos simplificado.

...Fonte: ROCKEL, 2013.

O sistema de controle monitora os níveis de corrente e de tensão de carga,

através de sensores que enviam essas informações ao microcontrolador e este

aciona o sistema de controle, desviando a carga do gerador para uma “resistência

de desvio”, mantendo o gerador com carga (para não girar livre) e desconectando a

bateria do gerador, preservando-a.

Na Figura 18, apresenta-se o diagrama em blocos completo do sistema de

controle. Este diagrama foi elaborado a partir de informações fornecidas pelo manual

do gerador e obtidas em testes realizados em bancada.

Page 45: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

43

Figura 18: Diagrama em blocos.

...Fonte: ROCKEL, 2013.

O controle conecta o gerador à bateria ou à resistência de desvio,

dependendo dos valores de tensão e corrente fornecidos ao microcontrolador pelos

respectivos sensores. Quando o gerador está conectado à bateria, acende o led

verde e quando em desvio, acende o led vermelho.

No display são mostrados os valores de corrente, tensão e também pode ser

visto o tempo de carga, se pressionar o botão Timer.

A bateria ou o gerador, se este estiver produzindo carga, alimenta a fonte de

5 V para o microcontrolador e display.

O gerador monitora o nível de carga da bateria, para cessar a carga ao atingir

o set point.

A Figura 19 mostra como é ligada a chave seletora do sistema.

Figura 19: Diagrama geral do sistema. ...Fonte: ROCKEL, 2013. ..........

Page 46: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

44

O interruptor de três posições, mostrado no diagrama geral (Figura_19), liga o

gerador diretamente ao banco de baterias; à bateria automotiva – através do sistema

de controle, ou curto-circuita o gerador na posição desligado (posições 1, 2 e 3).

7.3. Estudo e desenvolvimento dos diagramas eletrônicos

Neste capítulo são apresentados os circuitos eletrônicos de todas as etapas

do projeto do Sistema de Monitoramento e Controle.

7.3.1. Etapa de potência

A conexão do gerador à bateria é feita através do transistor IRF4905. Ele é

um MOSFET de potência de canal P, com – 52 A de corrente contínua máxima de

dreno, à 100º C de temperatura de operação (TC). A tensão limiar da porta (gate

threshold voltage, Vth) está entre – 2 V e – 4 V. As características principais deste

transistor POWER MOSFET – relacionadas a este projeto – estão mostradas no

Anexo C, no final desta monografia.

Figura 20: Conexão do gerador à bateria. ...Fonte: Desenho próprio.

Quando a tensão do gerador é maior do que a tensão da bateria, ele fica em

condições de carregá-la. Dependerá do comando do microcontrolador (C), através

do transistor Q3, para que haja a condução no sentido GERADOR → BATERIA, pelo

transistor Q1, como se vê na Figura 20. O led verde acende quando o gerador está

conectado à bateria.

O transistor Q3, 2N7002, que comanda a porta do MOSFET de potência Q1, é

um transistor de efeito de campo (FET), de canal N. Optou-se por esse transistor – e

não por um transistor de junção bipolar – devido à baixa queda de tensão entre

Page 47: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

45

dreno e fonte, o que resulta em um comando mais definido (sem a queda de tensão

VCE que ocorre nos transistores bipolares).

O diodo D1 é um diodo schottky (MBR1060). Ele impede o fluxo de corrente

no sentido BATERIA → GERADOR, porque o transistor POWER MOSFET não tem

capacidade para bloqueio de tensões inversas. O fato se deve ao diodo intrínseco

antiparalelo existente em sua estrutura (AHMED, 2006). Optou-se por um diodo

schottky por causa de sua baixa queda de tensão direta.

A corrente máxima IF(AV) (Average Rectified Forward Current) do diodo é 10 A

e a tensão reversa máxima é 60 V. Outras características podem ser vistas no seu

datasheet – Anexo D.

7.3.1.1. Simulação do circuito de potência

Na Figura 21, vê-se uma simulação feita no PROTEUS 7.7. O objetivo desta

simulação é verificar as condições do transistor IRF4905, quando submetido aos

valores extremos de corrente (9 A) e tensão (14,5 V) do gerador, aplicados à bateria,

definidos na programação do microcontrolador.

Figura 21: Simulação de carga da bateria através do transistor IRF4905 (POWER MOSFET canal P). ..Fonte: ROCKEL, 2013.

S D

G

Page 48: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

46

O transistor Q3 (2N7002) – que aparece no diagrama da Figura 20 – foi

substituído pelo interruptor (SW) na simulação da Figura 21.

Quando um MOSFET de potência é usado como chave e está na condição

ligado, é forçado a operar na região ôhmica. Isso garante que a queda de tensão no

dispositivo seja baixa, de tal modo que a corrente de dreno fique determinada pela

carga. Assim, a perda de potência no dispositivo é pequena (AHMED, 2006).

Figura 22: Gráficos da corrente – ID, em função da tensão – VDS, em cada nível de tensão VGS. ..Fonte: Datasheet do transistor POWER MOSFET P IRF4905, f. 3.

No diagrama da simulação, mostrado na Figura 21, a tensão de queda no

transistor Q1 (POWER MOSFET) é 0,13 V e a corrente 9 A. Se plotar estes valores

no gráfico da Figura 22, em qualquer nível de tensão VGS acima de 5 V, cairá na

região ôhmica do transistor, demonstrado pelas retas diagonais, onde a corrente ID

aumenta (em módulo) de forma diretamente proporcional ao aumento da tensão VDS.

A condição para operação do MOSFET na região ôhmica é dada por:

VDS ≥ VGS + VTH e VDS < 0

(Para MOSFET canal P)

Substituindo pelos dados mostrados na simulação, considerando VTH = (–_2)

temos:

VDS = (– 0,13) ≠ 0

(– 0,13) ≥ (– 14,5) + (– 2) => (– 0,13V) > (– 16,5V)

Eq. 14

Page 49: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

47

A potência dissipada pelo transistor Q1 (Eq. 1):

7.3.2. Etapa de desvio

Durante o processo de carga da bateria pelo gerador, quando a tensão ou a

corrente excede o limite estipulado no programa do microcontrolador, este comanda

o transistor Q1 para cortar o fornecimento de carga à bateria (comando feito através

do transistor Q3). Simultaneamente, o microcontrolador aciona o desvio de carga

para o gerador eólico não girar livre. O desvio de carga é proporcionado por outro

MOSFET de potência, IRF2807, canal N, o qual conecta ao gerador uma resistência

de 2,2 × 150W. O led vermelho acende nesse instante.

O transistor IRF2807 opera com 63 A de corrente máxima de dreno, à 100º C

(TC). A tensão limiar da porta (gate threshold voltage, Vth) está entre 2 V e 4 V. As

características principais deste transistor POWER MOSFET – relacionadas a este

projeto – estão mostradas no Anexo E, no final desta monografia.

Na Figura 23, vê-se o diagrama da etapa de desvio de carga do gerador.

Figura 23: Desvio de carga do gerador eólico. ..Fonte: ROCKEL, 2013

Para o transistor MOSFET de potência canal N entrar no modo de condução,

o dreno deve ser positivo em relação à fonte (VD > VS) e uma tensão pequena

positiva (VGS) aplicada na porta. Não havendo tensão na porta, a chave (transistor)

fica desligada; ou seja: é a tensão da porta que controla as condições “ligado” e

“desligado” (AHMED, 2006).

Page 50: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

48

Portanto, quando o transistor Q4 estiver conduzindo, não há tensão entre a

porta e a fonte (VGS) de Q2 e ele permanece em corte, dando condição ao gerador

de carregar a bateria. Quando o microcontrolador altera o estado de Q4, deixando-o

em corte (aberto), o resistor R3 aplica uma tensão positiva na porta de Q2 e ele

passa a conduzir, conectando ao Terra (GND) a resistência de desvio R2, a qual

passa a ser a carga do gerador, que foi desconectado da bateria nesse instante.

7.3.3. Monitoramento do nível de carga da bateria para o gerador

O fabricante do gerador eólico informa que ele necessita de uma tensão

mínima da bateria de aproximadamente 10,5 V. Se não houver essa informação ao

gerador (da tensão da bateria), ele funcionará como se estivesse em circuito aberto

(SOUTHWEST, 2011). Diante disso, é necessário inserir no projeto um modo do

gerador monitorar a tensão da bateria.

Figura 24: Monitoramento da tensão da bateria pelo gerador. ...Fonte: ROCKEL, 2013.

Na Figura 24 vê-se o transistor de junção bipolar NPN (BC337) posicionado

no sentido de condução BATERIA → GERADOR. Ele é um transistor de sinal, com

corrente máxima de coletor (IC), 800 mA e 45 V de tensão máxima VCE, conforme

informações de seu datasheet (MOTOROLA, 1996).

O resistor R4, de 1k, polariza a base do transistor. Como a impedância nos

terminais do gerador é muito alta (constatada durante testes em bancada), o valor de

R4 não é crítico, porque não haverá fluxo significativo de corrente pelo transistor Q5

em nenhuma das seguintes condições:

VGen > VBat , VGen < VBat e gerador em desvio.

O diodo D3 coloca em corte o transistor Q5 quando o gerador estiver em

desvio (VB_<_VE).

Page 51: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

49

7.3.4. Monitoramento e controle do nível de corrente

O valor da intensidade de corrente é obtido por um sensor que opera por

Efeito Hall, e envia essa informação ao microcontrolador.

7.3.4.1. Sensor Hall

A informação da intensidade de corrente de carga, dada ao microcontrolador,

é fornecida pelo sensor ACS750xCA-50, da Allegro MicroSystems Inc. Trata-se de

um sensor totalmente integrado, baseado no Hall Effect, com isolação de alta tensão

e baixa resistência no condutor de corrente.

A corrente que flui através do condutor de cobre interno do sensor, gera um

campo magnético que o C.I. Hall transforma numa tensão proporcional. Esse

condutor – que tem capacidade de até 50 A – possui resistênca de 130 μΩ. A

precisão do dispositivo é otimizada pela proximidade do sinal magnético do

transdutor Hall. Uma tensão proporcional, exata e estável, é fornecida na saída do

sensor (ALLEGRO, 2009).

Os terminais do condutor de corrente são eletricamente isolados dos

condutores de sinal. Isto permite que a família ACS75x de ICs sensores não

necessitem do uso de opto-isoladores ou outras técnicas de isolamento

dispendiosas (ALLEGRO, 2009).

A Figura 25, abaixo, mostra o sensor de corrente utilizado neste Trabalho.

Figura 25: Sensor de corrente por efeito hall, ACS750xCA-50 . ...Fonte: Rockel 2013.

Na foto está bem visível o condutor de passagem da corrente, que atravessa

o interior do chip. Vê-se também os três terminais menores, de alimentação e saída

de sinal. Nas próximas figuras, 26 e 27, são mostrados, respectivamente, o

Page 52: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

50

diagrama em blocos das etapas do circuito interno e o diagrama esquemático dos

pinos do componente.

Figura 26: Diagrama em blocos do Sensor Hall . ...Fonte: Datasheet do componente (ALLEGRO, 2009).

Figura 27: Diagrama de uma aplicação típica do Sensor Hall . ...Fonte: Datasheet do componente (ALLEGRO, 2009).

7.3.4.2. O Efeito Hall

O efeito Hall é a produção de diferença de potencial através de um condutor

elétrico. Essa tensão é transversal à corrente no condutor e é perpendicular ao

campo magnético. Dentro de um mesmo material, por exemplo um fio metálico que

esteja conduzindo corrente e sendo afetado por um campo magnético, surge uma

Page 53: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

51

diferença de tensão entre dois locais, pertencentes a um plano perpendicular à

corrente e ao campo magnético incidente ao fio, dessa mesma barra. O Efeito Hall

foi descoberto por Edwin H. Hall no final do século XIX (RESENDE NETO, 2010).

Figura 28: Aplicação de campo elétrico em uma barra de metal. ...Fonte: Resende Neto, 2010.

A diferença de potencial entre os dois pontos V = VH e V = 0V como mostrado

na Figura 28, é chamada de tensão de Hall. A magnitude da força magnética

implicada na Barra é qvdB. Essa força magnética é equilibrada pela força

eletrostática da magnitude qEH, onde EH é o campo elétrico à separação das cargas

elétricas. Então temos que EH = vdB. Se a largura da barra é w, a diferença de

potencial é EHw. Com isso, a tensão Hall é (TIPLER, 2009):

VH = EH w → VH = vd Bw

Onde VH é a tensão Hall, w é a largura da barra, vd é a velocidade de deriva

dos elétrons, e B é o campo magnético incidente perpendicularmente à barra. Como

esta velocidade de deriva para correntes comuns é muito reduzida, podemos, por

meio da tensão Hall, extrair a quantidade de portadores de carga por unidade de

volume. Essa magnitude pode ser dada como (TIPLER, 2009):

|I| = |q| n vd A

Onde A é a área da seção transversal da barra, e n é a densidade de

portadores de carga. Para uma barra de largura w e espessura d, resultaria em

A_=_w_d.

Eq. 15

Eq. 16

Page 54: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

52

Eq. 17

Eq. 18

Eq. 19

Como a maioria dos portadores de cargas são elétrons, a quantidade |q|, é a

carga de um elétron e. Então, a densidade de número de portadoras de carga n é

dada por (TIPLER, 2009):

Substituindo as equações 14 e 16, temos que:

Onde I é a corrente, B é o campo magnético, d é a largura da fita, e é a carga

do elétron, VH é a tensão Hall.

Com isso, a tensão Hall nos fornece um método conveniente para a medida

de campos magnéticos. Se rearranjarmos a equação anterior, podemos escrever a

tensão Hall como:

Onde, VH é a tensão Hall, I a corrente que passa na barra, n a densidade de

portadoras de carga, d a altura, e a carga elementar do elétron, e B o campo

magnético.

7.3.4.3. Diagrama eletrônico do sensor de corrente

Figura 29: Diagrama do sensor de corrente (Sensor Hall). ...Fonte: ROCKEL, 2013.

A Figura 29 apresenta a ligação do gerador à bateria, com o sensor de

corrente inserido entre o transistor Q1 e o diodo D1. Vê-se que a corrente de carga

passa pelo condutor principal do sensor de corrente e, através do efeito Hall, uma

Page 55: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

53

Eq. 20

tensão proporcional ao valor da corrente é produzida no pino 3 do sensor e enviada

ao microcontrolador (como também é mostrado nas figuras 26 e 27).

O sensor é alimentado por 5 V (VDD) e a sua saída varia entre + 2 V e - 2 V,

corespondentes a + 50 A e - 50 A. Portanto, há uma relação de 40 mV/A. O valor de

referência 0 A (zero amper) é igual a 2,5 V da tensão da fonte de 5 V.

O processamento desses sinais no microcontrolador é apresentado na

seção_7.4.

7.3.5. Monitoramento e controle do nível de tensão

A informação da tensão da bateria, dada ao microcontrolador, é feita por um

divisor de tensão, conforme mostra a Figura 30.

Figura 30: Diagrama do sensor de tensão. ...Fonte: ROCKEL 2013.

Uma tensão proporcional à tensão da bateria é enviada ao microcontrolador.

O resistor variável (Aj1) serve para aferir essa tensão, de acordo com a indicação no

display LCD do sistema de controle e um voltímetro padrão de referência.

Para facilitar o ajuste – para que ele seja suave – todo o percurso do resistor

variável compreende apenas aproximadamente 2,5% da resistência total do divisor

de tensão, como se vê na equação 20, abaixo.

Page 56: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

54

Eq. 21

Há a necessidade de incluir um divisor de tensão – ao invés de se obter uma

leitura direta da tensão da bateria – porque o microcontrolador é alimentado com

apenas 5 V. Uma variação de zero a 20 V na tensão do gerador corresponderá a uma

variação de zero a 5 V na leitura feita pelo microcontrolador, conforme está mostrada

na equação 21:

O processamento desses sinais no microcontrolador é apresentado na

seção_7.4.

7.3.6. Diagrama do microcontrolador

A Figura 31 apresenta as ligações feitas no microcontrolador PSoC

CY8C29466-24PXI, da Cypress.

Figura 31: Diagrama do microcontrolador PSoC CY8C29466-24PXI. ...Fonte: ROCKEL, 2013.

No diagrama mostrado acima se vê as conexões elétricas feitas no

microcontrolador dos sensores de corrente e tensão, controle dos transistores de

Page 57: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

55

potência Q1, Q2, timer, display LCD, interruptor de iluminação e trimpot de ajuste do

contraste dos caracteres do display, além da alimentação ( 5 V ).

O microcontrolador comanda o os transistores Q1 e Q2 em função dos níveis

de sinais recebidos de corrente e tensão de carga, produzidos pelo gerador. Ele

mostra no visor LCD a intensidade de corrente de carga e a tensão na bateria.

Quando pressiona-se o botão TIMER, aparece no visor LCD a indicação de tempo

de carga a que a bateria foi submetida desde o início, quando foi conectada ao

gerador. O resistor variável Aj2 ajusta o contraste dos caracteres mostrados no visor

LCD e a chave Sw1 liga ou desliga a luz do visor.

7.3.7. Fonte de alimentação

Para o microcontrolador, sensor de corrente (sensor HALL) e o display LCD

são necessários 5 V de tensão de alimentação. Esta tensão é fornecida por um

regulador de tensão 7805, conforme se vê no diagrama da Figura 32.

Figura 32: Diagrama da fonte de alimentação de 5 V (VDD). ... Fonte: ROCKEL, 2013.

A entrada do regulador de tensão é ligada ao terminal positivo da bateria e,

portanto, recebe energia proveniente do gerador, quando este estiver produzindo

tensão maior do que a da bateria, ou da bateria, quando o gerador estiver fora.

A finalidade de manter o microcontrolador alimentado, mesmo quando o

gerador não estiver produzindo (quando não há ventos), é para não apagar os dados

referentes à contagem de tempo de carga armazenados na memória RAM do

microcontrolador.

A corrente do microcontrolador é 30 mA, do sensor HALL 10 mA e do display

LCD 0,3 mA, considerando esses componentes operando com corrente máxima e a

Page 58: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

56

luz do display desligada, conforme informações nos seus respectivos datasheets

(HITACHI, 1998; CYPRESS, 2004; ALLEGRO, 2009).

7.3.8. Proteção de sobrecarga

Na proteção contra sobrecarga da bateria, em caso de falha do sistema de

controle, utiliza-se um dispositivo limitador de corrente de estado sólido, com

coeficiente positivo de temperatura (PTC), comercialmente denominado de

POLYSWITCH ®.

A Figura 33 mostra o dispositivo de proteção instalado na entrada positiva do

Sistema de Controle – na linha condutora que vem do gerador e atravessa o sistema

de controle, levando carga à bateria.

O valor escolhido para o PTC é o mesmo definido no programa do sistema de

controle: 9 A. Se eventualmente o controle de corrente máxima não atuar, o polyfuse

cortará o fornecimento de corrente de carga do gerador à bateria.

Figura 33: Proteção de sobrecarga da bateria, inserida no sistema de controle do gerador.

Fonte: ROCKEL, 2013.

A escolha desse dispositivo de proteção de sobrecorrente se deve às

diferenças importantes, quando comparado com fusíveis e disjuntores. O dispositivo

PTC interrompe a passagem de corrente ao circuito quando há uma sobrecarga, no

entanto, ele não precisa ser substituído, como um fusível, e nem rearmado, como

um disjuntor, porque o PTC reinicia automaticamente a condução de corrente

quando cessa a sobrecarga no circuito.

Quando um disjuntor PTC está acionado, ele deixa passar uma quantidade

pequena, inofensiva, de corrente através dele, mantendo porém os dispositivos

desligados. A pequena corrente passante não representa qualquer risco de incêndio

ou danos à fiação ou componentes do circuito, mas serve para manter o dispositivo

de rearme. Depois que a causa da sobrecorrente é eliminada, demora cerca de dez

a quinze segundos para o PTC esfriar, redefinir-se e estar pronto para uso

Page 59: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

57

novamente. O PTC pode ser desarmado milhares de vezes sem nenhum perigo

(CONTROL VISION, 1997).

A Figura 34, mostra um dispositivo de proteção PTC e na Figura 35 pode-se

ver uma série desses dispositivos instalados na placa de um painel de interruptores

de sistemas elétricos de aeronave.

Figura 34: Dispositivo de proteção contra sobrecorrente – PTC (Positive Temperature Coefficient).

Fonte: <www.farnell.com.br>

.

Figura 35: Barra de alimentação elétrica, utilizada em aviões, com proteção dos circuitos feitas por

polyfuses (PTC).

Fonte: ROCKEL, 2013.

Page 60: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

58

7.3.9. Chave geral

Inseriu-se no equipamento construído neste Trabalho uma chave geral, para

possibilitar, através deste equipamento, comandar todas as opções oferecidas pelo

sistema do gerador eólico, que são as seguintes:

1- Gerador desligado;

2- Gerador conectado a uma bateria automotiva;

3- Gerador conectado a um banco de baterias.

Figura 36: Diagrama de comando do gerador eólico, através da chave seletora (S1).

Fonte: ROCKEL, 2013.

O interruptor (S1) tem três posições, mas apenas duas vias – ele fica

desligado na posição central. Por isso foi necessário incluir relés para conectá-lo ao

Sistema de Controle, quando posicionado no centro – como se vê na Figura 36 .

O interruptor tem capacidade para 20 ampères, como recomenda o manual

do gerador (SOUTHWEST, 2011), mas os relés escolhidos para comporem este

sistema têm capacidade para apenas 10 A, por isso são dois relés em paralelo.

Com a chave S1 na posição central, os relés K1 e K2 ficam desligados e

conectam o Sistema de Controle ao gerador, através dos seus respectivos contados

normalmente fechados.

Nas outras posições da chave – para cima ou para baixo, como se vê na

Figura 43 – a chave geral conecta o gerador ao banco de baterias, pelos contatos

NA dos relés, que ficam energizados pelo gerador, ou, na posição “Desligado”, curto-

circuita os dois terminais de saída do gerador diretamente pela chave seletora.

O diodo D3 protege os circuitos dos transientes que ocorrem quando as

bobinas dos relés são desligadas.

Page 61: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

59

7.4. O microcontrolador PSoC CY8C29466-24PXI

O controle dos níveis de corrente e tensão de carga da bateria é efetuado

pelo microcontrolador PSoC CY8C29466-24PXI, da Cypress Semiconductor

Corporation. Neste subcapítulo apresenta-se o processamento desses sinais,

captados da linha de carga pelos respectivos sensores de corrente e tensão, e

também da contagem do tempo em que ocorre o fluxo de corrente do gerador para a

bateria, cessando a contagem (e mantendo armazenado o valor contado) nos

momentos em que o gerador fica parado (sem vento).

7.4.1. Descrição do microcontrolador

O microcontrolador PSoC incorpora a tecnologia SoC – System on Chip. O

PSoC – Programmable System on Chip – é a evolução natural dessa nova

tecnologia e um precursor das novas tendências que surgirão futuramente

(NICOLSON; SANTOS, 2006).

Trata-se de um microcontrolador constituído por um conjunto de subsistemas

em um mesmo chip que pode ser configurado para formar um sistema complexo.

Não há nele apenas estruturas que comportam a tecnologia digital; foram agregados

módulos analógicos que, juntos com os digitais, possibilitam uma infinidade de

configurações.

Um PSoC contém amplificadores de áudio e instrumentais, filtros ativos,

comparadores, Uarts, timers, contadores, PWMs, conversores A/D, conversores D/A,

interfaces I2C, SPI, etc.

Dentre as diversas características inovadoras, uma das que também surgiu

como um fator importante para a escolha deste microcontrolador para a realização

deste Trabalho, é o ambiente de desenvolvimento chamado IDE-PSoC Designer. Ele

é fácil de ser manuseado e possui muitos recursos programáveis de roteamento de

sinais analógicos e digitais através dos barramentos de dados. Há também uma

biblioteca de módulos, denominada User Module, para facilitar a configuração do

dispositivo. Os módulos dessa biblioteca estão pré-programados para desempenhar

suas funções específicas. Com todos esses recursos disponíveis, a arquitetura de

um projeto é feita no PSoC apenas interligando-se blocos, restando à programação

o que se restringe exclusivamente ao processamento dos sinais.

Page 62: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

60

Eq. 22

7.4.2. Configurações do microcontrolador

As cofigurações globais, para a execução dos projetos do amperímetro,

voltímetro, timer e dos comandos do sistema de controle de carga, constituem

basicamente das definições das portas, frequência de clock, tensão de alimentação,

tempo de amostragem para os conversores A/D e alocações dos blocos a serem

utilizados no IDE-PSoC Designer – software onde também se faz as configurações.

A Figura 37 mostra como é o layout da ferramenta de desenvolvimento de

projetos IDE-PSoC Designer.

Figura 37: Ambiente de desenvolvimento IDE-PSoC Designer.

Fonte: CYPRESS, 2004.

Optou-se para este projeto um clock interno, de 24MHz; tensão de alimentação

de 5 V; a definição das portas está de acordo com o diagrama mostrado na Figura 31

e o tempo de amostragem escolhido é de 100 ms.

Os 100 ms de tempo de amostragem é obtido a partir do clock principal do

microcontrolador, em divisões feitas no módulo conversor A/D. Nicolson e Santos

(2006, p. 315), apresentam a seguinte fórmula para o cálculo da frequência a ser

inserida no conversor, para obter-se o tempo de amostragem desejado:

Para obter o tempo de amostragem de 1 ms, inseriu-se na fórmula esse tempo

(10-3 s) e, considerando que a resolução do conversor 14 bits, (2(14-2)

= 4.096), obtém-

se uma frequência de clock para o conversor A/D de 655 KHz.

Page 63: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

61

7.4.3. Amperímetro

O sensor de corrente ACS750xCA-50 varia a tensão de saída em ±2 V para

uma variação de ± 50_A de corrente, que pode passar pelo seu condutor principal.

Como o sensor recebe uma tensão de alimentação contínua de 5 volts, os 4 volts

pico-a-pico (de -2 a +2V) de saída do sensor ficam dentro dessa amplitude de 5 V,

com a VRef = 0 em 2,5 V da tensão de alimentação, como mostram os gráficos da

Figura 38.

Figura 38: Variação da tensão de saída do sensor de corrente, em função da corrente que passa pelo seu condutor principal.

Fonte: ROCKEL, 2013.

Este sinal analógico (em vermelho na Figura 38), que pode variar de zero a

±_2_V (considerando VRef = 0 no ponto de 2,5 V da tensão de alimentação do sensor),

dependendo do sentido e da intensidade de corrente que flui pelo condutor principal

do sensor Hall, precisa ser convertido em sinal digital para ser processado no

microcontrolador PSoC.

Ele entra pelo pino 4 do microcontrolador, que corresponde ao Port 01, como

se pode ver no diagrama mostrado na Figura 31.

A porta zero possui 8 bits (8 pinos) de entradas que podem ser configurados

tanto para sinais digitais ou analógicos. Os PSoC’s de 28 pinos possuem doze pinos

Page 64: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

62

Eq. 23

que podem ser configurados como entrada analógica e possuem quatro pinos que

podem ser configurados como saída analógica, como mostra a Figura 39.

(CYPRESS, 2004).

Figura 39: Identificação dos terminais de um microcontrolador PSoC de 28 pinos .

Fonte: Datasheet do componente (CYPRESS, 2004).

Uma vez em que o sistema de controle esteja funcionando e o gerador eólico

produzindo corrente de carga para a bateria, haverá uma tensão no pino do Port 01

do microcontrolador, proporcional à corrente de carga.

Se I = 0 => VRef = 0;

Se I = 50 A => VRef = 2 V.

Os valores da tensão de referência mostrados acima são os que aparecem no

gráfico de cor verde na figura 38, portanto, eles partem de 2,5 V da tensão de

alimentação (VDD). Então, com os dois volts de acréscimos que ocorre quando há

um fluxo de corrente de + 50 A, a tensão que realmente é aplicada ao terminal do

Port 01 do microcontrolador é 2_+_2,5_=_4,5 V.

Com isso, a razão da tensão de referência em relação à corrente de carga é:

Por exemplo:

Se a corrente de carga for 9 A,

=>

Page 65: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

63

Eq. 24

Eq. 25

Eq. 26

Nos dispositivos PSoC há resoluções de 6 a 14 bits para os conversores A/D

(NICOLSON; SANTOS, 2006). Considerando então uma resolução de 14 bits, têm-se a

seguinte quantidade de bits:

2n = x bits

214 = 16.384 bits

A tensão que pode ser aplicada às entradas das portas do microcontrolador é

5 V (CYPRESS, 2004). Portanto, a capacidade de armazenamento de tensão em cada

um dos bits, considerando a resolução de 14 bits, é:

305 × 10-6

V ou 305 V

Cada bit armazena o equivalente a 305 × 10-6 V. Este processo é feito

automaticamente pelo microcontrolador, quando há uma entrada de sinal analógico.

Quando a leitura da corrente de carga feita pelo sensor HALL for 9 A, a tensão

que chega ao Port 01 é 2,86 V (Eq. 23).

Esta tensão é distribuída entre os bits do conversor A/D, mas não ocupará

todos os espaços disponíveis nele, porque cada bit armazenará o equivalente a

305×10-6 V, e o resultado desta distribuição é mostrado na equação abaixo.

= 9.377,05

Os 9 A foram representados por uma tensão de 2,86 V na saída do sensor

HALL e depois da conversão para digital, no microcontrolador, passou a ser apenas

um número (9.377,05). Todo esse processo, até aqui, é feito de forma automática

pelo microcontrolador, durante a entrada de um sinal analógico por uma de suas

portas (FOROUZAN, 2008).

A programação para o amperímetro consiste em descobrir qual é a corrente

correspondente ao valor dessa variável (o número correspondente à tensão VRef);

variável esta que, a partir de agora, será chamada de ADC1.

Sabe-se, no exemplo dado, que a tensão de 2,86 V corresponde a 9 A, porque

partiu-se do valor da corrente para se chegar à tensão. Mas, não é este o caso

durante o funcionamento do sistema de controle no processo de carga da bateria. É

preciso saber qual é o valor de qualquer corrente que flui do gerador para a bateria e

passa através do sensor.

Page 66: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

64

Eq. 27

Eq. 28

Para isso, é necessário realizar a seguinte operação matemática:

Onde,

I = Corrente de carga;

VRef = Tensão de referência fornecida pelo sensor de corrente.

2,5 = Metade do valor da tensão VDD, que alimenta o sensor de corrente.

Esta equação (Eq. 27) é apenas um desdobramento da equação utilizada

anteriormente (Eq._23) para se descobrir o valor da tensão correspondente a 9 A, na

saída do sensor.

Como foi dito anteriormente, em situação normal de funcionamento do

amperímetro não se conhece o valor da corrente, nem o valor da tensão de

referência que o sensor HALL aplica ao Port 01. É, portanto, do número armazenado

na variável ADC1 que se precisa deduzir o valor da corrente de carga.

VRef = × 305 × 10-6

Onde,

VRef = Tensão de referência fornecida pelo sensor de corrente, proporcional

à corrente de carga.

ADC1 = Valor fornecido pelo conversor A/D.

Aplicando a equação 28, considerando a variável ADC1 obtida na Eq. 26,

obtém-se:

VRef = 9.377,05 × 3,05 × 10-4 => VRef = 2,86 V

Finalmente, com a equação 27 obtém-se o valor da corrente:

De posse do valor da corrente, o passo seguinte é mostrá-lo no display LCD.

Converte-se a variável float, que contém a informação de corrente, em variável

string, e a comunicação com o display LCD é definida através do módulo Display

LCD do PSoC Designer.

Page 67: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

65

7.4.4. Voltímetro

A informação do valor da tensão da bateria (ou da tensão aplicada sobre a

bateria, se ela estiver em carga) é enviada ao microcontrolador PSoC através de um

divisor de tensão, como foi apresentado na seção 7.2.5.

A relação entre o valor da tensão de referência (VRef) do sensor e da tensão

da bateria (Vbat) é apresentada na Eq. 21:

Considerando que a faixa de indicação de tensão do voltímetro é de zero a

20_V, aplicando-se esses valores máximo e mínimo na Eq. 21 obtêm-se uma

variação do sinal de referência de tensão entre zero e 5 V.

O sinal VRef de tensão chega ao microcontrolador através do Port 04,

mostrado na Figura 31. O sinal analógico proveniente do sensor de tensão é

convertido em digital num processo semelhante ao descrito na conversão do sinal de

corrente do amperímetro, com a diferença de que a leitura é direta, tensão → tensão,

sem a necessidade de artifícios matemáticos para adequar grandezas diferentes

como foi a de corrente e tensão.

O sinal digital obtido na conversão A/D é armazenado em uma variável que foi

chamada de ADC2.

Restaura-se o valor da tensão, multiplicando por 4 (processo inverso da

Eq._21) e mostra o valor da tensão no display, através do módulo Display LCD do

PSoC Designer.

7.4.5. Contagem do tempo de carga

Havendo fluxo de corrente entre o gerador e a bateria, há contagem desse

tempo de carga, o qual é mantido em momentos que o gerador para de carregar a

bateria, por falta de vento, restabelecendo a contagem de onde parou pela última

vez, ao reiniciar o fluxo de corrente de carga.

O disparo do Timer é feito pelo sensor de corrente. O início da contagem

ocorre em 0,5 A – condição para ligar o Timer e o contador – considerando-se que

correntes inferiores a essa intensidade sejam apenas de manutenção da carga da

bateria, compensando as perdas que ela tem (MOURA, 1996).

Page 68: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

66

É a partir do clock de 24 MHz do microcontrolador que se faz a contagem de

tempo. A ferramenta de desenvolvimento de software, IDE-PSoC Designer,

disponibiliza diversos caminhos possíveis para dividir a frequência e trabalhar o

timer, juntamente com o contador, para se chegar ao tempo de 1 segundo.

A seguir, vê-se o processo de divisão de frequência escolhida:

1- fclock = 24 MHz (clock interno);

2- VC1 =

= 1,5 MHz;

3- VC2 =

= 93.750 KHz → ligado ao clock do contador;

4- O contador ativa a contagem somente no pulso de subida, então divide a

frequência por dois:

= 46.875 KHz;

5- Há um parâmetro no contador, chamado Period, que divide a frequência

inserida nele. O quociente desta divisão pode ser desde zero a (2n-1).

Como o contador é de 8 bits, n=8, divide-se a frequência por 27:

= 366 kHz

Sempre que o contador termina a contagem, gera um pulso na saída

(NICOLSON; SANTOS, 2006). Faz-se, então, uma interligação entre os

blocos do contador e do Timer, conectando ao Timer a saída do contador.

6- O módulo de Timers disponibiliza configurações de 8, 16, 24 ou 32 bits

(CYPRESS, 2004). Devido a frequência resultante na saída do contador

(>256 MHz), opta-se por um Timer de 16 bits.

7- O Timer é carregado com 366 bits – igual ao valor da frequência recebida

do contador. Ele decrementa a contagem até zerar, fazendo assim a

divisão final:

= 1s

Ao final de cada contagem do Timer (quando ele zera) incrementa 1 na

variável inteira segundo, a qual a cada contagem de 60, incrementa 1 na variável

minuto, que, por sua vez, a cada contagem de 60 incrementa 1 na variável hora.

Por fim, transforma-se de variáveis inteiras para string e mostra-se a

contagem de tempo no display LCD, através do módulo Display LCD do PSoC,

quando se pressionar o botão TIMER (Fig. 31).

Page 69: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

67

7.4.6. Controle de potência

O programa do microcontrolador verifica constantemente as variáveis que

armazenam os valores de tensão e corrente. Quando uma delas (ou ambas

simultaneamente) atingem valores maiores dos que os estabelecidos como máximos

(14,5 V e 9 A), muda o estado das saídas que comandam o desvio de carga do

gerador. Essas saídas estão no Port 12, para sobrecorrente, e no Port 13, para

sobretensão.

A Figura 40 mostra o diagrama eletrônico do sistema de controle.

Figura 40: Diagrama do sistema de controle de carga.

Fonte: ROCKEL, 2013.

Como foi visto no subcapítulo 6.4, os transistores Q3 e Q4 (2N7002), são

transistores de efeito de campo (FET), canal N.

A condição para o transistor FET N conduzir é VDS ≤ VGS - VTH, com VDS > 0

(AHMED, 2006). Portanto, é necessário que o transistor Q6 esteja em corte para que

os transistores FETs Q3 e Q4 conduzam, pois, nessa condição (com Q6 em corte), o

resistor R13 aplica a tensão VDD nas portas de Q2 e Q4, tornando VDS ≤ VGS.

O transistor Q6 é um transistor de sinal, bipolar, NPN (MMBT3904). Ele

precisa de uma tensão na base maior do que a tensão da junção VBE (próxima de

0,7 V), para conduzir. Portanto, com as saídas do microcontrolador (Port 12 e Port

13) em nível baixo, Q6 está em corte, Q3 e Q4 estão ligados e os transistores

POWER MOSFETs encontram-se nas seguintes condições:

Page 70: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

68

Eq. 29

Q1 (canal P): VDS > VGS => Ligado.

Q2 (canal N): VDS > VGS => Desligado.

Havendo tensão em qualquer saída do microcontrolador (Port 12 e/ou Port_13),

Q6 sai do estado de corte e liga o resistor R13 ao GND, eliminando o nível alto da

tensão VDD nas portas dos transistores Q3 e Q4.

Com VDS > VGS em Q3 e Q4, esses transistores entram em corte.

Nesta condição, os transistores POWER MOSFETs ficam:

Q1 (canal P): VDS < VGS => Desligado.

Q2 (canal N): VDS < VGS => Ligado.

O capacitor C7 foi inserido no circuito para facilitar os testes em bancada. No

diagrama final ele é um capacitor cerâmico de 0,1 F, com a finalidade de filtrar

eventuais transientes. Para os testes em bancada foi utilizado um capacitor

eletrolítico de 4,7 F, para aumentar o tempo de permanência do gerador em desvio,

para facilitar a observação do gerador neste modo.

A obtenção do tempo aproximado desta temporização é demonstrada a

seguir, segundo Rashid (1999, p. 47).

Considerando VC = 0 e V0 = 4,3 V → (5 V – 0,7 V da junção BE do transistor),

Obtêm-se o valor de t:

Dessa forma, quando o gerador eólico aplica na bateria uma tensão ou

corrente acima do nível máximo estabelecido no programa do microcontrolador, o

sistema de controle o coloca em desvio; o led vermelho indica esta condição e o

gerador permanece assim por aproximadamente 2 segundos, conectando-se à

bateria novamente após o término da temporização. Se o vento estiver ainda muito

forte, resultando no gerador um potencial elétrico acima da suportável pela bateria

(que exceda os parâmetros da programação do sistema de controle), o gerador entra

em desvio novamente e esse ciclo se repete sucessivamente.

Page 71: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

69

8. MONTAGEM DO SISTEMA DE CONTROLE

Este capítulo aborda a respeito da confecção e montagem da placa de circuito

impresso (PCI) do Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico; as

características dos materiais, componentes e as técnicas utilizadas no processo de

confecção tanto da PCI, como do circuito impresso finalizado.

8.1. Placa de circuito impresso

Os primeiros equipamentos eletrônicos eram a válvulas, montadas em um

chassi metálico. As interligações eram feitas com fios, na parte debaixo da chapa

metálica. Com o passar do tempo, novas técnicas foram surgindo, como as barras

de terminais, depois as placas de circuito impresso, que têm hoje seu emprego

generalizado – ela está presente em todos os equipamentos eletrônicos atuais.

Para a confecção das primeiras placas de circuito impresso, utilizou-se um

material com o nome de “fenolite”. Esta palavra era uma marca comercial de um

fabricante de chapas isolantes, muito usada pelos fabricantes de máquinas elétricas

e transformadores. As chapas de fenolite constituem-se de uma mistura de uma

resina fenólica, com certa quantidade de papel picado, ou serragem de madeira

(comumente denominada de carga), apresentando cor amarronzada, algumas mais

claras e outras mais escuras, dependendo do tipo de carga utilizada. A mistura é

aquecida e depois moldada e prensada em forma de chapas, com diversas

espessuras. As placas de fenolite apresentam um problema para a confecção de

circuito impresso, porque o uso da carga à base de celulose a torna higroscópica, ou

seja, em um ambiente úmido as placas de fenolite absorvem certa quantidade de

água, o que, além de prejudicar as suas características isolantes, frequentemente

faz com que as placas empenem (MEHL,_2011).

Para contornar o problema apresentado pelas placas de fenolite, como

alternativa de melhor qualidade foram desenvolvidas na década de 1960 as placas

de fibra de vidro (FV). Elas são, na verdade, construídas com resina epóxi e essa

resina fica impregnada em algumas finas camadas de manta de tecido de fibras de

vidro. As características da resina epóxi faz com que as placas de FV sejam

totalmente inertes à água, mas, por outro lado, constituem-se em placas

extremamente difícil de serem cortadas e furadas. Elas são também muito mais

Page 72: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

70

caras do que as placas de fenolite. Apesar disso, devido à sua excelente capacidade

isolante e estabilidade dimensional, a grande maioria das placas de circuito impresso

de equipamentos eletrônicos são fabricadas com placas de FV, ficando a fenolite

geralmente restrita a projetos de pouca qualidade ou quando se utiliza uma técnica

mais artesanal na fabricação (MEHL,_2011).

Neste trabalho, a placa PCI é de fenolite, em razão das dificuldades de

utilização de placa de fibra de vidro em construção artesanal supracitadas.

Na Figura 41, abaixo, vê-se o layout da PCI, feita em software Altium

Designer Winter 09, a partir do diagrama esquemático que foi apresentado no

capítulo 7.

Figura 41: Layout da PCI (Placa de Circuito Impresso).

Fonte: ROCKEL, 2013.

Como a corrente elétrica pode chegar a uma intensidade de até 9 A,

definiu-se uma largura adequada para as trilhas por onde essa corrente passa no

circuito. Na montagem, preencheu-se as trilhas com solda de estanho, embora a

largura definida no desenho já garantia uma área mínima de secção transversal

igual a 0,75 mm², necessária para essa intensidade de corrente (AREA, sd). Procurou-

se organizar os componentes de modo a se encontrar espaços para todas as trilhas,

mas, como a placa é cobreada em apenas um dos lados (monoface), houve a

Page 73: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

71

necessidade de alguns jumpers, indicados no desenho por linhas finas de cor

branca.

As referências de componentes que aparecem na parte de trás da placa

(Figura 41) são de componentes com encapsulamento SMD (surface mount

devices), enquanto os outros componentes, com encapsulamentos de tecnologia

PTH (Pin Through Hole) ficam posicionados na parte superior da placa (top layer) e

podem ser vistos na Figura 42, que mostra a placa pronta, já montada.

Figura 42: Placa de circuito impresso montada.

Fonte: ROCKEL, 2013.

Na imagem da placa acima se pode ver os dois transistores de potência

(MOSFETS de canal P e canal N); o diodo schottky, de 10 A, preso lateralmente no

mesmo dissipador de calor; os trimpots de ajuste de indicação do voltímetro e do

contraste do display (em cor azul); o sensor HALL, que está um pouco encoberto na

imagem pelo polyfuse de proteção do circuito, além de outros componentes, como a

resistência de desvio, que fica fora da placa, e a visão da placa traseira do display

LCD, mais distante no alto da imagem.

Page 74: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

72

Na Figura 43, há a imagem do Sistema de Monitoramento e Controle pronto,

posto na caixa, aguardando os testes iniciais de funcionamento, que são

apresentados no próximo capítulo.

Figura 43: Monitoramento e Controle de Gerador Eólico.

Fonte: ROCKEL, 2013.

Page 75: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

73

9. TESTES DO EQUIPAMENTO

Primeiramente são demonstrados testes em bancada, com o equipamento

instalado entre o gerador e a bateria. O giro do gerador é feito com uma furadeira

elétrica, com controle de velocidade, acoplada ao eixo do gerador, como foi

mostrado na Figura 7. Em seguida, há a apresentação dos testes feitos com o

gerador eólico instalado no seu local definitivo, sobre o teto do hangar no aeroporto.

9.1. Testes em bancada

São testes com a bateria fraca, carregada, verificação da possibilidade de

ajuste do Set Point e outros testes descritos nos subcapítulos seguintes.

9.1.1. Com a bateria fraca

Condições iniciais:

1- Tensão da bateria: 10,3 V;

2- Densidade da solução: aproximadamente 1,15 g/cm³.

Foi feito um giro de 2 minutos. Observou-se um aumento rápido da corrente

de carga, que atingiu facilmente (sem se sentir grande esforço do gerador) o nível

máximo de 9 A, enquanto a tensão subiu mais lentamente. A luz vermelha acendeu

9 vezes durante o giro, indicando desvio de carga, devido ao excesso de corrente

sobre a bateria, enquanto a tensão do gerador não ultrapassou 13,7 V.

Este experimento foi filmado e se anotou posteriormente em uma planilha os

dados de corrente e tensão, tomados a cada 5 segundos. A Tabela 3, na página

seguinte, mostra os dados obtidos, expostos também em um gráfico – gerado no

programa M. Excel – que pode ser visto na Figura 44.

Figura 44: Gráfico dos valores de tensão e corrente, em teste de carga com a bateria descarregada.

Fonte: ROCKEL, 2013.

Page 76: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

74

Tabela 3

Teste do Sistema de Monitoramento e Controle de Carga, com a bateria descarregada.

t(s) I(A)

V(V) LED

5

0

10,3

10

0,2

10,3

15

0,2

10,3

20

0,2

10,4

25

0,2

10,4

30

1,15

10,8

35

1,75

11,6

40

5,66

12,3

45

7,55

12,7

50

13,5

13,4

55

4,51

12,4

60

6,53

12,7

65

12,8

13

70

7,52

12,9

75

10

12,9

80

12

13

85

8

13

90

7,8

13

95

11

13,4

100

6,4

12,8

105

14

13,7

110

14,8

13,7

115

6

12,8

120

1,53

12,3

Fonte: ROCKEL, 2013.

Durante o giro ocorreram 9 desvios, acendendo o led vermelho. Não

aparecem todos esses desvios na tabela, porque alguns ocorreram fora dos tempos

de amostragem.

Nota-se aumentos súbitos de corrente, cujos picos ultrapassam 9 A, antes de

que o gerador seja efetivamente desviado.

Page 77: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

75

9.1.2. Com a bateria carregada

Condições iniciais:

1- Tensão da bateria: 13 V;

2- Densidade da solução: aproximadamente 1,25 g/cm³.

Foi feito um giro de 1,25 minutos (75 segundos). Observou-se um aumento

rápido da tensão de carga, à medida que se aumentava a rotação do gerador. A

tensão atingiu facilmente o nível máximo de 14,5 V, enquanto a corrente manteve-se

em níveis baixos. A luz vermelha acendeu 9 vezes durante o giro, indicando desvio

devido ao excesso de tensão sobre a bateria, mas nem todos os desvios foram

registrados na Tabela 4, porque alguns deles ocorreram fora dos tempos de

amostragem. O pico máximo de corrente registrado foi de 2,14 A.

Vê-se os dados na Tabela 4, na página seguinte, e no gráfico mostrado na

Figura 45.

Figura 45: Gráfico dos valores de tensão e corrente, em teste de carga com a bateria carregada.

Fonte: ROCKEL, 2013.

Nos instantes de desvio a queda de tensão era instantânea. Visualmente não

se percebeu tensão maior do que 14,5 V.

A taxa de amostragem adotada não foi suficiente para captar todos os picos

de corrente e tensão, mas mostra de maneira satisfatória o resultado dos testes,

onde se percebe a necessidade do sistema de controle e as diferenças – bem

nítidas nos gráficos – entre o aumento do nível de corrente (com a bateria fraca) e o

de tensão (com a bateria carregada).

Page 78: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

76

Tabela 4

Teste do Sistema de Monitoramento e Controle de Carga, com a bateria carregada.

t(s)

I(A) V(V)

LED

5

0

13

10

0

13

15

0,8

13,3

20

1,56

13,9

25

2,7

14,5

30

0,6

13,7

35

0,99

13,6

40

2,14

14,5

45

0

13,8

50

1,89

14,5

55

1,85

14,4

60

1,77

14,2

65

0,55

13,7

70

1,89

14,2

75

0

13,3

Fonte: ROCKEL, 2013.

9.1.3. Ajuste do Set Point

O manual do gerador eólico sugere deixar em máximo (17 V) o ajuste do

ponto de regulação, quando se utilizar sistema externo de controle de carga e este

sistema não apresentar compatibilidade técnica com a forma como o Air Breeze

monitora a tensão da bateria (SOUTHWEST, 2011).

Um dos testes necessários, portanto, é o do ponto de regulação (Set Point).

A forma como este ajuste deve ser feito, é descrito no manual, como se

segue:

O método mais preciso de definição da tensão de regulação é desligar a

turbina das baterias e utilizar um multímetro e uma fonte de tensão

ajustável de modo a aplicar a tensão pretendida nos fios condutores

Page 79: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

77

negativo e positivo da turbina. Com a tensão alvo aplicada, rode

totalmente o potenciômetro no sentido dos ponteiros do relógio e, em

seguida, rode ligeiramente o potenciômetro no sentido contrário aos dos

ponteiros do relógio, até o LED acender. O ponto de definição de

regulação será então definido para a tensão aplicada nos fios

condutores da turbina.

(SOUTHWEST, 2011, p. 24)

Seguindo essas orientações, fez-se o ajuste do Set Point, com o Sistema de

Controle inserido entre o gerador e a bateria, como se vê na foto mostrada na

Figura_46.

Figura 46: Ajuste da tensão de regulação (Set Point).

Fonte: ROCKEL, 2013.

O Sistema de Controle não apresentou empecilho para que o ajuste do Set

Point fosse feito. Utilizando-se de uma fonte de tensão variável (ICEL OS-3060D),

definiu-se o ponto de regulação do gerador eólico para 14,1 V. Posteriormente,

abaixando a tensão da fonte e aumentando-a gradualmente, o led do gerador piscou

ao atingir 14,1 V. Com isso, conclui-se que o projeto apresentado no capítulo 6.4.3,

de monitoramento da tensão da bateria pelo gerador, é eficiente para manter o Set

Point em operação e, portanto, ele foi mantido regulado para 14,1 V e permanecerá

assim com o gerador instalado no seu local definitivo, no aeroporto.

Page 80: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

78

9.2. Teste real, com vento

O gerador eólico Air Breeze foi reinstalado no seu local de origem, sobre o

teto de um hangar no aeroporto Teruel e ligado à bateria automotiva através do

Sistema de Monitoramento e Controle.

Da mesma forma como foi feito nos testes em bancada, na Tabela 5 e no

gráfico apresentado na Figura 47, há um demonstrativo dos dados obtidos em

campo, com o gerador funcionando por ação dos ventos.

Tabela 5

Teste em campo do Sistema de Monitoramento e Controle de Carga.

t(s) I(A)

V(V) LED

5

0

13,7

10

1

13,8

15

2,76

14,5

20

0

14,1

25

2,38

14,5

30

3,9

14,5

35

3,08

14,5

40

2,5

14,2

45

0,15

13,8

50

2,24

14,5

55

0

13,6

60

0

13,5

Fonte: ROCKEL, 2013.

A bateria estava quase que totalmente carregada. Antes de conectá-la ao

gerador, a tensão era de 12,8 volts e a densidade de aproximadamente 1,237 g/cm³,

medida com densímetro. No intervalo estipulado para a tomada dos dados, o

Sistema de Controle pôs em desvio o gerador por 9 vezes – coincidentemente igual

às outras duas experiências anteriores, embora em todas o intervalo de tempo foi

diferente e, neste caso, o mais curto (1 min). Dentre os 9 desvios ocorridos, 5 foram

registrados em instantes amostrados.

Como era de se esperar, devido à bateria estar carregada, o parâmetro

determinante para ocorrer os desvios foi a tensão e não a corrente.

Page 81: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

79

No gráfico abaixo – Figura 47 – tem-se uma visão bem evidente dos níveis

altos de tensão e baixos de corrente de carga.

Figura 47: Gráfico dos valores de tensão e corrente, em teste real – gerador acionado pelo vento.

Fonte: ROCKEL, 2013.

A bateria foi deixada no local, conectada ao gerador eólico através do

Sistema de Controle, e permaneceu assim até o dia seguinte. Durante este tempo a

ocorrência de ventos foi constante, devido a uma frente que se aproximava da

região sul (CPTEC). Aproximadamente 22 horas depois, constatou-se o seguinte:

1- A densidade da solução da bateria era de 1,25 g/cm³, portanto totalmente

carregada (MOURA, 1996), como se vê na Figura 48.

Figura 48: Verificação da densidade da solução da bateria.

Fonte: ROCKEL, 2013.

Page 82: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

80

2- O tempo de carga, registrado pelo Timer do Sistema de Controle, era de

1h, 18 min e 50 seg – Figura 49.

Figura 49: Verificação do tempo de carga.

Fonte: ROCKEL 2013

Esperava-se um tempo maior de carga, devido à ocorrência de ventos, mas

esta análise é feita mais à frente.

Observou-se também que a caixa do Sistema de Controle estava muito

quente, principalmente na lateral direita – vista pela frente – na região onde estava

localizada a resistência de 2,2 × 150 W (resistência de desvio de carga do gerador).

Este fato exigiu um estudo à parte, para compreender o porquê de não se ter

previsto tal aquecimento – que não é excessivo para a resistência, como será

mostrado, mas ela não poderia estar dentro da caixa, irradiando calor para os

demais componentes do circuito.

9.3. Aquecimento da resistência de desvio

O resistor de potência não é um componente sensível à variação de

temperatura, como geralmente são os componentes ativos. O resistor utilizado no

sistema de desvio de carga, de 2,2 × 150 W, suporta temperaturas até mesmo

acima de 200º C (TE, 2011) e, tendo ele, segundo seu datasheet (Anexo_F), um

coeficiente de temperatura de 50 ppm/ºC, tem uma variação de apenas 0,9 % de seu

valor ôhmico nominal à temperatura de 200º C.

Page 83: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

81

Nos testes em bancada, porém, a conclusão que se teve foi a de que o

resistor não sofreria aquecimento tão significativo. Verificou-se que ocorria um

colapso da tensão do gerador no momento do desvio. Deduziu-se que o gerador

parava de produzir, quando em desvio, porque o valor de monitoramento da tensão

da bateria – aplicada ao terminal positivo do gerador através do transistor Q5

(Figura_24) – também caía – o transistor Q5 fica em corte nessas horas – portanto

cessam as condições para o gerador produzir carga, conforme explicação do manual

do gerador: “O Air Breeze necessita que a tensão da bateria seja de, no mínimo,

10,5 V. Do contrário ele funcionará como se o circuito estivesse aberto”

(SOUTHWEST, 2011, p. 23).

Durante giros em bancada, constatou-se que o gerador, quando em circuito

aberto, não produzia tensão maior do que 5 volts – tensão esta insuficiente para

aquecer de forma significativa a resistência de desvio. A impressão que se teve, com

o resultado das experiências em bancada, foi a de que o resistor de desvio com

potência de 150 W estava superdimensionado. Em decorrência desses resultados

obtidos nos testes em bancada, decidiu-se colocar a resistência de desvio dentro da

caixa do Sistema de Controle. Porém, com o aquecimento apresentado no teste em

campo, com vento, este posicionamento da resistência foi alterado. Ela foi posta

para o lado de fora da caixa, como se vê na Figura 50.

Figura 50: Resistência de desvio posicionada fora da caixa do sistema de controle.

Fonte: ROCKEL, 2013

Page 84: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

82

A força do vento atuando sobre as pás da turbina eólica, quando o gerador

está em desvio, pode ter sido subestimada durante o projeto. Certamente as

circunstâncias apresentadas nos testes em bancada não foram iguais às que o

gerador eólico se submeteu em funcionamento por ação do vento, por ocasião dos

desvios de carga.

9.3.1. As causas do aquecimento

Durante os testes do Sistema de Controle em bancada, ao conectar o gerador

à resistência de desvio, ele parava de produzir, mas não se forçava com a furadeira

elétrica o eixo do gerador para ele permanecer girando por um tempo muito

prolongado.

Com um amperímetro inserido entre o cabo positivo do gerador e a entrada do

Sistema de Controle, verificou-se que, no instante do desvio, há correntes com picos

de até 6,3 A – valores obtidos com a tecla HOLD MAX do multímetro selecionada.

Esta corrente decresce rapidamente, estabilizando-se em torno de 2 A –

corrente aplicada sobre a resistência de desvio – mas, a condição que determinou o

desvio do gerador desaparece logo que o desvio ocorre, porque a tensão do gerador

também cai de forma abrupta e o gerador recomeça a produzir energia elétrica sobre

a bateria, repetindo o ciclo de forma ininterrupta, se o vento forte não cessar.

Considerando que o período entre um desvio e outro pode ser inferior a 0,5

segundo – com o capacitor C7 (Figura 40) de 100 nF – há uma carga pulsativa

aplicada à resistência de desvio, pelo gerador, como se vê no gráfico da Figura 51,

abaixo.

Figura 51: Carga do gerador aplicado ao resistor nos instantes de desvio.

Fonte: ROCKEL, 2013

Page 85: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

83

A potência média resultante desses pulsos sucessivos de correntes aplicados

pelo gerador à resistência de desvio, é a causa do aquecimento da resistência.

O gerador eólico, em qualquer circunstância – seja com giro forçado pela

furadeira elétrica ou por ação do vento – ele cessa a produção (ou conversão) de

energia quando entra no modo de desvio de carga. Se a bateria está descarregada,

o tempo de recuperação para o gerador atingir novamente o nível de desvio (no

caso é a corrente, para a bateria descarregada) é maior do que quando a bateria

está carregada. Vê-se isso comparando-se os dados das experiências que foram

feitas no capítulo 8.1. Em ambas as condições (com a bateria descarregada e

carregada) ocorreram 9 desvios, porém, o tempo de duração do teste com a bateria

fraca foi maior (2 minutos), enquanto a duração do teste com a bateria carregada foi

de apenas 1 min e 15 seg.

Essa diferença entre a quantidade de desvios de carga em função do tempo,

comparando-se o gerador conectado a uma bateria descarrega e carregada, através

do Sistema de Controle, é compreensível, considerando-se que a bateria

descarregada necessita de carga, evidentemente, enquanto o Sistema de Controle

deve cumprir a sua função, quando a bateria está carregada, de desviar o excesso,

para não sobrecarregar a bateria, causando-lhe danos.

Com isso, explica-se o fato do Sistema de Controle, mesmo com ventos

constantes, ter registrado apenas um tempo de carga de 1h, 18 min e 50 seg em

aproximadamente 22 horas em que ele esteve monitorando e controlando a carga

do gerador sobre a bateria. Na maior parte desse tempo a carga esteve em desvio,

porque a bateria já estava carregada.

Page 86: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

84

10. CONCLUSÃO

Após as fases de estudos preliminares, elaboração do projeto, montagem do

equipamento e testes finais, tem-se o Sistema de Monitoramento e Controle de

Gerador Eólico concluído.

Com isso, é possível visualizar o seguinte cenário:

No alto do hangar a pequena turbina eólica gira velozmente. O tubo de vento,

de 1,17 m de diâmetro, que atravessa a circunferência formada pelas pás do rotor,

impulsiona o sistema, onde está acoplado um alternador trifásico. O rendimento

máximo de aproveitamento da energia cinética, transformada em elétrica, é de

59,3_% – Limite de Betz –, porque o vento não pode parar.

Esta energia capturada e transformada, é aplicada a uma bateria automotiva,

para ser recarregada. Esporadicamente, quando ocorrem rajadas de ventos mais

fortes, a rotação da turbina eólica é freada bruscamente, porque há excesso de

carga para a bateria e o Sistema de Controle atua, desviando-a.

A energia química armazenada na bateria, resultante do processo descrito

acima – sem excessos que causem danos à bateria – representa o objetivo final

para o qual se fez o Sistema de Monitoramento e Controle, apresentado nesta

monografia.

Eventuais dúvidas quanto a sua real necessidade, nesta região, foram

dirimidas pelo estudo a respeito das velocidades dos ventos. Apesar das

velocidades médias ficarem aquém das que produzem potência eólica capaz de

danificar uma bateria automotiva, submetida à carga fornecida pelo gerador Air

Breeze, há períodos durante o dia em que esta velocidade é excessiva,

principalmente entre os meses de junho e outubro, como se pôde ver nos dados

obtidos pela Estação Meteorológica da Universidade Anhanguera-Uniderp.

No amplo contexto em que está inserido o tema de energia eólica no mundo,

a pequena turbina eólica – que foi o objeto de pesquisa e desenvolvimento deste

Trabalho – cumpre o seu papel, atendendo locais de pequenas demandas de

eletricidade. Com essa peculiaridade, surge naturalmente a necessidade de seu uso

para outros fins, como para carregar uma bateria automotiva.

O Foco deste Trabalho foi a construção do Sistema de Monitoramento e

Controle do Gerador Eólico. Buscou-se realizar um trabalho completo de engenharia:

concepção, projeto, montagem e testes finais. Abordou-se sobre a escolha dos

Page 87: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

85

componentes eletrônicos, como o transistor que conecta o gerador à bateria,

POWER MOSFET – de fácil controle por microcontrolador e baixa dissipação de

potência –, a proteção por polyswitch® – sem a necessidade de rearmar, quando há

interrupção por sobrecarga –, o sensor de corrente por Efeito HALL; a confecção da

placa de circuito impresso – em processo artesanal, com a utilização de

componentes SMD e PTH –, além da montagem, dos testes, dos problemas e

soluções que encerraram o ciclo de desenvolvimento do equipamento que agora se

encontra finalizado.

Dentro do escopo de estudo acadêmico, um amplo leque de possibilidades

pode se abrir, para aprimoramentos futuros. Um sistema de controle de carga do tipo

PWM (Pulse Width Modulation) não é recomendado pelo fabricante, porque nos

intervalos entre os pulsos de tensão o gerador gira livre e, dependendo do estado de

carga da bateria, essa condição pode representar a maior parte do tempo – e o

gerador pode ser danificado por causa disso. Mas, se nesses intervalos o gerador for

posto em desvio de carga, surge aí um outro recurso técnico para a implementação

de um sistema de controle. Não seria, necessariamente, mais eficiente, porque a

questão em pauta é a necessidade de se desperdiçar os excessos da carga

fornecida pelo gerador, impedindo que tal excedente flua para a bateria, danificando-

a. Mas, se, ao invés de desviá-la para um resistor, encontrar-se uma forma mais útil

de aproveitamento da energia excedente, então o resultado acadêmico, no futuro,

alcançará níveis ainda mais nobres.

Page 88: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

86

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Page 91: Sistema de Monitoramento e Controle de Gerador Eólico (TCC - Engenharia Elétrica)

89

ANEXO A Especificações Técnicas do Gerador Eólico Air Breeze

Modelo: Air Breeze

Peso: 13 lb, 6kg

Diâmetro do rotor: 46 pol, 1,17 m;

Velocidade do vento de arranque: 6 mph, 2,7 m/s;

Kilowatt horas/mês: 38 kWh/mês a 12 mph, 5,4 m/s – velocidade média do vento;

Velocidade máxima do vento: 110 mph, 49,5 m/s;

Potência nominal: 160 watts a 28 mph, 12,5 m/s – velocidade do vento

Certificações: CSA (certificado 1945979)

Faixa de temperatura: 14º a 104º F, -10º a 40º C

Tensão de regulação (set point): 14,1 volts – definição de fábrica;

Gama de ajuste do regulador: 13,6 à 17,0 V;

Fusível recomendado: 20 A, lento;

Carga da torre (impulso do eixo): 52 lb a 100 mph ou 230 N a 45 m/s – velocidade do vento.

Fonte: Manual do proprietário AIR BREEZE, Southwest Windpower, Inc. 2011, p. 7.

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ANEXO B

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ANEXO C

Especificações do transistor de potência (POWER MOSFET) IRF4905

Parameter Value

Package TO-220AB

Circuit Discrete

VBRDSS (V) -55

VGs Max (V) 20

RDS(on) Max 10V (mOhms) 20.0

ID @ TC = 25C (A) -74

ID @ TC = 100C (A) -52

Qg Typ (nC) 120.0

Qgd Typ (nC) 57.3

Rth(JC) (C/W) 0.75

Tj Max 175

Power Dissipation @ TC = 25C (W) 200

Part Status Active

Environmental Options Available PbF

Package Class Can Thru-Hole

Fonte: IRF, datasheet do componente, 2003, f. 1 e 2

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ANEXO D

Especificações técnicas do diodo schottky MBR1060

Low Forward Voltage

Lead Temperature for Soldering Purposes: 260 °C Max. for 10 Seconds

Low Power Loss/High Efficiency

Epoxy Meets UL94, VO at 1/8”

150 °C Operating Junction Temperature

Case: Epoxy, Molded

Low Stored Charge Majority Carrier Conduction Mechanical Characteristics:

Weight: 1.9 grams (approximately)

High Surge Capacity

Guard-Ring for Stress Protection

Finish: All External Surfaces Corrosion Resistant and Terminal Leads are Readily Solderable

Pb-Free Packages are Available

Fonte: ON SEMI, 2009, f. 1 e 2.

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ANEXO E Especificações do transistor de potência (POWER MOSFET N) IRF2907

Specifications

Parameter Value

Package TO-220AB

Circuit Discrete

VBRDSS (V) 75

VGs Max (V) 20

RDS(on) Max 10V (mOhms) 13.0

ID @ TC = 25C (A) 82

ID @ TC = 100C (A) 58

Qg Typ (nC) 106.7

Qgd Typ (nC) 36.7

Rth(JC) (C/W) 0.75

Tj Max 175

Power Dissipation @ TC = 25C (W) 200

Part Status Active

Environmental Options Available PbF and Leaded

Package Class Can Thru-Hole

Fonte: IRF, datasheet do componente, 2010, f. 1 e 2

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ANEXO F Datasheet do resistor de 2,2 W × 150 W (resistor de desvio)

Fonte: TE, 2005.

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Dados fornecidos pessoalmente pelo meteorologista Natálio Abrahão Filho.

ANEXO G

Dados meteorológicos do dia 14 de agosto de 2013, período das 6 h às 12 h da manhã.

Fonte: Estação Meteorológica da Universidade Anhanguera-Uniderp.

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Vídeo de teste do equipamento:

http://www.youtube.com/watch?v=PLVTbJGyE0g