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Unidade 2 Tarefa 3 – A implementação do Modelo de Auto-Avaliação requer uma liderança forte e uma mudança de atitude e de práticas por parte do professor bibliotecário e da escola. “As Bibliotecas Escolares existem para provocar impacto e transformar a vida dos cidadãos mais jovens, nas atitudes dos indivíduos relativamente à auto-aprendizagem e à função da educação em geral” (Ross Todd) A sala de aula, vista como espaço exclusivo do processo ensino/aprendizagem, apresenta, na sociedade actual, limitações profundas. Ao processo frequente e muito explorado através do qual se faz a transmissão de informações no fluxo professor → estudante, tendo este último um papel passivo de quase nula participação, impôs-se a mudança. A construção dos conhecimentos necessários para que os alunos adquiram competências sofre fortes alterações, o aluno teve de deixar de ser o “receptor passivo de conteúdos” e passou a ser um elemento activo, crítico e autónomo. Neste paradigma, o professor, fonte de saber, teve de se transformar em incentivador e estimulador da aprendizagem dentro e fora da sala de aula. O professor, dominando os meios, deve promover a interacção entre participantes do processo ensino/aprendizagem e indicar os meios para a aproximação dos alunos às fontes onde podem construir os seus conhecimentos, essas fontes devem ser disponibilizadas pela biblioteca escolar, num trabalho colaborativo com o professor bibliotecário. Os conhecimentos, em permanente mudança estão disponíveis numa multiplicidade de meios e fontes, daí que a sala de aula transcenda os seus limites e implique a ligação à biblioteca escolar e ao professor bibliotecário com intervenção pedagógica, sistemática e programada. A oferta de informação e de serviços por parte do professor bibliotecário deve ter, segundo Ross Todd, um impacto na vida dos indivíduos e consequente impacto na qualidade das aprendizagens através da interacção dos alunos com a informação. Este autor também afirma que a biblioteca escolar deverá actuar de modo a transformar a vida dos cidadãos mais

Tarefa 2

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Unidade 2

Tarefa 3 – A implementação do Modelo de Auto-Avaliação requer uma liderança forte e uma mudança de atitude e de práticas por parte do professor bibliotecário e da escola.

“As Bibliotecas Escolares existem para provocar impacto e transformar a vida dos cidadãos mais jovens, nas atitudes dos indivíduos relativamente à auto-aprendizagem e à função da educação em geral” (Ross Todd)

A sala de aula, vista como espaço exclusivo do processo ensino/aprendizagem, apresenta, na sociedade actual, limitações profundas. Ao processo frequente e muito explorado através do qual se faz a transmissão de informações no fluxo professor → estudante, tendo este último um papel passivo de quase nula participação, impôs-se a mudança. A construção dos conhecimentos necessários para que os alunos adquiram competências sofre fortes alterações, o aluno teve de deixar de ser o “receptor passivo de conteúdos” e passou a ser um elemento activo, crítico e autónomo. Neste paradigma, o professor, fonte de saber, teve de se transformar em incentivador e estimulador da aprendizagem dentro e fora da sala de aula. O professor, dominando os meios, deve promover a interacção entre participantes do processo ensino/aprendizagem e indicar os meios para a aproximação dos alunos às fontes onde podem construir os seus conhecimentos, essas fontes devem ser disponibilizadas pela biblioteca escolar, num trabalho colaborativo com o professor bibliotecário. Os conhecimentos, em permanente mudança estão disponíveis numa multiplicidade de meios e fontes, daí que a sala de aula transcenda os seus limites e implique a ligação à biblioteca escolar e ao professor bibliotecário com intervenção pedagógica, sistemática e programada. A oferta de informação e de serviços por parte do professor bibliotecário deve ter, segundo Ross Todd, um impacto na vida dos indivíduos e consequente impacto na qualidade das aprendizagens através da interacção dos alunos com a informação. Este autor também afirma que a biblioteca escolar deverá actuar de modo a transformar a vida dos cidadãos mais jovens, o que a um nível mais amplo traduz um compromisso com o bem comum. Considero estas afirmações muito importantes, penso que com o trabalho colaborativo com os professores da escola e com a aplicação do MAAABE estar a desenvolver estas ideias, organizando as tarefas no sentido de conseguir uma intervenção pedagógica e curricular, auxiliando a aprendizagem por estruturas e ferramentas cognitivas, na biblioteca, um espaço valorizado e usado pela escola.

Em primeiro lugar, a escola, através da apresentação do MAABE, deve reconhecer que se trata de um valioso instrumento pedagógico pertinente e indispensável para o reconhecimento da biblioteca escolar como um espaço de construção de conhecimento e de aprendizagem e que a implementação dele possibilita aferir a eficácia do serviço prestado pela biblioteca, identificando sucessos e insucessos, de forma a proporcionar uma gestão fundamentada em processos de recolha de evidências que reforcem o papel e orientem as acções da biblioteca na procura de melhoria contínua.

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Neste contexto, atendendo ao que já referi, sei que o meu papel, como professora bibliotecária, é um novo papel de liderança muito significativo que implica agora uma mudança forte de atitude e de práticas, para o que devo ter em conta as diferentes dimensões que este papel inclui, isto é, liderança informada, liderança determinada, liderança estratégica, liderança colaborativa, liderança criativa, liderança renovável e liderança sustentável. Na dimensão da liderança informada, devo participar e aprender com a investigação de campo e utilizar esta investigação para delinear as iniciativas educativas. A prática de pesquisa de informação e a pesquisa da prática de informação é um ciclo fundamental em qualquer profissão sustentável. Existe um corpo substancial de evidências de investigação que demonstra a contribuição importante e multifacetada que as bibliotecas escolares podem ter nos resultados de aprendizagem da escola. A escola, com o apoio do director, da equipa e dos professores colaboradores deve libertar o professor bibliotecário de tarefas de rotina para o desempenho de apoio ao currículo, um duplo papel de ensinar os alunos facilitando o desenvolvimento de competências de literacia da informação necessárias para o sucesso em todas as áreas curriculares e ensinar os formadores de professores, permitindo-lhes estar a par dos recursos mais recentes de informação e serviços de tecnologia da informação em rede dentro e fora da biblioteca escolar, de forma a fomentar o desenvolvimento de novas compreensões e perspectivas. Na dimensão da liderança determinada, devo ter uma visão clara dos resultados de aprendizagem dos alunos, pensando que o importante é poder verificar que a biblioteca escolar possui um foco educativo articulado que se preocupa em promover o desenvolvimento da estrutura intelectual dos alunos no que diz respeito ao questionar e utilizar a informação em todos os formatos para construir o conhecimento, compreensão e significado. Na dimensão da liderança estratégica, devo ter um plano claro para traduzir a visão centrada nas aprendizagens em acções, através da aprendizagem baseada em investigação e envolvimento com uma diversidade de fontes e formatos de informação. Não é de todo aceitável que o professor bibliotecário possa argumentar que não tem tempo para ler a investigação como sendo “exterior” num mundo “distante da realidade prática” porque esta posição desvaloriza tanto a profissão como afasta a profissão dos avanços no conhecimento que perspectiva uma boa prática. Como professora bibliotecária, devo ser reflexiva e disposta a aprender sobre os avanços na investigação nesta área, com o objectivo de compreender a dinâmica do processo de aprendizagem quando os alunos se envolvem com as fontes de informação, bem como conhecimentos práticos sobre a forma como as evidências locais podem ser recolhidas, analisadas e utilizadas para posicionar a biblioteca escolar como centro do processo de aprendizagem. Na minha opinião, a liderança colaborativa é uma dimensão muito importante porque a construção de parcerias com os outros professores, através de uma filosofia compartilhada sobre a aprendizagem baseada em investigação para a construção do conhecimento, implica o envolvimento de todos os actores do processo, o professor bibliotecário deve saber trabalhar com os departamentos e com todos os colegas, deve saber gerir e avaliar de acordo com a missão e os objectivos da escola. É também importante que seja um comunicador efectivo dentro da instituição, que o reconheçam como um elemento muito útil, relevante, proactivo, que saiba gerir recursos e gerir os serviços de aprendizagem, realizando abordagens construtivas aos problemas, exercendo influência junto dos outros professores. Traçar um plano comum de ajudar os alunos a construir um conhecimento de fundo que promova a procura e formulação de um foco durante uma pesquisa de modo a conseguirem estabelecer um foco claro que oriente a recolha e interacção

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com a informação realmente pertinente, em vez de informação vagamente relevante, indicando-lhes as sete etapas, segundo o modelo de Kuthlthau, em que deve decorrer a processo de pesquisa desde a selecção à avaliação. Ao combinar criativamente os recursos para obter um valor real, com a colaboração dos professores das diferentes áreas disciplinares e documentar as evidências das suas acções em termos de resultados reais de aprendizagem dos alunos, o professor bibliotecário está a liderar de forma criativa e renovável, porque deve ser simultaneamente bastante flexível e adaptável, aprendendo, mudando e inovando continuamente, deve também preocupar-se em pensar ir além das formas tradicionais de fazer e ser. O futuro desejável para um professor bibliotecário e os resultados desejáveis do seu papel baseiam-se no estabelecimento de evidências locais para identificação e celebração das realizações, dos resultados e dos impactos. O papel do professor bibliotecário escolar assenta na colaboração proactiva com o currículo e com os objectivos de aprendizagem da escola, papel formativo e informativo, intervencionista e integrador, solidário e orientado para os serviços, orientado tanto para os resultados como para o processo.

A liderança do professor bibliotecário, baseada no MAABE, parte do principio que a auto-avaliação deve ser encarada como um processo pedagógico e regulador, inerente à gestão e procura de uma melhoria contínua da biblioteca escolar que deixa de ser só um espaço que disponibiliza e organiza recursos para passar a ser um espaço que interage com a escola através da participação em projectos e de um trabalho articulado com os professores e que a avaliação, através de evidências, tem um papel determinante porque permite validar o que se faz, como se faz, onde se está e para onde se quer ir. As evidências recolhidas podem contribuir para a elaboração de um novo plano de desenvolvimento porque se pode identificar, de forma clara, os pontos fortes e os pontos fracos. A prática baseada em evidências não é apenas a avaliação da aprendizagem dos alunos; engloba avaliação e outras medidas de feedback, tais como listas de verificação, rubricas, para um nível analítico e sintético superior. Envolve uma análise crítica dos dados acumulados e conclusões decorrentes sobre resultados de aprendizagem dos alunos com base nas evidências apresentadas.

Posso concluir, da leitura e análise dos textos indicados, que a liderança forte do professor bibliotecário, bem documentado e esclarecido pelo MAABE e a motivação dos restantes membros da escola, promove a melhoria contínua da qualidade.

“O que é importante é que as evidências recolhidas mostrem como o professor bibliotecário e a biblioteca escolar têm um papel crucial no sucesso educativo dos alunos e na criação de atitudes, valores e de um ambiente de aprendizagem acolhedor e efectivo” (Todd, 2003)

Cândida Matos