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Intervenção Psicopedagógica na População Idosa
AJUDAR AS PESSOAS IDOSAS A VIVER DE FORMA SAUDÁVEL
Os modelos baseiam-se e teorias que se baseiam em ideologias: os nossos
valores e crenças, a nossa filosofia, da promoção de saúde.
A característica mais importante requerida pelo profissionalismo é a posse de
um corpo teórico sólido, juntamente com o código de conduta associado à autonomia
dada às profissões (Tones, 1990).
Segundo Tones (1990), existem quatro razões para a fundamentação teórica
da promoção da saúde:
1. Poder contestar e justificar formas de promoção da saúde: dado que a
promoção da saúde é uma iniciativa política com raízes nas preferências e
preconceitos humanos, há o risco de, para aqueles promotores de saúde que
partilhem dos mesmos preconceitos, qualquer forma de promoção de saúde
parecer aceitável.
2. Impor limites às intervenções: a promoção da saúde é muitas vezes efectuada
sem o conhecimento ou permissão dos indivíduos ou das comunidades.
3. Obrigar à explicitação: ao fazê-lo, o promotor de saúde submete-se à
discussão pública, à análise, às sugestões de melhorias.
4. Para fins de avaliação.
- Vantagem: clarificar a nossa mente e melhorar as nossas capacidades de tomar
decisões.
- Desvantagem: ajudam de facto a assegurar a consistência da abordagem.
É importante trabalhar também com as crenças da pessoa idosa. Pode-se
utilizar os modelos como um enquadramento para a prática e adaptá-los a várias
situações e a pessoas idosas diferentes.
Podem ser utilizados individualmente, onde os promotores de saúde observam
os seus objectivos, propósitos, valores e aplicação prática na promoção da saúde das
pessoas idosas, ou combinados.
ABORGAGEM MÉDICA/MODELO PREVENTIVO (Tones e Tilford – 1994)
- Objectivos: reduzir a morbilidade e a mortalidade, encorajar os idosos a procurar
tratamento atempado, bem como a cumprir o tratamento, persuadir a pessoa idosa a
tomar decisões responsáveis para prevenir a doença ao nível primário, secundário e
terciário e utilizar os serviços de saúde para prevenir as doenças.
- Críticas: (Brennan – 1996) – a reforma como modelo percepciona o doente/utente
como um receptor do conhecimento do perito de saúde e encoraja a dependência face
ao profissional médico e promotor da saúde.
(Crawford) – 1997) – o modelo médico não é ético por ser “culpabilizador da vítima”,
pois ignora amplamente outros factores significativos (stress social e ambiental) do
indivíduo e da comunidade.
- Vantagens: tem sido tremendamente bem-sucedido no planeamento de saúde
preventiva ( programas de vacinação) e na redução da mortalidade (planeamento
epidemológico).
- Alvo: ausência de doenças e incapacidades medicamente definidas.
ABORDAGEM DA MUDANÇA COMPORTAMENTAL
- Objectivos: alterar as atitudes e comportamento dos indivíduos e encorajar um “estilo
de vida saudável”.
- Críticas: é conduzida por “peritos, promotores de saúde, que definem o que é um
estilo de vida são, o que implica a questão ética dos profissionais terem ou não o
direito de decidir aquilo que constitui um “comportamento saudável”; a educação
persuasiva pode tornar-se problemática caso a pessoa idosa não concorde com o
conceito de “estilo de vida saudável” do promotor de saúde (culpabilização da vítima).
Freudenberg (1986): esta não provou ser uma estratégia particularmente eficaz para a
saúde pública e baseia-se em convicções éticas dúbias.
- Vantagens: se a pessoa idosa ou a comunidade está pronta para a mudança, este
modelo é bastante útil desde que sejam consideradas as condições sociais,
económicas e ambientais.
- Alvo: comportamento individual que conduza à ausência de doenças.
ABORDAGEM EDUCACIONAL
Visa conceder à pessoa idosa informação, conhecimentos e compreensão
sobre as questões de saúde, possibilitando-lhe a tomada de decisões informadas.
O promotor de saúde identifica-se, muitas vezes, com alguns dos conteúdos
educacionais, o que torna difícil que a educação esteja livre de valores – as pessoas
idosas podem fazer as suas escolhas de saúde baseando-se na informação que lhes é
dada e desenvolver as capacidades para explorar os seus valores e atitudes face à
saúde e aos dos outros.
As iniciativas de promoção de saúde podem ser planeadas, mantendo
presente aquilo que irá motivar a pessoa idosa.
MODELO CENTRADO NO UTENTE
Visa ajudar as pessoas idosas a identificar as suas próprias preocupações e
potenciar o controlo sobre a sua saúde, ou seja, as questões e acções de saúde são
identificadas pelo utente.
- Desvantagem: incapacidade do utente em estabelecer a agenda devido, por
exemplo, a uma limitada habilitação cognitiva, como acontece com as pessoas idosas
com dificuldades de aprendizagem. Tal não devrá eliminar qualquer intervenção de
promoção da saúde que vise o empowerment.
Esta abordagem prende-se com o self-empowerment (valoriza as crenças do
utente e reconhece os seus conhecimentos, capacidades e habilitações para melhorar
a sua própria saúde).
MODELO DE MUDANÇA SOCIAL
Tones e Tilford (1994) – visa atingir a mudança social e ambiental através da
acção política.
French e Adams (1986) – modelo colectivista – por se dirigir à comunidade ou
ao nível social em vez de aos indivíduos.
Tones e Tilford afirmam existirem dois importantes conceitos neste modelo:
Desenvolvimento da Comunidade: concentra-se no empowerment de uma
comunidade, pelo facto das pessoas, elas próprias estabelecerem a agenda. A
comunidade identifica os seus próprios objectivos e necessidades e trabalha
conjuntamente para atingir as metas a que se propôs.
Desenvolvimento da Consciência Crítica: prende-se com o desenvolvimento,
por parte do promotor de saúde, da consciência da comunidade em relação
aos factores determinantes que estão a afectar a saúde (pobreza,
discriminação…). A aplicação deste modelo implica um processo de quatro
passos (Tones e Tilford):
1. Provocar a reflexão sobre a realidade presente;
2. Encorajar a identificação das razões dessa realidade;
3. Investigar quais as implicações dessa realidade;
4. Desenvolver meios para mudar essa realidade.
Princípios de uma abordagem ao desenvolvimento sa saúde baseada na acção da
comunidade (Kahssay e Okley, 1999):
o Tem que ser aceite que qualquer melhoria no estado de saúde não está
somente relacionada com os serviços de saúde.
o Tem que se perceber que melhorias na saúde estão ligadas a melhorias
generalizadas ao nível básico de educação, condições de vida e estilos de
vida.
o Os profissionais de saúde têm que reconhecer que o seu papel deve ser
prestar apoio, não apenas dirigir.
o É importante reconhecer a necessidade de parcerias e colaboração
intersectorial.
o A acção na comunidade só tem sentido quando as próprias pessoas
determinam as suas prioridades e planificam as suas respostas.
o Outros aspectos dom modelo seriam: dar informação e desenvolver a
consciência acerca do estado de saúde.
- Críticas: a acção política pode vi apenas dos responsáveis políticos e, como
afirma Tones (1990), negar a palavra do público ou da comunidade na
tomada de decisões sociais e de saúde. O modelo visa alterar o ambiente
físico e social, colocando a promoção de saúde na agenda política a todos os
níveis, a fim de promover e possibilitar um estilo de vida saudável. Podem
existir problemas com esta abordagem, porque ela exige um compromisso
constante em relação à mudança e as mudanças não acontecem da noite
para o dia.
MODELO DE ACÇÃO DE SAÚDE (MAS)
Foi concebido por Tones e ajuda-nos a pensar acerca do que pode
levar as pessoas a modificar ou não o seu comportamento face à saúde.
O modelo destaca a importância da auto-estima e do auto-conceito das
pessoas (Tones afirma que as pessoas com uma alta auto-estima e um auto-
conceito positivo, são provavelmente mais capazes de se motivarem rumo a
uma vida mais saudável – as pessoas que têm uma auto-estima baixa podem
sentir que não têm controlo sobre a sua saúde e que a sua vida é governada
pela sorte, destino ou acaso).
O comportamento face saúde é influenciado pelas nossas crenças
sobre saúde, os nossos valores, a nossa motivação, o interesse e reacções
de outras pessoas, bem como pela nossa auto-estima e auto-conceito.
O MODELO TRANSTEÓRICO/MODELO DE ETAPAS DE MUDANÇA
Foi avançado em 1983, por Prochaska e DiClemente e ajuda-nos a
identificar a prontidão de uma pessoa idosa para modificar um
comportamento ou estilo de vida de risco e a ajudá-la a planear as mudanças.
Foi desenvolvido para ser usado nos comportamentos aditivos como
fumar e dieta.
Mostra que qualquer mudança que façamos não é um fim, mas parte de
toda uma série.
Marcus e tal (1992) afirmam que o cerne do modelo consiste na
sequência de cinco erapas ao longo de um contínuo de mudança
comportamental:
1. Pré contemplação: nenhuma intenção de fazer uma mudança
comportamental ou a pessoa idosa não tem consciência dos riscos
aos quais se pode estar a expor.
2. Contemplação: a pessoa idosa pensa acerca da mudança e pode
procurar informação, conselhos e apoio sobre como pode mudar.
3. Preparação: a pessoa idosa está agora a preparar-se para mudar.
Pode procurar informação junto de profissionais, familiares e amigos.
Etapas Motivacionais
4. Início efectivo do novo comportamento: a pessoa idosa pode precisar
de ajuda e de um grande apoio para estabelecer metas.
5. Manutenção: inclui a permanência da mudança com o tempo. A
pessoa idosa precisa de ajuda nesta etapa a fim de se concentrar na
manutenção do novo comportamento. Existe ainda a possibilidade de
recaída.
Etapas de Acção
- Crítica: a maioria das pessoas não segue um padrão linear de mudança
comportamental, entrando antes num modelo de “porta-giratória” – andando de trás
para a frente entre as etapas até sair com a manutenção de uma mudança
comportamental.
- Vantagens e utilidade: a maior contribuição deste modelo é a ajuda que nos presta
para percebermos a natureza activa da mudança comportamental e de que temos de
ter consciência das intenções do indivíduo, no que toca a acções futuras. Este modelo
pode ser utilizado numa ampla variedade de comportamentos prejudiciais, como
fumar, e comportamentos benéficos, como fazer exercícios.
UM MODELO DE ENTREVISTA MOTIVACIONAL
Como promotor de saúde poderá achar difícil a motivação para a mudança dos
comportamentos de saúde e das pessoas idosas. Perante isto, poderá ser útil o
modelo de entrevista motivacional.
O trabalho de Miller (1996) sobre a entrevista motivacional baseou-se no
campo da dicção. O autor avançou com uma forma de treinar outros profissionais para
encorajarem os doentes no sentido de participar activamente nos seus próprios
cuidados, pondo questões e reflectindo sobre o que lhes estava a acontecer.
Rollnick e Miller (1995) definem a entrevista motivacional como “um estilo de
aconselhamento directivo e centrado no utente para permitir a mudança
comportamental, ajudando os utentes a explorar e resolver as ambivalências.
Foi concebida como forma de ajudar os profissionais de cuidados de saúde e
obter informação de uma maneira mais centrada no utente. Rollnick et al (1997)
afirmam que o estabelecimento da relação é um ingrediente essencial no processo de
entrevista motivacional.
O principal conceito desta abordagem é ser centrada no utente e reconhecer
que a persuasão directa dos utentes que não estão certo acerca da mudança
comportamental é capaz de reforçar a sua resistência à mudança.
o Menu de Estratégias
O objectivo deste modelo é dar à pessoa idosa oportunidade de identificar as
suas áreas de preocupação e sentir-se encorajada a apresentar as suas razoes
para a mudança. O promotor de saúde encoraja-a a explorar e identificar a
forma como podem aumentar a sua motivação e confiança.
O menu de estratégias oferece oito opções sob a forma de prontidão para a
mudança percepcionada.
A entrevista deve envolver técnicas de entrevista directivas e não directivas,
utilizando, utilizando questões abertas e fechadas e permitindo que a
comunicação seja um processo bi-direccional.
É escolhida uma estratégia de menu tomando por base a prontidão de uma
pessoa para a mudança.
Pode ser usada mais do que uma estratégia durante a entrevista:
1. Estratégia aberta, estilo de vida e uso de substâncias (fumas, álcool,
exercício, dieta, medicação…) OU
2. Estratégia aberta, saúde e uso de substâncias
3. Um dia/sessão típica
4. As coisas boas e as coisas menos boas
5. Proporcionar informação
6. O futuro e o presente
7. Explorar preocupações
8. Ajudar na tomada de decisões
Na entrevista, o tempo que se disponibiliza para cada item é importante (5-15
minutos, mas com uma pessoa idosa pode ser necessário mais tempo).
As últimas questões só poderão ser úteis para aqueles que estão preparados
para tomar decisões.
A combinação de estratégias da entrevista motivacional tem como objectivo
enfatizar o facto de que a pessoa idosa é responsável por fazer as suas
próprias escolhas e capaz de tomar a responsabilidade por elas.
O promotor de saúde precisa de ajudar o utente na identificação e no alcance
destas metas.
O promotor de saúde pode dar apoio à pessoa idosa nas suas decisões e
assisti-la na prossecução das metas.
- Crítica/desvantagem: constrangimento de tempo e método “breve” de
trabalhar com as pessoas.
- Vantagem: pode proporcionar um ponto de partida para o desenvolvimento da
relação como utente – conceito de parceria.
Níveis de Motivação e Confiança
Rollnick e tal (1997) sugerem que o promotor de saúde peça para o
utente dizer o quão motivado e confiante se sente, numa escala de 1-10.
SELF- EMPOWERMENT
Independentemente da abordagem ou do modelo usado, está implícito nesta
definição que as intervenções da promoção de saúde devem capacitar (empower) as
pessoas idosas para que tenham um maior controlo sobre aspectos da sua vida que
afectam a sua saúde.
O conceito de empowerment é diversificado e inclui características e técnicas
ideológicas. Segundo Jones (1997), o “empowerment implica a auto-determinação e a
capacidade e liberdade para assumir responsabilidade sobre si próprio, para expressar
ideias, tomar decisões e influenciar as políticas a todos os níveis”. Está também
relacionado com uma distribuição equitativa do poder, de forma a que as pessoas
possam participar totalmente nas acções e na tomada de decisões.
O MODELO DE EMPOWERMENT
Tones e Tillford (1994) afirmam que o modelo de empowerment deriva do
modelo educacional, sendo que o objectivo é facilitar as escolhas e a tomada de
decisões genuína, ao remover os obstáculos e providenciar capacidades, tanto a nível
individual como a nível comunitário.
A formação para o empowerment requer que trabalhemos com as pessoas
idosas para desenvolver as nossas atitudes, permitindo-nos transferir o poder das
mãos de profissionais como promotores de saúde para as mãos das pessoas idosas
porque estas podem acompanhar o seu próprio progresso.
Desenvolvimento da consciência crítica
Desenvolvimento da consciência crítica Desenvolvimento da comunidade
Empowerment: consciencialização das pessoas idosas acerca de questões e
situações que afectam a sua saúde; desenvolvimento das suas capacidades
(assertividade).
Promotores da saúde: envolver as pessoas idosas no desenvolvimento de programas
de promoção de saúde que vão ao encontro das suas necessidades individuais.
Quem detém o poder e quem beneficia de self-empowerment ? – a pessoa idosa ou o
promotor?
Tones (2001) – desenvolvimento da consciência crítica: prática de pensar de forma
crítica acerca de questões sociais e de as pôr em acção; o papel de empowering do
promotor de saúde corresponde à prática do desenvolvimento da comunidade.
Facilitar a tomada de decisões de saúde
Promotores de saúde: ouvir as pessoas idosas e envolvê-las no planeamento das
actividades de promoção da saúde, dando-lhes “voz”; determinar as necessidades de
saúde individuais das pessoas idosas; manutenção e promoção da sua auto-estima;
valorizar as pessoas idosas e o seu direito à auto-determinação; maximizar o seu
controlo sobre as suas vidas; melhorar o seu sentimento de bem-estar.
Algumas formas práticas de trabalhar com pessoas idosas para promover o self-
empowerment
Finanças : aconselhar as pessoas idosas acerca dos benefícios a que têm
direito e indicá-las aos serviços sociais.
Comunicação : apresentar a informação às pessoas idosas da maneira
correcta, de modo a que elas percebam o que se está a dizer e ouvi-las
cuidadosamente.
Educação : ensinar as pessoas idosas, ao darem informações e habilitações, de
forma a que se sintam encorajadas a ter uma visão mais positiva acerca da sua
própria saúde e bem-estar.
Apoio : ouvir pode ser o maior apoio de que a pessoa necessita, assim como ter
tempo, uma melhor comunicação, mudanças no ambiente e apoio social.
Treino de capacidades : ajudar as pessoas idosas a assumir um maior controlo,
ao ensinar-lhes capacidades (assertividade, gestão do tempo, avaliação dos
seus pontos fortes e fracos, elevação da sua auto-estima).
Emprego : as pessoas idosas podem assumir um papel activo na comunidade
em que vivem (trabalho voluntário, passatempos, estudo, actividades que irão
ajudar a que ganhem um maior controlo sobre as suas vidas).
Motivação : exploração das crenças e atitudes da pessoa idosa relativamente à
sua saúde, clarificar as suas próprias ideias e ajudá-la a ela e a si a ver as
mudanças que a pessoa deseja fazer; ajudar as pessoas idosas a desenvolver
capacidades e confiança para melhorarem e manterem a sua saúde; ajudá-las
a identificar as suas próprias preocupações e a ganhar um maior controlo
sobre a sua própria saúde; participação da pessoa idosa.
Envolver as pessoas idosas nos seus próprios cuidados de saúde : devemos
assegurar-nos de que estamos a ouvir as pessoas idosas acerca das suas
ideias, relativamente à forma como a sua saúde pode ser melhorada e
mantida; aumentar a sua auto-confiança e auto-estima e encorajá-las a
participar; possibilitar que as pessoas idosas tenham mais voz na prestação de
serviços que afectam a sua saúde; fazer algo “com” a pessoa idosa e não
“para” a pessoa idosa, direccionando a mensagem apenas para ela; dar
empowerment às pessoas idosas, ajudando-as a ganhar conhecimento e
capacidades, por forma a que consigam fazer escolhas de saúde positivas.
Os serviços sociais e de saúde: podem garantir a qualidade de vida das pessoas
idosas e verificar se elas recebem tratamento.
Wilson Barnett (1993): o Patient Charter providencia um apoio oficial aos direitos dos
consumidores, incluindo as pessoas idosas; são necessárias capacidades pessoais e
informação, por forma a que a pessoa idosa possa fazer uma transição positiva para a
terceira idade.
Os promotores de saúde: podem ajudar o empowerment das pessoas idosas,
ensinando-lhes as capacidades de vida de que precisam para elevar a sua auto-
estima.
Rosenberg (1965): escala de medição da auto-estima
Auto-estima baixa nas pessoas idosas Depressão
Banerjee e MacDonald (1996) e Victor (1991): a depressão constitui o principal
problema de saúde mental mais comum entre as pessoas idosas – a importância dos
promotores de saúde trabalharem em equipa para promover a saúde mental das
pessoas idosas.
Walker e Warren (1996) – lista de verificação do empowerment:
As pessoas idosas que constituem potenciais consumidores são consultadas
acerca dos serviços?
Têm elas capacidade de fazer alguma escolha acerca do tipo ou nível dos
serviços recebidos?
Os utilizadores e os prestadores de cuidados são consultados separadamente?
Existem representantes independentes disponíveis, caso os utilizadores não
tenham capacidade para fazer uma escolha?
Os utilizadores e os prestadores de cuidados estão ou não envolvidos no
estabelecimento de metas e nos processos de monitorização da agência?
Jones (1997) – critérios para o estabelecimento de exemplos da melhor prática no
empowerment das pessoas idosas:
Há sinais de que tenha havido uma transferência ou redistribuição do poder e
da responsabilidade dos profissionais para as pessoas idosas?
Esta transferência foi planeada desde o início?
Têm-se verificado mudanças positivas no que diz respeito ao envolvimento das
pessoas idosas, às atitudes dos profissionais e à metodologia?
A avaliação e a auto-avaliação foram implementadas desde o início?
Esta avaliação inclui os pontos de vista das pessoas idosas?
Que oportunidades têm os profissionais mais velhos para aumentar as suas
qualificações e evoluir na profissão?
O processo e a metodologia são claros?
Existe um equilíbrio entre custos e benefícios?
Empowerment = dar poder; criação de oportunidades que facilitam, encorajam ou
permitem que as pessoas idosas se tornem autónomas; não podemos apenas dar
empower às pessoas idosas, temos que pensar primeiramente na forma como
estamos a esvaziar o seu poder (disempowerment) e mudar as nossas atitudes,
práticas políticas e estruturas para promover a possibilidade de escolha e a auto-
determinação.
Estratégias para a mudança do comportamento
Identificar problemas que inibem a mudança de comportamentos
Rosenstock (1998): existe a possibilidade de “culpar” a pessoa idosa pelos seus
problemas de saúde ou, mesmo que não lhe seja atribuída a culpa pela doença,
muitas vezes espera-se que ela seja responsável pela solução do problema.
As pessoas idosas nem sempre têm a liberdade de mudar os comportamentos
relacionados com a saúde e podem nem sequer gostar do que é actualmente
considerado como comida saudável ou podem preferir cozinhar os alimentos durante
mais tempo, o que pode eliminar vitaminas e minerais.
Ser saudável pode nem sempre estar sob o nosso controlo pessoal, pelo que, ao
focarmos apenas os factores individuais determinantes do comportamento de saúde
das pessoas idosas, se corre o risco de estarmos a culpá-las pela sua doença.
As pessoas idosas não têm a possibilidade de assumir o controlo sobre as suas vidas
se estiverem em desvantagem devido à doença.
Tornar a vida saudável mais fácil
Carnegie Inquiry (1993): centrou-se nas pessoas idosas com baixos níveis de
educação e formação, trabalhos mal remunerados, períodos de desemprego ou
doença; concluiu que:
elas têm poucas expectativas relativamente à sua terceira idade, devido à
pobreza e à falta de recursos;
muitas pessoas idosas não podem fazer escolhas saudáveis ou cuidar da sua
saúde de forma adequada;
têm um baixo padrão de vida, não podem comprar comida saudável e, se não
tiverem automóvel, estão limitadas quanto às lojas onde podem fazer compras;
é menos provável que estas pessoas procurem actividades educacionais e de
lazer, podendo ficar solitárias e isoladas, especialmente se o seu parceiro tiver
falecido e viverem sozinhas;
as mulheres idosas têm maior probabilidade de serem atingidas pela pobreza
do que os homens – é menos provável que recebam uma pensão, poderão ter
desistido do trabalho por várias vezes para cuidar dos outros e existe uma
maior possibilidade de serem viúvas ou solteiras e de terem um baixo nível de
educação e formação;
a privação e a pobreza não podem ser ignoradas quando se pensa na forma de
ajudar as pessoas idosas a ter uma vida mais saudável;
o gerontismo constitui igualmente um factor-chave que as exclui de muitas
actividades de promoção da saúde.
Usar as estratégias de forma eficaz
Explorar os conhecimentos de saúde da pessoa idosa
Para escolherem a forma adequada de ajudar cada pessoa idosa, os promotores de
saúde podem começar por descobrir quais são os conhecimentos de saúde e as
atitudes da pessoa idosa relacionadas com o aspecto da saúde que desejam abordar.
Auto-estima
Ajudá-las a melhorar as suas competências de vida (assertividade, gestão do stress e
do tempo, relaxamento, capacidades de resolução de problemas e de comunicação).
Etapas de mudança
Tentar perceber em que etapa do continuum da mudança se encontra a pessoa idosa
e em que alteração do comportamento de saúde ela está interessada.
Metas a estabelecer
Abordagem adequada para as diferentes
pessoas idosas
O envelhecimento deve constituir uma experiência positiva para todos
As pessoas idosas não
Avaliar a forma como
trabalhamos com elas e
como facilitamos a sua mudança
de
As metas devem ser realistas e acordadas entre a pessoa idosa e o promotor de
saúde.
Plano de acção
Deve-se adequar o plano de acção especificamente a cada pessoa.
Estímulo
O promotor de saúde e a pessoa idosa podem proporcionar continuamente estímulos
que ajudem a mudar o comportamento e a manter a mudança (um elogio genuíno ou a
recompensa).
Trabalho de equipa
A taxa de sucesso pode ser melhorada se todos trabalharem em conjunto para obter o
comportamento de saúde desejado – deve incluir: a pessoa idosa, a família, o
promotor de saúde, o médico, o médico assistente, a equipa de cuidados de saúde
primários, os grupos de auto-ajuda…
Criar um ambiente de apoio favorável
Um ambiente de não-fumadores pode ajudar a pessoa idosa a deixar de fumar, se
esta o desejar e um programa de exercício num centro de lazer pode ajudar a
melhorar a resistência, a flexibilidade e a força.
Encorajar a escrita de um diário
Recordar as mudanças no comportamento irá ajudar a pessoa idosa a manter essas
mudanças. O diário irá ajudá-la a ter mais consciência das razões que a levaram a
fumar, a comer em excesso, a não fazer exercício… Quando o diário é escrito pelas
próprias palavras e à sua maneira acerca do seu comportamento de saúde, isso
ajudá-la-á a analisar o seu próprio comportamento e aquilo que para ela é importante.
O promotor de saúde pode guiar a narração da história e encorajar a reflexão sobre as
experiências positivas e negativas no comportamento de saúde.
Ingredientes para a mudança do comportamento:
Self-empowerment, ajudar as pessoas idosas a sentirem-se bem consigo
mesmas e com controlo sobre a sua saúde;
Auto-monitorização (ex: escrita de um diário para avaliar os progressos) –
como é que eu me saí hoje?;
Reconhecimento dos sentimentos pessoais;
Identificação dos custos e benefícios – custos positivos e negativos, o dinheiro
que pode poupar se deixar de fumar (ex: benefícios para a saúde da pessoa,
se deixar de fumar – terá capacidade de respirar melhor e poderá sentir-se
bem com o facto de ter força de vontade necessária);
Recompensas para manter a pessoa motivada a manter a mudança (fazer
pequenas “festas” e dizer “boa!”);
Um ambiente de promoção da saúde para tornar a mudança mais fácil;
Planos individuais de acordo com as necessidades sociais e culturais da
pessoa idosa;
Planos realistas presentes e futuros para evitar desilusões, de modo a que a
pessoa idosa não tenha esperanças e expectativas irrealistas (Ewles e Simnett,
1999).
Podem debater-se os seguintes aspectos:
Self-empowerment , assumir o controlo . Nível de envolvimento das pessoas
idosas na tomada de decisões acerca do seu próprio estilo de vida – a pessoa
idosa pode sentir que não tem poder sobre a sua vida ou pode não querer
auto-responsabilizar-se por diversos motivos, preferindo que sejam outros a
tomar as decisões por si.
Comportamento pessoal . Saúde física (mobilidade e tipo de exercício que
pratica), saúde psicológica/emocional e sexual (estar ou não confiante acerca
da manutenção e melhoria da sua saúde, capacidade para afectar a sua saúde
(auto-eficácia), forma como se valoriza a si mesma (auto-estima), seus desejos
e relações, pensamentos, sentimentos e atitudes) e saúde espiritual (crenças,
valores, religião ou princípios importantes na sua vida e saúde).
Questões ambientais . Transportes públicos, alojamento, o que está disponível
para as pessoas idosas (bibliotecas, centros de lazer, salas de chá) e o que
sentem que deveria estar disponível na comunidade.
Questões sociais e culturais . Questões relacionadas com a rede de familiares e
de amigos, as pessoas que os visitam, a frequência com que saem de casa, os
seus passatempos, o nível económico, o nível de participação na vida da
comunidade, a consciência e competências culturais (formas partilhadas de
pensar e de fazer).
Planos futuros de curto e longo prazo . Questões anteriores e mudanças
comportamentais que a pessoa idosa deseja alcançar – pode querer
concentrar-se em aspectos pessoais (mobilidade e actividade física) ou sociais
(a pessoa idosa pode querer encontrar-se com os seus amigos e familiares
mais vezes). Um ou dois planos (de curto e longo prazo) deverão ser
suficientes. Os planos devem ser revistos para avaliar se as metas foram ou
não alcançadas e devem estabelecer-se prioridades em conjunto sobre quais
as principais questões (positivas e negativas). Assentar por escrito estas
metas, a forma como podem ser alcançadas e o tempo que isso vai demorar
irá ajudar a motivar a pessoa idosa – prioridades e metas a alcançar irão
mudar com o tempo, à medida que muda o comportamento relacionado com a
saúde da pessoa.
Pontos práticos:
Os promotores de saúde podem recorrer a uma abordagem invertida – a
pessoa idosa assume o controlo da sua saúde e cabe-lhe a si facilitar a
mudança;
O foco está nos principais conceitos de saúde da pessoa idosa;
As influências na saúde são aquelas que são reflectidas pela pessoa idosa;
A comunicação eficaz é conduzida pelo idoso;
É um processo bidireccional, no qual o promotor de saúde e a pessoa idosa
aprendem um com o outro;
A aprendizagem, o planeamento, a implementação, a acção e a avaliação
partem das reflexões/histórias, valores e ideologia da pessoa idosa;
As alterações aos planos e metas de promoção da saúde partem da pessoa
idosa;
A abordagem utilizada para mudar o comportamento de saúde resulta de uma
decisão conjunta da pessoa idosa e do promotor de saúde, que esteja de
acordo com os valores da pessoa idosa;
A abordagem é individualizada, ajudando a desenvolver uma prática holística,
anti-discriminatória e a promover a interdependência.
Trabalhar desta forma irá optimizar a independência da pessoa idosa, promovendo a
interdependência e facilitando o self-empowerment.
APLICAÇÃO DOS MODELOS
ABORGAGEM MÉDICA/MODELO PREVENTIVO
Aplicação: Exercícios mentais para prevenir a deterioração mental (demências)
o Sopa de letras
o Crucigramas
ABORDAGEM DA MUDANÇA COMPORTAMENTAL
Aplicação: Programa alimentar
o Mudança de hábitos alimentares
ABORDAGEM EDUCACIONAL
Aplicação: Programa para deixar de fumar
o Dar informações sobre as vantagens em relação à sua saúde e aos dos outros
para que possam ter uma vida mais saudável.
MODELO CENTRADO NO DOENTE
Aplicação: Programa para as dificuldades de aprendizagem
o Tem que ser individual e centrado nas dificuldades de cada idoso
MODELO DE MUDANÇA SOCIAL
Aplicação: Programa de apoio aos sem abrigo
o Identificar os objectivos e necessidades da comunidade e trabalhar
conjuntamente
o Provocar a reflexão sobre a realidade presente
o Encorajar a identificação das razoes dessa realidade
o Investigar as implicações dessa realidade
o Desenvolver meios para mudar essa realidade
o Dar informação e desenvolver a consciência acerca do estado de saúde
MODELO DE ACÇÃO DE SAÚDE (MAS)
Aplicação: Programa de promoção da auto-estima e do auto-conceito
o Elevar a auto-estima e tornar o auto-conceito positivo.
MODELO TRANSTEÓRICO/MODELO DE ETAPAS DE MUDANÇA
Aplicação: Programa Anti-alcoolismo
o Identificar a prontidão da pessoa idosa para modificar o seu comportamento de
risco (álcool);
o Alertar para o facto de qualquer mudança não ser um fim;
o Perceber a natureza activa da mudança comportamental.
MODELO DE ENTREVISTA MOTIVACIONAL
Aplicação: Aconselhamento directivo e centrado no doente para permitir a mudança
comportamental
o Dar à pessoa idosa oportunidade de identificar as suas áreas de preocupação
e sentir-se encorajada a apresentar as suas razões para a mudança;
o Explorar e identificar a forma como podem aumentar a sua motivação e
confiança;
o Técnicas de entrevista directivas e não-directivas, utilizando questões abertas
e fechadas e permitindo que a comunicação seja bidireccional;
o Estratégias:
1. Estratégia aberta, estilo de vida e uso de
substâncias (tabaco, álcool, exercício, dieta,
medicação…);
2. Estratégia aberta, saúde e uso de substâncias;
3. Um dia/sessão típica;
4. As coisas boas e as coisas menos boas;
5. Proporcionar informação;
6. O futuro e o presente;
7. Explorar preocupações;
8. Ajudar na tomada de decisões.
MODELO DE EMPOWERMENT
Aplicação: Deriva do modelo educacional
o Facilitar as escolhas e a tomada de decisões genuína, ao remover os
obstáculos e providenciar capacidades, a nível individual e comunitário;
OU
o Desenvolver as nossas atitudes, permitindo-nos transferir o poder das mãos de
profissionais, como os promotores de saúde, para as mãos das pessoas
idosas;
o O seguimento das fases do modelo de mudança contribui para o empowerment
das pessoas idosas porque estas podem acompanhar o seu próprio progresso.
Realizado por:
Susana Ferreira
Cláudia Garcia