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Inovação e Empreendedorismo
Receita para crescer e vencer
Cruzeiros movimentam o Porto do Rio
Retrospectiva ACRJ 2008
EMPRESÁRIO DA ACRJASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO RIO DE JANEIRO
REVISTA DO Novembro/dezembro de 2008
nº 1396 - ano 67
r e v i s t a d o e m p r e s á r i o d a a c r j n o v e m b r o / d e z e m b r o d e 2 0 0 8
PALAVRA DO PRESIDENTE
Caros Leitores,
Olavo Monteiro de Carvalho
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O ano de 2008 deixa um saldo muito positivo,
mesmo com toda a turbulência provocada pela
crise financeira mundial e as incertezas que afligem
o setor produtivo, neste momento. Prova disso é
o resultado surpreendente do Produto Interno
Bruto (PIB) do terceiro trimestre, divulgado pelo
IBGE, que superou todas as expectativas, com
um crescimento de 6,8% no período, mostrando
também que, de janeiro a setembro, o PIB brasi-
leiro alcançou a marca de R$ 747,3 bilhões. Esse
resultado mostra que estamos no rumo certo.
O Brasil está deixando de ser, eternamente,
o “país do futuro”, para reforçar sua posição no
tabuleiro geopolítico e econômico internacional,
como uma das grandes potências mundiais do
século XXI, lastreada pelos nossos imensos recur-
sos naturais. Frisando que, mais do que nunca,
a defesa dessas riquezas será vital para o Brasil.
Haverá, com certeza, desaceleração da economia
como reflexo da crise. Mas, desta vez, tudo indica
que não seremos tão afetados.
No Rio de Janeiro, houve uma expressiva
melhora no ambiente de negócios, que propiciou
investimentos volumosos e o crescimento da
atividade econômica. E isso aconteceu graças ao
diálogo efetivo entre o governo Sérgio Cabral e
o governo federal e à articulação com a iniciativa
privada. Cabral implantou uma administração
moderna, com um time de primeira qualidade,
orientado para a busca de alianças e parcerias que
viabilizem nosso desenvolvimento econômico e,
sobretudo, social. Agora, com o prefeito Eduardo
Paes, essa corrente se fortalece, possibilitando que
também a capital volte a representar seu papel de
destaque no cenário nacional. Junto à ACRJ, Paes
se comprometeu a tirar do papel a revitalização do
Centro do Rio (projeto ARE) e da Zona Portuária e
a promover um verdadeiro choque de ordem. O
começo não podia ser melhor.
A ocupação pela polícia do Morro Dona Marta,
zona sul do Rio, estabelece um marco na área
de Segurança, que permitirá ao poder público
promover uma nova ordem. O Fórum do Rio, lide-
rado pela ACRJ e formado por grandes empresas
e instituições, estuda como se integrará a essa
ação, para incentivar micro e pequenos empre-
endedores da comunidade e apoiar os negócios
já formalizados.
A educação, aliada ao esporte e à cultura, tem
que ser prioridade, para tirar crianças e jovens da
situação de risco em que vivem. Tomara que dê
certo e a experiência se multiplique em outras áre-
as conflagradas. E que a imagem do governador e
do prefeito, juntos, jogando futebol com a garo-
tada no campo da comunidade, seja o símbolo de
tempos alvissareiros para o Rio de Janeiro.
A Associação Comercial do Rio de Janeiro,
ao longo de quase 200 anos representando a
classe empresarial e os interesses da sociedade,
tem participado ativamente dos momentos mais
importantes da história do país, atuando como um
fórum de discussões democrático e independente,
catalisando movimentos que transformam proje-
tos em ações, idéias em inovação, parcerias em
resultados. Em 2009, ano que promete ser difícil,
a ACRJ reforçará ainda mais esse seu papel, bus-
cando a união de esforços em torno da construção
de uma vida melhor para todos.
Os pessimistas que me perdoem o discurso
ufanista, mas a hora é de acreditar ainda mais
no Brasil; de trabalhar ainda mais para superar,
com serenidade e eficiência, as dificuldades que
aparecerem pelo caminho. Essa luta é de todos
nós. Feliz 2009!
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associação comercial do rio de janeiro - biênio 2007/2009
Presidente Olavo Egydio Monteiro de Carvalho1º Vice-PresidenteJosé Luiz Alquéres2º Vice-PresidenteMaria Silvia Bastos Marques
Aristóteles DrummondVice-Presidente de Relações com o LegislativoAureo Salles de Barros Vice-Presidente de PatrimônioCristiano Buarque Franco NetoVice-Presidente Comercial e de AssociadosDaniel Corrêa Homem de Carvalho Vice-Presidente da Divisão JurídicaJoel Korn Vice-Presidente de Relações InternacionaisJosé Gustavo de Souza CostaVice-Presidente Contábil-FinanceiroLuiz Antônio de Godoy Alves Vice-Presidente de CulturaMarta Maria Ferreira Arakaki Vice-Presidente de Pequena e Média EmpresaNelson Janot Marinho Vice-Presidente de Ética Otávio Marques de AzevedoVice-Presidente de Desenvolvimento OrganizacionalPedro Ernesto Mariano de Azevedo Vice-Presidente de Relações PúblicasRonaldo Petis FernandesVice-Presidente de Relações InstitucionaisRudolf Höhn Vice-Presidente de Responsabilidade SocialSergio Cavina BoanadaVice-Presidente de Coord. dos Conselhos Empresariais
VICE-PRESIDEntESAntenor Barros Leal Benjamin Nasário Fernandes FilhoChaja Ruchla Schulz Dora Martins de Carvalho Juarez Machado GarciaMaurício de Castilho DinepiRenato Ribeiro Abreu Rodrigo Paulo de Pádua Lopes Ronaldo Chaer do Nascimento
COnSELhO SuPERIOR
Presidente Humberto Eustáquio César Mota
Rubens Bayma DenysVice-Presidente Milton Tavares Diretor-Secretário
GRAnDES BEnEMÉRItOSAmaury Temporal Célio de Oliveira Borja Guilherme LevyHumberto Eustáquio César MotaJuarez Machado Garcia Lázaro de Mello BrandãoMarcílio Marques Moreira Milton TavaresPaulo Manoel Lenz Cesar Protasio Paulo Victor da Costa MonneratRuy Barreto
EntIDADES GRAnDES BEnEMÉRItASJornal do Commercio Banco do Brasil S/A IRB – Brasil Resseguros S/A
BEnEMÉRItOSAbel Mendes Pinheiro Júnior André La Saigne de Botton Antenor Barros Leal Antônio Sanchez Galdeano Aristóteles Drummond Aroldo Araújo Aureo Salles de Barros Benjamin Nasário Fernandes FilhoBrigitte Barreto Carlos Alberto Lenz César Protásio Chaja Ruchla Schulz Clara Perelberg Steinberg
Conrado Max Gruenbaum Dahas Chade Zarur Daniel Corrêa Homem de Carvalho Daniel KlabinDora Martins de Carvalho Eduardo Baptista Vianna Eduardo Lessa Bastos Francisco Luiz C. da Cunha Horta Frederico Axel Lundgren Guilherme Arinos L.Verde de B. FrancoHaroldo Bezerra da Cunha Haroldo de Barros Collares Chaves João Augusto de Souza Lima João Portella Ribeiro Dantas Jonas Barcellos Corrêa Filho José Antônio do Nascimento BritoJosé Luiz AlquéresJosé Maria Teixeira da Cunha SobrinhoJuan Clinton Llerena Julio César IsnardLinneo Eduardo de Paula Machado Luíz Carlos Trabuco CappiManuel Teixeira Rodrigues Fontes Márcio Castro de Almeida Marco Antônio Sampaio Moreira Leite Marco Polo Moreira Leite Mário da Cunha Raposo Marta Maria Ferreira ArakakiMaurício de Castilho Dinepi Mauro José Miranda GandraMauro Moreira Mauro Ribeiro Viegas Nelson Janot Marinho Olavo Egydio Monteiro de Carvalho Olympio Faissol Pinto Omar Carneiro da Cunha Oscar Böechat Filho Patrick Larragoiti Lucas Paulo Mário Freire Pedro Ernesto Mariano de Azevedo Renato Ribeiro AbreuRoberto Paulo Cezar de Andrade Rodrigo Paulo de Pádua Lopes Roger Agnelli Rogério Marinho Ronaldo Chaer do Nascimento Ronaldo Petis FernandesRondon Pacheco Rubens Bayma DenysSérgio Andrade de Carvalho Sérgio Guilherme Lyra de Aguiar Suely da Costa V. Mendes de Almeida Theóphilo de Azeredo Santos
COnSELhO DIREtOR
Alberto Paulo de Garcia MonneratAlberto Soares de Sampaio GeyerAlessandro D’Ecclesia FaraceAndré GuimarãesAndreya Mendes de Almeida S. NavarroArethuza F.H.S. de AguiarArmando Guedes CoelhoAry da Silva Graça FilhoAugusto de Rezende MenezesCarlos Alberto VieiraCarlos Armbrust LohmannCarlos Augusto Coelho SallesCarlos Geraldo LangoniCarlos Henrique MoreiraCarlos Moacyr Gomes de AlmeidaCarlos Roberto Mendonça Alves DiasCarmen Fridman SirotskyCelso Fernandez QuintellaConstantino Luis Nunes de MendonçaCorintho de Arruda Falcão FilhoCristiano Buarque Franco NetoDaniel PláDilio Sérgio PenedoDomingos BulusEdson de Godoy BuenoEduardo Eugenio Gouvêa VieiraFrancisco Soares BrandãoGeorge Eduardo R. EllisGeraldo César MotaGeraldo Rezende CiribelliGermano H. Gerdau Johannpeter
Gilberto Caruso RamosHaroldo João Naylor RochaHekel de Miranda RaposoHumberto Eustáquio César Mota FilhoIgnacio de Loyola Benedicto OttoniJaime RotsteinJoel KornJosé de Souza e SilvaJosé Francisco de Araújo Lima NetoJosé Gustavo de Souza CostaJosé Roberto MarinhoJosé Wilhami Fernandes de OlivieraJúlio IsnardJúlio Luiz Baptista LopesLaudelino da Costa Mendes NetoLélis Marcos TeixeiraLucy Villela Barreto Luiz Antônio de Godoy AlvesLuiz Ildefonso Simões LopesMarcelo Henriques de BritoMárcio João de Andrade FortesMarcos Castrioto de AzambujaMaria Aguinaga de MoraesMaria de Lourdes Teixeira de MoraesMaria Regina de A. Corrêa da CâmaraMaria Silvia Bastos MarquesMaurício AgnelliMaurício Souza AssisMilton Ferreira TitoNelson Manoel de Mello e SouzaNelson SendasOrlando LimaOsvaldo Henrique Meireles TorresOswaldo Aranha NetoOtávio Marques AzevedoPaulo Manoel Protásio FilhoPaulo Roberto MeinerzPedro Arthur Villela PedrasPedro José Mª Fernandes WähmannRaul Eduardo David de SansonRenato Ferreira MotaRicardo Costa GarciaRicardo Cravo AlbinRicardo Lagares HenriquesRicardo Pernambuco BackheuserRicardo VarellaRonaldo Goytacaz CavalheiroRudolf HohnRui PatrícioSávio Luís Ferreira Neves FilhoSergio Cavina BoanadaSérgio Reis da Costa e SilvaSidney Levy Tácito Naves SanglardTeresa Cristina Gonçalves PantojaTomas Tomislav Antonin Zinner Vera Costa GissoniZieli Dutra Thome Filho
DIREtORES COnVOCADOSAldo Carlos de Moura GonçalvesJoaquim de Arruda Falcão Neto José Pires de SáMaria Luiza Corker C. N. de AlmeidaRonaldo Cezar Coelho Sérgio Gomes Malta
Sócios honoráriosJosé Luiz de Magalhães LinsJúlio Alberto de Morais Coutinho
COnSELhO FISCAL
EfetivosAbel Mendes Pinheiro JúniorCarlos Henrique de Carvalho FróesEduardo Costa GarciaPaulo Sobrino Marques D’OliveiraSérgio Francisco M. de C. Guimarães
SuplenteAureo Ricardo Salles de BarrosFerdinando Bastos de SouzaHelena Spyrides
Secretário GeralNestor Rolim Lacerda
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SumáRIO
Presidenteolavo monteiro de carvalho
Editora/Jornalista Responsávelandréa mury (mtb no 23.787)
Reportagemandréa muryandrea Ferretti mariana santoscida belford
REVISTA DOEMPRESÁRIO DA ACRJASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO RIO DE JANEIRO
Fotografiaivanoé Gomes pereira
CapaFotomontagem Washington rodrigues
Projeto Gráfico / Diagramaçãodueto brasil (21) 3238-3352www.duetobrasil.com.br
36
10
especial: retrospectiva 2008
Órgão técnico e consultivo do Governo Federal no estudo
dos problemas que se relacionam com a economia nacional.
decreto-Lei nº6348, de 26/09/1940
06
capa: inovar para crescer... e vencer
entrevista: marcílio marques moreira
marcílio marques moreira fala de política externa e crise global
inovação e empreendedorismo foram temas constantes nas ações e projetos da acrj em 2008
Fotolito e Impressãozoomgraf-k (21) 2127-7308Redaçãorua da candelária, 9 /11º andarcep: 20091-020 - centro - rj(21) 2514-1219/1269 Publicidade(21) 2514-1211/1204/1208
www.acrj.org.br
42opinião
32Força do rio
17acontece na acrj
34perfil
31almoço do empresário
retropectiva 2008: o que foi notícia na acrj
16artigo
Redação e Revisãoandréa muryandrea Ferretti
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ENTREVISTA : mARcíLIO mARquES mOREIRA
andréa mury
presidente do conselho empresarial de políticas econômicas da
acrj e ex-presidente da instituição, marcílio marques moreira foi
embaixador do brasil em Washington, de 1986 a 1991, e ministro
da economia, Fazenda e planejamento, de 1991 a 1992. ocupou
cargos-chave no Unibanco, bndes, merrill Lynch e presidiu a
comissão de Ética pública da presidência da república. integra os
conselhos de administração da energisa, abn-brazil e FGv, entre
outros, além de presidir o conselho consultivo do etco e ser sócio-
gerente da conjuntura e contexto. marques moreira falou sobre
política externa e comentou a crise financeira global.
7bASTIDORES
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ENTREVISTA : mARcíLIO mARquES mOREIRA
O que o Brasil pode esperar do go-verno Obama?
marcílio - Acho que a principal pauta que podemos esperar do governo Obama é uma ação muito determinada e até ousada para dar um fim a essa fase aguda da crise econômica, que se iniciou com a crise financeira e agora está se traduzindo numa recessão econômica nos EuA, na Europa e no Japão, com o potencial de desacelerar, significativamente, o crescimento dos países emergentes.
Como deverá ser a relação entre Brasil e EUA, referente à questão ener-gética?
marcílio - quanto à questão energética, de-verá haver maior abertura para uma cooperação positiva, pois Obama tem dado grande prioridade ao tema por duas razões: a dependência dos EuA das importações de petróleo e, em vista da questão ambiental, a realização da conferência de copenhagen, que discutirá a reformulação dos acordos de Kioto que estão para expirar. Essa conferência será muito importante. No brasil, devemos fazer uma reflexão. No fim dos anos 80, início dos 90, embora tenhamos superado uma posição muito defensiva em relação ao meio ambiente e até protagonizado uma liderança ao sediar a Rio 92, ultimamente o país voltou um pouco à defensiva, sobretudo não querendo assumir praticamente nenhum compromisso em relação ao desmatamento.
O sr. acredita que possa evoluir a Rodada de Doha? Como o Brasil deve se posicionar?
marcílio - Os presidentes e chefes de governo dos países que compõem o G-20 assumiram um compromisso verbal, e não formal, de não aumen-tar as tarifas até que uma das duas coisas aconte-ça: o fim da recessão ou a conclusão da Rodada de Doha. A probabilidade de haver a conclusão da Rodada de Doha é baixa. mas o agravamento da situação econômica mundial e o esforço de articulação global na resposta dos países a essa
situação reacenderam as esperanças e a expecta-tiva de uma conclusão de Doha. O brasil terá uma posição mais pragmática, que o caracterizou no fim da Rodada porque, para nós, que não temos praticamente nenhum acordo bilateral, que temos apenas o mercosul, que está sitiado, num estado grave, digamos de periclitação. Doha, mesmo não sendo ótima, é importante. Acho que o brasil deve prosseguir numa posição mais pragmática e construtiva, fundamental para possibilitar uma conclusão de Doha, que se não for a ideal, que seja relativamente positiva.
Como avalia as relações bilaterais do Brasil com seus países vizinhos, conside-rando a crise com o Equador e Paraguai, Bolívia e Venezuela querendo agir de modo semelhante?
marcílio - Este é um desafio, um momen-to importante que temos que enfrentar com realismo e muita firmeza. O brasil, com seu crescimento e sua política macroeconômica bem posicionada, assumiu na América do Sul um papel de proeminência tão destacada que – com fundamento ou não – passou a ser considerado um país imperialista. Somos vistos por esses países como antigamente olhavam os EuA. com o nosso desenvolvimento e os investimentos e financiamentos que fizemos nesses países, é uma reação natural. Isso é um lado. O outro é um neopopulismo nesses países. um amigo, grande figura nas relações interamericanas, chama isso de populismo “com plata”, ou seja, populismo lastreado por petróleo a preços muito altos. Talvez este populismo retraia-se um pouco, devido à queda do preço do petróleo. certamente estamos numa situação bem incômoda.
“Este é um desafio, um momento importante que temos que enfrentar com realismo e muita firmeza“
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ENTREVISTA : mARcíLIO mARquES mOREIRA
A situação é preocupante? Como o Brasil deve se resguardar?
marcílio - chávez está se armando muito, com o apoio da Rússia; o Equador também, com Rafael correa. Na bolívia, a situação é muito séria, com o risco até de se desintegrar. O Paraguai quer rever o Tratado de Itaipu. A Argentina está entrando numa fase muito crítica da sua economia, com inflação crescente, desindustrialização e o agronegócio sofrendo a queda dos preços de matérias-primas. Todo o contorno sul-americano está muito difícil. Por outro lado, nós estamos bem e o chile é a economia mais amadurecida, mais moderna. O Peru resgatou Alan Garcia, o populista de 20 anos atrás – agora um neopragmático, neoconservador – e está se fortalecendo. A colômbia, apesar de tudo, está economicamente razoável.
É uma pena que, mais uma vez, não tenhamos nos preparado para essa situação. O brasil, há décadas, vem se recusando a entrar em acordos de garantias de investimentos. um pouco por conta de que esta era uma posição dos países desenvolvidos para os investimentos aqui. mas esquecemos que iríamos nos tornar grandes investidores nesses países. Algumas empresas da Petrobras, na bolívia, fizeram investimentos, violando acordos de prote-ção, e acabaram não apelando por uma arbitragem a que teriam direito. Perdemos a oportunidade de
ter um marco jurídico para nos resguardar. Este marco não é impermeável, mas dá uma firmeza maior. Perdemos também uma grande oportuni-dade com a ALcA, que podíamos ter modificado, mas prevaleceu a idéia de que seria uma anexação da América Latina pelos EuA.
Qual o seu diagnóstico sobre a crise glo-bal? O pior já passou ou ainda vem por aí?
marcílio – Há indícios de que a pior fase da crise financeira tenha passado, mas é muito arriscado afirmar que já passou. No rastro da depressão de 29, o presidente Roosevelt disse, em 31, que o pior havia passado. Então, vários bancos americanos e europeus faliram e houve um ressurgimento muito forte da depressão. A crise está começando no setor chamado real da economia e o pior ainda está por vir. A crise pela qual passamos é, de fato, a mais grave ocorrência desse tipo desde a depressão de 29. Algumas características – como seu escopo global e sua profundidade – a diferenciam das crises anterio-res, em geral mais curtas, menos intensas e não tão sintonizadas como agora.
Esta crise vem, de certo modo, para corrigir de-sequilíbrios econômicos internacionais e nacionais, não meramente financeiros, que se acumularam durante várias décadas e acabaram vindo à tona de uma maneira dramática, detonados pela crise dos papéis de menor qualidade que financiaram habitações nos EuA. É importante saber que a crise do subprime, do setor imobiliário nos EuA, não foi a causa, mas sim o detonador da crise. Após a quebra do Lehman brothers, o crédito mundial praticamen-te travou. Estivemos perto de quase um desmanche do sistema bancário financeiro mundial. Isso foi evitado por ações, ousadas até, dos bancos centrais e dos tesouros dos países desenvolvidos. A partir daí, a crise financeira contagiou de maneira muito forte a economia real. Além das situações reais, também os boatos acabam prosperando. Por isso é tão importante que o governo, os sistemas bancário e econômico e o empresariado passem um grau suficiente de credibilidade, porque a crise passou a ser também uma crise de confiança. E crédito é credibilidade, confiança.
Preocupa-me um certo descompasso no brasil, a dissonância entre a retórica mais amena do governo e suas ações e propostas de legislação agressivas, algumas até desnecessárias, como a autorização da caixa e do banco do brasil para comprarem empresas, construtoras, financeiras
“a crise pela qual passamos é, de fato, a mais grave ocorrência desse tipo
desde a depressão de 29”
9bASTIDORES
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ENTREVISTA : mARcíLIO mARquES mOREIRA
e até bancos. O cidadão fica um pouco perplexo, perde a confiança. Seria ótimo que alguém do go-verno dissesse à população, com mais sinceridade: “sim, o mundo está passando por um momento extremamente difícil e nós participamos deste mundo. Nos últimos anos, melhoramos muito esta inserção e nossa sustentabilidade externa. mas o brasil é um ator global e, assim, tem que arcar com sua porção de certas realidades adversas.”
O governo está certo em ressaltar que não estamos diante de nenhum desastre, nem mesmo de uma depressão, mas sim de uma severa desace-leração em função da crise, que é global. Acho que é preciso instigar a confiança da população, mas não dizendo, simplesmente, “consumam mais”. uma desaceleração muito significativa é quase inevitável. qualquer projeção, neste momento, é arriscada, mas já está havendo uma queda, provocando a retração das atividades industriais e demissões. Algumas consultorias já projetam um crescimento negativo no quarto trimestre.
Quais são os principais desafios impostos pela crise ao Brasil? Como podemos vencê-los?
marcílio - É preciso tomar medidas e dar con-tinuidade a elas, procurando que sejam mais ho-lísticas, mais globais; que não sejam tão pontuais, porque a experiência no brasil de crédito direciona-do ou de grandes presidências de bancos públicos não é das melhores. creio que medidas mais gerais propiciam melhores resultados. Hoje a economia é em rede; são cadeias de produção e, assim, toda a cadeia precisa ser reforçada. Se as medidas forem mais gerais, serão mais eficazes, evitando, depois, certos desequilíbrios. Em algumas regiões do brasil a crise não chegou, em outras chegou mais rápido, como nas metrópoles, nos centros industriais e nos setores do agronegócio e da pecuária, que sofrem uma série de restrições. Para o comércio exterior, vai ser muito difícil. Em novembro, houve queda nas exportações. caíram a demanda mundial e os preços. Houve queda também das importações, porque diminuiu o crescimento interno.
Numa crise como esta, problemas que não vinham à tona, agora vêm. A primeira coisa que as empresas devem procurar fazer é sobreviver. Dando autoridade ao caixa – em momentos de crise financeira, caixa é o rei –, e evitando se en-dividar e tomar medidas que pareçam benéficas a curto prazo mas sejam um veneno para o futuro. Na política fiscal e na política monetária, não
assumir novos endividamentos e custos fixos deve ser prioridade. É preocupante, neste momento, ver o congresso discutindo aumentos de gastos. Às vezes até são situações justas mas, agora, a coisa mais justa é sobreviver.
Como fica a China neste contexto?marcílio - As Nações unidas projetaram
cenários pessimistas, apontando para uma re-cessão muito severa nos países desenvolvidos e desaceleração também muito severa nos países emergentes. Projetam um crescimento de apenas 0,5% no brasil e de 7% na china. uma redução de quase a metade do crescimento que este país apresentou nos últimos anos. Embora a crise não esteja resumida à relação EuA x china, é possível dizer que a metáfora desse desequilíbrio é essa simbiose espúria entre esses dois países. com a fúria consumista alimentada pelo governo ame-ricano, através da manutenção da taxa de juros até negativa, de 1% ao ano, a china entrou num grande impulso de desenvolvimento. manteve uma taxa de juros artificialmente depreciada, invadindo assim o mercado americano. criou-se uma situação artificial. Então, é uma loucura a dois, pois um país não consome demais se não houver alguém financiando e mandando produtos para lá. Por isso, a china será um dos países mais afetados pela crise americana.
“se as medidas forem mais gerais, serão mais eficazes, evitando depois certos desequilíbrios“
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cAPA – INOVAçãO E EmPREENDEDORISmO – REcEITA PARA cREScER E VENcER
2º Prêmio Inovar
para Crescer
revela novos
talentos
cida belford e andréa mury
A Associação Comercial do Rio de Janeiro,
por meio dos seus conselhos empresariais, vem
realizando diversos programas, seminários e
debates destinados a promover a inovação e
o empreendedorismo como condições essen-
ciais ao desenvolvimento socioeconômico do
estado do Rio de Janeiro. Com isso, a ACRJ
pretende estimular o empreendedorismo
desde cedo, já no ambiente escolar;
multiplicar o conhecimento sobre
novas metodologias e tecnologias;
e contribuir para o crescimento e
fortalecimento das empresas flu-
minenses, de todos os portes. A
troca de experiências e a discus-
são de temas prioritários, como
a maior interação entre os
setores acadêmico e produtivo,
legislação e incentivos à pesquisa
e à inovação dentro das empresas,
reuniram diferentes especialistas,
acadêmicos, empresários e re-
presentantes do poder público na
ACRJ, ao longo de 2008.
Um dos destaques desse amplo
leque de projetos e ações é, sem dúvida, o
Prêmio Inovar para Crescer, que completa
seu segundo ano de existência comemorando
a ampliação das atividades realizadas e já
fazendo planos para 2009. Uma iniciativa do
Conselho Empresarial de Inovação e Tecno-
logia da ACRJ, o Prêmio Inovar para Crescer
foi criado para promover a criatividade e o
empreendedorismo no cotidiano escolar. Des-
tinado a professores e estudantes dos ensinos
fundamental, médio e técnico, de escolas
públicas e privadas, o Inovar para Crescer
2008 teve 133 projetos inscritos, que tiveram
como ponto de partida o tema “Planeta
Terra”, com ênfase na questão ambiental e
no desenvolvimento sustentável. O tema é
o mesmo que vem sendo desenvolvido pela
ONU/UNESCO no triênio 2007-2009.
Em 7 de novembro passado, antecipando-
se à Semana Global do Empreendedorismo
(17 a 23/11), a ACRJ promoveu a cerimônia
de entrega do 2º Prêmio Inovar para Crescer,
com a exposição dos 13 trabalhos finalistas
no imponente hall de entrada da instituição,
ao longo do dia. O anúncio dos vencedores,
marcado pela expectativa e pela alegria dos
jovens estudantes, aconteceu no fim da tarde,
no Centro de Estudos Sociais e Econômicos da
ACRJ, que ficou completamente lotado.
público confere os 13
trabalhos finalistas do prêmio
inovar para crescer 2008, em
exposição na acrj
10
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cAPA – INOVAçãO E EmPREENDEDORISmO – REcEITA PARA cREScER E VENcER
Além do presidente da ACRJ, Olavo
Monteiro de Carvalho, e dos presidentes
dos Conselhos Empresariais de Inovação
e Tecnologia, de Educação e de Políticas
Econômicas, Antônio Sérgio Fragomeni,
Vera Gissoni e Marcílio Marques Moreira,
respectivamente, participaram da solenidade
de premiação do Inovar para Crescer 2008
os diretores do Sebrae/RJ, Cezar Vasquez e
Evandro Peçanha; Julio Lagun Filho, Sérgio
Teixeira e José Ricardo Sartini, representando
as secretarias estaduais de Ciência e Tecno-
logia, de Desenvolvimento Econômico e de
Educação; a gerente Lisangela Gnocchi Reis,
de Furnas Centrais Elétricas; e Gisele Avena,
diretora do Instituto Unibanco.
Os grandes vencedores, com projetos
classificados nos primeiros lugares, foram
o Colégio Israelita Brasileiro A. Liessin e
a Escola Técnica Estadual Henrique Lage,
nas categorias Ensino Fundamental e En-
sino Médio/Técnico, respectivamente. As
instituições de ensino, classificadas em
primeiro lugar, ganharam um computa-
dor, impressora e periféricos cada uma;
os professores orientadores dos projetos
que ficaram em 1º lugar receberam um
laptop, enquanto seus alunos, integrantes
das equipes, ganharam aparelhos de MP4
e medalhas.
Os vencedores do 2º e 3º lugares, nas duas
categorias, ganharam medalhas e certificados
indicando sua classificação no Prêmio. A
menção honrosa foi para a equipe da Escola
Técnica Estadual de Transporte Engenheiro
Silva Freire, com o projeto Trem-Escola.
O 1º lugar do Ensino Fundamental ficou
com o professor Charles Esteves Lima e os
estudantes Daniel Nasajon e Jaques Honig-
baum, do A. Liessin, que desenvolveram o
projeto “Sistema de Geração de Energia por
Indução Eletromagnética”, cuja finalidade
é produzir energia limpa e gratuita. Para
eles, o prêmio é um reconhecimento para a
vida toda. “O prêmio vai me ajudar na vida
profissional e pessoal também. Vou poder
mostrar para os meus filhos, com orgulho,
o que fiz”, disse Daniel Nasajon.
Já na categoria Ensino Médio/Técnico,
o 1º lugar foi conquistado pelos alunos da
Escola Técnica Henrique Lage, Thiago Silva
de Castro, Luigi Maciel Ribeiro e Carlos
Daniel de Melo Sampaio, orientados pelo
professor Altair Martins dos Santos. Eles
criaram o Sistema de Visão Complementar,
para auxiliar o motorista em manobras,
quando ocorre o chamado ponto cego, que
impede a visualização dos cantos à esquer-
da e à direita do veículo pelos retrovisores.
Orgulhoso, o professor atribuiu a vitória ao
o centro de convenções
da acrj lotado para
conhecer os vencedores do
inovar para crescer 2008
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empenho dos alu-
nos. “Eles tiveram a
idéia inicial. Depois,
eu apenas orientei.
Esse prêmio coroa
um ano de traba-
lho”, disse Altair
dos Santos.
O presidente da
ACRJ, Olavo Mon-
teiro de Carvalho, afirmou que “o Inovar
para Crescer é uma importante ferramenta
para o desenvolvimento do estado”. Já o
diretor do Sebrae/RJ, Cezar Vasquez, desta-
cou a importância do projeto por despertar
no jovem o espírito empreendedor. “Inovar
é uma atitude que pode mudar a história
de cada um de nós”, disse, aconselhando
os estudantes a dar continuidade às suas
pesquisas. O presidente do Conselho
Empresarial de Ino-
vação e Tecnologia
da ACRJ, Antonio
Sergio Fragomeni,
disse que o país não
pode deixar de in-
vestir em pesquisa,
se quiser continuar
crescendo.
O incentivo à
educação foi apon-
tado como um dos
principais fatores
que levaram empresas e instituições a
apostarem no programa do Inovar para
Crescer. “Temos foco na educação. Esta é
uma questão muito discutida na sociedade
do conhecimento e não se pode pensar
em igualdade sem educação”, afirmou a
diretora do Instituto Unibanco, Gisele Ave-
na. A gerente de Furnas Centrais Elétricas,
Lisangela Gnocchi Reis, ressaltou que o
apoio às pesquisas é fundamental para o
desenvolvimento cultural dos estudantes.
Ao longo do ano, a ACRJ promoveu
diferentes oficinas pedagógicas gratuitas,
destinadas à capacitação de professores e
profissionais de ensino em metodologias
e novas ferramentas de pesquisa voltadas
ao processo de criação e elaboração de
projetos. A proposta das oficinas é que
os professores multipliquem os conheci-
mentos adquiridos junto aos seus alunos,
incentivando-os a colocar em prática suas
idéias, participando do Prêmio Inovar
para Crescer.
Inovar para Crescer 2009: idéias para a Megalópole Brasileira
Mal terminou o ciclo 2008 e as coor-
denadoras do Prêmio Inovar para Crescer,
a vice-presidente do Conselho Empresarial
de Inovação e Tecnologia da ACRJ, Marí-
lia Brito, e a professora e conselheira de
Cultura, Maria Teresa Moreira, já estão
preparando as novidades para 2009. Se-
gundo Marília Brito, a intenção é ampliar
as parcerias envolvidas no programa, para
poder oferecer mais oficinas pedagógicas,
todas gratuitas, além de recursos que pos-
sibilitem aos vencedores dar continuidade
aos seus projetos.
O ciclo 2009 do Prêmio Inovar para
Crescer será lançado em março. A primeira
oficina pedagógica acontecerá no dia 17 de
março, com a participação dos vencedores
de 2008, que vão relatar suas experiências
na participação do Inovar. Na ocasião, tam-
bém será apresentado o cronograma das
oficinas e detalhado o tema de 2009.
O tema Planeta Terra será mantido, mais
com ênfase, desta vez, nas questões relacio-
olavo monteiro de carvalho e
a equipe do colégio israelita
brasileiro a. Liessin: professor
charles esteves Lima e os
alunos daniel nasajon e
jaques Honigbaum. 1º lugar na
categoria ensino Fundamental
marcílio marques moreira e
a equipe da escola técnica
estadual Henrique Lage:
professor altair martins dos
santos e os estudantes thiago
silva de castro, Luigi maciel
ribeiro e carlos daniel de melo
sampaio. 1º lugar na categoria
ensino médio/escola técnica
cAPA – INOVAçãO E EmPREENDEDORISmO – REcEITA PARA cREScER E VENcER12
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r e v i s t a d o e m p r e s á r i o d a a c r j n o v e m b r o / d e z e m b r o d e 2 0 0 8
empreender com éticacida belford
O diretor do Instituto Gênesis da
PUC-Rio, José Alberto Sampaio Aranha,
foi o convidado da reunião conjunta dos
Conselhos Empresariais de Ética e de
Jovens Empreendedores (Conjove), em 12
de novembro. Na ocasião, ele discutiu a
importância da ética como diferencial nas
ações empreendedoras.
Sampaio Aranha afirmou que, para
uma empresa alcançar o sucesso, é neces-
sário que o empreendedor, o líder, possua,
além do capital, conhecimentos que o
auxiliem na tomada de decisões e carac-
terísticas como habilidade de comunica-
ção, caráter e ousadia, importantes para
conseguir colocar em prática suas idéias.
“A inovação é coletiva. As pessoas preci-
sam umas das outras. O relacionamento
é a base para as nossas ações e o cará-
ter é fundamental
para conquistar a
confiança de al-
guém”, afirmou.
Outro aspecto da
visão empreende-
dora abordado foi
o da solidariedade. “As empresas precisam
de compromisso social”, destacou. O pre-
sidente do Conselho de Ética enfatizou o
discurso. “A solidariedade é a virtude mais
importante do ser humano”, disse Janot,
recordando Aristóteles.
O Instituto Gênesis da PUC Rio desenvolve
atividades que orientam seus alunos na prática
do empreendedorismo e dispõe, além das in-
cubadoras, da Empresa Júnior, que desde 1995
oferece soluções em consultoria. Informações
no site www.genesis.puc-rio.br
sampaio aranha e nelson
janot discutem a ética
nas empresas
maria teresa moreira e marília
brito, trabalho incansável à
frente do inovar para crescer,
desde sua 1ª edição, em 2007
cAPA – INOVAçãO E EmPREENDEDORISmO – REcEITA PARA cREScER E VENcER
nadas à formação da megalópole brasileira,
como infra-estrutura, logística, recursos natu-
rais e meio ambiente, tráfego urbano, relações
sociais e reforma da legislação tributária. “A
Megalópole Brasileira” é um dos projetos
prioritários da ACRJ. Formada pelas cidades do
eixo Campos (RJ)-Campinas (SP)- Juiz de Fora
(MG), incluindo as capitais Rio de Janeiro e São
Paulo, a megalópole brasileira tem sido objeto
de vários fóruns de discussão promovidos pela
ACRJ, com o objetivo de propor a implantação
de projetos, a partir da ação integrada dos
estados e municípios que a compõem, que
contribuam para o desenvolvimento susten-
tável desse imenso território.
O Prêmio Inovar para Crescer, realizado
pelo Conselho Empresarial de Inovação e
Tecnologia da ACRJ, em parceria com o Con-
selho Empresarial de Educação, o Sebrae/RJ,
o Instituto Unibanco e Furnas, tem o apoio
da UNESCO, do Governo do Estado – por
meio das secretarias de Educação, de Ciência
e Tecnologia, e de Desenvolvimento Econô-
mico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis),
do Instituto Nacional da Propriedade Indus-
trial (INPI), da Universidade Castelo Branco,
da Folha Dirigida, do Instituto Tecnológico
Inovador e do SinepeRio, contando também
com a colaboração da Cristália Produtos
Químicos Farmacêuticos.
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cAPA – INOVAçãO E EmPREENDEDORISmO PARA cREScER E VENcER
seminário na acrj
debateu as melhores
práticas de gestão de
empresas vitoriosas
boas práticas de gestão –
Garantia de produtividade
e competitividade
andrea Ferretti e mariana santos
Em parceria com o Sebrae/RJ, os Con-
selhos da Micro e Pequena Empresa e de
Jovens Empreendedores da ACRJ promove-
ram, no dia 25 de novembro, o seminário
“As melhores práticas de gestão para
micro e pequenas empresas”. Destinado
a empresários e empreendedores em ge-
ral, o objetivo do encontro foi estimular a
discussão sobre as práticas de gestão mais
modernas, a partir da apresentação de
experiências bem-sucedidas.
A presidente e o vice-presidente dos
Conselhos Empresariais da Micro e Pequena
Empresa e de Jovens Empreendedores da
ACRJ, Marta Arakaki e Áureo Ricardo Salles
de Barros, respectivamente; o gerente da
Área de Estratégias e Diretrizes do Sebrae/RJ,
Cezar Kirszenblatt; e Luiz Fernando Bergamini
de Sá, coordenador do Programa Qualidade
Rio da Secretaria Estadual de Desenvolvimen-
to Econômico, abriram o encontro que reuniu
mais de 400 pessoas, entre profissionais e
empresários, no Salão Nobre da ACRJ.
Em suas breves apresentações, eles ressal-
taram que, a partir da discussão de experi-
ências bem sucedidas de empresas que já se
destacam no mercado, a proposta do seminá-
rio era contribuir com novos conhecimentos
que, postos em prática, podem propiciar
melhores resultados e vantagens competiti-
vas para os empreendimentos. Eles também
destacaram aspectos como a boa gestão de
recursos humanos, o conhecimento específi-
co sobre o mercado e o gosto pelo risco – que
deve ser calculado – como fundamentais ao
sucesso de uma empresa. Os casos de suces-
so, marcados por dificuldades e superação
dos desafios, foram apresentados e discutidos
na segunda parte do seminário.
Em sua palestra, Cláudio Nasajon, diretor
da Nasajon Sistemas, empresa especializada
no desenvolvimento de softwares de gestão,
afirmou que o engajamento dos funcionários
é fundamental para qualquer empresa, seja
de qual porte for. “É preciso encantar o clien-
te. Qualidade é entregar o prometido e ex-
ceder as expectativas. Para isso, é necessário
investir em mão-de-obra”. Ele também frisou
a importância de reter talentos. É preciso
pagar salários em dia, tratar as pessoas com
respeito e promover atividades de integração
da equipe”, disse ele, acrescentando que
coisas simples, como música ambiente, boa
iluminação e decoração agradável, além de
equipamentos adequados, aumentam a pro-
dutividade. A Nasajon Sistemas foi apontada
cAPA – INOVAçãO E EmPREENDEDORISmO – REcEITA PARA cREScER E VENcER14
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como uma das 25 melhores empresas para se
trabalhar no estado do Rio de Janeiro, numa
pesquisa recente realizada pelo instituto Gre-
at Place to Work, em parceria com a ABRH-RJ
(Associação Brasileira de Recursos Humanos
do Rio de Janeiro) e o jornal O Globo.
Mônica Reis Buriche, proprietária da
Laundry Service, expôs as dificuldades que
enfrentou até resolver investir em conheci-
mento. “A lavanderia tinha vários problemas.
Fazer os cursos no Sebrae/RJ me deu idéias
que proporcionaram grandes mudanças”,
disse ela, que desenvolveu programas para
estimular seus funcionários e fidelizar seus
clientes. Em 2006 e 2007, ganhou o Prêmio
“Mulher Empreendedora” do Sebrae/RJ.
O vice-presidente do Conjove, Áureo Ri-
cardo Salles, começou a trabalhar na empresa
da família, a A. Salles Engenharia, aos 14
anos. Com 28, montou uma fábrica de dutos
de ar condicionado e criou uma empresa de
prestação de serviços de manutenção predial.
Para ele, empreender é mais do que o ato de
abrir uma empresa. “O empreendedor iden-
tifica, analisa e implementa oportunidades
de negócios, sempre com foco na inovação
e na criação de valor”, afirmou.
Cristina Rocha, proprietária da CR Viagens
e Turismo, também fez um relato sobre o
seu negócio, que prioriza a excelência no
atendimento ao cliente, com plantão 24
horas. O empreendimento tem oito anos
de existência. “O segredo não é fazer o que
gostamos, mas gostar do que fazemos”,
disse a empresária, que acaba de ganhar o
Prêmio Top of Quality 2008 da Ordem dos
Parlamentares do Brasil.
Jaime de Barros Rego, analista do Sebrae/
RJ, analisou aspectos sobre administração
financeira. De acordo com ele, a gestão do
caixa de uma empresa é determinante para a
liquidez e a rentabilidade do negócio. “A falta
de planejamento financeiro é uma das prin-
cipais causas do fechamento de empresas”,
afirmou, com base em dados de pesquisa do
Sebrae/RJ realizada em 2007, que revela o
aumento da taxa de sobrevivência das micro
e pequenas empresas, nos dois primeiros
anos de atividade, de 51% para 78%. Em-
bora a maior qualificação profissional tenha
sido um dos fatores para o crescimento da
taxa, segundo ele 68% dos empresários que
fecharam suas portas apontaram as falhas
gerenciais como o principal motivo do fra-
casso, destacando-se a falta de planejamen-
to financeiro e a formação inadequada de
preços de produtos e serviços. Ele destacou
que, para o sucesso de um empreendimento,
é necessário preparar um plano de negócios,
projetar os recursos financeiros necessários,
implementar controles adequados e gerir cor-
retamente o fluxo de caixa. Já o presidente do
Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis
do Rio de Janeiro (Sescon-RJ), Lindeberger
Augusto da Luz, descreveu as atribuições de
um contador, ressaltando a importância de
uma contabilidade correta como ferramenta
para o bom desempenho de uma empresa.
“É um erro crer que o contador é um mero
emissor de guias de pagamento. O trabalho
do contador envolve comunicação constante
com o empresário, confiança e aconselha-
mento para melhorar a gestão e o controle
da empresa”, concluiu.
“Fazer os cursos no sebrae/rj me deu idéias que proporcionaram grandes mudanças”
cAPA – INOVAçãO E EmPREENDEDORISmO – REcEITA PARA cREScER E VENcER
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ARTIGO
de filantropia, mas verdadeiramente responsá-
veis pela fiscalização e aplicação dos recursos,
pois têm interesse e direito de acompanhar os
resultados e de ajudar no êxito dos projetos
patrocinados. Os Conselhos de Direitos de
diversos estados estimulam que o aporte dos
recursos seja feito com a escolha dos projetos
e dos executores dos mesmos.
Estudo da Secretaria de Fazenda do Estado
do Rio de Janeiro estimou em 600 milhões de
reais a possibilidade de destinação dos contri-
buintes fluminenses – pessoas físicas até 6%
e pessoas jurídicas 1% do imposto de renda
devido – para os Fundos geridos pelos Conse-
lhos de Direitos. Contudo, é de pouco mais de
1 milhão os recursos hoje existentes no Fundo
do Rio de Janeiro.
Qual a razão dessa penúria? A falta de es-
trutura até então existente para a administração
do Fundo e a falta de regras claras. Mas, tais
obstáculos foram superados. O Governo Sérgio
Cabral dotou o Conselho da Criança de estrutu-
ra, de pessoal e material, que permite uma boa
e eficiente administração do Fundo. O CEDCA/
RJ aprovou deliberações, planos de ação e de
aplicação orçamentária – documentos que se en-
contram disponíveis no site (www.cedca.rj.gov.
br) – que tornam claras as regras de doação e
de aplicação dos recursos.
Essa transparência permitirá a escolha dos
projetos constantes no Banco de Projetos, e
serão muito bem-vindos os recursos daqueles
que quiserem contribuir para a garantia da efe-
tivação dos direitos fundamentais de crianças e
adolescentes fluminenses e para a melhoria da
qualidade de vida de todos os cidadãos.
siro darlan *
Doações para o Fundo para a Infância e Adolescência
A democracia participativa consagrada na
Constituição da República estimulou a co-respon-
sabilidade na discussão e elaboração das políticas
públicas através da criação dos Conselhos de
Direitos, formados paritariamente com represen-
tação governamental e da sociedade civil.
O legislador, ao regulamentar o artigo 227
da Carta Magna através do Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente, dotou os Conselhos de
Direitos com orçamento próprio para financiar
os projetos públicos e privados que priorizem
os eixos garantidores da efetivação dos direitos
das crianças e adolescentes. O Fundo para a
Infância e Adolescência, alimentado por verbas
originárias dos orçamentos públicos, de doações
de pessoas físicas e jurídicas através da renúncia
fiscal, e as receitas das multas aplicadas pelo
Judiciário em razão do descumprimento das
medidas de proteção à infância e à juventude,
destinam-se ao financiamento dessa política de
proteção integral.
Tanto a definição desses eixos como o regis-
tro e aprovação dos projetos a serem financiados
são tarefas dos Conselhos de Direitos, que têm
a função de discutir e deliberar políticas públi-
cas em suas plenárias com as representações
governamentais e da sociedade civil.
Os estados da federação estruturaram e
organizaram seus Conselhos de Direitos, assim
como todos os municípios, e promovem a arre-
cadação dos recursos livremente, inclusive com
a possibilidade dos doadores definirem junto
aos Conselhos as prioridades e os projetos que
deverão ser beneficiados.
Essa prática, além de democratizar a dis-
cussão, faz dos doadores não meros agentes
* o desembargador siro darlan é presidente do conselho estadual de defesa dos direitos de crianças e adolescentes do rio de janeiro.
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AcONTEcE NA AcRJ
Arthur Sendas: homem simples e de grande fé
cida belford
Homem simples e de uma fé inabalável.
Assim Arthur Sendas foi lembrado, durante
a homenagem póstuma realizada pelos Con-
selhos Superior e Diretor da ACRJ, em 26 de
novembro, que reuniu familiares e amigos do
empresário, morto em outubro.
Sinônimo de liderança empresarial, Sendas
tratava a todos com igualdade e respeito. “Ele era
um homem religioso, simples e carismático. A fé de
Arthur poderia mover montanhas”, disse o presi-
dente da ACRJ, Olavo Monteiro de Carvalho.
O presidente do Conselho Superior da ACRJ,
Humberto Mota, também destacou a religiosi-
dade e devoção de Sendas. “Ele estava sempre
preocupado com o próximo. Na igreja de São Ju-
das Tadeu, todos paravam para cumprimentá-lo.
Arthur Sendas, acima de tudo, amou o próximo
como a si mesmo”, disse, emocionado.
Mota acrescentou que Sendas era uma pes-
soa de bem com a vida e que a homenagem,
ainda que causasse comoção, servia para deixar
claro que “mesmo ausente, Sendas se fazia
presente e seria imortalizado”. Já o presidente
do Clube de Regatas Vasco da Gama, Roberto
Dinamite, descreveu a paixão e o orgulho do
empresário em ser vascaíno, ressaltando que
ele sempre participou dos momentos mais
importantes do clube, inclusive os mais difíceis,
ajudando, muitas vezes, financeiramente.
O sucesso como empresário de uma das
maiores redes de supermercados do Brasil
não foi conquistado da noite para o dia. “O
jovem Arthur carregava caixas de mercadorias
nas costas e, mesmo à frente da empresa e
de entidades de classe, como a Associação
Brasileira de Supermercados (Abras) e ACRJ,
o empresário dava exemplo. Ele chegava no
escritório às 7h, como se fosse seu primeiro
dia de trabalho”, contou o vice-presidente do
Conselho Administrativo do Grupo Sendas,
Aprígio Lopes Xavier.
A homenagem reuniu a família do empresá-
rio, diretores e funcionários da ACRJ. Estavam
presentes os filhos Márcia Maria e Nelson,
acompanhado de sua mulher Mariana, e a irmã
de Sendas, Érika Sendas Bione. Nelson destacou
o amor de seu pai pela ACRJ e pelo trabalho
desenvolvido na Casa do Empresário. “A gente
via a alegria que meu pai tinha em vir pra cá.
Ele se sentia bem aqui, tanto que escolheu a
ACRJ para anunciar um fato importantíssimo
para a nossa empresa, que foi a associação com
o grupo Pão de Açúcar”, destacou.
Compareceram à homenagem, que lotou o
Centro de Estudos Sociais e Econômicos da ACRJ
– construído por Sendas – grandes beneméritos,
beneméritos, vários diretores e presidentes dos
Conselhos Empresariais da Casa, como Célio Borja,
Áureo Salles de Barros, Maria Aguinaga, Francisco
Pinto, Francisco Horta, Marta Arakaki, Maria Luíza
olavo monteiro de carvalho,
familiares de arthur sendas e
Humberto mota
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AcONTEcE NA AcRJ
Nobre, Daniel Klabin, Guilherme Arinos Franco,
Mauro Gandra e Haroldo Bezerra da Cunha, entre
muitos outros. O diretor-superintendente do Se-
brae/RJ, Sergio Malta, e o presidente do Clube de
Diretores Lojistas do Rio, Aldo Gonçalves, ambos
diretores da ACRJ, também estiveram presentes,
além de amigos como Antônio Lopes, ex-técnico
do Vasco da Gama, e o Padre João Navarro Reber-
te. O governador Sérgio Cabral e o secretário de
Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, foram
representados pela superintendente de Projetos
Especiais da secretaria, Mara Lucia Paquelet.
Arthur Sendas começou a freqüentar a
Associação Comercial do Rio de Janeiro há
40 anos, quando se associou à instituição. Foi
diretor, conselheiro, vice-presidente e Grande
Benemérito. Em 1997 foi eleito, por unani-
midade, pelo Conselho Superior, presidente
da ACRJ e permaneceu à frente da Casa do
Empresário por dois mandatos, sendo sucedido
pelo atual presidente do Conselho Superior,
Humberto Mota.
Um momento de grande emoção marcou
a homenagem, no final, quando foi exibido
um vídeo com fotos que ilustravam passagens
da trajetória de Sendas, desde menino, no Ar-
mazém Trasmontano, em São João de Meriti,
até seus últimos dias.
nelson sendas lembra
o carinho que o pai
tinha pela acrj
rubens migliaccio discute a
ética na liderança
Café com Ética mariana santos
Ao longo deste
semestre, o Conselho
Empresarial de Ética
da ACRJ promoveu
debates a partir de
temas contidos no li-
vro “Ética na Gestão
Empresarial - da Cons-
cientização à Ação”
(Editora Saraiva), de
Francisco Gomes de Matos, no ciclo de palestras
Café com Ética. O ciclo terminou em dezembro,
com a realização do quinto e último encontro.
Na ocasião, o professor e conselheiro Rubens
Migliaccio abordou o tema “Competências éticas
e modelo de gestão”. Entre outras questões, ele
ressaltou que a ética está na consciência humana
e na cultura das organizações, onde se desenvolve
a consciência coletiva. “A liderança é formadora
de consciências, vontades e estratégias transfor-
madoras, direcionadas ao bem comum. Ser líder
implica no compromisso ético”, destacou. Para ele,
o primeiro grande desafio é motivar nos líderes
a competência para ser ético. Assim, é possível
desenvolver um modelo de ética na gestão, por
meio do diagnóstico e de ações estratégicas, cujos
fundamentos sejam a cultura renovada, a liderança
integrada e a estratégia consensual. O autor do
livro, Francisco Gomes de Matos, declarou que a
ética faz parte da essência da liderança autêntica.
A bandeira do líder é a renovação contínua de
pessoas, estruturas e tecnologias. “Uma ‘empresa
do ser’ é uma corporação fundada na ética da
solidariedade. Todas as organizações possuem
líderes competentes, mas o que faz a diferença é
a liderança integrada”, afirmou.
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AcONTEcE NA AcRJ
andré Urani, nizan
Guanaes e olavo
monteiro de carvalho
marcelo szpilman explica
como será o aquario
andrea Ferretti
cida belford
Claro Rio SummerPresidente da ACRJ debate
o valor da Moda
O presidente da Associação Comercial do
Rio de Janeiro participou do seminário “O Valor
da Moda”, no Forte de Copacabana, durante
o Claro Rio Summer, evento de moda-praia
internacional, que aconteceu entre os dias 5 e
8 de novembro. Olavo Monteiro de Carvalho
ressaltou a importância da indústria criativa
no momento em que se discute com o poder
público a melhoria do ambiente de negócios
no estado. “A ACRJ tem conseguido resultados
concretos e estabeleceu um diálogo, um rela-
cionamento de respeito com os diferentes níveis
de governo que não existia antes”, afirmou.
Para ele, o carnaval com o desfile das escolas
de samba e eventos, como o Claro Rio Summer,
demonstram “o poder da arte no Rio de Janei-
ro”. No seminário, o economista do IETS, André
Urani, frisou que a redução da carga tributária
dos micro e pequenos empresários ajudaria o
negócio da moda no estado.
No encerramento do Claro Rio Summer,
o presidente da ACRJ participou, ao lado do
governador Sérgio Cabral, do publicitário Nizan
Guanaes e de várias autoridades, do movimento
pela candidatura do Rio de Janeiro como Patri-
mônio Natural e Cultural da Humanidade.
O diretor do AquaRio, Marcelo Szpilman,
foi o convidado da reunião do Conselho Em-
presarial de Turismo Pró-Rio da ACRJ, em 3 de
novembro. Ele apresentou o projeto do maior
aquário da América Latina, que será construído
na Zona Portuária, no prédio da antiga Cibrazen,
cedido pela Prefeitura. O espaço terá 25 mil m²
de área construída e capacidade para expor 12
mil animais, de 400 espécies diferentes, em 5,4
milhões de litros de água.
Segundo Szpilman, o AquaRio, proposta
do Instituto Museu Aquário Marinho do Rio de
Janeiro, será construído no início de 2009, sendo
concluído em dois anos. O biólogo marinho frisa
que o empreendimento vai alavancar a econo-
mia da cidade, revitalizando a Zona Portuária e
trazendo mais turistas. Para realizar o projeto,
a iniciativa privada deverá investir pelo menos
R$ 84 milhões. A estimativa é de que passem
pelo local cerca de 1,5 milhão de pessoas/ano.
O valor do ingresso deverá ficar em torno de
R$ 20,00. A previsão é de que o AquaRio te-
nha um faturamento anual de R$ 31 milhões,
podendo alcançar até R$ 40 milhões. No local,
além de espaço de lazer, centro de pesquisas,
museu, exposições sobre a vida marinha e escola
de mergulho, haverá também um centro de
recuperação da fauna marinha, para cuidar de
animais capturados na natureza até que possam
ser reinseridos em seu habitat.
Rio terá o maior aquário
da América Latina
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AcONTEcE NA AcRJ
mariana santos
Boas perspectivas
para a indústria naval
A ACRJ promoveu, em 27 de novembro,
mais uma edição do Café da Manhã Empresa-
rial, com a participação do diretor financeiro e
administrativo da Transpetro. Rubens Teixeira
analisou o crescimento da indústria naval no
país e a geração de empregos no setor.
O Brasil chegou a ser o maior produtor mun-
dial de embarcações nos anos 70, mas passou,
depois, por uma década de estagnação. Agora,
com o impulso decorrente das descobertas de
petróleo e do comércio mundial, os estaleiros
ganharam novo impulso. “Temos condições de
olhar para o futuro. Existe uma grande demanda
por embarcações de todos os tipos”, afirmou. A
indústria naval representa um segmento impor-
tante de geração de empregos e de multiplicação
de empresas de serviços e de fornecimento de
peças e componentes. “Precisamos desenvolver
a nossa tecnologia e exportá-la.”
Para o diretor da Transpetro, o Rio de Janei-
ro, por sua vocação histórica para a construção
naval, ganha destaque nesse contexto e isso
contribuirá para a revitalização da indústria
fluminense. A perspectiva é de que o setor
naval se reestruture e se torne cada vez mais
competitivo internacionalmente”.
sérgio Fragomeni,
rubens teixeira
e reinaldo cardoso
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AcONTEcE NA AcRJ
victor raúl ojeda,
marco polo moreira
Leite e Lício araujo
james Gwartney e marcílio
marques moreira
cida belford
cida belford
V Fórum Saída para o Pacífico
A ACRJ realizou, em 25 de novembro, o
V Fórum Saída para o Pacífico, para discutir
a integração terrestre sul-americana e o
acesso para o Oceano Pacífico. O projeto
da Rodovia Interoceânica foi apresentado
pelo diretor de Transportes da Câmara
Brasil-Paraguai, Ignácio Ottoni. Com cerca
de três mil km de extensão, ela ligará os
Oceanos Atlântico e Pacífico, passando pelo
Brasil, Bolívia e Chile.
O presidente do Conselho de Comércio
Exterior da ACRJ, Marco Polo Moreira Lei-
te, disse que a rodovia beneficiará o setor
agropecuário, aumentando a comercializa-
ção de grãos e produtos para o mercado
externo, especialmente para a Ásia. A
construção da Rodovia Interoceânica é um
dos mais importantes projetos entre os 31
selecionados pelo programa IIIRSA (Inicia-
tiva de Integração da Infra-estrutura da
América do Sul), cujos eixos de integração
foram definidos na Cúpula de Cuzco em
dezembro de 2004.
Estiveram presentes o cônsul-geral do
Paraguai, Ricardo Aquino, o presidente e
o vice-presidente da Câmara de Comércio
Brasil-Paraguai, Victor Ojeda e Lício Araújo,
respectivamente, o presidente da Câmara
de Comércio Brasil-Venezuela da ACRJ,
Darc Costa, e a coordenadora de projetos
de grande vulto do Ministério do Planeja-
mento, Ely Takasaki. Os ex-presidentes da
ACRJ, Paulo Protásio e Ruy Barreto, rece-
beram o Prêmio Capricórnio, pelo apoio ao
desenvolvimento econômico dos países da
América do Sul.
O editor-chefe do relatório Liberdade
Econômica no Mundo, James Gwartney,
apresentou, na ACRJ, em 14 de novembro,
um estudo feito pelo Economic Freedom
Network, grupo formado por representan-
tes em 75 países, cujo objetivo é promover
os benefícios da liberdade econômica. O
relatório de 2008 mostra o Brasil em 96º
lugar no ranking das 141 economias mais
livres do mundo, uma queda significativa,
comparada a 2007, quando ocupou a 70ª
posição. Hong Kong está no topo da lista,
seguida por Cingapura e Nova Zelândia. EUA
e Austrália ocupam o 8º lugar. O Chile ficou
em 6º lugar, sendo o único país da América
Latina entre os 10 melhores. Segundo Gwar-
tney, as contas públicas pesam na avaliação.
“Quanto mais o governo aumenta os gastos,
mas a pontuação diminui”, explicou. Han-
nes Gissurarson, do Banco Central islandês,
mostrou que a renda dos 10% da população
mais pobre é quase 10 vezes maior em países
com economia mais livre.
O presidente do Conselho de Políticas
Econômicas da ACRJ, Marcílio Marques
Moreira, refutou a idéia de que a crise seja
fruto de muita liberdade econômica. “É
importante que tenhamos bons argumen-
tos para responder a essas insanidades”,
disse. O encontro foi coordenado pelo
Conselho Empresarial de Jovens Empre-
endedores da ACRJ.
Liberdade econômica - Brasil é o 96º do ranking
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AcONTEcE NA AcRJ
Presidente da ABIR
é o novo conselheiro
de Políticas Econômicas
cida belford
O presidente da Associação Brasileira
das Indústrias de Refrigerantes e de Be-
bidas Não Alcoólicas (ABIR), Hoche José
Pulcherio, é o novo integrante do Conse-
lho Empresarial de Políticas Econômicas
da ACRJ, presidido por Marcílio Marques
Moreira. A posse de Pulcherio foi oficiali-
zada em 13 de novembro, na reunião do
Conselho que debateu a crise financeira
americana e seus efeitos no Brasil e no
mundo. Hoche Pulcherio afirmou que o
setor de bebidas não alcoólicas ainda não
sofreu grande impacto.
Segundo a BDO Trevisan, o setor de re-
frigerantes e bebidas não alcóolicas é com-
posto por 835 fabricantes de refrigerantes,
512 de sucos, 238 de outras bebidas não
alcoólicas (chás, isotônicos, energéticos,
água de côco etc) e 505 fabricantes de
águas, concentrados nas regiões Sudeste e
Sul, especialmente em São Paulo. Um dos
desafios das empresas de refrigerantes e
bebidas não alcoólicas é elevar a forma-
lidade fiscal do mercado produtor, o que
propiciará maior igualdade de competição e
melhorias na qualidade do produto – desde
as condições sanitárias até o atendimento
ao consumidor final. Outro desafio é a re-
dução da carga tributária, fator que trava o
crescimento da atividade econômica.
marcílio marques moreira
entrega a Hoche pulcherio
seu diploma como novo
conselheiro de políticas
econômicas
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AcONTEcE NA AcRJ
Cedae se
moderniza e
investe em obrascida belford
O presidente da Nova Cedae, Wagner
Victer, participou da reunião do Conselho
Diretor da ACRJ, em 19 de novembro, para
apresentar as medidas que vêm sendo toma-
das para modernizar a empresa, em termos
de gestão e de infra-estrutura.
Segundo Victer, após 15 anos, a Cedae
registrou lucro. “Foram R$ 160 milhões em
2007 e esperamos fechar 2008 com um lucro
maior”. Ele explicou que está investindo em
confiabilidade e reservação de água, comba-
tendo intensamente as ligações clandestinas
– os chamados gatos - e a inadimplência,
e reduzindo custos. “Quando cortamos o
fornecimento de água de um condomínio
da Barra por falta de pagamento, no mês
seguinte a arrecadação aumentou na região,
porque outros condomínios tiveram receio
de passar pela mesma situação”.
De acordo com Wagner Victer, hoje, no
estado do Rio, estão em andamento mais de
300 frentes de obras, 33 delas só na Barra
da Tijuca, para acabar com o lançamento de
esgoto nas lagoas. A Cedae está investindo
R$ 2 bilhões no estado, sendo que parte
deste valor, R$1,2 bilhões, é recurso do PAC
(Programa de Aceleração do Crescimento).
Ele aproveitou a ocasião para declarar a
grande admiração que tinha pelo empresário
Arthur Sendas e anunciou que um dos vivei-
ros de mudas da Cedae, usado para reflores-
tamento, receberá o nome do ex-presidente
e Grande Benemérito da ACRJ.
Durante a reunião do Conselho Diretor,
presidida por Monteiro de Carvalho, o em-
presário Ronaldo Cezar Coelho e o advogado
Joaquim de Arruda Falcão tomaram posse
como novos diretores convocados da ACRJ.
Além do presidente da ACRJ, participaram
da reunião o vice-presidente do Conselho
Superior, Rubens Bayma Denys, o presidente
do Conselho Empresarial de Meio Ambiente,
Haroldo Mattos de Lemos, e outros integran-
tes do Conselho Diretor.
monteiro de carvalho e os novos
diretores convocados da acrj
Haroldo mattos de Lemos,
Wagner victer, olavo monteiro
de carvalho, bayma denys,
joaquim de arruda Falcão e
ronaldo cezar coelho
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AcONTEcE NA AcRJ
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AcONTEcE NA AcRJ
banco central alerta sobre falsificaçãomariana santos
O analista do Departamento do Meio Cir-
culante do Banco Central, José Francisco Silva,
esteve na ACRJ, em novembro, para divulgar
os elementos de segurança do Real e como
identificar cédulas fora do padrão. Em 2002,
o Banco Central descobriu 180 mil notas de
R$ 50 falsificadas e, até agosto deste ano, o
número chegava a 168 mil. A cédula verdadeira
tem fio de segurança magnético, de cor escura
embutido no papel; marca d‘água (vista contra
a luz, com a figura da República visível na área
branca); fibras luminescentes (pequenos fios no
papel que ficam da cor lilás, quando expostos
à luz ultravioleta); impressão em alto-relevo (da
figura da República, da tarja com a palavra “re-
ais”, dos números indicativos de valor e do nome
“Banco Central do Brasil”); registro coincidente
do desenho das armas nacionais, cujas metades
se complementam na frente e no verso); e fibras
coloridas (pequenos fios dos dois lados da nota
nas cores vermelho, verde e azul).
Em dezembro, o chefe-adjunto da gerência
da Área Operacional do Banco Central, José dos
Santos Barbosa, participou da reunião do Conse-
lho de Comércio Varejista da ACRJ. Na ocasião,
ele informou que o Banco Central vem tomando
medidas para solucionar a falta de troco em moe-
das e cédulas de R$2 e R$5, depois de observar a
queda na participação da cédula de R$5 no meio
circulante, a baixa movimentação de R$1 e R$5
em saques e depósitos bancários e o aumento de
reclamações devido à falta de troco. Ele disse que
já melhorou o equilíbrio entre a movimentação da
rede bancária e a composição do meio circulante,
o que indica boa circulação, maior disponibilidade
e renovação das cédulas.
mariana santos
O Conselho Empresarial de Logística e Trans-
porte da ACRJ recebeu, em 12 de novembro, a
diretora comercial e de marketing do Metrô Rio,
Regina Amélia, que apresentou o projeto de refor-
mulação das linhas 1 e 2, já aprovado pelo governo
do estado. A mudança permitirá a ligação das duas
linhas sem a baldeação na estação do Estácio, o
que reduzirá os intervalos entre as composições
e aumentará a capacidade de passageiros. Hoje,
a empresa transporta 550 mil pessoas por dia. O
projeto, de R$1,15 bilhão, prevê a ligação entre
Pavuna e Botafogo com a construção da estação
Cidade Nova, a compra de mais 114 carros e a
extensão da linha 1, com as estações General
Osório, em Ipanema, e Uruguai, na Tijuca, além
de melhorias nas bilheterias, nas instalações e na
sinalização externa.
Também em novembro, o subsecretário esta-
dual de Transportes, Delmo Pinho, participou da
reunião do Conselho Empresarial de Energia sobre
o trem-bala que ligará o Rio a São Paulo, com exten-
são para Campinas. O trem-bala mudará a dinâmica
do crescimento econômico entre as duas maiores
metrópoles do país. “Quando sair do papel, será
o maior investimento em infra-estrutura de trans-
porte do país”, afirmou Pinho, destacando que o
trem-bala também aquecerá o mercado imobiliário
ao longo de seu percurso. O trajeto Campinas-Rio,
na linha mais rápida, seria feito em 104 minutos, e
São Paulo-Rio, em 80 minutos.
acrj debate projetos do metrô rio e do trem-bala
milton tito, Francisco
pinto e regina amélia
delmo pinho e renato
vasconcellos
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AcONTEcE NA AcRJ
andrea Ferretti
monteiro de carvalho discursa
ao lado de pezão, do ministro
das cidades, márcio Fortes, e
de outras autoridades
acrj apóia pacto pela cidadania e propõeintegração com o Fórum do rio
O presidente da ACRJ, Olavo Monteiro
de Carvalho, assinou, em 11 de novembro, o
Pacto pela Cidadania, numa solenidade que
reuniu diversas autoridades, representantes
de entidades e líderes comunitários na sede
da Caixa Econômica Federal. Firmada entre a
CEF e o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas (Ibase), juntamente com represen-
tantes da sociedade civil e das três esferas de
governo, a iniciativa visa unir esforços para que
as obras do PAC nas favelas se tornem um fator
de inclusão social.
O primeiro passo será a criação do Fórum
da Cidadania, no Complexo de Manguinhos,
formado por associações de moradores e outras
entidades locais, instituições representativas da
iniciativa privada e universidades.
A presidente da Caixa Econômica Federal,
Maria Fernanda Ribeiro, afirmou que “o PAC
é mais do que a execução de obras; traz um
conceito de inclusão e é carregado de simbolis-
mo”. Monteiro de Carvalho reafirmou o apoio
a iniciativas que estimulem o desenvolvimento
socioeconômico da cidade e recordou que, em 3
de setembro, o Fórum do Rio, liderado pela ACRJ
e formado por várias empresas e instituições,
como a própria Caixa, entregou ao governo
do estado o plano de dinamização econômica
para as áreas do PAC. “Proponho que o nosso
plano se integre ao Pacto pela Cidadania, unindo
esforços”, declarou.
O plano de dinamização econômica para
áreas beneficiadas pelo PAC visa à elaboração
conjunta de políticas públicas para melhorar o
ambiente de negócios de micro e pequenos em-
preendedores e reduzir a informalidade nessas
comunidades, e propõe ações que viabilizem
a instalação de empresas de médio e grande
porte nessas regiões, o que geraria emprego
e renda. Encomendado pela ACRJ em parceria
com o Sebrae/RJ, o plano de dinamização foi
elaborado a partir de um estudo do IETS e da
Macroplan e entregue ao vice-governador Luiz
Fernando Pezão.
Lançamento do pacto
da cidadania lotou o
auditório da ceF
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AcONTEcE NA AcRJ
No início do encontro, o presidente do
Conselho, Condorcet Rezende, informou
que foi entregue a sete senadores – Francis-
co Dornelles (PP-RJ), Tasso Jereissati (PSDB-
CE), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Heráclito
Fortes (DEM-PI), Marco Maciel (DEM-PE),
Pedro Simon (PMDB-RS) e Romero Jucá
(PMDB-RR) – uma carta e uma minuta de
Projeto de Emenda Constitucional ou de Lei
com propostas defendidas pelos conselhei-
ros na área tributária.
Rezende informou também que en-
viou à vereadora Andréa Gouveia Vieira
(PSDB) uma carta sobre as atividades do
Conselho e solicitando apoio na elabora-
ção de uma minuta de projeto do Código
Municipal de Defesa do Contribuinte, e
para a apresentação de projeto de lei que
altere a denominação do Conselho de
Contribuintes para Conselho Municipal de
Recursos Fiscais. O presidente apresentou
ainda uma publicação da “Oficina de De-
fensa Del Contribuyente da Municipalidad
de Madrid” – pertencente à estrutura da
administração fazendária – que dedica-se à
melhor defesa dos direitos e garantias dos
contribuintes nas suas relações com o fisco
municipal da capital espanhola.
andrea Ferretti
Luiz Felipe Gonçalves
de carvalho
Processo
administrativo
tributário
federal
O advogado tributarista Luiz Felipe Gon-
çalves de Carvalho, sócio do escritório Ulhôa
Canto, Rezende e Guerra Advogados, fez
uma palestra sobre processo administrativo
tributário federal, na reunião de 24 de no-
vembro do Conselho Empresarial de Assuntos
Jurídicos e Tributários da ACRJ.
Ele fez uma ampla exposição sobre as
etapas desse tipo de processo e criticou
algumas alterações nos regimentos internos
dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara
Superior de Recursos Fiscais. Há cerca de um
ano, os dois órgãos têm realizado mudanças
em seus regimentos internos.
Na sua opinião, há alterações que re-
presentam um retrocesso e prejudicam as
empresas. “Um exemplo é o privilégio do pro-
curador da Fazenda Nacional, que pode ter
vista dos autos fora da secretaria da Receita.
Tal direito não é concedido ao advogado do
contribuinte”, afirmou o tributarista, acres-
centando que, nas Delegacias da Receita Fe-
deral, o empresário não tem acesso às sessões
de julgamento, ferindo os princípios básicos
da defesa. Gonçalves de Carvalho disse ainda
que, já que a Fazenda não consegue ingressar
em juízo, tenta chegar ao Supremo Tribunal
Federal através de recurso hierárquico.
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AcONTEcE NA AcRJ
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AcONTEcE NA AcRJ
Seja Sócioa associação comercial do rio de janeiro (acrj) oferece a seus associados diferentes
oportunidades de realização de negócios, de ampliação do networking e de contato com
autoridades e representantes dos governos municipal, estadual e federal. a instituição realiza
eventos altamente qualificados, como seminários, debates, workshops e, mensalmente,
promove o almoço do empresário com personalidades da economia e da política.
também oferece aos seus associados vários benefícios, como descontos, por meio de
convênios e parcerias com renomadas empresas. a acrj é uma entidade de classe sem fins
lucrativos, mantida exclusivamente pela contribuição de seus sócios, sem ajuda financeira
oficial. isso garante à instituição independência e transparência em sua atuação.
Informações pelos telefones [21] 2514-1229 e 2514-1282 ou acesse www.acrj.org.br
Um Natal diferentecida belford
O Conselho Empresarial de Segurança Pública
e Cidadania da Associação Comercial do Rio de
Janeiro, presidido por Francisco Horta, recebeu
em 8 de dezembro, o Frei Neylor Tonin, do Con-
vento de Santo Antônio, para transmitir em sua
última reunião do ano, uma mensagem de paz,
com a palestra Um Natal Diferente.
O frade franciscano afirmou que, para fazer
um Natal diferente, as pessoas precisam voltar
suas atenções para o próximo. Sempre genero-
so, Frei Neylor dedica parte do seu tempo a dar
atenção aos moradores de rua que se instalam
no Largo da Carioca, onde se encontra o Con-
vento. Além de aconselhar os mendigos, ele lhes
oferece alimento. “No Natal, somos chamados a
nos aproximar de nossos irmãos”.
O frei destacou ainda o papel da mulher
como símbolo da vida e ressaltou que todas as
sociedades deveriam ter um monumento em sua
homenagem. “A mulher rasga o seu corpo para
dar à luz seus filhos. Se vocês tiverem suas mães
vivas, façam tudo por ela, porque ela fez tudo
por você”, afirmou. Francisco Horta concordou
com o frade franciscano. “Não há nada mais
importante na vida de cada um de nós do que a
nossa mãe”, concluiu.
O encontro teve atrações como o Grupo de
Dança do Instituto Ary Carvalho, formado por
crianças do Complexo do Arará, em Benfica, que
apresentaram coreografias de estilos variados, en-
tre elas, Hip Hop, capoeira e um pas-de-deux .
Participaram do evento o cantor Wil Sinatra,
o baterista da Orquestra Tabajara, Plínio Araújo,
a Banda da Polícia Militar do Estado do Rio de
Janeiro e o Coral das Associações da Caixa Eco-
nômica Federal. Os conselheiros Lúcia Regina de
Lucena, Theresa Amayo e Gerdal Renner dos San-
tos fizeram um recital de poesias, que também
contou com a participação do vice-presidente
Aureo Salles de Barros.
Frei neylor tonin,
do convento de
santo antônio
Grupo de dança do
instituto ary carvalho,
formado por crianças
do complexo do
arará, em benfica
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ALmOçO DO EmPRESáRIO
muniz Lopes recebe o diploma
visconde de mauá de olavo
monteiro de carvalho e josé
Luiz alquéres
ACRJ homenageia Presidente da Eletrobrás
andrea Ferretti
O presidente da Eletrobrás foi o convidado
especial do Almoço do Empresário da ACRJ,
em 9 de dezembro. José Antonio Muniz Lopes
afirmou que 2009 será um ano promissor para a
estatal, que tem R$ 9 bilhões em caixa, e infor-
mou que o governo pretende licitar a concessão
do complexo hidrelétrico do rio Tapajós, no Pará,
em junho de 2010.
Muniz Lopes confirmou o leilão da usina hi-
drelétrica de Belo Monte, também no Pará, para
setembro de 2009. Belo Monte terá capacidade
para gerar 11,2 mil megawatts e o complexo de
Tapajós, composto por cinco usinas, 10,6 mega-
watts. A estatal é a maior companhia do setor de
energia elétrica da América Latina e controla grande
parte dos sistemas de geração e transmissão no país
por meio das subsidiárias Chesf, Furnas, Eletrosul,
Eletronorte, CGTEE e Eletronuclear, além de possuir
metade do capital da Itaipu Binacional.
Lopes explicou que o modelo implantado pelo
governo para os leilões de energia garante uma
tarifa fixa e, por isso, não está preocupado com
a queda de consumo prevista pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), que estimava uma alta
de 5,8% no consumo e agora prevê 5,2%. “Não
temos variação de fluxo de caixa porque a receita
está definida, e a energia está vendida. Temos
belos empreendimentos e obras maravilhosas”.
Ele adiantou que o governo estuda a construção
de seis usinas no Peru para comercialização de
energia para o Brasil e afirmou que a crise global
não vai atrapalhar os planos de investimentos da
Eletrobrás.
Ao entregar a Muniz Lopes o diploma Vis-
conde de Mauá, o presidente da ACRJ, Olavo
Monteiro de Carvalho, disse que “Muniz Lopes
se tornou um grande amigo da Casa”. Monteiro
de Carvalho anunciou a parceria da Eletrobrás
na obra de restauro da fachada do Palácio do
Comércio, integrando o grupo de empresas que
patrocinam a reforma. O vice-presidente da ACRJ
e presidente da Light, José Luiz Alquéres, desta-
cou o preparo e a capacidade de Muniz Lopes
como administrador. “O setor elétrico é muito
complexo, e o José Antônio é um engenheiro
realizador, com notável competência”.
Estiveram presentes Aristóteles Drummond
(Benemérito e vice-presidente de Relações com o
Legislativo da ACRJ), Maurício Dinepi (presidente
do Jornal do Commercio, Benemérito da ACRJ),
Othon Luiz Pinheiro da Silva (presidente da Ele-
tronuclear), Miguel Colasuonno (presidente do
Conselho Administrativo da Eletronuclear), Albert
Geber de Melo (diretor-geral do Centro de Pes-
quisas de Energia Elétrica/Cepel), Paulo Roberto
Pinto (diretor de Gestão Corporativa da Light)
e Renato Vasconcellos (presidente do Conselho
Empresarial de Energia da ACRJ), além de outros
empresários e executivos do setor de energia.
O Almoço do Empresário da ACRJ é patro-
cinado pelo Banco Bradesco e pela Bradesco
Seguros e Previdência.
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fORçA DO RIO
andrea Ferretti
Temporada de cruzeiros marítimos
movimenta Porto do Rio
A crise financeira mundial está passando
a milhas de distância dos luxuosos navios e
transatlânticos, que abriram, em novembro, a
temporada de cruzeiros marítimos pela costa
brasileira. No Rio de Janeiro, o movimento
deve bater novo recorde e ultrapassar a marca
de meio milhão de turistas até abril de 2009,
com a entrada de cerca de US$ 160 milhões na
economia da cidade, de acordo com dados da
Associação Brasileira de Operadores de Turismo
Receptivo Internacional.
Na temporada anterior (2007/2008), o Rio
recebeu 39 navios, com 410 mil turistas. Agora,
está prevista a chegada de 34 embarcações, mas
de maior porte. O Porto do Rio é considerado o
home port nacional, sendo o primeiro do ranking
nacional na recepção de cruzeiros marítimos in-
ternacionais e o segundo na movimentação total
de passageiros, com um aumento de 680% do
número de turistas, da temporada 98/99 – 81
mil pessoas – até os números atuais.
O crescimento do turismo marítimo no Rio é
da ordem de 30% ao ano, contra os 11% regis-
trados, em média, no resto do mundo, conforme
dados do Píer Mauá, à frente do terminal de pas-
sageiros do Porto há 10 anos. Segundo o gerente
Pedro Guimarães, “o sucesso da atividade de cru-
zeiros marítimos vem demonstrando o potencial
de diversos destinos turísticos do estado, com a
geração de empregos, fomento à economia e a
oferta, aos turistas, de uma prazerosa visitação
das cidades, com seus diversos atrativos”.
O aquecimento desse mercado acontece
num momento em que o projeto de revitalização
da Zona Portuária ganha força, com a reestru-
turação dos acessos ao Porto do Rio (terrestre,
marítimo e ferroviário) e a reurbanização do en-
torno com empreendimentos imobiliários – em-
presariais, habitacionais e de cultura e lazer. O
projeto, considerado prioritário pela Associação
Comercial do Rio de Janeiro, integra a lista entre-
gue ao prefeito eleito do Rio, em novembro, com
transatlânticos
mudam a paisagem
da baía de Guanabara
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fORçA DO RIO
cultura, entretenimento e lazer, a partir de 2009.
“Nosso objetivo é fazer do Porto do Rio um dos
mais importantes pontos turísticos da cidade”,
afirmou Cerqueira. As previsões do Píer Mauá
indicam que a temporada 2010/2011 registrará
a marca de um milhão de turistas.
O navio que abriu a temporada 2008/2009
em águas cariocas foi o italiano MSC Música,
pela primeira vez no país, vindo de Veneza, que
depois seguiu para Buenos Aires. Com capaci-
dade para 3.100 passageiros, o navio possui
12 andares, três restaurantes, piscinas, SPA,
biblioteca, teatro, cassino, shopping e mais uma
infinidade de opções de lazer. Segundo a Asso-
ciação Brasileira de Representantes de Empresas
Marítimas, 18 portos nacionais receberão mais
de 200 cruzeiros programados pela costa do
país, gerando cerca de 10 mil empregos diretos.
Um dos destaques é o luxuoso Queen Mary 2,
da tradicional companhia britânica Cunard, com
dois roteiros que fazem parte da Volta ao Mundo
2009, passando pelo Rio no fim de janeiro, vindo
da Flórida, e depois seguindo para Santiago,
com escala em Montevidéu.
o presidente do píer
mauá em frente ao
transatlântico música,
pela primeira vez no rio
turistas desembarcam
no porto do rio
propostas para o desenvolvimento da cidade e
a melhoria do ambiente de negócios.
Eduardo Paes designou o assessor-chefe para
Assuntos Econômicos, Felipe Góes, responsável
por atrair investimentos para o Rio e identificar
potenciais econômicos do município, para cui-
dar da revitalização da Zona Portuária. Paes já
conversou com a Companhia Docas, Instituto
Pereira Passos, BNDES e governos estadual e fe-
deral, para reunir dados e identificar as questões
mais relevantes. À Prefeitura caberá também o
papel de promover a redefinição dos padrões
urbanísticos da área.
Para a temporada 2008/2009 do turismo
marítimo, o Píer Mauá investiu cerca de R$ 12
milhões na melhoria da infra-estrutura e na
ampliação da área para as operações de em-
barque, desembarque e trânsito. “Apesar das
notícias preocupantes da economia, continua-
mos navegando de vento em popa”, afirma o
diretor de Operações, Américo Rocha. “Estamos
trabalhando para oferecer aos principais arma-
dores do mundo as condições para receber um
número cada vez mais significativo de navios de
grande porte”, frisou. As reformas incluíram a
restauração do armazém 2, com novos balcões
de check-in, banheiros e equipamentos de se-
gurança modernos. As obras incluem ainda a
abertura de janelas para a Avenida Rodrigues
Alves e a pavimentação de áreas externas, além
de estacionamento no armazém 3, casa de câm-
bio e serviço de táxis comuns cadastrados para
atendimento aos turistas. O armazém 1 ainda
é utilizado como área de bagagem, com novos
postos para fiscalização da Alfândega e da Polícia
Federal. Na área da antiga estação, foi ampliado
o centro médico e os quiosques comerciais e de
informações turísticas ganharam novo design.
Segundo o presidente do Píer, Luiz Antônio
Cerqueira, os investimentos não se destinam
apenas ao turismo marítimo, mas a todo o com-
plexo do terminal, com a criação de pólos de
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PERfIL
Rui PatrícioCidadão do Mundo
andréa mury
“Será que a cada manhã acordo mais brasilei-
ro e a cada noite adormeço menos português?”
Com esta pergunta, cunhada para um discurso
feito em 1978, quando ainda era praticamente
um recém-chegado aqui, ele acostumou-se a res-
ponder, com um largo sorriso, a quem o interpela
para saber se prefere Portugal ou o Brasil.
Nascido em Lisboa, em 17 de agosto de
1932, neto e filho de diplomatas, casado duas
vezes, com uma portuguesa, com quem teve
quatro filhos, depois com uma francesa, que
lhe deu mais dois filhos, avô de cinco netos e
vivendo no Brasil há quase 40 anos, Rui Patrício,
ou melhor, Rui Manuel de Medeiros D´Espiney
Patrício, é a tradução perfeita de um cidadão do
mundo. E, sendo membro do Conselho Diretor da
Associação Comercial do Rio de Janeiro, é a per-
sonalidade que fecha a última edição da Revista
da ACRJ de 2008, ano em que comemoramos os
200 anos da chegada da família real portuguesa
e a abertura dos portos às nações amigas.
Árduo defensor dos valores do estudo e do
trabalho, sua formação intelectual começou no
Colégio Moderno, de visão liberal e considerado
à época um dos melhores do país. Formou-se
em Direito, pela Universidade de Lisboa, como
o melhor classificado, onde se aperfeiçoou em
Ciências Político-Econômicas. Aos 22 anos, já era
professor-assistente na faculdade, dando início
a uma intensa vida acadêmica. Na Universidade
de Lisboa fez amigos como Jorge Sampaio,
ex-presidente de Portugal, e teve alunos como
Pinto Balsemão e Freitas do Amaral, ex-primeiros-
ministros, e Alberto Xavier, hoje um dos grandes
tributaristas do Brasil.
Dono de sólidos conhecimentos nas áreas do
direito internacional público, fiscal e corporativo,
da economia política, das finanças, e da orga-
nização e administração de empresas, Patrício
conciliou, durante alguns anos, suas atividades
acadêmicas com a carreira de consultor econô-
mico da Sociedade Anônima Concessionária da
Refinação de Petróleo em Portugal/SACOR.
Ele explica que foi parar na política por uma
circunstância. “Entrei na política por causa do
petróleo, para resolver o problema em Angola.
Eram tempos agitados, em plena guerra fria,
com a África já convulsionada por conflitos.
Mas Patrício recorda-se com gosto dessa épo-
ca. “Foi uma das tarefas mais absorventes da
minha vida. Como subsecretário de Estado do
Fomento Ultramarino (1965-70), consegui dar
condições vantajosas a empresas que já estavam
lá e abrir novas áreas à pesquisa e exploração,
em condições vantajosas e com contratos mo-
dernos”. O petróleo é, hoje, o principal produto
de exportação de Angola, tendo como maior
mercado consumidor a China.
Tornou-se ministro dos Negócios Estrangei-
ros do governo Marcelo Caetano, em 1970,
cargo que ocupou até abril de 1974.
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PERfIL
Nesta função, equivalente ao nosso ministro
de Relações Exteriores, Patrício destaca dois
grandes momentos de sua atuação, ambos
ligados aos 150 anos da Independência do
Brasil: o primeiro, carregado de simbolismo, foi
a devolução ao Brasil dos restos mortais de Dom
Pedro I (em Portugal, Dom Pedro IV), que hoje se
encontram no Monumento do Ipiranga.
O outro feito foi a Convenção sobre igual-
dade de direitos e deveres entre brasileiros
e portugueses, firmada em Brasília, em 7 de
setembro de 1971, por ele e pelo ministro
das Relações Exteriores Mário Gibson Bar-
bosa, cujo decreto-lei foi promulgado pelo
Congresso logo depois. “Essa convenção foi
muito importante”. Ele explica que, quando
houve o golpe, em 74, a lei facilitou a vinda
de muitos portugueses para o Brasil. “Vieram
empresários, profissionais liberais, banqueiros”,
disse, acrescentando que “ironicamente, a lei
também o beneficiou, pela mesma razão.”
Rui Patrício veio para o Brasil, para São
Bernardo do Campo (SP), em outubro de 1974,
convidado pelo empresário Joaquim Francisco
Monteiro de Carvalho - o Baby - para trabalhar
na financeira da Volkswagen do Brasil. Um
amigo comum os havia apresentado, em Paris,
no momento em que ocorreu o golpe militar
de 25 de Abril, a chamada Revolução dos Cra-
vos. Com o golpe, o ministro Rui Patrício não
voltaria a Portugal.
Em São Paulo, tratou logo de fazer o curso
de Administração da Fundação Getúlio Var-
gas, para se aprofundar nas leis brasileiras e
na gestão moderna. A partir de 76, foi para a
Monteiro Aranha S.A., onde atuou como diretor-
superintendente e, depois, vice-presidente,
durante quase 20 anos. Participou de momen-
tos importantes na empresa, como a venda de
metade da participação acionária da Monteiro
Aranha (que detinha 20%) na Volkswagen para
o governo do Kuwait, e a aquisição do controle
acionário da Ericsson no Brasil.
A partir dos anos 90, passou a dividir ainda
mais o seu tempo entre Brasil e Portugal. Hoje,
Patrício é membro dos Conselhos de Admi-
nistração da Monteiro Aranha S.A., da Klabin
S.A., da Espírito Santo International Holding,
do Grupo Jerónimo Martins-Portugal, e da Vivo
Participações S.A..
Neto do diplomata António Patrício (1878-
1930), grande poeta e dramaturgo português, ele
acaba de ingressar na Academia Luso-Brasileira
de Letras e pertence ao Conselho Consultivo do
Real Gabinete Português de Leitura. Gostaria de
ver editadas, aqui, peças que considera essenciais,
como Pedro o Cru (1918), Dinis e Isabel (1919), e
D. João e a Máscara (1924). Em 2000, a Lacerda
Editores publicou duas obras, “Serão Inquieto” e
“Poemas Reunidos de António Patrício”.
Em suas poucas horas de folga, gosta de
ler e ouvir música clássica. Em Portugal, elege
Cascais como lugar favorito. Adora Búzios, no
litoral norte fluminense, onde gosta de nadar
no mar. Não pratica esportes, mas, defende-se:
“jogava muito bem ping-pong”.
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andréa mury*Retrospectiva 2008
Dezembro 07
- A ACRJ, em parceria com a Light, promoveu o seminário A Megalópole
Brasileira, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e
autoridades governamentais do Rio e de São Paulo.
- O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi homenageado
pela ACRJ e pela Alerj, no Almoço do Empresário, por sua atuação que possi-
bilitou a instalação da Companhia do Atlântico no Rio de Janeiro (foto 1).
- O secretário de Estado da Casa Civil, Régis Fichtner, também foi ho-
menageado pelo Almoço do Empresário (foto 2).
- O ministro Pedro Brito, secretário nacional de Portos, esteve na ACRJ
para discutir a nova política portuária e anunciar investimentos no setor.
ao longo deste ano, a associação comercial do rio de janeiro, presidida pelo empresário olavo monteiro de
carvalho, promoveu inúmeros eventos, reunindo as mais distintas personalidades do mundo empresarial, do
poder público e da sociedade. os conselhos empresariais da acrj realizaram seminários, ciclos de palestras
e debates em torno dos mais variados temas.
a primeira etapa das obras de restauro das fachadas do prédio-sede da acrj foi concluída com sucesso
e a segunda fase encontra-se em andamento. os três macroprojetos da casa – revitalização do centro
do rio; a megalópole brasileira; e o Fórum do rio – ganharam força, com o desenvolvimento de ações e
projetos complementares, como o are (área de revitalização econômica), rede turis, inovar para crescer,
revitalização da zona portuária, rede ello empreendedor e muitos outros.
a seguir, alguns dos eventos que movimentaram a acrj, entre dezembro de 2007 e novembro de 2008.
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- Olavo Monteiro de Carvalho recebeu o Prêmio Qualidade Rio, ofere-
cido pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Desenvolvimento
Econômico.
Janeiro 08
- Em visita à ACRJ, o ministro das Cidades, Márcio Fortes, manifestou
seu apoio ao projeto ARE (Áreas de Revitalização Econômica).
- ACRJ, Light, Associação Brasileira de Veículos Elétricos, Fetranspor,
Instituto Pereira Passos e Instituto Nacional de Eficiência Energética firma-
ram parceria para desenvolver estudos de viabilidade do uso de ônibus
elétricos no Rio.
Fevereiro 08
- Encontro no Palácio Laranjeiras marcou a vinda do Lloyd’s of London
para o Rio. A vice-presidente Maria Silvia Bastos Marques representou a
ACRJ, que liderou o movimento para tornar o Rio um pólo internacional
de seguros e resseguros.
- O Ministro do STF, Carlos Alberto Menezes Direito, recebeu o Diploma
Visconde de Mauá, no Almoço do Empresário (foto 3).
Março 08
- Para marcar os 200 anos da chegada da família real portuguesa ao
Brasil e a abertura dos portos, a ACRJ homenageou a Princesa Thereza
Teodora de Orleans e Bragança, neta da Princesa Isabel. Houve exposição
de documentos históricos que pertenceram a D. Pedro II (foto 4).
- O presidente da Eletrobrás, José Antônio Muniz Lopes, tomou posse
em cerimônia realizada na ACRJ, com a presença do ministro das Minas e
Energia, Edison Lobão, do vice-governador Luiz Fernando Pezão e de várias
autoridades e empresários do setor (foto 5).
- O Conselho Empresarial de Ética da ACRJ homenageou Marcílio Mar-
ques Moreira, pelo trabalho realizado à frente da Comissão de Ética Pública
da Presidência da República.
- O empresário Sávio Neves tomou posse como presidente do Conselho
de Turismo Pró-Rio da ACRJ.
- O Rio ganhou o Consulado do Paquistão, tendo como cônsul-honorário
o presidente do Conselho Empresarial de Comércio Exterior da ACRJ, Marco
Polo Moreira Leite.
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Abril 08
- O presidente da ACRJ, Olavo Monteiro de Carvalho, foi eleito
Personalidade do Ano 2007 pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-
Brasileira. Horácio Roque, presidente do Banco Banif, foi o empresário
português eleito. A entrega do título ocorreu em Lisboa. Na ocasião,
ele firmou acordo de cooperação econômica entre as duas instituições.
Também em Lisboa, Monteiro de Carvalho e Humberto Mota participaram
do Seminário “1808-2008 e o futuro da relações econômicas Portugal/
Brasil” (foto 6).
- O Conselho Diretor da ACRJ promoveu palestra sobre os 200 anos do
Jardim Botânico, com o seu presidente Liszt Vieira.
- Os empresários Lázaro Brandão e Daniel Klabin foram eleitos Grande
Benemérito e Benemérito da ACRJ, respectivamente, em reunião do Con-
selho Superior da ACRJ.
- O Governo do Estado inaugurou o Colégio Estadual Monteiro de
Carvalho em Santa Teresa.
Maio 08
- A ACRJ debateu o voto distrital com o ex-presidente Fernando Hen-
rique Cardoso, Fernando Gabeira e o cientista político Amaury de Souza
(foto 7).
- Darc Costa tomou posse como presidente da Câmara de Comércio
Brasil-Venezuela da ACRJ. Na ocasião, o embaixador Samuel Guimarães
Neto, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, recebeu a
medalha Visconde de Mauá, Grau Ouro (foto 8).
- A ACRJ promoveu seminário sobre os 20 anos da Constituição.
- Foi reativado o Instituto Mauá, fundado em 1980, na gestão de Ruy
Barreto. O Instituto possibilitará a captação de recursos para projetos nas
áreas cultural, de meio ambiente e de responsabilidade social.
Junho 08
- A ACRJ, em parceria com o Sebrae/RJ, lançou a RedeTuris, com o
objetivo de integrar e elaborar ações para o desenvolvimento sustentável
do turismo no Rio de Janeiro (foto 9).
- A Rede Vida comemorou seus 13 anos, na ACRJ, onde estão instalados
seus estúdios do Rio de Janeiro.
- O embaixador do Brasil na China, Luiz Augusto de Castro Neves, foi
o convidado especial do Conselho de Comércio Exterior, para falar sobre
a economia chinesa.
- Foi realizada a 1ª Dufry Brazilian Fair, com a presença do governador
Sérgio Cabral, secretários estaduais e vários empresários e representantes
de marcas comercializadas pela Dufry em todo o mundo (foto 10).
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- O secretário estadual de Fazenda, Joaquim Levy, falou de gestão
pública e fez um balanço da secretaria no Conselho Empresarial de Jovens
Empreendedores da ACRJ.
- A secretária estadual de Cultura tomou posse como conselheira do
Conselho Empresarial de Cultura.
Julho 08
- O presidente de honra da FIFA, João Havelange, foi homenageado no
Almoço do Empresário. Personalidades do Esporte, empresários, autoridades
governamentais e vários diretores da ACRJ estiveram presentes (foto 11).
- O deputado federal Sandro Mabel debate reforma tributária na ACRJ,
com a participação do deputado federal Otávio Leite (foto 12).
- O Conselho Diretor da ACRJ se reuniu com o secretário de Estado
de Planejamento e Gestão, Sérgio Ruy Barbosa, que apresentou o Plano
Estratégico 2007-2010.
Agosto 08
- A ACRJ promoveu uma série de encontros com os candidatos à Pre-
feitura do Rio, abrindo espaço para que apresentassem suas propostas, nos
meses de agosto e setembro.
- O advogado Condorcet Rezende assumiu a presidência do Conselho
Empresarial de Assuntos Jurídicos e Tributários da ACRJ.
- O homenageado do Almoço do Empresário foi Armando Vergílio dos
Santos Júnior, titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A ação
liderada pela ACRJ trouxe para o Rio empresas como o Lloyd´s (foto 13).
- O Conselho Superior promoveu um almoço em homenagem ao Exército
Brasileiro, por ocasião das comemorações da Semana do Exército.
- O cineasta norte-americano David Lynch foi o convidado especial do
Conselho Empresarial de Segurança Pública e Cidadania da ACRJ, para falar
da educação consciente contra a violência.
- O Conselho de Telecomunicações da ACRJ promoveu mesa redonda
sobre as perspectivas do Audiovisual.
- Foram eleitos como Grande Benemérito e Benemérito, respectivamen-
te, o jurista e ex-ministro Célio Borja e o engenheiro Mauro Moreira.
Setembro 08
- O Fórum do Rio, liderado pela ACRJ e formado por várias empresas e
instituições, entregou ao vice-governador Luiz Fernando Pezão o Plano de
Dinamização Econômica para as comunidades beneficiadas pelo PAC.
- Foi realizado o I Fórum Brasil-Venezuela, organizado pela Câmara de Co-
mércio e Indústria Brasil-Venezuela da ACRJ, no Hotel Marriot, reunindo empre-
sários e representantes de órgãos de classe e dos governos dos dois países.
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- Foi realizado o V Seminário ExportAção, com participação de empre-
sários e representantes do governo estadual, Sebrae/RJ, Correios, Caixa
Econômica Federal, Inmetro, Instituto Nacional de Tecnologia, Firjan e Banco
do Brasil (foto 14).
- Foi realizado o Feirão do Imposto, pelo Conselho Empresarial de
Jovens Empreendedores da ACRJ, em parceria com o Conjove (Conselho
Nacional de Jovens), na Central do Brasil.
- Assembléia Geral da ACRJ, aprovou, por unanimidade, as contas da
gestão de Olavo Monteiro de Carvalho, do período de julho de 2007 a
junho de 2008.
Outubro 08
- Reunião do Conselho Empresarial de Segurança Pública e Cidadania
da ACRJ contou com a participação do secretário estadual de Segurança,
José Mariano Beltrame (foto 15).
- Almoço do Empresário homenageou a presidente da Embratur, Jea-
nine Pires, que recebeu o diploma Visconde de Mauá (foto 16).
- Os Conselhos Diretor e de Cultura realizaram uma homenagem ao
centenário de Adolpho Bloch, com a presença da viúva, Anna Bentes, e
outros familiares, como o jornalista Arnaldo Bloch, do acadêmico Murilo
Melo Filho, e amigos do empresário que criou a Manchete.
Novembro 08
- O prefeito eleito Eduardo Paes esteve na ACRJ, que lhe apre-
sentou 12 propostas para o desenvolvimento do Rio. Mais de 200
pessoas, entre diretores, conselheiros e associados, participaram do
encontro (foto 17).
- Entrega do Prêmio Inovar para Crescer 2008. Dos 133 trabalhos
inscritos, foram selecionados 13. Os primeiros lugares foram conquistados
pelo Colégio Israelita Brasileiro A. Liessin e pela Escola Técnica Estadual
Henrique Lage.
- Entrega do prêmios do Rio de Bar em Bar, concurso patrocinado pela
ACRJ dentro da Semana Rio+Design. A premiação aconteceu durante
a 5ª Mostra Morar Mais por Menos. As designers Cirlei Santos e Maria
Helena Torres conquistaram o 1º lugar e o prêmio de 10 mil reais com o
projeto “Pandeiro”.
- Foi realizado, em parceria com o Sebrae/RJ, o Seminário Melhores
Práticas de Gestão para Micro e Pequenas Empresas, com mais de 400
participantes.
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OPINIãO por Humberto mota
presidente do
conselho superior
da acrj
Feliz 2009O Ano de 2009 se inicia sob o signo da in-
certeza. As previsões são de um período difícil e
complexo. Os analistas se dividem entre os mo-
deradamente otimistas e os céticos catastróficos.
A crise atual ficará na história como o marco
demolidor da capacidade analítica das agências
de riscos e de economistas renomados. De um
modo geral, todos falharam em suas análises.
A história do século XX e a primeira década
do XXI comprovam que os ciclos econômicos se
alternam com sistemática periodicidade. Pode-se
até fixar uma década para diferenciar as fases
de prosperidade dos períodos de desaceleração
econômica. Os tempos recentes confirmam essa
visão com os choques do petróleo, a quebra do
padrão ouro para o dólar, as duas grandes guerras
mundiais, as crises cambiais da Ásia e da América
Latina, o fim do Império Soviético, a abertura
comercial chinesa, o renascimento japonês e a
consolidação do Brasil, Rússia, Índia e China como
atores importantes do cenário internacional.
Tendo vivido as turbulências mais significa-
tivas dos últimos 30 anos, sinto que estamos
diante de apenas mais uma crise, cuja extensão e
duração ainda são imprevisíveis. Tenho a certeza
de que não será a última.
O saudoso presidente Juscelino Kubitschek
afirmava que, no Brasil, os otimistas e confiantes
podem até errar, mas os pessimistas já começam
derrotados. A história da humanidade é a per-
manência da esperança superando os medos,
dos covardes ultrapassados pelos corajosos e
dos prudentes vencendo a irresponsabilidade
dos aventureiros.
Quem souber, governos e empresas, se con-
duzir dentro das oscilações próprias das tempes-
tades, chegará a porto seguro até em melhores
condições das em que se encontravam antes. Se
não nos é dada a possibilidade de utilizarmos os
óculos mágicos do Dr. Pangloss, também não
devemos nos inspirar nas profecias de Cassandra.
Nossa tradicional sabedoria popular tem a receita
para a hora atual, sintetizada na expressão de
que caldo de galinha e cautela são os melhores
remédios para o mau tempo.
Quem, como eu, nascido no Vale do
Jequitinhonha, assistiu à chegada da televisão,
à conquista da Lua, à revolução da informática,
à telecomunicação por satélite, ao nascimento e
avanços da engenharia genética e ao transporte
com velocidades supersônicas, ao longo de cinco
décadas, não tem o direito de duvidar do futuro
e de descrer da capacidade humana de superar
desafios e inovar soluções.
Para os que têm o privilégio da fé em Deus,
não há razões de desânimo, perplexidade ou
angústias existenciais. O mundo sairá das di-
ficuldades que está atravessando melhor do
que antes. O trabalho sério, árduo e criativo
continua sendo a fórmula indicada para buscar
alternativas e encontrar soluções revolucionárias.
O Brasil em 2008, com o pré-sal, se incorporou
aos dez maiores países detentores de reservas
de óleo e gás. Assumimos a liderança na pro-
dução e no comércio de commodities agrícolas.
O etanol, combustível alternativo desenvolvido
pelos brasileiros, está consagrado como solução
energética verde.
O momento exigirá de todos – governos,
empresas e cidadãos – mobilização e criatividade
para encontrar caminhos que minimizem, no cur-
to prazo, os impactos negativos do desemprego
e da queda de renda.
Por tudo isso, com fé em Deus e com as bên-
çãos de Santa Rita e São Judas Tadeu, desejamos
a todos um Feliz 2009!