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Projecto EDEN
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EDEN
Relatório de Execução Material
Relatório Anual
Tarefa E3.7 – PPS 5
Purificação
1
ÍNDICE
Resumo da Tarefa....................................................................................3
Contexto do Relatório..............................................................................4
Introdução................................................................................................5
Purificação de Gases................................................................................6
1. Tecnologias para purificação de Hidrogénio...................................7
Adsorção por Oscilação de Pressão..........................................................8
1. Vantagens/Limitações...................................................................12
2. Aplicação.......................................................................................14
3. Optimização de Parâmetros..........................................................17
4. Adsorventes..................................................................................19
5. Processos PSA...............................................................................22
5.1. Ciclo Skarstrom..........................................................................23
5.2. Processo PSA “Polybed”.............................................................24
5.3. O processo de quatro leitos.......................................................26
5.4. Processo Bergbau-Forschung.....................................................26
5.5. Processo PSA rectifying..............................................................27
5.6. Processos emergentes...............................................................29
6. Recuperação de hidrogénio...........................................................30
7. Comercialização de PSA................................................................32
Bibliografia.............................................................................................33
2
RESUMO DA TAREFA
Algumas das tecnologias das pilhas de combustível exigem um grau de
pureza elevado para que os catalisadores não sejam “envenenados”,
nomeadamente com óxido de carbono. Mais uma vez trata-se de proceder
a um levantamento das tecnologias envolvidas e condicionantes. Para o
efeito, será preparada uma base de dados com diversos tipos de sistemas
de purificação de hidrogénio obtido a partir de diversos processos. Os
sistemas a considerar são os reactores de deslocamento (water gas shif
reactors), a oxidação selectiva de monóxido de carbono, a separação por
membrana. Para cada um dos sistemas serão contactados fabricantes e
será elaborada uma ficha com as características e capacidades dos
sistemas disponíveis.
3
CONTEXTO DO RELATÓRIO
Este relatório diz respeito à execução material da actividade de I&D
realizada no âmbito do projecto “EDEN –”, desde 1 de Fevereiro a 31 de
Maio de 2007.
4
INTRODUÇÃO
O processo de adsorção por oscilação de pressão (Pressure Swing
Adsorption – PSA) é uma tecnologia de adsorção muito versátil para
separação e purificação de misturas gasosas. Algumas das aplicações
industriais incluem (a) secagem de gases, (b) recuperação de solventes
em fase vapor, (c) fraccionamento de ar, (d) produção de hidrogénio por
reformação por vapor de metano, (e) separação de dióxido de carbono e
de metano do biogás produzido em aterros sanitários, (f) separação
monóxido de carbono/hidrogénio, (g) separação de isoparafina e (h)
desidratação de álcool. Existem milhares de unidades de PSA em operação
por todo o mundo, para estas ou outras finalidades. De facto, a operação
de PSA tornou-se a tecnologia de separação estado-de-arte, para as
operações mencionadas de (a) a (d); e as suas dimensões variam desde
muito pequenas (8,5 m3/dia para produção de 90 % O2 a partir de ar – fins
medicinais) até muito grandes ( 3 106 m3/dia para a produção de
99,999 % de hidrogénio a partir de reformação por vapor de metano)
(Sircar, 2002).
O crescimento na investigação e desenvolvimento da tecnologia PSA
tem sido admirável desde a atribuição da primeira patente, nos Estados
Unidos em 1960, a C. W. Skarstrom. Uma pesquisa recente mostrou que
só nas áreas (a), (c) e (d) cerca de 600 patentes foram atribuídas nos
E.U.A., entre 1980 e 2000, enquanto que o número de trabalhos
publicados nesta área excedeu os 800 no período 1970 – 2000 (Sircar,
2002).
De um modo geral, as investigações realizadas no âmbito da tecnologia
PSA têm como principais objectivos (a) a produção de produtos mais puros
com elevadas taxas de recuperação, (b) recurso a menor quantidade de
adsorvente e separação energética e (c) aumentar a escala da aplicação
com menores custos globais (Sircar, 2002).
Também têm sido desenvolvidos ciclos PSA nos quais são produzidos
simultaneamente dois produtos puros, a partir de uma alimentação com
5
vários compostos, como por exemplo a produção de oxigénio e azoto a
partir de ar ou a de dióxido de carbono e hidrogénio oriundos de
reformação por vapor de metano ou ainda metano e dióxido de carbono
do biogás sintetizado em aterros. Estes exemplos demonstram a enorme
flexibilidade para aplicação da tecnologia de adsorção por oscilação de
pressão (Sircar, 2002).
6
PURIFICAÇÃO DE GASES
A purificação gasosa envolve a remoção de impurezas de correntes
gasosas. Os processos desenvolvidos para purificar gases variam desde
operações com uma única lavagem, até sistemas complexos com
múltiplas etapas e correntes de reciclagem. Em muitas das situações, a
complexidade dos processos provém da necessidade de recuperar as
impurezas e/ou de reutilizar os materiais empregues para a sua remoção
(Kahl and Nielsen, 1997).
Os processos básicos para a purificação de gases são geralmente cinco:
1. absorção num líquido;
2. adsorção num sólido;
3. permeação através de uma membrana;
4. conversão química;
5. condensação (Kahl and Nielsen, 1997).
Tradicionalmente, o hidrogénio produzido era utilizado para a síntese
de amónia ou para o tratamento de água. Nestes processos, a purificação
do efluente do reactor de reformação com vapor passava por uma série de
etapas, cujo objectivo era a obtenção de uma corrente de hidrogénio de
elevada pureza. A primeira etapa dessa purificação era uma reacção de
conversão do monóxido de carbono (CO) ou uma reacção de equilíbrio do
gás de água (Water Gas-Shift), a última realizada em duas etapas; em
seguida o dióxido de carbono (CO2) era removido por absorção e
posteriormente sujeito a uma reacção de metanação (Ayastuy and Marcos,
2006).
O desenvolvimento de pilhas de combustível com membranas de
permuta iónica (Proton Exchange Membrane Fuel Cell – PEMFC), impôs a
necessidade de produção e purificação de hidrogénio tornando a Oxidação
Selectiva de Monóxido de Carbono (Preferential Carbon Monoxide
Oxidation – CO PROX) a etapa final de eleição para a eliminação de
7
vestígios de CO, sendo também a opção ideal para aplicações
estacionárias de média potência (Ayastuy and Marcos, 2006).
1. TECNOLOGIAS PARA PURIFICAÇÃO DE HIDROGÉNIO
As tecnologias existentes para purificação de hidrogénio destinam-se
sobretudo à eliminação de CO e são agrupadas de acordo com o método
utilizado, catalítico, de difusão ou físico.
Nos Métodos Catalíticos ocorrem reacções químicas na presença de
catalisadores. Aqui consideram-se as técnicas de Metanação, a reacção de
equilíbrio de gás-água (WGS) e a reacção de oxidação selectiva de
monóxido de carbono (CO PROX – Preferential Oxidation of Carbon
Monoxide). Estas técnicas são frequentemente utilizadas para aplicações
em pequena escala, como em veículos, ou aplicações estacionárias de
média potência.
De um modo geral, os Métodos de Difusão são mais apropriados para a
produção de hidrogénio em grande escala, e são efectuados por
Separação Selectiva através de Membranas (Ayastuy and Marcos, 2006).
Nos Métodos Físicos, recorre-se às diferenças de propriedades físicas
para realizar a separação. Neste grupo consideram-se a Adsorção por
Oscilação de Pressão (Pressure Swing Adsorption – PSA), a Separação
Criogénica e a Absorção (Ayastuy and Marcos, 2006).
8
ADSORÇÃO POR OSCILAÇÃO DE PRESSÃO
Como em qualquer processo de separação por adsorção, a condição
essencial é a existência de um adsorvente capaz de adsorver
preferencialmente um dos componentes da mistura alimentada (ou uma
família de componentes relacionados). Essa selectividade pode depender
de diferenças nos equilíbrios de adsorção ou de velocidades de adsorção
ou de diferenças nas velocidades de adsorção (selectividade cinética). Em
alguns casos, as diferenças nas velocidades podem ser de tal forma
elevadas que o efeito da difusão lenta das espécies é completamente
subalternizado (selecção por tamanhos), situação em que se pode
alcançar uma separação muito eficiente (Ruthven et al., 1994).
Todos os processos de adsorção envolvem duas etapas fundamentais:
[1] a de adsorção, durante a qual os compostos com maior afinidade para
o adsorvente são retirados da corrente alimentação e; [2] a de dessorção
ou regeneração, onde os compostos adsorvidos são removidos do
adsorvente, regenerando-o para um ciclo seguinte. O conceito geral da
adsorção está representado na figura seguinte (Ruthven et al., 1994).
A adsorção por oscilação de pressão não é, como referido, um processo
novo, e o seu conceito, para separação gasosa, é relativamente simples.
Alguns compostos de uma mistura gasosa são selectivamente adsorvidos
num adsorvente sólido micro ou mesoporoso, a uma pressão
relativamente elevada. Isto é alcançado através do contacto do gás com o
absorvente colocado numa coluna de leito fixo, de modo a produzir uma
corrente de gás enriquecida nos compostos menos adsorvíveis da corrente
gasosa alimentada. Os compostos adsorvidos no leito são em seguida
dessorvidos do sólido, por diminuição da pressão parcial da fase gasosa
(ou vapor), de modo a que o adsorvente possa ser reutilizado. Os gases
dessorvidos são ricos nos compostos mais adsorvívies da fase gasosa.
Normalmente não são utilizadas fontes externas de calor para a dessorção
(Sircar, 2002).
9
É possível obter produtos úteis na adsorção ou na dessorção ou em
ambas as etapas. O efluente (refinado) é purificado durante a etapa de
adsorção, isto é, são-lhe removidas as espécies que adsorvem
preferencialmente. O adsorvato, recuperado durante a etapa de
regeneração contém as espécies adsorvidas, de forma concentrada
(relativamente à alimentação), sendo, por vezes, considerado o produto
“extraído” ou extracto (Ruthven et al., 1994).
Os processos PSA cumprem várias etapas sequenciais formando ciclos,
sendo as quatro etapas básicas a pressurização (PR), a adsorção (AD), a
despressurização (DP) e a purga (PG).
As etapas de pressurização e despressurização são aquelas em que se
verifica variação de pressão. Normalmente, a pressão no leito adsorvente
aumenta linearmente durante a pressurização e diminui de modo
exponencial enquanto ocorre a despressurização. As restantes etapas são
realizadas a pressão constante mas com variação de caudal (Serbezov e
Sotirchos, 2003).
O ciclo PSA opera entre duas pressões (figura 1): a primeira elevada,
onde ocorre a adsorção de impurezas e a outra mais baixa à qual se dá a
sua dessorção, sem que haja variação de temperatura, excepto a devida
aos calores de reacção. O facto de não ser necessário promover alterações
de temperatura permite recorrer a instalações mais simples, se
comparadas com as de ciclos térmicos utilizados nos processos
tradicionais. Contudo, verificam-se perdas de gases mais elevadas devidas
a descargas e a purgas a baixas pressões (Kahl e Nielsen, 1997).
10
Figura 1 Etapas e variação da pressão num processo PSA (Serbezov e Sotirchos, 2003)
As operações de purificação e separação de gases pelo método PSA
podem ser baseadas no equilíbrio ou na velocidade de difusão dos
componentes. As primeiras, mais comuns, estão dependentes da
capacidade do adsorvente para adsorver, em estado de equilíbrio, uma
maior quantidade de espécies “pesadas” em vez de “leves”. As que se
baseiam na velocidade de difusão, separam os componentes porque uma
das espécies se difunde mais rapidamente que as outras. O desempenho
das separações baseadas no equilíbrio pode ser previsto por modelos
relativamente simples, enquanto que o desempenho das baseadas na
velocidade de difusão necessitam de modelos mais complexos, os quais
consideram os efeitos da transferência de massa no interior das partículas
de adsorvente (consideradas individualmente) (Kahl e Nielsen, 1997).
De um modo geral, as separações de equilíbrio são capazes de produzir
um produto de pureza superior, e são, portanto, usadas para purificação
de gases; enquanto que as operações baseadas na velocidade de difusão
11
são utilizadas na maioria das separações, tais como na produção de
hidrogénio ou de oxigénio a partir do ar (Kahl e Nielsen, 1997).
Uma particularidade do processo PSA observada durante a etapa de
regeneração, é a remoção das espécies preferencialmente adsorvidas
através da redução da pressão, em vez da remoção por elevação da
temperatura de operação ou purga (embora, seja vulgar o recurso a uma
purga a baixa pressão durante o ciclo).
O processo opera, aproximadamente, em condições isotérmicas, para
que a capacidade útil seja a diferença de carga entre dois pontos,
correspondentes às pressões de alimentação e de regeneração, sobre a
mesma isotérmica (figura 2).
Figura 2 Variação no equilíbrio com a pressão (Ruthven et al., 1994)
As alterações nos perfis de concentração da fase adsorvida no leito
durante as etapas de adsorção, a pressão elevada, e de regeneração (ou
dessorção), a baixa pressão.
A etapa de adsorção termina, normalmente, antes que o composto que
é fortemente adsorvido consiga atravessar todo o leito, enquanto que a
regeneração acaba antes do leito estar completamente dessorvido. Em
estado estacionário, o perfil de concentração do ciclo, oscila no leito numa
12
posição intermédia, ou seja, entre total adsorção e dessorção completa
(Ruthven et al., 1994).
1. VANTAGENS/LIMITAÇÕES
A principal vantagem da técnica PSA, relativamente a outros tipos de
adsorção, como por oscilação de temperatura (TSA), é a de ser possível
manipular a pressão mais rapidamente do que a temperatura, tornando o
processo possível num ciclo de tempo curto. Consegue-se também um
rendimento por unidade de volume de leito adsorvente mais elevado.
(Ruthven et al., 1994). Por outro lado, permite a remoção de impurezas
até qualquer nível e, consequentemente, a produção de produtos de
elevada pureza (como o hidrogénio), as quais, normalmente, variam entre
99 e 99,999 % (% vol.) (Miller e Stöcker, 1999).
A principal limitação deste processo é a sua restrição a compostos que
são excessivamente adsorvidos. Se as espécies a remover estão
demasiado adsorvidas, é necessário recorrer a vácuo (obtido de forma
dispendiosa) para dessorver essas espécies durante a etapa de
regeneração. Portanto, para componentes muitos adsorvidos é alternativa
a adsorção por oscilação térmica (TSA – Temperature Swing Adsorption),
já como uma variação modesta da temperatura se consegue,
normalmente, uma alteração relativamente elevada na constante de
equilíbrio de adsorção gás-sólido (Ruthven et al., 1994).
Os processos de PSA não são mais complexos que a maioria dos
processos de separação, mas são diferentes num aspecto fundamental:
operam sob condições transientes, ao contrário da grande parte dos
processos de separação como a absorção, a extracção ou a destilação,
que operam em condições estacionárias (Ruthven et al., 1994).
Existem cinco aspectos gerais num sistema PSA que explicam, em
grande parte, as vantagens e limitações desta tecnologia e determinam a
sua adequação a determinada aplicação:
13
- pureza do produto – o produto não adsorvido (aquele que é menos
adsorvido ou a espécie que se difunde mais lentamente) pode ser
recuperado com elevada pureza, sendo o extracto (o que é mais adsorvido
ou a espécie de difusão mais rápida) geralmente descarregado como
produto secundário impuro. São possíveis muitas modificações no ciclo
para permitir a recuperação da espécie que adsorve preferencialmente.
No entanto, essas alterações aumentam a complexidade do ciclo; logo, o
processo adequa-se a situações em que o que se pretende é o produto
não adsorvido num estado de elevada pureza;
- rendimento ou recuperação fraccionada – nos processos de separação
por oscilação de pressão, a recuperação fraccionada (isto é, a fracção da
alimentação que é recuperada como produto puro) é normalmente baixa
quando comparada com a recuperação em processos como a destilação, a
absorção ou a extracção. A recuperação pode ser incrementada se forem
incluídas etapas adicionais ao ciclo e se o número de leitos adsorventes
for elevado, contudo ambas as modificações aumentam os custos do
processo;
- requisitos energéticos – como na maioria dos processos, a eficiência
energética de um processo PSA é relativamente baixa. A eficiência é de
facto comparável à de processos como a destilação ou a extracção.
Contudo, um sistema PSA utiliza energia mecânica, que é, de um modo
geral, mais dispendiosa que energia térmica. O custo da energia é o que
tem maior peso nos custos operatórios de um sistema PSA. No entanto, se
a alimentação está disponível a elevada pressão, esses custos podem ser
fortemente reduzidos. Um sistema PSA é portanto especialmente útil em
situações nas quais a alimentação se encontra disponível a elevadas
pressões;
- características de scale-up – os custos operatórios da maioria dos
processos de separação aumentam de modo aproximadamente linear com
o tamanho da unidade de separação, como é o caso de um processo PSA.
Contudo, para a maioria dos outros processos (como por exemplo a
destilação criogénica) a curva do capital é do tipo logarítmica, o que
significa que para instalações de grandes dimensões a variação no
aumento do custo é reduzido. Razão pela qual, ao considerar os custos
14
globais, os balanços económicos tendem a favorecer a técnica de PSA
para instalações de pequena ou média de escala e a fomentar o uso de
outros processos como a destilação criogénica quando se pretende
instalações de larga escala (Ruthven et al., 1994);
- intervalo de pressão – no processo PSA, a etapa de adsorção ocorre a
uma pressão superior à ambiente, enquanto que a dessorção é levada a
cabo próxima da pressão ambiente. Quando se recorre à adsorção por
oscilação a vácuo (Vacuum Swing Adsorption – VSA), a adsorção é
realizada a uma pressão próxima da ambiente enquanto que a dessorção
é alcançada em condições de vácuo (Sircar, 2002).
15
2. APLICAÇÃO
A tecnologia PSA é largamente aplicada em purificação e recuperação
gasosa. Os principais campos de aplicação são a recuperação e
purificação de hidrogénio, a remoção e purificação de dióxido de carbono,
a purificação de metano, assim como a geração de azoto e de oxigénio. Os
aspectos essenciais dos processos de PSA são:
- a melhora da tecnologia estabelecida (ainda que a técnica seja
relativamente recente – a sua aplicação industrial teve início na década de
70);
- produtos com purezas superiores a 99 %;
- a sua flexibilidade (intervalo de operação típico entre 25 e 100 %);
- uma operação totalmente automatizada, mesmo que haja flutuações
na pressão, na temperatura ou no caudal.
Estes processos permitem ainda alcançar produtos com elevadas
purezas iguais ou superiores a 90 %, quando as taxas de recuperação são
altas (Voss, 2005), por exemplo, testes efectuados em unidades piloto
indicam que o processo é capaz de produzir hidrogénio ultra-puro (99,999
%) quando as taxas de recuperação variam entre 86 e 88 % (Kahl e
Nielsen, 1997).
As unidades PSA, para recuperação de hidrogénio, encontram-se,
normalmente, integradas em grelhas/baterias de elevadas dimensões,
como por exemplo unidades para recuperação de hidrogénio, onde este é
processado no estado gasoso a partir de um reformador de vapor. O gás
de saída é reciclado para os queimadores do reformador, sendo a corrente
de hidrogénio purificada alimentada à unidade de produção de hidrogénio
(Voss, 2005).
Uma integração mais complexa pode ocorrer combinando um processo
PSA ROG (refinery off gas) com um reformador de vapor e o respectivo
PSA SMR (steam reformer off gas), figura 3. O gás de cauda do PSA ROG,
com um elevado teor em hidrocarbonetos, é novamente comprimido e
usado na alimentação do reformador (Voss, 2005).
16
Figura 3 Combinação de PSA ROG com PSA SMR (Voss, 2005)
Normalmente a razão mínima entre as pressões de adsorção e de
dessorção requerida para a purificação de hidrogénio é de
aproximadamente 4:1, entre as pressões de adsorção e de dessorção.
Estudos mostraram que para purificações de hidrogénio, em refinarias, a
pressão óptima na alimentação varia entre 14,6 e 28,2 atm. A corrente de
hidrogénio, produto da unidade PSA, encontra-se a uma pressão um pouco
inferior à de alimentação (cerca de 0,7 atm menor). Nessas unidades, a
recuperação de hidrogénio varia normalmente entre 80 e 92%, em
condições óptimas, sendo reduzida para os 60 % quando o gás de saída
atinge pressões consideradas relativamente altas (2,22 atm, por exemplo)
(Kahl e Nielsen, 1997).
O gás de cauda do processo PSA SMR com elevado conteúdo de CO2
pode ser processado numa unidade PSA de recuperação de dióxido de
carbono (figura 4). Este processo decorre a pressões moderadas para
minimizar o consumo de energia na etapa de compressão. Após a etapa
final de purificação e posterior liquefacção, o produto CO2 é de elevada
qualidade (Voss, 2005).
17
Figura 4 PSA para produção simultânea de hidrogénio e de dióxido de carbono (Voss,
2005)
A remoção de dióxido de carbono pela tecnologia PSA é aplicada em
processos de têmpera de aços (figura 5). O CO2 é removido do gás de
redução em recirculação, sendo o gás de saída do PSA conduzido para
aquecimento da fornalha onde passa p próprio gás de redução e portanto
em termos entálpicos o processo é optimizado. Uma aplicação em
desenvolvimento deste processo é o sequestro de CO2 por questões
ambientais (Voss, 2005).
18
Figura 5 Remoção de CO2 por redução directa (Voss, 2005)
Nas unidades de CO/H2, o hidrogénio é purificado numa unidade PSA
(figura 6). Para regeneração da unidade de TSA (temperature swing
adsorption, adsorção por oscilação de temperatura), uma parte da
corrente de hidrogénio é conduzida para a unidade TSA e misturada com a
corrente principal de hidrogénio sendo enviada para a unidade PSA.
Devido às variações da qualidade do gás durante a regeneração da
unidade TSA, a unidade de PSA deve estar apta a reagir às flutuações de
composição da corrente de regeneração. O gás de saída da unidade de
PSA pode ser utilizado como combustível ou ser reciclado (Voss, 2005).
Figura 6 Combinação de TSA e PSA para produção de H2 e CO (Voss, 2005)
3. OPTIMIZAÇÃO DE PARÂMETROS
No estudo realizado por Voss, 2005, foram analisados alguns
parâmetros considerados relevantes para a optimização do processo PSA.
No caso da produção de hidrogénio por PSA esses parâmetros foram,
entre outros possíveis, o tipo de enchimento dos leitos, a pressão do gás
de saída, o número de etapas para equalização da pressão, o número
19
mínimo de contentores de adsorvente necessários e a pureza do produto
dos componentes secundários (Voss, 2005).
Relativamente à pressão do gás de saída, esta geralmente varia entre
1,3 e 1,5 bar, quando este gás é alimentado ao queimador de um
reformador de vapor ou a um compressor de gás instalado. Mesmo
pequenas variações na pressão do gás de saída, da ordem dos 100 mbar,
têm um efeito mensurável na capacidade do adsorvente. Por esta razão, o
design da linha do gás e, se instalado, do sistema de controlo electrónico
da pressão do gás de saída é essencial para a aperfeiçoamento do
processo. Essa influência da pressão do gás de saída na taxa de
recuperação do hidrogénio pode ser observada no gráfico da figura 7.
Figura 7 Influência da pressão do gás de cauda na taxa de recuperação de hidrogénio,
relativamente à pressão do gás de alimentação (Voss, 2005)
A pureza do produto desejada tem também uma importância
considerável no desempenho da técnica PSA. A dependência da taxa de
recuperação do hidrogénio relativamente à concentração dos produtos
que adsorvem de modo intermédio (como o CO) é menor do que a de
20
compostos voláteis (por exemplo, o azoto e o oxigénio). Isto significa que
negligenciar o parâmetro adsortividade terá um efeito considerável na
taxa de recuperação alcançada (figura 8) (Voss, 2005).
Figura 8 Recuperação do hidrogénio versus pureza do hidrogénio (Voss, 2005)
4. ADSORVENTES
A utilização de processos de separação por adsorção alcançou um
campo amplo de aplicação após o desenvolvimento de adsorventes do
tipo peneiros moleculares (especialmente zeólitos sintéticos) e de novos
processos de separação, como os ciclos PSA.
Os processos de separação por adsorção são utilizados na remoção de
contaminantes de matérias-primas, efluentes líquidos e gasosos e na
21
recuperação e purificação de produtos primários (Neves e Schvartzman,
2005).
Os requisitos de uma capacidade adsortiva adequada restringem a
escolha dos adsorventes para os processos de separação a adsorventes
microporosos cujos intervalos dos diâmetros variam desde alguns
Ångstroms até algumas dezenas de Ångstroms. As opções disponíveis
variam entre adsorventes tradicionais como a sílica gel, óxido de alumínio
activado e carvão activado, e outros mais recentes como os
aluminosilicatos cristalinos ou zeólitos (Ruthven, 1984).
Existem, no entanto, diferenças fundamentais entre esses materiais.
Nos adsorventes tradicionais existe uma distribuição do tamanho dos
microporos, e quer o diâmetro do microporo quer a distribuição por
tamanhos é controlada pelo processo de produção. Por outro lado, o
tamanho do microporo do zeólito é controlado pela sua estrutura
cristaliana e, aparentemente, não existe uma distribuição por tamanhos
dos poros. Este aspecto origina diferenças significativas nas propriedades
adsortivas, sendo, portanto, conveniente considerar os zeólitos e outros
adsorventes cristalinos, tais como os crivos moleculares de fosfato de
alumínio, como uma classe de adsorventes à parte (Ruthven, 1984).
Com uma camada de carvão activado, para remover água e dióxido de
carbono e uma camada do zeólito 5 A, para remoção de CO e CH4, um
sistema PSA é capaz de produzir 99,999 % de H2 puro com uma
recuperação de 76,2 % num processo de reformação típico.
A elevada pureza do hidrogénio produzido num sistema PSA pode trazer
benefícios à instalação industrial, como por exemplo evitar a reciclagem e
a purga do gás. Verificou-se que é possível poupar substancialmente nos
investimentos em equipamento e nos custos de operação, numa indústria
de cracking com hidrogénio (hydrocraking), usando hidrogénio com 99,9
% de pureza, proveniente de um sistema de PSA, quando comparado com
hidrogénio com 97 % purificado numa unidade de amina/metanação (Kahl
e Nielsen, 1997).
O processo PSA é, na sua natureza, cromatográfico, ou seja, as
impurezas mais levas serão as primeiras a surgir no produto, seguidas das
22
impurezas mais fortemente adsorvidas. A tabela 1 representa a
adsortividade de algumas impurezas (Miller e Stöcker, 1999).
23
Tabela 1 Adsortividade relativa de algumas impurezas (Miller e Stöcker, 1999)
Não adsorvem Adsorção fraca
Adsorção intermédia
Adsorção forte
H2 O2 CO C3H6
He N2 CH4 C4H10
Ar C2H6 C5+CO2 H2SC3H8 NH3
C2H4 BTXH2O
Carvão activado, crivo de carvão molecular, zeólitos, sílica gel e alumina
activada, são os materiais normalmente utilizados como adsorventes em
leitos PSA, consoante a sua afinidade para com o gás a remover da
corrente gasosa a purificar (Tabela 2):
Tabela 2 Diferentes adsorventes utilizados em diferentes separações gasosas
(Psaplants, 2007)
Processo Mistura gasosa Adsorvente
Separação de misturas gasosa
Parafinas normais / Isso-parafinas, compostos aromáticos
Zeólito
Azoto / Oxigénio Zeólito, carvão molecularCO, CH4, CO2, N2, Árgon, NH3, H2 Carvão activado
Purificação de misturas
gasosas
Odores / Ar Carvão activadoÁgua / alcenos com vidro cracked Sílica, Alumina
Gás natural, ar, syngas ZeólitoCO2/C2H4, gás natural, hidrogénio Zeólito
NOx/N2 ZeólitoHg/efluente gasoso de instalações de
produção de cloro e álcalisZeólito
24
5. PROCESSOS PSA
Uma vasta pesquisa em literatura sobre patentes, realizada por Ebner e
Ritter, 2002, revelou que praticamente todas as unidades de adsorção por
oscilação de pressão foram projectadas tendo em vista a produção de
correntes muito puras em componentes “leves” (num dos extremos da
coluna de PSA) e de correntes de misturas de componentes “leves” e
“pesados”, na outra saída da coluna. Isto é conseguido, principalmente,
usando uma pequena fracção do produto de componentes “leves” como
corrente de purga.
Na sua essência, estes processos de PSA recorrem à corrente de purga
com a finalidade de remover os componentes “pesados” do produto “leve”
desejado, no ponto da coluna de onde este é retirado. Não existe limitação
para a pureza da corrente “leve”, no entanto, o enriquecimento do
componente pesado está limitado pela relação de pressões, a qual
raramente é alcançada (Ebner e Ritter, 2002).
Figura 9 Selecção do sistema PSA a utilizar em função do caudal e da razão entre as
pressões de entrada e de saída (Psaplants, 2007)
25
5.1. CICLO SKARSTROM
O ciclo de Skarstrom na sua forma mais básica utiliza dois leitos fixos,
cujo enchimento é um adsorvente. O ciclo é efectuado em quatro etapas:
pressurização, adsorção, descarga em contracorrente e purga em
contracorrente.
Ambos os leitos são sujeitos às quatro operações e a sequência, é
realizada de modo que o caudal do produto é mantido constante (Ruthven
et al., 1994).
A introdução de uma etapa de equalização foi de extrema importância,
pois permitiu reduções significativas no consumo energético, uma vez que
a energia mecânica necessária para repressurizar a coluna até baixas
pressões, após a etapa de purga, é menor. A recuperação do produto é,
deste modo, aumentada já a quantidade de gás a alimentar à coluna será
também menor (Cruz et al., 2003).
Na etapa1, o leito 2 é pressurizado até à maior pressão de operação do
ciclo (o atingir deste limite coincide com o início da alimentação),
enquanto que o leito 1 é esvaziado até à pressão atmosférica. Na etapa 2,
a alimentação a elevada pressão atravessa o leito 2. O componente com
maior afinidade para o adsorvente é retido no leito e uma corrente gasosa
rica no composto com menor afinidade sai como efluente, a uma pressão
ligeiramente inferior à da alimentação. Uma fracção do efluente é retirada
como produto e o restante é utilizado para purgar o leito 1, a baixa
pressão de operação. O sentido do caudal de purga é oposto ao de
alimentação. As etapas 3 e 4 seguem a mesma sequência que as
anteriores, mas com os leitos trocados.
Durante a etapa de adsorção a elevada pressão, a fase gasosa que
precede a frente de concentração tem aproximadamente a composição da
alimentação, enquanto que a composição do gás que antecede esta frente
é rica no adsorvato menos retido pelo adsorvente. A alimentação mantém-
se até que o nível de impurezas retidas no adsorvato atinja o limite pré-
estabelecido. O objectivo da purga é o de descarregar os espaços vazios
26
existentes no leito, assegurando que pelo menos a última região do leito
que a corrente de alimentação atravessa e da qual o efluente é retirado
durante metade do ciclo, esteja completamente livre do componente
fortemente adsorvido. Em estado estacionário, a frente de concentração
percorre, durante as etapas de descarga e de dessorção um comprimento
que é exactamente igual ao percorrido durante as fases de pressurização
e adsorção a elevada pressão. A regeneração realizada invertendo o
sentido da corrente evita a retenção das espécies mais adsorvidas na
saída do produto, reduzindo, deste modo, as necessidades de purga. Para
sistemas altamente favoráveis, a regeneração é efectuada em no sentido
da corrente necessitando, para a etapa de purga, de um volume de tal
modo elevado que se torna impraticável assegurar uma completa limpeza
do leito (Ruthven et al., 1994).
Torna-se evidente que aumentando a purga a pureza do produto final
melhora, mas à custa de uma diminuição da recuperação, e após um certo
ponto, o ganho na qualidade do produto torna-se irrelevante,
relativamente à quantidade de produto perdida.
O ciclo original de Skarstrom foi utilizado para secagem de ar; quando
aplicado com sílica gel, mostrou ser possível diminuir a quantidade de
água no ar desde 3800 ppm para menos de 1 ppm, com uma taxa de
recuperação de ar seco de 73 % (Ruthven et al., 1994).
5.2. PROCESSO PSA “POLYBED”
Trabalhos realizados sobre o uso dos processos PSA, para purificação de
hidrogénio, foram levados a cabo pela Union Carbide Corporation e a
tecnologia que desenvolveram encontra-se licenciada pela UOP como o
Processo PSA “Polybed”. Este processo utiliza entre 3 e 12 leitos de
adsorção, numa sequência específica de etapas para melhorar a eficiência
da purificação. As etapas fundamentais para a purificação do hidrogénio
são as seguintes:
1. Adsorção: o gás alimentado a pressões elevadas
passa através de um adsorvente, no qual as
27
impurezas são retidas e o hidrogénio puro é retirado pela outra
extremidade (Kahl e Nielsen, 1997).
Figura 10 Etapa 1: adsorção (Natco, 2007)
28
2. Despressurização em Co-corrente: a alimentação é cortada e a
unidade é despressurizada parcialmente pela remoção
de gás através da tubuladura do produto. O hidrogénio
retirado durante esta etapa é usado para purgar e
pressurizar parcialmente outra unidade (Kahl e Nielsen,
1997).
Figura 11 Etapa 2: despressurização em co-corrente (Natco, 2007)
3. Despressurização em Contra-corrente: a unidade é novamente
despressurizada, até à sua pressão inferior, pela
remoção de gás pela tubuladura de admissão. Parte das
impurezas adsorvidas são removidas durante este
passo, e o gás retirado representa a porção de gás de
cauda (Kahl e Nielsen, 1997).
Figura 12 Etapa 3: despressurização em contra-corrente (Natco, 2007)
4. Purga: o caudal de hidrogénio em contra-corrente
é utilizado para purgar as impurezas restantes do
leito a pressão mais baixa. O efluente gasoso
torna-se parte do gás de cauda (Kahl e Nielsen,
1997).
Figura 13 Etapa 4: purga (Natco, 2007)
5. Re-pressurização: o hidrogénio purificado, em contra-corrente, é
usado para re-pressurizar o leito até ao nível da pressão da corrente
de alimentação, completando o ciclo e preparando
o leito para o reiniciar (etapa 1) (Kahl e Nielsen,
1997).
Figura 14 Etapa 5: re-pressurização (Natco, 2007)
29
O processo “Polybed” tem tido de grande sucesso. Mais de 500
unidades encontravam-se em operação ou a ser construídas no início da
década de 90.
Inúmeras modificações ao processo PSA base têm sido propostas. Na
maioria dos casos, essas alterações consistem no acréscimo de etapas
adicionais de pressurização e despressurização, para aumentar a
recuperação de hidrogénio. Uma dessas modificações, da Air Products and
Chemicals, introduziu a produção simultânea de hidrogénio de elevada
pureza e de dióxido de carbono. Este processo recorre a seis leitos
adsorventes paralelos (designados por leitos A) projectados para remover
selectivamente CO2 e água do gás de alimentação, e três leitos
adsorventes paralelos (os leitos B), cujo o enchimento é um adsorvente
que remove, selectivamente, CO, CO2, CH4 e N2. Um dos leitos A e um dos
B operam em série durante a etapa de adsorção, mas são sujeitos às
etapas seguintes individualmente. Testes piloto em indústrias sugerem
que este processo é capaz de produzir hidrogénio ultra-puro (99,999%), a
uma taxa de recuperação entre 86 e 88%, e ao mesmo tempo, produzir
uma corrente de dióxido de carbono (99,4%), com uma recuperação
superior a 90%.
Uma vez que a maioria do CO2 é recuperado como gás puro, o gás
combustível é rico em CO, CH4 e H2, e tem uma capacidade calorífica
superior ao gás combustível obtido nos processos PSA “convencionais”
(Kahl e Nielsen, 1997).
5.3. O PROCESSO DE QUATRO LEITOS
Um adsorvente misto de carvão activado e zeólito 5A é normalmente
utilizado, apesar da selectividade para a maioria das impurezas em
relação ao hidrogénio seja elevada, praticamente todos os adsorventes
podem ser utilizados para este efeito. A produção de hidrogénio com uma
pureza de 99,99 %, com uma recuperação de 75 %, a partir de uma
alimentação com 70 a 80 % de hidrogénio é designada por processo de
quatro leitos com duas etapas de equalização. O processo decorre entre
20-30 atm e 1-2atm. O ciclo encontra-se representado na figura seguinte.
30
5.4. PROCESSO BERGBAU-FORSCHUNG
Como um processo alternativa ao uso de zeólitos para recuperação de
hidrogénio, a Union Carbide desenvolveu um processo equivalente em que
um peneiro de carvão molecular, com poros largos, é usado como
adsorvente. Um sistema de quatro leitos é usado juntamente com cinco
leitos de pré-adsorção contendo carvão activado e a operar a 1 atm. A
sequência do processo encontra-se esquematizada na figura seguinte.
31
5.5. PROCESSO PSA RECTIFYING
Alguns processos de PSA foram desenvolvidos para produzir dois
produtos com uma pureza relativamente elevada, partindo de uma
alimentação binária. Contudo solicitam obrigatoriamente elevadas
concentrações do componente “pesado” na alimentação, razões de
pressão moderadas a elevadas, sequências mais complexas ou múltiplas
colunas de PSA para que seja conseguida a separação desejada. É de
salientar que mesmo nestes casos particulares o limite da razão de
pressões, para o enriquecimento no componente “pesado”, não é
excedido.
Foi desenvolvido e demonstrado por, diferentes investigadores, o
potencial de um processo PSA com dois leitos, o qual utiliza não só uma
corrente de purga (num dos extremos da coluna), mas também o
enriquecimento ou corrente de purificação com refluxo (na outra
extremidade da unidade PSA), sendo a alimentação efectuado num ponto
intermédio da coluna. Hipoteticamente, este processo potencial para
produzir dois produtos puros partindo da alimentação binária, sendo o
enriquecimento dos dois componentes apenas limitado pelo balança
material. Foi também referido, em diferentes estudos, que a secção de
purificação poderia ser usada somente para produzir um componente
“pesado” puro, num dos extremos da coluna, e uma mistura de
componentes “leves” e “pesados”, na outra extremidade. O que poderia
ser alcançado usando uma elevada fracção da corrente de compostos
“pesados” como corrente de purga (Ebner e Ritter, 2002).
Este processo é realizado em duas colunas, cada uma sujeita a
sequências de quatro etapas: [1] alimentação a pressão constante (leito
LHS – figura 15 a)); [2] pressurização (leito LHS – figura 15 b)); [3] purga a
pressão constante e elevada (leito RHS – figura 15 c)); [4] descarga (leito
RHS – figura 15 d)) (Ebner e Ritter, 2002).
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Figura 15 Operação de um ciclo PSA rectifying (Ebner e Ritter, 2002)
Dois dos passos são realizados em simultâneo a pressão constante –
alimentação e purga, enquanto que os outros dois, também efectuados
conjuntamente, são conduzidos a pressão variável (pressurização e
descarga). Neste ciclo PSA de purificação específico, os produtos são
apenas retirados durante as etapas de alimentação e de purga (Ebner e
Ritter, 2002).
Uma vez atingido o estado estacionário e durante a fase a pressão
constante, a alimentação (NF) entra no topo da leito de baixa pressão
(leito LHS), enquanto que uma corrente enriquecida no componente
“pesado” (o produto), é retirada pela base da coluna. Parte desta corrente
é retirada como produto puro “pesado”, mas a maior fracção é reciclada
para o leito a elevada pressão (ou seja, para o leito RHS) como corrente de
purga. Durante este intervalo de tempo, o leito a elevada pressão produz
um produto “leve” sem vestígios do componente “pesado”. No inicio da
etapa de alimentação, o leito de baixa pressão está completamente
saturado com o componente “pesado”, mas à medida que a alimentação
entra no topo da coluna com uma fracção molar yA,F no componente
33
“pesado”, desenvolve-se uma frente de ondas simples em movimento
descendente.A etapa de alimentação é parada imediatamente antes da
entrada desta frente, isto é, da entrada do componente “leve” na corrente
do componente “pesado”, o produto). As válvulas instaladas no topo dos
leitos são fechadas e as etapas de variação de pressão têm início. O leito
LHS é pressurizado pela base bombeando a corrente pura de componente
“pesado” proveniente da base do leito RHS, a qual está inicialmente
saturada com o componente “pesado” a elevada pressão e descarregada
simultaneamente (Ebner e Ritter, 2002). Uma frente de onda, em sentido
ascendente, começa a formar-se no leito LHS, que depende da razão de
pressões, desenvolvendo-se quer parcialmente quer totalmente. Devido à
pressurização, a concentração da fase gasosa, na corrente ascendente,
dessa frente em movimento, e que é inicialmente uniforme ou idêntica a
yA,F, diminui para yA,P e torna-se a concentração constante do constante de
produto “leve”, durante a etapa seguinte. Quando a pressão dos dois
leitos são totalmente reversíveis, as válvulas no topo dos leitos são
reabertas, e as etapas de purga e de alimentação têm início nos leitos LHS
e RHS, respectivamente. Aqui, a reciclagem da purga, a qual é composta
apenas pelo componente “pesado”, é retirado do produto do leito RHS,
que está nesse momento sujeito à etapa de alimentação, comprimido, e
alimentado na base do leito LHS. No final desta etapa, a frente de onda
encontra-se completamente desenvolvida e localizada, exactamente, no
topo do leito LHS, deixando este leito completamente saturado em
componente “pesado”. Finalmente, as válvulas no topo dos leitos são
novamente fechadas
5.6. PROCESSOS EMERGENTES
Têm surgido diversos aperfeiçoamentos nos processos PSA, os quais são
muito interessantes. Estes incluem (a) ciclos PSA rápidos, (b) novos
designs dos leitos/colunas de adsorção, (c) processo SERP (Sorption-
Enhanced Reaction Processes) e (d) ciclos PSA de elevada temperatura
(High-Temperature Pressure Swing Adsorption – HTPSA) (Sircar, 2002).
34
35
6. RECUPERAÇÃO DE HIDROGÉNIO
O aumento da necessidade de hidrogénio, particularmente, na refinação
de petróleo e processamento petroquímico, conduziu a uma forte
motivação económica para desenvolver processos para recuperar o
hidrogénio dos gases combustíveis de refinarias, gases de queima de
hulha, e de outras fontes similares incluindo fontes mais tradicionais como
SMR (steam reformer off gas). Para a maioria das aplicações pretende-se,
como produto, hidrogénio de elevada pureza, com pelo menos 99,99 % e
frequentemente com 99,999 %. Uma vez que o hidrogénio é menos
adsorvido do que a maior parte das outras espécies, um sistema PSA bem
projectado pode alcançar esses objectivos. De facto, está é uma aplicação
para a qual a técnica PSA tem uma clara vantagem sobre a maioria das
técnicas possíveis para tal efeito, para muitos dos quais esses níveis de
pureza são inalcançáveis (Ruthven et al., 1994).
A pressão óptima de alimentação varia entre 13,6 e 27,2 atm e a
pressão do gás de saída deverá ser o mais baixa possível. Uma vez que
geralmente se evita a utilização de vácuo, as pressões do gás de saída
variam entre 0,14 e 0,34 atm quando é pretendida uma elevada
recuperação. A pressão de 0,14 atm poderá ser utilizada quando o gás de
saída é para ser comprimido, e a de 0,34 atm se esse gás for enviado para
queimadores, como no caso de reformação de vapor.
É de salientar que o desempenho do processo PSA é muito mais
sensível à pressão do gás de saída do que à da alimentação, o que pode
ser observado nas figuras seguintes onde se encontra representada a
influência dos níveis de pressão do sistema na recuperação de hidrogénio
(Miller e Stöcker, 1999).
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Figura 16 Recuperação de hidrogénio como função da pressão do gás de alimentação e
da pressão do gás de saída (Miller e Stöcker, 1999)
37
7. COMERCIALIZAÇÃO DE PSA
Inúmeras empresas por todo o mundo fabricam e comercializam
unidades para produção e purificação de gases, recorrendo à tecnologia
de adsorção por oscilação de pressão. O oxigénio e o azoto são os gases
para os quais normalmente os fabricantes recomendam esta tecnologia,
havendo já alguns que a produzem com a finalidade de tratar correntes
gasosas de hidrogénio.
Uma simples pesquisa na Internet permite encontrar muitas dessas
empresas, variando a sua gama de aplicação desde de uma escala
laboratorial até escalas industriais ou mesmo para produção em série. A
seguir, são indicados alguns exemplos de empresas que comercializam
unidades PSA para produção e/ou purificação de azoto, de oxigénio e/ou
de hidrogénio: Adsorption Research Inc. (Ohio, EUA: www.adsorption.com),
Air Products and Chemicals, Inc. (Pennsylvania, EUA:
www.airproducts.com), CarboTrade Worldwide, Inc. (Missouri, EUA:
www.carbotrade.com), Gastek Engineering Private Limited (Nova Deli, Ín-
dia: www.indiamart.com/gastek), Generon® IGS Americas (Texas, EUA:
www.igs-global.com), Holtec Gas Systems (Missouri, EUA:
www.holtecllc.com), HyRadix® (Illinois, EUA: www.hyradix.com), H2Gen
(Virgínia, EUA: www.h2gen.com), Mahler AGS – Advanced Gas Systems,
Engineering (Stuttgart, Alemanha: www.mahler-ags.com), Natco Group,
Inc. (Texas, EUA: www.natcogroup.com), Oxair Gas Systems Pty, Ltd.
(Perth, Austrália: www.oxair.com.au), QuestAir (Burnaby, Canadá:
www.questairinc.com), Sam Gas Projects [P] Ltd. (Nova Deli, Índia:
www.psaplants.com), SysAdvance – Sistemas de Engenharia S.A. (Maia,
Portugal: www.sysadvance.com), Universal Industrial Gases, Inc.
(Pennsylvania, EUA: www.uigi.com), UOP (Illionois, EUA: www.uop.com).
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BIBLIOGRAFIA
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