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Na fase pós-‐troika, terminado o Programa de Assistência Económica e Financeira, Portugal vai regressar aos mercados para se financiar mas não vai poder regressar ao passado despesista e ao sobre-‐endividamento. Regressar aos mercados pressupõe cumprir restrições incontornáveis ao défice e prosseguir uma trajetória exigente de redução da dívida pública.
Como a PCS sempre afirmou, o problema português não é contudo apenas o défice e a dívida pública. A consolidação orçamental é uma condição necessária mas não suficiente de sustentabilidade.
Portugal não pode passar outra década como a anterior, com crescente endividamento, estagnação económica e cada vez menos habitantes: sem crescer e a envelhecer.
Na situação atual, a correção das desigualdades sociais e a proteção dos mais afetados pela crise constitui um dos objetivos mais relevantes da atuação pública.
Todas as políticas públicas necessitam de adaptação a inevitáveis e imprevisíveis alterações sociais e económicas; no entanto, tais adaptações devem ser graduais e sempre precedidas de uma correta avaliação custo-‐benefício, quer dos resultados obtidos no passado, quer dos impactos expectáveis no futuro. A estabilidade das políticas públicas e a transparência e racionalidade da intervenção legislativa são condições prévias do crescimento sustentável.
Por isso, consideramos ser urgente um novo modelo de desenvolvimento que favoreça a coesão económica, social e territorial. Por isso, propomos este Contrato para o Crescimento Sustentável baseado na discussão pública das 511 recomendações apresentadas há um ano, no Relatório para o Crescimento Sustentável.
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Parte I
(Geral)
Cláusula Primeira
(Objeto)
O Contrato para o Crescimento Sustentável tem por objeto contribuir para libertar o potencial de desenvolvimento de Portugal e mobilizar os Portugueses, na concretização de um modelo de desenvolvimento sustentável, inteligente, competitivo e inclusivo.
Cláusula Segunda
(Duração)
O Contrato para o Crescimento Sustentável tem que ser duradouro e estável, assente num elevado nível de solidariedade intergeracional e, por isso mesmo, com um horizonte temporal que não se confina ao estreito período de uma legislatura. O Contrato constitui um compromisso coletivo de longo-‐prazo, fundamentado numa visão partilhada para Portugal e baseado num modelo de desenvolvimento que estimula a participação direta dos cidadãos e promove a confiança nas instituições e num sistema político reformado.
Cláusula Terceira
(Intervenientes)
Todos os Portugueses são chamados a intervir no Contrato, no exercício da sua inalienável liberdade individual, com o envolvimento das associações, das instituições e dos partidos políticos. Cabe ao Estado e aos dirigentes políticos um papel de insubstituível responsabilidade na concretização das propostas desta iniciativa da sociedade civil. Acreditamos que a diversidade de sensibilidades políticas não é impeditiva da obtenção de um amplo consenso em torno das principais medidas aqui propostas.
Contrato para o Crescimento Sustentável
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Parte II
(Eixos)
Cláusula Quarta
(Crescimento e Consolidação Orçamental)
Portugal precisa de uma nova fase de consolidação orçamental que seja:
− Mais estrutural e mais orientada para o crescimento sustentável; − Compatível com os limites ao défice e à despesa pública em vigor na União Europeia; − Baseada em objetivos controláveis e assente em mecanismos transparentes e eficazes de
monitorização; − Sustentada numa reforma do sistema fiscal que o alinhe com os objetivos essenciais de
justiça social, valorização do trabalho, criação de riqueza e proteção dos recursos naturais, através de uma tributação ambiental que desincentive a degradação dos recursos naturais, com uma discriminação positiva de boas práticas e promotora da descarbonização da economia.
Cláusula Quinta
(Reforma do Estado)
Portugal precisa de um Estado mais inteligente, mais eficiente e mais transparente, facilitador do desenvolvimento económico, mais justo no exercício das suas funções sociais, e eficaz nas suas atribuições reguladoras, legislativas e judiciais orientadas para a realização do bem comum.
Na área empresarial, é importante que à menor presença do Estado, enquanto acionista, se associe o reforço do Estado na promoção da concorrência e na arbitragem dos interesses privados, a par do papel de fomento económico na alocação prioritária de recursos financeiros a sectores estratégicos.
No âmbito das políticas sociais, é fundamental caminhar gradualmente para um Estado promotor de prestações complementares, mais próximas e mais adequadas às necessidades individuais, num quadro de liberdade de opção dos cidadãos e de sã complementaridade entre os vários prestadores dos serviços, visando o objetivo de que nenhum cidadão deixe de aceder a serviços de qualidade por razões económicas.
Finalmente, um Estado de Direito com uma justiça ao serviço de todos, eficaz na punição dos infratores e na defesa dos lesados, onde o tempo não funcione como sua negação e onde o segredo de justiça seja um valor respeitado por todos.
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Cláusula Sexta
(Emprego)
Portugal precisa de aumentar o emprego, assente na valorização e fixação dos seus recursos, num contexto de maior diversidade e flexibilidade nos regimes de contratação e de formação e do desagravamento da carga fiscal sobre o trabalho. É necessário, também, requalificar os desempregados de longa duração e responder ao drama do desemprego jovem, num quadro de mudança de paradigma da formação para um sistema dual em que as aprendizagens escolares e profissionais se entrecruzem.
Cláusula Sétima
(Valorização dos Recursos Humanos)
Portugal precisa de alicerçar o seu sistema educativo na busca permanente da excelência e no exercício da liberdade e da responsabilidade, formando gerações criativas, competentes e confiantes. Precisa de certificar menos e qualificar mais, assumindo a liberdade de escolha como poderosa alavanca de melhoria e concorrência dos projetos educativos.
No Ensino Superior, a reorganização da rede é imperativa e é importante dotar as instituições de autonomia reforçada e liberdade de gestão académica que permitam competir efetivamente por mais recursos e alcançar níveis de desempenho mais elevados, numa aposta clara do retorno económico da ciência e da internacionalização.
Cláusula Oitava
(Inovação e Investigação)
Portugal precisa de inovação reprodutora de investimento, de apostar na investigação orientada para a transferência de conhecimento, num quadro de incentivo à permeabilidade entre o sistema científico e tecnológico e a indústria, recetivo ao sentido do risco e à iniciativa individual.
Os resultados da investigação têm que criar valor económico-‐social e emprego. O empreendedorismo deve ser facilitado e incorporado como uma competência transversal alicerçada no investimento privado, apoiado por mecanismos inovadores de matching funds de apoio ao crescimento de empresas de base tecnológica.
É urgente incentivar, também no campo social e na administração pública, a difusão de uma cultura de inovação.
Contrato para o Crescimento Sustentável
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Cláusula Nona
(Valorização dos Recursos Endógenos)
Portugal precisa de valorizar os seus recursos endógenos naturais, humanos e culturais, num quadro de investimento público e privado seletivo e reprodutivo, indutor do desenvolvimento de uma economia verde. Deve apostar em setores com maior potencial de crescimento, onde existem vantagens comparativas, tais como a biodiversidade, o mar e os recursos energéticos renováveis, inserindo-‐os num ciclo virtuoso de investigação/conhecimento/valorização, na perspetiva de uma nova política industrial.
Cláusula Décima
(Mar)
Portugal precisa de encarar o Mar como uma prioridade estratégica, assumindo-‐o como fator de centralidade e desenvolvimento económico e de afirmação no Mundo. Para isso, há que: encetar um processo de reaproximação dos portugueses ao mar; desenvolver a fileira náutica de desporto e lazer; fazer um uso inteligente dos recursos naturais, promovendo a dinamização integrada dos setores mais tradicionais como a pesca e aquacultura; intensificar a aposta no potencial geoestratégico dos portos, modernizando-‐os e tornando-‐os mais competitivos, e apostar em novos subsetores como o aproveitamento energético, a exploração de recursos minerais e a utilização da biotecnologia aplicada aos recursos marinhos.
Cláusula Décima Primeira
(Agricultura e Floresta)
Portugal precisa de fomentar a agricultura, contribuindo, decisivamente, para a redução do défice da balança comercial alimentar, de desenvolver os territórios e de uma nova agenda para a floresta. Reinventar a fileira florestal é fundamental para o futuro do país e deverá ser considerada uma aposta estratégica para os próximos anos, considerando a sua importância na valorização dos territórios, no combate ao flagelo dos incêndios e no fornecimento da matéria-‐prima para as indústrias de base florestal (cortiça, pasta e papel, madeira e mobiliário) e novas indústrias de maior valor acrescentado.
É ainda fundamental uma aposta forte na melhoria das condições de vida das populações residentes nas regiões interiores e rurais, impulsionando o investimento e o emprego e, com isso, contrariar a crescente e preocupante desertificação humana das regiões do interior do país.
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Cláusula Décima Segunda
(Ambiente)
Portugal precisa de aumentar a resiliência territorial, planeando e gerindo o território, num quadro de integração do valor económico e social dos serviços dos ecossistemas, remunerando-‐os (por via fiscal ou através de um sistema de créditos de biodiversidade) de forma a inserir o seu valor no cálculo do PIB. Fundamental para a sua preservação é a definição de um modelo de gestão sustentável para os parques e reservas naturais, com impactos positivos ao nível do desenvolvimento económico local. Portugal necessita de continuar a visar níveis elevados de qualidade ambiental e de reduzir de forma consistente o uso de recursos e a produção de resíduos e efluentes por unidade de PIB, melhorando a sua “pegada ecológica”, num esforço coletivo e de cidadania participativa. Nesta perspetiva, a gestão integrada de Recursos Hídricos deve ser implementada e encarada como um eixo fundamental, pela sua importância para a sustentabilidade ambiental e económica do país.
Cláusula Décima Terceira
(Energia e Clima)
Portugal precisa de uma política energética que promova a eficiência no uso da energia e faça face ao desafio climático, visando a descarbonização e a valorização dos recursos endógenos. Neste momento de grande transformação do paradigma energético, a sustentabilidade ambiental, a competitividade económica e a segurança do abastecimento devem ser prosseguidos, num quadro de estabilidade regulatória independente, transparente e que potencie a inovação.
Deve ser promovida a participação do Sistema Científico nacional na concretização das novas soluções, da mobilidade elétrica às redes inteligentes, da participação nos programas europeus à atuação a nível das cidades e do edificado novo e reabilitado.
O cidadão deve ser convidado a ser um protagonista cada vez mais ativo e não apenas um consumidor passivo.
Cláusula Décima Quarta
(Cidades)
Portugal precisa de uma requalificação das cidades, tendo em conta a complementaridade intermunicipal, com o objetivo de aumentar a qualidade de vida, nomeadamente através da preservação dos espaços verdes e do seu planeamento ao nível ambiental, energético e
Contrato para o Crescimento Sustentável
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urbano, integrador da segurança e proteção civil dos cidadãos e pela aposta numa mobilidade verde e inteligente, contribuindo, não só para a descarbonização da economia, como também para o desenvolvimento do “cluster científico” e tecnológico da mobilidade.
Cláusula Décima Quinta
(Saúde)
Portugal precisa de promover um sistema de saúde inclusivo, financeiramente sustentável, num quadro de maior liberdade de escolha e concorrência entre instituições e empresas, solidário no financiamento e que promova a equidade e a qualidade.
Neste âmbito, deve ser promovido um Sistema Nacional de Saúde que facilite a integração dos cuidados de saúde com as políticas de segurança social, de forma a responder ao aumento da esperança de vida e aos desafios da multimorbilidade, com especial enfoque na prevenção, possibilitando que as pessoas permaneçam socialmente ativas até idades mais avançadas, melhorando a sua qualidade de vida.
Cláusula Décima Sexta
(Subsidiariedade e Economia Social)
Portugal precisa de reconstruir a sua coesão territorial baseada no princípio da subsidiariedade, valorizando as comunidades locais e envolvendo o terceiro setor. Importa potenciar e valorizar a rede de IPSS e associações humanitárias, apoiando ativamente a melhoria do seu desempenho através de uma gestão otimizada dos recursos disponíveis, definindo políticas que habilitem com formação adequada os seus agentes, juntando à generosidade e altruísmo de largos milhares de cidadãos uma capacidade de gestão efetiva.
Cláusula Décima Sétima
(Cultura e Valorização do Património)
Portugal precisa de valorizar a sua cultura e o seu património material e imaterial, de forma inovadora, num quadro de promoção inspirada na História e nas vivências contemporâneas, assumindo-‐os como fatores de identidade, de afirmação internacional e de criação de valor, permitindo o desenvolvimento de “clusters” de indústrias culturais e criativas, sem descurar a necessária abordagem estratégica de afirmação do português como língua global e oficial de trabalho das instituições internacionais.
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Cláusula Décima Oitava
(Cidadania)
Portugal precisa de regenerar o sistema político, de aproximar os eleitores dos eleitos num quadro de uma democracia mais participada e de uma representação política mais responsabilizada.
Deve promover a participação direta dos cidadãos na definição, aplicação e avaliação de políticas públicas e a valorização das instituições da sociedade civil, com garantia das condições de liberdade e responsabilidade dos cidadãos, num escrutínio de quem exerce e como exerce funções públicas.
Deve tirar partido das novas tecnologias de informação e comunicação para potenciar o acesso interativo à informação e a participação dos cidadãos nos processos de tomada de decisão.
Cláusula Décima Nona
(Europa e Desafios Globais)
Portugal precisa de valorizar o seu património histórico e geográfico, assumir a sua vocação atlântica, nomeadamente explorando adequadamente a Zona Económica Exclusiva, tirando partido da sua posição central, no quadro de relação entre os continentes americano e africano e da nossa diáspora no Mundo.
É ainda fundamental contribuir para o reforço interno e externo da CPLP como plataforma de promoção e defesa dos interesses comuns dos seus Estados Membros. Deve, também, ser um agente ativo no aperfeiçoamento da União Europeia, no sentido de aumentar a sua legitimidade, eficácia e coesão, preservando os princípios e valores que presidiram à constituição das Comunidades Europeias, no equilíbrio entre os vários países, num quadro de solidariedade associada à coesão económica, social e territorial da União e ao reforço da cidadania europeia.
Lisboa, 9 de Novembro de 2013 Anexo: Parte III (Medidas). Depois do debate aberto e alargado que promovemos, durante um ano, em todo o território nacional, em torno das 511 recomendações do Relatório para o Crescimento Sustentável, consideramos que é prioritário, no âmbito do Contrato para o Crescimento Sustentável, desenvolver todos os esforços visando a concretização das 72 recomendações seguintes.
Contrato para o Crescimento Sustentável – Anexo
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ANEXO: PARTE III
Medidas Indispensáveis para libertar o Potencial de Crescimento de Portugal
CONSOLIDAÇÃO ORÇAMENTAL
1 -‐ Introduzir, para além das metas relativas ao défice orçamental, limites, em termos reais, fixados para cada legislatura, sobre todos os itens da despesa do Estado que não dependam do ciclo económico (isto é, todos os itens exceto as prestações sociais). Estes limites à despesa permitirão atingir, mais eficazmente, os limites estabelecidos para o défice estrutural no quadro do Tratado Europeu de Estabilidade, Coordenação e Governação;
2 -‐ Proibir o endividamento pelas empresas deficitárias do Sector Empresarial do Estado junto da banca ou através da emissão de obrigações, cobrindo os seus défices através de subsídios estatais com repercussão imediata no Orçamento do Estado. No caso de empresas deficitárias do Sector Empresarial do Estado, sendo prestado um serviço público, este deve ser coberto diretamente pelo Orçamento do Estado. No caso de Despesas de Investimento, o recurso ao endividamento através de dívida junto da banca ou de emissão de obrigações terá de ser feito de forma a que estas sejam contabilizadas como Dívida Direta do Estado e devidamente justificadas em termos de cobertura de despesas de juros;
3 -‐ Criar uma instituição independente para as PPP com responsabilidade pela avaliação ex-‐ante dos projetos. Limitar a aprovação de projetos para as PPP a parcerias que apresentem benefícios claros em relação à alternativa de financiamento público, avaliando as suas obrigações futuras anuais;
4 -‐ Estabelecer uma regulação bancária que limite o recurso excessivo dos bancos ao crédito externo e reduza o risco sistémico no setor financeiro português.
REFORMA FISCAL
5 -‐ Concretizar uma reforma fiscal que, em harmonia com a reavaliação responsável das funções do Estado, caminhe no sentido:
i. Da simplificação do sistema fiscal e da reposição de níveis equilibrados de carga fiscal;
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ii. Da promoção do crescimento sustentável, através do aumento da tributação ambiental que desincentive a degradação dos recursos naturais, compensada, num quadro de neutralidade fiscal, com a redução da tradicional tributação do rendimento das pessoas singulares e coletivas;
iii. Da significativa promoção do investimento empresarial, de fonte externa ou interna, aqui incluindo um novo padrão de transparência, colaboração, segurança jurídica, rigor e eficiência entre a Administração Fiscal e os Contribuintes, bem como uma visão renovada do sistema de tributação dos rendimentos, visando incentivar fortemente o reinvestimento dos lucros empresariais não distribuídos;
6 -‐ Criar condições para o desagravamento do IRS, pela introdução de uma taxa de carbono, sobre todas as emissões nacionais de gases com efeito de estufa, induzindo padrões de produção e de consumo mais sustentáveis e fomentando a eco-‐inovação;
7 -‐ Assumir uma visão integrada do combate à corrupção e fraude fiscal, conferindo-‐lhe uma nova dimensão de obrigações preventivas e de instrumentos de controlo;
8 -‐ Promover um acordo multilateral com países lusófonos para as relações económicas entre os espaços (acordo de dupla tributação, acordo de troca de informações e assistência mutua em matéria fiscal, acordo de segurança social, acordo de proteção de investimentos).
REFORMA DO ESTADO
9 -‐ Concretizar uma menor presença do Estado enquanto agente económico na área empresarial e aumentar a eficácia reguladora na promoção da concorrência e na arbitragem dos interesses privados, sem prejuízo do papel supletivo de fomento económico em alguns sectores;
10 -‐ Estabelecer uma reforma do modelo de governação da Administração Pública assente em 5 passos:
i. Definição de objetivos e prioridades a alcançar, no sector público, durante uma legislatura;
ii. Mobilização de toda a Administração Pública em torno dessas prioridades, estabelecendo contratos, com objetivos vinculativos, a atingir por cada dirigente;
iii. Conferir autonomia, ao nível da gestão operacional, para a obtenção daqueles objetivos;
Contrato para o Crescimento Sustentável – Anexo
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iv. Amplo escrutínio público dos resultados atingidos e do desempenho orçamental de cada instituição estatal;
v. Avaliação anual, justa e exigente, de desempenho dos funcionários e dirigentes, conferindo-‐lhe peso significativo na remuneração individual;
11 -‐ Assegurar, no âmbito de uma entidade independente sediada na Assembleia da República (um provedor das novas gerações), a avaliação do impacto geracional de políticas públicas que possam comprometer as novas gerações.
JUSTIÇA
12 -‐ Redefinir as competências dos tribunais, em termos do território, da matéria, do valor e da hierarquia, consagrando a especialização em razão da matéria;
13 -‐ Erigir um tronco processual único – e estável no tempo – para todas as causas da competência dos tribunais judiciais (com exceção do processo criminal), em torno do qual se estatuam as especialidades de tramitação estritamente necessárias. Ultrapassar as dificuldades na citação ou na notificação mediante a obrigação de manutenção de um domicílio judicial, único e atualizado – à semelhança do domicílio fiscal – que permita considerar aquelas validamente efetuadas;
14 -‐ Assegurar, através da formação e da organização do trabalho dos funcionários judiciais, que o desempenho das secretarias judiciais evolua para uma verdadeira assessoria ao juiz na gestão processual, libertando este para a essência da tarefa de julgar.
CIDADANIA
15 -‐ Assegurar a descentralização político-‐administrativa e o maior envolvimento dos cidadãos no governo local, designadamente, aprofundando a experiência dos orçamentos locais participativos, com verdadeira dimensão deliberativa;
16 -‐ Reforçar o acesso à informação e à participação dos cidadãos na avaliação das políticas públicas. Valorizar a base científica das opções estratégicas, envolvendo a comunidade científica, através de uma Comissão específica a funcionar em permanência no âmbito da Assembleia da República. Fazer uma avaliação custo-‐benefício das iniciativas legislativas e promover a discussão pública das decisões de carácter estratégico.
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EDUCAÇÃO
17 -‐ Estabelecer uma nova visão da autonomia e responsabilização das escolas, alicerçada na definição de projetos educativos próprios, adequados à comunidade escolar, na liberdade de escolha por parte das famílias e na concorrência entre projetos educativos, no âmbito de uma rede nacional de educação e formação que integre as escolas públicas, particulares e cooperativas;
18 -‐ Conferir aos agrupamentos de escolas o poder de contratar os seus recursos humanos e financiar aqueles agrupamentos tendo por base critérios transparentes que, entre o mais, premeiem os bons resultados dos projetos educativos – reconhecendo os esforços de melhoria dos resultados escolares face às dificuldades específicas de cada comunidade educativa – e que tenham em atenção o número de turmas constituídas, enquanto elemento de valorização da escolha da escola por parte das famílias;
19 -‐ Estabelecer a regra da liberdade de escolha ilimitada na rede de oferta pública (escolas públicas estatais e privadas). Após dois anos, pelo menos 10%, e após quatro anos, pelo menos 20%, dos alunos deverão frequentar uma escola da sua escolha e não apenas a que fica mais próxima do seu local de residência;
20 -‐ Dotar as escolas de meios de apoio acrescidos a crianças e jovens em situação de risco, com dificuldades na aprendizagem ou com necessidades educativas especiais, procurando promover o sucesso educativo e combater o abandono escolar, assegurando a igualdade de oportunidades, nunca perdendo de vista que o sucesso é um conceito relativo, suportado no mérito individual de superação de dificuldades e limitações.
ENSINO SUPERIOR
21 -‐ Reorganizar e racionalizar a rede do ensino superior em Portugal, através da fusão, extinção e associação de instituições, com recurso à avaliação das instituições e a um novo modelo de financiamento, que promova a definição de missões distintas para as instituições de ensino superior, num quadro de competição e cooperação dentro do sistema e de criação de massa crítica indispensável à internacionalização do ensino superior;
22 -‐ Criar consórcios, envolvendo empresas, universidades e laboratórios do Estado, comprometidos com programas em áreas estratégicas nacionais (como por exemplo, mar, agro-‐florestal, recursos minerais, energia, alterações climáticas, biotecnologia, novos materiais);
Contrato para o Crescimento Sustentável – Anexo
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23 -‐ Rever o método de cálculo e o valor máximo das propinas, aumentar as bolsas de estudo de natureza social e de mérito e estabelecer um sistema de empréstimos a amortizar pelos alunos após a entrada no mercado de trabalho;
24 -‐ Adotar um modelo de financiamento do sistema científico mais integrador da procura de ciência, por parte do tecido produtivo, em vez do atual modelo baseado essencialmente na oferta, e atribuir, mediante avaliação, o estatuto de entidade do sistema científico e tecnológico nacional a unidades de I&D empresariais.
INOVAÇÃO
25 -‐ Criar um Sistema Acelerador de Inovação e Competitividade Empresarial, visando aumentar a probabilidade de sucesso dos projetos e start-‐ups que venham a ser apoiados pelo ecossistema de Inovação e Competitividade, facilitando a captação de investimento através de fundos sectoriais e temáticos;
26 -‐ Tirar partido dos instrumentos fiscais que fomentam a atração de investimento estrangeiro em condições vantajosas, bem como de profissionais de atividades de valor acrescentado. A flexibilidade prevista deve ser utilizada, sobretudo, em projetos que, cumulativamente preencham três requisitos: compromisso de criação de emprego; enfoque nas atividades e bens transacionáveis; envolvimento do sistema científico e universitário nacional nas atividades de investigação, desenvolvimento e inovação;
27 -‐ Considerar o empreendedorismo como uma competência transversal a usar ao longo da vida, quer dentro de uma organização quer no auto-‐emprego e promover o seu desenvolvimento na educação e formação ao longo da vida, garantindo que os vários curricula, quer para jovens, quer para adultos em fase de requalificação profissional, incluem estes conteúdos.
CULTURA E VALORIZAÇÃO PATRIMONIAL
28 -‐ Apoiar o desenvolvimento de clusters de indústrias culturais e criativas, beneficiando do património, dos talentos, das competências e das infra-‐estruturas existentes em diversas regiões do país, e apostar na promoção internacional da cultura e da criação artística contemporânea portuguesas;
29 -‐ Reabilitar e ter em uso integral todo o património declarado como património nacional. Um dos elementos dessa estratégia passa por fazer reverter 1% do valor da despesa do Estado em empreitadas públicas para um fundo de reabilitação do património;
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30 -‐ Adotar uma estratégia de afirmação do português como língua global e oficial de trabalho das instituições internacionais, desenvolvendo programas específicos vocacionados para o crescimento do uso da língua portuguesa que incluam, entre outras medidas, programas de formação de professores de português no estrangeiro, cursos de língua portuguesa dirigidos a quadros de empresas estrangeiras e ações de formação inicial e contínua de tradutores e intérpretes.
AMBIENTE
31 -‐ Assumir, no âmbito de um amplo acordo a alcançar na Assembleia da República, uma visão de médio e longo prazo de descarbonização do nosso desenvolvimento, visando a redução das emissões de gases com efeito de estufa per capita para 6,5tCO2eq até 2020 e 2tCO2eq até 2050 e estabelecer um “Orçamento de Carbono”, atribuindo responsabilidades direitas, a cada Ministério, pelas metas de redução das emissões no respetivo sector;
32 -‐ Valorizar os serviços prestados pelos ecossistemas, integrando o seu valor no cálculo do PIB, remunerando esses serviços – via fiscalidade, transferências para os municípios ou sistema de créditos de biodiversidade – e definindo um modelo de gestão económica e financeira sustentável para parques e reservas naturais. Valorizar a imagem do país associada à qualidade do ambiente, como fator de desenvolvimento e diferenciação, potenciador do crescimento económico;
33 -‐ Avançar para o greening da economia, internalizando as externalidades ambientais nos produtos e serviços, de modo a atingir novos padrões de sustentabilidade: aumentar, em cerca de 4 vezes, até 2020, a eficiência na utilização de recursos, correspondendo a 0,93 €/kg de criação de valor por matérias-‐primas consumidas; assegurar que, até 2020, 40% de produtos e serviços portugueses no mercado têm rotulagem ecológica, certificação ambiental ou outra que permita a decisão consciente; atingir um rácio pegada ecológica/bio capacidade entre 2,15 e 2,75 em 2020;
34 -‐ Concluir o ciclo de infra-‐estruturação ambiental, proporcionando maior eficiência e qualidade no serviço prestado, reforçando a independência e a capacidade reguladora do estado, assegurando um maior envolvimento do sector privado e garantindo a manutenção e melhoria da qualidade e sustentabilidade dos sistemas e serviços ambientais.
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ENERGIA
35 -‐ Reduzir a dependência energética para 73% prosseguindo a aposta nas energias renováveis e assumindo a prioridade de melhorar a eficiência energética do lado do consumo; construir uma rede inteligente que permita a participação dos consumidores no mercado de energia e a gestão mais eficiente do sistema elétrico;
36 -‐ Reduzir a intensidade energética do PIB, equiparando-‐a à média da UE, até 2020, assumindo a prioridade de melhorar a eficiência energética do lado do consumo – designadamente, através do lançamento de programas concursais para a otimização dos consumos nos edifícios públicos, acompanhados da criação de um fundo de garantia público, que dinamizem o mercado das ESCO;
37 -‐ Promover a eletrificação dos transportes, nomeadamente através de incentivos às frotas públicas e privadas assim como a novos conceitos de mobilidade (car sharing, car pooling, etc.), e reformular o modelo de carregamento público.
CIDADES E ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
38 -‐ Fazer convergir para o plano diretor municipal todas as opções de planeamento do território, consolidando toda a legislação sobre o ordenamento do território, incluindo dos regimes territoriais sectoriais que se repercutem no uso do solo;
39 -‐ Implementar um novo modelo institucional que reconheça as grandes cidades com a criação de entidade metropolitana, com efetivas competências supramunicipais de forma a beneficiarem de um efeito escala;
40 -‐ Criar “zonas francas urbanas” para que, através de uma significativa redução dos encargos fiscais, aí se permita a fixação dos jovens, a criação de novos negócios e incentive os proprietários à realização de ações de reabilitação urbana;
41 -‐ Definir um modelo de financiamento dos transportes públicos, na vertente de exploração e de novos investimentos, que beneficie do reconhecimento das emissões de CO2 evitadas face ao transporte individual (através da alocação de uma parte das receitas dos leilões de CO2 ou das receitas de uma taxa de carbono), das receitas resultantes de portagens urbanas (que urge criar) e do estacionamento, da tributação sobre o transporte individual (combustível, registo automóvel e portagens rodoviárias).
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MAR
42 -‐ Reorganizar, reestruturar e regular a economia do Mar, num quadro uniforme ainda que não unitário, simplificador do seu uso e valorização, tendo em conta cada subsector, devendo ser acompanhada, como de atrair investimento e melhor comunicar o valor do mar, da elaboração de manuais sectoriais do investidor do mar e criar guias de carreiras no sector marítimo;
43 -‐ Assegurar um maior envolvimento do sector privado, deixando de ter o Estado como agente económico direto na área portuária, privatizando ou concessionando as atividades por si desenvolvidas, em particular a gestão de Portos, sempre com adequados instrumentos de partilha de risco;
44 -‐ Desenvolvimento integrado dos subsectores da economia do mar tendo como exemplo a "Fileira Náutica", capaz de criar uma imagem renovada do Mar e, com a generalização da prática de desportos náuticos, incluindo o desporto escolar, colocar Portugal na rota dos grandes eventos, num quadro de desenvolvimento estratégico de toda a cadeia de apoio a navegação e prática de desportos, incluindo reparação naval, fabrico de equipamentos, cultura e turismo;
45 -‐ Salvaguardar a soberania de Portugal sobre a sua plataforma continental e a capacidade de dela extrair valor. Apostar na criação de consórcios nacionais de investigação e exploração e na viabilização dos que, de origem externa, permitam uma participação portuguesa de peso, suscetível de impedir a usurpação dos recursos da plataforma por terceiros.
AGRICULTURA E FLORESTA
46 -‐ Reduzir em 75% o défice da balança comercial do sector agro-‐florestal, apostando na substituição de importações com produção interna e na internacionalização da floresta, do vinho, da cortiça e das hortofrutícolas – e limitar a área ardida, nos próximos 10 anos, a um terço da verificada na última década;
47 -‐ Considerar a diversidade da agricultura portuguesa nas suas diferentes dimensões bem como o papel fundamental e de relevância crescente da empresa agrícola como motor de desenvolvimento e crescimento do sector e apoiar/reforçar o papel das organizações associativas e cooperativas agrícolas na obtenção de economias de escala;
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48 -‐ Desenvolver medidas que incentivam a cooperação e internacionalização de iniciativas empresariais agrícolas nos países de língua oficial portuguesa tirando, simultaneamente partido do conhecimento sobre a agronomia tropical existente e do potencial de crescimento destes países;
49 -‐ Incentivar a multi-‐funcionalidade das explorações agrícolas, compensando-‐as pela prestação de serviços de carácter agro-‐ambiental ou outros de interesse coletivo e contribuindo assim para a sua diversificação interna e viabilidade económica.
INDÚSTRIA
50 -‐ Fomentar o investimento em start-‐ups através, por exemplo, do aumento para 25% da dedutibilidade das entradas de capital das empresas nos primeiros 3 anos de vida;
51 -‐ Gerar start-‐ups que funcionem no mesmo ecossistema – isto é, com uma relação de proximidade e de cumplicidade – com as empresas, com as Universidades e com o sistema financeiro. Para o sucesso das start-‐ups é mais importante poder beneficiar de economias de rede do que de economia de escala;
52 -‐ Assegurar a articulação dos instrumentos públicos e privados disponíveis de financiamento à criação e desenvolvimento de projetos empresariais (incentivos fiscais, apoio à atividade de I&D, linhas PME-‐Crescimento, mercado de capitais e capital de risco), gerando massa crítica na capacidade de análise e financiamento de projetos inovadores.
EMPREGO
53 -‐ Desenvolver políticas ativas de emprego e programas de qualificação para a população sénior (com mais de 55 anos) e com mais de 45 anos, através da requalificação de funções na população, benefícios fiscais, regulamentação dos contractos de interim management, promoção do trabalho a tempo parcial;
54 -‐ Estabelecer quotas, criteriosas e flexíveis, para contratos de trabalho a termo e temporário, limitando o número de trabalhadores neste regime;
55 -‐ Aprofundar o sistema de formação dual, com a oferta centrada nos clientes diretos – alunos ou formandos – e nos indiretos -‐ as empresas e outros empregadores, articulando as aprendizagens em sala/laboratório e em contexto laboral (formação na empresa), com carácter de obrigatoriedade na formação de alunos e formandos;
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56 -‐ Promover políticas ativas de emprego para a população jovem mais dirigidas a subgrupos e segmentos desta população, tendo em conta o nível de formação, a localização e o perfil de transição escola/mundo do trabalho e revisão das políticas ativas de emprego generalistas e avaliação da sua real capacidade de criação de emprego.
FAMÍLIA
57 -‐ Reforçar o papel da família, reconhecendo-‐a como o primeiro contexto de coesão social e de diversidade – tendo em atenção as transformações nos modos de vida – e incentivando a natalidade;
58 -‐ Promover uma flexibilização responsável dos horários de trabalho e dos horários de funcionamento dos serviços (de educação, de apoio à família, de promoção da cultura e lazer), favorecendo a conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar, assumindo a centralidade da família.
ECONOMIA SOCIAL
59 -‐ Alargar as responsabilidades e influência das instituições intermédias, das ONG, das IPSS do setor da economia social e das organizações de voluntariado, que estão em condições de prestar muitos serviços públicos, com maior qualidade e eficiência;
60 -‐ Tirar partido da capacidade instalada, material, humana e económica das instituições da economia social no planeamento e desenvolvimento dos sistemas sociais públicos e criar as condições para que aquelas instituições possam passar a desenvolver algumas atividades económicas que lhes garantam sustentabilidade financeira;
61 -‐ Reconhecer o voluntariado como política ativa de juventude através da formalização de horas de voluntariado no currículo EUROPASS e da contabilização de horas numa base de dados nacional de voluntariado;
62 -‐ Incentivar as entidades da economia social a estabelecerem acordos para a partilha de infra-‐estruturas.
Contrato para o Crescimento Sustentável – Anexo
11
SAÚDE
63 -‐ Redefinir o modelo de financiamento do Serviço Nacional de Saúde, substituindo o atual modelo contabilístico, centrado no pagamento dos atos, por um modelo centrado nos resultados e nos ganhos para a saúde, assegurando a universalidade do acesso através de uma política de preços que estimule a concorrência entre prestadores, independentemente da sua natureza pública, privada ou social, e se constitua como uma verdadeira ferramenta de indução de uma prestação eficiente;
64 -‐ Assegurar a liberdade de escolha do utente face ao prestador como motor da competição e do bom desempenho, preservando o princípio constitucional da provisão dos cuidados sob a responsabilidade do Estado mas não a sua prestação exclusiva através de operadores públicos, garantindo-‐se, assim, a plena separação entre financiamento e prestação, exigência fundamental para a melhoria da competitividade;
65 -‐ Reforçar o Cluster da Saúde, através da criação de uma rede de serviços de saúde, com acreditação por organizações internacionais especializadas (de que é exemplo a Joint Commission International), que apresentem elevados padrões de qualidade, com reconhecimento internacional e estimular o turismo de saúde sénior, dirigido para cuidados diferenciados de elevada qualidade, que incluem, diversos tipos de cuidados cirúrgicos mas também a utilização de recursos em cuidados continuados de saúde;
66 -‐ Reforçar as políticas de prevenção e de redução de riscos, nomeadamente, promovendo políticas de prevenção no âmbito dos acidentes rodoviários, domésticos e de trabalho, reforçar programas de redução de riscos no consumo de álcool, tabaco e estupefacientes e desenvolver políticas de adaptação futura aos riscos associados às alterações climáticas.
EUROPA E DESAFIOS GLOBAIS
67 -‐ Reformar o Pacto de Estabilidade e Crescimento de modo a que, continuando a assumir a preocupação em evitar políticas orçamentais irresponsáveis e em manter a estabilidade de preços, tenha igualmente em atenção a importância do investimento reprodutivo em áreas que representam fatores de crescimento, como a educação, a ciência, o empreendedorismo, o ambiente e a política industrial;
68 -‐ Promover o reforço dos poderes da Comissão Europeia bem como da sua legitimidade democrática. Neste âmbito, a curto prazo e ainda no atual quadro político-‐institucional, a escolha do seu presidente deve recair no candidato previamente apresentado pelo grupo político mais votado nas eleições para o Parlamento
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Europeu. A prazo, deve ser operada uma modificação dos Tratados para consagrar a eleição do Presidente da Comissão Europeia por sufrágio direto;
69 -‐ Aumentar o Orçamento da União Europeia de modo a que os recursos próprios, hoje limitados a cerca de 1% do Rendimento Nacional Bruto da UE, sejam aumentados para, pelo menos, 1,24%, em 2014, 1,8% até 2020 e 2% a partir de 2020. Este acréscimo de dotação orçamental, herdeiro do espírito do Plano Marshall, deve ser totalmente alocado à dinamização do crescimento e emprego na UE, investindo no conhecimento e empreendedorismo, na economia verde e numa nova política industrial;
70 -‐ Assegurar mecanismos adequados de supervisão e de coordenação europeia das políticas orçamentais nacionais e estabelecer uma gestão coordenada do sistema bancário com o intuito de combater o ciclo vicioso entre a crise da dívida soberana de alguns países, como Portugal, e a crise do sistema bancário;
71 -‐ Aprofundar os laços que unem Portugal à comunidade portuguesa espalhada pelo Mundo, valorizando e colocando em rede o capital de conhecimento e experiência global que possuem e torná-‐lo num dos ativos mais importantes na projeção de Portugal no mundo;
72 -‐ Participar ativamente na reforma das Nações Unidas e das instituições multilaterais que crie as condições para uma globalização inclusiva e sustentável, que dê uma resposta, multilateral, aos desafios globais tais como as alterações climáticas, a proteção dos oceanos e da biodiversidade, o combate ao terrorismo e à pobreza extrema, e à volatilidade do preço das matérias-‐primas.
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