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Relacionamento interpessoal 1
Verônica Feder Mayer
Sandra R.H. Mariano
1
8 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
Metas
Apresentar o conceito de relacionamento interpessoal
e fornecer uma ferramenta de auto-avaliação.
Objetivos
Ao fi nal desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Identifi car a importância do relacionamento interpessoal.
2. Conhecer formas de melhorar o relacionamento no
ambiente de trabalho.
3. Avaliar seus pontos fortes e fracos usando a Janela de
Johari.
Guia da Aula
Núcleos conceituais
1. Compreendendo
o relacionamento
interpessoal
2. Melhorando o
relacionamento no trabalho
3. Uma janela para o
autoconhecimento
1.1. Estabelecendo
contato: empatia
2.1. Boas maneiras no trabalho
2.2. Lidando com confl itos
2.3. Bullying – falta de educação
ou doença?
3.1. A Janela de Johari
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 9
Ricardo Teixeira: houve bebedeira na Copa de 2006
O Brasil decepcionou na Copa de 2006 e irritou os torcedores, princi-
palmente em relação ao comportamento de algumas estrelas.
Festejos, salto alto e a má forma física dos atacantes brasileiros foram apontados como os
principais motivos para o fracasso da Seleção na Copa de 2006.
Em um desabafo pouco habitual, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol
(CBF), Ricardo Teixeira, revelou na noite de terça-feira alguns dos motivos que, acredita,
levaram a seleção brasileira ao fracasso na Copa da Alemanha, no ano passado. Ele acusou
alguns jogadores até de chegarem bêbados na concentração, ao se reapresentarem após
as folgas.
A fracassada campanha na Copa da Alemanha, quando o Brasil foi eliminado nas
quartas-de-fi nal pela França, era bastante criticada pelos poucos treinos e as muitas
badalações dos jogadores com a torcida e com a imprensa. Sobre isso, Teixeira deixou a
entender que faltou pulso fi rme do técnico Carlos Alberto Parreira: “Era óbvio que aquilo
não ia funcionar. Como é que ninguém via isso?”, disse o dirigente.
Fonte: www.estadao.com.br/esportes
10 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
1. Compreendendo o relacionamento interpessoal
Você, certamente, conhece alguém na faculdade ou no trabalho com
quem não consegue se relacionar bem. É claro que isso não acontece
só com você. Todos nós temos problemas para interagir com algumas
pessoas, em especial quando elas são muito diferentes de nós. Problemas de
relacionamento existem em todos os lugares e estão sempre fazendo parte das
nossas vidas. Sabemos que as pessoas são únicas, mas às vezes nos sentimos
frustrados com aquelas que não combinam completamente com nosso estilo
ou com nossa maneira de ver o mundo.
Mas para tornar-se um empreendedor de sucesso ou tornar-se parte de
uma equipe de trabalho, você precisará transpor difi culdades de relaciona-
mento. É como fazer um time funcionar. Nos esportes, como na vida, encon-
tramos pessoas diferentes que se unem com um objetivo comum. Por mais
que todos tenham vontade de chegar ao topo do pódio, diferenças pessoais,
individualismo excessivo, problemas de comunicação e confl itos podem
destruir as melhores chances de um time.
Explicativo
“Plantão de Notícias” – Bernardinho: Desenvolvimento de relacionamentos de sucesso com equipes vencedoras
ernardinho iniciou sua vitoriosa trajetória como técnico em 1988,
Mundial de 2002 e o Bi em 2006, a Copa do Mundo em 2003 e, claro, o ouro nas Olimpíadas de Atenas, em 2004.
O mais recente, o heptacampeonato da Liga Mundial, em julho de 2007, na Polônia, e o Pan-Americano, no
Rio de Janeiro.
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 11
O fato é que a habilidade de construir bons relacionamentos interpessoais,
seja você um líder ou o membro de uma equipe, é cada vez mais valorizada
em todos os tipos de organização. Não basta que você desenvolva uma
grande competência técnica, embora isto também seja fundamental. Você
precisa se integrar: aprender a perceber e a respeitar as diferenças.
Segundo o Dalai Lama:
Bem, lidar com os outros é uma questão muito complexa. Não
há como calcular uma fórmula única que possa resolver todos
os problemas. É um pouco como saber cozinhar. Quando se
está preparando uma refeição deliciosa, uma refeição especial,
há vários estágios no preparo. Pode-se primeiro ter de ferver os
legumes separadamente. Depois tem-se de fritá-los, para então
combiná-los, de um modo especial, adicionando temperos e
assim por diante. E, fi nalmente, o resultado seria esse prato
delicioso. Aqui, da mesma forma, para ter talento para lidar
com os outros, muitos fatores são necessários.
Para o Dalai Lama, o relacionamento
exige de nós cuidados especiais, como
os cuidados de um chef no preparo de
uma refeição primorosa. A combinação
de diferentes ingredientes e de diferentes
pessoas é uma arte. O “cozinheiro” de
relacionamentos precisa desenvolver uma
grande sensibilidade em relação aos outros.
Eleito em 2006 o melhor técnico esportivo do Brasil, em todas as modalidades, pela 4ª vez em cinco anos, Bernardinho fez questão de dividir os méritos da conquista com sua equipe: “esse prêmio simboliza o trabalho da Seleção. Estou aqui representando uma equipe técnica e os jogadores. Para mim, é um prêmio coletivo e não individual”.
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12 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
1.1. Estabelecendo contato: empatia
O termo empatia foi utilizado pela primeira vez pelo psicólogo E.B. Titchener.
Origina-se do termo grego empátheia, que signifi ca “entrar no sentimento”.
Empatia é um conceito-chave no desenvolvimento de relacionamentos. Ela
pode ser defi nida como a habilidade de identifi car e reconhecer a condição
de outra pessoa, seus sentimentos e motivos. É a capacidade de reconhecer as
preocupações e interesses que outras pessoas possuem. O dicionário Aurélio
defi ne empatia como “tendência para sentir o que sentiria, caso estivesse na
situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa.” Mas segundo o
senso comum, empatia é simplesmente a habilidade de “colocar-se no lugar
dos outros” ou “entrar em sintonia”.
Há muitos estudos que estabelecem relação entre empatia e bons resul-
tados nos negócios: aumento nas vendas e melhoria no desempenho de
equipes em geral.
Algumas pessoas são naturalmente empáticas – fazem com que outros se
sintam a vontade para falar e expressar suas idéias e sentimentos. Mas mesmo
aqueles que possuem difi culdade em “conectar-se” com outras pessoas podem
desenvolver suas habilidades para a empatia:
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 13
Interessar-seMostre que as pessoas são importantes para você. Para isso, não bastam apenas palavras cordiais. Seus atos são ainda mais importantes.
OuvirOuça verdadeiramente as pessoas: com ouvidos, olhos e coração. Preste atenção à linguagem corporal do seu interlocutor, às emoções que podem estar escondidas, ao tom da voz e ao contexto.
Não interromperPermita que a pessoa conclua sua linha de
raciocínio e evite mudar de assunto bruscamente.
Cuidar da postura corporalTome cuidado com sua
linguagem corporal. Segundo especialistas, nossa
postura corporal e nosso tom de voz são os principais
responsáveis por uma interação bem-sucedida
com outras pessoas.
Chamar as pessoas pelo nome
Todas as pessoas gostam de ser reconhecidas em sua
individualidade. Chamar alguém pelo nome é um
gesto de respeito e facilitará o estabelecimento de uma
conexão pessoal.
Mostrar-se atentoEsteja completamente presente
quando estiver conversando com alguém. Evite checar o e-mail, olhar o
relógio ou atender o celular.
SorrirO sorriso é a melhor forma de se iniciar um relacionamento. Rompe naturalmente algumas barreiras interiores e auxilia no processo de estabelecimento de empatia.
EncorajarEncoraje as pessoas a falar, especialmente as mais quietas. Um simples olhar ou um sinal com a cabeça podem ser sufi cientes.
ReconhecerDemonstre reconhecimento sincero e elogie francamente as pessoas que têm mérito.
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1. Fórum na web: Individualidade e Integração – um equilíbrio
delicado.
Buscar um equilíbrio entre individualidade e integração é um desafio
importante quando se trata do relacionamento em uma equipe de trabalho.
A individualidade de cada um deve ser respeitada e preservada. Ao mesmo
tempo, cada indivíduo deve estar aberto a integrar-se: ser flexível para ouvir,
aprender e mudar. Assim é possível que todos os integrantes de um grupo
experimentem um processo de evolução contínua.
Segundo Fitjof Capra:
Num sistema saudável – um indivíduo, uma sociedade ou
um ecossistema – existe equilíbrio entre integração e auto-
afi rmação. Esse equilíbrio não é estático, mas consiste numa
integração dinâmica entre duas tendências complementares,
o que torna todo o sistema fl exível e aberto a mudança.
Em sua opinião, é possível relacionar-se bem, sendo aberto e flexível e, ao
mesmo tempo, manter sua individualidade? Como?
ATIVIDADE
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 15
2. Melhorando o relacionamento no trabalho
Para cultivar bons relacionamentos no trabalho, você precisa dar atenção
aos seguintes pontos:
• Respeitar as regras básicas das boas maneiras e da etiqueta empresarial.
• Administrar confl itos.
• Evitar e reprimir o bullying.
Para refl etir
Você conhece uma pessoa que desenvolve um ótimo relacionamento no trabalho? Pense sobre o assunto e faça uma lista das principais características dessa pessoa.
2.1. Boas maneiras no trabalho
Você acha que regras de boas maneiras devem ser seguidas no ambiente
de trabalho? Infelizmente, muitas pessoas pensarão duas vezes antes de
responder a essa pergunta. Isto porque é comum presenciarmos situações
em que profi ssionais fazem coisas no trabalho que jamais sonhariam fazer
no convívio social.
As regras da boa educação são importantes em qualquer ambiente onde
convivemos com grupos de pessoas e nos ajudam a estabelecer um bom
relacionamento em todos os níveis hierárquicos. Onde há respeito mútuo,
desenvolve-se um ambiente sadio e sem grandes turbulências.
Há muitos problemas nos locais de trabalho, como desmotivação e queda
de produtividade, que são causados por falta de boas maneiras. Em ambientes
onde há tratamento grosseiro e indelicado, as pessoas sentem-se infelizes,
frustradas e perdem a vontade de cooperar. Esforços para aumentar a motivação
nesses grupos podem ir por água abaixo, já que as bases de um relacionamento
civilizado não estão funcionando.
Por isso, não há desculpas para indelicadezas e falta de educação. Se você
é capaz de controlar suas emoções e seu temperamento quando fala com um
superior, é porque pode fazer o mesmo quando fala com colegas e subordinados.
Uma equipe de sucesso começa com regras claras de relacionamento, em
especial de educação e boas maneiras.
16 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
Explicativo
Dicas de gestão: etiqueta empresarial
A etiqueta e os bons modos são essenciais na hora de agir dentro da empresa. Veja aqui algumas dicas importantes.
Respeito e educação
• Cumprimentar colegas de trabalho e clientes com um aperto de mão firme, demons-trando para a outra pessoa que você tem prazer no contato com ela.
• Não desconsiderar os menos favorecidos, tratar a todos com respeito independente-mente da hierarquia.
• Evitar grosserias de qualquer ordem. A grosseria é um ato imperdoável, não importa a situação. Quem é grosseiro, perde a razão.
• Cumprimentar e agradecer aos profissionais que o serviram.
• Manter-se atento quando outros estão falando ou se apresentando (em uma palestra ou reunião) e evitar conversas paralelas.
• Respeitar as regras da boa convivência em comunidade, como não fumar em locais proibidos e ceder espontaneamente o seu lugar para idosos, gestantes ou deficientes físicos.
• Ser pontual. A pontualidade é a marca das pessoas bem-educadas e um sinal de respeito com os demais.
• Retirar os óculos escuros quando estiver conversando com outra pessoa. O interlocutor deve ver os seus olhos. Sempre olhe pra as pessoas com quem fala.
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Apresentação
• Apresentar-se oferecendo seu cartão de visitas.
• Usar roupas, jóias e bijuterias discretas e adequadas à situação. Em geral, o mundo corporativo exige discrição nos trajes.
• Cuidar das unhas. Os homens devem mantê-las sempre limpas e aparadas. As mulheres devem evitar a extravagâncias nas cores, tamanhos e efeitos visuais, além de nunca saírem de casa com o esmalte descascado.
Comportamento geral
• Evitar atitudes negativas. Aprenda a ser positivo nas palavras, pensamentos e ações. Ninguém gosta de conviver com uma pessoa resmungona, ressentida e sempre pronta a se queixar e reclamar de tudo e de todos.
• Não envolver-se em fofocas e intrigas.
• Responder sempre à sua correspondência (cartas e e-mails) e aos seus telefonemas.
• Jamais falar palavrões em ambientes profissionais. Evitar também as gírias.
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18 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
2.2. Lidando com confl itos de maneira saudável e positiva
Confl itos no ambiente de trabalho podem existir sem que sejam necessaria-
mente negativos. Se forem solucionados, eles levam ao crescimento pessoal
e profi ssional. Segundo especialistas, quando resolvemos os confl itos com
sucesso, alcançamos alguns benefícios importantes como:
• Aumento da compreensão – a discussão necessária para resolver o confl ito
expande a compreensão das pessoas sobre a situação que estão vivendo a
partir do conhecimento de outros pontos de vista.
• Aumento da coesão do grupo – quando um confl ito é bem resolvido, os
membros de uma equipe tendem a desenvolver um forte respeito mútuo,
além de uma confi ança renovada na sua capacidade de trabalharem juntos.
• Aumento do autoconhecimento – confl itos nos fazem examinar objetivos
pessoais com mais cuidado e a focar naquilo que é realmente importante
para nós.
No entanto, quando não são bem resolvidos, os confl itos podem ser muito
danosos. O surgimento de emoções negativas como raiva, ressentimento, culpa
ou desejo de vingança irá deteriorar os relacionamentos e o desempenho do
grupo. A confi ança se esvai. O talento e a energia das pessoas se perdem em
implicâncias, fofocas, conspirações e preocupações que em nada contribuem
para a melhoria do ambiente.
Portanto, como um empreendedor, você deve ser realista e admitir que
irá enfrentar alguns confl itos com parceiros e funcionários. Este é um fato da
vida. Ao mesmo tempo, deve sempre buscar solucionar positivamente esses
confl itos. Veja, a seguir, algumas estratégias para a solução desses confl itos:
• Tenha como sua primeira prioridade a manutenção de bons relaciona-
mentos.
• Conserve um clima de cortesia.
• Mantenha a calma, sob pressão.
• Seja sempre construtivo em seus comentários e avaliações.
• Ouça primeiro e fale depois.
• Atenha-se aos fatos.
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 19
• Separe as pessoas de seus problemas e trate diretamente das questões
válidas e reais existentes na situação.
• Esteja atento aos interesses (muitos vezes dissimulados ou ocultos) da
outra parte com a qual você está lidando.
• Compreenda as razões e os porquês das pessoas envolvidas no confl ito;
• Evite uma postura defensiva; seja claro e direto nos seus argumentos;
• Mantenha-se atento à sua postura corporal.
• Evite ser desrespeitoso e enviar mensagens contraditórias aos outros.
• Esteja aberto a novas idéias e a caminhos alternativos que possam conciliar
as posições dos envolvidos no confl ito.
• Busque e negocie soluções para o problema.
Quando houver situações de alta complexidade, pessoas difíceis ou dese-
quilibradas, você precisará pedir ajuda. Afaste-se da situação por algum tempo
até que as coisas se acalmem. Converse com pessoas de mais experiência ou
eleja um mediador. Nunca é uma boa idéia levar um confronto ao extremo,
pois as coisas podem fugir do seu controle, causando mais estragos do que
benefícios.
2.3. Bullying – Brincadeira de mau gosto ou doença?
Você já ouviu falar no termo bullying? É uma palavra em inglês, que
signifi ca intimidação, ameaça. Recentemente, bullying passou a ser usado para
denominar um tipo de problema social encontrado em escolas e empresas.
É uma espécie de assédio psicológico que envolve maus-tratos de um inti-
midador contra um determinado alvo. O intimidador (que pode ser um colega
ou o chefe) elege alguém a quem passa a perseguir constantemente, usando
para isso uma série de comportamentos como palavras grosseiras, humilhação
pública, insultos e apelidos ultrajantes, crítica excessiva e contínua, propagação
de rumores e fofocas, atribuição injusta de culpa, sabotagens entre outros.
É preciso estar atento ao bullying, pois o que, à primeira vista, parece uma
grosseria sem maiores conseqüências ou uma brincadeira de mau gosto,
pode vir a se transformar numa situação séria e de difícil controle. É certo
que a pessoa que promove o bullying pode ferir e prejudicar muita gente.
20 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
Infelizmente, muitos de nós fi cam calados por achar que isto é uma coisa
“normal”. Pois não é! O bullying é um distúrbio social que precisa ser rejeitado
e combatido.
Algumas estatísticas sobre o bullying, segundo o especialista Dr. Gary
Namie:
• Aproximadamente 1 em cada 6 trabalhadores nos EUA e na Austrália
reportaram episódios de bullying em 2006.
• Mais de 50% dos trabalhadores já sofreram bullying em algum momento
das suas carreiras.
• As duas áreas mais afetadas por bullying são Educação e Saúde.
• 84% das pessoas que sofrem bullying são mulheres.
• 81% das pessoas que praticam bullying possuem cargo de chefi a.
Há uma série de doenças que podem ser intensifi cadas ou provocadas pelo
bullying como: estresse, hipertensão, doenças do coração, derrame cerebral,
úlceras, problemas de pele, depressão, ansiedade, estresse pós-traumático.
Portanto, esteja atento ao bullying! Uma equipe de sucesso é, antes de
tudo, saudável.
Multimídia
Num clique, bullying entra na era digital
As ações de apelidar com maldade um amigo ou ofender um colega na internet são consideradas hoje bullying virtual. O que antes era feito nas escolas, de boca
em boca, ou durante as brincadeiras de rua agora está ganhando força nos programas como Orkut, MSN, nos blogs ou até mesmo em formato de vídeos postados no YouTube. O ambiente é favorável à propagação dessas inimizades, o que aumenta também a agressividade entre os jovens.
Quanto mais os jovens utilizam os sites de relacionamento como MySpace, Orkut e Facebook, mais eles abrem suas informações para uma grande quantidade de pessoas. De acordo com o site da BBC, uma pesquisa realizada nos Estados Unidos mostrou que 39% dos usuários de redes sociais foram intimidados de alguma forma.
Os impulsos que colocam o bullying na era digital são os mesmos; no entanto, o efeito é ampliado. Hoje, em poucos cliques, uma foto, vídeo ou conversa pode ser compartilhada por milhares de pessoas online. A possibilidade de não mostrar sua identidade na internet também ajuda na propagação de ameaças.
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 21
Quem provoca, humilha e ofende um colega de classe ou uma pessoa de quem não gosta se sente superior. Quem é vítima fica oprimido e acumula raiva, podendo desenvolver depressão e isolamento.
Infelizmente, a maioria dos pais acha que esse tipo de comportamento é normal. Consideram que também já passaram por esse tipo de situação e não corrigem a postura dos filhos. Vale lembrar que esse tipo de atitude pode gerar efeitos na pessoa ofendida para o resto de sua vida. É um assunto que deve ser tratado com seriedade pelas famílias.
Conheça mais sobre o assunto no site: http://www.observatoriodainfancia.com.br
ATIVIDADE
2. Fórum na web – Dilemas do relacionamento no trabalho
Lançado no Brasil em 2005, o livro O diabo veste Prada, conta
a história de Andrea Sachs, uma recém-formada e talentosa
jornalista que conquista um emprego aparentemente feno-
menal: o de assistente de Miranda Priestly, reverenciada
editora da revista Runway Magazine, a mais bem-
sucedida revista de moda do mundo. Para a jovem,
trabalhar com Miranda é a garantia de uma futura
posição na redação de uma grande revista.
Porém, o emprego desejado “por 1 milhão de garotas” se
transforma num tremendo pesadelo. Como assistente
de Miranda, Andrea terá de atender aos caprichos
da editora, que parecem não ter fim. Ela passa a
enfrentar uma rotina estressante, correndo contra o tempo
para atender aos pedidos mais mirabolantes da chefe, que usa e abusa de
seu poder.
Esnobe e arrogante, Miranda não se digna a pendurar o próprio casaco.
Nunca cumprimenta seus subordinados e parece desconhecer expressões
como “por favor” e “obrigada”. Mantém um clima de terror e bajulação a sua
volta. Nunca deixa menos de seis ordens no telefone de Andrea durante
a madrugada e a obriga, diariamente, a comprar café e levar sua roupa
22 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
para a lavanderia. Além das humilhações constantes, Miranda também
incumbe Andrea de missões praticamente impossíveis, como conseguir
uma cópia antecipada do último livro de Harry Potter e despachá-la em
avião particular para as filhas em Paris.
A jovem Andrea é apresentada ao sedutor mundo da moda, circula em
festas badaladas e ganha um guarda-roupa completo com as grifes mais
caras e cobiçadas do mundo. No entanto, se sente infeliz e vive um dilema
pessoal. Quer subir na carreira, mas detesta a forma grosseira como
Miranda trata as pessoas, suas injustiças constantes, e seu hábito de usar
as pessoas como se fossem objetos descartáveis. Andrea quer ir embora,
mas acha que seu futuro como jornalista está em jogo.
Ficção e Realidade
Nos EUA, o livro provocou barulho no mundo da moda. Isto porque a
autora, Lauren Weisberger, trabalhou como assistente da toda poderosa
editora da revista Vogue, Anna Wintour, uma mulher tão amada quanto
odiada. Como não poderia deixar de ser, muitos suspeitam que os relatos
do livro foram baseados nessa experiência real que Lauren viveu entre os
anos de 1999 e 2000 (algo que a autora não admite, mas também não
nega).
Se isso é verdade, Lauren encontrou uma forma de ganhar muito dinheiro
e, ao mesmo tempo, de vingar-se dos maus tratos que recebeu, expondo
publicamente o comportamento de uma mulher poderosa e sem escrú-
pulos. Divertido e diabólico como uma boa fofoca, o livro ganhou resenhas
nos mais sérios jornais e revistas dos EUA e ficou quase dois anos na lista
dos mais vendidos. Foi publicado em 28 países e acabou virando filme de
grande sucesso.
Para discussão
Para muitos, O diabo veste Prada, apesar de ser um livro bem-humorado,
traz à tona algumas questões contemporâneas importantes, como a
adaptação do ser humano ao meio, o custo pessoal de uma carreira bem-
sucedida, o uso do poder na relação entre chefes e subordinados, a ética
nas relações de trabalho, entre outras.
E para você? Quais são as questões mais importantes apresentadas no livro
O diabo veste Prada? Você conhece alguém que passou por uma situação
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 23
semelhante? O que você acha que faria se estivesse no lugar de Andrea?
Assista ao filme, que está disponível em DVD na biblioteca do pólo, e dê a
sua opinião no fórum da web.
3. Uma janela para o autoconhecimento
A Janela de Johari
A Janela de Johari é um modelo de autoconhecimento desenvolvido
por dois psicólogos americanos, Joseph Luft e Harry Ingham, há cerca de 50
anos.
Há duas idéias importantes presentes na Janela de Johari:
1. Indivíduos podem construir confi ança entre si por meio da abertura
mútua de informações.
2. Indivíduos podem aprender sobre si mesmos com a ajuda do feedback
que recebem dos outros.
Ela é dividida em quatro quadrantes:
Eu
Conhecido Desconhecido
Outros
Conhecido
ARENA PÚBLICA
Aquilo que é conhecido
por mim e pelos outros.
PONTO CEGO
Aquilo que os outros
percebem de mim, mas
que eu não percebo.
Desconhecido
ÁREA ENCOBERTA
Aquilo que só eu conheço
sobre mim – que posso
decidir se irei revelar aos
outros.
DESCONHECIDO
Aquilo que eu não sei
sobre mim mesmo
– o campo do meu
inconsciente.
A Janela de Johari nos ajuda a compreender e comparar nossa auto-
imagem com a imagem que os outros têm de nós e pode ser usada para
melhorar nossos relacionamentos pessoais e profi ssionais. Vejamos a seguir:
24 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
O receptivo
ARENA PÚBLICA Ponto cego
Área encoberta Desconhecido
Segundo a Janela de Johari, as pessoas receptivas a relacionamentos são
aquelas que se mostram francamente aos outros e estão abertas a receber
feedback (ouvir mais e conhecer a opinião que os outros têm sobre elas).
O receptivo é uma pessoa com clara auto-imagem e com confi ança sufi ciente
para expor-se aos demais.
Quando está numa posição gerencial ou participando de uma equipe de
trabalho, esta pessoa tende a ser respeitada e a encorajar o crescimento dos
demais.
O dissimulado
Arena pública Ponto cego
ÁREA ENCOBERTA Desconhecido
Segundo a Janela de Johari, as pessoas dissimuladas tendem a esconder
ao máximo a informação sobre elas: o que pensam, como se sentem, etc.
O dissimulado é aquele que sempre pede informação sobre os outros, mas
fala pouco de si mesmo. É um “jogador” – parece estar sempre escondendo
algo e usando a informação apenas em seu próprio benefício.
Quando está numa posição gerencial ou participando de uma equipe de
trabalho, esta pessoa tende a levantar suspeitas e a provocar uma atitude
defensiva nos demais.
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 25
O eremita
Arena pública Ponto cego
Área encoberta DESCONHECIDO
Segundo a Janela de Johari, o eremita possui uma grande parcela de
“eu desconhecido”, refl etindo pouco conhecimento sobre si mesmo. É uma
pessoa complexa, cujo comportamento é difícil de prever. Está sempre
orientado para a auto-proteção.
Quando está numa posição gerencial ou participando de uma equipe de
trabalho, esta pessoa tende a deixar os demais confusos e inseguros.
O falastrão ou fofoqueiro
Arena pública PONTO CEGO
Área encoberta Desconhecido
Segundo a Janela de Johari, o falastrão ou fofoqueiro possui uma grande área
cega, refl etindo alguém que fala muito, mas ouve pouco. É uma pessoa muito
preocupada consigo mesma e que não sabe o momento certo de se calar.
Quando está numa posição gerencial ou participando de uma equipe
de trabalho, esta pessoa tende a irritar os demais, que tentarão encontrar
formas de distanciar-se dela ou evitarão considerar suas opiniões.
26 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
A partir da idéia da Janela de Johari, verifi camos que, para melhorar
nossos relacionamentos pessoais e profi ssionais com os outros, precisamos
nos tornar mais receptivos. Isto será possível, se aumentarmos o espaço da
nossa “ARENA PÚBLICA” por meio de uma maior abertura sobre nossas idéias
e emoções e ampliarmos o espaço do nosso “PONTO CEGO”, sendo mais
receptivos a feedback.
Dicas
Dicas de gestão: Janela de Johari
1. Não seja imprudente quando der informações sobre você. Revelar informações constrói confiança, mas algumas podem prejudicar o respeito que os outros têm. Isso irá colocá-lo em uma posição de fraqueza.
2. Seja cuidadoso na forma de dar feedback aos outros. Em determinadas situações e culturas, o feedback pode ser considerado uma grande ofensa, em especial para quem não está acostumado a ele. Você deve antes certificar-se de que o ambiente é propício e de que a pessoa está preparada para ouvir. Seja sensível e comece de forma gradativa.
3. Seja paciente com as pessoas que estão entrando num grupo que já está formado há algum tempo. Naturalmente, elas terão um período de adaptação. Além disso, somente estarão dispostas a uma maior abertura se perceberem um ambiente de confiança mútua.
ATIVIDADE
3. Dimensões interpessoais
Esta atividade tem quatro etapas:
1. Preenchimento do questionário por você.
2. Preenchimento do questionário por duas pessoas do seu relaciona-
mento.
3. Comparação e avaliação das respostas obtidas.
4. Elaboração de um plano de intenções.
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 27
Primeira etapa
Leia atentamente cada item. Marque um X, na escala de 1 a 7, na posição que melhor descreva a sua atuação real mais freqüente. Nesta escala, 1 representa o MÍNIMO e 7 significa o MÁXIMO.
Eu tenho capacidade de criar uma boa impressão nos outros, de obter atenção, reconhecimento pessoal e respeito.
1 2 3 4 5 6 7
Eu tenho habilidade de ouvir e compreender o que os outros dizem.
1 2 3 4 5 6 7
Eu tenho tendência a procurar relacionamento mais próximo com as
pessoas, dar e receber afeto no meu grupo.
1 2 3 4 5 6 7
Eu procuro estimular e encorajar os outros a desenvolver seus próprios
recursos para resolver seus problemas.
1 2 3 4 5 6 7
Eu possuo capacidade de influenciar os outros, fazer com que aceitem
minhas idéias e sigam minha orientação.
1 2 3 4 5 6 7
Eu costumo dizer e fazer coisas de modo natural, expressar livremente
idéias, opiniões e sentimentos na ocasião em que ocorrem.
1 2 3 4 5 6 7
Eu costumo aceitar críticas sem fortes reações emocionais defensivas
(tornando-me hostil ou fechando-me).
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Eu possuo habilidade de perceber as necessidades, sentimentos e reações
dos outros.
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1 2 3 4 5 6 7
Eu procuro dar feedback aos outros de modo útil e construtivo sem ofendê-los.
1 2 3 4 5 6 7
Eu tenho habilidade de reconhecer, diagnosticar e lidar com conflitos e
hostilidades dos outros.
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Eu sou capaz de organizar e apresentar minhas idéias de forma efetiva.
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Eu procuro conhecer as idéias dos outros e estou sempre disposto para
receber sugestões.
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Eu sou capaz de modificar meu ponto de vista e meu comportamento.
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Eu costumo escutar os outros atentamente.
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Eu não me coloco na defensiva e sempre me mostro receptivo aos outros
e às suas idéias.
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Eu confio no meu potencial e valorizo minha individualidade
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Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 29
Eu evito julgar as pessoas pela aparência e, mesmo quando elas não me
agradam, procuro respeitar as diferenças.
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Eu costumo observar e avaliar o meu próprio comportamento e as reações
dos outros.
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Eu tenho amigos em diferentes grupos. Gosto de lidar com pessoas diferentes.
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Segunda etapa
Depois de preencher o questionário, peça a duas pessoas do seu relaciona-
mento (família e/ou amigos) para responderem o mesmo questionário,
avaliando você.
Terceira etapa
Compare com cuidado as respostas dos três questionários e analise as
diferenças. O objetivo é melhorar seu conhecimento sobre como os outros
o vêem. Faça as seguintes perguntas:
1. Quais são os meus pontos fracos em termos de relacionamento?
2. Quais são os meus pontos fortes?
Quarta etapa
Trace um plano de intenções para melhorar seus pontos fracos. Siga o
roteiro a seguir:
1. Defina seus objetivos de melhoria.
2. Defina o que você pretende fazer para melhorar suas habilidades de
relacionamento.
3. Defina as prioridades (por onde começar) e defina alguns prazos.
Faça uma reavaliação periódica do seu plano de intenções.
30 :: Técnicas de Comunicação e Negociação :: Verônica Feder Mayer / Sandra R.H. Mariano
Retomando...
No esporte, como na empresa, não basta ser craque, já que individua-
lismo excessivo e difi culdades de relacionamento podem arruinar as
melhores chances de um time, como aconteceu com o Brasil na Copa de 2006.
Um empreendedor deve saber que o sucesso depende da sua habilidade de relaciona-
mento. Não basta ter um grande conhecimento da sua área ou ter um grande talento.
É preciso aprender a relacionar-se bem com fornecedores, parceiros, investidores e, em
especial, com funcionários. Quem deseja atingir um objetivo irá precisar da colaboração
e do empenho de muitas pessoas. Cultivar a educação, o respeito pelos outros e valorizar
as boas maneiras no ambiente de trabalho é fundamental. Manter uma postura positiva e
desenvolver a empatia também. Mas, além disso, é necessário estar preparado para lidar
com confl itos, já que eles fazem parte da nossa vida em sociedade.
Para melhorar o relacionamento com os outros é preciso conhecer-se melhor. Aprender
a ouvir e receber feedback sempre com o objetivo de aprimorar-se.
Texto ComplementarFonte: http://www.shinyashiki.com.br/roberto/web/destaque_detalhe.jsp?CId=343
A arte da convivência
Conviver é uma arte tão sutil quanto a música, a literatura, a pintura ou o teatro e que
poucos aprenderam a dominar.
Por Roberto Shinyashiki
Aula 1 – Relacionamento interpessoal 1 :: 31
Referências Bibliográfi casCAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. São Paulo: Cultrix, 2003. p. 40.
CHADE, Jamil. Ricardo Teixeira: houve bebedeira na Copa de 2006. Disponível em: <http://
www.estadao.com.br/esportes/not_esp28023,0.htm>. –Acesso em: 1 de agosto de 2007.
COSMOS Online: Brasil e mundo. Disponível em: <http://www.cosmo.com.br/brasile
mundo>. Acesso em: 26 dez. 2007.
PARLANTE: palestras e palestrantes. Disponível em: <Fonte: http://www.parlante.com.br>.
– Acesso em: 31 de agosto de 2007.
CUTTER, Howard C . A arte da felicidade: sua santidade, o Dalai Lama. São Paulo: Martins
Fontes, SP 2000. p. 97.
FREITAS, Eliane Benatti de. A otimização do relacionamento interpessoal como estratégia
para o alcance da efi cácia profi ssional. Londrina : Inbrape e Unisalesiano, 2006.
ETIQUETA empresarial. Disponível em: <http://www.etiquetaempresarial.com.br>. Acesso
em: 19 dez. 2007.
MIND Tools: essencial skills for an excellent career. Disponível em: <Fonte: www.mind
tools.com>. Acesso em: 2006.
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