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GUARAIPO – Melipona bicolor schencki
MANDURI – Melipona marginata obscurior
TUBUNA – Scaptotrigona bipunctata
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS
PARA A CRIAÇÃO E MANEJO RACIONAL
DE ABELHAS SEM FERRÃO NO RS
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Chanceler:Dom Dadeus Grings
Reitor:Joaquim Clotet
Vice-Reitor:Evilázio Teixeira
Conselho Editorial:Alice Therezinha Campos Moreira
Ana Maria Tramunt IbañosAntonio Carlos Holfeldt
Draiton Gonzaga de SouzaFrancisco Ricardo RüdigerGilberto Keller de AndradeJaderson Costa da Costa
Jerônimo Carlos Santos BragaJorge Campos da Costa
Jorge Luis Nicolas Audy (Presidente)José Antônio Poli de Figueiredo
Lauro Kopper FilhoMaria Eunice Moreira
Maria Helena Menna Barreto AbrahãoMaria Waleska Cruz
Ney Laert Vilar CalazansRené Ernaini Gertz
Ricardo Timm de SouzaRuth Maria Chittó Gauer
EDIPUCRS:Jerônimo Carlos Santos Braga – DiretorJorge Campos da Costa – Editor-Chefe
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Betina Blochtein
Nadilson Roberto Ferreira
Juliana Stephanie Galaschi Teixeira
Ney Telles Ferreira Junior
Sidia Witter
Dilton de Castro
Porto Alegre
2008
GUARAIPO – Melipona bicolor schencki
MANDURI – Melipona marginata obscurior
TUBUNA – Scaptotrigona bipunctata
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS
PARA A CRIAÇÃO E MANEJO RACIONAL
DE ABELHAS SEM FERRÃO NO RS
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© Associação Papa-Mel de Rolante1ª edição: 2008
Capa: Vinícius XavierRevisão: dos autores
Projeto Gráfico e editoração: Clo SbardelottoFotografias: Dilton de Castro e Betina Blochtein
Impressão e acabamento: Grafica EPECÊ
Ficha Catalográfica elaborada peloSetor de Tratamento da Informação da BC-PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 33 – Caixa Postal 142990619-900 – Porto Alegre – RS – Brasil
Fone/fax: (51) 3320.3523E-mail: edipucrs@pucrs.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M294 Manual de boas práticas para criação e manejo racional deabelhas sem ferrão no RS : guaraipo – Melipona bicolorschencki, manduri – Melipona marginata obscurior, tubuna –Scaptotrigona bipunctata / Betina Blochtein ... [et al.]. –Porto Alegre : EDIPUCRS, 2008.48 p.
ISBN 978-85-7430-735-0
1. Meliponicultura. 2. Abelhas - Criação. 3. Abelhas – RioGrande do Sul. I. Blochtein, Betina.
CDD 638.1
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Sumário
Apresentação ........................................................................................................ 7
1. Introdução ..................................................................................................... 9
2. Características das abelhas ..................................................................... 13
2.1 Guaraipo, Melipona bicolor schencki (Gribodo, 1893) ... 13
2.2 Manduri, Melipona marginata obscurior (Moure, 1971) .. 14
2.3 Tubuna, Scaptotrigona bipunctata (Lepeletier, 1836) ...... 16
3. Procedimentos de boas práticas de manejo ..................................... 18
3.1 Recomendações ............................................................................... 18
3.2 Localização do meliponário ...................................................... 20
3.3 Observações ...................................................................................... 21
3.3.1 Invólucro .................................................................................. 21
3.3.2 Potes de Alimento ................................................................. 22
3.3.3 Rainha e favos de cria ......................................................... 23
3.4 Cuidados com as colônias ........................................................... 24
3.4.1 Forídeos .................................................................................... 24
3.4.2 Formigas ................................................................................... 25
3.4.3 Fome .......................................................................................... 25
3.4.4 Frio .............................................................................................. 26
3.5 Multiplicação de ninhos ............................................................. 26
3.6 Transferência para colméia racional ...................................... 34
3.7 Captura de ninhos.......................................................................... 34
4. Observações finais ..................................................................................... 36
5. Material para manejo ................................................................................ 37
6. Glossário ......................................................................................................... 38
7. Sugestões de bibliografia complementar ........................................... 40
8. Associação Papa-Mel de Apicultores de Rolante – RS .................. 41
9. Beneficiários do Projeto Manduri ......................................................... 42
10. Equipe executora do Projeto Manduri ................................................... 44
11. Agradecimentos ............................................................................................ 45
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6 Betina Blochtein et al.
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7Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
APRESENTAÇÃO
Este manual de boas práticas para a criação e manejo racionalde abelhas sem ferrão é fruto da execução do Projeto Manduri atravésde uma parceria entre a Associação Papa-Mel, a Prefeitura Municipalde Rolante-RS, o Centro de Pesquisas e Conservação da Natureza Pró-Mata da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e oMinistério do Meio Ambiente – subprograma PDA. Resulta, portanto,de uma ação conjunta da comunidade, do poder público e da academia,que se revela muito salutar. Ao difundir boas práticas para a criação emanejo de espécies nativas, algumas vulneráveis e ameaçadas de extin-ção, ele mostra caminhos que tornam possível a exploração sustentávelde recursos naturais. Essa é uma atividade que produz desenvolvimentoe renda para as comunidades rurais através da produção de mel e dareprodução de colônias, possibilita a preservação das abelhas nativasque, através da polinização, permitem a recuperação e a preservaçãodas coberturas vegetais que compõem a Mata Atlântica.
O manual, de fácil compreensão, descreve de maneira claraas principais características das abelhas guaraipo, manduri e tubuna eapresenta boas práticas para o seu manejo destacando os cuidados aserem seguidos durante as operações de meliponicultura, a melhorlocalização das colméias, descreve as atividades de controle e acom-panhamento das colônias, a multiplicação dos ninhos e a sua posteriortransferência para novas colméias racionais. Apresenta, também, umglossário de termos técnicos relacionados ao assunto e uma lista biblio-gráfica complementar, em que informações adicionais poderão serencontradas.
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8 Betina Blochtein et al.
A participação do Grupo de Pesquisa em Ecologia de Abelhasda Faculdade de Biociências, coordenado pela Dra. Betina Blochtein,através da publicação deste manual pela Editora da Universidade, éuma iniciativa que dá cumprimento à missão da Pontifícia Universi-dade Católica do Rio Grande do Sul, reafirmando e exercendo o seucompromisso com a comunidade.
Prof. Dr. Jorge Alberto VillwockDiretor do Instituto do Meio Ambiente da PUCRS
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9Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
1 INTRODUÇÃO
Historicamente a Mata Atlântica foi o primeiro Bioma ocu-pado na descoberta do mundo novo onde se concentrou o maior aden-samento populacional brasileiro até a atualidade. Essa ocupaçãoocasionou um forte impacto antrópico ao meio ambiente, resultandona destruição e degradação de grande parte de seus ecossistemas eposicionando-a como segunda floresta tropical mais ameaçada deextinção do planeta.
Originalmente essa floresta se estendia do estado do Cearáao Rio Grande do Sul, acompanhando de forma contínua todo o litoralem uma faixa que variava, em largura, de 100 a 500 km. Hoje restamcerca de 8% dos 1.350 mil km² da área original, ou 108.000 km², deforma fragmentada e dispersa, de modo que algumas manchas for-mam verdadeiras ilhas de isolamento. Apesar da degradação, na MataAtlântica encontram-se, aproximadamente 20 mil espécies de plantas,atingindo os maiores recordes mundiais para espécies arbóreas porhectare (454 na Bahia e 443 no Espírito Santo), suplantando a Ama-zônia. De forma global a floresta abriga 1,6 milhões de espécies animais,incluindo os insetos. Destaca-se ainda que grande parte dessas espéciesvegetais e animais são endêmicas dos ecossistemas que integram aMata Atlântica.
A conjugação da sua extensão em latitude, topografia, solose clima promovem cenários diversos formando coberturas vegetaiscaracterísticas, tais como a Floresta Ombrófila Densa, Ombrófila Mista,Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Estacional Decídua,Campos de Altitude e outras, como manguezais e restingas.
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10 Betina Blochtein et al.
Na Constituição de 1988 a Mata Atlântica ganhou o status depatrimônio nacional. Em 1992 o Conselho Nacional do Meio Ambiente(CONAMA) reconheceu legalmente para essa floresta o conceito deDomínio da Mata Atlântica, passando a ser instrumentos de políticaspúblicas a proteção e a recuperação do Bioma. Em 2006 o GovernoFederal sancionou a Lei 11.428, que dispõe sobre a proteção da MataAtlântica.
Diante desse contexto os integrantes da Associação Papa-Melde Apicultores de Rolante sensibilizaram-se com a necessidade derecuperação, estabilização e preservação sustentável da Mata Atlântica.A Associação Papa-Mel, uma organização não-governamental formadapor pequenos apicultores e meliponicultores, foi instituída em 2002após a consolidação de ações de recomposição da Mata Atlântica como apoio do Subprograma Projetos Demonstrativos (PDA) do Ministériodo Meio Ambiente (MMA). Em cooperação com o grupo de pesquisaem Ecologia de abelhas, vinculado à Pontifícia Universidade Católicado Rio Grande do Sul (PUCRS), o grupo mobilizou-se para estruturaro PROJETO MANDURI.
O objetivo do projeto é reflorestar as áreas degradadas eenriquecer as áreas em recuperação, na Mata Atlântica, com espéciesnativas da região, preferencialmente árvores melitófilas, que darãomaior suporte alimentar para as abelhas nativas, e que possam servircomo substrato para o estabelecimento de ninhos silvestres a médio elongo prazos. A instalação de meliponários nas propriedades dosagricultores familiares envolvidos será a base para a conservação dasabelhas e uma alternativa de renda adicional através da produção demel e da multiplicação de colônias.
O Projeto foi instalado nos municípios de Rolante, Riozinho,Maquiné e São Francisco de Paula no Rio Grande do Sul, os quaisintegram a Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e constituem osecossistemas de florestas (Estacional Semidecidual, Ombrófila Densae Ombrófila Mista – também conhecida como Mata com Araucária), eCampos de Altitude. Diversas nascentes que abastecem o Rio dos Sinos
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11Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
surgem nesse Bioma que também abriga diversas espécies nativas deabelhas sem ferrão. Dentre estas, três foram contempladas pelo Pro-jeto Manduri: GUARAIPO (Melipona bicolor schencki), MANDURI(Melipona marginata obscurior) e TUBUNA (Scaptotrigonabipunctata). Adotaram-se, como critérios para a seleção das espé-cies, a ocorrência natural na região de instalação do projeto, a situa-ção de ameaça de extinção das duas primeiras, o papel polinizadorde espécies nativas e cultivadas, potencial produtor de mel, e o graude facilidade de manejo. Para a efetivação do projeto, além daparticipação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande doSul (PUCRS), através do Centro de Pesquisas e Conservação danatureza Pró-Mata foram estabelecidas parcerias com a PrefeituraMunicipal de Rolante, a Federação Apícola do Rio Grande do Sul(FARGS) e a Confederação Brasileira de Apicultura (CBA).
Embora a produção de mel seja um forte atrativo para a criaçãodessas abelhas (1 a 5 kg/colônia/ano), seus serviços ambientais atravésda polinização e conseqüente preservação das espécies vegetais são defundamental importância para a manutenção da vida.
Vista da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul. CPCN Pró-Mata, em SãoFrancisco de Paula.
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12 Betina Blochtein et al.
Vista da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul. Rolante e Riozinho.
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13Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
2 CARACTERÍSTICAS DAS ABELHAS
As três espécies adotadas no projeto pertencentes à TriboMeliponini têm características comuns, a exemplo da construção dosninhos em ocos de árvores nas florestas.
2.1 Guaraipo, Melipona bicolor schencki
Gribodo, 1893
Essas abelhas são pilosas, e a sua coloração varia de amarelo-pardo (quando recém-emergidas dos favos) a marrom escura. Compa-rativamente às demais espécies de abelhas sem ferrão do Estado sãoas de maior tamanho. Em cada ninho, a única abertura é pequena epermite a passagem de apenas uma abelha. As entradas dos ninhospodem ser marcadas por deposições e barro e própolis, e quando ascolônias são antigas ou muito populosas, essas deposições têm formatode estrias que partem da abertura de entrada. A produção de operáriase rainhas ocorre em câmaras semelhantes, sem a presença de realeiras.Nas colônias de guaraipo é comum a presença simultânea de váriasrainhas produtivas. As abelhas cessam as atividades de vôo quandosão perturbadas e são dóceis ao serem manejadas. A espécie é indicadacomo vulnerável na Lista das Espécies Ameaçadas de Extinção noRio Grande do Sul.
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14 Betina Blochtein et al.
Abelha operária de guaraipo.
Vista interna de colônia de guaraipo.
2.2 Manduri, Melipona marginata obscurior
(Moure, 1971)
São abelhas pretas de tamanho médio com listas amarelas naparte frontal da cabeça. À semelhança da guaraipo, as estreitas entradasdos ninhos permitem a passagem de uma abelha por vez e são marcadaspor depósitos de barro ou própolis na forma de raios. Suas colônias
Operária junto à abertura de pote de alimento.
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15Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
não formam realeiras, e as rainhas são criadas em câmaras (células)semelhantes às das operárias e machos. Assim como a guaraipo, a espécieé ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul.
Abelha operária de manduri.
Favos de cria de manduri.
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16 Betina Blochtein et al.
2.3 Tubuna, Scaptotrigona bipunctata
(Lepeletier, 1836)
Das três espécies é a mais rústica, o número de abelhas porcolônia é grande e a entrada do ninho é bem característica pela formaçãode um funil ou tubo de cerume (o que originou o nome tubuna) permi-tindo a passagem de várias abelhas simultaneamente. São muitoparecidas com as abelhas irapuá (Trigona spinipes), distinguindo-sedestas pela forma das corbículas (estrutura nas pernas em que são con-duzidos os grãos de pólen). A tubuna tem corbículas estreitas e escuras,enquanto na irapuá as corbículas são mais largas e de coloração vermelhae marrom. A produção de rainhas ocorre em câmaras diferenciadas(realeiras) freqüentemente encontradas nas bordas dos favos de cria.Suas colônias (principalmente as mais numerosas) podem apresentarcomportamento defensivo, enrolando-se nos cabelos de quem seaproxima, o que lhes atribuiu o nome popular de “enrola-cabelo”. Devidoa esse comportamento defensivo recomenda-se o uso chapéu teladoe luvas durante o manejo das colônias.
Realeira em favo de colônia de tubuna.
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17Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
Favos de tubuna, com operárias e células de cria abertas.
Entrada de colônia de tubuna.
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18 Betina Blochtein et al.
3 PROCEDIMENTOS DE BOAS PRÁTICASDE MANEJO
Um bom procedimento de manejo é aquele que visa à admi-
nistração racional do meliponário, promovendo a preservação e o bem-
estar das abelhas e, gerando benefícios para o produtor e o meio ambiente
em um processo auto-sustentável.
3.1 Recomendações
Ao visitar o meliponário é interessante tomar alguns cuidados,
tais como:
� Usar roupas claras. Cores escuras agitam as abelhas.
� Evitar o uso de perfumes ou outros cheiros fortes, assim
como não fumar durante o manejo.
� Evitar movimentos bruscos com as colméias ou favos, pois
podem danificar ovos e larvas em desenvolvimento.
� Não permanecer em frente às entradas dos ninhos inter-
rompendo o curso de vôo das abelhas.
� No caso de remover a colméia, recolocá-la no local mantendo
a posição original (especialmente a direção da entrada).
A freqüência das revisões varia de acordo com a necessidade
de acompanhamento das colônias, sendo que uma revisão mensal é
suficiente se o ninho não apresenta problemas. Atendidas as recomen-
dações e de posse dos materiais necessários para a revisão (item 5)
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19Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
pode-se dar início ao trabalho nas colônias. A abertura das colméias,
com auxílio da espátula ou formão, deve ser cuidadosa, pois geralmentea tampa estará firmemente aderida com própolis depositada pelas
abelhas para vedar as frestas. O excesso de própolis poderá ser retiradoe guardado para utilização posterior. Deve-se ter cautela no fechamentodas colméias após os trabalhos, evitando-se a formação de frestas.Uma boa indicação é fazer uma marca apontando para o mesmo local da
abertura da colméia, facilitando a orientação correta da tampa no términodo procedimento. Sugere-se o uso de fita crepe para vedar as peças
removidas das colméias após o manejo.
Caixa racionalcom colôniade manduri.
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20 Betina Blochtein et al.
Meliponicultores vedando uma caixa com fita crepe após o manejo.
3.2 Localização do meliponário
As abelhas sem ferrão são habitantes das florestas, logo o
meliponário deve se aproximar ao máximo da condição natural.Portanto, as colméias devem ser colocadas próximas de um aden-
samento vegetal que lhes forneça pólen e néctar ao longo do ano, bemcomo sombreamento para evitar o aquecimento excessivo das colônias.
Deve haver água limpa nas proximidades e ser de fácil acesso aomeliponicultor.
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21Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
Vista geral de um dos meliponários do Projeto Manduri, localizado em Rolante, RS.
3.3 Observações
Após a abertura da colméia devem-se anotar as observações eoperações realizadas para o controle e o acompanhamento das colô-nias. A seguir destacam-se aspectos a ser verificados nas revisões:
3.3.1 Invólucro
O aspecto do invólucro pode indicar o estado da colônia.Aspecto uniforme, limpo e maleável indica que as abelhas estãotrabalhando bem. Ao contrário, se o cerume do invólucro estiver que-bradiço, ressecado ou mofado indica que a colônia está fraca. Para ma-nipular o invólucro utiliza-se um palito de madeira ou lasca de taquarapara cada colméia, evitando possíveis contaminações de doenças ouparasitas entre as colméias.
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22 Betina Blochtein et al.
3.3.2 Potes de Alimento
Deve-se observar o número e o tamanho dos potes de mel e
pólen. Potes menores são indícios de colônia fraca, que não está apta
a uma multiplicação. Se for necessário manusear os potes deve-se
ter muito cuidado para não danificá-los e provocar vazamento do seu
conteúdo, especialmente o mel, porque além de danificar as crias
poderá atrair formigas e forídeos. Os resíduos de cerume podem ser
devolvidos para o ninho. Se estiverem melados devem ser lavados
com água e recolocados nas colônias, pois as abelhas reaproveitam o
material para construir novas estruturas.
Vista superior interna de uma colônia de guaraipo. Podem-se observar os potesde alimento, o invólucro, as armadilhas para forídeos (indicados com a flechacontínua) e o alimentador artificial (indicado com a flecha pontilhada).
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23Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
3.3.3 Rainha e favos de cria
Ao abrir o invólucro deve-se evitar danificar os favos de criaque estão logo abaixo. A presença de células de cria em construçãoindica que as rainhas estão em atividade de postura. Ainda na aber-tura do invólucro, pode-se contar os favos de cria avaliando-se odesenvolvimento das colônias e o potencial para dividi-las, caso omeliponicultor tenha essa intenção.
Rainha fecundada de guaraipo.
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24 Betina Blochtein et al.
Favo de cria de guaraipo, com células de cria em construção (câmaras abertas).
3.4 Cuidados com as colônias
3.4.1 Forídeos
São pequenas moscas que invadem a colméia, atraídas porodores de alimentos fermentados, especialmente pólen. Para combateros forídeos deve-se usar um frasco-isca, com orifícios (menores que asabelhas) na tampa que deixem passar apenas os forídeos, com metadedo volume com vinagre. O vinagre das iscas deve ser trocado em cadarevisão. Os forídeos são atraídos pelo cheiro do vinagre, semelhante aocheiro de material orgânico em decomposição. Por isso é importante
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25Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
recolher os resíduos resultantes do manejo das colônias e levá-los paralonge do meliponário, evitando atrair forídeos.
3.4.2 Formigas
Para evitar o acesso das formigas devem-se colocar, no suportedas colméias, estruturas semelhantes a um funil invertido que seja lisoe ainda untá-lo com graxa ou óleo. Indica-se para essa finalidade o usode garrafas pet. É importante também remover possíveis ramos davegetação que estejam em contato com as colméias, pois as formigaspodem utilizá-los como pontes de acesso.
3.4.3 Fome
Durante o período de inverno, quando o pasto apícola é escasso,e após intervenções como transferências e divisões quando as colôniasficam com menor quantidade de alimento, as abelhas ficam vulneráveis.Nessas condições é importante que se forneça alimento para as colônias.Pode-se oferecer xarope (mistura de uma parte de água para uma deaçúcar) em pequenos recipientes no interior das colméias com algunsgravetos dentro, evitando que as abelhas se afoguem no líquido.
Para colônias fracas pode-se também fornecer pólen, a fontede proteína utilizada pelas abelhas. O pólen pode ser coletado du-rante divisões ou transferências quando os potes são rompidos e nãodevem ser mantidos nas colônias evitando-se a atração de forídeos. Aconservação do pólen deve ser em freezer, e pode ser fornecido àsabelhas puro ou misturado com mel em pequenas quantidades (umatampinha de garrafa) que possam ser consumidas em poucas horas.Caso não se disponha de pólen de meliponíneos pode-se usar pólencomercial de abelhas domésticas (Apis mellifera). A alimentaçãoestimula o crescimento da colônia e deve ser repetida em intervalos detrês a quatro dias.
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26 Betina Blochtein et al.
3.4.4 Frio
As abelhas regulam a temperatura interna de suas colônias,entretanto gastam muita energia para aquecer os ninhos sob baixas
temperaturas, especialmente no inverno quando também sofrem com aescassez de alimento. Em espécies de mirim (Plebeia spp.) ocorre
interrupção da produção de crias (conhecida como diapausa repro-dutiva), situação também constatada para manduri.
Em termos práticos devem-se abrir as colméias somentequando necessário e por curtos períodos, evitando sua exposição ao
frio durante o manejo. A seguir apresentam-se outras sugestões.
� Realizar o manejo apenas em dias ensolarados e quentes(temperatura mínima recomendável superior a 20ºC).
� Vedar com fita adesiva frestas entre a tampa e a colméia,assim como entre o ninho, o sobreninho e as melgueiras após o manejo.
� Reduzir o espaço interno dos ninhos, recolhendo-se melguei-ras e se necessário o sobreninho, pois a manutenção da temperatura
nesses espaços vazios é custosa para as abelhas nesse período.
3.5 Multiplicação de ninhos
A multiplicação de colônias é uma forma racional de amplia-
ção do meliponário. Os períodos mais propícios são a primavera e oinício de verão, época de grandes floradas e, portando, com farto pasto
apícola que promove o crescimento das colônias divididas. É tambémnesse período que se podem observar os machos próximos das entradas
das colônias, as quais são comumente confundidas com enxames. Osmachos são reconhecidos pela ausência de corbículas no último par de
pernas, pois esses indivíduos não transportam pólen. As nuvens dedezenas ou mesmo centenas de machos, oriundos de diversas colônias
podem ser localizadas próximo às colméias. A produção de machos
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27Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
nesse período pode representar até 20% da cria e é um indicativo deépoca de acasalamento. Os machos são atraídos pelos feromôniosdas rainhas virgens para a cópula.
O manejo utilizado para a multiplicação dos ninhos dependeda espécie a ser trabalhada.
� Realeiras
A tubuna forma realeiras, que são maiores que as demaiscélulas de cria e geralmente encontram-se nas bordas dos favos. Apresença de realeiras em colônias fortes indica que a colônia podeestar prestes a se dividir. Como as colônias de manduri e guaraiponão produzem realeiras (as rainhas emergem de células semelhantesàs das operárias e machos) a multiplicação pode ser realizada quandopossuírem seis ou mais favos de cria com pelo menos 200 célulascada um.
� Favos de cria
A cor e o aspecto dos favos de cria variam de acordo com a
idade dos imaturos. Os favos mais claros e com paredes de cerume fino(às vezes translúcido) são de cria nascente. Em contrapartida, os favos
mais escuros são de cria mais nova.
� Divisão dos materiais das colônias
Na multiplicação transferem-se dois ou mais favos com cria
nascente para a colméia nova (colônia filha), sendo que para as colônias
de tubuna deve-se observar pelo menos um favo com realeiras. Dessa
forma todo o processo da multiplicação é facilitado, bem como o manejo
dado à colônia. Os espaços usuais entre os favos, através dos quais as
abelhas podem circular livremente, devem ser mantidos. Se necessário
podem-se colocar pequenas bolinhas de cerume, ou mesmo pequenos
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28 Betina Blochtein et al.
pedaços de gravetos, para distanciar os favos. Parte do cerume, própolis,
potes de mel e pólen também devem ser colocados na colônia filha. Os
modelos de colméias adotadas no projeto, com módulos verticais,
facilitam a multiplicação dos ninhos separando-se o ninho do sobre-
ninho, sem a necessidade de manipulação direta dos favos, cerume
e alimentos.
� Onde colocar as colônias-mãe e filha?
A colônia-filha deverá permanecer no local da colônia original
(colônia-mãe), recebendo parte das campeiras que estavam forrageando
durante o processo de multiplicação. A colônia-mãe, que geralmente
fica com a rainha, deverá ser fechada com tela metálica evitando-se a
saída de operárias e mantida em local fresco. Após, será transportada
para um local distante da colônia-filha, preferencialmente superior
a 1.000 m.
� Transporte e adaptação das colônias ao novo local
O transporte deve ser cuidadoso, pois é uma importante causa
de perda de colônias. Deve-se evitar inclinar as colméias, movimentos
abruptos e temperaturas elevadas que podem danificar a cria. Após o
transporte, já no novo local, recomenda-se manter a colméia fechada,
abrindo-a à noite, após um período de repouso. No caso de manter a
colônia-mãe próxima ao seu local original, sugere-se manter a colméia
fechada por um ou três dias em lugar protegido da luz e do calor. Com
esse procedimento as abelhas campeiras perdem a antiga orientação e
se reorientam na nova localização.
� Colocação de sobreninho
No momento da multiplicação não é necessária a colocação
de sobreninho. Essa peça será colocada posteriormente, de acordo
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29Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
com a necessidade de expansão do ninho constatada durante as revi-
sões de rotina.
� Perda de rainhas
Colônias que estejam fracas podem eventualmente perder
sua rainha. Pode-se verificar se uma colônia possui rainha procuran-
do-a no interior dos ninhos ou apenas através da observação de novas
células de cria em construção algumas semanas após o procedimento
de multiplicação das colônias. No caso de ausência, se faz necessário
o acréscimo de uma rainha para salvar a colônia. Deve-se procurar
em outras colônias uma rainha virgem e transferi-la para a colônia
órfã. É necessário cuidado no manuseio da rainha virgem, pois ela
voa e pode escapar. Pode-se pegá-la cuidadosamente pelas pernas,
ou mesmo aspirar a rainha com um sugador de abelhas, e colocá-la
sobre os favos de cria. As colônias geralmente aceitam as rainhas
introduzidas dessa forma.
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30 Betina Blochtein et al.
Modelo de caixa racional (Portugal-Araújo, modificada por Venturieri) para criação de manduri e guaraipo. Vista lateral e superior.
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31Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
Modelo de caixa racional (Venturieri) para criação de tubuna. Vista frontal.
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32 Betina Blochtein et al.
Modelo de caixa racional(Venturieri, Costa &Imperatriz-Fonseca)para criação de tubuna.Corte lateral.
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33Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
Modelo de caixa racional (Venturieri, Costa & Imperatriz-Fonseca) para criaçãode tubuna. Vista superior e inferior do sobreninho, melgueira, tampa e fundo.
Sobreninho: vista superior Sobreninho: vista inferior
Melgueira: vista superior Melgueira: vista inferior
Tampa: vista superior Fundo: vista inferior
orifícios superiores31 mm
orifício inferior31 mm
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34 Betina Blochtein et al.
3.6 Transferência para colméia racional
A transferência de colônias de caixas rústicas para colméias
racionais é um processo semelhante à multiplicação. Deve-se transferir
o ninho integralmente para a nova colméia evitando-se apenas potes
rompidos de mel ou pólen que podem atrair formigas e forídeos. No
caso de tubuna deve-se adaptar o tubo de entrada à nova colméia. Nas
novas colméias de manduri e guaraipo recomenda-se colocar um cír-
culo de cerume na entrada dos ninhos, facilitando a localização das
campeiras para o ninho e evitando a entrada de inimigos naturais, bem
como o resfriamento da colônia.
3.7 Captura de ninhos
É uma forma econômica e prática de capturar ninhos no
ambiente, contribuindo para aumentar o número de colônias do
meliponário.
� Caixas-isca
Normalmente usam-se colméias anteriormente utilizadas,pois o odor deixado atrai as abelhas que procuram novos locais paraestabelecerem seus ninhos. Também usam-se restos de madeira naconfecção de colméias-isca ou mesmo garrafas pet.
� Iscas-pet
As iscas são preparadas enrolando-se as garrafas pet com jornal
e posteriormente com um plástico. Amarram-se os dois lados com aramefino. Internamente, depois de lavada e seca, coloca-se areia grossa e
balança-se para escarificar a superfície interior da garrafa. Em seguidabanha-se internamente a garrafa com uma solução de própolis que
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35Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
mantém o odor característico e atrai as abelhas. Usa-se uma quantidadede cerume para tampar a garrafa. Finalmente as iscas são colocadasem local protegido, inclinando-se a boca da garrafa para baixo.
� Transferência das novas colônias
Nas abelhas sem ferrão a enxameação ocorre de forma gradual.
O novo local, no caso a colméia-isca ou pet-isca, é inspecionado e
limpo pelas abelhas. Aos poucos as abelhas começam a depositar os
materiais de construção e os alimentos. Dias após à chegada da nova
rainha (virgem) ocorre a cópula. Durante este período há fluxo de abelhas
entre a colônia original e a que está em formação. Somente semanas
após o início da enxameação as colônias se separam totalmente. Por
este motivo é recomendável aguardar o período mínimo de um mês,
para que a nova colônia esteja estabelecida com favos de cria, para
então transferi-la para uma colméia racional.
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36 Betina Blochtein et al.
4 OBSERVAÇÕES FINAIS
A atividade da meliponicultura deve estar muito atrelada aos
princípios permaculturais, tais como:
a) Quanto mais próximo da natureza, menos se gastam trabalho
e menos energia.
b) Substituir altos investimentos e trabalho por planejamento e
criatividade.
c) O problema torna-se a solução.
d) A diversificação garante a estabilidade.
e) A estabilidade vem quando se fecham os ciclos.
f) Todo o sistema deve produzir mais energia que consumir.
g) Os problemas são basicamente domésticos, eles podem
ser resolvidos domesticamente. Não há solução em grande
escala.
h) Responsabilidade com as futuras gerações.
i) Visa-se à cooperação em vez da competição. A integração
em vez da fragmentação.
Tendo em mente esses princípios todos os objetivos a que se
propõe essa atividade prazerosa e promissora serão atingidos em uma
visão holística de um outro mundo possível com respeito à vida.
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37Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
5 MATERIAL PARA MANEJO
Para o manejo são necessários materiais a serem utilizados nomeliponário. A lista a seguir deve servir como referência para facilitaros trabalhos em campo.
Item Função
Espátula e formão Abertura das colméias
Palitos de madeira Manuseio do invólucro
Faca Uso geral
Fita adesiva (crepe) Vedação de frestas das colméias
Solução de água e açúcar (1:1) Alimentação das colônias
Recipientes com vinagre Armadilhas para forídeos
Caderno e lápis Anotações
Colméias vazias Uso em divisões ou transferências
Água e panos limpos Limpeza
Martelo e pregos Eventuais consertos em colméias
Máscara telada e luvas Manejo de tubuna
Seringa Coleta de mel
Sugador de abelhas Captura de abelhas
Varetas de taquara Colocação entre ninho,sobreninho e melgueiras
Recipiente com tampa Depósito de mel colhido
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38 Betina Blochtein et al.
6 GLOSSÁRIO
Batume
Material composto pela mistura de barro e resina coletada pelas abelhas,
usada para vedar frestas e limitar o interior do ninho.
Bioma
Comunidade biológica, ou seja, fauna e flora e suas interações entre si
e com o ambiente físico.
Cerume
Material composto pela mistura de cera produzida pelas abelhas e re-
sina, utilizada na construção de favos de cria, potes de alimento e
invólucro.
Corbícula
Estrutura localizada nas pernas posteriores das operárias com função
de armazenamento do pólen durante o transporte.
Ecossistema
Conjunto formado por todos os fatores bióticos e abióticos que atuam
simultaneamente sobre determinada região. São considerados como
fatores bióticos as diversas populações de animais, plantas e bactérias;
e os abióticos são os fatores externos como a água, o sol, o solo, o
vento.
Espécie endêmica
Espécie com distribuição geográfica restrita a determinada área.
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39Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
Meliponário
Local onde são colocadas as colméias de abelhas sem ferrão.
Plantas melitófilas
Espécies vegetais que atraem abelhas e fornecem néctar para a produção
de mel.
Polinização
Ato de transportar o pólen de uma antera até o estigma.
Própolis
Substância resinosa obtida pelas abelhas através da coleta de resinas
da flora (pasto apícola) da região, e alteradas pela ação das enzimas
contidas em sua saliva. A cor, sabor e o aroma da própolis variam de
acordo com sua origem botânica.
Realeira
Célula maior que as demais células do favo, normalmente localizada
em sua borda, na qual desenvolve-se a rainha.
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40 Betina Blochtein et al.
7 SUGESTÕESDE BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
CPCN-PRÓ-MATA. Centro de Pesquisa e Conservação da NaturezaPró-mata. Disponível em <http://www.pucrs.br/ima/promata/>.Acesso em 23.jan.2008.
KERR, W.K.; CARVALHO, G.A.; NASCIMENTO, V. A. AbelhaUrucu: Biologia, Manejo e Conservação. Paracatú: Acangaú,1996. 144p.
MELIPONICULTURA – Embrapa Amazônia Oriental. Disponível em:<http://mel.cpatu.embrapa.br/>. Acesso em 23.jan.2008.
NOGUEIRA-NETO, P. Vida e Criação de Abelhas Indígenas SemFerrão. São Paulo: Nogueirapis, 1997. 446 p.
PROJETO MANDURI – Sustentabilidade socioambiental e conser-vação da Mata Atlântica. Disponível em: <http://www.pucrs.br/ima/promata/manduri/index.html>. Acesso em 23.dez.2007.
SILVEIRA, F. S.; MELO, G. A. R; ALMEIDA, E. A. B. Abelhasbrasileiras: Sistemática e Identificação. Belo Horizonte:Fernando A. Silveira, 2002. 253p.
VENTURIERI, G. C. Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão.Belém: Embrapa Amazônia Oriental. 36p. 2004.
WEB BEE. Disponível em: <http://www.webbee.org.br/>. Acesso em23.jan.2008.
WITTER, S., BLOCHTEIN, B., SANTOS, C. G. Abelhas sem Ferrãodo Rio Grande do Sul: Manejo e Conservação. Porto Alegre:FEPAGRO, 2007. 79p. BOLETIM FEPAGRO, 15.
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41Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
8 ASSOCIAÇÃO PAPA-MELDE APICULTORES DE ROLANTE – RS
Essa Associação foi criada oficialmente em 2002, comoresultado dos esforços do Projeto Papa-Mel, executado pela Prefeiturade Rolante e apoiado pelo PDA, para congregar as pessoas interes-sadas em iniciar um processo de qualificação na produção do mel,especialmente sob um viés não apenas econômico, mas também deconservação dos recursos naturais. Durante seu amadurecimento comogrupo, foram realizados diversos cursos, elaborado Regimento Interno,promovidos intercâmbios e estabelecidas parcerias como PUCRS eConfederação Brasileira de Apicultura. Em 2007, a Associação propõee tem aprovado pelo PDA Mata Atlântica, o Projeto Manduri, que incluiu,entre outras atividades, a elaboração desta cartilha de manejo de trêsespécies de abelhas nativas sem ferrão. Dessa maneira, esperamoscontribuir para a disseminação de boas práticas de manejo e cuidadosque espécies ameaçadas de extinção necessitam.
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42 Betina Blochtein et al.
9 BENEFICIÁRIOS DO PROJETO MANDURI
O Projeto Manduri elegeu, por enquadrarem-se em requi-
sitos preestabelecidos, tais como serem associados da Associação
Papa-Mel, serem pequenos proprietários rurais e disporem de áreas
degradadas de suas propriedades para serem recuperadas com espé-
cies da flora nativa da Mata Atlântica, nove beneficiários diretos. Os
benefícios incluem o recebimento gratuito de enxames das espécies de
abelhas tratadas nesta cartilha, caixas racionais para transferências
dos enxames adquiridos e divisões de colméias, utensílios como jaleco,
formão, cera e fitas vedantes. Beneficiaram-se ainda com cursos espe-
cíficos incluindo o manejo das abelhas nativas sem ferrão, bem como a
ecologia das florestas. São eles:
Cláudio Luiz Tondin
Dilton de Castro
Gentil José Paulo da Silva
Girlei E. dos Passos
Jaime João Zambelli
José A. A. da Rosa
Luiz Emerson Reichert
Nilson Gilberto Fröhlich
Rafael Gehrke
Destacam-se ainda os beneficiários indiretos, difíceis de
quantificar. Em todos os encontros surgiam simpatizantes e interes-
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43Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
sados contribuindo ou simplesmente apreciando os debates acerca
da temática das abelhas nativas e do ambiente de que fazem parte.Pela característica deste trabalho, pode-se ainda afirmar que a socie-dade como um todo foi beneficiada direta ou indiretamente.
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44 Betina Blochtein et al.
10 EQUIPE EXECUTORADO PROJETO MANDURI
Betina Blochtein(Assessoria Técnica)
Dilton de Castro(Assessoria Técnica)
Gentil José Paulo da Silva(Coordenação Geral)
Jaime João Zambelli(Estagiário)
Juliana S. Galaschi Teixeira(Estagiária)
Nadilson Roberto Ferreira(Estagiário)
Rafael Gehrke(Coordenação Geral )
Sidia Witter(Assessoria Técnica)
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45Manual de boas práticas para a criação e manejo racional de abelhas sem ferrão no RS
11 AGRADECIMENTOS
Pelo pioneirismo e por cederem seu tempo e espaço que
vieram a contribuir para a realização deste trabalho agradecemos a
Girlei dos Passos, Valdomiro dos Passos e Flávio Angeli (Riozinho,
RS), João Gentil e Alzira da Silva (Rolante, RS). Agradecemos tam-
bém ao permanente apoio dos técnicos do PDA, pelo assessoramento
permanente, e ao Programa pelo financiamento que viabilizou a exe-
cução do Projeto Manduri.
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