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8/10/2019 A Ciencia Na Educacao Pre-escolar
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Maria Lcia Santos
Maria Filomena Gaspar
Sofia Saraiva Santos
A C NCIANA EDUCAOPR-ESCOL R
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Santos, Maria Lcia
educadora de infncia, licenciada em Cincias
da Educao e mestre em Cincias da Educao
pela Faculdade de Psicologia e de Cincias
da Educao da Universidade de Coimbra.
responsvel pela rea de Educao de Infnciana Fundao Bissaya Barreto, onde trabalha,
e presidente da direo da APEI, Associao
de Profissionais de Educao de Infncia
(www.apei.pt), atividade que desenvolve
em regime de voluntariado.
Gaspar, Maria Filomena
licenciada em Psicologia, com mestrado
e doutoramento em Psicologia da Educao.
professora associada da Faculdadede Psicologia e de Cincias da Educao
da Universidade de Coimbra e entre os
seus domnios de investigao encontra-se
a Educao de Infncia, designadamente
a formao de educadores de infncia
no programaAnos Incrveis Teacher Classroom
Managemente a relao com a famlia.
Santos, Sofia Saraiva
Aluna da licenciatura em Educao Bsicapara prosseguimento para o mestrado
em Educao Pr-Escolar e licenciada em
Animao Socioeducativa, tendo realizado
o estgio em contexto de jardim de infncia
e desenvolvido o projeto Naturacia: Promoo
da literacia na natureza.
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Largo Monterroio Mascarenhas, n. 1, 8. piso1099-081 LisboaTelf: 21 001 58 00ffms@ffms.pt
Fundao Francisco Manuel dos SantosOutubro de 2014
Director de Publicaes: Antnio Arajo
Ttulo: A Cincia na Educao Pr-escolar
Autores: Maria Lcia SantosMaria Filomena GasparSofia Saraiva Santos
Reviso de texto: Hlder Guegus
Design: Ins Sena
Paginao: Guidesign
Impresso e acabamentos: Guide Artes Grficas, Lda.
ISBN: 978-989-8662-82-8Depsito Legal 382 496/14
As opinies expressas nesta edio so da exclusiva responsabilidadedos autores e no vinculam a Fundao Francisco Manuel dos Santos.Os autores optaram por seguir o novo Acordo Ortogrfico.
A autorizao para reproduo total ou parcial dos contedos desta obra
deve ser solicitada aos autores e ao editor.
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A CINCIANA EDUCAO
PR-ESCOLARA promoo da literacia cientficaem jardim de infncia em Portugal
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A CINCIANA EDUCAO
PR-ESCOLARA promoo da literacia cientficaem jardim de infncia em Portugal
Maria Lcia Santos
Maria Filomena Gaspar
Sofia Saraiva Santos
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A Cincia na Educao Pr-Escolar
NDICEA Cincia na Educao Pr-Escolar
Captulo 19 Introduo
Captulo 2
11 Procedimentos e Amostra
Captulo 3
13 Avaliao da Promoo da Literaciana Educao Pr-Escolar
13 3.1. So as nossas salas de jardimde infncia amigas das Cincias?20 3.2. Os contedos cientficos das Orientaes
Curriculares para a Educao Pr-escolar
e as capacidades investigativas
23 3.3. As narrativas sobre os objetivosda Educao Pr-Escolar
24 3.4. Atividades, experincias ou projetos de exploraorealizados na rea das Cincias e os relatos de prticas
Captulo 4
27 Discusso dos Resultados e Direes para o Futuro
31 Bibliografia
Anexo 1
33 Questionrio39 II. Escala Contedos Cientficos das Orientaes
Curriculares para a Educao Pr-Escolare Capacidades Investigativas
40 III. Escala Narrativas sobre os Objetivosda Educao Pr-Escolar
41 IV. Atividades, experincias ou projetosde explorao realizados na rea das Cincias
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Anexo 2
43 Resultados
44 2. A escala Cincias no Jardim de infncia47 3. A escala Matemtica no Jardim de infncia48 4. Correlaes entre as sub-escalas das escalas
Cincia e Matemtica no Jardim de infncia
Anexo 3
49 Relatos de Prtica52 Observatrio de caracis58 Vamos fazer uma prenda para a me
64 Viagem ao mundo da luz70 Descobrindo pequenos animais nossos vizinhos73 S chuva! s chuva! Estou farta!81 A luz e a cor89 A brincar tambm se aprende:
Brincando com os Alimentos
98 descoberta dos veados na Serra da Lous110 Crescemos como as plantas!
121 Porque que aqui no cai neve?128 Materiais naturais e no naturais135 descoberta do montado144 Desafios matemticos com moedas
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Captulo 1Introduo
As Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar (DEB, 1997) consti-
tuem o quadro de referncia para todos os educadores portugueses e destinam-
-se organizao da componente letiva da Educao Pr-escolar. Enunciam eexplicitam os aspetos considerados mais importantes da interveno educativa
do educador de infncia, que incluem a organizao do ambiente educativo,
as reas de contedo, a continuidade e intencionalidade educativas.
As reas de Contedo a enunciadas so: a rea de Formao Pessoal e
Social (FPS); a rea de Expresso e Comunicao (EC), que compreende os
domnios das expresses motora, dramtica, plstica e musical, da linguagem
e abordagem escrita e da matemtica, que aqui encarada como outra forma
de linguagem, e a rea de Conhecimento do Mundo (CM). Estas reas, queconstituem as referncias gerais a considerar no planeamento das situaes e
oportunidades de aprendizagem, definem-se como mbitos de saber, com uma
estrutura prpria e com pertinncia sociocultural, que incluem diferentes tipos
de aprendizagem, no apenas conhecimentos, mas tambm atitudes e saber
fazer (DEB, 1997, p. 47). A rea do Conhecimento do Mundo, aspeto sobre
o qual este estudo se debrua, enraza-se na curiosidade natural da criana e
no seu desejo de saber e compreender porqu (p. 79) e encarada como uma
sensibilizao s cincias, que pode estar relacionada com a explorao do meio
prximo mas que aponta para a introduo de aspetos relativos a diferentes
domnios do conhecimento humano: a histria, a sociologia, a geografia, a
fsica, a qumica e a biologia (p. 80). Cabe ao educador, partindo daquilo
que a criana j sabe e da sua curiosidade natural, articular as diferentes reas
de contedo e domnios e proporcionar oportunidades de aprendizagem que
lhe permitam dar sentido ao mundo sua volta.
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O estudo que agora se apresenta sobre a promoo da literacia cientfica
em jardim de infncia foi realizado ao longo do ano 2013, com o objetivo de
responder s seguintes questes:
Que conhecimentos, atitudes e competncias so valorizados nos jar-dins de infncia portugueses na promoo da desejvel literacia cientfica de
crianas antes da idade escolar?
Partindo do pressuposto emprico de que existe uma relao positiva
entre a qualidade do contexto de aprendizagem e a qualidade das aprendi-
zagens realizadas pelas crianas, sero as nossas salas dos jardins de infncia
amigas das cincias?
Partindo destas questes, definimos os seguintes objetivos especficos:
1. Identificar as caractersticas de uma sala amiga das cincias,2. Caracterizar as prticas no mbito das cincias nos jardins de infncia,
3. Identificar necessidades de formao dos educadores no domnio das
cincias,
4. Identificar boas prticas de promoo da literacia cientfica.
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Captulo 2Procedimentos e Amostra
Com vista a atingir os objetivos explicitados, preparmos um questionrio
(cf. Anexo 1) cuja verso final colocmos numa plataforma informtica e
envimos o pedido de preenchimento aos associados e amigos (Facebook) daAssociao de Profissionais de Educao de Infncia (APEI) e aos jardins de
infncia da rede pblica e privada.
Acederam ao questionrio, atravs da plataforma, 595 educadores de
infncia, tendo 297 respondido a um nmero suficiente de questes que
permitiu inclu-los no presente estudo1. Destes, 46,0 % tinha menos de 40
anos e 38,4 % mais de 45 anos. Em anos de servio, 53,1 % tinha at 19 anos
de servio, tendo os restantes 46,9 % 20 anos ou mais. No que diz respeito
formao inicial, 2,4 % (n=7) dos educadores da amostra so bacharis, 29,9 %(n=86) realizaram a licenciatura de quatro anos e 23,6 % (n=68) efetuaram
Complementos de Formao (CF). Com mestrados integrados em Educao
(ps-Bolonha), temos 13 educadores, sendo nove (3,1 %) em Educao de
Infncia e quatro (1,4 %) em Educao de Infncia e Ensino Bsico. Quatro
educadores tm o grau de doutor. Para efeitos de anlise de resultados, e
no que se refere habilitao acadmica, foram criadas quatro categorias:
1 = bacharelato; complemento de formao; diploma de estudos superiores
especializados; 2 = licenciatura de 4 anos; 3 = mestrados integrados em edu-
cao; 4 = ps-graduaes, mestrados e doutoramentos. Em cada categoria
ficaram, respetivamente, os seguintes nmeros de educadores: 89; 86; 100; 13.
Olhando para a rede em que se insere o jardim de infncia onde os
educadores exerciam as suas funes 53,6 %; (n=153), encontrava-se na rede
1 Cf. Anexo 2 para informaes mais especficas sobre as caractersticas da amostra deste estudo.
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pblica, enquanto os restantes se distribuam pela rede particular solidria
(25,0 %; n=70) e pela rede particular cooperativa (20,4 %; n=57).
Numa segunda fase, e depois de analisadas as respostas dos educadores
s perguntas abertas do questionrio em que se solicitava uma breve descri-o de atividades ou projetos de explorao realizadas, foram selecionadas
24, a cujos autores pedimos relatos mais extensos. Nesta seleo procurmos
obter relatos representativos da explorao de diferentes conceitos cient-
ficos para ilustrar a abrangncia e diversidade de abordagens no trabalho
desenvolvido pelos educadores de infncia. Recebemos 14 relatos, dos quais
13 so apresentados em anexo.
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Captulo 3Avaliao da Promoo da Literacia na Educao
Pr-Escolar
Conforme referido, para a avaliao da promoo da literacia cientfica na
educao pr-escolar, por meio da caracterizao de uma sala amiga dascincias e de relatos de boas prticas, construmos um questionrio orga-
nizado em quatro dimenses: I) escalas Cincias e Matemtica; II) escala
Contedos Cientficos das Orientaes Curriculares para a Educao Pr-
Escolar e Capacidades Investigativas; III) escala Narrativas sobre os Objetivos
da Educao Pr-Escolar; IV) Atividades, experincias ou projetos de explo-
rao realizados na rea das Cincias (cf. Anexo 1).
3.1. So as nossas salas de jardim de infncia amigas das Cincias?
A primeira parte do questionrio, constituda pelas escalas Cincias e
Matemtica, foi elaborada com base nas duas subescalas Cincias e Matemtica
da escala ECERS-E (Early Childhood Environment Rating Scale Extended; Sylva,
Siraj-Blatchford & Taggart, 2003, 2006).
A ECERS-E2constituiu uma extenso da ECERS-R (Early Childhood
Environment Rating ScaleRevista) de Harms, Clifford e Cryer (1998), a qualpor sua vez resulta de uma reviso daEarly Childhood Environment Rating
2 O original da ECERS, desenvolvida na dcada de 80, de Harms e Clifford. A verso inglesa daECERS-E foi construda por Kathy Silva, Professor of Educational Psychology at University of Oxford;
Iram Siraj-Blatchford, Professor of Early Childhood Education at the Institute of Education, Universityof London;Brenda Taggart, Research, coordinator of the Effective Pre-School and Primary Education
Project 3-11 (EPPE 3-11) at the Institute of Education, University of London . A verso portuguesa parainvestigao da ECERS-E de Maria Filomena Ribeiro da Fonseca Gaspar, Professora da Faculdade de
Psicologia e de Cincias da Educao da Universidade de Coimbra, Maria Emlia Nabuco, Professora
reformada da Escola Superior de Educao de Lisboa, e Silvrio Prates.
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Scale(ECERS). A ECERS foi desenvolvida nos anos 80 em torno do conceito
de DAP (Developmentally Appropriate Practice)3, com o objetivo de avaliar a
qualidade de programas de educao de infncia em salas com crianas dos
trs aos cinco anos. um instrumento de grande aceitao internacional,milhares de investigadores em todo o mundo, Estados Unidos da Amrica,
Canad, Europa, Austrlia, etc., j usaram a ECERS ou uma das suas subes-
calas, para avaliar a qualidade em educao pr-escolar. Nos EUA, e no Reino
Unido sobretudo, so tambm utilizadas pelas autoridades locais para melho-
rar a qualidade dos servios prestados s crianas e avaliar os seus efeitos.
Em Portugal, alm de provavelmente algumas centenas de investigaes j
realizadas, os estudos com maior aceitao e divulgao que utilizam este
instrumento so os de Bairro Ruivo (1998). Estas escalas tm a grande van-tagem de estar em conformidade com os princpios gerais das Orientaes
Curriculares para a Educao Pr-Escolar (DEB, 1997) e de terem em conta
a investigao realizada em diferentes pases sobre a qualidade dos contextos
e o desenvolvimento das crianas.
O facto de a ECERS-R ser pouco complexa na avaliao das atividades
concretizadas para promover o desenvolvimento da literacia emergente,
numeracia e raciocnio cientfico, assim como no que diz respeito diversidade
intelectual e cultural, conduziu uma equipa de investigadores do Reino Unidoa introduzirem quatro subescalas novas na ECERS-R: Literacia, Matemtica,
Cincia e Diversidade (Sylva, Siraj-Blatchford & Taggart, 2003). O objetivo
era avaliar a qualidade do currculo, incluindo a pedagogia, nesses domnios
essenciais ao desenvolvimento acadmico das crianas, refletindo as orienta-
es curriculares inglesas nacionais para oFoundation Stage4, assim como as
mudanas na noo de DAP. Esta extenso da ECERS passou a ser designada
por ECERS-E (Early Childhood Environment Rating Scale-Extended). A verso
portuguesa para investigao foi adaptada por Gaspar, Nabuco e Prates em2003. Foi a partir das subescalas Cincia e Matemtica que elabormos as duas
subescalas Cincia e Matemtica do questionrio utilizado no presente estudo.
Sem falar nos EUA, onde foram realizados inmeros estudos, sendo o
mais conhecido talvez oAbecedarian; na Europa, um dos projectos europeus
3 DAP uma abordagem pedaggica que assenta na pesquisa sobre o modo como as crianas sedesenvolvem e aprendem.
4 Foundation Stage a designao inglesa para a educao das crianas dos 3 aos 5 anos.
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mais divulgados que utiliza a ECERS-R e a ECERS-E o estudo longitudinal
Effective Provision of Pre-school Education Project(EPPE), feito com a colabora-
o de vrias universidades do Reino Unido e que j dura h mais de dez anos.
De acordo com a literatura, as propriedades psicomtricas da ECERS-Eincluem um acordo entre avaliadores com correlaes acima de 0,88, assim
como um valor elevado de validade concorrente com a ECERS-R (0,78). O valor
mdio global obtido na ECERS-E mostra associaes positivas estatistica-
mente significativas com as competncias de literacia, raciocnio no verbal e
numeracia das crianas (Brenneman, 2011). Quanto consistncia interna da
escala, ao nvel das subescalas, os autores verificaram que os valores variavam
entre 0,71 e 0,88, enquanto para a escala global o valor de consistncia interna
era de 0,92 (Harms, Cryer & Clifford, 1998).Analismos igualmente a fidelidade ou consistncia interna5(alfa de
Cronbach) das nossas escalas Cincia e Matemtica, com o objetivo de avaliar
se possuam as caratersticas que permitem a sua utilizao na investigao
da qualidade nestes domnios. Os valores de alfa de Cronbach para a nossa
amostra variaram nas subescalas Cincias entre 0,81 e 0,92 e nas subescalas da
Matemtica entre 0,86 e 0,91, revelando elevada consistncia interna, o que
nos assegura que podemos ler com segurana estatstica os resultados obtidos
e afirmar que quanto maior for a pontuao, maior ser a qualidade avaliadapor essa subescala. Ou seja, quanto maior for a pontuao nas subescalas
Cincias, maior ser a probabilidade de estarmos perante uma sala amiga
das Cincias, uma sala em que os educadores utilizam boas prticas de
promoo da literacia cientfica, constituindo os seus itens (cf. Anexo 1)
os indicadores destas prticas. Isto ,umasala amiga das cinciaster as
caractersticas enunciadas nas subescalas e ser tanto mais amiga quanto
maior for a pontuao obtida em cada uma delas.
Passamos agora a analisar as respostas dos educadores para assim carac-terizarmos as prticas no mbito das Cincias nos jardins de infncia portu-
gueses (cf. Anexo 2, Quadros 3 a 8).
5 A fidelidade um indicador do grau de confiana que podemos ter na exatido da informao dada
pelo instrumento (Almeida & Freire, 2007), sendo valores iguais ou superiores a 0,70 consideradosbons (DeVellis, 2011) e iguais ou acima de 0,90 classificveis no patamar de excelncia (Kline, 1998),
sendo os inferiores a 0,60 classificados como pobres. Embora fidelidade (todos os itens medem o
mesmo construto) e validade (o instrumento avalia o que se prope avaliar) sejam construtos dife-rentes, so construtos inter-relacionados, no podendo um instrumento ser vlido a no ser que
apresente uma boa fidelidade (Tavakol & Dennick, 2011).
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O valor mdio mais baixo obtido foi na subescala rea de Cincias /
materiais de Cincias. Quando olhamos para os valores obtidos em cada
uma das dez questes que constituem esta subescala, verificamos que h
duas questes com valores mdios inferiores: Existem materiais de cinciasnoutras reas para alm da rea de cincias?; Existem colees de coisas
com propriedades diferentes ou semelhantes (coisas que rolam, que esticam,
que balanam, feitas de plstico, metal, etc.), nessa rea?. Saliente-se que
este valor corresponde resposta de apenas 178 educadores, ou seja, 59,9 %
da amostra, que foram os que indicaram ter na sua sala uma rea das Cincias
(os restantes, 119 educadores (40,1 %) responderam que na sua sala no existe
uma rea das Cincias).
Segue-se, numa leitura em ordem crescente dos resultados obtidos, asubescala Atividades de Cincias: processos cientficos preparao de ali-
mentos, na qual o valor mais baixo obtido se refere questo A preparao
de alimentos feita pelos adultos na frente das crianas?.
Continuando esta leitura dos resultados de forma crescente, chegamos
subescala Materiais Naturais em que as duas questes com valores mais
baixos so: Gosta de insetos, vermes, etc?; Existem na sala materiais natu-
rais (exemplo, plantas, pinhas, rochas, conchas)?. Analismos a resposta dos
educadores questo Manipula (mesmo que no goste) insetos e vermesquando os trabalha com as crianas e verificmos que o valor mdio obtido
superior, o que nos indica que estes dois itens podero estar relacionados.
Com esse objetivo, calculmos a correlao (Pearson), a qual se revelou posi-
tiva (0,62) e estatisticamente significativa (p.
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exemplo, Introduz palavras e conceitos cientficos (exemplo: flutuar, ir ao
fundo, fundir, evaporar, temperatura, calor, presso, volume, flexibilidade,
dureza, como/porque que as coisas se movem) nessas exploraes?; Encoraja
as crianas a darem respostas s questes que se levantam sistematicamente?(Exemplo: como que os materiais mudam, o que que acontece quando se
usam lupas, manes, materiais que mergulham e materiais que flutuam, etc.)?
e onde a questo Chama a ateno para as caractersticas e mudanas dos
materiais (exemplo: velas de anos que se liquefazem?) obteve o valor mais
baixo e a questo Encoraja as crianas a envolver-se e a explorar aspetos do
seu meio ambiente fsico? obteve o valor mais elevado.
Interessava-nos tambm perceber se educadores com habilitaes aca-
dmicas diferentes tm respostas diferentes no que se refere s Cincias.Com esse objetivo, efetumos uma anlise de varincia a um fator conside-
rando para a varivel habilitaes os quatro grupos criados: 1) bacharelato,
complemento de formao, diploma de estudos superiores especializados; 2)
licenciatura de quatro anos; 3) mestrados integrados em educao de infn-
cia; 4) ps-graduaes, mestrados e doutoramentos. Os resultados obtidos
permitem-nos afirmar que existe uma equivalncia estatstica entre as respos-
tas dos educadores dos quatro grupos nas duas subescalas rea das cincias
e materiais de cincias e processos vivos e mundo nossa volta. Porm,quer na subescala processos cientficos gerais quer na subescala materiais
naturais os educadores do segundo grupo (licenciatura) obtiveram um valor
mdio inferior aos restantes. Essa diferena s significativamente estatstica
na subescala processos cientficos gerais [F(3,284)=3,67; p
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e a fazer perguntas e a dar respostas s perguntas que fazem e a participar em
discusses acerca dos materiais e das suas caractersticas e a registar as suas
concluses. So tambm os educadores com uma licenciatura de quatro anos,
em comparao com os seus colegas do grupo com bacharelato, complementode formao ou diploma de estudos superiores especializados, os que tm
salas com menos materiais naturais e que podem ser acedidos livremente pela
criana, os que menos conversam com as crianas sobre as caractersticas desses
materiais e os usam para ilustrar conceitos, os que gostam menos de insetos e
vermes e os manipulam no trabalho com as crianas, os que conversam menos
sobre fenmenos naturais e que encorajam menos as crianas a trazer de casa
materiais naturais e tambm os que menos registam as descries das crianas
da observao de fenmenos naturais, incluindo terem desenhos das crianascom a representao desses materiais.
Estes resultados indicam-nos que necessrio criar oportunidades de
formao contnua para estes educadores.
A escala Matemtica do questionrio de Avaliao da Promoo da
Literacia Cientfica na Educao Pr-Escolar constituda por quatro subes-
calas cujos itens, semelhana da escala Cincias, so os indicadores de uma
sala amiga da Matemtica e de prticas pedaggicas promotoras de literacia
matemtica (cf. Anexo 2, Quadro 9). Na subescala Contagem e utilizao decontagem, temos os seguintes exemplos de questes: Existem recursos dis-
posio das crianas que encorajam atividades de contagem (conchas, botes,
etc.)?; As crianas so encorajadas a contar objetos e a associar os nomes
dos nmeros a conceitos numricos (por exemplo, seis pacotes de leite para
seis crianas; duas bolas para duas crianas)?. Na subescala Ler e escrever
nmeros simples, temos questes como: Nmeros e a quantidade de objetos
correspondente so mostrados um ao lado do outro (por exemplo, o nmero
3 ao lado de trs mas)?; As crianas so encorajadas a escrever nmerosem materiais naturais (por exemplo, no exterior no cho de terra; no interior
numa superfcie com areia]?. Quanto s Actividades matemticas: Formas
e espao, so exemplos de itens as questes: dirigida a ateno das crian-
as para as formas que existem no seu ambiente (e.g.,bolas redondas, janelas
quadradas)?; Os adultos encorajam as crianas a compreenderem as proprie-
dades de diferentes formas (por exemplo, os trs lados de um tringulo) e a
utilizarem essa compreenso para resolverempuzzlesde formas e a aplicarem
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o seu conhecimento a novas situaes?. E, por fim, na subescala Atividades
matemticas: seriar, classificar e comparar, entre as questes contam-se:
As crianas seriam e/ou agrupam pelo menos com base em um critrio (e.g.,
pesado/leve ou apenas pela cor)?; As crianas so encorajadas a completaruma atividade de seriao, classificao ou comparao e depois a repetir
utilizando um critrio diferente, incluindo o seu prprio critrio, como base
para a atividade (e.g.,arranjar chapus pelo tamanho, depois pela forma)?.
Quando consideramos os valores mdios obtidos, verificamos que, con-
trariamente ao que aconteceu na escala de Cincias, nenhuma subescala de
Matemtica tem um valor mdio inferior mdia possvel de obter. A subescala
Ler e Escrever Nmeros foi a que apresentou um valor mdio mais baixo,
sendo que este valor se aproxima do valor mdio mais elevado obtido nassubescalas de Cincias e sendo todos os outros valores mdios nas subescalas
de Matemtica superiores aos das subescalas de Cincias.
Podemos concluir da anlise dos resultados da escala de Cincias que
as nossas salas apresentam uma qualidade mdia em todas as subescalas, no
havendo, porm, nenhuma com um valor mdio indicador de elevada quali-
dade. Os dados indicaram claramente que as nossas salas tm de melhorar no
sentido de se caminhar para a existncia de uma rea de Cincias que 40,1 %
dos respondentes indicou no possuir. Os dados mostraram ainda que, nassalas onde a rea de Cincias j existe, devero ser melhorados os seguintes
aspetos: existncia de materiais de cincias tambm noutras reas alm da rea
de cincias, e de colees de coisas com propriedades diferentes ou semelhantes
(coisas que rolam, que esticam, que balanam, feitas de plstico, metal, etc.)
nessa rea. Outros aspetos a melhorar nas nossas salas so a preparao de
alimentos ser feita pelos adultos na frente das crianas e existirem na sala mais
materiais naturais (por exemplo, plantas, pinhas, rochas, conchas). Tambm
as atitudes dos educadores devero ser alvo de reflexo no que se refere a queem mdia indicam gostarem pouco de insetos e vermes, porque se correlacio-
nam negativamente com manipularem esses seres vivos quando trabalham
com as crianas. No que diz respeito aos processos cientficos avaliados, quer
processos vivos e mundo nossa volta, quer processos cientficos gerais, as
salas da nossa amostra indicaram apresentar qualidade mdia.
Outro dado interessante do nosso estudo foi a indicao de que as nossas
salas so mais amigas da Matemtica que das Cincias, o que nos permite
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inferir que os nossos educadores tm mais prticas de promoo da litera-
cia matemtica que cientfica. Este dado no surpreende tendo em conta o
investimento poltico-educativo que tem sido feito ao nvel da formao
em Matemtica e operacionalizao das orientaes curriculares na rea daMatemtica. Pe-se, porm, a questo: so as salas mais amigas das Cincias
as mais amigas da Matemtica ou estas duas caractersticas no se relacio-
nam de forma significativa? Para respondermos a esta questo, calculmos
as correlaes (correlao de Pearson) entre os resultados de cada subescala
das duas escalas. Os resultados obtidos (cf. Quadro 10 em Anexo 2) indicam-
-nos que existe uma correlao positiva e significativamente estatstica entre
todas as subescalas da escala de Matemtica com todas as subescalas da escala
de Cincias, sendo as correlaes mais baixas, mas mesmo assim estatisti-camente significativas, as obtidas com a subescala Atividades de Cincias
Processos Cientficos Preparao de Alimentos, e as mais altas com a
subescala Atividades de Cincias Processos Cientficos Processos Vivos e
Mundo nossa volta. Este resultado indica que quando as salas apresentam
qualidade numa das dimenses, apresentam-na igualmente na outra.
3.2. Os contedos cientficos das Orientaes Curricularespara a Educao Pr-escolar e as capacidades investigativas
A escala II do questionrio elaborado (cf. Anexo 1) solicitava aos educadores
que assinalassem quais os contedos cientficos, que integram a rea de
Conhecimento do Mundo nas Orientaes Curriculares para a Educao
Pr-escolar, que abordaram com as crianas nos ltimos seis meses, pedindo-
-lhes que apontassem igualmente se essa abordagem tinha sido superficial
ou se tinha feito parte de projetos de investigao mais longos e profundos.
Adicionalmente, e para cada um desses contedos, foi ainda solicitado que
classificassem a) o seu conhecimento em cada contedo relativamente sua
preparao para o trabalhar com as crianas; b) a frequncia com que recorriam
a websitespara aumentar o seu conhecimento nesses contedos cientficos.
Os 12 contedos cientficos listados no questionrio so: o meio
prximo/o ambiente natural; a descoberta de si; a fsica (luz/sombra, luz
natural/artificial, ar, gua,); a qumica; a biologia; a meteorologia; a geologia;
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a educao ambiental; a educao para a sade; a matemtica; a histria/
sociologia; a geografia.
Considerando os educadores que indicaram no abordar os contedos nos
ltimos seis meses, quer em atividades de iniciativa da criana ou do educadorou de ambos, podemos afirmar que os contedos menos abordados foram a
Geologia (51,2 %) e a Qumica (50,8 %). Seguem-se, em ordem decrescente, a
Histria (40,1 %); a Biologia (39,4 %) e a Geografia (35,4 %).
O contedo mais abordado foi o Meio Prximo/Ambiente Natural, com
apenas 25,6 % dos educadores a indicar que no o abordou em atividades de
iniciativa da criana ou do educador ou de ambos. Segue-se A Descoberta de
Si (26,3 %), a Matemtica (28,0 %), a Fsica (29,6 %), a Meteorologia (29,3 %),a Educao para a Sade (30,0 %) e a Educao Ambiental (32,0 %).
Considerando as respostas ao pedido que indicassem igualmente se esses
contedos, no mesmo perodo temporal, foram abordados em projetos de
investigao mais longos e profundos, em ordem decrescente (do contedo
mais abordado para o menos) de resposta temos as seguintes percentagens
de educadores a indicar que abordaram: Meio Prximo/Ambiente Natural =
63,5 %; Matemtica = 60,1 %; Educao Ambiental = 59,5 %; Descoberta de
Si = 57,4 %; Educao para a sade = 49,7 %; Meteorologia = 42,0 %; Fsica =31,1 %; Biologia = 27,0 %; Geografia = 20,9 %; Histria = 17,6 %; Qumica =
8,1 % e Geologia = 6,4 %.
Tendo como referncia os resultados das respostas dos educadores
questo De 1 a 5 como classificava o seu conhecimento em cada contedo
relativamente sua preparao para o trabalhar com as crianas (com 1 a
indicar nenhuma e 5 a indicar muita preparao), podemos afirmar que
as reas de contedo onde se sentem mais preparados, porque obtiveram
valores mdios superiores a quatro pontos, so: Descoberta de Si (M = 4,41),Educao Ambiental (M = 4,25), Matemtica (M = 4,25), Educao para a Sade
(M = 4,22), Meio Prximo/Ambiente Natural (M = 4,10). Seguem-se, com pon-
tuaes mdias acima de 3, a Meteorologia (M = 3,83), a Biologia (M = 3,57),
a Histria/Sociologia e a Geografia (M = 3,49) e a Fsica (M = 3,47). Os con-
tedos em que os educadores se sentem menos preparados so a Geologia
(M = 2,92) e a Qumica (M = 2,77).
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Os educadores afirmam recorrer a websitespara aumentar os seus conhe-
cimentos especialmente sobre Biologia (M = 3,59), Educao Ambiental
(M = 3,58), Fsica (M = 3,57) Meio Prximo (M = 3,53), Educao para a Sade
(M = 3,52) e Matemtica (M = 3,52). O mesmo acontece com as outras reas decontedo, sendo os valores mdios obtidos sempre superiores a 3: Geografia
(M = 3,36), Qumica (M = 3,36), Meteorologia (M = 3,35), Descoberta de Si
(M = 3,33), Histria (M = 3,28), Geologia (M = 3,16).
Quisemos tambm saber que capacidades investigativas eram estimuladas
pelos educadores e como classificavam a sua interveno para estimular essas
capacidades (com 5 a indicar a estimulao mxima).
As 11 capacidades investigativas includas no questionrio foram: obser-var (naturalmente e com lupas, binculos, microscpios); registar; comparar;
prever; pr questes; formular hipteses; explorar e investigar; testar hip-
teses; interpretar (analisar/explicar resultados); planear projectos simples/
planear tarefas; tirar concluses/tomar decises. Com base nas respostas dos
educadores, podemos afirmar que as capacidades investigativas estimuladas
so, por ordem decrescente das mais estimuladas para as menos estimuladas:
Observar (56,6 %); Comparar e Pr Questes (53,5 %); Registar (52,5 %); Tirar
Concluses (52,2 %); Interpretar (47,5 %); Formular Hipteses e Explorar/Investigar (46,5 %); Planear Projetos (45,1 %); Prever (37,0 %); Testar Hipteses
(34,3 %). De notar que no h nenhuma percentagem superior a 56,6 %, o que
um dado muito importante a reter, uma vez que indica que quase metade
dos educadores no estimula pelo menos uma capacidade investigativa bsica.
No que se refere forma como os educadores autoavaliaram a sua inter-
veno para estimular essas capacidades, numa escala de 1 a 5, com 5 a indicar
a estimulao mxima, os dados mdios obtidos foram todos superiores a 3,5
e com a seguinte ordenao decrescente: Observar (M = 4,17), Pr questes(M = 4,16), Registar (M = 4,07), Explorar/Investigar (M = 4,07), Interpretar
(M = 3,99), Planear Projetos (M = 3,97), Formular Hipteses (M = 3,97),
Comparar (M = 3,95), Prever (M = 3,64).
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3.3.As narrativas sobre os objetivos da Educao Pr-Escolar
Considerando que a promoo da desejvel literacia cientfica de crianas em
educao pr-escolar se insere numa narrativa pessoal do educador sobre os
objetivos desta etapa do sistema educativo, foram elaboradas trs narrativase solicitado aos educadores que assinalassem o seu grau de identificao a
cada uma delas numa escala de resposta de trs opes: muito (3) , pouco (2),
nada (1) (cf. Anexo 2, Escala III).
As narrativas procuram ilustrar a diversidade existente e so as seguintes:
Narrativa 1:A educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento de uma
personalidade equilibrada na criana. Mais que os contedos, a qualidade da relao
com o educador o cerne da educao pr-escolar.
Narrativa 2:A educao pr-escolar deve visar a apropriao, pela criana,
de ferramentas de pensamento e, por isso, os processos e linguagem cientficos tm
de ser apropriados pela criana.
Narrativa 3:A educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento global da
criana e no a apropriao de contedos e processos de pensamento da rea das
Cincias ou da Matemtica.
Os dados mdios obtidos foram: Narrativa 1, M = 2,64 (n=141); Narrativa
2, M = 2,85 (n = 160); Narrativa 3, M = 1,86 (n = 132), o que indica que nesta
amostra a Narrativa 2 a que mais se aproxima das crenas dos 160 educado-
res que responderam a esta questo, logo seguida pela Narrativa 1 com um
valor muito prximo. A narrativa de que os educadores mais se afastam a
terceira, a qual implica a crena de que a educao pr-escolar no deve visar a
apropriao pela criana de contedos e processos de pensamento na rea das
Cincias ou da Matemtica. Este resultado vem reforar que os educadores da
nossa amostra tm atitudes positivas face promoo da literacia cientfica.
Quando correlacionamos estas trs narrativas, os resultados indicam-nos
que no h uma correlao significativa entre as narrativas 1 e 2, mas h entre
a 3 e a 2 (negativa e estatisticamente significativa (r = -0.26, p
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e linguagem cientficos tm de ser apropriados pela criana, menos concordam
queA educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento global da criana e no
a apropriao de contedos e processos de pensamento da rea das Cincias ou
da Matemtica.Adicionalmente, encontramos uma correlao positiva eestatisticamente significativa entre a 3 e a 1 (r = 0.36, p
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de infncia conceberem as suas prprias prticas de promoo da literacia
cientfica nas crianas com quem desenvolvem a sua atividade profissional.
Os relatos de prticas foram solicitados por meio de uma carta enviada
por e-mailaos educadores (cf. Anexo 3). Nesta, o educador era informado quea sua resposta questo Enuncie experincias concretas/atividades ou pro-
jetos de explorao que realizou e descreva-as(os) em 10 linhas no mximo,
havia sido identificada como podendo constituir um exemplo de uma boa
prtica e que, por esse motivo, lhe estava a ser solicitada, mais uma vez, a sua
colaborao escrevendo um texto, em formato de artigo, sobre a temtica
identificada. Foram enviadas indicaes precisas sobre a estrutura que esse
texto deveria ter, as normas a seguir, assim como o tamanho mximo.
Os 13 relatos de prtica obtidos encontram-se em anexo (cf. Anexo 3).
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Captulo 4Discusso dos Resultados e Direes para o Futuro
Os valores de fidelidade obtidos para cada uma das cinco subescalas da escala
Cincias que desenvolvemos permitem-nos afirmar que pontuaes elevadas
so indicadoras de uma Sala amiga das Cincias, podendo estas ser utilizadaspelos educadores de infncia como um instrumento de auto-observao para
a identificao das reas fortes a manter e das reas mais frgeis que neces-
sitam de ser reforadas.
Considerando os resultados do nosso estudo nesta escala, podemos afir-
mar que as nossas salas apresentam uma qualidade mdia na promoo da
literacia cientfica, mas tambm apontam para a necessidade de serem criadas
reas das Cincias onde no existem e, quando essa rea j existir, importante
que existam mais materiais de cincias tambm noutras reas alm da reade cincias, colees de coisas com propriedades diferentes ou semelhantes
(coisas que rolam, que esticam, que balanam, feitas de plstico, metal, etc.) e
mais materiais naturais (exemplo: plantas, pinhas, rochas, conchas) nessa rea.
Outro aspeto a melhorar nas nossas salas, de acordo com os dados obtidos,
a preparao de alimentos ser feita pelos adultos na frente das crianas.
Este item obteve a mdia mais baixa na subescala a que pertence o que pode
ser explicado por questes culturais e organizacionais, i.e.,a preparao dos
alimentos feita em cozinhas mais ou menos afastadas da sala de atividades.
Alerta-nos, no entanto, para a necessidade de introduzir no currculo opor-
tunidades para as crianas manipularem e explorarem os alimentos. Tambm
as atitudes dos educadores devero ser alvo de reflexo no que se refere ao
modo como as suas preferncias pessoais influenciam o currculo, quando
indicam gostarem pouco de insetos e vermes, sobretudo porque se correla-
cionam negativamente com manipularem esses seres vivos quando trabalham
com as crianas. Outro dado interessante do nosso estudo foi indicar que as
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nossas salas so mais amigas da Matemtica que das Cincias, o que como
j referimos no um resultado que nos surpreenda tendo em conta a enfse
posta nos ltimos anos na disponibilizao de formao centrada nesta rea
do conhecimento.Com base nos dados que acabmos de discutir, podemos afirmar que
os nossos educadores beneficiariam de formao em Cincias, de modo a
valorizarem a existncia de uma rea de cincias na sala de atividades, devi-
damente equipada com os materiais e as oportunidades de aprendizagem
identificadas pela escala. As habilitaes acadmicas dos educadores no
indicaram estar relacionadas com diferenas nestas variveis especficas,
apesar de terem indicado que os licenciados em Educao Pr-Escolar obtm
resultados inferiores nas subescalas materiais naturais e processos cientfi-cos gerais, o que alerta para a necessidade de uma formao de proximidade
e direcionada para a prtica, com especial nfase nestas duas reas e neste
grupo de educadores. Adicionalmente, e considerando as respostas que os
educadores deram sobre os diferentes domnios cientficos, expressos nas
Orientaes Curriculares para a Educao Pr-Escolar, a Geologia e a Qumica
so os contedos menos abordados pelos educadores (mais de 48,0 % indicou
no abordar), juntando-se-lhes a Meteorologia, a Fsica, a Biologia e a Histria
quando se trata de integrar esses contedos em projetos de investigao maislongos e profundos. Estamos assim perante um conjunto de contedos que
ser necessrio reforar na formao dos educadores de infncia, tendo eles
prprios indicado a Geologia e a Qumica como aqueles em que possuem
menos conhecimento. Em todas estas matrias os educadores indicam recorrer
a websitespara aumentar os seus conhecimentos.
Quando nos centramos nas capacidades investigativas que os educado-
res dizem estimular nas crianas, os resultados indicam que mais de 50,0 %
dos educadores referem no estimular as seguintes: interpretar; formularhipteses; explorar/investigar; planear projetos; prever e testar hipteses,
embora classifiquem a sua interveno como boa. Este aspeto refora, no nosso
entender, a necessidade de uma formao em contexto, isto , diretamente
relacionada com as prticas dos educadores, que valorize a integrao destas
competncias, isto , seguir o processo de descoberta fundamentada que
caracteriza a investigao cientifica e favorecendo a construo de conceitos
mais rigorosos partindo dos saberes e interesses das crianas e mobilizando
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as restantes reas de contedo para produzir aprendizagens com significado
para as crianas. Por outro lado, este aspeto refora tambm a necessidade de
que esta formao constitua um espao de partilha e que permita a reflexo
sobre a interveno educativa e a divulgao e utilizao de instrumentos etcnicas que permitem aos educadores autoavaliarem a sua interveno de
forma mais concreta (por exemplo, atravs do visionamento das suas prprias
prticas ou observao das prticas de outros educadores ou a aplicao de
instrumentos de reflexo e regulao da ao educativa como os disponi-
bilizados no Manual Desenvolvendo a Qualidade em Parcerias (DGIDC6),
a escala aqui utilizada e outros.
A narrativa que os educadores tm sobre a misso da educao pr-
-escolar no mostrou estar relacionada com as suas prticas de promoo daliteracia cientfica, tal como as avalimos. Refora, no entanto, a ideia de que
os educadores da nossa amostra tm atitudes positivas face promoo da
literacia cientfica (o maior afastamento verifica-se em relao narrativa 3),
acreditando que a educao pr-escolar deve visar a apropriao, pela criana,
de ferramentas de pensamento e, por isso, os processos e linguagem cient-
ficos tm de ser apropriados pela criana (narrativa 2) com vista ao desenvol-
vimento de uma personalidade equilibrada na criana (narrativa 1). Utilizando
a expresso de Fiolhais (2011, p. 62), no teremos ainda um casamento daeducao pr-escolar com a cincia, ser efetivamente apenas um namoro,
mas um namoro que parece ter algumas bases slidas para se fortalecer.
Por fim, os relatos de prticas que se encontram em anexo podero servir
de apoio ao educador que deseje ampliar e diversificar as suas experincias
de promoo da literacia cientfica nas suas salas.
Terminamos com a convico de que demos um contributo valioso para
a caracterizao do estado de arte no que diz respeito promoo da literacia
cientfica nas nossas salas de educao pr-escolar, elucidando as caractersticasde uma sala amiga das Cincias e identificando algumas das necessidades de
formao dos educadores neste domnio e, partindo do pressuposto emprico
que moveu este estudo de que existe uma relao positiva entre a qualidade
6 Pascal, C., & Bertram, T., (2009). Desenvolvendo a Qualidade em Parcerias: Manual.Coleo Aprender em Companhia. Lisboa: Ministrio da Educao. Direo-Geral de
Inovao e Desenvolvimento Curricular.
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do contexto de aprendizagem e a qualidade das aprendizagens realizadas
pelas crianas.
De acordo com Boaventura Sousa-Santos, cada mtodo uma linguagem
e a realidade responde na lngua em que perguntada (2010, p. 48). , porisso, necessrio que continuemos a interrogar-nos sobre o(s) caminho(s) para
a promoo da literacia cientfica nas nossas salas de jardim de infncia, pois
como as crianas, a realidade tambm se expressa e pode ser lida em mltiplas
linguagens.
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Bibliografia
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Anexo 1Questionrio
I. Escalas de Cincias e Matemtica
Escala de Cincias
1.Sub-escala Materiais naturais Nada
Pouco
Bastante
Muito
Existem na sala materiais naturais (Ex: plantas, pinhas, rochas, conchas)?
Existem na sala materiais naturais acessveis (que podem ser manipuladose acedidos de forma livre) s crianas?
Existem no espao exterior materiais naturais ao alcance das crianas(ex: plantas)?
Conversa com as crianas sobre as caractersticas dos materiais naturais?
Os materiais naturais so usados para alm da simples decorao para ilustrarconceitos especficos (Ex: crescimento, ciclos de vida, etc)?
Gosta de insectos, vermes, etc. ?
Manipula (mesmo que no goste) insectos e vermes quando os trabalha comas crianas?
Conversa com as crianas sobre fenmenos naturais (Ex: chuva, vento, calor)?
As crianas podem trazer de casa objectos naturais?
Encoraja as crianas a trazerem materiais naturais para o jardim de infncia?
Tem registos de descries das crianas relativos a observaes de materiaisnaturais?
Tem desenhos feitos pelas crianas com a representao de materiais naturais?
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2.Sub-escala rea de Cincias/ Materiais de Cincias Sim
No
Existe na sala a rea das Cincias?
Se assinalou Sim continue a responder. Se assinalou no passe para a questo 19.
Nada
Pouco
Bastante
Muito
Existe variedade de materiais nessa rea?
Existem coleces de coisas com propriedades diferentes ou semelhantes (coisasque rolam, que esticam, que balanam, feitas de plstico, metal, etc.) nessa rea?
Existem livros de cincias ou outras publicaes contendo tpicos de cinciasnessa rea?
Existem equipamentos de cincias ao dispor das crianas (ferramentas, espelhos,mans, lupas, etc.) nessa rea?
Est disposio das crianas material de referncia incluindo livros, gravuras,grficos e fotografias nessa rea?
A rea de cincias est organizada para as crianas usarem diariamente?
Existem materiais de cincias noutras reas para alm da rea de cincias?
Expe imagens/cartazes/fotografias de materiais ou fenmenos naturais?
Muda as imagens que expe de materiais e fenmenos naturais?(p ex: de acordo com as estaes do ano)?
As fotografias e cartazes que esto expostos so usados para provocar conversasacerca das cincias e do meio envolvente (por xemplo: cartazes do corpo humano,do ciclo de vida de uma borboleta)?
3.Sub-escala Actividades de Cincias: processos cientficos gerais Nada
Pouco
Bastante
Muito
Encoraja as crianas a envolver-se e a explorar aspectos do seu meio ambientefsico?
Encoraja as crianas a envolver-se e a usar palavras e conceitos cientficos?
Introduz palavras e conceitos cientificos (por exemplo: flutuar, ir ao fundo, fundir,evaporar, temperatura, calor, presso, volume, flexibilidade, dureza, como/porque que as coisas se movem) nessas exploraes?
Realiza exploraes de cincias ou experincias (incluindo manipulao como objectivo de observar os resultados, ex: cubos de gelo a derreter ao sol)?
Chama a ateno para as caractersticas e mudanas dos materiais(Ex: velas de anos que se liquefazem)?
As crianas manipulam os materiais?
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3.Sub-escala Actividades de Cincias: processos cientficos gerais Nada
Pouco
Bastante
Muito
As crianas usam mais do que um sentido (por exemplo: saborear, cheirar, etc.)para explorar fenmenos e falar acerca da sua experincia?
Encoraja as crianas a darem respostas s questes que se levantam sistematicamente?(Ex: como que os materiais mudam, o que que acontece quando se usam lupas,imanes, materiais que mergulham, e materiais que flutuam, etc.)?
Envolve as crianas em discusso acerca dos materiais e das suas caractersticase encoraja-as a fazer perguntas e a registar os resultados (ex:a ma flutuae a batata vai ao fundo)?
4.Sub-escala Actividades de Cincias: processos cientficos processos vivos e o mundo nossa volta Nada
Pouco
Bas
tante
Mu
ito
Existem seres vivos presentes dentro e fora do espao da instituio (plantas,peixes, caracis, etc.)?
Conceitos cientficos referentes aos processos vivos so introduzidos e discutidosainda que de formas breve (ex: os vermes vivem na terra)?
Os adultos chamam a ateno das crianas para as caractersticas e mudanasna natureza quando apropriado (por exemplo: as flores desabrocham, etc) ?
As crianas so encorajadas a usar mais do que um sentido (ex: sentir, cheirar, etc)para explorar fenmenos vivos e falar sobre a experincia que tm deles?
Os adultos envolvem as crianas em discusses sobre as caractersticas dasplantas e dos animais?
Os adultos encorajam as crianas a fazer perguntas e a registar resultados sobreos processos vivos?
Todas as crianas tm oportunidade de contactar com seres vivos quandoapropriado?
5.Sub-escala Atividades de Cincias: processos cientficos
preparao de alimentos N
ada
P
ouco
B
astante
M
uito
Existem atividades de preparao de alimentos (ou bebidas)?
A preparao de alimentos feita pelos adultos na frente das crianas?
A preparao de alimentos feita com o envolvimento das crianas?
As crianas podem escolher participar na preparao de alimentos?
A maior parte das crianas tem oportunidade de participar na confeode alimentos?
providenciada uma variedade de atividades de culinria nas quais todasas crianas tm a oportunidade de tomar parte?
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5.Sub-escala Atividades de Cincias: processos cientficos preparao de alimentos N
ada
Pouco
Bastante
Muito
Os adultos, quando apropriado, dialogam com as crianas sobre como se preparamdeterminados alimentos que foram confecionados por adultos ex: biscoitos, oucomida trazida de casa pelas crianas para celebrar determinados acontecimentos?
Os adultos lideram o dilogo acerca da preparao dos alimentos e usamterminologia adequada (ex: derreter, dissolver)?
Os adultos chamam a ateno para as mudanas nos alimentos e interrogam ascrianas sobre esse assunto (por exemplo: o que que isto parecia antes, o que que aconteceu para que ficasse assim)?
Os ingredientes utilizados na preparao dos alimentos com as crianas soatrativos?
As crianas tm possibilidade de experimentar os alimentos confecionados(ex: comendo-os de imediato ou levando-os para casa para comer)?
Escala de Matemtica
6.Sub-escala Contagem e utilizao de contagem Nada
Pouco
Bastante
Muito
Existem recursos disposio das crianas que encorajam atividades de contagem(conchas, botes, etc.)?
As crianas so envolvidas em rotinas onde a contagem usada (por exemplo:
contar as crianas que esto presentes na sala) e outras rotinas do tipo numricotais como canes e rimas?
Os nmeros so nomeados como parte das atividades de rotina?
Existem cartazes que exibem nmeros ou livros com nmeros ou jogos de contagem?
As crianas so encorajadas a contar objetos e a associar os nomes dos nmeros aconceitos numricos (e.g. seis pacotes de leite para seis crianas; duas bolas paraduas crianas)?
Os adultos utilizam os nomes dos nmeros cardinais (1, 2, 3,) e ordinais (1., 2.,3.,) quando trabalham com as crianas?
Todas as crianas so ativamente encorajadas a envolver-se na contagem deobjetos numa variedade de contextos, (por exemplo,, atividades faz de conta,lanche, partilha de legos, etc)?
So planeadas atividades que encorajam a correspondncia um a um quer nointerior, quer no exterior?
Os adultos incluem nas suas planificaes trabalhar com as crianas em atividadesnumricas especficas, (por exemplo, jogos com dados, domins, associar nmerosa nmeros ou nmeros a imagens)?
Existe uma rea da matemtica bem-equipada com jogos, objetos e livrosnumricos?
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7.Sub-escala Ler e escrever nmeros simples Nada
Pouco
Bastante
Muito
Nmeros e a quantidade de objetos correspondente so mostrados um ao ladodo outro (por exemplo,. o nmero 3 ao lado de trs mas)?
As crianas leem e escrevem nmeros ocasionalmente?
As crianas so encorajadas a ler e escrever nmeros simples rotineiramente?
As crianas tm sua disposio materiais que as apoiam na escrita de nmeros(por exemplo, numerais em plstico ou outros materiais)?
Existem atividades planeadas que envolvem nmeros e os adultos encorajama leitura e escrita de nmeros numa variedade de materiais?
As crianas so encorajadas a escrever nmeros em materiais naturais (porexemplo, no exterior no cho de terra; no interior numa superfcie com areia)?
Trabalho de escrita de nmeros associado a um objetivo prtico (por exemplo,.etiquetar produtos na rea/cantinho da casa no menu do caf ou colocar opreo nos produtos da rea da loja ou colocar o nmero dos anos num bolode aniversrio)?
8.Sub-escala Atividades matemticas: Formas e espao Nada
Pouco
Bastante
Muito
dirigida a ateno das crianas para as formas que existem no seu ambiente(por exemplo,bolas redondas, janelas quadradas)?
Uma ampla variedade de formas est disponvel e os adultos dirigem a atenodas crianas para o nome de formas especficas, (por exemplo,crculo, quadrado,tringulo, retngulo)?
Os adultos dirigem a ateno das crianas para a forma nos prprios trabalhosdas crianas (por exemplo., desenhos, modelos)?
Existem atividades e materiais disponveis que encorajam as crianas a generalizara forma atravs de uma variedade de contextos, (por exemplo,. atividades deexpresso plstica, atividades de construo, jogos de grupo, faz-de-conta)?
Os adultos encorajam as crianas a compreenderem as propriedades dediferentes formas, (por exemplo, os trs lados de um tringulo) e a utilizarem
essa compreenso para resolverem puzzles de formas e a aplicarem o seuconhecimento a novas situaes?
Os adultos planificam atividades que demonstram um trabalho minuciosocom formas?
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9.Sub-escala Atividades matemticas: seriar, classificar e comparar Nada
Pouco
Bastante
Muito
Existem materiais disponveis para seriar e classificar?
As crianas seriam e/ou agrupam pelo menos com base em um critrio(por exemplo, pesado/leve ou apenas pela cor)?
Os adultos conversam sobre e demonstram o seriar, ordenar e comparar epermitem s crianas participar?
As caractersticas que constituem o critrio para ordenar e classificar so tornadasexplcitas pelos adultos (por exemplo, vrtices dos tringulos)?
Os adultos encorajam as crianas a utilizarem linguagem comparativa quandoesto a classificar, comparar ou seriar, (e.g. grande, maior, enorme; pequeno/grande)?
As crianas so encorajadas a identificar as caractersticas de conjuntos de
objetos (por exemplo,explicar porque que um conjunto de formas semelhante,dizendo Elas so todos crculos)?
Linguagem que explora o seriar, classificar ou comparar utilizada numavariedade de contextos e atravs de uma variedade de atividades (por exemplo,ordenar trs ursos pelo tamanho; este mais encaracolado, maior e mais pesadoetc que este)?
As crianas so encorajadas a completar uma atividade de seriao, classificaoou comparao e depois a repetir utilizando um critrio diferente, incluindo o seuprprio critrio, como base para a atividade (por exemplo, arranjar chapus pelotamanho, depois pela forma)?
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II. Escala Contedos Cientficos das Orientaes Curricularespara a Educao Pr-Escolar e Capacidades Investigativas
Nos ltimos seis meses quecontedos cientficos foramabordados de forma superficial: O
meioprximo/oambiente
natural
Adescobertadesi
Afsica(luz/sombra,luznatural/
artificial,ar,gua,
)
Qumica
Biologia
Meteorologia
Geologia
Educaoambiental
Educaoparaasade
Matemtica
Histria/sociologia
Geografia
em actividades da iniciativa das crianas?
em actividades da iniciativado educador?
Nos ltimos 6 meses que contedoscientificos foram abordados emprojectos de investigao mais longose profundos?
De 1 a 5 como classifica o seuconhecimento em cada contedorelativamente sua preparao para
o trabalhar com as crianas (com 1 aindicar nenhuma e 5 a indicar muitapreparao)?
De 1 a 5 classifique a frequncia comque recorre a websites para aumentaro seu conhecimento nesses contedoscientficos (com 1 a indicar nenhumae 5 a indicar muita frequncia)?
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observar(natur
almenteecom
lupas,binculos,microscpios)
registar
comparar
prever
colocarqueste
s
formularhipteses
explorareinvestigar
testarhipteses
interpretar(ana
lisar/explicar
resultados)
planearprojectossimples/
planeartarefas
tirarconcluses/tomar
decises
Que capacidadesinvestigativas procuraestimular nas crianas?
De 1 a 5 como classificaa sua interveno
para estimular essascapacidades?
Experincia 1 Experincia 2
Enuncie experincias concretas/ atividades ou projetos deexplorao que realizou e descreva-as(os) em 10 linhas no mximo
Que conceitos cientficos (vermes, flutuao, evaporao, calor,etc) introduziu nessas experincias?
De 1 a 5 como classifica o sucesso dessas experincias em funode ter ou no atingido os seus objetivos iniciais?
III. Escala Narrativas sobre os Objetivos da Educao Pr-Escolar
Assinale o seu grau de identificao com as trs narrativas que apresentamos
Muito
Pouco
Nada
Narrativa 1:A educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento de uma
personalidade equilibrada na criana. Mais que os contedos, a qualidade da relaocom o educador o cerne da educao pr-escolar.
Narrativa 2:A educao pr-escolar deve visar a apropriao, pela criana,de ferramentas de pensamento e, por isso, os processos e linguagem cientficos tmde ser apropriados pela criana.
Narrativa 3:A educao pr-escolar deve visar o desenvolvimento global da crianae no a apropriao de contedos e processos de pensamento da rea das Cinciasou da Matemtica.
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Indique por favor, caso se verifique, as fontes a que recorre para obter
informao nas reas cientificas abordadas neste questionrio (livros, sites,)
IV.Atividades, experincias ou projetos de exploraorealizados na rea das Cincias
Solicitao de Relato de prtica contendo descrio da atividade/projeto (con-
textualizao, descrio e objetivos) e registo(s)s de observaes das crianas.
Desenhos com a representao das observaes das crianas e fotografias.
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Anexo 2Resultados
1.A amostra
Quadro 1. Idade dos educadores: Frequncia e Percentagem
Idade Frequncia PercentagemPercentagemCumulativa
20-25 7 2,4 2,4
26-30 44 15,2 17,6
31-35 52 18,0 35,636-40 30 10,4 46,0
41-45 45 15,6 61,6
>45 111 38,4 100,0
Total 297 100,0
Grfico 1. Anos de servio: Percentagem
Anos de Servio %
0-4
5-9
10-14
15-19
20-24
25-29
>30
12,85%
20,83%
9,03%
10,42%
14,58%
19,10%
13,19%
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Quadro 2. Habilitaes acadmicas dos educadores: Frequncia e Percentagem
Frequncia Percentagem Percentagem vlida
Habilit. Bacharelato 7 2,4 2,4
Licenciatura 86 29,0 29,9
Complemento-Formao 68 22,9 23,6
DESE 14 4,7 4,9
Ps-graduao 46 15,5 16,0
Mestrado 50 16,8 17,4
Doutoramento 4 1,3 1,4
Mestrado-EI 9 3,0 3,1
Mestrado-EI-EB 4 1,3 1,4
Total 288 97,0 100,0Sem Resp. 0 9 3,0
Total 297 100,0
2.A escala Cincias no Jardim de infncia
Quadro 3. Escala Cincias no Jardim de Infncia: valores mnimo e mximo,mdia e desvio-padro por subescala por ordem crescente da mdia
N Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro
Cincias: rea de cincias e materiaisde cincias
178 1,80 4,00 2,7449 ,40784
Cincias: preparao alimentos 297 1,00 4,00 2,8779 ,56286
Cincias: materiais naturais 297 1,42 4,00 2,9293 ,42464
Cincias: seres vivos e mundo 297 1,71 4,00 3,1337 ,43625
Cincias: processos cientficos 297 1,78 4,00 3,2045 ,46658
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Quadro 4. Subescala 1. Materiais Naturais da Escala Cincias no Jardim de Infncia:
valores mnimo e mximo, mdia e desvio-padro por subescala
Mnimo Mximo Mdia
Desvio
PadroGosta Insectos 1 4 2,42 ,794
Materiais Naturais (N) 1 4 2,47 ,757
Materiais N. Acessveis 1 4 2,53 ,797
Registo Observaes Mat. N. 1 4 2,69 ,711
Manipula Insectos 1 4 2,72 ,757
Desenhos Representao Mat. N. 1 4 2,81 ,685
Materiais N. no Exterior 1 4 2,90 ,787
Mat. N. Usados 1 4 3,14 ,633Conversa Mat. N. 2 4 3,20 ,580
Encoraja trazerem ob. N. 1 4 3,27 ,659
Objectos N. de Casa 2 4 3,49 ,571
Conversa Fenmenos 2 4 3,51 ,540
Quadro 5. Subescala 2. rea das Cincias/Materiais das Cincias da Escala Cincias
no Jardim de Infncia: valores mnimo e mximo, mdia e desvio-padro por subescala
Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro
Mat. Cincias noutras reas 1 4 2,32 ,708
Colees Coisas 1 4 2,48 ,607
Variedade Materiais 1 4 2,63 ,603
Livros Cincias 1 4 2,65 ,688
Equipamentos Cincias 1 4 2,71 ,648
Material Referncia 1 4 2,72 ,688
Expe Imagens Naturais 1 4 2,87 ,656Muda Imagens 1 4 2,95 ,711
Uso Dirio 1 4 2,96 ,712
Provocar Conversas 1 4 3,10 ,647
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Quadro 6. Subescala 3. Actividades de Cincias: Processos Cientficos Gerais da Escala
Cincias no Jardim de Infncia: valores mnimo e mximo, mdia e desvio-padro
por subescala
Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro
Ateno Caract. e Mudanas Materiais 2 4 3,00 ,627
Manipulam Materias 1 4 3,13 ,646
Envolve Discusso, Perguntas e Registo 1 4 3,17 ,592
Realiza Exploraes e Experincias 2 4 3,22 ,648
Encoraja Darem Respostas 1 4 3,22 ,586
Utiliza Palavras e Conceitos 2 4 3,24 ,575
Usar Sentidos Explorar e Falar 1 4 3,26 ,617Introduz Palavras e Conceitos 2 4 3,27 ,613
Explorar Meio Ambiente 2 4 3,32 ,529
Quadro 7. Sub-escala 4 Actividades de Cincias: Processos Cientficos- Processos
Vivos e Mundo nossa Volta da Escala Cincias no Jardim de Infncia: valores mnimo
e mximo, mdia e desvio padro por sub-escala
Mnimo Mximo Mdia DesvioPadro
Seres Vivos Dentro e Fora 1 4 2,77 ,706
Conceitos Cientficos Proc. Vivos 1 4 2,94 ,633
Perguntam e Registam 2 4 3,09 ,619
Contactar Seres Vivos 1 4 3,22 ,598
Caractersticas Plantas e Animais 1 4 3,28 ,571
Usar Sentidos Explorar e Falar 1 4 3,31 ,555
Caract. e Mudanas Natureza 2 4 3,33 ,525
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Quadro 8. Sub-escala 5. Actividades de Cincias: Processos Cientficos-Preparao
de Alimentos da Escala Cincias no Jardim de Infncia: valores mnimo e mximo,
mdia e desvio padro por sub-escala
Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro
Preparao Alimentos Frente Crian. 2 4 2,45 ,834
Preparao Alimentos (e bebidas) 1 4 2,71 ,719
Participam Confeo Alimentos 1 4 2,77 ,910
Escolher Participar Confeo Alimentos 1 4 2,78 ,879
Preparao Alimentos com Crianc. 1 4 2,79 ,869
Variedade Act. Culinria 1 4 2,90 ,818
Ingredientes Utilizados Atrativos 1 4 2,97 ,571Adultos Lideram Dilogo e usam termos 1 4 2,97 ,634
Ateno Mudana Alimentos 1 4 3,01 ,654
Dialogam Preparao Alimentos 1 4 3,02 ,654
Experimentar Alimentos Confecionadas 1 4 3,28 ,710
3.A escala Matemtica no Jardim de infncia
Quadro 9. Escala Matemtica: valores mnimo e mximo, mdia e desvio padro
por sub-escala
Mnimo Mximo MdiaDesvioPadro
Matemtica: ler e escrever nmeros 1,00 4,00 3,1226 ,52513
Matemtica: seriar, classif., compar. 2,00 4,00 3,2639 ,47380
Matemtica: formas e espao 2,17 4,00 3,3483 ,45706Matemtica: contagem 2,60 4,00 3,4568 ,42164
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4. Correlaes entre as sub-escalas das escalasCincia e Matemtica no Jardim de infncia
Quadro 10. Correlaes de Pearson entre as sub-escalas das escalas Cincias e Matemtica
Matemtica:contagem
Matemtica:ler e escrever
nmeros
Matemtica:formas eespao
Matemtica:seriar, classif.,
compar.
Cincias: Materiaisnaturais
Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N
,391** ,408** ,330** ,386**
,000 ,000 ,000 ,000
297 297 297 297
Cincias: reas
das cinc.; materiaisde cinc.
Pearson Correlation
Sig. (2-tailed)N
,367** ,420** ,326** ,395**
,000 ,000 ,000 ,000178 178 178 178
Cincias: atividades Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N
,434** ,454** ,384** ,443**
,000 ,000 ,000 ,000
297 297 297 297
Cincias: serese vivos e mundo
Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N
,472** ,417** ,464** ,433**
,000 ,000 ,000 ,000
297 297 297 297
Cincias:preparaoalimentos
Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N
,300** ,198** ,294** ,262**,000 ,001 ,000 ,000
297 297 297 297
Matemtica:contagem
Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N
1 ,654 ,699 ,642
,000 ,000 ,000
297 297 297 297
Matemtica:ler escrevernmeros
Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N
,654 1 ,541 ,631
,000 ,000 ,000
297 297 297 297
Matemtica:formas e espao
Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N
,699 ,541 1 ,735
,000 ,000 ,000 ,000
297 297 297 297
Matemtica: serar,classif., compar.
Pearson CorrelationSig. (2-tailed)N
,642 ,631 ,735 1
,000 ,000 ,000
297 1297 297 297
**Correlao significativa ao nvel 0,01
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Anexo 3Relatos de Prtica
Carta enviada s educadoras
Cara educadora
Na sequncia da sua participao na investigao A Cincia na Educao
Pr-escolar vimos informar que o projeto est agora a entrar na 2. fase, que,
como se recorda, consiste na recolha de boas prticas identificadas a partir
das respostas ao questionrio anterior, para posterior divulgao.
As suas respostas questo: Enuncie experincias concretas/ ativida-des ou projetos de explorao que realizou e descreva-as(os) em 10 linhas
no mximo, foram identificadas como podendo constituir exemplo de boas
prtica.
23. Helena Martinho
Projeto Viagem ao mundo da luz no mbito do Concurso Cincia na Escola daFundao Ildio Pinho 6 meses a realizar experincias de Fsica sobre os fenmenos:reflexo, refrao da luz e sombra, entrecruzando esse lado experimental comatividades de educao artstica. Registo sistemtico do percurso do projeto, em
desenho, texto, fotos, vdeo. Elaborao de exposio final com todo o materialcriado/explorado.
Projeto de Biologia Descobrindo os pequenos animais nossos vizinhos Projetoem parceria com uma me formada em biologia e um pai Professor de Cincias.Incluindo: sadas de campo; Observao durante as sadas com lupas e copos--lupa; recolha, observao e registo de insetos e aracndeos, com utilizao de lupabinocular; desenho das observaes realizadas; sesso informativa com os referidospais para destrinar os conceitos e aprender terminologia a especfica dos seres vivosobservados.
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Nesse contexto, vimos agora solicitar mais uma vez a sua disponibilidade
para continuar a colaborar nesta investigao escrevendo um texto sobre cada
uma das temticas que identificou.
O texto, em formato de artigo, dever seguir as seguintes normas:
Identificao da autora
Endereo de e-mail
Instituio que representa
Ttulo
Palavras-chave Identifique as palavras-chave que representam as
ideias principais do trabalho
Os textos no devero exceder 10 000 caracteres (sem espaos) ou 16
000 (com espaos). A equipa que coordena o projeto poder pronunciar-se
favoravelmente a um nmero de caracteres inferior ou superior a este se
considerar que se justifica.
O texto no dever conter imagens, mas apenas a indicao do stio onde
a autora considera que devero ser inseridas.
As imagens devero ser enviadas como anexo, no formato JPEG ou TIFF
e no podero estar condensadas de forma a no perderem qualidade.
A equipa reserva-se o direito de selecionar as imagens que sero inseridas,
tendo por base critrios de adequao e pertinncia e atendendo ao espao
disponvel. As imagens remetidas podero ser alvo de composio para adequa-
o grfica e devero, sempre, possuir a devida autorizao para publicao.
O texto dever ser digitado em fonte Times New Roman, corpo 12, com
espaamento entre linhas de 1,5. As fontes e bibliografia seguem as mesmas
normas mas em corpo 10.
Norma para citaes bibliogrficas:
Livro:Apelido, Nome. Ttulo do livro em itlico: subttulo. Edio. Cidade:
Editora, ano, p. ou pp.
Captulo de livro:Apelido/Sobrenome, Nome. Ttulo do captulo ou parte
do livro. In: Ttulo do livro em itlico. Edio. Cidade: Editora, ano, p. x-y.
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Revista:Apelido/Sobrenome, Nome. Ttulo do artigo. Ttulo do peridico
em itlico. Cidade: Editora, vol., fascculo, p. x-y, ano.
Os textos e as imagens devero ser enviados para o endereo:@ com pedido
de comprovativo de leitura de modo a garantir que foi recebido.Os textos sero devidamente apreciados e podero ser sugeridas altera-
es aos autores at se chegar verso para publicao.
Prevemos que alguns textos podero no ser inseridos na publicao que
ser feita sobre o projeto, nomeadamente por questes de espao disponvel.
Se assim for, esses textos sero publicados na revista Cadernos de Educao
de Infncia.
Poder seguir como orientao a seguinte estrutura para o texto:Introduo (explicar de forma curta e abrangente o assunto sobre o que vai
escrever de forma a que qualquer leitor perceba do que se trata);
Desenvolvimento ou corpo do texto (a contextualizao ou identificao
da situao inicial e descrio do seu projeto/atividade/experincia e a sua
justificao terica; intenes pedaggicas e resultados alcanados);
Concluso ou remate final reforando uma ideia central ou avaliao
global da experincia/atividade/projeto narrado.
Mas no se prenda! O objetivo termos o relato de uma experincia
significativa, escrita de forma clara para que outros possam ler e no apenas
se sentirem mais informados mas tambm mais inspirados.
Data de entrega: 31 de Agosto.
Bom trabalho e boas frias!
Desde j aceite os nossos sinceros agradecimentos pela sua colaborao.
A equipa do projeto
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Observatrio de caracis
Arminda Almeida (arminda.almeida@iol.pt)A P R L G (EB/JI L . )
Palavras chave: Educao Pr-Escolar Educao em Cincia
Atividade experimental Caracis
Este artigo apresenta o relato de um projeto de investigao sobre os caracis,
realizado em contexto de jardim de infncia, com crianas de idades compreen-
didas entre os trs e os seis anos de idade. No se refere a um ano especfico,
dado que desde h cinco anos consecutivos se desenvolve, com os grupos de
que tenho sido titular, com a evoluo natural, decorrente das aprendizagens
anteriores realizadas pelas crianas que vo permanecendo no grupo.O ponto de partida deu-se numa incurso pelo espao exterior do jardim
de infncia, procurando recolher folhas cadas das rvores para realizarmos
atividades sobre o outono. Uma das crianas encontrou um par de caracoletas
em estado de acasalamento, o que se revelou ser uma novidade para crianas
e adultos e prontamente partilhada entre todos. Reconheci a motivao cole-
tiva decorrente desta descoberta e a potencialidade que a mesma tinha para
partirmos para um projeto de investigao que nos desse mais conhecimentos
sobre esta espcie.
consensual que desde cedo as crianas desenvolvem interesse pelos
fenmenos naturais que observam e capacidade para pensar sobre eles e elabo-
rar ideias. Pereira (2002) refere que a educao em cincia deve desenvolver-se
desde cedo interligando conhecimentos tericos, procedimentos especficos
e hbitos de pensamento.
A conceo do projeto foi fruto da participao cooperada do grupo,
desenhando-se um plano de investigao e produo, com tarefas definidas e
instrumentos de apoio organizao, nomeadamente, mapa de tarefas, mapa
de projetos, mapa concetual, mapa de atividades e mapa de comunicaes,
tendo como instrumento central de toda a vida coletiva, o Dirio de grupo
onde registamos o que j se realizou e o que desejamos ainda realizar, num
processo dinmico de planeamento e de avaliao.
No mapa conceptual do projeto, registmos o que j sabamos (ou pens-
vamos saber) acerca dos caracis e o que gostaramos de saber. Fizemos tambm
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o registo de possveis recursos existentes na sala, como livros informativos,
ou trazidos de casa, em pesquisas efetuadas com ajuda dos pais.
Levantmos hipteses, decorrentes de conhecimentos anteriores e das
observaes diretas: O que comem os caracis?
Como se deslocam?
Porque no caem quando sobem a parede do terrrio ou quando ficam
na tampa do terrrio?
Como o seu corpo?
Como vo nascer os filhos do caracol?
Numa abordagem integrada das cincias, o grupo envolve-se em ativi-dades fsicas, sensoriais e emocionais, onde a observao e o questionamento
emergem e do o mote para desafiar cognitivamente a criana e envolv-la
no conhecimento cientfico. Segundo Pereira (2002) as questes so o ponto
de partida para a construo do conhecimento e o educador assume um
papel de mediador essencial neste processo de descoberta e de aprendizagem,
aceitar as suas ideias (das crianas) e desafi-las com ideias novas, apoiando
atravs de atividades diversificadas e provocando novos questionamentos e
a estruturao de novos conceitos que, progressivamente, se aproximam dosconceitos cientficos e promovem a literacia cientfica.
Na operacionalizao do trabalho em cincias procuro respeitar os procedi-
mentos cientficos, no numa perspetiva de formar cientistas de palmo e meio,
mas sim no sentido de permitir que as crianas se apropriem de competncias
bsicas que iro funcionar como ferramentas futuras de apoio ao raciocnio
os processos da cincia correspondem s formas de raciocnio e destrezas
intelectuais usadas de forma sistemtica na atividade cientfica (Pereira, 2002).
O grupo envolvido diariamente na observao e no registo do compor-tamento do caracol no terrrio e vo-se desenvolvendo momentos informais
de interao natural de crianas curiosas, que so desafiadas a registar as
suas observaes e momentos de trabalho com o adulto, em que as crianas
esto atentas e envolvidas em atividades intencionalmente mais dirigidas.
Trabalham-se conceitos matemticos (contagens, recolha de dados, represen-
taes, comparaes, etc.), a par de atividades experimentais e de investigao
sobre os caracis:
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Observamos Criam-se situaes diversificadas de observao dos
caracis, partilhando em grupo os nossos diferentes olhares e percees.
Diariamente tm como tarefa alimentar, e introduzir novos alimentos pro-
postos pelas crianas e verificando qual o alimento preferido, registar as alte-raes ocorridas ou seja, os alimentos utilizados e os que no foram utilizados
e, dar chuva ao caracol, deitando gotas de gua sobre ele, que normalmente
se encontra recolhido na concha e que por gostar da humidade fica mais ativo
sempre que se molha o terrrio. o momento ideal para realizar observaes
e registos. Utilizamos instrumentos auxiliares de observao (lupas, microsc-
pio) com registo decorrente das observaes e das evidncias mais relevantes;
Observao
Classificamos Discute-se em grupo possveis critrios de classificao
(por tamanhos da casca, do corpo em movimento, por cores da casca, por rapi-
dez de locomoo, etc.) permitindo s crianas identificar as propriedades e
caractersticas comuns espcie, organizando posteriormente os dados em
tabelas, grficos ou diagramas. As formas de registo vo sendo diversificadas
de ano para ano, tendo as crianas acesso aos registos realizados em anos ante-
riores. Se, no ano anterior, registmos os tamanhos dos caracis em grfico de
barras, usando fios de l para representar os tamanhos, podemos registar no
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ano seguinte com imagens de fotos reais tiradas pelas crianas, com o registo
individual da medida convencional, em milmetros;
Classificao por tamanho da casa do caracol
Medimos As crianas experimentam diferentes unidades de medida
(no convencionais) e fazem comparaes dos resultados, representando-os
de forma diversificada (atravs do desenho ou da modelagem) e refletindo
sobre eles, dependendo do nvel de desenvolvimento ou do envolvimento do
grupo nas atividades de medida, podemos chegar s medidas padronizadas;
Inferimos Elaboramos hipteses explicativas do observado, tendo o
adulto um papel essencial nesta fase pois vai apoiando as reflexes, ajudando
a explicitar o pensamento e relembrando as evidncias recolhidas. Durante
as comunicaes em grupo, vamos registando o pensamento emergente das
crianas e atravs das questes colocadas pelos adultos do grupo, ou por outras
crianas, vamos refletindo, recorrendo aos livros ou s informaes recolhi-
das pelos pais, e verificando se se confirmam ou no as hipteses levantadas;
Predizemos As crianas so convidadas a explicitar o que acham que
vai acontecer, partindo das informaes recolhidas. Promovo a reflexo sobre
a informao e a sua experincia anterior, retirando as suas concluses e
reformulando as suas concees iniciais;
Registamos As crianas elaboram os seus registos individuais e par-
ticipam colaborativamente nos registos comuns ao grupo, organizando os
dados recolhidos e deste modo facilitando a apropriao de novos conceitos;
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Registos das observaes
Comunicamos A comunicao um fator essencial ao longo de todo
o processo, desde a descrio das observaes, a partilha das percees, a
explicitao de argumentos explicativos, na realizao de registos e na apre-sentao das aprendizagens realizadas. No final da semana temos sempre um
momento de partilha no grupo, dando conta do que andmos a fazer e do que
ainda queremos fazer. Terminado o projeto vamos divulga-lo a outros grupos
do jardim de infncia ou at a turmas do 1. ciclo. Esta apropriao cientfica
realizada de forma dialgica tem a dupla funo de permitir uma compreen-
so mais consistente dos processos desenvolvidos e d validao social aos
novos conhecimentos acrescida da aquisio de um vocabulrio especfico
a aquisio de uma literacia cientfica bsica implica que os alunos possam
desenvolver destrezas comunicacionais falando uns para os outros durante
uma actividade cientfica Pereira, 2002).
Ao longo de todo o processo de investigao sobre os caracis as crianas
foram recolhendo informaes e fazendo novas descobertas que partilhadas em
grupo vo alimentando a curiosidade e o envolvimento de todos. Resultante
das pesquisas efetuadas e dos conhecimentos prvios das crianas, foram-se
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criando condies cada vez mais adequadas procriao dos caracis, cons-
truindo terrrios mais funcionais e com os elementos naturais mais prximos
do habitat natural da espcie. Com a experincia que fomos adquirindo,
nasceu tambm uma maior segurana na comunicao e divulgao a outrosgrupos, sendo j de forma espontnea que se organiza um grupo de crianas
para ir comunicar s outras salas o que sabem sobre o processo de postura
dos ovos e das caratersticas dos bebs caracis, dos alimentos preferidos ou
dos cuidados necessrios, assumindo uma atitude de predisposio para a
aprendizagem, para a autonomia e para a responsabilidade social. Citando
Martins et al. (2009) cada vez mais os cidados devem ser cientificamente
cultos, de modo a serem capazes de interpretar e reagir a decises tomadas por
outros, de se pronunciarem sobre elas, de tomar decises informadas sobreassuntos que afectam as suas vidas e as dos outros. A formao de cidados
capazes de exercer uma cidadania activa e responsvel uma das finalidades
da educao em cincias.
Pelo interesse que desperta e pelas aprendizagens que proporciona, o
observatrio de caracis um projeto que faz parte do currculo, ano aps
ano. Considero que como educadores temos a responsabilidade de proporcio-
nar situaes de aprendizagem e de desenvolvimento que se efetivem atravs
de um ensino experimental e reflexivo das cincias. Partindo das experinciasanteriores e das oportunidades de explorao do contexto quotidiano das crian-
as, o educador dever proporcionar vivncias de processos e procedimentos
cientficos que permitam criana uma atitude intelectual e emocional que
a levem a construir saberes especficos, que a ajudem a interpretar e a agir
enquanto ser social ativo e interventivo.
Bibliografia
Chauvel,D., Michel, V.,. Brincar com as cincias no Jardim de Infncia. Porto. PortoEditora. (2006)
Martins, I. P., Veiga, M. L., Teixeira, F., Tenreiro-Vieira, C., Vieira, R. M.,
Rodrigues, A. V., et al.. Despertar para a Cincia Actividades dos 3 aos 6. Lisboa:
Ministrio da Educao. (2009).
Pereira,A.. Educao para a Cincia. Lisboa: Universidade Aberta. (2002).
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Vamos fazer uma prenda para a me
Helena Faria (Faria.lena@gmail.com)J I A, A E M
M C
Palavras-chave: luz dar luz/alumiar vela temperatura
matria/estado da matria transformao.
Este o relato de uma experincia cientfica realizada com o grupo de crian-
as da sala 1 do Jardim de Infncia de An, constitudo por 17 crianas dos
trs aos seis anos.
Esta experincia foi p
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