A ética será relativa

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O PROBLEMA DA OBJETIVIDADE DA ÉTICA

O RELATIVISMO CULTURAL

UMA ALTERNATIVA AO RELATIVISMO CULTURAL

SERÁ A ÉTICA RELATIVA?

DIVERSIDADE DE COSTUMES, DIVERGÊNCIAS QUANTO AO QUE É CORRECTO E ERRADO,

PERMISÍVEL OU INADMISSÍVEL. NÃO HAVERÁ RESPOSTA OBJECTIVA AOS PROBLEMAS

ÉTICOS?

QUESTÃO CENTRAL

OS JUÍZOS DE VALOR TÊM VALOR DE

VERDADE (PODEMOS DIZER QUE SÃO

VERDADEIROS OU FALSOS)?

OUTRAS FORMAS DE EXPOR O PROBLEMA:

Há juízos morais universalmente válidos ou objectivos?

Há verdades morais objectivas?

Há princípios e normas morais que, seja onde for, é errado não respeitar?

Para respondermos a esta questão, vamos apenas debruçar-nos sobre os juízos de valor com conteúdo moral, por serem aqueles que aplicamos com maior regularidade no nosso dia-a-dia.

1. O RELATIVISMO CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.

«Matar é errado», «Roubar é incorrecto» e «Mentir é imoral». Será que estes juízos são verdadeiros?

Será que são objectivos e universais? «Há verdade e falsidade em assuntos morais?», «Faz sentido dizer

que uma crença moral é correcta e que outra é errada?»

O Relativismo cultural afirma que aqueles juízos são verdadeiros mas não em todo o lado e para todas as pessoas. A verdade dos juízos morais é relativa ao que cada sociedade aprova. Moralmente verdadeiro é o que cada sociedade - ou

a maioria dos seus membros - acredita ser verdadeiro. Moralmente verdadeiro é igual a socialmente aprovado e moralmente errado é igual a socialmente desaprovado.

1. O RELATIVISMO CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.

Um juízo moral é falso quando os membros – a maioria – de uma sociedade o consideram falso e verdadeiro quando o

consideram verdadeiro. Assim, afirmar que «Matar é errado» significa dizer «A sociedade X considera que matar é

moralmente incorrecto». Afirmar que «Matar é moralmente correcto» significa dizer «A sociedade X considera que matar é

moralmente correcto».

As convicções da maioria dos membros de uma sociedade são a autoridade suprema em questões morais. O relativismo cultural

acerca de assuntos morais afirma que o código moral de cada indivíduo se deve subordinar ao código moral da sociedade em que vive e foi educado. Os juízos morais de cada indivíduo são

verdadeiros se estiverem em conformidade com o que a sociedade a que pertence considera verdadeiro.

1. O RELATIVISMO CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.

ARGUMENTO CENTRAL DO RELATIVISMO CULTURAL

PREMISSA 1 O que é considerado moramente correcto ou incorrecto varia de sociedade para sociedade. (Diversas culturas dão diferentes respostas às mesmas questões morais).

PREMISSA 2 O que é moralmente correcto ou incorrecto depende do que cada sociedade acredita ser moralmente correcto ou incorrecto.

CONCLUSÃO Logo, não há nenhuma resposta objectivamente verdadeira a essas questões (não há verdades morais universais)

1. O RELATIVISMO CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.

RESUMINDO O ARGUMENTO:

PREMISSA Diversas culturas dão diferentes respostas às mesmas questões morais.

CONCLUSÃO Logo, não há nenhuma resposta objectivamente verdadeira a essas questões (não há verdades morais universais)

1. O RELATIVISMO CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.

PREMISSA Diversas culturas discordaram quanto à forma da Terra (umas pensaram que era esférica, outras plana, outras esférica mas um pouco achatada)

CONCLUSÃO Não há nenhuma verdade objectiva acerca da forma da terra.

A premissa é verdadeira mas a conclusão é falsa (sabemos que a Terra é redonda).Como de premissa verdadeira não pode logicamente derivar conclusão falsa este argumento não é válido. Como o argumento do R.C. tem a mesma forma deste, temos de concluir que não é válido.

1. O RELATIVISMO CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.

Há uma diferença significativa entre o que uma sociedade acredita ser moralmente correcto e algo ser moralmente correcto.

O relativismo moral cultural transforma a diversidade de opiniões e decrenças morais em ausência de verdades objectivas. Mas isso pode ser sinalde que há pessoas e sociedades que estão erradas e não de que ninguémestá errado. Se duas sociedades têm diferentes crenças acerca de umaquestão moral, o relativista conclui que então ambas as crenças sãoverdadeiras. Os adversários do RC objectam que a conclusão não derivanecessariamente da premissa porque essa discórdia pode ser sinal de queuma sociedade está certa e a outra está errada.

1. O RELATIVISMO CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.

O RC reduz a verdade ao que a maioria julga ser verdadeiro.

Desde quando o que maioria pensa éverdadeiro e moralmente aceitável? Os nazisacreditavam e fizeram com que a maioriados alemães acreditassem que os judeuseram sub-humanos e que exterminá-los eraum favor que faziam à humanidade. Isso éclaramente falso.

1. O RELATIVISMO CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.

O RMC parece convidar-nos ao conformismo moral, a seguir, em nome da coesão social, as crenças dominantes.

Algumas pessoas ao longo da história quiseram econseguiram mudar a nossa maneira de pensar acercade certos problemas morais. Estou a lembrar–me dequem combateu a escravatura em nome dosensinamentos de Cristo – embora os defensores daescravatura dissessem que a Bíblia justificava o quefaziam – de quem lutou contra o apartheid na África doSul( Nelson Mandela) e contra a segregação racial nosEUA (Martin Luther King). Essas pessoas fizeram bem àhumanidade, combateram injustiças e devemos–lhesgrande progresso moral. Ora, o RC parece implicar que aacção dos reformadores morais é sempre incorrecta.

1. O RELATIVISMO CULTURAL: Há verdades morais mas não são objectivas.

O relativismo moral torna incompreensível o progresso moral

É verdade ou pelo menos parece que não há acordo entre os seres humanossobre muitas questões morais. Mas também é verdade que a humanidade temrealizado progressos no plano moral. A abolição da escravatura, oreconhecimento dos direitos das mulheres, a condenação e a luta contra adiscriminação racial são exemplos. Falar de progresso moral parece implicarque haja um padrão objectivo com o qual confrontamos as nossas acções. Seesse padrão objectivo não existir não temos fundamento para dizer que emtermos morais estamos melhor agora do que antes. No passado, muitassociedades praticaram a escravatura mas actualmente quase nenhuma aconsidera moralmente admissível.

O UNIVERSALISMO MORAL MODERADO: Há princípios morais universais.

Há verdades morais que não dependem nem das crenças de cada cultura, nem dos gostos e sentimentos dos indivíduos, nem da vontade de Deus.

Há valores e princípios universais. Essa universalidade é necessária (imprescindível).

Há que distinguir verdades morais absolutas e verdades morais universais.

O UNIVERSALISMO MORAL MODERADO: Há princípios morais universais.

Um princípio moral universal aplica-se a todos osindivíduos, mas admite excepções, conforme os casos. Umprincípio moral absoluto aplica-se a todos os indivíduos sejaqual for o caso, ou seja, não admite excepções. Todos osprincípios ditos absolutos são universais mas nem todos osprincípios ditos universais ou objectivos são absolutos.

O UNIVERSALISMO MORAL MODERADO: Há princípios morais universais.

Verdades morais consideradas universais e necessárias

DEVEMOS PROTEGER AS CRIANÇAS

O UNIVERSALISMO MORAL MODERADO: Há princípios morais universais.

MENTIR É ERRADO

Todas as culturas têm uma norma contra a mentira porque sehouver a expectativa de que na maioria dos casos os outros vãomentir então a comunicação e a interacção social atingirão oponto de ruptura e chegarão a um grave impasse.

O ASSASSÍNIO É ERRADO

Nenhuma cultura aprova que se mate arbitrariamente alguém. Sevivermos na expectativa permanente de que os outros nos podemmatar, se esta expectativa for a regra e não a excepção nãoarriscaríamos dar um passo para fora de casa e a desconfiançageneralizada conduziria ao colapso da vida social.

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