A PESQUISA E A REDAÇÃO CIENTÍFICA Capítulo 1. O que é pesquisa? A fim de buscar respostas a...

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A PESQUISA E A REDAÇÃO CIENTÍFICA

Capítulo 1

O que é pesquisa?

A fim de buscar respostas a essa questão, você poderá recorrer ao dicionário ou aos livros de metodologia científica. No entanto, existem algumas noções preliminares que facilitam o entendimento a respeito dessa palavra e, principalmente, sobre a ação de pesquisar.

Vejamos:

a) Curiosidade e pesquisa mantém entre si uma relação intrínseca pois ela pode conduzir à reflexão, ao estudo de algum assunto de interesse além de suscitar o desejo de descobrir e/ou aprofundar o que desconhecemos sobre ele, b) A pesquisa oferece a possibilidade de construção do conhecimento a partir do estudo de um determinado assunto assim como a modificação do pesquisador, ainda que, as hipóteses estabelecidas sejam negadas ao seu final,

c) Permite também, um olhar diferente em relação ao tema investigado,

d) Pesquisar implica em manter o foco e para que isso ocorra, é necessário concentração e disciplina. Não raras vezes, o pesquisador precisa de um certo isolamento a fim de analisar e assimilar os resultados de sua pesquisa.

Quando a pesquisa é iniciada?

No caso brasileiro, via de regra, é iniciada no Ensino Superior (como exigência para o trabalho de conclusão do curso - TCC).

Algumas Instituições de Ensino Superior (IES) tem investido nos Programas de Iniciação Científica (desde o primeiro ano da graduação) visando minimizar as dificuldades enfrentadas por parcela significativa dos alunos, no momento da elaboração do TCC.

Sobre a Metodologia de estudo

Você escolheu um curso de especialização que exige a elaboração de um artigo científico para sua conclusão. Então, é importante que você seja introduzido no mundo da pesquisa e consiga descobrir e atribuir novos significados a cada trabalho realizado.

Nas primeiras páginas do livro Temas de Filosofia, as autoras Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helena Pires Martins comentam sobre a importância de aprender ou reaprender a ler o mundo e os textos escritos.

Segundo as autoras, ler é “a atividade de atribuir significados”. Elas usam um pequeno trecho a fim de ilustrar tal afirmação.

“Hoje é o primeiro dia em que me sinto realmente em férias. E já é janeiro. Passou a correria da entrega de notas, reuniões de conselhos de classe, recuperação, fechamento dos diários de classe, seguida de outra correria, a preparação das festas de fim de ano. As compras, as visitas, a comida, o trânsito, o calor, a árvore a ser arrumada... Mas, hoje, finalmente em férias, posso começar a escrever outra vez.

Hmmm, estou sentindo um cheiro estranho. O que pode ser? Nossa! Esqueci o feijão no fogo! Queimou. Lá se foi o meu almoço.

Tudo bem, faço um sanduíche, mas começo a escrever este novo livro. Ó ilusão! Agora ouço um barulho. Será a campainha? Sempre posso fingir que não há ninguém em casa. Mas não é a campainha. O barulho continua, sempre igual e nos mesmos intervalos de tempo. Ah! É o telefone. Já tocou umas dez vezes. Talvez seja algo importante. Será que aconteceu alguma coisa com as crianças e estão querendo me avisar? É melhor atender logo.

Alô! Bom dia, mãe... O quê? Tenho de ir aí para ver o que está acontecendo? (suspiro) Tá bom mãe. Já estou indo...Pois é, acho que vou deixar para escrever amanhã” (ARANHA; MARTINS, 1994, p. 10).

Lendo o texto, é possível observar que foram atribuídos significados a vários acontecimentos nele mencionados e que impediram, temporariamente, a pessoa de levar a cabo o projeto de escrever.

Vamos entender melhor tais significados.

Por exemplo:

1) cheiro – feijão queimado

2) feijão queimado – associado à perda do almoço

3) som – inicialmente associado à campainha. Depois, pela repetição e pelos intervalos regulares, associado ao telefone.

Observe que atribuímos significados às coisas o tempo todo, mesmo sem percebermos tal ação. “A essa atividade de atribuir significados podemos dar o nome de leitura” (idem, p.10).

Precisamos estar atentos a tudo o que acontece ao nosso redor e saber que todos os nossos sentidos (olfato, visão, paladar, audição, tato e cinestesia, isto é, a capacidade de sentir o espaço através dos nossos movimentos) nos fornecem muitas informações a respeito do mundo.

Basta, é claro, que prestemos atenção!

Cabe lembrar também que a vivência de cada um, as experiências acumuladas, a idade, o sexo, a classe social a que pertencemos entre outros, são fatores que interferem na atribuição de significados, ou seja, na nossa leitura de mundo.

Finalizando, é necessário aprender a indagar sobre o significado das coisas pois este é o momento que estamos aprendendo a ler.

É necessário (re)aprender a ler:

• O mundo – leitura de um significado em algum acontecimento, atitude, comportamento, mapa, fotos...

• Um texto escrito – em latim, texto significa “tecido” (qualquer significado articulado por meio de uma linguagem). Pode ser um filme, uma pintura, um livro,...). A atribuição de significados depende da vivência de cada um. Daí, os diferentes modos de ver o mundo. • Podem ser verbais (uso da palavra) e não verbais (uso de uma variedade de linguagens).

Tipos de leitura

Os textos escritos, que são os mais freqüentes na vida acadêmica podem ser entendidos como aqueles que utilizam a palavra. Incluem desde os livros, apostilas, artigos de jornal e revista, letras de música, romances....até a parte falada de um filme ou uma propaganda. Abrangem tanto os textos de ficção quanto os de não-ficção. Os textos de não-ficção são chamados de textos referenciais, pois fazem referência ao contexto, ao mundo. Há, portanto, diferentes tipos de textos e diferentes tipos de leitura.

No caso de um texto verbal escrito, podemos fazer a leitura emocional e racional.

Leitura emocional “é a leitura subjetiva, que nos empolga, liberando emoções e dando asas à nossa fantasia. Entregamo-nos de corpo e alma ao universo criado pelo autor, seja ele imaginário ou real, viajando no tempo e no espaço, experimentando prazer ou angústia. Nós nos colocamos no lugar do narrador ou de algum personagem (...) Nesse tipo de leitura, o único critério de avaliação usado é o do gosto (p.12).

Leitura racional “exige uma compreensão mais abrangente do texto e mobiliza, além do sentimento, as capacidades racionais do leitor, como, por exemplo, a capacidade de analisar o texto, separar suas partes, estabelecer relações entre elas e outros textos, sintetizar as idéias do autor, etc” (p.12). É o momento de estabelecer um diálogo com o texto a fim de entender seus significados mais profundos.

Vamos conhecer agora, as etapas da leitura racional que são:

a) Denotação: visa a compreensão do sentido literal, direto e superficial do texto.É necessário:

Levantamento de diversos aspectos, como:

vocabulário; dados sobre o autor; situação histórica; finalidade para a qual o texto foi escrito; autores, teorias, obras e eventos comentados ou citados no texto.

procura da idéia central do texto (do que trata o texto? Qual é o assunto discutido?)

análise do desenvolvimento do raciocínio do autor (como o autor trata a idéia central; qual a argumentação utilizada para sustentar o raciocínio? Apresenta conclusão? qual?). Em suma, o texto possui uma estrutura lógica (introdução/ desenvolvimento/conclusão)?

b) Interpretação: é a procura dos significados

não explícitos, ou seja, os significados conotativos ou figurados. É a busca das “entrelinhas” do texto.

Perguntas: o que o autor quer mostrar ou demonstrar com o texto? Quais os valores, idéias, pontos de vista assumidos pelo autor? Qual a relação entre o texto e o contexto?

c) Crítica: momento da critica objetiva (não baseada no gosto), que surge do entendimento da proposta do próprio texto. Pode-se verificar se o autor: atinge os objetivos a que se propõe, se é claro, coerente, se a abordagem é original, quais as contribuições que traz em relação ao assunto tratado. Nesse nível, se completa a análise do texto. É possível formular uma opinião sobre o mesmo, independente das preferências/ gostos pessoais. Pode haver divergência em relação às críticas.

d) Problematização: momento de pensar em assuntos ou problemas que, embora levantados a partir de sua leitura cuidadosa, vão além dela. Ao problematizar, são indagadas outras possibilidades, exercitando a imaginação, a coerência, o raciocínio. É a possibilidade de atribuição de novos significados, para novas leituras do mundo.

A necessidade de (re) aprender a ler é a prática de dar significados ao mundo e a própria vida. É a tarefa que pode ser conseguida por meio dos sentimentos e da razão.

Em se tratando da redação de um texto, de um trabalho acadêmico, não é possível “esperar a inspiração chegar”! O tempo passa e nem sempre (ou quase nunca) as pessoas delegam muito tempo a uma única atividade.

Sendo assim, é necessário atentar-se para alguns aspectos, visando a otimização do tempo e dos resultados:

a) a dimensão ética da pesquisa – a falta de compromisso e de profissionalismo expressa-se das formas mais sutis como as invenções de dados, de informações às cópias de trabalhos prontos (plágio). Tal situação tem levado algumas universidades a requererem um “selo de autenticidade” do trabalho. Há ainda a relação de compra e venda de trabalhos. Busque agir com honestidade. Basta dar os créditos aos autores legítimos. Para isso existem as citações literais (cópia de trechos) e os “Segundo Fulano (ano)”,....

b) a exatidão dos dados – é de extrema importância. Evite expressões com vários sentidos, linguagem coloquial, informações vagas ou imprecisas. O texto deve ter uma elaboração de fácil entendimento (simples) porém deve-se utilizar uma abordagem formal,

c) a concisão no raciocínio e na escrita – evite ser prolixo ou sintético ao extremo. O leitor deve entender a mensagem!

d) a clareza - o texto deve ser visto como um todo e não como um amontoado de pedaços. Portanto, o conteúdo deve ser claro e objetivo.

e) a coerência e coesão – o texto deve ter introdução, desenvolvimento e conclusão. O autor deve abordar o mesmo assunto do início ao final da redação. Caso haja alguma informação importante mas que interrompa a harmonia da leitura, lance mão das notas de rodapé (recursos breves e explicativos sobre termos, situações, autores,...),

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