Como e Quando Recorrer

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    COMO EQUANDORECORRER*

    1.INTRODUO

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    Pode parecer estranho alar em recursos administrativos e aes judiciais emum livro sobre como estudar. inquestionvel que o ideal o candidato ter a posse deum grau de conhecimentos que permita-lhe ser aprovado sem maiores diculdades.Ocorre que muitas vezes a pessoa cumpre todos os requisitos, sabe a matria, mas injustamente reprovada.

    O ideal no precisar recorrer administrativamente ou ao Judicirio, mas svezes isso necessrio. Quando alo em recurso administrativo ou ao Poder Judicirio,

    obviamente rero-me acepo de buscar auxlio, buscar soluo e no apenas derecurso no sentido estrito, que signica cursar novamente, recorrer de algo onde jh uma deciso.

    em uma dessas horas, aquela em que voc decide recorrer, que os conselhosaqui transcritos podem ser teis.

    A PRIMEIRA PERGUNTA: QUANDO RECORRER?

    Devemos azer isso diante de uma reprovao injusta. O recurso deve ser umaalternativa a ser considerada quando houver violao de uma norma constitucional,legal, administrativa ou do edital, erro material ou grave erro de mrito na correo(aquele que ultrapassa a margem de discricionariedade normal do examinador).

    Quando a reprovao decorrer da alta de preparo suciente do candidato, omelhor caminho estudar mais para a prxima prova. preciso saber que eventuaisreveses normalmente azem parte de uma caminhada que culmina com o almejadosucesso. Nesses casos, lembre-se do prazo ideal para se passar e que insucessos devem

    ser considerados como parte do processo de aprendizado e apereioamento.

    * Agradeo aos advogados Jos Manuel Duarte Correia, especialista na rea de concursos pblicos, e AlessandroDantas que contriburam para a elaborao deste item.

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    Apesar disso, nem sempre recorremos apenas diante de uma injustia. Tambm natural que o aamos ao carmos a uma pequena distncia da aprovao. Por maisque o candidato ache justa uma nota 4,9 que recebeu, claro que no absurdo pre-

    tender uma reviso para ganhar 0,1 e passar. Nesses casos, vale a pena tentar, at porqueem hipteses de pequena dierena para aprovao h bancas que se sensibilizam como recurso. Isso to natural que muitas vezes eito automaticamente pela prpriabanca, que j arredonda a nota. Embora, note-se, o arredondamento no seja um direi-to do candidato a menos que o edital o preveja.

    Outro caso de recurso aquele em quese verica, diante do caso concreto, uma chancede aprovao com base em um argumento orte

    e razovel. Mas isso depende da anlise do casoconcreto, onde proessores, cursos e advogadospodem ajudar.

    Os trs caminhos diante da reprovaoindevida. O candidato tem trs caminhos:o administrativo, o judicial e a realizao doprximo concurso. Ele pode utilizar apenas um,dois ou todos, conorme lhe convier.

    Orientao importante. Os candidatosno devem se impressionar ou deixar de lutar por seus direitos apenas porque constaem algum item do edital que a simples inscrio no concurso implica a aceitao detodas as suas regras. No existe isso de aceitar ilegalidades. A Constituio asseguraque a pessoa possa enrent-las. Inscrever-se em concurso pblico signica ato polticodo cidado e administrativo do Estado, guras que jamais poderiam ser chanceladorasde uma renncia ao direito de que a prpria Constituio seja cumprida.

    A relao do homem com seus direitos muito dicil e prounda. precisosaber a hora e o modo de se lutar por eles, at porque j se disse que melhor mor-rer de p do que viver de joelhos. Nesse passo: Aquele que tem direito e no faz usodo seu direito no tem direito a ter direito. Um autor medieval complementou que ohomem que se submete servido a merece exatamente porque a aceita, quandopoderia lutar pela sua prpria libertao. Por outro lado, h ocasies em que novale a pena exercer o direito que se tem. Uma das mais diceis artes a de saber ahora de no insistirmos, de abdicarmos de nossos direitos em prol de outro objetivoou valor maior. s vezes vale a pena parar um pouco ou, num primeiro momento,dar um passo atrs para depois dar dois adiante. Essa sabedoria se az precisa no

    amor, na amizade, nos negcios e, tambm, nos concursos. Nesse ltimo caso, ouvirum proessor, amigo mais experiente ou um bom advogado pode ajudar na decisosobre qual o melhor caminho a trilhar.

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    Fatores psicolgicos que aetam a correo dos recursos. natural e athumanamente tolervel certos enmenos que, em regra, infuenciam a correo dosrecursos. H casos em que a correo no os considera, mas h concursos em que esses

    atores pesam. Quanto maior o nmero de vagas, a premncia de preenchimento, emenor o nmero de aprovados, maior ser a boa vontade quanto correo. Quantomenor o nmero de disciplinas em que o candidato oi reprovado e menor a pontuaoainda necessria, mais cil ser obter sucesso na reviso. A presena das qualidadesposteriormente mencionadas (I5) tambm conta positivamente. A alta dessas quali-dades pode ser o bastante para os recursos no serem providos.

    2. PERIGOS E DESVANTAGENS NA INTERPOSIO DE

    RECURSOSEmbora seja uma lstima, nem sempre os recursos contra proessores e cursos

    so bem aceitos, ou so aceitos com serenidade e iseno. Desse modo, possvel queum recurso, ou um recurso mal administrado ou mal eito, seja mal interpretado eprejudique o aluno ou candidato.

    A deciso de exercer o sagrado direito de reclamar deve ser tomada com pru-dncia e cuidado.

    S vale a pena recorrer administrativamente ou interpor ao judicial quando aviolao de seu direito or evidente, clara, ou, ao menos, passvel de razovel demons-trao. No caso de aes judiciais, um advogado especialista no ramo certamente irorientar a respeito da viabilidade de cada caso concreto.

    3. RECURSOS EM ESCOLAS, CURSOS, FACULDADESDevem ser eitos primeiramente ao proessor e, se necessrio, superviso

    ou direo. Tanto quanto possvel, evite car brigando ou chorando por pontos.Merec-los mais cil do que lutar por eles. Procure obter os graus que deseja nocampo mais propcio para isso: os testes, provas e vericaes, utilizando as tcnicasde estudo e elaborao de provas.

    Mesmo nos casos de injustias, quando a reclamao um ato at natural, valea pena tentar superar as diculdades com inteligncia, criatividade e adaptao. Seisso no or possvel, utilize as vias adequadas, sempre com elegncia, diplomacia ebom-senso. Perca o ponto, mas no perca a classe.

    De um modo geral, so aceitos como motivos para recursos:

    a) quando evidente que houve engano ou erro na identicao do autor daprova na numerao das questes, ou na soma dos graus (erro material);

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    b) quando a matria no oi dada em sala ou, em concursos, no constou doedital/programa;

    c) quando a questo conusa ou contraditria, sendo certo que muito dicilalegar esse vcio e obter serenidade e iseno na apreciao do tema, o que, de todo e a qualquer tempo, desejvel;

    d) quando h contradio entre a resposta rejeitada e a explicao dada emsala, constante em apostilas, livros reeridos ou em ontes inquestionveisde autoridade na rea de conhecimento em considerao;

    e) quando no se admite pluralismo, variao ou liberdade de opinio. Contu-do, se h correntes, o aluno deve mencion-las, evitando citar apenas umaposio;

    ) no coincidncia entre o grau conerido e o gabarito de correo;

    g) tratamento desigual entre respostas idnticas dadas por outro aluno. Nessescasos, contudo, dicil estabelecer o paradigma.

    4. RECURSOS ADMINISTRATIVOS EM CONCURSOS PBLICOS

    4.1. INTRODUO

    Atualmente, nossa experincia com recursos administrativos tem sido negativa.Lamentavelmente, a Administrao Pblica brasileira ainda no assimilou seu dever decorrigir as alhas que naturalmente ocorrem em tudo o que obra humana. Por altadessa sensibilidade, as respostas da Administrao tm sido insucientes, nebulosase pouco convincentes.

    Ao tornar a via administrativa tantas vezes incua, a prpria Administrao in-centiva a busca da ltima via restante e possvel para a deesa do direito do candidato:a via judicial. Da decorrem nus e prejuzos que poderiam ser evitados e que acabam

    sendo suportados por toda a coletividade.

    Temos a esperana, no obstante, de que isso ser corrigido paulatinamente como apereioamento que se espera da Administrao, com a valorizao da qualidadedo servidor e do servio que presta, bem como pelo respeito aos princpios constitu-cionais e s leis.

    Ressalva se aa ao ato de que, pouco a pouco, tem sido maior o nmero doscasos de reviso de ocio, ou seja, eita automaticamente ou at mediante solicitao.Contudo, na maior parte das vezes, esta limita-se anulao de questes e, em geral,

    apenas quelas cuja nulidade mais bvia.

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    Muito esoro e tempo de todos (candidatos, Administrao Pblica e Judicirio)seriam poupados se a Administrao tivesse a coragem honrosa de, desde logo, assumire corrigir seus erros e equvocos, sem prejuzo de zelar mais atentamente para evit-los.

    Quando toma a iniciativa de corrigir seus erros, ao contrrio de se diminuir, a que o governante e o administrador pblico mostram sua capacidade, moralidadee inteno de acertar. Nesse sentido caminha o ensino da Smula no 473 do STF:A administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornamilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia

    ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a

    apreciao judicial.

    Outra boa evoluo tem sido o maior nmero de revises do mrito das pon-

    tuaes coneridas pelas bancas.Mencione-se aqui que a imprensa geral e especializada tambm tem con-

    tribudo para o apereioamento desse importante instrumento da democracia, oconcurso pblico.

    4.2. PRIMEIRAS PROVIDNCIAS

    Deve-se observar antes de tudo: a) se o concurso (edital) admite a interposiode recursos administrativos; b) se os recursos so limitados a erros materiais (soma degraus, identicao do candidato etc.); c) se os recursos admitem discusso do mrito.

    Tambm importante denir se houve ou no gabarito ocial, que naturalem provas objetivas, mas recomendvel tambm em questes dissertativas.

    Outro cuidado vericar se o candidato que teve grau negado pela banca res-pondeu questo de acordo com a bibliograa reerida, caso em que seu recurso juridicamente muito mais orte.

    A Administrao Pblica brasileira ainda

    no assimilou seu dever de corrigir as

    alhas que naturalmente ocorrem em tudo

    o que obra humana.

    O ideal que o edital admita recursos administrativos. Os recursos undam-sena alibilidade humana e, se a Administrao no os prev, incide em inaceitvel pre-

    tenso de no cometer erros, o que evidentemente impossvel aos homens. Assim, anegativa de recursos, por si s, j viola um direito bsico e inalienvel do homem, que o de propugnar pela correo de erros, alhas ou equvocos que lhe prejudiquem.

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    O correto que sejam admitidos recursos tanto para erros materiais quanto demrito. O ideal que mesmo nas provas dissertativas exista uma indicao de qualresposta era esperada, isto , quais os itens que deveriam ser abordados. Isso no re-

    tiraria nenhuma liberdade da banca, pois, mesmo que o candidato tenha tocado nospontos, ela tem a discricionariedade de valorar a qualidade da resposta. A modicaoseria til para dar mais transparncia aos certames e acilitar o estudo e a preparao,e at mesmo a aceitao do resultado pelos candidatos.

    5. CUIDADOS NA ELABORAO DE RECURSOSADMINISTRATIVOS

    5.1. INTRODUO

    Primeiro cuidado: ingressar com esses recursos no prazo denido pelo edital,na orma determinada e dirigi-lo autoridade administrativa correta.

    Segundo cuidado: no adianta tentar responder no recurso aquilo que no oirespondido na prova. indubitvel que, depois de saber qual a questo, o candidatopode pesquisar e mencionar tudo, absolutamente tudo, sobre um assunto. S que noadianta azer isso no recurso, azer um arrazoado enorme etc. O recurso serve paramostrar que uma resposta boa e razovel j est na prova eita. O recurso no substituia prova nem serve para car em seu lugar, mas sim para iluminar e esclarecer a respostaj dada na prova. Esse o seu objetivo.

    Terceiro cuidado: as qualidades de um recurso. O cuidado primordial e omelhor conselho para se elaborar um recurso que ele seja educado e curto, podendo,contudo, conter algumas virtudes a mais.

    5.2. QUALIDADES BSICAS NA ELABORAO DE RECURSOS

    Os recursos devem ter algumas qualidades bsicas. Eles devem ser: Bem-apresentados

    Organizados

    Claros

    Objetivos

    Simples

    Honestos

    Humildes

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    Bem-apresentados. O visual deve ser bonito e agradvel vista. Um recursodeve ser to bonito quanto um currculo, at porque no deixa de ser, como este ltimo,uma apresentao do candidato. Uma letra linda ou, melhor, uma belssima impresso,

    limpeza, asseio, se cabvel uma boa capa, tudo isso impressiona.Organizados. Nunca canse o examinador obrigando-o a decirar seu recurso

    ou a achar as questes e os seus argumentos numa baraunda de papis, olhas, linhasetc. Conuso a ltima sensao que um corretor ou revisor deve sentir ao ver umaprova ou um recurso. Se or juntar anexos, numere-os, aa ndices e linguetas paraacilitar o manuseio etc. Atenda ao seu cliente, agrade-o, acilite a sua vida, at porqueo cliente tem sempre razo.

    Claros. Isto tem muita relao com a organizao, mas vai um pouco alm.

    Seus argumentos devem ser claros, ceis de entender.Objetivos. Faa uma argumentao lgica e bem-undamentada, rpida e

    convincente. No desperdice o tempo do examinador, v direto ao assunto, ao ponto.

    Simples. A simplicidade um princpio da guerra e da redao. Quanto maissimples e curto or o seu texto, e mais cil de se compreender e concordar, melhor.Evite complicar o meio do campo, pois o jogo de campeonato.

    Honestos. Nunca tente mentir ou iludir o examinador. A mentira tem pernascurtas e os examinadores so pessoas cultas e bem-preparadas. melhor ser repro-

    vado de p, com dignidade, do que se diminuir ou perder o respeito prprio comexpedientes escusos. Se eles no orem detectados, nem assim sua conscincia se livrardeles. Se voc or descoberto, pior ainda, pois, alm da sua conscincia, ainda termais problemas, que podem at prejudic-lo no uturo. Trabalhando de modo proboe correto voc chegar a um bom destino, s vezes de orma mais demorada, pormmais segura e tranquila.

    Humildes. Quando alamos em recursos com essa qualidade, queremosabranger o respeito banca e a rejeio a qualquer aparncia de arrogncia. No

    adianta querer tentar provar que sabe mais do que a banca. Evite termos agressivos,indiretas etc. Seja rme na deesa de sua tese, mas educado e gentil sempre. Um poucode fexibilidade no az mal a ningum.C2, C5, C8.

    5.3. O QUE FAZER E O QUE NO FAZER EM RECURSOS

    Os recursos devem, alm de seguir as determinaes constantes no edital, conteras seguintes inormaes:

    1 a quem dirigido;

    2 o nome e qualicao do candidato, em especial seu nmero de inscrio;

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    3 a indicao de que se trata de recurso administrativo com base no artigotal do edital, onde respeitosamente se requer a reviso dos graus obtidos;

    4 a pontuao obtida e a altante para aprovao;

    5 quais so as questes objeto do recurso (reerir o nmero das questes);

    6 em seguida, passa-se s questes. Transcreva claramente a questo, a suaresposta e, em seguida, os argumentos e undamentos pelos quais pede-sea reviso. As ontes de autoridade so a melhor base para undamentar osrecursos (lei, doutrina, jurisprudncia, smulas, teses, pareceres, livrosreeridos pelo edital ou de autoria dos membros da banca etc.).

    7 os anexos com cpias das menes eitas s ontes de autoridade em que se

    baseou eventualmente o recurso (cpia do livro, de artigo do autor reeridoetc.).

    Se permitido pela comisso do concurso, redija uma petio de recurso paracada disciplina em que oi reprovado. Isso simplica o trabalho do examinador.

    As questes devem ser colocadas em ordem. A transcrio da questo pode serem negrito e a de sua resposta no dia da prova em margem dierente, em negrito ouem itlico.

    NO FAZERNo deixe de vericar se seu recurso atende a todas as caractersticas positivas

    anteriormente reeridas. No critique a banca ou a orma de elaborao da questo.No pea misericrdia, piedade, nem utilize argumentos no tcnicos, como o atode estar precisando do cargo etc. No tente completar ou substituir com seu recursoa resposta que no deu ou deu equivocadamente na hora da prova, visto que isso noadianta. muito comum o candidato escrever umas trs ou quatro linhas na horada prova e, ao azer o recurso, elaborar dissertaes enormes e completas sobre o

    tema. O recurso, por no se prestar a esse objetivo, no prosperar. No aa umaapelao. Os recursos servem para corrigir erros, equvocos e eventuais injustias.Se voc puder demonstrar de modo claro e objetivo alguns desses justos motivospara a reviso de sua nota, timo. Caso contrrio, no desanime, continue a estudare persista na busca de seu objetivo.

    6. INTERPOSIO DE AES JUDICIAISA correo da prova e os critrios de admisso so, em princpio, resguardados

    pela discricionariedade do proessor/banca e do administrador pblico. Contudo, adiscricionariedade , conceitualmente, a liberdade de opo nos limites da Constitui-o e das leis.

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    Se a prova ou concurso no respeitar as normas, existe espao para o en-rentamento judicial da questo, tendo em vista o princpio da inaastabilidade dajurisdio (art. 5o, XXXV, da Constituio Federal).

    Entre os princpios, reluzem em especial:

    o princpio da realizao de concursos pblicos para escolher os ser-vidores. Qualquer cidado tem o direito de concorrer ao cargo pblico,de ser melhor num concurso pblico do que os parentes ou amigos dogovernante. Na Administrao Pblica, ao contrrio do que ocorre nainiciativa privada, os meios tambm interessam, devendo ser objeto descalizao e de normas. Em uma verdadeira democracia, o povo temdireito de participar do governo, e no apenas de esperar os resultados

    dele. Querer selecionar servidores de orma simplicada, apenas porcritrios diversos do que mede o mrito pessoal, preerindo-se indicaesou apenas exame curricular tem um cheiro muito ruim, e eio;

    o princpio do livre acesso aos cargos pblicos, que assegura que todosos cidados tm o direito de participar do governo e exercer atividadese unes pblicas;

    o princpio da exigncia de capacidade e idoneidade do candidato parao exerccio da uno ou atividade;

    o princpio da isonomia, isto , do direito de tratamento igual perantea lei;

    o princpio de proteo dos defcientes, que assegura vagas para osmesmos;

    o princpio da impessoalidade, que impede que os cargos sejam distri-budos para se agradar aos amigos ou mais chegados ou que se rejeitemcandidatos pelo ato de serem desconhecidos, indierentes ou inimigosdaqueles que esto exercendo o poder;

    o princpio da moralidade, que indica uma srie de outros princpiosde honestidade e boa administrao, aos quais devem curvar-se os go-vernantes e servidores;

    o princpio do devido (justo) processo legal, que exige procedimentoprevisto em lei e razoabilidade para se retirar de qualquer pessoa sualiberdade, direitos ou bens;

    o princpio da razoabilidade, que a derivao material do princpio dodevido (justo) processo legal, exigindo um mnimo de razo, lgicae bom-senso em todas as atividades estatais, at mesmo na correo deuma prova.

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    Sempre que or violado um dos princpios acima citados, existe a possibilidadede ao judicial.

    Sempre que or violada a Constituio, uma lei ou norma administrativa, ouuma regra constante do edital, existe a possibilidade de ajuizamento de ao judicial,em uma de suas inmeras ormas (ao de conhecimento de rito ordinrio, ao cau-telar, mandado de segurana, ao popular etc.).

    Como j dissemos, a simples violao da razoabili-dade e do bom-senso j admite questionamento judicial,tese aceita menos nas correntes tradicionais e mais nascorrentes modernas.

    Porm, sempre h valor na discusso.

    Tanto quanto nas causas do consumidor, docidado em ace do Estado etc., sempre que as pessoaslutam pelos seus direitos existe uma maior puricaodo sistema. Anal, os cidados devem aprender a lutarpor seus direitos, pois isto que cria e possibilita umpas melhor.

    Todo questionamento abre a possibilidade damelhoria.

    Em uma verdadeira democracia, o povo

    tem direito de participar do governo, e no

    apenas de esperar os resultados dele.

    7. CUIDADOS NA ELABORAO E INTERPOSIO DE AES

    JUDICIAISEstes cuidados devem ser discutidos e adotados em conjunto com seu advogado.

    Todo questionamento razovel abre a

    possibilidade da melhoria.

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    8. ORIENTAO BSICA PARA A INTERPOSIO DOSRECURSOS

    Os recursos em escolas e cursos podem ser eitos pelo prprio aluno. Os re-cursos administrativos em concursos pblicos tambm podem ser eitos pelo prpriocandidato, embora possa ser til a ajuda de um proessor ou advogado. No caso derecursos judiciais, obviamente necessria e indispensvel a orientao de um advo-gado, preerencialmente especializado no ramo.

    Certo que as palavras aqui transcritas no servem (nem pretendem) ensinar apeticionar. Servem apenas para dar algumas noes gerais para o candidato reconheceras alhas mais comuns em concursos e, caso elas ocorram, procurar enrent-las como auxlio de um advogado.

    9. GUIA DE ELABORAO DE RECURSOS CONTRAILEGALIDADES NOS CONCURSOS PBLICOS12

    9.1. RECURSO ADMINISTRATIVO. OBJETIVO E A QUEM DIRIGIDO

    O recurso administrativo um meio de controle interno de atos e decisesproeridas pela Administrao Pblica ou por quem esteja no desempenho de unes

    administrativas, com a nalidade de que possam rever seus prprios atos. O recurso,de certa orma, se assemelha impugnao. Nos dois casos, como se trata de controleinterno, pode-se discutir mrito e ilegalidades.

    O recurso ser dirigido autoridade que estiver prevista no edital. Caso o editalno tenha essa previso, deve ser dirigido a quem estiver conduzindo o concurso oua ase questionada, como, por exemplo, a banca examinadora.

    9.2. A FORMA ELEGANTE E RESPEITOSA DE SE DIRIGIR

    O candidato deve respeitar os agentes pblicos e os membros da bancaexaminadora, e, por isso, deve se portar com elegncia e sem oensas aos mesmos. interessante que se use uma linguagem respeitosa, como ilustres examinadores,cultos julgadores etc.

    1 Este item oi desenvolvido com a colaborao e participao de ALESSANDRO DANTAS COUTINHO, amigoe advogado especializado em concursos pblicos.

    um guia rpido e prtico de elaborao de recursos contra ilegalidades que podem ocorrer nos concursos p-

    blicos. Querendo se aproundar mais, vale a pena ver nossa obra conjuntaAs principais ilegalidades nos concursospblicos e seu controle jurisdicional. Seu objetivo trazer de orma rpida, direta e eciente as tcnicas de deesapara que o candidato possa se deender, especialmente por meio de recursos, das ilegalidades que com muitarequncia tm ocorrido nos concursos pblicos

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    9.3. NARRATIVA DOS FATOS, DEMONSTRAO DA ILEGALIDADE EPEDIDO DE REVISO DO ATO

    No bojo do recurso, o candidato deve narrar os atos, demonstrar a ilegalidadee pleitear a reviso do ato. essa a ordem. Vejamos, por meio de um exemplo, comodeve ser eito.

    Exemplo: exigncia de matria ora do programa do edital.

    Ilustrssimos membros da banca examinadora do concurso pblico para provimento

    de cargos XX.

    Inscrevi-me para o referido concurso e quando da realizao da prova objetiva cons-

    tatei, de forma objetiva e induvidosa, que houve um equvoco por parte desta culta

    banca, pois foi exigida na prova uma questo cujo contedo no se encontra previstono programa do edital. Trata-se da questo no 56, que exige conhecimentos de lici-

    taes, matria no contemplada no edital. Tendo em vista a violao ao princpio

    da vinculao ao instrumento convocatrio, moralidade e segurana jurdica, venho

    respeitosamente presena desta banca requerer a anulao da questo e a atribuio

    dos pontos da mesma.

    Pede e espera deferimento.

    9.4. IMPUGNAO DO EDITAL DO CONCURSO: QUANDO, POR QUE ECOMO FAZ-LA

    Normalmente, os editais de concursos pblicos no contemplam a possibilidadede impugnao do edital, ao contrrio do que ocorre nos procedimentos de licitao.

    Provavelmente isso se d pelo medo que os administradores e executores doconcurso tm de simplesmente haver uma enxurrada de impugnaes, o que, de certaorma, pode atrapalhar o desenvolvimento do certame.

    Porm, mesmo sem previso, caso haja ilegalidades, a Administrao ou a bancaexaminadora no podem se escusar de analisar possveis vcios de legalidade e, senecessrio or, de alterar o edital, sob pena de incorrer em ilegalidade.

    Por isso, mesmo que no haja previso no edital, sugerimos que os candidatos,caso percebam que existem vcios no mesmo, aam impugnaes, direcionando-as sbancas examinadoras e autoridade mxima do rgo pblico que est realizando oconcurso. Isso, no uturo, poder servir de orte prova caso o candidato tenha interesseem ingressar com ao judicial.

    Passemos agora a tratar de cada vcio especco e das tcnicas de elaboraode recursos ou impugnao.

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    9.5. PROVA OBJETIVA: COBRANA DE MATRIA FORA DO PROGRAMA DOEDITAL

    Uma ilegalidade que tem ocorrido com requncia a cobrana de contedoora do programa do edital. Isso vem a corroborar a suspeita de que as provas soelaboradas por pessoas dierentes daquelas que elaboram o edital. , a nosso ver, umatestado de inecincia na gesto do concurso e um grande desrespeito aos candidatos.

    Caso o candidato tenha certeza de que a matria est ora do programa(sugerimos que veja com proessores da rea), o recurso direcionado ao examinadordeve se pautar nos princpios da vinculao ao instrumento convocatrio, moralidadee segurana jurdica. Lembre-se da elegncia ao redigir e do pedido de anulao daquesto e de atribuio dos pontos ao candidato.

    Uma tcnica interessante seria inormar que a banca examinadora, em outrosconcursos, tomou a providncia de anular questes que ela reconheceu estarem orado programa. Apenas aa isso caso tenha espao para desenvolver esta tcnica.

    9.5.1. QUESTO COM ERRO MATERIAL

    Erro material o que ocorre na elaborao da questo. Por exemplo, em umconcurso de 2010 para Auditor da Receita Federal havia uma questo com erro ma-

    terial. O concurso oi elaborado pela Esa e em determinada questo as alternativasde respostas estavam dispostas da seguinte orma: a b c e d. Nas alternativashouve a inverso entra as opes d e e. O problema que a resposta correta era aalternativa d, porm ela estava no lugar da e. Qual alternativa marcar?

    Aqui, deve-se recorrer utilizando-se a orma ensinada nos primeiros captulos;trabalhando-se com as teses do erro material e da razoabilidade, e pleiteando-se aanulao da questo.

    9.5.2. QUESTO COM MAIS DE UMA OPO DE RESPOSTA OUSEM RESPOSTA

    Outra ilegalidade que com muita requncia tem ocorrido a exigncia dequestes em que h mais de uma opo de resposta. Isso acontece? Mais do que vocimagina, pode acreditar! E ocorre como? Por exemplo, nas questes de mltipla escolha,quando a banca coloca mais de uma alternativa correta. Apenas para exemplicar. Soprincpios das licitaes pblicas, exceto: a) legalidade, b) impessoalidade, c) continui-

    dade dos servios pblicos, d) julgamento subjetivo, e e) adjudicao compulsria.

    No caso, tanto a alternativa c quanto a d esto corretas, pois apresentamprincpios que no so regentes das licitaes.

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    A outra hiptese ocorre quando, a depender da corrente doutrinria adotada,a alternativa pode estar certa ou errada. Por exemplo, a armativa Dentre os elemen-tos do ato administrativo, destaca-se a competncia. Esta armativa estaria correta

    de acordo com inmeros autores, porm incorreta aos olhos, por exemplo, de CelsoAntnio Bandeira de Mello, hoje dentre os mais conceituados doutrinadores de DireitoAdministrativo, que entende que a competncia no elemento, mas pressupostode validade do ato. Deu para perceber? A banca examinadora tem de saber e ter aconscincia de que concurso no loteria. mrito e um pouco de sorte, mas no obrigao do candidato adivinhar qual o posicionamento da banca examinadora.

    Assim, o recurso deve ser baseado nestas premissas, mencionar o princpio darazoabilidade e moralidade, inormar que em uma prova objetiva s pode haver umanica resposta correta e, com base nisso, pedir a anulao da questo e consequenteatribuio dos pontos.

    9.6. PROVA DISCURSIVA: NECESSIDADE DE CRITRIOS OBJETIVOS DECORREO (GRADE DE CORREO)

    Outra ilegalidade que tem ocorrido com requncia a alta de critrios objetivosde correo das provas discursivas. Por mais que a avaliao seja discursiva, ela no subjetiva! O candidato no escreve o que quer, mas desenvolve a resposta de acordo

    com o estado atual das cincias, de modo que sua resposta estar correta ou incorretae, com base nisso, atribuda uma nota.

    Alm da clareza que deve existir por parte do examinador ao elaborar a prova,ou seja, dizer de orma clara o que quer que o candidato trabalhe, deve, nestes mesmostermos, ter uma chave de correo objetiva a ser observada de orma rigorosa.

    No tem sentido, por exemplo, uma redao ou prova discursiva requerendoque o candidato escreva sobre licitaes. A matria gigante! Em uma questo muitaaberta no possvel ter critrios objetivos, pois no se sabe a que o examinador vai

    atribuir maior pontuao.Em casos assim o que d para azer recorrer administrativamente ou representar

    aos rgos de controle externo, como ao Tribunal de Contas e ao Ministrio Pblico.

    9.6.1. COBRANA DE CONTEDO FORA DO PROGRAMA DOEDITAL

    Pode ocorrer de ser eita a cobrana de contedo ora do programa do edital.Isso vem a corroborar a suspeita de que as provas so elaboradas por pessoas dierentes

    daquelas que elaboram o edital. , a nosso ver, um atestado de inecincia na gestodo concurso e um grande desrespeito aos candidatos.

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    Caso o candidato tenha certeza de que a matria est ora do programa (suge-rimos que veja com proessores da rea), o recurso direcionado ao examinador devese pautar nos princpios da vinculao ao instrumento convocatrio, moralidade e

    segurana jurdica. Lembre-se da elegncia ao redigir e do pedido de anulao daquesto e atribuio dos pontos da reerida questo ao candidato.

    9.6.2. COBRANA DE CONTEDO CUJA RESPOSTA EST CORRETAOU INCORRETA A DEPENDER DA LINHA DOUTRINRIA OU

    JURISPRUDENCIAL ADOTADA

    Outra ilegalidade que afige muito o candidato a cobrana de contedo cujaresposta est correta ou incorreta a depender da linha doutrinria ou jurisprudncia

    adotada.Como a doutrina e a jurisprudncia so muito diversicadas, com requncia

    vericamos que sobre um mesmo ponto h divergncia doutrinria e jurisprudencial.O problema que muitas vezes este ponto cobrado nos concursos. E agora, o queo candidato vai escrever? Bom, o ideal trabalhar com o entendimento majoritrio.Mas, e se no existir entendimento majoritrio? Nesse caso, de duas, uma: ou a bancaanula a questo ou aceita as linhas hermenuticas existentes.

    O candidato, ao redigir o recurso, deve inormar essa divergncia, acrescentando

    que concurso no loteria, e mostrar que possui conhecimento da matria, mas notem a obrigao de adivinhar o posicionamento da banca examinadora. A deesa podeser eita com base nos princpios da razoabilidade e da moralidade.

    9.6.3. FALTA DE MOTIVAO (APONTAMENTO DOS ERROS) NACORREO DA PROVA

    Essa, talvez, seja a mais comum ilegalidade que ocorre nas provas discursivas.Muita gente boa j passou pela complicada situao de azer uma excelente prova,

    porm, quando sai o resultado, a nota atribuda 5,0 pontos de 10,0 pontos, e noh qualquer marcao ou apontamento na prova. Por outras palavras: o candidato nosabe o que errou, por que errou, e do que vai recorrer.

    um vcio clssico e extremamente reprovvel. Podemos dizer at que umaalta de respeito com o candidato.

    Aqui, no recurso, no tem jeito, voc vai tentar justicar sua resposta e mostrarque tudo o que oi pedido voc apontou e desenvolveu (caso isso seja verdade). Setiver espao no recurso, alegue ainda que a banca deve ter razoabilidade para corrigir

    a prova, pois so poucas linhas disponibilizadas para o candidato responder a tantas eto abertas indagaes. Ainda, se possvel, alegue violao ao princpio da motivao,da ampla deesa e do contraditrio.

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    Lembre-se sempre do respeito e da orma elegante de redigir o recurso. Muitasvezes o examinador se sensibiliza com isso. Apesar de tcnico, o recurso deve ser pes-soal e, se conseguir, apelar para o lado emocional, pois a verdade que uma injustia

    da banca est simplesmente tornando mais distante seu sonho, e voc, com certeza,no est eliz por isso.

    9.7. FASE DE TTULOS: NO PODE POSSUIR CARTER ELIMINATRIO

    A ase de ttulos, quando exigida, tem por objetivo prestigiar os candidatosque possuem um conhecimento, uma experincia a mais que possa contribuir para omelhor desempenho das unes que sero por eles exercidas.

    Todavia, o ato de no possuir este conhecimento ou experincia a mais noquer dizer que o candidato no possa desempenhar as unes, pois os requisitos deacesso ao cargo devem estar previstos na lei que o criou, e no no edital. Por isso, aase de ttulos no pode ter carter eliminatrio, sob pena de, sob orma disarada,serem criados novos requisitos de acesso ao cargo por meio de edital, o que vedado.

    Assim, o recurso do candidato deve se pautar nesta ideia e estar baseado nosprincpios da legalidade e da isonomia.

    9.7.1. DISTRIBUIO DESPROPORCIONAL DE PONTOS ADETERMINADOS TTULOS E VIOLAO ISONOMIA

    Outra ilegalidade que pode ocorrer a atribuio de pontos excessivos a certosttulos, de modo a j denir, com base nisso, os aprovados.

    A situao bem casustica e este tipo de comportamento viola o princpio daisonomia, impessoalidade, moralidade e razoabilidade, primados que iro undamentaro seu recurso.

    9.7.2. EXIGNCIA DE CURSO SUPERIOR PARA COMPROVAREXPERINCIA PROFISSIONAL PARA O CARGO DE NVEL MDIO

    Em alguns concursos chega-se ao absurdo de exigir, para comprovar experin-cia prossional para o cargo de nvel mdio, que o candidato tenha graduao emdeterminada rea.

    Tal exigncia absurda e o candidato deve, desde j, azer impugnao ao editale representar aos rgos de controle. Se possvel, devem se mobilizar em grupos paraaumentar a presso.

    O undamento bsico a razoabilidade, pois um absurdo exigir que o candi-dato tenha um curso superior para obter pontos de experincia prossional para um

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    cargo de nvel mdio. Isso ocorreu no concurso da Assembleia Legislativa do Estado

    do Esprito Santo, no ano de 2011, executado pelo Cespe.

    9.8. PROVA FSICA

    As provas sicas tm cabimento em concursos pblicos em que o bom condi-cionamento sico do candidato importante para que ele possa desempenhar melhor

    a uno ou que esta exija, em certas ocasies, um preparo sico maior por parte doagente pblico.

    muito comum para os concursos de carreira policial (PM, PC, PRF, PF etc.).

    Sua exigncia tem de ter previso legal. Se no possuir previso, a exigncia,

    por si s, j ilegal.

    9.8.1. PROVA FSICA PARA CARGOS QUE NO EXIGEM BOMCONDICIONAMENTO FSICO

    Como registrado, o sentido da exigncia da prova sica a necessidade, pelomenos em tese, de se cobrar do agente que ele tenha um bom preparo sico. Porexemplo, o que ocorre com a polcia! Vendo acontecer um assalto, certamente o

    policial ir atrs do meliante muitas vezes correndo, para eetuar a priso.Porm, no tem sentido exigir que um juiz, um promotor, um tcnico ou um

    analista tenha este mesmo preparo.

    Caso o edital exija prova sica nestas condies, o candidato deve impugn-lo,e, no conseguindo, recorrer quando or eliminado.

    Pode-se representar aos rgos de controle externo como o Tribunal de Contas

    e o Ministrio Pblico. Se possvel, os candidatos devem se mobilizar em grupos para

    aumentar a presso.

    9.8.2. TESTES DESPROPORCIONAIS E SEM RAZOABILIDADE

    Mesmo tendo previso em lei, no pode o teste ser excessivo, pois o objetivo no selecionar atletas, mas candidatos que tenham o condicionamento sico necessriopara o bom desempenho do cargo.

    H casos em que os ndices exigidos so tpicos de competidores, sendo, neste

    caso, desproporcional a exigncia, devendo ser impugnado o edital. Por exemplo, no

    se pode exigir do candidato 100 (cem) fexes, 20 (vinte) barras. absurdo!

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    9.8.3. MULHERES GESTANTES

    Um dos mais importantes princpios que regem os concursos pblicos o daisonomia. Signica que os candidatos devem encontrar-se em condies de igualdadepara realizarem as provas. A isonomia tem uma aceta ormal e outra material e, adepender do caso, aplica-se uma ou outra.

    Isonomia ormal signica tratar igualmente os iguais que se encontram nasmesmas condies, ao passo que a material tratar desigualmente os desiguais naexata medida de suas desigualdades.

    No h dvida de que, a depender do estgio da gravidez, a candidata no tenhacondies de realizar, nas mesmas condies que os demais concorrentes, a provasica e, por isso, o certo pedir administrativamente que continue nas demais asesdo concurso e seja prorrogada sua avaliao para o perodo ps-parto.

    9.8.4. MULHERES EM PERODO MENSTRUAL

    A mesma ideia se aplica s mulheres que esto no perodo menstrual, onde halteraes hormonais que mudam o seu corpo e o seu comportamento.

    O ideal comprovar tal ato um ou dois dias antes da realizao da prova e pedirprorrogao por poucos dias. incomum obter xito na via administrativa, porm,

    judicialmente, h candidatas que conseguem. O pedido administrativo pode ser eitopor meio de simples petio, porm, com a tcnica e elegncia de sempre.

    9.8.5. DIVERGNCIA DE CONDIES CLIMTICAS

    A depender da quantidade de candidatos no concurso, pode ser que as provassicas sejam aplicadas em dias e horrios dierentes. Ocorre que uma coisa azer umaprova de corrida s 07:00 horas, e outra realiz-la s 13:00 horas, sob intenso calore ora do sol. Ainda, muito mais cil azer barra sem chuva, corrida sem chuva.

    Caso haja dierenas climticas nos dias de provas dos candidatos o compor-tamento correto da banca examinadora alterar a data e o horrio da prova para secompatibilizar com a isonomia. No sendo eito isso pela banca, recomenda-se recursopela eliminao, onde, dentre os pontos debatidos, deve-se destacar a violao aoprincpio da isonomia.

    9.9. PSICOTCNICO: NECESSIDADE DE PREVISO EM LEI

    Enuncia o art. 37, incs. I e II, da Carta Constitucional que os requisitos de

    acesso ao cargo devem estar previstos na lei.

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    A exigncia de concurso pblico para acesso a cargos ou empregos pblicosno baseada no regime jurdico prossional de seus respectivos servidores. Trata-sede exigncia constitucional, cujo undamento so os princpios da indisponibilidade

    do interesse pblico, da isonomia, da impessoalidade, da moralidade, dentre outros.E, reorando as garantias dos cidados das investidas ilegais do Poder Pblico,

    cou assentado expressamente no texto constitucional que os requisitos de acesso aoscargos e empregos pblicos devem ter previso em lei, ou seja, no pode o edital criaros requisitos de acesso ao cargo, como, por exemplo, a exigncia de exame psicotcnico.

    Por isso o Decreto-Lei no 2.320, de 26 de janeiro de 1987, que dispe sobre oingresso nas categorias uncionais da Carreira da Polcia Federal, enuncia em seusdispositivos (arts. 6o, 7o e 8o) os requisitos exigidos para o ingresso no cargo, tendo

    inclusive, de orma expressa em seu art. 8o, inc. III, estabelecido como requisito para amatrcula que o candidato possua temperamento adequado ao exerccio das atividadesinerentes categoria funcional a que concorrer, apurado emexame psicotcnico.

    Assim, o edital, sob nenhuma circunstncia, pode impor em um concurso oexame psicotcnico como ase ou critrio de aprovao do candidato sem que hajapreviso legal.

    A matria chegou a ser pacicada de tal orma que oi sumulada pela Supremacorte, conorme se verica da anlise do Verbete Sumular no 686:

    Smula no 686: S por lei se pode sujeitar a exame psicotcnico ahabilitao de candidato a cargo pblico.

    Conclui-se, portanto, que os requisitos impostos investidura de um candidatoa cargo ou emprego pblico na disputa de certame devem estar de antemo previstosem lei em sentido estrito, no sendo permitido Administrao Pblica erir oprincpioda legalidade impondo exigncias, por meio de editais, no amparadas em comandolegal permissivo.

    Assim, caso o edital exija psicotcnico sem previso legal, o candidato deve

    impugn-lo. No conseguindo, deve recorrer quando or eliminado, mas sempre comelegncia e tcnica ao apresentar o recurso.

    Ainda, pode-se representar aos rgos de controle. Se possvel, os candidatosdevem se mobilizar em grupos para aumentar a presso.

    9.9.1. NECESSIDADE DE SE PAUTAR EM CRITRIOS OBJETIVOS ECIENTFICOS E SUA PUBLICIDADE

    Os exames psicotcnicos apenas no podem ser aplicados, como oram durante

    muitos anos, em carter sigiloso, de orma imotivada, sem possibilidade de recursos,em mtodo completamente arbitrrio e incompatvel com o Estado de Direito vigente.

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    Devem, alm de tudo, ser baseados em critrios cientcos, objetivos, sob pena deilegalidade do teste e possibilidade de controle jurisdicional do mesmo.

    Caso contrrio, seria muito cil burlar os princpios da isonomia, publicidadee impessoalidade, sendo o teste, na verdade, uma mera entrevista, cuja aprovaodependeria unicamente da avaliao subjetiva do examinador, muitas vezes despre-parado para a uno, principalmente por no ter parmetros, critrios de avaliao.Seria rumar ao passado, s arbitrrias entrevistas sigilosas, prtica combatida com vigorpelos Tribunais Superiores e incompatvel com um Estado Democrtico de Direito.

    Assim, caso o edital exija psicotcnico sem previso legal, o candidato deveimpugn-lo. No conseguindo, deve recorrer quando or eliminado. Sempre comelegncia e tcnica ao apresentar o recurso.

    9.9.2. NO PODE SER UTILIZADO PARA AFERIR PERFILPROFISSIOGRFICO DO CANDIDATO

    Saber se um candidato tem ou no equilbrio emocional, se psictico, proble-mtico, dierencia-se sobremaneira de exigir que tenha um perl psicolgico que oadministrador, unilateralmente, entende ser o mais adequado ao cargo.

    dito isso porque muitos candidatos so desclassicados no porque tenhamdesequilbrio emocional, mas porque no atendem a um perl xado pelo adminis-

    trador, o que fagrantemente ilegal.

    A doutrina e a jurisprudncia so claras e cristalinas no sentido de que o examepsicotcnico no pode ser utilizado como teste prossiogrco, mas somente com oobjetivo de avaliar se o candidato portador de algum trao patolgico ou exacerbadoa nveis extremados e, portanto, incompatvel com determinado cargo ou uno.

    9.10. OUTROS TEMAS SOBRE A MATRIA

    Outros temas a respeito da matria estaro disposio dos interessados nos sitesdos autores (www.williamdouglas.com.br e www.proessoralessandrodantas.com.br).

    10. AS DEZ FALHAS MAIS FREQUENTES EM CONCURSOSPBLICOS

    A lista abaixo trata daquilo que estatisticamente mais acontece, no elidindooutras alhas e erros tambm passveis de serem contrastados pela via administrativae/ou judicial. Iremos abordar esses tpicos em tese, o que no dispensa a anlise do

    caso concreto.

    http://www.williamdouglas.com.br/http://www.professoralessandrodantas.com.br/http://www.professoralessandrodantas.com.br/http://www.williamdouglas.com.br/
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    10.1. EXAMES PSICOTCNICOS

    Direito violado: os exames psicotcnicos em nosso pas ainda tm se prestado

    a serem instrumentos de discriminaes ou, at mesmo, escolhas aleatrias e semqualquer undamento cientco. Normalmente so violados os princpios constitu-cionais da publicidade, da legalidade, da isonomia e da moralidade administrativa.

    Argumentos e teses: um instrumento pblico de seleo de candidatos deveprimar pelo rigor tcnico, cientco e cujas concluses sejam acilmente aerveis.O emprego de exames aleatrios, secretos, enigmticos, sem paradigmas claros,denidos e razoveis proporcionam motivo suciente para a anulao do ato.

    Decises avorveis e jurisprudncia dominante: as decises e jurisprudnciaso torrenciais no sentido de exigirem transparncia e parmetros claros e cientica-mente comprovados para se recusar o ingresso de algum no servio pblico.

    10.2. EXIGNCIA DE DIPLOMA NO ATO DA INSCRIO

    Direito violado: legalidade e razoabilidade.

    Argumentos e teses: os requisitos so exigidos para o eetivo exerccio docargo. Ao tempo da inscrio, o cidado no vai alm da condio de mero candidato,no sendo razovel cobrar o preenchimento de todas as exigncias legais que s sero

    realmente necessrias quando da posse.Decises avorveis e jurisprudncia dominante: embora haja signicativa

    controvrsia, nenhum candidato ter grande diculdade em encontrar arta juris-prudncia em seu avor.

    10.3. DIVISO DOS CARGOS POR REAS OU LOCALIDADES DE ATUAO

    Direito violado: princpio da legalidade e isonomia.

    Argumentos e teses: os cargos pblicos criados de orma una e indivisvelpor lei apenas por meio dela podem ser separados em reas de atuao ou regiesadministrativas. compreensvel o interesse e a convenincia da Administrao emseparar vagas para esta ou aquela regio do pas ou do Estado-membro, ou para estaou aquela rea de atuao, ainda que todas elas aam parte das atribuies genricasdo cargo. Ainda que a Administrao tenha um justo interesse em azer tal diviso,para que ela seja juridicamente admissvel preciso que seja eita atravs de lei. Tam-bm no justo que uma pessoa seja aprovada em uma rea ou localidade com umapontuao menor do que outra que, por ter concorrido para o mesmo cargo em rea

    ou localidade diversa, seja reprovada.

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    Decises avorveis e jurisprudncia dominante: a jurisprudncia dominanteno avorvel a este pleito, embora haja ao menos uma deciso do STJ entendendoque se a lei no distingue, o edital no pode az-lo. Contudo, lembre-se o candidato

    que, citando apenas um exemplo, por muito tempo os lhos adulterinos oram discrimi-nados e tiveram seus direitos negados pela Justia, que depois de ser sucientementechamada a resolver o problema e incentivada pelos argumentos dos que no desistemdo justo, mudou seu entendimento. Em seguida, a prpria lei reconheceu que todosos lhos possuem direitos iguais.

    10.4. EXIGNCIA DE EXPERINCIA PARA A INSCRIO NO CONCURSODIREITO VIOLADO

    Argumentos e teses: Livre acesso aos cargos pblicos, razoabilidade, isonomiae impessoalidade a experincia pode at ser ator de prestgio na escolha, por exemplo,sendo contada como ttulo, mas no deve ser jamais objeto de discriminao de sortea impedir que o candidato sequer participe do concurso. A experincia pode ter valorclassicatrio, mas no eliminatrio.

    Segundo o princpio da isonomia, mesmo a pessoa que no possui experin-cia, tem o direito de submeter-se ao certame para poder demonstrar que est apta aexercer o cargo. Quando o Estado cria discriminao sem base cientca, ele termina

    prejudicando sua uno social.Algumas vezes o excesso de limitaes e exigncias exageradas levanta a suspeita

    de que no se quer escolher o melhor para o cargo, mas se privilegiar ou prejudicaralgum ou um grupo de pessoas, em prejuzo do princpio constitucional da impes-soalidade.

    Existem at cargos onde excepcionalmente se justica exigir experincia, comono caso dos agentes polticos, tendo como exemplos a Magistratura e o MinistrioPblico. Agora, exigir experincia para cargos de execuo administrativa e/ou cujas

    unes podem ser aprendidas at mesmo em cursos de ambientao, constitui desviode nalidade, abuso a ser corrigido.

    Decises avorveis e jurisprudncia dominante: Por duas vezes j vimoseditais serem modicados aps a interveno saneadora e positiva da coletividadee da imprensa especializada, que indigitaram o vcio e onde, meritosamente, aAdministrao de pronto o corrigiu. H casos tambm de aes judiciais vitoriosasnesse ponto.

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    10.5. CONCESSO DE PONTUAO EXTRA POR SER O CANDIDATOSERVIDOR PBLICO, QUANDO ISSO, AO INVS DE INDICAR O PRESTGIO

    DA EXPERINCIA, APENAS VISAR FAVORECER DETERMINADAS PESSOASOU CLASSES

    Direito violado: isonomia e, eventualmente, impessoalidade.

    Argumentos e teses: a experincia deve ser premiada, mas a premiao nopode ser imoderada ou to prounda que discrimine outros candidatos.

    Decises avorveis e jurisprudncia dominante: a tendncia, at o momento,tem sido contrria.

    10.6. INRCIA DA ADMINISTRAO, QUE DEIXA FLUIR O PRAZODE VALIDADE DO CONCURSO SEM CONVOCAR OS APROVADOS OUSEM PRORROGAR O PRAZO, PARA EM SEGUIDA PROCEDER A NOVOCONCURSO

    Direito violado: princpio constitucional do respeito ordem de classicao(no mesmo concurso) e de precedncia entre concursos, princpio da razoabilidade eda economicidade do Errio.

    Argumentos e teses: permitir que o prazo de validade de um concurso expirena concomitncia da existncia de vagas e candidatos aprovados para logo a seguirrealizar novo concurso signica obter pela via indireta ou oblqua aquilo que a Cons-tituio probe que se obtenha por via direta. Alm disso, azer um novo concursodesprezando candidatos j aprovados desperdia tempo, atividade e dinheiro do Estado.

    Decises avorveis e jurisprudncia dominante: a jurisprudncia dominante contrria a este entendimento, embora haja uma desbravadora deciso do STF emsentido contrrio, onde oi Relator o Ministro Marco Aurlio. Segundo tal deciso, de

    outubro de 1996, passvel de anulao o ato administrativo assim praticado. A histriadessa ao judicial bela e enriquecedora, um verdadeiro exemplo de determinaoe na Justia, porque o pedido oi negado nas duas primeiras instncias e no STJ,sendo vitorioso, nalmente, e por maioria, no STF. Tal deciso, pioneira, muda a visodos concursos no pas.

    H corrente que entende que a prorrogao do prazo de validade do concurso obrigatria nos casos em que ainda h candidatos aprovados e no nomeados, hajaou no vagas ao trmino do prazo inicialmente xado.

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    10.7. LIMITE MXIMO DE IDADE PARA INGRESSO EM CARGOSPBLICOS

    Direito violado: isonomia.Argumentos e teses: no se deve prejudicar ningum apenas com base em

    sua idade cronolgica. O que admissvel exigir competncia para o exerccio daatividade. uma lstima, mas nosso pas ainda no aprendeu a respeitar os idosos eo caso presente apenas uma das variaes deste preconceito. As pessoas com maisidade, geralmente trazem consigo amadurecimento, experincia e serenidade que sopropcias a bem desenvolver as unes pblicas e privadas.

    Se a Constituio tem um limite para a aposentadoria compulsria, e um tempo

    mnimo para a permanncia no servio pblico antes da aposentao, no az sentidolimitar o acesso. As provas devem exigir o que preciso para exercer o cargo. Se umcandidato com 60 anos atende s exigncias, deve ser admitido. Eventuais correesou adequaes relativas ao tempo de servio e condies para a aposentadoria soaceitveis, para evitar que a pessoa aa o concurso unicamente para ter uma aposen-tadoria melhor. Por exemplo, podese aumentar o prazo mnimo de permanncia nocargo para nele se aposentar ou criar uma rmula de proporcionalidade entre o tempode servio/contribuio em uma e outra atividades.

    Decises avorveis e jurisprudncia dominante: a matria controvertida,existindo vrias decises nos dois sentidos.

    Observao: Admitese o limite mnimo de idade quando esta representar anecessidade de amadurecimento para a assuno do cargo. A prpria Constituio oaz em relao a alguns cargos eletivos e do Judicirio. Porm, ainda preerimos quenestas hipteses se exija a experincia e no a idade mnima.

    10.8. AUSNCIA DE PREVISO DE VAGAS PARA DEFICIENTES

    Direito violado: isonomia e o prprio texto expresso da Constituio (art. 37,VIII).

    Argumentos e teses: isonomia no signica tratar a todos igualmente. NaOrao aos moos, Rui Barbosa ensinou que A regra da igualdade no consiste senoem quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nestadesigualdade social, proporcionada desigualdade natural, que se acha a verdadeiralei da igualdade.

    Chegamos ao ponto de considerar que, para cumprir a letra e o esprito da

    Constituio, se houver apenas duas vagas, uma teria de ser reservada para deciente.Nesse particular, inconstitucional o art. 5o, 2o, da Lei no 8.112/90, que limita a

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    reserva de vagas a at 20%. A Constituio, a considerar sua redao imperativa, querque sempre haja vagas para decientes. A nica hiptese lgica de no se azer isso a existncia de uma nica vaga, pois seria o caso de se discriminar os candidatos no

    decientes.E dizemos mais, consideramos estranho que estejam sendo reservadas vagas

    apenas para decientes sicos, uma vez que a Constituio no az a distino entreas espcies de decientes. H casos de decincia mental de pequena monta, ou seja,o caso dos dbeis mentais ronteirios, aqueles cujo Quociente de Inteligncia (QI),embora no seja normal, est pouco aqum disso.

    Tais pessoas, subtrados nossos prprios e limitadores preconceitos, so capazesde exercer vrias atividades. Mesmo que se tratem de atividades mais simples e com

    pouco ou nenhum contedo decisrio, h cargos que poderiam ser abertos para taispessoas.

    Ainda temos a esperana, como seres humanos e brasileiros, de ver o Governoconvocando as Apaes e entidades congneres a preparar os decientes mentais ron-teirios para exercerem determinadas atividades, reservando-lhes vagas nos concursosou exigindo que empresas prestadoras de servios o aam nos casos de terceirizao.

    Os decientes devero azer as provas em condies de igualdade com os de-mais, mas, tal como os decientes sicos, caro sujeitos lista classicatria distinta.

    Tratar os decientes mentais como prias, incapazes e apenas merecedores deateno e objeto de cuidados signica negar-lhes um tratamento digno como seres hu-manos e cidados, qualidades que inequivocamente ostentam. Apenas assegurando-lhestrabalho compatvel com suas aptides que os integraremos na vida social. Daremosa eles uma atividade produtiva, livrando-os do crcere da alta de oportunidades e ans mesmos de nossos prejulgamentos.

    Decises avorveis e jurisprudncia dominante: a reserva de vagas tem sido as-segurada pelo Judicirio, mantidos os limites numricos estabelecidos em lei. Desconhe-

    cemos qualquer apreciao judicial a respeito de vagas para decientes mentais.

    10.9. SELEO SIMPLIFICADA SOB A ALEGAO DE NECESSIDADEEXTRAORDINRIA E TEMPORRIA DO SERVIO (EX.: APENAS PORCURRCULOS)

    Direito violado: isonomia, impessoalidade e moralidade administrativa.

    Argumentos e teses: o permissivo do art. 37, IX, da Constituio no pode

    ser usado como libi dos governantes para a prestao de avores polticos, barganhaou, pior, como parte de campanha eleitoral. Os governantes devem providenciar arealizao de concursos srios e honestos em tempo oportuno para azer o preenchi-

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    mento dos cargos. No podem car omissos e, ao nal, desprezarem o democrticoinstrumento do concurso pblico eito com critrios objetivos. A alta do concurso a exceo, e a exceo sempre se interpreta restritivamente. Portanto, os caracteres

    de excepcionalidade e temporariedade devem decorrer de atos objetivos, claros einquestionveis, e no de esoro gramatical dos administradores a m de burlar aordem constitucional em concursos.

    Decises avorveis e jurisprudncia dominante: o Judicirio tem se mostradosensvel sempre que chamado a se maniestar sobre a matria, sustando tal espcieno de concurso, mas de recrutamento ou, mais acertadamente, de pinamento.

    10.10. EXIGNCIAS REALIZADAS NO ATO DAS PROVAS OU EXAMES SEM

    PREVISO EXPRESSA NO EDITALDireito violado: legalidade.

    Argumentos e teses: o candidato no pode ser surpreendido por novas exign-cias para as quais no se preparou. Sendo o edital a lei interna do concurso, quase umcontrato (obviamente submisso lei), no pode haver tal espcie de alterao unilateral.

    Para compreender este ponto, vale a pena mencionar alguns exemplos. Emdeterminado concurso, o edital exigia que a pessoa subisse em uma corda at alcanar

    determinada marca com o queixo, e mais nada. No dia da prova, os scais impuserammais uma norma, a de que no se poderia esticar o pescoo. Em outro concurso, naprova de datilograa, a mquina teve uma alha mecnica e os scais no tomarammedidas para corrigi-la ou, quando menos, repetir a prova.

    Decises avorveis e jurisprudncia dominante: tais inovaes inesperadastm sido rechaadas pelo Judicirio.

    Observao importante: Se voc or vtima desse tipo de problema, procureargumentar educadamente com os scais. Se no or ouvido, nem por eles nem pelos

    supervisores, tente realizar a prova e ser aprovado mesmo com a nova exigncia oudetalhe. Se no tiver sucesso, a sim procure auxlio especializado. Vale a pena tentarpassar logo, mesmo com a nova exigncia. Isso evitar maiores transtornos e desgastes.

    Se voc tem difculdade para pagar as taxas,

    pea a iseno undamentandoa com sua

    hipossufcincia fnanceira, medida salutar e

    aceita por muitos rgos e instituies.

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    Uma observao sobre as taxas de inscrioA comparar as taxas de inscrio com o valor do salrio mnimo, vemos que

    elas tm sido muito altas. Os concursos no podem ser elitistas. Acreditamos que os

    Poderes Legislativo e Executivo estaro abertos a ouvir os cidados, diretamente oupela imprensa, sobre este problema, principalmente em casos mais graves.

    As taxas de inscrio tambm no podem servir para azer caixa, devendoto somente cobrir as despesas com o certame. Temos dvidas se justo exigir queos candidatos paguem as despesas do concurso, pois quem deve pagar a despesa deseleo o selecionador. Outro uso indevido da taxa de inscrio como orma deseleo de candidatos sob o aspecto nanceiro ou, quando menos, para diminuir ouevitar um grande nmero de concorrentes.

    No se pode prejudicar a pessoa por causa de sua condio econmica. Casocontrrio, os mais aquinhoados nanceiramente tero mais oportunidades que osmenos avorecidos, at pela chance de azerem mais provas e adquirirem maior ex-perincia. Quando muito, que se aam provas preliminares para diminuir o nmerode candidatos, selecionandoos pelo mrito e no pela capacidade de pagar elevadastaxas de inscrio.

    Se voc tem diculdade para pagar as taxas, pea a iseno undamentandoa comsua hipossucincia nanceira, medida salutar e aceita por muitos rgos e instituies.

    CONCLUSO

    Espero que voc nunca precise recorrer administrativamente ou ingressar comaes judiciais. Para tanto, necessrio que os governantes, bancas, proessores einteressados cumpram as normas legais e adotem o bom-senso. Por sua parte, deve,de preerncia, chegar na prova em condies de superar at mesmo as exignciasacima do normal.

    No desanime com eventuais injustias. A vontade humana tem o poder desuperar quaisquer adversidades.

    A vida muito longa, existem muitos concursos e a Justia pode ser alcanada.Isso j me parece um bom comeo.

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    RESUMO

    AO TERMINAR A LEITURA DESTE CAPTULO:

    Decida estudar o suciente para ser aprovado sem depender de recursos.

    No sendo aprovado, verique os gabaritos e respostas admitidas pela banca,nem que seja para aprender mais e adquirir maior experincia.

    Caso queira interpor alguma medida administrativa ou judicial, consultepreviamente um proessor e/ou advogado a respeito da convenincia eoportunidade de sua deciso.

    Ao adotar alguma medida dessa natureza, aa-o por meio de uma petioque atenda s qualidades mencionadas no I5.

    Ao sorer uma reprovao justa ou injusta, no desanime. Ser reprovado no o m de uma estrada, mas apenas uma parte dela. Esta estrada s terminacom a aprovao almejada.

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