View
2
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
Escola Superior de Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti
Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
A promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao
desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas
Relatoacuterio de estaacutegio desenvolvido para obtenccedilatildeo do grau de
mestre em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
Concebido por Liliana Marisa Pinto Gomes Silva sob a orientaccedilatildeo da
Doutora Brigite Carvalho da Silva
Porto 2019
Agradecimentos
ldquoAqueles que passam por noacutes natildeo vatildeo soacutes
natildeo nos deixam soacutes Deixam um pouco de si
levam um pouco de noacutesrdquo
Antoine de Saint-Exupeacutery
Concretizada mais uma etapa da minha vida o desejo de me tornar profissional
de educaccedilatildeo de infacircncia pretendo expressar o meu agradecimento agravequeles que me
acompanharam neste percurso e permitiram o seu desenvolvimento
Agradeccedilo assim
- Agrave minha famiacutelia por todo o apoio fornecido ao longo desta etapa e pela
possibilidade da sua concretizaccedilatildeo
- Agrave minha orientadora de relatoacuterio de estaacutegio Doutora Brigite Carvalho da Silva
pelos saberes partilhados e cuidado com o desenvolvimento do presente relatoacuterio visando
a sua excelecircncia e rigor
- Agraves minhas supervisoras de estaacutegio Profordf Maria Ivone Couto Monforte das
Neves e Profordf Irene Zuzarte Cortesatildeo Melo da Costa pela promoccedilatildeo de aprendizagens
assim como aos restantes docentes da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti
- Agrave educadora cooperante e auxiliar de accedilatildeo educativa pelo apoio prestado no
desenvolvimento do estaacutegio e nomeadamente ao grupo de crianccedilas jaacute que sem o seu
contributo a concretizaccedilatildeo do mesmo natildeo teria sido possibilitada
A todos vocecircs muito obrigado
II
ldquoSuponho que todos noacutes jaacute nos
questionaacutemos quantas crianccedilas
assim como quanto alunos se
tornaram no que natildeo pretendiam
caso noacutes tiveacutessemos e eles tivessem
reconhecido o seu potencial e
potencializado as suas
realizaccedilotildeesrdquo1
MacKinnon (1964)
1 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoI suppose all of us have often wondered how many of our
children as well as our students would have become what they didnacutet had only we and they recognized
their potential talents and nourished their realizationrdquo (MacKinnon 1964 p1)
III
Resumo
O presente relatoacuterio de estaacutegio respeitante agrave Praacutetica de Ensino Supervisionada
desenvolvida no acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar tem como principal
finalidade a elucidaccedilatildeo da importacircncia de ambientes educativos favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila potenciando desse modo a sua expressatildeo
criativa
A elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio apresenta como principais objetivos a compreensatildeo
do conceito de criatividade a relevacircncia que assume em contexto educativo e no respetivo
desenvolvimento do educando a perceccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o seu
fomento e o reconhecimento de fatores que promovam ou ao inveacutes inibam o
desenvolvimento da criatividade no acircmbito educacional
Eacute feita tambeacutem uma anaacutelise a documentaccedilatildeo legislativa do Sistema Educativo
Portuguecircs e da Creche no que concerne ao enquadramento da criatividade enquanto
intencionalidade pedagoacutegica e objetivo de ensino-aprendizagem assim como uma
perceccedilatildeo relativamente ao desenvolvimento de praacuteticas apoiantes ao fomento da
criatividade no acircmbito educativo destinadas aos profissionais de educaccedilatildeo Tambeacutem foi
efetuada uma investigaccedilatildeo a associaccedilotildees de acircmbito educativo com o intuito de se
percecionar o reconhecimento da criatividade na educaccedilatildeo
Para a concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio foi efetuada uma pesquisa bibliograacutefica
atraveacutes da qual fosse possiacutevel reunir documentaccedilatildeo que desse respostas aos objetivos
elencados agrave qual se une uma metodologia de trabalho pedagoacutegico respeitante ao
desenvolvimento de um trabalho de projeto que fora desenvolvido em contexto de
educaccedilatildeo de infacircncia e ao qual se une como teacutecnica de recolha de dados registos de
observaccedilatildeo com a finalidade de contribuir para a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
efetuada Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais resultantes de um processo de
anaacutelise criacutetica e reflexiva face ao trabalho concretizado
Palavras-Chave Criatividade Potencial criativo Expressatildeo criativa Educaccedilatildeo
IV
Abstract
The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice
developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose
the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion
of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression
The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding
of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and
in the respective development of the student the perception of possible strategies that
allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the
development of creativity in education
An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese
Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical
intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding
the development of practices that support the fostering of creativity in the educational
field aimed at education professionals An investigation was also conducted to
educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education
For the realization of this report a bibliographic research was carried out through
which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives
to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a
project work that was developed in the context of childhood education and to which as
a data collection technique observation records are added in order to contribute to the
analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations
resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done
Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education
V
Iacutendice
Introduccedilatildeo 13
1 Enquadramento teoacuterico 16
11 Criatividade 16
111 Definiccedilatildeo do conceito 16
112 Capacidade inata ou adquirida 21
12 Educaccedilatildeo e criatividade 23
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos
de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47
132 Papel do educador 49
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65
2311 Espaccedilo 66
2312 Materiais 68
2313 Tempo 69
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71
23141 Crianccedila-crianccedila 71
23142 Crianccedila-adulto 72
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77
251 Definiccedilatildeo do problema 80
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83
253 Execuccedilatildeo 90
2531 Jogo da memoacuteria 92
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96
2535 Montagem da casa da Lili 97
VI
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107
2541 Avaliaccedilatildeo 107
25411 Crianccedilas 107
25412 Famiacutelias 108
2542 Divulgaccedilatildeo 111
3 Consideraccedilotildees finais 113
Bibliografia 117
VII
Iacutendice de Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e
o Lobo Maurdquo
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da
Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila
VIII
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
IX
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa
da Lili e ao bolo de chocolate
Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro
Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)
Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)
Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da
memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da
execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre
recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que
constituem a casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees
X
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de
servir de telhado para a casa da Lili
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas
Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da
pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de
tintas de cores distintas
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de
farinha
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XI
Iacutendice de Tabelas
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XII
Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos
AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia
CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico
DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
MPCC - Manual de Processos Chave da Creche
NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico
OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs
13
Introduccedilatildeo
No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de
Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja
temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento
do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia
Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi
definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles
- Compreender o conceito de criatividade
- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo
considerando o desenvolvimento da crianccedila
- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da
infacircncia
- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da
criatividade no acircmbito educacional
As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante
uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em
contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada
Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho
pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no
acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do
estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo
educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita
eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo
da praacutetica concretizada
O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16
crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa
da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche
decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019
14
Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho
levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da
estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que
suportam o mesmo
Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a
estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram
de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor
do desenvolvimento deste trabalho
A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de
investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica
da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia
e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)
Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao
desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta
Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas
tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem
desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes
1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)
Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)
Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra
maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)
O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser
humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade
eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada
e promovida
Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e
promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)
Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp
Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)
15
A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e
concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo3
MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade
o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente
educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis
Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o
reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos
assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo
No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto
educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior
(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino
Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia
Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela
estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na
crianccedila
Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver
corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft
(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo
um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia
estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi
referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio
para a formaccedilatildeo plena da crianccedila
2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21
16
1 Enquadramento teoacuterico
11 Criatividade
111 Definiccedilatildeo do conceito
A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil
de definir (McLintic 2018)
Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como
tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua
complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo
atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes
autores
Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por
Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do
conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo
Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)
refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao
conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem
sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias
antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante
a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua
amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme
referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio
Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve
referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde
a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)
4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino
tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten
Araya 2011 p2)
17
Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num
dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar
de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado
apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave
perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade
como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo
Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo
Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos
aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa
De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados
por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos
significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade
Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave
criatividade mediante perspetivas de diferentes autores
- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que
criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade
a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves
pessoas consideradas criadoras [pessoa]
- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)
criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto
produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se
igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]
- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana
que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua
novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para
o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]
5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa
18
- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo
uacutenico e original [produto]
- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira
2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a
produccedilatildeo de algo novo [produto]
- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade
que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo
padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]
- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker
Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma
habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo
de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]
- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum
comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou
realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]
- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo
atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo
formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e
posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]
- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de
originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda
uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]
- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude
que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo
caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]
19
- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a
capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-
produto]
- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de
capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se
caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se
desenvolvam [pessoa-produto]
- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que
permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de
personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]
- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual
se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]
Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para
o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-
se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo
apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel
histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)
caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)
Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e
Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido
consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld
amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo
(p62)
Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman
amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo
e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes
leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes
tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma
20
caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um
processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular
(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)
ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto
consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode
traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e
originalidade
Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou
diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de
complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se
verifica (Braumann 2009 Morais 2015)
Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)
defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a
originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo
implicam obrigatoriamente criatividade
Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute
frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos
o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um
processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais
mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para
se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante
Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o
recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson
2011)
Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e
em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por
Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade
eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees
objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a
laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo
Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma
competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os
21
estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)
permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias
suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da
novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao
meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo
Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da
trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem
simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo
uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de
complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais
112 Capacidade inata ou adquirida
Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel
deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por
sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por
conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um
sentido criativo
Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta
como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser
adquirida
Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a
criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da
caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento
perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow
1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar
1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009
Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave
semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De
La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem
de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu
contexto sociocultural por exemplo
22
Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal
natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp
Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992
1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco
(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo
o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial
Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte
desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e
contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de
forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo
Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do
ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar
(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o
ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o
desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees
oferecidas
Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave
emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois
aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no
seu desenvolvimento
Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e
consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por
Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo
apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que
circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio
necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem
obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo
Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos
internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente
dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)
23
Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica
intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo
o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as
caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo
se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto
ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980
p117)
12 Educaccedilatildeo e criatividade
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo
A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto
eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e
Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003
citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada
pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas
do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta
a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar
necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais
adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)
Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no
mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os
criamosrdquo6
Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece
ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na
sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos
6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by
the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)
24
educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no
desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)
Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono
(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais
importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a
repetir os mesmos padrotildeesrdquo7
Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas
pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se
caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de
adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas
E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade
em contexto educativo
Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do
estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator
fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma
educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8
Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a
afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse
modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo
Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade
poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos
que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma
constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que
7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human
resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the
same patternsrdquo (Edward de Bono sd)
8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a
existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo
Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a
criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que
promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo
25
uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-
atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)
Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta
a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual
em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma
abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha
de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA
educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um
futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta
anosrdquo (p19)
Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas
encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social
cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e
repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver
competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta
realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)
responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e
rapidamente (hellip)rdquo
Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela
que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e
reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela
crianccedilardquo (p21)
Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp
Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por
parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao
indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo
baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do
indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo
combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social
Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute
absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as
26
quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma
educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)
Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma
educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do
indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas
rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)
predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)
Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem
indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do
desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que
lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal
Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por
Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo
de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo
daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo
As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para
a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas
que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que
concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus
proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas
e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar
Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como
uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma
espeacutecie de know-how
Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a
criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos
resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo
ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de
percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo
de ideiasrdquo (p18)
27
A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par
com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo
humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas
possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve
passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas
ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)
Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma
perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas
educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e
aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se
em agentes sociais significativosrdquo (p123)
Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a
criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo
associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia
permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se
deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de
perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais
Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft
(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano
deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos
e natildeo prejudiciais
Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante
desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando
o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja
capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em
questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter
conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua
adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave
unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia
diferenciando-o dos demais
Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia
se pode denominar como uma atitude de e perante a vida
28
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de
referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas
Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no
desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras
competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por
Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco
2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)
Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a
criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-
aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp
Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema
educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e
superior
Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa
a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda
alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar)
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE
2016)
No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste
relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais
especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a
documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]
29
Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do
contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse
motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho
(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda
e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume
Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com
crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma
profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade
acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso
para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)
Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)
defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees
estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a
valecircncia em questatildeo apresenta
A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo
preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar
uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos
cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve
ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto
indiviacuteduordquo (p1)
Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias
integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o
desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico
defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)
30
educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que
ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila
Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de
anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder
ao registo dos resultados obtidos
Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP
mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo
respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da
Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)
estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)
Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir
para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos
indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis
autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I
Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico
e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre
troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de
julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se
empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)
No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-
aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave
EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila
assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I
Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)
Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade
tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art
7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)
Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a
descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio
31
memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica
promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade
socialrdquo
De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino
averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos
elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino
Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne
ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III
constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo
de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma
Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades
especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II
Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como
principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem
necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo
anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma
o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga
e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se
necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar
o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se
verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e
econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar
de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios
e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra
Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute
caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e
atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos
responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas
32
as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao
niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino
e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de
competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a
elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida
no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as
crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de
uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em
que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade
Obrigatoacuteria p10)
Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo
se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees
relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas
disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do
documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de
Competecircncias
A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os
jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a
criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma
vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da
escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente
criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo
(p15)
Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais
determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e
desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o
pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser
fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento
incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma
relaccedilatildeo processo-produto se tratasse
Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees
complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo
33
humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute
tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se
assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e
aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de
diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos
cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de
competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-
produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo
causa-efeito
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na
sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-
Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap
IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam
quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute
defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo
essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo
preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]
homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como
sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-
escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)
As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios
sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e
Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo
Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da
conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo
assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa
desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de
conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de
infacircnciardquo (p34)
34
No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas
crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se
colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a
participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de
agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se
com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9
Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea
incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)
aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu
processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo
A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as
OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes
Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e
Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)
formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os
seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o
mundo que a rodeiardquo (p43)
Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma
grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade
encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como
uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas
e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)
No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se
como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)
tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial
criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de
competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas
9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60
35
criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de
jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar
movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de
situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou
ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e
criticando-as13
Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo
em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO
desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas
de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o
desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e
maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da
Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e
Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo
Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim
como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo
e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da
Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave
criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente
desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado
Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de
modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito
maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o
desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios
respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo
11 Consultar OCEPE p 52
12 Consultar OCEPE p 57
13 Consultar OCEPE p 83
36
Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens
a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais
subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma
considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves
possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento
considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de
conteuacutedo que integram as OCEPE
Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de
aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute
promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que
a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos
sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias
proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees
que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas
emocionais e criativasrdquo (p105)
Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema
Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua
documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto
agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado
Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras
experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute
ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias
e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem
ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36
meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu
desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)
Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no
desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a
criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e
37
explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de
estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se
encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo
Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de
Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam
um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute
que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e
capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados
ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo
A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser
assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada
como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da
crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado
ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)
expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)
Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e
Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se
constatam Veja-se
Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que
ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas
no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos
tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que
lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo
contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos
requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se
semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias
14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25
38
A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo
educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino
termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta
somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e
Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos
Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia
que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a
subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do
pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto
de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino
citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo
O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a
Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de
ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por
se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a
Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel
No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei
nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas
baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de
estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o
fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias
sejam em nuacutemero reduzido
Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se
presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como
na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo
Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do
Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo
ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes
39
formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em
todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger
o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a
transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute
que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente
agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila
verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade
no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas
Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e
inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se
verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes
(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento
da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a
determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas
aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral
No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se
assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos
educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um
processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma
continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e
cidadatildeo
Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp
Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria
igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez
que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo
acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente
relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar
atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto
que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas
simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria
40
Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a
criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer
que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da
criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar
referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e
praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem
adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os
educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades
e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo
A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e
Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na
educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que
permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo
existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando
a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que
aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem
ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das
suas potencialidades criativas
Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de
documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a
desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que
por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche
(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do
Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas
promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops
seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora
relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de
competecircncias criativas
No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume
foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator
Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos
serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet
praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que
41
podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais
praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo
assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa
De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na
documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da
mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa
natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos
face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que
permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa
Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar
um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas
desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de
educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo
obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias
Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias
Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria
em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em
oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que
estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a
incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos
documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP
se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que
permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto
Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha
existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos
educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade
educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a
importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade
das crianccedilasrdquo (p76)
Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e
informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que
poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
42
Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida
aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas
dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de
atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se
relacionam e se inserem
Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo
destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de
incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode
assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)
Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores
preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles
ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando
os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que
ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser
preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se
tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo
(Novaes 1980 p121)
Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes
torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por
conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas
distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso
comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem
simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e
nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis
Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao
desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se
vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que
natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem
omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas
necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica
Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes
na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e
43
praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de
autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo
(p9)
Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso
Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto
educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade
(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores
em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o
neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender
com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)
Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de
orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto
educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal
aspeto
Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com
o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi
possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo
mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o
Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo
de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo
uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC
Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)
uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e
interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos
principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo
de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo
nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo
a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando
valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo
contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes
ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da
APEI)
44
Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no
desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que
permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e
propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias
coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave
periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador
que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas
as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa
Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade
trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente
denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa
sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de
reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua
Qualidaderdquo
Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar
artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)
sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-
line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem
ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um
entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados
em papel apresentam um custo monetaacuterio
Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de
caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela
promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas
muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o
intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover
atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que
podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo
contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que
correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo
de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de
cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos
da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)
45
Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas
promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia
Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um
conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como
ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas
aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)
No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram
disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para
consulta on-line
Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da
APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que
concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da
Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas
que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a
finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber
Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo
enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo
de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino
Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar
ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da
Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua
desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores
dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)
Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado
pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos
se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees
neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme
referido
Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino
Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da
docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-
46
se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas
uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o
seu maacuteximo potencial
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes
educativos
A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel
afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo
somente em etapas da vida numa fase posterior
Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente
pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda
2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por
Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a
importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd
citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do
potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o
(Alencar 1992 Novaes 1980)
A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe
a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que
possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave
acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)
Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo
sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica
que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute
afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo
positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade
(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)
Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na
infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram
mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute
47
porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)
apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar
as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da
criatividade na infacircncia
Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo
criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo
da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser
desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)
Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas
visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia
uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar
no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-
se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes
2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco
2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma
atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora
contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila
Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades
fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas
pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras
estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as
suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu
potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e
proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante
o decorrer dos momentos de brincadeira
48
Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o
fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo
desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7
Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)
atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos
1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira
2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)
ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave
busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada
situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar
1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do
potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de
Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar
(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que
aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto
de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem
ser adotadas
Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do
desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se
tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA
criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta
a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo
conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)
No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha
da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades
competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de
aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo
se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa
2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem
estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)
49
132 Papel do educador
O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento
responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico
que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada
apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como
aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu
desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser
planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo
do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades
devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e
Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade
pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e
consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)
Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e
desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila
considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e
ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado
com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as
suas aprendizagens e progressos
Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp
Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais
ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores
Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade
e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo
normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias
que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto
dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam
50
o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas
face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa
Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos
professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)
os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos
contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos
e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma
relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo
Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes
desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer
mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do
educando e seus comportamentos
De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente
face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo
condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como
o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley
1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)
Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente
ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando
Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento
da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees
estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico
de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes
1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)
Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da
criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo
e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar
1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)
51
Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola
avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto
favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)
Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel
do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como
favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial
criativo da crianccedila
Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as
causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)
Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar
traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e
inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo
mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar
acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente
encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas
de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do
potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a
tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a
relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo
acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea
2008)
Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem
favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e
influecircncia exercida no educando e ambiente educativo
Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores
favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes
- Atitudes e valores
- Interaccedilatildeo educador-crianccedila
- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
- Conhecimento e formaccedilatildeo
52
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
Papel do
educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Atitudes e
valores
Conceccedilatildeo da criatividade como elemento
essencial ao processo educativo
(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-
Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp
Alencar 2018 p7)
Conformaccedilatildeo com entraves surgidas
face agrave promoccedilatildeo da criatividade
(Alencar 1992 Sternberg amp
Williams 2003)
Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da
criatividade
(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Desvalorizaccedilatildeo das suas
competecircncias
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Falta de confianccedila e inseguranccedila em
agir com receio de errar ou atentar
contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do
sistema educativo
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Interaccedilatildeo
educador-
crianccedila
Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista
ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo
educando
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley
1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten
2005)
Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do
educando
(Torrance 1977)
Elogio e criacuteticas construtivas
(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith
2001)
Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de
cada crianccedila assim como do seu
potencial criativo
(Alencar 1992 2007 Sternberg amp
Williams 2003)
Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada
educando
(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar
2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira
amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005)
Supervisatildeo e controlo excessivo
(Torrance 1977 Sternberg amp
Williams 2003)
Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens
desenvolvidas pelo educando
(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por
Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten
2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)
Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de
valor eou comentaacuterios depreciativos
(Alencar 1992 Torrance 1977)
53
Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no
que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de
seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no
caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente
Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no
educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)
Papel do educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Organizaccedilatildeo do
ambiente
educativo
Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no
processo educativo
(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar
2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)
Dependecircncia exclusiva do
curriacuteculo
(Alencar 1992 2007 Torrance
1977)
Aprovisionamento de tempo e oportunidades que
permitam ao educando efetuar descobertas e
aprendizagens mediante o seu ritmo
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997
Fleith 2001 Aragoacuten 2005)
Ensino Tradicional
(Alencar 1992 2007 Morejoacuten
2000 Alencar Fleith amp Pereira
2017)
Fornecimento de recursos materiais adequados
aos interesses competecircncias e necessidades dos
educandos
(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)
Oferta excessiva de recursos
materiais
(Torrance 1977)
Clima democraacutetico
(Torrance 1977 Cropley 1997)
Tempo destinado exclusivamente agrave
promoccedilatildeo de aprendizagens
curriculares
(Alencar 1992 Cachia Ferrari
Ala-Mutka amp Punie 2010)
Conhecimento e
Formaccedilatildeo
Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade
Carecircncia de saberes acerca do tema
(criatividade)
(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010
Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
54
ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e
reprimidas
Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da
criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave
perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao
indiviacuteduo assim como de naturezas diversas
55
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas
Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)
um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as
hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)
Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo
de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho
Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao
desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo
revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute
meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e
necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho
pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo
de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no
qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede
privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo
A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente
necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no
qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada
de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto
mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora
No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee
de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o
funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a
56
crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades
compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)
No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm
CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de
escolaridade)
Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas
polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as
suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos
aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)
Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo
educativa estes satildeo
- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo
Pedagoacutegica
- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de
Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas
Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma
Conselho de turma
- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas
Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos
administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza
- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais
Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito
agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de
accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as
salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala
verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36
meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma
sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade
57
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional
Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a
perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em
questatildeo
Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento
face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao
desenvolvimento do educando17
Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade
os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras
finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e
competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de
interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para
desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo
progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania
a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que
concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila
Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na
qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser
fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento
integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees
surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e
inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18
No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade
natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa
dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo
16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz
educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da
inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
58
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se
desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu
e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o
grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e
sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel
Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32
meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das
crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do
sexo feminino
No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo
em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar
que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante
aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e
informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)
desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo
Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria
mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte
da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas
durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para
as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e
registado
Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria
esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste
em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e
19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os
sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para
efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)
59
descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o
desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)
Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de
informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua
Portuguesa)
Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o
conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao
desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia
considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente
agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas
(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)
Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao
desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do
desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que
somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes
encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo
ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas
ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e
atitudes perante um contexto natildeo-familiar
Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e
comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as
crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21
visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e
correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo
grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)
Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp
Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada
20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores
60
vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo
(p162)
Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem
acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi
possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman
(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e
subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo
alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)
Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio
das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa
Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas
matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus
com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos
Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom
desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees
A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de
pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas
das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24
encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por
duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida
pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras
finas)
Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa
etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo
elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo
22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos
61
O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e
caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento
do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais
especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds
amp Feldman 2009)
No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um
bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos
sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo
Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta
nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo
grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha
na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem
do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta
constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias
das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades
de expressatildeo plaacutestica
Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o
desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando
e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode
constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila
(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)
O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma
atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky
1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via
27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em
diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e
diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio
62
atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016
Oliveira 2018) 32
Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo
o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de
categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda
se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o
nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)
Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a
maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena
minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)
Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste
fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e
compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada
considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em
questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo
ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos
manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a
aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados
Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem
oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se
registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever
aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo
educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a
musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha
verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem
a sua frequecircncia em terapia da fala
32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
63
Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira
recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos
necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees
As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave
comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais
constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)
elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar
o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)
Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses
estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na
formaccedilatildeo de frases (simples)33
Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um
discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente
No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento
face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do
seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso
instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo
Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia
esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para
avaliaccedilatildeo da autonomia)
Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as
autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto
Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para
eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem
usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas
apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade
33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do
desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)
34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo
64
Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave
partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35
O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver
a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos
Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves
crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)
No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou
acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste
tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila
envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou
soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No
entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se
primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim
de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees
sociais e desenvolvimento integral
Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em
situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas
compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma
soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador
incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas
exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si
proacuteprias e nos outros
Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da
sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre
si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente
aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a
35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para
consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de
uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na
procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila
36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais
(Eisenberg 2005)
65
desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a
interagir seja com outras crianccedilas ou adultos
Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade
e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a
estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um
facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre
as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo
da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada
Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade
o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila
conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento
Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a
caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito
(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain
1977)38
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das
intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo
promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e
apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas
necessidades e interesses
Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo
materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas
entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades
37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
38 Ver 132 Papel do educador
66
2311 Espaccedilo
Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves
oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-
se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o
intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas
Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute
espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos
pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode
ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)
As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas
pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para
o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve
assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39
Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas
criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a
possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas
Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem
de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo
ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse
modo perigo
No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito
tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico
permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis
quedas
39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a
serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel
superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se
encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis
de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas
67
Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post
2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento
visual da crianccedilardquo
Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que
permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior
Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o
mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel
obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante
luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso
a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos
presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem
favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas
cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas
No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para
a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do
espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para
as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)
Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves
crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e
consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees
Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se
encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua
abertura por parte das mesmas
No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas
dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e
ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos
As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter
perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo
bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas
68
O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e
respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al
2016)
A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam
aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de
papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)
2312 Materiais
Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis
diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila
condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu
desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)
Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e
considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
por parte das crianccedilas estes apresentam-se
- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)
- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia
condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das
crianccedilas)
- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo
pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que
facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos
materiais disponibilizados
- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de
inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)
- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo
(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de
69
feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores
do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para
realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo
dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e
dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros
puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)
Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores
agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se
encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas
Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees
(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos
quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em
contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas
podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente
seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza
2313 Tempo
O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador
e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser
somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais
necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo
permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo
(Cardona 1999 Silva et al 2016)
A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua
sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta
conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al
1996 Niza 2012)
Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu
esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas
realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)
higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a
70
ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por
todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas
ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)
Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a
educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em
questatildeo Silva et al (2016) afirmam que
ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser
responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se
traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e
dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve
assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em
que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)
O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por
norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles
dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para
o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para
efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas
pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas
podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado
agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham
feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)
No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita
atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de
atender agraves suas necessidades
Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez
numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel
seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora
dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo
do conhecimento da mesma pelo grupo
71
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees
23141 Crianccedila-crianccedila
Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos
de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas
(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e
intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)
Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem
em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando
conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem
O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes
momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em
pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente
Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e
relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para
serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando
mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila
Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as
crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim
consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras
Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de
conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como
mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser
simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho
e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)
Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira
1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai
sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas
Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se
estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si
72
23142 Crianccedila-adulto
No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente
educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees
distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria
personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e
valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)
O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de
aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas
educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como
apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)
Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora
cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas
satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo
havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees
planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo
adequadas a cada crianccedila
Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas
tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas
como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no
denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)
o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse
modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na
mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com
a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas
solicitaccedilotildees
Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram
os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas
conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho
40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)
73
Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se
expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo
relativamente agrave privacidade
Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam
fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave
intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas
natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela
positividade
No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas
participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo
educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute
concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no
momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses
As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam
desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela
equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente
educativo no qual se encontram inseridas
Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto
que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um
balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente
enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras
na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na
creche
Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-
se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se
41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo
74
baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do
interesse do grupo envolvido
Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)
abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)
Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em
qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos
(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva
1998)
Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise
esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado
tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)
Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto
de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de
competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de
informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da
tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e
criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da
autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo
de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)
A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila
e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um
ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes
em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)
Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve
proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio
processo de aprendizagem
No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem
de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de
projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-
educador
75
Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais
experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)
Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a
metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o
estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3
anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da
crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais
se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)
Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma
metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada
a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por
Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se
relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais
razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo
sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)
Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de
respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e
conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim
como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as
crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees
descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de
ambos os sujeitos
Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar
na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases
- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)
- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando
e quem)
- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)
- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e
partilha com outros elementos da comunidade educativa)
76
No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas
de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida
enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente
capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve
ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar
Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do
ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima
democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir
autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de
interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos
e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo
de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo
dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)
Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado
ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as
crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses
das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto
agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo
educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)
Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche
uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente
educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto
educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de
ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho
2013 p58)
A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo
das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao
ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as
77
ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao
contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)
Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto
Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas
aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a
crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e
construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado
por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto
desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades
compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes
do mesmo
Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo
de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja
principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente
relatoacuterio
Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos
promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de
brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso
a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e
consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a
educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem
ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas
42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
78
Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi
afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo
(p75)
Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um
projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses
das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte
a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo
Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do
educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as
intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito
pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva
(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas
no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as
quais se enquadra o trabalho de projeto)
Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves
caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que
embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas
proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento
singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais
se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva
potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente
educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial
criativo do educando
Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se
conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade
43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se
encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
79
No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se
torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e
esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante
No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como
meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas
relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47
Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de
ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que
possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor
preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes
criadoras
Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-
Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de
fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias
que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)
No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem
foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila
Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo
implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades
individuais (hellip)rdquo (p119)
Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo
da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das
intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma
educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que
cria laccedilos sociaisrdquo (p21)
46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo
47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
80
Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas
etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos
(1998)48
Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e
prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este
Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que
as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a
asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute
que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute
apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja
confrontada
Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam
responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou
crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e
psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)
251 Definiccedilatildeo do problema
Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada
durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto
Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo
se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o
qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta
No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o
haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade
que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees
com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era
48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
81
constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o
grupo acabava por aderir
Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o
desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas
Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos
interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir
uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)
indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas
Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser
aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do
projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo
Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs
Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a
destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)
afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se
pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo
sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo
(p64)
Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual
o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os
por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo
Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate
necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA
Lili e o Lobo Maurdquo)
A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo
desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo
Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o
objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos
representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de
chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos
materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)
82
Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que
fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver
as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi
posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a
dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos
fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse
podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo
(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)
No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de
dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante
satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar
desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando
compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma
Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas
crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas
em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se
encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-
se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face
agraves suas intencionalidades
Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode
oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da
motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais
O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa
prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser
levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas
questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo
para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida
49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial
criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel
pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)
83
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do
projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por
elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem
na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as
crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse
A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste
projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar
por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as
famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo
escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria
para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de
tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das
crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees
dos meninos e meninas
No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)
referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador
deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de
estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo
Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o
ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de
diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse
Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora
do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que
levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento
sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem
tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em
casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias
jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais
84
Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de
crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem
vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)
Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo
deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da
refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a
alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas)
Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta
foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute
natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos
elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito
de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles
Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos
motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e
dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua
casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente
promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da
linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da
relaccedilatildeo causa-efeito
No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-
se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo
ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima
democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51
Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al
(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o
seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo
51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a
promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade
(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)
85
processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da
autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo
Acrescentam ainda que
Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai
mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos
atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os
problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a
criatividade (Silva et al 2016 p34)
Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico
A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e
aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se
exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo
pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)
Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo
das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de
tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma
funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo
e descoberta agrave crianccedila
As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de
conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo
chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao
niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais
especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser
desenvolvida pela maioria do grupo
Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando
em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da
qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si
proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)
86
A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente
A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto
o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A
criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada
para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)
Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas
planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do
projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o
decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante
a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio
Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute
condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para
o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)
Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela
accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando
saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia
(Dewey amp Dewey 1915)
Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma
constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a
experimentaccedilatildeordquo52
Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como
meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes
dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava
um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto
ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a
criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto
52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma
construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo
(Freinet sd)
87
A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de
integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo
tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem
o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais
Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo
Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma
ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a
comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)
A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar
1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-
Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky
1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)
Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a
situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem
desenvolvendo possiacuteveis ideias
Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao
fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo
da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e
protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave
distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a
expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao
grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)
que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo
Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a
expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era
53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao
estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz
imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando
ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das
crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)
88
questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso
negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas
A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo
influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente
agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo
considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que
estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a
pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo
o que natildeo era possiacutevel
Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face
ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves
crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve
explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas
referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da
Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente
para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser
reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados
pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a
manipulaccedilatildeo dos mesmos
As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com
as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses
Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem
se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998
Rodrigues 2004)
No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo
exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do
ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis
agrave prossecuccedilatildeo das atividades
Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em
aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na
mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a
89
ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora
cooperante
Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado
ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que
antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo
Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta
natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e
considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo
Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava
a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto
sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo
se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela
instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a
atividades livres
Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os
interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos
mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis
custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que
estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade
Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas
materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes
despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e
observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das
crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como
materiais de expressatildeo plaacutestica
No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido
desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o
meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde
constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste
relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia
das artes no desenvolvimento da crianccedila
90
Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais
apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o
egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em
questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez
constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo
e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro
Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de
opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de
negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo
(p39)
Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e
negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila
Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em
seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam
realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e
como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados
jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a
conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse
conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar
253 Execuccedilatildeo
No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto
cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das
quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo
visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum
No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as
atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares
e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e
disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de
crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se
iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos
91
Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi
o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar
uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade
Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando
que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos
permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais
individualizados e inclusivosrdquo (p8)
Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar
mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o
desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)
Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor
coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave
realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite
que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)
Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade
de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um
tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de
todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)
Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava
convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo
jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o
educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar
Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio
se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras
atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto
com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse
Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia
todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo
(p105)
Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas
considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a
92
par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de
transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em
grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente
expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas
participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo
Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes
construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de
todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados
e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)
Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute
desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma
partilha de saberes coletiva
2531 Jogo da memoacuteria
No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se
proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por
introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo
de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o
intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel
de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas
ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili
A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de
processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e
concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo
Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade
do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel
deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a
maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que
55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas
imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e
concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes
93
apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos
consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma
crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando
caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)
Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos
colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual
estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo
da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)
Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de
algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na
concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de
implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas
mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente
desenvolvimento de competecircncias
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)
Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das
atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao
desenvolvimento da casa da Lili
No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa
da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que
mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham
indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos
jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56
Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que
concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os
materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as
56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
94
principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as
suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto
Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher
aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de
expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal
facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas
Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na
instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo
plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder
agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo
o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua
que se encontravam presentes no espaccedilo educativo
O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o
intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as
dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das
paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da
colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas
possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar
os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver
Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57
desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo
Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2
anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando
espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash
Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)
Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas
revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo
parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador
57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain
1977)
95
fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila
do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento
As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem
significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento
do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma
que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona
bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo
desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho
colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico
partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores
Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o
reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash
Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas
Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas
crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na
concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem
observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa
da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das
atividades sem interferir nas mesmas
Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes
no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili
como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as
dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa
da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a
executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo
impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de
realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a
assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir
96
questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do
seu agrado e como deveria continuar a proceder
Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma
vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa
parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes
Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do
desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros
e quantidades formas e noccedilotildees espaciais
Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada
dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado
espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o
fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira
livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)
A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar
fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem
posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo
estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo
Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)
Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em
desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da
Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa
que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a
educadora cooperante
No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio
disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de
58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da
criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
97
tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo
da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa
atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou
Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na
instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material
por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o
efeito pretendido
As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a
diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua
liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu
para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na
casa da Lili)
Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no
manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem
dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por
uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas
natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola
disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola
natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos
Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido
o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as
habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o
desenvolvimento do sentido esteacutetico
2535 Montagem da casa da Lili
Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua
montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras
na tatildeo aguardada casa
No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio
definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com
98
o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da
casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas
que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante
pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos
de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo
semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo
Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como
a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim
como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no
qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia
ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham
apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela
crianccedila
Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma
vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo
natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material
A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os
tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das
crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao
teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem
que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas
No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo
vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo
que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia
o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e
possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes
crianccedilas
Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo
estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a
afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na
instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o
espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar
99
No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os
movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves
dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os
recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas
brincadeiras
No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela
educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva
conclusatildeo da casa da Lili
A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as
mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a
material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse
motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa
Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha
conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus
interesses
Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave
mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde
as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser
realizadas atraveacutes das janelas
Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional
nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar
a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a
questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave
porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal
era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida
Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e
assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili
algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio
agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash
Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de
crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas
100
em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao
usufruto da casa
Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se
constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo
oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico
(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros
merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si
responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e
valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado
A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto
de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os
tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59
Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas
igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o
mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim
de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse
momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute
mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados
que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo
natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo
Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili
com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as
crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo
A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde
em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram
59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18
101
tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas
de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo
com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez
que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das
habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica
Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo
podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide
exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa
inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem
ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas
segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel
telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua
configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com
mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado
No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam
ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a
interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas
duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam
afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no
entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado
Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como
o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da
tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando
o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de
um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo
A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e
estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente
afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e
salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar
61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos
das mesas
102
o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas
em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa
Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas
(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder
de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas
todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim
colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram
disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)
pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no
papel de cenaacuterio
As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e
estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria
assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas
explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como
se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos
peacutes das crianccedilas)
Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era
o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-
se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas
caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da
atividade
Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do
aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da
coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex
estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili
Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de
se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter
utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de
103
decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma
das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa
A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido
que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62
Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material
do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas
a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute
que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia
crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade
Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a
formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou
com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse
concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser
possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com
os outros momentos da rotina consequentes
No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas
pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria
procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade
que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado
o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios
Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade
agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade
de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo
se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso
agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por
pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo
do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura
do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)
62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila
104
Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e
fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades
posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas
pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas
com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas
e texturas
Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas
e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se
espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao
percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as
suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)
Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a
mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas
face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65
fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36
ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)
Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada
uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a
realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores
efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66
Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de
significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais
cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo
63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila
65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila
66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o
desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias
face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com
cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as
crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas
105
para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas
tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada
Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do
aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes
do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho
colaborativo e trabalho cooperativo
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili
levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que
fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de
realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam
ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades
considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles
destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode
condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades
de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens
Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de
tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a
concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68
a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das
crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes
disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no
67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili
68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos
riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que
natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de
verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes
alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas
apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova
atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse
sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas
106
que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades
anteriormente realizadas69
Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que
concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo
esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando
as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura
Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e
misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas
Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de
utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos
e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na
promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo
de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos
para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)
Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente
cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos
desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada
crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto
estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das
criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que
durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto
que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia
Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas
em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende
que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das
69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou
bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas
71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias
entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)
107
realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do
desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens
Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas
usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo
um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por
conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor
procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas
da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo
estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo
Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma
teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas
relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das
cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e
conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da
massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo
2541 Avaliaccedilatildeo
Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para
a accedilatildeordquo (p15)
Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida
com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo
para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004
Silva et al 2016)
25411 Crianccedilas
A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma
sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e
considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser
108
modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento
das aprendizagens
Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo
permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o
desenvolvimento cognitivo e da linguagem
Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas
mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila
Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais
momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute
nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves
crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham
realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo
mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas
caso as fossem efetuar futuramente
Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente
acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador
constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base
de desenvolvimento dessa
Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa
educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que
foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este
questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)
Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo
indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a
avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento
sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo
avaliativo que seja processado de modo persistente
25412 Famiacutelias
Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que
estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem
109
Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no
desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais
responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo
Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo
de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas
conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)
Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois
dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a
cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o
trabalho de projeto desenvolvido
Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma
explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento
concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)
Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como
referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes
que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo
uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais
adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios
progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo
necessaacuterios
Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias
caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de
famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista
No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento
redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora
sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo
limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias
72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio
110
Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e
anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias
Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas
revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da
ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia
Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores
da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou
na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia
alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute
mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo
ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo
projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73
No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a
importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis
pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis
Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um
terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de
desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)
Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham
conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo
e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam
por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva
face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa
amp Sarmento 2010 p149)
Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento
das crianccedilas as famiacutelias indicaram
73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia
pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)
111
- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam
de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades
- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e
ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas
famiacutelias
- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado
- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar
ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das
famiacutelias
- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas
vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas
Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de
um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico
Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute
proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)
2542 Divulgaccedilatildeo
Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi
desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas
maneiras (Vasconcelos 1998)
A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir
acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-
os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)
No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas
educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua
jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo
sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo
de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o
que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas
112
e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em
horaacuterios poacutes letivo
As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo
aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das
atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os
pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o
fomento da sua auto-estima e confianccedila
Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e
valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)
Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)
assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo
projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar
tal projeto avante
Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo
efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo
concretizadas pelas crianccedilas
Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias
durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto
com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o
que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa
Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o
projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite
soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade
de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante
a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo
ocorresse
Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas
ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo
a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente
educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas
responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros
113
3 Consideraccedilotildees finais
Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido
percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a
qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia
Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave
concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos
definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse
fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de
objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma
metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um
trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa
integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um
ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade
A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a
potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila
considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se
um desenvolvimento integrado
Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial
criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico
desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de
aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo
criativa da crianccedila eacute condicionada por esse
Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os
fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas
tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias
necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a
promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o
cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo
114
Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de
oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi
fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta
perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a
Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o
educar
Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das
crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem
juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila
assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-
se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos
inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo
do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno
Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a
cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do
presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das
famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua
vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das
suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das
famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa
derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa
Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de
Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da
crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias
aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro
2011 p100)
Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal
(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao
processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu
papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para
explorar intervir decidir e agir
115
Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche
jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das
experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de
ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem
para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se
inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas
crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de
crianccedilas
Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral
considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel
pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila
Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo
das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New
Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)
Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da
criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz
respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs
Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente
relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o
reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores
do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar
ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a
criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo
Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao
desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da
associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como
destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a
associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso
Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito
de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo
legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do
116
potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute
igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens
Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida
continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da
criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem
perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal
Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente
educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma
competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida
permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como
a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees
considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam
117
Bibliografia
Alencar E (1986) Criatividade e ensino Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 6(1) 13-16
httpsdxdoiorg101590S1414-98931986000100004
Alencar E (1992) Como desenvolver o potencial criador um guia para a liberaccedilatildeo da
criatividade em sala de aula (2ordf ed) Petroacutepolis Vozes
Alencar E (1998) Desenvolvendo o potencial criador 25 anos de pesquisa Cadernos de
Psicologia 4(1) 113-122 Disponiacutevel em
httpsrepositorioucbbrjspuihandle1234567897374
Alencar E (2001) Obstacles to personal creativity among university students Gifted Education
International 15(2) 133-140 Recuperado de
httpciteseerxistpsueduviewdocdownloaddoi=10118814856amprep=rep1amptype=pdf
Alencar E (2007) Criatividade no contexto educacional trecircs deacutecadas de pesquisa Psicologia
Teoria e Pesquisa 23 45-49 httpsdxdoiorg101590S0102-37722007000500008
Alencar E (2008) DESFAZENDO OS MITOS SOBRE A CRIATIVIDADE Fundaccedilatildeo
Catarinense de Educaccedilatildeo Especial Disponiacutevel em
httpwwwfceescgovbrindexphpbuscasearchword=alencarampsearchphrase=all
Alencar E amp Fleith D (2004) Inventaacuterio de Praacuteticas Docentes que Favorecem a Criatividade
no Ensino Superior Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 17(1) 105-110
httpsdxdoiorg101590S0102-79722004000100013
Alencar E amp Fleith D (2010) Escala de praacuteticas docentes para a criatividade na educaccedilatildeo
superior Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 9(1) 13-24 Recuperado de
httppepsicbvsaludorgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1677-04712010000100003
Alencar E Fleith D amp Pereira N (2017) Creativity in Higher Education Challenges and
Facilitating Factors Temas em Psicologia 25(2) 553-561 httpsdxdoiorg109788TP20172-
09
Alencar E amp Martiacutenez A (1998) Barreiras agrave expressatildeo da criatividade entre profissionais
brasileiros cubanos e portugueses Psicologia Escolar e Educacional 2(1) 23-32 Recuperado
de httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
85571998000100003amplng=enamptlng=pt
118
Almeida G amp Almeida G (2015) Criatividade conceito e reflexatildeo Estado escola e sociedade
na perspectiva da internacionalizaccedilatildeo Desafios Das Poliacuteticas Puacuteblicas Docentes Nos Planos De
Educaccedilatildeo 8(1) Recuperado de httpseventossetedubrindexphpenfopearticleview1457
Amabile T (2012) Componential Theory of Creativity Harvard Business School Working
Paper 96(12) Recuperado de httpswwwhbsedufacultyPagesitemaspxnum=42469
Anderson H (1960) The Nature of Creativity Studies in Art Education 1(2) 10-17 DOI
1023071319842
Aragoacuten O (2005) Algunos indicadores para el desarrollo de la creatividad In Gomeacutez Cumpa J
(Org) Desarrollo de la Creatividad (pp119-122) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash
UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Arrizabalaga E (2014) Anaacutelisis del concepto de creatividad y metodologiacuteas procesuales en
treinta artistas vascas contemporaacuteneas (Tese de Doutoramento) Universidad del Paiacutes Vasco
Recuperado de httphdlhandlenet1081014748
Barboza L amp Volpini M (2015) O faz de conta simboacutelico representativo ou imaginaacuterio
Cadernos de Educaccedilatildeo Ensino e Sociedade 2(1) 1-12 Recuperado de
httpunifafibecombrrevistasonlinearquivoscadernodeeducacaosumario350604201520020
8pdf
Bastos G (1999) Literatura infantil e juvenil Lisboa Universidade Aberta
Braumann M (2009) Questotildees e razotildees Criatividade artiacutestica e criatividade cientiacutefica Noesis
77 26-31 Recuperado de
http19313722207imageswinlibimgaspxskey=ampdoc=144044ampimg=1290ampsave=true
Cachia R Ferrari A Ala-Mutka K amp Punie Y (2010) Creative Learning and Innovative
Teaching Final Report on the Study on Creativity and Innovation in Educationin the EU Member
States Luxembourg Publications Office of the European Union DOI 10279152913
Caldwell B (1995) In Bebeacute XXI - Crianccedila e famiacutelia na viragem do seacuteculo Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Cardona M (1999) O Espaccedilo e o tempo no Jardim de infacircncia Pro-Posiccedilotildees 10(1) 132-138
Recuperado de httpsperiodicossbuunicampbrojsindexphpproposicarticleview8644105
119
Carvalho A amp Beraldo K (1989) Interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila ressurgimento de uma aacuterea de
pesquisa e suas perspectivas Cadernos de Pesquisa (71) 55-61 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview1169
Casillas M (1999) Aspectos importantes de la creatividad para trabajar en el aula Revista digital
de educacioacuten 10 1-10 Recuperado de
httpwwwjuntadeandaluciaeseducacionportalsabaco-portletcontent21b7cb3a-f603-429d-
8721-49e3212e113c
Castillo A (1986) La creatividad en el aula actividades para un curriacuteculum creativo Maacutelaga
Innovare
Chacoacuten Araya Y (2011) Una revisioacuten criacutetica del concepto de creatividad Actualidades
Investigativas En Educacioacuten 5(1) httpsdoiorg1015517aiev5i19120
Cicerello R amp Kalinowski M (2007) iquestDe queacute hablamos cuando hablamos de creatividad
Actas De Disentildeo 3(3) 94-97Universidad de Palermo Recuperado de
httpsfidopalermoeduservicios_dycpublicacionesdcvistadetalle_articulophpid_libro=11amp
id_articulo=5485
Coelho A (2004) Educaccedilatildeo e cuidados em creche conceptualizaccedilotildees de um grupo de
educadoras (Tese de Doutoramento Universidade de Aveiro) Disponiacutevel em
httphdlhandlenet1077310856
Costa J amp Costa C (2011) A criatividade e a educaccedilatildeo percursos 23ordm Encontro Nacional da
Associaccedilatildeo de Professores de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo Visual ndash Ensino das Artes Visuais
Identidade e Cultura no seacuteculo XXI pp 97-118 Recuperado de
httphdlhandlenet1019810553
Coutinho A (2010) A accedilatildeo social dos bebecircs um estudo etnograacutefico no contexto da creche (Tese
de Doutoramento Universidade do Minho) Disponiacutevel em httphdlhandlenet182211336
Craft A (2004) A universalizaccedilatildeo da Criatividade Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo
Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Craveiro C (2011) Escutando educadoras de infacircncia de creche Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0
aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica] pp 93-106 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
120
Craveiro M Ferreira I (2007) A Educaccedilatildeo Preacute-Escolar face aos desafios da sociedade do
futuro Cadernos de Estudo (6) 15-21 Porto ESE de Paula Frassinetti Recuperado de
httphdlhandlenet2050011796911
Cropley A (1997) Fostering creativity in the classroom General principles In M Runco (Ed)
The creativity research handbook 1 (pp83-114) Cresskill NJ Hampton Press Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication243787195
Cropley A (1999) Creativity in Education In M Runco amp S Pritzker (Eds) Encyclopedia of
creativity (pp 629-642) San Diego CA Academic Press Recuperado de
httpswwwacademiaedu10502641
Cropley D amp Cropley A (2009) Fostering Creativity A Diagnostic Approach for Higher
Education and Organisations Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication259979702
Csikszentmihalyi M (1996) The Flow of Creativity In M Csikszentmihalyi (Ed) Creativity
Flow and the psychology of discovery and invention (pp107-126) New York Harper Collins
Recuperado de httpsdigitalauthorshipurifileswordpresscom201601csikszentmihalyi-
chapter-flow-and-creativitypdf
Cunha N (2007) Brinquedoteca um mergulho no brincar (4ordf ed) Satildeo Paulo Aquariana
Dacey J amp Madaus G (1969) Creativity definitions explanations and facilitation The Irish
Journal o f Education 3(1) pp55-69 Recuperado de httpwwwercie19690118vol-03-
1969
De Bono E (1970) Lateral Thinking A Textbook of Creativity [Ebook] Harmondsworth
Middlesex England Penguin Books Recuperado de httpsepdfpublateral-thinking-a-
textbook-of-creativitya99e1c6b5278f5ab0820a2d95ef071b9423html
Dempsey J amp Frost J (2002) Contextos Luacutedicos na Educaccedilatildeo de Infacircncia In Spodek B (Ed)
Manual de investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo de infacircncia (Ana Maria Chaves Trad) (pp 687-724)
Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Dewey J amp Dewey E (1915) Schools of To-morrow [Ebook] New York E P Dutton amp
Company Recuperado de httpsarchiveorgdetailsschoolsoftomorro005826mbppagen10
121
Doble Gorriacuten P (2015) Coacutemo estimular la creatividad en los nintildeos de Primaria Intervencioacuten
para 5ordm curso (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893416
Drevdahl J (1956) Factors of importance for creativity Journal of Clinical Psychology 12(1)
21-26 httpsdoiorg1010021097-4679(195601)1213C21AID-
JCLP22701201043E30CO2-S
Eisenberg N (2005) Temperamental Effortful Control (Self-Regulation) Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication238586558
Ferland F (2006) Vamos brincar Na infacircncia e ao longo da vida (Rita Rocha Trad) Lisboa
Climepsi Editores
Fleith D (2000) Teacher and Student Perceptions of Creativity in the Classroom Environment
Roeper Review 22(3) 148-153 httpsdoiorg10108002783190009554022
Fleith D (2001) Criatividade novos conceitos e ideacuteias aplicabilidade agrave educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Especial (17) httpdxdoiorg1059021984686X
Fleith D amp Alencar E (2008) Caracteriacutesticas personoloacutegicas e fatores ambientais
relacionados agrave criatividade do aluno do Ensino Fundamental Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 7(1)
35-44 Recuperado de httpsdialnetuniriojaesservletarticulocodigo=6674859
Folque M (2012) O aprender a aprender no preacute-escolar o modelo pedagoacutegico do
movimento da escola moderna Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Freinet C (1984) El aprendizaje del dibujo (Mordf Dolors Bordas Trad) Barcelona
Martiacutenez Roca
Freitas M (2015) A importacircncia do brincar na educaccedilatildeo infantil (Monografia de
Especializaccedilatildeo Faculdade de Paraacute de Minas) Recuperado de
httpfapamweb797kinghostnetadminmonografiasnupearquivos18072016193403Mariana_
Duartepdf
Garaigordobil M amp Berrueco L (2011) Effects of a Play Program on Creative Thinking of
Preschool Children In The Spanish Journal of Psychology 14(2) 608-818 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication51779808
122
Gomeacutez Cumpa J (2005) Desarrollo de la Creatividad Lambayeque Fondo Editorial FACHSE
ndash UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Goacutemez C amp Rovira A (2012) El aprendizaje musical a traveacutes del pensamiento creativo una
investigacioacuten accioacuten colaborativa en ensentildeanza secundaria Estilos De Aprendizaje
Investigaciones Y Experiencia 1-10 Santander Universidad de Cantabria DL Recuperado de
httpsdialnetuniriojaesservletlibrocodigo=555496
Gonccedilalves E (1983) A expressatildeo plaacutestica da crianccedila Que eacute a pintura infantil Qual deveraacute ser
a atitude do adulto face agrave expressatildeo livre da crianccedila Anaacutelise Psicoloacutegica 3 (12) 205-210
Lisboa Instituto Superior de Psicologia Aplicada Recuperado de
httphdlhandlenet10400122054
Gonccedilalves E (1991) A arte descobre a crianccedila Amadora Raiacutez Editora
Hohmann M amp Post J (2007) Educaccedilatildeo de bebeacutes em infantaacuterios cuidados e primeiras
aprendizagens (3ordf ed) (Sara Bahia Trad Maria Cristina Correcirca Figueira Rev) Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Hohmann M amp Weikart D (1997) Educar a Crianccedila (Helena Aacutegueda Marujo e Luiacutes Miguel
Neto Trads) Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Homem C Gomes B amp Montalvatildeo R (2009) A importacircncia da criatividade Cadernos de
Educaccedilatildeo de Infacircncia (88) 41-45
Kaufman J amp Sternberg R (2010) The Cambridge Handbook of Creativity [Ebook]
Cambridge University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=1EBT3Qj5L5ECampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Klimenko O (2009) Una reflexioacuten en torno al concepto creatividad y su relacioacuten con los
componentes del proceso educativo Revista Virtual Universidad Catoacutelica Del Norte (26) 1-29
Recuperado de httprevistavirtualucneducoindexphpRevistaUCNarticleview111
Lira N amp Rubio J (2014) A Importacircncia do Brincar na Educaccedilatildeo Infantil Saberes da
Educaccedilatildeo 5(1) 1-22 Recuperado de httpsunisaoroqueedubrrevista-eletronicarevista-
sabares-da-educacaoarquivos2014-2
123
Lopes M (2016) Processos formativos de construccedilatildeo do sentido da criatividade um olhar
renovado na educaccedilatildeo de infacircncia e a responsabilidade dos educadores (Tese de Doutoramento
Universidade Catoacutelica Portuguesa) Disponiacutevel em httphdlhandlenet104001424210
Lowenfeld V amp Brittain W (1977) Desenvolvimento da capacidade criadora (Aacutelvaro Cabral
Trad) Satildeo Paulo Mestre Jou
Lubart T (2007) Psicologia da Criatividade [Ebook] (Maacutercia Conceiccedilatildeo Machado Moraes
Trad) Porto Alegre Artmed Recuperado de httpsdocerocombrdocx8c1x
Luz S (2016) O papel da atividade luacutedica no processo de ensino aprendizagem no 1ordm ciclo do
ensino baacutesico Perceccedilotildees dos docentes sobre o uso das atividades luacutedicas em sala de aula para a
aquisiccedilatildeo das aprendizagens (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Instituto Superior de Educaccedilatildeo e
Ciecircncias) Recuperado de httphdlhandlenet104002620586
MacKinnon D (1962) The nature and nurture of creative talent American Psychologist 17(7)
484-495 doi101037h0046541
MacKinnon D (1964) Identification and Development of Creative Abilities California Univ
Berkeley Inst of Personality Assessment and Research Recuperado de
httpsericedgovid=ED027965
Mariacuten Viadel R (2003) Didaacutetica de la Educacioacuten Artiacutestica para Primaria Madrid Pearson
Educacioacuten DL
Matiacutenez A (2002) A criatividade na escola trecircs direccedilotildees de trabalho Linhas Criacuteticas 8(15)
189-206 httpsdoiorg1026512lcv8i153057
Meneghini R amp Campos-de-Carvalho M (2003) Arranjo espacial na creche espaccedilos para
interagir brincar isoladamente dirigir-se socialmente e observar o outro Psicologia Reflexatildeo e
Criacutetica 16(2) 367-378 httpsdxdoiorg101590S0102-79722003000200017
Miranda M (2002) Reflexiones en torno al curriacuteculo y la creatividad infantil InterSedes 3(4)
93-103 Recuperado de httpsrevistasucraccrindexphpintersedesarticleview761
Morais M (2004) O educador e a personalidade criativa algumas consideraccedilotildees Cadernos de
Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
124
Morais M (2015) Criatividade conceito e desafios Educaccedilatildeo e Matemaacutetica 18(135) 3-7
Associaccedilatildeo de Professores de Matemaacutetica Recuperado de httphdlhandlenet182242298
Morais M Almeida L amp Azevedo I (2014) Criatividade e praacuteticas docentes no Ensino
Superior Como pensam os alunos de aacutereas curriculares diferentes Revista AMAZocircnica 12
(2)97-126 Recuperado de httphdlhandlenet182234301
Morales Bentildearan I (2015) La Creatividad a traveacutes del Movimiento y la Danza en 4ordm curso de
Primaria (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893161
Morejoacuten J (2000) Creatividad en la educacioacuten educacioacuten para transformar Revista Psicologia
Cientiacuteficacom 2(1) Recuperado de httpwwwpsicologiacientificacomcreatividad-en-
educacion
Motos T (2015) Desarrollo de expresioacuten para hacer y ser creativos 1-9 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication324543994
Mouchiroud C amp Lubart T (2002) Social creativity A cross-sectional study of 6- to 11-year-
old children International Journal Of Behavioral Development 26(1) 60-69
httpsdoiorg1011772F016502540202600111
Moura J amp Pacheco A (2019) Educar com Criatividade ser Paacutessaro ou Carneirinho na
Aprendizagem da Composiccedilatildeo Musical IV Encontro do Ensino Artiacutestico Especializado da
Muacutesica do Vale do Sousa O Ensino da Muacutesica no Seacuteculo XXI Desafios e Compromissos Livro
de Atas Lousada Conservatoacuterio do Vale do Sousa Recuperado de
httphdlhandlenet182260328
Mouratildeo A (2013) A intencionalidade educativa nas atividades luacutedicas (Dissertaccedilatildeo de
Mestrado Escola Superior de Educadores de Infacircncia Maria Ulrich) Recuperado de
httphdlhandlenet104002614206
Mozzer G amp Borges F (2008) A Criatividade Infantil na Perspectiva de Lev Vigotski Revista
Inter Accedilatildeo (33)2 297-316 httpsdoiorg105216iav33i25269
National Advisory Committee on Creative and Cultural Education (1999) All Our Futures
Creativity Culture amp Education London DFEE Recuperado de
httpsirkenrobinsoncomreadall-our-futures
125
Nicolielo M Sommerhalder A amp Alves F (2017) Brincar na educaccedilatildeo infantil como
experiecircncia de cultura e formaccedilatildeo para a vida Educaccedilatildeo 42(2) 285-298
httpdxdoiorg1059021984644422271
Niza S (2012) Seacutergio Niza - escritos sobre educaccedilatildeo (Orgs Antoacutenio Noacutevoa Francisco
Marcelino e Jorge Ramos do Oacute) Lisboa Tinta da China
Neves-Pereira M amp Alencar E (2018) A Educaccedilatildeo no seacuteculo XXI e o seu papel na promoccedilatildeo
da criatividade Psicologia e Educaccedilatildeo 1(1) 1-10 Recuperado de
httppsicologiaeeducacaoubiptrevistaOnLinehtm
New Jersey Department of Education (2013) New Jersey - Birth to Three - Early Learning
Standards [Ebook] Recuperado de
httpswwwnjgoveducationeceguidestandardsbirthstandardspdf
Novaes M (1980) Psicologia da criatividade (5ordf ed) PetroacutepolisVozes
Ocantildea A (2005) iquestQuieacuten ha matado mi creatividad pedagoacutegica In Gomeacutez Cumpa J (Org)
Desarrollo de la Creatividad (pp99-111) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG
Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Ocantildea A (2008) La educacioacuten y el desarrollo de la creatividad un reto en la formacioacuten de
profesionales Praxis 4(1) 84-107 httpsdoiorg102167623897856104
Oliveira E amp Alencar E (2010) Caracteriacutesticas de Professores Criativos e de Coordenadores
que Estimulam a Criatividade Docente Boletim Academia Paulista de Psicologia 30(79) 379-
393 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=94615412011
Oliveira E amp Alencar E (2012) Importacircncia da criatividade na escola e no trabalho docente
segundo coordenadores pedagoacutegicos Estudos de Psicologia (Campinas) 29(4) 541-552
httpdxdoiorg101590S0103-166X2012000400009
Oliveira-Formosinho J Lino D amp Niza S (1996) Modelos curriculares para a educaccedilatildeo de
infacircncia Porto Porto Editora
Oliveira-Formosinho J amp Arauacutejo S (2013) Educaccedilatildeo em Creche Participaccedilatildeo e Diversidade
Porto Porto Editora
126
Oliveira M (2018) Um Novo Olhar sobre as Artes Visuais na Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Um
Desafio da Contemporaneidade In Ana Souto e Melo (Org) Atas do Congresso de investigaccedilatildeo
em Educaccedilatildeo Artiacutestica ndash Educaccedilatildeo Artiacutestica no Sistema de ensino Portuguecircs conquistas e
desafios pp 262-272 Viseu IPVESSECIampDETS Recuperado de
httphdlhandlenet104001426645
Oliveira Z (2010) Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo Estudos de
Psicologia (Campinas) 27(1) 83-92 httpdxdoiorg101590S0103-166X2010000100010
Oliveira Z (2013) Educaccedilatildeo infantil fundamentos e meacutetodos [Ebook] Satildeo Paulo Cortez
Recuperado de httpsbooksgoogleptbooksisbn=8524921250
Oliveira Z amp Alencar E (2008) A criatividade faz a diferenccedila na escola o professor criativo e
o ambiente facilitador da criatividade Contrapontos 8(2) 295-306 Recuperado de
httpssiaiap32univalibrseerindexphprcarticleview954
Oliveira Z amp Rossetti-Ferreira M (1993) O valor da interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila em creches no
desenvolvimento infantil Cadernos de Pesquisa (87) 62-70 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview928
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (2000) Estudo
temaacutetico da OCDE A educaccedilatildeo preacute-escolar e os cuidados para a infacircncia em
Portugal Lisboa Departamento da Educaccedilatildeo Baacutesica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwdgemecptrecursos-0
Ortega S (2016) Desarrollo de la creatividad infantil Temas Para La Educacioacuten (34)
Recuperado de httpswwwfeandaluciaccooesindconteiaspxd=7250amps=0ampind=396
Papalia D Olds S amp Feldman R (2009) O mundo da crianccedila da infacircncia agrave adolescecircncia (11ordf
ed) (Rita de Caacutessia Alburqueque Caetano e Jacira dos Santos Cardoso Trads) Satildeo Paulo
McGraw-Hill
Parente C (2002) Observaccedilatildeo um percurso de formaccedilatildeo praacutetica e reflexatildeo In Oliveira-
Formosinho J (Org) A Supervisatildeo na Formaccedilatildeo de Professores I Da sala agrave escola Porto
Porto Editora
Pequito P (1999) Representaccedilotildees de criatividade dos educadores de infacircncia Saber (e) Educar
(4) pp61-77 Recuperado de httphdlhandlenet2050011796981
127
Pinto L (2015) Creche Quanto mais cedo melhor In Jornal Puacuteblico Disponiacutevel em
httpswwwpublicopt20150209sociedadenoticiacreche-quanto-mais-cedo-melhor-
1685464
Plucker J Esping A Kaufman J amp Avitia M (2015) Creativity and Intelligence 283-291
Recuperado de DOI 101007978-1-4939-1562-0_19
Pocinho M amp Garcecircs S (2018) Psicologia da criatividade [Ebook] Universidade da Madeira
Recuperado de httphdlhandlenet10400132006
Portugal G (2000) Educaccedilatildeo de bebeacutes em creche Perspectivas de formaccedilatildeo teoacutericas e praacuteticas
Infacircncia e Educaccedilatildeo (1) 85-106
Portugal G (2011) No acircmago da educaccedilatildeo em creche ndash o primado das relaccedilotildees e a importacircncia
dos espaccedilos Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica]
pp47-60 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
Portugal G (2012) Finalidades e praacuteticas educativas em creche das relaccedilotildees actividades e
organizaccedilatildeo dos espaccedilos ao curriacuteculo na creche Porto CNIS (Confederaccedilatildeo Nacional das
Instituiccedilotildees de Solidariedade)
Prado D (2005) Estimular la creatividad en el Aula In Gomeacutez Cumpa J (Org) Desarrollo de
la Creatividad (pp166-170) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG Recuperado
de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Predebon J (2013) Criatividade - abrindo o lado inovador da mente (8ordf ed) Satildeo Paulo Pearson
Education Brasil
Queiroz N Maciel D amp Branco A (2006) Brincadeira e desenvolvimento infantil um olhar
sociocultural construtivista Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) 16(34) 169-179
httpdxdoiorg101590S0103-863X2006000200005
Quivy R amp Campenhoudt L (2008) Manual de Investigaccedilatildeo em Ciecircncias Sociais (5ordf ed) (Joatildeo
Minhoto Marques Maria Amaacutelia Mendes e Maria Carvalho Trads) Lisboa Gradiva
Publicaccedilotildees
128
Robinson K (2005) How Creativity Education and the Arts Shape a Modern Economy
Education Commission Of The States Disponiacutevel em httpsirkenrobinsoncomread
Robinson K (2011) O elemento (2ordf ed) Porto Porto Editora
Rodrigues M (2004) Modelo de referecircncia para a planificaccedilatildeo criativa de momentos criativos
Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Runco M (2004) Creativity Annual Review Of Psychology 55(1) 657-687 doi
101146annurevpsych55090902141502
Runco M amp Jaeger G (2012) The Standard Definition of Creativity Creativity Research
Journal 24 (1) 92-96 httpdxdoiorg101080104004192012650092
Santos M Andreacute M (2012) Criatividade na educaccedilatildeo de infacircncia algumas reflexotildees Cadernos
de Educaccedilatildeo de Infacircncia (96) 43-46 Recuperado de
httpapeiptedicoesceiide=1313ampsort=2012
Santos M Andreacute M (2015) Conceccedilotildees de educadores de infacircncia sobre criatividade Investigar
em Educaccedilatildeo 2(4) pp97-112 Recuperado de
httppagesieuminhoptinvedindexphpiearticleview101
Sarmento T (2005) (Re)pensar a interacccedilatildeo escola-famiacutelia Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo
18(1) 53-75 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=37418104
Scherer A (2013) O luacutedico e o desenvolvimento a importacircncia do brinquedo e da brincadeira
segundo a teoria Vigotskiana (Monografia de Especializaccedilatildeo Universidade Tecnoloacutegica Federal
do Paranaacute) Recuperado de httprepositoriorocautfpredubrjspuihandle14233
Schirmer A (2001) Criatividade e educaccedilatildeo infantil (Tese de Doutoramento Universidade
Estadual de Campinas) Recuperado de
httprepositoriounicampbrjspuihandleREPOSIP253417
Shaughnessy M (1991) The Supportive Educational Environment for Creativity Recuperado
de httpsericedgovid=ED360080
Silva I (1998) Projectos em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar e Projecto Educativo de Estabelecimento In
Katz L Bairratildeo J Silva I amp Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-
129
escolar (pp91-121) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de
httpwwwdgemecptrecursos-0
Silva I (Coord) Marques L Mata L amp Rosa M (2016) Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME)Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
(DGE)
Sim-Sim I (1998) Desenvolvimento da Linguagem Lisboa Universidade Aberta
Soh K (2000) Indexing Creativity Fostering Teacher Behavior A Preliminary Validation Study
The Journal of Creative Behavior 34(2) 118-134 Recuperado de
httpswwwacademiaedu29264306
Soh K (2015) Creativity fostering teacher behaviour around the world Annotations of studies
using the CFTIndex Cogent Education 2(1) 1-18
httpsdoiorg1010802331186X20151034494
Sousa A (2003) Educaccedilatildeo pela arte e artes na educaccedilatildeo bases psicopedagoacutegicas Lisboa
Instituto Piaget
Sousa M amp Sarmento T (2010) Escola ndash famiacutelia - comunidade uma relaccedilatildeo para o sucesso
educativo Gestatildeo e Desenvolvimento 17-18 (2009-2010) 141-156 Recuperado de
httphdlhandlenet10400149117
Souza M amp Alencar E (2006) O curso de Pedagogia e condiccedilotildees para o desenvolvimento da
criatividade Psicologia Escolar e Educacional 10(1) 21-30 httpsdxdoiorg101590S1413-
85572006000100003
Sternberg R amp Lubart T (1999) The concept of creativity Prospects and paradigms In R
Sternberg (Ed) Handbook of creativity [Ebook] (pp 3-15) New York NY US Cambridge
University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=d1KTEQpQ6vsCampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Sternberg R amp Williams W (2003) Como desenvolver a criatividade do aluno (Vitor Oliveira
Trad) Porto Coleccedilatildeo Cadernos do CRIAP (Investigaccedilatildeo e praacuteticas 6) Asa Editores
Tadeu B (2014) A legislaccedilatildeo portuguesa para a pequena infacircncia uma visatildeo socioloacutegica sobre
a infacircncia Interaccedilotildees (10)30 159-175 httpsdoiorg1025755int4029
130
Thornton L amp Brunton P (2014) Bringing the Reggio Approach to your Early Years Practice
(3ordf ed) New York Routledge
Torrance E (1977) Creativity in the classroom what research says to the teacher 1-37
Washington DC National Education Association Recuperado de
httpsericedgovid=ED132593
Trigo E et al (1999) Creatividad y motricidad Zaragoza INDE Publicaciones
Uano L (2002) La Creatividad iquestUn talento exclusivo de los artistas o una capacidad de todo ser
humano Linhas Criacuteticas 8(15) 265-288 Recuperado de
httpperiodicosunbbrojs248indexphplinhascriticasarticleview6486
Valdivia J (2011) La creatividad y la intervencioacuten en educacioacuten infantil (Monografia)
Eduinnova Recuperado de httpwwweduinnovaesmono_ene2011html
Vasconcelos T (1998) Das Perplexidades em torno de um Hamster ao Processo de Pesquisa
Pedagogia de Projecto em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar em Portugal In Katz L Bairratildeo J Silva I amp
Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-escolar (pp127-155) Lisboa
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de httpwwwdgemecptrecursos-0
Vasconcelos T (2011a) Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos (pp7-22) Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo Recuperado de httpwwwcneduptptpublicacoesestudos-e-
relatoriosoutros786-educacao-das-criancas-dos-0-aos-3-anos
Vasconcelos T (2011b) Trabalho de Projeto como Pedagogia de Fronteira Da Investigaccedilatildeo
agraves Praacuteticas I (3) 8-20 Recuperado de httphdlhandlenet10400211683
Vasconcelos T Rocha C Loureiro C Castro J Menau J Ramos M hellip amp Alves S (2011)
Trabalho por projectos na educaccedilatildeo de infacircncia mapear aprendizagens integrar metodologias
Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Ciecircncia (MEC) Recuperado de
httphdlhandlenet10400212679
Vaacutezques J (2009) Muacutesica y creatividad Creatividad y muacutesica Creatividad Y Sociedad (13)
Recuperado de httpwwwcreatividadysociedadcomnumeroscys13html
131
Vygotsky L (1927) Imagination and Creativity in Childhood In Journal of Russian and East
European Psychology 42(1) 2004 7ndash97 Recuperado de
httpswwwmarxistsorgarchivevygotskyindexhtm
Zabala A (1998) A praacutetica educativa como ensinar (Ernani F da F Rosa Trad) Porto Alegre
Artmed
Documentaccedilatildeo legislativa
Lei nordm4686 (Lei de Bases do Sistema Eucativo) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 2371986
Seacuterie I de 1986-10-14
Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar) Publicada em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 341997 Seacuterie I-A de 1997-02-10 e regulamentada pelo Decreto-Lei nordm 14797)
Lei nordm 492005 (Segunda alteraccedilatildeo agrave Lei de Bases do Sistema Educativo e primeira alteraccedilatildeo agrave
Lei de Bases do Financiamento do Ensino Superior) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm
1662005 Seacuterie I-A de 2005-08-30
Manual de Processos Chave da Creche (2ordf ed 2010) Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade
Social
Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Despacho nordm 91802016 Publicado em
Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1372016 Seacuterie II de Seacuterie II de 2016-07-19
Parecer nordm 32001 ndash Aprendizagem ao longo da vida Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Publicado
em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1622001 Seacuterie II de 2001-07-14
Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos professores dos ensinos
baacutesico e secundaacuterio Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto Publicado em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 2012001 Seacuterie I-A de 2001-08-30
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria Despacho nordm 64782017 26 de julho
Publicado em iaacuterio da Repuacuteblica nordm 1432017 Seacuterie II de 2017-07-26
Recomendaccedilatildeo nordm 32011 - A educaccedilatildeo dos 0 aos 3 anos Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica 2ordf Seacuterie nordm 79 de 21 de abril de 2011
Documentaccedilatildeo audiovisual
Creative Innovation (2011) Edward de Bono ndash ldquoCreativity amp Educationrdquo [Video] Recuperado
de httpswwwcreativeinnovationtvvideoedward-de-bono-creativity-education
Video Arts (2017) John Cleese on Creativity In Management [Video] Recuperado de
httpswwwyoutubecomwatchv=Pb5oIIPO62g
132
Websites
Antoine de Saint-Exupeacutery - Frases Recuperado de
httpwwwcitadorptfrasescitacoesaantoine-de-saintexupery
Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade Recuperado de
httpscriatividadenet
Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia Recuperado de httpapeipt
De Bono E - Lateral Thinking - How can Lateral Thinking help you Recuperado de
httpswwwedwddebonocomlateral-thinking
John Cleese Creativity is not a talent It is a way of operating Recuperado de
httpsspeakolacomartsjohn-cleese-creativity-lecture-1991
McLintic M (2018) Criatividade O que eacute Conceito e Definiccedilatildeo - Team LEWIS PT
Recuperado de httpswwwteamlewiscomptmagazinecriatividade-conceito-definicao
Movimiento Cooperativo de Escuela Popular (2017) Principios de la pedagogiacutea Freinet
Recuperado de httpwwwmcepes20170207principios-de-la-pedagogia-freinet
Priberam Informaacutetica S (2018) Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa Recuperado de
httpsdicionariopriberamorg
Prindle J (2012) Einstein Quotes - Quotes by Albert Einstein Recuperado de
httpwwwalberteinsteinsitecomquoteseinsteinquoteshtml
Rui Matos ldquoNoacutes matamos a criatividade na escolardquo (2017) Recuperado de
httpswwwjornaldeleiriaptnoticiarui-matos-nos-matamos-criatividade-na-escola-7107
Teaching Strategies (2016) The Creative Curriculum for PreSchool ndash Touring Guide
Recuperado de
httpsteachingstrategiescomwpcontentuploads201708TeachingStrategies_CC-for-
Preschool_TouringGuide_2017pdf
Documentaccedilatildeo fornecida pela instituiccedilatildeo educativa
Projeto Educativo (2018-2021)
Regulamento Interno (20172018)
133
Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
0
1
2
3
4
26 27 28 29 30 31 32
Nuacute
mer
o d
e cr
ian
ccedilas
Idade (em meses)
Idade das crianccedilas (em meses)
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora
cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve
(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer
um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute
como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo
No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem
em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham
No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida
e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais
implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em
posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as
dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois
natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem
realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo
Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta
um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras
grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora
ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo
das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao
jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse
espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio
dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo
educativa e estagiaacuteria
Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e
constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute
procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo
alternando entre estes
Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda
prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na
mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se
dirigirem para a sala
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel
afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do
seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de
descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a
desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto
para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e
subida de degraus
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Indicadores
Crianccedilas
Apanha objetos com facilidade
Segura objetos com facilidade
Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual
Preensatildeo de pinccedila
Observaccedilotildees
PD MD GD PD MD GD
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
PD ndash Pequenas Dimensotildees
MD ndash Meacutedias Dimensotildees
GD ndash Grandes Dimensotildees
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o
criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores
azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo
foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido
associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores
correspondentes
Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com
alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e
reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel
deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de
objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes
cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das
crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir
conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre
essas
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de
forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado
retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e
agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a
maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo
de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e
distinccedilatildeo entre as mesmas
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo
Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Indicadores
Crianccedilas
Compreende mensagens
orais
Compreende um discurso instrucional
Elabora frases
simples
Efetua associaccedilatildeo
entre nome e objeto
Refere o seu nome
Usa a linguagem
oral para expressar desejos
necessidades informaccedilotildees responder ou
realizar questotildees
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Avaliaccedilatildeo da autonomia
Revela autonomia quanto agrave
Indicadores
Crianccedilas
Realizaccedilatildeo da higiene
Realizaccedilatildeo das
refeiccedilotildees
Escolha das
atividades
que pretende
desenvolver
Escolha dos
materiais que pretende usufruir
Resoluccedilatildeo de
conflitos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Efetua interaccedilotildees com
Indicadores
Crianccedilas
Crianccedilas
Adultos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem
Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)
Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar
o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo
mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que
andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili
Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili
e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da
Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo
Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao
ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo
Mau
(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres
(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo
que cheira muito bem
(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho
do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau
(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer
(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu
vou dar-te uma trinca
(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me
dares um bocadinho do teu bolo
(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para
o trincar)
(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro
Aaaahhhh
(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que
nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar
flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de
casa saindo de cena temporariamente)
O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado
por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili
para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo
Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili
(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)
mas natildeo conseguiu
Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a
casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e
retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)
O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e
quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse
(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)
A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha
conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava
destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar
porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu
o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um
bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de
uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda
casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar
E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes
da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da
Lili e ao bolo de chocolate
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca
Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de
higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento
da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo
com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias
face ao projeto
Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente
tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo
Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas
crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso
a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e
atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades
apresentadas pelas crianccedilas
A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela
estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo
essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na
destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus
amigos na construccedilatildeo de uma nova casa
Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa
para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas
aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo
As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual
atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo
simboacutelico
Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos
a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a
importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas
Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo
relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do
mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas
respetivas famiacutelias se assim o pretenderem
Questotildees
bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto
bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o
desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que
modo
Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como
as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas
vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo
Grata pela atenccedilatildeo
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave
execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de
desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FS e V
Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com
outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares
correspondentes agraves imagens fornecidas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V
efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as
suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila V
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a
observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das
mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela
pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem
uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante
observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e
mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FN e MB
Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a
realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par
estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par
como se procedia o desenvolvimento do jogo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB
apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num
dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda
(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila P
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica
fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo
pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa
forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica
materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione
somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila L
Idade 2 anos e 6 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que
manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo
ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador
das cores anteriormente mencionadas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e
identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas
para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos
constituintes da casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos
tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a
casa da Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos
e respetivos padrotildees
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de
tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da
casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma
crianccedila
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a
desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de
brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com
jogos em momento de brincadeira
na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas
crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila C
Idade 2 anos e 5 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 07122018
Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados
pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as
suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e
identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais
colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado
pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila
revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o
seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros
para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da
mistura de outras cores
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo
de tintas de cores distintas
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila L P
Idade 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21122018
Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais
especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave
estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo
A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens
penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha
sido concretizada a pintura
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo
que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante
interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa
da Lili
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a
massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com
massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos
utilizando massa de farinha
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila
Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Crianccedila Objeto (s) criado (s)
C Televisatildeo
CC Bola
FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
FN Carro de brincar
FS Mala
G Caixa
L Chapeacuteu
LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
MA Bolachas
MB Bolo de chocolate
MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
N Bola de futebol
P Vaso
S Rebuccedilado grande
T Almofada
V Telefone
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Agradecimentos
ldquoAqueles que passam por noacutes natildeo vatildeo soacutes
natildeo nos deixam soacutes Deixam um pouco de si
levam um pouco de noacutesrdquo
Antoine de Saint-Exupeacutery
Concretizada mais uma etapa da minha vida o desejo de me tornar profissional
de educaccedilatildeo de infacircncia pretendo expressar o meu agradecimento agravequeles que me
acompanharam neste percurso e permitiram o seu desenvolvimento
Agradeccedilo assim
- Agrave minha famiacutelia por todo o apoio fornecido ao longo desta etapa e pela
possibilidade da sua concretizaccedilatildeo
- Agrave minha orientadora de relatoacuterio de estaacutegio Doutora Brigite Carvalho da Silva
pelos saberes partilhados e cuidado com o desenvolvimento do presente relatoacuterio visando
a sua excelecircncia e rigor
- Agraves minhas supervisoras de estaacutegio Profordf Maria Ivone Couto Monforte das
Neves e Profordf Irene Zuzarte Cortesatildeo Melo da Costa pela promoccedilatildeo de aprendizagens
assim como aos restantes docentes da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti
- Agrave educadora cooperante e auxiliar de accedilatildeo educativa pelo apoio prestado no
desenvolvimento do estaacutegio e nomeadamente ao grupo de crianccedilas jaacute que sem o seu
contributo a concretizaccedilatildeo do mesmo natildeo teria sido possibilitada
A todos vocecircs muito obrigado
II
ldquoSuponho que todos noacutes jaacute nos
questionaacutemos quantas crianccedilas
assim como quanto alunos se
tornaram no que natildeo pretendiam
caso noacutes tiveacutessemos e eles tivessem
reconhecido o seu potencial e
potencializado as suas
realizaccedilotildeesrdquo1
MacKinnon (1964)
1 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoI suppose all of us have often wondered how many of our
children as well as our students would have become what they didnacutet had only we and they recognized
their potential talents and nourished their realizationrdquo (MacKinnon 1964 p1)
III
Resumo
O presente relatoacuterio de estaacutegio respeitante agrave Praacutetica de Ensino Supervisionada
desenvolvida no acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar tem como principal
finalidade a elucidaccedilatildeo da importacircncia de ambientes educativos favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila potenciando desse modo a sua expressatildeo
criativa
A elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio apresenta como principais objetivos a compreensatildeo
do conceito de criatividade a relevacircncia que assume em contexto educativo e no respetivo
desenvolvimento do educando a perceccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o seu
fomento e o reconhecimento de fatores que promovam ou ao inveacutes inibam o
desenvolvimento da criatividade no acircmbito educacional
Eacute feita tambeacutem uma anaacutelise a documentaccedilatildeo legislativa do Sistema Educativo
Portuguecircs e da Creche no que concerne ao enquadramento da criatividade enquanto
intencionalidade pedagoacutegica e objetivo de ensino-aprendizagem assim como uma
perceccedilatildeo relativamente ao desenvolvimento de praacuteticas apoiantes ao fomento da
criatividade no acircmbito educativo destinadas aos profissionais de educaccedilatildeo Tambeacutem foi
efetuada uma investigaccedilatildeo a associaccedilotildees de acircmbito educativo com o intuito de se
percecionar o reconhecimento da criatividade na educaccedilatildeo
Para a concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio foi efetuada uma pesquisa bibliograacutefica
atraveacutes da qual fosse possiacutevel reunir documentaccedilatildeo que desse respostas aos objetivos
elencados agrave qual se une uma metodologia de trabalho pedagoacutegico respeitante ao
desenvolvimento de um trabalho de projeto que fora desenvolvido em contexto de
educaccedilatildeo de infacircncia e ao qual se une como teacutecnica de recolha de dados registos de
observaccedilatildeo com a finalidade de contribuir para a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
efetuada Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais resultantes de um processo de
anaacutelise criacutetica e reflexiva face ao trabalho concretizado
Palavras-Chave Criatividade Potencial criativo Expressatildeo criativa Educaccedilatildeo
IV
Abstract
The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice
developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose
the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion
of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression
The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding
of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and
in the respective development of the student the perception of possible strategies that
allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the
development of creativity in education
An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese
Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical
intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding
the development of practices that support the fostering of creativity in the educational
field aimed at education professionals An investigation was also conducted to
educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education
For the realization of this report a bibliographic research was carried out through
which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives
to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a
project work that was developed in the context of childhood education and to which as
a data collection technique observation records are added in order to contribute to the
analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations
resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done
Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education
V
Iacutendice
Introduccedilatildeo 13
1 Enquadramento teoacuterico 16
11 Criatividade 16
111 Definiccedilatildeo do conceito 16
112 Capacidade inata ou adquirida 21
12 Educaccedilatildeo e criatividade 23
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos
de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47
132 Papel do educador 49
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65
2311 Espaccedilo 66
2312 Materiais 68
2313 Tempo 69
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71
23141 Crianccedila-crianccedila 71
23142 Crianccedila-adulto 72
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77
251 Definiccedilatildeo do problema 80
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83
253 Execuccedilatildeo 90
2531 Jogo da memoacuteria 92
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96
2535 Montagem da casa da Lili 97
VI
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107
2541 Avaliaccedilatildeo 107
25411 Crianccedilas 107
25412 Famiacutelias 108
2542 Divulgaccedilatildeo 111
3 Consideraccedilotildees finais 113
Bibliografia 117
VII
Iacutendice de Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e
o Lobo Maurdquo
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da
Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila
VIII
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
IX
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa
da Lili e ao bolo de chocolate
Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro
Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)
Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)
Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da
memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da
execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre
recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que
constituem a casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees
X
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de
servir de telhado para a casa da Lili
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas
Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da
pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de
tintas de cores distintas
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de
farinha
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XI
Iacutendice de Tabelas
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XII
Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos
AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia
CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico
DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
MPCC - Manual de Processos Chave da Creche
NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico
OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs
13
Introduccedilatildeo
No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de
Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja
temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento
do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia
Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi
definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles
- Compreender o conceito de criatividade
- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo
considerando o desenvolvimento da crianccedila
- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da
infacircncia
- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da
criatividade no acircmbito educacional
As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante
uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em
contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada
Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho
pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no
acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do
estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo
educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita
eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo
da praacutetica concretizada
O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16
crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa
da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche
decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019
14
Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho
levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da
estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que
suportam o mesmo
Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a
estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram
de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor
do desenvolvimento deste trabalho
A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de
investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica
da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia
e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)
Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao
desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta
Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas
tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem
desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes
1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)
Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)
Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra
maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)
O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser
humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade
eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada
e promovida
Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e
promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)
Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp
Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)
15
A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e
concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo3
MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade
o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente
educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis
Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o
reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos
assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo
No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto
educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior
(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino
Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia
Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela
estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na
crianccedila
Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver
corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft
(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo
um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia
estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi
referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio
para a formaccedilatildeo plena da crianccedila
2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21
16
1 Enquadramento teoacuterico
11 Criatividade
111 Definiccedilatildeo do conceito
A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil
de definir (McLintic 2018)
Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como
tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua
complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo
atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes
autores
Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por
Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do
conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo
Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)
refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao
conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem
sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias
antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante
a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua
amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme
referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio
Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve
referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde
a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)
4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino
tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten
Araya 2011 p2)
17
Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num
dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar
de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado
apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave
perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade
como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo
Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo
Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos
aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa
De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados
por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos
significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade
Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave
criatividade mediante perspetivas de diferentes autores
- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que
criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade
a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves
pessoas consideradas criadoras [pessoa]
- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)
criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto
produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se
igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]
- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana
que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua
novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para
o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]
5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa
18
- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo
uacutenico e original [produto]
- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira
2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a
produccedilatildeo de algo novo [produto]
- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade
que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo
padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]
- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker
Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma
habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo
de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]
- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum
comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou
realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]
- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo
atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo
formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e
posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]
- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de
originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda
uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]
- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude
que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo
caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]
19
- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a
capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-
produto]
- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de
capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se
caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se
desenvolvam [pessoa-produto]
- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que
permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de
personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]
- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual
se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]
Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para
o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-
se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo
apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel
histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)
caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)
Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e
Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido
consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld
amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo
(p62)
Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman
amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo
e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes
leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes
tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma
20
caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um
processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular
(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)
ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto
consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode
traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e
originalidade
Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou
diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de
complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se
verifica (Braumann 2009 Morais 2015)
Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)
defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a
originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo
implicam obrigatoriamente criatividade
Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute
frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos
o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um
processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais
mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para
se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante
Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o
recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson
2011)
Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e
em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por
Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade
eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees
objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a
laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo
Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma
competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os
21
estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)
permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias
suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da
novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao
meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo
Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da
trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem
simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo
uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de
complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais
112 Capacidade inata ou adquirida
Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel
deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por
sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por
conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um
sentido criativo
Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta
como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser
adquirida
Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a
criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da
caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento
perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow
1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar
1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009
Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave
semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De
La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem
de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu
contexto sociocultural por exemplo
22
Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal
natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp
Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992
1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco
(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo
o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial
Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte
desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e
contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de
forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo
Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do
ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar
(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o
ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o
desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees
oferecidas
Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave
emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois
aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no
seu desenvolvimento
Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e
consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por
Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo
apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que
circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio
necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem
obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo
Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos
internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente
dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)
23
Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica
intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo
o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as
caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo
se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto
ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980
p117)
12 Educaccedilatildeo e criatividade
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo
A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto
eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e
Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003
citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada
pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas
do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta
a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar
necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais
adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)
Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no
mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os
criamosrdquo6
Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece
ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na
sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos
6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by
the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)
24
educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no
desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)
Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono
(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais
importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a
repetir os mesmos padrotildeesrdquo7
Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas
pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se
caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de
adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas
E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade
em contexto educativo
Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do
estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator
fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma
educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8
Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a
afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse
modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo
Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade
poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos
que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma
constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que
7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human
resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the
same patternsrdquo (Edward de Bono sd)
8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a
existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo
Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a
criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que
promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo
25
uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-
atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)
Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta
a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual
em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma
abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha
de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA
educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um
futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta
anosrdquo (p19)
Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas
encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social
cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e
repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver
competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta
realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)
responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e
rapidamente (hellip)rdquo
Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela
que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e
reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela
crianccedilardquo (p21)
Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp
Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por
parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao
indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo
baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do
indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo
combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social
Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute
absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as
26
quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma
educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)
Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma
educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do
indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas
rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)
predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)
Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem
indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do
desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que
lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal
Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por
Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo
de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo
daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo
As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para
a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas
que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que
concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus
proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas
e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar
Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como
uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma
espeacutecie de know-how
Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a
criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos
resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo
ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de
percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo
de ideiasrdquo (p18)
27
A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par
com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo
humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas
possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve
passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas
ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)
Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma
perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas
educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e
aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se
em agentes sociais significativosrdquo (p123)
Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a
criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo
associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia
permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se
deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de
perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais
Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft
(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano
deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos
e natildeo prejudiciais
Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante
desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando
o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja
capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em
questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter
conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua
adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave
unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia
diferenciando-o dos demais
Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia
se pode denominar como uma atitude de e perante a vida
28
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de
referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas
Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no
desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras
competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por
Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco
2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)
Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a
criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-
aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp
Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema
educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e
superior
Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa
a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda
alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar)
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE
2016)
No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste
relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais
especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a
documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]
29
Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do
contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse
motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho
(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda
e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume
Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com
crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma
profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade
acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso
para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)
Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)
defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees
estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a
valecircncia em questatildeo apresenta
A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo
preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar
uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos
cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve
ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto
indiviacuteduordquo (p1)
Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias
integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o
desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico
defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)
30
educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que
ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila
Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de
anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder
ao registo dos resultados obtidos
Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP
mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo
respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da
Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)
estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)
Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir
para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos
indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis
autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I
Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico
e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre
troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de
julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se
empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)
No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-
aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave
EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila
assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I
Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)
Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade
tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art
7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)
Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a
descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio
31
memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica
promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade
socialrdquo
De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino
averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos
elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino
Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne
ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III
constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo
de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma
Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades
especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II
Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como
principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem
necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo
anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma
o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga
e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se
necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar
o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se
verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e
econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar
de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios
e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra
Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute
caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e
atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos
responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas
32
as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao
niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino
e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de
competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a
elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida
no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as
crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de
uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em
que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade
Obrigatoacuteria p10)
Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo
se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees
relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas
disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do
documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de
Competecircncias
A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os
jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a
criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma
vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da
escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente
criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo
(p15)
Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais
determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e
desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o
pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser
fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento
incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma
relaccedilatildeo processo-produto se tratasse
Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees
complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo
33
humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute
tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se
assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e
aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de
diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos
cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de
competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-
produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo
causa-efeito
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na
sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-
Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap
IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam
quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute
defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo
essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo
preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]
homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como
sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-
escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)
As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios
sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e
Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo
Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da
conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo
assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa
desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de
conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de
infacircnciardquo (p34)
34
No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas
crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se
colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a
participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de
agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se
com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9
Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea
incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)
aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu
processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo
A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as
OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes
Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e
Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)
formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os
seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o
mundo que a rodeiardquo (p43)
Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma
grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade
encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como
uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas
e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)
No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se
como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)
tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial
criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de
competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas
9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60
35
criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de
jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar
movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de
situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou
ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e
criticando-as13
Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo
em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO
desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas
de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o
desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e
maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da
Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e
Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo
Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim
como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo
e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da
Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave
criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente
desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado
Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de
modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito
maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o
desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios
respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo
11 Consultar OCEPE p 52
12 Consultar OCEPE p 57
13 Consultar OCEPE p 83
36
Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens
a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais
subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma
considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves
possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento
considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de
conteuacutedo que integram as OCEPE
Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de
aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute
promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que
a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos
sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias
proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees
que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas
emocionais e criativasrdquo (p105)
Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema
Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua
documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto
agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado
Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras
experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute
ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias
e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem
ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36
meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu
desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)
Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no
desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a
criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e
37
explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de
estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se
encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo
Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de
Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam
um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute
que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e
capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados
ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo
A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser
assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada
como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da
crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado
ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)
expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)
Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e
Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se
constatam Veja-se
Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que
ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas
no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos
tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que
lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo
contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos
requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se
semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias
14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25
38
A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo
educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino
termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta
somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e
Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos
Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia
que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a
subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do
pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto
de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino
citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo
O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a
Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de
ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por
se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a
Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel
No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei
nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas
baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de
estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o
fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias
sejam em nuacutemero reduzido
Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se
presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como
na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo
Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do
Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo
ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes
39
formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em
todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger
o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a
transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute
que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente
agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila
verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade
no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas
Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e
inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se
verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes
(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento
da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a
determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas
aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral
No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se
assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos
educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um
processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma
continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e
cidadatildeo
Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp
Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria
igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez
que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo
acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente
relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar
atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto
que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas
simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria
40
Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a
criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer
que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da
criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar
referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e
praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem
adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os
educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades
e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo
A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e
Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na
educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que
permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo
existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando
a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que
aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem
ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das
suas potencialidades criativas
Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de
documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a
desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que
por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche
(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do
Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas
promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops
seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora
relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de
competecircncias criativas
No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume
foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator
Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos
serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet
praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que
41
podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais
praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo
assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa
De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na
documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da
mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa
natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos
face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que
permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa
Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar
um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas
desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de
educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo
obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias
Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias
Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria
em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em
oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que
estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a
incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos
documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP
se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que
permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto
Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha
existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos
educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade
educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a
importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade
das crianccedilasrdquo (p76)
Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e
informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que
poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
42
Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida
aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas
dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de
atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se
relacionam e se inserem
Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo
destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de
incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode
assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)
Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores
preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles
ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando
os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que
ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser
preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se
tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo
(Novaes 1980 p121)
Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes
torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por
conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas
distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso
comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem
simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e
nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis
Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao
desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se
vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que
natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem
omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas
necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica
Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes
na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e
43
praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de
autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo
(p9)
Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso
Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto
educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade
(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores
em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o
neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender
com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)
Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de
orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto
educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal
aspeto
Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com
o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi
possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo
mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o
Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo
de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo
uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC
Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)
uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e
interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos
principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo
de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo
nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo
a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando
valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo
contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes
ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da
APEI)
44
Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no
desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que
permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e
propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias
coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave
periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador
que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas
as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa
Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade
trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente
denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa
sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de
reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua
Qualidaderdquo
Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar
artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)
sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-
line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem
ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um
entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados
em papel apresentam um custo monetaacuterio
Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de
caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela
promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas
muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o
intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover
atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que
podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo
contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que
correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo
de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de
cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos
da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)
45
Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas
promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia
Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um
conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como
ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas
aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)
No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram
disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para
consulta on-line
Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da
APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que
concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da
Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas
que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a
finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber
Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo
enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo
de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino
Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar
ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da
Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua
desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores
dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)
Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado
pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos
se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees
neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme
referido
Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino
Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da
docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-
46
se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas
uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o
seu maacuteximo potencial
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes
educativos
A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel
afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo
somente em etapas da vida numa fase posterior
Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente
pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda
2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por
Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a
importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd
citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do
potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o
(Alencar 1992 Novaes 1980)
A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe
a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que
possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave
acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)
Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo
sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica
que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute
afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo
positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade
(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)
Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na
infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram
mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute
47
porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)
apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar
as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da
criatividade na infacircncia
Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo
criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo
da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser
desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)
Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas
visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia
uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar
no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-
se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes
2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco
2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma
atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora
contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila
Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades
fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas
pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras
estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as
suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu
potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e
proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante
o decorrer dos momentos de brincadeira
48
Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o
fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo
desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7
Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)
atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos
1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira
2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)
ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave
busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada
situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar
1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do
potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de
Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar
(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que
aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto
de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem
ser adotadas
Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do
desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se
tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA
criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta
a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo
conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)
No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha
da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades
competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de
aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo
se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa
2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem
estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)
49
132 Papel do educador
O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento
responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico
que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada
apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como
aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu
desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser
planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo
do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades
devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e
Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade
pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e
consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)
Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e
desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila
considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e
ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado
com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as
suas aprendizagens e progressos
Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp
Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais
ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores
Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade
e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo
normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias
que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto
dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam
50
o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas
face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa
Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos
professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)
os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos
contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos
e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma
relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo
Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes
desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer
mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do
educando e seus comportamentos
De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente
face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo
condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como
o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley
1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)
Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente
ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando
Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento
da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees
estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico
de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes
1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)
Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da
criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo
e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar
1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)
51
Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola
avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto
favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)
Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel
do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como
favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial
criativo da crianccedila
Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as
causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)
Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar
traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e
inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo
mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar
acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente
encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas
de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do
potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a
tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a
relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo
acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea
2008)
Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem
favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e
influecircncia exercida no educando e ambiente educativo
Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores
favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes
- Atitudes e valores
- Interaccedilatildeo educador-crianccedila
- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
- Conhecimento e formaccedilatildeo
52
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
Papel do
educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Atitudes e
valores
Conceccedilatildeo da criatividade como elemento
essencial ao processo educativo
(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-
Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp
Alencar 2018 p7)
Conformaccedilatildeo com entraves surgidas
face agrave promoccedilatildeo da criatividade
(Alencar 1992 Sternberg amp
Williams 2003)
Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da
criatividade
(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Desvalorizaccedilatildeo das suas
competecircncias
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Falta de confianccedila e inseguranccedila em
agir com receio de errar ou atentar
contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do
sistema educativo
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Interaccedilatildeo
educador-
crianccedila
Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista
ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo
educando
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley
1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten
2005)
Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do
educando
(Torrance 1977)
Elogio e criacuteticas construtivas
(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith
2001)
Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de
cada crianccedila assim como do seu
potencial criativo
(Alencar 1992 2007 Sternberg amp
Williams 2003)
Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada
educando
(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar
2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira
amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005)
Supervisatildeo e controlo excessivo
(Torrance 1977 Sternberg amp
Williams 2003)
Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens
desenvolvidas pelo educando
(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por
Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten
2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)
Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de
valor eou comentaacuterios depreciativos
(Alencar 1992 Torrance 1977)
53
Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no
que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de
seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no
caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente
Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no
educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)
Papel do educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Organizaccedilatildeo do
ambiente
educativo
Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no
processo educativo
(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar
2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)
Dependecircncia exclusiva do
curriacuteculo
(Alencar 1992 2007 Torrance
1977)
Aprovisionamento de tempo e oportunidades que
permitam ao educando efetuar descobertas e
aprendizagens mediante o seu ritmo
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997
Fleith 2001 Aragoacuten 2005)
Ensino Tradicional
(Alencar 1992 2007 Morejoacuten
2000 Alencar Fleith amp Pereira
2017)
Fornecimento de recursos materiais adequados
aos interesses competecircncias e necessidades dos
educandos
(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)
Oferta excessiva de recursos
materiais
(Torrance 1977)
Clima democraacutetico
(Torrance 1977 Cropley 1997)
Tempo destinado exclusivamente agrave
promoccedilatildeo de aprendizagens
curriculares
(Alencar 1992 Cachia Ferrari
Ala-Mutka amp Punie 2010)
Conhecimento e
Formaccedilatildeo
Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade
Carecircncia de saberes acerca do tema
(criatividade)
(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010
Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
54
ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e
reprimidas
Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da
criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave
perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao
indiviacuteduo assim como de naturezas diversas
55
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas
Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)
um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as
hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)
Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo
de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho
Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao
desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo
revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute
meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e
necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho
pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo
de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no
qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede
privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo
A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente
necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no
qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada
de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto
mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora
No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee
de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o
funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a
56
crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades
compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)
No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm
CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de
escolaridade)
Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas
polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as
suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos
aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)
Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo
educativa estes satildeo
- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo
Pedagoacutegica
- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de
Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas
Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma
Conselho de turma
- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas
Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos
administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza
- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais
Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito
agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de
accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as
salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala
verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36
meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma
sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade
57
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional
Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a
perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em
questatildeo
Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento
face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao
desenvolvimento do educando17
Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade
os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras
finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e
competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de
interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para
desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo
progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania
a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que
concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila
Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na
qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser
fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento
integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees
surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e
inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18
No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade
natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa
dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo
16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz
educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da
inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
58
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se
desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu
e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o
grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e
sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel
Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32
meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das
crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do
sexo feminino
No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo
em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar
que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante
aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e
informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)
desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo
Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria
mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte
da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas
durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para
as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e
registado
Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria
esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste
em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e
19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os
sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para
efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)
59
descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o
desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)
Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de
informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua
Portuguesa)
Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o
conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao
desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia
considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente
agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas
(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)
Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao
desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do
desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que
somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes
encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo
ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas
ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e
atitudes perante um contexto natildeo-familiar
Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e
comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as
crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21
visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e
correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo
grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)
Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp
Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada
20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores
60
vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo
(p162)
Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem
acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi
possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman
(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e
subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo
alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)
Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio
das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa
Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas
matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus
com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos
Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom
desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees
A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de
pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas
das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24
encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por
duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida
pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras
finas)
Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa
etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo
elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo
22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos
61
O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e
caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento
do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais
especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds
amp Feldman 2009)
No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um
bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos
sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo
Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta
nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo
grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha
na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem
do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta
constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias
das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades
de expressatildeo plaacutestica
Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o
desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando
e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode
constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila
(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)
O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma
atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky
1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via
27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em
diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e
diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio
62
atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016
Oliveira 2018) 32
Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo
o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de
categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda
se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o
nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)
Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a
maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena
minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)
Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste
fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e
compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada
considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em
questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo
ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos
manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a
aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados
Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem
oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se
registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever
aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo
educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a
musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha
verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem
a sua frequecircncia em terapia da fala
32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
63
Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira
recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos
necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees
As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave
comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais
constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)
elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar
o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)
Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses
estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na
formaccedilatildeo de frases (simples)33
Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um
discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente
No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento
face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do
seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso
instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo
Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia
esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para
avaliaccedilatildeo da autonomia)
Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as
autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto
Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para
eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem
usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas
apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade
33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do
desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)
34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo
64
Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave
partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35
O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver
a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos
Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves
crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)
No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou
acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste
tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila
envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou
soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No
entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se
primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim
de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees
sociais e desenvolvimento integral
Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em
situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas
compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma
soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador
incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas
exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si
proacuteprias e nos outros
Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da
sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre
si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente
aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a
35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para
consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de
uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na
procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila
36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais
(Eisenberg 2005)
65
desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a
interagir seja com outras crianccedilas ou adultos
Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade
e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a
estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um
facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre
as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo
da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada
Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade
o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila
conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento
Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a
caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito
(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain
1977)38
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das
intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo
promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e
apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas
necessidades e interesses
Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo
materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas
entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades
37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
38 Ver 132 Papel do educador
66
2311 Espaccedilo
Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves
oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-
se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o
intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas
Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute
espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos
pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode
ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)
As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas
pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para
o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve
assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39
Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas
criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a
possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas
Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem
de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo
ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse
modo perigo
No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito
tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico
permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis
quedas
39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a
serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel
superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se
encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis
de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas
67
Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post
2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento
visual da crianccedilardquo
Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que
permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior
Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o
mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel
obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante
luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso
a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos
presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem
favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas
cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas
No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para
a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do
espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para
as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)
Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves
crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e
consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees
Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se
encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua
abertura por parte das mesmas
No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas
dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e
ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos
As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter
perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo
bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas
68
O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e
respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al
2016)
A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam
aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de
papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)
2312 Materiais
Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis
diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila
condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu
desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)
Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e
considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
por parte das crianccedilas estes apresentam-se
- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)
- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia
condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das
crianccedilas)
- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo
pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que
facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos
materiais disponibilizados
- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de
inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)
- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo
(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de
69
feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores
do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para
realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo
dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e
dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros
puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)
Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores
agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se
encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas
Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees
(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos
quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em
contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas
podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente
seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza
2313 Tempo
O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador
e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser
somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais
necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo
permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo
(Cardona 1999 Silva et al 2016)
A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua
sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta
conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al
1996 Niza 2012)
Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu
esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas
realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)
higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a
70
ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por
todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas
ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)
Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a
educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em
questatildeo Silva et al (2016) afirmam que
ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser
responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se
traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e
dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve
assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em
que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)
O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por
norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles
dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para
o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para
efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas
pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas
podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado
agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham
feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)
No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita
atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de
atender agraves suas necessidades
Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez
numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel
seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora
dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo
do conhecimento da mesma pelo grupo
71
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees
23141 Crianccedila-crianccedila
Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos
de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas
(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e
intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)
Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem
em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando
conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem
O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes
momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em
pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente
Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e
relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para
serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando
mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila
Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as
crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim
consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras
Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de
conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como
mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser
simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho
e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)
Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira
1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai
sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas
Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se
estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si
72
23142 Crianccedila-adulto
No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente
educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees
distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria
personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e
valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)
O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de
aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas
educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como
apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)
Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora
cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas
satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo
havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees
planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo
adequadas a cada crianccedila
Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas
tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas
como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no
denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)
o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse
modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na
mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com
a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas
solicitaccedilotildees
Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram
os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas
conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho
40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)
73
Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se
expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo
relativamente agrave privacidade
Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam
fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave
intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas
natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela
positividade
No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas
participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo
educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute
concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no
momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses
As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam
desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela
equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente
educativo no qual se encontram inseridas
Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto
que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um
balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente
enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras
na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na
creche
Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-
se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se
41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo
74
baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do
interesse do grupo envolvido
Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)
abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)
Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em
qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos
(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva
1998)
Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise
esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado
tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)
Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto
de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de
competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de
informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da
tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e
criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da
autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo
de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)
A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila
e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um
ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes
em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)
Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve
proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio
processo de aprendizagem
No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem
de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de
projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-
educador
75
Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais
experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)
Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a
metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o
estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3
anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da
crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais
se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)
Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma
metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada
a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por
Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se
relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais
razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo
sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)
Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de
respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e
conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim
como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as
crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees
descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de
ambos os sujeitos
Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar
na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases
- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)
- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando
e quem)
- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)
- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e
partilha com outros elementos da comunidade educativa)
76
No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas
de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida
enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente
capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve
ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar
Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do
ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima
democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir
autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de
interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos
e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo
de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo
dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)
Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado
ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as
crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses
das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto
agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo
educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)
Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche
uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente
educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto
educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de
ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho
2013 p58)
A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo
das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao
ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as
77
ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao
contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)
Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto
Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas
aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a
crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e
construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado
por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto
desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades
compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes
do mesmo
Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo
de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja
principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente
relatoacuterio
Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos
promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de
brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso
a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e
consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a
educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem
ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas
42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
78
Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi
afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo
(p75)
Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um
projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses
das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte
a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo
Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do
educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as
intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito
pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva
(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas
no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as
quais se enquadra o trabalho de projeto)
Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves
caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que
embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas
proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento
singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais
se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva
potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente
educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial
criativo do educando
Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se
conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade
43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se
encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
79
No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se
torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e
esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante
No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como
meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas
relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47
Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de
ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que
possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor
preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes
criadoras
Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-
Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de
fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias
que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)
No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem
foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila
Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo
implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades
individuais (hellip)rdquo (p119)
Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo
da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das
intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma
educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que
cria laccedilos sociaisrdquo (p21)
46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo
47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
80
Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas
etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos
(1998)48
Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e
prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este
Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que
as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a
asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute
que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute
apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja
confrontada
Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam
responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou
crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e
psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)
251 Definiccedilatildeo do problema
Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada
durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto
Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo
se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o
qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta
No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o
haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade
que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees
com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era
48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
81
constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o
grupo acabava por aderir
Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o
desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas
Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos
interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir
uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)
indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas
Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser
aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do
projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo
Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs
Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a
destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)
afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se
pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo
sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo
(p64)
Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual
o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os
por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo
Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate
necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA
Lili e o Lobo Maurdquo)
A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo
desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo
Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o
objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos
representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de
chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos
materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)
82
Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que
fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver
as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi
posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a
dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos
fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse
podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo
(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)
No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de
dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante
satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar
desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando
compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma
Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas
crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas
em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se
encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-
se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face
agraves suas intencionalidades
Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode
oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da
motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais
O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa
prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser
levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas
questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo
para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida
49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial
criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel
pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)
83
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do
projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por
elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem
na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as
crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse
A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste
projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar
por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as
famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo
escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria
para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de
tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das
crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees
dos meninos e meninas
No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)
referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador
deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de
estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo
Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o
ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de
diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse
Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora
do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que
levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento
sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem
tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em
casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias
jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais
84
Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de
crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem
vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)
Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo
deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da
refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a
alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas)
Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta
foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute
natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos
elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito
de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles
Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos
motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e
dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua
casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente
promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da
linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da
relaccedilatildeo causa-efeito
No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-
se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo
ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima
democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51
Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al
(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o
seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo
51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a
promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade
(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)
85
processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da
autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo
Acrescentam ainda que
Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai
mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos
atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os
problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a
criatividade (Silva et al 2016 p34)
Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico
A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e
aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se
exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo
pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)
Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo
das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de
tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma
funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo
e descoberta agrave crianccedila
As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de
conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo
chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao
niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais
especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser
desenvolvida pela maioria do grupo
Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando
em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da
qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si
proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)
86
A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente
A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto
o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A
criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada
para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)
Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas
planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do
projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o
decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante
a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio
Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute
condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para
o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)
Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela
accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando
saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia
(Dewey amp Dewey 1915)
Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma
constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a
experimentaccedilatildeordquo52
Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como
meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes
dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava
um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto
ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a
criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto
52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma
construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo
(Freinet sd)
87
A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de
integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo
tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem
o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais
Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo
Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma
ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a
comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)
A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar
1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-
Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky
1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)
Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a
situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem
desenvolvendo possiacuteveis ideias
Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao
fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo
da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e
protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave
distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a
expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao
grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)
que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo
Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a
expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era
53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao
estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz
imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando
ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das
crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)
88
questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso
negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas
A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo
influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente
agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo
considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que
estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a
pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo
o que natildeo era possiacutevel
Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face
ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves
crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve
explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas
referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da
Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente
para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser
reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados
pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a
manipulaccedilatildeo dos mesmos
As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com
as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses
Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem
se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998
Rodrigues 2004)
No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo
exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do
ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis
agrave prossecuccedilatildeo das atividades
Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em
aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na
mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a
89
ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora
cooperante
Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado
ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que
antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo
Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta
natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e
considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo
Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava
a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto
sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo
se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela
instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a
atividades livres
Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os
interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos
mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis
custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que
estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade
Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas
materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes
despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e
observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das
crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como
materiais de expressatildeo plaacutestica
No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido
desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o
meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde
constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste
relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia
das artes no desenvolvimento da crianccedila
90
Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais
apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o
egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em
questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez
constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo
e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro
Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de
opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de
negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo
(p39)
Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e
negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila
Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em
seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam
realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e
como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados
jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a
conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse
conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar
253 Execuccedilatildeo
No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto
cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das
quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo
visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum
No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as
atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares
e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e
disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de
crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se
iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos
91
Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi
o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar
uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade
Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando
que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos
permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais
individualizados e inclusivosrdquo (p8)
Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar
mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o
desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)
Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor
coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave
realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite
que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)
Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade
de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um
tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de
todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)
Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava
convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo
jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o
educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar
Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio
se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras
atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto
com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse
Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia
todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo
(p105)
Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas
considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a
92
par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de
transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em
grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente
expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas
participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo
Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes
construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de
todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados
e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)
Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute
desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma
partilha de saberes coletiva
2531 Jogo da memoacuteria
No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se
proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por
introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo
de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o
intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel
de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas
ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili
A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de
processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e
concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo
Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade
do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel
deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a
maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que
55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas
imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e
concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes
93
apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos
consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma
crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando
caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)
Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos
colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual
estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo
da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)
Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de
algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na
concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de
implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas
mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente
desenvolvimento de competecircncias
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)
Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das
atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao
desenvolvimento da casa da Lili
No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa
da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que
mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham
indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos
jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56
Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que
concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os
materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as
56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
94
principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as
suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto
Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher
aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de
expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal
facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas
Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na
instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo
plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder
agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo
o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua
que se encontravam presentes no espaccedilo educativo
O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o
intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as
dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das
paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da
colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas
possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar
os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver
Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57
desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo
Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2
anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando
espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash
Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)
Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas
revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo
parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador
57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain
1977)
95
fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila
do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento
As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem
significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento
do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma
que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona
bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo
desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho
colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico
partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores
Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o
reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash
Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas
Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas
crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na
concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem
observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa
da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das
atividades sem interferir nas mesmas
Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes
no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili
como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as
dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa
da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a
executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo
impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de
realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a
assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir
96
questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do
seu agrado e como deveria continuar a proceder
Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma
vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa
parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes
Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do
desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros
e quantidades formas e noccedilotildees espaciais
Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada
dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado
espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o
fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira
livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)
A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar
fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem
posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo
estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo
Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)
Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em
desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da
Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa
que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a
educadora cooperante
No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio
disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de
58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da
criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
97
tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo
da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa
atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou
Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na
instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material
por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o
efeito pretendido
As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a
diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua
liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu
para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na
casa da Lili)
Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no
manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem
dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por
uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas
natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola
disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola
natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos
Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido
o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as
habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o
desenvolvimento do sentido esteacutetico
2535 Montagem da casa da Lili
Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua
montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras
na tatildeo aguardada casa
No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio
definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com
98
o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da
casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas
que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante
pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos
de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo
semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo
Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como
a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim
como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no
qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia
ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham
apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela
crianccedila
Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma
vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo
natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material
A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os
tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das
crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao
teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem
que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas
No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo
vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo
que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia
o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e
possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes
crianccedilas
Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo
estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a
afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na
instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o
espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar
99
No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os
movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves
dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os
recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas
brincadeiras
No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela
educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva
conclusatildeo da casa da Lili
A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as
mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a
material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse
motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa
Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha
conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus
interesses
Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave
mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde
as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser
realizadas atraveacutes das janelas
Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional
nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar
a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a
questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave
porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal
era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida
Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e
assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili
algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio
agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash
Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de
crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas
100
em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao
usufruto da casa
Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se
constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo
oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico
(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros
merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si
responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e
valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado
A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto
de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os
tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59
Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas
igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o
mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim
de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse
momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute
mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados
que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo
natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo
Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili
com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as
crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo
A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde
em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram
59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18
101
tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas
de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo
com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez
que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das
habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica
Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo
podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide
exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa
inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem
ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas
segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel
telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua
configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com
mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado
No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam
ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a
interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas
duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam
afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no
entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado
Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como
o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da
tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando
o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de
um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo
A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e
estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente
afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e
salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar
61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos
das mesas
102
o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas
em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa
Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas
(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder
de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas
todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim
colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram
disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)
pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no
papel de cenaacuterio
As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e
estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria
assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas
explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como
se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos
peacutes das crianccedilas)
Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era
o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-
se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas
caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da
atividade
Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do
aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da
coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex
estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili
Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de
se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter
utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de
103
decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma
das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa
A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido
que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62
Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material
do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas
a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute
que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia
crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade
Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a
formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou
com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse
concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser
possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com
os outros momentos da rotina consequentes
No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas
pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria
procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade
que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado
o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios
Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade
agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade
de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo
se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso
agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por
pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo
do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura
do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)
62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila
104
Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e
fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades
posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas
pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas
com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas
e texturas
Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas
e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se
espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao
percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as
suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)
Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a
mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas
face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65
fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36
ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)
Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada
uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a
realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores
efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66
Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de
significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais
cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo
63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila
65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila
66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o
desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias
face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com
cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as
crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas
105
para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas
tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada
Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do
aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes
do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho
colaborativo e trabalho cooperativo
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili
levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que
fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de
realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam
ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades
considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles
destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode
condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades
de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens
Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de
tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a
concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68
a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das
crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes
disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no
67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili
68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos
riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que
natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de
verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes
alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas
apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova
atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse
sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas
106
que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades
anteriormente realizadas69
Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que
concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo
esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando
as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura
Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e
misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas
Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de
utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos
e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na
promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo
de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos
para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)
Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente
cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos
desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada
crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto
estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das
criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que
durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto
que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia
Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas
em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende
que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das
69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou
bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas
71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias
entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)
107
realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do
desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens
Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas
usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo
um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por
conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor
procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas
da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo
estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo
Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma
teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas
relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das
cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e
conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da
massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo
2541 Avaliaccedilatildeo
Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para
a accedilatildeordquo (p15)
Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida
com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo
para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004
Silva et al 2016)
25411 Crianccedilas
A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma
sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e
considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser
108
modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento
das aprendizagens
Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo
permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o
desenvolvimento cognitivo e da linguagem
Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas
mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila
Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais
momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute
nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves
crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham
realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo
mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas
caso as fossem efetuar futuramente
Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente
acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador
constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base
de desenvolvimento dessa
Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa
educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que
foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este
questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)
Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo
indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a
avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento
sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo
avaliativo que seja processado de modo persistente
25412 Famiacutelias
Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que
estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem
109
Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no
desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais
responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo
Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo
de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas
conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)
Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois
dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a
cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o
trabalho de projeto desenvolvido
Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma
explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento
concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)
Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como
referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes
que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo
uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais
adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios
progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo
necessaacuterios
Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias
caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de
famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista
No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento
redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora
sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo
limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias
72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio
110
Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e
anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias
Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas
revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da
ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia
Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores
da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou
na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia
alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute
mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo
ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo
projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73
No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a
importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis
pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis
Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um
terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de
desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)
Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham
conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo
e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam
por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva
face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa
amp Sarmento 2010 p149)
Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento
das crianccedilas as famiacutelias indicaram
73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia
pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)
111
- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam
de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades
- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e
ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas
famiacutelias
- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado
- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar
ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das
famiacutelias
- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas
vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas
Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de
um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico
Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute
proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)
2542 Divulgaccedilatildeo
Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi
desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas
maneiras (Vasconcelos 1998)
A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir
acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-
os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)
No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas
educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua
jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo
sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo
de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o
que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas
112
e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em
horaacuterios poacutes letivo
As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo
aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das
atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os
pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o
fomento da sua auto-estima e confianccedila
Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e
valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)
Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)
assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo
projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar
tal projeto avante
Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo
efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo
concretizadas pelas crianccedilas
Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias
durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto
com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o
que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa
Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o
projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite
soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade
de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante
a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo
ocorresse
Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas
ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo
a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente
educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas
responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros
113
3 Consideraccedilotildees finais
Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido
percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a
qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia
Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave
concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos
definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse
fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de
objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma
metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um
trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa
integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um
ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade
A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a
potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila
considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se
um desenvolvimento integrado
Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial
criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico
desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de
aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo
criativa da crianccedila eacute condicionada por esse
Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os
fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas
tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias
necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a
promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o
cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo
114
Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de
oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi
fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta
perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a
Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o
educar
Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das
crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem
juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila
assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-
se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos
inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo
do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno
Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a
cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do
presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das
famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua
vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das
suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das
famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa
derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa
Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de
Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da
crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias
aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro
2011 p100)
Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal
(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao
processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu
papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para
explorar intervir decidir e agir
115
Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche
jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das
experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de
ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem
para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se
inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas
crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de
crianccedilas
Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral
considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel
pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila
Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo
das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New
Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)
Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da
criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz
respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs
Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente
relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o
reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores
do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar
ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a
criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo
Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao
desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da
associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como
destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a
associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso
Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito
de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo
legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do
116
potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute
igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens
Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida
continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da
criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem
perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal
Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente
educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma
competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida
permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como
a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees
considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam
117
Bibliografia
Alencar E (1986) Criatividade e ensino Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 6(1) 13-16
httpsdxdoiorg101590S1414-98931986000100004
Alencar E (1992) Como desenvolver o potencial criador um guia para a liberaccedilatildeo da
criatividade em sala de aula (2ordf ed) Petroacutepolis Vozes
Alencar E (1998) Desenvolvendo o potencial criador 25 anos de pesquisa Cadernos de
Psicologia 4(1) 113-122 Disponiacutevel em
httpsrepositorioucbbrjspuihandle1234567897374
Alencar E (2001) Obstacles to personal creativity among university students Gifted Education
International 15(2) 133-140 Recuperado de
httpciteseerxistpsueduviewdocdownloaddoi=10118814856amprep=rep1amptype=pdf
Alencar E (2007) Criatividade no contexto educacional trecircs deacutecadas de pesquisa Psicologia
Teoria e Pesquisa 23 45-49 httpsdxdoiorg101590S0102-37722007000500008
Alencar E (2008) DESFAZENDO OS MITOS SOBRE A CRIATIVIDADE Fundaccedilatildeo
Catarinense de Educaccedilatildeo Especial Disponiacutevel em
httpwwwfceescgovbrindexphpbuscasearchword=alencarampsearchphrase=all
Alencar E amp Fleith D (2004) Inventaacuterio de Praacuteticas Docentes que Favorecem a Criatividade
no Ensino Superior Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 17(1) 105-110
httpsdxdoiorg101590S0102-79722004000100013
Alencar E amp Fleith D (2010) Escala de praacuteticas docentes para a criatividade na educaccedilatildeo
superior Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 9(1) 13-24 Recuperado de
httppepsicbvsaludorgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1677-04712010000100003
Alencar E Fleith D amp Pereira N (2017) Creativity in Higher Education Challenges and
Facilitating Factors Temas em Psicologia 25(2) 553-561 httpsdxdoiorg109788TP20172-
09
Alencar E amp Martiacutenez A (1998) Barreiras agrave expressatildeo da criatividade entre profissionais
brasileiros cubanos e portugueses Psicologia Escolar e Educacional 2(1) 23-32 Recuperado
de httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
85571998000100003amplng=enamptlng=pt
118
Almeida G amp Almeida G (2015) Criatividade conceito e reflexatildeo Estado escola e sociedade
na perspectiva da internacionalizaccedilatildeo Desafios Das Poliacuteticas Puacuteblicas Docentes Nos Planos De
Educaccedilatildeo 8(1) Recuperado de httpseventossetedubrindexphpenfopearticleview1457
Amabile T (2012) Componential Theory of Creativity Harvard Business School Working
Paper 96(12) Recuperado de httpswwwhbsedufacultyPagesitemaspxnum=42469
Anderson H (1960) The Nature of Creativity Studies in Art Education 1(2) 10-17 DOI
1023071319842
Aragoacuten O (2005) Algunos indicadores para el desarrollo de la creatividad In Gomeacutez Cumpa J
(Org) Desarrollo de la Creatividad (pp119-122) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash
UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Arrizabalaga E (2014) Anaacutelisis del concepto de creatividad y metodologiacuteas procesuales en
treinta artistas vascas contemporaacuteneas (Tese de Doutoramento) Universidad del Paiacutes Vasco
Recuperado de httphdlhandlenet1081014748
Barboza L amp Volpini M (2015) O faz de conta simboacutelico representativo ou imaginaacuterio
Cadernos de Educaccedilatildeo Ensino e Sociedade 2(1) 1-12 Recuperado de
httpunifafibecombrrevistasonlinearquivoscadernodeeducacaosumario350604201520020
8pdf
Bastos G (1999) Literatura infantil e juvenil Lisboa Universidade Aberta
Braumann M (2009) Questotildees e razotildees Criatividade artiacutestica e criatividade cientiacutefica Noesis
77 26-31 Recuperado de
http19313722207imageswinlibimgaspxskey=ampdoc=144044ampimg=1290ampsave=true
Cachia R Ferrari A Ala-Mutka K amp Punie Y (2010) Creative Learning and Innovative
Teaching Final Report on the Study on Creativity and Innovation in Educationin the EU Member
States Luxembourg Publications Office of the European Union DOI 10279152913
Caldwell B (1995) In Bebeacute XXI - Crianccedila e famiacutelia na viragem do seacuteculo Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Cardona M (1999) O Espaccedilo e o tempo no Jardim de infacircncia Pro-Posiccedilotildees 10(1) 132-138
Recuperado de httpsperiodicossbuunicampbrojsindexphpproposicarticleview8644105
119
Carvalho A amp Beraldo K (1989) Interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila ressurgimento de uma aacuterea de
pesquisa e suas perspectivas Cadernos de Pesquisa (71) 55-61 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview1169
Casillas M (1999) Aspectos importantes de la creatividad para trabajar en el aula Revista digital
de educacioacuten 10 1-10 Recuperado de
httpwwwjuntadeandaluciaeseducacionportalsabaco-portletcontent21b7cb3a-f603-429d-
8721-49e3212e113c
Castillo A (1986) La creatividad en el aula actividades para un curriacuteculum creativo Maacutelaga
Innovare
Chacoacuten Araya Y (2011) Una revisioacuten criacutetica del concepto de creatividad Actualidades
Investigativas En Educacioacuten 5(1) httpsdoiorg1015517aiev5i19120
Cicerello R amp Kalinowski M (2007) iquestDe queacute hablamos cuando hablamos de creatividad
Actas De Disentildeo 3(3) 94-97Universidad de Palermo Recuperado de
httpsfidopalermoeduservicios_dycpublicacionesdcvistadetalle_articulophpid_libro=11amp
id_articulo=5485
Coelho A (2004) Educaccedilatildeo e cuidados em creche conceptualizaccedilotildees de um grupo de
educadoras (Tese de Doutoramento Universidade de Aveiro) Disponiacutevel em
httphdlhandlenet1077310856
Costa J amp Costa C (2011) A criatividade e a educaccedilatildeo percursos 23ordm Encontro Nacional da
Associaccedilatildeo de Professores de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo Visual ndash Ensino das Artes Visuais
Identidade e Cultura no seacuteculo XXI pp 97-118 Recuperado de
httphdlhandlenet1019810553
Coutinho A (2010) A accedilatildeo social dos bebecircs um estudo etnograacutefico no contexto da creche (Tese
de Doutoramento Universidade do Minho) Disponiacutevel em httphdlhandlenet182211336
Craft A (2004) A universalizaccedilatildeo da Criatividade Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo
Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Craveiro C (2011) Escutando educadoras de infacircncia de creche Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0
aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica] pp 93-106 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
120
Craveiro M Ferreira I (2007) A Educaccedilatildeo Preacute-Escolar face aos desafios da sociedade do
futuro Cadernos de Estudo (6) 15-21 Porto ESE de Paula Frassinetti Recuperado de
httphdlhandlenet2050011796911
Cropley A (1997) Fostering creativity in the classroom General principles In M Runco (Ed)
The creativity research handbook 1 (pp83-114) Cresskill NJ Hampton Press Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication243787195
Cropley A (1999) Creativity in Education In M Runco amp S Pritzker (Eds) Encyclopedia of
creativity (pp 629-642) San Diego CA Academic Press Recuperado de
httpswwwacademiaedu10502641
Cropley D amp Cropley A (2009) Fostering Creativity A Diagnostic Approach for Higher
Education and Organisations Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication259979702
Csikszentmihalyi M (1996) The Flow of Creativity In M Csikszentmihalyi (Ed) Creativity
Flow and the psychology of discovery and invention (pp107-126) New York Harper Collins
Recuperado de httpsdigitalauthorshipurifileswordpresscom201601csikszentmihalyi-
chapter-flow-and-creativitypdf
Cunha N (2007) Brinquedoteca um mergulho no brincar (4ordf ed) Satildeo Paulo Aquariana
Dacey J amp Madaus G (1969) Creativity definitions explanations and facilitation The Irish
Journal o f Education 3(1) pp55-69 Recuperado de httpwwwercie19690118vol-03-
1969
De Bono E (1970) Lateral Thinking A Textbook of Creativity [Ebook] Harmondsworth
Middlesex England Penguin Books Recuperado de httpsepdfpublateral-thinking-a-
textbook-of-creativitya99e1c6b5278f5ab0820a2d95ef071b9423html
Dempsey J amp Frost J (2002) Contextos Luacutedicos na Educaccedilatildeo de Infacircncia In Spodek B (Ed)
Manual de investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo de infacircncia (Ana Maria Chaves Trad) (pp 687-724)
Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Dewey J amp Dewey E (1915) Schools of To-morrow [Ebook] New York E P Dutton amp
Company Recuperado de httpsarchiveorgdetailsschoolsoftomorro005826mbppagen10
121
Doble Gorriacuten P (2015) Coacutemo estimular la creatividad en los nintildeos de Primaria Intervencioacuten
para 5ordm curso (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893416
Drevdahl J (1956) Factors of importance for creativity Journal of Clinical Psychology 12(1)
21-26 httpsdoiorg1010021097-4679(195601)1213C21AID-
JCLP22701201043E30CO2-S
Eisenberg N (2005) Temperamental Effortful Control (Self-Regulation) Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication238586558
Ferland F (2006) Vamos brincar Na infacircncia e ao longo da vida (Rita Rocha Trad) Lisboa
Climepsi Editores
Fleith D (2000) Teacher and Student Perceptions of Creativity in the Classroom Environment
Roeper Review 22(3) 148-153 httpsdoiorg10108002783190009554022
Fleith D (2001) Criatividade novos conceitos e ideacuteias aplicabilidade agrave educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Especial (17) httpdxdoiorg1059021984686X
Fleith D amp Alencar E (2008) Caracteriacutesticas personoloacutegicas e fatores ambientais
relacionados agrave criatividade do aluno do Ensino Fundamental Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 7(1)
35-44 Recuperado de httpsdialnetuniriojaesservletarticulocodigo=6674859
Folque M (2012) O aprender a aprender no preacute-escolar o modelo pedagoacutegico do
movimento da escola moderna Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Freinet C (1984) El aprendizaje del dibujo (Mordf Dolors Bordas Trad) Barcelona
Martiacutenez Roca
Freitas M (2015) A importacircncia do brincar na educaccedilatildeo infantil (Monografia de
Especializaccedilatildeo Faculdade de Paraacute de Minas) Recuperado de
httpfapamweb797kinghostnetadminmonografiasnupearquivos18072016193403Mariana_
Duartepdf
Garaigordobil M amp Berrueco L (2011) Effects of a Play Program on Creative Thinking of
Preschool Children In The Spanish Journal of Psychology 14(2) 608-818 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication51779808
122
Gomeacutez Cumpa J (2005) Desarrollo de la Creatividad Lambayeque Fondo Editorial FACHSE
ndash UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Goacutemez C amp Rovira A (2012) El aprendizaje musical a traveacutes del pensamiento creativo una
investigacioacuten accioacuten colaborativa en ensentildeanza secundaria Estilos De Aprendizaje
Investigaciones Y Experiencia 1-10 Santander Universidad de Cantabria DL Recuperado de
httpsdialnetuniriojaesservletlibrocodigo=555496
Gonccedilalves E (1983) A expressatildeo plaacutestica da crianccedila Que eacute a pintura infantil Qual deveraacute ser
a atitude do adulto face agrave expressatildeo livre da crianccedila Anaacutelise Psicoloacutegica 3 (12) 205-210
Lisboa Instituto Superior de Psicologia Aplicada Recuperado de
httphdlhandlenet10400122054
Gonccedilalves E (1991) A arte descobre a crianccedila Amadora Raiacutez Editora
Hohmann M amp Post J (2007) Educaccedilatildeo de bebeacutes em infantaacuterios cuidados e primeiras
aprendizagens (3ordf ed) (Sara Bahia Trad Maria Cristina Correcirca Figueira Rev) Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Hohmann M amp Weikart D (1997) Educar a Crianccedila (Helena Aacutegueda Marujo e Luiacutes Miguel
Neto Trads) Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Homem C Gomes B amp Montalvatildeo R (2009) A importacircncia da criatividade Cadernos de
Educaccedilatildeo de Infacircncia (88) 41-45
Kaufman J amp Sternberg R (2010) The Cambridge Handbook of Creativity [Ebook]
Cambridge University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=1EBT3Qj5L5ECampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Klimenko O (2009) Una reflexioacuten en torno al concepto creatividad y su relacioacuten con los
componentes del proceso educativo Revista Virtual Universidad Catoacutelica Del Norte (26) 1-29
Recuperado de httprevistavirtualucneducoindexphpRevistaUCNarticleview111
Lira N amp Rubio J (2014) A Importacircncia do Brincar na Educaccedilatildeo Infantil Saberes da
Educaccedilatildeo 5(1) 1-22 Recuperado de httpsunisaoroqueedubrrevista-eletronicarevista-
sabares-da-educacaoarquivos2014-2
123
Lopes M (2016) Processos formativos de construccedilatildeo do sentido da criatividade um olhar
renovado na educaccedilatildeo de infacircncia e a responsabilidade dos educadores (Tese de Doutoramento
Universidade Catoacutelica Portuguesa) Disponiacutevel em httphdlhandlenet104001424210
Lowenfeld V amp Brittain W (1977) Desenvolvimento da capacidade criadora (Aacutelvaro Cabral
Trad) Satildeo Paulo Mestre Jou
Lubart T (2007) Psicologia da Criatividade [Ebook] (Maacutercia Conceiccedilatildeo Machado Moraes
Trad) Porto Alegre Artmed Recuperado de httpsdocerocombrdocx8c1x
Luz S (2016) O papel da atividade luacutedica no processo de ensino aprendizagem no 1ordm ciclo do
ensino baacutesico Perceccedilotildees dos docentes sobre o uso das atividades luacutedicas em sala de aula para a
aquisiccedilatildeo das aprendizagens (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Instituto Superior de Educaccedilatildeo e
Ciecircncias) Recuperado de httphdlhandlenet104002620586
MacKinnon D (1962) The nature and nurture of creative talent American Psychologist 17(7)
484-495 doi101037h0046541
MacKinnon D (1964) Identification and Development of Creative Abilities California Univ
Berkeley Inst of Personality Assessment and Research Recuperado de
httpsericedgovid=ED027965
Mariacuten Viadel R (2003) Didaacutetica de la Educacioacuten Artiacutestica para Primaria Madrid Pearson
Educacioacuten DL
Matiacutenez A (2002) A criatividade na escola trecircs direccedilotildees de trabalho Linhas Criacuteticas 8(15)
189-206 httpsdoiorg1026512lcv8i153057
Meneghini R amp Campos-de-Carvalho M (2003) Arranjo espacial na creche espaccedilos para
interagir brincar isoladamente dirigir-se socialmente e observar o outro Psicologia Reflexatildeo e
Criacutetica 16(2) 367-378 httpsdxdoiorg101590S0102-79722003000200017
Miranda M (2002) Reflexiones en torno al curriacuteculo y la creatividad infantil InterSedes 3(4)
93-103 Recuperado de httpsrevistasucraccrindexphpintersedesarticleview761
Morais M (2004) O educador e a personalidade criativa algumas consideraccedilotildees Cadernos de
Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
124
Morais M (2015) Criatividade conceito e desafios Educaccedilatildeo e Matemaacutetica 18(135) 3-7
Associaccedilatildeo de Professores de Matemaacutetica Recuperado de httphdlhandlenet182242298
Morais M Almeida L amp Azevedo I (2014) Criatividade e praacuteticas docentes no Ensino
Superior Como pensam os alunos de aacutereas curriculares diferentes Revista AMAZocircnica 12
(2)97-126 Recuperado de httphdlhandlenet182234301
Morales Bentildearan I (2015) La Creatividad a traveacutes del Movimiento y la Danza en 4ordm curso de
Primaria (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893161
Morejoacuten J (2000) Creatividad en la educacioacuten educacioacuten para transformar Revista Psicologia
Cientiacuteficacom 2(1) Recuperado de httpwwwpsicologiacientificacomcreatividad-en-
educacion
Motos T (2015) Desarrollo de expresioacuten para hacer y ser creativos 1-9 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication324543994
Mouchiroud C amp Lubart T (2002) Social creativity A cross-sectional study of 6- to 11-year-
old children International Journal Of Behavioral Development 26(1) 60-69
httpsdoiorg1011772F016502540202600111
Moura J amp Pacheco A (2019) Educar com Criatividade ser Paacutessaro ou Carneirinho na
Aprendizagem da Composiccedilatildeo Musical IV Encontro do Ensino Artiacutestico Especializado da
Muacutesica do Vale do Sousa O Ensino da Muacutesica no Seacuteculo XXI Desafios e Compromissos Livro
de Atas Lousada Conservatoacuterio do Vale do Sousa Recuperado de
httphdlhandlenet182260328
Mouratildeo A (2013) A intencionalidade educativa nas atividades luacutedicas (Dissertaccedilatildeo de
Mestrado Escola Superior de Educadores de Infacircncia Maria Ulrich) Recuperado de
httphdlhandlenet104002614206
Mozzer G amp Borges F (2008) A Criatividade Infantil na Perspectiva de Lev Vigotski Revista
Inter Accedilatildeo (33)2 297-316 httpsdoiorg105216iav33i25269
National Advisory Committee on Creative and Cultural Education (1999) All Our Futures
Creativity Culture amp Education London DFEE Recuperado de
httpsirkenrobinsoncomreadall-our-futures
125
Nicolielo M Sommerhalder A amp Alves F (2017) Brincar na educaccedilatildeo infantil como
experiecircncia de cultura e formaccedilatildeo para a vida Educaccedilatildeo 42(2) 285-298
httpdxdoiorg1059021984644422271
Niza S (2012) Seacutergio Niza - escritos sobre educaccedilatildeo (Orgs Antoacutenio Noacutevoa Francisco
Marcelino e Jorge Ramos do Oacute) Lisboa Tinta da China
Neves-Pereira M amp Alencar E (2018) A Educaccedilatildeo no seacuteculo XXI e o seu papel na promoccedilatildeo
da criatividade Psicologia e Educaccedilatildeo 1(1) 1-10 Recuperado de
httppsicologiaeeducacaoubiptrevistaOnLinehtm
New Jersey Department of Education (2013) New Jersey - Birth to Three - Early Learning
Standards [Ebook] Recuperado de
httpswwwnjgoveducationeceguidestandardsbirthstandardspdf
Novaes M (1980) Psicologia da criatividade (5ordf ed) PetroacutepolisVozes
Ocantildea A (2005) iquestQuieacuten ha matado mi creatividad pedagoacutegica In Gomeacutez Cumpa J (Org)
Desarrollo de la Creatividad (pp99-111) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG
Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Ocantildea A (2008) La educacioacuten y el desarrollo de la creatividad un reto en la formacioacuten de
profesionales Praxis 4(1) 84-107 httpsdoiorg102167623897856104
Oliveira E amp Alencar E (2010) Caracteriacutesticas de Professores Criativos e de Coordenadores
que Estimulam a Criatividade Docente Boletim Academia Paulista de Psicologia 30(79) 379-
393 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=94615412011
Oliveira E amp Alencar E (2012) Importacircncia da criatividade na escola e no trabalho docente
segundo coordenadores pedagoacutegicos Estudos de Psicologia (Campinas) 29(4) 541-552
httpdxdoiorg101590S0103-166X2012000400009
Oliveira-Formosinho J Lino D amp Niza S (1996) Modelos curriculares para a educaccedilatildeo de
infacircncia Porto Porto Editora
Oliveira-Formosinho J amp Arauacutejo S (2013) Educaccedilatildeo em Creche Participaccedilatildeo e Diversidade
Porto Porto Editora
126
Oliveira M (2018) Um Novo Olhar sobre as Artes Visuais na Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Um
Desafio da Contemporaneidade In Ana Souto e Melo (Org) Atas do Congresso de investigaccedilatildeo
em Educaccedilatildeo Artiacutestica ndash Educaccedilatildeo Artiacutestica no Sistema de ensino Portuguecircs conquistas e
desafios pp 262-272 Viseu IPVESSECIampDETS Recuperado de
httphdlhandlenet104001426645
Oliveira Z (2010) Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo Estudos de
Psicologia (Campinas) 27(1) 83-92 httpdxdoiorg101590S0103-166X2010000100010
Oliveira Z (2013) Educaccedilatildeo infantil fundamentos e meacutetodos [Ebook] Satildeo Paulo Cortez
Recuperado de httpsbooksgoogleptbooksisbn=8524921250
Oliveira Z amp Alencar E (2008) A criatividade faz a diferenccedila na escola o professor criativo e
o ambiente facilitador da criatividade Contrapontos 8(2) 295-306 Recuperado de
httpssiaiap32univalibrseerindexphprcarticleview954
Oliveira Z amp Rossetti-Ferreira M (1993) O valor da interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila em creches no
desenvolvimento infantil Cadernos de Pesquisa (87) 62-70 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview928
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (2000) Estudo
temaacutetico da OCDE A educaccedilatildeo preacute-escolar e os cuidados para a infacircncia em
Portugal Lisboa Departamento da Educaccedilatildeo Baacutesica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwdgemecptrecursos-0
Ortega S (2016) Desarrollo de la creatividad infantil Temas Para La Educacioacuten (34)
Recuperado de httpswwwfeandaluciaccooesindconteiaspxd=7250amps=0ampind=396
Papalia D Olds S amp Feldman R (2009) O mundo da crianccedila da infacircncia agrave adolescecircncia (11ordf
ed) (Rita de Caacutessia Alburqueque Caetano e Jacira dos Santos Cardoso Trads) Satildeo Paulo
McGraw-Hill
Parente C (2002) Observaccedilatildeo um percurso de formaccedilatildeo praacutetica e reflexatildeo In Oliveira-
Formosinho J (Org) A Supervisatildeo na Formaccedilatildeo de Professores I Da sala agrave escola Porto
Porto Editora
Pequito P (1999) Representaccedilotildees de criatividade dos educadores de infacircncia Saber (e) Educar
(4) pp61-77 Recuperado de httphdlhandlenet2050011796981
127
Pinto L (2015) Creche Quanto mais cedo melhor In Jornal Puacuteblico Disponiacutevel em
httpswwwpublicopt20150209sociedadenoticiacreche-quanto-mais-cedo-melhor-
1685464
Plucker J Esping A Kaufman J amp Avitia M (2015) Creativity and Intelligence 283-291
Recuperado de DOI 101007978-1-4939-1562-0_19
Pocinho M amp Garcecircs S (2018) Psicologia da criatividade [Ebook] Universidade da Madeira
Recuperado de httphdlhandlenet10400132006
Portugal G (2000) Educaccedilatildeo de bebeacutes em creche Perspectivas de formaccedilatildeo teoacutericas e praacuteticas
Infacircncia e Educaccedilatildeo (1) 85-106
Portugal G (2011) No acircmago da educaccedilatildeo em creche ndash o primado das relaccedilotildees e a importacircncia
dos espaccedilos Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica]
pp47-60 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
Portugal G (2012) Finalidades e praacuteticas educativas em creche das relaccedilotildees actividades e
organizaccedilatildeo dos espaccedilos ao curriacuteculo na creche Porto CNIS (Confederaccedilatildeo Nacional das
Instituiccedilotildees de Solidariedade)
Prado D (2005) Estimular la creatividad en el Aula In Gomeacutez Cumpa J (Org) Desarrollo de
la Creatividad (pp166-170) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG Recuperado
de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Predebon J (2013) Criatividade - abrindo o lado inovador da mente (8ordf ed) Satildeo Paulo Pearson
Education Brasil
Queiroz N Maciel D amp Branco A (2006) Brincadeira e desenvolvimento infantil um olhar
sociocultural construtivista Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) 16(34) 169-179
httpdxdoiorg101590S0103-863X2006000200005
Quivy R amp Campenhoudt L (2008) Manual de Investigaccedilatildeo em Ciecircncias Sociais (5ordf ed) (Joatildeo
Minhoto Marques Maria Amaacutelia Mendes e Maria Carvalho Trads) Lisboa Gradiva
Publicaccedilotildees
128
Robinson K (2005) How Creativity Education and the Arts Shape a Modern Economy
Education Commission Of The States Disponiacutevel em httpsirkenrobinsoncomread
Robinson K (2011) O elemento (2ordf ed) Porto Porto Editora
Rodrigues M (2004) Modelo de referecircncia para a planificaccedilatildeo criativa de momentos criativos
Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Runco M (2004) Creativity Annual Review Of Psychology 55(1) 657-687 doi
101146annurevpsych55090902141502
Runco M amp Jaeger G (2012) The Standard Definition of Creativity Creativity Research
Journal 24 (1) 92-96 httpdxdoiorg101080104004192012650092
Santos M Andreacute M (2012) Criatividade na educaccedilatildeo de infacircncia algumas reflexotildees Cadernos
de Educaccedilatildeo de Infacircncia (96) 43-46 Recuperado de
httpapeiptedicoesceiide=1313ampsort=2012
Santos M Andreacute M (2015) Conceccedilotildees de educadores de infacircncia sobre criatividade Investigar
em Educaccedilatildeo 2(4) pp97-112 Recuperado de
httppagesieuminhoptinvedindexphpiearticleview101
Sarmento T (2005) (Re)pensar a interacccedilatildeo escola-famiacutelia Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo
18(1) 53-75 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=37418104
Scherer A (2013) O luacutedico e o desenvolvimento a importacircncia do brinquedo e da brincadeira
segundo a teoria Vigotskiana (Monografia de Especializaccedilatildeo Universidade Tecnoloacutegica Federal
do Paranaacute) Recuperado de httprepositoriorocautfpredubrjspuihandle14233
Schirmer A (2001) Criatividade e educaccedilatildeo infantil (Tese de Doutoramento Universidade
Estadual de Campinas) Recuperado de
httprepositoriounicampbrjspuihandleREPOSIP253417
Shaughnessy M (1991) The Supportive Educational Environment for Creativity Recuperado
de httpsericedgovid=ED360080
Silva I (1998) Projectos em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar e Projecto Educativo de Estabelecimento In
Katz L Bairratildeo J Silva I amp Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-
129
escolar (pp91-121) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de
httpwwwdgemecptrecursos-0
Silva I (Coord) Marques L Mata L amp Rosa M (2016) Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME)Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
(DGE)
Sim-Sim I (1998) Desenvolvimento da Linguagem Lisboa Universidade Aberta
Soh K (2000) Indexing Creativity Fostering Teacher Behavior A Preliminary Validation Study
The Journal of Creative Behavior 34(2) 118-134 Recuperado de
httpswwwacademiaedu29264306
Soh K (2015) Creativity fostering teacher behaviour around the world Annotations of studies
using the CFTIndex Cogent Education 2(1) 1-18
httpsdoiorg1010802331186X20151034494
Sousa A (2003) Educaccedilatildeo pela arte e artes na educaccedilatildeo bases psicopedagoacutegicas Lisboa
Instituto Piaget
Sousa M amp Sarmento T (2010) Escola ndash famiacutelia - comunidade uma relaccedilatildeo para o sucesso
educativo Gestatildeo e Desenvolvimento 17-18 (2009-2010) 141-156 Recuperado de
httphdlhandlenet10400149117
Souza M amp Alencar E (2006) O curso de Pedagogia e condiccedilotildees para o desenvolvimento da
criatividade Psicologia Escolar e Educacional 10(1) 21-30 httpsdxdoiorg101590S1413-
85572006000100003
Sternberg R amp Lubart T (1999) The concept of creativity Prospects and paradigms In R
Sternberg (Ed) Handbook of creativity [Ebook] (pp 3-15) New York NY US Cambridge
University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=d1KTEQpQ6vsCampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Sternberg R amp Williams W (2003) Como desenvolver a criatividade do aluno (Vitor Oliveira
Trad) Porto Coleccedilatildeo Cadernos do CRIAP (Investigaccedilatildeo e praacuteticas 6) Asa Editores
Tadeu B (2014) A legislaccedilatildeo portuguesa para a pequena infacircncia uma visatildeo socioloacutegica sobre
a infacircncia Interaccedilotildees (10)30 159-175 httpsdoiorg1025755int4029
130
Thornton L amp Brunton P (2014) Bringing the Reggio Approach to your Early Years Practice
(3ordf ed) New York Routledge
Torrance E (1977) Creativity in the classroom what research says to the teacher 1-37
Washington DC National Education Association Recuperado de
httpsericedgovid=ED132593
Trigo E et al (1999) Creatividad y motricidad Zaragoza INDE Publicaciones
Uano L (2002) La Creatividad iquestUn talento exclusivo de los artistas o una capacidad de todo ser
humano Linhas Criacuteticas 8(15) 265-288 Recuperado de
httpperiodicosunbbrojs248indexphplinhascriticasarticleview6486
Valdivia J (2011) La creatividad y la intervencioacuten en educacioacuten infantil (Monografia)
Eduinnova Recuperado de httpwwweduinnovaesmono_ene2011html
Vasconcelos T (1998) Das Perplexidades em torno de um Hamster ao Processo de Pesquisa
Pedagogia de Projecto em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar em Portugal In Katz L Bairratildeo J Silva I amp
Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-escolar (pp127-155) Lisboa
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de httpwwwdgemecptrecursos-0
Vasconcelos T (2011a) Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos (pp7-22) Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo Recuperado de httpwwwcneduptptpublicacoesestudos-e-
relatoriosoutros786-educacao-das-criancas-dos-0-aos-3-anos
Vasconcelos T (2011b) Trabalho de Projeto como Pedagogia de Fronteira Da Investigaccedilatildeo
agraves Praacuteticas I (3) 8-20 Recuperado de httphdlhandlenet10400211683
Vasconcelos T Rocha C Loureiro C Castro J Menau J Ramos M hellip amp Alves S (2011)
Trabalho por projectos na educaccedilatildeo de infacircncia mapear aprendizagens integrar metodologias
Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Ciecircncia (MEC) Recuperado de
httphdlhandlenet10400212679
Vaacutezques J (2009) Muacutesica y creatividad Creatividad y muacutesica Creatividad Y Sociedad (13)
Recuperado de httpwwwcreatividadysociedadcomnumeroscys13html
131
Vygotsky L (1927) Imagination and Creativity in Childhood In Journal of Russian and East
European Psychology 42(1) 2004 7ndash97 Recuperado de
httpswwwmarxistsorgarchivevygotskyindexhtm
Zabala A (1998) A praacutetica educativa como ensinar (Ernani F da F Rosa Trad) Porto Alegre
Artmed
Documentaccedilatildeo legislativa
Lei nordm4686 (Lei de Bases do Sistema Eucativo) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 2371986
Seacuterie I de 1986-10-14
Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar) Publicada em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 341997 Seacuterie I-A de 1997-02-10 e regulamentada pelo Decreto-Lei nordm 14797)
Lei nordm 492005 (Segunda alteraccedilatildeo agrave Lei de Bases do Sistema Educativo e primeira alteraccedilatildeo agrave
Lei de Bases do Financiamento do Ensino Superior) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm
1662005 Seacuterie I-A de 2005-08-30
Manual de Processos Chave da Creche (2ordf ed 2010) Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade
Social
Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Despacho nordm 91802016 Publicado em
Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1372016 Seacuterie II de Seacuterie II de 2016-07-19
Parecer nordm 32001 ndash Aprendizagem ao longo da vida Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Publicado
em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1622001 Seacuterie II de 2001-07-14
Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos professores dos ensinos
baacutesico e secundaacuterio Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto Publicado em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 2012001 Seacuterie I-A de 2001-08-30
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria Despacho nordm 64782017 26 de julho
Publicado em iaacuterio da Repuacuteblica nordm 1432017 Seacuterie II de 2017-07-26
Recomendaccedilatildeo nordm 32011 - A educaccedilatildeo dos 0 aos 3 anos Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica 2ordf Seacuterie nordm 79 de 21 de abril de 2011
Documentaccedilatildeo audiovisual
Creative Innovation (2011) Edward de Bono ndash ldquoCreativity amp Educationrdquo [Video] Recuperado
de httpswwwcreativeinnovationtvvideoedward-de-bono-creativity-education
Video Arts (2017) John Cleese on Creativity In Management [Video] Recuperado de
httpswwwyoutubecomwatchv=Pb5oIIPO62g
132
Websites
Antoine de Saint-Exupeacutery - Frases Recuperado de
httpwwwcitadorptfrasescitacoesaantoine-de-saintexupery
Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade Recuperado de
httpscriatividadenet
Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia Recuperado de httpapeipt
De Bono E - Lateral Thinking - How can Lateral Thinking help you Recuperado de
httpswwwedwddebonocomlateral-thinking
John Cleese Creativity is not a talent It is a way of operating Recuperado de
httpsspeakolacomartsjohn-cleese-creativity-lecture-1991
McLintic M (2018) Criatividade O que eacute Conceito e Definiccedilatildeo - Team LEWIS PT
Recuperado de httpswwwteamlewiscomptmagazinecriatividade-conceito-definicao
Movimiento Cooperativo de Escuela Popular (2017) Principios de la pedagogiacutea Freinet
Recuperado de httpwwwmcepes20170207principios-de-la-pedagogia-freinet
Priberam Informaacutetica S (2018) Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa Recuperado de
httpsdicionariopriberamorg
Prindle J (2012) Einstein Quotes - Quotes by Albert Einstein Recuperado de
httpwwwalberteinsteinsitecomquoteseinsteinquoteshtml
Rui Matos ldquoNoacutes matamos a criatividade na escolardquo (2017) Recuperado de
httpswwwjornaldeleiriaptnoticiarui-matos-nos-matamos-criatividade-na-escola-7107
Teaching Strategies (2016) The Creative Curriculum for PreSchool ndash Touring Guide
Recuperado de
httpsteachingstrategiescomwpcontentuploads201708TeachingStrategies_CC-for-
Preschool_TouringGuide_2017pdf
Documentaccedilatildeo fornecida pela instituiccedilatildeo educativa
Projeto Educativo (2018-2021)
Regulamento Interno (20172018)
133
Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
0
1
2
3
4
26 27 28 29 30 31 32
Nuacute
mer
o d
e cr
ian
ccedilas
Idade (em meses)
Idade das crianccedilas (em meses)
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora
cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve
(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer
um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute
como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo
No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem
em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham
No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida
e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais
implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em
posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as
dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois
natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem
realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo
Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta
um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras
grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora
ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo
das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao
jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse
espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio
dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo
educativa e estagiaacuteria
Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e
constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute
procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo
alternando entre estes
Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda
prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na
mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se
dirigirem para a sala
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel
afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do
seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de
descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a
desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto
para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e
subida de degraus
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Indicadores
Crianccedilas
Apanha objetos com facilidade
Segura objetos com facilidade
Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual
Preensatildeo de pinccedila
Observaccedilotildees
PD MD GD PD MD GD
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
PD ndash Pequenas Dimensotildees
MD ndash Meacutedias Dimensotildees
GD ndash Grandes Dimensotildees
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o
criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores
azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo
foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido
associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores
correspondentes
Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com
alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e
reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel
deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de
objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes
cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das
crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir
conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre
essas
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de
forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado
retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e
agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a
maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo
de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e
distinccedilatildeo entre as mesmas
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo
Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Indicadores
Crianccedilas
Compreende mensagens
orais
Compreende um discurso instrucional
Elabora frases
simples
Efetua associaccedilatildeo
entre nome e objeto
Refere o seu nome
Usa a linguagem
oral para expressar desejos
necessidades informaccedilotildees responder ou
realizar questotildees
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Avaliaccedilatildeo da autonomia
Revela autonomia quanto agrave
Indicadores
Crianccedilas
Realizaccedilatildeo da higiene
Realizaccedilatildeo das
refeiccedilotildees
Escolha das
atividades
que pretende
desenvolver
Escolha dos
materiais que pretende usufruir
Resoluccedilatildeo de
conflitos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Efetua interaccedilotildees com
Indicadores
Crianccedilas
Crianccedilas
Adultos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem
Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)
Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar
o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo
mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que
andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili
Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili
e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da
Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo
Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao
ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo
Mau
(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres
(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo
que cheira muito bem
(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho
do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau
(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer
(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu
vou dar-te uma trinca
(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me
dares um bocadinho do teu bolo
(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para
o trincar)
(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro
Aaaahhhh
(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que
nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar
flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de
casa saindo de cena temporariamente)
O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado
por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili
para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo
Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili
(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)
mas natildeo conseguiu
Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a
casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e
retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)
O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e
quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse
(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)
A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha
conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava
destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar
porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu
o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um
bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de
uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda
casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar
E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes
da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da
Lili e ao bolo de chocolate
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca
Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de
higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento
da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo
com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias
face ao projeto
Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente
tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo
Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas
crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso
a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e
atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades
apresentadas pelas crianccedilas
A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela
estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo
essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na
destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus
amigos na construccedilatildeo de uma nova casa
Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa
para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas
aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo
As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual
atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo
simboacutelico
Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos
a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a
importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas
Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo
relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do
mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas
respetivas famiacutelias se assim o pretenderem
Questotildees
bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto
bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o
desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que
modo
Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como
as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas
vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo
Grata pela atenccedilatildeo
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave
execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de
desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FS e V
Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com
outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares
correspondentes agraves imagens fornecidas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V
efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as
suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila V
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a
observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das
mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela
pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem
uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante
observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e
mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FN e MB
Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a
realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par
estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par
como se procedia o desenvolvimento do jogo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB
apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num
dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda
(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila P
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica
fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo
pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa
forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica
materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione
somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila L
Idade 2 anos e 6 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que
manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo
ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador
das cores anteriormente mencionadas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e
identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas
para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos
constituintes da casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos
tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a
casa da Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos
e respetivos padrotildees
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de
tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da
casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma
crianccedila
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a
desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de
brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com
jogos em momento de brincadeira
na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas
crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila C
Idade 2 anos e 5 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 07122018
Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados
pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as
suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e
identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais
colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado
pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila
revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o
seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros
para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da
mistura de outras cores
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo
de tintas de cores distintas
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila L P
Idade 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21122018
Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais
especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave
estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo
A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens
penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha
sido concretizada a pintura
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo
que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante
interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa
da Lili
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a
massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com
massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos
utilizando massa de farinha
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila
Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Crianccedila Objeto (s) criado (s)
C Televisatildeo
CC Bola
FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
FN Carro de brincar
FS Mala
G Caixa
L Chapeacuteu
LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
MA Bolachas
MB Bolo de chocolate
MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
N Bola de futebol
P Vaso
S Rebuccedilado grande
T Almofada
V Telefone
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
II
ldquoSuponho que todos noacutes jaacute nos
questionaacutemos quantas crianccedilas
assim como quanto alunos se
tornaram no que natildeo pretendiam
caso noacutes tiveacutessemos e eles tivessem
reconhecido o seu potencial e
potencializado as suas
realizaccedilotildeesrdquo1
MacKinnon (1964)
1 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoI suppose all of us have often wondered how many of our
children as well as our students would have become what they didnacutet had only we and they recognized
their potential talents and nourished their realizationrdquo (MacKinnon 1964 p1)
III
Resumo
O presente relatoacuterio de estaacutegio respeitante agrave Praacutetica de Ensino Supervisionada
desenvolvida no acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar tem como principal
finalidade a elucidaccedilatildeo da importacircncia de ambientes educativos favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila potenciando desse modo a sua expressatildeo
criativa
A elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio apresenta como principais objetivos a compreensatildeo
do conceito de criatividade a relevacircncia que assume em contexto educativo e no respetivo
desenvolvimento do educando a perceccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o seu
fomento e o reconhecimento de fatores que promovam ou ao inveacutes inibam o
desenvolvimento da criatividade no acircmbito educacional
Eacute feita tambeacutem uma anaacutelise a documentaccedilatildeo legislativa do Sistema Educativo
Portuguecircs e da Creche no que concerne ao enquadramento da criatividade enquanto
intencionalidade pedagoacutegica e objetivo de ensino-aprendizagem assim como uma
perceccedilatildeo relativamente ao desenvolvimento de praacuteticas apoiantes ao fomento da
criatividade no acircmbito educativo destinadas aos profissionais de educaccedilatildeo Tambeacutem foi
efetuada uma investigaccedilatildeo a associaccedilotildees de acircmbito educativo com o intuito de se
percecionar o reconhecimento da criatividade na educaccedilatildeo
Para a concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio foi efetuada uma pesquisa bibliograacutefica
atraveacutes da qual fosse possiacutevel reunir documentaccedilatildeo que desse respostas aos objetivos
elencados agrave qual se une uma metodologia de trabalho pedagoacutegico respeitante ao
desenvolvimento de um trabalho de projeto que fora desenvolvido em contexto de
educaccedilatildeo de infacircncia e ao qual se une como teacutecnica de recolha de dados registos de
observaccedilatildeo com a finalidade de contribuir para a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
efetuada Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais resultantes de um processo de
anaacutelise criacutetica e reflexiva face ao trabalho concretizado
Palavras-Chave Criatividade Potencial criativo Expressatildeo criativa Educaccedilatildeo
IV
Abstract
The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice
developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose
the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion
of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression
The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding
of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and
in the respective development of the student the perception of possible strategies that
allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the
development of creativity in education
An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese
Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical
intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding
the development of practices that support the fostering of creativity in the educational
field aimed at education professionals An investigation was also conducted to
educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education
For the realization of this report a bibliographic research was carried out through
which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives
to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a
project work that was developed in the context of childhood education and to which as
a data collection technique observation records are added in order to contribute to the
analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations
resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done
Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education
V
Iacutendice
Introduccedilatildeo 13
1 Enquadramento teoacuterico 16
11 Criatividade 16
111 Definiccedilatildeo do conceito 16
112 Capacidade inata ou adquirida 21
12 Educaccedilatildeo e criatividade 23
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos
de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47
132 Papel do educador 49
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65
2311 Espaccedilo 66
2312 Materiais 68
2313 Tempo 69
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71
23141 Crianccedila-crianccedila 71
23142 Crianccedila-adulto 72
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77
251 Definiccedilatildeo do problema 80
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83
253 Execuccedilatildeo 90
2531 Jogo da memoacuteria 92
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96
2535 Montagem da casa da Lili 97
VI
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107
2541 Avaliaccedilatildeo 107
25411 Crianccedilas 107
25412 Famiacutelias 108
2542 Divulgaccedilatildeo 111
3 Consideraccedilotildees finais 113
Bibliografia 117
VII
Iacutendice de Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e
o Lobo Maurdquo
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da
Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila
VIII
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
IX
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa
da Lili e ao bolo de chocolate
Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro
Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)
Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)
Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da
memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da
execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre
recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que
constituem a casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees
X
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de
servir de telhado para a casa da Lili
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas
Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da
pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de
tintas de cores distintas
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de
farinha
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XI
Iacutendice de Tabelas
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XII
Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos
AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia
CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico
DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
MPCC - Manual de Processos Chave da Creche
NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico
OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs
13
Introduccedilatildeo
No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de
Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja
temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento
do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia
Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi
definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles
- Compreender o conceito de criatividade
- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo
considerando o desenvolvimento da crianccedila
- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da
infacircncia
- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da
criatividade no acircmbito educacional
As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante
uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em
contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada
Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho
pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no
acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do
estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo
educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita
eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo
da praacutetica concretizada
O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16
crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa
da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche
decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019
14
Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho
levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da
estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que
suportam o mesmo
Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a
estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram
de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor
do desenvolvimento deste trabalho
A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de
investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica
da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia
e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)
Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao
desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta
Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas
tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem
desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes
1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)
Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)
Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra
maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)
O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser
humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade
eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada
e promovida
Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e
promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)
Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp
Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)
15
A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e
concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo3
MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade
o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente
educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis
Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o
reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos
assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo
No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto
educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior
(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino
Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia
Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela
estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na
crianccedila
Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver
corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft
(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo
um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia
estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi
referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio
para a formaccedilatildeo plena da crianccedila
2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21
16
1 Enquadramento teoacuterico
11 Criatividade
111 Definiccedilatildeo do conceito
A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil
de definir (McLintic 2018)
Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como
tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua
complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo
atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes
autores
Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por
Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do
conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo
Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)
refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao
conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem
sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias
antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante
a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua
amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme
referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio
Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve
referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde
a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)
4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino
tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten
Araya 2011 p2)
17
Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num
dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar
de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado
apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave
perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade
como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo
Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo
Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos
aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa
De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados
por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos
significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade
Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave
criatividade mediante perspetivas de diferentes autores
- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que
criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade
a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves
pessoas consideradas criadoras [pessoa]
- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)
criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto
produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se
igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]
- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana
que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua
novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para
o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]
5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa
18
- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo
uacutenico e original [produto]
- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira
2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a
produccedilatildeo de algo novo [produto]
- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade
que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo
padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]
- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker
Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma
habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo
de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]
- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum
comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou
realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]
- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo
atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo
formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e
posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]
- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de
originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda
uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]
- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude
que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo
caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]
19
- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a
capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-
produto]
- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de
capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se
caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se
desenvolvam [pessoa-produto]
- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que
permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de
personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]
- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual
se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]
Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para
o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-
se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo
apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel
histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)
caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)
Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e
Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido
consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld
amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo
(p62)
Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman
amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo
e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes
leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes
tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma
20
caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um
processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular
(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)
ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto
consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode
traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e
originalidade
Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou
diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de
complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se
verifica (Braumann 2009 Morais 2015)
Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)
defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a
originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo
implicam obrigatoriamente criatividade
Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute
frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos
o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um
processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais
mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para
se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante
Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o
recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson
2011)
Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e
em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por
Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade
eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees
objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a
laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo
Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma
competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os
21
estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)
permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias
suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da
novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao
meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo
Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da
trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem
simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo
uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de
complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais
112 Capacidade inata ou adquirida
Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel
deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por
sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por
conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um
sentido criativo
Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta
como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser
adquirida
Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a
criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da
caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento
perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow
1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar
1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009
Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave
semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De
La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem
de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu
contexto sociocultural por exemplo
22
Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal
natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp
Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992
1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco
(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo
o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial
Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte
desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e
contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de
forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo
Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do
ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar
(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o
ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o
desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees
oferecidas
Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave
emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois
aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no
seu desenvolvimento
Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e
consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por
Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo
apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que
circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio
necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem
obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo
Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos
internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente
dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)
23
Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica
intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo
o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as
caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo
se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto
ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980
p117)
12 Educaccedilatildeo e criatividade
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo
A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto
eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e
Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003
citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada
pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas
do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta
a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar
necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais
adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)
Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no
mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os
criamosrdquo6
Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece
ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na
sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos
6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by
the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)
24
educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no
desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)
Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono
(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais
importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a
repetir os mesmos padrotildeesrdquo7
Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas
pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se
caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de
adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas
E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade
em contexto educativo
Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do
estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator
fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma
educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8
Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a
afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse
modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo
Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade
poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos
que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma
constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que
7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human
resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the
same patternsrdquo (Edward de Bono sd)
8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a
existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo
Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a
criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que
promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo
25
uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-
atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)
Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta
a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual
em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma
abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha
de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA
educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um
futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta
anosrdquo (p19)
Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas
encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social
cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e
repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver
competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta
realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)
responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e
rapidamente (hellip)rdquo
Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela
que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e
reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela
crianccedilardquo (p21)
Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp
Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por
parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao
indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo
baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do
indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo
combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social
Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute
absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as
26
quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma
educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)
Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma
educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do
indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas
rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)
predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)
Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem
indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do
desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que
lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal
Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por
Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo
de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo
daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo
As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para
a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas
que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que
concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus
proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas
e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar
Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como
uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma
espeacutecie de know-how
Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a
criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos
resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo
ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de
percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo
de ideiasrdquo (p18)
27
A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par
com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo
humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas
possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve
passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas
ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)
Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma
perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas
educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e
aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se
em agentes sociais significativosrdquo (p123)
Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a
criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo
associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia
permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se
deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de
perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais
Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft
(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano
deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos
e natildeo prejudiciais
Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante
desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando
o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja
capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em
questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter
conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua
adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave
unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia
diferenciando-o dos demais
Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia
se pode denominar como uma atitude de e perante a vida
28
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de
referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas
Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no
desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras
competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por
Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco
2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)
Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a
criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-
aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp
Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema
educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e
superior
Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa
a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda
alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar)
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE
2016)
No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste
relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais
especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a
documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]
29
Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do
contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse
motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho
(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda
e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume
Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com
crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma
profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade
acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso
para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)
Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)
defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees
estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a
valecircncia em questatildeo apresenta
A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo
preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar
uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos
cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve
ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto
indiviacuteduordquo (p1)
Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias
integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o
desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico
defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)
30
educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que
ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila
Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de
anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder
ao registo dos resultados obtidos
Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP
mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo
respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da
Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)
estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)
Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir
para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos
indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis
autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I
Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico
e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre
troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de
julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se
empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)
No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-
aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave
EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila
assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I
Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)
Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade
tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art
7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)
Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a
descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio
31
memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica
promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade
socialrdquo
De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino
averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos
elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino
Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne
ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III
constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo
de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma
Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades
especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II
Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como
principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem
necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo
anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma
o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga
e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se
necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar
o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se
verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e
econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar
de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios
e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra
Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute
caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e
atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos
responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas
32
as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao
niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino
e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de
competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a
elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida
no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as
crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de
uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em
que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade
Obrigatoacuteria p10)
Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo
se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees
relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas
disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do
documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de
Competecircncias
A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os
jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a
criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma
vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da
escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente
criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo
(p15)
Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais
determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e
desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o
pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser
fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento
incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma
relaccedilatildeo processo-produto se tratasse
Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees
complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo
33
humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute
tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se
assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e
aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de
diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos
cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de
competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-
produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo
causa-efeito
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na
sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-
Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap
IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam
quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute
defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo
essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo
preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]
homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como
sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-
escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)
As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios
sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e
Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo
Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da
conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo
assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa
desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de
conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de
infacircnciardquo (p34)
34
No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas
crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se
colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a
participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de
agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se
com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9
Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea
incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)
aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu
processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo
A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as
OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes
Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e
Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)
formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os
seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o
mundo que a rodeiardquo (p43)
Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma
grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade
encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como
uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas
e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)
No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se
como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)
tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial
criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de
competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas
9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60
35
criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de
jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar
movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de
situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou
ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e
criticando-as13
Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo
em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO
desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas
de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o
desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e
maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da
Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e
Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo
Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim
como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo
e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da
Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave
criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente
desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado
Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de
modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito
maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o
desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios
respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo
11 Consultar OCEPE p 52
12 Consultar OCEPE p 57
13 Consultar OCEPE p 83
36
Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens
a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais
subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma
considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves
possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento
considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de
conteuacutedo que integram as OCEPE
Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de
aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute
promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que
a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos
sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias
proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees
que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas
emocionais e criativasrdquo (p105)
Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema
Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua
documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto
agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado
Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras
experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute
ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias
e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem
ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36
meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu
desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)
Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no
desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a
criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e
37
explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de
estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se
encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo
Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de
Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam
um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute
que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e
capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados
ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo
A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser
assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada
como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da
crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado
ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)
expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)
Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e
Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se
constatam Veja-se
Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que
ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas
no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos
tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que
lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo
contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos
requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se
semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias
14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25
38
A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo
educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino
termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta
somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e
Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos
Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia
que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a
subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do
pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto
de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino
citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo
O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a
Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de
ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por
se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a
Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel
No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei
nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas
baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de
estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o
fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias
sejam em nuacutemero reduzido
Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se
presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como
na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo
Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do
Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo
ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes
39
formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em
todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger
o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a
transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute
que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente
agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila
verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade
no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas
Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e
inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se
verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes
(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento
da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a
determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas
aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral
No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se
assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos
educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um
processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma
continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e
cidadatildeo
Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp
Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria
igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez
que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo
acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente
relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar
atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto
que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas
simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria
40
Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a
criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer
que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da
criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar
referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e
praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem
adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os
educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades
e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo
A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e
Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na
educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que
permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo
existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando
a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que
aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem
ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das
suas potencialidades criativas
Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de
documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a
desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que
por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche
(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do
Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas
promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops
seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora
relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de
competecircncias criativas
No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume
foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator
Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos
serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet
praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que
41
podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais
praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo
assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa
De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na
documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da
mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa
natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos
face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que
permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa
Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar
um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas
desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de
educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo
obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias
Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias
Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria
em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em
oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que
estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a
incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos
documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP
se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que
permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto
Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha
existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos
educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade
educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a
importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade
das crianccedilasrdquo (p76)
Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e
informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que
poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
42
Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida
aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas
dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de
atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se
relacionam e se inserem
Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo
destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de
incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode
assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)
Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores
preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles
ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando
os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que
ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser
preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se
tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo
(Novaes 1980 p121)
Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes
torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por
conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas
distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso
comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem
simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e
nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis
Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao
desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se
vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que
natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem
omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas
necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica
Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes
na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e
43
praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de
autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo
(p9)
Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso
Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto
educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade
(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores
em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o
neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender
com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)
Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de
orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto
educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal
aspeto
Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com
o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi
possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo
mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o
Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo
de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo
uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC
Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)
uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e
interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos
principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo
de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo
nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo
a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando
valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo
contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes
ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da
APEI)
44
Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no
desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que
permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e
propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias
coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave
periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador
que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas
as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa
Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade
trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente
denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa
sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de
reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua
Qualidaderdquo
Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar
artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)
sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-
line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem
ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um
entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados
em papel apresentam um custo monetaacuterio
Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de
caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela
promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas
muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o
intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover
atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que
podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo
contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que
correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo
de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de
cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos
da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)
45
Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas
promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia
Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um
conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como
ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas
aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)
No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram
disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para
consulta on-line
Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da
APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que
concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da
Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas
que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a
finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber
Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo
enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo
de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino
Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar
ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da
Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua
desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores
dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)
Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado
pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos
se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees
neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme
referido
Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino
Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da
docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-
46
se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas
uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o
seu maacuteximo potencial
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes
educativos
A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel
afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo
somente em etapas da vida numa fase posterior
Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente
pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda
2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por
Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a
importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd
citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do
potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o
(Alencar 1992 Novaes 1980)
A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe
a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que
possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave
acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)
Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo
sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica
que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute
afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo
positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade
(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)
Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na
infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram
mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute
47
porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)
apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar
as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da
criatividade na infacircncia
Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo
criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo
da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser
desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)
Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas
visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia
uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar
no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-
se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes
2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco
2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma
atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora
contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila
Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades
fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas
pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras
estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as
suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu
potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e
proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante
o decorrer dos momentos de brincadeira
48
Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o
fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo
desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7
Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)
atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos
1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira
2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)
ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave
busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada
situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar
1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do
potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de
Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar
(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que
aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto
de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem
ser adotadas
Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do
desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se
tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA
criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta
a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo
conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)
No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha
da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades
competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de
aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo
se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa
2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem
estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)
49
132 Papel do educador
O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento
responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico
que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada
apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como
aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu
desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser
planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo
do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades
devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e
Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade
pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e
consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)
Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e
desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila
considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e
ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado
com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as
suas aprendizagens e progressos
Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp
Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais
ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores
Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade
e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo
normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias
que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto
dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam
50
o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas
face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa
Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos
professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)
os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos
contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos
e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma
relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo
Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes
desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer
mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do
educando e seus comportamentos
De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente
face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo
condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como
o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley
1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)
Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente
ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando
Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento
da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees
estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico
de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes
1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)
Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da
criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo
e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar
1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)
51
Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola
avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto
favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)
Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel
do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como
favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial
criativo da crianccedila
Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as
causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)
Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar
traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e
inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo
mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar
acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente
encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas
de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do
potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a
tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a
relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo
acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea
2008)
Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem
favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e
influecircncia exercida no educando e ambiente educativo
Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores
favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes
- Atitudes e valores
- Interaccedilatildeo educador-crianccedila
- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
- Conhecimento e formaccedilatildeo
52
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
Papel do
educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Atitudes e
valores
Conceccedilatildeo da criatividade como elemento
essencial ao processo educativo
(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-
Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp
Alencar 2018 p7)
Conformaccedilatildeo com entraves surgidas
face agrave promoccedilatildeo da criatividade
(Alencar 1992 Sternberg amp
Williams 2003)
Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da
criatividade
(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Desvalorizaccedilatildeo das suas
competecircncias
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Falta de confianccedila e inseguranccedila em
agir com receio de errar ou atentar
contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do
sistema educativo
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Interaccedilatildeo
educador-
crianccedila
Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista
ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo
educando
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley
1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten
2005)
Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do
educando
(Torrance 1977)
Elogio e criacuteticas construtivas
(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith
2001)
Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de
cada crianccedila assim como do seu
potencial criativo
(Alencar 1992 2007 Sternberg amp
Williams 2003)
Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada
educando
(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar
2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira
amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005)
Supervisatildeo e controlo excessivo
(Torrance 1977 Sternberg amp
Williams 2003)
Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens
desenvolvidas pelo educando
(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por
Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten
2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)
Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de
valor eou comentaacuterios depreciativos
(Alencar 1992 Torrance 1977)
53
Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no
que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de
seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no
caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente
Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no
educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)
Papel do educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Organizaccedilatildeo do
ambiente
educativo
Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no
processo educativo
(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar
2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)
Dependecircncia exclusiva do
curriacuteculo
(Alencar 1992 2007 Torrance
1977)
Aprovisionamento de tempo e oportunidades que
permitam ao educando efetuar descobertas e
aprendizagens mediante o seu ritmo
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997
Fleith 2001 Aragoacuten 2005)
Ensino Tradicional
(Alencar 1992 2007 Morejoacuten
2000 Alencar Fleith amp Pereira
2017)
Fornecimento de recursos materiais adequados
aos interesses competecircncias e necessidades dos
educandos
(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)
Oferta excessiva de recursos
materiais
(Torrance 1977)
Clima democraacutetico
(Torrance 1977 Cropley 1997)
Tempo destinado exclusivamente agrave
promoccedilatildeo de aprendizagens
curriculares
(Alencar 1992 Cachia Ferrari
Ala-Mutka amp Punie 2010)
Conhecimento e
Formaccedilatildeo
Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade
Carecircncia de saberes acerca do tema
(criatividade)
(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010
Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
54
ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e
reprimidas
Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da
criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave
perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao
indiviacuteduo assim como de naturezas diversas
55
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas
Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)
um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as
hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)
Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo
de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho
Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao
desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo
revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute
meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e
necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho
pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo
de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no
qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede
privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo
A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente
necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no
qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada
de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto
mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora
No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee
de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o
funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a
56
crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades
compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)
No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm
CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de
escolaridade)
Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas
polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as
suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos
aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)
Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo
educativa estes satildeo
- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo
Pedagoacutegica
- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de
Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas
Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma
Conselho de turma
- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas
Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos
administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza
- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais
Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito
agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de
accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as
salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala
verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36
meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma
sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade
57
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional
Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a
perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em
questatildeo
Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento
face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao
desenvolvimento do educando17
Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade
os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras
finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e
competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de
interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para
desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo
progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania
a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que
concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila
Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na
qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser
fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento
integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees
surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e
inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18
No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade
natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa
dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo
16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz
educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da
inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
58
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se
desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu
e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o
grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e
sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel
Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32
meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das
crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do
sexo feminino
No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo
em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar
que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante
aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e
informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)
desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo
Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria
mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte
da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas
durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para
as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e
registado
Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria
esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste
em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e
19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os
sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para
efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)
59
descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o
desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)
Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de
informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua
Portuguesa)
Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o
conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao
desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia
considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente
agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas
(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)
Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao
desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do
desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que
somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes
encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo
ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas
ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e
atitudes perante um contexto natildeo-familiar
Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e
comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as
crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21
visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e
correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo
grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)
Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp
Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada
20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores
60
vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo
(p162)
Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem
acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi
possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman
(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e
subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo
alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)
Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio
das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa
Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas
matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus
com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos
Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom
desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees
A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de
pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas
das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24
encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por
duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida
pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras
finas)
Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa
etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo
elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo
22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos
61
O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e
caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento
do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais
especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds
amp Feldman 2009)
No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um
bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos
sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo
Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta
nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo
grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha
na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem
do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta
constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias
das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades
de expressatildeo plaacutestica
Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o
desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando
e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode
constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila
(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)
O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma
atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky
1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via
27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em
diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e
diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio
62
atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016
Oliveira 2018) 32
Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo
o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de
categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda
se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o
nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)
Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a
maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena
minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)
Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste
fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e
compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada
considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em
questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo
ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos
manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a
aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados
Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem
oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se
registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever
aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo
educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a
musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha
verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem
a sua frequecircncia em terapia da fala
32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
63
Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira
recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos
necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees
As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave
comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais
constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)
elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar
o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)
Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses
estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na
formaccedilatildeo de frases (simples)33
Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um
discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente
No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento
face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do
seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso
instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo
Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia
esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para
avaliaccedilatildeo da autonomia)
Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as
autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto
Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para
eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem
usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas
apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade
33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do
desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)
34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo
64
Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave
partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35
O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver
a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos
Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves
crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)
No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou
acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste
tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila
envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou
soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No
entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se
primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim
de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees
sociais e desenvolvimento integral
Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em
situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas
compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma
soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador
incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas
exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si
proacuteprias e nos outros
Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da
sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre
si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente
aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a
35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para
consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de
uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na
procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila
36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais
(Eisenberg 2005)
65
desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a
interagir seja com outras crianccedilas ou adultos
Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade
e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a
estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um
facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre
as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo
da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada
Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade
o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila
conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento
Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a
caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito
(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain
1977)38
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das
intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo
promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e
apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas
necessidades e interesses
Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo
materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas
entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades
37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
38 Ver 132 Papel do educador
66
2311 Espaccedilo
Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves
oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-
se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o
intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas
Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute
espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos
pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode
ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)
As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas
pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para
o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve
assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39
Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas
criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a
possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas
Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem
de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo
ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse
modo perigo
No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito
tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico
permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis
quedas
39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a
serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel
superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se
encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis
de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas
67
Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post
2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento
visual da crianccedilardquo
Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que
permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior
Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o
mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel
obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante
luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso
a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos
presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem
favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas
cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas
No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para
a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do
espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para
as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)
Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves
crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e
consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees
Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se
encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua
abertura por parte das mesmas
No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas
dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e
ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos
As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter
perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo
bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas
68
O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e
respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al
2016)
A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam
aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de
papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)
2312 Materiais
Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis
diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila
condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu
desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)
Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e
considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
por parte das crianccedilas estes apresentam-se
- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)
- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia
condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das
crianccedilas)
- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo
pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que
facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos
materiais disponibilizados
- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de
inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)
- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo
(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de
69
feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores
do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para
realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo
dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e
dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros
puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)
Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores
agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se
encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas
Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees
(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos
quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em
contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas
podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente
seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza
2313 Tempo
O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador
e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser
somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais
necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo
permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo
(Cardona 1999 Silva et al 2016)
A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua
sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta
conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al
1996 Niza 2012)
Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu
esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas
realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)
higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a
70
ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por
todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas
ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)
Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a
educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em
questatildeo Silva et al (2016) afirmam que
ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser
responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se
traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e
dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve
assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em
que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)
O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por
norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles
dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para
o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para
efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas
pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas
podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado
agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham
feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)
No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita
atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de
atender agraves suas necessidades
Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez
numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel
seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora
dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo
do conhecimento da mesma pelo grupo
71
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees
23141 Crianccedila-crianccedila
Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos
de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas
(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e
intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)
Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem
em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando
conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem
O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes
momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em
pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente
Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e
relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para
serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando
mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila
Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as
crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim
consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras
Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de
conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como
mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser
simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho
e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)
Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira
1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai
sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas
Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se
estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si
72
23142 Crianccedila-adulto
No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente
educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees
distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria
personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e
valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)
O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de
aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas
educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como
apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)
Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora
cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas
satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo
havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees
planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo
adequadas a cada crianccedila
Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas
tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas
como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no
denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)
o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse
modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na
mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com
a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas
solicitaccedilotildees
Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram
os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas
conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho
40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)
73
Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se
expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo
relativamente agrave privacidade
Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam
fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave
intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas
natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela
positividade
No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas
participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo
educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute
concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no
momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses
As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam
desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela
equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente
educativo no qual se encontram inseridas
Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto
que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um
balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente
enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras
na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na
creche
Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-
se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se
41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo
74
baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do
interesse do grupo envolvido
Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)
abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)
Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em
qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos
(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva
1998)
Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise
esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado
tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)
Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto
de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de
competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de
informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da
tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e
criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da
autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo
de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)
A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila
e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um
ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes
em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)
Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve
proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio
processo de aprendizagem
No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem
de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de
projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-
educador
75
Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais
experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)
Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a
metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o
estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3
anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da
crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais
se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)
Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma
metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada
a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por
Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se
relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais
razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo
sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)
Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de
respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e
conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim
como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as
crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees
descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de
ambos os sujeitos
Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar
na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases
- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)
- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando
e quem)
- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)
- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e
partilha com outros elementos da comunidade educativa)
76
No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas
de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida
enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente
capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve
ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar
Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do
ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima
democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir
autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de
interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos
e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo
de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo
dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)
Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado
ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as
crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses
das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto
agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo
educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)
Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche
uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente
educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto
educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de
ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho
2013 p58)
A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo
das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao
ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as
77
ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao
contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)
Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto
Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas
aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a
crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e
construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado
por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto
desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades
compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes
do mesmo
Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo
de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja
principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente
relatoacuterio
Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos
promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de
brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso
a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e
consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a
educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem
ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas
42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
78
Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi
afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo
(p75)
Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um
projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses
das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte
a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo
Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do
educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as
intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito
pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva
(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas
no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as
quais se enquadra o trabalho de projeto)
Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves
caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que
embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas
proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento
singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais
se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva
potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente
educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial
criativo do educando
Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se
conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade
43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se
encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
79
No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se
torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e
esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante
No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como
meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas
relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47
Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de
ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que
possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor
preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes
criadoras
Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-
Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de
fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias
que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)
No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem
foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila
Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo
implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades
individuais (hellip)rdquo (p119)
Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo
da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das
intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma
educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que
cria laccedilos sociaisrdquo (p21)
46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo
47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
80
Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas
etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos
(1998)48
Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e
prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este
Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que
as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a
asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute
que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute
apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja
confrontada
Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam
responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou
crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e
psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)
251 Definiccedilatildeo do problema
Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada
durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto
Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo
se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o
qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta
No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o
haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade
que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees
com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era
48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
81
constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o
grupo acabava por aderir
Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o
desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas
Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos
interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir
uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)
indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas
Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser
aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do
projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo
Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs
Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a
destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)
afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se
pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo
sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo
(p64)
Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual
o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os
por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo
Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate
necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA
Lili e o Lobo Maurdquo)
A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo
desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo
Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o
objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos
representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de
chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos
materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)
82
Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que
fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver
as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi
posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a
dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos
fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse
podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo
(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)
No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de
dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante
satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar
desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando
compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma
Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas
crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas
em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se
encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-
se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face
agraves suas intencionalidades
Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode
oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da
motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais
O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa
prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser
levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas
questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo
para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida
49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial
criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel
pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)
83
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do
projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por
elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem
na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as
crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse
A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste
projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar
por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as
famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo
escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria
para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de
tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das
crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees
dos meninos e meninas
No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)
referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador
deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de
estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo
Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o
ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de
diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse
Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora
do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que
levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento
sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem
tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em
casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias
jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais
84
Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de
crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem
vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)
Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo
deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da
refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a
alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas)
Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta
foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute
natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos
elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito
de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles
Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos
motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e
dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua
casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente
promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da
linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da
relaccedilatildeo causa-efeito
No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-
se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo
ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima
democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51
Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al
(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o
seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo
51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a
promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade
(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)
85
processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da
autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo
Acrescentam ainda que
Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai
mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos
atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os
problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a
criatividade (Silva et al 2016 p34)
Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico
A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e
aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se
exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo
pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)
Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo
das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de
tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma
funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo
e descoberta agrave crianccedila
As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de
conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo
chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao
niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais
especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser
desenvolvida pela maioria do grupo
Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando
em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da
qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si
proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)
86
A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente
A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto
o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A
criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada
para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)
Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas
planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do
projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o
decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante
a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio
Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute
condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para
o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)
Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela
accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando
saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia
(Dewey amp Dewey 1915)
Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma
constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a
experimentaccedilatildeordquo52
Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como
meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes
dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava
um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto
ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a
criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto
52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma
construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo
(Freinet sd)
87
A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de
integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo
tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem
o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais
Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo
Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma
ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a
comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)
A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar
1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-
Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky
1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)
Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a
situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem
desenvolvendo possiacuteveis ideias
Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao
fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo
da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e
protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave
distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a
expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao
grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)
que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo
Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a
expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era
53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao
estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz
imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando
ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das
crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)
88
questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso
negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas
A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo
influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente
agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo
considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que
estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a
pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo
o que natildeo era possiacutevel
Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face
ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves
crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve
explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas
referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da
Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente
para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser
reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados
pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a
manipulaccedilatildeo dos mesmos
As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com
as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses
Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem
se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998
Rodrigues 2004)
No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo
exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do
ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis
agrave prossecuccedilatildeo das atividades
Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em
aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na
mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a
89
ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora
cooperante
Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado
ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que
antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo
Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta
natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e
considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo
Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava
a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto
sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo
se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela
instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a
atividades livres
Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os
interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos
mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis
custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que
estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade
Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas
materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes
despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e
observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das
crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como
materiais de expressatildeo plaacutestica
No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido
desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o
meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde
constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste
relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia
das artes no desenvolvimento da crianccedila
90
Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais
apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o
egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em
questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez
constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo
e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro
Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de
opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de
negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo
(p39)
Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e
negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila
Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em
seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam
realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e
como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados
jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a
conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse
conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar
253 Execuccedilatildeo
No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto
cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das
quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo
visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum
No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as
atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares
e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e
disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de
crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se
iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos
91
Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi
o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar
uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade
Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando
que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos
permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais
individualizados e inclusivosrdquo (p8)
Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar
mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o
desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)
Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor
coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave
realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite
que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)
Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade
de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um
tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de
todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)
Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava
convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo
jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o
educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar
Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio
se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras
atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto
com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse
Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia
todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo
(p105)
Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas
considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a
92
par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de
transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em
grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente
expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas
participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo
Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes
construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de
todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados
e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)
Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute
desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma
partilha de saberes coletiva
2531 Jogo da memoacuteria
No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se
proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por
introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo
de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o
intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel
de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas
ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili
A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de
processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e
concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo
Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade
do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel
deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a
maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que
55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas
imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e
concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes
93
apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos
consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma
crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando
caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)
Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos
colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual
estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo
da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)
Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de
algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na
concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de
implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas
mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente
desenvolvimento de competecircncias
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)
Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das
atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao
desenvolvimento da casa da Lili
No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa
da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que
mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham
indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos
jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56
Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que
concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os
materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as
56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
94
principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as
suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto
Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher
aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de
expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal
facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas
Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na
instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo
plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder
agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo
o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua
que se encontravam presentes no espaccedilo educativo
O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o
intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as
dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das
paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da
colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas
possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar
os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver
Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57
desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo
Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2
anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando
espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash
Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)
Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas
revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo
parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador
57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain
1977)
95
fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila
do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento
As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem
significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento
do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma
que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona
bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo
desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho
colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico
partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores
Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o
reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash
Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas
Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas
crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na
concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem
observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa
da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das
atividades sem interferir nas mesmas
Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes
no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili
como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as
dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa
da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a
executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo
impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de
realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a
assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir
96
questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do
seu agrado e como deveria continuar a proceder
Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma
vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa
parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes
Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do
desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros
e quantidades formas e noccedilotildees espaciais
Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada
dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado
espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o
fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira
livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)
A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar
fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem
posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo
estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo
Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)
Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em
desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da
Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa
que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a
educadora cooperante
No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio
disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de
58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da
criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
97
tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo
da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa
atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou
Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na
instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material
por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o
efeito pretendido
As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a
diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua
liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu
para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na
casa da Lili)
Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no
manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem
dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por
uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas
natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola
disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola
natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos
Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido
o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as
habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o
desenvolvimento do sentido esteacutetico
2535 Montagem da casa da Lili
Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua
montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras
na tatildeo aguardada casa
No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio
definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com
98
o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da
casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas
que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante
pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos
de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo
semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo
Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como
a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim
como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no
qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia
ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham
apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela
crianccedila
Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma
vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo
natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material
A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os
tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das
crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao
teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem
que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas
No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo
vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo
que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia
o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e
possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes
crianccedilas
Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo
estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a
afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na
instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o
espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar
99
No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os
movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves
dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os
recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas
brincadeiras
No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela
educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva
conclusatildeo da casa da Lili
A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as
mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a
material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse
motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa
Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha
conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus
interesses
Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave
mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde
as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser
realizadas atraveacutes das janelas
Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional
nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar
a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a
questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave
porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal
era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida
Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e
assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili
algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio
agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash
Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de
crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas
100
em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao
usufruto da casa
Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se
constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo
oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico
(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros
merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si
responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e
valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado
A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto
de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os
tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59
Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas
igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o
mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim
de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse
momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute
mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados
que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo
natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo
Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili
com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as
crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo
A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde
em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram
59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18
101
tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas
de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo
com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez
que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das
habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica
Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo
podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide
exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa
inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem
ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas
segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel
telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua
configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com
mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado
No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam
ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a
interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas
duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam
afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no
entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado
Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como
o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da
tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando
o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de
um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo
A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e
estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente
afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e
salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar
61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos
das mesas
102
o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas
em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa
Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas
(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder
de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas
todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim
colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram
disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)
pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no
papel de cenaacuterio
As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e
estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria
assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas
explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como
se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos
peacutes das crianccedilas)
Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era
o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-
se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas
caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da
atividade
Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do
aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da
coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex
estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili
Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de
se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter
utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de
103
decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma
das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa
A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido
que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62
Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material
do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas
a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute
que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia
crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade
Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a
formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou
com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse
concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser
possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com
os outros momentos da rotina consequentes
No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas
pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria
procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade
que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado
o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios
Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade
agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade
de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo
se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso
agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por
pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo
do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura
do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)
62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila
104
Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e
fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades
posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas
pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas
com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas
e texturas
Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas
e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se
espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao
percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as
suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)
Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a
mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas
face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65
fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36
ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)
Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada
uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a
realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores
efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66
Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de
significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais
cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo
63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila
65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila
66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o
desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias
face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com
cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as
crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas
105
para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas
tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada
Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do
aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes
do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho
colaborativo e trabalho cooperativo
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili
levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que
fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de
realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam
ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades
considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles
destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode
condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades
de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens
Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de
tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a
concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68
a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das
crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes
disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no
67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili
68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos
riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que
natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de
verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes
alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas
apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova
atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse
sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas
106
que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades
anteriormente realizadas69
Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que
concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo
esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando
as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura
Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e
misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas
Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de
utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos
e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na
promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo
de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos
para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)
Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente
cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos
desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada
crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto
estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das
criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que
durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto
que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia
Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas
em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende
que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das
69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou
bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas
71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias
entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)
107
realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do
desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens
Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas
usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo
um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por
conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor
procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas
da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo
estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo
Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma
teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas
relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das
cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e
conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da
massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo
2541 Avaliaccedilatildeo
Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para
a accedilatildeordquo (p15)
Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida
com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo
para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004
Silva et al 2016)
25411 Crianccedilas
A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma
sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e
considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser
108
modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento
das aprendizagens
Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo
permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o
desenvolvimento cognitivo e da linguagem
Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas
mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila
Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais
momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute
nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves
crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham
realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo
mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas
caso as fossem efetuar futuramente
Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente
acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador
constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base
de desenvolvimento dessa
Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa
educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que
foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este
questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)
Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo
indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a
avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento
sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo
avaliativo que seja processado de modo persistente
25412 Famiacutelias
Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que
estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem
109
Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no
desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais
responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo
Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo
de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas
conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)
Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois
dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a
cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o
trabalho de projeto desenvolvido
Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma
explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento
concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)
Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como
referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes
que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo
uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais
adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios
progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo
necessaacuterios
Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias
caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de
famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista
No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento
redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora
sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo
limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias
72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio
110
Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e
anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias
Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas
revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da
ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia
Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores
da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou
na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia
alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute
mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo
ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo
projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73
No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a
importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis
pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis
Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um
terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de
desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)
Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham
conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo
e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam
por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva
face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa
amp Sarmento 2010 p149)
Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento
das crianccedilas as famiacutelias indicaram
73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia
pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)
111
- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam
de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades
- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e
ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas
famiacutelias
- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado
- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar
ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das
famiacutelias
- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas
vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas
Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de
um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico
Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute
proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)
2542 Divulgaccedilatildeo
Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi
desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas
maneiras (Vasconcelos 1998)
A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir
acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-
os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)
No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas
educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua
jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo
sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo
de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o
que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas
112
e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em
horaacuterios poacutes letivo
As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo
aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das
atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os
pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o
fomento da sua auto-estima e confianccedila
Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e
valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)
Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)
assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo
projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar
tal projeto avante
Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo
efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo
concretizadas pelas crianccedilas
Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias
durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto
com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o
que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa
Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o
projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite
soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade
de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante
a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo
ocorresse
Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas
ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo
a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente
educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas
responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros
113
3 Consideraccedilotildees finais
Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido
percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a
qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia
Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave
concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos
definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse
fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de
objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma
metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um
trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa
integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um
ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade
A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a
potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila
considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se
um desenvolvimento integrado
Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial
criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico
desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de
aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo
criativa da crianccedila eacute condicionada por esse
Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os
fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas
tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias
necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a
promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o
cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo
114
Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de
oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi
fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta
perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a
Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o
educar
Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das
crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem
juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila
assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-
se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos
inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo
do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno
Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a
cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do
presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das
famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua
vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das
suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das
famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa
derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa
Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de
Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da
crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias
aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro
2011 p100)
Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal
(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao
processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu
papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para
explorar intervir decidir e agir
115
Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche
jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das
experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de
ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem
para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se
inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas
crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de
crianccedilas
Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral
considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel
pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila
Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo
das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New
Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)
Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da
criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz
respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs
Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente
relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o
reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores
do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar
ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a
criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo
Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao
desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da
associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como
destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a
associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso
Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito
de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo
legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do
116
potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute
igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens
Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida
continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da
criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem
perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal
Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente
educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma
competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida
permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como
a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees
considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam
117
Bibliografia
Alencar E (1986) Criatividade e ensino Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 6(1) 13-16
httpsdxdoiorg101590S1414-98931986000100004
Alencar E (1992) Como desenvolver o potencial criador um guia para a liberaccedilatildeo da
criatividade em sala de aula (2ordf ed) Petroacutepolis Vozes
Alencar E (1998) Desenvolvendo o potencial criador 25 anos de pesquisa Cadernos de
Psicologia 4(1) 113-122 Disponiacutevel em
httpsrepositorioucbbrjspuihandle1234567897374
Alencar E (2001) Obstacles to personal creativity among university students Gifted Education
International 15(2) 133-140 Recuperado de
httpciteseerxistpsueduviewdocdownloaddoi=10118814856amprep=rep1amptype=pdf
Alencar E (2007) Criatividade no contexto educacional trecircs deacutecadas de pesquisa Psicologia
Teoria e Pesquisa 23 45-49 httpsdxdoiorg101590S0102-37722007000500008
Alencar E (2008) DESFAZENDO OS MITOS SOBRE A CRIATIVIDADE Fundaccedilatildeo
Catarinense de Educaccedilatildeo Especial Disponiacutevel em
httpwwwfceescgovbrindexphpbuscasearchword=alencarampsearchphrase=all
Alencar E amp Fleith D (2004) Inventaacuterio de Praacuteticas Docentes que Favorecem a Criatividade
no Ensino Superior Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 17(1) 105-110
httpsdxdoiorg101590S0102-79722004000100013
Alencar E amp Fleith D (2010) Escala de praacuteticas docentes para a criatividade na educaccedilatildeo
superior Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 9(1) 13-24 Recuperado de
httppepsicbvsaludorgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1677-04712010000100003
Alencar E Fleith D amp Pereira N (2017) Creativity in Higher Education Challenges and
Facilitating Factors Temas em Psicologia 25(2) 553-561 httpsdxdoiorg109788TP20172-
09
Alencar E amp Martiacutenez A (1998) Barreiras agrave expressatildeo da criatividade entre profissionais
brasileiros cubanos e portugueses Psicologia Escolar e Educacional 2(1) 23-32 Recuperado
de httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
85571998000100003amplng=enamptlng=pt
118
Almeida G amp Almeida G (2015) Criatividade conceito e reflexatildeo Estado escola e sociedade
na perspectiva da internacionalizaccedilatildeo Desafios Das Poliacuteticas Puacuteblicas Docentes Nos Planos De
Educaccedilatildeo 8(1) Recuperado de httpseventossetedubrindexphpenfopearticleview1457
Amabile T (2012) Componential Theory of Creativity Harvard Business School Working
Paper 96(12) Recuperado de httpswwwhbsedufacultyPagesitemaspxnum=42469
Anderson H (1960) The Nature of Creativity Studies in Art Education 1(2) 10-17 DOI
1023071319842
Aragoacuten O (2005) Algunos indicadores para el desarrollo de la creatividad In Gomeacutez Cumpa J
(Org) Desarrollo de la Creatividad (pp119-122) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash
UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Arrizabalaga E (2014) Anaacutelisis del concepto de creatividad y metodologiacuteas procesuales en
treinta artistas vascas contemporaacuteneas (Tese de Doutoramento) Universidad del Paiacutes Vasco
Recuperado de httphdlhandlenet1081014748
Barboza L amp Volpini M (2015) O faz de conta simboacutelico representativo ou imaginaacuterio
Cadernos de Educaccedilatildeo Ensino e Sociedade 2(1) 1-12 Recuperado de
httpunifafibecombrrevistasonlinearquivoscadernodeeducacaosumario350604201520020
8pdf
Bastos G (1999) Literatura infantil e juvenil Lisboa Universidade Aberta
Braumann M (2009) Questotildees e razotildees Criatividade artiacutestica e criatividade cientiacutefica Noesis
77 26-31 Recuperado de
http19313722207imageswinlibimgaspxskey=ampdoc=144044ampimg=1290ampsave=true
Cachia R Ferrari A Ala-Mutka K amp Punie Y (2010) Creative Learning and Innovative
Teaching Final Report on the Study on Creativity and Innovation in Educationin the EU Member
States Luxembourg Publications Office of the European Union DOI 10279152913
Caldwell B (1995) In Bebeacute XXI - Crianccedila e famiacutelia na viragem do seacuteculo Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Cardona M (1999) O Espaccedilo e o tempo no Jardim de infacircncia Pro-Posiccedilotildees 10(1) 132-138
Recuperado de httpsperiodicossbuunicampbrojsindexphpproposicarticleview8644105
119
Carvalho A amp Beraldo K (1989) Interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila ressurgimento de uma aacuterea de
pesquisa e suas perspectivas Cadernos de Pesquisa (71) 55-61 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview1169
Casillas M (1999) Aspectos importantes de la creatividad para trabajar en el aula Revista digital
de educacioacuten 10 1-10 Recuperado de
httpwwwjuntadeandaluciaeseducacionportalsabaco-portletcontent21b7cb3a-f603-429d-
8721-49e3212e113c
Castillo A (1986) La creatividad en el aula actividades para un curriacuteculum creativo Maacutelaga
Innovare
Chacoacuten Araya Y (2011) Una revisioacuten criacutetica del concepto de creatividad Actualidades
Investigativas En Educacioacuten 5(1) httpsdoiorg1015517aiev5i19120
Cicerello R amp Kalinowski M (2007) iquestDe queacute hablamos cuando hablamos de creatividad
Actas De Disentildeo 3(3) 94-97Universidad de Palermo Recuperado de
httpsfidopalermoeduservicios_dycpublicacionesdcvistadetalle_articulophpid_libro=11amp
id_articulo=5485
Coelho A (2004) Educaccedilatildeo e cuidados em creche conceptualizaccedilotildees de um grupo de
educadoras (Tese de Doutoramento Universidade de Aveiro) Disponiacutevel em
httphdlhandlenet1077310856
Costa J amp Costa C (2011) A criatividade e a educaccedilatildeo percursos 23ordm Encontro Nacional da
Associaccedilatildeo de Professores de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo Visual ndash Ensino das Artes Visuais
Identidade e Cultura no seacuteculo XXI pp 97-118 Recuperado de
httphdlhandlenet1019810553
Coutinho A (2010) A accedilatildeo social dos bebecircs um estudo etnograacutefico no contexto da creche (Tese
de Doutoramento Universidade do Minho) Disponiacutevel em httphdlhandlenet182211336
Craft A (2004) A universalizaccedilatildeo da Criatividade Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo
Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Craveiro C (2011) Escutando educadoras de infacircncia de creche Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0
aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica] pp 93-106 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
120
Craveiro M Ferreira I (2007) A Educaccedilatildeo Preacute-Escolar face aos desafios da sociedade do
futuro Cadernos de Estudo (6) 15-21 Porto ESE de Paula Frassinetti Recuperado de
httphdlhandlenet2050011796911
Cropley A (1997) Fostering creativity in the classroom General principles In M Runco (Ed)
The creativity research handbook 1 (pp83-114) Cresskill NJ Hampton Press Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication243787195
Cropley A (1999) Creativity in Education In M Runco amp S Pritzker (Eds) Encyclopedia of
creativity (pp 629-642) San Diego CA Academic Press Recuperado de
httpswwwacademiaedu10502641
Cropley D amp Cropley A (2009) Fostering Creativity A Diagnostic Approach for Higher
Education and Organisations Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication259979702
Csikszentmihalyi M (1996) The Flow of Creativity In M Csikszentmihalyi (Ed) Creativity
Flow and the psychology of discovery and invention (pp107-126) New York Harper Collins
Recuperado de httpsdigitalauthorshipurifileswordpresscom201601csikszentmihalyi-
chapter-flow-and-creativitypdf
Cunha N (2007) Brinquedoteca um mergulho no brincar (4ordf ed) Satildeo Paulo Aquariana
Dacey J amp Madaus G (1969) Creativity definitions explanations and facilitation The Irish
Journal o f Education 3(1) pp55-69 Recuperado de httpwwwercie19690118vol-03-
1969
De Bono E (1970) Lateral Thinking A Textbook of Creativity [Ebook] Harmondsworth
Middlesex England Penguin Books Recuperado de httpsepdfpublateral-thinking-a-
textbook-of-creativitya99e1c6b5278f5ab0820a2d95ef071b9423html
Dempsey J amp Frost J (2002) Contextos Luacutedicos na Educaccedilatildeo de Infacircncia In Spodek B (Ed)
Manual de investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo de infacircncia (Ana Maria Chaves Trad) (pp 687-724)
Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Dewey J amp Dewey E (1915) Schools of To-morrow [Ebook] New York E P Dutton amp
Company Recuperado de httpsarchiveorgdetailsschoolsoftomorro005826mbppagen10
121
Doble Gorriacuten P (2015) Coacutemo estimular la creatividad en los nintildeos de Primaria Intervencioacuten
para 5ordm curso (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893416
Drevdahl J (1956) Factors of importance for creativity Journal of Clinical Psychology 12(1)
21-26 httpsdoiorg1010021097-4679(195601)1213C21AID-
JCLP22701201043E30CO2-S
Eisenberg N (2005) Temperamental Effortful Control (Self-Regulation) Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication238586558
Ferland F (2006) Vamos brincar Na infacircncia e ao longo da vida (Rita Rocha Trad) Lisboa
Climepsi Editores
Fleith D (2000) Teacher and Student Perceptions of Creativity in the Classroom Environment
Roeper Review 22(3) 148-153 httpsdoiorg10108002783190009554022
Fleith D (2001) Criatividade novos conceitos e ideacuteias aplicabilidade agrave educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Especial (17) httpdxdoiorg1059021984686X
Fleith D amp Alencar E (2008) Caracteriacutesticas personoloacutegicas e fatores ambientais
relacionados agrave criatividade do aluno do Ensino Fundamental Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 7(1)
35-44 Recuperado de httpsdialnetuniriojaesservletarticulocodigo=6674859
Folque M (2012) O aprender a aprender no preacute-escolar o modelo pedagoacutegico do
movimento da escola moderna Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Freinet C (1984) El aprendizaje del dibujo (Mordf Dolors Bordas Trad) Barcelona
Martiacutenez Roca
Freitas M (2015) A importacircncia do brincar na educaccedilatildeo infantil (Monografia de
Especializaccedilatildeo Faculdade de Paraacute de Minas) Recuperado de
httpfapamweb797kinghostnetadminmonografiasnupearquivos18072016193403Mariana_
Duartepdf
Garaigordobil M amp Berrueco L (2011) Effects of a Play Program on Creative Thinking of
Preschool Children In The Spanish Journal of Psychology 14(2) 608-818 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication51779808
122
Gomeacutez Cumpa J (2005) Desarrollo de la Creatividad Lambayeque Fondo Editorial FACHSE
ndash UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Goacutemez C amp Rovira A (2012) El aprendizaje musical a traveacutes del pensamiento creativo una
investigacioacuten accioacuten colaborativa en ensentildeanza secundaria Estilos De Aprendizaje
Investigaciones Y Experiencia 1-10 Santander Universidad de Cantabria DL Recuperado de
httpsdialnetuniriojaesservletlibrocodigo=555496
Gonccedilalves E (1983) A expressatildeo plaacutestica da crianccedila Que eacute a pintura infantil Qual deveraacute ser
a atitude do adulto face agrave expressatildeo livre da crianccedila Anaacutelise Psicoloacutegica 3 (12) 205-210
Lisboa Instituto Superior de Psicologia Aplicada Recuperado de
httphdlhandlenet10400122054
Gonccedilalves E (1991) A arte descobre a crianccedila Amadora Raiacutez Editora
Hohmann M amp Post J (2007) Educaccedilatildeo de bebeacutes em infantaacuterios cuidados e primeiras
aprendizagens (3ordf ed) (Sara Bahia Trad Maria Cristina Correcirca Figueira Rev) Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Hohmann M amp Weikart D (1997) Educar a Crianccedila (Helena Aacutegueda Marujo e Luiacutes Miguel
Neto Trads) Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Homem C Gomes B amp Montalvatildeo R (2009) A importacircncia da criatividade Cadernos de
Educaccedilatildeo de Infacircncia (88) 41-45
Kaufman J amp Sternberg R (2010) The Cambridge Handbook of Creativity [Ebook]
Cambridge University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=1EBT3Qj5L5ECampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Klimenko O (2009) Una reflexioacuten en torno al concepto creatividad y su relacioacuten con los
componentes del proceso educativo Revista Virtual Universidad Catoacutelica Del Norte (26) 1-29
Recuperado de httprevistavirtualucneducoindexphpRevistaUCNarticleview111
Lira N amp Rubio J (2014) A Importacircncia do Brincar na Educaccedilatildeo Infantil Saberes da
Educaccedilatildeo 5(1) 1-22 Recuperado de httpsunisaoroqueedubrrevista-eletronicarevista-
sabares-da-educacaoarquivos2014-2
123
Lopes M (2016) Processos formativos de construccedilatildeo do sentido da criatividade um olhar
renovado na educaccedilatildeo de infacircncia e a responsabilidade dos educadores (Tese de Doutoramento
Universidade Catoacutelica Portuguesa) Disponiacutevel em httphdlhandlenet104001424210
Lowenfeld V amp Brittain W (1977) Desenvolvimento da capacidade criadora (Aacutelvaro Cabral
Trad) Satildeo Paulo Mestre Jou
Lubart T (2007) Psicologia da Criatividade [Ebook] (Maacutercia Conceiccedilatildeo Machado Moraes
Trad) Porto Alegre Artmed Recuperado de httpsdocerocombrdocx8c1x
Luz S (2016) O papel da atividade luacutedica no processo de ensino aprendizagem no 1ordm ciclo do
ensino baacutesico Perceccedilotildees dos docentes sobre o uso das atividades luacutedicas em sala de aula para a
aquisiccedilatildeo das aprendizagens (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Instituto Superior de Educaccedilatildeo e
Ciecircncias) Recuperado de httphdlhandlenet104002620586
MacKinnon D (1962) The nature and nurture of creative talent American Psychologist 17(7)
484-495 doi101037h0046541
MacKinnon D (1964) Identification and Development of Creative Abilities California Univ
Berkeley Inst of Personality Assessment and Research Recuperado de
httpsericedgovid=ED027965
Mariacuten Viadel R (2003) Didaacutetica de la Educacioacuten Artiacutestica para Primaria Madrid Pearson
Educacioacuten DL
Matiacutenez A (2002) A criatividade na escola trecircs direccedilotildees de trabalho Linhas Criacuteticas 8(15)
189-206 httpsdoiorg1026512lcv8i153057
Meneghini R amp Campos-de-Carvalho M (2003) Arranjo espacial na creche espaccedilos para
interagir brincar isoladamente dirigir-se socialmente e observar o outro Psicologia Reflexatildeo e
Criacutetica 16(2) 367-378 httpsdxdoiorg101590S0102-79722003000200017
Miranda M (2002) Reflexiones en torno al curriacuteculo y la creatividad infantil InterSedes 3(4)
93-103 Recuperado de httpsrevistasucraccrindexphpintersedesarticleview761
Morais M (2004) O educador e a personalidade criativa algumas consideraccedilotildees Cadernos de
Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
124
Morais M (2015) Criatividade conceito e desafios Educaccedilatildeo e Matemaacutetica 18(135) 3-7
Associaccedilatildeo de Professores de Matemaacutetica Recuperado de httphdlhandlenet182242298
Morais M Almeida L amp Azevedo I (2014) Criatividade e praacuteticas docentes no Ensino
Superior Como pensam os alunos de aacutereas curriculares diferentes Revista AMAZocircnica 12
(2)97-126 Recuperado de httphdlhandlenet182234301
Morales Bentildearan I (2015) La Creatividad a traveacutes del Movimiento y la Danza en 4ordm curso de
Primaria (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893161
Morejoacuten J (2000) Creatividad en la educacioacuten educacioacuten para transformar Revista Psicologia
Cientiacuteficacom 2(1) Recuperado de httpwwwpsicologiacientificacomcreatividad-en-
educacion
Motos T (2015) Desarrollo de expresioacuten para hacer y ser creativos 1-9 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication324543994
Mouchiroud C amp Lubart T (2002) Social creativity A cross-sectional study of 6- to 11-year-
old children International Journal Of Behavioral Development 26(1) 60-69
httpsdoiorg1011772F016502540202600111
Moura J amp Pacheco A (2019) Educar com Criatividade ser Paacutessaro ou Carneirinho na
Aprendizagem da Composiccedilatildeo Musical IV Encontro do Ensino Artiacutestico Especializado da
Muacutesica do Vale do Sousa O Ensino da Muacutesica no Seacuteculo XXI Desafios e Compromissos Livro
de Atas Lousada Conservatoacuterio do Vale do Sousa Recuperado de
httphdlhandlenet182260328
Mouratildeo A (2013) A intencionalidade educativa nas atividades luacutedicas (Dissertaccedilatildeo de
Mestrado Escola Superior de Educadores de Infacircncia Maria Ulrich) Recuperado de
httphdlhandlenet104002614206
Mozzer G amp Borges F (2008) A Criatividade Infantil na Perspectiva de Lev Vigotski Revista
Inter Accedilatildeo (33)2 297-316 httpsdoiorg105216iav33i25269
National Advisory Committee on Creative and Cultural Education (1999) All Our Futures
Creativity Culture amp Education London DFEE Recuperado de
httpsirkenrobinsoncomreadall-our-futures
125
Nicolielo M Sommerhalder A amp Alves F (2017) Brincar na educaccedilatildeo infantil como
experiecircncia de cultura e formaccedilatildeo para a vida Educaccedilatildeo 42(2) 285-298
httpdxdoiorg1059021984644422271
Niza S (2012) Seacutergio Niza - escritos sobre educaccedilatildeo (Orgs Antoacutenio Noacutevoa Francisco
Marcelino e Jorge Ramos do Oacute) Lisboa Tinta da China
Neves-Pereira M amp Alencar E (2018) A Educaccedilatildeo no seacuteculo XXI e o seu papel na promoccedilatildeo
da criatividade Psicologia e Educaccedilatildeo 1(1) 1-10 Recuperado de
httppsicologiaeeducacaoubiptrevistaOnLinehtm
New Jersey Department of Education (2013) New Jersey - Birth to Three - Early Learning
Standards [Ebook] Recuperado de
httpswwwnjgoveducationeceguidestandardsbirthstandardspdf
Novaes M (1980) Psicologia da criatividade (5ordf ed) PetroacutepolisVozes
Ocantildea A (2005) iquestQuieacuten ha matado mi creatividad pedagoacutegica In Gomeacutez Cumpa J (Org)
Desarrollo de la Creatividad (pp99-111) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG
Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Ocantildea A (2008) La educacioacuten y el desarrollo de la creatividad un reto en la formacioacuten de
profesionales Praxis 4(1) 84-107 httpsdoiorg102167623897856104
Oliveira E amp Alencar E (2010) Caracteriacutesticas de Professores Criativos e de Coordenadores
que Estimulam a Criatividade Docente Boletim Academia Paulista de Psicologia 30(79) 379-
393 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=94615412011
Oliveira E amp Alencar E (2012) Importacircncia da criatividade na escola e no trabalho docente
segundo coordenadores pedagoacutegicos Estudos de Psicologia (Campinas) 29(4) 541-552
httpdxdoiorg101590S0103-166X2012000400009
Oliveira-Formosinho J Lino D amp Niza S (1996) Modelos curriculares para a educaccedilatildeo de
infacircncia Porto Porto Editora
Oliveira-Formosinho J amp Arauacutejo S (2013) Educaccedilatildeo em Creche Participaccedilatildeo e Diversidade
Porto Porto Editora
126
Oliveira M (2018) Um Novo Olhar sobre as Artes Visuais na Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Um
Desafio da Contemporaneidade In Ana Souto e Melo (Org) Atas do Congresso de investigaccedilatildeo
em Educaccedilatildeo Artiacutestica ndash Educaccedilatildeo Artiacutestica no Sistema de ensino Portuguecircs conquistas e
desafios pp 262-272 Viseu IPVESSECIampDETS Recuperado de
httphdlhandlenet104001426645
Oliveira Z (2010) Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo Estudos de
Psicologia (Campinas) 27(1) 83-92 httpdxdoiorg101590S0103-166X2010000100010
Oliveira Z (2013) Educaccedilatildeo infantil fundamentos e meacutetodos [Ebook] Satildeo Paulo Cortez
Recuperado de httpsbooksgoogleptbooksisbn=8524921250
Oliveira Z amp Alencar E (2008) A criatividade faz a diferenccedila na escola o professor criativo e
o ambiente facilitador da criatividade Contrapontos 8(2) 295-306 Recuperado de
httpssiaiap32univalibrseerindexphprcarticleview954
Oliveira Z amp Rossetti-Ferreira M (1993) O valor da interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila em creches no
desenvolvimento infantil Cadernos de Pesquisa (87) 62-70 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview928
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (2000) Estudo
temaacutetico da OCDE A educaccedilatildeo preacute-escolar e os cuidados para a infacircncia em
Portugal Lisboa Departamento da Educaccedilatildeo Baacutesica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwdgemecptrecursos-0
Ortega S (2016) Desarrollo de la creatividad infantil Temas Para La Educacioacuten (34)
Recuperado de httpswwwfeandaluciaccooesindconteiaspxd=7250amps=0ampind=396
Papalia D Olds S amp Feldman R (2009) O mundo da crianccedila da infacircncia agrave adolescecircncia (11ordf
ed) (Rita de Caacutessia Alburqueque Caetano e Jacira dos Santos Cardoso Trads) Satildeo Paulo
McGraw-Hill
Parente C (2002) Observaccedilatildeo um percurso de formaccedilatildeo praacutetica e reflexatildeo In Oliveira-
Formosinho J (Org) A Supervisatildeo na Formaccedilatildeo de Professores I Da sala agrave escola Porto
Porto Editora
Pequito P (1999) Representaccedilotildees de criatividade dos educadores de infacircncia Saber (e) Educar
(4) pp61-77 Recuperado de httphdlhandlenet2050011796981
127
Pinto L (2015) Creche Quanto mais cedo melhor In Jornal Puacuteblico Disponiacutevel em
httpswwwpublicopt20150209sociedadenoticiacreche-quanto-mais-cedo-melhor-
1685464
Plucker J Esping A Kaufman J amp Avitia M (2015) Creativity and Intelligence 283-291
Recuperado de DOI 101007978-1-4939-1562-0_19
Pocinho M amp Garcecircs S (2018) Psicologia da criatividade [Ebook] Universidade da Madeira
Recuperado de httphdlhandlenet10400132006
Portugal G (2000) Educaccedilatildeo de bebeacutes em creche Perspectivas de formaccedilatildeo teoacutericas e praacuteticas
Infacircncia e Educaccedilatildeo (1) 85-106
Portugal G (2011) No acircmago da educaccedilatildeo em creche ndash o primado das relaccedilotildees e a importacircncia
dos espaccedilos Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica]
pp47-60 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
Portugal G (2012) Finalidades e praacuteticas educativas em creche das relaccedilotildees actividades e
organizaccedilatildeo dos espaccedilos ao curriacuteculo na creche Porto CNIS (Confederaccedilatildeo Nacional das
Instituiccedilotildees de Solidariedade)
Prado D (2005) Estimular la creatividad en el Aula In Gomeacutez Cumpa J (Org) Desarrollo de
la Creatividad (pp166-170) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG Recuperado
de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Predebon J (2013) Criatividade - abrindo o lado inovador da mente (8ordf ed) Satildeo Paulo Pearson
Education Brasil
Queiroz N Maciel D amp Branco A (2006) Brincadeira e desenvolvimento infantil um olhar
sociocultural construtivista Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) 16(34) 169-179
httpdxdoiorg101590S0103-863X2006000200005
Quivy R amp Campenhoudt L (2008) Manual de Investigaccedilatildeo em Ciecircncias Sociais (5ordf ed) (Joatildeo
Minhoto Marques Maria Amaacutelia Mendes e Maria Carvalho Trads) Lisboa Gradiva
Publicaccedilotildees
128
Robinson K (2005) How Creativity Education and the Arts Shape a Modern Economy
Education Commission Of The States Disponiacutevel em httpsirkenrobinsoncomread
Robinson K (2011) O elemento (2ordf ed) Porto Porto Editora
Rodrigues M (2004) Modelo de referecircncia para a planificaccedilatildeo criativa de momentos criativos
Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Runco M (2004) Creativity Annual Review Of Psychology 55(1) 657-687 doi
101146annurevpsych55090902141502
Runco M amp Jaeger G (2012) The Standard Definition of Creativity Creativity Research
Journal 24 (1) 92-96 httpdxdoiorg101080104004192012650092
Santos M Andreacute M (2012) Criatividade na educaccedilatildeo de infacircncia algumas reflexotildees Cadernos
de Educaccedilatildeo de Infacircncia (96) 43-46 Recuperado de
httpapeiptedicoesceiide=1313ampsort=2012
Santos M Andreacute M (2015) Conceccedilotildees de educadores de infacircncia sobre criatividade Investigar
em Educaccedilatildeo 2(4) pp97-112 Recuperado de
httppagesieuminhoptinvedindexphpiearticleview101
Sarmento T (2005) (Re)pensar a interacccedilatildeo escola-famiacutelia Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo
18(1) 53-75 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=37418104
Scherer A (2013) O luacutedico e o desenvolvimento a importacircncia do brinquedo e da brincadeira
segundo a teoria Vigotskiana (Monografia de Especializaccedilatildeo Universidade Tecnoloacutegica Federal
do Paranaacute) Recuperado de httprepositoriorocautfpredubrjspuihandle14233
Schirmer A (2001) Criatividade e educaccedilatildeo infantil (Tese de Doutoramento Universidade
Estadual de Campinas) Recuperado de
httprepositoriounicampbrjspuihandleREPOSIP253417
Shaughnessy M (1991) The Supportive Educational Environment for Creativity Recuperado
de httpsericedgovid=ED360080
Silva I (1998) Projectos em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar e Projecto Educativo de Estabelecimento In
Katz L Bairratildeo J Silva I amp Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-
129
escolar (pp91-121) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de
httpwwwdgemecptrecursos-0
Silva I (Coord) Marques L Mata L amp Rosa M (2016) Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME)Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
(DGE)
Sim-Sim I (1998) Desenvolvimento da Linguagem Lisboa Universidade Aberta
Soh K (2000) Indexing Creativity Fostering Teacher Behavior A Preliminary Validation Study
The Journal of Creative Behavior 34(2) 118-134 Recuperado de
httpswwwacademiaedu29264306
Soh K (2015) Creativity fostering teacher behaviour around the world Annotations of studies
using the CFTIndex Cogent Education 2(1) 1-18
httpsdoiorg1010802331186X20151034494
Sousa A (2003) Educaccedilatildeo pela arte e artes na educaccedilatildeo bases psicopedagoacutegicas Lisboa
Instituto Piaget
Sousa M amp Sarmento T (2010) Escola ndash famiacutelia - comunidade uma relaccedilatildeo para o sucesso
educativo Gestatildeo e Desenvolvimento 17-18 (2009-2010) 141-156 Recuperado de
httphdlhandlenet10400149117
Souza M amp Alencar E (2006) O curso de Pedagogia e condiccedilotildees para o desenvolvimento da
criatividade Psicologia Escolar e Educacional 10(1) 21-30 httpsdxdoiorg101590S1413-
85572006000100003
Sternberg R amp Lubart T (1999) The concept of creativity Prospects and paradigms In R
Sternberg (Ed) Handbook of creativity [Ebook] (pp 3-15) New York NY US Cambridge
University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=d1KTEQpQ6vsCampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Sternberg R amp Williams W (2003) Como desenvolver a criatividade do aluno (Vitor Oliveira
Trad) Porto Coleccedilatildeo Cadernos do CRIAP (Investigaccedilatildeo e praacuteticas 6) Asa Editores
Tadeu B (2014) A legislaccedilatildeo portuguesa para a pequena infacircncia uma visatildeo socioloacutegica sobre
a infacircncia Interaccedilotildees (10)30 159-175 httpsdoiorg1025755int4029
130
Thornton L amp Brunton P (2014) Bringing the Reggio Approach to your Early Years Practice
(3ordf ed) New York Routledge
Torrance E (1977) Creativity in the classroom what research says to the teacher 1-37
Washington DC National Education Association Recuperado de
httpsericedgovid=ED132593
Trigo E et al (1999) Creatividad y motricidad Zaragoza INDE Publicaciones
Uano L (2002) La Creatividad iquestUn talento exclusivo de los artistas o una capacidad de todo ser
humano Linhas Criacuteticas 8(15) 265-288 Recuperado de
httpperiodicosunbbrojs248indexphplinhascriticasarticleview6486
Valdivia J (2011) La creatividad y la intervencioacuten en educacioacuten infantil (Monografia)
Eduinnova Recuperado de httpwwweduinnovaesmono_ene2011html
Vasconcelos T (1998) Das Perplexidades em torno de um Hamster ao Processo de Pesquisa
Pedagogia de Projecto em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar em Portugal In Katz L Bairratildeo J Silva I amp
Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-escolar (pp127-155) Lisboa
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de httpwwwdgemecptrecursos-0
Vasconcelos T (2011a) Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos (pp7-22) Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo Recuperado de httpwwwcneduptptpublicacoesestudos-e-
relatoriosoutros786-educacao-das-criancas-dos-0-aos-3-anos
Vasconcelos T (2011b) Trabalho de Projeto como Pedagogia de Fronteira Da Investigaccedilatildeo
agraves Praacuteticas I (3) 8-20 Recuperado de httphdlhandlenet10400211683
Vasconcelos T Rocha C Loureiro C Castro J Menau J Ramos M hellip amp Alves S (2011)
Trabalho por projectos na educaccedilatildeo de infacircncia mapear aprendizagens integrar metodologias
Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Ciecircncia (MEC) Recuperado de
httphdlhandlenet10400212679
Vaacutezques J (2009) Muacutesica y creatividad Creatividad y muacutesica Creatividad Y Sociedad (13)
Recuperado de httpwwwcreatividadysociedadcomnumeroscys13html
131
Vygotsky L (1927) Imagination and Creativity in Childhood In Journal of Russian and East
European Psychology 42(1) 2004 7ndash97 Recuperado de
httpswwwmarxistsorgarchivevygotskyindexhtm
Zabala A (1998) A praacutetica educativa como ensinar (Ernani F da F Rosa Trad) Porto Alegre
Artmed
Documentaccedilatildeo legislativa
Lei nordm4686 (Lei de Bases do Sistema Eucativo) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 2371986
Seacuterie I de 1986-10-14
Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar) Publicada em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 341997 Seacuterie I-A de 1997-02-10 e regulamentada pelo Decreto-Lei nordm 14797)
Lei nordm 492005 (Segunda alteraccedilatildeo agrave Lei de Bases do Sistema Educativo e primeira alteraccedilatildeo agrave
Lei de Bases do Financiamento do Ensino Superior) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm
1662005 Seacuterie I-A de 2005-08-30
Manual de Processos Chave da Creche (2ordf ed 2010) Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade
Social
Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Despacho nordm 91802016 Publicado em
Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1372016 Seacuterie II de Seacuterie II de 2016-07-19
Parecer nordm 32001 ndash Aprendizagem ao longo da vida Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Publicado
em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1622001 Seacuterie II de 2001-07-14
Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos professores dos ensinos
baacutesico e secundaacuterio Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto Publicado em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 2012001 Seacuterie I-A de 2001-08-30
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria Despacho nordm 64782017 26 de julho
Publicado em iaacuterio da Repuacuteblica nordm 1432017 Seacuterie II de 2017-07-26
Recomendaccedilatildeo nordm 32011 - A educaccedilatildeo dos 0 aos 3 anos Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica 2ordf Seacuterie nordm 79 de 21 de abril de 2011
Documentaccedilatildeo audiovisual
Creative Innovation (2011) Edward de Bono ndash ldquoCreativity amp Educationrdquo [Video] Recuperado
de httpswwwcreativeinnovationtvvideoedward-de-bono-creativity-education
Video Arts (2017) John Cleese on Creativity In Management [Video] Recuperado de
httpswwwyoutubecomwatchv=Pb5oIIPO62g
132
Websites
Antoine de Saint-Exupeacutery - Frases Recuperado de
httpwwwcitadorptfrasescitacoesaantoine-de-saintexupery
Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade Recuperado de
httpscriatividadenet
Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia Recuperado de httpapeipt
De Bono E - Lateral Thinking - How can Lateral Thinking help you Recuperado de
httpswwwedwddebonocomlateral-thinking
John Cleese Creativity is not a talent It is a way of operating Recuperado de
httpsspeakolacomartsjohn-cleese-creativity-lecture-1991
McLintic M (2018) Criatividade O que eacute Conceito e Definiccedilatildeo - Team LEWIS PT
Recuperado de httpswwwteamlewiscomptmagazinecriatividade-conceito-definicao
Movimiento Cooperativo de Escuela Popular (2017) Principios de la pedagogiacutea Freinet
Recuperado de httpwwwmcepes20170207principios-de-la-pedagogia-freinet
Priberam Informaacutetica S (2018) Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa Recuperado de
httpsdicionariopriberamorg
Prindle J (2012) Einstein Quotes - Quotes by Albert Einstein Recuperado de
httpwwwalberteinsteinsitecomquoteseinsteinquoteshtml
Rui Matos ldquoNoacutes matamos a criatividade na escolardquo (2017) Recuperado de
httpswwwjornaldeleiriaptnoticiarui-matos-nos-matamos-criatividade-na-escola-7107
Teaching Strategies (2016) The Creative Curriculum for PreSchool ndash Touring Guide
Recuperado de
httpsteachingstrategiescomwpcontentuploads201708TeachingStrategies_CC-for-
Preschool_TouringGuide_2017pdf
Documentaccedilatildeo fornecida pela instituiccedilatildeo educativa
Projeto Educativo (2018-2021)
Regulamento Interno (20172018)
133
Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
0
1
2
3
4
26 27 28 29 30 31 32
Nuacute
mer
o d
e cr
ian
ccedilas
Idade (em meses)
Idade das crianccedilas (em meses)
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora
cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve
(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer
um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute
como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo
No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem
em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham
No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida
e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais
implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em
posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as
dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois
natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem
realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo
Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta
um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras
grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora
ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo
das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao
jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse
espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio
dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo
educativa e estagiaacuteria
Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e
constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute
procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo
alternando entre estes
Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda
prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na
mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se
dirigirem para a sala
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel
afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do
seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de
descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a
desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto
para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e
subida de degraus
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Indicadores
Crianccedilas
Apanha objetos com facilidade
Segura objetos com facilidade
Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual
Preensatildeo de pinccedila
Observaccedilotildees
PD MD GD PD MD GD
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
PD ndash Pequenas Dimensotildees
MD ndash Meacutedias Dimensotildees
GD ndash Grandes Dimensotildees
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o
criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores
azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo
foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido
associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores
correspondentes
Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com
alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e
reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel
deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de
objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes
cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das
crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir
conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre
essas
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de
forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado
retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e
agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a
maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo
de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e
distinccedilatildeo entre as mesmas
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo
Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Indicadores
Crianccedilas
Compreende mensagens
orais
Compreende um discurso instrucional
Elabora frases
simples
Efetua associaccedilatildeo
entre nome e objeto
Refere o seu nome
Usa a linguagem
oral para expressar desejos
necessidades informaccedilotildees responder ou
realizar questotildees
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Avaliaccedilatildeo da autonomia
Revela autonomia quanto agrave
Indicadores
Crianccedilas
Realizaccedilatildeo da higiene
Realizaccedilatildeo das
refeiccedilotildees
Escolha das
atividades
que pretende
desenvolver
Escolha dos
materiais que pretende usufruir
Resoluccedilatildeo de
conflitos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Efetua interaccedilotildees com
Indicadores
Crianccedilas
Crianccedilas
Adultos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem
Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)
Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar
o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo
mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que
andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili
Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili
e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da
Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo
Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao
ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo
Mau
(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres
(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo
que cheira muito bem
(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho
do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau
(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer
(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu
vou dar-te uma trinca
(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me
dares um bocadinho do teu bolo
(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para
o trincar)
(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro
Aaaahhhh
(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que
nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar
flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de
casa saindo de cena temporariamente)
O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado
por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili
para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo
Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili
(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)
mas natildeo conseguiu
Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a
casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e
retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)
O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e
quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse
(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)
A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha
conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava
destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar
porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu
o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um
bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de
uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda
casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar
E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes
da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da
Lili e ao bolo de chocolate
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca
Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de
higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento
da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo
com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias
face ao projeto
Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente
tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo
Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas
crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso
a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e
atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades
apresentadas pelas crianccedilas
A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela
estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo
essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na
destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus
amigos na construccedilatildeo de uma nova casa
Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa
para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas
aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo
As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual
atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo
simboacutelico
Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos
a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a
importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas
Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo
relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do
mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas
respetivas famiacutelias se assim o pretenderem
Questotildees
bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto
bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o
desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que
modo
Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como
as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas
vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo
Grata pela atenccedilatildeo
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave
execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de
desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FS e V
Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com
outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares
correspondentes agraves imagens fornecidas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V
efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as
suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila V
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a
observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das
mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela
pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem
uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante
observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e
mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FN e MB
Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a
realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par
estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par
como se procedia o desenvolvimento do jogo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB
apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num
dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda
(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila P
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica
fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo
pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa
forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica
materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione
somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila L
Idade 2 anos e 6 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que
manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo
ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador
das cores anteriormente mencionadas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e
identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas
para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos
constituintes da casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos
tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a
casa da Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos
e respetivos padrotildees
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de
tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da
casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma
crianccedila
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a
desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de
brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com
jogos em momento de brincadeira
na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas
crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila C
Idade 2 anos e 5 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 07122018
Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados
pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as
suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e
identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais
colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado
pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila
revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o
seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros
para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da
mistura de outras cores
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo
de tintas de cores distintas
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila L P
Idade 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21122018
Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais
especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave
estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo
A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens
penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha
sido concretizada a pintura
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo
que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante
interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa
da Lili
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a
massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com
massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos
utilizando massa de farinha
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila
Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Crianccedila Objeto (s) criado (s)
C Televisatildeo
CC Bola
FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
FN Carro de brincar
FS Mala
G Caixa
L Chapeacuteu
LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
MA Bolachas
MB Bolo de chocolate
MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
N Bola de futebol
P Vaso
S Rebuccedilado grande
T Almofada
V Telefone
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
III
Resumo
O presente relatoacuterio de estaacutegio respeitante agrave Praacutetica de Ensino Supervisionada
desenvolvida no acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar tem como principal
finalidade a elucidaccedilatildeo da importacircncia de ambientes educativos favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila potenciando desse modo a sua expressatildeo
criativa
A elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio apresenta como principais objetivos a compreensatildeo
do conceito de criatividade a relevacircncia que assume em contexto educativo e no respetivo
desenvolvimento do educando a perceccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o seu
fomento e o reconhecimento de fatores que promovam ou ao inveacutes inibam o
desenvolvimento da criatividade no acircmbito educacional
Eacute feita tambeacutem uma anaacutelise a documentaccedilatildeo legislativa do Sistema Educativo
Portuguecircs e da Creche no que concerne ao enquadramento da criatividade enquanto
intencionalidade pedagoacutegica e objetivo de ensino-aprendizagem assim como uma
perceccedilatildeo relativamente ao desenvolvimento de praacuteticas apoiantes ao fomento da
criatividade no acircmbito educativo destinadas aos profissionais de educaccedilatildeo Tambeacutem foi
efetuada uma investigaccedilatildeo a associaccedilotildees de acircmbito educativo com o intuito de se
percecionar o reconhecimento da criatividade na educaccedilatildeo
Para a concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio foi efetuada uma pesquisa bibliograacutefica
atraveacutes da qual fosse possiacutevel reunir documentaccedilatildeo que desse respostas aos objetivos
elencados agrave qual se une uma metodologia de trabalho pedagoacutegico respeitante ao
desenvolvimento de um trabalho de projeto que fora desenvolvido em contexto de
educaccedilatildeo de infacircncia e ao qual se une como teacutecnica de recolha de dados registos de
observaccedilatildeo com a finalidade de contribuir para a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo da intervenccedilatildeo
efetuada Por fim satildeo apresentadas as consideraccedilotildees finais resultantes de um processo de
anaacutelise criacutetica e reflexiva face ao trabalho concretizado
Palavras-Chave Criatividade Potencial criativo Expressatildeo criativa Educaccedilatildeo
IV
Abstract
The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice
developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose
the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion
of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression
The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding
of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and
in the respective development of the student the perception of possible strategies that
allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the
development of creativity in education
An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese
Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical
intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding
the development of practices that support the fostering of creativity in the educational
field aimed at education professionals An investigation was also conducted to
educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education
For the realization of this report a bibliographic research was carried out through
which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives
to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a
project work that was developed in the context of childhood education and to which as
a data collection technique observation records are added in order to contribute to the
analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations
resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done
Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education
V
Iacutendice
Introduccedilatildeo 13
1 Enquadramento teoacuterico 16
11 Criatividade 16
111 Definiccedilatildeo do conceito 16
112 Capacidade inata ou adquirida 21
12 Educaccedilatildeo e criatividade 23
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos
de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47
132 Papel do educador 49
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65
2311 Espaccedilo 66
2312 Materiais 68
2313 Tempo 69
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71
23141 Crianccedila-crianccedila 71
23142 Crianccedila-adulto 72
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77
251 Definiccedilatildeo do problema 80
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83
253 Execuccedilatildeo 90
2531 Jogo da memoacuteria 92
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96
2535 Montagem da casa da Lili 97
VI
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107
2541 Avaliaccedilatildeo 107
25411 Crianccedilas 107
25412 Famiacutelias 108
2542 Divulgaccedilatildeo 111
3 Consideraccedilotildees finais 113
Bibliografia 117
VII
Iacutendice de Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e
o Lobo Maurdquo
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da
Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila
VIII
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
IX
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa
da Lili e ao bolo de chocolate
Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro
Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)
Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)
Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da
memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da
execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre
recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que
constituem a casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees
X
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de
servir de telhado para a casa da Lili
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas
Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da
pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de
tintas de cores distintas
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de
farinha
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XI
Iacutendice de Tabelas
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XII
Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos
AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia
CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico
DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
MPCC - Manual de Processos Chave da Creche
NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico
OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs
13
Introduccedilatildeo
No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de
Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja
temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento
do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia
Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi
definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles
- Compreender o conceito de criatividade
- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo
considerando o desenvolvimento da crianccedila
- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da
infacircncia
- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da
criatividade no acircmbito educacional
As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante
uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em
contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada
Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho
pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no
acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do
estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo
educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita
eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo
da praacutetica concretizada
O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16
crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa
da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche
decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019
14
Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho
levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da
estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que
suportam o mesmo
Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a
estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram
de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor
do desenvolvimento deste trabalho
A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de
investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica
da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia
e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)
Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao
desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta
Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas
tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem
desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes
1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)
Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)
Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra
maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)
O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser
humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade
eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada
e promovida
Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e
promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)
Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp
Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)
15
A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e
concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo3
MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade
o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente
educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis
Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o
reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos
assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo
No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto
educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior
(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino
Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia
Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela
estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na
crianccedila
Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver
corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft
(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo
um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia
estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi
referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio
para a formaccedilatildeo plena da crianccedila
2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21
16
1 Enquadramento teoacuterico
11 Criatividade
111 Definiccedilatildeo do conceito
A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil
de definir (McLintic 2018)
Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como
tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua
complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo
atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes
autores
Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por
Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do
conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo
Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)
refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao
conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem
sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias
antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante
a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua
amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme
referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio
Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve
referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde
a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)
4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino
tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten
Araya 2011 p2)
17
Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num
dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar
de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado
apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave
perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade
como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo
Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo
Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos
aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa
De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados
por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos
significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade
Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave
criatividade mediante perspetivas de diferentes autores
- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que
criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade
a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves
pessoas consideradas criadoras [pessoa]
- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)
criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto
produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se
igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]
- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana
que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua
novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para
o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]
5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa
18
- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo
uacutenico e original [produto]
- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira
2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a
produccedilatildeo de algo novo [produto]
- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade
que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo
padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]
- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker
Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma
habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo
de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]
- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum
comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou
realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]
- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo
atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo
formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e
posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]
- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de
originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda
uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]
- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude
que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo
caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]
19
- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a
capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-
produto]
- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de
capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se
caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se
desenvolvam [pessoa-produto]
- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que
permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de
personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]
- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual
se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]
Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para
o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-
se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo
apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel
histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)
caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)
Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e
Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido
consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld
amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo
(p62)
Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman
amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo
e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes
leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes
tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma
20
caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um
processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular
(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)
ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto
consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode
traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e
originalidade
Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou
diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de
complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se
verifica (Braumann 2009 Morais 2015)
Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)
defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a
originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo
implicam obrigatoriamente criatividade
Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute
frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos
o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um
processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais
mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para
se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante
Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o
recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson
2011)
Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e
em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por
Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade
eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees
objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a
laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo
Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma
competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os
21
estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)
permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias
suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da
novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao
meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo
Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da
trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem
simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo
uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de
complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais
112 Capacidade inata ou adquirida
Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel
deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por
sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por
conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um
sentido criativo
Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta
como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser
adquirida
Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a
criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da
caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento
perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow
1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar
1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009
Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave
semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De
La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem
de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu
contexto sociocultural por exemplo
22
Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal
natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp
Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992
1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco
(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo
o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial
Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte
desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e
contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de
forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo
Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do
ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar
(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o
ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o
desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees
oferecidas
Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave
emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois
aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no
seu desenvolvimento
Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e
consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por
Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo
apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que
circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio
necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem
obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo
Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos
internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente
dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)
23
Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica
intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo
o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as
caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo
se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto
ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980
p117)
12 Educaccedilatildeo e criatividade
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo
A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto
eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e
Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003
citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada
pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas
do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta
a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar
necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais
adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)
Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no
mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os
criamosrdquo6
Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece
ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na
sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos
6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by
the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)
24
educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no
desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)
Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono
(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais
importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a
repetir os mesmos padrotildeesrdquo7
Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas
pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se
caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de
adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas
E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade
em contexto educativo
Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do
estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator
fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma
educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8
Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a
afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse
modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo
Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade
poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos
que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma
constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que
7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human
resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the
same patternsrdquo (Edward de Bono sd)
8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a
existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo
Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a
criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que
promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo
25
uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-
atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)
Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta
a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual
em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma
abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha
de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA
educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um
futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta
anosrdquo (p19)
Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas
encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social
cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e
repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver
competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta
realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)
responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e
rapidamente (hellip)rdquo
Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela
que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e
reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela
crianccedilardquo (p21)
Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp
Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por
parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao
indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo
baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do
indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo
combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social
Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute
absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as
26
quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma
educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)
Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma
educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do
indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas
rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)
predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)
Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem
indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do
desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que
lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal
Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por
Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo
de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo
daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo
As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para
a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas
que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que
concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus
proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas
e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar
Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como
uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma
espeacutecie de know-how
Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a
criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos
resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo
ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de
percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo
de ideiasrdquo (p18)
27
A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par
com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo
humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas
possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve
passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas
ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)
Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma
perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas
educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e
aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se
em agentes sociais significativosrdquo (p123)
Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a
criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo
associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia
permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se
deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de
perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais
Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft
(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano
deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos
e natildeo prejudiciais
Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante
desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando
o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja
capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em
questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter
conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua
adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave
unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia
diferenciando-o dos demais
Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia
se pode denominar como uma atitude de e perante a vida
28
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de
referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas
Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no
desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras
competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por
Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco
2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)
Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a
criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-
aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp
Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema
educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e
superior
Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa
a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda
alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar)
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE
2016)
No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste
relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais
especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a
documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]
29
Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do
contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse
motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho
(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda
e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume
Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com
crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma
profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade
acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso
para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)
Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)
defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees
estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a
valecircncia em questatildeo apresenta
A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo
preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar
uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos
cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve
ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto
indiviacuteduordquo (p1)
Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias
integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o
desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico
defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)
30
educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que
ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila
Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de
anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder
ao registo dos resultados obtidos
Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP
mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo
respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da
Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)
estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)
Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir
para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos
indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis
autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I
Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico
e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre
troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de
julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se
empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)
No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-
aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave
EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila
assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I
Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)
Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade
tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art
7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)
Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a
descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio
31
memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica
promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade
socialrdquo
De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino
averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos
elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino
Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne
ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III
constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo
de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma
Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades
especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II
Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como
principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem
necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo
anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma
o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga
e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se
necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar
o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se
verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e
econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar
de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios
e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra
Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute
caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e
atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos
responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas
32
as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao
niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino
e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de
competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a
elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida
no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as
crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de
uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em
que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade
Obrigatoacuteria p10)
Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo
se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees
relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas
disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do
documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de
Competecircncias
A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os
jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a
criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma
vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da
escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente
criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo
(p15)
Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais
determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e
desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o
pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser
fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento
incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma
relaccedilatildeo processo-produto se tratasse
Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees
complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo
33
humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute
tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se
assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e
aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de
diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos
cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de
competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-
produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo
causa-efeito
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na
sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-
Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap
IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam
quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute
defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo
essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo
preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]
homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como
sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-
escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)
As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios
sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e
Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo
Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da
conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo
assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa
desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de
conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de
infacircnciardquo (p34)
34
No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas
crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se
colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a
participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de
agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se
com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9
Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea
incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)
aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu
processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo
A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as
OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes
Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e
Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)
formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os
seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o
mundo que a rodeiardquo (p43)
Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma
grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade
encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como
uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas
e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)
No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se
como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)
tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial
criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de
competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas
9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60
35
criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de
jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar
movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de
situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou
ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e
criticando-as13
Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo
em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO
desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas
de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o
desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e
maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da
Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e
Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo
Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim
como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo
e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da
Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave
criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente
desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado
Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de
modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito
maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o
desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios
respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo
11 Consultar OCEPE p 52
12 Consultar OCEPE p 57
13 Consultar OCEPE p 83
36
Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens
a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais
subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma
considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves
possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento
considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de
conteuacutedo que integram as OCEPE
Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de
aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute
promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que
a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos
sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias
proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees
que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas
emocionais e criativasrdquo (p105)
Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema
Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua
documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto
agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado
Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras
experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute
ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias
e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem
ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36
meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu
desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)
Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no
desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a
criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e
37
explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de
estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se
encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo
Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de
Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam
um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute
que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e
capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados
ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo
A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser
assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada
como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da
crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado
ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)
expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)
Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e
Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se
constatam Veja-se
Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que
ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas
no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos
tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que
lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo
contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos
requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se
semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias
14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25
38
A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo
educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino
termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta
somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e
Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos
Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia
que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a
subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do
pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto
de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino
citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo
O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a
Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de
ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por
se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a
Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel
No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei
nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas
baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de
estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o
fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias
sejam em nuacutemero reduzido
Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se
presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como
na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo
Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do
Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo
ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes
39
formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em
todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger
o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a
transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute
que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente
agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila
verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade
no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas
Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e
inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se
verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes
(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento
da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a
determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas
aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral
No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se
assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos
educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um
processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma
continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e
cidadatildeo
Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp
Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria
igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez
que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo
acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente
relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar
atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto
que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas
simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria
40
Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a
criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer
que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da
criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar
referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e
praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem
adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os
educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades
e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo
A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e
Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na
educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que
permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo
existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando
a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que
aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem
ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das
suas potencialidades criativas
Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de
documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a
desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que
por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche
(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do
Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas
promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops
seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora
relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de
competecircncias criativas
No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume
foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator
Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos
serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet
praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que
41
podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais
praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo
assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa
De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na
documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da
mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa
natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos
face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que
permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa
Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar
um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas
desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de
educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo
obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias
Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias
Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria
em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em
oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que
estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a
incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos
documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP
se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que
permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto
Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha
existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos
educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade
educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a
importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade
das crianccedilasrdquo (p76)
Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e
informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que
poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
42
Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida
aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas
dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de
atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se
relacionam e se inserem
Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo
destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de
incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode
assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)
Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores
preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles
ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando
os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que
ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser
preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se
tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo
(Novaes 1980 p121)
Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes
torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por
conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas
distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso
comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem
simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e
nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis
Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao
desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se
vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que
natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem
omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas
necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica
Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes
na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e
43
praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de
autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo
(p9)
Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso
Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto
educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade
(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores
em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o
neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender
com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)
Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de
orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto
educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal
aspeto
Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com
o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi
possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo
mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o
Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo
de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo
uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC
Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)
uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e
interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos
principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo
de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo
nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo
a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando
valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo
contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes
ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da
APEI)
44
Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no
desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que
permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e
propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias
coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave
periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador
que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas
as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa
Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade
trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente
denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa
sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de
reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua
Qualidaderdquo
Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar
artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)
sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-
line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem
ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um
entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados
em papel apresentam um custo monetaacuterio
Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de
caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela
promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas
muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o
intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover
atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que
podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo
contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que
correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo
de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de
cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos
da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)
45
Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas
promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia
Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um
conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como
ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas
aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)
No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram
disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para
consulta on-line
Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da
APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que
concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da
Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas
que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a
finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber
Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo
enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo
de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino
Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar
ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da
Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua
desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores
dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)
Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado
pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos
se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees
neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme
referido
Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino
Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da
docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-
46
se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas
uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o
seu maacuteximo potencial
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes
educativos
A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel
afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo
somente em etapas da vida numa fase posterior
Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente
pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda
2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por
Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a
importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd
citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do
potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o
(Alencar 1992 Novaes 1980)
A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe
a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que
possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave
acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)
Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo
sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica
que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute
afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo
positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade
(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)
Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na
infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram
mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute
47
porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)
apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar
as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da
criatividade na infacircncia
Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo
criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo
da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser
desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)
Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas
visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia
uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar
no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-
se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes
2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco
2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma
atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora
contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila
Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades
fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas
pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras
estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as
suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu
potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e
proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante
o decorrer dos momentos de brincadeira
48
Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o
fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo
desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7
Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)
atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos
1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira
2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)
ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave
busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada
situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar
1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do
potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de
Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar
(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que
aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto
de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem
ser adotadas
Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do
desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se
tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA
criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta
a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo
conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)
No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha
da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades
competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de
aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo
se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa
2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem
estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)
49
132 Papel do educador
O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento
responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico
que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada
apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como
aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu
desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser
planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo
do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades
devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e
Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade
pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e
consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)
Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e
desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila
considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e
ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado
com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as
suas aprendizagens e progressos
Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp
Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais
ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores
Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade
e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo
normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias
que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto
dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam
50
o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas
face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa
Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos
professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)
os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos
contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos
e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma
relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo
Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes
desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer
mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do
educando e seus comportamentos
De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente
face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo
condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como
o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley
1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)
Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente
ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando
Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento
da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees
estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico
de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes
1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)
Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da
criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo
e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar
1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)
51
Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola
avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto
favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)
Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel
do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como
favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial
criativo da crianccedila
Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as
causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)
Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar
traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e
inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo
mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar
acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente
encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas
de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do
potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a
tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a
relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo
acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea
2008)
Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem
favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e
influecircncia exercida no educando e ambiente educativo
Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores
favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes
- Atitudes e valores
- Interaccedilatildeo educador-crianccedila
- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
- Conhecimento e formaccedilatildeo
52
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
Papel do
educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Atitudes e
valores
Conceccedilatildeo da criatividade como elemento
essencial ao processo educativo
(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-
Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp
Alencar 2018 p7)
Conformaccedilatildeo com entraves surgidas
face agrave promoccedilatildeo da criatividade
(Alencar 1992 Sternberg amp
Williams 2003)
Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da
criatividade
(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Desvalorizaccedilatildeo das suas
competecircncias
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Falta de confianccedila e inseguranccedila em
agir com receio de errar ou atentar
contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do
sistema educativo
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Interaccedilatildeo
educador-
crianccedila
Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista
ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo
educando
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley
1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten
2005)
Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do
educando
(Torrance 1977)
Elogio e criacuteticas construtivas
(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith
2001)
Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de
cada crianccedila assim como do seu
potencial criativo
(Alencar 1992 2007 Sternberg amp
Williams 2003)
Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada
educando
(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar
2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira
amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005)
Supervisatildeo e controlo excessivo
(Torrance 1977 Sternberg amp
Williams 2003)
Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens
desenvolvidas pelo educando
(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por
Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten
2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)
Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de
valor eou comentaacuterios depreciativos
(Alencar 1992 Torrance 1977)
53
Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no
que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de
seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no
caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente
Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no
educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)
Papel do educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Organizaccedilatildeo do
ambiente
educativo
Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no
processo educativo
(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar
2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)
Dependecircncia exclusiva do
curriacuteculo
(Alencar 1992 2007 Torrance
1977)
Aprovisionamento de tempo e oportunidades que
permitam ao educando efetuar descobertas e
aprendizagens mediante o seu ritmo
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997
Fleith 2001 Aragoacuten 2005)
Ensino Tradicional
(Alencar 1992 2007 Morejoacuten
2000 Alencar Fleith amp Pereira
2017)
Fornecimento de recursos materiais adequados
aos interesses competecircncias e necessidades dos
educandos
(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)
Oferta excessiva de recursos
materiais
(Torrance 1977)
Clima democraacutetico
(Torrance 1977 Cropley 1997)
Tempo destinado exclusivamente agrave
promoccedilatildeo de aprendizagens
curriculares
(Alencar 1992 Cachia Ferrari
Ala-Mutka amp Punie 2010)
Conhecimento e
Formaccedilatildeo
Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade
Carecircncia de saberes acerca do tema
(criatividade)
(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010
Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
54
ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e
reprimidas
Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da
criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave
perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao
indiviacuteduo assim como de naturezas diversas
55
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas
Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)
um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as
hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)
Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo
de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho
Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao
desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo
revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute
meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e
necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho
pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo
de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no
qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede
privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo
A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente
necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no
qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada
de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto
mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora
No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee
de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o
funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a
56
crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades
compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)
No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm
CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de
escolaridade)
Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas
polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as
suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos
aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)
Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo
educativa estes satildeo
- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo
Pedagoacutegica
- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de
Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas
Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma
Conselho de turma
- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas
Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos
administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza
- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais
Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito
agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de
accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as
salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala
verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36
meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma
sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade
57
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional
Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a
perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em
questatildeo
Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento
face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao
desenvolvimento do educando17
Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade
os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras
finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e
competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de
interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para
desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo
progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania
a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que
concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila
Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na
qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser
fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento
integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees
surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e
inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18
No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade
natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa
dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo
16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz
educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da
inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
58
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se
desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu
e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o
grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e
sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel
Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32
meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das
crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do
sexo feminino
No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo
em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar
que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante
aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e
informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)
desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo
Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria
mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte
da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas
durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para
as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e
registado
Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria
esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste
em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e
19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os
sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para
efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)
59
descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o
desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)
Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de
informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua
Portuguesa)
Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o
conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao
desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia
considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente
agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas
(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)
Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao
desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do
desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que
somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes
encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo
ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas
ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e
atitudes perante um contexto natildeo-familiar
Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e
comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as
crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21
visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e
correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo
grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)
Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp
Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada
20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores
60
vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo
(p162)
Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem
acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi
possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman
(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e
subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo
alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)
Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio
das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa
Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas
matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus
com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos
Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom
desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees
A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de
pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas
das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24
encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por
duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida
pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras
finas)
Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa
etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo
elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo
22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos
61
O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e
caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento
do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais
especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds
amp Feldman 2009)
No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um
bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos
sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo
Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta
nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo
grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha
na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem
do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta
constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias
das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades
de expressatildeo plaacutestica
Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o
desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando
e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode
constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila
(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)
O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma
atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky
1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via
27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em
diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e
diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio
62
atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016
Oliveira 2018) 32
Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo
o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de
categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda
se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o
nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)
Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a
maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena
minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)
Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste
fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e
compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada
considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em
questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo
ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos
manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a
aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados
Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem
oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se
registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever
aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo
educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a
musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha
verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem
a sua frequecircncia em terapia da fala
32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
63
Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira
recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos
necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees
As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave
comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais
constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)
elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar
o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)
Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses
estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na
formaccedilatildeo de frases (simples)33
Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um
discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente
No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento
face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do
seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso
instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo
Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia
esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para
avaliaccedilatildeo da autonomia)
Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as
autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto
Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para
eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem
usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas
apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade
33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do
desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)
34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo
64
Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave
partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35
O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver
a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos
Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves
crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)
No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou
acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste
tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila
envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou
soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No
entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se
primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim
de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees
sociais e desenvolvimento integral
Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em
situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas
compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma
soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador
incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas
exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si
proacuteprias e nos outros
Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da
sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre
si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente
aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a
35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para
consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de
uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na
procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila
36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais
(Eisenberg 2005)
65
desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a
interagir seja com outras crianccedilas ou adultos
Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade
e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a
estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um
facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre
as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo
da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada
Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade
o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila
conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento
Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a
caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito
(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain
1977)38
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das
intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo
promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e
apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas
necessidades e interesses
Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo
materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas
entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades
37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
38 Ver 132 Papel do educador
66
2311 Espaccedilo
Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves
oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-
se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o
intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas
Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute
espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos
pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode
ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)
As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas
pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para
o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve
assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39
Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas
criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a
possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas
Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem
de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo
ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse
modo perigo
No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito
tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico
permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis
quedas
39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a
serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel
superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se
encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis
de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas
67
Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post
2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento
visual da crianccedilardquo
Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que
permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior
Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o
mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel
obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante
luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso
a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos
presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem
favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas
cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas
No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para
a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do
espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para
as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)
Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves
crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e
consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees
Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se
encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua
abertura por parte das mesmas
No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas
dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e
ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos
As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter
perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo
bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas
68
O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e
respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al
2016)
A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam
aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de
papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)
2312 Materiais
Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis
diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila
condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu
desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)
Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e
considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
por parte das crianccedilas estes apresentam-se
- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)
- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia
condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das
crianccedilas)
- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo
pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que
facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos
materiais disponibilizados
- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de
inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)
- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo
(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de
69
feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores
do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para
realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo
dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e
dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros
puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)
Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores
agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se
encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas
Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees
(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos
quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em
contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas
podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente
seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza
2313 Tempo
O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador
e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser
somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais
necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo
permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo
(Cardona 1999 Silva et al 2016)
A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua
sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta
conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al
1996 Niza 2012)
Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu
esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas
realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)
higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a
70
ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por
todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas
ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)
Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a
educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em
questatildeo Silva et al (2016) afirmam que
ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser
responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se
traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e
dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve
assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em
que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)
O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por
norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles
dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para
o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para
efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas
pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas
podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado
agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham
feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)
No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita
atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de
atender agraves suas necessidades
Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez
numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel
seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora
dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo
do conhecimento da mesma pelo grupo
71
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees
23141 Crianccedila-crianccedila
Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos
de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas
(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e
intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)
Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem
em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando
conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem
O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes
momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em
pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente
Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e
relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para
serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando
mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila
Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as
crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim
consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras
Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de
conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como
mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser
simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho
e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)
Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira
1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai
sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas
Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se
estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si
72
23142 Crianccedila-adulto
No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente
educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees
distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria
personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e
valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)
O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de
aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas
educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como
apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)
Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora
cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas
satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo
havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees
planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo
adequadas a cada crianccedila
Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas
tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas
como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no
denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)
o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse
modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na
mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com
a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas
solicitaccedilotildees
Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram
os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas
conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho
40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)
73
Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se
expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo
relativamente agrave privacidade
Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam
fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave
intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas
natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela
positividade
No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas
participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo
educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute
concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no
momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses
As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam
desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela
equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente
educativo no qual se encontram inseridas
Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto
que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um
balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente
enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras
na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na
creche
Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-
se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se
41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo
74
baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do
interesse do grupo envolvido
Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)
abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)
Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em
qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos
(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva
1998)
Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise
esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado
tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)
Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto
de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de
competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de
informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da
tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e
criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da
autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo
de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)
A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila
e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um
ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes
em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)
Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve
proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio
processo de aprendizagem
No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem
de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de
projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-
educador
75
Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais
experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)
Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a
metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o
estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3
anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da
crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais
se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)
Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma
metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada
a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por
Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se
relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais
razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo
sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)
Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de
respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e
conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim
como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as
crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees
descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de
ambos os sujeitos
Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar
na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases
- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)
- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando
e quem)
- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)
- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e
partilha com outros elementos da comunidade educativa)
76
No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas
de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida
enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente
capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve
ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar
Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do
ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima
democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir
autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de
interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos
e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo
de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo
dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)
Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado
ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as
crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses
das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto
agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo
educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)
Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche
uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente
educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto
educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de
ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho
2013 p58)
A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo
das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao
ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as
77
ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao
contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)
Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto
Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas
aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a
crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e
construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado
por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto
desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades
compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes
do mesmo
Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo
de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja
principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente
relatoacuterio
Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos
promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de
brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso
a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e
consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a
educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem
ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas
42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
78
Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi
afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo
(p75)
Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um
projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses
das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte
a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo
Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do
educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as
intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito
pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva
(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas
no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as
quais se enquadra o trabalho de projeto)
Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves
caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que
embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas
proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento
singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais
se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva
potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente
educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial
criativo do educando
Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se
conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade
43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se
encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
79
No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se
torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e
esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante
No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como
meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas
relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47
Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de
ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que
possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor
preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes
criadoras
Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-
Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de
fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias
que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)
No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem
foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila
Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo
implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades
individuais (hellip)rdquo (p119)
Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo
da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das
intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma
educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que
cria laccedilos sociaisrdquo (p21)
46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo
47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
80
Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas
etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos
(1998)48
Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e
prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este
Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que
as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a
asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute
que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute
apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja
confrontada
Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam
responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou
crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e
psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)
251 Definiccedilatildeo do problema
Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada
durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto
Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo
se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o
qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta
No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o
haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade
que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees
com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era
48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
81
constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o
grupo acabava por aderir
Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o
desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas
Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos
interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir
uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)
indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas
Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser
aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do
projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo
Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs
Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a
destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)
afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se
pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo
sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo
(p64)
Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual
o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os
por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo
Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate
necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA
Lili e o Lobo Maurdquo)
A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo
desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo
Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o
objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos
representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de
chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos
materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)
82
Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que
fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver
as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi
posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a
dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos
fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse
podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo
(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)
No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de
dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante
satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar
desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando
compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma
Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas
crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas
em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se
encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-
se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face
agraves suas intencionalidades
Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode
oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da
motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais
O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa
prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser
levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas
questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo
para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida
49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial
criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel
pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)
83
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do
projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por
elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem
na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as
crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse
A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste
projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar
por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as
famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo
escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria
para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de
tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das
crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees
dos meninos e meninas
No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)
referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador
deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de
estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo
Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o
ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de
diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse
Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora
do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que
levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento
sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem
tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em
casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias
jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais
84
Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de
crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem
vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)
Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo
deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da
refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a
alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas)
Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta
foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute
natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos
elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito
de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles
Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos
motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e
dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua
casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente
promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da
linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da
relaccedilatildeo causa-efeito
No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-
se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo
ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima
democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51
Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al
(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o
seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo
51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a
promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade
(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)
85
processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da
autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo
Acrescentam ainda que
Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai
mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos
atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os
problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a
criatividade (Silva et al 2016 p34)
Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico
A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e
aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se
exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo
pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)
Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo
das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de
tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma
funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo
e descoberta agrave crianccedila
As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de
conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo
chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao
niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais
especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser
desenvolvida pela maioria do grupo
Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando
em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da
qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si
proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)
86
A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente
A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto
o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A
criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada
para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)
Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas
planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do
projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o
decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante
a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio
Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute
condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para
o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)
Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela
accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando
saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia
(Dewey amp Dewey 1915)
Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma
constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a
experimentaccedilatildeordquo52
Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como
meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes
dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava
um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto
ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a
criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto
52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma
construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo
(Freinet sd)
87
A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de
integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo
tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem
o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais
Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo
Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma
ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a
comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)
A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar
1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-
Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky
1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)
Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a
situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem
desenvolvendo possiacuteveis ideias
Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao
fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo
da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e
protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave
distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a
expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao
grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)
que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo
Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a
expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era
53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao
estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz
imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando
ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das
crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)
88
questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso
negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas
A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo
influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente
agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo
considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que
estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a
pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo
o que natildeo era possiacutevel
Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face
ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves
crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve
explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas
referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da
Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente
para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser
reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados
pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a
manipulaccedilatildeo dos mesmos
As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com
as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses
Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem
se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998
Rodrigues 2004)
No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo
exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do
ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis
agrave prossecuccedilatildeo das atividades
Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em
aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na
mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a
89
ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora
cooperante
Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado
ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que
antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo
Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta
natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e
considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo
Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava
a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto
sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo
se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela
instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a
atividades livres
Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os
interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos
mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis
custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que
estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade
Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas
materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes
despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e
observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das
crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como
materiais de expressatildeo plaacutestica
No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido
desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o
meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde
constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste
relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia
das artes no desenvolvimento da crianccedila
90
Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais
apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o
egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em
questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez
constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo
e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro
Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de
opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de
negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo
(p39)
Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e
negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila
Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em
seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam
realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e
como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados
jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a
conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse
conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar
253 Execuccedilatildeo
No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto
cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das
quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo
visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum
No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as
atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares
e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e
disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de
crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se
iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos
91
Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi
o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar
uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade
Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando
que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos
permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais
individualizados e inclusivosrdquo (p8)
Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar
mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o
desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)
Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor
coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave
realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite
que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)
Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade
de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um
tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de
todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)
Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava
convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo
jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o
educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar
Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio
se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras
atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto
com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse
Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia
todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo
(p105)
Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas
considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a
92
par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de
transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em
grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente
expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas
participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo
Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes
construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de
todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados
e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)
Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute
desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma
partilha de saberes coletiva
2531 Jogo da memoacuteria
No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se
proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por
introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo
de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o
intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel
de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas
ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili
A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de
processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e
concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo
Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade
do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel
deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a
maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que
55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas
imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e
concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes
93
apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos
consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma
crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando
caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)
Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos
colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual
estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo
da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)
Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de
algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na
concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de
implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas
mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente
desenvolvimento de competecircncias
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)
Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das
atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao
desenvolvimento da casa da Lili
No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa
da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que
mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham
indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos
jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56
Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que
concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os
materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as
56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
94
principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as
suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto
Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher
aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de
expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal
facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas
Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na
instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo
plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder
agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo
o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua
que se encontravam presentes no espaccedilo educativo
O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o
intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as
dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das
paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da
colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas
possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar
os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver
Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57
desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo
Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2
anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando
espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash
Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)
Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas
revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo
parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador
57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain
1977)
95
fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila
do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento
As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem
significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento
do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma
que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona
bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo
desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho
colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico
partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores
Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o
reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash
Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas
Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas
crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na
concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem
observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa
da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das
atividades sem interferir nas mesmas
Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes
no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili
como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as
dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa
da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a
executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo
impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de
realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a
assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir
96
questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do
seu agrado e como deveria continuar a proceder
Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma
vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa
parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes
Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do
desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros
e quantidades formas e noccedilotildees espaciais
Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada
dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado
espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o
fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira
livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)
A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar
fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem
posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo
estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo
Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)
Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em
desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da
Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa
que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a
educadora cooperante
No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio
disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de
58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da
criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
97
tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo
da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa
atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou
Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na
instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material
por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o
efeito pretendido
As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a
diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua
liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu
para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na
casa da Lili)
Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no
manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem
dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por
uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas
natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola
disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola
natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos
Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido
o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as
habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o
desenvolvimento do sentido esteacutetico
2535 Montagem da casa da Lili
Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua
montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras
na tatildeo aguardada casa
No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio
definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com
98
o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da
casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas
que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante
pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos
de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo
semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo
Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como
a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim
como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no
qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia
ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham
apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela
crianccedila
Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma
vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo
natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material
A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os
tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das
crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao
teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem
que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas
No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo
vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo
que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia
o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e
possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes
crianccedilas
Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo
estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a
afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na
instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o
espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar
99
No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os
movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves
dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os
recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas
brincadeiras
No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela
educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva
conclusatildeo da casa da Lili
A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as
mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a
material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse
motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa
Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha
conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus
interesses
Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave
mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde
as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser
realizadas atraveacutes das janelas
Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional
nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar
a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a
questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave
porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal
era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida
Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e
assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili
algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio
agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash
Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de
crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas
100
em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao
usufruto da casa
Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se
constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo
oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico
(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros
merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si
responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e
valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado
A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto
de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os
tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59
Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas
igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o
mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim
de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse
momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute
mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados
que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo
natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo
Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili
com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as
crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo
A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde
em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram
59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18
101
tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas
de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo
com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez
que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das
habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica
Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo
podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide
exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa
inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem
ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas
segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel
telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua
configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com
mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado
No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam
ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a
interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas
duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam
afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no
entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado
Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como
o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da
tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando
o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de
um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo
A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e
estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente
afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e
salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar
61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos
das mesas
102
o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas
em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa
Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas
(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder
de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas
todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim
colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram
disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)
pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no
papel de cenaacuterio
As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e
estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria
assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas
explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como
se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos
peacutes das crianccedilas)
Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era
o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-
se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas
caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da
atividade
Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do
aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da
coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex
estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili
Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de
se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter
utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de
103
decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma
das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa
A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido
que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62
Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material
do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas
a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute
que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia
crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade
Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a
formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou
com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse
concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser
possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com
os outros momentos da rotina consequentes
No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas
pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria
procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade
que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado
o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios
Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade
agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade
de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo
se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso
agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por
pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo
do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura
do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)
62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila
104
Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e
fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades
posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas
pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas
com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas
e texturas
Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas
e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se
espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao
percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as
suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)
Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a
mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas
face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65
fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36
ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)
Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada
uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a
realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores
efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66
Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de
significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais
cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo
63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila
65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila
66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o
desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias
face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com
cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as
crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas
105
para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas
tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada
Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do
aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes
do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho
colaborativo e trabalho cooperativo
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili
levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que
fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de
realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam
ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades
considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles
destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode
condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades
de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens
Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de
tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a
concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68
a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das
crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes
disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no
67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili
68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos
riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que
natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de
verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes
alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas
apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova
atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse
sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas
106
que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades
anteriormente realizadas69
Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que
concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo
esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando
as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura
Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e
misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas
Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de
utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos
e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na
promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo
de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos
para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)
Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente
cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos
desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada
crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto
estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das
criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que
durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto
que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia
Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas
em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende
que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das
69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou
bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas
71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias
entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)
107
realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do
desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens
Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas
usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo
um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por
conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor
procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas
da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo
estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo
Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma
teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas
relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das
cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e
conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da
massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo
2541 Avaliaccedilatildeo
Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para
a accedilatildeordquo (p15)
Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida
com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo
para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004
Silva et al 2016)
25411 Crianccedilas
A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma
sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e
considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser
108
modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento
das aprendizagens
Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo
permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o
desenvolvimento cognitivo e da linguagem
Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas
mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila
Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais
momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute
nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves
crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham
realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo
mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas
caso as fossem efetuar futuramente
Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente
acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador
constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base
de desenvolvimento dessa
Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa
educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que
foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este
questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)
Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo
indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a
avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento
sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo
avaliativo que seja processado de modo persistente
25412 Famiacutelias
Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que
estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem
109
Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no
desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais
responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo
Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo
de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas
conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)
Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois
dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a
cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o
trabalho de projeto desenvolvido
Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma
explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento
concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)
Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como
referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes
que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo
uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais
adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios
progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo
necessaacuterios
Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias
caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de
famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista
No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento
redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora
sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo
limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias
72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio
110
Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e
anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias
Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas
revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da
ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia
Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores
da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou
na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia
alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute
mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo
ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo
projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73
No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a
importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis
pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis
Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um
terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de
desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)
Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham
conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo
e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam
por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva
face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa
amp Sarmento 2010 p149)
Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento
das crianccedilas as famiacutelias indicaram
73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia
pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)
111
- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam
de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades
- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e
ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas
famiacutelias
- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado
- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar
ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das
famiacutelias
- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas
vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas
Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de
um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico
Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute
proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)
2542 Divulgaccedilatildeo
Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi
desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas
maneiras (Vasconcelos 1998)
A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir
acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-
os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)
No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas
educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua
jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo
sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo
de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o
que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas
112
e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em
horaacuterios poacutes letivo
As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo
aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das
atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os
pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o
fomento da sua auto-estima e confianccedila
Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e
valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)
Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)
assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo
projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar
tal projeto avante
Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo
efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo
concretizadas pelas crianccedilas
Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias
durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto
com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o
que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa
Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o
projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite
soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade
de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante
a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo
ocorresse
Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas
ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo
a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente
educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas
responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros
113
3 Consideraccedilotildees finais
Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido
percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a
qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia
Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave
concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos
definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse
fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de
objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma
metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um
trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa
integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um
ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade
A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a
potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila
considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se
um desenvolvimento integrado
Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial
criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico
desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de
aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo
criativa da crianccedila eacute condicionada por esse
Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os
fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas
tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias
necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a
promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o
cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo
114
Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de
oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi
fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta
perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a
Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o
educar
Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das
crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem
juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila
assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-
se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos
inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo
do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno
Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a
cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do
presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das
famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua
vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das
suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das
famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa
derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa
Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de
Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da
crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias
aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro
2011 p100)
Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal
(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao
processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu
papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para
explorar intervir decidir e agir
115
Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche
jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das
experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de
ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem
para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se
inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas
crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de
crianccedilas
Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral
considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel
pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila
Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo
das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New
Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)
Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da
criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz
respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs
Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente
relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o
reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores
do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar
ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a
criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo
Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao
desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da
associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como
destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a
associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso
Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito
de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo
legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do
116
potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute
igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens
Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida
continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da
criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem
perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal
Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente
educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma
competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida
permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como
a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees
considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam
117
Bibliografia
Alencar E (1986) Criatividade e ensino Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 6(1) 13-16
httpsdxdoiorg101590S1414-98931986000100004
Alencar E (1992) Como desenvolver o potencial criador um guia para a liberaccedilatildeo da
criatividade em sala de aula (2ordf ed) Petroacutepolis Vozes
Alencar E (1998) Desenvolvendo o potencial criador 25 anos de pesquisa Cadernos de
Psicologia 4(1) 113-122 Disponiacutevel em
httpsrepositorioucbbrjspuihandle1234567897374
Alencar E (2001) Obstacles to personal creativity among university students Gifted Education
International 15(2) 133-140 Recuperado de
httpciteseerxistpsueduviewdocdownloaddoi=10118814856amprep=rep1amptype=pdf
Alencar E (2007) Criatividade no contexto educacional trecircs deacutecadas de pesquisa Psicologia
Teoria e Pesquisa 23 45-49 httpsdxdoiorg101590S0102-37722007000500008
Alencar E (2008) DESFAZENDO OS MITOS SOBRE A CRIATIVIDADE Fundaccedilatildeo
Catarinense de Educaccedilatildeo Especial Disponiacutevel em
httpwwwfceescgovbrindexphpbuscasearchword=alencarampsearchphrase=all
Alencar E amp Fleith D (2004) Inventaacuterio de Praacuteticas Docentes que Favorecem a Criatividade
no Ensino Superior Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 17(1) 105-110
httpsdxdoiorg101590S0102-79722004000100013
Alencar E amp Fleith D (2010) Escala de praacuteticas docentes para a criatividade na educaccedilatildeo
superior Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 9(1) 13-24 Recuperado de
httppepsicbvsaludorgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1677-04712010000100003
Alencar E Fleith D amp Pereira N (2017) Creativity in Higher Education Challenges and
Facilitating Factors Temas em Psicologia 25(2) 553-561 httpsdxdoiorg109788TP20172-
09
Alencar E amp Martiacutenez A (1998) Barreiras agrave expressatildeo da criatividade entre profissionais
brasileiros cubanos e portugueses Psicologia Escolar e Educacional 2(1) 23-32 Recuperado
de httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
85571998000100003amplng=enamptlng=pt
118
Almeida G amp Almeida G (2015) Criatividade conceito e reflexatildeo Estado escola e sociedade
na perspectiva da internacionalizaccedilatildeo Desafios Das Poliacuteticas Puacuteblicas Docentes Nos Planos De
Educaccedilatildeo 8(1) Recuperado de httpseventossetedubrindexphpenfopearticleview1457
Amabile T (2012) Componential Theory of Creativity Harvard Business School Working
Paper 96(12) Recuperado de httpswwwhbsedufacultyPagesitemaspxnum=42469
Anderson H (1960) The Nature of Creativity Studies in Art Education 1(2) 10-17 DOI
1023071319842
Aragoacuten O (2005) Algunos indicadores para el desarrollo de la creatividad In Gomeacutez Cumpa J
(Org) Desarrollo de la Creatividad (pp119-122) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash
UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Arrizabalaga E (2014) Anaacutelisis del concepto de creatividad y metodologiacuteas procesuales en
treinta artistas vascas contemporaacuteneas (Tese de Doutoramento) Universidad del Paiacutes Vasco
Recuperado de httphdlhandlenet1081014748
Barboza L amp Volpini M (2015) O faz de conta simboacutelico representativo ou imaginaacuterio
Cadernos de Educaccedilatildeo Ensino e Sociedade 2(1) 1-12 Recuperado de
httpunifafibecombrrevistasonlinearquivoscadernodeeducacaosumario350604201520020
8pdf
Bastos G (1999) Literatura infantil e juvenil Lisboa Universidade Aberta
Braumann M (2009) Questotildees e razotildees Criatividade artiacutestica e criatividade cientiacutefica Noesis
77 26-31 Recuperado de
http19313722207imageswinlibimgaspxskey=ampdoc=144044ampimg=1290ampsave=true
Cachia R Ferrari A Ala-Mutka K amp Punie Y (2010) Creative Learning and Innovative
Teaching Final Report on the Study on Creativity and Innovation in Educationin the EU Member
States Luxembourg Publications Office of the European Union DOI 10279152913
Caldwell B (1995) In Bebeacute XXI - Crianccedila e famiacutelia na viragem do seacuteculo Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Cardona M (1999) O Espaccedilo e o tempo no Jardim de infacircncia Pro-Posiccedilotildees 10(1) 132-138
Recuperado de httpsperiodicossbuunicampbrojsindexphpproposicarticleview8644105
119
Carvalho A amp Beraldo K (1989) Interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila ressurgimento de uma aacuterea de
pesquisa e suas perspectivas Cadernos de Pesquisa (71) 55-61 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview1169
Casillas M (1999) Aspectos importantes de la creatividad para trabajar en el aula Revista digital
de educacioacuten 10 1-10 Recuperado de
httpwwwjuntadeandaluciaeseducacionportalsabaco-portletcontent21b7cb3a-f603-429d-
8721-49e3212e113c
Castillo A (1986) La creatividad en el aula actividades para un curriacuteculum creativo Maacutelaga
Innovare
Chacoacuten Araya Y (2011) Una revisioacuten criacutetica del concepto de creatividad Actualidades
Investigativas En Educacioacuten 5(1) httpsdoiorg1015517aiev5i19120
Cicerello R amp Kalinowski M (2007) iquestDe queacute hablamos cuando hablamos de creatividad
Actas De Disentildeo 3(3) 94-97Universidad de Palermo Recuperado de
httpsfidopalermoeduservicios_dycpublicacionesdcvistadetalle_articulophpid_libro=11amp
id_articulo=5485
Coelho A (2004) Educaccedilatildeo e cuidados em creche conceptualizaccedilotildees de um grupo de
educadoras (Tese de Doutoramento Universidade de Aveiro) Disponiacutevel em
httphdlhandlenet1077310856
Costa J amp Costa C (2011) A criatividade e a educaccedilatildeo percursos 23ordm Encontro Nacional da
Associaccedilatildeo de Professores de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo Visual ndash Ensino das Artes Visuais
Identidade e Cultura no seacuteculo XXI pp 97-118 Recuperado de
httphdlhandlenet1019810553
Coutinho A (2010) A accedilatildeo social dos bebecircs um estudo etnograacutefico no contexto da creche (Tese
de Doutoramento Universidade do Minho) Disponiacutevel em httphdlhandlenet182211336
Craft A (2004) A universalizaccedilatildeo da Criatividade Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo
Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Craveiro C (2011) Escutando educadoras de infacircncia de creche Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0
aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica] pp 93-106 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
120
Craveiro M Ferreira I (2007) A Educaccedilatildeo Preacute-Escolar face aos desafios da sociedade do
futuro Cadernos de Estudo (6) 15-21 Porto ESE de Paula Frassinetti Recuperado de
httphdlhandlenet2050011796911
Cropley A (1997) Fostering creativity in the classroom General principles In M Runco (Ed)
The creativity research handbook 1 (pp83-114) Cresskill NJ Hampton Press Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication243787195
Cropley A (1999) Creativity in Education In M Runco amp S Pritzker (Eds) Encyclopedia of
creativity (pp 629-642) San Diego CA Academic Press Recuperado de
httpswwwacademiaedu10502641
Cropley D amp Cropley A (2009) Fostering Creativity A Diagnostic Approach for Higher
Education and Organisations Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication259979702
Csikszentmihalyi M (1996) The Flow of Creativity In M Csikszentmihalyi (Ed) Creativity
Flow and the psychology of discovery and invention (pp107-126) New York Harper Collins
Recuperado de httpsdigitalauthorshipurifileswordpresscom201601csikszentmihalyi-
chapter-flow-and-creativitypdf
Cunha N (2007) Brinquedoteca um mergulho no brincar (4ordf ed) Satildeo Paulo Aquariana
Dacey J amp Madaus G (1969) Creativity definitions explanations and facilitation The Irish
Journal o f Education 3(1) pp55-69 Recuperado de httpwwwercie19690118vol-03-
1969
De Bono E (1970) Lateral Thinking A Textbook of Creativity [Ebook] Harmondsworth
Middlesex England Penguin Books Recuperado de httpsepdfpublateral-thinking-a-
textbook-of-creativitya99e1c6b5278f5ab0820a2d95ef071b9423html
Dempsey J amp Frost J (2002) Contextos Luacutedicos na Educaccedilatildeo de Infacircncia In Spodek B (Ed)
Manual de investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo de infacircncia (Ana Maria Chaves Trad) (pp 687-724)
Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Dewey J amp Dewey E (1915) Schools of To-morrow [Ebook] New York E P Dutton amp
Company Recuperado de httpsarchiveorgdetailsschoolsoftomorro005826mbppagen10
121
Doble Gorriacuten P (2015) Coacutemo estimular la creatividad en los nintildeos de Primaria Intervencioacuten
para 5ordm curso (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893416
Drevdahl J (1956) Factors of importance for creativity Journal of Clinical Psychology 12(1)
21-26 httpsdoiorg1010021097-4679(195601)1213C21AID-
JCLP22701201043E30CO2-S
Eisenberg N (2005) Temperamental Effortful Control (Self-Regulation) Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication238586558
Ferland F (2006) Vamos brincar Na infacircncia e ao longo da vida (Rita Rocha Trad) Lisboa
Climepsi Editores
Fleith D (2000) Teacher and Student Perceptions of Creativity in the Classroom Environment
Roeper Review 22(3) 148-153 httpsdoiorg10108002783190009554022
Fleith D (2001) Criatividade novos conceitos e ideacuteias aplicabilidade agrave educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Especial (17) httpdxdoiorg1059021984686X
Fleith D amp Alencar E (2008) Caracteriacutesticas personoloacutegicas e fatores ambientais
relacionados agrave criatividade do aluno do Ensino Fundamental Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 7(1)
35-44 Recuperado de httpsdialnetuniriojaesservletarticulocodigo=6674859
Folque M (2012) O aprender a aprender no preacute-escolar o modelo pedagoacutegico do
movimento da escola moderna Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Freinet C (1984) El aprendizaje del dibujo (Mordf Dolors Bordas Trad) Barcelona
Martiacutenez Roca
Freitas M (2015) A importacircncia do brincar na educaccedilatildeo infantil (Monografia de
Especializaccedilatildeo Faculdade de Paraacute de Minas) Recuperado de
httpfapamweb797kinghostnetadminmonografiasnupearquivos18072016193403Mariana_
Duartepdf
Garaigordobil M amp Berrueco L (2011) Effects of a Play Program on Creative Thinking of
Preschool Children In The Spanish Journal of Psychology 14(2) 608-818 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication51779808
122
Gomeacutez Cumpa J (2005) Desarrollo de la Creatividad Lambayeque Fondo Editorial FACHSE
ndash UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Goacutemez C amp Rovira A (2012) El aprendizaje musical a traveacutes del pensamiento creativo una
investigacioacuten accioacuten colaborativa en ensentildeanza secundaria Estilos De Aprendizaje
Investigaciones Y Experiencia 1-10 Santander Universidad de Cantabria DL Recuperado de
httpsdialnetuniriojaesservletlibrocodigo=555496
Gonccedilalves E (1983) A expressatildeo plaacutestica da crianccedila Que eacute a pintura infantil Qual deveraacute ser
a atitude do adulto face agrave expressatildeo livre da crianccedila Anaacutelise Psicoloacutegica 3 (12) 205-210
Lisboa Instituto Superior de Psicologia Aplicada Recuperado de
httphdlhandlenet10400122054
Gonccedilalves E (1991) A arte descobre a crianccedila Amadora Raiacutez Editora
Hohmann M amp Post J (2007) Educaccedilatildeo de bebeacutes em infantaacuterios cuidados e primeiras
aprendizagens (3ordf ed) (Sara Bahia Trad Maria Cristina Correcirca Figueira Rev) Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Hohmann M amp Weikart D (1997) Educar a Crianccedila (Helena Aacutegueda Marujo e Luiacutes Miguel
Neto Trads) Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Homem C Gomes B amp Montalvatildeo R (2009) A importacircncia da criatividade Cadernos de
Educaccedilatildeo de Infacircncia (88) 41-45
Kaufman J amp Sternberg R (2010) The Cambridge Handbook of Creativity [Ebook]
Cambridge University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=1EBT3Qj5L5ECampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Klimenko O (2009) Una reflexioacuten en torno al concepto creatividad y su relacioacuten con los
componentes del proceso educativo Revista Virtual Universidad Catoacutelica Del Norte (26) 1-29
Recuperado de httprevistavirtualucneducoindexphpRevistaUCNarticleview111
Lira N amp Rubio J (2014) A Importacircncia do Brincar na Educaccedilatildeo Infantil Saberes da
Educaccedilatildeo 5(1) 1-22 Recuperado de httpsunisaoroqueedubrrevista-eletronicarevista-
sabares-da-educacaoarquivos2014-2
123
Lopes M (2016) Processos formativos de construccedilatildeo do sentido da criatividade um olhar
renovado na educaccedilatildeo de infacircncia e a responsabilidade dos educadores (Tese de Doutoramento
Universidade Catoacutelica Portuguesa) Disponiacutevel em httphdlhandlenet104001424210
Lowenfeld V amp Brittain W (1977) Desenvolvimento da capacidade criadora (Aacutelvaro Cabral
Trad) Satildeo Paulo Mestre Jou
Lubart T (2007) Psicologia da Criatividade [Ebook] (Maacutercia Conceiccedilatildeo Machado Moraes
Trad) Porto Alegre Artmed Recuperado de httpsdocerocombrdocx8c1x
Luz S (2016) O papel da atividade luacutedica no processo de ensino aprendizagem no 1ordm ciclo do
ensino baacutesico Perceccedilotildees dos docentes sobre o uso das atividades luacutedicas em sala de aula para a
aquisiccedilatildeo das aprendizagens (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Instituto Superior de Educaccedilatildeo e
Ciecircncias) Recuperado de httphdlhandlenet104002620586
MacKinnon D (1962) The nature and nurture of creative talent American Psychologist 17(7)
484-495 doi101037h0046541
MacKinnon D (1964) Identification and Development of Creative Abilities California Univ
Berkeley Inst of Personality Assessment and Research Recuperado de
httpsericedgovid=ED027965
Mariacuten Viadel R (2003) Didaacutetica de la Educacioacuten Artiacutestica para Primaria Madrid Pearson
Educacioacuten DL
Matiacutenez A (2002) A criatividade na escola trecircs direccedilotildees de trabalho Linhas Criacuteticas 8(15)
189-206 httpsdoiorg1026512lcv8i153057
Meneghini R amp Campos-de-Carvalho M (2003) Arranjo espacial na creche espaccedilos para
interagir brincar isoladamente dirigir-se socialmente e observar o outro Psicologia Reflexatildeo e
Criacutetica 16(2) 367-378 httpsdxdoiorg101590S0102-79722003000200017
Miranda M (2002) Reflexiones en torno al curriacuteculo y la creatividad infantil InterSedes 3(4)
93-103 Recuperado de httpsrevistasucraccrindexphpintersedesarticleview761
Morais M (2004) O educador e a personalidade criativa algumas consideraccedilotildees Cadernos de
Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
124
Morais M (2015) Criatividade conceito e desafios Educaccedilatildeo e Matemaacutetica 18(135) 3-7
Associaccedilatildeo de Professores de Matemaacutetica Recuperado de httphdlhandlenet182242298
Morais M Almeida L amp Azevedo I (2014) Criatividade e praacuteticas docentes no Ensino
Superior Como pensam os alunos de aacutereas curriculares diferentes Revista AMAZocircnica 12
(2)97-126 Recuperado de httphdlhandlenet182234301
Morales Bentildearan I (2015) La Creatividad a traveacutes del Movimiento y la Danza en 4ordm curso de
Primaria (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893161
Morejoacuten J (2000) Creatividad en la educacioacuten educacioacuten para transformar Revista Psicologia
Cientiacuteficacom 2(1) Recuperado de httpwwwpsicologiacientificacomcreatividad-en-
educacion
Motos T (2015) Desarrollo de expresioacuten para hacer y ser creativos 1-9 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication324543994
Mouchiroud C amp Lubart T (2002) Social creativity A cross-sectional study of 6- to 11-year-
old children International Journal Of Behavioral Development 26(1) 60-69
httpsdoiorg1011772F016502540202600111
Moura J amp Pacheco A (2019) Educar com Criatividade ser Paacutessaro ou Carneirinho na
Aprendizagem da Composiccedilatildeo Musical IV Encontro do Ensino Artiacutestico Especializado da
Muacutesica do Vale do Sousa O Ensino da Muacutesica no Seacuteculo XXI Desafios e Compromissos Livro
de Atas Lousada Conservatoacuterio do Vale do Sousa Recuperado de
httphdlhandlenet182260328
Mouratildeo A (2013) A intencionalidade educativa nas atividades luacutedicas (Dissertaccedilatildeo de
Mestrado Escola Superior de Educadores de Infacircncia Maria Ulrich) Recuperado de
httphdlhandlenet104002614206
Mozzer G amp Borges F (2008) A Criatividade Infantil na Perspectiva de Lev Vigotski Revista
Inter Accedilatildeo (33)2 297-316 httpsdoiorg105216iav33i25269
National Advisory Committee on Creative and Cultural Education (1999) All Our Futures
Creativity Culture amp Education London DFEE Recuperado de
httpsirkenrobinsoncomreadall-our-futures
125
Nicolielo M Sommerhalder A amp Alves F (2017) Brincar na educaccedilatildeo infantil como
experiecircncia de cultura e formaccedilatildeo para a vida Educaccedilatildeo 42(2) 285-298
httpdxdoiorg1059021984644422271
Niza S (2012) Seacutergio Niza - escritos sobre educaccedilatildeo (Orgs Antoacutenio Noacutevoa Francisco
Marcelino e Jorge Ramos do Oacute) Lisboa Tinta da China
Neves-Pereira M amp Alencar E (2018) A Educaccedilatildeo no seacuteculo XXI e o seu papel na promoccedilatildeo
da criatividade Psicologia e Educaccedilatildeo 1(1) 1-10 Recuperado de
httppsicologiaeeducacaoubiptrevistaOnLinehtm
New Jersey Department of Education (2013) New Jersey - Birth to Three - Early Learning
Standards [Ebook] Recuperado de
httpswwwnjgoveducationeceguidestandardsbirthstandardspdf
Novaes M (1980) Psicologia da criatividade (5ordf ed) PetroacutepolisVozes
Ocantildea A (2005) iquestQuieacuten ha matado mi creatividad pedagoacutegica In Gomeacutez Cumpa J (Org)
Desarrollo de la Creatividad (pp99-111) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG
Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Ocantildea A (2008) La educacioacuten y el desarrollo de la creatividad un reto en la formacioacuten de
profesionales Praxis 4(1) 84-107 httpsdoiorg102167623897856104
Oliveira E amp Alencar E (2010) Caracteriacutesticas de Professores Criativos e de Coordenadores
que Estimulam a Criatividade Docente Boletim Academia Paulista de Psicologia 30(79) 379-
393 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=94615412011
Oliveira E amp Alencar E (2012) Importacircncia da criatividade na escola e no trabalho docente
segundo coordenadores pedagoacutegicos Estudos de Psicologia (Campinas) 29(4) 541-552
httpdxdoiorg101590S0103-166X2012000400009
Oliveira-Formosinho J Lino D amp Niza S (1996) Modelos curriculares para a educaccedilatildeo de
infacircncia Porto Porto Editora
Oliveira-Formosinho J amp Arauacutejo S (2013) Educaccedilatildeo em Creche Participaccedilatildeo e Diversidade
Porto Porto Editora
126
Oliveira M (2018) Um Novo Olhar sobre as Artes Visuais na Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Um
Desafio da Contemporaneidade In Ana Souto e Melo (Org) Atas do Congresso de investigaccedilatildeo
em Educaccedilatildeo Artiacutestica ndash Educaccedilatildeo Artiacutestica no Sistema de ensino Portuguecircs conquistas e
desafios pp 262-272 Viseu IPVESSECIampDETS Recuperado de
httphdlhandlenet104001426645
Oliveira Z (2010) Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo Estudos de
Psicologia (Campinas) 27(1) 83-92 httpdxdoiorg101590S0103-166X2010000100010
Oliveira Z (2013) Educaccedilatildeo infantil fundamentos e meacutetodos [Ebook] Satildeo Paulo Cortez
Recuperado de httpsbooksgoogleptbooksisbn=8524921250
Oliveira Z amp Alencar E (2008) A criatividade faz a diferenccedila na escola o professor criativo e
o ambiente facilitador da criatividade Contrapontos 8(2) 295-306 Recuperado de
httpssiaiap32univalibrseerindexphprcarticleview954
Oliveira Z amp Rossetti-Ferreira M (1993) O valor da interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila em creches no
desenvolvimento infantil Cadernos de Pesquisa (87) 62-70 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview928
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (2000) Estudo
temaacutetico da OCDE A educaccedilatildeo preacute-escolar e os cuidados para a infacircncia em
Portugal Lisboa Departamento da Educaccedilatildeo Baacutesica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwdgemecptrecursos-0
Ortega S (2016) Desarrollo de la creatividad infantil Temas Para La Educacioacuten (34)
Recuperado de httpswwwfeandaluciaccooesindconteiaspxd=7250amps=0ampind=396
Papalia D Olds S amp Feldman R (2009) O mundo da crianccedila da infacircncia agrave adolescecircncia (11ordf
ed) (Rita de Caacutessia Alburqueque Caetano e Jacira dos Santos Cardoso Trads) Satildeo Paulo
McGraw-Hill
Parente C (2002) Observaccedilatildeo um percurso de formaccedilatildeo praacutetica e reflexatildeo In Oliveira-
Formosinho J (Org) A Supervisatildeo na Formaccedilatildeo de Professores I Da sala agrave escola Porto
Porto Editora
Pequito P (1999) Representaccedilotildees de criatividade dos educadores de infacircncia Saber (e) Educar
(4) pp61-77 Recuperado de httphdlhandlenet2050011796981
127
Pinto L (2015) Creche Quanto mais cedo melhor In Jornal Puacuteblico Disponiacutevel em
httpswwwpublicopt20150209sociedadenoticiacreche-quanto-mais-cedo-melhor-
1685464
Plucker J Esping A Kaufman J amp Avitia M (2015) Creativity and Intelligence 283-291
Recuperado de DOI 101007978-1-4939-1562-0_19
Pocinho M amp Garcecircs S (2018) Psicologia da criatividade [Ebook] Universidade da Madeira
Recuperado de httphdlhandlenet10400132006
Portugal G (2000) Educaccedilatildeo de bebeacutes em creche Perspectivas de formaccedilatildeo teoacutericas e praacuteticas
Infacircncia e Educaccedilatildeo (1) 85-106
Portugal G (2011) No acircmago da educaccedilatildeo em creche ndash o primado das relaccedilotildees e a importacircncia
dos espaccedilos Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica]
pp47-60 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
Portugal G (2012) Finalidades e praacuteticas educativas em creche das relaccedilotildees actividades e
organizaccedilatildeo dos espaccedilos ao curriacuteculo na creche Porto CNIS (Confederaccedilatildeo Nacional das
Instituiccedilotildees de Solidariedade)
Prado D (2005) Estimular la creatividad en el Aula In Gomeacutez Cumpa J (Org) Desarrollo de
la Creatividad (pp166-170) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG Recuperado
de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Predebon J (2013) Criatividade - abrindo o lado inovador da mente (8ordf ed) Satildeo Paulo Pearson
Education Brasil
Queiroz N Maciel D amp Branco A (2006) Brincadeira e desenvolvimento infantil um olhar
sociocultural construtivista Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) 16(34) 169-179
httpdxdoiorg101590S0103-863X2006000200005
Quivy R amp Campenhoudt L (2008) Manual de Investigaccedilatildeo em Ciecircncias Sociais (5ordf ed) (Joatildeo
Minhoto Marques Maria Amaacutelia Mendes e Maria Carvalho Trads) Lisboa Gradiva
Publicaccedilotildees
128
Robinson K (2005) How Creativity Education and the Arts Shape a Modern Economy
Education Commission Of The States Disponiacutevel em httpsirkenrobinsoncomread
Robinson K (2011) O elemento (2ordf ed) Porto Porto Editora
Rodrigues M (2004) Modelo de referecircncia para a planificaccedilatildeo criativa de momentos criativos
Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Runco M (2004) Creativity Annual Review Of Psychology 55(1) 657-687 doi
101146annurevpsych55090902141502
Runco M amp Jaeger G (2012) The Standard Definition of Creativity Creativity Research
Journal 24 (1) 92-96 httpdxdoiorg101080104004192012650092
Santos M Andreacute M (2012) Criatividade na educaccedilatildeo de infacircncia algumas reflexotildees Cadernos
de Educaccedilatildeo de Infacircncia (96) 43-46 Recuperado de
httpapeiptedicoesceiide=1313ampsort=2012
Santos M Andreacute M (2015) Conceccedilotildees de educadores de infacircncia sobre criatividade Investigar
em Educaccedilatildeo 2(4) pp97-112 Recuperado de
httppagesieuminhoptinvedindexphpiearticleview101
Sarmento T (2005) (Re)pensar a interacccedilatildeo escola-famiacutelia Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo
18(1) 53-75 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=37418104
Scherer A (2013) O luacutedico e o desenvolvimento a importacircncia do brinquedo e da brincadeira
segundo a teoria Vigotskiana (Monografia de Especializaccedilatildeo Universidade Tecnoloacutegica Federal
do Paranaacute) Recuperado de httprepositoriorocautfpredubrjspuihandle14233
Schirmer A (2001) Criatividade e educaccedilatildeo infantil (Tese de Doutoramento Universidade
Estadual de Campinas) Recuperado de
httprepositoriounicampbrjspuihandleREPOSIP253417
Shaughnessy M (1991) The Supportive Educational Environment for Creativity Recuperado
de httpsericedgovid=ED360080
Silva I (1998) Projectos em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar e Projecto Educativo de Estabelecimento In
Katz L Bairratildeo J Silva I amp Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-
129
escolar (pp91-121) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de
httpwwwdgemecptrecursos-0
Silva I (Coord) Marques L Mata L amp Rosa M (2016) Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME)Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
(DGE)
Sim-Sim I (1998) Desenvolvimento da Linguagem Lisboa Universidade Aberta
Soh K (2000) Indexing Creativity Fostering Teacher Behavior A Preliminary Validation Study
The Journal of Creative Behavior 34(2) 118-134 Recuperado de
httpswwwacademiaedu29264306
Soh K (2015) Creativity fostering teacher behaviour around the world Annotations of studies
using the CFTIndex Cogent Education 2(1) 1-18
httpsdoiorg1010802331186X20151034494
Sousa A (2003) Educaccedilatildeo pela arte e artes na educaccedilatildeo bases psicopedagoacutegicas Lisboa
Instituto Piaget
Sousa M amp Sarmento T (2010) Escola ndash famiacutelia - comunidade uma relaccedilatildeo para o sucesso
educativo Gestatildeo e Desenvolvimento 17-18 (2009-2010) 141-156 Recuperado de
httphdlhandlenet10400149117
Souza M amp Alencar E (2006) O curso de Pedagogia e condiccedilotildees para o desenvolvimento da
criatividade Psicologia Escolar e Educacional 10(1) 21-30 httpsdxdoiorg101590S1413-
85572006000100003
Sternberg R amp Lubart T (1999) The concept of creativity Prospects and paradigms In R
Sternberg (Ed) Handbook of creativity [Ebook] (pp 3-15) New York NY US Cambridge
University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=d1KTEQpQ6vsCampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Sternberg R amp Williams W (2003) Como desenvolver a criatividade do aluno (Vitor Oliveira
Trad) Porto Coleccedilatildeo Cadernos do CRIAP (Investigaccedilatildeo e praacuteticas 6) Asa Editores
Tadeu B (2014) A legislaccedilatildeo portuguesa para a pequena infacircncia uma visatildeo socioloacutegica sobre
a infacircncia Interaccedilotildees (10)30 159-175 httpsdoiorg1025755int4029
130
Thornton L amp Brunton P (2014) Bringing the Reggio Approach to your Early Years Practice
(3ordf ed) New York Routledge
Torrance E (1977) Creativity in the classroom what research says to the teacher 1-37
Washington DC National Education Association Recuperado de
httpsericedgovid=ED132593
Trigo E et al (1999) Creatividad y motricidad Zaragoza INDE Publicaciones
Uano L (2002) La Creatividad iquestUn talento exclusivo de los artistas o una capacidad de todo ser
humano Linhas Criacuteticas 8(15) 265-288 Recuperado de
httpperiodicosunbbrojs248indexphplinhascriticasarticleview6486
Valdivia J (2011) La creatividad y la intervencioacuten en educacioacuten infantil (Monografia)
Eduinnova Recuperado de httpwwweduinnovaesmono_ene2011html
Vasconcelos T (1998) Das Perplexidades em torno de um Hamster ao Processo de Pesquisa
Pedagogia de Projecto em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar em Portugal In Katz L Bairratildeo J Silva I amp
Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-escolar (pp127-155) Lisboa
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de httpwwwdgemecptrecursos-0
Vasconcelos T (2011a) Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos (pp7-22) Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo Recuperado de httpwwwcneduptptpublicacoesestudos-e-
relatoriosoutros786-educacao-das-criancas-dos-0-aos-3-anos
Vasconcelos T (2011b) Trabalho de Projeto como Pedagogia de Fronteira Da Investigaccedilatildeo
agraves Praacuteticas I (3) 8-20 Recuperado de httphdlhandlenet10400211683
Vasconcelos T Rocha C Loureiro C Castro J Menau J Ramos M hellip amp Alves S (2011)
Trabalho por projectos na educaccedilatildeo de infacircncia mapear aprendizagens integrar metodologias
Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Ciecircncia (MEC) Recuperado de
httphdlhandlenet10400212679
Vaacutezques J (2009) Muacutesica y creatividad Creatividad y muacutesica Creatividad Y Sociedad (13)
Recuperado de httpwwwcreatividadysociedadcomnumeroscys13html
131
Vygotsky L (1927) Imagination and Creativity in Childhood In Journal of Russian and East
European Psychology 42(1) 2004 7ndash97 Recuperado de
httpswwwmarxistsorgarchivevygotskyindexhtm
Zabala A (1998) A praacutetica educativa como ensinar (Ernani F da F Rosa Trad) Porto Alegre
Artmed
Documentaccedilatildeo legislativa
Lei nordm4686 (Lei de Bases do Sistema Eucativo) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 2371986
Seacuterie I de 1986-10-14
Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar) Publicada em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 341997 Seacuterie I-A de 1997-02-10 e regulamentada pelo Decreto-Lei nordm 14797)
Lei nordm 492005 (Segunda alteraccedilatildeo agrave Lei de Bases do Sistema Educativo e primeira alteraccedilatildeo agrave
Lei de Bases do Financiamento do Ensino Superior) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm
1662005 Seacuterie I-A de 2005-08-30
Manual de Processos Chave da Creche (2ordf ed 2010) Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade
Social
Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Despacho nordm 91802016 Publicado em
Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1372016 Seacuterie II de Seacuterie II de 2016-07-19
Parecer nordm 32001 ndash Aprendizagem ao longo da vida Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Publicado
em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1622001 Seacuterie II de 2001-07-14
Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos professores dos ensinos
baacutesico e secundaacuterio Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto Publicado em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 2012001 Seacuterie I-A de 2001-08-30
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria Despacho nordm 64782017 26 de julho
Publicado em iaacuterio da Repuacuteblica nordm 1432017 Seacuterie II de 2017-07-26
Recomendaccedilatildeo nordm 32011 - A educaccedilatildeo dos 0 aos 3 anos Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica 2ordf Seacuterie nordm 79 de 21 de abril de 2011
Documentaccedilatildeo audiovisual
Creative Innovation (2011) Edward de Bono ndash ldquoCreativity amp Educationrdquo [Video] Recuperado
de httpswwwcreativeinnovationtvvideoedward-de-bono-creativity-education
Video Arts (2017) John Cleese on Creativity In Management [Video] Recuperado de
httpswwwyoutubecomwatchv=Pb5oIIPO62g
132
Websites
Antoine de Saint-Exupeacutery - Frases Recuperado de
httpwwwcitadorptfrasescitacoesaantoine-de-saintexupery
Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade Recuperado de
httpscriatividadenet
Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia Recuperado de httpapeipt
De Bono E - Lateral Thinking - How can Lateral Thinking help you Recuperado de
httpswwwedwddebonocomlateral-thinking
John Cleese Creativity is not a talent It is a way of operating Recuperado de
httpsspeakolacomartsjohn-cleese-creativity-lecture-1991
McLintic M (2018) Criatividade O que eacute Conceito e Definiccedilatildeo - Team LEWIS PT
Recuperado de httpswwwteamlewiscomptmagazinecriatividade-conceito-definicao
Movimiento Cooperativo de Escuela Popular (2017) Principios de la pedagogiacutea Freinet
Recuperado de httpwwwmcepes20170207principios-de-la-pedagogia-freinet
Priberam Informaacutetica S (2018) Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa Recuperado de
httpsdicionariopriberamorg
Prindle J (2012) Einstein Quotes - Quotes by Albert Einstein Recuperado de
httpwwwalberteinsteinsitecomquoteseinsteinquoteshtml
Rui Matos ldquoNoacutes matamos a criatividade na escolardquo (2017) Recuperado de
httpswwwjornaldeleiriaptnoticiarui-matos-nos-matamos-criatividade-na-escola-7107
Teaching Strategies (2016) The Creative Curriculum for PreSchool ndash Touring Guide
Recuperado de
httpsteachingstrategiescomwpcontentuploads201708TeachingStrategies_CC-for-
Preschool_TouringGuide_2017pdf
Documentaccedilatildeo fornecida pela instituiccedilatildeo educativa
Projeto Educativo (2018-2021)
Regulamento Interno (20172018)
133
Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
0
1
2
3
4
26 27 28 29 30 31 32
Nuacute
mer
o d
e cr
ian
ccedilas
Idade (em meses)
Idade das crianccedilas (em meses)
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora
cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve
(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer
um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute
como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo
No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem
em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham
No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida
e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais
implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em
posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as
dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois
natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem
realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo
Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta
um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras
grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora
ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo
das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao
jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse
espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio
dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo
educativa e estagiaacuteria
Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e
constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute
procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo
alternando entre estes
Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda
prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na
mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se
dirigirem para a sala
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel
afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do
seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de
descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a
desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto
para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e
subida de degraus
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Indicadores
Crianccedilas
Apanha objetos com facilidade
Segura objetos com facilidade
Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual
Preensatildeo de pinccedila
Observaccedilotildees
PD MD GD PD MD GD
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
PD ndash Pequenas Dimensotildees
MD ndash Meacutedias Dimensotildees
GD ndash Grandes Dimensotildees
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o
criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores
azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo
foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido
associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores
correspondentes
Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com
alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e
reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel
deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de
objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes
cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das
crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir
conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre
essas
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de
forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado
retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e
agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a
maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo
de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e
distinccedilatildeo entre as mesmas
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo
Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Indicadores
Crianccedilas
Compreende mensagens
orais
Compreende um discurso instrucional
Elabora frases
simples
Efetua associaccedilatildeo
entre nome e objeto
Refere o seu nome
Usa a linguagem
oral para expressar desejos
necessidades informaccedilotildees responder ou
realizar questotildees
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Avaliaccedilatildeo da autonomia
Revela autonomia quanto agrave
Indicadores
Crianccedilas
Realizaccedilatildeo da higiene
Realizaccedilatildeo das
refeiccedilotildees
Escolha das
atividades
que pretende
desenvolver
Escolha dos
materiais que pretende usufruir
Resoluccedilatildeo de
conflitos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Efetua interaccedilotildees com
Indicadores
Crianccedilas
Crianccedilas
Adultos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem
Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)
Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar
o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo
mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que
andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili
Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili
e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da
Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo
Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao
ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo
Mau
(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres
(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo
que cheira muito bem
(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho
do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau
(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer
(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu
vou dar-te uma trinca
(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me
dares um bocadinho do teu bolo
(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para
o trincar)
(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro
Aaaahhhh
(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que
nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar
flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de
casa saindo de cena temporariamente)
O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado
por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili
para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo
Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili
(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)
mas natildeo conseguiu
Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a
casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e
retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)
O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e
quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse
(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)
A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha
conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava
destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar
porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu
o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um
bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de
uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda
casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar
E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes
da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da
Lili e ao bolo de chocolate
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca
Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de
higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento
da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo
com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias
face ao projeto
Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente
tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo
Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas
crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso
a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e
atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades
apresentadas pelas crianccedilas
A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela
estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo
essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na
destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus
amigos na construccedilatildeo de uma nova casa
Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa
para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas
aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo
As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual
atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo
simboacutelico
Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos
a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a
importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas
Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo
relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do
mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas
respetivas famiacutelias se assim o pretenderem
Questotildees
bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto
bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o
desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que
modo
Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como
as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas
vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo
Grata pela atenccedilatildeo
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave
execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de
desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FS e V
Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com
outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares
correspondentes agraves imagens fornecidas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V
efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as
suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila V
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a
observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das
mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela
pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem
uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante
observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e
mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FN e MB
Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a
realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par
estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par
como se procedia o desenvolvimento do jogo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB
apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num
dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda
(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila P
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica
fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo
pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa
forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica
materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione
somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila L
Idade 2 anos e 6 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que
manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo
ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador
das cores anteriormente mencionadas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e
identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas
para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos
constituintes da casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos
tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a
casa da Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos
e respetivos padrotildees
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de
tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da
casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma
crianccedila
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a
desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de
brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com
jogos em momento de brincadeira
na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas
crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila C
Idade 2 anos e 5 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 07122018
Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados
pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as
suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e
identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais
colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado
pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila
revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o
seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros
para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da
mistura de outras cores
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo
de tintas de cores distintas
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila L P
Idade 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21122018
Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais
especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave
estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo
A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens
penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha
sido concretizada a pintura
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo
que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante
interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa
da Lili
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a
massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com
massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos
utilizando massa de farinha
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila
Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Crianccedila Objeto (s) criado (s)
C Televisatildeo
CC Bola
FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
FN Carro de brincar
FS Mala
G Caixa
L Chapeacuteu
LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
MA Bolachas
MB Bolo de chocolate
MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
N Bola de futebol
P Vaso
S Rebuccedilado grande
T Almofada
V Telefone
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
IV
Abstract
The present internship report concerning the Supervised Teaching Practice
developed within the scope of the Master in Preschool Education has as itacutes main purpose
the elucidation of the importance of educational environments favorable to the promotion
of the creativity development in the child thus enhancing itacutes creative expression
The elaboration of this report presents as itacutes main objectives the understanding
of the concept of creativity the relevance that it assumes in the educational context and
in the respective development of the student the perception of possible strategies that
allow itacutes promotion and the recognition of factors that promote or instead inhibit the
development of creativity in education
An analysis is also made of the legislative documentation of the Portuguese
Educational System and the Nursery regarding the framing of creativity as a pedagogical
intentionality and the purpose of teaching and learning as well as a perception regarding
the development of practices that support the fostering of creativity in the educational
field aimed at education professionals An investigation was also conducted to
educational associations in order to perceive the recognition of creativity in education
For the realization of this report a bibliographic research was carried out through
which it was possible to gather documentation that gave answers to the listed objectives
to which is joined a methodology of pedagogical work regarding the development of a
project work that was developed in the context of childhood education and to which as
a data collection technique observation records are added in order to contribute to the
analysis and rationale of the intervention Lastly are present the final considerations
resulting from a process of critical and reflexive analysis regarding the work done
Keywords Creativity Creative Potential Creative Expression Education
V
Iacutendice
Introduccedilatildeo 13
1 Enquadramento teoacuterico 16
11 Criatividade 16
111 Definiccedilatildeo do conceito 16
112 Capacidade inata ou adquirida 21
12 Educaccedilatildeo e criatividade 23
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos
de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47
132 Papel do educador 49
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65
2311 Espaccedilo 66
2312 Materiais 68
2313 Tempo 69
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71
23141 Crianccedila-crianccedila 71
23142 Crianccedila-adulto 72
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77
251 Definiccedilatildeo do problema 80
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83
253 Execuccedilatildeo 90
2531 Jogo da memoacuteria 92
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96
2535 Montagem da casa da Lili 97
VI
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107
2541 Avaliaccedilatildeo 107
25411 Crianccedilas 107
25412 Famiacutelias 108
2542 Divulgaccedilatildeo 111
3 Consideraccedilotildees finais 113
Bibliografia 117
VII
Iacutendice de Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e
o Lobo Maurdquo
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da
Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila
VIII
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
IX
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa
da Lili e ao bolo de chocolate
Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro
Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)
Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)
Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da
memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da
execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre
recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que
constituem a casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees
X
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de
servir de telhado para a casa da Lili
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas
Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da
pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de
tintas de cores distintas
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de
farinha
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XI
Iacutendice de Tabelas
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XII
Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos
AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia
CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico
DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
MPCC - Manual de Processos Chave da Creche
NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico
OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs
13
Introduccedilatildeo
No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de
Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja
temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento
do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia
Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi
definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles
- Compreender o conceito de criatividade
- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo
considerando o desenvolvimento da crianccedila
- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da
infacircncia
- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da
criatividade no acircmbito educacional
As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante
uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em
contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada
Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho
pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no
acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do
estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo
educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita
eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo
da praacutetica concretizada
O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16
crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa
da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche
decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019
14
Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho
levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da
estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que
suportam o mesmo
Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a
estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram
de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor
do desenvolvimento deste trabalho
A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de
investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica
da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia
e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)
Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao
desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta
Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas
tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem
desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes
1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)
Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)
Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra
maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)
O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser
humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade
eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada
e promovida
Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e
promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)
Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp
Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)
15
A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e
concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo3
MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade
o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente
educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis
Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o
reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos
assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo
No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto
educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior
(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino
Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia
Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela
estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na
crianccedila
Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver
corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft
(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo
um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia
estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi
referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio
para a formaccedilatildeo plena da crianccedila
2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21
16
1 Enquadramento teoacuterico
11 Criatividade
111 Definiccedilatildeo do conceito
A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil
de definir (McLintic 2018)
Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como
tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua
complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo
atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes
autores
Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por
Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do
conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo
Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)
refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao
conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem
sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias
antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante
a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua
amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme
referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio
Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve
referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde
a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)
4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino
tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten
Araya 2011 p2)
17
Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num
dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar
de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado
apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave
perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade
como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo
Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo
Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos
aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa
De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados
por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos
significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade
Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave
criatividade mediante perspetivas de diferentes autores
- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que
criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade
a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves
pessoas consideradas criadoras [pessoa]
- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)
criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto
produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se
igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]
- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana
que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua
novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para
o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]
5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa
18
- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo
uacutenico e original [produto]
- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira
2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a
produccedilatildeo de algo novo [produto]
- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade
que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo
padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]
- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker
Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma
habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo
de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]
- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum
comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou
realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]
- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo
atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo
formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e
posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]
- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de
originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda
uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]
- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude
que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo
caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]
19
- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a
capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-
produto]
- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de
capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se
caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se
desenvolvam [pessoa-produto]
- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que
permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de
personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]
- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual
se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]
Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para
o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-
se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo
apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel
histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)
caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)
Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e
Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido
consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld
amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo
(p62)
Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman
amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo
e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes
leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes
tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma
20
caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um
processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular
(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)
ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto
consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode
traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e
originalidade
Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou
diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de
complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se
verifica (Braumann 2009 Morais 2015)
Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)
defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a
originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo
implicam obrigatoriamente criatividade
Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute
frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos
o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um
processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais
mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para
se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante
Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o
recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson
2011)
Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e
em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por
Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade
eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees
objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a
laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo
Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma
competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os
21
estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)
permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias
suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da
novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao
meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo
Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da
trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem
simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo
uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de
complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais
112 Capacidade inata ou adquirida
Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel
deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por
sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por
conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um
sentido criativo
Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta
como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser
adquirida
Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a
criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da
caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento
perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow
1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar
1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009
Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave
semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De
La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem
de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu
contexto sociocultural por exemplo
22
Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal
natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp
Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992
1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco
(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo
o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial
Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte
desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e
contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de
forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo
Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do
ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar
(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o
ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o
desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees
oferecidas
Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave
emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois
aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no
seu desenvolvimento
Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e
consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por
Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo
apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que
circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio
necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem
obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo
Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos
internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente
dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)
23
Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica
intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo
o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as
caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo
se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto
ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980
p117)
12 Educaccedilatildeo e criatividade
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo
A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto
eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e
Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003
citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada
pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas
do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta
a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar
necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais
adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)
Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no
mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os
criamosrdquo6
Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece
ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na
sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos
6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by
the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)
24
educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no
desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)
Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono
(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais
importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a
repetir os mesmos padrotildeesrdquo7
Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas
pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se
caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de
adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas
E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade
em contexto educativo
Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do
estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator
fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma
educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8
Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a
afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse
modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo
Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade
poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos
que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma
constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que
7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human
resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the
same patternsrdquo (Edward de Bono sd)
8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a
existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo
Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a
criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que
promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo
25
uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-
atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)
Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta
a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual
em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma
abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha
de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA
educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um
futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta
anosrdquo (p19)
Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas
encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social
cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e
repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver
competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta
realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)
responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e
rapidamente (hellip)rdquo
Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela
que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e
reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela
crianccedilardquo (p21)
Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp
Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por
parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao
indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo
baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do
indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo
combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social
Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute
absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as
26
quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma
educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)
Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma
educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do
indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas
rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)
predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)
Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem
indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do
desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que
lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal
Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por
Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo
de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo
daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo
As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para
a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas
que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que
concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus
proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas
e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar
Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como
uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma
espeacutecie de know-how
Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a
criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos
resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo
ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de
percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo
de ideiasrdquo (p18)
27
A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par
com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo
humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas
possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve
passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas
ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)
Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma
perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas
educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e
aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se
em agentes sociais significativosrdquo (p123)
Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a
criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo
associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia
permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se
deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de
perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais
Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft
(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano
deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos
e natildeo prejudiciais
Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante
desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando
o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja
capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em
questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter
conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua
adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave
unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia
diferenciando-o dos demais
Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia
se pode denominar como uma atitude de e perante a vida
28
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de
referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas
Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no
desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras
competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por
Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco
2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)
Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a
criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-
aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp
Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema
educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e
superior
Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa
a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda
alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar)
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE
2016)
No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste
relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais
especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a
documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]
29
Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do
contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse
motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho
(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda
e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume
Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com
crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma
profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade
acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso
para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)
Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)
defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees
estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a
valecircncia em questatildeo apresenta
A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo
preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar
uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos
cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve
ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto
indiviacuteduordquo (p1)
Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias
integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o
desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico
defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)
30
educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que
ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila
Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de
anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder
ao registo dos resultados obtidos
Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP
mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo
respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da
Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)
estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)
Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir
para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos
indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis
autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I
Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico
e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre
troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de
julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se
empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)
No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-
aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave
EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila
assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I
Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)
Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade
tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art
7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)
Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a
descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio
31
memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica
promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade
socialrdquo
De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino
averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos
elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino
Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne
ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III
constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo
de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma
Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades
especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II
Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como
principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem
necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo
anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma
o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga
e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se
necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar
o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se
verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e
econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar
de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios
e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra
Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute
caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e
atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos
responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas
32
as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao
niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino
e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de
competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a
elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida
no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as
crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de
uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em
que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade
Obrigatoacuteria p10)
Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo
se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees
relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas
disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do
documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de
Competecircncias
A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os
jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a
criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma
vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da
escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente
criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo
(p15)
Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais
determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e
desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o
pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser
fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento
incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma
relaccedilatildeo processo-produto se tratasse
Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees
complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo
33
humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute
tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se
assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e
aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de
diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos
cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de
competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-
produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo
causa-efeito
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na
sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-
Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap
IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam
quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute
defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo
essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo
preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]
homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como
sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-
escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)
As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios
sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e
Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo
Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da
conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo
assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa
desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de
conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de
infacircnciardquo (p34)
34
No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas
crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se
colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a
participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de
agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se
com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9
Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea
incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)
aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu
processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo
A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as
OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes
Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e
Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)
formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os
seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o
mundo que a rodeiardquo (p43)
Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma
grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade
encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como
uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas
e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)
No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se
como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)
tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial
criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de
competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas
9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60
35
criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de
jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar
movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de
situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou
ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e
criticando-as13
Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo
em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO
desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas
de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o
desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e
maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da
Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e
Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo
Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim
como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo
e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da
Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave
criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente
desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado
Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de
modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito
maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o
desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios
respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo
11 Consultar OCEPE p 52
12 Consultar OCEPE p 57
13 Consultar OCEPE p 83
36
Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens
a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais
subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma
considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves
possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento
considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de
conteuacutedo que integram as OCEPE
Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de
aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute
promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que
a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos
sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias
proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees
que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas
emocionais e criativasrdquo (p105)
Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema
Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua
documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto
agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado
Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras
experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute
ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias
e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem
ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36
meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu
desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)
Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no
desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a
criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e
37
explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de
estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se
encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo
Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de
Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam
um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute
que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e
capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados
ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo
A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser
assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada
como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da
crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado
ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)
expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)
Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e
Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se
constatam Veja-se
Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que
ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas
no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos
tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que
lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo
contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos
requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se
semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias
14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25
38
A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo
educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino
termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta
somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e
Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos
Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia
que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a
subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do
pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto
de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino
citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo
O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a
Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de
ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por
se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a
Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel
No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei
nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas
baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de
estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o
fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias
sejam em nuacutemero reduzido
Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se
presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como
na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo
Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do
Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo
ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes
39
formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em
todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger
o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a
transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute
que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente
agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila
verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade
no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas
Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e
inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se
verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes
(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento
da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a
determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas
aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral
No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se
assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos
educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um
processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma
continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e
cidadatildeo
Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp
Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria
igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez
que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo
acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente
relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar
atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto
que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas
simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria
40
Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a
criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer
que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da
criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar
referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e
praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem
adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os
educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades
e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo
A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e
Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na
educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que
permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo
existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando
a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que
aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem
ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das
suas potencialidades criativas
Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de
documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a
desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que
por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche
(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do
Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas
promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops
seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora
relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de
competecircncias criativas
No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume
foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator
Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos
serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet
praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que
41
podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais
praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo
assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa
De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na
documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da
mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa
natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos
face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que
permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa
Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar
um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas
desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de
educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo
obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias
Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias
Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria
em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em
oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que
estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a
incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos
documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP
se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que
permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto
Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha
existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos
educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade
educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a
importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade
das crianccedilasrdquo (p76)
Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e
informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que
poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
42
Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida
aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas
dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de
atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se
relacionam e se inserem
Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo
destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de
incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode
assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)
Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores
preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles
ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando
os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que
ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser
preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se
tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo
(Novaes 1980 p121)
Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes
torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por
conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas
distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso
comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem
simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e
nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis
Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao
desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se
vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que
natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem
omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas
necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica
Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes
na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e
43
praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de
autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo
(p9)
Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso
Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto
educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade
(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores
em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o
neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender
com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)
Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de
orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto
educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal
aspeto
Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com
o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi
possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo
mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o
Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo
de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo
uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC
Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)
uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e
interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos
principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo
de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo
nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo
a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando
valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo
contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes
ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da
APEI)
44
Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no
desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que
permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e
propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias
coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave
periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador
que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas
as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa
Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade
trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente
denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa
sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de
reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua
Qualidaderdquo
Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar
artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)
sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-
line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem
ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um
entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados
em papel apresentam um custo monetaacuterio
Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de
caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela
promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas
muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o
intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover
atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que
podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo
contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que
correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo
de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de
cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos
da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)
45
Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas
promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia
Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um
conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como
ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas
aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)
No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram
disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para
consulta on-line
Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da
APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que
concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da
Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas
que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a
finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber
Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo
enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo
de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino
Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar
ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da
Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua
desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores
dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)
Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado
pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos
se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees
neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme
referido
Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino
Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da
docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-
46
se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas
uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o
seu maacuteximo potencial
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes
educativos
A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel
afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo
somente em etapas da vida numa fase posterior
Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente
pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda
2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por
Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a
importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd
citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do
potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o
(Alencar 1992 Novaes 1980)
A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe
a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que
possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave
acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)
Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo
sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica
que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute
afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo
positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade
(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)
Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na
infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram
mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute
47
porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)
apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar
as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da
criatividade na infacircncia
Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo
criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo
da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser
desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)
Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas
visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia
uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar
no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-
se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes
2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco
2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma
atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora
contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila
Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades
fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas
pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras
estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as
suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu
potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e
proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante
o decorrer dos momentos de brincadeira
48
Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o
fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo
desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7
Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)
atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos
1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira
2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)
ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave
busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada
situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar
1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do
potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de
Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar
(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que
aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto
de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem
ser adotadas
Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do
desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se
tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA
criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta
a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo
conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)
No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha
da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades
competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de
aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo
se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa
2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem
estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)
49
132 Papel do educador
O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento
responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico
que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada
apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como
aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu
desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser
planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo
do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades
devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e
Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade
pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e
consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)
Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e
desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila
considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e
ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado
com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as
suas aprendizagens e progressos
Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp
Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais
ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores
Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade
e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo
normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias
que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto
dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam
50
o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas
face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa
Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos
professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)
os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos
contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos
e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma
relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo
Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes
desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer
mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do
educando e seus comportamentos
De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente
face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo
condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como
o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley
1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)
Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente
ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando
Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento
da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees
estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico
de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes
1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)
Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da
criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo
e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar
1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)
51
Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola
avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto
favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)
Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel
do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como
favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial
criativo da crianccedila
Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as
causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)
Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar
traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e
inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo
mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar
acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente
encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas
de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do
potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a
tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a
relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo
acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea
2008)
Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem
favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e
influecircncia exercida no educando e ambiente educativo
Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores
favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes
- Atitudes e valores
- Interaccedilatildeo educador-crianccedila
- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
- Conhecimento e formaccedilatildeo
52
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
Papel do
educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Atitudes e
valores
Conceccedilatildeo da criatividade como elemento
essencial ao processo educativo
(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-
Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp
Alencar 2018 p7)
Conformaccedilatildeo com entraves surgidas
face agrave promoccedilatildeo da criatividade
(Alencar 1992 Sternberg amp
Williams 2003)
Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da
criatividade
(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Desvalorizaccedilatildeo das suas
competecircncias
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Falta de confianccedila e inseguranccedila em
agir com receio de errar ou atentar
contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do
sistema educativo
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Interaccedilatildeo
educador-
crianccedila
Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista
ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo
educando
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley
1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten
2005)
Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do
educando
(Torrance 1977)
Elogio e criacuteticas construtivas
(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith
2001)
Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de
cada crianccedila assim como do seu
potencial criativo
(Alencar 1992 2007 Sternberg amp
Williams 2003)
Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada
educando
(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar
2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira
amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005)
Supervisatildeo e controlo excessivo
(Torrance 1977 Sternberg amp
Williams 2003)
Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens
desenvolvidas pelo educando
(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por
Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten
2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)
Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de
valor eou comentaacuterios depreciativos
(Alencar 1992 Torrance 1977)
53
Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no
que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de
seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no
caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente
Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no
educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)
Papel do educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Organizaccedilatildeo do
ambiente
educativo
Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no
processo educativo
(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar
2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)
Dependecircncia exclusiva do
curriacuteculo
(Alencar 1992 2007 Torrance
1977)
Aprovisionamento de tempo e oportunidades que
permitam ao educando efetuar descobertas e
aprendizagens mediante o seu ritmo
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997
Fleith 2001 Aragoacuten 2005)
Ensino Tradicional
(Alencar 1992 2007 Morejoacuten
2000 Alencar Fleith amp Pereira
2017)
Fornecimento de recursos materiais adequados
aos interesses competecircncias e necessidades dos
educandos
(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)
Oferta excessiva de recursos
materiais
(Torrance 1977)
Clima democraacutetico
(Torrance 1977 Cropley 1997)
Tempo destinado exclusivamente agrave
promoccedilatildeo de aprendizagens
curriculares
(Alencar 1992 Cachia Ferrari
Ala-Mutka amp Punie 2010)
Conhecimento e
Formaccedilatildeo
Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade
Carecircncia de saberes acerca do tema
(criatividade)
(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010
Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
54
ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e
reprimidas
Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da
criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave
perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao
indiviacuteduo assim como de naturezas diversas
55
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas
Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)
um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as
hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)
Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo
de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho
Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao
desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo
revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute
meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e
necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho
pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo
de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no
qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede
privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo
A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente
necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no
qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada
de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto
mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora
No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee
de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o
funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a
56
crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades
compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)
No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm
CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de
escolaridade)
Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas
polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as
suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos
aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)
Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo
educativa estes satildeo
- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo
Pedagoacutegica
- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de
Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas
Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma
Conselho de turma
- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas
Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos
administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza
- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais
Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito
agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de
accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as
salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala
verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36
meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma
sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade
57
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional
Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a
perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em
questatildeo
Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento
face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao
desenvolvimento do educando17
Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade
os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras
finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e
competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de
interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para
desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo
progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania
a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que
concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila
Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na
qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser
fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento
integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees
surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e
inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18
No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade
natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa
dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo
16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz
educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da
inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
58
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se
desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu
e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o
grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e
sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel
Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32
meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das
crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do
sexo feminino
No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo
em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar
que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante
aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e
informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)
desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo
Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria
mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte
da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas
durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para
as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e
registado
Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria
esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste
em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e
19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os
sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para
efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)
59
descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o
desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)
Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de
informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua
Portuguesa)
Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o
conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao
desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia
considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente
agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas
(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)
Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao
desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do
desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que
somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes
encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo
ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas
ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e
atitudes perante um contexto natildeo-familiar
Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e
comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as
crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21
visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e
correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo
grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)
Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp
Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada
20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores
60
vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo
(p162)
Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem
acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi
possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman
(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e
subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo
alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)
Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio
das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa
Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas
matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus
com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos
Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom
desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees
A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de
pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas
das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24
encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por
duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida
pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras
finas)
Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa
etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo
elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo
22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos
61
O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e
caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento
do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais
especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds
amp Feldman 2009)
No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um
bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos
sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo
Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta
nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo
grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha
na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem
do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta
constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias
das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades
de expressatildeo plaacutestica
Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o
desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando
e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode
constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila
(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)
O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma
atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky
1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via
27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em
diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e
diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio
62
atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016
Oliveira 2018) 32
Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo
o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de
categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda
se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o
nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)
Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a
maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena
minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)
Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste
fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e
compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada
considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em
questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo
ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos
manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a
aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados
Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem
oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se
registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever
aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo
educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a
musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha
verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem
a sua frequecircncia em terapia da fala
32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
63
Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira
recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos
necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees
As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave
comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais
constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)
elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar
o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)
Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses
estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na
formaccedilatildeo de frases (simples)33
Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um
discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente
No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento
face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do
seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso
instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo
Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia
esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para
avaliaccedilatildeo da autonomia)
Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as
autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto
Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para
eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem
usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas
apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade
33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do
desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)
34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo
64
Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave
partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35
O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver
a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos
Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves
crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)
No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou
acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste
tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila
envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou
soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No
entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se
primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim
de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees
sociais e desenvolvimento integral
Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em
situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas
compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma
soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador
incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas
exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si
proacuteprias e nos outros
Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da
sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre
si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente
aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a
35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para
consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de
uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na
procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila
36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais
(Eisenberg 2005)
65
desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a
interagir seja com outras crianccedilas ou adultos
Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade
e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a
estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um
facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre
as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo
da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada
Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade
o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila
conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento
Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a
caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito
(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain
1977)38
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das
intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo
promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e
apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas
necessidades e interesses
Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo
materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas
entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades
37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
38 Ver 132 Papel do educador
66
2311 Espaccedilo
Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves
oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-
se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o
intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas
Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute
espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos
pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode
ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)
As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas
pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para
o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve
assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39
Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas
criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a
possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas
Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem
de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo
ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse
modo perigo
No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito
tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico
permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis
quedas
39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a
serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel
superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se
encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis
de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas
67
Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post
2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento
visual da crianccedilardquo
Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que
permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior
Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o
mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel
obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante
luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso
a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos
presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem
favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas
cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas
No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para
a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do
espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para
as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)
Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves
crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e
consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees
Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se
encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua
abertura por parte das mesmas
No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas
dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e
ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos
As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter
perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo
bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas
68
O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e
respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al
2016)
A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam
aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de
papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)
2312 Materiais
Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis
diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila
condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu
desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)
Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e
considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
por parte das crianccedilas estes apresentam-se
- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)
- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia
condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das
crianccedilas)
- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo
pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que
facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos
materiais disponibilizados
- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de
inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)
- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo
(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de
69
feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores
do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para
realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo
dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e
dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros
puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)
Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores
agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se
encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas
Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees
(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos
quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em
contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas
podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente
seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza
2313 Tempo
O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador
e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser
somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais
necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo
permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo
(Cardona 1999 Silva et al 2016)
A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua
sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta
conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al
1996 Niza 2012)
Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu
esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas
realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)
higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a
70
ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por
todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas
ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)
Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a
educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em
questatildeo Silva et al (2016) afirmam que
ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser
responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se
traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e
dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve
assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em
que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)
O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por
norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles
dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para
o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para
efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas
pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas
podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado
agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham
feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)
No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita
atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de
atender agraves suas necessidades
Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez
numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel
seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora
dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo
do conhecimento da mesma pelo grupo
71
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees
23141 Crianccedila-crianccedila
Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos
de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas
(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e
intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)
Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem
em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando
conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem
O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes
momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em
pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente
Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e
relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para
serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando
mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila
Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as
crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim
consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras
Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de
conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como
mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser
simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho
e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)
Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira
1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai
sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas
Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se
estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si
72
23142 Crianccedila-adulto
No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente
educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees
distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria
personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e
valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)
O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de
aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas
educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como
apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)
Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora
cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas
satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo
havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees
planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo
adequadas a cada crianccedila
Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas
tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas
como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no
denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)
o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse
modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na
mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com
a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas
solicitaccedilotildees
Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram
os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas
conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho
40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)
73
Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se
expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo
relativamente agrave privacidade
Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam
fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave
intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas
natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela
positividade
No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas
participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo
educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute
concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no
momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses
As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam
desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela
equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente
educativo no qual se encontram inseridas
Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto
que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um
balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente
enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras
na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na
creche
Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-
se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se
41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo
74
baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do
interesse do grupo envolvido
Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)
abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)
Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em
qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos
(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva
1998)
Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise
esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado
tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)
Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto
de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de
competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de
informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da
tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e
criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da
autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo
de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)
A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila
e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um
ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes
em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)
Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve
proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio
processo de aprendizagem
No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem
de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de
projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-
educador
75
Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais
experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)
Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a
metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o
estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3
anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da
crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais
se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)
Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma
metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada
a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por
Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se
relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais
razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo
sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)
Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de
respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e
conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim
como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as
crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees
descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de
ambos os sujeitos
Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar
na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases
- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)
- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando
e quem)
- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)
- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e
partilha com outros elementos da comunidade educativa)
76
No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas
de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida
enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente
capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve
ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar
Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do
ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima
democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir
autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de
interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos
e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo
de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo
dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)
Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado
ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as
crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses
das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto
agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo
educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)
Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche
uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente
educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto
educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de
ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho
2013 p58)
A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo
das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao
ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as
77
ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao
contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)
Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto
Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas
aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a
crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e
construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado
por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto
desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades
compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes
do mesmo
Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo
de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja
principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente
relatoacuterio
Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos
promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de
brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso
a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e
consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a
educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem
ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas
42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
78
Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi
afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo
(p75)
Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um
projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses
das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte
a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo
Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do
educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as
intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito
pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva
(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas
no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as
quais se enquadra o trabalho de projeto)
Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves
caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que
embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas
proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento
singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais
se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva
potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente
educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial
criativo do educando
Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se
conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade
43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se
encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
79
No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se
torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e
esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante
No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como
meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas
relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47
Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de
ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que
possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor
preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes
criadoras
Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-
Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de
fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias
que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)
No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem
foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila
Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo
implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades
individuais (hellip)rdquo (p119)
Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo
da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das
intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma
educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que
cria laccedilos sociaisrdquo (p21)
46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo
47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
80
Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas
etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos
(1998)48
Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e
prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este
Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que
as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a
asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute
que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute
apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja
confrontada
Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam
responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou
crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e
psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)
251 Definiccedilatildeo do problema
Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada
durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto
Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo
se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o
qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta
No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o
haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade
que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees
com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era
48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
81
constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o
grupo acabava por aderir
Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o
desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas
Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos
interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir
uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)
indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas
Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser
aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do
projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo
Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs
Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a
destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)
afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se
pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo
sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo
(p64)
Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual
o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os
por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo
Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate
necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA
Lili e o Lobo Maurdquo)
A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo
desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo
Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o
objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos
representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de
chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos
materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)
82
Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que
fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver
as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi
posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a
dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos
fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse
podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo
(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)
No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de
dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante
satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar
desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando
compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma
Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas
crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas
em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se
encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-
se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face
agraves suas intencionalidades
Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode
oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da
motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais
O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa
prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser
levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas
questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo
para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida
49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial
criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel
pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)
83
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do
projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por
elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem
na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as
crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse
A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste
projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar
por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as
famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo
escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria
para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de
tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das
crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees
dos meninos e meninas
No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)
referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador
deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de
estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo
Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o
ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de
diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse
Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora
do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que
levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento
sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem
tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em
casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias
jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais
84
Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de
crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem
vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)
Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo
deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da
refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a
alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas)
Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta
foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute
natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos
elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito
de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles
Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos
motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e
dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua
casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente
promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da
linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da
relaccedilatildeo causa-efeito
No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-
se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo
ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima
democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51
Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al
(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o
seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo
51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a
promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade
(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)
85
processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da
autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo
Acrescentam ainda que
Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai
mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos
atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os
problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a
criatividade (Silva et al 2016 p34)
Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico
A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e
aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se
exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo
pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)
Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo
das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de
tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma
funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo
e descoberta agrave crianccedila
As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de
conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo
chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao
niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais
especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser
desenvolvida pela maioria do grupo
Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando
em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da
qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si
proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)
86
A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente
A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto
o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A
criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada
para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)
Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas
planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do
projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o
decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante
a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio
Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute
condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para
o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)
Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela
accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando
saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia
(Dewey amp Dewey 1915)
Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma
constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a
experimentaccedilatildeordquo52
Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como
meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes
dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava
um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto
ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a
criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto
52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma
construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo
(Freinet sd)
87
A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de
integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo
tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem
o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais
Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo
Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma
ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a
comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)
A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar
1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-
Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky
1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)
Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a
situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem
desenvolvendo possiacuteveis ideias
Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao
fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo
da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e
protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave
distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a
expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao
grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)
que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo
Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a
expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era
53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao
estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz
imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando
ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das
crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)
88
questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso
negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas
A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo
influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente
agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo
considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que
estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a
pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo
o que natildeo era possiacutevel
Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face
ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves
crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve
explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas
referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da
Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente
para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser
reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados
pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a
manipulaccedilatildeo dos mesmos
As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com
as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses
Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem
se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998
Rodrigues 2004)
No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo
exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do
ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis
agrave prossecuccedilatildeo das atividades
Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em
aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na
mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a
89
ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora
cooperante
Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado
ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que
antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo
Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta
natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e
considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo
Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava
a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto
sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo
se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela
instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a
atividades livres
Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os
interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos
mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis
custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que
estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade
Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas
materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes
despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e
observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das
crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como
materiais de expressatildeo plaacutestica
No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido
desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o
meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde
constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste
relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia
das artes no desenvolvimento da crianccedila
90
Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais
apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o
egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em
questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez
constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo
e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro
Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de
opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de
negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo
(p39)
Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e
negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila
Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em
seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam
realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e
como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados
jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a
conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse
conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar
253 Execuccedilatildeo
No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto
cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das
quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo
visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum
No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as
atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares
e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e
disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de
crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se
iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos
91
Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi
o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar
uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade
Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando
que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos
permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais
individualizados e inclusivosrdquo (p8)
Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar
mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o
desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)
Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor
coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave
realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite
que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)
Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade
de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um
tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de
todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)
Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava
convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo
jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o
educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar
Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio
se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras
atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto
com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse
Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia
todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo
(p105)
Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas
considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a
92
par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de
transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em
grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente
expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas
participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo
Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes
construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de
todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados
e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)
Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute
desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma
partilha de saberes coletiva
2531 Jogo da memoacuteria
No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se
proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por
introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo
de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o
intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel
de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas
ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili
A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de
processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e
concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo
Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade
do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel
deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a
maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que
55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas
imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e
concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes
93
apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos
consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma
crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando
caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)
Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos
colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual
estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo
da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)
Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de
algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na
concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de
implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas
mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente
desenvolvimento de competecircncias
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)
Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das
atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao
desenvolvimento da casa da Lili
No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa
da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que
mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham
indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos
jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56
Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que
concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os
materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as
56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
94
principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as
suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto
Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher
aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de
expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal
facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas
Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na
instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo
plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder
agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo
o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua
que se encontravam presentes no espaccedilo educativo
O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o
intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as
dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das
paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da
colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas
possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar
os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver
Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57
desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo
Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2
anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando
espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash
Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)
Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas
revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo
parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador
57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain
1977)
95
fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila
do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento
As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem
significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento
do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma
que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona
bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo
desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho
colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico
partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores
Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o
reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash
Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas
Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas
crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na
concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem
observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa
da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das
atividades sem interferir nas mesmas
Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes
no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili
como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as
dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa
da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a
executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo
impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de
realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a
assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir
96
questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do
seu agrado e como deveria continuar a proceder
Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma
vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa
parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes
Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do
desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros
e quantidades formas e noccedilotildees espaciais
Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada
dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado
espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o
fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira
livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)
A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar
fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem
posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo
estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo
Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)
Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em
desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da
Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa
que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a
educadora cooperante
No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio
disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de
58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da
criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
97
tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo
da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa
atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou
Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na
instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material
por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o
efeito pretendido
As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a
diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua
liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu
para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na
casa da Lili)
Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no
manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem
dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por
uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas
natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola
disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola
natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos
Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido
o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as
habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o
desenvolvimento do sentido esteacutetico
2535 Montagem da casa da Lili
Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua
montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras
na tatildeo aguardada casa
No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio
definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com
98
o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da
casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas
que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante
pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos
de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo
semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo
Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como
a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim
como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no
qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia
ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham
apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela
crianccedila
Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma
vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo
natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material
A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os
tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das
crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao
teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem
que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas
No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo
vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo
que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia
o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e
possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes
crianccedilas
Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo
estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a
afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na
instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o
espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar
99
No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os
movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves
dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os
recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas
brincadeiras
No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela
educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva
conclusatildeo da casa da Lili
A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as
mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a
material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse
motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa
Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha
conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus
interesses
Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave
mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde
as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser
realizadas atraveacutes das janelas
Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional
nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar
a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a
questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave
porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal
era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida
Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e
assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili
algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio
agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash
Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de
crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas
100
em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao
usufruto da casa
Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se
constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo
oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico
(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros
merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si
responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e
valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado
A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto
de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os
tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59
Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas
igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o
mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim
de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse
momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute
mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados
que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo
natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo
Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili
com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as
crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo
A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde
em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram
59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18
101
tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas
de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo
com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez
que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das
habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica
Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo
podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide
exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa
inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem
ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas
segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel
telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua
configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com
mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado
No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam
ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a
interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas
duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam
afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no
entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado
Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como
o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da
tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando
o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de
um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo
A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e
estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente
afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e
salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar
61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos
das mesas
102
o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas
em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa
Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas
(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder
de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas
todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim
colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram
disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)
pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no
papel de cenaacuterio
As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e
estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria
assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas
explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como
se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos
peacutes das crianccedilas)
Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era
o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-
se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas
caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da
atividade
Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do
aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da
coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex
estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili
Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de
se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter
utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de
103
decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma
das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa
A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido
que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62
Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material
do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas
a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute
que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia
crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade
Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a
formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou
com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse
concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser
possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com
os outros momentos da rotina consequentes
No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas
pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria
procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade
que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado
o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios
Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade
agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade
de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo
se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso
agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por
pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo
do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura
do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)
62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila
104
Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e
fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades
posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas
pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas
com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas
e texturas
Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas
e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se
espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao
percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as
suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)
Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a
mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas
face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65
fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36
ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)
Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada
uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a
realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores
efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66
Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de
significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais
cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo
63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila
65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila
66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o
desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias
face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com
cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as
crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas
105
para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas
tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada
Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do
aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes
do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho
colaborativo e trabalho cooperativo
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili
levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que
fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de
realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam
ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades
considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles
destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode
condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades
de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens
Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de
tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a
concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68
a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das
crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes
disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no
67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili
68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos
riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que
natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de
verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes
alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas
apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova
atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse
sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas
106
que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades
anteriormente realizadas69
Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que
concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo
esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando
as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura
Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e
misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas
Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de
utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos
e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na
promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo
de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos
para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)
Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente
cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos
desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada
crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto
estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das
criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que
durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto
que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia
Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas
em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende
que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das
69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou
bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas
71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias
entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)
107
realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do
desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens
Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas
usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo
um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por
conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor
procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas
da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo
estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo
Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma
teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas
relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das
cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e
conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da
massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo
2541 Avaliaccedilatildeo
Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para
a accedilatildeordquo (p15)
Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida
com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo
para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004
Silva et al 2016)
25411 Crianccedilas
A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma
sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e
considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser
108
modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento
das aprendizagens
Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo
permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o
desenvolvimento cognitivo e da linguagem
Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas
mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila
Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais
momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute
nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves
crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham
realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo
mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas
caso as fossem efetuar futuramente
Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente
acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador
constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base
de desenvolvimento dessa
Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa
educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que
foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este
questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)
Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo
indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a
avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento
sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo
avaliativo que seja processado de modo persistente
25412 Famiacutelias
Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que
estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem
109
Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no
desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais
responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo
Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo
de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas
conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)
Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois
dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a
cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o
trabalho de projeto desenvolvido
Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma
explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento
concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)
Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como
referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes
que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo
uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais
adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios
progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo
necessaacuterios
Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias
caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de
famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista
No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento
redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora
sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo
limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias
72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio
110
Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e
anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias
Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas
revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da
ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia
Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores
da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou
na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia
alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute
mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo
ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo
projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73
No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a
importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis
pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis
Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um
terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de
desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)
Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham
conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo
e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam
por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva
face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa
amp Sarmento 2010 p149)
Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento
das crianccedilas as famiacutelias indicaram
73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia
pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)
111
- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam
de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades
- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e
ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas
famiacutelias
- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado
- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar
ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das
famiacutelias
- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas
vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas
Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de
um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico
Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute
proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)
2542 Divulgaccedilatildeo
Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi
desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas
maneiras (Vasconcelos 1998)
A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir
acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-
os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)
No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas
educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua
jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo
sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo
de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o
que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas
112
e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em
horaacuterios poacutes letivo
As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo
aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das
atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os
pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o
fomento da sua auto-estima e confianccedila
Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e
valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)
Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)
assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo
projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar
tal projeto avante
Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo
efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo
concretizadas pelas crianccedilas
Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias
durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto
com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o
que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa
Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o
projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite
soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade
de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante
a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo
ocorresse
Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas
ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo
a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente
educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas
responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros
113
3 Consideraccedilotildees finais
Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido
percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a
qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia
Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave
concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos
definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse
fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de
objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma
metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um
trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa
integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um
ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade
A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a
potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila
considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se
um desenvolvimento integrado
Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial
criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico
desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de
aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo
criativa da crianccedila eacute condicionada por esse
Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os
fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas
tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias
necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a
promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o
cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo
114
Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de
oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi
fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta
perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a
Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o
educar
Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das
crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem
juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila
assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-
se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos
inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo
do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno
Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a
cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do
presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das
famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua
vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das
suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das
famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa
derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa
Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de
Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da
crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias
aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro
2011 p100)
Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal
(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao
processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu
papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para
explorar intervir decidir e agir
115
Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche
jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das
experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de
ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem
para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se
inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas
crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de
crianccedilas
Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral
considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel
pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila
Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo
das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New
Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)
Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da
criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz
respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs
Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente
relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o
reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores
do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar
ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a
criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo
Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao
desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da
associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como
destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a
associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso
Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito
de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo
legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do
116
potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute
igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens
Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida
continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da
criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem
perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal
Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente
educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma
competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida
permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como
a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees
considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam
117
Bibliografia
Alencar E (1986) Criatividade e ensino Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 6(1) 13-16
httpsdxdoiorg101590S1414-98931986000100004
Alencar E (1992) Como desenvolver o potencial criador um guia para a liberaccedilatildeo da
criatividade em sala de aula (2ordf ed) Petroacutepolis Vozes
Alencar E (1998) Desenvolvendo o potencial criador 25 anos de pesquisa Cadernos de
Psicologia 4(1) 113-122 Disponiacutevel em
httpsrepositorioucbbrjspuihandle1234567897374
Alencar E (2001) Obstacles to personal creativity among university students Gifted Education
International 15(2) 133-140 Recuperado de
httpciteseerxistpsueduviewdocdownloaddoi=10118814856amprep=rep1amptype=pdf
Alencar E (2007) Criatividade no contexto educacional trecircs deacutecadas de pesquisa Psicologia
Teoria e Pesquisa 23 45-49 httpsdxdoiorg101590S0102-37722007000500008
Alencar E (2008) DESFAZENDO OS MITOS SOBRE A CRIATIVIDADE Fundaccedilatildeo
Catarinense de Educaccedilatildeo Especial Disponiacutevel em
httpwwwfceescgovbrindexphpbuscasearchword=alencarampsearchphrase=all
Alencar E amp Fleith D (2004) Inventaacuterio de Praacuteticas Docentes que Favorecem a Criatividade
no Ensino Superior Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 17(1) 105-110
httpsdxdoiorg101590S0102-79722004000100013
Alencar E amp Fleith D (2010) Escala de praacuteticas docentes para a criatividade na educaccedilatildeo
superior Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 9(1) 13-24 Recuperado de
httppepsicbvsaludorgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1677-04712010000100003
Alencar E Fleith D amp Pereira N (2017) Creativity in Higher Education Challenges and
Facilitating Factors Temas em Psicologia 25(2) 553-561 httpsdxdoiorg109788TP20172-
09
Alencar E amp Martiacutenez A (1998) Barreiras agrave expressatildeo da criatividade entre profissionais
brasileiros cubanos e portugueses Psicologia Escolar e Educacional 2(1) 23-32 Recuperado
de httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
85571998000100003amplng=enamptlng=pt
118
Almeida G amp Almeida G (2015) Criatividade conceito e reflexatildeo Estado escola e sociedade
na perspectiva da internacionalizaccedilatildeo Desafios Das Poliacuteticas Puacuteblicas Docentes Nos Planos De
Educaccedilatildeo 8(1) Recuperado de httpseventossetedubrindexphpenfopearticleview1457
Amabile T (2012) Componential Theory of Creativity Harvard Business School Working
Paper 96(12) Recuperado de httpswwwhbsedufacultyPagesitemaspxnum=42469
Anderson H (1960) The Nature of Creativity Studies in Art Education 1(2) 10-17 DOI
1023071319842
Aragoacuten O (2005) Algunos indicadores para el desarrollo de la creatividad In Gomeacutez Cumpa J
(Org) Desarrollo de la Creatividad (pp119-122) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash
UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Arrizabalaga E (2014) Anaacutelisis del concepto de creatividad y metodologiacuteas procesuales en
treinta artistas vascas contemporaacuteneas (Tese de Doutoramento) Universidad del Paiacutes Vasco
Recuperado de httphdlhandlenet1081014748
Barboza L amp Volpini M (2015) O faz de conta simboacutelico representativo ou imaginaacuterio
Cadernos de Educaccedilatildeo Ensino e Sociedade 2(1) 1-12 Recuperado de
httpunifafibecombrrevistasonlinearquivoscadernodeeducacaosumario350604201520020
8pdf
Bastos G (1999) Literatura infantil e juvenil Lisboa Universidade Aberta
Braumann M (2009) Questotildees e razotildees Criatividade artiacutestica e criatividade cientiacutefica Noesis
77 26-31 Recuperado de
http19313722207imageswinlibimgaspxskey=ampdoc=144044ampimg=1290ampsave=true
Cachia R Ferrari A Ala-Mutka K amp Punie Y (2010) Creative Learning and Innovative
Teaching Final Report on the Study on Creativity and Innovation in Educationin the EU Member
States Luxembourg Publications Office of the European Union DOI 10279152913
Caldwell B (1995) In Bebeacute XXI - Crianccedila e famiacutelia na viragem do seacuteculo Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Cardona M (1999) O Espaccedilo e o tempo no Jardim de infacircncia Pro-Posiccedilotildees 10(1) 132-138
Recuperado de httpsperiodicossbuunicampbrojsindexphpproposicarticleview8644105
119
Carvalho A amp Beraldo K (1989) Interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila ressurgimento de uma aacuterea de
pesquisa e suas perspectivas Cadernos de Pesquisa (71) 55-61 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview1169
Casillas M (1999) Aspectos importantes de la creatividad para trabajar en el aula Revista digital
de educacioacuten 10 1-10 Recuperado de
httpwwwjuntadeandaluciaeseducacionportalsabaco-portletcontent21b7cb3a-f603-429d-
8721-49e3212e113c
Castillo A (1986) La creatividad en el aula actividades para un curriacuteculum creativo Maacutelaga
Innovare
Chacoacuten Araya Y (2011) Una revisioacuten criacutetica del concepto de creatividad Actualidades
Investigativas En Educacioacuten 5(1) httpsdoiorg1015517aiev5i19120
Cicerello R amp Kalinowski M (2007) iquestDe queacute hablamos cuando hablamos de creatividad
Actas De Disentildeo 3(3) 94-97Universidad de Palermo Recuperado de
httpsfidopalermoeduservicios_dycpublicacionesdcvistadetalle_articulophpid_libro=11amp
id_articulo=5485
Coelho A (2004) Educaccedilatildeo e cuidados em creche conceptualizaccedilotildees de um grupo de
educadoras (Tese de Doutoramento Universidade de Aveiro) Disponiacutevel em
httphdlhandlenet1077310856
Costa J amp Costa C (2011) A criatividade e a educaccedilatildeo percursos 23ordm Encontro Nacional da
Associaccedilatildeo de Professores de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo Visual ndash Ensino das Artes Visuais
Identidade e Cultura no seacuteculo XXI pp 97-118 Recuperado de
httphdlhandlenet1019810553
Coutinho A (2010) A accedilatildeo social dos bebecircs um estudo etnograacutefico no contexto da creche (Tese
de Doutoramento Universidade do Minho) Disponiacutevel em httphdlhandlenet182211336
Craft A (2004) A universalizaccedilatildeo da Criatividade Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo
Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Craveiro C (2011) Escutando educadoras de infacircncia de creche Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0
aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica] pp 93-106 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
120
Craveiro M Ferreira I (2007) A Educaccedilatildeo Preacute-Escolar face aos desafios da sociedade do
futuro Cadernos de Estudo (6) 15-21 Porto ESE de Paula Frassinetti Recuperado de
httphdlhandlenet2050011796911
Cropley A (1997) Fostering creativity in the classroom General principles In M Runco (Ed)
The creativity research handbook 1 (pp83-114) Cresskill NJ Hampton Press Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication243787195
Cropley A (1999) Creativity in Education In M Runco amp S Pritzker (Eds) Encyclopedia of
creativity (pp 629-642) San Diego CA Academic Press Recuperado de
httpswwwacademiaedu10502641
Cropley D amp Cropley A (2009) Fostering Creativity A Diagnostic Approach for Higher
Education and Organisations Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication259979702
Csikszentmihalyi M (1996) The Flow of Creativity In M Csikszentmihalyi (Ed) Creativity
Flow and the psychology of discovery and invention (pp107-126) New York Harper Collins
Recuperado de httpsdigitalauthorshipurifileswordpresscom201601csikszentmihalyi-
chapter-flow-and-creativitypdf
Cunha N (2007) Brinquedoteca um mergulho no brincar (4ordf ed) Satildeo Paulo Aquariana
Dacey J amp Madaus G (1969) Creativity definitions explanations and facilitation The Irish
Journal o f Education 3(1) pp55-69 Recuperado de httpwwwercie19690118vol-03-
1969
De Bono E (1970) Lateral Thinking A Textbook of Creativity [Ebook] Harmondsworth
Middlesex England Penguin Books Recuperado de httpsepdfpublateral-thinking-a-
textbook-of-creativitya99e1c6b5278f5ab0820a2d95ef071b9423html
Dempsey J amp Frost J (2002) Contextos Luacutedicos na Educaccedilatildeo de Infacircncia In Spodek B (Ed)
Manual de investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo de infacircncia (Ana Maria Chaves Trad) (pp 687-724)
Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Dewey J amp Dewey E (1915) Schools of To-morrow [Ebook] New York E P Dutton amp
Company Recuperado de httpsarchiveorgdetailsschoolsoftomorro005826mbppagen10
121
Doble Gorriacuten P (2015) Coacutemo estimular la creatividad en los nintildeos de Primaria Intervencioacuten
para 5ordm curso (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893416
Drevdahl J (1956) Factors of importance for creativity Journal of Clinical Psychology 12(1)
21-26 httpsdoiorg1010021097-4679(195601)1213C21AID-
JCLP22701201043E30CO2-S
Eisenberg N (2005) Temperamental Effortful Control (Self-Regulation) Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication238586558
Ferland F (2006) Vamos brincar Na infacircncia e ao longo da vida (Rita Rocha Trad) Lisboa
Climepsi Editores
Fleith D (2000) Teacher and Student Perceptions of Creativity in the Classroom Environment
Roeper Review 22(3) 148-153 httpsdoiorg10108002783190009554022
Fleith D (2001) Criatividade novos conceitos e ideacuteias aplicabilidade agrave educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Especial (17) httpdxdoiorg1059021984686X
Fleith D amp Alencar E (2008) Caracteriacutesticas personoloacutegicas e fatores ambientais
relacionados agrave criatividade do aluno do Ensino Fundamental Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 7(1)
35-44 Recuperado de httpsdialnetuniriojaesservletarticulocodigo=6674859
Folque M (2012) O aprender a aprender no preacute-escolar o modelo pedagoacutegico do
movimento da escola moderna Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Freinet C (1984) El aprendizaje del dibujo (Mordf Dolors Bordas Trad) Barcelona
Martiacutenez Roca
Freitas M (2015) A importacircncia do brincar na educaccedilatildeo infantil (Monografia de
Especializaccedilatildeo Faculdade de Paraacute de Minas) Recuperado de
httpfapamweb797kinghostnetadminmonografiasnupearquivos18072016193403Mariana_
Duartepdf
Garaigordobil M amp Berrueco L (2011) Effects of a Play Program on Creative Thinking of
Preschool Children In The Spanish Journal of Psychology 14(2) 608-818 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication51779808
122
Gomeacutez Cumpa J (2005) Desarrollo de la Creatividad Lambayeque Fondo Editorial FACHSE
ndash UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Goacutemez C amp Rovira A (2012) El aprendizaje musical a traveacutes del pensamiento creativo una
investigacioacuten accioacuten colaborativa en ensentildeanza secundaria Estilos De Aprendizaje
Investigaciones Y Experiencia 1-10 Santander Universidad de Cantabria DL Recuperado de
httpsdialnetuniriojaesservletlibrocodigo=555496
Gonccedilalves E (1983) A expressatildeo plaacutestica da crianccedila Que eacute a pintura infantil Qual deveraacute ser
a atitude do adulto face agrave expressatildeo livre da crianccedila Anaacutelise Psicoloacutegica 3 (12) 205-210
Lisboa Instituto Superior de Psicologia Aplicada Recuperado de
httphdlhandlenet10400122054
Gonccedilalves E (1991) A arte descobre a crianccedila Amadora Raiacutez Editora
Hohmann M amp Post J (2007) Educaccedilatildeo de bebeacutes em infantaacuterios cuidados e primeiras
aprendizagens (3ordf ed) (Sara Bahia Trad Maria Cristina Correcirca Figueira Rev) Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Hohmann M amp Weikart D (1997) Educar a Crianccedila (Helena Aacutegueda Marujo e Luiacutes Miguel
Neto Trads) Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Homem C Gomes B amp Montalvatildeo R (2009) A importacircncia da criatividade Cadernos de
Educaccedilatildeo de Infacircncia (88) 41-45
Kaufman J amp Sternberg R (2010) The Cambridge Handbook of Creativity [Ebook]
Cambridge University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=1EBT3Qj5L5ECampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Klimenko O (2009) Una reflexioacuten en torno al concepto creatividad y su relacioacuten con los
componentes del proceso educativo Revista Virtual Universidad Catoacutelica Del Norte (26) 1-29
Recuperado de httprevistavirtualucneducoindexphpRevistaUCNarticleview111
Lira N amp Rubio J (2014) A Importacircncia do Brincar na Educaccedilatildeo Infantil Saberes da
Educaccedilatildeo 5(1) 1-22 Recuperado de httpsunisaoroqueedubrrevista-eletronicarevista-
sabares-da-educacaoarquivos2014-2
123
Lopes M (2016) Processos formativos de construccedilatildeo do sentido da criatividade um olhar
renovado na educaccedilatildeo de infacircncia e a responsabilidade dos educadores (Tese de Doutoramento
Universidade Catoacutelica Portuguesa) Disponiacutevel em httphdlhandlenet104001424210
Lowenfeld V amp Brittain W (1977) Desenvolvimento da capacidade criadora (Aacutelvaro Cabral
Trad) Satildeo Paulo Mestre Jou
Lubart T (2007) Psicologia da Criatividade [Ebook] (Maacutercia Conceiccedilatildeo Machado Moraes
Trad) Porto Alegre Artmed Recuperado de httpsdocerocombrdocx8c1x
Luz S (2016) O papel da atividade luacutedica no processo de ensino aprendizagem no 1ordm ciclo do
ensino baacutesico Perceccedilotildees dos docentes sobre o uso das atividades luacutedicas em sala de aula para a
aquisiccedilatildeo das aprendizagens (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Instituto Superior de Educaccedilatildeo e
Ciecircncias) Recuperado de httphdlhandlenet104002620586
MacKinnon D (1962) The nature and nurture of creative talent American Psychologist 17(7)
484-495 doi101037h0046541
MacKinnon D (1964) Identification and Development of Creative Abilities California Univ
Berkeley Inst of Personality Assessment and Research Recuperado de
httpsericedgovid=ED027965
Mariacuten Viadel R (2003) Didaacutetica de la Educacioacuten Artiacutestica para Primaria Madrid Pearson
Educacioacuten DL
Matiacutenez A (2002) A criatividade na escola trecircs direccedilotildees de trabalho Linhas Criacuteticas 8(15)
189-206 httpsdoiorg1026512lcv8i153057
Meneghini R amp Campos-de-Carvalho M (2003) Arranjo espacial na creche espaccedilos para
interagir brincar isoladamente dirigir-se socialmente e observar o outro Psicologia Reflexatildeo e
Criacutetica 16(2) 367-378 httpsdxdoiorg101590S0102-79722003000200017
Miranda M (2002) Reflexiones en torno al curriacuteculo y la creatividad infantil InterSedes 3(4)
93-103 Recuperado de httpsrevistasucraccrindexphpintersedesarticleview761
Morais M (2004) O educador e a personalidade criativa algumas consideraccedilotildees Cadernos de
Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
124
Morais M (2015) Criatividade conceito e desafios Educaccedilatildeo e Matemaacutetica 18(135) 3-7
Associaccedilatildeo de Professores de Matemaacutetica Recuperado de httphdlhandlenet182242298
Morais M Almeida L amp Azevedo I (2014) Criatividade e praacuteticas docentes no Ensino
Superior Como pensam os alunos de aacutereas curriculares diferentes Revista AMAZocircnica 12
(2)97-126 Recuperado de httphdlhandlenet182234301
Morales Bentildearan I (2015) La Creatividad a traveacutes del Movimiento y la Danza en 4ordm curso de
Primaria (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893161
Morejoacuten J (2000) Creatividad en la educacioacuten educacioacuten para transformar Revista Psicologia
Cientiacuteficacom 2(1) Recuperado de httpwwwpsicologiacientificacomcreatividad-en-
educacion
Motos T (2015) Desarrollo de expresioacuten para hacer y ser creativos 1-9 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication324543994
Mouchiroud C amp Lubart T (2002) Social creativity A cross-sectional study of 6- to 11-year-
old children International Journal Of Behavioral Development 26(1) 60-69
httpsdoiorg1011772F016502540202600111
Moura J amp Pacheco A (2019) Educar com Criatividade ser Paacutessaro ou Carneirinho na
Aprendizagem da Composiccedilatildeo Musical IV Encontro do Ensino Artiacutestico Especializado da
Muacutesica do Vale do Sousa O Ensino da Muacutesica no Seacuteculo XXI Desafios e Compromissos Livro
de Atas Lousada Conservatoacuterio do Vale do Sousa Recuperado de
httphdlhandlenet182260328
Mouratildeo A (2013) A intencionalidade educativa nas atividades luacutedicas (Dissertaccedilatildeo de
Mestrado Escola Superior de Educadores de Infacircncia Maria Ulrich) Recuperado de
httphdlhandlenet104002614206
Mozzer G amp Borges F (2008) A Criatividade Infantil na Perspectiva de Lev Vigotski Revista
Inter Accedilatildeo (33)2 297-316 httpsdoiorg105216iav33i25269
National Advisory Committee on Creative and Cultural Education (1999) All Our Futures
Creativity Culture amp Education London DFEE Recuperado de
httpsirkenrobinsoncomreadall-our-futures
125
Nicolielo M Sommerhalder A amp Alves F (2017) Brincar na educaccedilatildeo infantil como
experiecircncia de cultura e formaccedilatildeo para a vida Educaccedilatildeo 42(2) 285-298
httpdxdoiorg1059021984644422271
Niza S (2012) Seacutergio Niza - escritos sobre educaccedilatildeo (Orgs Antoacutenio Noacutevoa Francisco
Marcelino e Jorge Ramos do Oacute) Lisboa Tinta da China
Neves-Pereira M amp Alencar E (2018) A Educaccedilatildeo no seacuteculo XXI e o seu papel na promoccedilatildeo
da criatividade Psicologia e Educaccedilatildeo 1(1) 1-10 Recuperado de
httppsicologiaeeducacaoubiptrevistaOnLinehtm
New Jersey Department of Education (2013) New Jersey - Birth to Three - Early Learning
Standards [Ebook] Recuperado de
httpswwwnjgoveducationeceguidestandardsbirthstandardspdf
Novaes M (1980) Psicologia da criatividade (5ordf ed) PetroacutepolisVozes
Ocantildea A (2005) iquestQuieacuten ha matado mi creatividad pedagoacutegica In Gomeacutez Cumpa J (Org)
Desarrollo de la Creatividad (pp99-111) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG
Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Ocantildea A (2008) La educacioacuten y el desarrollo de la creatividad un reto en la formacioacuten de
profesionales Praxis 4(1) 84-107 httpsdoiorg102167623897856104
Oliveira E amp Alencar E (2010) Caracteriacutesticas de Professores Criativos e de Coordenadores
que Estimulam a Criatividade Docente Boletim Academia Paulista de Psicologia 30(79) 379-
393 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=94615412011
Oliveira E amp Alencar E (2012) Importacircncia da criatividade na escola e no trabalho docente
segundo coordenadores pedagoacutegicos Estudos de Psicologia (Campinas) 29(4) 541-552
httpdxdoiorg101590S0103-166X2012000400009
Oliveira-Formosinho J Lino D amp Niza S (1996) Modelos curriculares para a educaccedilatildeo de
infacircncia Porto Porto Editora
Oliveira-Formosinho J amp Arauacutejo S (2013) Educaccedilatildeo em Creche Participaccedilatildeo e Diversidade
Porto Porto Editora
126
Oliveira M (2018) Um Novo Olhar sobre as Artes Visuais na Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Um
Desafio da Contemporaneidade In Ana Souto e Melo (Org) Atas do Congresso de investigaccedilatildeo
em Educaccedilatildeo Artiacutestica ndash Educaccedilatildeo Artiacutestica no Sistema de ensino Portuguecircs conquistas e
desafios pp 262-272 Viseu IPVESSECIampDETS Recuperado de
httphdlhandlenet104001426645
Oliveira Z (2010) Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo Estudos de
Psicologia (Campinas) 27(1) 83-92 httpdxdoiorg101590S0103-166X2010000100010
Oliveira Z (2013) Educaccedilatildeo infantil fundamentos e meacutetodos [Ebook] Satildeo Paulo Cortez
Recuperado de httpsbooksgoogleptbooksisbn=8524921250
Oliveira Z amp Alencar E (2008) A criatividade faz a diferenccedila na escola o professor criativo e
o ambiente facilitador da criatividade Contrapontos 8(2) 295-306 Recuperado de
httpssiaiap32univalibrseerindexphprcarticleview954
Oliveira Z amp Rossetti-Ferreira M (1993) O valor da interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila em creches no
desenvolvimento infantil Cadernos de Pesquisa (87) 62-70 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview928
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (2000) Estudo
temaacutetico da OCDE A educaccedilatildeo preacute-escolar e os cuidados para a infacircncia em
Portugal Lisboa Departamento da Educaccedilatildeo Baacutesica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwdgemecptrecursos-0
Ortega S (2016) Desarrollo de la creatividad infantil Temas Para La Educacioacuten (34)
Recuperado de httpswwwfeandaluciaccooesindconteiaspxd=7250amps=0ampind=396
Papalia D Olds S amp Feldman R (2009) O mundo da crianccedila da infacircncia agrave adolescecircncia (11ordf
ed) (Rita de Caacutessia Alburqueque Caetano e Jacira dos Santos Cardoso Trads) Satildeo Paulo
McGraw-Hill
Parente C (2002) Observaccedilatildeo um percurso de formaccedilatildeo praacutetica e reflexatildeo In Oliveira-
Formosinho J (Org) A Supervisatildeo na Formaccedilatildeo de Professores I Da sala agrave escola Porto
Porto Editora
Pequito P (1999) Representaccedilotildees de criatividade dos educadores de infacircncia Saber (e) Educar
(4) pp61-77 Recuperado de httphdlhandlenet2050011796981
127
Pinto L (2015) Creche Quanto mais cedo melhor In Jornal Puacuteblico Disponiacutevel em
httpswwwpublicopt20150209sociedadenoticiacreche-quanto-mais-cedo-melhor-
1685464
Plucker J Esping A Kaufman J amp Avitia M (2015) Creativity and Intelligence 283-291
Recuperado de DOI 101007978-1-4939-1562-0_19
Pocinho M amp Garcecircs S (2018) Psicologia da criatividade [Ebook] Universidade da Madeira
Recuperado de httphdlhandlenet10400132006
Portugal G (2000) Educaccedilatildeo de bebeacutes em creche Perspectivas de formaccedilatildeo teoacutericas e praacuteticas
Infacircncia e Educaccedilatildeo (1) 85-106
Portugal G (2011) No acircmago da educaccedilatildeo em creche ndash o primado das relaccedilotildees e a importacircncia
dos espaccedilos Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica]
pp47-60 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
Portugal G (2012) Finalidades e praacuteticas educativas em creche das relaccedilotildees actividades e
organizaccedilatildeo dos espaccedilos ao curriacuteculo na creche Porto CNIS (Confederaccedilatildeo Nacional das
Instituiccedilotildees de Solidariedade)
Prado D (2005) Estimular la creatividad en el Aula In Gomeacutez Cumpa J (Org) Desarrollo de
la Creatividad (pp166-170) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG Recuperado
de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Predebon J (2013) Criatividade - abrindo o lado inovador da mente (8ordf ed) Satildeo Paulo Pearson
Education Brasil
Queiroz N Maciel D amp Branco A (2006) Brincadeira e desenvolvimento infantil um olhar
sociocultural construtivista Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) 16(34) 169-179
httpdxdoiorg101590S0103-863X2006000200005
Quivy R amp Campenhoudt L (2008) Manual de Investigaccedilatildeo em Ciecircncias Sociais (5ordf ed) (Joatildeo
Minhoto Marques Maria Amaacutelia Mendes e Maria Carvalho Trads) Lisboa Gradiva
Publicaccedilotildees
128
Robinson K (2005) How Creativity Education and the Arts Shape a Modern Economy
Education Commission Of The States Disponiacutevel em httpsirkenrobinsoncomread
Robinson K (2011) O elemento (2ordf ed) Porto Porto Editora
Rodrigues M (2004) Modelo de referecircncia para a planificaccedilatildeo criativa de momentos criativos
Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Runco M (2004) Creativity Annual Review Of Psychology 55(1) 657-687 doi
101146annurevpsych55090902141502
Runco M amp Jaeger G (2012) The Standard Definition of Creativity Creativity Research
Journal 24 (1) 92-96 httpdxdoiorg101080104004192012650092
Santos M Andreacute M (2012) Criatividade na educaccedilatildeo de infacircncia algumas reflexotildees Cadernos
de Educaccedilatildeo de Infacircncia (96) 43-46 Recuperado de
httpapeiptedicoesceiide=1313ampsort=2012
Santos M Andreacute M (2015) Conceccedilotildees de educadores de infacircncia sobre criatividade Investigar
em Educaccedilatildeo 2(4) pp97-112 Recuperado de
httppagesieuminhoptinvedindexphpiearticleview101
Sarmento T (2005) (Re)pensar a interacccedilatildeo escola-famiacutelia Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo
18(1) 53-75 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=37418104
Scherer A (2013) O luacutedico e o desenvolvimento a importacircncia do brinquedo e da brincadeira
segundo a teoria Vigotskiana (Monografia de Especializaccedilatildeo Universidade Tecnoloacutegica Federal
do Paranaacute) Recuperado de httprepositoriorocautfpredubrjspuihandle14233
Schirmer A (2001) Criatividade e educaccedilatildeo infantil (Tese de Doutoramento Universidade
Estadual de Campinas) Recuperado de
httprepositoriounicampbrjspuihandleREPOSIP253417
Shaughnessy M (1991) The Supportive Educational Environment for Creativity Recuperado
de httpsericedgovid=ED360080
Silva I (1998) Projectos em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar e Projecto Educativo de Estabelecimento In
Katz L Bairratildeo J Silva I amp Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-
129
escolar (pp91-121) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de
httpwwwdgemecptrecursos-0
Silva I (Coord) Marques L Mata L amp Rosa M (2016) Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME)Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
(DGE)
Sim-Sim I (1998) Desenvolvimento da Linguagem Lisboa Universidade Aberta
Soh K (2000) Indexing Creativity Fostering Teacher Behavior A Preliminary Validation Study
The Journal of Creative Behavior 34(2) 118-134 Recuperado de
httpswwwacademiaedu29264306
Soh K (2015) Creativity fostering teacher behaviour around the world Annotations of studies
using the CFTIndex Cogent Education 2(1) 1-18
httpsdoiorg1010802331186X20151034494
Sousa A (2003) Educaccedilatildeo pela arte e artes na educaccedilatildeo bases psicopedagoacutegicas Lisboa
Instituto Piaget
Sousa M amp Sarmento T (2010) Escola ndash famiacutelia - comunidade uma relaccedilatildeo para o sucesso
educativo Gestatildeo e Desenvolvimento 17-18 (2009-2010) 141-156 Recuperado de
httphdlhandlenet10400149117
Souza M amp Alencar E (2006) O curso de Pedagogia e condiccedilotildees para o desenvolvimento da
criatividade Psicologia Escolar e Educacional 10(1) 21-30 httpsdxdoiorg101590S1413-
85572006000100003
Sternberg R amp Lubart T (1999) The concept of creativity Prospects and paradigms In R
Sternberg (Ed) Handbook of creativity [Ebook] (pp 3-15) New York NY US Cambridge
University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=d1KTEQpQ6vsCampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Sternberg R amp Williams W (2003) Como desenvolver a criatividade do aluno (Vitor Oliveira
Trad) Porto Coleccedilatildeo Cadernos do CRIAP (Investigaccedilatildeo e praacuteticas 6) Asa Editores
Tadeu B (2014) A legislaccedilatildeo portuguesa para a pequena infacircncia uma visatildeo socioloacutegica sobre
a infacircncia Interaccedilotildees (10)30 159-175 httpsdoiorg1025755int4029
130
Thornton L amp Brunton P (2014) Bringing the Reggio Approach to your Early Years Practice
(3ordf ed) New York Routledge
Torrance E (1977) Creativity in the classroom what research says to the teacher 1-37
Washington DC National Education Association Recuperado de
httpsericedgovid=ED132593
Trigo E et al (1999) Creatividad y motricidad Zaragoza INDE Publicaciones
Uano L (2002) La Creatividad iquestUn talento exclusivo de los artistas o una capacidad de todo ser
humano Linhas Criacuteticas 8(15) 265-288 Recuperado de
httpperiodicosunbbrojs248indexphplinhascriticasarticleview6486
Valdivia J (2011) La creatividad y la intervencioacuten en educacioacuten infantil (Monografia)
Eduinnova Recuperado de httpwwweduinnovaesmono_ene2011html
Vasconcelos T (1998) Das Perplexidades em torno de um Hamster ao Processo de Pesquisa
Pedagogia de Projecto em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar em Portugal In Katz L Bairratildeo J Silva I amp
Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-escolar (pp127-155) Lisboa
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de httpwwwdgemecptrecursos-0
Vasconcelos T (2011a) Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos (pp7-22) Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo Recuperado de httpwwwcneduptptpublicacoesestudos-e-
relatoriosoutros786-educacao-das-criancas-dos-0-aos-3-anos
Vasconcelos T (2011b) Trabalho de Projeto como Pedagogia de Fronteira Da Investigaccedilatildeo
agraves Praacuteticas I (3) 8-20 Recuperado de httphdlhandlenet10400211683
Vasconcelos T Rocha C Loureiro C Castro J Menau J Ramos M hellip amp Alves S (2011)
Trabalho por projectos na educaccedilatildeo de infacircncia mapear aprendizagens integrar metodologias
Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Ciecircncia (MEC) Recuperado de
httphdlhandlenet10400212679
Vaacutezques J (2009) Muacutesica y creatividad Creatividad y muacutesica Creatividad Y Sociedad (13)
Recuperado de httpwwwcreatividadysociedadcomnumeroscys13html
131
Vygotsky L (1927) Imagination and Creativity in Childhood In Journal of Russian and East
European Psychology 42(1) 2004 7ndash97 Recuperado de
httpswwwmarxistsorgarchivevygotskyindexhtm
Zabala A (1998) A praacutetica educativa como ensinar (Ernani F da F Rosa Trad) Porto Alegre
Artmed
Documentaccedilatildeo legislativa
Lei nordm4686 (Lei de Bases do Sistema Eucativo) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 2371986
Seacuterie I de 1986-10-14
Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar) Publicada em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 341997 Seacuterie I-A de 1997-02-10 e regulamentada pelo Decreto-Lei nordm 14797)
Lei nordm 492005 (Segunda alteraccedilatildeo agrave Lei de Bases do Sistema Educativo e primeira alteraccedilatildeo agrave
Lei de Bases do Financiamento do Ensino Superior) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm
1662005 Seacuterie I-A de 2005-08-30
Manual de Processos Chave da Creche (2ordf ed 2010) Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade
Social
Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Despacho nordm 91802016 Publicado em
Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1372016 Seacuterie II de Seacuterie II de 2016-07-19
Parecer nordm 32001 ndash Aprendizagem ao longo da vida Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Publicado
em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1622001 Seacuterie II de 2001-07-14
Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos professores dos ensinos
baacutesico e secundaacuterio Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto Publicado em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 2012001 Seacuterie I-A de 2001-08-30
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria Despacho nordm 64782017 26 de julho
Publicado em iaacuterio da Repuacuteblica nordm 1432017 Seacuterie II de 2017-07-26
Recomendaccedilatildeo nordm 32011 - A educaccedilatildeo dos 0 aos 3 anos Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica 2ordf Seacuterie nordm 79 de 21 de abril de 2011
Documentaccedilatildeo audiovisual
Creative Innovation (2011) Edward de Bono ndash ldquoCreativity amp Educationrdquo [Video] Recuperado
de httpswwwcreativeinnovationtvvideoedward-de-bono-creativity-education
Video Arts (2017) John Cleese on Creativity In Management [Video] Recuperado de
httpswwwyoutubecomwatchv=Pb5oIIPO62g
132
Websites
Antoine de Saint-Exupeacutery - Frases Recuperado de
httpwwwcitadorptfrasescitacoesaantoine-de-saintexupery
Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade Recuperado de
httpscriatividadenet
Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia Recuperado de httpapeipt
De Bono E - Lateral Thinking - How can Lateral Thinking help you Recuperado de
httpswwwedwddebonocomlateral-thinking
John Cleese Creativity is not a talent It is a way of operating Recuperado de
httpsspeakolacomartsjohn-cleese-creativity-lecture-1991
McLintic M (2018) Criatividade O que eacute Conceito e Definiccedilatildeo - Team LEWIS PT
Recuperado de httpswwwteamlewiscomptmagazinecriatividade-conceito-definicao
Movimiento Cooperativo de Escuela Popular (2017) Principios de la pedagogiacutea Freinet
Recuperado de httpwwwmcepes20170207principios-de-la-pedagogia-freinet
Priberam Informaacutetica S (2018) Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa Recuperado de
httpsdicionariopriberamorg
Prindle J (2012) Einstein Quotes - Quotes by Albert Einstein Recuperado de
httpwwwalberteinsteinsitecomquoteseinsteinquoteshtml
Rui Matos ldquoNoacutes matamos a criatividade na escolardquo (2017) Recuperado de
httpswwwjornaldeleiriaptnoticiarui-matos-nos-matamos-criatividade-na-escola-7107
Teaching Strategies (2016) The Creative Curriculum for PreSchool ndash Touring Guide
Recuperado de
httpsteachingstrategiescomwpcontentuploads201708TeachingStrategies_CC-for-
Preschool_TouringGuide_2017pdf
Documentaccedilatildeo fornecida pela instituiccedilatildeo educativa
Projeto Educativo (2018-2021)
Regulamento Interno (20172018)
133
Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
0
1
2
3
4
26 27 28 29 30 31 32
Nuacute
mer
o d
e cr
ian
ccedilas
Idade (em meses)
Idade das crianccedilas (em meses)
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora
cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve
(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer
um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute
como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo
No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem
em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham
No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida
e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais
implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em
posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as
dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois
natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem
realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo
Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta
um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras
grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora
ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo
das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao
jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse
espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio
dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo
educativa e estagiaacuteria
Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e
constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute
procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo
alternando entre estes
Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda
prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na
mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se
dirigirem para a sala
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel
afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do
seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de
descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a
desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto
para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e
subida de degraus
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Indicadores
Crianccedilas
Apanha objetos com facilidade
Segura objetos com facilidade
Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual
Preensatildeo de pinccedila
Observaccedilotildees
PD MD GD PD MD GD
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
PD ndash Pequenas Dimensotildees
MD ndash Meacutedias Dimensotildees
GD ndash Grandes Dimensotildees
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o
criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores
azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo
foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido
associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores
correspondentes
Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com
alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e
reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel
deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de
objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes
cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das
crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir
conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre
essas
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de
forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado
retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e
agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a
maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo
de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e
distinccedilatildeo entre as mesmas
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo
Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Indicadores
Crianccedilas
Compreende mensagens
orais
Compreende um discurso instrucional
Elabora frases
simples
Efetua associaccedilatildeo
entre nome e objeto
Refere o seu nome
Usa a linguagem
oral para expressar desejos
necessidades informaccedilotildees responder ou
realizar questotildees
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Avaliaccedilatildeo da autonomia
Revela autonomia quanto agrave
Indicadores
Crianccedilas
Realizaccedilatildeo da higiene
Realizaccedilatildeo das
refeiccedilotildees
Escolha das
atividades
que pretende
desenvolver
Escolha dos
materiais que pretende usufruir
Resoluccedilatildeo de
conflitos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Efetua interaccedilotildees com
Indicadores
Crianccedilas
Crianccedilas
Adultos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem
Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)
Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar
o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo
mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que
andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili
Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili
e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da
Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo
Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao
ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo
Mau
(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres
(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo
que cheira muito bem
(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho
do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau
(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer
(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu
vou dar-te uma trinca
(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me
dares um bocadinho do teu bolo
(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para
o trincar)
(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro
Aaaahhhh
(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que
nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar
flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de
casa saindo de cena temporariamente)
O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado
por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili
para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo
Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili
(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)
mas natildeo conseguiu
Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a
casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e
retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)
O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e
quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse
(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)
A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha
conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava
destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar
porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu
o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um
bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de
uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda
casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar
E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes
da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da
Lili e ao bolo de chocolate
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca
Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de
higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento
da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo
com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias
face ao projeto
Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente
tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo
Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas
crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso
a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e
atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades
apresentadas pelas crianccedilas
A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela
estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo
essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na
destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus
amigos na construccedilatildeo de uma nova casa
Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa
para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas
aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo
As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual
atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo
simboacutelico
Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos
a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a
importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas
Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo
relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do
mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas
respetivas famiacutelias se assim o pretenderem
Questotildees
bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto
bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o
desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que
modo
Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como
as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas
vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo
Grata pela atenccedilatildeo
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave
execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de
desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FS e V
Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com
outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares
correspondentes agraves imagens fornecidas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V
efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as
suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila V
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a
observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das
mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela
pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem
uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante
observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e
mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FN e MB
Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a
realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par
estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par
como se procedia o desenvolvimento do jogo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB
apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num
dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda
(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila P
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica
fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo
pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa
forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica
materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione
somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila L
Idade 2 anos e 6 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que
manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo
ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador
das cores anteriormente mencionadas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e
identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas
para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos
constituintes da casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos
tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a
casa da Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos
e respetivos padrotildees
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de
tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da
casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma
crianccedila
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a
desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de
brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com
jogos em momento de brincadeira
na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas
crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila C
Idade 2 anos e 5 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 07122018
Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados
pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as
suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e
identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais
colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado
pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila
revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o
seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros
para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da
mistura de outras cores
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo
de tintas de cores distintas
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila L P
Idade 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21122018
Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais
especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave
estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo
A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens
penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha
sido concretizada a pintura
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo
que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante
interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa
da Lili
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a
massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com
massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos
utilizando massa de farinha
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila
Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Crianccedila Objeto (s) criado (s)
C Televisatildeo
CC Bola
FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
FN Carro de brincar
FS Mala
G Caixa
L Chapeacuteu
LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
MA Bolachas
MB Bolo de chocolate
MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
N Bola de futebol
P Vaso
S Rebuccedilado grande
T Almofada
V Telefone
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
V
Iacutendice
Introduccedilatildeo 13
1 Enquadramento teoacuterico 16
11 Criatividade 16
111 Definiccedilatildeo do conceito 16
112 Capacidade inata ou adquirida 21
12 Educaccedilatildeo e criatividade 23
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo 23
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos
de cariz educacional e associaccedilotildees educativas 28
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes educativos 46
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem 47
132 Papel do educador 49
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores 49
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas 55
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 55
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional 57
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 58
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo 65
2311 Espaccedilo 66
2312 Materiais 68
2313 Tempo 69
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees 71
23141 Crianccedila-crianccedila 71
23142 Crianccedila-adulto 72
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche 73
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo 77
251 Definiccedilatildeo do problema 80
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho 83
253 Execuccedilatildeo 90
2531 Jogo da memoacuteria 92
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 93
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas 95
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens) 96
2535 Montagem da casa da Lili 97
VI
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado 100
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 102
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili 105
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo 107
2541 Avaliaccedilatildeo 107
25411 Crianccedilas 107
25412 Famiacutelias 108
2542 Divulgaccedilatildeo 111
3 Consideraccedilotildees finais 113
Bibliografia 117
VII
Iacutendice de Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash compreensatildeo e produccedilatildeo
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e
o Lobo Maurdquo
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina das crianccedilas
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos constituintes da casa da
Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma crianccedila
VIII
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
IX
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa
da Lili e ao bolo de chocolate
Figura 2 - Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 - Parte de traacutes do fantocheiro
Figura 4 - Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 5 - Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Figura 6 - Boneca Lili (parte da frente)
Figura 7 - Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 - Diaacuterio da boneca Lili (frente)
Figura 9 - Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave execuccedilatildeo do jogo da
memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda (garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da
execuccedilatildeo de janelas para a casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre
recorrendo aos tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que
constituem a casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos e respetivos padrotildees
X
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da casa da Lili
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com jogos em momento de brincadeira na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas crianccedilas com o intuito de
servir de telhado para a casa da Lili
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas
Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros para a concretizaccedilatildeo da
pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo de
tintas de cores distintas
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos utilizando massa de
farinha
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XI
Iacutendice de Tabelas
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (p58)
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
XII
Lista de abreviaturas siglas e acroacutenimos
AEDC - Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
APEI - Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia
CEB ndash Ciclo do Ensino Baacutesico
DGE - Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
EPE - Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
MPCC - Manual de Processos Chave da Creche
NACCCE - National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
OCDE - Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico
OCEPE - Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
SEP ndash Sistema Educativo Portuguecircs
13
Introduccedilatildeo
No acircmbito do Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar na Escola Superior de
Educaccedilatildeo de Paula Frassinetti foi desenvolvido o presente relatoacuterio de estaacutegio cuja
temaacutetica assenta na promoccedilatildeo de ambientes educativos favoraacuteveis ao desenvolvimento
do potencial criativo das crianccedilas em educaccedilatildeo de infacircncia
Com o intuito de traccedilar linhas orientadoras face agrave elaboraccedilatildeo deste relatoacuterio foi
definido um conjunto de objetivos aos quais se pretendeu dar respostas sendo eles
- Compreender o conceito de criatividade
- Reconhecer a importacircncia que a criatividade assume em contexto educativo
considerando o desenvolvimento da crianccedila
- Conhecer possiacuteveis estrateacutegias de promoccedilatildeo da criatividade no periacuteodo da
infacircncia
- Identificar fatores que possam potenciar e inibir o desenvolvimento da
criatividade no acircmbito educacional
As respostas para o conjunto de objetivos propostos foram formuladas mediante
uma revisatildeo da literatura e concretizaccedilatildeo de um trabalho empiacuterico desenvolvido em
contexto de Praacutetica de Ensino Supervisionada
Quanto agrave opccedilatildeo metodoloacutegica essa consiste numa metodologia de trabalho
pedagoacutegico mais especificamente no desenvolvimento de um trabalho de projeto no
acircmbito da educaccedilatildeo de infacircncia cuja principal intencionalidade assenta na promoccedilatildeo do
estiacutemulo da criatividade na crianccedila considerando o ambiente educativo promovido pelo
educador e oportunidades de aprendizagem A metodologia de trabalho pedagoacutegico eleita
eacute sustentada por registos de observaccedilatildeo que permitem apoiar a anaacutelise e fundamentaccedilatildeo
da praacutetica concretizada
O projeto levado a avante foi desenvolvido em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
conforme jaacute indicado mais especificamente na valecircncia de Creche com um grupo de 16
crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e os 36 meses numa instituiccedilatildeo educativa
da rede privada Mais se informa que o estaacutegio desenvolvido na valecircncia de Creche
decorreu entre outubro de 2018 e janeiro de 2019
14
Em modo de desfecho satildeo apresentadas as conclusotildees derivadas do trabalho
levado a cabo com recurso a uma reflexatildeo informada criacutetica e integrada No final da
estrutura do presente trabalho constam os anexos e as referecircncias bibliograacuteficas que
suportam o mesmo
Consciente de que natildeo se torna suficiente somente apresentar o contexto e a
estrutura do presente relatoacuterio satildeo apresentadas as investigaccedilotildees efetuadas que serviram
de mote agrave elaboraccedilatildeo da problemaacutetica que por sua vez se concebe como o fio condutor
do desenvolvimento deste trabalho
A problemaacutetica e a sua definiccedilatildeo satildeo dotadas de importacircncia num trabalho de
investigaccedilatildeo uma vez que ldquo(hellip) constitui efetivamente o princiacutepio de orientaccedilatildeo teoacuterica
da investigaccedilatildeo cujas linhas de forccedila definerdquo atribuindo agrave investigaccedilatildeo ldquo(hellip) coerecircncia
e potencial de descobertardquo (Quivy amp Campenhoudt 2008 p257)
Apresenta-se entatildeo uma breve alusatildeo aos motivos que levaram ao
desenvolvimento da problemaacutetica e atraveacutes da qual o presente relatoacuterio se sustenta
Criatividade um conceito mencionado e usado constantemente em diversas aacutereas
tem vindo a assumir uma importacircncia crescente devido ao interesse que se tem
desenvolvido em torno no mesmo com base em investigaccedilotildees desenvolvida (Novaes
1980 Craft 2004 Alencar amp Fleith 2010)
Devido a essa promoccedilatildeo (quase desenfreada e por vezes descontextualizada)
Novaes (1980) refere que a criatividade pode ser caracterizada como ldquo(hellip) uma palavra
maacutegica com forte poder de atraccedilatildeordquo (p11)
O conceito em questatildeo eacute ainda concebido como um componente essencial ao ser
humano e para o seu desenvolvimento (Gomeacutez Cumpa 2005 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Ora perante o interesse e glorificaccedilatildeo que se apresenta em torno da criatividade
eis que surge a questatildeo E relativamente agrave educaccedilatildeo a criatividade tambeacutem eacute valorizada
e promovida
Satildeo vaacuterios os autores que reconhecem e defendem a importacircncia da inclusatildeo e
promoccedilatildeo da criatividade na educaccedilatildeo entre os quais se pode referir Torrance (1977)
Novaes (1980) Alencar (1986) Cropley (1997) Craft (2004) Ocantildea (2008) Oliveira amp
Alencar (2008) e Neves-Pereira amp Alencar (2018)
15
A par da perspetiva de tais autores acrescentam-se as conceccedilotildees semelhantes e
concebidas pelo National Advisory Committee on Creative and Cultural Education
(1999) Lei de Bases do Sistema Educativo (Lei nordm4686 de 14 de outubro)2 e Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo3
MacKinnon (1964) afirma que os educadores deveriam ter como intencionalidade
o estiacutemulo do potencial criativo presente na crianccedila proporcionando para tal um ambiente
educativo no qual o seu desenvolvimento e expressatildeo fossem possiacuteveis
Na mesma linha de pensamento Craft (2004) apela aos educadores o
reconhecimento da criatividade como competecircncia essencial agrave formaccedilatildeo dos educandos
assim como a sua potencializaccedilatildeo no acircmbito educativo
No que concerne aos estudos desenvolvidos acerca da criatividade em contexto
educativo estes incidem maioritariamente nos niacuteveis de Ensino Secundaacuterio e Superior
(Alencar amp Fleith 2010) natildeo sendo assim atribuiacuteda a necessaacuteria consideraccedilatildeo ao Ensino
Baacutesico e agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia
Ora perante tais perspetivas eacute concebida a problemaacutetica que se caracteriza pela
estruturaccedilatildeo de ambientes educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na
crianccedila
Acrescenta-se que o facto do contexto no qual a praacutetica se iria desenvolver
corresponder agrave Educaccedilatildeo de Infacircncia aliando as conceccedilotildees de MacKinnon (1964) Craft
(2004) e Alencar amp Fleith (2010) forneceu motivaccedilatildeo para formular e desejar levar a cabo
um projeto no qual fosse possiacutevel considerando o papel de futura educadora de infacircncia
estimular o desenvolvimento do potencial criativo da e na crianccedila que como jaacute foi
referido lhe eacute intriacutenseco considerando tambeacutem a importacircncia das oportunidades do meio
para a formaccedilatildeo plena da crianccedila
2 Ver Capiacutetulo I Artigo 2ordm ponto 5 3 Consultar Parecer nordm 32001 (Aprendizagem ao longo da vida) Anexo II ponto 21
16
1 Enquadramento teoacuterico
11 Criatividade
111 Definiccedilatildeo do conceito
A criatividade assim como o amor e a felicidade eacute um conceito comum mas difiacutecil
de definir (McLintic 2018)
Criatividade conforme McLintic (2018) afirma trata-se de um conceito como
tantos outros tais como a felicidade e o amor cuja definiccedilatildeo se caracteriza pela sua
complexidade devido agrave diversidade e multiplicidade de significados que lhe satildeo
atribuiacutedos como se iraacute analisar daqui em diante tendo por base perspetivas de diferentes
autores
Em concordacircncia com o que McLintic (2018) expotildee Asins (2014 citado por
Arrizabalaga 2014 p49) menciona que o conceito de criatividade agrave semelhanccedila do
conceito de felicidade apresenta dificuldades quanto agrave sua definiccedilatildeo
Tal como referido anteriormente e indo de encontro ao que Chacoacuten Araya (2011)
refere torna-se pertinente a realizaccedilatildeo de uma exploraccedilatildeo das definiccedilotildees associadas ao
conceito de criatividade ateacute porque ldquose encontram natildeo soacute palavras que parecem
sinoacutenimas mas tambeacutem diversas orientaccedilotildees sobre este conceito baseadas em teorias
antigas e modernasrdquo4 (Chacoacuten Araya 2011 p2) Importa ainda salientar que mediante
a perspetiva de Klimenko (2009) o conceito a ser explorado eacute caracterizado pela sua
amplitude e complexidade devido agraves inuacutemeras definiccedilotildees que lhe satildeo impostas conforme
referido no iniacutecio da redaccedilatildeo deste toacutepico do relatoacuterio
Iniciando assim a exploraccedilatildeo do conceito de criatividade e efetuando uma breve
referecircncia agrave sua etimologia este deriva do latim ldquocrearerdquo que por sua vez corresponde
a ldquocriarrdquo (Almeida amp Almeida 2015)
4 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquo(hellip) se encuentran no solo palabras que parecen sinoacutenimas sino
tambieacuten diversas orientaciones sobre este constructo basadas en teoriacuteas antiguas y modernasrdquo (Chacoacuten
Araya 2011 p2)
17
Ao efetuar uma pesquisa acerca do significado do conceito indicado num
dicionaacuterio digital5 constata-se que criatividade se traduz como uma ldquoCapacidade de criar
de inventarrdquo indo deste modo de encontro agrave etimologia e consequente significado
apresentado por Almeida amp Almeida (2015) para o conceito em questatildeo assim como agrave
perspetiva apresentada por Cicerello amp Kalinowski (2007) que definem a criatividade
como sendo uma capacidade de criaccedilatildeo
Poreacutem a criatividade natildeo se traduz somente numa habilidade de criaccedilatildeo
Segundo Kaufman amp Sternberg (2010) a criatividade aglomera outros aspetos
aleacutem da criaccedilatildeo tais como o processo o produto e a pessoa
De forma a compreender mais aprofundadamente os referidos aspetos elencados
por Kaufman amp Sternberg (2010) revela-se necessaacuterio o conhecimento de alguns dos
significados atribuiacutedos ao conceito de criatividade
Faccedila-se entatildeo um levantamento das muacuteltiplas definiccedilotildees atribuiacutedas agrave
criatividade mediante perspetivas de diferentes autores
- Guilford (sd citado por Dacey amp Madaus 1969 p60) afirma que
criatividade diz respeito a um conjunto de atitudes sendo estas a flexibilidade
a originalidade a fluecircncia e o pensamento divergente que satildeo inerentes agraves
pessoas consideradas criadoras [pessoa]
- Segundo Stein (1953) designado por Runco amp Jaeger (2012 p94)
criatividade trata-se de um processo atraveacutes do qual resulta um produto
produto esse que se caracteriza pela novidade e utilidade revelando-se
igualmente satisfatoacuterio para o destinataacuterio [processo-produto]
- Drevdahl (1956) entende a criatividade como sendo uma capacidade humana
que permite a produccedilatildeo de ideias ou produtos que se destacam pela sua
novidade e utilidade tendo ainda em consideraccedilatildeo um objetivo elencado para
o fim da sua produccedilatildeo natildeo ser em vatildeo [pessoa-produto]
5 Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa
18
- Anderson (1960) concebe a criatividade como sendo uma emergecircncia de algo
uacutenico e original [produto]
- Mediante a oacuteptica de Haan amp Havighurst (1961 citado por Goacutemez amp Rovira
2012 p7) criatividade eacute considerada uma atividade passiacutevel de originar a
produccedilatildeo de algo novo [produto]
- Na opiniatildeo de MacKinnon (1962) a criatividade traduz-se numa capacidade
que permite a atualizaccedilatildeo das potencialidades criadores do indiviacuteduo segundo
padrotildees caracterizados pela originalidade e unicidade [pessoa]
- Perante o ponto de vista de Getzels amp Jackson (1962 citado por Plucker
Esping Kaufman amp Avitia 2015 p284) criatividade trata-se de uma
habilidade que leva agrave produccedilatildeo de novas formas assim como agrave reestruturaccedilatildeo
de situaccedilotildees que por si soacute satildeo consideradas estereotipadas [pessoa-produto]
- Lowenfeld amp Brittain (1977) concebem a criatividade como ldquoum
comportamento produtivo construtivo que se manifesta em accedilotildees ou
realizaccedilotildeesrdquo (p62) [pessoa-produto]
- Mediante a perspetiva de Torrance (1977) a criatividade consta num processo
atraveacutes do qual se detetam problemas ou lacunas a niacutevel de informaccedilatildeo
formando-se ideias ou hipoacuteteses para esses testando-as e modificando-as e
posteriormente comunicando-se os resultados obtidos [processo-produto]
- Castillo (1986) caracteriza a criatividade como uma capacidade passiacutevel de
originar uma novidade podendo constituir um produto uma teacutecnica ou ainda
uma forma de considerar a realidade [pessoa-produto]
- Csikszentmihalyi (1996) define criatividade como sendo uma ideia ou atitude
que leva agrave mudanccedila de algo que jaacute existe ou seja uma reformulaccedilatildeo
caracterizando-se tambeacutem pela novidade [pessoa-produto]
19
- Analisando a perspetiva de Sternberg amp Lubart (1999) criatividade eacute a
capacidade de produccedilatildeo de soluccedilotildees uacuteteis apropriadas e inovadoras [pessoa-
produto]
- Para Mouchiroud amp Lubart (2002) criatividade representa um conjunto de
capacidades que permitem agrave pessoa a adoccedilatildeo de comportamentos que se
caracterizem como novos e adaptativos mediante os contextos nos quais se
desenvolvam [pessoa-produto]
- Mariacuten Viadel (2003) defende que a criatividade se trata de processo que
permite a resoluccedilatildeo de problemas assumindo-se tambeacutem como um traccedilo de
personalidade inerente ao ser humano [pessoa-processo]
- Segundo Robinson (2011) criatividade assenta num processo atraveacutes do qual
se pode obter ideias que sejam originais e valiosas [processo-produto]
Ora apoacutes ter sido efetuada uma anaacutelise dos diversos conceitos apresentados para
o termo ldquocriatividaderdquo tendo em consideraccedilatildeo perspetivas de distintos autores salienta-
se que conforme defendem Asins (2014) e Klimenko (2009) o termo indicado natildeo
apresenta uma uacutenica definiccedilatildeo mesmo tendo sido explorado de forma constante a niacutevel
histoacuterico (desde a antiguidade seacutecXX ateacute agrave contemporaneidade seacutecXXI)
caracterizando-se assim pela sua complexidade agrave semelhanccedila do que Alencar (2001)
Alencar amp Fleith (2003 citado por Oliveira amp Alencar 2008 p297) Uano (2002) e
Runco (2004) igualmente corroboram tornando-se possiacutevel constatar que este eacute definido
consoante a conceccedilatildeo pessoal de cada indiviacuteduo sendo que e referindo o que Lowenfeld
amp Brittain (1977) contestam ldquoA definiccedilatildeo de criatividade depende de quem a exponhardquo
(p62)
Continuando a anaacutelise do termo mencionado e indo de encontro ao que Kaufman
amp Sternberg (2010) indicam a criatividade pode relacionar-se com a pessoa o processo
e o produto ou ateacute mesmo simultaneamente com ambos os fatores uma vez que e apoacutes
leitura atenta e compreensatildeo dos conceitos apresentados para o termo em questatildeo estes
tanto podem englobar o ser humano (pessoa) sendo a criatividade concebida como uma
20
caracteriacutestica do mesmo podendo assumir-se como um traccedilo de personalidade um
processo atraveacutes do qual o indiviacuteduo eacute capaz de formular ou ateacute mesmo reformular
(deduzindo-se que o processo de criaccedilatildeo natildeo tem que obrigatoriamente partir do nada)
ideias produtos e ainda soluccedilotildees face a um dado problema assim como um produto
consequecircncia do processo levado a cabo pelo indiviacuteduo e produto esse que se pode
traduzir pela sua diferenciaccedilatildeo seja a niacutevel esteacutetico eou utilitaacuterio novidade e
originalidade
Embora um produto criativo se possa caracterizar como original novo ou
diferente e estando tais termos associados agrave criatividade em relaccedilatildeo de
complementaridade natildeo se assumem como sinoacutenimos ao inveacutes do que por vezes se
verifica (Braumann 2009 Morais 2015)
Agrave semelhanccedila do que Braumann (2009) e Morais (2015) afirmam Runco (2004)
defende que a criatividade por si soacute jaacute constitui um conceito complexo no qual a
originalidade e a eficaacutecia se encontram impliacutecitas No entanto tais conceitos natildeo
implicam obrigatoriamente criatividade
Importa ainda mencionar que o conceito de criatividade tambeacutem eacute
frequentemente assemelhado a ldquoimaginaccedilatildeordquo sendo por vezes usados como sinoacutenimos
o que natildeo se constata jaacute que a imaginaccedilatildeo se caracteriza por ser exclusivamente um
processo mental enquanto que a criatividade natildeo engloba somente faculdades mentais
mas sim a aplicaccedilatildeo praacutetica daquilo que se pensou atraveacutes da imaginaccedilatildeo ou seja para
se imaginar natildeo se torna necessaacuterio o recurso agrave criatividade nem eacute fator condicionante
Poreacutem para se poder falar em criatividade criando criativamente revela-se necessaacuterio o
recurso agrave imaginaccedilatildeo estabelecendo-se assim uma relaccedilatildeo complementar (Robinson
2011)
Atendendo agraves muacuteltiplas conceccedilotildees apresentadas para o conceito de criatividade e
em modo conclusivo crecirc-se que a definiccedilatildeo mais apropriada eacute aquela apresentada por
Vernon (1989 citado por Pocinho amp Garcecircs 2018 p23) afirmando que ldquoA criatividade
eacute a capacidade da pessoa para produzir ideias descobertas reestruturaccedilotildees invenccedilotildees
objectos (hellip) novos e originais (hellip)rdquo sendo que ldquoTanto a originalidade como a
laquoutilidaderaquo como o laquovalorraquo satildeo propriedades do produto criativo (hellip)rdquo
Deste modo eacute possiacutevel concluir que a criatividade pode ser considerada uma
competecircncia do ser humano (inata e passiacutevel de ser fomentada e expressa consoante os
21
estiacutemulos proporcionados como se poderaacute constatar ao longo da leitura deste relatoacuterio)
permitindo que o indiviacuteduo recorrendo a processos mentais desenvolva ideias
suscetiacuteveis de serem aplicadas em contextos praacuteticos caracterizando-se para aleacutem da
novidade ou ateacute mesmo da reformulaccedilatildeo pelo seu caraacutecter utilitaacuterio e contextualizado ao
meio segundo as caracteriacutesticas do mesmo
Frisa-se novamente que a criatividade constitui um conceito abrangente da
trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo jaacute que ambos os fatores se interligam e estabelecem
simultaneamente uma relaccedilatildeo de causa-efeito natildeo dispondo tambeacutem de uma definiccedilatildeo
uacutenica jaacute que este conceito se apresenta multifacetado e com um certo niacutevel de
complexidade associada variando o seu significado consoante perspetivas individuais
112 Capacidade inata ou adquirida
Atendendo agrave exploraccedilatildeo efetuada ao conceito de criatividade torna-se possiacutevel
deduzir que esta eacute concebida como uma capacidade do ser humano permitindo-lhe por
sua vez desenvolver um processo tendo por base estruturas mentais originando por
conseguinte um produto dotado de um conjunto de caracteriacutesticas que lhe conferem um
sentido criativo
Poreacutem considera-se pertinente compreender se a referida capacidade se apresenta
como inata ao indiviacuteduo ou se por outro lado constitui uma habilidade passiacutevel de ser
adquirida
Ao ser efetuada uma pesquisa acerca do assunto em questatildeo averigua-se que a
criatividade constitui uma capacidade intriacutenseca ao ser humano independentemente da
caracterizaccedilatildeo geneacutetica capacidade essa que apresenta potencial de desenvolvimento
perspetivando-se a possibilidade de educabilidade da mesma (Rogers 1961 amp Maslow
1968 citado por Fleith 2001 De Bono 1970 Cleese 1991 Gonccedilalves 1991 Alencar
1992 Trigo 1999 Mariacuten Viadel 2003 Runco 2004 Robinson 2005 Braumann 2009
Costa amp Costa 2011 Amabile 2012 Predebon 2013 Moura amp Pacheco 2019) agrave
semelhanccedila de outras capacidades tais como e considerando a ideia apresentada por De
La Torre (1999 citado por Doble Gorriacuten 2015 p13) a sociabilidade e a aprendizagem
de um idioma a fim de o ser humano conseguir comunicar com outros elementos do seu
contexto sociocultural por exemplo
22
Embora a criatividade seja considerada uma capacidade inata ao ser humano tal
natildeo implica que essa natildeo possa nem deva ser desenvolvida ateacute porque Rogers (1961) amp
Maslow (1968 citado por Fleith 2001) De Bono (1970) Novaes (1980) Alencar (1992
1998) Runco (2004) Robinson (2005) Vaacutezques (2009) Garaigordobil amp Berrueco
(2011) e Amabile (2012) defendem o estiacutemulo do potencial criativo visando desse modo
o desenvolvimento do seu maacuteximo potencial
Mais acrescenta-se que caso a criatividade natildeo seja estimulada e por conseguinte
desenvolvida dificilmente conseguiraacute concretizar-se pois segundo Alencar (1992) e
contrariamente ao mito verificado a criatividade natildeo se trata de ldquoalgordquo que ocorre de
forma espontacircnea advinda de um ldquomomento de inspiraccedilatildeordquo
Relativamente ao estiacutemulo do potencial criativo importa salientar a relevacircncia do
ambiente no qual o indiviacuteduo se insere uma vez que conforme Novaes (1980) Alencar
(1986 1992 2007 2008) Alencar amp Martiacutenez (1998) e Lopes (2016) defendem esse [o
ambiente] possui uma importacircncia significativa podendo potenciar ou inibir o
desenvolvimento da criatividade mediante as caracteriacutesticas do mesmo e condiccedilotildees
oferecidas
Fleith (2001) jaacute ressaltava igualmente o destaque das condiccedilotildees ambientais face agrave
emergecircncia da criatividade afirmando a sua relaccedilatildeo indissociaacutevel com o indiviacuteduo pois
aleacutem de este natildeo se encontrar independente do contexto o ambiente exerce influecircncia no
seu desenvolvimento
Destaca-se assim a pertinecircncia do papel do ambiente face ao estiacutemulo e
consequente desenvolvimento da criatividade expondo a perspetiva apresentada por
Stein (1974 citado por Alencar 1989 p13) ldquoEstimular a criatividade envolve natildeo
apenas estimular o indiviacuteduo mas tambeacutem afetar o seu ambiente (hellip) Se aqueles que
circundam o indiviacuteduo natildeo valorizam a criatividade natildeo oferecem o ambiente de apoio
necessaacuterio (hellip) entatildeo eacute possiacutevel que os esforccedilos criativos do indiviacuteduo encontrem
obstaacuteculos seacuterios senatildeo intransponiacuteveisrdquo
Alencar (2007) refere ainda que ldquo(hellip) mesmo que a pessoa tenha todos os recursos
internos necessaacuterios para pensar criativamente sem algum apoio do ambiente
dificilmente o potencial para criar que a pessoa traz dentro de si se expressaraacuterdquo (p48)
23
Ora como se torna possiacutevel constatar a criatividade eacute uma caracteriacutestica
intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada e desse modo desenvolvida tendo
o ambiente uma influecircncia significativa podendo-a promover ou inibir consoante as
caracteriacutesticas que o revestem Refira-se ainda que ao se abordar o ambiente o foco natildeo
se deve reger somente agraves caracteriacutesticas fiacutesicas mas tambeacutem agrave vertente psicoloacutegica visto
ser tatildeo ou mais fulcral que o ambiente fiacutesico (Rogers 1970 citado por Novaes 1980
p117)
12 Educaccedilatildeo e criatividade
121 Importacircncia da criatividade no acircmbito educativo
A relevacircncia atribuiacuteda ao desenvolvimento da criatividade no acircmbito global isto
eacute natildeo confinada em exclusivo ao acircmbito educativo jaacute era afirmada por Alencar (1992) e
Maslow (1969) Treffinger (1979) May (1982) Alencar (1993) Alencar amp Fleith (2003
citado por Alencar 2007 p45) dirigindo tal necessidade face agrave sociedade caracterizada
pela sua complexidade e incertezas atendendo agrave sua evoluccedilatildeo e consequentes mudanccedilas
do seu decorrer que careciam por sua vez de soluccedilotildees criativas de modo a dar resposta
a desafios e problemas que poderiam suceder e para os quais se poderia revelar
necessaacuteria(s) nova(s) resposta(s) ou de outro modo de uma(s) resposta(s) mais
adequada(s) face agrave(s) resposta(s) precedente(s)
Jaacute Albert Einstein (sd) referia que ldquoOs problemas que existem atualmente no
mundo natildeo podem ser resolvidos ao mesmo niacutevel de pensamento do que quando os
criamosrdquo6
Lopes (2016) refere tambeacutem que ldquoCom a raacutepida mudanccedila das mentalidades parece
ser difiacutecil antever que novos desafios ou problemas se vatildeo deparar agraves crianccedilasjovens na
sociedade vindourardquo e ldquo(hellip) natildeo sabendo com certeza para que sociedade devemos
6 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThe problems that exist in the world today cannot be solved by
the level of thinking that created themrdquo (Albert Einstein sd)
24
educar sabemos que temos de educar para que na mudanccedila no natildeo previsto e no
desconhecido cada indiviacuteduo possa exercer uma cidadania responsaacutevelrdquo (pp39-40)
Rematam-se tais perspetivas acrescentando o ponto de vista de Edward de Bono
(sd) afirmando que ldquoNatildeo haacute duacutevida que a criatividade eacute o recurso humano mais
importante de todos Sem criatividade natildeo haveria progresso e estariacuteamos sempre a
repetir os mesmos padrotildeesrdquo7
Tais conceccedilotildees prendem-se com as mutaccedilotildees sofridas na sociedade originadas
pela sua evoluccedilatildeo constante e dilemas problemas ou desafios surgidos que se
caracterizam pela sua imprevisibilidade e em funccedilatildeo da sua dimensatildeo necessidade de
adequaccedilatildeo de respostas que se revelem simultaneamente contextualizadas e criativas
E relativamente agrave educaccedilatildeo Qual o impacto do desenvolvimento da criatividade
em contexto educativo
Sousa (2003) Craft (2004) Craveiro amp Ferreira (2007) Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) Santos amp Andreacute (2012 2015) alertavam para a importacircncia do
estiacutemulo das competecircncias e expressotildees criativas nos educandos como fator
fulcral ao seu processo de desenvolvimento e formaccedilatildeo defendendo uma
educaccedilatildeo assente em perspetivas criativas isto eacute direcionada para criatividade8
Mediante tais perspetivas pretende-se saber o que leva tais autores a
afirmar o planeamento e fomento de uma educaccedilatildeo dirigida agrave criatividade Desse
modo apresentam-se as suas conceccedilotildees face agrave pertinecircncia da questatildeo
Segundo Sousa (2003) ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo voltada para a criatividade
poderaacute permitir uma disponibilidade criadora face aos problemas desconhecidos
que se depararam atraveacutes de uma constante adaptaccedilatildeo agraves novas formas de uma
constante invenccedilatildeo de novos processos (hellip)rdquo afirmando ainda que ldquoPor muito que
7 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoThere is no doubt that creativity is the most important human
resource of all Without creativity there would be no progress and we would be forever repeating the
same patternsrdquo (Edward de Bono sd)
8 Embora seja feita referecircncia a uma educaccedilatildeo direcionada para a criatividade importa mencionar a
existecircncia de um outro termo que se assemelha ao designado sendo este denominado ldquoeducaccedilatildeo criativardquo
Segundo o NACCCE (1999) ambos os termos estatildeo interligados uma vez que ao se educar para a
criatividade se estaacute implicitamente a educar criativamente tendo por base o recurso a estrateacutegias que
promovam o desenvolvimento da criatividade em contexto educativo
25
uma pessoa estude por maior nuacutemero de conhecimentos que adquira surgir-lhe-
atildeo sempre problemas para os quais natildeo possui soluccedilatildeordquo (p197)
Apresentando uma perspetiva similar a Sousa (2003) Craft (2004) ressalta
a importacircncia que a criatividade apresenta na educaccedilatildeo pois ldquo(hellip) o mundo actual
em que os alunos vivem eacute cada vez mais complexo e caoacutetico necessitando de uma
abordagem criativa para a resoluccedilatildeo dos problemas existentes e natildeo de uma grelha
de ferramentas preacute-estabelecidas para enfrentar a vidardquo acrescentando que ldquoA
educaccedilatildeo que as crianccedilas (hellip) actualmente recebem deve preparaacute-las para um
futuro que jaacute natildeo oferece as mesmas certezas que existiam haacute quinze trinta ou cinquenta
anosrdquo (p19)
Craveiro amp Ferreira (2007) referem que atualmente as crianccedilas
encontram-se inseridas ldquo(hellip) num mundo em constante mutaccedilatildeo ambiental social
cientiacutefica e tecnoloacutegica (hellip)rdquo do qual surgem ldquo(hellip) mudanccedilas contiacutenuas e
repentinas (hellip)rdquo (p20) e desse modo ldquo(hellip) as crianccedilas necessitam de desenvolver
competecircncias e aptidotildees que as ajudem desde o Jardim de Infacircncia a se situarem nesta
realidade e numa sociedade em permanente mudanccedilardquo com o intuito de ldquo(hellip)
responderem e se adaptarem a uma realidade que se transforma constantemente e
rapidamente (hellip)rdquo
Por isso e perante tal panorama creem que ldquo(hellip) a melhor educaccedilatildeo seraacute aquela
que permite desenvolver a criatividade (hellip) por oposiccedilatildeo agrave memorizaccedilatildeo repeticcedilatildeo e
reproduccedilatildeo de conhecimentos que foram transmitidos por outros e aprendidos pela
crianccedilardquo (p21)
Estabelecendo um fio condutor agraves perspetivas apresentadas por Craveiro amp
Ferreira (2007) Rogers (1985 citado por Lopes 2016 p49) defendia a necessidade por
parte da educaccedilatildeo de uma aposta numa formaccedilatildeo assente na liberdade fornecida ao
indiviacuteduo para pensar e criar livremente e criativamente ao inveacutes de uma educaccedilatildeo
baseada em atitudes conformistas cuja finalidade se direcionava para a adaptaccedilatildeo do
indiviacuteduo perante o mundo e a necessidade de se afirmar e evoluir no mesmo
combatendo deste modo a estagnaccedilatildeo pessoal e social
Santos amp Andreacute (2012) alegam que ldquo(hellip) uma educaccedilatildeo para a criatividade eacute
absolutamente vital para desarmar as muitas armadilhas em que nos enredaacutemos e para as
26
quais natildeo vislumbramos saiacutedasrdquo sendo tambeacutem necessaacuteria em ldquo(hellip) oposiccedilatildeo a uma
educaccedilatildeo para a uniformidade e o conformismordquo (p46)
Homem Gomes amp Montalvatildeo (2009) afirmam igualmente a necessidade de uma
educaccedilatildeo que encoraje a criatividade visto permitir natildeo soacute o desenvolvimento do
indiviacuteduo assim como ldquo(hellip) usar estrateacutegias de pensamento que rompam com esquemas
rotineirosrdquo alertando para o facto de o sistema educativo estimular ldquo(hellip)
predominantemente o pensamento convergente loacutegico e objectivo (hellip)rdquo (p41)
Segundo uma linha de pensamento similar Santos amp Andreacute (2015) tambeacutem
indicam a necessidade de uma educaccedilatildeo assente na criatividade para a contribuiccedilatildeo do
desenvolvimento integral do educando assim como para o fomento de capacidades que
lhes permitam pensar e visualizar as situaccedilotildees na sua oacutetica pessoal
Tal perspetiva acaba por ir de encontro ao que Salinger (1969 citado por
Novaes 1980 p115) afirma referindo que e passo a citar ldquo(hellip) faria questatildeo
de que as crianccedilas comeccedilassem a ver as coisas de modo certo pessoal e natildeo
daquele pelo qual os outros as vecircemrdquo
As perspetivas de Santos amp Andreacute (2015) e Salinger (1969) apontam para
a importacircncia de um sistema educativo que natildeo incentive ao conformismo mas
que aposte na promoccedilatildeo da livre expressatildeo por parte dos educandos no que
concerne agrave transmissatildeo das suas opiniotildees e pontos de vista adotando os seus
proacuteprios pontos de vista ideais e atitudes natildeo se regendo assim por perspetivas
e opiniotildees de outrem Pode-se igualmente deduzir que Homem Gomes amp
Montalvatildeo (2009) apresentam um ponto de vista similar
Ryle (1949 citado por Craft 2004 p17) caracteriza a criatividade como
uma competecircncia que envolve conhecimento para ser aplicado digamos uma
espeacutecie de know-how
Craft (2004) considerando a oacutetica de Ryle (1949) acrescenta que a
criatividade envolve o ldquosaberrdquo jaacute que ldquo(hellip) natildeo estaacute forccedilosamente ligada aos
resultados da accedilatildeo (hellip)rdquo indo aleacutem do denominado ldquofazer de maneira diferenterdquo
ldquodescobrir alternativasrdquo ou ldquoproduzir inovaccedilatildeordquo agregando a ldquo(hellip) capacidade de
percepccedilatildeo do domiacutenio de aplicaccedilatildeo (hellip)rdquo levando por sua vez agrave ldquo(hellip) adequaccedilatildeo
de ideiasrdquo (p18)
27
A mesma autora atenta para que o estiacutemulo da criatividade se efetue a par
com o desenvolvimento pessoal e social alegando para tal que ldquoA imaginaccedilatildeo
humana eacute capaz tanto de destruiccedilotildees inimaginaacuteveis como de infinitas
possibilidades construtivasrdquo e por esse motivo a missatildeo dos educadores deve
passar por incentivar as crianccedilas a ldquo(hellip) analisar o impacto potencial das suas
ideias (hellip) e avaliar as suas escolhas agrave luz desse criteacuteriordquo (Craft 2004 p27)
Indo de encontro ao que Craft (2004) afirma Novaes (1980) apresenta uma
perspetiva com algum grau de similaridade ao referir que ldquo(hellip) as escolas e os sistemas
educacionais devem preparar os indiviacuteduos para saber viver e conviver aproveitando e
aplicando os conhecimentos adquiridos atraveacutes de experiecircncias vaacutelidas constituindo-se
em agentes sociais significativosrdquo (p123)
Perante tais perspetivas elencadas torna-se assim possiacutevel deduzir que a
criatividade e o seu desenvolvimento se assumem essenciais em contexto educativo
associando a sua relevacircncia com a finalidade de o educando fomentar tal competecircncia
permitindo-lhe desenvolver as suas proacuteprias ideias e expressar-se criativamente natildeo se
deixando influenciar por atitudes passivas e conformistas no que concerne agrave adoccedilatildeo de
perspetivas alheias mesmo que estas natildeo estejam de acordo com os seus ideais
Aliada ao fomento da criatividade deve constar e considerando a oacutetica de Craft
(2004) a formaccedilatildeo pessoal e social do educando para que seja preservado o lado humano
deste com o intuito de os seus comportamentos serem para si e para os outros beneacuteficos
e natildeo prejudiciais
Mais se acrescenta que o estiacutemulo da criatividade permite que o educando perante
desafios e dilemas que surjam advindas da sua vida pessoal ou ateacute social considerando
o desenvolvimento e mudanccedilas contiacutenuas e momentacircneas verificadas nesse acircmbito seja
capaz de (re)formular respostas ldquouacutenicasrdquo que se revelem contextualizadas agraves situaccedilotildees em
questatildeo exigindo previamente uma avaliaccedilatildeo anaacutelise e reflexatildeo de modo a obter
conhecimento das premissas para que a accedilatildeo desenvolvida se caracterize pela sua
adequaccedilatildeo Refira-se que as denominadas ldquorespostas uacutenicasrdquo natildeo se referem agrave
unitariedade mas sim agrave unicidade que caracteriza cada indiviacuteduo e a sua essecircncia
diferenciando-o dos demais
Pode-se ainda concluir que a criatividade mais do que uma competecircncia
se pode denominar como uma atitude de e perante a vida
28
122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de
referenciais normativos de cariz educacional e associaccedilotildees educativas
Conscientes da importacircncia que a criatividade e seu estiacutemulo acarreta no
desenvolvimento do educando a niacutevel integral e que esta deve constar a par de outras
competecircncias na formaccedilatildeo educacional em conformidade com as ideias defendidas por
Rogers (1961) amp Maslow (1968) apud Fleith (2001) Bruner (1962 citado por Runco
2004 p659) Novaes (1980) Cropley (1997 1999) Craft (2004) Robinson (2005)
Alencar (2007) De Bono (2011) e Lopes (2016) torna-se pertinente averiguar se a
criatividade eacute concebida como intencionalidade pedagoacutegicaobjetivo de ensino-
aprendizagem em contexto educativo agrave semelhanccedila da posiccedilatildeo adotada por Santos amp
Andreacute (2012) mais especificamente no Sistema Educativo Portuguecircs [SEP] sistema
educativo este que alberga a educaccedilatildeo preacute-escolar e os ensinos baacutesico secundaacuterio e
superior
Para tal procedeu-se agrave anaacutelise da seguinte documentaccedilatildeo legislativa
a) Lei nordm 492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo ndash Segunda
alteraccedilatildeo agrave Lei nordm 461986 de 14 de outubro)
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar)
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (OCEPE
2016)
No entanto e uma vez que a Praacutetica de Ensino Supervisionada relatada neste
relatoacuterio de investigaccedilatildeo se desenvolveu no contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia mais
especificamente na valecircncia de Creche importa igualmente e sobretudo analisar a
documentaccedilatildeo associada a esta valecircncia documentaccedilatildeo essa intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo [MPCC]
29
Ao inveacutes da valecircncia de Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [EPE] igualmente constituinte do
contexto de Educaccedilatildeo de Infacircncia a valecircncia de Creche natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio da
Educaccedilatildeo mas sim pelo Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade Social e por esse
motivo natildeo se encontra abrangida no SEP pois segundo as perspetivas de Coelho
(2004) Tadeu (2014) e Cardoso amp Mendes (sd citado por Pinto 2015) a Creche eacute ainda
e maioritariamente encarada como um serviccedilo social de prestaccedilatildeo de cuidados ao inveacutes
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar agrave qual se atribui funccedilotildees educativas funccedilotildees estas que para o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo a Creche natildeo assume
Talvez possa contribuir para tal o facto de se julgar que ldquo() trabalhar com
crianccedilas muito pequenas eacute ainda considerado pela sociedade em geral como uma
profissatildeo de baixo estatuto que requer pouca actividade intelectual rigor e credibilidade
acadeacutemica continuando-se a pensar que basta lsquogostar-se de crianccedilasrsquo e ser-se carinhoso
para se ser bom educadorrdquo (Portugal 2000 p 103)
Perante esse panorama os autores anteriormente referidos assim como a
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico [OCDE] (2000)
defendem que a Creche deveria ser reconhecida e tutelada pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
e posteriormente integrada no SEP visto assumir igualmente funccedilotildees educativas funccedilotildees
estas que satildeo reconhecidas por Coelho (2004) Coutinho (2010) e pelo Conselho
Nacional de Educaccedilatildeo (2011) que afirmam o caraacutecter pedagoacutegico e educativo que a
valecircncia em questatildeo apresenta
A OCDE (2000) salienta ainda que ldquoAo definir legalmente o iniacutecio da educaccedilatildeo
preacute-escolar aos trecircs anos de idade e na ausecircncia de qualquer papel a desempenhar pelo
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no grupo etaacuterio dos 0 aos 3 anos de idade estaacute-se a desperdiccedilar
uma valiosa oportunidade de reforccedilar os alicerces da aprendizagem para toda a vida (dos
cidadatildeos portugueses mais novos)rdquo (p211) ateacute porque segundo consta no MPCC deve
ser reconhecida a ldquo(hellip) importacircncia desta fase do desenvolvimento da crianccedila enquanto
indiviacuteduordquo (p1)
Posto isto e considerando a fragmentaccedilatildeo (indevida) entre as duas valecircncias
integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche e EPE assim como e nomeadamente o
desenvolvimento da crianccedila como um processo precoce contiacutenuo integrado e holiacutestico
defende-se a importacircncia do reconhecimento da Creche pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo
assim como a sua inclusatildeo no SEP ateacute porque mediante a oacutetica de Caldwell (1995)
30
educar e cuidar devem assumir-se como vertentes integradas e indissociaacuteveis jaacute que
ambas se revelam necessaacuterias ao desenvolvimento global e harmonioso da crianccedila
Ora apoacutes feita uma breve referecircncia agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo que serviria de
anaacutelise relativamente agrave perceccedilatildeo da inclusatildeo da criatividade eacute momento de se proceder
ao registo dos resultados obtidos
Inicia-se entatildeo a averiguaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerente ao SEP
mediante a ordem acima listada procedendo-se posteriormente agrave documentaccedilatildeo
respeitante natildeo soacute agrave valecircncia de Creche mas tambeacutem ao Ministeacuterio do Trabalho e da
Solidariedade Social uma vez que como jaacute afirmado esta natildeo eacute tutelada pelo Ministeacuterio
da Educaccedilatildeo
a) Lei nordm492005 ndash Lei de Bases do Sistema Educativo que ldquo(hellip)
estabelece o quadro geral do sistema educativordquo (Cap I Art 1ordm paraacutegrafo 1)
Segundo a lei designada o sistema educativo aleacutem do dever de contribuir
para o ldquo(hellip) desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos
indiviacuteduos (hellip)rdquo incentivar a ldquo(hellip) formaccedilatildeo de cidadatildeos livres responsaacuteveis
autoacutenomos e solidaacuterios e valorizando a dimensatildeo humana do trabalhordquo (Cap I
Art 2ordm paraacutegrafo 4) e promover o ldquo(hellip) desenvolvimento do espiacuterito democraacutetico
e pluralista respeitador dos outros e das suas ideias aberto ao diaacutelogo e agrave livre
troca de opiniotildees (hellip)rdquo deve apostar na formaccedilatildeo de ldquo(hellip) cidadatildeos capazes de
julgarem com espiacuterito criacutetico e criativo o meio social em que se integram e de se
empenharem na sua transformaccedilatildeo progressivardquo (Cap I Art 2ordm paraacutegrafo 5)
No que concerne agrave EPE a criatividade eacute considerada um objetivo de ensino-
aprendizagem embora seja associada agrave imaginaccedilatildeo pois um dos objetivos associados agrave
EPE passa por ldquoDesenvolver as capacidades de expressatildeo e comunicaccedilatildeo da crianccedila
assim como a imaginaccedilatildeo criativa e estimular a actividade luacutedicardquo (Cap II Secccedilatildeo I
Art 5ordm paraacutegrafo 1 aliacutenea f)
Passando ao Ensino Baacutesico o qual alberga o 1ordm 2ordm e 3 Ciclos a criatividade
tambeacutem consta como objetivo tal como se pode verificar pela leitura da aliacutenea a) do Art
7ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II Subsecccedilatildeo I ldquoSatildeo objectivos do ensino baacutesico a)
Assegurar uma formaccedilatildeo geral comum a todos os portugueses que lhes garanta a
descoberta e o desenvolvimento dos seus interesses e aptidotildees capacidade de raciociacutenio
31
memoacuteria e espiacuterito criacutetico criatividade sentido moral e sensibilidade esteacutetica
promovendo a realizaccedilatildeo individual em harmonia com os valores da solidariedade
socialrdquo
De seguida e considerando a hierarquia correspondente aos niacuteveis de ensino
averiguaram-se os ensinos secundaacuterio e superior mais especificamente os objetivos
elencados para estes niacuteveis de ensino mediante a anaacutelise do Art 9ordm respeitante ao Ensino
Secundaacuterio e presente no Cap II Secccedilatildeo II Subseccccedilatildeo II e do Art 11ordm que concerne
ao Ensino Superior igualmente presente na CapII e Secccedilatildeo II poreacutem na Subsecccedilatildeo III
constatando-se que a criatividade em oposiccedilatildeo agravequilo que ocorre na Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar e Ensino Baacutesico natildeo eacute concebida como um objetivo relativamente ao processo
de ensino-aprendizagem visto natildeo serem efetuadas referecircncias agrave mesma
Ainda no que diz respeito ao sistema educativo e considerando as modalidades
especiais de educaccedilatildeo escolar apresentadas no Art 19ordm presente no Cap II Secccedilatildeo II
Subsecccedilatildeo IV entre as quais se apresenta a Educaccedilatildeo Especial que apresenta como
principal finalidade a integraccedilatildeo socioeducativa dos educandos que requerem
necessidades educativas especiacuteficas tambeacutem natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
apoacutes anaacutelise do Art 20ordm presente igualmente no mesmo capiacutetulo secccedilatildeo e subsecccedilatildeo
anteriormente designados aquando da menccedilatildeo do Art 19ordm
b) Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria
homologado pelo Despacho nordm64782017 26 de julho despacho este que afirma
o facto de a criatividade se apresentar atualmente como um dos temas em voga
e mais debatidos a par de outras temaacuteticas igualmente discutidas revelando-se
necessaacuteria uma intervenccedilatildeo no acircmbito da educaccedilatildeo com o intuito de reconfigurar
o sistema educativo para assim conseguir natildeo soacute se adequar agraves mutaccedilotildees que se
verificam no tempo atual respeitante agraves vertentes social cientiacutefica tecnoloacutegica e
econoacutemica mas tambeacutem e sobretudo formar cidadatildeos capazes de intervir e atuar
de forma a dar resposta agraves alteraccedilotildees necessidades imprevisibilidades desafios
e exigecircncias que o mundo contemporacircneo consagra
Relativamente ao Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria este eacute
caracterizado como sendo um ldquo(hellip) referencial para as decisotildees a adotar por decisores e
atores educativos ao niacutevel dos estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino e dos organismos
responsaacuteveis pelas poliacuteticas educativas constituindo-se como matriz comum para todas
32
as escolas e ofertas educativas no acircmbito da escolaridade obrigatoacuteria designadamente ao
niacutevel curricular no planeamento na realizaccedilatildeo e na avaliaccedilatildeo interna e externa do ensino
e da aprendizagemrdquo que se estrutura em ldquo(hellip) princiacutepios visatildeo valores e aacutereas de
competecircncias (hellip)rdquo (retirado do Despacho nordm 64782017 26 de julho) sendo que para a
elaboraccedilatildeo do mesmo tornou-se ldquo(hellip) essencial a (hellip) a revisatildeo da literatura produzida
no campo da investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo sobre designadamente as competecircncias que as
crianccedilas e os jovens devem adquirir como ferramentas indispensaacuteveis para o exerciacutecio de
uma cidadania plena ativa e criativa na sociedade da informaccedilatildeo e do conhecimento em
que estamos inseridosrdquo (retirado do Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade
Obrigatoacuteria p10)
Ora ao se analisar a estrutura deste documento concluiu-se que a criatividade natildeo
se concebe nos Princiacutepios que ldquo(hellip) justificam e datildeo sentido a cada uma das accedilotildees
relacionadas com a execuccedilatildeo e a gestatildeo do curriacuteculo na escola em todas as aacutereas
disciplinaresrdquo (p9) mas nos restantes aspetos que concebem a estruturaccedilatildeo do
documento sendo estes e tal como jaacute mencionado a Visatildeo os Valores e as Aacutereas de
Competecircncias
A Visatildeo que decorre dos Princiacutepios ldquo(hellip) explicita o que eacute pretendido para os
jovens enquanto cidadatildeos agrave saiacuteda da escolaridade obrigatoacuteriardquo (p9) e aborda a
criatividade como competecircncia respeitante agrave formaccedilatildeo e personalidade do indiviacuteduo uma
vez que tal como referido e passando a citar ldquoPretende-se que o jovem agrave saiacuteda da
escolaridade obrigatoacuteria seja um cidadatildeo capaz de pensar criacutetica e autonomamente
criativo com competecircncia de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicaccedilatildeordquo
(p15)
Nos Valores que se designam como ldquo(hellip) orientaccedilotildees segundo as quais
determinadas crenccedilas comportamentos e accedilotildees satildeo definidos como adequados e
desejaacuteveisrdquo (p9) a criatividade eacute relacionada e incluiacuteda num dos processos da mente o
pensamento cuja junccedilatildeo resulta no denominado ldquopensamento criativordquo e que deve ser
fomentado no educando para que se proceda por conseguinte ao seu desenvolvimento
incentivando igualmente a aplicaccedilatildeo do mesmo em contextos praacuteticos como se de uma
relaccedilatildeo processo-produto se tratasse
Jaacute nas Aacutereas de Competecircncias que se traduzem como ldquo(hellip) combinaccedilotildees
complexas de conhecimentos capacidades e atitudes que permitem uma efetiva accedilatildeo
33
humana em contextos diversificadosrdquo (p9) a criatividade agrave semelhanccedila dos Valores eacute
tambeacutem enquadrada em processos mentais originando o ldquoPensamento Criativordquo que se
assume como uma das competecircncias a incitar nos educandos e que visa ldquo(hellip) gerar e
aplicar novas ideias em contextos especiacuteficos abordando as situaccedilotildees a partir de
diferentes perspetivas identificando soluccedilotildees alternativas e estabelecendo novos
cenaacuteriosrdquo (p24) Mais uma vez deduz-se a presenccedila da criatividade no ldquolequerdquo de
competecircncias respeitantes agrave formaccedilatildeo pessoal assim como numa relaccedilatildeo processo-
produto constituindo-se assim a trilogia ldquopessoa-processo-produtordquo visando uma relaccedilatildeo
causa-efeito
c) Lei nordm 597 de 10 de fevereiro - Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-
Escolar que ldquoconsagra o ordenamento juriacutedico da educaccedilatildeo preacute-escolar na
sequecircncia da Lei de Bases do Sistema Educativordquo (retirado do site da Direccedilatildeo-
Geral da Educaccedilatildeo) Na lei indicada mais especificamente no Art 10ordm do Cap
IV que diz respeito aos ldquoObjectivos da educaccedilatildeo preacute-escolarrdquo natildeo se verificam
quaisquer referecircncias agrave criatividade o que natildeo vai de encontro agravequilo que eacute
defendido pela Lei n ordm492005 (Lei de Bases do Sistema Educativo) legislaccedilatildeo
essa que consagra a criatividade como objetivo educativo albergando a educaccedilatildeo
preacute-escolar e respetiva inclusatildeo desse objetivo nessa valecircncia
d) Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar [OCEPE]
homologadas atraveacutes do Despacho nordm 91802016) que satildeo caracterizadas como
sendo uma ldquoreferecircncia para a construccedilatildeo e gestatildeo do curriacuteculo na educaccedilatildeo preacute-
escolarrdquo (retirado do site da Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo)
As OCEPE dividem-se em trecircs aacutereas de conteuacutedo com objetivos proacuteprios
sendo estas Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social Aacuterea de Expressatildeo e
Comunicaccedilatildeo e Aacuterea do Conhecimento do Mundo
Na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute possiacutevel perceber que atraveacutes da
conceccedilatildeo e reconhecimento da crianccedila como sujeito e agente do processo educativo
assim como a sua participaccedilatildeo ativa no mesmo permite-se que a crianccedila possa
desenvolver a criatividade Salienta-se tambeacutem o caraacutecter transversal desta aacuterea de
conteuacutedo devido agrave sua presenccedila ldquoem todo o trabalho educativo realizado no jardim de
infacircnciardquo (p34)
34
No que concerne ao papel do educador esse pode promover a criatividade nas
crianccedilas ao fornecer-lhes apoio atraveacutes da ldquoprocura de soluccedilotildees para os problemas que se
colocam na vida do grupo e nas diferentes aacutereas de conteuacutedordquo (p39) sendo que a
participaccedilatildeo das crianccedilas na vida do grupo faz referecircncia agrave criatividade como modo de
agir para com os outros numa perspetiva de educaccedilatildeo para a cidadania assumindo-se
com a designaccedilatildeo de ldquoespiacuterito criativordquo9
Passando agrave Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo esta afirma-se como uma aacuterea
incidente em ldquo(hellip) aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem (hellip)rdquo (p43)
aspetos esses que permitem por parte da crianccedila a aquisiccedilatildeo de saberes uacuteteis no seu
processo de aprendizagem que se considera contiacutenuo
A aacuterea de conteuacutedo em questatildeo ao contraacuterio das restantes que integram as
OCEPE apresenta domiacutenios mais especificamente quatro sendo esses o Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Fiacutesica Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que alberga ainda subdomiacutenios (Artes
Visuais Jogo DramaacuteticoTeatro Muacutesica Danccedila) Domiacutenio da Linguagem Oral e
Abordagem agrave Escrita e Domiacutenio da Matemaacutetica que constituem por sua vez ldquo(hellip)
formas de linguagem indispensaacuteveis para a crianccedila interagir com os outros exprimir os
seus pensamentos e emoccedilotildees de forma proacutepria e criativa dar sentido e representar o
mundo que a rodeiardquo (p43)
Relativamente agrave criatividade e na aacuterea de conteuacutedo mencionada verifica-se uma
grande incidecircncia (diga-se ateacute quase exclusiva) mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica ateacute porque ao inveacutes das restantes aacutereas de conteuacutedo a criatividade
encontra-se concebida mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais como
uma competecircncia a promover e passando a citar ldquoDesenvolver capacidades expressivas
e criativas atraveacutes de experimentaccedilotildees e produccedilotildees plaacutesticasrdquo (p50)
No que concerne ao educador a intencionalidade deste eacute realccedilada assumindo-se
como ldquo(hellip) essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianccedilas (hellip)rdquo (p47)
tendo o cuidado de fornecer oportunidades agrave crianccedila para o desabrochar do seu potencial
criativo natildeo transmitindo estereoacutetipos10 sendo que para fomentar o desenvolvimento de
competecircncias criativas o educador pode encorajar a crianccedila a ldquo(hellip) encontrar formas
9 Consultar OCEPE p 39 componente ldquoConvivecircncia democraacutetica e cidadaniardquo 10 Consultar OCEPE p 60
35
criativas de representar aquilo que pretende (hellip)rdquo (p48) envolver-se em situaccedilotildees de
jogo dramaacutetico11 desenvolver no acircmbito musical improvisaccedilotildees experienciar e efetuar
movimentos danccedilados12 assim como elaborar estrateacutegias tendo em vista a resoluccedilatildeo de
situaccedilotildees com as quais se confrontem e que por algum motivo exijam uma soluccedilatildeo ou
ateacute mesmo problemas no acircmbito da matemaacutetica explicando-as posteriormente e
criticando-as13
Considera-se pertinente afirmar que se encontra estipulado na aacuterea de conteuacutedo
em questatildeo mais concretamente no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica que ldquoO
desenvolvimento da criatividade e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes formas
de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas deveratildeo estar presentes em todo o
desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Poreacutem e embora a criatividade se encontre de alguma forma incluiacuteda tanto (e
maioritariamente) no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica assim como no Domiacutenio da
Matemaacutetica esta natildeo eacute concebida nos outros domiacutenios Domiacutenio da Educaccedilatildeo Fiacutesica e
Domiacutenio da Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita ambos integrantes da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo
Tambeacutem importa referir que ao inveacutes da Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social assim
como dos Domiacutenios da Educaccedilatildeo Artiacutestica e Matemaacutetica presentes na Aacuterea de Expressatildeo
e Comunicaccedilatildeo na Aacuterea do Conhecimento do Mundo agrave semelhanccedila dos Domiacutenios da
Educaccedilatildeo Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita natildeo satildeo feitas referecircncias agrave
criatividade verificando-se portanto uma discordacircncia entre o que eacute supostamente
desejaacutevel e o que se encontra de facto estipulado
Mediante anaacutelise das aacutereas de conteuacutedo descritas assim como das OCEPE de
modo geral deduz-se que as questotildees relacionadas com a criatividade dizem respeito
maioritariamente a estrateacutegias que o educador pode adotar de modo a potenciar o
desenvolvimento da mesma segundo as caracteriacutesticas domiacutenios e subdomiacutenios
respeitantes agraves aacutereas de conteuacutedo
11 Consultar OCEPE p 52
12 Consultar OCEPE p 57
13 Consultar OCEPE p 83
36
Embora a criatividade natildeo esteja enquadrada assim dizendo nas ldquoAprendizagens
a promoverrdquo que constam em cada uma das Aacutereas de Conteuacutedo agrave exceccedilatildeo da Aacuterea de
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais detalhadamente no Subdomiacutenio das Artes Visuais
subdomiacutenio este que se enquadra no Domiacutenio da Educaccedilatildeo Artiacutestica eacute na mesma
considerada como uma intencionalidade educativa devido tal como jaacute referido agraves
possiacuteveis estrateacutegias elencadas que podem ser adotadas com vista ao seu fomento
considerando e referindo mais uma vez as especificidades de cada uma das aacutereas de
conteuacutedo que integram as OCEPE
Ainda relativamente agrave criatividade as OCEPE afirmam que o processo de
aprendizagem no qual a crianccedila se insere e considerando as vertentes que alberga eacute
promotora do desenvolvimento do potencial criativo ldquoAprendizagem ndash Processo em que
a crianccedila a partir do que jaacute sabe e eacute capaz de fazer constroacutei organiza e relaciona novos
sentidos sobre si proacutepria e o mundo que a rodeia Este processo resulta das experiecircncias
proporcionadas por contextos por interaccedilotildees com pessoas com objetos e representaccedilotildees
que apoiam o desenvolvimento de todas as suas potencialidades intelectuais fiacutesicas
emocionais e criativasrdquo (p105)
Finalizada uma breve anaacutelise agrave legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo inerentes ao Sistema
Educativo Portuguecircs procede-se desse modo agrave abordagem da valecircncia de Creche e sua
documentaccedilatildeo valecircncia esta que tal como indicado eacute tutelada por um ministeacuterio distinto
agravequele que tutela o SEP sendo a documentaccedilatildeo associada intitulada ldquoManual de
Processos Chave da Crecherdquo conforme jaacute mencionado
Segundo o MPCC a Creche eacute apresentada como ldquo(hellip) uma das primeiras
experiecircncias da crianccedila num sistema organizado exterior ao seu ciacuterculo familiar onde iraacute
ser integrada e no qual se pretende que venha a desenvolver determinadas competecircncias
e capacidadesrdquo (p1) sendo que as experiecircncias vivenciadas neste contexto ldquo(hellip) podem
ter um verdadeiro impacto no seu desenvolvimento futurordquo ateacute porque os primeiros 36
meses de vida da crianccedila satildeo ldquo(hellip) particularmente importantes para o seu
desenvolvimento fiacutesico afectivo e intelectualrdquo (p2)
Assumindo este contexto uma importacircncia significativa e acrescida no
desenvolvimento integral da crianccedila e considerando mais uma vez a importacircncia que a
criatividade tecircm no seu processo de desenvolvimento conforme jaacute estudado e
37
explanado14 importa agrave semelhanccedila do SEP e ateacute maioritariamente por ser o foco de
estudo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo compreender de que modo a criatividade se
encontra abrangida na valecircncia de Educaccedilatildeo de Infacircncia em questatildeo
Ora mediante anaacutelise do documento associado agrave Creche e jaacute referido Manual de
Processos Chave da Creche a criatividade insere-se nos constituintes que caracterizam
um ambiente dinamizador de aprendizagens ambiente este que deve ser assegurado jaacute
que ldquoSoacute desta forma eacute que elas poderatildeo desenvolver o maacuteximo das suas competecircncias e
capacidadesrdquo (p2) tendo tambeacutem em vista a sua qualidade pelos denominados
ldquoprestadores de cuidados responsaacuteveis pela crianccedilardquo
A criatividade tambeacutem eacute concebida como intencionalidade educativa a ser
assegurada pelo educador relativamente agrave planificaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
atividades essas que devem conter uma componente criativa15 sendo ainda formulada
como aacuterea de desenvolvimento aacuterea essa integrante no desenvolvimento global da
crianccedila no entanto em associaccedilatildeo com processos mentais isto eacute o denominado
ldquoPensamento Criativordquo que segundo o MPCC pode ser fomentado com recurso agrave ldquo(hellip)
expressatildeo do movimento da muacutesica da arte das actividades visuo-espaciaisrdquo (p25)
Finda assim a explanaccedilatildeo da legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referentes ao SEP e
Creche destaca-se a pertinecircncia de certas semelhanccedilas mas tambeacutem dicotomias que se
constatam Veja-se
Abordando a Lei nordm 492005 Lei de Bases do Sistema Educativo assim como o
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria compreende-se e deduz-se que
ambos defendem a resposta por parte do sistema educativo agraves necessidades verificadas
no meio social assim como a formaccedilatildeo dos educandos e simultaneamente cidadatildeos
tendo em vista o desenvolvimento por sua parte de um conjunto de competecircncias que
lhes permita intervir sendo a criatividade uma dessas competecircncias de modo
contextualizado e na sociedade na qual se inserem com o intuito de dar resposta aos
requisitos complexidades e desafios que esta apresenta Ateacute aqui verificam-se
semelhanccedilas poreacutem tambeacutem se verificam dicotomias
14 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
15 Consultar MPCC PC 04 ndash Planeamento e Acompanhamento das Actividades p25
38
A Lei nordm 492005 afirma a inclusatildeo de modo geral da criatividade como objetivo
educativo e de ensino-aprendizagem considerando a distinccedilatildeo entre Educaccedilatildeo e Ensino
termos estes respeitantes a cada um dos niacuteveis que integram o SEP no entanto esta
somente consta na EPE e Ensino Baacutesico deixando ldquode parterdquo os Ensinos Secundaacuterio e
Superior e a Educaccedilatildeo Especial Mas a que se deve tal dicotomia A respeito dos Ensinos
Secundaacuterio e Superior seraacute que se deixa de considerar a criatividade como competecircncia
que deve ser desenvolvida continuamente Estaraacute a problemaacutetica relacionada com a
subestimaccedilatildeo do desenvolvimento de competecircncias criativas e valorizaccedilatildeo do
pensamento criacutetico e racional E no caso da Educaccedilatildeo Especial pode-se dever ao facto
de esta se reger por disposiccedilotildees ldquoespeciaisrdquo Relembra-se o facto de os niacuteveis de ensino
citados anteriormente constituiacuterem o SEP daiacute natildeo se compreender tal ldquodistinccedilatildeordquo
O Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria acaba por contradizer a
Lei n ordm 492005 pois o Ensino Secundaacuterio apresenta a criatividade como objetivo de
ensino-aprendizagem o que de certo modo tambeacutem aleacutem de uma dicotomia acaba por
se traduzir numa evoluccedilatildeo No entanto e uma vez que o Ensino Superior natildeo integra a
Escolaridade Obrigatoacuteria natildeo se torna possiacutevel efetuar constataccedilotildees a este niacutevel
No acircmbito da EPE e relativamente agrave Lei nordm 597 de 10 de fevereiro Lei Quadro
da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar esta tambeacutem natildeo se encontra em concordacircncia tanto com a Lei
nordm492005 assim como com as OCEPE pois natildeo se verificam referecircncias agrave criatividade
As OCEPE contrariamente agrave restante legislaccedilatildeo e documentaccedilatildeo discutidas
baseiam-se na sua maioria e relativamente ao conceito de criatividade na promoccedilatildeo de
estrateacutegias que podem se o educador assim entender ser adotadas tendo em vista o
fomento do desenvolvimento do potencial criativo das crianccedilas embora tais estrateacutegias
sejam em nuacutemero reduzido
Importa tambeacutem referir que a incidecircncia do conceito de criatividade encontra-se
presente na Aacuterea de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo mais especificamente no Domiacutenio da
Educaccedilatildeo Artiacutestica embora tambeacutem se encontre no Domiacutenio da Matemaacutetica assim como
na Aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Contudo natildeo se constatam referecircncias agrave criatividade nos Domiacutenios da Educaccedilatildeo
Fiacutesica e Linguagem Oral e Abordagem agrave Escrita nem na Aacuterea do Conhecimento do
Mundo confrontando deste modo a sua transversalidade no que concerne ao curriacuteculo
ldquoO desenvolvimento da criatividade (e do sentido esteacutetico e o contacto com diferentes
39
formas de cultura natildeo fazem apenas parte deste domiacutenio mas) deveratildeo estar presentes em
todo o desenvolvimento do curriacuteculordquo (p48)
Comparativamente agraves OCEPE a documentaccedilatildeo pela qual a Creche se deve reger
o designado ldquoManual de Processos Chave da Crecherdquo tambeacutem natildeo reforccedila a
transversalidade relativamente agrave inclusatildeo da criatividade sendo feita uma contradiccedilatildeo jaacute
que a criatividade deve constar como competecircncia a ser desenvolvida transversalmente
agrave semelhanccedila de outras que se revelam essenciais ao desenvolvimento global da crianccedila
verificando-se no caso da documentaccedilatildeo associada agrave Creche a integraccedilatildeo da criatividade
no acircmbito das manifestaccedilotildees artiacutesticas
Ora conclui-se que de modo global o SEP assim como a Creche abordam e
inserem a criatividade no acircmbito educacional embora tal como mencionado natildeo se
verifique a transversalidade desta o que natildeo se deveria suceder pois segundo Novaes
(1980) Robinson (2005) Braumann (2009) e Santos amp Andreacute (2012) o desenvolvimento
da criatividade deve-se desenrolar de modo transversal natildeo estando assim confinado a
determinados conteuacutedos de aprendizagem jaacute que esta consta nas mais variadas e distintas
aacutereas de formaccedilatildeo do indiviacuteduo considerando o seu desenvolvimento integral
No entanto a criatividade desde a Creche ateacute ao Ensino Secundaacuterio acaba por se
assumir como competecircncia a ser desenvolvida considerando a transiccedilatildeo entre contextos
educativos e niacuteveis de ensino ressaltando natildeo soacute a educaccedilatildeo e o ensino como um
processo contiacutenuo e integrado mas tambeacutem o fomento da criatividade como uma
continuidade no que concerne ao desenvolvimento do educando enquanto pessoa e
cidadatildeo
Ainda assim defende-se e seguindo a mesma linha de pensamento de Cropley amp
Cropley (2009) e Morais Almeida amp Azevedo (2014) que o Ensino Superior deveria
igualmente ser abrangido face agrave inclusatildeo da criatividade e seu desenvolvimento uma vez
que a formaccedilatildeo escolar pode ser continuada ingressando-se desse modo na formaccedilatildeo
acadeacutemica sendo que neste acircmbito de formaccedilatildeo a criatividade se considera igualmente
relevante ao permitir que o aluno seja capaz de a utilizar como recurso para elaborar
atraveacutes das faculdades e processos cognitivos e mentais algo seja uma ideia ou produto
que se revele natildeo soacute distinta daquelas jaacute conhecidas e reconhecidas ateacute agrave data mas
simultaneamente adequada ao contexto e utilitaacuteria
40
Termina-se este toacutepico do relatoacuterio referindo que nem soacute de ldquoapelosrdquo a
criatividade deve ser feita pelo menos no acircmbito educacional Quer-se com isto dizer
que de modo a complementar os ldquoincentivosrdquo e promoccedilatildeo ao desenvolvimento da
criatividade na educaccedilatildeo deveriam ser elaborados referenciais (volta-se a frisar
referenciais) uma vez que natildeo se pretende induzir nem impor obrigaccedilotildees de condutas e
praacuteticas mas sim orientar sem condicionar respeitantes a possiacuteveis estrateacutegias a serem
adotadas e implementadas por opccedilatildeo dos educadores e professores considerando os
educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis relativamente aos seus interesses necessidades
e competecircncias com o intuito do desenvolvimento do potencial criativo
A par do que foi descrito e ainda considerando a perspetiva de Novaes (1980) e
Robinson (2005) ao defenderem natildeo soacute a inclusatildeo e desenvolvimento da criatividade na
educaccedilatildeo assim como a promoccedilatildeo e elaboraccedilatildeo de experiecircncias (educativas) que
permitam tal desenvolvimento urge uma questatildeo Seraacute que no que concerne agrave educaccedilatildeo
existe documentaccedilatildeo ou ateacute mesmo promoccedilatildeo de praacuteticas impulsionadoras considerando
a perspetiva de Santos amp Andreacute (2012) acessiacuteveis aos profissionais de educaccedilatildeo que
aleacutem de elucidarem para a importacircncia do estiacutemulo da criatividade orientem e incentivem
ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias que permitam o incremento das
suas potencialidades criativas
Mediante investigaccedilatildeo efetuada acerca da perceccedilatildeo da existecircncia de
documentaccedilatildeo e praacuteticas promotoras que auxiliem educadores e professores a
desenvolver a criatividade em contexto educativo conforme referido constata-se que
por parte das entidades que tutelam o Sistema Educativo Portuguecircs e a valecircncia de Creche
(Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no caso do Sistema Educativo Portuguecircs e Ministeacuterio do
Trabalho e da Solidariedade Social no caso da Creche) natildeo se dinamizam praacuteticas
promotoras praacuteticas essas que podem passar por accedilotildees de formaccedilatildeo workshops
seminaacuterios congressos projetos coloacutequios nem existe documentaccedilatildeo orientadora
relativamente a estrateacutegias passiacuteveis de ser adotadas face ao desenvolvimento de
competecircncias criativas
No que concerne agrave importacircncia que o desenvolvimento da criatividade assume
foi possiacutevel deduzir que natildeo existem referecircncias expliacutecitas quanto a esse fator
Apenas foi possiacutevel constatar que a Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo [DGE] um dos
serviccedilos pertencentes ao Ministeacuterio da Educaccedilatildeo divulga na sua paacutegina de internet
praacuteticas que estejam de alguma forma relacionadas com a criatividade praacuteticas estas que
41
podem ser seminaacuterios workshops projetos conferecircncias desafiosconcursos Poreacutem tais
praacuteticas apesar de divulgadas pela DGE natildeo satildeo desenvolvidas por esta assumindo
assim uma funccedilatildeo exclusivamente informativa
De que serve abordar a criatividade na educaccedilatildeo aplicando o respetivo termo na
documentaccedilatildeo pelos quais tais contextos se regem e incentivar ao desenvolvimento da
mesma se em oposiccedilatildeo natildeo se aborda a importacircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa
natildeo satildeo desenvolvidas accedilotildees de formaccedilatildeo que permitam a aquisiccedilatildeo de conhecimentos
face ao desabrochar do potencial criativo nem desenvolvidas praacuteticas promotoras que
permitam de facto o estiacutemulo da expressatildeo criativa
Crecirc-se que a implementaccedilatildeo dos fatores anteriormente elencados poderiam formar
um elo de ligaccedilatildeo complementando-se na medida em que estrateacutegias e praacuteticas
desenvolvidas ganhariam mais intencionalidade e sentido para os profissionais de
educaccedilatildeo e consequentemente para os educandos mediante a perceccedilatildeo e compreensatildeo
obtidas com os conhecimentos acerca do tema da criatividade e suas abrangecircncias
Rui Matos Professor-coordenador na Escola Superior de Educaccedilatildeo e Ciecircncias
Sociais do Instituto Politeacutecnico de Leiria numa entrevista fornecida ao Jornal de Leiria
em 2017 cuja questatildeo constava acerca das escolas incentivarem a promoccedilatildeo ou em
oposiccedilatildeo a repreensatildeo do desenvolvimento da criatividade referiu que ldquoAgraves vezes o que
estaacute no papel eacute muito bonito O problema eacute como se concretizardquo querendo alertar para a
incoerecircncia entre teoria-praacutetica face ao ldquoapelordquo ao desenvolvimento da criatividade nos
documentos normativos e orientadores da accedilatildeo pedagoacutegica e educativa pelo qual o SEP
se rege e a lacuna existente face a accedilotildees de formaccedilatildeo e instrumentos pedagoacutegicos que
permitam agrave docecircncia operacionalizar tal aspeto
Lopes (2016) agrave semelhanccedila da perspetiva de Rui Matos aponta para a falha
existente ao niacutevel de documentaccedilatildeo normativa e dificuldades sentidas por parte dos
educadores abordando a EPE na integraccedilatildeo da criatividade como intencionalidade
educativa e respetiva operacionalizaccedilatildeo Pequito (1999) defende igualmente a
importacircncia de ldquo(hellip) construir curriacuteculos promotores do desenvolvimento da criatividade
das crianccedilasrdquo (p76)
Alencar (1992) remetia para a lacuna verificada ao niacutevel da formaccedilatildeo e
informaccedilatildeo dos docentes na promoccedilatildeo da expressatildeo criativa nos educandos o que
poderia constituir um fator inibidor face estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
42
Afirmava tambeacutem que a existecircncia de orientaccedilotildees assim como a formaccedilatildeo fornecida
aos docentes podia igualmente contribuir para o desabrochar das capacidades criativas
dos mesmos o que de certo modo poderia auxiliar na adoccedilatildeo e implementaccedilatildeo de
atitudes e praacuteticas educativas mais adequadas considerando o contexto com o qual se
relacionam e se inserem
Em modo de acreacutescimo agrave perspetiva de Alencar (1992) relativamente agrave formaccedilatildeo
destinada agrave docecircncia no acircmbito da criatividade Craft (2004) refere que ldquoA questatildeo de
incentivar a proacutepria criatividade do professor natildeo deixa de ser importanterdquo jaacute que se pode
assumir como ldquo(hellip) o fulcro da arte de ensinarrdquo (p15)
Novaes (1980) defende que ldquo(hellip) soacute mudando as atitudes dos professores
preparando-os para serem flexiacuteveis criativos e inovadores nas escolas (hellip) podem eles
ser considerados como agentes facilitadores do processo de aprendizagem estimulando
os alunos para atividades de criatividaderdquo (p122) A mesma autora acrescenta ainda que
ldquo(hellip) os professores natildeo satildeo elementos estagnados e devem por isso mesmo ser
preparados para desenvolver suas potencialidades modificando seus papeacuteis para se
tornarem agentes significativos da consequente transformaccedilatildeo no meio educacionalrdquo
(Novaes 1980 p121)
Santos amp Andreacute (2012) alegam que a promoccedilatildeo da criatividade nos docentes
torna-se igualmente uacutetil no desenvolvimento de competecircncias nesse domiacutenio o que por
conseguinte pode capacitar os docentes de encararem situaccedilotildees mediante perspetivas
distintas isto eacute diferentes daquelas praticadas ateacute agrave data adotando em funccedilatildeo disso
comportamentos e desenvolvendo situaccedilotildees de aprendizagem que se revelem
simultaneamente impactantes e beneacuteficas natildeo soacute para si mesmos mas tambeacutem e
nomeadamente para os educandos pelos quais satildeo responsaacuteveis
Perante tais lacunas e incoerecircncias de que serve assim incentivar-se ao
desenvolvimento da expressatildeo criativa nos educandos se os profissionais de educaccedilatildeo se
vecircm confrontados com dificuldades face agrave operacionalizaccedilatildeo de tal fator uma vez que
natildeo se oferece formaccedilatildeo para tal elucidaccedilatildeo Citando o ditado popular ldquoNatildeo se fazem
omeletes sem ovosrdquo ou seja eacute necessaacuterio possuir-se as bases (teoacutericas) e ferramentas
necessaacuterias para se executar (adequadamente) o que se pretende na praacutetica
Neves-Pereira amp Alencar (2018) destacam outros fatores igualmente pertinentes
na formaccedilatildeo docente face agrave criatividade tais como ldquoPreparo teacutecnico formaccedilatildeo teoacuterica e
43
praacutetica especializaccedilatildeo no tema criatividade construccedilatildeo de processos de
autoconhecimento e elaboraccedilatildeo de reflexotildees acerca da proacutepria praacutetica educativa (hellip)rdquo
(p9)
Tais dificuldades sentidas podem levar agrave desmotivaccedilatildeo dos docentes e por isso
Craft (2004) deixa um alerta aos docentes alegando que e passo a citar ldquoEnquanto
educadores temos que nos empenhar agora em descobrir como estimular a criatividade
(hellip) de todos os alunos Necessita-se do (hellip) empenhamento apaixonado dos educadores
em sistemas que desbloqueiem o potencial individual das crianccedilas em vez de o
neutralizar (hellip) seja qual for o sistema de ensino eacute a qualidade do ensino e o aprender
com ele que marcam de facto a diferenccedilardquo (p23)
Dada a pertinecircncia da questatildeo e face agrave lacuna resultante da existecircncia de
orientaccedilotildees ao estiacutemulo do desenvolvimento e expressatildeo criativa em contexto
educacional procedeu-se ao estudo de possiacuteveis fatores que podem potenciar ou inibir tal
aspeto
Tendo-se optado ainda pelo desenvolvimento de nova pesquisa relacionada com
o enquadramento da criatividade na educaccedilatildeo pesquisa essa externa ao SEP e Creche foi
possiacutevel obter conhecimento acerca de duas associaccedilotildees que abordam natildeo soacute a educaccedilatildeo
mas tambeacutem a criatividade associaccedilotildees essas intituladas ldquoAssociaccedilatildeo Educativa para o
Desenvolvimento da Criatividaderdquo abreviadamente denominada AEDC e ldquoAssociaccedilatildeo
de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente denominada APEI sendo
uma delas focada quase exclusivamente na promoccedilatildeo da criatividade a AEDC
Iniciando pela abordagem agrave APEI criada em 1981 designa-se como sendo ldquo(hellip)
uma associaccedilatildeo nacional constituiacuteda por profissionais e por pessoas motivadas e
interessadas em conhecer a Educaccedilatildeo de Infacircncia (0 a 6 anos de idade)rdquo cujos objetivos
principais assentam em ldquoContribuir para a formaccedilatildeo e informaccedilatildeo na aacuterea da Educaccedilatildeo
de Infacircncia para a identidade e o desenvolvimento profissional e eacutetico para a inovaccedilatildeo
nas praacuteticas educativas e nas poliacuteticas educativas para crianccedilas dos 0 aos 6 anos (obtendo
a confianccedila e o compromisso dos nossos associados colaboradores e parceiros criando
valor para os associados e para o paiacutes)rdquo e ldquoOrganizar e realizar serviccedilos de formaccedilatildeo
contiacutenua e informaccedilatildeo participando no debate assegurando consultoria em todo o paiacutes
ser reconhecida pela sua qualidade criatividade e eficaacuteciardquo (retirado do website da
APEI)
44
Relativamente agrave promoccedilatildeo da criatividade baseando-se tal promoccedilatildeo no
desenvolvimento de estrateacutegias junto dos profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia que
permitam a aquisiccedilatildeo de saberes face agrave criatividade a APEI afirma concretizar accedilotildees e
propostas formativas indicando o tipo de accedilotildeespropostas (seminaacuterios conferecircncias
coloacutequios workshop etc) e se tal accedilatildeo eacute ou natildeo acreditada No que concerne agrave
periocidade de tais accedilotildeespropostas formativas essas podem ser consultadas no separador
que consta no website da APEI intitulado ldquoPlano de Formaccedilatildeordquo no qual satildeo apresentadas
as accedilotildees de formaccedilatildeo a serem desenvolvidas por esta associaccedilatildeo educativa
Aleacutem das propostas formativas a APEI publica desde 1983 e com periocidade
trimestral uma ediccedilatildeo designada ldquoCadernos de Educaccedilatildeo de Infacircnciardquo abreviadamente
denominados ldquoCEIrdquo afirmando ser atualmente ldquo(hellip) a uacutenica publicaccedilatildeo portuguesa
sobre educaccedilatildeo de infacircncia e sobre os seus profissionais dinamizando o espaccedilo de
reflexatildeo partilha anaacutelise e investigaccedilatildeo sobre os toacutepicos da Educaccedilatildeo e da sua
Qualidaderdquo
Nestas publicaccedilotildees mediante averiguaccedilatildeo das mesmas foi possiacutevel encontrar
artigos relacionados com a criatividade (ver CEI nordm10 17 18 48 74 82 88 96 107)
sendo que somente 4 dos 12 artigos se encontram disponiacuteveis para consulta puacuteblica on-
line natildeo tendo sido possiacutevel averiguar o motivo desse facto Os restantes artigos podem
ser consultados exclusivamente atraveacutes do acesso aos CEI impressos constituindo um
entrave relativamente ao acesso gratuito agrave informaccedilatildeo uma vez que os CEI publicados
em papel apresentam um custo monetaacuterio
Quanto agrave AEDC esta constitui uma ldquo(hellip) instituiccedilatildeo de utilidade puacuteblica de
caraacutecter cientiacutefico-pedagoacutegico sem fins lucrativos (hellip)rdquo cujo objetivo passa pela
promoccedilatildeo do ldquo(hellip) estudo cientiacutefico e o desenvolvimento da criatividade e das suas
muacuteltiplas aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo sendo que e com o
intuito de concretizar o objetivo declarado a associaccedilatildeo faz questatildeo de promover
atividades relacionadas com formaccedilatildeo divulgaccedilatildeo e investigaccedilatildeo atividades estas que
podem passar por ldquoReuniotildees encontros conferecircncias e seminaacuterios Accedilotildees de formaccedilatildeo
contiacutenua Projetos de investigaccedilatildeo e intervenccedilatildeo educativa Eventos culturais que
correspondam a formas de expressatildeo da criatividade Recolha tratamento e divulgaccedilatildeo
de informaccedilatildeo relacionada com a criatividade e as suas muacuteltiplas aplicaccedilotildees Accedilotildees de
cooperaccedilatildeo com outras entidades que possam contribuir para a realizaccedilatildeo dos objetivos
da Associaccedilatildeordquo (retirado do website da AEDC)
45
Ora constata-se que esta associaccedilatildeo faz questatildeo de desenvolver diversas praacuteticas
promotoras da criatividade o que por si soacute constitui uma mais-valia
Aleacutem das praacuteticas desenvolvidas a AEDC agrave semelhanccedila da APEI dispotildee de um
conjunto de publicaccedilotildees denominadas ldquoCadernos de Criatividaderdquo que se apresenta como
ldquo(hellip) um espaccedilo de divulgaccedilatildeo de trabalhos na aacuterea da Criatividade e das suas muacuteltiplas
aplicaccedilotildees nos diversos domiacutenios da atividade humanardquo (retirado do website da AEDC)
No entanto contrariamente agrave APEI essas publicaccedilotildees apenas se encontram
disponiacuteveis em formato fiacutesico (livro em papel) natildeo estando deste modo disponiacuteveis para
consulta on-line
Embora se apresente como ldquoAssociaccedilatildeo Educativardquo natildeo se destina ao inveacutes da
APEI exclusivamente aos profissionais e estudantes de Educaccedilatildeo de Infacircncia no que
concerne agrave constituiccedilatildeo de membro pois qualquer pessoa o pode ser seja do ramo da
Educaccedilatildeo ou natildeo somando esta associaccedilatildeo uma mais-valia ao ampliar o leque de pessoas
que podem ter acesso a estudos e praacuteticas relacionadas com a criatividade com a
finalidade de adquirir conhecimentos e satisfazer o saber
Mediante investigaccedilatildeo mais aprofundada agrave associaccedilatildeo em questatildeo esta natildeo
enquadra na promoccedilatildeo de formaccedilotildees a valecircncia de Creche algo que a APEI faz questatildeo
de englobar agrave semelhanccedila da valecircncia de EPE da Educaccedilatildeo de Infacircncia nem o Ensino
Superior uma vez que conforme eacute possiacutevel ler no website da associaccedilatildeo e passo a citar
ldquoO Centro de Formaccedilatildeo da Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da
Criatividade acreditado pelo Conselho Cientiacutefico-Pedagoacutegico da Formaccedilatildeo Contiacutenua
desde 2000 (registo nordm CCPFCENT-AP-043717) promove formaccedilatildeo para professores
dos Ensinos Preacute-Escolar Baacutesico e Secundaacuteriordquo (retirado do website da AEDC)
Tambeacutem se pode afirmar a existecircncia de uma falha no que foi anteriormente citado
pois a valecircncia de Preacute-Escolar diz respeito agrave Educaccedilatildeo e natildeo ao Ensino embora ambos
se integrem assim como o facto dos profissionais que desempenham as suas funccedilotildees
neste tipo de Educaccedilatildeo se designarem por ldquoEducadoresrdquo e natildeo ldquoProfessoresrdquo conforme
referido
Ora sendo uma Associaccedilatildeo Educativa e considerando que a Creche e o Ensino
Superior satildeo considerados modalidades de educaccedilatildeo natildeo deveriam os profissionais da
docecircncia destas modalidades ser igualmente abrangidos no acircmbito das formaccedilotildees Diga-
46
se que a criatividade constitui como se pode deduzir mediante investigaccedilotildees efetuadas
uma competecircncia a ser desenvolvida continuamente com o intuito de se incrementar o
seu maacuteximo potencial
13 Potencializaccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade em ambientes
educativos
A criatividade assume-se como potencial intriacutenseco ao indiviacuteduo sendo possiacutevel
afirmar que a crianccedila jaacute desde idade precoce apresenta esta capacidade natildeo surgindo
somente em etapas da vida numa fase posterior
Aleacutem disso tal capacidade agrave semelhanccedila do que jaacute foi referido anteriormente
pode e deve ser estimulada inclusive na infacircncia (Stant 1976 mencionado por Miranda
2002 p97 Lowenfeld amp Brittain 1977 Freinet1984 Amabile 1996 citado por
Homem Gomes amp Montalvatildeo 2009 p42 Schirmer 2001 Ortega 2016) frisando-se a
importacircncia das oportunidades e condiccedilotildees propiciadas (Sousa 2003 Malaguzzi sd
citado por Thornton amp Brunton 2014 p33) visando o condicionamento no fomento do
potencial criativo da crianccedila desabrochando-o ou por outro lado repreendendo-o
(Alencar 1992 Novaes 1980)
A par do que foi mencionado anteriormente Sousa (2003) tambeacutem afirma que ldquoSe
a criatividade se trata portanto de uma potencialidade latente [na crianccedila] haacute que
possibilitar atraveacutes de meios e motivaccedilotildees adequadas a passagem deste poder criativo agrave
acccedilatildeo criativa ou seja agrave criaccedilatildeordquo (p196)
Acrescenta-se tambeacutem a importacircncia da infacircncia visto tratar-se de um periacuteodo
sensiacutevel de desenvolvimento humano e no qual o ceacuterebro apresenta uma caracteriacutestica
que se revela significativa ao seu desenvolvimento a denominada ldquoplasticidaderdquo que eacute
afetada pelos estiacutemulos e experiecircncias do ambiente permitindo ao ceacuterebro ldquomoldar-serdquo
positivamente ou negativamente em funccedilatildeo disso considerando a sua vulnerabilidade
(Toga Thompson amp Sowell 2006 citado por Papalia Olds amp Feldman 2009 p157)
Destaca-se por este meio a pertinecircncia do estiacutemulo da expressatildeo criativa na
infacircncia por se tratar de uma fase na qual o ceacuterebro e processos cognitivos se encontram
mais reativos ao desenvolvimento de competecircncias e aquisiccedilatildeo de conhecimentos ateacute
47
porque Feldman Csikszentmihalyi amp Gardner (1994 citado por Oliveira 2010 p85)
apontavam para o facto da dificuldade sentida por um indiviacuteduo em desenvolver e aplicar
as suas capacidades criativas caso natildeo tivesse usufruiacutedo de experiecircncias ao estiacutemulo da
criatividade na infacircncia
Refira-se que a infacircncia eacute apontada como ldquoperiacuteodo sensiacutevelrdquo e natildeo ldquoperiacuteodo
criacuteticordquo uma vez que o facto de porventura natildeo terem existido oportunidades agrave promoccedilatildeo
da criatividade nessa fase natildeo implica obrigatoriamente que essa jaacute natildeo possa ser
desenvolvida em fases da vida posterior (Papalia Olds amp Feldman 2009)
Posto isso prossegue-se a abordagem de estrateacutegias passiacuteveis de serem adotadas
visando o estiacutemulo do potencial criativo na crianccedila ressaltando-se natildeo existir uma ldquovia
uacutenicardquo destinada agrave promoccedilatildeo da criatividade (Torrance 1977 NACCCE 1999 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005 Oliveira amp Alencar 2008)
131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
No que concerne ao estiacutemulo do potencial criativo da crianccedila este pode assentar
no desenvolvimento de atividades (Craft 2004 Craveiro amp Ferreira 2007) destacando-
se entre elas a brincadeira enquanto atividade luacutedica (Dempsey amp Frost 2002 Antunes
2005 citado por Scherer 2013 p27 Siaulys 2005 citado por Queiroz Maciel amp Branco
2006 p169 Cunha 2007) sendo tambeacutem considerada por Vygotsky (1927) uma
atividade humana que aleacutem de potenciar a criatividade promove a capacidade criadora
contribuindo para o desenvolvimento da crianccedila
Torna-se pertinente referir que eacute necessaacuterio ter em conta que oportunidades
fornecidas agrave crianccedila para desenvolver as brincadeiras que sejam induzidas e controladas
pelo adulto (Ferland 2006 Nicolielo Sommerhalder amp Alves 2017) - ldquobrincadeiras
estruturadasrdquo - podem limitar a expressatildeo da crianccedila condicionando negativamente as
suas atitudes e comportamentos seja consigo ou para com os outros assim como o seu
potencial criativo sendo que o adulto deve assumir uma funccedilatildeo de supervisatildeo visando e
proporcionando agrave crianccedila a garantia das condiccedilotildees necessaacuterias ao seu bem-estar durante
o decorrer dos momentos de brincadeira
48
Natildeo obstante e relativamente ainda a possiacuteveis estrateacutegias que permitam o
fomento do potencial criativo na crianccedila estas podem igualmente passar pelo
desenvolvimento de jogos (Kishimoto 2003 citado por Lira amp Rubio 2014 p7
Valdivia 2011) momentos de jogo simboacutelico (Oliveira 2013 Barboza amp Volpini 2015)
atividades de promoccedilatildeo da leitura mais especificamente o conto de histoacuterias (Bastos
1999 Mozzer amp Borges 2008) atividades que promovam praacuteticas artiacutesticas (Oliveira
2018) mais detalhadamente atividades de expressatildeo plaacutestica (Motos 2015 Ortega 2016)
ou que sejam promotoras do uso do pensamento por parte da crianccedila relativamente agrave
busca de respostas se possiacutevel variadas alternativas e natildeo estereotipadas para uma dada
situaccedilatildeo ou problema apresentado como eacute exemplo a teacutecnica de brainstorming (Alencar
1992 Casillas 1999 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Afirma-se que as estrateacutegias a serem desenvolvidas tendo em vista o fomento do
potencial criativo da crianccedila podem ser diversificadas corroborando as perspetivas de
Torrance (1977) NACCCE (1999) Aragoacuten (2005) Ocantildea (2005) e Oliveira amp Alencar
(2008) natildeo havendo portanto uma estrateacutegia que seja considerada a ldquoidealrdquo sendo que
aquelas referidas anteriormente (brincadeira natildeo estruturada jogos jogo simboacutelico conto
de histoacuterias atividades de expressatildeo artiacutestica) constituem possiacuteveis estrateacutegias que podem
ser adotadas
Em modo de acreacutescimo refira-se que se torna igualmente pertinente a par do
desenvolvimento de estrateacutegias a sua aplicaccedilatildeo de forma sistemaacutetica com o intuito de se
tentar maximizar o potencial criativo uma vez que e citando Craft (2004) ldquoA
criatividade (hellip) tem que ser activamente estimulada (hellip)rdquo jaacute que ldquo(hellip) uma vez aberta
a pista da criatividade ela desenvolve o seu proacuteprio movimento tal como um acto criativo
conduz a outro acto criativordquo (pp23-24)
No entanto revela-se pertinente salientar que mais importante do que a escolha
da(s) estrateacutegia(s) eacute a sua adequaccedilatildeo agrave crianccedila relativamente agraves suas necessidades
competecircncias e interesses considerando e respeitando igualmente o seu ritmo de
aprendizagem pois de nada serve desenvolver uma dada estrateacutegia e aplicaacute-la se esta natildeo
se revelar contextualizada para a crianccedila (Zabala 1998 Silva Marques Mata amp Rosa
2016) Jaacute Craft (2004) defendia que ldquo(hellip) cada crianccedila e cada situaccedilatildeo requerem
estrateacutegias pedagoacutegicas especiacuteficasrdquo (p23)
49
132 Papel do educador
O papel do educador assume uma importacircncia significativa visto ser o elemento
responsaacutevel pela elaboraccedilatildeo e respetiva adequaccedilatildeo de um ambiente fiacutesico e psicoloacutegico
que proporcione agrave crianccedila as condiccedilotildees que esta necessita para se sentir segura motivada
apoiada e com liberdade para explorar criar e efetuar tanto descobertas como
aprendizagens adquirindo por essas vias conhecimentos que iratildeo contribuir para o seu
desenvolvimento e formaccedilatildeo integral (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Revela-se igualmente pertinente salientar que as atividades natildeo devem ser
planeadas nem propiciadas agrave crianccedila com um mero intuito de entretenimento ou ocupaccedilatildeo
do seu tempo em oposiccedilatildeo a esses fatores e conforme Luz (2016) afirma tais atividades
devem ter uma finalidade educativa associada permitindo segundo Zabala (1998) e
Silva et al (2016) que a atividade adquira sentido apresentando uma intencionalidade
pedagoacutegica devendo existir coerecircncia relativamente agraves atividades propostas e
consequentes objetivos de aprendizagem elencados para as mesmas (Mouratildeo 2013)
Deduz-se assim que as atividades devem ser aleacutem de planeadas aplicadas e
desenvolvidas contendo objetivos pedagoacutegico-educativos tambeacutem adequadas agrave crianccedila
considerando-a como ser individual dotada de caracteriacutesticas uacutenicas e cujo processo e
ritmo de aprendizagem eacute distinto das restantes crianccedilas devendo por isso ser respeitado
com o intuito de a crianccedila se sentir apoiada e motivada para continuar a desenvolver as
suas aprendizagens e progressos
Relativamente ao ambiente e em concordacircncia com a perspetiva de Lowenfeld amp
Brittain (1977) este deve reunir as condiccedilotildees que se revelem necessaacuterias e fundamentais
ao desabrochar da criatividade natildeo a repreendendo
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores
Ao longo deste relatoacuterio de investigaccedilatildeo abordou-se a importacircncia da criatividade
e o seu fomento no acircmbito educativo aleacutem de ter sido feita uma anaacutelise agrave documentaccedilatildeo
normativa que tutela o SEP e a Creche assim como a investigaccedilatildeo de possiacuteveis estrateacutegias
que orientassem os profissionais de educaccedilatildeo no desenvolvimento da criatividade junto
dos seus educandos considerando todo um conjunto de fatores entre os quais se destacam
50
o ambiente (fiacutesico e psicoloacutegico) conforme jaacute explanado e as oportunidades fornecidas
face agrave permissatildeo da expressatildeo criativa
Segundo o Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos
professores dos ensinos baacutesico e secundaacuterio (Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto)
os docentes devem aleacutem de serem responsaacuteveis pelo planeamento organizaccedilatildeo e
avaliaccedilatildeo do ambiente educativo adequaacute-lo de modo a promover ldquo(hellip) a qualidade dos
contextos de inserccedilatildeo do processo educativo de modo a garantir o bem-estar dos alunos
e o desenvolvimento de todas as componentes (hellip)rdquo e aprendizagens visando ldquo(hellip) uma
relaccedilatildeo pedagoacutegica de qualidade (hellip)rdquo
Alencar (1992) e Zabala (1998) ressaltam igualmente o papel fulcral que estes
desempenham na promoccedilatildeo do ambiente educativo podendo-o favorecer ou desfavorecer
mediante praacuteticas adotadas acarretando consequecircncias para o desenvolvimento do
educando e seus comportamentos
De certo modo tais perspetivas podem relacionar-se com as atitudes do docente
face ao estiacutemulo da criatividade uma vez que os comportamentos adotados vatildeo
condicionar natildeo soacute a predisposiccedilatildeo dos educandos para aceder aos estiacutemulos mas como
o desenvolvimento do seu potencial criativo (Torrance 1977 Novaes 1980 Cropley
1997 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2010 Soh 2010 2015)
Oliveira amp Alencar (2008) atentavam para a influecircncia que o docente diretamente
ou indiretamente e positivamente ou negativamente exerce na formaccedilatildeo do educando
Assim se deduz que o docente pode ser um catalisador ou repressor ao incremento
da criatividade do e no educando No entanto natildeo se pode descurar as interaccedilotildees
estabelecidas entre educador-crianccedilaprofessor-aluno assumindo-se o clima psicoloacutegico
de supra-importacircncia em concordacircncia com a visatildeo de Rogers (1970 citado por Novaes
1980 p117) e a perspetiva de Lowenfeld amp Brittain (1977)
Na mesma linha de pensamento destaca-se a escola enquanto instituiccedilatildeo de
educaccedilatildeo e formaccedilatildeo e importacircncia que esta assume na valorizaccedilatildeo e promoccedilatildeo da
criatividade (Lubart 2007) podendo agrave semelhanccedila do docente e como oacutergatildeo de gestatildeo
e influecircncia inquestionaacuteveis caracterizar-se como promotora ou repressora (Alencar
1998 2008 Casillas 1999 Oliveira amp Alencar 2012 Neves-Pereira amp Alencar 2018)
51
Em semelhanccedila ao educador e respetivas praacuteticas implementadas deve a escola
avaliar os fatores que lhe satildeo inerentes de modo a se adequar e se constituir como contexto
favoraacutevel ao desabrochar da criatividade (Fleith 2001)
Considerando a relevacircncia atribuiacuteda aos educadores e contexto educativo ao niacutevel
do ambiente pretende-se agora elencar quais os fatores que se podem assumir como
favoraacuteveis ou por outro lado repressores ao estiacutemulo do desenvolvimento potencial
criativo da crianccedila
Tal elucidaccedilatildeo torna-se pertinente uma vez que se revela necessaacuterio conhecer as
causas e consequecircncias para se decidir como agir em um dado contexto (Casillas 1999)
Acrescenta-se que no que concerne ao papel do educador natildeo se pretende estudar
traccedilos de personalidade que estejam de algum modo relacionados com a promoccedilatildeo e
inibiccedilatildeo ao fomento da criatividade mas sim comportamentos e praacuteticas adotadas pelo
mesmo Pensa-se que esta informaccedilatildeo deve estar aqui contemplada pois ao se investigar
acerca do educador e a sua influecircncia no desenvolvimento da criatividade eacute frequente
encontrar a designaccedilatildeo de ldquoeducador criativordquo referindo-se tal conceito agraves caracteriacutesticas
de personalidade presentes no educador que potenciam ou oprimem o estiacutemulo do
potencial criativo em contexto educativo (Morais 2004 Lopes 2016) Relativamente a
tal conceito ainda natildeo se dispotildeem de estudos cientiacuteficos suficientes que comprovem a
relaccedilatildeo causa-efeito que alguns autores alegam existir e como tal o conceito em questatildeo
acaba por apresentar uma certa descredibilizaccedilatildeo (Morais 2004 Prado 2005 Ocantildea
2008)
Feita tal referecircncia procede-se assim agrave apresentaccedilatildeo de fatores que podem
favorecer ou inibir o desabrochar da criatividade considerando o papel do educador e
influecircncia exercida no educando e ambiente educativo
Para facilitar a leitura e perceccedilatildeo procedeu-se agrave organizaccedilatildeo dos fatores
favoraacuteveis e inibidores em blocos partindo do papel do educador sendo estes
- Atitudes e valores
- Interaccedilatildeo educador-crianccedila
- Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
- Conhecimento e formaccedilatildeo
52
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
Papel do
educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Atitudes e
valores
Conceccedilatildeo da criatividade como elemento
essencial ao processo educativo
(Shaugnessy 1991 Morejoacuten 2000 Neves-
Pereira 2004 citado por Neves-Pereira amp
Alencar 2018 p7)
Conformaccedilatildeo com entraves surgidas
face agrave promoccedilatildeo da criatividade
(Alencar 1992 Sternberg amp
Williams 2003)
Superaccedilatildeo de dificuldades ao fomento da
criatividade
(Alencar 1992 Morejoacuten 2000 Fleith 2001)
Desvalorizaccedilatildeo das suas
competecircncias
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Falta de confianccedila e inseguranccedila em
agir com receio de errar ou atentar
contra as normas e ldquopadrotildeesrdquo do
sistema educativo
(Alencar 1992 2001 Alencar amp
Fleith 2004)
Interaccedilatildeo
educador-
crianccedila
Respeito e valorizaccedilatildeo dos pontos de vista
ideias respostas ou soluccedilotildees apresentadas pelo
educando
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley
1997 Casillas 1999 Fleith 2001 Aragoacuten
2005)
Avaliaccedilatildeo sistemaacutetica das accedilotildees do
educando
(Torrance 1977)
Elogio e criacuteticas construtivas
(Torrance 1977 Alencar 1992 2008 Fleith
2001)
Desvalorizaccedilatildeo da individualidade de
cada crianccedila assim como do seu
potencial criativo
(Alencar 1992 2007 Sternberg amp
Williams 2003)
Consideraccedilatildeo da unicidade pertencente a cada
educando
(Renzulli 1992 citado por Fleith amp Alencar
2008 p36 Martiacutenez 1997 citado por Oliveira
amp Alencar 2008 p299 Fleith 2001 Aragoacuten
2005 Ocantildea 2005)
Supervisatildeo e controlo excessivo
(Torrance 1977 Sternberg amp
Williams 2003)
Apoio e apreciaccedilatildeo agraves aprendizagens
desenvolvidas pelo educando
(Alencar 1992 Martiacutenez 1997 citado por
Oliveira amp Alencar 2008 p299 Morejoacuten
2000 Aragoacuten 2005 Ocantildea 2005)
Tecer criacuteticas destrutivas juiacutezos de
valor eou comentaacuterios depreciativos
(Alencar 1992 Torrance 1977)
53
Relativamente agraves consequecircncias desenvolvidas atraveacutes dos fatores designados no
que concerne agravequeles que se caracterizam como favoraacuteveis temos os sentimentos de
seguranccedila confianccedila e motivaccedilatildeo para explorar efetuar descobertas e aprendizagens no
caso do educando e para agir no contexto educativo no caso do docente
Por outro lado e quanto aos fatores inibidores estes podem acarretar tanto no
educando como no docente sentimentos de inseguranccedila frustraccedilatildeo e falta de confianccedila
Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo (continuaccedilatildeo)
Papel do educador
Favoraacuteveis
Inibidores
Organizaccedilatildeo do
ambiente
educativo
Promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa do educando no
processo educativo
(Martiacutenez 1997 citado por Oliveira amp Alencar
2008 p299 Morejoacuten 2000 Ocantildea 2005)
Dependecircncia exclusiva do
curriacuteculo
(Alencar 1992 2007 Torrance
1977)
Aprovisionamento de tempo e oportunidades que
permitam ao educando efetuar descobertas e
aprendizagens mediante o seu ritmo
(Torrance 1977 Alencar 1992 Cropley 1997
Fleith 2001 Aragoacuten 2005)
Ensino Tradicional
(Alencar 1992 2007 Morejoacuten
2000 Alencar Fleith amp Pereira
2017)
Fornecimento de recursos materiais adequados
aos interesses competecircncias e necessidades dos
educandos
(Alencar 1992 Aragoacuten 2005)
Oferta excessiva de recursos
materiais
(Torrance 1977)
Clima democraacutetico
(Torrance 1977 Cropley 1997)
Tempo destinado exclusivamente agrave
promoccedilatildeo de aprendizagens
curriculares
(Alencar 1992 Cachia Ferrari
Ala-Mutka amp Punie 2010)
Conhecimento e
Formaccedilatildeo
Aquisiccedilatildeo de saberes direcionados agrave criatividade
Carecircncia de saberes acerca do tema
(criatividade)
(Shaughnessy 1991 Fleith 2000 Martiacutenez 2002 Alencar amp Fleith 2004 2010
Souza amp Alencar 2006 Alencar Fleith amp Pereira 2017 Neves-Pereira amp Alencar
2018)
Tabela 1 - Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo
54
ao percecionar as suas capacidades desejos e oportunidades de atuaccedilatildeo desvalorizadas e
reprimidas
Efetuada uma anaacutelise aos fatores promotores ou repressores ao fomento da
criatividade torna-se possiacutevel afirmar e igualmente deduzir indo de encontro agrave
perspetiva de Csikszentmihalyi (1996) que estes podem ser intriacutensecos ou extriacutensecos ao
indiviacuteduo assim como de naturezas diversas
55
2 Opccedilotildees metodoloacutegicas
Segundo Quivy amp Campenhoudt (2008) uma investigaccedilatildeo caracteriza-se por ldquo(hellip)
um caminhar para um melhor conhecimento e deve ser aceite como tal com todas as
hesitaccedilotildees desvios e incertezas que isso implicardquo (p 31)
Ainda na oacutetica dos autores acima citados uma investigaccedilatildeo implica a definiccedilatildeo
de uma problemaacutetica atraveacutes da qual se definiraacute o rumo do trabalho
Conforme jaacute indicado foi efetuada a definiccedilatildeo da problemaacutetica inerente ao
desenvolvimento deste relatoacuterio que se relaciona com a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
Poreacutem natildeo basta definir a linha orientadora de um trabalho de investigaccedilatildeo
revela-se igualmente necessaacuterio a formulaccedilatildeo de instrumentos e procedimentos isto eacute
meacutetodos de trabalho atraveacutes dos quais se poderaacute obter as informaccedilotildees pertinentes e
necessaacuterias ao estudo do caso em questatildeo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
O meacutetodo de trabalho eleito assenta no desenvolvimento de um trabalho
pedagoacutegico mais especificamente trabalho de projeto cujos participantes satildeo um grupo
de crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36 meses sendo que o contexto no
qual tal meacutetodo foi aplicado trata-se de uma instituiccedilatildeo educativa pertencente agrave rede
privada de estabelecimentos de educaccedilatildeo
A fim de se proceder a um trabalho de investigaccedilatildeo revela-se igualmente
necessaacuterio a par da elaboraccedilatildeo dos meacutetodos de trabalho o conhecimento do contexto no
qual seraacute desenvolvido ou seja o ldquocampo de anaacuteliserdquo (Quivy amp Campenhoudt 2008)
21 Caracterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
A instituiccedilatildeo educativa na qual o estaacutegio se desenvolveu integra-se na rede privada
de estabelecimentos de educaccedilatildeo e ensino situando-se na Aacuterea Metropolitana do Porto
mais especificamente no concelho de Matosinhos freguesia da Senhora da Hora
No que concerne ao espaccedilo e respetiva organizaccedilatildeo a instituiccedilatildeo educativa dispotildee
de dois edifiacutecios denominados ldquopolosrdquo sendo que no polo mais antigo encontra-se o
funcionamento das valecircncias integrantes da Educaccedilatildeo de Infacircncia Creche (destinado a
56
crianccedilas dos 3 aos 36 meses) e Preacute-Escolar (destinado a crianccedilas com idades
compreendidas entre os 3 e 5 anos) e do 1ordm CEB (1ordm ao 4ordm anos de escolaridade)
No polo mais recente encontra-se presente o 2ordm (5ordm e 6ordm anos de escolaridade) e 3ordm
CEB (7ordm 8ordm e 9ordm anos de escolaridade) e Ensino Secundaacuterio (10ordm 11ordm e 12ordm anos de
escolaridade)
Em ambos os polos verifica-se a existecircncia de espaccedilos de higiene refeiccedilatildeo e salas
polivalentes assim como espaccedilos exteriores nos quais as crianccedilas podem desenvolver as
suas brincadeiras em momento de atividade livre assim como usufruir dos equipamentos
aiacute presentes (escorregas baloiccedilos)
Relativamente aos oacutergatildeos que compotildeem o modelo organizativo da instituiccedilatildeo
educativa estes satildeo
- Oacutergatildeos de direccedilatildeo e gestatildeo Diretor Representante da Entidade Titular Direccedilatildeo
Pedagoacutegica
- Oacutergatildeos e estruturas de coordenaccedilatildeo e orientaccedilatildeo educativa Conselho de
Coordenadores Coordenadores dos ciclos de ensino Equipas Educativas
Departamentos Curriculares Conselho de diretores de turma Diretor de turma
Conselho de turma
- Estruturas de complemento educativo e de apoio Coordenaccedilatildeo de Equipas
Serviccedilo de Psicologia e Apoios Educativos Assistentes Educativos Serviccedilos
administrativos de almoccedilo e bufete portaria e manutenccedilatildeo e limpeza
- Organismos autoacutenomos Associaccedilatildeo de Pais
Relativamente agrave valecircncia na qual o estaacutegio ocorreu (Creche) e no que diz respeito
agrave equipa educativa esta eacute composta por seis educadoras de infacircncia seis auxiliares de
accedilatildeo educativa duas auxiliares de accedilatildeo educativa destinadas a fornecer apoio a ambas as
salas (em funccedilatildeo rotativa) e uma coordenadora pedagoacutegica Quanto aos espaccedilos-sala
verificam-se trecircs salas destinadas a crianccedilas com idades compreendidas entre os 24 e 36
meses duas salas destinadas a crianccedilas que tenham entre 12 e 24 meses de idade e uma
sala destinada a crianccedilas ateacute aos 12 meses de idade
57
211 A promoccedilatildeo da criatividade no projeto educativo institucional
Apoacutes a caracterizaccedilatildeo do contexto de investigaccedilatildeo revelou-se pertinente a
perceccedilatildeo da inclusatildeo e promoccedilatildeo da criatividade por parte da instituiccedilatildeo educativa em
questatildeo
Relembra-se que satildeo vaacuterios os autores que defendem este tipo de comportamento
face aos contextos educativos16 assim como os seus benefiacutecios relativamente ao
desenvolvimento do educando17
Mediante anaacutelise do Projeto Educativo que apresenta como principal finalidade
os valores e princiacutepios pelos quais a accedilatildeo educativa se deve pautar a par de outras
finalidades tais como o desenvolvimento e potencializaccedilatildeo de capacidades e
competecircncias da crianccedila da sua consideraccedilatildeo como sujeito social estabelecedor de
interaccedilotildees com os demais e respetivo ambiente assim como a sua preparaccedilatildeo para
desafios e novos paradigmas advindos de um mundo que se encontra em mutaccedilatildeo
progressiva e que condicionem o seu conhecimento e participaccedilatildeo ao niacutevel da cidadania
a criatividade eacute concebida como competecircncia a ser fomentada e potencializada no que
concerne ao desenvolvimento e construccedilatildeo da identidade da crianccedila
Ora considerando o acircmbito do Projeto Educativo assim como a modalidade na
qual a criatividade eacute promovida deduz-se que essa eacute vista como competecircncia a ser
fomentada no educando com o intuito de natildeo soacute contribuir para o seu desenvolvimento
integral mas tambeacutem e sobretudo de conseguir simultaneamente refletir sobre situaccedilotildees
surgidas a niacutevel pessoal ou social e desenvolver respostas que se revelem adequadas e
inovadoras agraves mesmas visando a sua progressatildeo ao inveacutes do conformismo e estagnaccedilatildeo18
No que concerne a estrateacutegias relacionadas com a potencializaccedilatildeo da criatividade
natildeo se verificou a existecircncia das mesmas o que se pode traduzir de certo modo numa
dicotomia face agrave promoccedilatildeo e accedilatildeo
16 Ver 122 Reconhecimento e promoccedilatildeo da criatividade por parte de referenciais normativos de cariz
educacional e associaccedilotildees educativas 17 Ver 121 Importacircncia da inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
18 Tal perspetiva vai de encontro agraves conceccedilotildees de outros autores elencados no toacutepico 121 Importacircncia da
inclusatildeo e fomento da criatividade no acircmbito educativo
58
22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Ora tatildeo ou mais relevante que o conhecimento da instituiccedilatildeo na qual o estaacutegio se
desenvolveu eacute o conhecimento do grupo de crianccedilas com o qual se contactou conviveu
e se desenvolveu aprendizagens durante o periacuteodo de estaacutegio Mais se acrescenta que o
grupo eacute constituiacutedo pelos sujeitos participantes do trabalho de projeto levado a cabo e
sem os quais a sua concretizaccedilatildeo natildeo teria sido possiacutevel
Faccedila-se entatildeo uma apresentaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
O grupo eacute constituiacutedo por 16 crianccedilas com idades compreendidas entre os 26 e 32
meses verificando-se uma heterogeneizaccedilatildeo a niacutevel etaacuterio (ver Anexo 1 ndash Idade das
crianccedilas em meses) Acrescenta-se que 9 das crianccedilas satildeo do sexo masculino e 7 satildeo do
sexo feminino
No que concerne ao desenvolvimento e respetivas caracteriacutesticas face ao grupo
em questatildeo e antes de se proceder ao elenco das mesmas considera-se pertinente afirmar
que para a sua elaboraccedilatildeo foram efetuadas recolhas de dados pela educadora cooperante
aos encarregados de educaccedilatildeo sob a forma de questionaacuterios e conversas formais e
informais sucedidas entre ambos os sujeitos aliadas a observaccedilotildees (diretas e indiretas19)
desenvolvidas pela educadora cooperante em contexto educativo
Visando o enriquecimento da caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas a estagiaacuteria
mediante diaacutelogo preacutevio com a educadora cooperante e consequente aprovaccedilatildeo por parte
da mesma optou por proceder ao registo de observaccedilotildees diretas efetuadas agraves crianccedilas
durante o decorrer do estaacutegio com descriccedilotildees diaacuterias e guias de observaccedilatildeo (tabelas) para
as quais foram elaborados indicadores atendendo ao componente a ser observado e
registado
Relativamente aos registos de observaccedilatildeo efetuados e quanto agrave descriccedilatildeo diaacuteria
esta caracteriza-se por constituir uma ldquo(hellip) forma de observaccedilatildeo narrativa que consiste
em realizar registos diaacuterios que podem variar entre descriccedilotildees mais ou menos breves e
19 Na observaccedilatildeo direta o investigador procede agrave recolha de dados sem interferir diretamente com os
sujeitos Por outro lado na observaccedilatildeo indireta o investigador interpela diretamente os sujeitos para
efetuar a recolha de dados (Quivy amp Campenhoudt 2008)
59
descriccedilotildees mais detalhadas e compreensivasrdquo permitindo ldquo(hellip) avaliar o
desenvolvimento eou aprendizagem de uma crianccedila (hellip)rdquo (Parente 2002 p180)
Por outro lado a tabela eacute concebida como ldquoSuporte onde se faz um registo de
informaccedilotildees organizado em linhas e colunasrdquo (in Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua
Portuguesa)
Refira-se ainda que as observaccedilotildees diretas aleacutem de serem importantes para o
conhecimento do grupo de crianccedilas satildeo igualmente fulcrais no que concerne ao
desenvolvimento da praacutetica educativa adotada pelo educador servindo de guia
considerando as competecircncias os interesses e as necessidades das crianccedilas relativamente
agrave elaboraccedilatildeo reformulaccedilatildeo e adequaccedilatildeo de estrateacutegias e atividades pedagoacutegicas
(Hohmann amp Weikart 1997 Parente 2002)
Antes de se proceder agrave caracterizaccedilatildeo do grupo no que respeita ao
desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial categorias definidas para a anaacutelise do
desenvolvimento infantil segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) importa salientar que
somente duas das crianccedilas jaacute tinham frequentado instituiccedilotildees educativas pois as restantes
encontravam-se a ingressar pela primeira vez neste tipo de instituiccedilatildeo e contexto tendo
ficado nos periacuteodos antecedentes ao ingresso com cuidadores tais como famiacutelia amas
ou babysitters o que pode condicionar de certo modo perceccedilotildees comportamentos e
atitudes perante um contexto natildeo-familiar
Dando-se iniacutecio agrave caracterizaccedilatildeo do desenvolvimento do grupo de crianccedilas e
comeccedilando pelo desenvolvimento motor20 este apresenta-se como um domiacutenio onde as
crianccedilas apresentam um bom desenvolvimento ao niacutevel das habilidades motoras grossas21
visto executarem sem dificuldades movimentos que impliquem subir descer saltar e
correr Relativamente ao movimento de rebolar este ainda se encontra em aquisiccedilatildeo pelo
grupo (ver Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1)
Ainda no que concerne agraves habilidades motoras grossas e segundo Papalia Olds amp
Feldman (2009) ldquo(hellip) durante o 2ordm ano as crianccedilas comeccedilam a subir degraus um de cada
20 Desenvolvimento do controlo muscular e coordenaccedilatildeo de movimentos 21 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos maiores
60
vez colocando um peacute antes do outro em cada degrau mais tarde elas alternaratildeo os peacutesrdquo
(p162)
Com base numa observaccedilatildeo efetuada ao grupo num momento no qual para terem
acesso ao espaccedilo exterior necessitavam de descer e posteriormente subir degraus foi
possiacutevel deduzir que a situaccedilatildeo ocorrida vai de encontro ao que Papalia Olds amp Feldman
(2009) afirmam uma vez que as crianccedilas embora tendo apoio dos adultos desciam e
subiam os degraus colocando um peacute de cada vez no respetivo degrau natildeo havendo
alternacircncia no que toca aos peacutes (ver Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2)
Refira-se que o conjunto de degraus natildeo dispotildee de suporte que permita o apoio
das crianccedilas tais como corrimotildees o que acaba de certo modo por natildeo auxiliar a tarefa
Para se sentirem apoiadas algumas crianccedilas tinham como meacutetodo a colocaccedilatildeo das suas
matildeos nas paredes pelas quais as escadas se revestiam Outras soacute desciam e subiam degraus
com o apoio exclusivo de um adulto segurando-lhe as matildeos
Quanto agraves habilidades motoras finas22 afirma-se que o grupo apresenta um bom
desenvolvimento no que concerne agrave preensatildeo23 de objetos de meacutedias e grandes dimensotildees
A maioria do grupo encontra-se a adquirir esse mesmo ato relativamente aos objetos de
pequenas dimensotildees o que pode estar de certo modo relacionado com as caracteriacutesticas
das matildeos relativamente agraves suas proporccedilotildees O movimento de preensatildeo de pinccedila24
encontra-se tambeacutem em aquisiccedilatildeo pela maioria do grupo estando adquirido somente por
duas crianccedilas Relativamente agrave coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual25 esta encontra-se adquirida
pelo grupo (ver Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras
finas)
Passando agrave abordagem do desenvolvimento cognitivo26 e considerando a faixa
etaacuteria do grupo este encontra-se mediante os estaacutegios de desenvolvimento cognitivo
elencados por Jean Piaget no segundo estaacutegio denominado ldquoestaacutegio preacute-operatoacuteriordquo
22 Habilidades motoras que recorrem ao uso dos grupos de muacutesculos menores 23 Ato de apanhar agarrar ou segurar 24 Ato de apreender e segurar objetos entre os dedos polegar e indicador 25 Habilidade motora que compreende a coordenaccedilatildeo da visatildeo com os movimentos manuais executados 26 Desenvolvimento de processos mentais que permitem a apreensatildeo e aquisiccedilatildeo de conhecimentos
61
O estaacutegio denominado abrange a faixa etaacuteria entre os 2 e os 7 anos de idade e
caracteriza-se por se verificar uma maior incidecircncia relativamente ao desenvolvimento
do pensamento simboacutelico27 linguagem28 raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico29 mais
especificamente quanto agrave categorizaccedilatildeo30 assim como do egocentrismo31 (Papalia Olds
amp Feldman 2009)
No que concerne ao pensamento simboacutelico verifica-se que o grupo dispotildee de um
bom desenvolvimento face agrave funccedilatildeo simboacutelica visto natildeo necessitarem de estiacutemulos
sensoriais para se recordarem ou pensarem sobre algo
Esta caracteriacutestica constata-se nomeadamente nas brincadeiras de faz-de-conta
nas quais se encontra presente o jogo simboacutelico bastante apreciadas e desenvolvidas pelo
grupo em momentos de atividades natildeo orientadas e nomeadamente na aacuterea da casinha
na qual vivenciam muacuteltiplas personagens e atribuem vaacuterios significados aos objetos aleacutem
do significado real do mesmo Pode-se afirmar que as brincadeiras de faz-de-conta
constituem o leque das preferecircncias do grupo Destacam-se igualmente como preferecircncias
das crianccedilas as atividades de expressatildeo artiacutestica com especial incidecircncia nas atividades
de expressatildeo plaacutestica
Refira-se que o jogo simboacutelico assume uma importacircncia significativa para o
desenvolvimento da crianccedila uma vez que atraveacutes do mesmo a crianccedila vai percecionando
e compreendendo a realidade (Papalia Olds amp Feldman 2009) Aleacutem disso pode
constituir uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial criativo da crianccedila
(Oliveira 2013 Barbosa amp Volpini 2015)
O ato de brincar no qual o jogo simboacutelico se insere constitui por si mesmo uma
atividade simultaneamente potenciadora da capacidade criativa e criadora (Vygotsky
1927) As atividades de expressatildeo artiacutestica e plaacutestica tambeacutem se assumem como via
27 Capacidade de usar siacutembolos e representaccedilotildees mentais agraves quais satildeo atribuiacutedos significados 28 Sistema complexo e dinacircmico de siacutembolos que permitem ao ser humano pensar e comunicar em
diversas modalidades (Sim-Sim 1998) 29 Processo de estruturaccedilatildeo do pensamento que permite a resoluccedilatildeo de exerciacutecios matemaacuteticos 30 Classificar e agrupar objetos segundo categorias com base na identificaccedilatildeo de similaridades e
diferenccedilas entre os mesmos 31 Incapacidade de perspetivar situaccedilotildees mediante pontos de vista que natildeo os do proacuteprio
62
atraveacutes da qual o desabrochar da criatividade se pode suceder (Motos 2015 Ortega 2016
Oliveira 2018) 32
Relativamente ao raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico nomeadamente agrave categorizaccedilatildeo
o grupo na sua maioria apresenta um bom desenvolvimento face a atividades de
categorizaccedilatildeo consoante o criteacuterio de cor sendo que um pequeno grupo de crianccedilas ainda
se encontra a adquirir tal capacidade pois encontram-se simultaneamente a adquirir o
nome de cores (ver Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3)
Por outro lado e no que concerne agrave categorizaccedilatildeo segundo o criteacuterio de forma a
maioria do grupo encontra-se a adquirir tal competecircncia sendo que somente uma pequena
minoria demonstrou ter adquirido (ver Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4)
Ao niacutevel da linguagem e antes de se relatar o desenvolvimento do grupo neste
fator refira-se que a vertente analisada foi a linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e
compreensatildeo visto a linguagem escrita natildeo constituir a vertente mais adequada
considerando a faixa etaacuteria do grupo e caracteriacutesticas relacionadas ao niacutevel etaacuterio em
questatildeo e respetivo aspetos de desenvolvimento No entanto natildeo se descarta a introduccedilatildeo
ao contacto com a linguagem escrita atraveacutes de meios apropriados para o efeito (ex textos
manuscritos livros) ateacute porque esta acontece sempre que as crianccedilas se dirigem para a
aacuterea da biblioteca e manuseiam os livros que aiacute se encontram disponibilizados
Ora iniciando-se entatildeo a elucidaccedilatildeo acerca do desenvolvimento da linguagem
oral do grupo (ver Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo) verifica-se que neste aspeto do desenvolvimento cognitivo se
registam mais discrepacircncias nomeadamente ao niacutevel da produccedilatildeo o que se pode dever
aos estiacutemulos fornecidos e apreendidos pela crianccedila ateacute ao seu ingresso na instituiccedilatildeo
educativa ou por outro lado agraves caracteriacutesticas fisionoacutemicas relacionadas com a
musculatura orofacial de cada crianccedila ao niacutevel da articulaccedilatildeo verbal embora natildeo se tenha
verificado a presenccedila de dificuldades pelo menos diagnosticadas em alguma crianccedila nem
a sua frequecircncia em terapia da fala
32 Ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem
63
Ao niacutevel da produccedilatildeo oral todas as crianccedilas embora cada qual agrave sua maneira
recorrem agrave linguagem para comunicar com os outros expressar opiniotildees desejos
necessidades solicitar informaccedilotildees responder ou realizar questotildees
As crianccedilas que ao niacutevel etaacuterio se situam nos 26 ou 27 meses recorrem agrave
comunicaccedilatildeo linguiacutestica para se expressarem oralmente emitindo expressotildees verbais
constituiacutedas por uma ou duas siacutelabas agraves quais que se encontra atribuiacutedo significado(s)
elegidos pela crianccedila Por vezes tais expressotildees satildeo acompanhadas de gestos para indicar
o(s) objeto(s) pretendido(s) apontando para o(s) mesmo(s)
Quanto agraves crianccedilas que apresentam idades compreendidas entre os 28 e 30 meses
estas servem-se da fala telegraacutefica para se exprimirem usando poucas palavras na
formaccedilatildeo de frases (simples)33
Relativamente agraves crianccedilas com 31 ou 32 meses de idade estas jaacute apresentam um
discurso oral que se revela percetiacutevel e coerente
No que concerne agrave compreensatildeo oral o grupo apresenta um bom desenvolvimento
face ao entendimento de mensagens orais correspondecircncia nome-objeto e referecircncia do
seu nome estabelecendo contacto visual com o sujeito transmissor O discurso
instrucional ainda se encontra a ser desenvolvido pela maioria do grupo
Abordando o desenvolvimento psicossocial34 e no que concerne agrave autonomia
esta eacute variaacutevel consoante o toacutepico em causa (ver Anexo 8 - Tabela formulada para
avaliaccedilatildeo da autonomia)
Relativamente agrave higiene e refeiccedilatildeo a maioria das crianccedilas efetua-as
autonomamente sendo por vezes necessaacuteria a intervenccedilatildeo por parte do adulto
Ao niacutevel das atividades e materiais o grupo jaacute dispotildee de autonomia suficiente para
eleger as atividades que pretendem desenvolver assim como os materiais que pretendem
usufruir Acrescenta-se que se trata de um grupo recetivo agraves experiecircncias educativas
apresentadas envolvendo-se e participando nas mesmas manifestando curiosidade
33 A comunicaccedilatildeo linguiacutestica e a fala telegraacutefica (ou discurso telegraacutefico) constituem etapas do
desenvolvimento da linguagem oral na infacircncia segundo Papalia Olds amp Feldman (2009)
34 Desenvolvimento psiacutequico emocional e socio-afetivo
64
Eacute no acircmbito dos recursos materiais mais especificamente no que diz respeito agrave
partilha dos mesmos que ocorrem maioritariamente situaccedilotildees de conflito (interpessoal)35
O adulto necessita de intervir uma vez que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver
a autorregulaccedilatildeo36 assim como a capacidade de negociaccedilatildeo e resoluccedilatildeo de conflitos
Refira-se que o egocentrismo eacute caracteriacutestica presente no desenvolvimento face agraves
crianccedilas que se situam na faixa etaacuteria em anaacutelise (Papalia Olds amp Feldman 2009)
No que concerne agrave intervenccedilatildeo do adulto face a situaccedilotildees de conflitos ficou
acordado entre a educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo educativa e estagiaacuteria que neste
tipo de intervenccedilatildeo o adulto desempenharia funccedilatildeo de mediador escutando cada crianccedila
envolvida no conflito e percebendo as suas perceccedilotildees e desenvolvendo soluccedilatildeo ou
soluccedilotildees que natildeo beneficiasse somente uma das partes mas sim ambas as crianccedilas No
entanto antes de ser apresentada a soluccedilatildeo formulada pelo adulto incentiva-se
primeiramente ao diaacutelogo entre as crianccedilas de modo a negociarem por si mesmas a fim
de desenvolverem tais competecircncias a par da autonomia essenciais para as suas relaccedilotildees
sociais e desenvolvimento integral
Na mesma linha de pensamento Hohmann amp Post (2007) afirmam que em
situaccedilotildees de conflitos entre crianccedilas eacute funccedilatildeo do educador abordar as crianccedilas
compreender os seus sentimentos e recolher as informaccedilotildees necessaacuterias para obter uma
soluccedilatildeo a ser definida juntamente com as crianccedilas envolvidas O facto de o educador
incentivar as crianccedilas a participar ativamente na resoluccedilatildeo de conflitos permite que estas
exercitem competecircncias de raciociacutenio e reflexatildeo controlo cooperaccedilatildeo e confianccedila em si
proacuteprias e nos outros
Relativamente agrave sociabilidade (ver Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da
sociabilidade) a maioria do grupo interage positivamente e por iniciativa proacutepria entre
si e com os adultos da instituiccedilatildeo educativa Natildeo se verificam preferecircncias relativamente
aos pares entre crianccedilas Somente uma minoria das crianccedilas ainda se encontra a
35 Embora minoritariamente ocorrem tambeacutem situaccedilotildees de conflito por parte de algumas crianccedilas para
consigo mesmas (conflito intrapessoal) derivado a frustraccedilotildees motivadas por dificuldades advindas de
uma tarefa que se encontrem a executar assumindo a educadora um papel de apoiante e auxiliar na
procura de uma soluccedilatildeo beneacutefica para a crianccedila
36 Capacidade de gestatildeo e controlo do indiviacuteduo face a impulsos comportamentais emocionais e mentais
(Eisenberg 2005)
65
desenvolver a interaccedilatildeo com outros por iniciativa proacutepria tendo que ser solicitadas a
interagir seja com outras crianccedilas ou adultos
Poreacutem apesar do estiacutemulo agraves interaccedilotildees estas satildeo mediadas consoante a vontade
e o ritmo da crianccedila respeitando-a e natildeo obrigando nem pressionando a crianccedila a
estabelecer interaccedilotildees Hohmann amp Post (2007) referem que o educador deve ser um
facilitador e apoiante no que concerne ao estabelecimento de interaccedilotildees e relaccedilotildees entre
as crianccedilas e entre estas e os adultos Aleacutem disso deve tentar adequar o seu ritmo ao ritmo
da crianccedila a fim de esta se sentir compreendida e valorizada
Ora deduz-se assim que o grupo de crianccedilas se caracteriza pela heterogeneidade
o que pode ser motivado por sua vez pelos estiacutemulos fornecidos a cada crianccedila
conjuntamente com o seu ritmo individual de aprendizagem e desenvolvimento
Aleacutem da caracterizaccedilatildeo do grupo considera-se igualmente pertinente a
caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo visto esse influenciar o desenvolvimento do sujeito
(Fleith 2001)37 e quanto agrave criatividade a promoccedilatildeo da mesma (Lowenfeld amp Brittain
1977)38
23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
Segundo Hohmann amp Post (2007) e Vasconcelos (2011a) uma das
intencionalidades do educador deve assentar no planeamento de um ambiente educativo
promotor do desenvolvimento e aprendizagens das crianccedilas oferecendo-lhes seguranccedila e
apoio nas suas exploraccedilotildees e descobertas indo igualmente de encontro agraves suas
necessidades e interesses
Ao falar de ambiente educativo pode-se falar em ambiente fiacutesico (espaccedilo tempo
materiais) e ambiente psicoloacutegico (interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais e afetivas estabelecidas
entre crianccedila-crianccedila e crianccedila-adulto) tendo cada qual as suas particularidades
37 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
38 Ver 132 Papel do educador
66
2311 Espaccedilo
Na oacutetica de Oliveira-Formosinho Lino amp Niza (1996) e Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) o espaccedilo educativo tambeacutem se assume como educador face agraves
oportunidades de aprendizagem que pode proporcionar ou inibir agraves crianccedilas devendo-
se caracterizar pela sua flexibilidade de modo a ser modificado e reorganizado com o
intuito de se adequar ao desenvolvimento e necessidades das crianccedilas
Relativamente ao espaccedilo educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu isto eacute
espaccedilo-sala este apresenta boas condiccedilotildees e caracteriza-se por possuir paredes e tetos
pintados com cores neutras o que mediante a perspetiva de Hohmann amp Post (2007) pode
ldquo(hellip) evocar um sentimento de bem-estar (hellip)rdquo (p107)
As paredes satildeo utilizadas para a afixaccedilatildeo de produccedilotildees artiacutesticas desenvolvidas
pelas crianccedilas mais especificamente produccedilotildees plaacutesticas o que acaba por contribuir para
o sentimento de reconhecimento e valorizaccedilatildeo na crianccedila e do trabalho que desenvolve
assim como para a partilha entre crianccedilas daquilo que desenvolveram39
Hohmann amp Post (2007) afirmam que as crianccedilas ao verem expostas as suas
criaccedilotildees desenvolvem sentimentos de pertenccedila face ao ambiente educativo e tecircm a
possibilidade de visualizar reflexos de si mesmas
Quanto a dispositivos eleacutetricos mais especificamente tomadas estas para aleacutem
de se encontrarem tapadas com dispositivos de seguranccedila proacuteprios para o efeito natildeo estatildeo
ao niacutevel das crianccedilas natildeo estando por isso ao alcance destas e natildeo apresentando desse
modo perigo
No que diz respeito ao chatildeo no qual ldquo(hellip) as crianccedilas ateacute aos 3 anos passam muito
tempo (hellip)rdquo (Hohmann amp Post 2007 p107) este apresenta um revestimento viniacutelico
permitindo a sua faacutecil limpeza sendo tambeacutem antiderrapante evitando assim possiacuteveis
quedas
39 Refira-se que a exposiccedilatildeo dos trabalhos das crianccedilas eacute efetuada por adultos devido aos materiais a
serem utilizados na e para a afixaccedilatildeo (material utilizado pioneacutes) que eacute igualmente efetuada a um niacutevel
superior ao das crianccedilas a fim de natildeo terem possibilidade de manusear eou remover aquilo que se
encontra exposto considerando igualmente o contacto com os materiais destinados agrave afixaccedilatildeo possiacuteveis
de oferecer perigo para uma crianccedila devido agraves suas caracteriacutesticas
67
Passando agrave luminosidade Torelli amp Charles (1998 citado por Hohmann amp Post
2007 p109) referem que ldquo(hellip) a qualidade da luz contribui para o desenvolvimento
visual da crianccedilardquo
Por outro lado Hohmann amp Post (2007) destacam a existecircncia de janelas que
permitam a visualizaccedilatildeo para um espaccedilo exterior
Ora tais fatores verificam-se no espaccedilo educativo em anaacutelise uma vez que o
mesmo dispotildee de janelas amplas e de grandes dimensotildees atraveacutes das quais eacute possiacutevel
obter uma boa ventilaccedilatildeo e renovaccedilatildeo do ar assim como a entrada de bastante
luminosidade natural privilegiada face agrave luminosidade artificial e que permitem acesso
a um pequeno espaccedilo exterior no qual as crianccedilas podem levar alguns dos brinquedos
presentes no espaccedilo-sala e desenvolver brincadeiras se as condiccedilotildees climateacutericas forem
favoraacuteveis Refira-se a existecircncia de maccedilanetas que permitem a abertura das ditas janelas
cujo alcance natildeo se encontra acessiacutevel agraves crianccedilas
No que concerne ao mobiliaacuterio este deve ser ldquo(hellip) orientado e dimensionado para
a crianccedila (hellip)rdquo permitindo-lhe desenvolver sentimentos de pertenccedila controlo e gestatildeo do
espaccedilo assim como e visando o conforto de ambos os sujeitos ldquo(hellip) adequado tanto para
as crianccedilas como para os educadoresrdquo (Hohmann amp Post 2007 p100)
Percecionando o mobiliaacuterio constituinte do espaccedilo-sala este tanto se adequa agraves
crianccedilas como aos adultos segundo a funcionalidade para o qual foram desenvolvidos e
consoante as suas caracteriacutesticas e dimensotildees
Relativamente ao mobiliaacuterio destinado aos adultos a parte do mesmo que se
encontra ao niacutevel das crianccedilas apresenta dispositivos de seguranccedila que inibem a sua
abertura por parte das mesmas
No que concerne ao mobiliaacuterio das crianccedilas este aleacutem de se adequar agraves suas
dimensotildees eacute seguro devido ao material do qual eacute fabricado (plaacutestico de polipropileno) e
ausecircncia de esquinas reduzindo o risco de ferimentos
As aacutereas de atividades estatildeo dispostas de modo a que o educador consiga ter
perceccedilatildeo do que ocorre em cada uma delas e intervir de imediato caso necessaacuterio sendo
bem conhecidas pelas crianccedilas que se movimentam entre estas conforme as suas escolhas
68
O facto de as crianccedilas terem conhecimento acerca das aacutereas de atividades e
respetiva disposiccedilatildeo permite-lhes adquirir independecircncia e autonomia (Silva et al
2016)
A existecircncia de diferentes aacutereas de atividade permite que as crianccedilas desenvolvam
aprendizagens diversas interaccedilotildees e relaccedilotildees interpessoais assim como a vivecircncia de
papeacuteis sociais (Oliveira-Formosinho et al 1996)
2312 Materiais
Os materiais constituintes de um ambiente educativo devem ser versaacuteteis
diversificados seguros e funcionais (Silva et al 2016) com o intuito de oferecer agrave crianccedila
condiccedilotildees de exploraccedilatildeo e manipulaccedilatildeo significativas e que estejam de acordo com o seu
desenvolvimento (Hohmann amp Post 2007)
Mediante apreciaccedilatildeo e anaacutelise dos materiais que se encontram no espaccedilo-sala e
considerando aqueles que se destinam agrave manipulaccedilatildeo e desenvolvimento de atividades
por parte das crianccedilas estes apresentam-se
- em boas condiccedilotildees (o que contribui para a valorizaccedilatildeo esteacutetica dos mesmos)
- em quantidade razoaacutevel (natildeo se verificam carecircncias nem excessos o que poderia
condicionar negativamente o desenvolvimento das atividades por parte das
crianccedilas)
- visiacuteveis e acessiacuteveis (agrave exceccedilatildeo de tintas e plasticina devido ao risco de ingestatildeo
pela crianccedila sendo somente utilizadas por esta sob supervisatildeo do adulto) o que
facilita o desenvolvimento da sua autonomia face agrave seleccedilatildeo e disposiccedilatildeo dos
materiais disponibilizados
- seguros (natildeo oferecerem considerando as suas caracteriacutesticas perigo de
inalaccedilatildeo ferimento ou ingestatildeo)
- diversificados consoante as aacutereas de atividade presentes no espaccedilo educativo
(materiais de desenho pintura e encaixe ndash laacutepis de cor de cera e marcadores de
69
feltro folhas de papel pinceacuteis e tintas blocos empilhaacuteveis materiais promotores
do desenvolvimento da motricidade fina ndash plasticina contas de plaacutestico para
realizar enfiamentos jogo do labirinto em madeira materiais promotores do jogo
dramaacutetico e simboacutelico - objetos do quotidiano das crianccedilas e fantoches de matildeo e
dedo- e do contacto com a linguagem escrita e promoccedilatildeo da leitura - livros
puzzles pista de automoacuteveis e comboios e respetivos veiacuteculos)
Os materiais de uso exclusivo pelo adulto (ex tesouras pioacutenes furadores
agrafadores cola liacutequida fita-cola) encontram-se armazenados em mobiliaacuterio que natildeo se
encontra ao niacutevel e alcance das crianccedilas atendendo agrave seguranccedila das mesmas
Acrescenta-se que numa das aacutereas do espaccedilo-sala existe um conjunto de colchotildees
(com enchimento em espuma e revestidos a polieacutester e acetato de vinil de polietileno) nos
quais se efetua o momento do acolhimento (com o intuito de as crianccedilas natildeo estarem em
contacto direto com o chatildeo enquanto estatildeo sentadas) e tambeacutem nos quais as crianccedilas
podem sentar-se a brincar e repousar caso assim desejem Este material eacute igualmente
seguro devido agraves caracteriacutesticas que possui macio confortaacutevel e de faacutecil limpeza
2313 Tempo
O tempo em educaccedilatildeo de infacircncia deve ser definido juntamente entre o educador
e as crianccedilas pois caso o tempo natildeo seja organizado com as mesmas este passa a ser
somente do domiacutenio do educador o que vai acabar por natildeo corresponder agraves reais
necessidades das crianccedilas A inclusatildeo das crianccedilas na organizaccedilatildeo e gestatildeo de tempo
permite tambeacutem que estas assumam uma participaccedilatildeo ativa no processo educativo
(Cardona 1999 Silva et al 2016)
A previsibilidade da rotina os momentos que a compotildeem assim como a sua
sucessatildeo oferecem seguranccedila e independecircncia agrave crianccedila daiacute a necessidade de esta
conhecer o tempo educativo na qual se encontra inserida (Oliveira-Formosinho et al
1996 Niza 2012)
Relativamente agrave rotina do ambiente educativo no qual o estaacutegio se desenvolveu
esta alberga momentos de atividades livresnatildeo orientadas e atividades orientadas
realizadas em situaccedilotildees distintas (individual pares em pequeno grupo em grande grupo)
higiene refeiccedilatildeo e descanso sendo iniciada com o momento de acolhimento destinado a
70
ldquo(hellip) concentrar todas as crianccedilas em torno de uma primeira conversa participada por
todos e animada pelo educador depois do registo de presenccedilas a partir das coisas ouvidas
ou vividas pela crianccedila (hellip)rdquo (Oliveira-Formosinho et al 1996 p151)
Salienta-se que se trata de uma rotina desenvolvida de modo a contemplar a
educaccedilatildeo e o cuidado da e agrave crianccedila atendendo ao seu bem-estar Perante o assunto em
questatildeo Silva et al (2016) afirmam que
ldquoNa educaccedilatildeo de infacircncia cuidar e educar estatildeo intimamente relacionados pois ser
responsaacutevel por um grupo de crianccedilas exige competecircncias profissionais que se
traduzem nomeadamente por prestar atenccedilatildeo ao seu bem-estar emocional e fiacutesico e
dar resposta agraves suas solicitaccedilotildees ndash expliacutecitas ou impliacutecitas Este cuidar eacutetico envolve
assim a criaccedilatildeo de um ambiente securizante em que cada crianccedila se sente bem e em
que sabe que eacute escutada e valorizadardquo (p24)
O momento de transiccedilatildeo das atividades efetuadas no periacuteodo da manhatilde (que por
norma combina momentos de atividades livres e orientadas ou somente um deles
dependendo da planificaccedilatildeo das atividades educativas desenvolvida pela educadora) para
o momento destinado agrave higiene que precede o momento de refeiccedilatildeo eacute aproveitado para
efetuar uma atividade em grande grupo podendo ser esta decidida somente pelas crianccedilas
pela educadora ou por ambos ou para se dialogar acerca das atividades concretizadas
podendo-se assumir como e conforme Niza (2012) caracteriza um ldquo(hellip) tempo destinado
agrave apresentaccedilatildeo dos trabalhos realizados ou agrave comunicaccedilatildeo de descobertas que tenham
feito durante as atividades da manhatilderdquo (p204)
No que concerne agrave gestatildeo do tempo esta embora seja feita pela educadora eacute feita
atendendo aos ritmos das crianccedilas de modo a que esta seja flexiacutevel com o intuito de
atender agraves suas necessidades
Uma vez que as crianccedilas (a maioria) se encontram a ingressar pela primeira vez
numa instituiccedilatildeo educativa e na qual existe uma rotina que deve ser dentro do possiacutevel
seguida ainda se encontram em fase de adaptaccedilatildeo agrave mesma sendo necessaacuterio a educadora
dialogar acerca da sucessatildeo dos momentos que a compotildeem com a finalidade da aquisiccedilatildeo
do conhecimento da mesma pelo grupo
71
2314 Interaccedilotildees e relaccedilotildees
23141 Crianccedila-crianccedila
Em qualquer sociedade humana em alguns momentos ao longo dos primeiros anos
de vida o mundo social da crianccedila passa a incluir o contacto com outras crianccedilas
(hellip) o contacto com outras crianccedilas constitui a experiecircncia social mais frequente e
intensa a partir da primeira infacircncia (Carvalho amp Beraldo 1989 p56)
Segundo Folque (2012) as crianccedilas assumem-se como parceiros que se envolvem
em atividades conjuntas assim como no processo de aprendizagem partilhando
conhecimentos entre si e contribuindo para percecionar o mundo no qual se inserem
O grupo de crianccedilas em anaacutelise interage entre si positivamente nos diferentes
momentos integrantes da rotina seja em pares pequeno ou grande grupo embora seja em
pequeno grupo que a incidecircncia de interaccedilotildees eacute mais frequente
Revela-se pertinente salientar que a educadora natildeo interfere nas interaccedilotildees e
relaccedilotildees que estejam a ser desenvolvidas pelas crianccedilas dando-lhes oportunidade para
serem sujeitos ativos no que concerne ao seu desenvolvimento pessoal e social acabando
mediante a oacutetica de Folque (2012) por conferir independecircncia e autonomia agrave crianccedila
Mais se acrescenta tendo por base observaccedilotildees constantes e recorrentes que as
crianccedilas se juntam em pequenos grupos natildeo pela semelhanccedila de personalidades mas sim
consoante os gostos e interesses no que concerne a atividades e brincadeiras
Eacute neste acircmbito e conforme jaacute referido que se verifica mais incidentes ao niacutevel de
conflitos devido aos recursos materiais sendo necessaacuterio o adulto intervir como
mediador Carvalho amp Beraldo (1989) jaacute afirmavam que a crianccedila pode ser
simultaneamente companheira ou ldquo(hellip) representar tambeacutem um rival ou um empecilho
e despertar motivaccedilotildees e atos agressivos competitivos ou de disputardquo (p58)
Ainda face aos conflitos Camaioni (1980 citado por Oliveira amp Rossetti-Ferreira
1993 p69) crecirc que uma das soluccedilotildees para os mesmos assenta na socializaccedilatildeo que vai
sendo desenvolvido pelas e entre as crianccedilas
Visto estarem a integrar-se pela primeira vez na instituiccedilatildeo educativa ainda se
estatildeo a conhecer mutuamente e a desenvolver desse modo as relaccedilotildees entre si
72
23142 Crianccedila-adulto
No estabelecimento de interaccedilotildees com crianccedilas os adultos mais especificamente
educadores devem tratar as crianccedilas com respeito e afeto e desenvolver interaccedilotildees
distintas consoante a crianccedila em questatildeo uma vez que cada qual tem a sua proacutepria
personalidade e temperamento permitindo-lhe sentir segura acarinhada compreendida e
valorizada assim como desenvolver a sua confianccedila (Hohmann amp Post 2007)
O educador deve ainda encorajar a crianccedila a participar ativamente no processo de
aprendizagem dando-lhe oportunidades de expressatildeo e colaboraccedilatildeo face agraves praacuteticas
educativas desenvolvidas dispondo de um controlo partilhado com o adulto assim como
apoiar as suas descobertas (Hohmann amp Weikart 1997)
Relativamente agraves interaccedilotildees que se desenvolvem entre as crianccedilas e educadora
cooperante estas pautam-se pelo respeito e afetividade uma vez que todas as crianccedilas
satildeo tratadas como seres uacutenicos e dotados de caracteriacutesticas proacuteprias e inigualaacuteveis natildeo
havendo por isso modos iguais face agrave interaccedilatildeo com crianccedilas o que leva a interaccedilotildees
planeadas com o intuito de se revelarem natildeo soacute diferenciadas mas tambeacutem e sobretudo
adequadas a cada crianccedila
Ao comunicar com as crianccedilas a educadora coloca-se ao mesmo niacutevel que estas
tentando estar no mesmo plano de visatildeo de modo a natildeo ser percecionada pelas crianccedilas
como elemento ldquosuperiorrdquo descartando modos de interaccedilatildeo que possam incluir-se no
denominado ldquoclima autoritaacuteriordquo40 no qual conforme alegam Hohmann amp Weikart (1997)
o educador exerce o controlo total sobre toda a accedilatildeo educativa estando as crianccedilas desse
modo submissas e dominadas natildeo possuindo qualquer tipo de influecircncia e controlo na
mesma Aleacutem das comunicaccedilotildees com a educadora as crianccedilas tambeacutem comunicam com
a auxiliar de accedilatildeo educativa que igualmente se encontra disponiacutevel para atender agraves suas
solicitaccedilotildees
Eacute visiacutevel a confianccedila pela qual as interaccedilotildees se regem pois as crianccedilas procuram
os adultos para comunicar independentemente da situaccedilatildeo seja para expressar as suas
conquistas medos frustraccedilotildees necessidades ou simplesmente para solicitar carinho
40 Recorda-se que o tipo de clima autoritaacuterio constitui um fator inibidor agrave promoccedilatildeo da criatividade (ver
133 Fatores favoraacuteveis e inibidores)
73
Todas as crianccedilas satildeo escutadas atentamente e eacute-lhes fornecido espaccedilo e tempo para se
expressarem seja individualmente ou natildeo de forma distanciada ou natildeo do restante grupo
relativamente agrave privacidade
Hohmann amp Post (2007) afirmam que ldquoBebeacutes e crianccedilas pequenas confiam
fortemente em ouvintes pacientes que os compreendam e respondam adequadamente agrave
intenccedilatildeo das suas mensagensrdquo (p77) Deduz-se que tal confianccedila exercida pelas crianccedilas
natildeo ocorreria se as relaccedilotildees que vatildeo sendo fomentadas natildeo se caracterizassem pela
positividade
No que concerne agraves atividades e respetivo desenvolvimento as crianccedilas
participam acerca da sua decisatildeo de levar a avante ou natildeo uma dada tarefa proposta pelo
educador sendo questionadas se pretendem ou natildeo a executar Em caso de negaccedilatildeo eacute
concedida liberdade agrave crianccedila para optar por outra tarefa desde que disponiacutevel no
momento com o intuito de natildeo reprimir os seus interesses
As crianccedilas tambeacutem satildeo escutadas face a possiacuteveis atividades que pretendam
desenvolver em contexto educativo cujas propostas satildeo analisadas posteriormente pela
equipa educativa assim como quanto a possiacuteveis reformulaccedilotildees perante o ambiente
educativo no qual se encontram inseridas
Eacute possiacutevel constatar a existecircncia de um controlo partilhado entre crianccedila e adulto
que se pode enquadrar no denominado ldquoclima apoianterdquo41 o qual permite ldquo(hellip) um
balanccedilo eficaz entre a liberdade que as crianccedilas necessitam ter para explorar o ambiente
enquanto aprendizes ativos e os limites necessaacuterios para lhes permitir sentirem-se seguras
na sala de aula ou em qualquer instituiccedilatildeo educativardquo (Hohmann amp Weikart 1997 p72)
24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na
creche
Segundo Vasconcelos (2011b) o trabalho de projeto de modo geral caracteriza-
se por constituir uma metodologia de trabalho realizado em grupo cuja finalidade se
41 Designaccedilatildeo atribuiacuteda por Hohmann amp Weikart (1997) ao intitulado ldquoclima democraacuteticordquo
74
baseia na elaboraccedilatildeo de respostas para um dado problema problema esse que eacute do
interesse do grupo envolvido
Relativamente agrave educaccedilatildeo a autora define tal metodologia como uma ldquo(hellip)
abordagem pedagoacutegica centrada em problemasrdquo (Vasconcelos 1998 p125)
Acrescenta-se ainda que essa metodologia de trabalho pode ser desenvolvida em
qualquer niacutevel de educaccedilatildeo inclusive na educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos
(Vasconcelos et al 2011) devendo ser perspetivada mediante os interesses destas (Silva
1998)
Adicionando outra perspetiva face agrave caracterizaccedilatildeo da metodologia em anaacutelise
esta tambeacutem pode ser concebida como ldquoum estudo em profundidade sobre determinado
tema ou toacutepicordquo (Katz amp Chard 1989 citado por Vasconcelos et al 2011 p10)
Este tipo de metodologia integrada no acircmbito educacional apresenta um conjunto
de vantagens nomeadamente para a crianccedila tais como o desenvolvimento de
competecircncias que lhe satildeo essenciais sendo essas ldquo(hellip) a recolha e tratamento de
informaccedilatildeo e simultaneamente a aprendizagem do trabalho de grupo da colaboraccedilatildeo da
tomada de decisatildeo negociada a atividade meta-cognitiva e o espiacuterito de iniciativa e
criatividaderdquo (Vasconcelos 2011b p9) aos quais se pode agregar o desenvolvimento da
autonomia da crianccedila atraveacutes da promoccedilatildeo da participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo
de aprendizagem e das relaccedilotildees sociais (Vasconcelos 2011b)
A autora pretende tambeacutem frisar que e estabelecendo uma relaccedilatildeo entre a crianccedila
e o tipo de metodologia em questatildeo ldquoEm pedagogia de projecto a crianccedila natildeo eacute um
ldquocientista solitaacuteriordquo mas um ldquoexploradorrdquo um investigador um criador ativo de saberes
em alternativa a um ser passivo recetor de saberes dos outrosrdquo (Vasconcelos 2011b p9)
Ora a crianccedila eacute assim concebida como um ser competente e capaz agrave qual se deve
proporcionar oportunidades que lhe permitam guiar autonomamente o seu proacuteprio
processo de aprendizagem
No entanto o papel do educador tambeacutem desempenha um papel fulcral pois aleacutem
de orientador do processo tambeacutem eacute participante no desenvolvimento do trabalho de
projeto juntamente com as crianccedilas formando-se assim uma parceria entre crianccedila-
educador
75
Conforme Vasconcelos (1998) afirma ldquoO educador eacute o companheiro mais
experimentado o guia mas que tambeacutem parte com a crianccedila agrave descobertardquo (p145)
Refletindo acerca das potencialidades que o trabalho de projeto reuacutene foi assim a
metodologia eleita para ser aplicada e desenvolvida na valecircncia educativa na qual o
estaacutegio ocorreu visto poder ser integrada na educaccedilatildeo de crianccedilas com idades ateacute aos 3
anos (Vasconcelos et al 2011) aliando os benefiacutecios previstos no desenvolvimento da
crianccedila mais especificamente ao niacutevel de capacidades que lhe satildeo fulcrais entre as quais
se destaca a criatividade (Vasconcelos 2011b)
Dando seguimento agrave justificaccedilatildeo tambeacutem se prende pelo facto de constituir uma
metodologia atraveacutes da qual se pode aplicar uma investigaccedilatildeo que se encontra a ser levada
a cabo com o intuito de a melhor estudar e compreender (Katz amp Chard 1989 citado por
Vasconcelos et al 2011 p10) sendo que e considerando o presente relatoacuterio pode-se
relacionar com a problemaacutetica na qual se baseia afirmando-se como uma das principais
razotildees da motivaccedilatildeo para desenvolver tal projeto isto eacute ldquoa sua razatildeo de existirrdquo e ldquoo
sentido do seu desenvolvimentordquo (Silva 1998 p93)
Acresce o facto deste tipo de metodologia ser apropriada agrave prossecuccedilatildeo de
respostas para um dado problema surgido (Vasconcelos 1998) considerando e
conciliando os interesses dos possiacuteveis intervenientes do projeto (Silva 1998) assim
como permitir a participaccedilatildeo direta e ativa do educador formando uma ldquoalianccedilardquo com as
crianccedilas neste processo (Vasconcelos 1998) atraveacutes do qual se desenvolvem exploraccedilotildees
descobertas e aprendizagens contribuindo desse modo para o desenvolvimento de
ambos os sujeitos
Resta ainda mencionar que a metodologia de trabalho de projeto deve-se orientar
na oacutetica de Vasconcelos (1998) segundo um plano que envolve quatro etapas ou fases
- Definiccedilatildeo do problema (situaccedilatildeo desencadeadora questatildeo a investigar)
- Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho (o que se vai fazer como quando
e quem)
- Execuccedilatildeo (desenvolvimento do trabalho planificado)
- Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo (reflexotildees acerca do projeto desenvolvido e
partilha com outros elementos da comunidade educativa)
76
No que concerne concretamente ao contexto de creche e com base nas perspetivas
de Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo (2013) a crianccedila deve ser igualmente reconhecida
enquanto agente e participante do processo educativo assim como um ser competente
capaz de ser protagonista do seu percurso de aprendizagem A visatildeo de crianccedila natildeo deve
ser assim confinada agrave de um ser que carece somente de cuidados desvalorizando o educar
Ainda relativamente agrave crianccedila esta deve poder partilhar igualmente o controlo do
ambiente educativo com o educador considerando para tal a promoccedilatildeo de um clima
democraacutetico no qual o educador deve fornecer oportunidades agraves crianccedilas para agir
autonomamente e intervir quando necessaacuterio Mais se acrescenta que os estilos de
interaccedilatildeo entre crianccedila-educador condicionam o envolvimento das crianccedilas em projetos
e atividades motivando-as ou por outro lado desanimando-as Oliveira-Formosinho amp
Arauacutejo (2013) indicam que ldquoa disponibilidade e motivaccedilatildeo da crianccedila para a construccedilatildeo
de conhecimento sobre si sobre os outros e sobre o mundo dos objetos satildeo entatildeo
dependentes da mediaccedilatildeo do olhar e da accedilatildeo do adulto (hellip)rdquo (p15)
Ao educador cabe a responsabilidade de assegurar o ambiente educativo adequado
ao grupo de crianccedilas que seja favoraacutevel agrave concretizaccedilatildeo de aprendizagens e no qual as
crianccedilas se sintam apoiadas Os projetos em creche devem aleacutem de atender aos interesses
das crianccedilas agrave semelhanccedila da perspetiva de Silva (1998) enquadrar a crianccedila enquanto
agente competente face ao desenvolvimento de aprendizagens e construccedilatildeo do processo
educativo promovendo ainda momentos de exploraccedilatildeo e descoberta destinados agrave crianccedila
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013)
Reforccedila-se a importacircncia do clima democraacutetico em trabalho de projeto em creche
uma vez que ldquoo trabalho de projeto em creche (hellip) recusa o saber transmissivordquo
(Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013) assim como a contextualizaccedilatildeo do ambiente
educativo jaacute que ldquo(hellip) a emergecircncia de um projeto depende da criaccedilatildeo de um contexto
educativo que favoreccedila a situaccedilatildeo considerada locus da aprendizagem e ponto de
ancoragem do meacutetodo de projetordquo (Gambocirca 2011 citado por Oliveira amp Formosinho
2013 p58)
A planificaccedilatildeo de um projeto deve ser flexiacutevel com o intuito de atender agrave evoluccedilatildeo
das propostas das crianccedilas (Oliveira-Formosinho 2013) e as atividades adequadas ao
ambiente educativo numa loacutegica de negociaccedilatildeo de propoacutesitos natildeo tendo que todas as
77
ideias apresentadas pelas crianccedilas serem concretizadas caso essas natildeo se adequam ao
contexto (Hoyuelos 2004 citado por Oliveira-Formosinho 2013 p57)
Reconhecendo-se assim as potencialidades inerentes a um trabalho de projeto
Oliveira-Formosinho (2011 citado por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
afirma que ldquode facto os projetos constituem arenas privilegiadas em que as crianccedilas
aprendem a escolher a planificar a agir a refletir a documentar a avaliarrdquo e legitima a
crianccedila enquanto ldquo(hellip) ser competente criativo detentor de teorias e saberes e
construtora ativa do seu conhecimentordquo (Oliveira-Formosinho amp Azevedo 2002 citado
por Oliveira-Formosinho amp Arauacutejo 2013 p59)
25 Projeto ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Neste toacutepico do relatoacuterio pretende-se dar a conhecer o trabalho de projeto
desenvolvido na valecircncia de Creche com um grupo de 16 crianccedilas com idades
compreendidas entre os 26 e 32 meses assim como as aprendizagens potenciadas atraveacutes
do mesmo
Ao longo deste relatoacuterio foram numerados os motivos que suportaram a decisatildeo
de opccedilatildeo pela metodologia de trabalho de projeto visando a sua concretizaccedilatildeo42 cuja
principal intencionalidade se prende com a problemaacutetica formulada para o presente
relatoacuterio
Relembra-se que a problemaacutetica passa pela estruturaccedilatildeo de ambientes educativos
promotores do desenvolvimento da criatividade na crianccedila
O desejo de levar avante tal projeto tambeacutem se relaciona com uma sucessatildeo de
brincadeiras (atividades livres) concretizadas pelas crianccedilas no espaccedilo-sala com recurso
a determinados materiais que compotildeem a mesma que foram observadas diretamente e
consecutivamente pela estagiaacuteria e posteriormente registadas e dialogadas com a
educadora cooperante considerando-se possuiacuterem potencialidade para serem
ldquoaproveitadasrdquo tendo por base a iniciativa e os interesses das crianccedilas
42 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
78
Segundo a perspetiva de Novaes (1980) e estabelecendo uma ligaccedilatildeo ao que foi
afirmado acima ldquoA espontaneidade da crianccedila deve evoluir num sentido criador (hellip)rdquo
(p75)
Salienta-se que em momento algum se tentou impingir o desenvolvimento de um
projeto ateacute porque aleacutem de natildeo fazer sentido natildeo iria de encontro aos ldquoreaisrdquo interesses
das crianccedilas o que poderia ter como consequecircncia a sua desmotivaccedilatildeo e por conseguinte
a capacidade de prosseguir com tal accedilatildeo
Caracterizava-se assim por um projeto pensado pelo educador e para benefiacutecio do
educador e natildeo pensado pelo educador para benefiacutecio das crianccedilas indo contra as
intencionalidades que um profissional de educaccedilatildeo deve apresentar aliando o desrespeito
pelas crianccedilas sendo eticamente e deontologicamente incorreto Relembra-se que Silva
(1998) atenta para o facto de o educador ter em consideraccedilatildeo os interesses das crianccedilas
no que concerne ao desenvolvimento de metodologias de trabalho pedagoacutegico (entre as
quais se enquadra o trabalho de projeto)
Para o desenvolvimento do projeto revelou-se necessaacuterio efetuar uma anaacutelise agraves
caracteriacutesticas do grupo de crianccedilas em questatildeo43 (natildeo descurando a consciecircncia que
embora se trate de um grupo cada crianccedila eacute uacutenica isto eacute dotada de caracteriacutesticas
proacuteprias que a distinguem dos demais e por isso deve ser valorizada enquanto elemento
singular44) assim como do ambiente educativo no qual se encontram inseridas45 agraves quais
se agregam as pesquisas e estudos efetuados ao tema da criatividade e respetiva
potencializaccedilatildeo do seu desenvolvimento na crianccedila considerando o papel do educador na
formulaccedilatildeo de estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem e adequaccedilatildeo do ambiente
educativo considerando fatores favoraacuteveis e inibidores ao desenvolvimento do potencial
criativo do educando
Jaacute Novaes (1980) e Silva (1998) afirmavam ser necessaacuterio possuir-se
conhecimento preacutevio da(s) causa(s) para se agir em conformidade
43 Ver 22 Caracterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
44 Lowenfeld amp Brittain (1977) defendem que ldquoToda crianccedila independentemente do ponto em que se
encontra em seu desenvolvimento deve ser considerada acima de tudo como um indiviacuteduordquo (p21) 45 Ver 23 Caracterizaccedilatildeo do ambiente educativo
79
No entanto Alencar (1992) acrescenta que a ldquobagagem de conhecimentordquo46 natildeo se
torna por si soacute suficiente sendo necessaacuterio envolvimento persistecircncia dedicaccedilatildeo e
esforccedilo para que uma produccedilatildeo seja levada avante
No que concerne agraves atividades desenvolvidas estas podem-se assumir como
meios atraveacutes dos quais se tenta potenciar o estiacutemulo da criatividade nas crianccedilas
relembrando-se que se trata de uma capacidade intriacutenseca47
Ocantildea (2005) afirma que a criatividade natildeo eacute passiacutevel de ser estimulada de
ldquomaneira diretardquo isto eacute torna-se necessaacuterio o desenvolvimento de estrateacutegias que
possibilitem o seu fomento Lowenfeld amp Brittain (1977) indicam que a melhor
preparaccedilatildeo para o desenvolvimento da criatividade passa pela promoccedilatildeo de atitudes
criadoras
Segundo a mesma linha de pensamento apresenta-se a perspetiva de Neves-
Pereira amp Alencar (2018) que indicam e passo a citar ldquoPara trabalharmos no sentido de
fomentar a criatividade de modo eficaz eacute indispensaacutevel (hellip) a construccedilatildeo de estrateacutegias
que facilitem o estiacutemulo agrave criatividade (hellip)rdquo (p7)
No entanto e embora o estiacutemulo da criatividade seja o principal objetivo tambeacutem
foi intencionalidade o desenvolvimento pessoal e social de cada crianccedila
Novaes (1980) considera que ldquoEnfatizar a dimensatildeo da criatividade na educaccedilatildeo
implica em promover sobretudo atitudes criadoras dinamizando as potencialidades
individuais (hellip)rdquo (p119)
Por outro lado Craveiro amp Ferreira (2007) ressaltam a importacircncia da educaccedilatildeo
da crianccedila numa perspetiva social voltada para a cidadania alegando que uma das
intencionalidades do Jardim de Infacircncia deve passar pela promoccedilatildeo de ldquo(hellip) uma
educaccedilatildeo que assenta numa cultura de vida que estaacute ao serviccedilo do que humaniza e do que
cria laccedilos sociaisrdquo (p21)
46 Termo usado pela autora para designar o conjunto de conhecimentos adquiridos pelo indiviacuteduo
47 Ver 112 Capacidade inata ou adquirida
80
Passando para a apresentaccedilatildeo do projeto esta seraacute concretizada com base nas
etapas de desenvolvimento de um trabalho de projeto apresentadas por Vasconcelos
(1998)48
Mais se afirma que o projeto levado a cabo se intitula ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo cuja escolha seraacute compreendida mediante leitura acerca da implementaccedilatildeo e
prossecuccedilatildeo do mesmo a qual se vai presentear no toacutepico do relatoacuterio posterior a este
Em jeito de conclusatildeo pretende-se deixar expliacutecito que mais significativo do que
as atividades e o projeto desenvolvido e as aprendizagens a ser promovidas foi a
asseguraccedilatildeo do bem-estar de todas as crianccedilas seja a niacutevel fiacutesico emocional ou social jaacute
que sem as necessidades salvaguardadas dificilmente qualquer crianccedila conseguiraacute
apresentar predisposiccedilatildeo para a concretizaccedilatildeo de atividades com as quais seja
confrontada
Portugal (2012) deixa um alerta a todos os adultos que contactem e sejam
responsaacuteveis por crianccedilas como eacute exemplo os educadores indicando que ldquoBebeacutes ou
crianccedilas muito pequenas necessitam de atenccedilatildeo agraves suas necessidades fiacutesicas e
psicoloacutegicas (hellip)rdquo (p7)
251 Definiccedilatildeo do problema
Neste ponto do relatoacuterio seraacute apresentada a situaccedilatildeo decorrida e observada
durante o periacuteodo de estaacutegio que motivou o desenvolvimento deste projeto
Embora Vasconcelos (1998) defina esta etapa como ldquoDefiniccedilatildeo do problemardquo natildeo
se considera que a situaccedilatildeo em causa constitui um problema mas sim um desafio para o
qual se revelou necessaacuteria a formulaccedilatildeo de uma resposta
No periacuteodo da manhatilde e em momentos de atividades livres as crianccedilas tinham o
haacutebito de dispor dos colchotildees presentes no espaccedilo-sala atribuindo-lhes outra finalidade
que natildeo aquela para os quais tinham sido programados utilizando os respetivos colchotildees
com o objetivo de construir uma casa tentando-os empilhar Este tipo de brincadeira era
48 Ver 24 Metodologia de trabalho de projeto enquanto opccedilatildeo pedagoacutegica na creche
81
constante embora natildeo fossem sempre as mesmas crianccedilas a iniciaacute-la No entanto todo o
grupo acabava por aderir
Atraveacutes deste tipo de brincadeira jaacute se torna possiacutevel reconhecer o
desenvolvimento do jogo simboacutelico por parte das crianccedilas
Perante tais observaccedilotildees considerou-se que a brincadeira uma vez que partia dos
interesses das crianccedilas e sendo desenvolvida por iniciativa das proacuteprias poderia constituir
uma potencialidade para a prossecuccedilatildeo de um projeto Relembra-se que Silva (1998)
indicava que os projetos deveriam ser desenvolvidos mediante os interesses das crianccedilas
Por conseguinte fez-se uma reflexatildeo acerca de como tal interesse poderia ser
aplicado na execuccedilatildeo de uma atividade inicial que fosse promotora do lanccedilamento do
projeto em concomitacircncia com os desejos do grupo
Surge assim como ideia o recurso ao famoso conto popular ldquoOs Trecircs
Porquinhosrdquo um conto infantil cujo assunto envolve habitaccedilotildees mais especificamente a
destruiccedilatildeo e construccedilatildeo indo de encontro ao objetivo pretendido Rodrigues (2004)
afirma que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia pertinente com o tema que se
pretende desenvolver (hellip)rdquo acrescentando que ldquoCriar um bypass entre a situaccedilatildeo
sugestiva de iniciaccedilatildeo e o desenvolvimento posterior pode ser decisivo de toda a acccedilatildeordquo
(p64)
Poreacutem este conto foi adaptado ao contexto redigiu-se uma nova histoacuteria na qual
o personagem ldquoLobo Maurdquo continuaria e retirar-se-ia os trecircs porquinhos substituindo-os
por uma nova personagem intitulada ldquoLilirdquo uma boneca cuja casa eacute destruiacuteda pelo Lobo
Mau que fica chateado por esta natildeo lhe ter dado uma fatia do seu bolo de chocolate
necessitando a Lili de ajuda para construir uma nova casa (ver Anexo 10 ndash Histoacuteria ldquoA
Lili e o Lobo Maurdquo)
A histoacuteria desenvolvida foi dramatizada com recurso a fantoches de matildeo
desenvolvidos com o intuito de representarem os respetivos personagens (Lili e Lobo
Mau) e cujas dimensotildees se adequassem agraves dimensotildees das matildeos das crianccedilas com o
objetivo de natildeo oferecer dificuldades na manipulaccedilatildeo assim como objetos
representativos de elementos inerentes agrave histoacuteria tais como a habitaccedilatildeo da Lili e o bolo de
chocolate elaborados com materiais de escrita e desenho (ver Anexo 11 ndash Recursos
materiais representativos dos elementos componentes da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Mau)
82
Tambeacutem se optou por executar um fantocheiro (com recurso a um material que
fosse leve para as crianccedilas transportarem para o espaccedilo no qual desejassem desenvolver
as suas brincadeiras e que natildeo oferecesse perigo tendo-se optado por cartatildeo o qual foi
posteriormente decorado com outros materiais) natildeo soacute tendo em consideraccedilatildeo a
dramatizaccedilatildeo a ser realizada mas tambeacutem como dispositivo promotor do uso dos
fantoches de matildeo presentes em sala e pelos quais as crianccedilas natildeo demonstravam interesse
podendo estar relacionado pela falta de um suporte que incentivasse agrave sua manipulaccedilatildeo
(ver Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido)
No que concerne agrave atividade de dramatizaccedilatildeo (ver Anexo 13 ndash Atividade de
dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo) esta correu de forma bastante
satisfatoacuteria uma vez que as crianccedilas se mostraram bastante interessadas no desenrolar
desta tendo sido capazes de responder a questotildees relacionadas com a histoacuteria revelando
compreensatildeo e atenccedilatildeo agrave mesma
Os recursos materiais desenvolvidos para a dramatizaccedilatildeo foram aceites pelas
crianccedilas que pretenderam posteriormente usufruir dos mesmos (ver Anexo 14 ndash Crianccedilas
em momento de jogo dramaacutetico) aos quais se associaram os restantes fantoches que jaacute se
encontravam na sala e que tal como jaacute indicado as crianccedilas natildeo manipulavam Afirma-
se entatildeo que o fantocheiro desenvolvido foi de encontro agraves expetativas elencadas face
agraves suas intencionalidades
Relativamente agraves aprendizagens que o tipo de recursos desenvolvidos pode
oferecer destacam-se o desenvolvimento do jogo simboacutelico49 e dramaacutetico50 e da
motricidade fina assim como as interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais
O grupo quando questionado se queria ajudar a Lili a construir a casa
prontamente revelou uma resposta afirmativa o que indica que o projeto pode assim ser
levado a cabo jaacute que as crianccedilas demonstraram interesse Inclusive uma das crianccedilas
questionou acerca da forma como a casa seria feita deduzindo-se constituir um passo
para a iniciaccedilatildeo da fase de planeamento que seraacute apresentada em seguida
49 Recorda-se que o jogo simboacutelico constitui uma estrateacutegia no que concerne ao fomento do potencial
criativo na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
50 Segundo Silva et al (2016) o jogo dramaacutetico contribui para o desenvolvimento da crianccedila a niacutevel
pessoal emocional e social (consultar OCEPE p52)
83
252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
Primeiramente antes de se proceder agrave explicaccedilatildeo acerca do planeamento do
projeto e respetivas atividades pretende-se referir que a estagiaacuteria optou natildeo soacute por
elaborar um fantoche representativo da boneca Lili como tambeacutem encarnar a personagem
na ldquorealidaderdquo com o intuito de tornar o projeto mais apelativo e significativo para as
crianccedilas vivenciando-o como se de uma situaccedilatildeo veriacutedica se tratasse
A estagiaacuteria visando o envolvimento parental optou ainda por introduzir neste
projeto uma boneca de pano alusiva agrave Lili ldquorealrdquo [isto eacute humana] fazendo-se acompanhar
por um diaacuterio (ver Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio) no qual era solicitado que as
famiacutelias registassem independentemente do meacutetodo de registo adotado (ex registo
escrito fotograacutefico etc) as suas vivecircncias com esta boneca jaacute que cada crianccedila a levaria
para sua casa aproximadamente uma semana e cujas famiacutelias iriam ter oportunidade de
tambeacutem se envolver neste projeto visto fazerem igualmente parte da educaccedilatildeo das
crianccedilas A boneca Lili iria ter assim oportunidade de conhecer as diferentes habitaccedilotildees
dos meninos e meninas
No que concerne agrave inclusatildeo das famiacutelias no acircmbito educativo Silva et al (2016)
referem que um dos princiacutepios e fundamentos educativos a ser promovidos pelo educador
deve assentar na consideraccedilatildeo dos seios familiares das crianccedilas e elaboraccedilatildeo de
estrateacutegias que permitam o seu envolvimento e participaccedilatildeo no processo educativo
Silva (1998) apresenta perspetiva semelhante indicando ainda que expandir o
ldquolequerdquo de intervenientes num projeto permite o enriquecimento do mesmo aleacutem de
diferenciar as interaccedilotildees possibilitadas por esse
Considera-se que a introduccedilatildeo destes recursos e respetiva finalidade eacute promotora
do sentido de responsabilidade nas crianccedilas uma vez que a partir do momento em que
levavam a boneca e o diaacuterio consigo teriam que ter cuidado no seu manuseamento
sobretudo com a boneca para que natildeo ficasse danificada e outros meninos pudessem
tambeacutem brincar com ela Relativamente ao tempo combinado que a boneca ficaria em
casa de cada crianccedila e que depois seria trazida este ficou agrave responsabilidade das famiacutelias
jaacute que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver as noccedilotildees temporais
84
Poreacutem antes da boneca iniciar a sua ldquoviagemrdquo foi envolvida por um grupo de
crianccedilas em momento de atividades livres tendo sido solicitado que esta tambeacutem
vivenciasse os momentos da rotina posteriores a esse (higiene e almoccedilo)
Mediante tal proposta a boneca participou nos respetivos momentos tendo
deixado as crianccedilas bastante satisfeitas Inclusive uma das crianccedilas no momento da
refeiccedilatildeo dirigiu-se agrave boneca Lili interagindo com esta e simulando que a estava a
alimentar (ver Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas)
Relativamente agrave indumentaacuteria de ambas as ldquoLilisrdquo (humana e boneca de pano) esta
foi desenvolvida espontaneamente tendo sido reaproveitados tecidos e materiais que jaacute
natildeo tinham utilidade e que foram posteriormente redecorados Os coraccedilotildees um dos
elementos [senatildeo o principal] que caracteriza a Lili foram desenvolvidos com o propoacutesito
de representar os amigos da Lili [as crianccedilas] e o carinho nutrido por eles
Ora conforme jaacute referido a estagiaacuteria encarnou a personagem boneca Lili pelos
motivos jaacute explanados apresentando-se assim ao grupo com a intenccedilatildeo de os conhecer e
dialogar com este acerca do acontecimento sucedido relativamente agrave destruiccedilatildeo da sua
casa pelo Lobo Mau considerando-se que tais intenccedilotildees podem ser nomeadamente
promotoras do desenvolvimento das interaccedilotildees e relaccedilotildees sociais entre crianccedila-adulto da
linguagem oral ao niacutevel da produccedilatildeo e compreensatildeo assim como da compreensatildeo da
relaccedilatildeo causa-efeito
No que concerne ao planeamento das atividades inerentes ao projeto pretendeu-
se que essa etapa se desenvolvesse juntamente com as crianccedilas visando a sua participaccedilatildeo
ativa no processo de aprendizagem assim como a implementaccedilatildeo de um clima
democraacutetico caracterizado pela partilha do ldquocontrolordquo entre crianccedilas e adulto51
Perante a participaccedilatildeo ativa da crianccedila no processo de aprendizagem Silva et al
(2016) afirmam que garantir a participaccedilatildeo das crianccedilas nas decisotildees relacionadas com o
seu processo educativo eacute reconhecer a crianccedila como sujeito e agente do desse mesmo
51 Relembra-se que a participaccedilatildeo ativa do educando no processo de aprendizagem assim como a
promoccedilatildeo de um clima educativo democraacutetico constituem fatores favoraacuteveis ao estiacutemulo da criatividade
(ver Tabela 1 ndash Fatores condicionantes ao estiacutemulo da criatividade em contexto educativo)
85
processo constituindo ainda um meio promotor do desenvolvimento pessoal ao niacutevel da
autonomia e social relativamente agrave vida democraacutetica em grupo
Acrescentam ainda que
Ao participar ativamente no seu processo de aprendizagem a crianccedila vai
mobilizar e integrar um conjunto de experiecircncias saberes e processos
atribuindo-lhe novos significados e encontrando formas proacuteprias de resolver os
problemas o que lhe permite desenvolver natildeo soacute a autonomia mas tambeacutem a
criatividade (Silva et al 2016 p34)
Jaacute no que diz respeito ao clima democraacutetico
A criatividade apela para uma pedagogia natildeo directiva ou pelo menos flexiacutevel e
aberta que permita que seja a proacutepria crianccedila a descobrir o seu modo de agir e de se
exprimir bem como o material e a teacutecnica que melhor se adaptam agrave sua expressatildeo
pessoal (Gonccedilalves 1983 p 209)
Relativamente ao papel do adulto (estagiaacuteria) este assentou no apoio e orientaccedilatildeo
das crianccedilas face agrave planificaccedilatildeo e organizaccedilatildeo das atividades assim como agrave gestatildeo de
tempo espaccedilo e recursos materiais Na concretizaccedilatildeo das atividades assumiu-se uma
funccedilatildeo de monitorizaccedilatildeo sem interferir nas mesmas dando oportunidade de exploraccedilatildeo
e descoberta agrave crianccedila
As uacutenicas intervenccedilotildees efetuadas ocorreram somente em casos de situaccedilotildees de
conflito devido agrave partilha de recursos materiais e nas quais as crianccedilas envolvidas natildeo
chegavam a acordo assim como dificuldades sentidas pelas crianccedilas nomeadamente ao
niacutevel da manipulaccedilatildeo de recursos materiais uma vez que a motricidade fina mais
especificamente no que concerne ao movimento de preensatildeo de pinccedila encontra-se a ser
desenvolvida pela maioria do grupo
Acrescenta-se que a liberdade fornecida agraves crianccedilas foi mediada natildeo as deixando
em momento algum sem ldquorumordquo Tal opccedilatildeo e conforme refere Craft (2004) autora da
qual se partilha a mesma opiniatildeo natildeo implica ldquo(hellip) deixar os alunos entregues a si
proacuteprios mas sim estimulaacute-los em termos de envolvimento e descoberta (hellip)rdquo (p21)
86
A criatividade necessita ser alimentada por um tipo especial de ambiente
A atmosfera de ldquovale-tudordquo parece exercer uma influecircncia tatildeo negativa quanto
o meio autoritaacuterio onde os indiviacuteduos estatildeo completamente dominados A
criatividade deve ser amparada mas ao mesmo tempo precisa ser orientada
para caminhos socialmente aceitaacuteveis (Lowenfeld amp Brittain 1977 p66)
Retomando a abordagem ao planeamento das atividades estas natildeo foram todas
planeadas de uma soacute vez tendo sido planeadas e debatidas ao longo do desenrolar do
projeto para que fossem de encontro aos interesses e necessidades das crianccedilas durante o
decorrer do processo Silva (1998) indica que um projeto se vai concretizando mediante
a sua evoluccedilatildeo e por conseguinte natildeo pode ser inteiramente previsto desde o iniacutecio
Mais se acrescenta que a flexibilidade referente agrave planificaccedilatildeo de tarefas eacute
condiccedilatildeo essencial natildeo soacute para o desenvolvimento da accedilatildeo educativa mas tambeacutem para
o desenvolvimento da criatividade (Rodrigues 2004)
Pretendeu-se ainda que as atividades fossem promotoras da aprendizagem pela
accedilatildeo um tipo de aprendizagem atraveacutes do qual as crianccedilas vatildeo adquirindo e fomentando
saberes atraveacutes da sua proacutepria accedilatildeo em explorar e descobrir o mundo que as rodeia
(Dewey amp Dewey 1915)
Freinet (sd) afirma que ldquoAs crianccedilas aprendem trabalhando Desta forma
constroem a sua proacutepria aprendizagem A via natural e universal da aprendizagem eacute a
experimentaccedilatildeordquo52
Aleacutem disso tambeacutem uma das intencionalidades passou pelas atividades como
meios para atingir objetivos e natildeo como fins reconhecendo-as como processos atraveacutes
dos quais as crianccedilas poderiam desenvolver aprendizagens que por sua vez originava
um dado produto Quer-se com isto indicar a valorizaccedilatildeo do processo ao inveacutes do produto
ateacute porque e segundo as perspetivas de Lowenfeld amp Brittain (1977) e Sousa (2003) a
criaccedilatildeo enquanto processo eacute mais significativa que o proacuteprio resultado isto eacute o produto
52 Traduccedilatildeo livre da autora No original ldquoLos nintildeos y nintildeas aprenden trabajando De esta forma
construyen su propio aprendizaje La viacutea natural y universal del aprendizaje es el tanteo experimentalrdquo
(Freinet sd)
87
A planificaccedilatildeo das atividades decorreu sempre em grande grupo com o intuito de
integrar todas as crianccedilas no conhecimento do desenvolvimento do projeto promovendo
tambeacutem momentos de diaacutelogo e partilha de ideias e opiniotildees que por sua vez promovem
o desenvolvimento da linguagem oral e das relaccedilotildees sociais
Esta etapa desenvolveu-se com recurso agrave teacutecnica de brainstorming53 que segundo
Alencar (1992) foi introduzida por Alex Osborn em 1965 caracterizando-se como uma
ldquo(hellip) proposta de resoluccedilatildeo de problemas onde os participantes satildeo incentivados a
comunicar quaisquer ideias que venham agrave mente (hellip)rdquo (p61)
A teacutecnica referida necessita do recurso agrave imaginaccedilatildeo para ser executada (Alencar
1992) sendo este processo mental impliacutecito agrave criatividade (Robinson 2011 Neves-
Pereira amp Alencar 2018) e tambeacutem necessaacuterio ao desenvolvimento da crianccedila (Vygotsky
1990 2009 citado por Neves-Pereira amp Alencar 2018 p7)
Antes de dar iniacutecio agrave teacutecnica propriamente dita a estagiaacuteria apresentava a
situaccedilatildeo-problema ao grupo para que atraveacutes da perceccedilatildeo da mesma as crianccedilas fossem
desenvolvendo possiacuteveis ideias
Pretendeu-se assumir neste contexto um papel de mediadora no que concerne ao
fornecimento de oportunidades agraves crianccedilas de se expressarem assim como agrave orientaccedilatildeo
da discussatildeo das ideias respeitando a ordem pela qual estas se manifestassem e
protegendo-as de possiacuteveis criacuteticas ou julgamentos que podiam surgir entre estas face agrave
distinccedilatildeo de ideias sendo que todas eram vaacutelidas e aceites valorizando-se assim a
expressatildeo da crianccedila54 e posteriormente registadas pela estagiaacuteria e comunicadas ao
grupo no fim de todas as crianccedilas terem apresentado as suas ideias elegendo-se aquela(s)
que se considerava(m) mais adequada(s) consoante o ambiente educativo
Considera-se que se torna pertinente referir que nenhuma crianccedila foi obrigada a
expressar-se e apresentar ideias Caso natildeo pretendesse dar a conhecer alguma ideia era
53 Recorda-se que a presente teacutecnica consiste numa estrateacutegia passiacutevel de ser adotada no que concerne ao
estiacutemulo da criatividade (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem) 54 Novaes (1980) considera que a linguagem da crianccedila apresenta ldquo(hellip) uma sintaxe proacutepria que traduz
imediatamente a sua forma de percepccedilatildeo de discriminaccedilatildeo e de valorizaccedilatildeo da realidaderdquo acrescentando
ainda que ldquoEacute erro procurar traduzir em termos de experiecircncia adulta as manifestaccedilotildees criadoras das
crianccedilas cabendo respeitar os termos que a crianccedila utiliza para expressar-serdquo (p117)
88
questionada se aceitava as restantes ideias apresentadas pelos colegas ou em caso
negativo que modificaccedilotildees considerava pertinente efetuar agraves ideias jaacute apresentadas
A estagiaacuteria optou por natildeo apresentar nenhuma sugestatildeo com o intuito de natildeo
influenciar o pensamento das crianccedilas No entanto foi necessaacuterio intervir relativamente
agrave formulaccedilatildeo de atividades para que estas se adequassem ao ambiente educativo
considerando o espaccedilo e materiais assim como a seguranccedila das crianccedilas uma vez que
estas apresentaram por exemplo como ideias para a construccedilatildeo da casa o recurso a
pedras madeira tijolos e cujas dimensotildees fossem ldquomuito grandesrdquo e ldquoa chegar ao tetordquo
o que natildeo era possiacutevel
Uma vez que as sugestotildees apresentadas pelas crianccedilas natildeo se enquadravam face
ao ambiente fiacutesico possibilitado e considerando a seguranccedila do mesmo relativamente agraves
crianccedilas conforme jaacute indicado a estagiaacuteria optou por fornecer ao grupo uma breve
explicaccedilatildeo acerca do assunto indicando que as casas poderiam ser conforme as crianccedilas
referiram no que diz respeito aos materiais e dimensotildees poreacutem a construccedilatildeo da casa da
Lili na sala natildeo podia ser da mesma forma pois aleacutem de condicionar o espaccedilo suficiente
para os meninos e meninas brincarem nas outras aacutereas da sala jaacute que essas teriam que ser
reajustadas e possivelmente removidas o uso dos materiais apresentados soacute eram usados
pelos adultos por serem pesados sendo que as crianccedilas poderiam magoar-se com a
manipulaccedilatildeo dos mesmos
As sugestotildees apresentadas pela estagiaacuteria soacute seriam aplicadas apoacutes diaacutelogo com
as crianccedilas e aprovaccedilatildeo por parte das mesmas considerando os seus interesses
Poreacutem nem soacute de atividades eacute constituiacutedo o planeamento de um projeto tambeacutem
se torna necessaacuterio pensar e organizar o espaccedilo o tempo e os materiais (Silva 1998
Rodrigues 2004)
No que concerne ao espaccedilo o projeto foi desenvolvido em ambiente interior e natildeo
exterior jaacute que embora se reconheccedila as potencialidades do espaccedilo exterior a eacutepoca do
ano e respetivas condiccedilotildees climateacutericas associadas natildeo se apresentavam como favoraacuteveis
agrave prossecuccedilatildeo das atividades
Considerando a flexibilidade relativamente ao espaccedilo as atividades decorriam em
aacutereas que se considerassem mais adequadas a essas isto eacute natildeo se desenrolavam todas na
mesma aacuterea sem condicionar por sua vez as restantes atividades que se encontrassem a
89
ser simultaneamente desenvolvidas fossem livres ou orientadas pela educadora
cooperante
Relativamente ao tempo as atividades tinham iniacutecio apoacutes o momento destinado
ao acolhimento da parte da manhatilde decorrendo ateacute ao momento de transiccedilatildeo que
antecedia os momentos de higiene e refeiccedilatildeo
Embora fosse efetuada uma gestatildeo de tempo perante a duraccedilatildeo das atividades esta
natildeo era riacutegida de modo a dar o tempo necessaacuterio que cada crianccedila necessitasse e
considerasse pertinente agrave concretizaccedilatildeo das tarefas respeitando o seu ritmo
Por vezes algumas atividades natildeo ficavam concluiacutedas o que por sua vez levava
a uma nova planificaccedilatildeo das atividades a ser concretizadas em dias posteriores no entanto
sem condicionar aquelas jaacute planeadas anteriormente As atividades a ser concluiacutedas natildeo
se concretizavam no periacuteodo da tarde pois segundo a organizaccedilatildeo estipulada pela
instituiccedilatildeo educativa face ao tempo e rotinas esse periacuteodo era destinado somente a
atividades livres
Jaacute que no diz respeito aos materiais estes foram selecionados consoante os
interesses das crianccedilas caracteriacutesticas da atividade e atendendo agrave disponibilidade dos
mesmos na instituiccedilatildeo educativa com o intuito de combater o desperdiacutecio e possiacuteveis
custos associados agrave aquisiccedilatildeo Adquiriam-se somente recursos materiais caso aqueles que
estivessem disponiacuteveis para uso natildeo se revelassem adequados para a atividade
Hohmann amp Post (2007) indicam que o educador deve tentar oferecer agraves crianccedilas
materiais que sejam das suas preferecircncias ao inveacutes de impingirem materiais que natildeo lhes
despertem interesse Por isso e mediante conversa com a educadora cooperante e
observaccedilotildees diretas concretizadas chegou-se agrave conclusatildeo que o grande interesse das
crianccedilas no que concerne aos recursos materiais eram aqueles que se denominam como
materiais de expressatildeo plaacutestica
No entanto afirma-se que embora a maioria das atividades tenham sido
desenvolvidas com recurso ao tipo de materiais acima indicados natildeo se considera ser o
meio exclusivo (ou quase) pelo qual se pode estimular a criatividade jaacute que se pocircde
constatar tal perspetiva em determinadas pesquisas efetuadas para a concretizaccedilatildeo deste
relatoacuterio Poreacutem e segundo Lowenfeld amp Brittain (1977) natildeo se deve negar a importacircncia
das artes no desenvolvimento da crianccedila
90
Considerando o interesse partilhado pelas crianccedilas face aos materiais
apresentadas e uma vez que segundo Papalia Olds amp Feldman (2009) indicam que o
egocentrismo eacute caracteriacutestica proacutepria do desenvolvimento das crianccedilas da faixa etaacuteria em
questatildeo foi neste acircmbito que se deram as situaccedilotildees de conflito e que por sua vez
constituiacuteram oportunidades para promover nas crianccedilas a capacidade de partilha diaacutelogo
e negociaccedilatildeo toleracircncia compreensatildeo e respeito pelo outro
Silva et al (2016) jaacute afirmavam que ldquoA vida em grupo implica confronto de
opiniotildees e necessidade de resolver conflitos que suscitaratildeo a necessidade de debate e de
negociaccedilatildeo de modo a encontrar uma resoluccedilatildeo mutuamente aceite pelos intervenientesrdquo
(p39)
Vasconcelos (1998) perspetiva que o desenvolvimento da capacidade de gestatildeo e
negociaccedilatildeo de conflitos eacute essencial no desenvolvimento da crianccedila
Previamente agrave execuccedilatildeo das atividades etapa do projeto que seraacute apresentada em
seguida os materiais eram apresentados agraves crianccedilas sem se demonstrar o que poderiam
realizar com eles a niacutevel de produccedilotildees visuais deixando-as decidir o que iriam criar e
como No entanto tal natildeo significa que natildeo se explicasse como deveriam ser manuseados
jaacute que se torna importante segundo Thornton amp Brunton (2014) que o educador decirc a
conhecer os modos atraveacutes dos quais os materiais podem ser manipulados pois sem esse
conhecimento dificilmente as crianccedilas os conseguiratildeo aproveitar
253 Execuccedilatildeo
No presente toacutepico seratildeo apresentadas as atividades desenvolvidas neste projeto
cujos principais intervenientes foram as crianccedilas conforme jaacute afirmado e atraveacutes das
quais se considera a potencializaccedilatildeo do fomento do trabalho colaborativo e cooperativo
visando a concretizaccedilatildeo de um objetivo comum
No entanto antes de se introduzir tal apresentaccedilatildeo pretende-se referir que as
atividades tanto foram concretizadas pelas crianccedilas em pequenos grupos como em pares
e ateacute individualmente estando esse aspeto relacionado com a atividade em questatildeo e
disponibilidade de materiais pois natildeo se pretendia aglomerar um nuacutemero consideraacutevel de
crianccedilas tendo consciecircncia que a quantidade de recursos mesmo que partilhados natildeo se
iria revelar suficiente para todas o que seria agrave partida motivo de desentendimentos
91
Considera-se ainda que a integraccedilatildeo das crianccedilas em nuacutemero reduzido como foi
o caso permite ao adulto estar mais integrado e envolvido com estas conseguindo prestar
uma melhor atenccedilatildeo agraves suas concretizaccedilotildees e apoio em caso de necessidade
Acrescenta-se ao que foi mencionado a perspetiva de Portugal (2012) afirmando
que ldquoO tamanho do grupo e a ratio adulto-crianccedila eacute importante pois grupos pequenos
permitem mais intimidade e seguranccedila permitindo oferecer cuidados mais
individualizados e inclusivosrdquo (p8)
Aleacutem disso o diaacutelogo entre crianccedila-crianccedila e adulto-crianccedila acaba por se tornar
mais facilitado jaacute que o ruiacutedo e interferecircncias satildeo inferiores o que por sua vez permite o
desenvolvimento de relaccedilotildees sociais mais positivas (Portugal 2012)
Uma outra vantagem passa pelo facto de possibilitar agraves crianccedilas ter uma melhor
coordenaccedilatildeo das suas accedilotildees e natildeo estarem demasiado tempo em espera para proceder agrave
realizaccedilatildeo das tarefas e dispor dos recursos oferecidos o que por conseguinte permite
que a atividade seja mais rentaacutevel para estas (Oliveira amp Rossetti-Ferreira 1993)
Relativamente agrave participaccedilatildeo das crianccedilas nas atividades estas tiveram liberdade
de escolha optando assim se pretendiam ou natildeo ingressar nas mesmas Embora haja um
tema que eacute interessante e significativo para o grupo tal natildeo implica a participaccedilatildeo de
todos os membros em todas as atividades (Silva 1998)
Caso pretendessem efetuar outra atividade que natildeo a sugerida natildeo se tentava
convencer as crianccedilas a participar como se se tivesse a tentar impingir a sua participaccedilatildeo
jaacute que a prioridade satildeo os seus interesses Hohmann amp Post (2007) referem que o
educador deve respeitar as preferecircncias das crianccedilas natildeo as tentando modificar
Mais se afirma que embora grande parte das atividades desenvolvidas em estaacutegio
se tenham relacionado com o projeto em causa tambeacutem foram concretizadas outras
atividades poreacutem natildeo simultaneamente executadas com aquelas relacionadas ao projeto
com o intuito de promover aprendizagens diferenciadas daquelas possibilitadas por esse
Jaacute Silva (1998) indicava que ldquoIniciar um projecto natildeo significa que em cada dia
todas ou algumas actividades se tenham necessariamente de se relacionar com elerdquo
(p105)
Visto as crianccedilas participarem de forma diferenciadora nas atividades propostas
considerou-se necessaacuterio que aquelas que natildeo tinham colaborado tambeacutem estivessem a
92
par daquilo que teria sido concretizado Por isso decidiu-se aproveitar o momento de
transiccedilatildeo antecedente aos momentos de higiene e almoccedilo para reunir as crianccedilas em
grande grupo e falar juntamente com outros aspetos que considerassem pertinente
expressar daquilo que tinha sido desenvolvido e aprendido dando voz agraves crianccedilas
participantes da respetiva atividade para comunicarem ao grupo
Silva (1998) opina no que concerne agraves atividades que ldquo(hellip) para que os saberes
construiacutedos por esse grupo possam contribuir para o desenvolvimento e aprendizagem de
todo o grupo o processo desenvolvido e os saberes adquiridos deveratildeo ser comunicados
e partilhados com as crianccedilas que natildeo participaram diretamente (hellip)rdquo (p104)
Considera-se que as aprendizagens embora possam ser individuais isto eacute
desenvolvidas por uma dada crianccedila devem ser partilhadas com as restantes visando uma
partilha de saberes coletiva
2531 Jogo da memoacuteria
No que concerne agraves atividades desenvolvidas durante o projeto e antes de se
proceder ao planeamento e execuccedilatildeo das mesmas a estagiaacuteria optou primeiramente por
introduzir e apresentar agraves crianccedilas um jogo da memoacuteria55 cujas imagens eram de oito tipo
de habitaccedilotildees distintas (ver Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria) o
intuito de que as crianccedilas tivessem conhecimento acerca das diversas tipologias a niacutevel
de habitaccedilotildees e que com isso sem no entanto influenciar permitisse a expansatildeo das suas
ideias relativamente ao planeamento da casa da Lili
A atividade desenvolvida permitiu a potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de
processos cognitivos tais como as capacidades de memorizaccedilatildeo raciociacutenio e
concentraccedilatildeo assim como o conhecimento do mundo
Atraveacutes da concretizaccedilatildeo da atividade (ver Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade
do jogo da memoacuteria) e aleacutem do principal objetivo estipulado para a mesma foi possiacutevel
deduzir a importacircncia do desenvolvimento futuro de atividades semelhantes jaacute que a
maioria das crianccedilas apresentou algumas dificuldades na execuccedilatildeo da mesma sendo que
55 A operacionalizaccedilatildeo da atividade passa pela memorizaccedilatildeo da disposiccedilatildeo das cartas e respetivas
imagens a sua posterior ocultaccedilatildeo virando-as para baixo sem alterar a disposiccedilatildeo das mesmas e
concretizaccedilatildeo da associaccedilatildeo dos pares das imagens correspondentes
93
apenas duas crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades face agrave associaccedilatildeo de objetos
consoante as semelhanccedilas (ver Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5) e somente uma
crianccedila efetuou sem dificuldade a associaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de imagens indicando
caracteriacutesticas e diferenccedilas entre essas (ver Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6)
Tambeacutem durante o decurso da atividade foi possiacutevel observar comportamentos
colaborativos por parte de duas crianccedilas atraveacutes do apoio prestado agrave crianccedila com a qual
estavam a desempenhar a atividade e que estava a revelar dificuldades na concretizaccedilatildeo
da mesma (ver Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7)
Nesta atividade o apoio e intervenccedilatildeo da estagiaacuteria foram necessaacuterios junto de
algumas crianccedilas pois e conforme jaacute referido apresentaram dificuldades na
concretizaccedilatildeo da mesma o que por sua vez leva a deduzir a necessidade de
implementaccedilatildeo de futuras atividades que permitam promover as capacidades cognitivas
mencionadas com o objetivo de colmatar tais necessidades e consequente
desenvolvimento de competecircncias
2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas)
Tendo a projeccedilatildeo do desenvolvimento do projeto se ter iniciado ao niacutevel das
atividades com um jogo da memoacuteria eis que surge o momento de se proceder ao
desenvolvimento da casa da Lili
No que concerne aos materiais a serem utilizados para o desenvolvimento da casa
da Lili estes foram previamente discutidos entre educadora e estagiaacuteria uma vez que
mediante diaacutelogos com as crianccedilas sobre a construccedilatildeo da casa da Lili estas tinham
indicado como materiais tijolos pedras e madeiras o que natildeo seria possiacutevel por motivos
jaacute mencionados no decorrer do presente relatoacuterio56
Salienta-se que o envolvimento das crianccedilas foi tido em consideraccedilatildeo no que
concerne agrave tomada de decisotildees face aos recursos materiais a utilizar tendo sido os
materiais a seguir descritos usados mediante a sua aprovaccedilatildeo relembrando-se que satildeo as
56 Ver 252 Planificaccedilatildeo e lanccedilamento do trabalho
94
principais responsaacuteveis pelo desenvolvimento do projeto e por isso satildeo necessaacuterias as
suas opiniotildees e aprovaccedilotildees relativamente agraves propostas apresentadas pelo adulto
Caso as crianccedilas natildeo aprovassem os materiais apresentados podiam escolher
aqueles que pretendessem considerando igualmente a decoraccedilatildeo atraveacutes de teacutecnicas de
expressatildeo plaacutestica A higienizaccedilatildeo do tecido passaria a estar comprometida poreacutem tal
facto deixava de ter relevacircncia em prol dos interesses das crianccedilas
Optou-se entatildeo por usar um lenccedilol branco que se encontrava inutilizado na
instituiccedilatildeo educativa permitindo que as crianccedilas utilizando materiais de expressatildeo
plaacutestica materiais esses do seu interesse o decorassem e caso fosse necessaacuterio proceder
agrave sua lavagem com a finalidade de garantir a higienizaccedilatildeo dos materiais Por esse motivo
o uacutenico material que podia ser utilizado eram os marcadores de feltro resistentes agrave aacutegua
que se encontravam presentes no espaccedilo educativo
O lenccedilol antes de ser utilizado na atividade foi cortado pela estagiaacuteria com o
intuito de reduzir as suas dimensotildees para que fosse possiacutevel ficar de acordo com as
dimensotildees das crianccedilas Tambeacutem foi afixado ao quadro de corticcedila presente numa das
paredes da sala para que as crianccedilas natildeo sentissem tantas dificuldades ao inveacutes da
colocaccedilatildeo do lenccedilol na horizontal o que tambeacutem acabava por permitir que as crianccedilas
possuiacutessem uma melhor perceccedilatildeo espacial e visual do espaccedilo que continham para efetuar
os seus desenhos assim como aquilo que estavam a desenvolver
Relativamente agrave decoraccedilatildeo do lenccedilol esta foi efetuada sob a forma de garatujas57
desenvolvidas pelas crianccedilas livremente sendo este tipo de expressatildeo visual segundo
Lowenfeld amp Brittain (1977) e Gonccedilalves (1983) proacuteprios da faixa etaacuteria em questatildeo (2
anos de idade) agraves quais algumas crianccedilas decidiram adicionar efetuando
espontaneamente e de modo aleatoacuterio a teacutecnica de pontilhismo (ver Anexo 23 ndash
Decoraccedilatildeo da casa da Lili - garatujas)
Relativamente agraves garatujas Lowenfeld amp Brittain (1977) consideram que essas
revelam a expressatildeo de pensamentos sentimentos e interesses de uma crianccedila sendo
parte da sua autoexpressatildeo e potenciando a sua autoconfianccedila devendo o educador
57 As garatujas constituem uma das etapas do desenvolvimento graacutefico infantil (Lowenfeld amp Brittain
1977)
95
fornecer oportunidades que permitam agraves crianccedilas o ato de garatujar sendo agrave semelhanccedila
do que Gonccedilalves (1983) tambeacutem defende parte do seu desenvolvimento
As garatujas embora aparentemente sejam percecionadas como rabiscos sem
significado estas tecircm significados atribuiacutedos pelas crianccedilas revelando desenvolvimento
do pensamento dessas e por isso devem ser valorizadas pelo educador Mais se afirma
que a accedilatildeo de garatujar considerando o movimento cinesteacutesico associado proporciona
bastante satisfaccedilatildeo agrave crianccedila contribuindo para o seu desenvolvimento motor e perceccedilatildeo
desse por parte da crianccedila (Lowenfeld amp Brittain 1977)
Considera-se que esta atividade foi essencialmente promotora do trabalho
colaborativo do desenvolvimento das habilidades motoras finas sentido esteacutetico
partilha da capacidade de coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual e do conhecimento das cores
Acrescenta-se que durante o decurso da atividade foi possiacutevel constatar o
reconhecimento e conhecimento das cores por parte de duas crianccedilas (ver Anexo 24 ndash
Registo de observaccedilatildeo nordm8 e Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9)
2533 Concretizaccedilatildeo de janelas
Apoacutes a decoraccedilatildeo dos tecidos realizada atraveacutes de desenhos efetuados pelas
crianccedilas com recurso a marcadores de feltro a atividade seguinte consistiu na
concretizaccedilatildeo de janelas para a casa da Lili atraveacutes das quais as crianccedilas pudessem
observar e simultaneamente interagir com as crianccedilas que estivessem no exterior da casa
da Lili permitindo tambeacutem que os adultos pudessem supervisionar o decorrer das
atividades sem interferir nas mesmas
Mediante uma nova observaccedilatildeo das imagens das diferentes habitaccedilotildees presentes
no jogo da memoacuteria foi acordado entre as crianccedilas quantas janelas teria a casa da Lili
como essas seriam isto eacute o seu formato e onde poderiam ser realizadas considerando as
dimensotildees dos tecidos (ver Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa
da Lili) sendo que tais ideias foram registadas pela estagiaacuteria jaacute que seria a mesma a
executar as janelas pois envolvia o uso de tesoura material que as crianccedilas estatildeo
impedidas de manipular sob o risco de se ferirem ou a outros Teve-se o cuidado de
realizar as janelas o mais semelhante daquilo que as crianccedilas pretendiam estando estas a
assistir a esse processo enquanto a estagiaacuteria o executava tendo a preocupaccedilatildeo de ir
96
questionando as crianccedilas agrave medida que ia recortando o tecido se as janelas estavam do
seu agrado e como deveria continuar a proceder
Assim que a concretizaccedilatildeo das janelas foi concluiacuteda os tecidos foram mais uma
vez suspensos ao quadro de corticcedila presente numa das paredes da sala a fim de ficar essa
parte do processo de desenvolvimento do projeto exposta agrave semelhanccedila das restantes
Crecirc-se que a concretizaccedilatildeo desta atividade foi nomeadamente promotora do
desenvolvimento de conceitos relacionados com a aacuterea da matemaacutetica tais como nuacutemeros
e quantidades formas e noccedilotildees espaciais
Um grupo de crianccedilas ao constatar que a atividade tinha sido finalizada
dirigiram-se apresentando bastante entusiasmo para junto dos tecidos tendo comeccedilado
espontaneamente a desenvolver brincadeiras nos mesmos promovendo desse modo o
fomento das suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira
livre junto dos tecidos constituintes da casa da Lili)
A estagiaacuteria ao observar esse momento fez questatildeo de natildeo soacute o registar
fotograficamente mas tambeacutem de permitir que essas crianccedilas e aquelas que se quisessem
posteriormente juntar-se aproveitassem esse momento para desenvolver brincadeiras natildeo
estruturadaslivres isto eacute natildeo dirigidas pelo adulto58 sendo o ato de brincar segundo
Vygotsky (1927) um contributo para o desenvolvimento da crianccedila
2534 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (colagens)
Embora a casa da Lili jaacute estivesse decorada decoraccedilatildeo essa que consiste em
desenhos efetuados pelas crianccedilas optou-se por enriquecer a ornamentaccedilatildeo da casa da
Lili tendo por base a introduccedilatildeo e desenvolvimento da teacutecnica de colagem teacutecnica essa
que se revelava necessaacuterio implementar mediante um diaacutelogo concretizado com a
educadora cooperante
No entanto natildeo basta querer introduzir tal teacutecnica eacute tambeacutem necessaacuterio
disponibilizar materiais e por isso a estagiaacuteria constatou a existecircncia de uns pedaccedilos de
58 Relembra-se que as brincadeiras livresnatildeo estruturadas satildeo potenciadoras do desenvolvimento da
criatividade na crianccedila (ver 131 Estrateacutegias e oportunidades de aprendizagem)
97
tecido de padrotildees distintos (ver Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo
da casa da Lili) pedaccedilos esses que iriam ser utilizados por outra educadora numa
atividade mas que por motivos alheios natildeo se concretizou
Ora considerando a reutilizaccedilatildeo se possiacutevel de recursos materiais presentes na
instituiccedilatildeo educativa e atendendo agrave simplicidade e facilidade de manipulaccedilatildeo do material
por parte das crianccedilas a estagiaacuteria considerou ser um recurso material adequado para o
efeito pretendido
As crianccedilas aceitaram a atividade tendo ficado bastante curiosas com a
diversidade de configuraccedilotildees que os tecidos apresentavam Mais se acrescenta a sua
liberdade na escolha dos tecidos a usar assim como a sua colagem no lenccedilol que serviu
para constituir a casa da Lili (ver Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na
casa da Lili)
Relativamente agrave intervenccedilatildeo da estagiaacuteria esta assentou exclusivamente no
manuseamento da embalagem de cola liacutequida disponibilizada para a execuccedilatildeo da colagem
dos tecidos (ver Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por
uma crianccedila) jaacute que agrave semelhanccedila das tesouras eacute um recurso material ao qual as crianccedilas
natildeo tecircm acesso nem o podem manipular mesmo sob supervisatildeo do adulto O tipo de cola
disponibilizada agraves crianccedilas trata-se da cola em bastatildeo (soacutelida) poreacutem esse tipo de cola
natildeo era suficiente para efetuar a adesatildeo entre tecidos
Considera-se que a atividade em questatildeo permitiu conforme pode ser deduzido
o desenvolvimento da teacutecnica de colagem para a qual se tornam necessaacuterias as
habilidades motoras finas sendo assim tambeacutem aperfeiccediloadas acrescentando-se o
desenvolvimento do sentido esteacutetico
2535 Montagem da casa da Lili
Apoacutes ter sido concretizada a decoraccedilatildeo da casa da Lili tornou-se pertinente a sua
montagem para que desse modo as crianccedilas pudessem desenvolver as suas brincadeiras
na tatildeo aguardada casa
No entanto antes de se proceder agrave respetiva montagem foi igualmente necessaacuterio
definir o espaccedilo no qual a casa iria ser implementada Mediante um diaacutelogo efetuado com
98
o grupo uma das crianccedilas sugere que a casa da Lili fique situada junto da ldquoaacuterea da
casinhardquo presente no espaccedilo-sala sendo essa ideia da concordacircncia das restantes crianccedilas
que a aceitaram sem hesitaccedilatildeo quando questionadas acerca da sua aprovaccedilatildeo e bastante
pertinente pois acabava por se caracterizar numa possiacutevel relaccedilatildeo entre ambos os espaccedilos
de brincadeira e nos quais as crianccedilas podem desenvolver oportunidades de jogo
semelhantes tais como o jogo simboacutelico por exemplo
Escolhida a aacuterea do espaccedilo-sala eis que surge o momento de definir o modo como
a casa da Lili poderia ser implementada atendendo ao espaccedilo disponibilizado assim
como aos materiais em questatildeo Mais uma vez a crianccedila que opinou acerca do siacutetio no
qual a casa poderia ser implementada volta a expressar-se indicando que esta poderia
ser afixada ao teto Poreacutem desta vez as restantes crianccedilas embora natildeo tenham
apresentado ideias alternativas natildeo se mostraram recetivas agrave sugestatildeo apresentada pela
crianccedila
Apesar da ideia apresentada pela crianccedila ser vaacutelida natildeo poderia ser aplicada uma
vez que as dimensotildees do teto e dos tecidos natildeo satildeo coincidentes em termos de altura logo
natildeo estaria agrave medida das crianccedilas impedindo-as de contactar com o respetivo material
A estagiaacuteria efetuando um processo de reflexatildeo junto das crianccedilas sobre como os
tecidos poderiam ser afixados e considerando ainda a sugestatildeo apresentada por uma das
crianccedilas relativamente agrave afixaccedilatildeo dos tecidos no teto pondera a suspensatildeo dos tecidos ao
teto utilizando materiais que permitissem esse efeito (exemplos fios cordas) e tambeacutem
que os tecidos ficassem agrave altura das crianccedilas
No entanto a educadora cooperante decide juntar-se ao momento de reflexatildeo
vivenciado com as crianccedilas em grande grupo e intervindo junto da estagiaacuteria referindo
que a proposta apresentada natildeo era de todo impossiacutevel de ser concretizada soacute que existia
o risco de alguma crianccedila conseguir alcanccedilar os fios ou cordas puxando-os e
possivelmente rompecirc-los podendo inclusive colocar em causa a seguranccedila das restantes
crianccedilas
Pelos motivos anteriormente indicados e uma vez que crianccedilas e estagiaacuteria natildeo
estavam naquele momento a conceber mais ideias a educadora cooperante sugere a
afixaccedilatildeo dos tecidos a duas mesas mesas essas que se encontravam inutilizadas na
instituiccedilatildeo educativa indicando que dentro das opccedilotildees disponiacuteveis e considerando o
espaccedilo envolvente seria essa a melhor opccedilatildeo a adotar
99
No entanto a estagiaacuteria ficou em certa parte reticente face agrave proposta jaacute que os
movimentos das crianccedilas ao niacutevel da deslocaccedilatildeo motora estariam limitados devido agraves
dimensotildees das mesas acabando ainda assim por aceitar a proposta considerando os
recursos disponiacuteveis assim como a urgecircncia das crianccedilas em desenvolverem as suas
brincadeiras
No que concerne agraves crianccedilas e relativamente agrave proposta apresentada pela
educadora estas mostraram-se recetivas ficando ansiosas pela montagem e respetiva
conclusatildeo da casa da Lili
A estagiaacuteria e a educadora cooperante foram logo apoacutes o diaacutelogo recolher as
mesas e levaacute-las para o espaccedilo-sala a fim de afixar os tecidos agraves mesmas com recurso a
material adesivo (fita-cola) material esse manipulado somente por adultos Por esse
motivo as crianccedilas ficaram a assistir aguardando pela concretizaccedilatildeo da tarefa
Ressalta-se que a montagem da casa da Lili foi efetuada junto da aacuterea da casinha
conforme sugerido por uma das crianccedilas e aprovado pelas restantes respeitando os seus
interesses
Concluiacuteda a afixaccedilatildeo dos tecidos agraves mesas as crianccedilas dirigiram-se de imediato agrave
mesma a fim de a usufruiacuterem poreacutem surgiu um percalccedilo natildeo havia uma ldquoportardquo por onde
as crianccedilas pudessem efetuar as suas entradas e saiacutedas sendo que essas natildeo poderiam ser
realizadas atraveacutes das janelas
Posto isso e dada a necessidade de ter a casa o mais brevemente operacional
nesse dado momento reuniu-se novamente as crianccedilas em grande grupo a fim de se apurar
a concretizaccedilatildeo de uma porta e o respetivo formato Eacute nesse momento e apoacutes lanccedilada a
questatildeo que uma das crianccedilas indica que que a porta para a casa da Lili pode ser igual agrave
porta da sala As restantes crianccedilas ao escutarem a ideia concordam com a mesma tal
era a sua ansiedade de ingressar na casa desenvolvida
Para a execuccedilatildeo da porta a estagiaacuteria recorreu a materiais de corte (tesouras) e
assim que concluiu a tarefa as crianccedilas dirigiram-se para o interior da casa da Lili
algumas delas com objetos que se encontram presentes no espaccedilo-sala onde deram iniacutecio
agraves suas brincadeiras e tambeacutem desenvolveram as suas relaccedilotildees sociais (ver Anexo 31 ndash
Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili) Uma vez que o nuacutemero de
crianccedilas a querer ingressar no interior da casa era elevado optou-se por dividir as crianccedilas
100
em pequenos grupos e fornecer tempo semelhante a cada grupo no que concerne ao
usufruto da casa
Foi durante o decurso do desenvolvimento de brincadeiras na casa da Lili que se
constatou um dos progressos ao niacutevel da linguagem oral mais especificamente produccedilatildeo
oral por parte de uma das crianccedilas que se encontra a desenvolver o discurso telegraacutefico
(ver Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm 10) Tais progressos agrave semelhanccedila de outros
merecem ser registados e discutidos tanto com a crianccedila como com os adultos por si
responsaacuteveis (famiacutelia e educadora) permitindo que a crianccedila seja reconhecida e
valorizada o que por sua vez iraacute despoletar-lhe a autoconfianccedila e auto-estima
2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado
A definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado para a casa da Lili prendeu-se com o facto
de as crianccedilas terem usufruiacutedo de tecidos presentes na aacuterea da casinha e disposto sobre os
tampos das mesas que sustentam os tecidos que constituem a casa da Lili59
Perante tal observaccedilatildeo a estagiaacuteria considerou natildeo soacute interessante mas
igualmente pertinente definir com o grupo o que seria o telhado da casa da Lili e se o
mesmo poderia ser decorado e de que modo Portanto todas as crianccedilas se reuniram a fim
de se efetuar primeiramente a definiccedilatildeo daquilo que seria o telhado Para auxiliar esse
momento recorreu-se mais uma vez ao jogo da memoacuteria no qual constam conforme jaacute
mencionado imagens de oito habitaccedilotildees distintas60 e fez-se a observaccedilatildeo dos telhados
que compunham as diferentes casas atendendo ao facto de esses serem distintos logo
natildeo obedeciam a uma configuraccedilatildeo ldquopadratildeordquo
Mediante visualizaccedilatildeo das imagens o grupo deslocou-se para junto da casa da Lili
com a finalidade de percecionarem que elemento poderia servir de telhado poreacutem as
crianccedilas revelaram alguma dificuldade na respetiva perceccedilatildeo
A estagiaacuteria decidiu assim intervir questionando as crianccedilas acerca do siacutetio onde
em brincadeiras passadas e no preciso dia em que a casa da Lili foi montada colocaram
59 Ver Anexo 31 Figura 33 60 Ver Anexo 18
101
tecidos que se encontravam na aacuterea da casinha Tendo por base essa questatildeo as crianccedilas
de imediato forneceram a resposta esperada e compreenderam tendo por base um diaacutelogo
com a estagiaacuteria que o tampo das mesas poderia ser o telhado da casa da Lili uma vez
que constituiacutea o topo da casa sendo que os telhados ficam na parte superior das
habitaccedilotildees daiacute a relaccedilatildeo loacutegica
Poreacutem uma das crianccedilas interpelou a estagiaacuteria referindo que os tampos natildeo
podiam ser um telhado uma vez que os telhados continham a forma de piracircmide
exemplificando tal forma com as suas matildeos unindo-as A estagiaacuteria aproveitou essa
inferecircncia para indicar agrave crianccedila e simultaneamente agraves restantes que os telhados podem
ter a forma de piracircmide conforme a crianccedila indicou mas podem dispor de outras formas
segundo se tornou passiacutevel de observar atraveacutes do jogo da memoacuteria Inclusive o possiacutevel
telhado da casa da Lili poderia assemelhar-se aos telhados de alguns preacutedios devido agrave sua
configuraccedilatildeo plana A crianccedila indicou ter percebido a explicaccedilatildeo breve e aceitou com
mais convicccedilatildeo a ideia dos tampos das mesas puderem ser vistos como um telhado
No entanto quando se inquiriu o grupo acerca do modo como os tampos podiam
ser ornamentados este natildeo apresentou quaisquer ideias o que levou a estagiaacuteria a
interrogar-se se tal decoraccedilatildeo se revelava necessaacuteria sendo que para esclarecer as suas
duacutevidas optou por interrogar as crianccedilas sobre o dilema as quais responderam
afirmativamente Ateacute que uma das crianccedilas indicou o uso de tintas para a decoraccedilatildeo no
entanto sem mencionar especificamente o que executar com o material indicado
Uma vez que natildeo surgiram ideias por parte do grupo relativamente ao modo como
o telhado poderia ser decorado assim como agrave utilizaccedilatildeo de tintas para a concretizaccedilatildeo da
tarefa a estagiaacuteria optou mais uma vez por intervir sugerindo o uso de tintas valorizando
o interesse natildeo soacute da crianccedila que as indicou mas tambeacutem das restantes jaacute que se trata de
um material de expressatildeo plaacutestica do interesse do grupo
A proposta apresentada pela estagiaacuteria agraves crianccedilas passou pela pintura e
estampagem dos seus peacutes num pedaccedilo de papel de cenaacuterio61 que seria posteriormente
afixado aos tampos das mesas e plastificado com o intuito de evitar a sua degradaccedilatildeo e
salvaguardar a proteccedilatildeo deste Tal proposta foi desenvolvida com o intuito de modificar
61 Por questotildees de seguranccedila a estampagem dos peacutes das crianccedilas natildeo foi efetuada diretamente nos tampos
das mesas
102
o uso que por norma o grupo fazia das tintas utilizando-as somente para efetuar pinturas
em pedaccedilos de papel natildeo explorando partes do seu corpo com essa
Ao escutarem a sugestatildeo da estagiaacuteria as crianccedilas ficaram bastante entusiasmadas
(talvez pela utilizaccedilatildeo diferenciada que iriam efetuar com as tintas) e quiseram proceder
de imediato agrave escolha das tintas Por esse motivo a estagiaacuteria dispocircs junto das crianccedilas
todas as cores de tintas que estavam disponiacuteveis para que estas as escolhessem e assim
colocaacute-las nos recipientes destinados a esse fim Agrave semelhanccedila das tintas tambeacutem foram
disponibilizados os pinceacuteis para que as crianccedilas pudessem recolher a(s) cor(es) de tinta(s)
pretendida(s) e pintar o(s) seu(s) peacute(s) procedendo desse modo agrave sua estampagem no
papel de cenaacuterio
As crianccedilas foram livres de decidir se queriam ser autoacutenomas na pintura e
estampagem dos seus peacutes se queriam apoio por parte de um(a) colega ou da estagiaacuteria
assim como na escolha das cores das tintas podendo-as usar isoladamente ou misturadas
explorando as potencialidades da junccedilatildeo das cores das tintas e os resultados obtidos como
se de um processo de descoberta se tratasse (ver Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos
peacutes das crianccedilas)
Curiosamente a maioria das crianccedilas optou por misturar as cores das tintas tal era
o seu fasciacutenio em observar os efeitos derivados Durante o decorrer da atividade garantiu-
se a disponibilizaccedilatildeo das cores das tintas isoladamente isto eacute sem estarem misturadas
caso alguma crianccedila optasse por as usar sem condicionar as suas decisotildees e execuccedilatildeo da
atividade
Afirma-se que a presente atividade foi essencialmente promotora do
aperfeiccediloamento das habilidades motoras grossas e habilidades motoras finas da
coordenaccedilatildeo motora do desenvolvimento de teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica (ex
estampagem) conhecimento do corpo e conhecimento das cores
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili
Na sequecircncia da atividade de pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas a fim de
se proceder agrave ornamentaccedilatildeo do telhado da casa da Lili uma das crianccedilas para aleacutem de ter
utilizado as tintas para efetuar a pintura do seu peacute tambeacutem as utilizou com o intuito de
103
decorar o vidro junto do qual se situa a casa da Lili e que permite a visualizaccedilatildeo para uma
das salas de creche da instituiccedilatildeo educativa
A estagiaacuteria interrogou a crianccedila acerca do motivo da sua accedilatildeo tendo essa referido
que tinha como objetivo ldquopocircr o vidro bonitordquo62
Ora perante tal momento e uma vez que se tratava da utilizaccedilatildeo de um material
do interesse das crianccedilas estas tambeacutem pretenderam dirigir-se para o vidro com as tintas
a fim de efetuarem a pintura do mesmo sendo necessaacuterio a intervenccedilatildeo da estagiaacuteria jaacute
que a atividade de pintura e estampagem dos peacutes ainda se encontrava a decorrer e havia
crianccedilas agrave espera da sua vez para realizar a atividade
Visto o desejo das crianccedilas ter sido momentacircneo revelou-se necessaacuteria a
formulaccedilatildeo de uma estrateacutegia que o permitisse concretizar Por isso a estagiaacuteria dialogou
com as crianccedilas indicando que caso houvesse tempo assim que a atividade fosse
concluiacuteda poderiam proceder de imediato agrave pintura do vidro Poreacutem acabou por natildeo ser
possiacutevel efetuar a atividade nesse mesmo dia devido agrave gestatildeo de tempo e articulaccedilatildeo com
os outros momentos da rotina consequentes
No entanto a atividade foi efetuada no dia seguinte dada a urgecircncia das crianccedilas
pretenderem efetuar a atividade de pintura do vidro o que levou a que a estagiaacuteria
procedesse a uma flexibilizaccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades replanificando a atividade
que tinha para esse dia para a semana seguinte natildeo tendo tal modificaccedilatildeo condicionado
o planeamento de outras atividades uma vez que foram efetuados os ajustes necessaacuterios
Mais uma vez voltou-se a disponibilizar todas as cores de tintas e deu-se liberdade
agraves crianccedilas para disporem das mesmas consoante desejassem agrave semelhanccedila da atividade
de pintura e estampagem dos peacutes Somente natildeo foram disponibilizados pinceacuteis visto natildeo
se tornarem uacuteteis para a atividade em questatildeo jaacute que o vidro iria ser pintado com recurso
agraves matildeos das crianccedilas tendo algumas optado por simplesmente as estampar outras por
pintar aleatoriamente o vidro derivado da sensaccedilatildeo de prazer resultante da manipulaccedilatildeo
do recurso material fornecido (tintas) e do movimento cinesteacutesico (ver Anexo 34 ndash Pintura
do vidro junto do qual se situa a casa da Lili)
62 Transcriccedilatildeo das palavras mencionadas pela crianccedila
104
Durante o decurso da atividade uma das crianccedilas indicou que a tinta ldquoeacute fia e
fofinhardquo63 que acabou por se tornar numa oportunidade para a estagiaacuteria em atividades
posteriores e relacionadas com o projeto ou natildeo dependendo daquilo que as crianccedilas
pretendessem desenvolver desenvolver junto das crianccedilas aprendizagens relacionadas
com o conhecimento do mundo fiacutesico mais especificamente quanto agraves sensaccedilotildees teacutermicas
e texturas
Uma outra crianccedila apoacutes ter recolhido algumas das cores de tintas disponibilizadas
e tendo efetuado fricccedilatildeo com as suas matildeos e originado uma nova cor dirigiu-se
espontaneamente para a estagiaacuteria e referiu ldquoUau Olha Lilirdquo64 tal era a sua surpresa ao
percecionar o processo e produto da mistura de cores (ver Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as
suas matildeos com cor de tinta resultante da mistura de outras cores)
Concluiacuteda a atividade que foi expandida para aleacutem do tempo definido para a
mesma expansatildeo essa derivada do imenso entusiasmo e satisfaccedilatildeo sentida pelas crianccedilas
face agrave execuccedilatildeo da tarefa a estagiaacuteria escuta uma das crianccedilas a mencionar ldquoQue penardquo65
fazendo questatildeo de a abordar a fim de averiguar a causa de tal afirmaccedilatildeo (ver Anexo 36
ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11)
Foi efetuado apoacutes o teacutermino da atividade um diaacutelogo pela estagiaacuteria com cada
uma das crianccedilas a fim de apurar o que tinham pintado no vidro constatando-se a
realizaccedilatildeo de elementos da natureza (um Sol efetuado por uma das crianccedilas e flores
efetuadas pelas restantes) seres vivos (animais de variadas espeacutecies) e objetos (bolas)66
Relembra-se que Lowenfeld amp Brittain (1977) afirmam a existecircncia de
significados atribuiacutedos pelas crianccedilas na concretizaccedilatildeo das suas expressotildees visuais
cabendo ao educador reconhececirc-los e dotaacute-los de importacircncia natildeo soacute para si contribuindo
63 Transcriccedilatildeo das palavras utilizadas pela crianccedila A crianccedila refere ldquofiardquo querendo indicar ldquofriardquo 64 Transcriccedilatildeo da expressatildeo indicada pela crianccedila
65 Transcriccedilatildeo do conjunto de palavras referidas pela crianccedila
66 A estagiaacuteria optou por concretizar o diaacutelogo no fim da atividade e natildeo no seu iniacutecio para permitir o
desabrochar da imaginaccedilatildeo das crianccedilas durante o decurso da tarefa evitando a limitaccedilatildeo das suas ideias
face agravequilo que poderiamiriam concretizar O facto de o diaacutelogo ter sido efetuado individualmente com
cada uma das crianccedilas prende-se com o facto de se pretender evitar a influecircncia de ideias entre as
crianccedilas condicionando a autenticidade das mesmas
105
para a sua perceccedilatildeo relativamente aos desenvolvimentos efetuados pelas crianccedilas mas
tambeacutem e nomeadamente para a crianccedila que se sentiraacute valorizada
Afirma-se a potencialidade desta atividade relativamente agrave promoccedilatildeo do
aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas reconhecimento e identificaccedilatildeo de partes
do corpo desenvolvimento do sentido esteacutetico conhecimento das cores trabalho
colaborativo e trabalho cooperativo
2538 Realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Derivado do momento no qual as crianccedilas apoacutes a montagem da casa da Lili
levaram alguns dos recursos materiais presentes no espaccedilo-sala67 recursos esses que
fazem parte das brincadeiras que desenvolvem considerou-se pertinente a sugestatildeo de
realizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili que iriam ficar disponiacuteveis nesta e que podiam
ser utilizados livremente pelas crianccedilas no desenvolvimento das suas atividades
considerando ainda o facto de que a retirada de alguns dos objetos dos espaccedilos a eles
destinados consoante as atividades que as crianccedilas pretendam desenvolver pode
condicionar negativamente aquelas que os queiram manusear ao niacutevel das oportunidades
de brincadeira e desenvolvimento de aprendizagens
Conforme indicado foi efetuada junto do grupo a sugestatildeo da concretizaccedilatildeo de
tais objetos tendo sido prontamente aprovada pelas crianccedilas Por isso e para a
concretizaccedilatildeo da atividade foi realizada juntamente com as crianccedilas massa de farinha68
a qual foi dividida em porccedilotildees sendo que algumas porccedilotildees receberam por parte das
crianccedilas corante alimentar isoladamente ou efetuando mistura entre as cores de corantes
disponiacuteveis com o intuito de as crianccedilas continuarem o desenvolvimento de saberes no
67 Ver 2535 Montagem da casa da Lili
68 A opccedilatildeo pelo desenvolvimento de massa de farinha relaciona-se com o facto de esta apresentar menos
riscos para a sauacutede das crianccedilas em caso de ingestatildeo uma vez que se trata de geacuteneros alimentares o que
natildeo ocorre ao inveacutes da plasticina e do barro por exemplo Mais se acrescenta que foi tido o cuidado de
verificar a possiacutevel existecircncia de alergias por parte de alguma crianccedila a cada um dos componentes
alimentares a ser utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade tendo-se constatado que nenhuma das crianccedilas
apresentava alergia aos componentes caso contraacuterio revelava-se necessaacuterio o planeamento de uma nova
atividade que permitisse a mesma intencionalidade [concretizaccedilatildeo manual de objetos] e visasse
sobretudo o bem-estar fiacutesico das crianccedilas
106
que concerne agraves cores como tinha vindo a ser promovido atraveacutes de atividades
anteriormente realizadas69
Aleacutem disso tambeacutem se efetuou uma breve abordagem com as crianccedilas no que
concerne aos recursos utilizados para a concretizaccedilatildeo da respetiva massa de farinha sendo
esses aacutegua farinha oacuteleo e sal fazendo-se a associaccedilatildeo entre nome-objeto e explorando
as suas propriedades ao niacutevel de cheiro cor e textura
Afirma-se ainda que as crianccedilas poderiam no decurso da atividade juntar e
misturar pedaccedilos das porccedilotildees de massa de farinha de cores distintas
Para a concretizaccedilatildeo da atividade algumas crianccedilas pretenderam dispor de
utensiacutelios que pudessem ser utilizados para manipular a massa de farinha tais como rolos
e objetos de corte70 utensiacutelios esses que a estagiaacuteria considerou terem potencial na
promoccedilatildeo do desenvolvimento das ideias derivadas das crianccedilas relativamente ao modo
de operacionalizaccedilatildeo (ver Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos
para a casa da Lili e Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili)
Mediante a conclusatildeo da atividade a estagiaacuteria ia questionando individualmente
cada crianccedila71 acerca do objeto que tinha desenvolvido (ver Anexo 39 ndash Objetos
desenvolvidos pelas crianccedilas e Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada
crianccedila) jaacute que aleacutem de ser do interesse percecionar as concretizaccedilotildees das crianccedilas visto
estarem dotadas de significado crecirc-se que tal accedilatildeo contribui para a valorizaccedilatildeo das
criaccedilotildees das crianccedilas e consequente estiacutemulo da sua autoconfianccedila Mais se afirma que
durante o decurso da atividade natildeo se constatou a partilha de ideias entre crianccedilas visto
que cada qual se encontrava a executar a tarefa com bastante autonomia
Posteriormente as concretizaccedilotildees das crianccedilas foram apresentadas pelas mesmas
em grande grupo dando a conhecer os seus desenvolvimentos entre si jaacute que se defende
que aleacutem do adulto as crianccedilas devem igualmente ter conhecimento acerca das
69 Ver 2532 Decoraccedilatildeo da casa da Lili (garatujas) 2536 Definiccedilatildeo e ornamentaccedilatildeo do telhado e
2537 Decoraccedilatildeo do espaccedilo envolvente da casa da Lili 70 Os materiais disponibilizados [rolos e objetos de corte] eram de plaacutestico e natildeo continham pontas ou
bordas afiadas considerando a seguranccedila das crianccedilas
71 A abordagem individual de cada crianccedila relaciona-se com a tentativa de evitar a influecircncia de ideias
entre crianccedilas (vai de encontro ao que foi mencionado na nota de rodapeacute nordm66)
107
realizaccedilotildees dos colegas sendo um meio para a potencializaccedilatildeo da partilha do
desenvolvimento e da aquisiccedilatildeo de aprendizagens
Apoacutes a secagem dos objetos atraveacutes da sua exposiccedilatildeo ao ar as crianccedilas
usufruiacuteram dos mesmos na casa da Lili partilhando as suas concretizaccedilotildees entre si sendo
um progresso ao niacutevel do desenvolvimento da capacidade de partilha do grupo e por
conseguinte do decreacutescimo de situaccedilotildees de conflito Constatou-se tambeacutem uma menor
procura e afluecircncia das crianccedilas aos recursos materiais presentes em cada uma das aacutereas
da sala e posterior ingresso na casa da Lili tendo acabado por ir de encontro ao objetivo
estipulado no que concerne ao planeamento da atividade em questatildeo
Perspetiva-se que a atividade concretizada permitiu a introduccedilatildeo a mais uma
teacutecnica de expressatildeo plaacutestica a modelagem expandindo os conhecimentos das crianccedilas
relativamente ao domiacutenio das artes assim como e nomeadamente o conhecimento das
cores conforme jaacute indicado aperfeiccediloamento de habilidades motoras finas e
conhecimento do mundo no que diz respeito aos recursos utilizados para a produccedilatildeo da
massa de farinha (farinha aacutegua sal oacuteleo) e suas caracteriacutesticas
254 Avaliaccedilatildeo e Divulgaccedilatildeo
2541 Avaliaccedilatildeo
Segundo Silva et al (2016) a avaliaccedilatildeo torna-se essencial na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo assumindo-se como ldquo(hellip) forma de conhecimento direcionada para
a accedilatildeordquo (p15)
Avaliar implica uma anaacutelise e reflexatildeo preacutevias agrave accedilatildeo pedagoacutegica desenvolvida
com o intuito de melhorar a qualidade das praacuteticas educativas e adequar a planificaccedilatildeo
para que se revele contextualizada agraves mesmas e ainda significativa (Rodrigues 2004
Silva et al 2016)
25411 Crianccedilas
A avaliaccedilatildeo do projeto desenvolvida com as crianccedilas foi efetuada de forma
sistemaacutetica e contiacutenua com o objetivo de se percecionar mediante o que expressavam e
considerando competecircncias interesses e necessidades o que se revelava necessaacuterio ser
108
modificado ou introduzido visando tambeacutem a melhor promoccedilatildeo face ao desenvolvimento
das aprendizagens
Silva et al (2016) indicam que envolver as crianccedilas no processo de avaliaccedilatildeo
permite aleacutem da sua colaboraccedilatildeo no seu proacuteprio processo de aprendizagem o
desenvolvimento cognitivo e da linguagem
Quando se fala em avaliaccedilatildeo esta natildeo se direciona para questotildees quantitativas
mas sim qualitativas e no que concerne ao processo e natildeo agrave proacutepria crianccedila
Relativamente agraves oportunidades para momentos de avaliaccedilatildeo com as crianccedilas tais
momentos concretizavam-se apoacutes a execuccedilatildeo das atividades a ser concretizadas isto eacute
nos momentos de transiccedilatildeo antecedentes ao momento de higiene e almoccedilo solicitando agraves
crianccedilas envolvidas nas atividades propostas a demonstrar agraves restantes o que tinham
realizado de que modo se tinham gostado ou natildeo de fazer e tambeacutem se destacavam algo
mais positivo ou negativo assim como se mudariam algo nas atividades concretizadas
caso as fossem efetuar futuramente
Considera-se que o feedback das crianccedilas constitui informaccedilatildeo fulcral e pertinente
acerca da praacutetica desenvolvida e consequente adaptaccedilatildeo da mesma por parte do educador
constituindo ainda um meio essencial agrave planificaccedilatildeo sendo o processo de avaliaccedilatildeo a base
de desenvolvimento dessa
Silva et al (2016) indicam que ldquoO desenvolvimento da accedilatildeo planeada desafia oa
educadora a questionar-se sobre o que as crianccedilas experienciaram e aprenderam se o que
foi planeado correspondeu ao pretendido e o que pode ser melhorado sendo este
questionamento orientador da avaliaccedilatildeordquo (p15)
Acrescenta-se ainda que os processos de avaliaccedilatildeo e planificaccedilatildeo satildeo
indissociaacuteveis jaacute que se condicionam mutuamente Silva et al (2016) afirmam que a
avaliaccedilatildeo tem caraacutecter uacutetil caso influencie a planificaccedilatildeo e o respetivo desenvolvimento
sendo que por sua vez a planificaccedilatildeo soacute se torna significativa se assentar num processo
avaliativo que seja processado de modo persistente
25412 Famiacutelias
Conforme jaacute designado o processo de avaliaccedilatildeo deve envolver as crianccedilas jaacute que
estas devem ser sujeitos ativos do seu proacuteprio processo de aprendizagem
109
Poreacutem as suas famiacutelias tambeacutem se assumem como intervenientes no
desenvolvimento do processo educativo das crianccedilas visto serem as principais
responsaacuteveis pela sua educaccedilatildeo
Crecirc-se igualmente que a sua opiniatildeo eacute relevante para a adequaccedilatildeo e formulaccedilatildeo
de praacuteticas desenvolvidas em meio educacional que estejam em concordacircncia com as suas
conceccedilotildees no que concerne ao ambiente educativo (Silva et al 2016)
Ora considerando tais perspetivas e uma vez que foram desenvolvidos dois
dispositivos cuja finalidade passou pelo envolvimento das famiacutelias no projeto levado a
cabo72 revelou-se igualmente pertinente conhecer as opiniotildees das mesmas perante o
trabalho de projeto desenvolvido
Para isso optou-se por desenvolver um breve questionaacuterio acompanhado por uma
explicaccedilatildeo sucinta acerca da progressatildeo do projeto (ver Anexo 17 ndash Documento
concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias face ao projeto)
Ressalta-se que embora seja usado o termo ldquoenvolvimento parentalrdquo como
referecircncia agrave integraccedilatildeo das famiacutelias e possiacuteveis ambiguidades acerca dos intervenientes
que caracterizam tal conceito optou-se por referenciar a palavra ldquofamiacuteliasrdquo e natildeo ldquopaisrdquo
uma vez que dadas as estruturas familiares da sociedade atual considera-se ser mais
adequada a abordagem ao conceito de famiacutelia jaacute que nem sempre satildeo os proacuteprios
progenitores que deteacutem a guarda da crianccedila nem oferecem os cuidados e educaccedilatildeo
necessaacuterios
Sousa amp Sarmento (2010) referem que nos tempos atuais as famiacutelias
caracterizam-se pelas suas variadas tipologias e modelos conferindo ao conceito de
famiacutelia um caraacutecter heterogeacuteneo e pluralista
No entanto ao inveacutes do sucedido com os dispositivos concretizados o documento
redigido com o intuito de obter a opiniatildeo das famiacutelias relativamente ao projeto natildeo fora
sucedido como previsto pois somente trecircs das famiacutelias forneceram resposta ao mesmo
limitando a avaliaccedilatildeo do projeto implementado relativamente agraves famiacutelias
72 Ver Anexo 15 - Boneca Lili e o seu diaacuterio
110
Apesar da limitaccedilatildeo existente as respostas obtidas receberam a devida atenccedilatildeo e
anaacutelise com o objetivo de compreender a perceccedilatildeo de certas famiacutelias
Relativamente agrave opiniatildeo das famiacutelias acerca do projeto desenvolvido essas
revelaram-se positivas sendo que ambas destacam a promoccedilatildeo e potencializaccedilatildeo da
ligaccedilatildeo entre escola-famiacutelia
Uma das famiacutelias afirmou ainda o enriquecimento da relaccedilatildeo entre os cuidadores
da crianccedila isto eacute famiacutelias e educadora outra famiacutelia considerou que o projeto despertou
na crianccedila pela qual eacute responsaacutevel bastante entusiasmo e por fim uma outra famiacutelia
alegou que o facto do projeto promover a ligaccedilatildeo escola-famiacutelia conforme jaacute
mencionado contribuiu igualmente para a integraccedilatildeo da crianccedila no ambiente educativo
ressaltando ainda a associaccedilatildeo da histoacuteria claacutessica ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo ao respetivo
projeto constituindo por sua vez uma relaccedilatildeo de semelhanccedila interessante73
No que concerne agrave relaccedilatildeo escola-famiacutelia Sousa amp Sarmento (2010) ressaltam a
importacircncia dessa parceria e colaboraccedilatildeo entre sujeitos jaacute que ambos satildeo responsaacuteveis
pela educaccedilatildeo da crianccedila natildeo se devendo verificar subalternizaccedilatildeo de papeacuteis
Poreacutem tal parceria embora faccedila referecircncia a dois sujeitos deve-se incluir um
terceiro sujeito que se trata da proacutepria crianccedila enquanto sujeito ativo do seu processo de
desenvolvimento pessoal e social (Sarmento 2005)
Tais relaccedilotildees acarretam benefiacutecios para educadores e famiacutelias que trabalham
conjuntamente com o intuito de proporcionar as melhores condiccedilotildees ao niacutevel de educaccedilatildeo
e cuidados agrave crianccedila valorizando-se mutuamente e tambeacutem para as crianccedilas que acabam
por se sentir reconhecidas e valorizadas aleacutem de se enquadrarem de forma mais positiva
face ao ambiente educativo e processo de aprendizagem (Sousa 1998 citado por Sousa
amp Sarmento 2010 p149)
Relativamente aos contributos que o projeto pocircde fornecer ao desenvolvimento
das crianccedilas as famiacutelias indicaram
73 Relembra-se que Rodrigues (2004) jaacute indicava que ldquoA arte estaacute em conseguir criar uma analogia
pertinente com o tema que se pretende desenvolver (hellip)rdquo (p64)
111
- trabalho colaborativo e cooperativo na medida em que as crianccedilas necessitam
de participar e se ajudar mutuamente relativamente agrave concretizaccedilatildeo das atividades
- desenvolvimento da linguagem (oral) face agrave expressatildeo das suas opiniotildees e
ideias assim como a abordagem e explicaccedilatildeo das atividades concretizadas agraves suas
famiacutelias
- desenvolvimento da memoacuteria ao recordarem o que foi sendo realizado
- desenvolvimento da imaginaccedilatildeo ao recorrerem ao pensamento para originar
ideias sendo este desenvolvimento considerado de extrema importacircncia para uma das
famiacutelias
- desenvolvimento pessoal e social promovida pelas aprendizagens que as crianccedilas
vatildeo efetuando ao realizar atividades e momentos de interaccedilatildeo com outras crianccedilas
Afirma-se assim o reconhecimento das famiacutelias relativamente agrave potencialidade de
um projeto no desenvolvimento da crianccedila conferindo-lhe um caraacutecter pedagoacutegico
Vasconcelos et al (2011) afirmam que ldquo(hellip) realizar projectos com as crianccedilas eacute
proporcionar-lhes uma valiosa ajuda ao seu desenvolvimentordquo (p12)
2542 Divulgaccedilatildeo
Divulgar um trabalho de projeto eacute dar a conhecer aos outros aquilo que foi
desenvolvido podendo-se enveredar no que diz respeito agrave apresentaccedilatildeo por variadas
maneiras (Vasconcelos 1998)
A crianccedila ao efetuar a divulgaccedilatildeo do trabalho concretizado necessita de refletir
acerca dos conhecimentos possuiacutedos para que os possa transmitir aos restantes tornando-
os igualmente uacuteteis a esses (Vasconcelos 1998 Vasconcelos et al 2011)
No que concerne agrave divulgaccedilatildeo do projeto desenvolvido junto de crianccedilas
educadoras e auxiliares do mesmo espaccedilo educativo esta foi efetuada de forma contiacutenua
jaacute que natildeo se procedeu a uma apresentaccedilatildeo ldquoformalrdquo para se dar a conhecer o mesmo
sendo que esse processo era feito pelas crianccedilas enquanto sujeitos ativos do seu processo
de aprendizagem e principais responsaacuteveis do projeto expressando e dando a conhecer o
que fora realizado quer quando questionados ou por iniciativa proacutepria a outras crianccedilas
112
e adultos responsaacuteveis quando se deslocavam para a sua sala no periacuteodo da tarde em
horaacuterios poacutes letivo
As outras crianccedilas e adultos tiveram oportunidade de contactar e observar tudo
aquilo que ia sendo concretizado jaacute que o(s) produto(s) resultantes dos processos das
atividades desenvolvidas pelas crianccedilas eram afixados ateacute para que as proacuteprias os
pudessem contemplar considerando-se o contributo de tal exposiccedilatildeo essencial para o
fomento da sua auto-estima e confianccedila
Ao expor os trabalhos desenvolvidos pelas crianccedilas o educador reconhece e
valoriza as concretizaccedilotildees destas [das crianccedilas] (Thornton amp Brunton 2014)
Os elogios expressos por adultos do ambiente educativo (educadoras e auxiliares)
assim como as expressotildees de admiraccedilatildeo das crianccedilas que natildeo aquelas responsaacuteveis pelo
projeto desperta um sentimento de gratificaccedilatildeo relativamente ao desejo intriacutenseco de levar
tal projeto avante
Relativamente agraves famiacutelias das crianccedilas integradas no projeto a divulgaccedilatildeo
efetuou-se atraveacutes da partilha por via eletroacutenica das atividades que iam sendo
concretizadas pelas crianccedilas
Tambeacutem surgiu como ideia a ida agrave instituiccedilatildeo educativa por parte das famiacutelias
durante o periacuteodo no qual esteve a decorrer o processo de desenvolvimento do projeto
com o intuito de lhes permitir contactar diretamente com tais atividades e realizaccedilotildees o
que natildeo foi possiacutevel devido agraves normas da instituiccedilatildeo educativa em causa
Perante tal limitaccedilatildeo eis que surge entatildeo nova proposta para tentar divulgar o
projeto junto das famiacutelias desta vez jaacute na sua fase de conclusatildeo Tal proposta foi aceite
soacute que desta vez as limitaccedilotildees prenderam-se com a indisponibilidade e incompatibilidade
de dias e horaacuterios das famiacutelias o que levou e apoacutes diaacutelogo com a educadora cooperante
a que a divulgaccedilatildeo deste projeto no espaccedilo educacional no qual foi promovido natildeo
ocorresse
Considera-se que a instituiccedilatildeo educativa poderia repensar e refletir acerca das suas
ldquopoliacuteticas educativasrdquo no que concerne ao denominado ldquoenvolvimento parentalrdquo de modo
a desenvolver e expandir oportunidades de participaccedilatildeo das famiacutelias no ambiente
educativo jaacute que estas conforme referem Sousa amp Sarmento (2010) satildeo ambas
responsaacuteveis pela formaccedilatildeo da crianccedila devendo atuar como parceiros
113
3 Consideraccedilotildees finais
Chega o momento de analisar e refletir acerca de todo o trabalho desenvolvido
percecionando as suas potencialidades e limitaccedilotildees e reforccedilando a problemaacutetica sobre a
qual o presente relatoacuterio se baseia e desencadeia
Com base na formulaccedilatildeo do fio condutor que servisse de orientaccedilatildeo agrave
concretizaccedilatildeo do presente relatoacuterio respeitante agrave problemaacutetica assim como aos objetivos
definidos para o mesmo foi desenvolvido um enquadramento teoacuterico que permitisse
fornecer respostas aos aspetos anteriormente referidos [problemaacutetica e definiccedilatildeo de
objetivos] e que por sua vez constituiacutesse o apoio necessaacuterio ao desenvolvimento de uma
metodologia de trabalho pedagoacutegico metodologia essa assente na realizaccedilatildeo de um
trabalho de projeto junto de um grupo de crianccedilas da valecircncia de Creche valecircncia essa
integrante da Educaccedilatildeo de Infacircncia cuja principal intencionalidade fosse a estimulaccedilatildeo
do desenvolvimento da criatividade na crianccedila tendo por base a adequaccedilatildeo de um
ambiente educativo que permitisse a concretizaccedilatildeo de tal intencionalidade
A par da criatividade o trabalho de projeto desenvolvido tambeacutem permitiu a
potencializaccedilatildeo do desenvolvimento de outras competecircncias essenciais agrave crianccedila
considerando o seu desenvolvimento motor cognitivo e psicossocial perspetivando-se
um desenvolvimento integrado
Para possibilitar a adequaccedilatildeo de um ambiente promotor do estiacutemulo do potencial
criativo da crianccedila revelou-se necessaacuteria uma reflexatildeo acerca do enquadramento teoacuterico
desenvolvido nomeadamente no que concerne agraves estrateacutegias e oportunidades de
aprendizagem e a fatores favoraacuteveis agrave promoccedilatildeo do respetivo ambiente jaacute que a expressatildeo
criativa da crianccedila eacute condicionada por esse
Ressalta-se que a adequaccedilatildeo do ambiente educativo deve natildeo soacute considerar os
fatores condicionantes agrave promoccedilatildeo do desenvolvimento da criatividade na crianccedila mas
tambeacutem e sobretudo as caracteriacutesticas das crianccedilas respeitando as suas competecircncias
necessidades e interesses ateacute porque a formulaccedilatildeo do ambiente educativo iraacute ditar a
promoccedilatildeo ou repreensatildeo do desenvolvimento de cada crianccedila cabendo ao educador o
cuidado na concretizaccedilatildeo do mesmo
114
Mais se afirma que nem soacute a preocupaccedilatildeo com o desenvolvimento de
oportunidades de aprendizagem esteve presente tambeacutem o cuidado com cada crianccedila foi
fator de igual relevacircncia jaacute que educaccedilatildeo e cuidado devem estar interligadas Nesta
perspetiva Oliveira-Formosinho (2002 citado por Craveiro 2011 p95) indica que a
Creche constitui um local no qual se desenvolve uma soacutelida relaccedilatildeo entre o cuidar e o
educar
Como natildeo poderia deixar de ser foi promovida a participaccedilatildeo das famiacutelias das
crianccedilas na intervenccedilatildeo educativa desenvolvida uma vez que aleacutem de constituiacuterem
juntamente com os profissionais de educaccedilatildeo de infacircncia os responsaacuteveis pela crianccedila
assumem-se como sujeitos integrantes no processo educativo da crianccedila acrescentando-
se que a parceria entre educadores e famiacutelias constitui uma mais-valia para ambos
inclusive para a crianccedila mediante a partilha acerca do progresso da crianccedila e adequaccedilatildeo
do ambiente educativo tendo em consideraccedilatildeo o seu desenvolvimento contiacutenuo e pleno
Ainda relativamente agrave participaccedilatildeo das famiacutelias no trabalho de projeto levado a
cabo eacute neste acircmbito que se constata a existecircncia de limitaccedilotildees ao desenvolvimento do
presente trabalho sendo que uma das limitaccedilotildees se relaciona com a baixa adesatildeo das
famiacutelias agrave participaccedilatildeo no inqueacuterito acerca do projeto desenvolvido limitando por sua
vez a perceccedilatildeo da estagiaacuteria quanto agraves potencialidades do mesmo junto das famiacutelias e das
suas crianccedilas e outra das limitaccedilotildees prende-se com o facto da impossibilidade das
famiacutelias poderem acompanhar diretamente o desenrolar do projeto impossibilidade essa
derivada por parte da instituiccedilatildeo educativa
Uma vez que conforme indicado a praacutetica educativa ocorreu no contexto de
Creche importa referir a importacircncia por parte dos educadores no reconhecimento da
crianccedila enquanto ser competente para desenvolver e adquirir as suas proacuteprias
aprendizagens delineando o seu processo educativo (Rinaldi 1999 citado por Craveiro
2011 p100)
Em concordacircncia com o que foi designado acima Craveiro (2011) e Portugal
(2011) defendem que a crianccedila deve ser considerada como sujeito ativo relativamente ao
processo de aprendizagem implicando para isso que o educador tenha consciecircncia do seu
papel enquanto promotor de oportunidades fornecendo liberdade e apoio agrave crianccedila para
explorar intervir decidir e agir
115
Portugal (2011) alerta ainda para a pertinecircncia do ambiente educativo em creche
jaacute que o modo como o educador o formula e adequa influencia a qualidade das
experiecircncias educativas podendo essas ser positivas ou negativas consoante o tipo de
ambiente proporcionado devendo esse ser pensado para todas as crianccedilas mas tambeacutem
para cada crianccedila atendendo agraves caracteriacutesticas individuais de cada qual nas quais se
inserem as competecircncias as necessidades e os interesses Diga-se que natildeo existem duas
crianccedilas iguais logo as praacuteticas devem ser diferenciadoras sem pocircr em causa o grupo de
crianccedilas
Quanto agrave criatividade esta deve ser desenvolvida na educaccedilatildeo em geral
considerando as modalidades que a integram e na Creche sendo o educador responsaacutevel
pela oferta de ambientes educativos favoraacuteveis ao respetivo desenvolvimento da crianccedila
Tal competecircncia e respetivo desenvolvimento satildeo igualmente pertinentes para a formaccedilatildeo
das crianccedilas integrantes da 1ordf infacircncia isto eacute cuja faixa etaacuteria vai ateacute aos 36 meses (New
Jersey Department of Education 2013 Teaching Strategies 2016)
Apesar da pertinecircncia para o enquadramento e promoccedilatildeo do desenvolvimento da
criatividade em contextos educativos ainda se verificam lacunas e dicotomias no que diz
respeito natildeo soacute agrave Creche mas tambeacutem ao Sistema Educativo Portuguecircs
Relativamente agraves associaccedilotildees educativas investigadas e denominadas no presente
relatoacuterio a APEI e a AEDC constata-se que por parte da APEI eacute evidente o
reconhecimento da importacircncia do desenvolvimento de ambientes educativos promotores
do desenvolvimento do potencial criativo da crianccedila em contexto de educaccedilatildeo de infacircncia
jaacute que tal associaccedilatildeo quando contactada acerca dessa questatildeo indicou e passo a citar
ldquoCom certeza que na educaccedilatildeo de infacircncia se devem criar as condiccedilotildees que promovam a
criatividade das crianccedilas nos diferentes contextos de vida das mesmasrdquo
Por outro lado a AEDC natildeo reconhece a Creche no que concerne ao
desenvolvimento de accedilotildees de formaccedilatildeo sendo possiacutevel mediante leitura no website da
associaccedilatildeo mencionada que as formaccedilotildees desenvolvidas apresentam somente como
destinataacuterios a EPE o Ensino Baacutesico e o Ensino Secundaacuterio Tentou-se contactar a
associaccedilatildeo em causa a fim de apurar tal limitaccedilatildeo no entanto sem sucesso
Posto isto alerta-se para a reestruturaccedilatildeo da educaccedilatildeo em Portugal com o intuito
de natildeo soacute enquadrar de forma mais evidente a promoccedilatildeo da criatividade na documentaccedilatildeo
legislativa mas tambeacutem proporcionar praacuteticas promotoras do desenvolvimento do
116
potencial criativo dos educandos assim como dos profissionais de educaccedilatildeo jaacute que eacute
igualmente essencial a sua formaccedilatildeo tendo em vista a estruturaccedilatildeo de ambientes
educativos que possibilitem tal desenvolvimento junto das crianccedilas e jovens
Considerando que a criatividade se trata de uma competecircncia a ser desenvolvida
continuamente deveria constar uma maior preocupaccedilatildeo com o enquadramento da
criatividade nas vaacuterias modalidades de educaccedilatildeo e aacutereasconteuacutedos de aprendizagem
perspetivando-se o seu desenvolvimento sistemaacutetico transacional e ainda transversal
Por fim pretende-se referir que o desenvolvimento da criatividade em ambiente
educativo eacute de extrema importacircncia visto a criatividade ser mais do que uma
competecircncia intriacutenseca ao ser humano passiacutevel de ser estimulada um modo de vida
permitindo agraves crianccedilas e jovens a expansatildeo das suas perspetivas e horizontes assim como
a formulaccedilatildeo ou reformulaccedilatildeo de formas de pensar e agir perante determinadas situaccedilotildees
considerando o seu benefiacutecio pessoal e daqueles que o rodeiam
117
Bibliografia
Alencar E (1986) Criatividade e ensino Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 6(1) 13-16
httpsdxdoiorg101590S1414-98931986000100004
Alencar E (1992) Como desenvolver o potencial criador um guia para a liberaccedilatildeo da
criatividade em sala de aula (2ordf ed) Petroacutepolis Vozes
Alencar E (1998) Desenvolvendo o potencial criador 25 anos de pesquisa Cadernos de
Psicologia 4(1) 113-122 Disponiacutevel em
httpsrepositorioucbbrjspuihandle1234567897374
Alencar E (2001) Obstacles to personal creativity among university students Gifted Education
International 15(2) 133-140 Recuperado de
httpciteseerxistpsueduviewdocdownloaddoi=10118814856amprep=rep1amptype=pdf
Alencar E (2007) Criatividade no contexto educacional trecircs deacutecadas de pesquisa Psicologia
Teoria e Pesquisa 23 45-49 httpsdxdoiorg101590S0102-37722007000500008
Alencar E (2008) DESFAZENDO OS MITOS SOBRE A CRIATIVIDADE Fundaccedilatildeo
Catarinense de Educaccedilatildeo Especial Disponiacutevel em
httpwwwfceescgovbrindexphpbuscasearchword=alencarampsearchphrase=all
Alencar E amp Fleith D (2004) Inventaacuterio de Praacuteticas Docentes que Favorecem a Criatividade
no Ensino Superior Psicologia Reflexatildeo e Criacutetica 17(1) 105-110
httpsdxdoiorg101590S0102-79722004000100013
Alencar E amp Fleith D (2010) Escala de praacuteticas docentes para a criatividade na educaccedilatildeo
superior Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 9(1) 13-24 Recuperado de
httppepsicbvsaludorgscielophpscript=sci_arttextamppid=S1677-04712010000100003
Alencar E Fleith D amp Pereira N (2017) Creativity in Higher Education Challenges and
Facilitating Factors Temas em Psicologia 25(2) 553-561 httpsdxdoiorg109788TP20172-
09
Alencar E amp Martiacutenez A (1998) Barreiras agrave expressatildeo da criatividade entre profissionais
brasileiros cubanos e portugueses Psicologia Escolar e Educacional 2(1) 23-32 Recuperado
de httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1413-
85571998000100003amplng=enamptlng=pt
118
Almeida G amp Almeida G (2015) Criatividade conceito e reflexatildeo Estado escola e sociedade
na perspectiva da internacionalizaccedilatildeo Desafios Das Poliacuteticas Puacuteblicas Docentes Nos Planos De
Educaccedilatildeo 8(1) Recuperado de httpseventossetedubrindexphpenfopearticleview1457
Amabile T (2012) Componential Theory of Creativity Harvard Business School Working
Paper 96(12) Recuperado de httpswwwhbsedufacultyPagesitemaspxnum=42469
Anderson H (1960) The Nature of Creativity Studies in Art Education 1(2) 10-17 DOI
1023071319842
Aragoacuten O (2005) Algunos indicadores para el desarrollo de la creatividad In Gomeacutez Cumpa J
(Org) Desarrollo de la Creatividad (pp119-122) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash
UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Arrizabalaga E (2014) Anaacutelisis del concepto de creatividad y metodologiacuteas procesuales en
treinta artistas vascas contemporaacuteneas (Tese de Doutoramento) Universidad del Paiacutes Vasco
Recuperado de httphdlhandlenet1081014748
Barboza L amp Volpini M (2015) O faz de conta simboacutelico representativo ou imaginaacuterio
Cadernos de Educaccedilatildeo Ensino e Sociedade 2(1) 1-12 Recuperado de
httpunifafibecombrrevistasonlinearquivoscadernodeeducacaosumario350604201520020
8pdf
Bastos G (1999) Literatura infantil e juvenil Lisboa Universidade Aberta
Braumann M (2009) Questotildees e razotildees Criatividade artiacutestica e criatividade cientiacutefica Noesis
77 26-31 Recuperado de
http19313722207imageswinlibimgaspxskey=ampdoc=144044ampimg=1290ampsave=true
Cachia R Ferrari A Ala-Mutka K amp Punie Y (2010) Creative Learning and Innovative
Teaching Final Report on the Study on Creativity and Innovation in Educationin the EU Member
States Luxembourg Publications Office of the European Union DOI 10279152913
Caldwell B (1995) In Bebeacute XXI - Crianccedila e famiacutelia na viragem do seacuteculo Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Cardona M (1999) O Espaccedilo e o tempo no Jardim de infacircncia Pro-Posiccedilotildees 10(1) 132-138
Recuperado de httpsperiodicossbuunicampbrojsindexphpproposicarticleview8644105
119
Carvalho A amp Beraldo K (1989) Interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila ressurgimento de uma aacuterea de
pesquisa e suas perspectivas Cadernos de Pesquisa (71) 55-61 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview1169
Casillas M (1999) Aspectos importantes de la creatividad para trabajar en el aula Revista digital
de educacioacuten 10 1-10 Recuperado de
httpwwwjuntadeandaluciaeseducacionportalsabaco-portletcontent21b7cb3a-f603-429d-
8721-49e3212e113c
Castillo A (1986) La creatividad en el aula actividades para un curriacuteculum creativo Maacutelaga
Innovare
Chacoacuten Araya Y (2011) Una revisioacuten criacutetica del concepto de creatividad Actualidades
Investigativas En Educacioacuten 5(1) httpsdoiorg1015517aiev5i19120
Cicerello R amp Kalinowski M (2007) iquestDe queacute hablamos cuando hablamos de creatividad
Actas De Disentildeo 3(3) 94-97Universidad de Palermo Recuperado de
httpsfidopalermoeduservicios_dycpublicacionesdcvistadetalle_articulophpid_libro=11amp
id_articulo=5485
Coelho A (2004) Educaccedilatildeo e cuidados em creche conceptualizaccedilotildees de um grupo de
educadoras (Tese de Doutoramento Universidade de Aveiro) Disponiacutevel em
httphdlhandlenet1077310856
Costa J amp Costa C (2011) A criatividade e a educaccedilatildeo percursos 23ordm Encontro Nacional da
Associaccedilatildeo de Professores de Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo Visual ndash Ensino das Artes Visuais
Identidade e Cultura no seacuteculo XXI pp 97-118 Recuperado de
httphdlhandlenet1019810553
Coutinho A (2010) A accedilatildeo social dos bebecircs um estudo etnograacutefico no contexto da creche (Tese
de Doutoramento Universidade do Minho) Disponiacutevel em httphdlhandlenet182211336
Craft A (2004) A universalizaccedilatildeo da Criatividade Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo
Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Craveiro C (2011) Escutando educadoras de infacircncia de creche Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0
aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica] pp 93-106 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
120
Craveiro M Ferreira I (2007) A Educaccedilatildeo Preacute-Escolar face aos desafios da sociedade do
futuro Cadernos de Estudo (6) 15-21 Porto ESE de Paula Frassinetti Recuperado de
httphdlhandlenet2050011796911
Cropley A (1997) Fostering creativity in the classroom General principles In M Runco (Ed)
The creativity research handbook 1 (pp83-114) Cresskill NJ Hampton Press Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication243787195
Cropley A (1999) Creativity in Education In M Runco amp S Pritzker (Eds) Encyclopedia of
creativity (pp 629-642) San Diego CA Academic Press Recuperado de
httpswwwacademiaedu10502641
Cropley D amp Cropley A (2009) Fostering Creativity A Diagnostic Approach for Higher
Education and Organisations Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication259979702
Csikszentmihalyi M (1996) The Flow of Creativity In M Csikszentmihalyi (Ed) Creativity
Flow and the psychology of discovery and invention (pp107-126) New York Harper Collins
Recuperado de httpsdigitalauthorshipurifileswordpresscom201601csikszentmihalyi-
chapter-flow-and-creativitypdf
Cunha N (2007) Brinquedoteca um mergulho no brincar (4ordf ed) Satildeo Paulo Aquariana
Dacey J amp Madaus G (1969) Creativity definitions explanations and facilitation The Irish
Journal o f Education 3(1) pp55-69 Recuperado de httpwwwercie19690118vol-03-
1969
De Bono E (1970) Lateral Thinking A Textbook of Creativity [Ebook] Harmondsworth
Middlesex England Penguin Books Recuperado de httpsepdfpublateral-thinking-a-
textbook-of-creativitya99e1c6b5278f5ab0820a2d95ef071b9423html
Dempsey J amp Frost J (2002) Contextos Luacutedicos na Educaccedilatildeo de Infacircncia In Spodek B (Ed)
Manual de investigaccedilatildeo em educaccedilatildeo de infacircncia (Ana Maria Chaves Trad) (pp 687-724)
Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Dewey J amp Dewey E (1915) Schools of To-morrow [Ebook] New York E P Dutton amp
Company Recuperado de httpsarchiveorgdetailsschoolsoftomorro005826mbppagen10
121
Doble Gorriacuten P (2015) Coacutemo estimular la creatividad en los nintildeos de Primaria Intervencioacuten
para 5ordm curso (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893416
Drevdahl J (1956) Factors of importance for creativity Journal of Clinical Psychology 12(1)
21-26 httpsdoiorg1010021097-4679(195601)1213C21AID-
JCLP22701201043E30CO2-S
Eisenberg N (2005) Temperamental Effortful Control (Self-Regulation) Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication238586558
Ferland F (2006) Vamos brincar Na infacircncia e ao longo da vida (Rita Rocha Trad) Lisboa
Climepsi Editores
Fleith D (2000) Teacher and Student Perceptions of Creativity in the Classroom Environment
Roeper Review 22(3) 148-153 httpsdoiorg10108002783190009554022
Fleith D (2001) Criatividade novos conceitos e ideacuteias aplicabilidade agrave educaccedilatildeo Educaccedilatildeo
Especial (17) httpdxdoiorg1059021984686X
Fleith D amp Alencar E (2008) Caracteriacutesticas personoloacutegicas e fatores ambientais
relacionados agrave criatividade do aluno do Ensino Fundamental Avaliaccedilatildeo Psicoloacutegica 7(1)
35-44 Recuperado de httpsdialnetuniriojaesservletarticulocodigo=6674859
Folque M (2012) O aprender a aprender no preacute-escolar o modelo pedagoacutegico do
movimento da escola moderna Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Freinet C (1984) El aprendizaje del dibujo (Mordf Dolors Bordas Trad) Barcelona
Martiacutenez Roca
Freitas M (2015) A importacircncia do brincar na educaccedilatildeo infantil (Monografia de
Especializaccedilatildeo Faculdade de Paraacute de Minas) Recuperado de
httpfapamweb797kinghostnetadminmonografiasnupearquivos18072016193403Mariana_
Duartepdf
Garaigordobil M amp Berrueco L (2011) Effects of a Play Program on Creative Thinking of
Preschool Children In The Spanish Journal of Psychology 14(2) 608-818 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication51779808
122
Gomeacutez Cumpa J (2005) Desarrollo de la Creatividad Lambayeque Fondo Editorial FACHSE
ndash UNPRG Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Goacutemez C amp Rovira A (2012) El aprendizaje musical a traveacutes del pensamiento creativo una
investigacioacuten accioacuten colaborativa en ensentildeanza secundaria Estilos De Aprendizaje
Investigaciones Y Experiencia 1-10 Santander Universidad de Cantabria DL Recuperado de
httpsdialnetuniriojaesservletlibrocodigo=555496
Gonccedilalves E (1983) A expressatildeo plaacutestica da crianccedila Que eacute a pintura infantil Qual deveraacute ser
a atitude do adulto face agrave expressatildeo livre da crianccedila Anaacutelise Psicoloacutegica 3 (12) 205-210
Lisboa Instituto Superior de Psicologia Aplicada Recuperado de
httphdlhandlenet10400122054
Gonccedilalves E (1991) A arte descobre a crianccedila Amadora Raiacutez Editora
Hohmann M amp Post J (2007) Educaccedilatildeo de bebeacutes em infantaacuterios cuidados e primeiras
aprendizagens (3ordf ed) (Sara Bahia Trad Maria Cristina Correcirca Figueira Rev) Lisboa
Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Hohmann M amp Weikart D (1997) Educar a Crianccedila (Helena Aacutegueda Marujo e Luiacutes Miguel
Neto Trads) Lisboa Fundaccedilatildeo Calouste Gulbenkian
Homem C Gomes B amp Montalvatildeo R (2009) A importacircncia da criatividade Cadernos de
Educaccedilatildeo de Infacircncia (88) 41-45
Kaufman J amp Sternberg R (2010) The Cambridge Handbook of Creativity [Ebook]
Cambridge University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=1EBT3Qj5L5ECampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Klimenko O (2009) Una reflexioacuten en torno al concepto creatividad y su relacioacuten con los
componentes del proceso educativo Revista Virtual Universidad Catoacutelica Del Norte (26) 1-29
Recuperado de httprevistavirtualucneducoindexphpRevistaUCNarticleview111
Lira N amp Rubio J (2014) A Importacircncia do Brincar na Educaccedilatildeo Infantil Saberes da
Educaccedilatildeo 5(1) 1-22 Recuperado de httpsunisaoroqueedubrrevista-eletronicarevista-
sabares-da-educacaoarquivos2014-2
123
Lopes M (2016) Processos formativos de construccedilatildeo do sentido da criatividade um olhar
renovado na educaccedilatildeo de infacircncia e a responsabilidade dos educadores (Tese de Doutoramento
Universidade Catoacutelica Portuguesa) Disponiacutevel em httphdlhandlenet104001424210
Lowenfeld V amp Brittain W (1977) Desenvolvimento da capacidade criadora (Aacutelvaro Cabral
Trad) Satildeo Paulo Mestre Jou
Lubart T (2007) Psicologia da Criatividade [Ebook] (Maacutercia Conceiccedilatildeo Machado Moraes
Trad) Porto Alegre Artmed Recuperado de httpsdocerocombrdocx8c1x
Luz S (2016) O papel da atividade luacutedica no processo de ensino aprendizagem no 1ordm ciclo do
ensino baacutesico Perceccedilotildees dos docentes sobre o uso das atividades luacutedicas em sala de aula para a
aquisiccedilatildeo das aprendizagens (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Instituto Superior de Educaccedilatildeo e
Ciecircncias) Recuperado de httphdlhandlenet104002620586
MacKinnon D (1962) The nature and nurture of creative talent American Psychologist 17(7)
484-495 doi101037h0046541
MacKinnon D (1964) Identification and Development of Creative Abilities California Univ
Berkeley Inst of Personality Assessment and Research Recuperado de
httpsericedgovid=ED027965
Mariacuten Viadel R (2003) Didaacutetica de la Educacioacuten Artiacutestica para Primaria Madrid Pearson
Educacioacuten DL
Matiacutenez A (2002) A criatividade na escola trecircs direccedilotildees de trabalho Linhas Criacuteticas 8(15)
189-206 httpsdoiorg1026512lcv8i153057
Meneghini R amp Campos-de-Carvalho M (2003) Arranjo espacial na creche espaccedilos para
interagir brincar isoladamente dirigir-se socialmente e observar o outro Psicologia Reflexatildeo e
Criacutetica 16(2) 367-378 httpsdxdoiorg101590S0102-79722003000200017
Miranda M (2002) Reflexiones en torno al curriacuteculo y la creatividad infantil InterSedes 3(4)
93-103 Recuperado de httpsrevistasucraccrindexphpintersedesarticleview761
Morais M (2004) O educador e a personalidade criativa algumas consideraccedilotildees Cadernos de
Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
124
Morais M (2015) Criatividade conceito e desafios Educaccedilatildeo e Matemaacutetica 18(135) 3-7
Associaccedilatildeo de Professores de Matemaacutetica Recuperado de httphdlhandlenet182242298
Morais M Almeida L amp Azevedo I (2014) Criatividade e praacuteticas docentes no Ensino
Superior Como pensam os alunos de aacutereas curriculares diferentes Revista AMAZocircnica 12
(2)97-126 Recuperado de httphdlhandlenet182234301
Morales Bentildearan I (2015) La Creatividad a traveacutes del Movimiento y la Danza en 4ordm curso de
Primaria (Dissertaccedilatildeo de Mestrado Universidad Internacional de La Rioja) Recuperado de
httpsreunirunirnethandle1234567893161
Morejoacuten J (2000) Creatividad en la educacioacuten educacioacuten para transformar Revista Psicologia
Cientiacuteficacom 2(1) Recuperado de httpwwwpsicologiacientificacomcreatividad-en-
educacion
Motos T (2015) Desarrollo de expresioacuten para hacer y ser creativos 1-9 Recuperado de
httpswwwresearchgatenetpublication324543994
Mouchiroud C amp Lubart T (2002) Social creativity A cross-sectional study of 6- to 11-year-
old children International Journal Of Behavioral Development 26(1) 60-69
httpsdoiorg1011772F016502540202600111
Moura J amp Pacheco A (2019) Educar com Criatividade ser Paacutessaro ou Carneirinho na
Aprendizagem da Composiccedilatildeo Musical IV Encontro do Ensino Artiacutestico Especializado da
Muacutesica do Vale do Sousa O Ensino da Muacutesica no Seacuteculo XXI Desafios e Compromissos Livro
de Atas Lousada Conservatoacuterio do Vale do Sousa Recuperado de
httphdlhandlenet182260328
Mouratildeo A (2013) A intencionalidade educativa nas atividades luacutedicas (Dissertaccedilatildeo de
Mestrado Escola Superior de Educadores de Infacircncia Maria Ulrich) Recuperado de
httphdlhandlenet104002614206
Mozzer G amp Borges F (2008) A Criatividade Infantil na Perspectiva de Lev Vigotski Revista
Inter Accedilatildeo (33)2 297-316 httpsdoiorg105216iav33i25269
National Advisory Committee on Creative and Cultural Education (1999) All Our Futures
Creativity Culture amp Education London DFEE Recuperado de
httpsirkenrobinsoncomreadall-our-futures
125
Nicolielo M Sommerhalder A amp Alves F (2017) Brincar na educaccedilatildeo infantil como
experiecircncia de cultura e formaccedilatildeo para a vida Educaccedilatildeo 42(2) 285-298
httpdxdoiorg1059021984644422271
Niza S (2012) Seacutergio Niza - escritos sobre educaccedilatildeo (Orgs Antoacutenio Noacutevoa Francisco
Marcelino e Jorge Ramos do Oacute) Lisboa Tinta da China
Neves-Pereira M amp Alencar E (2018) A Educaccedilatildeo no seacuteculo XXI e o seu papel na promoccedilatildeo
da criatividade Psicologia e Educaccedilatildeo 1(1) 1-10 Recuperado de
httppsicologiaeeducacaoubiptrevistaOnLinehtm
New Jersey Department of Education (2013) New Jersey - Birth to Three - Early Learning
Standards [Ebook] Recuperado de
httpswwwnjgoveducationeceguidestandardsbirthstandardspdf
Novaes M (1980) Psicologia da criatividade (5ordf ed) PetroacutepolisVozes
Ocantildea A (2005) iquestQuieacuten ha matado mi creatividad pedagoacutegica In Gomeacutez Cumpa J (Org)
Desarrollo de la Creatividad (pp99-111) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG
Recuperado de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Ocantildea A (2008) La educacioacuten y el desarrollo de la creatividad un reto en la formacioacuten de
profesionales Praxis 4(1) 84-107 httpsdoiorg102167623897856104
Oliveira E amp Alencar E (2010) Caracteriacutesticas de Professores Criativos e de Coordenadores
que Estimulam a Criatividade Docente Boletim Academia Paulista de Psicologia 30(79) 379-
393 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=94615412011
Oliveira E amp Alencar E (2012) Importacircncia da criatividade na escola e no trabalho docente
segundo coordenadores pedagoacutegicos Estudos de Psicologia (Campinas) 29(4) 541-552
httpdxdoiorg101590S0103-166X2012000400009
Oliveira-Formosinho J Lino D amp Niza S (1996) Modelos curriculares para a educaccedilatildeo de
infacircncia Porto Porto Editora
Oliveira-Formosinho J amp Arauacutejo S (2013) Educaccedilatildeo em Creche Participaccedilatildeo e Diversidade
Porto Porto Editora
126
Oliveira M (2018) Um Novo Olhar sobre as Artes Visuais na Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Um
Desafio da Contemporaneidade In Ana Souto e Melo (Org) Atas do Congresso de investigaccedilatildeo
em Educaccedilatildeo Artiacutestica ndash Educaccedilatildeo Artiacutestica no Sistema de ensino Portuguecircs conquistas e
desafios pp 262-272 Viseu IPVESSECIampDETS Recuperado de
httphdlhandlenet104001426645
Oliveira Z (2010) Fatores influentes no desenvolvimento do potencial criativo Estudos de
Psicologia (Campinas) 27(1) 83-92 httpdxdoiorg101590S0103-166X2010000100010
Oliveira Z (2013) Educaccedilatildeo infantil fundamentos e meacutetodos [Ebook] Satildeo Paulo Cortez
Recuperado de httpsbooksgoogleptbooksisbn=8524921250
Oliveira Z amp Alencar E (2008) A criatividade faz a diferenccedila na escola o professor criativo e
o ambiente facilitador da criatividade Contrapontos 8(2) 295-306 Recuperado de
httpssiaiap32univalibrseerindexphprcarticleview954
Oliveira Z amp Rossetti-Ferreira M (1993) O valor da interaccedilatildeo crianccedila-crianccedila em creches no
desenvolvimento infantil Cadernos de Pesquisa (87) 62-70 Recuperado de
httppublicacoesfccorgbrojsindexphpcparticleview928
Organizaccedilatildeo para a Cooperaccedilatildeo e Desenvolvimento Econoacutemico (2000) Estudo
temaacutetico da OCDE A educaccedilatildeo preacute-escolar e os cuidados para a infacircncia em
Portugal Lisboa Departamento da Educaccedilatildeo Baacutesica Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Disponiacutevel em
httpwwwdgemecptrecursos-0
Ortega S (2016) Desarrollo de la creatividad infantil Temas Para La Educacioacuten (34)
Recuperado de httpswwwfeandaluciaccooesindconteiaspxd=7250amps=0ampind=396
Papalia D Olds S amp Feldman R (2009) O mundo da crianccedila da infacircncia agrave adolescecircncia (11ordf
ed) (Rita de Caacutessia Alburqueque Caetano e Jacira dos Santos Cardoso Trads) Satildeo Paulo
McGraw-Hill
Parente C (2002) Observaccedilatildeo um percurso de formaccedilatildeo praacutetica e reflexatildeo In Oliveira-
Formosinho J (Org) A Supervisatildeo na Formaccedilatildeo de Professores I Da sala agrave escola Porto
Porto Editora
Pequito P (1999) Representaccedilotildees de criatividade dos educadores de infacircncia Saber (e) Educar
(4) pp61-77 Recuperado de httphdlhandlenet2050011796981
127
Pinto L (2015) Creche Quanto mais cedo melhor In Jornal Puacuteblico Disponiacutevel em
httpswwwpublicopt20150209sociedadenoticiacreche-quanto-mais-cedo-melhor-
1685464
Plucker J Esping A Kaufman J amp Avitia M (2015) Creativity and Intelligence 283-291
Recuperado de DOI 101007978-1-4939-1562-0_19
Pocinho M amp Garcecircs S (2018) Psicologia da criatividade [Ebook] Universidade da Madeira
Recuperado de httphdlhandlenet10400132006
Portugal G (2000) Educaccedilatildeo de bebeacutes em creche Perspectivas de formaccedilatildeo teoacutericas e praacuteticas
Infacircncia e Educaccedilatildeo (1) 85-106
Portugal G (2011) No acircmago da educaccedilatildeo em creche ndash o primado das relaccedilotildees e a importacircncia
dos espaccedilos Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos Atas do Seminaacuterio [Ediccedilatildeo Eletroacutenica]
pp47-60 Recuperado de
httpwwwcneduptcontentantigofilespubEd20das20criancas200aos35-
mesa1pdfiframe=trueampheight=98ampwidth=80
Portugal G (2012) Finalidades e praacuteticas educativas em creche das relaccedilotildees actividades e
organizaccedilatildeo dos espaccedilos ao curriacuteculo na creche Porto CNIS (Confederaccedilatildeo Nacional das
Instituiccedilotildees de Solidariedade)
Prado D (2005) Estimular la creatividad en el Aula In Gomeacutez Cumpa J (Org) Desarrollo de
la Creatividad (pp166-170) Lambayeque Fondo Editorial FACHSE ndash UNPRG Recuperado
de httpswwwaacademicaorgjosewilsongomezcumpa5pdf
Predebon J (2013) Criatividade - abrindo o lado inovador da mente (8ordf ed) Satildeo Paulo Pearson
Education Brasil
Queiroz N Maciel D amp Branco A (2006) Brincadeira e desenvolvimento infantil um olhar
sociocultural construtivista Paideacuteia (Ribeiratildeo Preto) 16(34) 169-179
httpdxdoiorg101590S0103-863X2006000200005
Quivy R amp Campenhoudt L (2008) Manual de Investigaccedilatildeo em Ciecircncias Sociais (5ordf ed) (Joatildeo
Minhoto Marques Maria Amaacutelia Mendes e Maria Carvalho Trads) Lisboa Gradiva
Publicaccedilotildees
128
Robinson K (2005) How Creativity Education and the Arts Shape a Modern Economy
Education Commission Of The States Disponiacutevel em httpsirkenrobinsoncomread
Robinson K (2011) O elemento (2ordf ed) Porto Porto Editora
Rodrigues M (2004) Modelo de referecircncia para a planificaccedilatildeo criativa de momentos criativos
Cadernos de Criatividade 5 Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade
Runco M (2004) Creativity Annual Review Of Psychology 55(1) 657-687 doi
101146annurevpsych55090902141502
Runco M amp Jaeger G (2012) The Standard Definition of Creativity Creativity Research
Journal 24 (1) 92-96 httpdxdoiorg101080104004192012650092
Santos M Andreacute M (2012) Criatividade na educaccedilatildeo de infacircncia algumas reflexotildees Cadernos
de Educaccedilatildeo de Infacircncia (96) 43-46 Recuperado de
httpapeiptedicoesceiide=1313ampsort=2012
Santos M Andreacute M (2015) Conceccedilotildees de educadores de infacircncia sobre criatividade Investigar
em Educaccedilatildeo 2(4) pp97-112 Recuperado de
httppagesieuminhoptinvedindexphpiearticleview101
Sarmento T (2005) (Re)pensar a interacccedilatildeo escola-famiacutelia Revista Portuguesa de Educaccedilatildeo
18(1) 53-75 Recuperado de httpwwwredalycorgarticulooaid=37418104
Scherer A (2013) O luacutedico e o desenvolvimento a importacircncia do brinquedo e da brincadeira
segundo a teoria Vigotskiana (Monografia de Especializaccedilatildeo Universidade Tecnoloacutegica Federal
do Paranaacute) Recuperado de httprepositoriorocautfpredubrjspuihandle14233
Schirmer A (2001) Criatividade e educaccedilatildeo infantil (Tese de Doutoramento Universidade
Estadual de Campinas) Recuperado de
httprepositoriounicampbrjspuihandleREPOSIP253417
Shaughnessy M (1991) The Supportive Educational Environment for Creativity Recuperado
de httpsericedgovid=ED360080
Silva I (1998) Projectos em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar e Projecto Educativo de Estabelecimento In
Katz L Bairratildeo J Silva I amp Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-
129
escolar (pp91-121) Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de
httpwwwdgemecptrecursos-0
Silva I (Coord) Marques L Mata L amp Rosa M (2016) Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME)Direccedilatildeo-Geral da Educaccedilatildeo
(DGE)
Sim-Sim I (1998) Desenvolvimento da Linguagem Lisboa Universidade Aberta
Soh K (2000) Indexing Creativity Fostering Teacher Behavior A Preliminary Validation Study
The Journal of Creative Behavior 34(2) 118-134 Recuperado de
httpswwwacademiaedu29264306
Soh K (2015) Creativity fostering teacher behaviour around the world Annotations of studies
using the CFTIndex Cogent Education 2(1) 1-18
httpsdoiorg1010802331186X20151034494
Sousa A (2003) Educaccedilatildeo pela arte e artes na educaccedilatildeo bases psicopedagoacutegicas Lisboa
Instituto Piaget
Sousa M amp Sarmento T (2010) Escola ndash famiacutelia - comunidade uma relaccedilatildeo para o sucesso
educativo Gestatildeo e Desenvolvimento 17-18 (2009-2010) 141-156 Recuperado de
httphdlhandlenet10400149117
Souza M amp Alencar E (2006) O curso de Pedagogia e condiccedilotildees para o desenvolvimento da
criatividade Psicologia Escolar e Educacional 10(1) 21-30 httpsdxdoiorg101590S1413-
85572006000100003
Sternberg R amp Lubart T (1999) The concept of creativity Prospects and paradigms In R
Sternberg (Ed) Handbook of creativity [Ebook] (pp 3-15) New York NY US Cambridge
University Press Recuperado de
httpsbooksgoogleptbooksid=d1KTEQpQ6vsCampprintsec=frontcoveramphl=pt-
PTv=onepageampqampf=false
Sternberg R amp Williams W (2003) Como desenvolver a criatividade do aluno (Vitor Oliveira
Trad) Porto Coleccedilatildeo Cadernos do CRIAP (Investigaccedilatildeo e praacuteticas 6) Asa Editores
Tadeu B (2014) A legislaccedilatildeo portuguesa para a pequena infacircncia uma visatildeo socioloacutegica sobre
a infacircncia Interaccedilotildees (10)30 159-175 httpsdoiorg1025755int4029
130
Thornton L amp Brunton P (2014) Bringing the Reggio Approach to your Early Years Practice
(3ordf ed) New York Routledge
Torrance E (1977) Creativity in the classroom what research says to the teacher 1-37
Washington DC National Education Association Recuperado de
httpsericedgovid=ED132593
Trigo E et al (1999) Creatividad y motricidad Zaragoza INDE Publicaciones
Uano L (2002) La Creatividad iquestUn talento exclusivo de los artistas o una capacidad de todo ser
humano Linhas Criacuteticas 8(15) 265-288 Recuperado de
httpperiodicosunbbrojs248indexphplinhascriticasarticleview6486
Valdivia J (2011) La creatividad y la intervencioacuten en educacioacuten infantil (Monografia)
Eduinnova Recuperado de httpwwweduinnovaesmono_ene2011html
Vasconcelos T (1998) Das Perplexidades em torno de um Hamster ao Processo de Pesquisa
Pedagogia de Projecto em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar em Portugal In Katz L Bairratildeo J Silva I amp
Vasconcelos T (1998) Qualidade e projecto na educaccedilatildeo preacute-escolar (pp127-155) Lisboa
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (ME) Recuperado de httpwwwdgemecptrecursos-0
Vasconcelos T (2011a) Educaccedilatildeo das crianccedilas dos 0 aos 3 anos (pp7-22) Conselho Nacional
de Educaccedilatildeo Recuperado de httpwwwcneduptptpublicacoesestudos-e-
relatoriosoutros786-educacao-das-criancas-dos-0-aos-3-anos
Vasconcelos T (2011b) Trabalho de Projeto como Pedagogia de Fronteira Da Investigaccedilatildeo
agraves Praacuteticas I (3) 8-20 Recuperado de httphdlhandlenet10400211683
Vasconcelos T Rocha C Loureiro C Castro J Menau J Ramos M hellip amp Alves S (2011)
Trabalho por projectos na educaccedilatildeo de infacircncia mapear aprendizagens integrar metodologias
Lisboa Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e Ciecircncia (MEC) Recuperado de
httphdlhandlenet10400212679
Vaacutezques J (2009) Muacutesica y creatividad Creatividad y muacutesica Creatividad Y Sociedad (13)
Recuperado de httpwwwcreatividadysociedadcomnumeroscys13html
131
Vygotsky L (1927) Imagination and Creativity in Childhood In Journal of Russian and East
European Psychology 42(1) 2004 7ndash97 Recuperado de
httpswwwmarxistsorgarchivevygotskyindexhtm
Zabala A (1998) A praacutetica educativa como ensinar (Ernani F da F Rosa Trad) Porto Alegre
Artmed
Documentaccedilatildeo legislativa
Lei nordm4686 (Lei de Bases do Sistema Eucativo) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 2371986
Seacuterie I de 1986-10-14
Lei nordm 597 de 10 de fevereiro (Lei Quadro da Educaccedilatildeo Preacute-Escolar) Publicada em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 341997 Seacuterie I-A de 1997-02-10 e regulamentada pelo Decreto-Lei nordm 14797)
Lei nordm 492005 (Segunda alteraccedilatildeo agrave Lei de Bases do Sistema Educativo e primeira alteraccedilatildeo agrave
Lei de Bases do Financiamento do Ensino Superior) Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm
1662005 Seacuterie I-A de 2005-08-30
Manual de Processos Chave da Creche (2ordf ed 2010) Ministeacuterio do Trabalho e da Solidariedade
Social
Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar Despacho nordm 91802016 Publicado em
Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1372016 Seacuterie II de Seacuterie II de 2016-07-19
Parecer nordm 32001 ndash Aprendizagem ao longo da vida Conselho Nacional de Educaccedilatildeo Publicado
em Diaacuterio da Repuacuteblica nordm 1622001 Seacuterie II de 2001-07-14
Perfil geral de desempenho profissional do educador de infacircncia e dos professores dos ensinos
baacutesico e secundaacuterio Decreto-Lei nordm 2402001 de 30 de Agosto Publicado em Diaacuterio da
Repuacuteblica nordm 2012001 Seacuterie I-A de 2001-08-30
Perfil dos Alunos agrave Saiacuteda da Escolaridade Obrigatoacuteria Despacho nordm 64782017 26 de julho
Publicado em iaacuterio da Repuacuteblica nordm 1432017 Seacuterie II de 2017-07-26
Recomendaccedilatildeo nordm 32011 - A educaccedilatildeo dos 0 aos 3 anos Conselho Nacional de Educaccedilatildeo
Publicado em Diaacuterio da Repuacuteblica 2ordf Seacuterie nordm 79 de 21 de abril de 2011
Documentaccedilatildeo audiovisual
Creative Innovation (2011) Edward de Bono ndash ldquoCreativity amp Educationrdquo [Video] Recuperado
de httpswwwcreativeinnovationtvvideoedward-de-bono-creativity-education
Video Arts (2017) John Cleese on Creativity In Management [Video] Recuperado de
httpswwwyoutubecomwatchv=Pb5oIIPO62g
132
Websites
Antoine de Saint-Exupeacutery - Frases Recuperado de
httpwwwcitadorptfrasescitacoesaantoine-de-saintexupery
Associaccedilatildeo Educativa para o Desenvolvimento da Criatividade Recuperado de
httpscriatividadenet
Associaccedilatildeo de Profissionais de Educaccedilatildeo de Infacircncia Recuperado de httpapeipt
De Bono E - Lateral Thinking - How can Lateral Thinking help you Recuperado de
httpswwwedwddebonocomlateral-thinking
John Cleese Creativity is not a talent It is a way of operating Recuperado de
httpsspeakolacomartsjohn-cleese-creativity-lecture-1991
McLintic M (2018) Criatividade O que eacute Conceito e Definiccedilatildeo - Team LEWIS PT
Recuperado de httpswwwteamlewiscomptmagazinecriatividade-conceito-definicao
Movimiento Cooperativo de Escuela Popular (2017) Principios de la pedagogiacutea Freinet
Recuperado de httpwwwmcepes20170207principios-de-la-pedagogia-freinet
Priberam Informaacutetica S (2018) Dicionaacuterio Priberam da Liacutengua Portuguesa Recuperado de
httpsdicionariopriberamorg
Prindle J (2012) Einstein Quotes - Quotes by Albert Einstein Recuperado de
httpwwwalberteinsteinsitecomquoteseinsteinquoteshtml
Rui Matos ldquoNoacutes matamos a criatividade na escolardquo (2017) Recuperado de
httpswwwjornaldeleiriaptnoticiarui-matos-nos-matamos-criatividade-na-escola-7107
Teaching Strategies (2016) The Creative Curriculum for PreSchool ndash Touring Guide
Recuperado de
httpsteachingstrategiescomwpcontentuploads201708TeachingStrategies_CC-for-
Preschool_TouringGuide_2017pdf
Documentaccedilatildeo fornecida pela instituiccedilatildeo educativa
Projeto Educativo (2018-2021)
Regulamento Interno (20172018)
133
Anexos
Anexo 1 ndash Idade das crianccedilas em meses
0
1
2
3
4
26 27 28 29 30 31 32
Nuacute
mer
o d
e cr
ian
ccedilas
Idade (em meses)
Idade das crianccedilas (em meses)
Anexo 2 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm1
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 4102018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da sessatildeo de expressatildeo fiacutesico-motora a educadora
cooperante optou por efetuar um momento de corrida com as crianccedilas por tempo breve
(cerca de 2 minutos) seguido de um percurso no qual as crianccedilas teriam que subir e descer
um colchatildeo com forma diagonal rebolar sobre um colchatildeo plano e saltar tanto de peacute
como em posiccedilatildeo de coacutecoras sobre um colchatildeo com forma de retacircngulo
No que diz respeito agrave corrida as crianccedilas realizaram-na sem dificuldades tendo tambeacutem
em consideraccedilatildeo o espaccedilo destinado agrave mesma e respetivos objetos que o compunham
No que concerne ao percurso as crianccedilas natildeo apresentaram dificuldades quanto agrave subida
e descida do colchatildeo em forma de diagonal e respetivos movimentos corporais
implicados assim como no que toca ao movimento de saltar tanto em peacute como em
posiccedilatildeo de coacutecoras sobre o colchatildeo em forma de retacircngulo Poreacutem foram evidentes as
dificuldades sentidas pelo grupo quando tinham que rebolar usando todo o corpo pois
natildeo conseguiam dar uma volta completa sendo que algumas crianccedilas ao tentarem
realizar o exerciacutecio deslocavam-se para fora do colchatildeo
Comentaacuterio De forma geral e tendo por base a observaccedilatildeo efetuada o grupo apresenta
um bom domiacutenio ao niacutevel motor mais especificamente quanto agraves habilidades motoras
grossas e movimentos corporais que impliquem subir descer saltar e correr embora
ainda apresente algumas dificuldades quanto ao movimento de rebolar
Anexo 3 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm2
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 10102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade revelou-se necessaacuterio a deslocaccedilatildeo
das crianccedilas ao espaccedilo exterior da instituiccedilatildeo educativa mais especificamente ao
jardim para ser realizada a recolha de folhas naturais sendo que o acesso a esse
espaccedilo implicava a descida de um conjunto de degraus embora com o auxiacutelio
dos adultos presentes tais como educadora cooperante auxiliar de accedilatildeo
educativa e estagiaacuteria
Ao descer os degraus juntamente com as crianccedilas foi possiacutevel observar e
constatar que estas colocam nos respetivos degraus um peacute de cada vez e soacute
procedem para o degrau seguinte apoacutes terem ambos os peacutes juntos natildeo
alternando entre estes
Tambeacutem foi possiacutevel observar que algumas crianccedilas para aleacutem da ajuda
prestada pelo adulto tambeacutem se apoiavam na parede colocando a sua matildeo na
mesma O mesmo ocorreu no momento de subida dos degraus a fim de se
dirigirem para a sala
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita eacute possiacutevel
afirmar que as crianccedilas ainda estatildeo a desenvolver o controlo dos movimentos do
seu corpo mais especificamente dos peacutes e respetiva alternacircncia face ao ato de
descer e subir degraus Para aleacutem disso tambeacutem se pode constatar que estatildeo a
desenvolver a sua autonomia uma vez que ainda recorrem ao apoio do adulto
para efetuarem certos movimentos e tarefas neste caso para realizar a descida e
subida de degraus
Anexo 4 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Indicadores
Crianccedilas
Apanha objetos com facilidade
Segura objetos com facilidade
Coordenaccedilatildeo oacuteculo-manual
Preensatildeo de pinccedila
Observaccedilotildees
PD MD GD PD MD GD
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
PD ndash Pequenas Dimensotildees
MD ndash Meacutedias Dimensotildees
GD ndash Grandes Dimensotildees
Tabela 2 ndash Avaliaccedilatildeo das habilidades motoras finas
Anexo 5 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm3
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo No decorrer de uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos consoante o
criteacuterio da cor mais especificamente bolas de plaacutestico de pequenas dimensotildees nas cores
azul amarelo laranja verde e vermelho foi possiacutevel perceber que a maioria do grupo
foi capaz de concretizar a atividade sem apresentar dificuldades tendo conseguido
associar corretamente as respetivas bolas coloridas aos cestos com as cores
correspondentes
Poreacutem a atividade constituiu um desafio para algumas crianccedilas pois realizaram-na com
alguma dificuldade uma vez que ainda estatildeo a desenvolver o conhecimento e
reconhecimento das cores e respetiva distinccedilatildeo entre as mesmas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita torna-se possiacutevel
deduzir que grande parte das crianccedilas consegue efetuar corretamente a categorizaccedilatildeo de
objetos segundo o criteacuterio de cor mais detalhadamente no que concerne agraves seguintes
cores azul amarelo vermelho laranja e verde No entanto uma pequena parte das
crianccedilas revela dificuldade perante a mesma atividade visto estarem a adquirir
conhecimentos relativamente agraves cores possibilitando posteriormente a distinccedilatildeo entre
essas
Anexo 6 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm4
Descriccedilatildeo diaacuteria
Observado Grupo de crianccedilas Idade 2 anos
Observadora Liliana (estagiaacuteria) Data 12102018
Descriccedilatildeo Durante uma atividade de categorizaccedilatildeo de objetos segundo o criteacuterio de
forma mais especificamente quanto agraves formas geomeacutetricas tais como ciacuterculo quadrado
retacircngulo e triacircngulo foi possiacutevel observar que somente quatro crianccedilas associaram e
agruparam sem dificuldade os objetos mediante as formas mencionadas
Comentaacuterio Tendo por base a observaccedilatildeo efetuada e acima descrita deduz-se que a
maioria das crianccedilas do grupo encontram-se a desenvolver o conhecimento e perceccedilatildeo
de formas geomeacutetricas o que por conseguinte iraacute possibilitar o reconhecimento e
distinccedilatildeo entre as mesmas
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 7 ndash Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da linguagem oral ndash
compreensatildeo e produccedilatildeo
Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Indicadores
Crianccedilas
Compreende mensagens
orais
Compreende um discurso instrucional
Elabora frases
simples
Efetua associaccedilatildeo
entre nome e objeto
Refere o seu nome
Usa a linguagem
oral para expressar desejos
necessidades informaccedilotildees responder ou
realizar questotildees
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 3 ndash Avaliaccedilatildeo da linguagem oral (compreensatildeo e produccedilatildeo)
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Anexo 8 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da autonomia
Avaliaccedilatildeo da autonomia
Revela autonomia quanto agrave
Indicadores
Crianccedilas
Realizaccedilatildeo da higiene
Realizaccedilatildeo das
refeiccedilotildees
Escolha das
atividades
que pretende
desenvolver
Escolha dos
materiais que pretende usufruir
Resoluccedilatildeo de
conflitos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Tabela 4 ndash Avaliaccedilatildeo da autonomia
Anexo 9 - Tabela formulada para avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Efetua interaccedilotildees com
Indicadores
Crianccedilas
Crianccedilas
Adultos
Observaccedilotildees
C
C C
F L
F N
F S
G
L
L P
MA
MB
M I
N
P
S
T
V
Legenda
A ndash Adquirido
EA ndash Em aquisiccedilatildeo
NA ndash Natildeo adquirido
Tabela 5 ndash Avaliaccedilatildeo da sociabilidade
Anexo 10 - Histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Era uma vez uma menina chamada Lili (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem
Lili) que vivia numa linda casinha (exibir o objeto alusivo agrave casa da Lili)
Num certo dia a Lili estava na sua casinha a fazer um bolo de chocolate (mostrar
o objeto alusivo ao bolo de chocolate) para levar a uma amiga sua O bolo cheirava tatildeo
mas tatildeo bem que o Lobo Mau (mostrar o fantoche alusivo agrave personagem Lobo Mau) que
andava a passear na floresta sentiu o cheiro do bolo e percebeu que vinha da casa da Lili
Entatildeo como era muito guloso e estava com muita fome decidiu ir a casa da Lili
e disse - Huuummm que cheirinho a bolo estou caacute com uma fome E vem da casa da
Lili Vou ateacute laacute para comer um bocadinho de bolo
Quando chegou bateu agrave porta (simular o som de bater a uma porta) e a Lili ao
ouvir tal barulho perguntou -Quem eacute e o Lobo Mau respondeu -Sou eu Lili o Lobo
Mau
(Lili) - Lobo Mau Que estaacutes tu aqui a fazer O que queres
(Lobo Mau) -Lili estou com muita fome e quero comer um bocadinho do teu bolo
que cheira muito bem
(Lili) -Queres comer o meu bolo Nem pensar Natildeo te vou dar nenhum bocadinho
do meu bolo de chocolate Vai-te embora Lobo Mau
(Lobo Mau) -Mas Lili estou com muita fome e preciso de comer
(Lili) - Jaacute te disse que natildeo vais comer do meu bolo E se natildeo te vais embora eu
vou dar-te uma trinca
(Lobo Mau) -Tu Dar-me uma trinca Natildeo me acredito E vou ficar aqui ateacute me
dares um bocadinho do teu bolo
(Lili) -Isso eacute que natildeo vais Lobo Mau (Lili simula que vai atraacutes do Lobo Mau para
o trincar)
(Lobo Mau) -Lili natildeo me decircs uma trinca eu vou-me embora socorro
Aaaahhhh
(Lili) -Bem me parecia que o Lobo Mau ia ter medo e que se ia embora E ele que
nem pense que vai comer o meu bolo Oh lembrei-me agora que tenho que ir comprar
flores para a minha amiga para depois lhe levar com o bolo (Lili simula que vai sair de
casa saindo de cena temporariamente)
O Lobo Mau ao saber que a Lili tinha saiacutedo de casa e por estar muito zangado
por a Lili natildeo lhe ter dado um bocadinho do bolo de chocolate decide ir a casa da Lili
para tentar comer o bolo mas havia um problema era preciso chave para entrar e o Lobo
Mau natildeo tinha Por isso decidiu soprar com muita forccedila para tentar destruir a casa da Lili
(O Lobo Mau simula que estaacute a soprar em direccedilatildeo agrave casa da Lili que se manteacutem imoacutevel)
mas natildeo conseguiu
Entatildeo voltou a tentar destruir a casa da Lili e soprou ainda com mais forccedila e a
casa da Lili foi pelo ar (simular que o Lobo Mau estaacute a soprar com mais intensidade e
retirar o objeto alusivo agrave casa de cena)
O Lobo Mau ficou muito contente por ter conseguido destruir a casa da Lili e
quando viu o bolo comeu-o todo e depois foi-se embora para que a Lili natildeo o apanhasse
(simular que o Lobo Mau come o bolo e retirar o objeto alusivo ao mesmo de cena)
A Lili estava a voltar para a sua casinha sem as flores pois natildeo as tinha
conseguido comprar porque natildeo tinha dinheiro quando viu que a sua casinha estava
destruiacuteda e que o seu bolo de chocolate tinha desaparecido Entatildeo a Lili comeccedilou a chorar
porque estava muito triste e disse - O Lobo Mau destruiu a minha linda casinha e comeu
o bolo de chocolate que fiz porque ficou muito zangado por eu natildeo lhe ter dado um
bocadinho do bolo e eu estou muito triste porque agora natildeo tenho nadahellip Preciso de
uma nova casinha e sei que com a ajuda dos meus amigos vamos construir uma linda
casa na qual vamos brincar e o Lobo Mau nunca mais vai entrar
E com poacutezinhos de perlim-pim-pim esta histoacuteria chega ao fimhellip
Anexo 11 ndash Recursos materiais representativos dos elementos componentes
da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 1 - Fantoches alusivos ao Lobo Mau e agrave Lili e adereccedilos realizados correspondentes agrave casa da
Lili e ao bolo de chocolate
Anexo 12 ndash Fantocheiro desenvolvido
Figura 2 ndash Parte da frente do fantocheiro
Figura 3 ndash Parte de traacutes do fantocheiro
Anexo 13 ndash Atividade de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Figura 4 ndash Momento de dramatizaccedilatildeo da histoacuteria ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo
Anexo 14 ndash Crianccedilas em momento de jogo dramaacutetico
Figura 5 ndash Grupo de duas crianccedilas envolvidas em jogo dramaacutetico e uma terceira crianccedila a assistir
Anexo 15 ndash Boneca Lili e o seu diaacuterio
Figura 6 ndash Boneca Lili (parte da frente) Figura 7 ndash Boneca Lili (parte de traacutes)
Figura 8 ndash Diaacuterio da boneca Lili (frente) Figura 9 ndash Diaacuterio da boneca Lili (verso)
Anexo 16 ndash Integraccedilatildeo da boneca Lili em momentos integrantes da rotina
das crianccedilas
Figura 10 ndash Grupo de crianccedilas a brincar com a boneca
Lili em momento de atividades livres
Figura 11 ndash Boneca Lili envolvida no momento de
higiene que antecede o momento da refeiccedilatildeo
Figura 12 ndash Participaccedilatildeo da boneca Lili no momento
da refeiccedilatildeo
Figura 13 ndash Crianccedila em momento de interaccedilatildeo
com a boneca Lili simulando que a estaacute a
alimentar
Anexo 17 ndash Documento concretizado para obtenccedilatildeo do feedback das famiacutelias
face ao projeto
Projeto de sala ldquoUma casa para a Lili e seus amigosrdquo
Queridas famiacutelias como eacute de vosso conhecimento no decorrer do tempo presente
tem vindo a ser desenvolvido um projeto de sala intitulado ldquoUma casa para a Lili e seus
amigosrdquo
Este projeto nasceu tendo por base sucessivas brincadeiras desenvolvidas pelas
crianccedilas brincadeiras essas que se caracterizavam pela construccedilatildeo de casas com recurso
a materiais presentes na sala tendo-se revelado pertinente a formulaccedilatildeo de estrateacutegias e
atividades que permitissem dar resposta a tais interesses e tambeacutem necessidades
apresentadas pelas crianccedilas
A projeccedilatildeo deste projeto iniciou com uma dramatizaccedilatildeo desenvolvida pela
estagiaacuteria e inspirada pelo conto popular infantil ldquoOs Trecircs Porquinhosrdquo dramatizaccedilatildeo
essa que se intitula ldquoA Lili e o Lobo Maurdquo e os principais acontecimentos assentam na
destruiccedilatildeo da casa da Lili pelo Lobo Mau que por conseguinte pede ajuda aos seus
amigos na construccedilatildeo de uma nova casa
Visto a casa da Lili ter sido destruiacuteda foi sugerida a construccedilatildeo de uma nova casa
para ela e para os seus amigos onde poderiam todos brincar sugestatildeo essa que as crianccedilas
aceitaram de bom agrado e lhes suscitou bastante interesse e entusiasmo
As crianccedilas procederam entatildeo agrave planificaccedilatildeo e construccedilatildeo da casa da Lili na qual
atualmente desenvolvem as suas brincadeiras mais especificamente momentos de jogo
simboacutelico
Como eacute tambeacutem do vosso conhecimento foram desenvolvidos dois dispositivos
a boneca Lili e o seu diaacuterio com o intuito de envolver as famiacutelias considerando a
importacircncia da sua integraccedilatildeo no processo de aprendizagem e educaccedilatildeo das crianccedilas
Por isso neste momento considera-se pertinente conhecer a vossa opiniatildeo
relativamente ao projeto desenvolvido com o objetivo de concretizar uma avaliaccedilatildeo do
mesmo e do seu impacto apresentando-se assim duas questotildees a ser respondidas pelas
respetivas famiacutelias se assim o pretenderem
Questotildees
bull Qual a suavossa opiniatildeo acerca deste projeto
bull Considera que este projeto contribui de alguma forma para o
desenvolvimento da crianccedila Em caso afirmativo indique por favor de que
modo
Agradece-se a suavossa colaboraccedilatildeo na participaccedilatildeo desta avaliaccedilatildeo assim como
as partilhas que tecircm vindo a ser efetuadas no que concerne agrave inclusatildeo da boneca Lili nas
vivecircncias familiares o que despoleta um sentimento de gratificaccedilatildeo e concretizaccedilatildeo
Grata pela atenccedilatildeo
Anexo 18 ndash Imagens das habitaccedilotildees do jogo da memoacuteria
Figura 14 ndash Imagens das oito habitaccedilotildees presentes no jogo da memoacuteria
Anexo 19 ndash Concretizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria
Figura 15 ndash Grupo de duas crianccedilas em atividade colaborativa face agrave
execuccedilatildeo do jogo da memoacuteria
Figura 16 ndash Grupo de duas crianccedilas a realizar o jogo da memoacuteria
Figura 17 ndash Grupo de duas crianccedilas em momento de
desenvolvimento do jogo da memoacuteria
Anexo 20 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm5
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FS e V
Idade 2 anos e 7 meses e 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo A FS e o V encontravam-se a efetuar a atividade do jogo da memoacuteria com
outras crianccedilas conseguindo associar corretamente e sem dificuldade os pares
correspondentes agraves imagens fornecidas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que a FS e o V
efetuam adequadamente correspondecircncias entre objetos associando-os consoante as
suas semelhanccedilas e diferenccedilas atendendo agraves caracteriacutesticas dos mesmos
Anexo 21 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm6
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila V
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Incidente Durante a realizaccedilatildeo da atividade do jogo da memoacuteria o V encontrava-se a
observar algumas das imagens das habitaccedilotildees e foi mencionando caracteriacutesticas das
mesmas assim como efetuando comparaccedilotildees tendo referido ldquoEsta casa tem uma janela
pequenina e esta tem muitas janelasrdquo e ainda ldquoEsta casa natildeo tem um telhado e tem
uma porta pequenina e esta casa tem um telhado muito granderdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel deduzir que o V mediante
observaccedilatildeo atenta de um conjunto de objetos distintos consegue efetuar comparaccedilotildees e
mencionar diferenccedilas respeitantes aos mesmos
Anexo 22 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm7
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nomes das crianccedilas FN e MB
Idade 2 anos e 6 meses e 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21112018
Descriccedilatildeo No decorrer da atividade do jogo da memoacuteria o FN e a MB estando a
realizar a atividade com outra crianccedila em pares e apoacutes terem percebido que o seu par
estava com dificuldade em executar a tarefa intervieram e tentaram explicar ao seu par
como se procedia o desenvolvimento do jogo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo realizada eacute possiacutevel constatar que o FN e a MB
apresentam espiacuterito de entreajuda e colaborativo
Anexo 23 ndash Decoraccedilatildeo da casa da Lili ndash garatujas
Figura 18 ndash Dois grupos de duas crianccedilas a realizar garatujas nos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 19 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a executar garatujas num
dos pedaccedilos do lenccedilol
Figura 20 ndash Decoraccedilatildeo dos pedaccedilos de lenccedilol concluiacuteda
(garatujas desenvolvidas pelas crianccedilas)
Anexo 24 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm8
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila P
Idade 2 anos e 8 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Descriccedilatildeo Durante a realizaccedilatildeo da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (execuccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) o P ao observar os materiais de expressatildeo plaacutestica
fornecidos referiu ldquoEu vou usar os marcadores e vou usar agora o marcador verderdquo
pegando na caixa dos marcadores e tirando o marcador de cor verde para proceder dessa
forma agrave execuccedilatildeo de desenhos num dos pedaccedilos de lenccedilol
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada afirma-se que o P reconhece e identifica
materiais de expressatildeo plaacutestica tais como marcadores de feltro embora mencione
somente a palavra ldquomarcadoresrdquo aleacutem de reconhecer e identificar a cor verde
Anexo 25 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm9
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila L
Idade 2 anos e 6 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 22112018
Incidente No decurso da atividade de decoraccedilatildeo da casa da Lili (realizaccedilatildeo de
garatujas nos pedaccedilos de lenccedilol) a L encontrava-se a observar ao mesmo tempo que
manuseava a embalagem de marcadores de feltro disponibilizados e foi referindo
ldquoamarelo azul laranja vermelho verderdquo agrave medida que ia recolhendo cada marcador
das cores anteriormente mencionadas
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada constata-se que a L reconhece e
identifica cores tais como laranja amarelo verde azul e vermelho
Anexo 26 ndash Momento do planeamento das janelas para a casa da Lili
Figura 21 ndash Crianccedilas reunidas em grande grupo em momento de planificaccedilatildeo acerca da execuccedilatildeo de janelas
para a casa da Lili
Anexo 27 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre junto dos tecidos
constituintes da casa da Lili
Figura 22 ndash Dois grupos de trecircs e quatro crianccedilas envolvidas em momento de brincadeira livre recorrendo aos
tecidos constituintes da casa da Lili
Figura 23 ndash Grupo de trecircs crianccedilas a desenvolver brincadeiras livres junto dos tecidos que constituem a
casa da Lili
Anexo 28 ndash Pedaccedilos de tecidos utilizados na decoraccedilatildeo da casa da Lili
Figura 24 ndash Padrotildees dos tecidos utilizados para a decoraccedilatildeo da casa da Lili com recurso agrave teacutecnica
de colagem
Anexo 29 ndash Concretizaccedilatildeo da colagem de tecidos na casa da Lili
Figura 25 ndash Diaacutelogo entre crianccedilas e estagiaacuteria acerca dos tecidos
e respetivos padrotildees
Figura 26 ndash Crianccedila em momento de escolha do padratildeo de
tecido a utilizar
Figura 27 ndash Crianccedilas a proceder agrave colagem dos tecidos no tecido constituinte da
casa da Lili
Anexo 30 ndash Apoio na disposiccedilatildeo de cola no tecido a ser utilizado por uma
crianccedila
Figura 28 ndash Auxiacutelio a ser prestado pela estagiaacuteria a uma crianccedila face agrave disposiccedilatildeo de cola num
dos tecidos
Anexo 31 ndash Crianccedilas em momento de brincadeira livre na casa da Lili
Figura 29 ndash Pequeno grupo de crianccedilas a
desenvolver brincadeiras na casa da Lili
Figura 30 ndash Crianccedilas em pequeno grupo em momento de
brincadeira na casa da Lili
Figura 31 ndash Grupo de 6 crianccedilas a brincar na casa da Lili
Figura 32 ndash Grupo de crianccedilas com
jogos em momento de brincadeira
na casa da Lili
Figura 33 ndash Conjunto de tecidos dispostos nos tampos das mesas pelas
crianccedilas com o intuito de servir de telhado para a casa da Lili
Anexo 32 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm10
Registo de incidente criacutetico
Nome da crianccedila C
Idade 2 anos e 5 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 07122018
Incidente Apoacutes a montagem da casa da Lili com recurso aos tecidos personalizados
pelas crianccedilas estas dirigiram-se agrave mesma a fim de a explorarem e desenvolverem as
suas brincadeiras sendo que uma das crianccedilas a C referiu ldquoCacha (Casa) da Lilirdquo
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar que a C reconhece e
identifica materiais desenvolvidos e implementados no espaccedilo sala nos quais
colaborou referindo o nome dos mesmos Eacute ainda de salientar o progresso concretizado
pela C quanto agrave pronuacutencia da palavra ldquoLilirdquo uma vez que em tempo passado a crianccedila
revelava dificuldade quanto agrave expressatildeo da letra ldquoLrdquo dizendo somente ldquoi-irdquo
Anexo 33 ndash Pintura e estampagem dos peacutes das crianccedilas
Figura 34 ndash Crianccedilas a pintarem os peacutes a outras crianccedilas Figura 35 ndash Crianccedila a pintar o
seu peacute autonomamente
Figura 36 ndash Crianccedilas a procederem agrave estampagem dos peacutes
Figura 37 ndash Estampagem com recurso agrave pintura dos peacutes das crianccedilas concretizada
Anexo 34 ndash Pintura do vidro junto do qual se situa a casa da Lili
Figura 38 ndash Crianccedilas organizadas em pequenos grupos a efetuar a pintura do vidro
Figura 39 ndash Crianccedilas a manusear as tintas dispostas nos tabuleiros
para a concretizaccedilatildeo da pintura do vidro
Figura 40 ndash Pintura do vidro concretizada
Anexo 35 ndash Crianccedila a exibir as suas matildeos com cor de tinta resultante da
mistura de outras cores
Figura 41 ndash Crianccedila a exibir ambas as matildeos com o intuito de mostrar o resultado da junccedilatildeo
de tintas de cores distintas
Anexo 36 ndash Registo de observaccedilatildeo nordm11
Descriccedilatildeo diaacuteria
Nome da crianccedila L P
Idade 2 anos e 7 meses
Observadora Liliana (estagiaacuteria)
Data 21122018
Descriccedilatildeo Apoacutes a realizaccedilatildeo da pintura de um dos vidros do espaccedilo sala mais
especificamente o vidro ao qual se encontra junto a casa da Lili a LP dirigiu-se agrave
estagiaacuteria referindo ldquoQue penardquo
A estagiaacuteria ao ter escutado o que a crianccedila tinha dito perguntou-lhe ldquoDe que tens
penardquo agrave qual a crianccedila respondeu ldquoAcabourdquo apontando para o vidro no qual tinha
sido concretizada a pintura
Comentaacuterio Atraveacutes da observaccedilatildeo efetuada eacute possiacutevel afirmar o prazer e a satisfaccedilatildeo
que a atividade proporcionou agrave LP e na qual a crianccedila se envolveu com bastante
interesse tendo lamentado o teacutermino da mesma
Anexo 37 ndash Materiais utilizados para a concretizaccedilatildeo de objetos para a casa
da Lili
Figura 42 ndash Massa de farinha dividida em porccedilotildees sendo que algumas dispotildeem de corantes
alimentares e utensiacutelios para a modelagem da massa
Anexo 38 ndash Concretizaccedilatildeo de objetos para a casa da Lili
Figura 43 ndash Grupo de crianccedilas a desenvolver objetos com recurso a
massa de farinha
Figura 44 ndash Crianccedilas em momento de execuccedilatildeo de objetos com
massa de farinha
Figura 45 ndash Crianccedilas em pequeno grupo a concretizar os seus objetos
utilizando massa de farinha
Anexo 39 ndash Objetos desenvolvidos pelas crianccedilas
Figura 46 ndash Objetos executados por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Anexo 40 ndash Concretizaccedilotildees desenvolvidas por cada crianccedila
Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Crianccedila Objeto (s) criado (s)
C Televisatildeo
CC Bola
FL Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
FN Carro de brincar
FS Mala
G Caixa
L Chapeacuteu
LP Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
MA Bolachas
MB Bolo de chocolate
MI Nenhum (Natildeo se encontrava presente na instituiccedilatildeo educativa)
N Bola de futebol
P Vaso
S Rebuccedilado grande
T Almofada
V Telefone
Tabela 6 ndash Objetos desenvolvidos por cada uma das crianccedilas com recurso a massa de farinha
Recommended