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Universidade Federal do Rio de Janeiro
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MÃO
DE OBRA PRÓPRIA E TERCEIRIZADA:
ESTUDO DE CASO EM OBRA DE
EDIFICAÇÕES
Matheus Nascimento da Silva Alonso
2017
i
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MÃO
DE OBRA PRÓPRIA E TERCEIRIZADA:
ESTUDO DE CASO EM OBRA DE
EDIFICAÇÕES
Matheus Nascimento da Silva Alonso
Projeto de Graduação apresentado ao curso
de Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Engenheiro.
Orientador: Jorge dos Santos
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2017
ii
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MÃO DE OBRA PRÓPRIA E
TERCEIRIZADA: ESTUDO DE CASO EM OBRA DE EDIFICAÇÕES
Matheus Nascimento da Silva Alonso
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
_________________________________
Prof. Jorge dos Santos, D.Sc., Orientador
_________________________________
Prof. Luís Antônio Greno Barbosa, M.Sc.
_________________________________
Prof. Wilson Wanderley da Silva, D.Sc.
_________________________________
Prof. Willy Weisshuhn, M.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
iii
Nascimento da Silva Alonso, Matheus
Análise comparativa entre mão de obra própria e terceirizada:
estudo de caso em obra de edificações / Matheus Nascimento da
Silva Alonso. – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica,2017.
xii, 75 p.: 29,7 cm.
Orientador: Jorge dos Santos
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Civil, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 73
1. Introdução 2. A construção civil como polo gerador
de empregos 3. Aspectos legais: mão de obra própria e
terceirizada 4. Aspectos relacionados a produtividade: mão de
obra própria e terceirizada 5. Aspectos relacionados a
qualidade: mão de obra própria e terceirizada 6. Estudo de
caso 7. Conclusões
I. dos Santos, Jorge; II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.
Título
iv
DEDICATÓRIA
Dedico meu trabalho de graduação a todos os brasileiros, esperando que um dia
consiga retornar para a sociedade os investimentos a mim destinados nesses 5 anos de
graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais e a minha irmã que desempenharam papel fundamental em
minha formação como indivíduo. O homem em quem eu me transformei é fruto tanto da
sua garra para me criar quanto dos seus ensinamentos.
Agradeço aos meus amigos e namorada por me apoiarem em todos os momentos,
me acompanharem em minha trajetória, me aconselhando e estando sempre ao meu
lado.
Agradeço ao Estado brasileiro por ter investido em mim oferecendo-me uma
educação pública de qualidade nacional e internacional, contribuindo fortemente para a
minha formação acadêmica, pessoal e profissional.
Agradeço a Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro por toda a
sua excelência no ensino e sua equipe de docentes que são grandes vetores de
conhecimentos . Irei sempre me orgulhar de ter tido o privilégio de ocupar suas cadeiras
em minha formação no curso de Engenharia Civil.
A empresa em que trabalho, por todo o investimento, apoio e conhecimento
transmitido. Meu obrigado se direciona principalmente a todos os profissionais que
trabalharam comigo e de certa forma contribuíram para a minha formação tanto quanto
engenheiro como profissional.
Agradeço, por fim, ao meu orientador, professor Jorge dos Santos, pela confiança
depositada nesse trabalho e por suas orientações diretas e indiretas, fundamentais para o
desenvolvimento dessa monografia, e pelos conhecimentos transmitidos.
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica - UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MÃO DE OBRA PRÓPRIA E
TERCEIRIZADA: ESTUDO DE CASO EM OBRA DE EDIFICAÇÕES
.
Matheus Nascimento da Silva Alonso
Fevereiro de 2017
Orientador: Jorge dos Santos
Curso: Engenharia Civil
O setor da construção civil enfrentou recentemente dois tipos de crises bem distintas.
Há três anos houve um inchaço do setor com a grande expectativa gerada por dois
eventos de grande porte sediados no Brasil: Copa do mundo e Olimpíadas, acarretando
uma escassez de mão de obra produtiva e, atualmente, uma crise econômica. Ambas
fornecem insegurança e instabilidade aos consumidores, resultando em uma queda
significativa das vendas e uma preocupação mais intensa na redução de custos da obra.
Esses fatos estimularam as construtoras a repensar à maneira de contratação da mão de
obra produtiva e a investir nessa mão de obra para incorporá-la a sua empresa. A
presente monografia tem como objetivo abordar as diferenças entre a realização dos
serviços entre a mão de obra própria e terceirizada, identificando os principais pontos
que dificultam a sua transição.
Palavras-chave: mão de obra própria, terceirização, construção civil, produtividade, qualidade.
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer
COMPARATIVE ANALYSIS BETWEEN OWN AND OUTSOURCED
LABOUR: CASE REPORT IN A CONSTRUCTION WORK
Matheus Nascimento da Silva Alonso
February/2017
Advisor: Jorge dos Santos
Course: Engenharia Civil
The construction sector has recently faced two very different types of crises. Three
years ago there was a boom in the industry with the great expectation generated by two
large events based in Brazil: World Cup and Olympics, leading to a shortage of
productive labor and, currently, an economic crisis. Both provide insecurity and
instability for consumers, resulting in a significant drop in sales and a more intense
concern in reducing the cost of the construction. These events encouraged construction
companies to rethink how to hire the productive labor force and to invest in that labor to
incorporate it into their company. This monograph aims to address the differences
between the performance of services between own and outsourced labor, identifying the
main points that hinder their transition.
Key-words: own labour, outsourcing labour, civil construction, productivity, quality control.
viii
SUMÁRIO
1. Introdução ............................................................................................................................. 1
1.1. Importância do tema ..................................................................................................... 1
1.2. Objetivo ......................................................................................................................... 2
1.3. Justificativa da escolha do tema ................................................................................... 3
1.4. Abordagem e Metodologia ........................................................................................... 4
1.5. Estrutura da monografia ............................................................................................... 5
2. A construção civil como polo gerador de empregos ............................................................. 7
2.1. A importância do setor da construção civil ................................................................... 7
2.2. A evolução da mão de obra no Brasil .......................................................................... 10
2.3. Participação das terceirizadas ..................................................................................... 13
2.4. Volatilidade do setor ................................................................................................... 14
3. Aspectos legais: mão de obra própria e terceirizada .......................................................... 17
3.1. Legislação .................................................................................................................... 17
3.1.1. Modelos de contratação ......................................................................................... 17
3.1.2. Relação de emprego: tomador de serviços e trabalhador ...................................... 18
3.1.3. Sindicatos ................................................................................................................ 20
3.2. Responsabilidade legal ................................................................................................ 21
3.3. Comparação entre mão de obra própria e terceirizada ............................................. 23
4. Aspectos relacionados a produtividade: mão de obra própria e terceirizada .................... 25
4.1. Conceito de produtividade .......................................................................................... 25
4.2. A produtividade na indústria da construção civil ........................................................ 26
4.3. Fatores que afetam a produtividade ........................................................................... 27
4.3.1. O aumento do tempo de expediente ...................................................................... 27
4.3.2. Acelerações das tarefas do cronograma ................................................................. 28
4.3.3. Salário justo ............................................................................................................. 29
4.3.4. Características do projeto ....................................................................................... 30
4.3.5. Gerenciamento do projeto ...................................................................................... 33
4.3.6. Trabalho em equipe ................................................................................................ 35
4.3.7. Curva de aprendizado ............................................................................................. 36
4.3.8. Melhoria contínua de processos ............................................................................. 37
4.3.9. Melhoria de práticas construtivas ........................................................................... 38
4.4. Comparação entre mão de obra própria e terceirizada ............................................. 39
5. Aspectos relacionados a qualidade: mão de obra própria e terceirizada ........................... 42
5.1. Conceito de qualidade................................................................................................. 42
ix
5.2. Influência da mão de obra na qualidade ..................................................................... 43
5.2.1. Perfil do trabalhador ............................................................................................... 44
5.2.2. Treinamento e capacitação ..................................................................................... 44
5.2.3. Gerenciamento da mão de obra ............................................................................. 47
5.2.4. Controle de qualidade ............................................................................................. 49
6. Estudo de caso .................................................................................................................... 50
6.1. Aspectos gerais ............................................................................................................ 50
6.2. Caracterização da empresa ......................................................................................... 51
6.3. Caracterização da obra ................................................................................................ 51
6.4. Projeto executivo realizado ......................................................................................... 52
6.5. Viabilidade da equipe de forma contratada ............................................................... 54
6.5.1. Materiais ................................................................................................................. 55
6.5.2. Cronograma de atividades ...................................................................................... 59
6.5.3. Equipamentos e ferramentas .................................................................................. 61
6.5.4. Histograma .............................................................................................................. 64
6.5.5. Viabilidade da mão de obra .................................................................................... 66
6.6. Resultados obtidos ...................................................................................................... 67
6.7. Visão da empresa quanto a mão de obra própria ...................................................... 69
7. Conclusões........................................................................................................................... 70
7.1. Considerações finais .................................................................................................... 70
7.2. Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................... 71
7.3. Referencias .................................................................................................................. 73
x
Lista de Abreviaturas
CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CLT – Consolidação de Leis Trabalhistas
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção Civil
SINTRACONST - Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil
TST – Tribunal Superior do Trabalho
VAB – Valor adicionado bruto
xi
Lista de Figuras
FIGURA 4.1 – Evolução da proficiência de terminada tarefa com o tempo Barnat .................. 37
FIGURA 4.2 – Comparativo entre a produtividade na indústria da construção civil, baseada na
produtividade americada .......................................................................................................... 39
FIGURA 6.1 – Amostra dos defeitos nas peças concretadas devido a forma ............................
64
xii
Lista de Tabelas
TABELA 2.1: Produto Interno Bruto e Valor Agregado Bruto da indústria da construção civil ... 6
TABELA 2.2: Participação da indústria da construção na população ocupada …………………..….. 10
TABELA 2.3: Número de estabelecimentos e tamanho por empregados ativos na construção
civil ............................................................................................................................................. 14
TABELA 4.1 - Variação da produtividade da mão de obra para a fôrma dos pilares ................. 32
TABELA 4.2 - Variação da produtividade da mão de obra para o serviço de concretagem dos
pilares ........................................................................................................................................ 33
TABELA 4.3 - Razões que afetaram a queda de desempenho da mão de obra ........................ 34
TABELA 4.4 – Perdas semanais de homens-hora por operários (Adaptado de SCHWARTZKOPF,
2004) .......................................................................................................................................... 35
TABELA 6.1 – Levantamento de forma de projeto .................................................................... 54
TABELA 6.2 – Consumo estimado de madeira por metro quadrado de forma ......................... 53
TABELA 6.3 – Levantamento de madeira de projeto utilizada .................................................. 57
TABELA 6.4 – Custo da madeira ................................................................................................ 58
TABELA 6.5 – Custo do escoramento ........................................................................................ 58
TABELA 6.6 – Cronograma de atividades da obra ..................................................................... 60
TABELA 6.7 – Equipamentos utilizados na forma ...................................................................... 61
TABELA 6.8 – Ferramentas utilizados na forma ........................................................................ 62
TABELA 6.9 – Equipamentos de proteção individual ................................................................ 63
TABELA 6.10 – Histograma de mão de obra .............................................................................. 65
TABELA 6.11 – Custos da empreitada de forma com mão de obra própria …………………………… 66
xiii
1
1. Introdução
1.1. Importância do tema
A indústria da construção civil desempenha um papel muito importante no
desenvolvimento da economia do país. Sua elevada influência na economia é gerada devido a
fatores, como: alta capacidade de absorção de trabalhadores de todas as classes, gerando um
impacto direto na variabilidade da taxa de emprego; alta capacidade de geração de renda com
transformações de insumos de valores baixos em produtos de alto valor comercial, tanto a
curto como a médio prazo; além de sua interligação e interdependência com diversas outras
indústrias de outros setores.
Esse grande papel da construção civil vem acompanhado de um pensamento ruim do
mercado sobre as grandes e pequenas construtoras, que são conhecidas por atrasos na entrega
com descumprimentos dos prazos, falta de qualidade no serviço executado, desumanização
das condições de trabalho para os seus operários, entre outros.
Nos últimos 30 anos houve um grande incremento da terceirização da mão de obra na
indústria da construção. Isso se deveu aos altos custos arcados pelas empresas construtoras
com encargos sociais, as crescentes exigências de benefícios impostos pelos acordos sindicais
e a alta rotatividade principalmente da mão de obra operária elevando custos com admissão e
demissão de pessoal. Dessa forma, para reduzir esses custos, as empresas construtoras
passaram a terceirizar maciçamente suas atividades operacionais nos canteiros de obras.
Algumas empresas construtoras utilizam forças de trabalho mistas compostas por pessoal de
seus quadros e pessoal terceirizado e outras terceirizam tudo, mantendo em seus canteiros de
2
obra somente o gestor da obra (engenheiro ou arquiteto) e alguns poucos profissionais ligados
a coordenação, administração e fiscalização da obra.
Junto a esse movimento de terceirização, cresce também problemas relacionados com a
baixa performance do setor em termos de qualidade das obras, segurança e saúde da força de
trabalho, administração adequada dos recursos humanos e dificuldades na gestão da
produtividade da obra.
Assim sendo, o estudo da literatura técnica disponível sobre o tema e estudo das
peculiaridades inerentes ao uso de força de trabalho própria, mista ou terceirizada nos
canteiros de obra é de fundamental importância para a melhoria contínua do setor.
1.2. Objetivo
O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar uma análise comparativa entre
a utilização da mão de obra contratada pela própria construtora e a mão de obra terceirizada
através da contratação de empreiteiras na indústria da construção civil.
Esse estudo comparativo foi realizado nos aspectos legal, produtivo e qualitativo das
obras e sendo feito um estudo de caso comparativo sobre a equipe de formas de um
empreendimento, mostrando as divergências relacionadas as duas situações: mão de obra
própria e mão de obra terceirizada.
3
1.3. Justificativa da escolha do tema
Em épocas de crise como na atual conjuntura, a construção civil pode contribuir
fortemente para a melhoria da economia brasileira, tendo uma importante participação na
geração de empregos e no giro de capital, diminuindo assim, os impactos negativos da crise
sobre a população. Para tanto, é necessário gerar incentivos que promovam investimentos na
indústria da construção para que a mesma possa dar as respostas necessárias.
Como a insegurança econômica atual, a principal alternativa para que as empresas
continuem empreendendo na construção civil e que estes empreendimentos deem o retorno
adequado, é a redução de custos, já que a velocidade de venda diminui bastante e a demanda
tanto por investidores quanto para primeiros donos pelos imóveis caíram bastante. Para
aumentar a competitividade e reduzir ao máximo os custos de uma obra afim de viabilizá-la, a
alternativa principal após a definição do projeto executivo é otimizar os gastos com material e
mão de obra, sendo o primeiro um fator importante para a qualidade do produto a ser entregue
e o segundo, uma variável bastante difícil de ser mensurada e valorada, pois possui diversos
fatores intrínsecos que influenciam na sua performance.
Como solução, as construtoras investem em primeiro momento na realização das etapas
básicas da construção civil por equipes de mão de obra própria, para obter um maior controle
produtivo de suas obras. Por isso, para o estudo de caso escolheu-se a realização da
comparação no serviço de formas, visto que é um serviço essencial que ocupa grande parte do
processo produtivo de um empreendimento.
Assim sendo, a análise comparativa entre as modalidades da composição da força de
trabalho para suprir as necessidades de um canteiro de obras entre mão de obra própria e mão
4
de obra terceirizada e o estudo dos aspectos inerentes a essas modalidades são de grande
relevância e assumem grande importância para orientar os engenheiros civis por ocasião do
orçamento e planejamento das obras.
1.4. Abordagem e Metodologia
O presente trabalho é uma pesquisa sobre os principais itens comparáveis entre mão de
obra própria e terceirizada, com um intuito de estabelecer todos os pontos positivos e
negativos entre um modelo de contratação e outro, aperfeiçoando os serviços a serem
realizados, com mais qualidade, em menos tempo e de acordo com a legislação trabalhistas
em vigor.
Como ponto de partida foi realizada revisão bibliográfica, mediante pesquisa junto a
Internet de monografias de TCC, monografias de cursos de especialização, dissertações de
mestrado e teses de doutorados junto as 5 principais universidades brasileiras. Foram
visitados sites específicos cujos objetivos têm afinidade com os objetivos deste TCC. Os
textos e dados obtidos na pesquisa foram tabulados, analisados e utilizados como base para a
redação dos diversos itens da monografia.
O estudo de caso foi realizado baseado na utilização de mão de própria de equipe de
forma em uma das grandes construtoras do Rio de Janeiro, que formaram uma equipe de
produção para ser utilizada em suas obras na tentativa de equiparar os custos e produtividade
das empreiteiras, melhorando a qualidade do produto entregue e padronizando-a.
5
1.5. Estrutura da monografia
A monografia foi estruturada em sete capítulos, que abordam as relações da mão de obra
operaria com as construtoras, elaborando um comparativo entre a mão de obra própria e
terceirizada.
No capítulo 2, foi realizado uma revisão bibliográfica sobre a importância da construção
civil como geradora de empregos e sua grande influência na economia local e do país. Nesse
capítulo, aborda-se as principais características da mão de obra empregada nesse segmento da
indústria.
O capítulo 3 aborda as relações entre a mão de obra própria e terceirizada com a empresa
construtora no aspecto legislativo, identificando as suas responsabilidades como empregadora
direta ou indiretamente
No capítulo 4, faz-se o comparativo entre a mão de obra própria e terceirizada no aspecto
produtivo, no qual identifica-se os principais pontos de interferência na produção dos
operários e como esses dois diferentes modelos de contratação podem interferir na
produtividade dos mesmos.
O capítulo 5 aborda a comparação entre serviços realizados entre a mão de obra própria e
terceirizada de maneira qualitativa, baseado na experiência e treinamentos recebidos pelos
funcionários.
No capítulo 6 apresenta-se um estudo de caso em que foi realizado a parte produtiva de
forma de uma obra com mão de obra do quadro de funcionários da construtora, comparada ao
6
histórico das outras obras que são realizadas com a contratação de empreiteiras
especializadas.
Por fim, o capítulo 7 traz as considerações finais e conclusões desse trabalho, finalizando
com proposições para futuras pesquisas.
7
2. A construção civil como polo gerador de empregos
2.1. A importância do setor da construção civil
A indústria da construção civil é a maior geradora de empregos e capital no Brasil. De
acordo com o IBGE, conforme demonstrado na tabela 2.1, pode se verificar que o valor
adicionado bruto (VAB) do setor atingiu aproximadamente 325 milhões de reais, cerca de
6,4% do VAB gerado total do Brasil e de 28,3% do setor secundário, mostrando a importância
dessa indústria frente as outras atividades e como um gerador de capital no país. (IBGE,
2014)
Esse setor, caracterizado principalmente como uma indústria nômade, com grande
versatilidade nos seus produtos e grande geradora de resíduos, utiliza como seus principais
recursos os materiais e a mão de obra. Essas características das construções, mostram como
uma obra é altamente dependente dos seus operários responsáveis pela produção, mais
BRASILCONSTRUÇÃO
CIVILINDÚSTRIA BRASIL - PIBpm
CONSTRUÇÃO
CIVIL - VABpbVABpb TOTAL BRASIL (%) VABpb INDÚSTRIA (%)
2000 1 199 092 1 031 326 71 780 275 871 ... ... 7,0 26,0
2001 1 315 755 1 120 422 70 182 297 881 1,4 (1,6) 6,3 23,6
2002 1 488 787 1 270 215 81 980 334 908 3,1 4,8 6,5 24,5
2003 1 717 950 1 470 717 67 878 396 569 1,1 (8,9) 4,6 17,1
2004 1 957 751 1 661 982 82 057 475 863 5,8 10,7 4,9 17,2
2005 2 170 585 1 842 818 84 571 524 686 3,2 (2,1) 4,6 16,1
2006 2 409 450 2 049 290 89 102 567 281 4,0 0,3 4,3 15,7
2007 2 720 263 2 319 528 105 871 629 071 6,1 9,2 4,6 16,8
2008 3 109 803 2 626 478 114 802 717 907 5,1 4,9 4,4 16,0
2009 3 333 039 2 849 763 154 624 729 222 (0,1) 7,0 5,4 21,2
2010 3 885 847 3 302 840 206 927 904 158 7,5 13,1 6,3 22,9
2011 4 373 658 3 717 737 233 544 1 010 892 3,9 8,2 6,3 23,1
2012 4 805 913 4 085 412 265 237 1 064 812 1,9 3,2 6,5 24,9
2013 5 316 455 4 538 596 291 541 1 131 810 3,0 4,5 6,4 25,8
2014 5 687 309 4 877 935 323 756 1 169 169 0,1 (0,9) 6,6 27,7
2015 5 904 331 5 055 367 325 081 1 149 415 (3,8) (7,6) 6,4 28,3
TAXA REAL DE CRESCIMENTO (%) PARTICIPAÇÃO DO VABpb CONSTRUÇÃO CIVIL PIB BRASIL - Valores
Correntes (R $ 1.000.000)
VALOR ADICIONADO BRUTO - VABpb
Valores Correntes (R $ 1.000.000)ANO
TABELA 2.1: Produto Interno Bruto e Valor Agregado Bruto da indústria da construção civil. (Fonte: IBGE,
Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2014.)
8
fortemente ainda em países não desenvolvidos, onde os métodos executivos e de mecanização
ainda são escassos no setor (MESEGUER, 1991).
De acordo com Vieira (2005), os recursos humanos são os mais difíceis de serem
gerenciados, visto que são altamente vulneráveis a influências internas e externas ao trabalho
propriamente dito, além disso, precisam ser motivados frequentemente para a finalização e
sucesso das tarefas individuais.
A mão de obra tem um papel muito importante na construção, pois ela é responsável por
aproximadamente 37% dos custos de construção de um edifício e, de acordo com Meseguer
(1991), a incidência a nível mundial de falhas relacionada a mão de obra durante o ciclo
produtivo da construção civil é de 75%, sendo 33% dentre os 75% falhas referentes somente a
execução dos serviços. Assim, com uma visão global, percebe-se que a mão de obra possui
um impacto significante no custo de uma obra e é responsável pela causa de diversas falhas
que oneram a construção com correções e baixa qualidade de serviço.
O setor da construção civil gera empregos para diversas profissões bem específicas, como
o armador, ladrilheiro, pedreiro, gesseiro, bombeiro e etc., e que, em sua maioria, iniciam a
carreira profissional como serventes e ajudantes, buscando algum emprego ou fonte de renda.
Essa grande variedade de profissionais específicos, aliados a alta variação de demanda de
cada uma profissão durante as etapas construtivas, criam uma incerteza quanto ao futuro de
médio prazo dos mesmos. O início de uma segunda tarefa sucessora lógica de uma primeira
tarefa pode gerar uma grande quantidade de mão de obra ociosa visto que os profissionais não
são aptos e não serão aproveitados na segunda tarefa, causando assim um grande número de
contratações e demissões (HEINECK, 1989).
9
Esse setor é responsável por absorver um grande volume de mão de obra diretamente para
a construção ou indiretamente para a produção de diversos insumos necessários a construção.
Grande parte dessa massa trabalhadora é utilizada como força de trabalho manual e repetitivo,
podendo assim ser empregado com pouca ou nenhuma formação, realizando todo o seu
aprendizado durante o acompanhamento e execução da tarefa pelos outros profissionais,
resultando em um impacto positivo na geração de emprego para a população de baixa renda e
formação.
De acordo com as propostas de crescimentos para o Brasil elaboradas por Cover (2016),
em épocas de crise e desaceleração da economia, o investimento na construção civil deve ser
amplamente incentivado, visto que a resposta é quase imediata quanto a geração de emprego e
renda, principalmente de baixa renda.
Conforme pode ser visto na tabela 2.2, a indústria da construção civil empregou 8.808.155
trabalhadores formais, cerca de 8,59% do total de trabalhadores formais, conforme mostra na
tabela 2.1, a evolução desde o ano 2000 do emprego formal na construção comparativamente
ao total do Brasil. Esse quantitativo além de ser expressivo, vem crescendo significativamente
nos últimos anos (IBGE, 2015).
10
Esse valor de população ocupada mostrado na tabela 2.2, aumenta significativamente para
13 milhões de pessoas, de acordo com Cover (2016) quando são considerados os trabalhos
formais, informais e indireto (empresas de outros setores que tem como cliente principal a
indústria da construção, como as metalúrgicas que produzem esquadrias), chegando a cerca de
11,4% da população brasileira ocupada. Assim, evidencia-se que a indústria da construção
civil é a maior responsável na geração de empregos no Brasil.
2.2. A evolução da mão de obra no Brasil
A construção civil foi historicamente alimentada pela mão de obra não qualificada
proveniente do Nordeste, onde trabalhadores sem instrução e com má qualidade de vida,
migravam para as grandes cidades em busca de um emprego. Esse setor da indústria tinha
uma grande capacidade de absorver essa massa, visto que os salários praticados eram baixos,
Brasil Construção Civil
2000 78 744 515 5 579 533 7,09
2001 79 340 589 5 603 994 7,06
2002 82 416 557 5 851 946 7,10
2003 83 770 062 5 652 633 6,75
2004 8 794 247 5 862 069 6,67
2005 90 538 826 6 135 556 6,78
2006 93 049 796 6 201 572 6,66
2007 94 551 694 6 514 359 6,89
2008 95 720 196 6 833 562 7,14
2009 96 559 173 7 229 909 7,49
2010 98 116 218 7 844 451 8,00
2011 99 560 157 8 099 182 8,13
2012 100 960 268 8 578 192 8,50
2013 102 537 434 8 808 155 8,59
AnoPessoas Ocupadas Participação Relativa da
Construção Civil na
População Ocupada Total (%)
TABELA 2.2: Participação da indústria da construção na população ocupada
(Fonte: IBGE, Pesquisa Anual da Indústria da Construção, 2014)
11
os trabalhos exaustivos e o aprendizado podia ser dado in loco com a simples observação do
próximo realizando o mesmo (AT. BARROS JUNIOR ET AL,1990).
A partir da década de 80, com o desenvolvimento do país e aumento de fiscalização de
vínculos empregatícios, o custo dessa mão de obra por hora aumentou e sua qualidade e
eficiência para realização de trabalho não progrediu. Como solução, as grandes construtoras
apoiaram a criação de pequenas empresas que seriam lideradas pelos próprios encarregados
do serviço na obra, que tinham anos de prática naquele mesmo serviço, porém nenhuma
expertise do funcionamento de uma empresa, tanto quanto os seus direitos, deveres e
obrigações para e com os seus empregados, clientes e governo como uma organização
privada. O intervalo entre ser um bom executor de determinado serviço e gerenciar uma
empresa, precificando todos os custos diretos e indiretos, tendo mão de obra capacitada para
realização do mesmo e resolvendo as burocracias envolvidas eram enormes, mas a oferta de
trabalho impulsionava a criação dos mesmos dando força e sustentação para a sua
sobrevivência.
Essas microempresas criadas são as atuais empreiteiras, como são conhecidas hoje no
mercado, que oferecem serviço para grande parte das construtoras (um termo não muito
representativo já que fazem muito mais o gerenciamento dos subcontratos do que
propriamente construir). Observando o histórico dessas empreiteiras, entende-se o alto índice
de falências e processos judiciais contra elas, devido a utilização de contratos informais,
orçamentos para serviços mal realizados, entre outros. (SERRA, 2001).
De acordo com uma pesquisa feita pelo SINDUSCON-FPOLIS (2015), o perfil do
trabalhador da construção civil é em sua maioria jovens ingressando no mercado de trabalho -
27,3% jovens entre 18 a 25 anos e 23,9% jovens de 26 a 30 anos – o gênero predominante é o
12
masculino com 93,2% de representação, quanto a formação escolar, mais de 1/3 não possuem
o ensino fundamental completo – 6,4% não sabe ler e escrever, 33,8% com fundamento
incompleto, 16,6% com fundamental completo, 16,2% com ensino médio incompleto, 13,2%
com ensino médio completo e 13,9% havia iniciado o curso técnico ou superior completos ou
não – e quanto a sua origem, 47% eram ou tinham descendência de nordestinos que migraram
para a região em busca de melhores condições de vida. Essa pesquisa foi feita na cidade da
Florianópolis, uma cidade grande e desenvolvida, que possui um alto nível de escolaridade,
porém quando comparada com outras cidades menores ou de menor nível de estudo, esse
percentual de ensino fundamental ou médio incompleto aumenta fortemente.
De acordo com CBIC (2010), o setor da construção sempre foi conhecido pelo seu alto
índice de analfabetismo, mas recebeu diversos incentivos por parte dos empresários e
entidades ligadas ao setor na forma de programas de alfabetização e aperfeiçoamento
educacional. Esses programas estão ajudando a erradicar o nível de analfabetismo do nosso
setor que atualmente representa cerca de 1% do universo dos operários.
Apesar do ganho dos operários nessa parte de desenvolvimento pessoal, há uma grande
repudia deles quanto aos trabalhos que os mesmos realizam. De acordo com Santos (2010) e
Oliveira e Iriart (2008) que relatam descrições de serventes sobre o seu trabalho como pegar
no pesado, executar tarefas apressadamente, sentir-se tratado como animal ou máquina, fazer
esforço físico em um trabalho arriscado e desvalorizado, ser humilhado e se sentir
discriminado sem ver nenhum futuro, pode-se perceber o cotidiano desses trabalhadores e a
dificuldade que os mesmos enfrentam. Pode-se observar nesses relatos os arrependimentos
dos mesmos de trabalharem nesse setor, que se tornam explicitas com a vergonha que sentem
ao conversar sobre a sua profissão ou a tentativa de dissimular o seu trabalho e sua condição
13
no seu vestir ou no simples não envolvimento de seus filhos no próprio trabalho ensinando
suas técnicas e lições já aprendidas.
2.3. Participação das terceirizadas
A indústria da construção civil tem uma grande importância econômica não só pelo
volume de recursos financeiros mobilizados, mas também por ser uma potencial geradora de
empregos. O setor é altamente fragmentado e composto por um grande número de pequenas e
microempresas, que atuam em uma gama diversificada de insumos e serviços durante as
diversas etapas de construção de uma edificação.
A tabela 2.3 expressa a quantidade de estabelecimentos de construção civil no Brasil que
geraram alguma renda no ano de 2015, separados pela quantidade de funcionários que essas
empresas possuem. O número de funcionários dessas empresas é associado diretamente ao
tamanho da empresa e pode ser referido ao tipo de empresa em que ele trabalha. Separando
esses grupos em duas grandes faixas com o limite de 50 empregados: a quantidade de
empresas que operam em uma faixa de 0 a 50 empregados em seu total, é de 224.919,
enquanto a faixa de empresas que operam com uma quantidade superior a 50 operários é igual
a 8.424.
14
Pode- se perceber que o percentual de micro e pequenas empresas no ramo da construção
civil é bem superior ao de grandes empresas, equivalente a 96% do total de empresas
registradas. Essas pequenas empresas são, em sua maioria, contratadas pelas construtoras para
prestação de serviços específicos, como formas, armação, concretagem, alvenaria,
revestimentos, instalações prediais, impermeabilização, pintura.
2.4. Volatilidade do setor
O setor da construção civil tem caráter cíclico, onde há épocas de investimentos, como as
que o Brasil presenciou nos últimos 6 anos de Copa do Mundo de futebol e Olimpíadas, e
épocas de recessão, como a atual (final de 2016). Essa variação de investimento, de acordo
com Lima (2005), ocorre periodicamente na construção civil que é fortemente afetada pela lei
da oferta e da procura, instabilidades políticas e econômicas, devido ao seu grande peso
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste TOTAL
0 empregados 2 126 10 414 23 751 15 859 5 274 57 424
Até 4 empregados 3 881 15 363 45 592 27 080 9 629 101 545
De 5 a 9 empregados 1 337 5 273 14 597 7 739 2 721 31 667
De 10 a 19 empregados 896 3 529 9 615 4 489 1 707 20 236
De 20 a 49 empregados 672 2 831 6 793 2 636 1 115 14 047
De 50 a 99 empregados 280 1 071 2 217 669 388 4 625
De 100 a 249 empregados 171 656 1 279 284 228 2 618
De 250 a 499 empregados 46 185 389 66 54 740
De 500 a 999 empregados 21 73 150 27 13 284
1.000 ou mais vínculos ativos 17 36 87 9 8 157
TOTAL BRASIL 9 447 39 431 104 470 58 858 21 137 233 343
Tamanho do
estabelecimento por
empregados ativos
Construção Civil
Regiões Geográficas
TABELA 2.3: Numero de estabelecimentos e tamanho por empregados ativos na construção civil.
(Fonte: IBGE, Pesquisa Anual da Indústria da Construção, 2014)
15
financeiro e responsabilidade a comprar um imóvel, em sua grande maioria, financiado em
bancos.
Durante esses grandes investimentos, como os citados anteriormente, a carência de mão
de obra sobressai e impacta diretamente no custo da mão de obra que começa a aumentar,
visto que não há oferta no mercado e a demanda está em alta. Com essa alta demanda e
salários mais altos, a construção civil atrai novos funcionários com pouca experiência e
destreinados, o que afeta diretamente a qualidade do serviço executado. São nessas épocas
que os jovens são atraídos para trabalhar no setor, foram estimados que 50% dos
trabalhadores nos eventos pré Copa do Mundo de futebol e Olimpíada tinham menos de 1 ano
de experiência nas atividades em que exerciam e praticavam as suas atividades somente com
o treinamento básico e teórico que haviam lhe fornecido.
Além disso, as etapas de construção de um empreendimento completo abrangem um
número grande de profissionais com qualificações distintas. Dentro de uma mesma obra, tem-
se cerca de 30 categorias profissionais diferentes, responsáveis por serviços que se sucedem e
não podem ser elaborados concomitantemente. Assim a demanda por uma certa categoria
profissional varia significativamente diante da etapa executiva em que ela se encontra,
gerando uma rotatividade alta considerando um tempo de duração de obra pequeno em torno
de 2,5 anos (HEINECK, 1989).
Uma alternativa para essa alta rotatividade interna, dentro das obras de uma construtora,
foi a terceirização dos serviços, em que uma construtora sozinha não tinha volume de obras
suficientes para realocar os seus funcionários, então uma empresa de menor porte contrataria
esses funcionários e seria contratada para prestar serviços para diversas construtoras e garantir
a rotatividade necessária para essa mão de obra, tentando manter uma média boa de mão de
16
obra contratada, padronizando e aperfeiçoando teoricamente o modo de execução dos seus
serviços.
Portanto, esse caráter cíclico de investimentos no setor adicionado a variabilidade da
demanda de diferentes categorias profissionais durante o desenvolvimento de uma obra geram
uma alta rotatividade e insegurança quanto ao emprego, visto que a mobilização é mais do
que esperada e a duração em uma obra é curta e limitada. Esses fatores explicam a carência de
profissionais disponíveis no mercado, que acabam migrando para atividades industriais mais
estáveis, a dificuldade e o receio de investimento na formação desses profissionais, que tem
determinada e pequena vida útil na empresa e a realização de listas de cadastros reservas para
a contratação dos mesmos (HEINECK, 1989).
17
3. Aspectos legais: mão de obra própria e terceirizada
3.1. Legislação
Do ponto de vista legislativo, tem-se duas relações distintas entre os dois modelos de
contratação e execução de obra, da parte da mão de própria temos os contratos entre a
empresa e seus funcionários regidos pela Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT) e
convenções coletivas anuais entre classes e da parte da terceirização, tem-se o contrato
estabelecido entre duas empresas (construtora e empreiteira) para a realização de um
determinado serviço.
3.1.1. Modelos de contratação
Na construção civil, o modelo de terceirização utilizado é o de terceirização de mão de
obra, regido pela lei número 6.019. Esse modelo de terceirização é realizado de forma
trilateral, pois engloba três partes: o trabalhador (operário), prestadora do serviço (empreiteira
e microempresas) e a tomadora do serviço (construtora ou incorporadora).
De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, a terceirização regular é aquela que
acontece em atividade-meio da tomadora do serviço, desde que também não haja
subordinação nem pessoalidade entre o trabalhador e o tomador do serviço, ou seja, não pode
realizar a contratação de uma empreiteira para realizar toda a construção que seria a atividade
fim ou somente fornecer a mão de obra para a construtora incorporá-la a seu quadro de
funcionários (súmula 331, I e II, TST, 2011).
18
A prestadora, para cumprir com o objeto do contrato de prestação de serviços, ela se
utiliza da sua mão de obra, com seus equipamentos, seu know-how, e presta o serviço para a
tomadora. A prestadora não cede, não fornece a mão de obra, ela presta integralmente o
serviço, como todos os aspectos relacionados a esse serviço. Não há pessoalidade nem
subordinação entre o trabalhador e a tomadora. A pessoalidade e a subordinação existem com
a prestadora. Dentro da terceirização regular, a prestadora é a empregadora do prestador
(empregado) – há o vínculo empregatício – e a prestadora vende um serviço a seus clientes. A
tomadora não pode dirigir a mão-de-obra do prestador.
De acordo com o artigo 455 da CLT, que rege os contratos de subempreitada na
construção civil, a terceirização de uma construção é realizada seguindo o seguinte raciocínio:
o dono da obra (construtora) contrata um empreiteiro (pessoa física, sem subordinação) ou
empreiteira (pessoa jurídica), que contratam subempreiteiro (pessoa física) ou subempreiteira
(pessoa jurídica). Esse contrato de subempreitada, possui como principal objeto a realização
de etapas de uma obra de construção em um determinado período, o qual contratam
empregados com vínculo de emprego e subordinação. Em contrapartida, para a contratação de
mão de obra própria diretamente pela construtora, tem-se o vínculo direto entre empresa
(construtora) e o seu empregado (artigo 455, CLT, 1943).
3.1.2. Relação de emprego: tomador de serviços e trabalhador
Independente do modelo utilizado para a realização dos serviços, a relação de emprego
entre a construtora ou empreiteira com os seus operários devem seguir as normas trabalhistas
propostas nas leis brasileiras. A CLT (1943) rege 4 pontos principais, que devem ser seguidos
em todos os contratos de trabalho:
19
a) Prestação de serviço não eventual: a prestação de serviço deve ser de forma
contínua, habitual, com regularidade, o que não implica ou diferencia a quantidade
de dias trabalhados na semana.
b) Prestação com pessoalidade: o trabalhador contratado terá que prestar
diretamente o serviço, não podendo ser substituído por outra pessoa, mas apenas
em situações excepcionais, com a concordância do empregador.
c) Prestação com subordinação: o empregador tem o controle e dirige a mão de
obra. O interesse principal do empregador é na mão de obra e os benefícios e
trabalho que ela vai gerar para ele e não no resultado final da prestação de
serviços. Isso garante que o empregado vende a sua força de trabalho, e não o
resultado da prestação de serviços. Essa subordinação do empregado, se traduz no
controle do horário, do local de trabalho, das tarefas a serem realizadas, controla a
produtividade, define metas a serem alcançadas. Tudo isso é inerente ao poder de
subordinação e de direção do empregador contratante. Em decorrência desse
controle, o empregador assume os riscos do trabalho. Independentemente do
resultado final, de o empregador ter ou não lucrado com a utilização da mão de
obra, ele vai ter que pagar salário, ainda que o prejuízo tenha sido provocado pelo
emprego. Existe até previsão de desconto em caso de dano, doloso ou culposo,
mas existem limites e o pagamento do salário está garantido.
d) Prestação com onerosidade: o empregado trabalha para receber como objetivo
principal o salário.
Em adicional, as empresas de construção civil devem seguir os acordos estabelecidos
regionalmente pela convenção coletiva sindical, na qual o sindicato operário de construção
20
civil regional negocia com o sindicato patronal anualmente para assegurar os benefícios dos
trabalhadores e reajustes que serão feitos nos contratos.
Nesse acordo entre os sindicatos dos operários e do patrão, é colocado em discussão todos
os direitos e deveres dos empregados e dos empregadores, como os reajustes salariais anuais,
o piso mínimo do trabalhador, a alimentação do operário no canteiro de obras, o transporte do
operário, entre outros benefícios a serem defendidos pelos empregados e empresas, que
defendem suas ideias e dependendo da força que possuem podem atingir melhores benefícios
para a sua classe (CONVENÇAO COLETIVA, 2016).
3.1.3. Sindicatos
O sindicato é uma associação de pessoas de um mesmo setor econômico que representam
a sua categoria específica profissional ou econômica de um dado município, para colocar em
prática os interesses das pessoas que os mesmos representam. A estrutura sindical brasileira
tem como base a divisão em duas grandes categorias: profissionais e patronais, e no caso da
construção civil do Rio de Janeiro, é representado pelo Sintraconst-Rio, o Sindicato dos
trabalhadores da Indústria da Construção Civil e pelo Sinduscon-Rio, o Sindicato da Indústria
da Construção Civil.
Essa associação sindical é financiada pelos próprios trabalhadores formais de maneira
obrigatória e anual de acordo com o repasse feito direto pela empresa ao governo e pela
associação de alguns funcionários, que optam por contribuir mensalmente com o seu sindicato
representativo para obtenção de mais benefícios (AMARO, 2009).
Esses sindicatos são responsáveis pelo acordo anual entre os direitos e deveres dos
operários da construção civil, denominado Convenção Coletiva de Trabalho Consolidada.
21
Nesse acordo sindical, os sindicatos dos profissionais negociam com os patronais diversos
benefícios para serem realizados durante o próximo ano, até a nova convenção, em todos os
postos de trabalho a que se submetem a jurisdição dos mesmos. Esses acordos realizados,
regem toda a categoria de trabalhadores e patrões, independentemente de eles serem afiliados
ou não aos sindicatos de sua categoria (AMARO, 2009).
Os sindicatos possuem como principal função a defesa da categoria que eles representam,
orientando os seus associados na busca pelos seus direitos, realizando vistoria nas
construtoras para verificação das condições de trabalho e normas vigentes, funcionando
basicamente como uma consultoria individual para assegurar os direitos dos funcionários
frente as empresas que os contratam.
O bom relacionamento das empresas com os sindicatos é fundamental, visto que eles
promovem denúncias frequentes ao MTE quanto ao descumprimento de cláusulas
trabalhistas, acordo coletivos e práticas indevidas de segurança e saúde nas obras. Assim, as
contratações de empreiteiras com trabalhadores informais dificultam essa relação, podendo
causar embargos das obras e atrasos no cronograma (BARAÚNA, 2009).
3.2. Responsabilidade legal
No quesito de responsabilidade legislativa e fiscal dos funcionários que trabalham em uma
determinada obra, a construtora não se exime dessa responsabilidade para com os seus
empregados ou empregados de uma empreiteira.
22
A construção civil tem um grande potencial para geração de ações judiciais, seja com a
segurança no trabalho, informalidade de contratação no setor, pendências ambientais,
problemas com vizinhos, atrasos para entrega da obra, entre outros.
"A construção civil é o ramo que mais gera ações na Justiça do Trabalho." (BARAÚNA,
Haroldo, 2009).
Segundo BARAÚNA (2009), em cada obra, se existem cem pessoas contratadas, existem
cem potenciais ações na Justiça trabalhista e com o aumento do setor, a tendência desses
processos é só aumentar. A informalidade do setor e falta de conhecimento dos operários
geram contratos abusivos com diversas formas de exploração, por isso a recorrência a justiça
do trabalho é grande. As empresas, atualmente, procuram se defender e precaver contra esses
processos formalizando os seus processos e assegurando melhores condições de trabalho.
De acordo com o artigo 455 da CLT, nos contratos de subempreitada responderá o
subempreiteiro pelas obrigações derivadas do contrato de trabalho que celebrar, cabendo,
todavia, aos empregados, o direito de reclamação contra o empreiteiro principal pelo
inadimplemento daquelas obrigações por parte do primeiro. Ao empreiteiro principal fica
ressalvada, nos termos da lei civil, ação regressiva contra o subempreiteiro e a retenção de
importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo.
Por isso, a contratação de uma empreiteira para a realização dos serviços é bastante
delicada, visto que a sua falência (prática usual entre essas microempresas, que criam outra
com uma diferente razão social para realização da mesma tarefa e começar do início) pode
comprometer a construtora, gerando grandes débitos e indenizações para todos os
funcionários que trabalhavam na obra.
23
Assim, o construtor não deve negligenciar as relações trabalhistas das empresas
subcontratadas e deverá fiscalizar as mesmas para evitar ao máximo problemas com a sua
obra (embargos e multas) e evitar futuros processos trabalhistas. Por isso, atualmente, a
maioria das construtoras e incorporadoras tentam se resguardar ao máximo, possuindo
diversos procedimentos internos que exigem a apresentação de documentações dessas
empresas para verificar que eles estão em dia com os seus direitos e deveres para e com os
seus funcionários alocados na obra (LEIRIA, 1992).
3.3. Comparação entre mão de obra própria e terceirizada
Pelo ponto de vista teórico, a terceirização dos serviços somente seria viabilizada para
pequenos serviços onde a construção não teria demanda suficiente para contratar funcionários
para a realização dos mesmos ou para um curto período de tempo, já que a contratação de
uma empreiteira, englobaria um custo adicional de toda uma estrutura para suporte dessa mão
de obra e ainda incluiria o lucro para a mesma. Porém, isso não é o que acontece na prática da
construção civil, na qual as construtoras, em sua maioria, contratam empreiteiras para a
realização de todos os serviços e cuidam da parte do gerenciamento da obra (LEIRIA, 1992).
A maior justificativa para essa prática é que essas microempresas conseguem custos
menores para a realização dos serviços devido a algumas informalidades em suas tarefas e
também maior produtividade. No artigo REIS (edição 123, 2011), ela relata um depoimento
de um empreiteiro que afirma que todos os seus funcionários recebem um salário fixo do piso
salarial admitido pela categoria sindical e o adicional pago pela quantidade de serviço
realizado é dado por fora, sem encargos trabalhistas.
24
Por isso, quando a construtora opta por contratar equipes próprias para a realização dos
serviços pagando as horas tarefas realizadas dentro holerite, ela possui uma despesa a mais
devido aos encargos, o que acaba encarecendo essa mão de obra própria e comparação entre
os dois fica discrepante com o empreiteiro informal, que paga somente os encargos sobre o
salário mínimo permitido na categoria. Em adicional, os trabalhadores com a sua visão
imediatista e com pouco acesso a informação, não percebem a irregularidade do contrato
realizado entre os dois e preferem receber em seu pagamento mensal um adicional de X em
uma empreiteira por realização de determinado serviço do que Y para realização do mesmo
serviço de maneira formal.
Essa informalidade prejudica as construtoras de duas formas principais. A primeira é a de
corresponsabilidade trabalhista em uma eventual ação trabalhista, tendo como principal
motivo quando o trabalhador sai da empresa e verifica que ele não terá o direito sobre o FGTS
em cima dessas horas tarefas recebidas de modo informal. E a segunda, é que a contratação de
mão de obra própria para a construtora encarece muito, pois o fato de pagar os encargos sobre
a hora tarefa faz com que o preço pago pela empreiteira seja maior do que o preço pago pela
construtora, assim a preferência do trabalhador, com sua visão imediatista é pelo emprego em
uma empreiteira, onde pode receber mais pelo seu trabalho (REIS, 2011).
25
4. Aspectos relacionados a produtividade: mão de obra própria
e terceirizada
4.1. Conceito de produtividade
A produtividade está ligada ao conceito de eficiência no processo de transformação de
entradas em saídas, ou seja, quanto mais eficiente for um processo, mais produtivo este será.
Quando se relaciona esse conceito a mão de obra da construção, tem-se que a produtividade
consiste na eficiência da transformação do esforço humano em serviços de construção.
(SCHWATZKOPF, 2004)
O conceito de produtividade é bastante utilizado e discutido na construção civil, pois há
sempre necessidade de mensurar o quanto um determinado profissional consegue produzir em
sua atividade principal. Esses dados são extremamente importantes para a elaboração de
orçamentos, cálculos para histogramas de mão de obra e acompanhamento de andamento de
obra, porém a variação dos mesmos quanto a cada tipologia de cada obra, ao profissional que
a executa e diversos processos minimizados que são necessários e podem atrapalhar a
realização da tarefa principal, dificultam a obtenção e aplicação de dados verossímeis e
adaptáveis a outras realidades. Essa dificuldade de utilização e aplicação dos dados em novas
obras, afetam o rendimento das mesmas visto que não possuem um índice ótimo como meta
para alcançarem ou algum comparativo fiel a situação.
"O que não é medido não é gerenciado." (DEMING, 1990)
26
Essa frase consegue mostrar bem a busca incessante das grandes empresas de construção
civil em obter dados reais sobre os seus empreendimentos, amarrando cada vez mais os seus
custos para aumentar a margem de lucro e diminuir os preços sem perder qualidade
4.2. A produtividade na indústria da construção civil
Esse termo indústria da construção, logo de início, causa desavenças entre pesquisadores,
que defendem a ideia de uma indústria ser seriada embasada no estilo do fordismo, onde há
uma produção em massa, estabelecendo uma linha de montagem em que a indústria é uma
unidade fixa dividida entre diversos setores, responsáveis pela realização de processos e
pequenas etapas independentes entre si que em conjunto formam um produto final. Esse
conceito claramente não se aplica ao setor da construção, que necessita realizar a sua
fabricação in loco e não possui um escopo de produção em série principalmente na realidade
atual brasileira, onde a personalização dos imóveis e seus ambientes são fatores fortes e
importantes para a venda do produto (HEINECK, 1989).
Embora a construção civil, ainda no início do século XX, tenha protagonizado o
pioneirismo ao fazer considerações com a questão da produtividade de mão de obra, este setor
deixou de ser o palco principal para tais preocupações rapidamente, quando as indústrias
seriadas tomaram conhecimento da finalidade desse controle. Com a fabricação de diversos
produtos com as mesmas características, o índice de dados gerados para um certo produto é
gigantesco quando comparado aos dados gerados por uma obra em específico, onde quanto
mais você restringe e se aproxima do seu produto real a ser oferecido, menor fica as
quantidades das amostras, sendo menos fieis a realidade. (SCHWARTZKOPF, 2004)
27
Devido a sua importância, é extremamente necessário a realização de estudos e trabalhos
para aumentar a produtividade e tentar diminuir os gastos de homem hora - unidade utilizada
para medição da produtividade, relacionando o consumo de trabalhadores necessários para a
realização de um certo serviço em um determinado espaço de tempo - de maneira errônea. Por
isso, a seguir foi identificado os fatores que afetam positivamente e negativamente a
produtiva, realizando a comparação entre a mão de obra própria e a terceirizada.
4.3. Fatores que afetam a produtividade
De acordo com Schwartzkopf (2004), os principais fatores que influenciam a
produtividade da mão de obra na construção civil, são relacionados a gestão dessa mão de
obra e trabalho, como falta de materiais essenciais para a realização dos mesmos, aumentos da
frente de trabalho com o aumento de operários ou aumento de horas trabalhadas.
Ele demonstra em seus estudos que existe uma correlação entre a maioria dos fatores,
porém a análise separada dos mesmos facilita a compreensão do desvio de produtividade e
tentativa de mitigá-los.
4.3.1. O aumento do tempo de expediente
O aumento do expediente pode ser através da realização de horas extras e implementação
de mais turnos de trabalho. A realização de horas extras é uma prática muito comum realizada
por gestores no mercado da construção para resolver atrasos de cronograma e produzir mais
diariamente.
28
Embora haja um ganho na produção geral diária, devido ao aumento de homens hora por
dia e volume de trabalho, de acordo com os estudos feitos pelo Schwartzkopf (2004), esse
aumento de horas trabalhadas não possui uma relação proporcional quanto a produtividade do
trabalhador mesmo que desempenhando a mesma função, visto que diminui sua capacidade
produtiva devido a sua fadiga, além de ter um gasto financeiro bem maior pela sua hora
trabalhada, podendo chegar a 100% do salário-hora. Em sua conclusão, ele demonstra que
além desses fatores principais, o aumento da carga de trabalho diária também possui uma
relação direta com o aumento do absenteísmo de seus empregados, o aumento de acidentes
com afastamento na obra.
4.3.2. Acelerações das tarefas do cronograma
Um dos problemas recorrentes de obra é o atraso na sua entrega, seja por um mal
planejamento das atividades ou por desvios em sua execução. Assim, a tentativa de aceleração
das etapas do cronograma consequentes, realizando-as em um tempo menor do que o
esperado é frequente nos canteiros. A maior rapidez de elaboração das tarefas é dada pelo
aumento da capacidade produtiva devido ao aumento da força de trabalho através da
contratação e inserção de mais mão de obra no canteiro.
Segundo Schwartkopf (2004), aumentar o tamanho das equipes e a quantidade de homens
na frente de serviço pode causar sobrecarga na área de trabalho, reduzindo consideravelmente
a produtividade da mão de obra. Em seu estudo realizado, o aumento da força de trabalho em
uma frente de serviço de 35% baseado na força de trabalho considerada pelo estudo inicial,
gerou um aumento somente de 20% na produção planejada, demonstrando que 15% desse
aumento estava sendo perdido pelo conjunto de trabalhadores a frente do serviço.
29
Esse fenômeno, o qual aumentamos o número de mão de obra com o objetivo de executar
mais tarefas simultaneamente alterando a sequência inicial de atividades prevista, gerando
uma lotação das áreas de trabalho pelos operários devido ao processo de aceleração do
cronograma, gera um impacto negativo e grande perda de produtividade e insatisfação dos
gestores que não conseguem render o quanto desejavam e possuem um custo
consideravelmente maior.
Essa tratativa de aceleração do cronograma, não diminui somente a produtividade dos
trabalhadores, como aumenta o nível de dificuldade de gestão dos mesmos, visto que o a
necessidade de recursos de materiais e equipamentos deverá ser pensada simultaneamente
para as tarefas em questão para que a frente de trabalho não pare os seus serviços.
4.3.3. Salário justo
A visão dos trabalhadores quanto a indústria da construção civil é de trabalho temporário,
no qual recebem muito pouco por um trabalho exaustivo e com pouca dignidade e, em sua
maioria, possuem vergonha do seu próprio trabalho (CARVALHO, 1989).
O salário pago por produtividade torna o valor muito instável, onde as empresas
costumam pagar a todas as profissões os salários mínimos e o adicional pode chegar até 2,5
vezes o seu salário. Essa inconstância salarial, junto com o pagamento do salário mínimo para
os trabalhadores, gera um desapego muito grande com a profissão e uma alta rotatividade.
Pois a qualquer proposta de trabalho para receber um salário maior é aceita diretamente.
O desapego ao posto de trabalho dos funcionários e falta de interesse dos mesmos
influenciam diretamente na sua produtividade, devido a ideia central de estarem em um
emprego passageiro.
30
O pagamento por produtividade é bem mais vantajoso nas empreiteiras, onde as equipes
contratadas possuem frente de trabalho livre para a realização dos seus serviços e podem
implantar a produtividade esperada por eles, enquanto um operário em uma construtora, pode
ficar ocioso em seu trabalho ou realizando produções que não fazem parte do produto
principal, diminuindo sua renda final de produtividade.
4.3.4. Características do projeto
Cada vez mais as empresas construtoras vêm disponibilizando a seus clientes grau de
personalização cada mais elevado em seus empreendimentos. A personalização pode ser
explicitada na forma de disponibilização de alternativas de modificações na planta baixa
original, ou ainda, na totalidade do empreendimento onde os próprios clientes estabelecem
suas necessidades e estas são materializadas pela empresa construtora. Seja na modalidade
que for, parcial ou total, a personalização traz impactos
Para atingir esse público e atender cada vez mais as expectativas de seus clientes, as
construtoras inovam em seus projetos, fazendo personalizações e variações nos mesmos, em
busca sempre da melhoria e atendimento ao cliente, gerando uma grande variedade de
projetos diferentes entre si e dificuldade para a obtenção de dados fieis conforme citado no
capítulo anterior. Essas variações implicam notoriamente na produtividade do trabalhador,
onde dependendo da dificuldade do serviço pode aumentar ou diminuir a sua produtividade.
Essa variação é difícil de ser valorada, por isso são considerados de forma geral índices de
produtividade médios para as atividades, causando injustiça ao serviço realizado pelos
trabalhadores que ficam como baixa produtividade.
31
Com base no TCPO (2013), pode-se pegar diversos exemplos de atividades e
características de projetos das mesmas que interferem na produtividade dos operários.
No caso de formas para pilares, conforme mostrado na tabela 4.1 o TCPO (2013) sugere
que um operário poderia levar de 20 minutos a 1 hora e 48 minutos para realizar 1 metro
quadrado de pilares, dependendo das seguintes características:
a) Tamanho da seção transversal do pilar
b) Formato dos pilares
c) Localização dos pilares
d) Travamento dos pilares
e) Equipamento para realização do serviço
32
No caso de concretagens para pilares, conforme demonstrado na tabela 4.2 o TCPO
(2013) sugere que um operário poderia levar de 42 minutos a 5 horas e 8 minutos para realizar
a concretagem de 1 metro cúbico de pilares, dependendo das seguintes características:
a) Tamanho da seção transversal do pilar
b) Ordem de execução da concretagem
c) Localização dos pilares e acesso aos mesmos
d) Rápida troca de caminhões e entrega de concreto
e) Proximidade do carro ao local de concretagem
f) Incentivo financeiro ao trabalho dos operários
TABELA 4.1 - Variação da produtividade da mão de obra para o serviço de fôrma dos
pilares (FONTE: TCPO, 13ª edição, pg 177)
33
4.3.5. Gerenciamento do projeto
De acordo com a pesquisa feita pelo Garner (1981) que questionou os próprios
trabalhadores de obras de grande porte para levantar e compreender os principais motivos da
queda de produtividade dos mesmos, pode-se verificar que a falta de gestão dos insumos e
serviços a serem realizados são as principais causas apontadas pela perda de eficiência na
produção.
Na tabela 4.3, Schwartzkopf (2004) demonstra em seu estudo que o desempenho da mão
de obra está ligado principalmente a esses problemas recorrentes em obra: disponibilidade de
material, necessidade de refazer serviços já executados, disponibilidade de ferramentas,
TABELA 4.2 - Variação da produtividade da mão de obra para o serviço de concretagem
dos pilares (FONTE: TCPO, 13ª edição, pg 183)
34
lotação, entre outros. Esses quatro problemas identificados anteriormente são responsáveis
por mais de 80% dos desvios apontados.
Os resultados obtidos na tabela 4.3, indicam que são 4 as principais causas de atrasos:
disponibilidade de material; necessidade de refazer serviços já executados; disponibilidade de
ferramentas e lotação da área de trabalho. Esses 4 itens respondem a 75% das justificativas
dadas por trabalhadores para atrasos no serviço e ele estão diretamente relacionados a
gerência da obra, que deve se planejar ao máximo para mitigar esses erros.
Para quantificar esses atrasos, Schwartzkpf (2004), conforme demonstrado na tabela 4.4
fez um levantamento para obter as perdas em homem hora semanais, devido a esses atrasos
relacionando-os e pesando-os.
TABELA 4.3 - Razões que afetaram a queda de desempenho da mão de obra. (Adaptado de
SCHWARTZKOPF, 2004)
35
Na tabela 4.4, pode-se ver o tempo perdido semanalmente devido aos atrasos e como isso
pode afetar diretamente o andamento físico financeiro da obra.
Baseado nesses estudos, Thomas et al. (2004) concluiu que 18% do total de homem hora
consumido em um projeto eram de horas improdutivas, devido a ineficiência desse
gerenciamento. A ociosidade da mão de obra é a maior causa da perda de eficiência, por isso
as diversas áreas devem oferecer suporte a equipe de produção, procurando ao máximo
pará-las.
4.3.6. Trabalho em equipe
O conhecimento e entrosamento das pessoas sobre os seus companheiros de trabalho
profissionalmente e pessoalmente, gera um ambiente mais agradável para a realização dos
serviços. Esse ambiente de trabalho em equipe ajuda a aumentar a produtividade, pois todos já
sabem do seu papel para o funcionamento da equipe e conseguem realizá-lo de forma regular
para não prejudicar os seus companheiros de equipe, além de tornar o local mais agradável
para o trabalho.
O estudo feito por Carvalho (1989) demonstra que o trabalho em equipes fechadas tem
aumentado significativamente a produtividade dos mesmos.
TABELA 4.4 – Perdas semanais de homens-hora por operários (Adaptado de
SCHWARTZKOPF, 2004)
36
Uma construtora dificilmente consegue manter equipes de trabalho para a realização de
serviços específicos, por dois motivos principais: não possuem volume de obra o suficiente
para dar a rotatividade entre as mesmas necessária a seus funcionários e o histograma de mão
de obra de uma obra varia de acordo com as etapas a que ela encontra, ou seja, depois de um
determinado serviço que exija X profissionais, ela vai precisar de Y profissionais, o que acaba
gerando a demissão dos X profissionais para a contratação dos Y profissionais e sim somente
a diferença entre eles, desmontando as equipes e criando novas. Enquanto em uma
empreiteira, a contratação para realização de determinado serviço, já pressupõe a utilização de
uma equipe fechada para a realização do mesmo, em um período em que eles estariam ociosos
em seu trabalho.
4.3.7. Curva de aprendizado
Prática frequente na maioria das indústrias, com a setorização da produção para que um
certo trabalhador realize a mesma atividade diariamente e se especialize na mesma. Na
construção civil, a ideia não sai muito da curva, mesmo que a repetição da mesma tarefa seja
difícil ser atingida, pela variedade de serviços.
O aprendizado junto com a repetição da mesma tarefa, quando comparada entre o
indivíduo A e o indivíduo B, é considerada o fator mais importante para a variação da
produtividade. A execução de tarefas repetitivas leva a melhoria na execução, onde o próprio
operário verifica maneiras mais rápidas de executar a tarefa. O aperfeiçoamento da execução
do trabalho e a familiarização da equipe com o ambiente de produção, gera grandes aumentos
na produtividade e diminuição no tempo perdido para tal atividade. (LEITE, 2004)
37
A curva de aprendizagem por tempo despendido pode ser vista na figura 4.1 (BARNAT,
2006). No início da execução de uma tarefa nova, o tempo gasto para sua realização é alto
pois o indivíduo não possui o conhecimento necessário para sua realização, aos poucos você
tem um acréscimo de velocidade na execução na etapa de aprendizado ainda, depois o
aumento de tempo gasto por tarefa diminui rapidamente já que o indivíduo conhece bem a
tarefa e procura técnicas novas para a sua elaboração e maior eficiência do seu tempo útil,
chegando ao ápice com o esgotamento da capacidade de aprendizado e equilibrando o seu
tempo gasto durante a realização da tarefa.
4.3.8. Melhoria contínua de processos
O processo de melhoria contínua, em geral, visa realizar um histórico de atividades
realizadas e identificar pontos de melhorias no mesmo, estabelecendo os objetivos dessa
melhoria e verificando os meios necessários para obtê-los. Assim, pode-se avaliar a soluções
e colocar em pratica para verificar os impactos desses novos métodos e começar a utilizá-los
de forma inerente ao novo processo.
FIGURA 4.1 – Evolução da proficiência de terminada tarefa com o tempo Barnat, (1996)
38
Na construção civil, há uma enorme variedade de atividades diferentes e os processos que
as compõem para a realização de uma etapa é maior ainda. Assim, a busca pela melhoria nas
atividades deve ser incessante para que haja um ganho efetivo de produtividade (LEITE,
2004).
Quando se faz um extrato das tarefas diárias realizadas pelos operários de um canteiro de
obra, pode-se dividir a sua carga horária gasta em 3 pontos principais: tempo em atividades
que realmente agregam valor, o qual os operários estão efetivamente produzindo algum
produto para a obra; tempo de perdas evitáveis, que se refere ao tempo de espera dos
operários e ociosidade dos mesmos e o qual deve ser mitigado; tempo de perdas inevitáveis,
que é inerente ao processo da obra, como movimentação, almoço, o qual deve ser otimizado
pelos gestores da obra.
4.3.9. Melhoria de práticas construtivas
A melhoria das práticas construtivas e a utilização de inovações tecnológicas impactam
fortemente no aumento de produtividade. As inovações tecnológicas devem atuar para
produzir ferramentas com capacidade de maior geração de trabalho e mais potente do que as
existentes, diminuindo, o tempo de execução de alguns serviços.
A melhoria de práticas construtivas no Brasil é engessada devido a uma barreira financeira
nos produtos mais eficientes. Os custos para equipamentos melhores e mecanização é alto no
Brasil, enquanto o homem-hora da mão de obra tem um baixo valor de mercado
comparativamente. Esse é um dos principais pontos para a diferença de produtividade entre o
Brasil e EUA na indústria da construção civil, que de acordo com o estudo da Fundação
Getúlio Vargas, a geração de valor de um trabalhador americano é cinco vezes que a de um
39
brasileiro comparando a hora de trabalho realizada pelos dois, conforme mostrado na figura
4.2. (FGV, 2011)
4.4. Comparação entre mão de obra própria e terceirizada
A mão de obra terceirizada tem o seu escopo bem definido, onde é contratada pela
construtora para a realização de seus serviços em um determinado tempo, assim ela realiza a
tarefa em que ela é especialista e seus funcionários estão acostumados a realizar, ou seja, com
a curva de aprendizado em um nível avançado, enquanto na mão de obra própria o
funcionário é mais flexível devido as suas outras diversas tarefas que ficam a seu encargo. O
FIGURA 4.2 – Comparativo entre a produtividade na indústria da construção civil, baseada
na produtividade americada. (FONTE: WIOD, Conference Board FGV 2011)
40
fato de ser uma contratação de serviço por parte da construtora com escopo bem definido, o
aumento do tempo do expediente e as acelerações das tarefas do cronograma, que geram
impactos negativos na produtividade da mão de obra, são mais difíceis de serem realizados e
impostos do que na mão de obra própria, visto que gera um custo maior para a contratado que
não deseja custear esse aumento, embora gere um impacto negativo na obra. (CUNHA, 2015)
Comparando a realização de um determinado serviço de duração estimada de três meses
em uma obra, as empreiteiras possuem uma rotatividade anual igual a quatro obras diferentes,
para manter a equipe necessária para realização do serviço, enquanto para uma construtora,
considerando uma duração de obra média de dois anos e meio, precisa ter um conjunto de dez
obras no ano defasadas igualmente de três meses para que essa equipe (mão de obra própria)
dê sequência na mesma tarefa em obras diferentes da empresa.
De acordo com Cunha (2015), um pedreiro, quando é contratado por uma empresa de
construção para uma determinada obra, pode ser utilizado em diversas etapas da construção,
como realização de estruturas (lançamento de concreto), alvenaria e revestimentos, em geral.
Para diminuir o número de contratações e demissões no histograma da obra, é necessário que
alguns deles passem por todas essas etapas, enquanto que em uma empreiteira, a rotatividade
de obras é maior, mantendo o ritmo dos trabalhadores em determinado serviço e
aperfeiçoando seus métodos executivos, gerando um acréscimo na produtividade da equipe
terceirizada quando comparada a mão de obra própria.
A alta prática dessas tarefas junto com o acompanhamento gerencial de um mercado de
setor restrito, leva a uma melhoria da eficiência do processo devido ao maior número de
repetição, elevação da curva de aprendizado e de melhoria das práticas construtivas, com a
41
troca de experiência entre os diferentes métodos praticados nas empresas construtoras do
mesmo setor.
A revista PINI (ed.123, 2011) informa que a construtora Conasa consegue produzir de
20% a 30% a mais com o mesmo quantitativo de trabalhadores quando contrata um
empreiteiro para a realização de um serviço do que com a mão de obra direta da empresa dela,
o que justifica o emprego da terceirizada, barateando o serviço deles. O motivo principal
justificado por eles é que o empreiteiro já possui equipes prontas e treinadas para a realização
dos serviços, enquanto na construtora a rotatividade é maior, precisando de tempo para a
preparação dos seus funcionários e apresentam dificuldade em fechar uma equipe para
realização das tarefas.
42
5. Aspectos relacionados a qualidade: mão de obra própria e
terceirizada
5.1. Conceito de qualidade
A qualidade possui um conceito bem abrangente atualmente e cada segmento ou área de
interesse estabelece uma conceituação especifica baseada no seu propósito e seus diferenciais
considerados mais importantes.
Do ponto de vista de gestão da qualidade na indústria da construção civil, a qualidade
pode ser identificada nos três seguintes conceitos, que precisam ser considerados como
atributos a serem materializados no produto (SANTOS, 2016):
a) Atendimento aos requisitos: Quando um cliente adquire uma casa ou
apartamento, o mínimo que ele espera, é que o mesmo atenda aos requisitos
mínimos necessários para uma boa moradia. Por isso, são elaboradas normas
técnicas, projetos e especificações para que o mesmo não fuja de um padrão a ser
seguido
b) Adequação ao uso: o produto oferecido precisa ser capaz de realizar as
atividades básicas para que eles são propostos. Na maioria das vezes, por falta de
conhecimento do cliente, o mesmo não faz as exigências necessárias sobre o
produto adquirido, mas é preciso que o fornecedor/fabricante atinja esse objetivo
para que dê a devida funcionalidade ao produto ofertado
43
c) Satisfação das necessidades do cliente: O cliente é um alvo móvel e único,
onde cada um tem os seus gostos e preferências, como dizem no ditado popular, é
impossível agradar a gregos e troianos. Por isso, o objetivo é entender a demanda
que existe para esse produto e identificar a percepção do cliente com relação ao
bem ou serviço a ser oferecido.
Como pode-se ver, a qualidade é uma grandeza de valor relativo, além de cada pessoa ter
a sua percepção dos fatores importantes para se obter qualidade, ela precisa ser comparada
com outro produto similar como referencial. Como ela não pode ser mensurada, é necessário
estabelecer os padrões a serem atingidos, para atingir um nível de realização.
O fator mais importante de um produto é a qualidade dele, pois ela está intimamente
ligada a excelência do mesmo. O aumento da qualidade de um produto, precisa ser incessante
e a responsabilidade de melhoria é integral da pessoa que o executa. Por isso, a importância
do operário da construção civil na execução da sua tarefa é primordial para ter qualidade no
produto final oferecido ao cliente. (SANTOS, 2016)
5.2. Influência da mão de obra na qualidade
A qualidade depende integralmente de quem executa o serviço. Não necessariamente, na
construção civil, seja somente o operário utilizando sua força bruta para a construção, mas
também do projetista que elaborou o projeto que está sendo realizado ou do operário que
realizou o produto utilizado naquele momento. (SANTOS, 2016)
44
Assim, para identificar como obter a melhor qualidade em seu produto final, é necessário
analisar quem são esses operários e quais os fatores deles influenciam essa qualidade no
imóvel a ser vendido.
5.2.1. Perfil do trabalhador
O trabalhador da construção civil, como foi abordado no capítulo anterior, é despreparado
para o serviço que precisa ser realizado. Em sua maioria, sem formação de ensino
fundamental e médio e sem formação especifica na posição que ocupa no mercado, recebem
uma oportunidade inicial na construção civil para geração de renda e sustento para sua
família.
Cardoso (1993) ressalta que as principais razões para a desqualificação da mão de obra
são relacionadas ao processo de degradação causado pela baixa remuneração, precárias
técnicas de contratação, ausência de treinamento, descaso quanto à segurança e higiene no
trabalho, bem como as condições de vida dos trabalhadores.
5.2.2. Treinamento e capacitação
A mão de obra operária é de fato o recurso mais importante que as empresas dispõem para
a realização de sua construção. No entanto, é a que menos atenção e importância recebe para
preparação (LIMA, 1993).
De acordo com Scardoelli et al. (1994), os treinamentos realizados nas empresas geram os
seguintes impactos da educação para a qualidade:
45
a) Aumento da qualificação profissional dos funcionários, criando condições e
aperfeiçoando a implantação do programa da qualidade;
b) Oportunidade de desenvolvimento profissional dos funcionários da empresa,
mostrando as possibilidades de crescimento de sua carreira;
c) Valorização e aumento da motivação dos profissionais da empresa;
Todos esses itens influenciam diretamente a motivação e conscientização do operário
quanto a realização do seu trabalho, aumentando progressivamente o seu envolvimento com o
mesmo e por indução melhorando a qualidade do mesmo.
Segundo Macian (1987), todas as fases do processo de treinamento devem ser exploradas
a fundo, desde o levantamento de necessidade de realização de um serviço até a execução e
avaliação da realização do mesmo. Para isso, existem algumas modalidades de treinamentos a
serem realizados nas empresas:
a) Treinamento de integração;
Treinamento técnico-operacional;
c) Treinamento de executivos ou treinamento gerencial;
d) Treinamento a nível comportamental.
A nível operacional, os mais importantes são os treinamentos técnico-operacional e o
treinamento a nível comportamental.
O treinamento técnico-operacional é voltado integralmente para a capacitação do
empregado, a nível de habilidade individual para o desempenho de tarefas específicas diárias
à sua categoria profissional. Esse treinamento consiste em um meio de obter ganhos eficientes
e imediatos em produtividade e qualidade do serviço. Embora esse tipo de treinamento
46
estimule comportamentos sensoriais e motores para o desenvolvimento de habilidades, não
exclui conhecimentos e atitudes, pois o indivíduo, como um todo, envolve-se integralmente
no processo (MACIAN, 1987).
O índice de retrabalho na construção civil é muito alto, muitos deles devido a danificação
do trabalho dos outros por outros operários durante a realização de outro serviço. Por isso, o
treinamento a nível comportamental é extremamente importante, visto que o operário precisa
verificar a importância do trabalho dos outros para conseguir realizar o seu trabalho sem
danificar o trabalho dos outros ou em caso necessário, danificar menos possível (MACIAN,
1987).
Em uma empresa terceirizada, o treinamento técnico-operacional é realizado pela própria
empresa, e como ela é especializada naquele serviço, já possui conhecimento necessário para
evitar as patologias frequentes. Assim, o seu operário precisa ser ajustado somente para a
realização dos serviços de acordo com os padrões da contratante, mas a realização do serviço
ele já possui o conhecimento prévio suficiente. Essa expertise da empreiteira, se reverte
notoriamente na qualidade do serviço por ela prestada, que possui um acabamento melhor do
que o feito por mão de obra própria, no qual o operário não realiza o mesmo serviço tão
frequentemente (MACIAN, 1987).
Quanto ao treinamento a nível comportamental, na empresa terceirizada, os funcionários
precisam de um acompanhamento maior da construtora principal para que os serviços
continuem encaminhados em ordem. A busca incessante de seus funcionários para a
realização dos serviços para receber os ganhos mensais por realização de serviço é muito
maior, o que pode gerar um impacto negativo na obra, devido ao descaso dos mesmos com os
serviços dos outros. Em contrapartida, a mão de obra contratada pela própria construtora,
47
possui instintivamente um maior zelo com o seu trabalho e preocupação com a qualidade final
do serviço realizado (MACIAN, 1987).
5.2.3. Gerenciamento da mão de obra
O gerenciamento da mão de obra é fundamental para garantir a qualidade e produtividade
da obra. Esse gerenciamento pode ser classificado em 4 funções que se interligam entre si: o
planejamento, controle, organização e direção (SANTOS, 2016).
O planejamento consiste em estabelecer objetivos, estratégias e metas, desenvolvendo
planos de ação para atingi-los. Pode-se dividir o planejamento, nas seguintes etapas:
a) Elaboração dos objetivos e metas a serem realizados;
b) Estabelecimento de políticas e diretrizes para atingir os resultados estipulados;
c) Estabelecimento de um plano de ação que descreva as ações necessárias para
atingir os resultados;
d) Estabelecimento de procedimentos, praticas, rotinas e critérios para
implementar o plano de ação;
A organização é baseada na definição de uma estrutura formal para especificar as
atividades de cada unidade de trabalho, hierarquizar as funções e sistematizar os fluxos de
tarefas e informações. Essa estrutura deve ser permanente e, por isso, deve se enquadrar
perfeitamente na dinâmica do trabalho, andamento das tarefas e desempenho real das pessoas
e grupos que a realizam (SANTOS, 2016).
A habilidade de dirigir as pessoas requer grande experiência. E importante liderar e
supervisionar as equipes para que apliquem os procedimentos, rotinas e boas práticas com o
intuito de alcançar os resultados de maneira eficaz. Para isso, o gerente deve estabelecer
48
metas qualitativas e quantitativas para as suas unidades e subordinados, sendo imprescindível
a disponibilidade para o acompanhamento e orientação necessária para o completo
entendimento da atividade e dos resultados esperados com elas. Além de gerenciar a mão de
obra, dirigir significa tomar decisões requerentes as suas atividades diárias e para isso, ele
deve (SANTOS, 2016):
a) Analisar os problemas emergentes, procurando reunir fatos e dados pertinentes;
b) Estabelecer alternativas para a solução, apontando as vantagens e desvantagens
de cada uma;
c) Eleger o curso da ação devida, visualizando o impacto e aceitação dos demais
colaboradores na sua implantação;
O controle é baseado na avaliação da evolução e conformidade dos resultados obtidos
frente aos objetivos e metas programados, tentando ao máximo corrigir e realizar ajustes para
evitar ou diminuir os desvios (SANTOS, 2016).
Em uma estrutura de construtoras com mão de obra própria, todos esses itens são
incorporados pela engenharia da obra, que são responsáveis pelo planejamento e organização
das atividades dos mesmos, controle e direção da realização, cálculo de mão de obra
necessária para a realização das tarefas e motivação deles para a realização do trabalho. Esse
gerenciamento demanda um tempo grande quando realizado para diversos serviços e por
pessoas menos especializadas, por isso são menos eficazes do que com a mão de obra
terceirizada, que a experiência do gerenciamento da mão de obra é bem mais alta e específica
e os históricos conseguem identificar problemas na execução de determinado serviço.
(SANTOS, 2016).
49
5.2.4. Controle de qualidade
As construtoras, com o intuito de padronizar os seus métodos executivos nas suas obras e
garantir uma qualidade na entrega de seus produtos finais, elaboram procedimentos
executivos e operacionais dos serviços realizados em suas obras. Esses procedimentos
realizados são atualizados e melhorados de acordo com a ferramenta de melhoria continua,
onde se verificam patologias causadas por dados métodos executivos e há uma tentativa de
realizar de uma maneira alternativa para eliminar tais problemas anteriormente identificados
(MARTINS, 2012).
A contribuição de uma empresa especializada em tais serviços pode ser bastante
interessante, visto que ela pode mostrar maneiras diferentes de realizá-los que são utilizados
em outras obras, compartilhando o acesso a informação e soluções inovadoras para outras
construções.
Com o objetivo de minimizar os erros que acontecem durante a produção, surge uma
importante ferramenta de controle executivo das tarefas, a ficha de verificação de serviço.
Essa ficha é uma lista de itens, pré-estabelecidos pela gerência, que serão preenchidas
juntamente com o andamento da obra, a partir do momento em que são realizados ou
avaliados os serviços. É usada para a certificação de que os passos ou itens pré-estabelecidos
foram cumpridos ou para avaliar em que nível de andamento eles estão. (MARTINS, 2012).
Esse eficaz controle de qualidade deve ser realizado independentemente da mão de obra
utilizada, própria ou terceirizada, porém as terceirizadas com enfoque principal de produção,
acabam deixando para trás a qualidade na execução (Pereira, 2003).
50
6. Estudo de caso
6.1. Aspectos gerais
Para permitir a avaliação dos aspectos reportados nesta monografia e estabelecer
parâmetros comparativos entre os dados obtidos nas bibliografias consultadas, foi realizada
pesquisa de campo cujos resultados constituem este estudo de caso.
Tendo em vista o objetivo deste trabalho, qual seja, identificação dos aspectos
qualitativos, quantitativos e quais as influências na utilização de mão de obra própria ou
terceirizada na execução de obras de edificações, optou-se pela escolha de um
empreendimento que utilizasse da mão de obra própria num projeto carimbo da empresa, ou
seja, projeto já realizado em outras áreas.
A obra analisada é um empreendimento incorporado e construído no bairro de Piedade do
estado do Rio de Janeiro, o qual se utiliza mão de obra contratada diretamente pela empresa
para a realização dos serviços de forma e empresas terceirizadas para a realização dos demais
serviços. A empresa possui somente essa equipe de forma, o que consegue gerar um ótimo
comparativo entre a equipe contratada diretamente e outras obras realizadas pelas
empreiteiras.
Em virtude da solicitação da empresa construtora objeto do estudo de caso não ter
autorizado a divulgação de dados que pudessem identificá-la, deixamos de apresentar a razão
social e outras informações inerentes a empresa, bem como o nome e funções das pessoas
entrevistadas.
51
6.2. Caracterização da empresa
A empresa funciona como incorporadora e construtora de imóveis residencial no Brasil.
Ela possui mais de 50 anos de experiência no mercado e atua em mais de 60 cidades do
Brasil. Na cidade em que foi realizada a pesquisa, no Rio de Janeiro, a empresa possui
aproximadamente 10 obras em execução.
A empresa tem dois enfoques principais no seu ramo que são produtos para a classe alta e
média alta e produtos para a classe mais baixa, que se divergem em métodos executivos,
porém tentam possuir a mesma qualidade executiva e funcionalidade para o que se propõe.
Atualmente, ela possui dois setores da engenharia que realizam a mão de obra própria, um
setor de instalações prediais que é mais forte na empresa e formam pequenas equipes para
realizar a empreitada de obras de baixo custo liderados por engenheiros e somente uma equipe
de forma com funcionários de produção que ficam subordinados aos engenheiros da obra. A
tentativa inicial é de melhorar a qualidade dos serviços e expandir essas equipes para os
outros setores com o mesmo modelo.
6.3. Caracterização da obra
O estudo de caso foi realizado em uma obra localizada no bairro de Piedade na cidade do
Rio de Janeiro. O empreendimento foi idealizado para consumidores de classe média baixa
com 172 apartamentos de aproximadamente de 60, 70 metros quadrados, com escolha de dois
ou três quartos e todos com dois banheiros.
52
A mesma possui aproximadamente 14.000 metros quadrados de área de construção, com
5.000 metros quadrados de área de terreno e dois blocos idênticos de 12 andares, incluindo 1
pavimento de uso comum de estrutura em concreto convencional, 10 pavimentos tipos de
alvenaria estrutural e um telhado com áreas técnicas.
A obra possui um projeto estrutural bem simples com grande simetria em relação aos seus
dois eixos e blocos idênticos. Essa planta foi desenvolvida para oferecer uma facilidade na
parte executiva de sua estrutura e melhorar o desempenho com a equipe de forma da obra. Por
isso, a empresa optou pela utilização pela contratação da mão de obra própria necessária para
a execução da forma dessa obra.
6.4. Projeto executivo realizado
O projeto realizado pela equipe de formas considerado é:
a) Projeção dos blocos:
a.1) Fundação dos blocos: Sapatas com cintas para travamento da
estrutura do prédio;
a.2) Térreo: Piso do térreo sobre terreno compactado para passagem de
pedestres e acesso ao prédio;
a.3) 1° pavimento (pavimento de uso comum): Pavimento com simetria
nos eixos, com altura de pilares variáveis devido a inclinação do terreno
e com seções pequenas, com vigas grandes de altura padrão de 1,20
metros e larguras variáveis e a laje com mesma espessura sem
diferenças de nível;
53
a.4) 2° até o 11° pavimento: Laje apoiada diretamente na alvenaria
estrutural, sem diferença de nível e com simetria entre os eixos
principais;
a.5) 12° pavimento: Laje de cobertura do último pavimento tipo com
diferentes níveis acabados, mais as platibandas do telhado e o telhado
das casas de bomba cobertas;
b) Embasamento:
b.1) Fundação do pavimento do uso comum: Sapatas com cintas para
travamento da estrutura do prédio;
b.2) Térreo: Piso do térreo sobre terreno compactado para passagem e
estacionamento dos carros;
b.3) Pavimento de uso comum externo: Área para piscina,
churrasqueira, playground, com grandes rebaixos estruturais e
dificuldade de execução;
b.4) Reservatório: Reservatório enterrado todo de concreto moldado in
loco, radier, paredes e laje de tampa;
b.5) Muro: Fundação do muro externo de proteção do prédio;
b.6) Edículas (guarita, casa de bombas, medidores): Fundação e telhado
dessas edículas externas;
54
6.5. Viabilidade da equipe de forma contratada
Para viabilizar a execução dessa parte da obra com mão de obra própria ao invés da
empreitada, foi realizada uma concorrência entre as empresas de forma atuantes no mercado
para obter o preço médio do metro quadrado praticado pelas mesmas e verificar o preço que a
obra consegue realizar contratando a mão de obra e realizando a compra de todo o material
necessário para a sua execução.
Para isso, foi levantado o quantitativo de forma que seria utilizado para a realização do
serviço em metragem quadrada, considerando todas as superfícies de base e laterais dos
pilares, vigas e lajes dos projetos a serem concretados in loco. Na tabela 6.1, pode-se ver os
quantitativos levantados separados por locais de execução.
Projeção do Bloco 1
Fundação 370 m²
Térreo 238 m²
PUC 634 m²
Tipo 5 930 m²
Telhado 816 m²
Projeção do Bloco 2
Fundação 455 m²
Térreo 264 m²
PUC 634 m²
Tipo 5 930 m²
Telhado 816 m²
Embasamento
Fundação 596 m²
Térreo 935 m²
PUC 1 580 m²
Reservatório 124 m²
Fundação do muro externo 1 204 m²
Edículas: fundação e telhado 430 m²
TOTAL 20 956 m²
LEVANTAMENTO DE FORMA
TABELA 6.1 – Levantamento de forma de projeto (Fonte : o Autor)
55
A proposta com o menor preço e da empresa com melhor capacidade de execução da obra,
foi comparada com os gastos da empresa caso utilizassem a sua própria mão de obra e
comprassem o seu próprio material. O melhor preço obtido foi de aproximadamente R$77,00
para execução da empreitada com todo o material e mão de obra por metro quadrado
levantado, obtendo um valor global para a empreitada de R$1.613.612,00.
6.5.1. Materiais
No estudo de compra de materiais para a realização da forma, foi considerado os dois
principais materiais a serem utilizados, a madeira que será comprada pela obra e o
escoramento que será alugada de uma empresa especializada.
Na parte de levantamento de materiais a serem comprados, foi considerado a utilização de
compensado de madeira plastificado de 18mm e sarrafos de madeira de 25 cm de largura.
Conforme demonstrado na tabela 6.2, para o compensado foi elaborado de acordo com a área
do mesmo, o consumo de chapas por metro quadrado realizado que seria igual a 0,336, já para
o sarrafo, foi considerado o suporte do mesmo nas 4 laterais das chapas mais um sarrafo para
enrijecimento da chapa e suporte a cada 25 centímetros de largura.
56
Esse índice serve para fazer a conversão do quantitativo de formas levantado em m² para o
material a ser comprado pela obra. Na tabela 6.2 foi demonstrado a quantidade de
compensado e sarrafo será utilizada para a realização dos serviços, estudando a sua possível
reutilização nos outros pavimentos. A madeira não perde a sua vida útil quando utilizada para
a forma, para que ela seja reaproveitada, foi considerada a compra da madeira compensada
plastificada que possui uma melhor qualidade e pode ser reaproveitada mais vezes.
Na tabela 6.3, foi considerada um reaproveitamento das chapas utilizadas no PUC em
todos os pavimentos tipo, visto que as lajes possuem a mesma dimensão e o corte das
madeiras seriam os mesmos e o reaproveitamento do embasamento na parte de fundação,
térreo, pavimento de uso comum e reservatório a partir do material utilizado na fundação dos
blocos, visto que serão feitas em chapas com poucos recortes. A grande vantagem e facilidade
desse reaproveitamento, se deve a construção ser de alvenaria estrutural, o que permite a
utilização das chapas com poucos recortes como são feitos geralmente na utilização dos
pilares.
Material Comprimento Largura Área Consumo / m²
Compensado 1,22 2,44 2,98 0,336
Sarrafo de madeira 17,08 0,25 - 5,738
ESTIMATIVA DE UTILIZAÇÃO DE MADEIRA
TABELA 6.2 – Consumo estimado de madeira por metro quadrado de forma (Fonte : o
Autor)
57
Utilizando o preço de mercado, pode-se calcular os custos da compra das madeiras para a
realização do serviço, conforme demostrado na tabela 6.4. Além do custo calculado, foi
considerado 10% de perdas nos materiais, para eventuais imprevistos.
Projeção do Bloco 1 Compensado Sarrafo
Fundação 370 m² 124 2 123
Térreo 238 m² 80 1 366
PUC 634 m² 213 3 638
Tipo 5 930 m² 1 992 34 025
Telhado 816 m² 274 4 682
Reaproveitamento das chapas -1 992 -34 025
Projeção do Bloco 2
Fundação 455 m² 153 2 611
Térreo 264 m² 89 1 515
PUC 634 m² 213 3 638
Tipo 5 930 m² 1 992 34 025
Telhado 816 m² 274 4 682
Reaproveitamento das chapas -1 992 -34 025
Embasamento
Fundação 596 m² 200 3 420
Térreo 935 m² 314 5 365
PUC 1 580 m² 531 9 066
Reservatório 124 m² 42 711
Fundação do muro externo 1 204 m² 404 6 908
Edículas: fundação e telhado 430 m² 144 2 467
Reaproveitamento das chapas -1 087 -18 561
TOTAL 20 956 1 969 33 629
LEVANTAMENTO DE MADEIRA
TABELA 6.3 – Levantamento de madeira de projeto utilizada (Fonte : o Autor)
58
Para o escoramento e travamento da forma, o material foi alugado incluindo o preço do
frete do galpão de aluguel até a obra e no estudo foi considerado uma possível indenização da
empresa quanto a devolução de equipamentos danificados, valor em geral comum de ser gasto
na entrega dos escoramentos de outras obras e em torno de 20% do aluguel. Na tabela 6.5,
pode-se ver o melhor preço encontrado e considerado no estudo para a locação das escoras e
travamentos necessários.
Material Quantidade Preço unitário Preço total
Aluguel 1 968,89 80,00R$ 157 511,42R$
Indenização 33 628,69 2,00R$ 67 257,38R$
TOTAL 224 768,80R$
GASTOS COM MADEIRAS
Material Preço
Aluguel 129 883,22R$
Indenização 19 496,64R$
TOTAL 149 379,86R$
GASTOS COM ESCORAS
TABELA 6.4 – Custo da madeira (Fonte : o Autor)
TABELA 6.5 – Custo da escoramento (Fonte : o Autor)
59
6.5.2. Cronograma de atividades
O cronograma de atividades da obra é parte fundamental para o estudo da mão de obra
própria, é necessário otimizar ao máximo o cronograma, sequenciando as tarefas
cronologicamente e consolidando com o número de profissionais necessários para a realização
dos mesmos.
As atividades foram sequenciadas de forma a manter a evitar mão de obra ociosa ou
subdimensionar a equipe para a realização das atividades, sem atrasar o cronograma da obra
geral.
Na tabela 6.6, pode-se identificar as datas das tarefas executadas. O início das atividades
foi dado com a realização da fundação dos blocos e depois do embasamento, após isso o
térreo dos blocos mantendo a quantidade de profissionais em conjunto com o tempo
necessário para a realização das tarefas. Até o final do PUC do bloco 2, as tarefas são
realizadas em etapas diferentes, quando foram abertas duas frentes de trabalho principal, uma
equipe responsável pelos blocos e uma equipe responsável pelo embasamento.
As atividades começaram em 4 de agosto de 2015 e possuíram como marcos, o término da
fundação em 29 de setembro de2015, o inicio do pavimento tipo em 24 de fevereiro de 2015 e
o término dos blocos em 23 de maio de 2016.
60
Nome da tarefa Início Término
Fundação - Bloco 1 Ter 04/08/15 Ter 18/08/15
Fundação - Bloco 2 Qua 19/08/15 Sex 04/09/15
Fundação - Embasamento Seg 07/09/15 Ter 29/09/15
Térreo - Bloco 1 Qua 30/09/15 Ter 06/10/15
Térreo - Bloco 2 Qua 07/10/15 Qua 14/10/15
PUC - Bloco 1 Qui 15/10/15 Ter 03/11/15
PUC - Bloco 2 Qua 04/11/15 Seg 23/11/15
Térreo - Embasamento Ter 24/11/15 Seg 14/12/15
PUC - Embasamento Ter 15/12/15 Seg 25/01/16
Reservatório - Embasamento Ter 26/01/16 Qua 03/02/16
Fundação do muro externo - Qui 04/02/16 Qua 17/02/16
Edículas: fundação e telhado - Qui 18/02/16 Qua 09/03/16
2° pavimento - Bloco 1 Ter 24/11/15 Seg 30/11/15
2° pavimento - Bloco 2 Ter 01/12/15 Seg 07/12/15
3° pavimento - Bloco 1 Ter 08/12/15 Seg 14/12/15
3° pavimento - Bloco 2 Ter 15/12/15 Seg 21/12/15
4° pavimento - Bloco 1 Ter 22/12/15 Seg 28/12/15
4° pavimento - Bloco 2 Ter 29/12/15 Seg 04/01/16
5° pavimento - Bloco 1 Ter 05/01/16 Seg 11/01/16
5° pavimento - Bloco 2 Ter 12/01/16 Seg 18/01/16
6° pavimento - Bloco 1 Ter 19/01/16 Seg 25/01/16
6° pavimento - Bloco 2 Ter 26/01/16 Seg 01/02/16
7° pavimento - Bloco 1 Ter 02/02/16 Seg 08/02/16
7° pavimento - Bloco 2 Ter 09/02/16 Seg 15/02/16
8° pavimento - Bloco 1 Ter 16/02/16 Seg 22/02/16
8° pavimento - Bloco 2 Ter 23/02/16 Seg 29/02/16
9° pavimento - Bloco 1 Ter 01/03/16 Seg 07/03/16
9° pavimento - Bloco 2 Ter 08/03/16 Seg 14/03/16
10° pavimento - Bloco 1 Ter 15/03/16 Seg 21/03/16
10° pavimento - Bloco 2 Ter 22/03/16 Seg 28/03/16
11° pavimento - Bloco 1 Ter 29/03/16 Seg 04/04/16
11° pavimento - Bloco 2 Ter 05/04/16 Seg 11/04/16
Telhado - Bloco 1 Ter 12/04/16 Seg 02/05/16
Telhado - Bloco 2 Ter 03/05/16 Seg 23/05/16
TABELA 6.6 – Cronograma de atividades da obra (Fonte : o Autor)
61
6.5.3. Equipamentos e ferramentas
No estudo de compra de equipamentos e ferramentas para a realização da forma, foi
dividido em três partes principais, os equipamentos alugados, os equipamentos a serem
comprados e os equipamentos de proteção individual para os funcionários.
Para os equipamentos alugados, conforme mostrado na tabela 6.7, os dois equipamentos
necessários para a realização dos serviços durante toda a sua duração é a bancada de serra
completa, para corte das chapas e o martelete rompedor. Foi realizada a cotação no mercado
para o aluguel deles para a realização do estudo.
Para as ferramentas compradas, conforme mostrado na tabela 6.7, foram detalhados o que
deveria ser comprado para a realização dos serviços e colocado com os preços das
mercadorias praticados em outras obras.
Os materiais e equipamentos considerados nessa tabela 6.7, foram todos os necessários
para a realização das etapas de forma, como os traçadores, discos de serra, pregos, trenas entre
outros. Apesar da grande quantidade de equipamentos e incerteza quanto aos seus gastos
reais, o preço unitário deles é baixo, oferecendo um menor risco de problemas caso haja uma
diferença entre as quantidades utilizadas.
Equipamento Valor mensal Meses Preço
Bancada de serra completa 400,00R$ 10,00 4 000,00R$
Martelete 10 kg 300,00R$ 10,00 3 000,00R$
TOTAL 7 000,00R$
Equipamentos para forma
TABELA 6.7 – Equipamentos utilizados na forma (Fonte : o Autor)
62
Para a contratação dos carpinteiros, pedreiros, serventes e encarregados, é necessário
fornecer a eles os equipamentos de proteção individuais para trabalho. Para isso, foi
considerado o total de funcionários do histograma e colocado as quantidades necessárias de
equipamentos para cada um deles, conforme demonstrado na tabela 6.9.
Descrição Preço unitário Unid. Quantidade Preço total
Trena metálica - 8m 16,66R$ Unid. 25 416,50R$
Trena metálica - 30m 62,14R$ Unid. 3 186,42R$
Enxada (escavação manual) 14,21R$ Unid. 5 71,05R$
Prego de aço com cabeça 18/27 10,15R$ kg 200 2 030,00R$
Pregos comuns com cabeça 18/27 4,85R$ kg 3000 14 550,00R$
Desmoldante concentrado - Hagen do Brasil 4,98R$ L 350 1 743,00R$
Pulverizador p/ desmoldante 198,00R$ Unid. 2 396,00R$
Armário c/ divisória - C/ 4 portas 584,00R$ Unid. 10 5 840,00R$
Cones plásticos para tubo de PVC 0,05R$ MLH 17500 875,00R$
Traçador 699,00R$ Unid. 1 699,00R$
Serra tico tico 287,00R$ Unid. 1 287,00R$
Lava a jato tipo Wap 2 600,00R$ Unid. 1 2 600,00R$
Jogo de Chave de Catraca (kit) (proteção) 40,00R$ Unid. 1 40,00R$
Chave de Catraca (kit) (proteção) 521,00R$ Unid. 1 521,00R$
Furadeira 439,00R$ Unid. 1 439,00R$
Disco de corte 7"x1/2" 2,39R$ Unid. 10 23,90R$
Disco de serra 7 1/4" 7/8" 24 dentes 20,54R$ Unid. 5 102,70R$
Disco de serra 14" 72 dentes 138,76R$ Unid. 10 1 387,60R$
Disco lixadeira 7" x 1/8"x 7/8" corte aço 2,39R$ Unid. 20 47,80R$
Disco de serra circ 71/4"x 7/8" 24 dentes 20,54R$ Unid. 10 205,40R$
Disco de serra circ 71/4"x 7/8" 24 dentes 20,54R$ Unid. 20 410,80R$
Encaixe para mandril 66,80R$ Unid. 2 133,60R$
Alavanca 32,06R$ Unid. 5 160,30R$
Corda (rolos de 250m) (proteção) 2,40R$ rolo 1250 3 000,00R$
Mangueira de Nível (rolos de 50m) 52,06R$ Unid. 3 156,18R$
Colher de pedreiro 7,37R$ Unid. 3 22,11R$
Broca para madeira 16mm 12,40R$ Unid. 30 372,00R$
Broca para madeira 25mm 49,85R$ Unid. 30 1 495,50R$
Broca para madeira 32mm 60,00R$ Unid. 30 1 800,00R$
Cantoneira plástica - Jeruel (réguas 2,80m) 16,50R$ Unid. 200 3 300,00R$
Tinta PVA 90,00R$ Unid. 6 540,00R$
Caçamba 800,00R$ Unid. 15 12 000,00R$
TOTAL 55 851,86R$
Compras de ferramentas
TABELA 6.8 – Ferramentas utilizados na forma (Fonte : o Autor)
63
O pico de funcionários da equipe de forma considerado foi em janeiro de 2016, que teriam
36 operários trabalhando e seria o fator limitante mínimo para a compra dos equipamentos de
proteção individual.
Para os custos com materiais e equipamentos, obteve-se um total de R$88.874,86 e foi
considerado um acréscimo de 10% relativo aos imprevistos na compra de ferramentas e
equipamentos de proteção individual, totalizando R$97.062,35 reais gastos.
Descrição Preço unitário Unid. Quantidade Preço total
Capacete 5,80R$ Unid. 50 290,00R$
Capacete completo (abafador e facial) 104,05R$ Unid. 4 416,20R$
Capa de chuva 8,99R$ Unid. 30 269,70R$
Bota de couro 30,40R$ Unid. 225 6 840,00R$
Bota de borracha - cano longo 17,09R$ Unid. 30 512,70R$
Cinto de segurança 32,40R$ Unid. 30 972,00R$
Talabarte y com elastico e abs de energia 88,60R$ Unid. 30 2 658,00R$
Trava quedas corda 12mm 68,90R$ Unid. 30 2 067,00R$
Luva de pano pigmentada 1,20R$ Unid. 500 600,00R$
Mascara descartavel 0,62R$ Unid. 600 372,00R$
Protetor auricular 0,42R$ Unid. 300 126,00R$
Luva de borracha comprida 16,80R$ Unid. 40 672,00R$
Luva anti-vibração 78,60R$ Unid. 2 157,20R$
Luva de raspa cano longo 7,30R$ rolo 50 365,00R$
Fita zebrada (proteção) 3,99R$ rolo 50 199,50R$
Ombrera 19,50R$ Unid. 4 78,00R$
Óculos de proteção - escuros e incolor 2,99R$ Unid. 60 179,40R$
Óculos de proteção -fumê 2,99R$ Unid. 10 29,90R$
Uniforme - Camisa e calça 44,00R$ Unid. 180 7 920,00R$
Bloqueador Solar 280,00R$ Unid. 2 560,00R$
Colete refletivo 6,70R$ Unid. 25 167,50R$
kit Protetor Facial 106,35R$ Unid. 2 212,70R$
Protetor auricular tipo concha 5,85R$ Unid. 4 23,40R$
Respirador PFF1 0,62R$ 540 334,80R$
TOTAL 26 023,00R$
Equipamentos de proteção individual
TABELA 6.9 – Equipamentos de proteção individual (Fonte : o Autor)
64
6.5.4. Histograma
Em paralelo ao cronograma de atividades, é necessário alocar a quantidade de
funcionários necessários a realização dos serviços para o bom funcionamento e
gerenciamentos dos mesmos, evitando pessoas ociosas ou trabalhos subdimensionados.
Para que seja feita essa alocação da mão de obra, é necessário estudar a produtividade
obtida pelos profissionais e verificar com o volume de trabalho necessário a ser realizado,
obtendo assim o tempo gasto para a realização dos serviços.
Como pode-se ver no capitulo 4, os recursos humanos são os mais difíceis de serem
controlados e possuem diversas variáveis que os influenciam. Por isso a consideração feita foi
baseada em outras e com uma certa folga para evitar divergências.
Os dados de produtividade considerado no estudo baseado em outras obras, foram:
a) Carpinteiro: consumo de 1,30 a 1,70 homemhora por metro quadrado realizado
de forma
b) Encarregado de obra: somente 1 para a liderança da equipe de produção
c) Servente: 1 servente para ajudar nas tarefas a cada 3 carpinteiros, aprender as
tarefas e fornecer o material necessário a realização do trabalho
d) Pedreiro: 2 pedreiros para realizar a concretagem da estrutura e o tratamento da
mesma
Com esses dados, pode ser relacionado o quantitativo de forma a ser realizado mensal e
extrair a quantidade de funcionários necessários para a realização do serviço. A tabela 6.10
demonstra essa quantidade de forma de agosto de 2015 até maio de 2016 e quantidade de
funcionários necessários para a realização das tarefas no mês. Com esses dados pode se
calcular a produtividade média mensal de 1,54 homem hora por dia e ser comparada a
65
produtividade, disponibilizada pelo TCPO (2013, página 179), de 1,25 homem hora por dia
adicionando o tempo realizado para a fabricação das peças de madeira necessária e sua devida
montagem.
A contratação dessa mão de obra foi acordada como o salário mínimo da categoria para os
encarregados, carpinteiros, pedreiros e serventes e o pagamento de quarenta por cento de
horas extras mensais para a conclusão das tarefas conforme o cronograma, acrescentando o
pagamento de prêmio a cada seis meses.
Assim, o valor total do custo do histograma foi de R$1.030.361,47, considerando todos os
encargos necessários e premiações, podendo ser divididos entre as categorias como:
a) Encarregado: R$ 85 479,18
b) Carpinteiro: R$ 705 328,13
c) Servente: R$ 150 272,11
d) Pedreiro: R$ 89 282,04
Encarregado Carpinteiro Servente Pedreiro
08/15 825 1 7 3 2 1,64
09/15 834 1 7 3 2 1,62
10/15 898 1 8 3 2 1,72
11/15 2780 1 21 7 2 1,46
12/15 3400 1 25 8 2 1,42
01/16 3200 1 25 8 2 1,51
02/16 3597 1 25 8 2 1,35
03/16 2965 1 21 7 2 1,37
04/16 1409 1 12 4 2 1,65
05/16 816 1 7 3 2 1,66
Quantidade
forma (m²)Mês
Quantidade de profissionais Produtividade
carpinteiro
TABELA 6.10 – Histograma de mão de obra (Fonte : o Autor)
66
6.5.5. Viabilidade da mão de obra
Nesse caso, de acordo com o estudo realizado, pode–se perceber na tabela 6.11 que
reagrupa os valores anteriormente apresentados que há uma economia na contratação da mão
de obra para a realização dos serviços.
O custo total da empreitada com a contratação de mão de obra própria é de
R$1.510.988,47, enquanto a contratação de uma empresa terceirizada era de R$1.613.612,00,
por isso optou-se por utilizar a mão de obra própria de forma nesse empreendimento.
Quantidade Unidade Preço unitário Preço total
Material
Chapa de madeira plastificada 18mm (1,22x2,44) 1 969 chapas 80,00R$ 157 511,42R$
Sarrafo 1" x 4" 33 629 m² 2,00R$ 67 257,38R$
Perda de madeira (10%) 1 vb 9 415,99R$ 9 415,99R$
Escoramento - aluguel + indenização 1 vb 149 379,86R$ 149 379,86R$
Equipamentos
Locação de equipamentos 1 vb 7 000,00R$ 7 000,00R$
Compra de ferramentas 1 vb 55 851,86R$ 55 851,86R$
EPI 1 vb 26 023,00R$ 26 023,00R$
Perda/substituição de ferramentas e EPI (10%) 1 vb 8 187,49R$ 8 187,49R$
Histograma
Mão de obra de carpinteiro 1 VB 1 030 361,47R$ 1 030 361,47R$
TOTAL 1 510 988,47R$
EMPREITADA DE FORMA MÃO DE OBRA PRÓPRIA
TABELA 6.11 – Custos da empreitada de forma com mão de obra própria (Fonte : o Autor)
67
6.6. Resultados obtidos
Depois de realizado o empreendimento, foi verificado as vantagens e desvantagens da
realização do mesmo com a mão de obra própria, comparando-o com as outras obras que são
realizadas por empreiteiras.
Na parte financeira, a viabilidade inicial sofreu um aumento comparado ao planejado de
R$ 173.500,00, principalmente por dois pontos. O primeiro foi relativo a qualidade da
madeira comprada que não conseguiu ser reutilizada o número de vezes suficiente e precisou
ser comprado mais dois jogos de lajes do tipo completas, acrescentando aproximadamente
vinte e cinco mil reais ao preço da viabilidade inicial e o segundo, foi um atraso em relação ao
cronograma de obra que gerou um aumento histograma de mão de obra, gerando um custo
adicional de um mês a mais no quadro de funcionários.
Quanto a qualidade da estrutura realizada, durante a execução tiveram problemas relativos
a qualidade da madeira comprada que se desmanchou na hora de retirada, como pode ser visto
na figura 6.1, dando um enorme retrabalho para a reparação da estrutura, porém nenhum
diretamente relacionado a execução da mão de obra, que pelo ponto de vista da construtora,
vem melhorando o seu desempenho a cada obra. Em contrapartida, a segurança da obra
melhorou significativamente, pois com um maior número de carpinteiros que incorporaram e
ajudaram significativamente o trabalho da mão de obra direcionada a proteção nas obras da
empresa, que são insuficientes para a realização dos serviços acompanhando o andamento da
obra.
68
Em questão de produtividade, garantir a sequência da obra durante a fundação é difícil,
com tantas variáveis que afetam o seu andamento. Nas construtoras, a entrada e saída dos
funcionários nas obras são mais restritas e com mais burocracias, por isso é necessário
otimizar a sequência da obra para que a equipe faça os seus trabalhos em ordem cronológica e
não exista um espaço de tempo entre as atividades aumentando os custos fixos com
histograma de mão de obra das tarefas. No caso estudado, houve uma alteração da fundação e
impossibilidade de realização de toda a forma em ordem sequencial, implicando em um
aumento de tempo da equipe de forma na obra, sem aumentar o escopo de trabalho. A partir
do momento que essa mão de obra é contratada, a mobilização dela é mais difícil que de uma
terceirizada, por isso teve um acréscimo de gastos não previstos.
Como o modelo estrutural do prédio é de alvenaria estrutural, o ciclo da estrutura é
composto de 3 serviços: a elevação da alvenaria, a realização da forma e a armação da laje. A
melhor forma de realização era a alternância entre a forma e a alvenaria entre os blocos,
enquanto a equipe de alvenaria fazia a elevação no bloco 1, a equipe de forma e armação
realizava a laje do outro bloco. Porém a equipe de forma não obteve a produtividade
FIGURA 6.1 – Amostra dos defeitos nas peças concretadas devido a forma (Fonte : o
Autor)
69
necessária para dar o seguimento ao ciclo, a equipe de alvenaria em geral, elevava mais rápido
do que a equipe de forma e armação terminavam de assoalhar e armar a laje, gerando
reclamações por parte do empreiteiro de alvenaria. Caso tivesse um empreiteiro de forma, o
aumento do número de carpinteiros, resolveria esse problema e aumentaria a rapidez
executiva da obra.
6.7. Visão da empresa quanto a mão de obra própria
Atualmente, há uma busca pela incorporação da mão de obra de produção ao quadro de
funcionários da empresa. Muitas construtoras perceberam que a terceirização tira delas o
controle de qualidade e do prazo, por isso estão contratando funcionários próprios para
determinadas atividades fundamentais.
O objetivo delas é focar nessas principais atividades, como estrutura, alvenaria e
revestimento que possuem facilidade de rotatividade entre as obras para formar equipes
contratadas com ampla capacidade de produção, garantindo uma boa produtividade
comparada as terceirizadas, melhor qualidade e menos problemas quanto a contratação de
serviços.
Como pode-se ver no estudo, o benefício gerado pela contratação de mão obra própria
pelas construtoras não é imediato em todos os segmentos abordados, apesar de obter um
grande potencial de melhoria conforme idealizado no estudo inicial. Para que esse potencial
seja fundamentado, é necessário o investimento e trabalho para a formação de uma equipe
especializada interna, além de realizar melhorar o gerenciamento de prazos e contratações
com a expertise adquirida em outras obras.
70
7. Conclusões
7.1. Considerações finais
Na atual conjuntura, em que há uma crise na economia brasileira, as construtoras buscam
alternativas para obter uma redução de seus custos otimizando os gastos com material e mão
de obra para viabilizar seus projetos e continuar presentes no mercado imobiliário, buscando
satisfazer e apresentar o melhor produto para o cliente, oferecendo um produto de melhor
qualidade com preços mais acessíveis.
O presente trabalho demonstra um comparativo entre a utilização da mão de obra própria
e terceirizada, mostrando as vantagens e desvantagens no quesito legislativo, produtivo e
qualitativo, apontando as principais dificuldades que as construtoras possuem a aumentar o
seu quadro de funcionários e ter um melhor controle da qualidade de seus produtos sendo os
mesmos realizados por seus funcionários.
O comparativo qualitativo e o estudo de caso identificam que as equipes terceirizadas
possuem atualmente uma melhor qualidade de entrega dos seus serviços, pois possuem um
costume maior na realização das mesmas tarefas, porém com o investimento das construtoras
na formação de uma equipe especializada, conforme demonstrado no estudo, gera a tendência
da melhoria dos aspectos qualitativos pela equipe respeitando os padrões executivos da
empresa.
Sobre o aspecto legislativo, essas pequenas empresas, em geral trabalham de maneiras
informais principalmente quanto a pagamentos das horas tarefas e horas prêmio, além de não
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fornecerem o básico assegurado pelas leis e convenções coletivas sindicais, portanto a
contratação de mão de obra própria gera uma maior segurança a construtora contra processos
trabalhistas de funcionários.
A principal diferença entre a empresa contratada (terceirizada) e a mão de obra própria é
no aspecto produtivo, no qual a produtividade da empresa contratada é maior do que a de mão
de obra própria. Por isso, as construtoras investem na formação de equipes para trabalhos
específicos, onde há a sintonia de trabalho entre os demais e a equipe acaba não fugindo do
seu escopo principal de trabalho para a realização de outros serviços.
Portanto, a decisão da contratação da mão de obra própria ao invés da contratação de uma
empresa terceirizada, deve ser levada em consideração pelo serviço a ser realizado, que deve
ser de longa duração e básico da engenharia, e visando um investimento futuro para garantia
de qualidade, cumprimento de prazos e financeira. Assim, o investimento e treinamento de
equipes fechadas para a realização de serviços pelas empresas apresentam uma solução
interessante para as construtoras em redução de custos.
7.2. Sugestões para trabalhos futuros
A presente monografia chega ao fim tendo abordado os seguintes pontos, com o intuito de
compará-los a mão de obra própria e a terceirizada:
a) Os aspectos legais da contratação, identificando os modelos de contratação
permitidos, a responsabilidade legal sobre os trabalhadores e a informalidade
que acontece frequentemente no setor e como ela interfere nos modelos de
contratação;
72
b) A atuação da produtividade no setor da construção civil, quais são os fatores
que impactam positivamente ou negativamente na mesma e quais impactos a
contratação de mão de obra própria ou terceirizada alteram esses fatores,
gerando um aumento ou decréscimo de produtividade;
c) A atuação da qualidade no setor da construção civil, como as empresas
visualizam e investem cada vez mais nessa melhoria e quais as influências da
contratação de mão de obra própria ou terceirizada;
O tema abordado possui um conteúdo bem amplo e com poucos estudos comparativos
realizados recentemente entre os mesmos. Além disso, a tendência atual das construtoras é se
direcionar para a contratação da mão de obra própria em substituição a mão de obra
terceirizada na tentativa principal de melhorar e garantir a qualidade dos seus
empreendimentos e reduzir os custos dos mesmos.
Então, o presente autor sugere o estudo mais direcionado para cada tópico, o legislativo, o
produtivo e qualitativo, podendo restringir o assunto a alguma atividade específica da
construção civil.
73
7.3. Referencias
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