View
213
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE GENÉTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GENÉTICA
Análise cromossômica comparativa de duas espécies do gênero Coprophanaeus
(Coleoptera: Scarabaeidae).
Sárah Gomes de Oliveira
Recife, PE Fevereiro, 2008
Sárah Gomes de Oliveira
Análise cromossômica comparativa de duas espécies do gênero Coprophanaeus
(Coleoptera: Scarabaeidae).
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Genética da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Genética.
Orientadora: Profª. Drª. Maria José de Souza
Lopes, Depto. de Genética, Centro de Ciências Biológicas, UFPE.
Co-Orientadora: Profª. Drª. Rita de Cássia de
Moura, Depto. de Biologia, Instituto de Ciências Biológicas, UPE.
Recife, PE Fevereiro, 2008
Oliveira, Sárah Gomes de Análise cromossômica comparativa de duas espécies do gênero Coprophanaeus (Coleóptera: Scarabaeidae). / Sarah Gomes de Oliveira. – Recife: A Autora, 2008.
103 fls. .: il.
Dissertação (Mestrado em Genética) – UFPE. CCB 1. Coleóptera 2. Coprophanaeus 3. Cariótipo 4. heterocromatina I.Título
595.76 CDU (2ª. Ed.) UFPE 595.76 CDD (22ª. Ed.) CCB – 2008 – 41
Aos meus pais, Manoel e Márcia,
dedico.
Agradecimentos
À minha família, pelas lições de esperança, por terem cultivado em mim o amor, a
compreensão e a alegria, me proporcionando a confiança necessária para realizar meus
objetivos. À minha mãe por sua imensa paciência e por seu incentivo em momentos diversos
e de forma incondicional. Ao meu pai, que me ensinou a ser forte e que me incentivou a
prosseguir, contagiando-me com seu amor. A meu irmão, por trazer luz e gosto para minha
vida. Você é a comprovação mais profunda de que vivi de ética, dignidade e amor. A minha
avó, por seus exemplos de honra, caráter e delicadeza. Por ser minha fada, enchendo meus
dias com luz, um amor especial...
À Profª Drª Maria José de Souza Lopes, pelos ensinamentos e exemplo profissional e
ético, pelo apoio, críticas, atenção, cuidado e por ter me incentivado a fazer sempre o melhor.
À Rita de Cássia de Moura, na qualidade de amiga e co-orientadora, minha gratidão pela
orientação que ultrapassa a Dissertação, bem como pelos tantos e inesquecíveis diálogos.
Às técnicas Cirlene e Francisca, pela cooperação, contribuindo para a concretização
deste trabalho.
Meus sinceros agradecimentos aos meus adorados amigos – tanto aos ‘velhos’ e
queridos quanto aos que se revelaram ao longo desse tempo. É difícil exprimir a beleza de
nossa amizade e o sentimento maravilhoso de tê-los ao meu lado.
Aos meus amigos e colegas de trabalho do Laboratório de Biodiversidade e Genética
de Insetos/UPE: Amanda, Celso, Cristiane, Fernando, Maria Clara, Mônica, Victor e Profª Drª
Marília de França Rocha, pela sincera solicitude e pela contribuição, em alegria e afeto.
Aos amigos e colegas de trabalho do Laboratório de Citogenética e Genética
Animal/UFPE: Adriana, Bárbara, Carolina, Danielle, Graci, Jefferson, Luzia, Marcela, Nara,
Thatiane, Tyago, Profª Drª Neide Santos e Profª Drª Vilma Loreto, pela confiança,
compreensão, generosa solidariedade e carinho desprendido. À Diogo pela amizade, constante
“chatice”, e pela ajuda para captura das imagens de fluorescência constantes neste trabalho. À
Merilane, Jéssica e Ituza, pela indescritível solidariedade e generosidade, que se traduziram
em entusiasmadas ajudas e longas e divertidas conversas. À Cibele (Bela), amiga de todas as
horas, pela sensibilidade e constantes brincadeiras; sem a sua cumplicidade e carinho teria
sido mais difícil. À Pollyanna pela grandeza de seu caráter e de seu coração, que permitiram
que tivéssemos o nosso “reencontro”.
Aos companheiros que me acompanharam nesta jornada. Em especial Carlos e
Edilene, pela amizade compartilhada por esse tempo e que deixou lembranças de momentos
dos quais me lembrarei com carinho.
Aos amigos integrantes do “G10”, que agora se transformou em uma verdadeira
comunidade: Cristiane (Cris), Danillo, Fernando (Paredez), Hugo, Marcelo (Coca), Mariana
(Mari Mari), Humberto, Nathália (Nath)... E todos os agregados (você também, Clara!). Por
fazerem “meu coração sorrir”. A Paulo (Pessoa) que, mesmo à distância fez chegar, de
diversas formas, seus incentivos e carinhoso cuidado. À minha eterna amiga Beatriz
(Pumbaa), pelas alegrias passadas e futuras. À Bruna, Iêda, Fabrício e Renato, por terem feito
a diferença em minha vida.
À Hugo pelo auxílio e pela compreensão quanto ao afastamento e ausência em alguns
momentos. Por estar sendo a pessoa que, com competência, tem me conduzido aos caminhos
da harmonia.
Ao Dr. Sérgio Ide, ao Dr. Fernando Zaguri Vaz-de-Mello e ao mestre Fernando
Augusto Barbosa Silva pela identificação taxonômica das espécies analisadas. Ao Prof. Dr.
Marcelo Guerra por disponibilizar o sistema de captura de imagens do Laboratório de
Citogenética Vegetal.
Ao CNPq pelo apoio financeiro através da concessão da bolsa de Pós-graduação,
durante o desenvolvimento deste trabalho.
“Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.”
Clarice Lispector
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
08
LISTA DE TABELAS
09
LISTA DE ABREVIAÇÕES
10
RESUMO
11
1. INTRODUÇÃO
12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 142.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A FAMÍLIA SCARABAEIDAE 142.2. CARACTERIZAÇÃO CARIOTÍPICA DE SCARABAEIDAE 182.2.1. MECANISMOS CROMOSSÔMICOS DE DETERMINAÇÃO DO SEXO EM SCARABAEIDAE
24
2.3. HETEROCROMATINA CONSTITUTIVA 282.3.1. HETEROCROMATINA CONSTITUTIVA EM SCARABAEIDAE 342.4. REGIÕES ORGANIZADORAS DE NUCLÉOLOS 452.4.1 REGIÕES ORGANIZADORAS DE NUCLÉOLOS EM SCARABAEIDAE
47
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
55
4. MANUSCRITO DE ARTIGO CIENTÍFICO ANÁLISE CITOGENÉTICA COMPARATIVA ENTRE COPROPHANAEUS (MEGAPHANAEUS) ENSIFER E COPROPHANAEUS (COPROPHANAEUS) CYANESCENS (COLEOPTERA: SCARABAEIDAE).
68
5. CONCLUSÕES
92
6. ABSTRACT
94
7. ANEXOS 957.1. INSTRUÇÕES PARA AUTORES - GENETICA 967.2. FOTOGRAFIAS DAS ESPÉCIES ANALISADAS 104
Lista de Figuras
Manuscrito Figura 1. Coloração convencional de cromossomos meióticos de Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer (a), (c), (e) e (g), e Coprophanaeus (Coprophanaeus) cyanescens (b), (d), (f) e (g). (a)-(b) metáfases I, (c)-(d) anáfases I, e (e)-(h) metáfases II. Barra = 5 µm.
88
Figura 2. Bandeamento C (a)-(b) e coloração com AgNO3 (c)-(d) em metáfase II e metáfase I de Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer, respectivamente (a) e (c), e metáfases I de Coprophanaeus (Coprophanaeus) cyanescens (b) e (d). Em (a) o cromossomo Y é mostrado em detalhe. As setas indicam cromossomos com blocos heterocromáticos adicionais, teloméricos e intersticiais. Barra = 5 µm.
89
Figura 3. Tríplice coloração (CMA3/DA/DAPI) em metáfases II de Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer (a)-(b) e metáfases I de Coprophanaeus (Coprophanaeus) cyanescens (c)-(d). Em (a) as setas indicam blocos intersticiais. Em (a) e (b) o cromossomo Y é mostrado em detalhe. Barra = 5 µm.
90
Figura 4. FISH com sondas de DNAr 45S em metáfases I de Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer (a)-(b) e Coprophanaeus (Coprophanaeus) cyanescens (c)-(d). Em (a) e (c) coloração com DAPI. As setas em (b) e (d) indicam os sítios de DNAr. Barra = 5 µm.
91
Lista de Tabelas
Revisão Bibliográfica Tabela 1. Meiofórmula e padrão de distribuição de heterocromatina constitutiva em diferentes subfamílias de Scarabaeidae.
40
Tabela 2. Meiofórmula e qualificação da heterocromatina constitutiva em diferentes subfamílias de Scarabaeidae.
44
Tabela 3. Meiofórmula, coloração com nitrato de prata (AgNO3) e hibridização in situ fluorescente (FISH) com sonda de DNAr em diferentes subfamílias de Scarabaeidae.
53
Lista de abreviações
2n Número diplóide
AgNO3 Nitrato de Prata
AT Adenina e Timina
CCB Centro de Ciências Biológicas
CMA3 Cromomicina A3
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CS Complexo Sinaptonêmico
DA Distamicina A
DAPI 4’-6-diamidino-2-fenil-indol
DNA Ácido Desoxirribonucléico
DNAr Ácido Desoxirribonucléico Ribossômico
ETS Espaçadores Transcritos Externos
FISH Hibridização in situ fluorescente
GC Guanina e Citosina
HC Heterocromatina Constitutiva
HCl Ácido Clorídrico
HF Heterocromatina Facultativa
IGS Espaçadores Transcritos Externos
ITS Espaçadores Transcritos Internos
RNA Ácido Ribonucléico
RNAr Ácido Ribonucléico Ribossômico
RON Região Organizadora de Nucléolo
S Svedberg (medida de velocidade de sedimentação de uma partícula)
sp Espécie
X Cromossomo sexual X
Y Cromossomo sexual Y
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
11
Resumo
Os cromossomos de Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer e C. (Coprophanaeus)
cyanescens foram estudados através da coloração convencional, bandeamento C, impregnação
com nitrato de prata (AgNO3), fluorocromos base específicos e FISH. As espécies
apresentaram cariótipo simétrico, número diplóide de 2n=20 e morfologia meta-
submetacêntrica. As espécies C. (M.) ensifer e C. (C.) cyanescens mostraram mecanismos
sexuais do tipo XY e XYp, respectivamente. A análise da distribuição da heterocromatina
constitutiva (HC) nas duas espécies revelou cromossomos difásicos correspondendo aos
braços longos dos bivalentes autossômicos. Em adição, C. (M.) ensifer mostrou blocos
pericentroméricos em três bivalentes autossômicos e no X, bloco telomérico no par 9 e o Y
quase totalmente heterocromático. C. (C.) cyanescens apresentou cromossomo X quase
completamente heterocromático e o Y com pequeno bloco pericentromérico. A coloração
CMA3/DA/DAPI evidenciou blocos heterocromáticos CMA3+ positivos no bivalente sexual
de C. (C.) cyanescens, enquanto em C. (M.) ensifer foram visualizados blocos
pericentroméricos CMA3+ em todos os autossomos e no X, e intersticiais em três bivalentes
autossômicos. A coloração DAPI foi uniforme nas duas espécies. A impregnação com AgNO3
foi ineficiente para detecção de cromossomos portadores de RONs, entretanto, mostrou
afinidade pela HC. A FISH evidenciou sítios de DNAr na região telomérica de três bivalentes
autossômicos de C. (C.) cyanescens, e em sete bivalentes e no X de C. (M.) ensifer. As
diferenças e similaridades cariotípicas encontradas nas duas espécies são discutidas e
comparadas com dados descritos para outras espécies de Coleoptera.
Palavras-chave: Cariótipo, Coprophanaeus, heterocromatina, FISH, RON
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
12
1. Introdução
A ordem Coleoptera possui 370.000 espécies distribuídas mundialmente e se divide
em quatro subordens, Adephaga, Archostemata, Myxophaga e Polyphaga. Representa o grupo
de insetos mais abundante, compreendendo cerca de 40% das espécies de insetos e 30% dos
animais (Gaston, 1991; Hammond, 1992. Dentre as superfamílias de Polyphaga,
Scarabaeoidea se destaca pelo alto número de espécies e por possuir representantes
bioindicadores ambientais (Costa, 2000).
Apesar da diversidade do grupo e de sua importância ambiental, análises citogenéticas
ainda são escassas. A família Scarabaeidae é bastante conservada em relação ao número
diplóide 2n=20, mecanismo sexual Xyp e cromossomos meta-submetacêntricos. Dentre suas
subfamílias, Scarabaeinae tem sido considerada a menos conservada cariotipicamente (Smith
e Virkki, 1978).
Estudos realizados com o uso de bandeamento C em Scarabaeidae têm revelado a
heterocromatina constitutiva (HC) na região pericentromérica de cromossomos autossômicos,
podendo ocorrer também em regiões teloméricas e intersticiais; enquanto nos sexuais
freqüentemente está localizada na região pericentromérica ou ao longo de todo o
cromossomo. A coloração com fluorocromos base-específicos tem proporcionado a análise
qualitativa da HC, devido à sua capacidade de interação preferencial com regiões ricas em
pares de bases AT ou GC. Em Scarabaeidae, estudos realizados até o momento objetivando a
análise da distribuição e composição dos pares de bases da HC têm demonstrado grande
heterogeneidade (Vitturi et al., 2003; Moura et al., 2003; Angus et al., 2007).
A impregnação com nitrato de prata (AgNO3) permite a detecção de regiões
organizadoras de nucléolos (RONs) que estiveram ativas na interfase anterior, enquanto a
técnica de hibridização in situ fluorescente (FISH) tem sido utilizada para a detecção de sítios
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
13
de DNAr, possibilitando a determinação de RONs independentemente de sua atividade. Nos
representantes de Scarabaeidae, as RONs foram localizadas predominantemente em um par
autossômico, contudo, resultados bastante heterogêneos têm sido descritos para esta família
(Colomba et al., 2000a; Vitturi et al., 2003; Moura et al., 2003; Bione et al., 2005a).
Considerando a importância biológica de Scarabaeinae, a viabilidade de sua análise
cromossômica através da coloração convencional e uso de técnicas citogenéticas diferenciais,
a caracterização cariotípica do gênero Coprophanaeus contribuirá para um melhor
entendimento das implicações cariotípica-evolutivas deste grupo.
Este trabalho teve como objetivo analisar citogeneticamente duas espécies do gênero
Coprophanaeus (Scarabaeidae: Scarabaeinae), caracterizar os padrões de distribuição,
variabilidade e composição da heterocromatina constitutiva, determinar o padrão de
distribuição das RONs, bem como relacionar os dados citogenéticos obtidos com resultados
de outras espécies e gêneros relacionados. Os resultados obtidos contribuirão para um melhor
entendimento das características cromossômicas e dos mecanismos evolutivos envolvidos na
diferenciação deste grupo.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
14
2. Revisão bibliográfica
2.1. Considerações gerais sobre a família Scarabaeidae
A ordem Coleoptera compreende cerca de 370.000 espécies mundialmente
distribuídas, e um grande número de seus representantes ocorre nas regiões tropicais em
especial na região Neotropical, conhecida como o maior repositório de coleópteros do planeta
(Crowson, 1967; Gaston, 1991; Hammond, 1992). Para esta região aproximadamente 7.000
gêneros e 80.000 espécies foram descritas, estando distribuídas em 127 famílias, das quais
aproximadamente 5.000 gêneros e 30.000 espécies ocorrem no Brasil (Costa et al., 1988).
Esta ordem se destaca por apresentar indivíduos com metamorfose completa e o primeiro par
de asas transformado em élitros – asas duras, córneas, utilizadas para dar sustentação ao vôo e
proteção das asas posteriores, membranosas, quando em repouso (Ratcliffe et al., 2002).
Os coleópteros estão distribuídos em quatro subordens, Archostemata, Adephaga,
Myxophaga e Polyphaga. Esta última compreende 90% das espécies descritas, sendo
considerada a subordem mais representativa (Costa, 2000; Vanin e Ide, 2002). Dentre as 18
superfamílias de Polyphaga, Scarabaeoidea destaca-se pelo alto número de espécies e por ter
representantes bioindicadores de ecossistemas de florestas tropicais (Vaz-de-Mello, 2000).
Scarabaeoidea compreende 13 famílias com distribuição mundial, sendo que dos seus 2.266
gêneros, 448 estão distribuídos na região Neotropical, e destes 241 ocorrem no Brasil
(Crowson, 1981; Lawrence e Newton, 1982; Lawrence e Britton, 1991; Scholtz e Browne,
1996; Lawrence et al., 1999; Costa, 2000). Representantes de Scarabaeoidea possuem
morfologia muito bem estudada, mostrando uma grande base de dados para estudo
filogenético (Browne e Scholtz, 1999). Entretanto, apesar da monofilia e da delimitação entre
seus principais grupos serem aceitas, existem controvérsias em relação às suas relações
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
15
filogenéticas, pois ainda não existe um consenso sobre o ‘status’ de seus principais grupos
(Vanin e Ide, 2002).
Scarabaeidae compreende a maior família de Scarabaeoidea, formando um grupo
cosmopolita de aproximadamente 2.000 gêneros e 25.000 espécies com ampla distribuição
mundial. Para a região Neotropical foram descritos 362 gêneros e 4706 espécies, dos quais
204 gêneros e 1.777 espécies ocorrem no Brasil. Dentre suas subfamílias Scarabaeinae é
muito diversificada, compreendendo cerca de 1.250 espécies distribuídas em 70 gêneros e 12
tribos com distribuição mundial (Hanski e Cambefort, 1991). No Brasil ocorrem mais de 700
espécies pertencentes a 49 gêneros, sendo que 149 espécies foram registradas no Nordeste
Brasileiro, das quais 26 para o Estado de Pernambuco (Vaz-de-Mello, 2000; Silva et al.,
2007).
Os representantes de Scarabaeinae são detritívoros e utilizam como recurso alimentar
principalmente fezes, carcaças e frutos em decomposição. São popularmente conhecidos
como “rola-bostas” e apresentam grande diversidade de espécies em regiões neotropicais.
Formam uma comunidade bem definida em termos taxonômicos e funcionais, dividida em
grupos de espécies denominados guildas (Hanski e Cambefort, 1991; Halffter e Favila, 1993).
A estrutura das guildas está relacionada com as estratégias de alocação de recursos
alimentares, o grau de generalização da dieta e o padrão temporal de atividade. Grupos de
espécies que vivem na mesma área, em geral, exploram distintos habitats ou microhabitats
(utilização espacial do ambiente) ou são ativos em tempos diferentes (utilização temporal do
ambiente). (Halffter e Favila, 1993). A estrutura das guildas possibilita a avaliação de
modificações naturais ou antrópicas que uma comunidade sofre através de um determinado
tempo, podendo-se utilizar estes insetos como bioindicadores de degradação ambiental
(Hanski e Cambefort, 1991; Halffter et al. 1992; Halffter e Favila, 1993; Davis et al., 2001).
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
16
Dentre as principais características que tornam este grupo um importante bioindicador
estão: a reciclagem dos excrementos e outros tipos de matéria orgânica; abundância de seus
representantes nos diferentes tipos de ecossistemas; formação de guildas; métodos de coleta
facilmente padronizados; sensibilidade a fatores físicos e biológicos, reagindo à degradação
de seu hábitat (Halffter e Favila, 1993). Outra importante característica é a especificidade de
hábitat dos Scarabaeinae, estando algumas espécies associadas a determinados fatores
ambientais, como tipo de vegetação, microclima e solo. Desta forma, a fragmentação das
áreas de mata e a transformação destes ambientes em áreas de pastagem pode alterar a
estrutura da comunidade e causar uma perda na diversidade de espécies (Favila e Halffter,
1997).
A alimentação e a reprodução de grande parte das espécies envolvem o transporte do
recurso alimentar para um local distante da fonte de origem, evitando a competição com
outros grupos de animais que utilizam os mesmos recursos. Portanto, atuam como inimigos
naturais para o controle biológico de moscas parasitas de bovinos, considerando que a
alocação dos recursos alimentares para o interior de túneis escavados no solo elimina o meio
de reprodução de algumas espécies de moscas hematófagas (Hanski e Cambefort, 1991).
Considerando as diferentes tribos de Scarabaeinae, Phanaeini se destaca com 150
espécies encontradas somente no Novo Mundo e distribuídas em 12 gêneros: Bolbites,
Coprophanaeus, Dendropaemon, Diabroctis, Gromphas, Homalotarsus, Megatharsius,
Oruscatus, Oxysternon, Phanaeus, Sulcophanaeus e Tetramereia (Philips et al., 2004). Para o
Brasil são descritos 10 gêneros e 74 espécies (Edmonds, 1972; Vaz-de-Mello, 2000).
Geralmente os representantes de Phanaeini possuem corpo grande e atrativo, de cor brilhante
e metálica, com ornamento cefálico e pronotal. Existem dúvidas a respeito do agrupamento
coerente da maior parte do gênero, devido a incertezas quanto aos seus limites e relações.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
17
Contudo, a maior parte dos gêneros tem sua monofilia estabelecida, sendo quatro dos 12
gêneros monotípicos (Zunino, 1985; Philips et al., 2004).
A principal fonte de alimento dos Phanaeini são as fezes de animais herbívoros e
carniça (Edmonds, 1972; Alvarado, 2002). O grupo desta tribo considerado mais derivado
(Coprophaneus, Oxysternon, Phanaeus e Sulcophanaeus) constrói ninhos contendo uma ou
mais bolas, sendo que cada bola é construída independentemente uma da outra, colocadas
separadas em seus próprios compartimentos e cobertas por uma camada de solo. Existe
também a cooperação entre os sexos, embora isso não seja necessário para o sucesso
reprodutivo. Ancestrais de Phanaeini são presumivelmente organismos coprófagos, embora
muitas espécies derivadas sejam inteiramente necrófagas ou se alimentem raramente de
fungos e frutas. Por exemplo, muitas espécies de Coprophaneus alimentam-se de animais
mortos e algumas espécies de Phanaeus são ocasionalmente necrófagas (Philips et al., 2004).
O gênero Coprophanaeus d’Olsoufieff, 1994 é composto por três subgêneros:
Coprophanaeus, Megaphanaeus e Metallophanaeus. Em sua maioria inclui espécies
necrófagas, geralmente encontradas em cadáveres frescos nos períodos crepusculares a
noturnos, sobrevoando o alimento por curtos períodos de tempo e pousando exatamente sobre
o recurso alimentar (Halffter e Edmonds, 1982; Otronen, 1988; Gill, 1991; Endres et al.,
2005). Durante a nidificação, estas espécies constroem bolas a partir do recurso alimentar, que
abrigam e alimentam as larvas, aumentando as chances de sucesso reprodutivo (Edmonds,
1972; Halffter et al., 1974; Halffter e Edmonds, 1982; Endres et al., 2005).
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
18
2.2. Caracterização Cariotípica de Scarabaeidae
Estudos citogenéticos dentro da ordem Coleoptera ainda são escassos, restringindo-se
em sua maioria à descrição de número diplóide, morfologia cromossômica e mecanismo de
determinação sexual (Virkki, 1960; Yadav e Pillai, 1976; Yadav e Dange, 1991; Petitpierre,
1999; Machado et al., 2001). As possíveis causas das limitações apresentadas para o estudo
citológico estão associadas ao pequeno tamanho dos cromossomos, dificuldade na obtenção
de diferentes fases da meiose e diferenças nas fases de maturação da espermatogênese
(Virkki, 1967; Smith e Virkki, 1978).
Em Coleoptera, estudos citogenéticos têm sido realizados principalmente em
representantes da subordem Polyphaga. O cariótipo mais comum é 2n=20,Xyp, com
cromossomos meta-submetacêntricos. O número diplóide varia de 2n=4 (Chalcolepidius
zonatus – Elateridae) a 2n=64 (Disonychina bicarinata – Chrysomelidae) (Virkki, 1988;
Ferreira et al., 1984). Os mecanismos sexuais observados em representantes de Polyphaga
têm origem principalmente a partir de rearranjos cromossômicos (X0, XY, neo-XY, múltiplo)
ou por diferentes modos de associação entre os cromossomos X e y (Xyp, XYp, Xyr, Xyc)
(White, 1973; Smith e Virkki, 1978; Ferreira et al., 1984; Mesa e Fontanetti, 1985; Yadav et
al., 1990; Gálian et al., 2002; Rozék, et al., 2004).
A família Scarabaeidae tem destaque com cerca de 350 espécies estudadas
citogeneticamente. Essa família tem sido considerada conservada cariotipicamente, em
relação ao número diplóide 2n=20, mecanismo sexual Xyp e morfologia meta-
submetacêntrica (meiofórmula 9II+Xyp) (Yadav e Pillai, 1979; Yadav et al., 1979).
Entretanto, pode-se observar uma variabilidade cariotípica de 2n=8 (Eurysternus caribaeus –
Scarabaeinae) a 2n=30 (Autoserica assamensis – Melolonthinae) (Yadav et al., 1979; Cabral-
de-Mello et al., 2007). Por outro lado, sete diferentes tipos de mecanismos sexuais, XY, Xy,
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
19
Xyp, XYp, Xyr, neo-XY e X0 tem sido descritos (Virkki, 1960; Smith e Virkki, 1978; Yadav e
Pillai, 1979; Martins, 1994; Colomba et al., 2000a; Moura et al., 2003; Vitturi et al., 2003).
Dentre as subfamílias de Scarabaeidae, Dynastinae, Melolonthinae, Rutelinae e Scarabaeinae
possuem maior diversidade cariotípica e são melhor estudadas do ponto de vista
cromossômico (Yadav e Pillai, 1979).
Segundo Smith e Virkki (1978), a evolução do genoma em Coleoptera pode ocorrer
devido a rearranjos cromossômicos, mutação gênica, trocas relativas e/ou absolutas nas
freqüências gênicas. Em Scarabaeidae, a evolução cariotípica envolve comumente cinco tipos
de rearranjos: 1) fusão cromossomo sexual-autossomo; 2) fusão autossomo-autossomo; 3)
perda do cromossomo y; 4) fissão cêntrica de autossomo e 5) inversões pericêntricas (Yadav e
Pillai, 1979). Portanto, rearranjos cromossômicos permitiram mudanças a partir do cariótipo
2n=20 observado na maioria das espécies analisadas para a subordem Polyphaga.
Na subfamília Dynastinae foram relatados os números diplóides 2n=12, 16, 18, 19 e
20,também sendo descritos com registros de quatro mecanismos sexuais diferentes, Xyp, X0,
XY e neo XY (Smith e Virkki, 1978; Yadav et al., 1979; Martins, 1994; Vitturi et al., 2003;
Bione et al., 2005b). A maioria das espécies com número diplóide 2n=20, como Bothynus
striatellus, Eophileurus platypterus e Pentodon bispinifrons apresenta mecanismo sexual Xyp
(Yadav et al., 1979; Vidal, 1984). Coeloxis bicornis e Enema pan apresentaram redução do
número duplóide para 2n=18, resultante de inversão pericêntrica e fusão autossômica (Vidal,
1984; Martins, 1989). Martins (1994) observou o cariótipo 2n=14,Xyp em Phileurus sp.,
sugerindo que a redução no número cromossômico desta espécie envolve somente
autossomos, sendo originado a partir de três fusões cêntricas precedidas por inversões
pericêntricas ou perda de braços heterocromáticos. Entretanto, a presença de cromossomos
pequenos nesta espécie indica que houve perda de região de heterocromatina constitutiva.
Phyllognathus silencis apresentou fusões entre autossomos e sexuais, reduzindo o número
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
20
diplóide para 2n=18 e modificando o mecanismo sexual de Xyp para neo XY (Yadav et al.,
1979). Fusões entre autossomos e entre autossomo e sexuais foi observada em Arcophileurus
vervex vervex, modificando o cariótipo considerado modal dentro do grupo para 2n=16,neo-
XY (Vidal, 1984). A perda do cromossomo y foi observada em Pentodon bidens punctatum e
Pentondon sp., apresentando cariótipo 2n=19,X0 (Yadav et al., 1979; Vitturi et al., 2003).
A subfamília Melolonthinae apresenta números diplóides 2n=18, 19, 20, 21, 30 e seis
diferentes tipos de mecanismos sexuais: Xy, Xyp, XYp, Xyr, X0 e neo-XY. A maioria das
espécies estudadas citogeneticamente apresenta o cariótipo 2n=20,Xyp, como Diplotaxis
obscura, Lyogenes fuscus e Serica sericea (Smith e Virkki, 1978; Yadav e Pillai, 1979;
Moura et al., 2003). Entretanto, rearranjos cromossômicos têm sido observados em alguns de
seus representantes. Holotricha longipennis e Autoserica sp. apresentaram fusão entre
autossomos, que reduziu o número diplóide para 2n=18 (Yadav et al., 1979). A perda do
cromossomo y foi observada em outra espécie do gênero Aserica e três espécies de Apogonia,
que apresentaram cariótipo 2n=19,X0. Autoseria assamensis sofreu fissão dos autossomos e,
provavelmente alteração do tipo de associação entre os cromossomos sexuais, apresentando o
cariótipo 2n=30,Xy. Apogonia sp., por sua vez, provavelmente sofreu dissociação em um par
autossômico e posterior perda do cromossomo y, gerando o cariótipo 2n=21,X0 (Smith e
Virkki, 1978; Yadav et al., 1979; Yadav e Pillai, 1979).
Quatro diferentes números diplóides ocorrem em Rutelinae (16, 18, 20 e 22), havendo
três tipos de mecanismos sexuais (Xyp, Xyr e neo-XY) (Smith e Virkki, 1978, Yadav et al.,
1979). Em Macraspis dichroa ssp. cribata, Macraspis festiva, Papillia japonica, Pelidnota
pallidipennis e cinco espécies do gênero Anomala foram observados rearranjos do tipo fusão
entre pares autossômicos, que reduziram o número diplóide de 20 para 18 (Yadav e Pillai,
1979; Yadav et al., 1979; Vidal, 1984; Bione et al., 2005b). Adorrhinyptia dorsalis, duas
espécies do gênero Anomala e dez de Adoretus apresentaram número diplóide 2n=22,Xyp
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
21
(Yadav e Pillai, 1979; Yadav et al., 1979). Adorrhinyptia sp. apresentou variação em relação
ao número diplóide, sendo observado 2n=16, 18 ou 20 (Yadav et al., 1979). Pelidnota
sumptuosa mostrou redução do número cromossômico de 2n=20 para 2n=18. Esta redução
pode ser explicada pela ocorrência de duas inversões pericêntricas e posteriores fusões
envolvendo os autossomos e cromossomos sexuais, formando o sistema neo-XY (Martins,
1994).
A subfamília Scarabaeinae é menos conservada cariotipicamente, apresentando
variação no número diplóide de 2n=8 a 2n=24, e seis mecanismos sexuais (XY, Xyp, XYp,
Xyr, neo-XY e X0) (Smith e Virkki, 1978; Yadav et al., 1979; Cabral-de-Mello et al., 2007).
A variabilidade cromossômica observada em Scarabaeinae foi originada a partir de rearranjos
cromossômicos, que modificaram o cariótipo 2n=20,Xyp e a morfologia cromossômica meta-
submetacêntrica considerados modal e primitivo para o grupo (Yadav e Pillai, 1977; Smith e
Virkki, 1978; Bione et al., 2005a). Dentre as subfamílias de Scarabaeidae, as alterações
cromossômicas têm sido relatadas com maior freqüência em Scarabaeinae, sendo esta a
subfamília de maior diversidade cariotípica do grupo (Smith e Virkki, 1978; Bione et al.,
2005a, b; Angus et al., 2007).
Rearranjos cromossômicos são bastante comuns em Scarabaeinae, contudo, as
estratégias de evolução cromossômica nas diversas tribos são diferentes. A tribo
Onthophagini é bastante conservada em relação ao número diplóide, com apenas duas
espécies apresentando variação em relação ao cariótipo modal 2n=20. O gênero Onthophagus
é o melhor estudado até o momento, apresentando diferentes mecanismos sexuais (Xy, Xyp,
Xyr e neo-XY), sendo que a maioria das espécies analisadas possui número diplóide 2n=20
(Smith e Virkki, 1978; Yadav e Pillai, 1979).
Em contraste com Onthophagini, as tribos Canthonini, Coprini, e Phanaeini, são
bastante diversas cariotipicamente, devido principalmente a rearranjos do tipo fusão. Em
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
22
Cantharsius sp., Canthon indigaceus, Eucranium arachnoides, Glyphoderus sterquilinis,
Phanaeus prox. yucatanus, três espécies do gênero Copris, duas de Dichotomius e diferentes
espécies do gênero Canthochilum foram descritos rearranjos do tipo fusão entre autossomos.
Este rearranjo gerou a redução do número diplóide de 20 para 14 nas espécies pertencentes ao
gênero Copris e em P. prox. yucanatus, bem como redução para 18 nas demais. A presença
do número diplóide 2n=18 e do par 1 consideravelmente maior observados em Isocopris
inhiata, por exemplo, pode ser explicada por mecanismo de inversão seguido de fusão. A
diminuição do número diplóide observada não estava relacionada com alterações dos
mecanismos sexuais (Smith e Virkki, 1978; Yadav e Pillai, 1979; Vidal, 1984; Bione et al.,
2005a).
Outros representantes de Canthonini, Coprini e Phanaeini apresentam fusões entre
autossomos e entre autossomos e cromossomos sexuais, como é o caso de Phanaeus daphnis,
Phanaeus igneus, Phanaeus mexicanus e Phanaeus vindex, todas com 2n=12, bem como de
Deltochilum valgum, com 2n=14. Além da redução do número diplóide, estas espécies
apresentaram modificação do mecanismo sexual de Xyp para neo-XY (Smith e Virkki, 1978;
Yadav e Pillai, 1979; Vidal, 1984). Este processo de modificação do número diplóide e do
mecanismo sexual para neo-XY envolve, provavelmente, inversões pericêntricas, gerando
cromossomos acrocêntricos, seguidas de fusões cêntricas entre autossomos e fusão
autossomo-X (Vidal, 1984). Até o momento, Eurysternus caribaeus é a única espécie de
Eurysternini analisada citogeneticamente. Essa espécie apresenta o menor número
cromossômico para a família com 2n=8. A redução ocorreu provavelmente por inversões
pericêntricas e fusões entre autossomos (Cabral-de-Mello et al., 2007).
Rearranjos do tipo fissão, inversões pericêntricas e perdas do cromossomo y também
podem ser evidenciados nas tribos Phanaeini, Coprini e Canthonini. Inversões pericêntricas
foram responsáveis pela morfologia acrocêntrica de quatro pares autossômicos de Diabroctis
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
23
mimas e todos os cromossomos do complemento de Bubas bison. A morfologia
cromossômica predominantemente acrocêntrica não tem sido relatada com freqüência para
representantes de Scarabaeidae (Colomba et al., 1996; Bione et al., 2005a; Colomba et al.,
2006). Dois processos de fissão geraram o cariótipo 2n=24,Xyp em Oniticellus spinipes (=
Tiniocellus spinipes), enquanto Copris fricator provavelmente sofreu dissociação em um par
autossômico e posterior perda do cromossomo y, gerando o cariótipo 2n=21,X0 (Smith e
Virkki, 1978; Yadav et al., 1979).
Variação de polimorfismo cromossômico foi observada nas espécies Bubas bubalus,
Euonthophagus amyntas, Onthophagus vacca, O. similis e O. gazella, que apresentaram
cariótipo 2n=20,Xy+B (Wilson e Angus, 2005; Angus et al., 2007). Em E. amyntas o
cromossomo B não foi visualizado em todas as células, e quando presente era semelhante ao y
em relação ao tamanho e à morfología acrocêntrica. O. vacca mostrou um cromossomo B
subacrocêntrico e de tamanho aproximado ao do par 9. Quando analisado pela técnica de
bandeamento C, o cromossomo B revelou um grande bloco centromérico de heterocromatina,
em contraste com a pequena banda centromérica observada nos autossomos e no cromossomo
X. O. similis mostrou um cromossomo B metacêntrico, com tamanho aproximadamente de
duas vezes o comprimento do y. A presença de cromossomos B nestas espécies foi a única
variação no número de cromossomos (Wilson e Angus, 2005). Cromossomos B
heterocromáticos foram observados em todos os espécimes analisados de todas as populações
de Bubas bubalus, variando em número de três a nove cromossomos (Angus et al., 2007). Em
Scarabaeoidea o alto número de cromossomos B também foi encontrado em Aphodius lividus,
onde pôde ser observada a ocorrência de nove cromossomos B heterocromáticos. Entretanto,
enquanto em Bubas bubalus os cromossomos B são principalmente grandes, até duas vezes o
comprimento dos maiores autossomos, em A. lividus estes são pequenos, comparáveis em
tamanho ao cromossomo y. Cromossomos B grandes também foram observados em
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
24
Pterostichus nigrita e P. rhaeticus (Carabidae) (Angus et al., 2000; Angus et al., 2004; Angus
et al., 2007).
A origem de cromossomos B parece ser bastante variável e ocorre a partir de vários
mecanismos evolutivos. Estudos recentes envolvendo isolamento, clonagem e
seqüenciamento de DNA repetitivo localizado em cromossomos B têm sugerido que a origem
desses cromossomos está relacionada com os elementos básicos do complemento
cromossômico (Camacho et al., 2000). As propriedades e efeitos dos B dependem de
processos de co-adaptação com o genoma padrão, bem como de sua estrutura, origem e
modificações durante a evolução (Camacho et al., 1997). Contudo, nos representantes de
Scarabaeinae ainda não existem conclusões acerca da origem e função deste cromossomo,
bem como do papel na evolução destes genomas.
2.2.1. Mecanismos cromossômicos de determinação do sexo em Scarabaeidae
Segundo White (1973) e Smith e Virkki (1978) a ordem Coleoptera apresenta uma
grande diversidade de sistemas cromossômicos de determinação sexual, estando estes
divididos em dois grupos: os sistemas ortodoxos e os não ortodoxos. Os sistemas ortodoxos,
por sua vez, dividem-se em aquiasmáticos (Xyp, XY, Xnyp, Xynp, Xyc, X0) e quiasmáticos,
que por sua vez apresentam sistemas simples (Xyr, neo-XY) e múltiplos (X1X
2Y, XY
1Y
2,
XnYn e XpneoYp). Os não ortodoxos representam aqueles sistemas nos quais os cromossomos
sexuais perderam a capacidade de pareamento de forma convencional e mantêm-se como
univalentes. Os cromossomos sexuais do sistema ortodoxo apresentam dois tipos de
comportamento durante a meiose, um no qual a separação dos sexuais ocorre tardiamente na
anáfase I e outro em que os sexuais se encontram distantes entre si e em relação aos
autossomos.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
25
O cariótipo com 2n=20 e sistema sexual Xyp (2n=20,Xyp) exibindo todos os
cromossomos metacêntricos, tem sido proposto como ancestral para os representantes da
subordem Polyphaga e encontrado na maioria das famílias estudadas citogeneticamente
(Yadav e Pillai, 1979; Galián e Lawrence, 1993; Rozek et al., 2004).
No sistema do tipo Xyp, o X e o y representam os cromossomos sexuais e a letra “p”
indica a forma de associação desses cromossomos durante a meiose, a qual foi originalmente
comparada a um pára-quedas (Smith e Virkki, 1978). Neste sistema, o cromossomo X
representa o dossel do pára-quedas e o cromossomo y, conectado ao X por estruturas
semelhantes a dois fios tênues, correspondendo ao pára-quedista. No mecanismo Xyp o
cromossomo Xp geralmente é um metacêntrico de tamanho médio e o cromossomo yp
é um
metacêntrico extremamente pequeno. Nos casos em que os cromossomos X e Y são
relativamente grandes e de tamanho similar, o mecanismo é denominado XYp (White, 1973;
Mesa e Fontanetti, 1985).
Existem diferentes evidências para explicar a forma de associação do bivalente sexual
Xyp durante a meiose, as opiniões nos primeiros estudos realizados em Coleoptera oscilavam
entre uma associação nucleolar ou quiasmática entre estes cromossomos (White, 1973; Smith
e Virkki, 1978). Entretanto, a hipótese de associação quiasmática entre os bivalentes Xyp tem
sido questionada. De acordo com White (1973) não existem evidências da formação do
quiasma no bivalente Xyp, devido à compactação e tamanho reduzido deste bivalente durante
a metáfase I.
O mecanismo de determinação do sexo Xyp tem sido frequentemente observado em
representantes da Scarabaeidae (Colomba et al., 1996; Moura et al., 2003). As espécies
Lyogenes fuscus, Phyllophaga (Phytatus) vestita e P. (Phyllophaga) aff. capillata
(Melolonthinae) analisadas por Moura et al. (2003), bem como Lygirus ebenus, Strategus
surinamensis hirtus (Dynastinae), Geniates borelli, Macraspis festiva e Pelidnota
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
26
pallidipennis (Rutelinae) estudadas por Bione et al. (2005b) apresentaram o mecanismo
sexual Xyp. Esse sistema também foi observado em sete das quinze espécies de Scarabaeinae
analisadas por Angus et al. (2007).
O sistema Xyr (r de “road-shaped”) de determinação sexual ocorre em baixa
freqüência (2,4%) em Coleoptera. A ocorrência deste mecanismo está relacionada com a
pequena quantidade de heterocromatina nos cromossomos X e y, acarretando uma associação
com configuração em forma de bastão. Esse sistema tem sido observado em diferentes
espécies das famílias Chrysomelidae, Coccinelidae, Hydrophilidae, Meloidae, Scarabaeidae,
Silphidae, Staphilinidae e Tenebrionidae (Smith e Virkki, 1978; Yadav e Pilai, 1979). Para
Scarabaeidae, este mecanismo foi descrito para as espécies Cantharsius sp., Diginthophagus
bonasus e Onthophagus dama (Smith e Virkki, 1978). Por outro lado, o sistema de
determinação sexual XY, em Scarabaeidae, foi observado em Bubas bison, Eurysternus
caribaeus e Paragymnopleurus sinuatus (Smith e Virkki, 1978; Colomba et al., 1996; Cabral-
de-Mello et al., 2007).
Aproximadamente 14% das espécies de Coleoptera possuem mecanismo X0,
originando número diplóide ímpar devido a ausência do y (Machado et al., 2001; Proença et
al., 2002; Vitturi et al., 2003). O sistema X0 de determinação sexual representa o segundo
mais freqüente em Coleoptera, contudo, não tem sido relatado com freqüência para
representantes de Scarabaeidae. Neste sistema o cromossomo X apresenta comportamentos
diferentes, no primeiro tipo, pré-reducional, as cromátides irmãs do cromossomo X se
separam na primeira divisão meiótica dos machos. No segundo, pós-reducional, as cromátides
irmãs do cromossomo X se separam na segunda divisão meiótica (Smith e Virkki, 1978).
Existem evidências mostrando que o sistema X0 de determinação sexual originou-se a
partir do sistema Xyp, através da perda do cromossomo yp. Esta derivação pode ter ocorrido
pela progressiva heterocromatinização do cromossomo yp, tornando-o inerte e geneticamente
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
27
obsoleto, ou pela “degeneração” deste cromossomo, envolvendo transferência de material
genético para os autossomos (Gambardella e De Vaio, 1978; Machado et al., 2001; Vitturi et
al., 2003). Contudo, o mecanismo X0 pode ser originado de outras formas, dentre as quais se
destaca translocação não recíproca envolvendo o cromossomo y e um autossomo e a perda do
y devido à uma associação fraca com o cromossomo X (Machado et al., 2001; Proença et al.,
2002; Vitturi et al., 2003).
Em Scarabaeidae, como em muitos outros organismos, o sistema neo-XY tem origem
a partir do sistema X0, envolvendo fusão cêntrica entre o cromossomo X e um autossomo,
ambos acrocêntricos. Neste caso, o homólogo do autossomo fusionado ao X passa a funcionar
como cromossomo Y. Outra explicação para o surgimento deste mecanismo é a fusão de
braços eucromáticos entre autossomo e cromossomo X (ambos metacêntricos), a eliminação
de um dos centrômeros e dos braços heterocromáticos dos cromossomos translocados,
originando o cromossomo sexual neo-X. Caso a origem do sistema neo-XY ocorra a partir do
sistema Xyp, o yp é eliminado ou os seus genes são translocados para o neo-Y ou para outros
autossomos (Smith e Virkki, 1978).
O mecanismo XY se caracteriza pela associação dos sexuais, durante a meiose, sem a
formação uma configuração diferencial (White, 1973; Smith e Virkki, 1978). Tem sido
proposto que o sistema de determinação sexual XY está presente em cerca de 2% das espécies
de Coleoptera descritas até o momento, estando distribuído entre gêneros bastante diversos
dentro de Scarabaeidae (Smith e Virkki, 1978; Wilson e Angus, 2005).
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
28
2.3. Heterocromatina Constitutiva
Cromatina é o complexo de DNA, RNA e proteínas que se encontra dentro do núcleo
celular das células eucarióticas. O DNA está compactado na forma de cromatina para
diminuir o tamanho da molécula e permitindo maior controle dos genes. A disposição da
cromatina dentro do núcleo e o seu grau de condensação variam de um tipo celular para outro
e são característicos de cada célula. O mesmo tipo celular pode apresentar a cromatina com
vários graus de condensação, de acordo com o estágio funcional da célula (Cheung et al.,
2000; Sumner, 2003). Grande parte da cromatina é localizada na periferia do núcleo,
possivelmente pelo fato de uma das principais proteínas associadas com a heterocromatina
ligar-se a uma proteína da membrana nuclear interna (Sumner, 2003).
Durante o ciclo celular a cromatina apresenta diferentes níveis de condensação,
resultantes da interação do DNA com proteínas histônicas ou não-histônicas. Portanto, de
acordo com suas características a cromatina é diferenciada em eucromatina e heterocromatina.
As regiões cromossômicas geneticamente ativas e que sofrem condensação e descondensação
em fases específicas do ciclo celular são denominadas eucromatina (Sumner, 1990). O
conceito de heterocromatina foi introduzido por Heitz (1928 apud Dillon, 2004) como uma
forma de descrever segmentos cromossômicos ou cromossomos inteiros, que mantêm um
estado condensado durante a intérfase do ciclo celular mitótico. A definição proposta foi
puramente morfológica, identificando regiões de cromossomos mitóticos que mantiveram
uma estrutura compacta durante a intérfase, e exibiram uma condensação diferencial, ou
heteropicnose positiva na prófase (Sumner, 2003).
Existem dois tipos distintos de heterocromatina, a facultativa e a constitutiva. A
heterocromatina facultativa (HF) corresponde a regiões cromossômicas que apresentam
diferenciação picnótica e de condensação entre os homólogos durante o ciclo celular e inativa
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
29
em tecidos somáticos. A heterocromatina constitutiva (HC) corresponde àquela que ocorre em
porções homólogas do par cromossômico, permanecendo condensada durante todo o ciclo
celular e estando inativa em ambos os homólogos (Henikoff, 2000; Sumner, 2003).
A HF apresenta condensação somente em certos tipos de células ou em estágios
especiais do desenvolvimento. O caso mais conhecido é dos cromossomos X de fêmeas de
mamíferos: um cromossomo X é ativo e eucromático, enquanto o outro é inativo constituindo
a cromatina sexual ou corpúsculo de Barr na intérfase (Lyon, 1968). A inativação ocorre a
partir de um centro de inativação, e se espalha por todo o cromossomo, exceto o segmento
distal do braço curto (Heard et al., 1997; Heard, 2004). Outro exemplo de HF é observado nos
pulgões coccídeos (Homoptera). No início do desenvolvimento, embriões machos e fêmeas
possuem complemento cromossômico diplóide eucromático. Nas células somáticas e
germinativas de fêmeas todos os cromossomos permanecem eucromáticos e funcionais
durante toda a ontogenia. Entretanto, nos embriões que se tornarão machos, o complemento
cromossômico haplóide de origem paterna se torna heterocromático após a sexta divisão da
clivagem. Em divisões celulares subseqüentes este conjunto de cromossomos aparece como
cromocentro em núcleos interfásicos na maioria dos tecidos. O embrião masculino é originado
a partir de imprintig genômico, que distingue entre complementos cromossômicos de origem
materna e paterna. Os machos são funcionalmente haplóides devido à heterocromatização, e
durante a espermatogênese o complemento heterocromático é eliminado e somente os
cromossomos eucromáticos de origem materna são incluídos no esperma (Brown e Nur, 1964;
Bongiorni et al., 1999; Bongiorni et al., 2001).
A HC permanece condensada em todos os tipos celulares, possui replicação tardia,
alto grau de metilação e baixo de acetilação, pequeno acesso a nucleases, pequenas regiões
codificantes, pouca ou nenhuma recombinação meiótica, sendo composta predominantemente
de DNA altamente repetitivo, também chamado DNA satélite (Wallrath, 1998; Dillon, 2004;
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
30
Grewal e Jia, 2007). Este DNA se caracteriza por ser composto de uma seqüência básica que
se repete inúmeras vezes em tandem. Com relação à composição do DNA, pode-se afirmar
que existe uma correlação entre DNA satélite e regiões heterocromáticas, porém nem toda
heterocromatina é composta por DNA altamente repetitivo (Yan e Jiang, 2007).
O DNA satélite pode variar na composição de bases, sendo ricos em AT ou GC, e no
comprimento da repetição. Alguns segmentos heterocromáticos possuem seqüências
repetitivas médias, como elementos transponíveis (Sumner, 1990; Rouzic et al., 2007). A
metilação da citosina é uma característica importante para a condensação da heterocromatina.
Elevados níveis de metilação são encontrados no DNA satélite de muitas plantas e mamíferos,
enquanto a desmetilação da citosina causa a descondensação da HC (Sumner, 1990).
A heterocromatina constitutiva pode conter genes e outras seqüências funcionais do
DNA, podendo assim ser consideradas como funções principais deste material genômico:
susceptibilidade de rearranjos, organização centromérica e proteção às regiões eucromáticas
do genoma (Sumner, 1990, 2003; Grewal e Jia, 2007). A presença da heterocromatina pode
ocasionar variegação, ausência de crossing-over, pareamento cromossômico não-homólogo,
alteração da distância entre os genes no mapa físico e genético e alteração no número de
quiasmas (John e King, 1985; Karpen, 1994; Sumner, 2003).
A associação entre blocos de HC pode influenciar o padrão de ocorrência e localização
de quiasmas, podendo alterar o número de quiasmas por bivalente (mesmo em outros
cromossomos sem HC). Em geral, a presença de um bloco de HC inibe a formação de
quiasmas em sua vizinhança. A ausência de crossing-over na heterocromatina frequentemente
está associada com a falta ou atraso da formação do complexo sinaptonêmico (CS), podendo
também ocorrer diferenças na estrutura do CS em regiões heterocromáticas. Entretanto, em
alguns casos, a heterocromatina aumenta o número de quiasmas e, em algumas espécies, a HC
não tem nenhum efeito significativo na distribuição ou no número de quiasmas. A
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
31
heterocromatina de cromossomos homólogos permanece associada durante o ciclo celular, da
prófase até a metáfase I, sugerindo que a recombinação homóloga pode conduzir a segregação
mesmo na ausência de quiasmas, e a HC mantém o alinhamento dos cromossomos durante a
meiose. Ainda não se estabeleceu como ocorre o controle da meiose, embora a
heterocromatina possa ter efeitos no emparelhamento meiótico, nos processos de segregação
cromossômica, como a formação de cinetócoro, união e separação de cromátides-irmãs
(Dernburg et al., 1996; Sumner, 2003).
Quanto à sua distribuição no cariótipo, a HC se acumula em locais específicos ou
sítios similares (John, 1988; Henikoff, 2000; Sumner, 2003; Yan e Jiang, 2007). Está
geralmente presente em regiões centroméricas e pericentroméricas dos cromossomos (Lohe e
Hilliker, 1995). A HC também é encontrada em regiões terminais, podendo ocorrer menos
comumente como blocos intersticiais. Distribuição, tamanho, variabilidade e composição de
DNA da HC são características essenciais para a caracterização do cariótipo de uma espécie.
Blocos de HC podem variar em tamanho sem nenhum efeito óbvio no organismo, embora a
quantidade de heterocromatina possa ter efeitos no nível cromossômico. Espécies
proximamente relacionadas podem não diferir na quantidade de heterocromatina, enquanto
blocos heterocromáticos podem variar em relação à composição de bases e tamanho em uma
espécie e entre homólogos no mesmo indivíduo (John, 1988; Wallrath, 1998; Henikoff, 2000;
Sumner, 2003;).
Diferentes tipos de seqüências repetitivas estão associadas as regiões de HC. Essas
seqüências podem assumir uma forma compacta (α) ou dispersa (β). A α-heterocromatina
geralmente tem localização nas regiões pericentroméricas e está formada por DNA satélite,
que é o componente majoritário, elementos transponíveis e genes que codificam o RNA
ribossômico. A β-heterocromatina está localizada nas regiões de transição entre a
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
32
heterocromatina e a eucromatina e está formada majoritariamente por elementos transponíveis
(Koryakov et al., 1999; Adams et al., 2001).
A origem da HC pode estar relacionada com: a) trocas desiguais entre cromátides
irmãs na linhagem germinativa (facilitadas pelo fato da mesma seqüência se repetir em
tandem); b) qualquer evento que amplie o número de cópias de um gene ou seqüência de
DNA acima do nível característico do organismo; c) movimento de material genético de um
loco para outro (transposição) (John e King, 1977; Hirning et al, 1989; Li, 1991).
A HC possui ainda a característica de coloração diferencial quando submetida a
tratamentos cromossômicos específicos (bandeamentos). Embora a heteropicnose ocorra
freqüentemente, essa não é uma característica diagnóstica e a inatividade gênica nem sempre
ocorre (John, 1988). O bandeamento C é o método de análise mais comum da
heterocromatina e consiste em expor o material biológico a uma solução básica e em seguida
a uma incubação em solução salina a temperatura elevada (Sumner, 1972). Apesar do padrão
de bandas C indicar a localização da heterocromatina ele não fornece informações a respeito
da natureza da HC em termos de composição de bases, e é inespecífico com relação ao DNA
satélite (John, 1988; Sumner, 1990).
O uso de fluorocromos base-específicos na análise de heterocromatina tem sido
importante na caracterização de diferenças moleculares entre espécies. Esta metodologia
utiliza corantes fluorescentes que se ligam ao DNA e podem ser específicos para pares de
bases AT ou GC, permitindo diferenciar qualitativamente a heterocromatina constitutiva, bem
como verificar a sua eqüilocalidade e variabilidade (Schweizer, 1976; John et al., 1985).
Corantes como Hoechst 33258 e 4’-6-diamino-fenilindol (DAPI) ligam-se
especificamente a pares de bases AT, enquanto os fluorocromos específicos para GC mais
comumente utilizados são a Cromomicina A3 e a Mitramicina (Schweizer, 1981). O uso
combinado de fluorocromos base epecíficos com contra-corantes tem sido utilizado para
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
33
melhor qualificar a heterocromatina quanto à riqueza de pares de bases AT ou GC deste tipo
de material cromossômico. Exemplos destes corantes não fluorescentes são a Distamicina A
(DA) com preferência pelas seqüências ricas em AT, e a Actinomicina D (AMD) com
especificidade para pares de bases GC (Schweizer, 1976; Schweizer, 1981).
O bandeamento por enzimas de restrição envolve o uso de várias DNAses na digestão
dos cromossomos, atuando na extração diferencial de DNA (Bianchi et al., 1985). As enzimas
de restrição caracterizam-se por reconhecer as seqüências especificas do DNA e orientar o seu
corte por essas seqüências. Existem três tipos de enzimas de restrição, que diferem entre si por
sua estrutura, co-fatores requeridos e maior ou menor especificidade pela seqüência. Com
relação à especificidade, a enzima de restrição do tipo I corta o DNA ao acaso a uma distância
igual ou superior a 1.000 pares de bases da seqüência de reconhecimento; as do tipo II cortam
dentro ou imediatamente ao lado da seqüência; as do tipo III cortam de 24 a 26 pares de bases
a partir da seqüência (Gingeras, 1991).
A hibridização in situ fluorescente (FISH) com sondas de DNA satélite também pode
ser utilizada para detectar famílias específicas de DNA que compõe a HC (Mravinac et al.,
2004; 2005a,b; Pons, 2004; Pons et al., 2002). Para a localização do DNA satélite é necessária
a extração do DNA genômico da espécie, e o DNA total é digerido com diferentes
endonucleases de restrição. Os fragmentos de restrição são então separados e selecionados.
Posteriormente os fragmentos com maior quantidade de DNA são eluídos e inseridos em
plasmídeos para clonagem. A partir da clonagem, os clones recombinantes são selecionados
através da técnica de Southern Blot, estando o fragmento de interesse marcado com
digoxigenina. Para a técnica de FISH a sonda de DNA repetitivo usualmente é marcada com
digoxigenina (Lohe et al., 1993; Samrook e Russel, 2001).
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
34
2.3.1. Heterocromatina Constitutiva em Scarabaeidae
Na ordem Coleoptera o estudo da heterocromatina constitutiva (HC) tem evidenciado
uma grande variabilidade em relação à distribuição, quantidade e heterogeneridade. A HC
ocorre preferencialmente nas regiões pericentroméricas e, em menor proporção, blocos são
observados nas regiões distal e intersticial em cromossomos autossômicos, enquanto que nos
cromossomos sexuais estão localizados na região pericentromérica ou ao longo de todo o
cromossomo (Juan e Petitpierre, 1989; Colomba et al., 1996; Vitturi et al., 1999; Gregory et
al., 2003; Pons, 2004; Rozek et al., 2004; Colomba et al., 2006).
A técnica de bandeamento C tem sido utilizada para analisar o padrão de distribuição
da heterocromatina constitutiva em Scarabaeidae, entretanto, a qualificação da HC com o uso
de fluorocromos base específicos ainda é escassa. Até o momento, foram estudadas por
bandeamento C e fluorocromos base específicos preferencialmente algumas espécies das
subfamílias Dynastinae, Melolonthinae, Rutelinae e Scarabaeinae (Vidal e Nocera, 1984;
Vitturi et al., 2003; Moura et al., 2003; Bione et al., 2005b).
O padrão de distribuição de HC observado em algumas espécies de Scarabaeidae, em
geral é pericentromérico. Contudo, também têm sido descritos blocos instersticiais, como em
Enema pan; teloméricos, em Bubas bison e cromossomos difásicos, observados em
Diabroctis mimas e Isocopris inhiata (Vidal e Giacomozzi, 1978; Colomba et al., 1996;
Bione et al., 2005a). Cromossomos são considerados difásicos quando possuem um braço
eucromático e outro totalmente heterocromático, podendo ou não envolver o centrômero
(Smith e Virkki, 1978; Bione et al., 2005a). Em geral o cromossomo X apresenta-se quase
completamente heterocromático, embora algumas espécies possuam blocos paracêntricos,
pericentroméricos e subteloméricos. Como pode ser observado nas Tabelas 1 e 2, estudos
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
35
realizados até o momento com relação à distribuição e composição de bases de HC têm
mostrado uma grande heterogeneidade.
Em Dynastinae, a HC ocorre predominantemente em regiões pericentroméricas de
autossomos e o cromossomo X é quase completamente heterocromático. Entretanto, blocos
heterocromáticos também têm sido observados em outras regiões cromossômicas. Em Lygirus
ebenus foi observada a presença de blocos pericentroméricos em todos os autossomos, um
bloco telomérico em um pequeno bivalente autossômico e o X quase completamente
heterocromático, enquanto a espécie Enema pan possui blocos intersticiais e teloméricos.
Blocos pericentroméricos também foram observados em todos os cromossomos de Pentodon
bidens punctatum, e em Strategus surinamensis hirtus blocos pericentroméricos foram
visualizados em oito bivalentes autossômicos e o cromossomo X foi quase completamente
heterocromático (Vidal e Giacomozzi, 1978; Bione et al., 2005b). A qualificação da
heterocromatina foi analisada nas espécies Pentodon bidens punctatum e Strategus
surinamensis hirtus através da tríplice coloração CMA3/DA/DAPI. P. bidens punctatum
mostrou blocos pericentroméricos CMA3+ e DAPI neutro em todos os cromossomos, e S.
surinamensis hirtus apresentou oito bivalentes autossômicos e o cromossomo X marcado com
o CMA3, e um pequeno bivalente autossômico sem marcação (Moura et al., 2003; Vitturi et
al., 2003; Bione et al., 2005b).
Lyogenes fuscus, Phyllophaga (Phylatus) vestita e P. (Phylophaga) aff. capillata
(Melolontinae) apresentaram blocos de HC pericentroméricos em todos os bivalentes
autossômicos e o X quase inteiramente heterocromático. As três espécies apresentaram
heterogeneidade quanto aos pares de bases AT/GC. L. fuscus apresentou blocos ricos em
pares de bases AT, enquanto P. (Phylatus) vestita mostrou blocos com riqueza para AT e GC,
e P. (Phyllophaga) aff. capillata blocos ricos em GC no bivalente sexual e em um pequeno
bivalente autossômico (Moura et al., 2003).
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
36
Em Geniates borelli, Macraspis festiva e Pelidnota pallidepennis (Rutelinae) a HC foi
visualizada na região pericentromérica dos cromossomos autossômicos e ao longo do
cromossomo X. Estudos cromossômicos utilizando fluorocromos evidenciaram blocos
pericentroméricos CMA3+ em todos os cromossomos de Geniates borelli, enquanto Pelidnota
pallidipennis mostrou blocos DAPI+ em oito bivalentes autossômicos, blocos CMA3+ em um
bivalente autossômico e no cromossomo X (Bione et al., 2005b).
Scarabaeinae representa uma subfamília com ampla variabilidade da HC. Diferentes
estudos têm mostrado a localização de blocos de HC teloméricos, centroméricos,
subteloméricos e cromossomos difásicos. Entretanto, apesar da diversidade, a maioria das
espécies analisadas apresentou blocos localizados na região pericêntrica (Vidal e Henestrosa,
1984; Vidal e Nocera, 1984; Colomba et al., 1996; Wilson e Angus, 2005; Angus et al.,
2007). Estudos cromossômicos utilizando fluorocromos base específicos foram realizados em
um pequeno número de espécies, entretanto, os resultados são bastante distintos e a
heterocromatina tem se caracterizado como um material cromossômico com alta variabilidade
e heterogeneidade (Colomba et al., 1996; Colomba et al., 2000a; Bione et al., 2005a;
Colomba et al., 2006).
Wilson e Angus (2005) analisaram o padrão de bandeamento C em 17 espécies de
Onthophagini. Os resultados indicaram que esta tribo é conservada em relação à quantidade e
distribuição da HC. O gênero Onthophagus é o melhor estudado, e blocos heterocromáticos
estão localizados preferencialmente nas regiões centroméricas de autossomos e sexuais,
podendo ocorrer pequenas variações de tamanho. Onthophagus hirtus apresentou blocos
centroméricos médios em todos os bivalentes, com marcação maior e mais evidente no
cromossomo X. Em O. vacca foram observados blocos centroméricos em todos os
autossomos e no cromossomo X, com uma marcação mais extensa no B. O cariótipo desta
espécie mostrou uma constrição secundária na base do braço curto do bivalente 5 e um
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
37
polimorfismo no bivalente autossômico 3, envolvendo uma inversão pericêntrica na região
heterocromática.
Em O. opacicollis foram evidenciados blocos centroméricos em todos os autossomos e
no cromossomo y. No X o bloco heterocromático localizado na constrição secundária do
braço curto se estendeu até a região intersticial do braço longo. Em Euonthophagus
atramentarius foram observados blocos heterocromáticos nas constrições secundárias dos
bivalentes 2 e 3. E. amyntas apresentou cromossomo X heterocromático e três bivalentes
autossômicos difásicos, com a HC distribuída nos braços longos (Wilson e Angus, 2005).
Grande diversidade de distribuição da HC foi evidenciada em representantes da tribo
Onitini. Bubas bison apresentou cromossomos com blocos intersticiais e teloméricos em todos
os autossomos, exceto nos bivalentes 1 e 2, que mostraram somente blocos teloméricos
(Colomba et al., 1996; Colomba et al., 2006). A HC desta espécie mostrou riqueza em pares
de bases AT, contrastando com o padrão observado na maioria dos representantes de
Scarabaeidae, em que a HC é extensivamente corada com CMA3 (Colomba et al., 1996;
Vitturi et al., 1999; Colomba et al., 2000a; Moura et al., 2003; Vitturi et al., 2003).
Em Bubas bubaloides foram visualizados blocos centroméricos nos bivalentes 1-4 e
no cromossomo X, e pericentroméricos nos bivalentes 5-7. Bubas bubalus mostrou blocos
centroméricos de HC e cromossomos B heterocromáticos, variando em número de três a nove
cromossomos. Os cromossomos B variam em tamanho e quantidade de heterocromatina em
diferentes indivíduos das populações analisadas. Na população que apresentou três
cromossomos B foram observados blocos de HC envolvendo todo o braço longo, blocos
intersticiais e cromossomos totalmente heterocromáticos. Grande variação de tamanho foi
visualizado na população com sete cromossomos B, revelando pequenos blocos intersticiais,
teloméricos, além de blocos intersticiais que se expandem até a região proximal. População
com nove cromossomos B mostrou cromossomos grandes e heterocromáticos, com pequena
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
38
variação de tamanho. Apesar da ampla diversidade de cromossomos B observada no
complemento cromossômico de B. bubalus, outras espécies do gênero não apresentam
cromossomos supernumerários. Os resultados do bandeamento C observados em Caccobius
schreberi indicaram ausência de blocos heterocromáticos (Angus et al., 2007).
Padrões distintos de distribuição de HC foram descritos para duas espécies da tribo
Gymnopleurini. Gymnopleurus sturmi mostrou blocos centroméricos e pericentroméricos nos
bivalentes autossômicos 1, 2, 3a e 4; blocos subteloméricos nos bivalentes 6-9 e no
cromossomo X; blocos centroméricos nos bivalentes 3b e 5 e não foi observada nenhuma
marcação no y. A heterocromatina nesta espécie apresentou riqueza em pares de bases GC,
exibindo blocos CMA3+ nos autossomos e no cromossomo X (Colomba et al., 2000a). Os
resultados para G. geoffroyi mostraram blocos centroméricos em todos os bivalentes e o
cromossomo y inteiramente heterocromático (Angus et al., 2007). Grande heterogeneidade
também foi visualizada nos representantes de Oniticellini. Euoniticellus fulvus mostrou blocos
centroméricos em todos os cromossomos, e o bivalente 6 com braço longo heterocromático.
Euoniticellus pallipes apresentou blocos de HC exclusivamente no braço curto do par 2
(Wilson e Angus, 2005).
As duas espécies da tribo Phanaeini analisadas pelo bandeamento C apresentaram
cromossomos difásicos. Em Bolbites ornitoides foram observados oito bivalentes
autossômicos difásicos e um bloco pericentromérico em um bivalente autossômico (Vidal,
1980 apud Virkki, 1983). Os braços curtos dos bivalentes 2, 4 e 7 de Diabroctis mimas
também foram difásicos, e blocos teloméricos foram observados nos bivalentes 1 e 3 e o
cromossomo X foi quase completamente heterocromático (Bione et al., 2005a).
A tribo Coprini apresentou grande diversidade cariotípica entre os gêneros estudados.
Isocopris inhiata apresentou cromossomos difásicos (braços curtos dos pares 3-5 e 7), blocos
teloméricos no par 6 e o cromossomo X quase completamente heterocromático (Bione et al.,
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
39
2005a). A HC de I. inhiata mostrou marcação DAPI+, não seguindo o padrão observado em
Scarabaeidae, em que as espécies predominantemente mostram riqueza em pares de bases GC
(Colomba et al., 1996; Vitturi et al., 1999; Colomba et al., 2000a; Moura et al., 2003; Vitturi
et al., 2003). Os representantes do gênero Copris mostraram um padrão de distribuição da HC
bastante conservado. Copris lunaris e C. hispanus apresentaram blocos centroméricos em
todos os bivalentes. Entretanto, em C. sinicius foi evidenciado blocos centroméricos em todos
os cromossomos, e o y quase inteiramente heterocromático. Heliocopris gigas apresentou
autossomos e cromossomo X quase completamente heterocromático, e y totalmente
heterocromático (Angus et al., 2007). Os cromossomos de H. gigas são notáveis pela grande
quantidade de heterocromatina. Não há registro de nenhum outro representante de
Scarabaeoidea que possua heterocromatinização tão extensa, contudo, um padrão similar foi
observado em Peltodytes caesus (Adephaga: Haplidae) (Powell e Angus, 2006; Angus et al.,
2007).
Entre os representantes da tribo Scarabaeini somente duas espécies foram analisadas
pela técnica de bandeamento C. Scarabaeus laticollis apresentou blocos centroméricos em
todos os autossomos e no X, e o cromossomo y inteiramente heterocromático. Em S. cristatus
os resultados indicaram blocos heterocromáticos nas constrições secundárias (Angus et al.,
2007). Em representantes de Eucraniini foi observada variação no padrão de distribuição da
HC principalmente em relação aos cromossomos sexuais. Eucranium arachnoides mostrou
blocos pericentroméricos nos bivalentes 2, 3, 5 e 7, pericentromérios e teloméricos nos
bivalentes 4, 6 e 8, e no cromossomo X. O bivalente 1 e o y não apresentaram marcação. Em
Glyphoderus sterquilinus foram observados blocos pericentroméricos nos bivalentes 1 e 3-8.
O bivalente 2 e os sexuais não apresentaram nenhuma marcação (Vidal e Nocera, 1984).
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
40
Tabela 1. Meiofórmula e padrão de distribuição de heterocromatina constitutiva em diferentes subfamílias de Scarabaeidae.
Subfamília/Espécie Meiofórmula Bandeamento C Ref.
Dynastinae
Enema pan Blocos intersticiais e teloméricos. 1
Lygirus ebenus 9II + Xyp Blocos pericentroméricos em todos os cromossomos; bloco telomérico em um pequeno par autossômico; X quase completamente heterocromático.
10
Pentodon bidens punctatum
9II + Xyp Blocos pericentroméricos em todos os cromossomos.
8
Strategus surinamensis hirtus
9II + Xyp Blocos pericentroméricos em oito pares autossômicos; X quase completamente heterocromático.
10
Melolonthinae
Lyogenes fuscus 9II + Xyp Blocos pericentroméricos nos autossomos; sexuais quase completamente heterocromáticos.
7
Phyllophaga (Phyllophaga) aff. capillata
9II + Xyp Blocos pericentroméricos nos autossomos; sexuais quase completamente heterocromáticos.
7
P. (Phytalus) vestita 9II + Xyp Blocos pericentroméricos nos autossomos; sexuais quase completamente heterocromáticos.
7
Rutelinae
Geniates borelli 9II + Xyp Blocos pericentroméricos nos autossomos; X quase completamente heterocromático.
10
Macraspis festiva 8II + Xyp Blocos pericentroméricos nos autossomos; X quase completamente heterocromático.
10
Pelidnota pallidepennis
8II + Xyp Blocos pericentroméricos nos autossomos; X quase completamente heterocromático.
10
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
41
Scarabaeinae
Bolbites ornitoides 9II + Xyp Bloco pericentromérico em um par autossômico e oito pares difásicos.
2
Bubas bison 9II + XY Blocos intersticiais e teloméricos em todos os autossomos, exceto pares 1 e 2 que têm somente blocos teloméricos.
5, 12
B. bubaloides 9II + Xy Blocos centroméricos nos pares 1-4 e X, e pericentroméricos nos pares 5-7.
12
B. bubalus 9II + Xy + B Blocos centroméricos, cromossomo B heterocromático.
12
Canthon muticus 99II + XYp Padrão complexo de distribuição 3
Copris hispanus 9II + XY Blocos centroméricos em todos os cromossomos.
12
Copris lunaris 9II + Xy Blocos centroméricos em todos os cromossomos.
12
C. sinicius 6II + Xyp Blocos centroméricos em todos os autossomos e no X, y heterocromático.
12
Diabroctis mimas 9II + Xyp Pares 2, 4 e 7 difásicos; blocos teloméricos nos pares 1 e 3; X quase completamente heterocromático.
9
Eucranium arachnoides
8II + Xyp Blocos pericentroméricos nos pares 2, 3, 5 e 7; pericentroméricos e teloméricos nos pares 4, 6, 8 e no X. O par 1 e o y não apresentaram marcação.
4
Euoniticellus fulvus 9II + Xy Blocos centroméricos em todos os cromossomos, par 6 com braço longo heterocromático.
11
E. pallipes 9II + Xyp Bloco heterocromático no braço curto do par 2. Demais pares não apresentaram marcação.
11
Euonthophagus amyntas
9II + Xy + B Pares 4, 5, 8 e cromossomo X difásico. 11
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
42
E. atramentarius 9II + Xy Bloco heterocromático na constrição secundária dos pares 2 e 3. Demais pares não apresentaram marcação.
11
Glyphoderus sterquilinus
8II + Xyp Blocos pericentroméricos nos pares 1, 3-8. O par 2 e os sexuais não apresentaram nenhuma marcação.
4
Gymnopleurus geoffroyi
9II + Xyp Blocos centroméricos em todos os cromossomos, y heterocromático.
12
G. sturmi 9II + XY Blocos centroméricos e pericentroméricos nos cromossomo 1, 2, 3a e 4; subteloméricos nos pares 6-9, e no X; centroméricos nos cromossomos 3b e 5; nenhuma marcação no y.
6
Heliocopris gigas 9II + Xyp Bivalentes autossômicos e X quase completamente heterocromático, y totalmente heterocromático.
12
Isocopris inhiata 8II + Xyp Pares 3-5 e 7 difásicos; blocos teloméricos no par 6; X quase completamente heterocromático.
9
Onthophagus albicornis
9II + Xy Blocos centroméricos grandes com algumas variações de tamanho em todos os cromossomos.
11
O. coenobita 9II + Xy Blocos centroméricos em todos os autossomos e no X.
11
O. gazella 9II + Xy + B Blocos centroméricos pequenos em todos os autossomos e no X, telomérico no y.
11
O. hirtus 9II + Xy Blocos centroméricos médios em todos os cromossomos, X possui marcação maior e mais forte.
11
O. joannae 9II + Xy Blocos centroméricos em todos os autossomos e no X, par 2 com marcação mais evidente.
11
O. lucidus 9II + Xy Blocos centroméricos em todos os cromossomos.
11
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
43
O. opacicollis 9II + Xy Blocos centroméricos em todos os cromossomos, no X o bloco se estende da constrição do braço curto até a parte basal do braço longo.
11
O. ovatus 9II + Xy Blocos centroméricos em todos os cromossomos, marcações mais fracas nas constrições secundárias nos pares 4, 5 e possivelmente no 7.
11
O. ruficapillus 9II + Xy Blocos centroméricos pequenos, blocos fracos nas constrições secundárias dos pares 4 e 8.
11
O. similis 9II + Xy + B Blocos centroméricos em todos os cromossomos, exceto no y.
11
O. stylocerus 9II + Xy Blocos centroméricos, ausente no par 3 e mais evidente no 8.
11
O. vacca 9II + Xy + B Blocos centroméricos em todos os autossomos e no X, marcação mais extensa no B.
11
Paracopris ramosiceps 8II + Xyp Autossomo 8 e cromossomo X com regiões claras.
12
Scarabaeus cristatus 9II + Xyp Blocos heterocromáticos nas constrições secundárias.
12
S. laticollis 9II + Xy Blocos centroméricos em todos os autossomos e no X, y heterocromático.
12
(1) Vidal e Giacomozzi, 1978; (2) Vidal, 1980 apud Virkki, 1983; (3) Vidal e Henestrosa, 1984; (4) Vidal e Nocera, 1984; (5) Colomba et al., 1996; (6) Colomba et al., 2000a; (7) Moura et al., 2003; (8) Vitturi et al., 2003; (9) Bione et al., 2005a; (10) Bione et al., 2005b; (11) Wilson e Angus, 2005; (12) Angus et al., 2007.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
44
Tabela 2. Meiofórmula e qualificação da heterocromatina constitutiva em diferentes subfamílias de Scarabaeidae.
Subfamília/Espécie Meiofórmula Fluorocromos Ref.
Dynastinae
Pentodon bidens punctatum
9II + Xyp Blocos pericentroméricos CMA3+ e
DAPI+ em todos os cromossomos. 4
Strategus surinamensis hirtus
9II + Xyp Oito bivalentes autossômicos e X CMA3
+; um par autossômico sem marcação.
6
Melolonthinae
Lyogenes fuscus 9II + Xyp Blocos DAPI+. 3
Phhyllophaga (Phyllophaga) aff. capillata
9II + Xyp CMA3+ no sexual e em um bivalente
autossômico pequeno. 3
P. (Phytalus) vestita 9II + Xyp Blocos pericentroméricos CMA3+ e
DAPI+. A coloração com DAPI+ é mais intensa.
3
Rutelinae
Geniates borelli 9II + Xyp Pequenos blocos pericentroméricos CMA3
+ nos autossomos e no X. 6
Pelidnota pallidipennis
8II + Xyp Blocos pericentroméricos DAPI+ em oito bivalentes autossômicos; bloco CMA3
+ em um bivalente autossômico e no cromossomo X.
6
Scarabaeinae
Bubas bison 9II + XY Blocos DAPI+. 1, 7
Gymnopleurus sturmi 9II + XY Blocos CMA3+ nos pares autossômicos e
no cromossomo X. 2
Isocopris inhiata 8II + Xyp Blocos DAPI+. 5
(1) Colomba et al., 1996; (2) Colomba et al., 2000a; (3) Moura et al., 2003; (4) Vitturi et al., 2003; (5) Bione et al., 2005a; (6) Bione et al., 2005b; (7) Colomba et al., 2006.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
45
2.4. Regiões Organizadoras de Nucléolos
O nucléolo é o sítio de formação dos ribossomos e está localizado nos cromossomos
denominados organizadores nucleolares. Esta organela consiste de cinco componentes: o
centro fibrilar, o componente fibrilar denso, o componente granular, o vacúolo nuclear e a
cromatina associada ao nucléolo. No centro fibrilar estão localizados o DNA ribossômico
(DNAr), a RNA polimerase I e os fatores de transcrição para RNA ribossômico (RNAr); o
componente fibrilar denso está situado ao redor do centro fibrilar, e contém os pré-RNAr
recentemente transcritos e as enzimas envolvidas no processamento pós-transcrição. O
restante do nucléolo é preenchido pela região granular, contendo pequenas partículas que
representam os pré-ribossomos, prontos para serem transportados para o citoplasma. O
vacúolo nucleolar contém o material nucleoplasmático e a superfície externa do nucléolo
apresenta massas de cromatina condensada nas regiões peri e intranucleolar, provavelmente
conectadas ao DNA do centro fibrilar (Miller, 1981; Goessens, 1984; Jordan, 1991; Sumner,
2003).
As regiões organizadoras de nucléolos (RONs) são responsáveis pela organização
nucleolar durante a intérfase celular e foram caracterizadas pela primeira vez por McClintock
em 1934. Estas regiões contêm os principais genes envolvidos na produção de RNAr, sendo
responsáveis pela formação dos nucléolos e consistindo de sítios de DNAr (Schwarzacher e
Wachtler, 1983; Raska et al., 2004).
O RNAr é o componente primário dos ribossomos, que são organelas produtoras de
proteínas celulares. Quatro tipos de RNAr são descritos em eucariotas: 5S, 5,8S, 18S e 28 S
(Sumner, 2003). A maioria dos RNAs encontrados em uma célula típica são do tipo RNAr, e
estes são codificados por múltiplas cópias de genes. O DNAr apresenta genes organizados
dentro de duas famílias multigênicas distintas, compostas de segmentos repetidos em tandem
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
46
que são denominados DNAr 45S e 5S. O DNAr 45S compreende os genes que codificam os
RNAr 18S, 5.8S e 28S, os quais estão separados por espaçadores transcritos internos (ITS) e
externos (IGS ou ETS). O ETS é um dos principais responsáveis pelas diferenças encontradas
no tamanho dos cístrons entre espécies distintas. Os ITSs são geralmente compostos de
seqüências repetitivas ricas em pares de bases GC, o que justifica a detecção das regiões
organizadoras de nucléolos através do emprego de fluorocromos GC-específicos (Torres et
al., 1990; King, 1991).
Os sítios ativos de DNAr 45S mostram uma coincidência posicional com as RONs nos
cromossomos. Ao contrário do DNA ribossômico 45S, o DNAr 5S transcreve o RNAr 5S que
migra para o nucléolo e se junta ao RNAr 5,8S e 28S. Este DNA é composto de unidades
repetitivas em tandem de aproximadamente 120 pares de bases, intercaladas por um espaçador
não-transcrito (NTS). A região codificante do DNAr 5S é extremamente conservada, mesmo
entre organismos filogeneticamente distantes, enquanto os NTSs apresentam-se muito
heterogêneos, variando de tamanho entre as espécies (Long e Dawid, 1980; Pendás et al.,
1993).
Somente as RONs ativas participam da formação do nucléolo e geralmente variam
entre as espécies em relação ao número, tamanho e atividade em cada ciclo celular. Durante a
intérfase, ocorre um fenômeno denominado fusão nucleolar, e as RONs de mais de um
cromossomo podem participar da formação de um nucléolo (Schwarzacher e Wachtler, 1983).
Goodpasture e Bloom (1975) desenvolveram uma técnica de impregnação com nitrato
de prata (AgNO3) para visualização de RON através da microscopia óptica. O uso desta
técnica acarreta extração de DNA, RNA e histonas, sugerindo que a impregnação não é da
RON propriamente dita, mas de proteínas ácidas que possuem elevada afinidade pela prata
(Schwarzacher e Wachtler, 1983; Trere, 2000). Portanto, a especificidade desta técnica deve-
se à sua afinidade por proteínas ácidas presentes na RON que esteve funcionalmente ativa na
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
47
intérfase anterior (Pendás et al., 1993; Coghill et al., 2007). A impregnação AgNO3 pode
auxiliar o estudo tanto do nucléolo e das RONs como também de cores, complexo
sinaptonêmico, cinetócoros, centríolos adjunto das espemátides e, em alguns casos, detecta
diferenças entre estados da heterocromatina (Sumner, 2003).
A utilização da impregnação AgNO3 em conjunto com a hibridização in situ
fluorescente (FISH) com sonda ribossômica tem auxiliado no estudo da variabilidade e da
atividade das RONs. A FISH com sonda de seqüências de DNAr (18S, 28 S e 25S) tem sido
utilizada para localizar cistrons de DNAr independente de sua atividade, evidenciando as
seqüências que codificam RNAr (Pendás et al., 1993; Zijlstra et al., 1996).
2.4.1 Regiões Organizadoras de Nucléolos em Scarabaeidae
A determinação do número e da localização de regiões organizadoras de nucléolos
(RONs) constitui um parâmetro para a caracterização cromossômica das espécies, pois estas
regiões estão sempre presentes nos cromossomos e podem apresentar um padrão de
distribuição evolutivamente conservado para um grupo de organismos. Alterações no padrão
de distribuição das RONs podem indicar ocorrência de rearranjos cromossômicos e fornecer
dados sobre as estratégias de diferenciação cariotípica entre espécies relacionadas (White,
1973; Miller, 1981; Schwarzacher e Wachtler, 1983; Jordan, 1991; Trere, 2000).
A identificação dos cromossomos portadores de RONs em diferentes famílias de
Coleoptera tem possibilitado comparações cariotípicas entre espécies relacionadas em estudos
taxonômicos e evolutivos. Por outro lado, também tem favorecido o estabelecimento da
arquitetura molecular dos cromossomos e melhor compreensão do modo de associação de
cromossomos sexuais durante a meiose, especialmente daqueles pertencentes ao sistema de
determinação sexual do tipo Xyp (Petitpierre, 1996; Rozek et al., 2004). Durante o ciclo
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
48
celular, do diplóteno à metáfase I, o lúmen do bivalente sexual Xyp pode ser preenchido por
uma substância protéica ou por resíduos nucleolares que possuem afinidade pela prata (Virkki
et al., 1990). Esta substância pode funcionar como um elemento de adesão entre os sexuais,
controlando a disjunção e garantindo a orientação e a segregação corretas destes
cromossomos (Virkki et al., 1990, 1991).
O método de impregnação com AgNO3, contudo, não tem sido eficiente para a
detecção de RONs em diferentes representantes de Coleoptera. Nesta ordem, a HC pode
apresentar grande afinidade pela prata, levando a ocorrência de marcações de proteínas
argirofílicas que não estão associadas aos organizadores nucleolares. Este é o caso de
Thorectes intermedius (Geotrupidae), em que todas as regiões coradas pelo nitrato de prata
reagem positivamente ao bandeamento C, impossibilitando a detecção das RONs ativas
(Vitturi et al., 1999). Entretanto, em algumas espécies a impregnação AgNO3 tem sido eficaz.
Em Diabrotica speciosa (Chrysomelidae), Epicauta atomaria (Meloidae) e Palembus
dermestoides (Tenebrionidae), por exemplo, a HC não apresentou afinidade pela prata, e a
impregnação com AgNO3 foi eficiente na localização das RONs (Almeida et al., 2000;
Schneider et al., 2002).
Em representantes da família Scarabaeidae os estudos sobre RONs ainda são escassos.
Entretanto, a condição d um par de autossomos como organizador nucleolar tem sido a mais
comum (Colomba et al., 2000a; Moura et al., 2003). Três tipos básicos de RONs podem ser
observados no complemento cromossômico desta família: a) RON restrita ao cromossomo X,
b) RON restrita aos autossomos e c) RON presente tanto em autossomos quanto no X (Moura
et al., 2003; Vitturi et al., 2003; Bione et al., 2005a). A impregnação com AgNO3 tem sido
utilizada em conjunto com a hibridização in situ fluorescente (FISH) para a detecção de sítios
de DNAr. O estudo destas regiões, nesta família, tem contribuído para a caracterização
cariotípica de várias espécies. Em algumas espécies desta família as RONs foram localizadas
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
49
em um par autossômico, no cromossomo X, e também em autossomos e no X. A Tabela 3
apresenta dados sobre o padrão de distribuição de RONs em representantes de diferentes
subfamílias de Scarabaeidae.
Resultados bastante heterogêneos em relação ao número e distribuição das RONs, bem
como a afinidade da heterocromatina pela prata, têm sido descritos. Em Dynastinae a espécie
Lygirus ebenus apresentou um par autossômico portador de RON, e a marcação foi visível do
final do paquíteno ao início do diplóteno. Os blocos de heterocromatina constitutiva (HC) dos
autossomos e dos cromossomos sexuais também mostraram grande afinidade pela AgNO3. Na
espécie Strategus surinamensis hirtus a RON foi observada no bivalente sexual, e nenhuma
afinidade entre a prata e regiões heterocromáticas foi visualizada (Bione et al., 2005b). Em
Pentodon bidens punctatum não foi possível detectar as RONs com o uso de AgNO3,
entretanto, a FISH revelou a presença de sítios de DNAr no cromossomo X (Vitturi et al.,
2003).
A impregnação com nitrato de prata revelou um par portador de RON nas espécies
Lyogenes fuscus, Phyllophaga (Phylatus) vestita e Phyllophaga (Phyllophaga) aff. capillata
(Melolonthinae), sendo que para Phyllophaga (Phyllophaga) aff. capillata a marcação foi
positiva em um bivalente autossômico e nas demais espécies no bivalente sexual, que
permaneceu corado durante diferentes fases da meiose. A FISH confirmou a localização das
RONs, ocorrendo marcação em um autossomo pequeno de Phyllophaga (P.) capillata, e nos
cromossomos X de L. fuscus e Phyllophaga (P.) vestita. O nitrato de prata marcou também a
HC dos bivalentes autossômicos das três espécies, sugerindo um comportamento argirofílico
da heterocromatina (Moura et al., 2003).
Em Geniates borelli, Macraspis festiva e Pelidnota pallidepennis (Rutelinae) a técnica
de FISH mostrou a localização de sítios de DNAr no cromossomo X, coincidindo com os
resultados obtidos pela impregnação com AgNO3. Contudo, a impregnação AgNO3 também
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
50
mostrou que nas três espécies os bivalentes sexuais permaneceram marcados pelo nitrato de
prata após o desaparecimento do nucléolo, e massas amorfas que correspondem a proteínas
argirofílicas foram evidenciadas nos autossomos de G. borelli e P. pallidepennis (Bione et al.,
2005b).
As regiões organizadoras de nucléolos estão localizadas predominantemente em um
par autossômico em representantes de Scarabaeinae. Esta subfamília é a mais diversa
cariotipicamente, e possui a maior variabilidade em relação à determinação do número e
atividade das RONs (Colomba et al., 1996; Colomba et al., 2000a; Moura et al., 2003; Vitturi
et al., 2003; Bione et al., 2005a, b).
Os dados de FISH com sondas de DNAr mostraram polimorfismos para o número de
cromossomos portadores de RONs em Gymnopleurus sturmi. Sinais de hibridização foram
detectados na região telomérica de quatro ou cinco autossomos subtelocêntricos médios. Estes
sinais também foram polimórficos em relação ao tamanho (Colomba et al., 2000a). Em um
indivíduo macho de Dorcus parallelipipedus (Lucanidae) e um de Thorectes intermedius
(Geotrupidae), os sinais de hibridização com sondas de DNAr também mostraram tamanhos
diferentes, sugerindo a ocorrência de polimorfismo estrutural do DNAr (Colomba et al.,
2000b). A impregnação com AgNO3 em G. sturmi não foi eficaz na detecção de atividade das
RONs, pois a prata mostrou afinidade pela HC, corando tanto a heterocromatina constitutiva
quanto a heterocromatina associada ás regiões organizadoras de nucléolos. Por sua vez, as
regiões heterocromáticas mostraram riqueza em pares de bases GC, indicando que somente
uma parcela da região heterocromática CMA3+ está relacionada com a RON (Colomba et al.,
2000a).
Análise com FISH revelou sítios de DNAr em um par autossômico de Isocopris
inhiata e em dois pares e no cromossomo X de Diabroctis mimas. Os bivalentes autossômicos
envolvidos na organização nucleolar em D. mimas participam da formação do cromocentro,
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
51
sugerindo que conjuntos de DNAr poderiam ter se deslocado para outros cromossomos que
também formam o cromocentro. Outra explicação para a presença de três pares portadores de
RONs é a ocorrência de fissão autossômica seguida pela translocação dos sítios ribossômicos
(Bione et al., 2005a). Massas amorfas obtidas pela impregnação AgNO3 correspondendo às
proteínas argirofílicas foram observadas no bivalente Xyp de D. mimas e I. inhiata, do início
da prófase ao final do paquíteno ou início do diplóteno. Essa impregnação também detectou
blocos similares àqueles observados por bandeamento C durante as diferentes fases da
meiose, e o bivalente sexual permaneceu marcado pela prata após o desaparecimento do
nucléolo, possivelmente devido à presença de proteínas argirofílicas associadas à HC (Bione
et al., 2005a).
A utilização da FISH com sondas de DNAr em Bubas bison detectou genes de RNAr
localizados nos telômeros de quatro bivalentes autossômicos (Colomba et al., 1996; Colomba
et al., 2006). O complemento cromossômico de B. bison apresenta um número elevado de
cromossomos portadores de RONs comparado à outras espécies de Scarabaeoidea, onde os
sítios ribossômicos estão situados em pequenas regiões heterocromáticas de um ou dois pares
do cromossomo (Vitturi et al., 1999; Colomba et al., 2000b). O padrão de impregnação com
AgNO3 em B. bison mostrou marcação na região telomérica de oito bivalentes autossômicos,
coincidindo com os blocos heterocromáticos evidenciados pelo bandeamento C. Estes
resultados indicam que uma parcela considerável do DNA heterocromático positivo para prata
está associada aos sítios ribossômicos (Colomba et al., 1996; Colomba et al., 2006). Para a
maioria dos representantes de Scarabaeidae é observado resultado semelhante, sendo a
heterocromatina predominantemente corada pelo nitrato de prata (Colomba et al., 1996;
Colomba et al., 2000a; Moura et al., 2003; Vitturi et al., 2003).
As RONs de B. bison também apresentam coloração DAPI+ em contraste com a
maioria dos resultados disponíveis para Scarabaeidae, que evidenciaram marcações CMA3+
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
52
(Colomba et al., 2000a; Moura et al., 2003; Bione et al., 2005b; Colomba et al. 2006). A
predominância de pares de bases AT observada em B. bison também foi descrita para outros
representantes de Scarabaeidae e podem estar relacionadas com a reação da heterocromatina
ao tratamento com AgNO3 nestas espécies (Moura et al., 2003; Vitturi et al., 2003; Bione et
al., 2005a, b). Provavelmente, incluem a presença de proteínas argirofílicas associadas ao
DNA heterocromático, que podem ou não estar relacionada aos sítios ribossômicos (Colomba
et al. 2006).
Possivelmente a HC presente em escarabeídeos pertence a uma classe particular de
heterocromatina em relação àquela verificada em invertebrados, e estudos adicionais são
necessários para estabelecer sua composição bioquímica e sua reação positiva ao nitrato de
prata (Colomba et al., 2000a, b; Moura et al., 2003; Vitturi et al., 2003; Bione et al., 2005a, b;
Colomba et al., 2006).
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
53
Tabela 3. Meiofórmula, impregnação com nitrato de prata (AgNO3) e hibridização in situ fluorescente (FISH) com sonda de DNAr em diferentes subfamílias de Scarabaeidae.
Subfamília/Espécie Meio fórmula AgNO3 FISH Ref.
Dynastinae
Lygirus ebenus 9II + Xyp Um par autossômico portador de RON.
Marcação da HC. 6
Pentodon bidens punctatum 9II + Xyp
Marcação das regiões heterocromáticas e teloméricas de alguns autossomos.
Cromossomo X 4
Strategus surinamensis hirtus 9II + Xyp
Bivalente sexual portador de RON. 6
Melolonthinae
Lyogenes fuscus 9II + Xyp Bivalente sexual portador de RON.
Marcação da HC. Cromossomo X 3
Phyllophaga (Phylophaga) aff. capillata
9II + Xyp Um par autossômico portador de RON.
Marcação da HC.
Um autossomo pequeno. 3
P. (Phytalus) vestita 9II + Xyp Bivalente sexual portador de RON. Marcação da HC. Cromossomo X 3
Rutelinae
Geniates borelli 9II + Xyp Bivalente sexual portador de RON.
Marcação da HC. Cromossomo X 6
Macraspis festiva 8II + Xyp Bivalente sexual portador de RON. Cromossomo X 6
Pelidnota pallidepennis 8II + Xyp Bivalente sexual portador de RON.
Marcação da HC. Cromossomo X 6
Scarabaeinae
Bubas bison 9II + XY Marcação da HC. Oito autossomos. 1, 7
Diabroctis mimas 9II + Xyp Marcação da HC. Dois autossomos médios e cromossomo X.
5
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
54
Gymnopleurus sturmi 9II + XY Marcação da HC.
Quatro ou cinco autossomos médios portadores de RONs
2
Isocopris inhiata 8II + Xyp Marcação da HC. Um autossomo 5
(1) Colomba et al., 1996 (1); (2) Colomba et al., 2000a; (3) Moura et al., 2003; (4) Vitturi et al., 2003; (5) Bione et al., 2005a; (6) Bione et al., 2005b; (7) Colomba et al., 2006.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
55
3. Referências Bibliográficas Adams RR, Carmena M and Earnshaw WC (2001) Chromosomal passengers and the (aurora)
ABCs of mitosis. Tren. Cell Biol. 11(2): 49-54.
Almeida MC, Zacaro AA and Cella DM (2000) Cytogenetic analysis of Epicauta atomaria
(Meloidae) and Palembus dermestoides (Tenebrionidae) with Xyp sex determination
system using standard staining, C-bands, NOR and synaptonemal complex
microspreading techniques. Hereditas 133: 147-157.
Alvarado JAN (2002) Aportes a la biología del escarabajo sudamericano Sulcophanaeus
leander (Waterhouse, 1981) (Coleoptera: Scarabaeidae). Acta Zool. Mex. 87:67-82.
Angus RB, Brown RE and Bryant LJ (2000) Chromosomes and identification of the sibling
species Pterostichus nigrita (Paykull) and P. rhaeticus Heer (Coleoptera: Carabidae).
Syst. Entom. 25: 325-337.
Angus RB, Wilson CJ and Mann DJ (2004) Chromosomal and aedeagal distinction between
Aphodius (Labarrus) lividus Olivier, 1799 and A. (L.) pseudolividus Balthasar, 1941
(Col., Scarabaeidae, Aphodinae). Entomol. Month. Magaz. 140: 255-261.
Angus RB, Wilson CJ and Mann DJ (2007) A chromosomal analysis of 15 species of
Gymnopleurini and Coprini (Coleoptera: Scarabaeidae). Tijdsch. Voor Entomol. 150:
201-211.
Bianchi MS, Bianchi NO, Pantelias GE and Wolff S (1985) The mecanism and pattern of
banding anduced by restriction endonucleases in human chromosomes. Chromosoma
91: 131-136.
Bione EG, Camparoto ML and Simões ZLP (2005a) A study of the constitutive
heterochromatin and nucleolus organizer regions of Isocopris inhiata and Diabroctis
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
56
mimas (Coleoptera: Scarabaeidae, Scarabaeinae) using C-banding, AgNO3 staining and
FISH techniques. Gen. Mol. Biol. 28(1): 111-116.
Bione EG, Moura RC, Carvalho R and Souza MJ (2005b) Karyotype, C-banding pattern,
NOR location and FISH study of five Scarabaeidae (Coleoptera) species. Gen. Mol.
Biol. 28(3): 376-381.
Bongiorni S, Cintio O and Prantera G (1999) The relationship between DNA methylation and
chromosome imprinting in the coccid Planococcus citri. Genetics 151: 1471-1478.
Bongiorni S, Mazzuoli M, Masci S and Prantera G (2001) Facultative heterochromatization in
parahaploid male mealybugs: involvement of a heterochromatin-associated protein.
Development 128: 3809-3817.
Brown SW and Nur U (1964). Heterochromatic chromosomes in the coccids. Science 145:
130-136.
Browne J and Scholtz CH (1999) A phylogeny of the families of Scarabaeoidea (Coleoptera).
Syst. Entom. 24: 51-84.
Cabral-de-Mello DC, Silva FAB and Moura RC (2007) Karyotype characterization of
Eurysternus caribaeus: The smallest diploid number among Scarabaeidae (Coleoptera:
Scarabaeoidea). Micron 38: 323-325.
Camacho JPM, Sharbel TE and Beukeboom LW (2000) B-chromosome evolution. Phil. Trns.
R. Soc. Lond. B 355: 163-178.
Camacho JPM, Shaw MW, López-León MD, Pardo MC and Cabrero J (1997) Population
dynamics of a selfish B chromosome neutralized by the standard genome in the
grasshopper Eyprepocnemis plorans. Am. Nat. 149: 1030-1050.
Cheung WLC, Briggs SD and Allis CD (2000) Acetylation and chromosomal functions. Curr.
Opin. Cell Biol. 12: 326-333.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
57
Coghill G, Grant A, Orrel JM, Jankowski J and Evans AT (2007) Improved silver staining of
nucleolar organizer regions in paraffin wax sections using an inverted incubation
technique. J. Clin. Pathol. 43: 1029-1031.
Colomba M, Vitturi R, Libertini A, Gregorini A and Zunino M (2006) Heterochromatin of the
scarab beetle, Bubas bison (Coleoptera: Scarabaeidae) II. Evidence for AT-rich
compartmentalization and a high amount of rDNA copies. Micron 37: 47-51.
Colomba MS, Monteresino E, Vitturi R and Zunino M (1996) Characterization of mitotic
chromosomes of the scarab beetles Glyphoderus sterquilinus (Westwood) and Bubas
bison (L.) (Coleoptera: Scarabaeidae) using conventional and banding techniques. Biol.
Zent. Bl. 115: 58-70.
Colomba MS, Vitturi R and Zunino M (2000a) Karyotype analysis, banding, and fluorescent
in situ hybridization in the scarab beetle Gymnopleurus sturmi McLeay (Coleoptera
Scarabaeoidea: Scarabaeidae). J. Hered. 91(3): 260-264.
Colomba MS, Vitturi R and Zunino M (2000b). Chromosome analysis and rDNA FISH in the
stag beetle Dorcus parallelipipedus (Coleoptera Scarabaeoidea: Lucanidae). Hereditas
133: 249-253.
Costa C (2000) Estado de conocimiento de los Coleoptera Neotropicales, p.183-195. In: F.
Martin-Piera; J.J. Morrone & A. Melic (eds.). Hacia un Proyecto CYTED para el
inventario y estimación de la diversidad Entomológica en Iberoamérica: PrIBES-2000,
Zaragoza, Sociedad Entomológica Aragonesa & CYTED, m3m: Monografias Tercer
Milenio, v. 1, 326p.
Costa C, Vanin SA and Casari-Chen SA (1988) Larvas de Coleoptera do Brasil. São Paulo,
Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo, vi + 282 pp., 165 est.
Crowson RA (1967) The Natural Classification of the Families of Coleoptera. EW Classey,
Middlesex, 213p.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
58
Crowson RA (1981) The biology of Coleoptera. London: Academic Press, XII + 802 pp.
Davis AJ, Holloway JD, Huijbregts H, Krikken J, KirkSpriggs AH e Sutton SL (2001) Dung
beetles as indicators of change in the forests of northern Borneo. Jour. Appl. Ecol. 38:
593–616.
Dernburg AF, Sedat JW and Hawley RS (1996) Direct Evidence of a Role for
Heterochromatin in Meiotic Chromosome Segregation. Cell 86: 135-146.
Dillon N (2004) Heterochromatin structure and function. Biol. Cell 96: 631-637.
Edmonds WD (1972) Comparative skeletal morphology, systematics and evolution of the
Phanaeine dung beetles (Coleoptera: Scarabaeidae). Univ. Kansas Sci. Bull. 49: 731-
874.
Endres AA, Hernández MIM and Creão-Duarte AJ (2005) Considerações sobre
Coprophanaeus ensifer (Germar) (Coleoptera, Scarabaeidae) em um remanescente de
Mata Atlântica no Estado da Paraíba, Brasil. Rev. Brasil. Entom. 49(3): 427-429.
Favila ME and Halffter G (1997) The use of indicator groups for measuring biodiversity as
related to community structure and function. Acta Zool. Mex. 72: 1–25.
Ferreira A, Cella D, Tardivo JR and Virkki N (1984) Two pairs of chromosomes: a new low
record for coleoptera. Rev. Bras. Genet. 2: 231-239.
Galián J and Lawrence JF (1993) First karyotypic data on a cupedid beetle (Coleoptera:
Archostemata) showing achiasmatic meiosis. Entom. News 104(2): 83-87.
Galián J, Hogan JE and Vogler AP (2002) The origin of multiple sex chromosomes in tiger
beetles. Mol. Biol. Evol. 19 (10): 1792-1796.
Gambardella AL and De Vaio E (1978) Estudio morfologico, biologico y cariologico de
Chauliognathus scriptus (Germ) (Coleoptera: Cantharidae). Rev. Biol. del Uruguay
4(2): 69-87.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
59
Gaston KJ (1991) The magnitude of global insect espécies richness. Conserv. Biol. 5: 183-
196.
Gill BD (1991) Dung beetles in American tropical florest, p. 211-229. In: Hanski I e
Cambefort Y (eds). Dung beetle ecology. Princeton University Press, Princeton, 481 pp.
Gingeras TR (1991) Restriction-modification systems: genetic senties and useful systema in
the study of molecular genetics. Mod. Micro. Gen. 1: 301-321.
Goessens G (1984) Nucleolar structure. Int. Rev. Cyt. 87: 107-158.
Goodpasture C and Bloom SE (1975) Visualization of nucleolar organizer regions in
mammalian chromosomes using silver staing. Chromosoma 53: 37-50.
Gregory TR, Nedvad O and Aadamowicz SJ (2003) C-value estimats for 31 species of
ladybird beetles (Coleoptra: Coccinelidae). Hereditas 139: 121-127.
Grewal SIS and Jia S (2007) Heterochromatin revisited. Nat Rev Genet 8: 35-46.
Halffter G and Edmonds WD (1982) The nesting behavior of dung beetles. Instituto de
Ecología, Mexico City.
Halffter G and Favilla ME (1993) The Scarabaeinae (Insecta: Coleoptera) an animal group for
analyzing, inventorying and monitoring biodiversity in tropical rainforest and modified
landscapes. Biol. Intern. 27: 15-21.
Halffter G, Favila ME and Halfter V (1992) A comparative study of the structure of the scarab
gild in Mexican tropical rain forests and derived ecosystems. Folia Entom. Mex. 84:
131-156.
Halffter GV, Halffter V and López GI (1974) Phanaeus behaviour: food transportation and
bisexual cooperation. Envir. Entomol. 3: 341–345.
Hammond DM (1992) Species inventory, in B. Groombridge (ed). Global diversity Status of
the Eart’s Living Resources. London: 17-39.
Hanski I and Cambefort Y (1991) Dung Beetles Ecology. Princeton, New Jersey, 481p.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
60
Heard E (2004) Recent advances in X-chromosome inactivation. Curr. Opin. Cell Biol. 16(3):
247-255.
Heard E, Clerk P and Avner P (1997) X-chromosome inactivation in mammals. Ann. Rew.
Gen. 31: 571-610.
Heitz E (1928) Das Heterochromatin der Moose. I. Jb. Wiss. Bot. 69: 762-818.
Henikoff S (2000) Heterochromatin function in complex genomes. Bioch Bioph Acta 1470:
01-08.
Hirning U, Schulz WA, Just W, Adolph S and Vogel W (1989) A comparative study of
heterochromatin of Apodemus sylvaticus and Apodemus flavicollis. Chromosoma 98:
450-455.
John B (1988) The biology of heterochromatin. In: Heterochromatin: molecular and structural
aspects. 1st.: 1: 1-147.
John B and King M (1977) Heterochromatin variation in Cryptobothrus I. Chromosome
differentiation in natural populations. Chromosoma 64:219-239.
John B and King M (1985) The interrelationship between heterochromatin distribution and
chiasma distribuition. Genetica 66: 183-194.
John B, King M, Schweizer D and Mendelan M (1985) Equilocality of heterochromatin
distribution and heterochromatin heterogeneity in acridid grasshoppers. Chromosoma
91: 185-200.
Jordan EG (1991) Interpreting nucleolar structure: where are the transcribing genes? J. Cell
Sci. 98: 437-442.
Juan C and Petitpierre E (1989) C-banding and DNA content in seven species of
Tenebrionidae (Coleoptera). Genome 32: 834-839.
Karpen GH (1994) Position-effect variegation and the new biology of heterochromatin. Gen.
Dev. 4: 281-291.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
61
King M (1991) The evolution of the heterochromatin in the amphibian genome. In: D.M.
Green and S.K. Amph. Cytog. Evol. 359-391.
Koryakov DE, Alekseyenko AA and Zhimulev IF (1999) Dynamic organization of the β-
heterochromatin in the Drosophila melanogaster polytene X chromosome. Mol. Gen.
Genet. 260: 503–509.
Lawrence JF and Briton EB (1991) Coleoptera (Beetles), ch. 35, p. 543-683. In CSIRO
Division of Entomology (ed.). The insects of Australia. A textbook for students and
research workers. Carlton, Melbourne University Press, 2nd edition, v. 2, i-vi + 543-
1137 pp.
Lawrence JF and Newton AFJr. (1982) Evolution and classification of beetles. Ann. Rev.
Ecol. Syst. 13: 261-290.
Lawrence JF, Hastings AM, Dallwitz MJ, Paine TA and Zucher EJ (1999) Beetles of the
worl: a key and information system for families and subfamilies. Melbourne, CSIRO
Publishing, version 1.0 for MS-Windows.
Li WH (Ed.) (1991) Fundamentals of molecular Evolution. 1 st. Vol. 1. Sinauer, Sunderland.
Pp. 216-219.
Lohe AR and Hilliker A (1995) Return of the H-word (heterochromatin). Curr. Opin. Gen.
Dev. 5: 746-755.
Lohe AR, Hilliker AJ and Roberts PA (1993) Mapping simple repeated DNA sequences in
heterochromatin of Drosophila melanogaster. Genetics 134: 1149-1174.
Long EO and Dawid ID (1980) Repeated genes in eukaryotes. Ann. Rev. Biochem. 49:727-
764.
Lyon MF (1968) Chromosomal and subchromosomal inactivation. Ann. Rev. Gen. 2: 31-52.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
62
Machado M, Galián J, Araújo AM e Valente VLS (2001) Cytogenetics of eight Neotropical
species of Chauliognathus Henzt, 1830: inplications on the ancestral kryotype in
Cantharidae (Coleoptera). Hereditas 134: 121-124.
Martins VG (1989) X -Chromosomes diphasism in Coeloxis bicornis (Leske) (Coleoptera,
Scarabaeidae, Dynastinae). Naturalia 14: 83-86.
Martins VG (1994) The chromosome of five species of Scarabaeidae (Polyphaga,
Coleoptera). Naturalia 19: 89-96.
Mesa A and Fontanetti C (1985) The chromosomes of a Primitive Species of Beetle: Ytu-zeus
(Coleoptera, Myxophaga, Torridincolidae). Acad. Nat. Phil. 137: 102-105.
Miller OJ (1981) Nucleolar organizers in mammalian cells. Chromosomes Today 7.
Moura RC, Souza MJ, Melo NF and Lira-Neto AC (2003) Karyotypic characterization of
representatives from Melolonthinae (Coleoptera: Scarabaeidae): karyotypic analysis,
banding and fluorescent in situ hydridization (FISH). Hereditas 138: 200-206.
Mravinac B, Plohl M and Ugarkovic D (2004) Conserved patterns in the evolution of
Tribolium satellite DNAs. Gene 332: 169-177.
Mravinac B, Plohl M and Ugarovic D (2005b) Presevartion and high sequence conservation
of satellite DNas suggest functional constraints. J. Mol. Evol. 61: 542-550.
Mravinac B, Ugarovic D, Franjevic D and Plohl M (2005a) Long inversely oriented subunits
form a complex monomer of Tribolium brevicornis satellite DNA. J. Mol. Evol. 60:
513-525.
Otronen M (1988) Intra- and intersexual interactions at breeding burrown in the horned
beetle, Coprophanaeus ensifer. Anim. Behav. 36: 741-748.
Pendás AM, Morán P and Garcia-Vasquez E (1993) Multi-chromosomal location of
ribosomal RNA genes and heterochromatin association in brown trout. Chrom. Res. 1:
63-67.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
63
Petitpierre E (1996) Molecular cytogenetics and taxonomy of insects, with particular
reference to the Coleoptera. Int. J. Ins. Mor. Embryol. 25(1-2): 115-134.
Petitpierre E (1999) The cytogenetics and cytotaxonomy of Chrysolina Mots and Oreina
Chevr. (Coleoptera, Chrysomelidae, Chrysomelinae). Hereditas 131: 55-62.
Philips TK, Edmonds WD and Scholtz CH (2004). A phylogenetic analysis of the New World
tribe Phanaeini (Coleoptera: Scarabaeidae: Scarabaeinae): hypotheses on relationships
and origins. Insect Syst. Evol. 35: 43-63.
Pons J (2004) Evolution of diploid chromosome number, sex-determining systems, and
heterochromatin in Western Mediterranean na Canarian species of the genus Pimelia
(Coleoptera: Tenebrionidae). J. Zool. Syst. Evol. Res. 42: 81-85.
Pons J, Petitpierre E and Juan C (2002) Evolutionary dynamics of satellite DNA family
PIM357 in species of the genus Pimelia (Tenebrionidae, Coleoptera). Mol Biol. Evol.
19: 1329-1340.
Powell JE and Angus RB (2006) A chromosomal investigation of some European species of
Haliplidae (Coleoptera). Mem. della Soc. Entomol. Ital. 85: 173-185.
Proença SJR, Serrano ARM and Collares-Pereira MJ (2002) Cytogenetic variability in genus
Odontocheila (Coleoptera, Cicindelidae): karyotypes, C-banding, NORs and
localisation of ribosomal genes of O. confusa and O. nodicornis. Genetica 114:237-245.
Raska I, Koberna K, Malínský, Fidlerová H and Masata M (2004) The nucleolus and
transcription of ribosomal genes. Biol. Cell 96: 579-594.
Ratcliffe BC, Jameson ML and Smith ABT (2002) Scarabaeidae. In: Arnett Jr RH, Thomas
MC, Skelley PE, Frank JH (Eds.) American Beetles, Polyphaga: Scarabaeoidea through
Curculionoidea. Canadá: Ed.CRC Press LLC, 2: 39-81.
Rouzic AL, Dupas S and Capy P (2007) Genome ecosystem and transposable elements
species. Gene 390(1-2): 214-220.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
64
Rozék M, Lachowska D, Petitpierre E and Holecová M (2004) C-bands on chromosomes of
32 beetles species (Coleioptera: Elateridae, Cantharidae, Oedemeridae, Cerambycidae,
Anthicidae, Chrysomelidae, Attelabidae and Curculionidae). Hereditas 140: 161-170.
Sambrook J and Russel DW (2001) Molecular Cloning. A Laboratory Manual Third Edition.
Cold Spring Harbor Laboratory Press, Cold Spring Harbor, New York.
Schneider MC, Artoni RF and Almeida MC (2002) Cytogenetic analysis of 3 populations of
Diabrotica speciosa (Chrysomelidae, Galerucinae): constitutive heterochromatin and
nucleolus organizer regions. Cytologia 67(3): 281-287.
Scholtz CH and Browne DJ (1996) Polyphyly in the Geotrupidae (Scarabaeidea: Coleoptera):
a case for a new family. J. Nat. Hist. 30: 597-614.
Schwarzacher HG e Wachtler F (1983) Nucleolus organizer regions and nucleoli. Hum. Genet
63: 89-99.
Schweizer D (1976) Reverse fluorescent chromosome banding with chromomicin and DAPI.
Chromosoma 58: 307-324.
Schweizer D (1981) Counterstain-Enhanced chromosome banding. Hum. Genet. 57:1-14.
Silva FAB, Hernández MIM, Ide S e Moura RC (2007) Comunidade de escarabaeíneos
(Coleoptera, Scarabaeidae) copro-necrófagos da região de Brejo Novo, Caruaru,
Pernambuco, Brasil. Rev. Brasil. Entom. 51(2): 228-233.
Smith SG and Virkki N (1978) Coleoptera. In: Animal Cytogenetics (John, B. ed.)
Borntraeger, Berlin, Stuttgard, 366pp.
Sumner AT (1972) A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin. Exp.
Cell Res. 75: 304-306.
Sumner AT (1990) Chromosome banding. First edition. Academic Division of Unwin Hyman
Ltd., London, 434 pp.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
65
Sumner AT (2003) Chromosomes Organization and function. Ed. Black well Science Ltd,
Norths Berwick, UK, 1st ed., 287pp.
Torres RA, Ganal M and Hemleben V (1990) GC balance in the internal transcibed spacer
ITS1 and ITS2 of nuclear ribossomal RNA genes. J. Mol. Evol. 30: 170-181.
Trere D (2000) AgNOR staining and quantification. Micron 31: 127-131.
Vanin AS and Ide S (2002) Classificação comentada de Coleoptera. Proyecto de Red
Iberoamericana de Biogeografia y Entomologia Sistemática PrIBES 2002. C. Costa,
S.A. Vanin, J.M. Lobo & A. Melic (Eds.). m3m: Monografias Tercer Milênio Vol. 2.
SEA, Zaragoza, Julio-2002. 193-205.
Vaz-de-Mello FZ (2000) Estado atual de conhecimento dos Scarabaeidae s. str. (Coleoptera:
Scarabaeoidea) do Brasil, p.183-195. In: F. Martin-Piera; J.J. Morrone & A. Melic
(eds.). Hacia un Proyecto CYTED para el inventario y estimación de la diversidad
Entomológica en Iberoamérica: PrIBES-2000, Zaragoza, Sociedad Entomológica
Aragonesa & CYTED, m3m: Monografias Tercer Milenio, v. 1, 326p.
Vidal OR (1984) Chromosome numbers of Coleoptera from Argentina. Genetica 65: 235-239.
Vidal OR and Giacomozzi RO (1978) Los cromosomas de la subfamilia Dynastinae
(Coleoptera, Scarabaeidae). II. Las bandas C em Enema pan (Fabr.). Physis 38(94): 113-
119.
Vidal OR and Henestroza MG (1984) Las bandas C de los cromosomas Canthon muticus
Harold (Scarabaeidae, Coleoptera). Physis 42(103): 91-96.
Vidal OR and Nocera CP (1984) Citogenética de la tribo Eucranini (Coleoptera,
Scarabaeidae). Estudios convencionales y com bandeo C. Physis 42: 83-90.
Virkki N (1960) Cytology of some neartic scarabs (Coleoptera, Scarabaeidae). Ann. Acad.
Sci. Fenn. A IV 48: 1-12.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
66
Virkki N (1967) Chromosome relationships in some North American scarabaeoid beetles with
special reference to Plecoma and Tox. Can. J. Genet. Cytol. 9: 107-125.
Virkki N (1983) Banding of Oedionychina (Coleoptera: Alticinae) chromosomes: C- and Ag-
bands. J. Agric. Univ. P. R. 67: 221-255.
Virkki N (1988) The sex chromosomes of Disonychina (Coleoptera, Alticinae): Xy+ nX
systems. Cytobios 53: 43-55.
Virkki N, Mazzella C and Denton A (1990) Staining of substances adjacent to the Xyp sex
bivalent of some weevils (Coleoptera: Curculionidae). J. Agricult. Univer. Puerto Rico
74(4): 405-418.
Virkki N, Mazzella C and Denton A (1991) Silver staining of the coleopteran Xyp sex
bivalent. Cytobios 67: 45-63.
Vitturi R, Colomba M, Volpe N, Lannino A and Zunino M (2003). Evidence for male X0 sex-
chromosome system in Pentodon bidens punctatum (Coleoptera: Scarabaeoidea:
Scarabaeidae) with X-linked 18S-28S clusters. Genes Genet. Syst. 78: 427-432.
Vitturi R, Colomba MS, Barbieri R and Zunino M (1999) Ribosomal DNA location in the
scarab beetle Thorectes intermedius (Costa) (Coleoptera: Geotrupidae) using banding
and fluorescent in-situ hybridization. Chrom. Res. 7: 255-260.
Wallrath LL (1998) Unfolding the mysteries of heterochromatin. Curr. Opin. Genet. Dev. 8:
147-153.
White MJD (1973) Animal cytology and evolution. Third edition. Cambridge University.
London, 961pp.
Wilson CJ and Angus RB (2005) A chromosomal analysis of 21 species of Oniticellini and
Onthophagini (Coleoptera: Scarabaeidae). Tijdsch. Voor Entomol. 148: 63-76.
Yadav JS and Dange MP (1991) Karyotypic studies four species of sericinae (Scarabaeidae:
Coleoptera). The nucleus 34: 177-179.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
67
Yadav JS and Pillai RK (1976) Karyotipic studies on five species of Melolonthinae
(Scarabaeidae: Coleoptera). The Nucleus 19(3): 195-200.
Yadav JS and Pillai RK (1977) Karyological investigations on seven species of Coprinae
(Scarabaeidae: Coleoptera). Caryologia 3(30): 255-263.
Yadav JS and Pillai RK (1979) Evolution of karyotypes and phylogenetic relationships in
Scarabaeidae (Coleoptera). Zoo. Anz. Jena. 202: 105-118.
Yadav JS, Pillai RK and Karamjeet (1979) Chromosome numbers of Scarabaeidae
(Polyphaga: Coleoptera). Coleopt. Bull. 33(3): 309-318.
Yadav JS, Pillai RK and Yadav AS (1990) Karyotypic study of some scarab beetles with
comments on phylogeny (Coleoptera: Scarabaeoidea). Elytron 4: 41-51.
Yan H and Jiang J (2007). Rice as a model for centromere and heterochromatin research.
Chrom. Res. 15: 77–84.
Zijlstra C, Haan NA, Mellink CHM and Bosma AA (1996) Localization and activity of
18S+28S ribosomal RNA genes in the pig, the babirusa and the white-lipped peccary.
Arch. Zootec. 45: 233-234.
Zunino M (1985) Las relaciones taxonomicas de los Phanaeina (Coleoptera, Scarabaeinae) y
sus implicaciones biogeograficas. Folia Entom. 64: 101-115.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
68
4. Manuscrito de artigo científico
Análise citogenética comparativa entre Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer e
Coprophanaeus (Coprophanaeus) cyanescens (Coleoptera: Scarabaeidae).
Manuscrito a ser encaminhado à revista
Genetica ISSN 1573-6857
Dordrecht, Holanda
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
69
Análise citogenética comparativa entre Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer e Coprophanaeus (Coprophanaeus) cyanescens (Coleoptera: Scarabaeidae). Sárah Gomes de Oliveira1,2 Rita de Cássia de Moura1 Maria José de Souza2,*
1Laboratório de Biodiversidade e Genética de Insetos, Departamento de Biologia, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Pernambuco (UPE), Recife, PE, Brasil; 2Laboratório de Citogenética e Genética Animal, Departamento de Genética, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil; *Autor para correspondência (Fone: +55-81-2126-8620; Fax: +55-81-2126-8520; E-mail: mjslopes.ufpe yahoo com.br)
Palavras-chave: Besouro, cariótipo, evolução cromossômica, FISH, heterocromatina
Resumo
Os cromossomos de Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer e C. (Coprophanaeus)
cyanescens (Scarabaeidae) foram estudados por coloração convencional, bandeamento C,
coloração com nitrato de prata (AgNO3), fluorocromos base específicos e hibridização in situ
fluorescente (FISH) com sondas de DNAr 45S. As espécies apresentaram cariótipo simétrico,
número diplóide de 2n=20 e morfologia meta-submetacêntrica. C. (M.) ensifer apresentou
mecanismo sexual XY e C. (C.) cyanescens do tipo pára-quedas (XYp). A análise da
heterocromatina constitutiva (HC) nas duas espécies revelou cromossomos difásicos. A
coloração CMA3/DA/DAPI evidenciou blocos heterocromáticos CMA3+ restritos aos sexuais
em C. (C.) cyanescens, enquanto em C. (M.) ensifer foram visualizados blocos
pericentroméricos CMA3+ em todos os autossomos e no X, e intersticiais em três bivalentes
autossômicos. A coloração DAPI foi uniforme para ambas as espécies. A coloração com
AgNO3 foi ineficiente para detecção de RONs, contudo, mostrou afinidade por regiões
heterocromáticas. A FISH revelou a presença de sítios de DNAr 45S na região telomérica de
três bivalentes autossômicos de C. (C.) cyanescens e em sete bivalentes e no X de C. (M.)
ensifer. Nossos resultados contribuíram para a melhor compreensão da evolução dos
cromossomos e descrição de marcadores cromossômicos no gênero Coprophanaeus.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
70
Introdução
A família Scarabaeidae constitui o maior grupo dentro da superfamília Scarabaeoidea
(Coleoptera), compreendendo aproximadamente 2.000 gêneros e 25.000 espécies descritas
com ampla distribuição mundial. Para a região Neotropical foram descritos 362 gêneros e
4706 espécies, dos quais 204 e 1.777, respectivamente, ocorrem no Brasil (Costa, 2000; Vaz-
de-Mello, 2000). Em Scarabaeidae, a subfamília Scarabaeinae se destaca por compreender
cerca de 6.000 espécies distribuídas em 12 tribos, cujos representantes são importantes
bioindicadores, atuando na reciclagem de matéria orgânica (Hanski & Cambefort, 1991;
Halffter & Favila, 1993; Lawrence & Newton, 1995). No Brasil ocorrem mais de 700 espécies
pertencentes a 49 gêneros, destas apenas 149 foram registradas no Nordeste Brasileiro e 26
para o Estado de Pernambuco (Vaz-de-Mello 2000; Silva et al., 2007). Considerando as
diferentes tribos de Scarabaeinae, Phanaeini se destaca com 150 espécies encontradas
somente no Novo Mundo e distribuídas em 12 gêneros: Bolbites, Coprophanaeus,
Dendropaemon, Diabroctis, Gromphas, Homalotarsus, Megatharsius, Oruscatus,
Oxysternon, Phanaeus, Sulcophanaeus e Tetramereia (Philips et al., 2004). Para o Brasil
foram registrados 10 gêneros e 74 espécies (Edmonds, 1972; Vaz-de-Mello, 2000; Silva et al.,
2007).
O gênero Coprophanaeus foi descrito por d’Olsoufieff (1924) e é composto pelos
subgêneros Coprophanaeus, Megaphanaeus e Metallophanaeus. Em sua maioria inclui
espécies necrófagas, geralmente encontradas em cadáveres frescos nos períodos crepusculares
a noturnos, sobrevoando o alimento por curtos períodos de tempo e pousando exatamente
sobre o recurso alimentar (Halffter e Edmonds, 1982; Otronen, 1988; Gill, 1991; Endres et al.,
2005). Durante a nidificação, estas espécies constroem bolas a partir do recurso alimentar, que
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
71
abrigam e alimentam as larvas, aumentando as chances de sucesso reprodutivo (Edmonds,
1972; Halffter et al., 1974; Halffter e Edmonds, 1982; Endres et al., 2005).
Em Coleoptera estudos citogenéticos têm sido realizados principalmente em
representantes da subordem Polyphaga. O cariótipo predominante é 2n=20,Xyp, com
cromossomos meta-submetacêntricos. O número diplóide varia de 2n=4 (Chalcolepidius
zonatus – Elateridae) a 2n=64 (Disonychina bicarinata – Chrysomelidae) (Ferreira et al.,
1984; Virkki, 1988). Os mecanismos sexuais observados em representantes de Polyphaga têm
origem principalmente a partir de rearranjos cromossômicos (X0, XY, neo-XY, múltiplo) ou
diferentes modos de associação entre os cromossomos X e y (Xyp, XYp, Xyr, Xyc) (White,
1973; Smith & Virkki, 1978; Ferreira et al., 1984; Mesa & Fontanetti, 1985; Yadav et al.,
1990; Gálian et al., 2002; Rozék et al., 2004).
A família Scarabaeidae destaca-se com cerca de 350 espécies estudadas
citogeneticamente, tem sido considerada conservada cariotipicamente, em relação ao número
diplóide 2n=20, mecanismo sexual Xyp e morfologia meta-submetacêntrica (meiofórmula
9II+Xyp) (Moura et al., 2003; Bione et al., 2005a, b). Entretanto, modificações no cariótipo
modal em representantes deste grupo têm sido descritas, com uma variação do número
diplóide de 2n=8 (Eurysternus caribaeus – Scarabaeinae) a 2n=30 (Autoserica assamensis –
Melolonthinae) e seis diferentes tipos de mecanismos sexuais, XY, Xyp, XYp, Xyr, neo-XY e
X0 (Smith & Virkki, 1978; Yadav et al., 1979; Yadav & Pillai, 1979; Martins, 1994; Colomba
et al., 2000; Moura et al., 2003; Vitturi et al., 2003; Cabral-de-Mello et al., 2007).
Dentre as subfamílias de Scarabaeidae, Dynastinae, Melolonthinae, Rutelinae e
Scarabaeinae possuem maior diversidade cariotípica e são as melhores estudadas do ponto de
vista cromossômico (Martins, 1994; Moura et al., 2003; Vitturi et al., 2003; Bione et al.,
2005b; Angus et al., 2007). Em Scarabaeinae o número diplóide primitivo 2n=20 e o
mecanismo sexual Xyp ocorrem em mais de 50% das espécies estudadas. Apesar desta
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
72
conservação cariotípica, os números diplóides 2n=8, 12, 14, 18, 20, 21, e 24 e os mecanismos
sexuais Xy, Xyp, XY, Xyr, neo-XY e X0 foram descritos para seus representantes devido à
ocorrência de diferentes rearranjos cromossômicos ao longo de sua evolução (Smith & Virkki,
1978; Yadav et al., 1979; Hanski & Cambefort, 1991; Bione et al., 2005a; Cabral-de-Mello et
al., 2007).
O padrão de distribuição de HC observado em algumas espécies de Scarabaeidae, em
geral é pericentromérico. Entretanto, também têm sido descritos blocos intersticiais, como em
Enema pan; teloméricos, em Bubas bison e cromossomos difásicos, observados em Bolbites
ornitoides (Vidal, 1980 apud Virkki, 1983). Em geral o cromossomo X apresenta-se quase
completamente heterocromático, embora algumas espécies possuam blocos paracêntricos,
pericentroméricos e subteloméricos (Vidal & Nocera, 1984, Colomba et al., 2000, Vitturi et
al., 2003, Bione et al., 2005b). O uso dos fluorocromos base específicos CMA3 e DAPI em
representantes de Dynastinae, Melolonthinae, Rutelinae e Scarabaeinae revelou uma grande
heterogeneidade quanto à composição de bases AT/GC presentes nas bandas C das espécies
analisadas (Moura et al., 2003; Vitturi et al., 2003; Bione et al., 2005b).
Em Scarabaeidae a técnica de coloração com AgNO3 tem sido utilizada em conjunto
com a hibridização in situ fluorescente (FISH) para a detecção de sítios de DNAr. A
ocorrência de uma ou duas RONs tem sido a condição mais freqüente. Contudo, em algumas
espécies desta família as RONs foram localizadas em um par autossômico, ou no
cromossomo X, ou conjuntamente em autossomos e no X (Colomba et al., 2000, Vitturi et al.,
2003, Moura et al., 2003, Bione et al., 2005a, b, Colomba et al., 2006).
Neste trabalho realizamos uma análise cromossômica comparativa entre duas espécies
de Coprophanaeus, visando aprofundar os conhecimentos sobre evolução cromossômica
dentro de Scarabaeidae e contribuir para um melhor entendimento das implicações
cariotípica-evolutivas do grupo.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
73
Material e métodos
Espécimes
Cromossomos meióticos foram obtidos em diferentes espécimes machos de
Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer (GERMAR, 1824) e C. (Coprophanaeus)
cyanescens (OLIVIER, 1789) oriundos de diferentes localidades da região nordeste do Brasil.
Cinqüenta e três indivíduos de C. (C.) cyanescens foram coletados em área de pastagem no
Município de Caruaru (08° 425’ S, 035° 151’ W); e cinco indivíduos de C. (M.) ensifer em
remanescentes de Mata Atlântica em Aldeia, município de Paudalho (07° 53’ 48’’ S, 35° 10’
47’’ W), Pernambuco. Um espécime de C. (M.) ensifer e um de C. (C.) cyanescens foram
coletados em Andaraí (12° 48’ 25’’ S, 41° 19’ 51’’ W), Chapada da Diamantina, Bahia.
Preparações cromossômicas
Os folículos testiculares foram fixados em solução Carnoy (etanol e ácido acético, 3:1)
e para as preparações citológicas foi utilizada a técnica de esmagamento de folículos
testiculares. Os exemplares foram analisados citologicamente por coloração com orceína
lacto-acética a 2%. O bandeamento C foi feito segundo Sumner (1972), com modificações. As
lâminas foram mergulhadas em uma solução ácida (HCl 0,2N) por 30 minutos à temperatura
ambiente, seguida por soluções básica (Ba(OH)2) por 35 a 120 segundos e solução salina (2x
SSC) por 45 minutos, ambas a 60°C. As lâminas foram coradas com Giemsa 5% durante 5
minutos.
A análise qualitativa da HC foi realizada através da tríplice coloração com
CMA3/DA/DAPI (Cromomicina A3/Distamicina A/4’6-diamino-2’-fenilindol) de acordo com
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
74
Schweizer (1976), com algumas modificações. Cada lâmina foi corada com 2 gotas de CMA3
(0,5 mg/ml) por 60 minutos, duas gotas de solução de Distamina A (0,1 mg/ml) por 40
minutos e duas gotas da solução de DAPI (0,5 mg/ml) por 20 minutos à temperatura
ambiente. Após cada tratamento as lâminas foram lavadas com água destilada e secas a
temperatura ambiente. As lâminas foram montadas com meio constituído por glicerol/tampão
Macllvaine/MgCl2.
A impregnação com nitrato de prata (AgNO3) seguiu o protocolo descrito por Rufas et
al. (1985), com modificações. As lâminas foram mergulhadas em solução salina (2x SSC) em
banho-maria a 60°C durante 10 minutos, e posteriormente lavadas com água destilada. Cada
lâmina foi tratada com uma gota da solução AgNO3/água formicada (0,1g/0,1ml) em câmara
úmida por dois minutos.
A hibridização in situ fluorescente (FISH) foi realizada segundo protocolo de
Moscone et al. (1996), utilizando sonda de DNAr 45S de Arabidopsis thaliana marcada
através de nick translation com digoxigenina e detectada com anticorpo anti-digoxigenina de
ovelha ligado ao fluorocromo FITC. A amplificação do sinal foi realizada com o uso do
anticorpo anti-ovelha de coelho conjugado ao FITC (743, Dako). As preparações
cromossômicas foram contra-coradas com DAPI (2μg/ml) e montadas com Vectashield H-
1000 (Vector).
As células foram fotografadas no sistema de capturada de imagens Cytovision
(System) acoplado ao microscópio Olympus BX51 e as pranchas foram organizadas nos
programas Corel Photo-Paint 12 e Adobe Photoshop CS2.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
75
Resultados
A espécie Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer apresentou número diplóide de
2n=20, cromossomos meta-submetacêntricos e mecanismo sexual do tipo XY, com
meiofórmula 9II+XY (Figura 1a-d). Em C. (Coprophanaeus) cyanescens o número
cromossômico observado foi 2n=20, cromossomos meta-submetacêntricos e mecanismo
sexual XYp, com meiofórmula 9II+XYp (Figura 1e-h). Nas duas espécies o cariótipo foi
simétrico, com os cromossomos diminuindo em ordem gradativa de tamanho.
A distribuição da heterocromatina constitutiva (HC) observada em Coprophanaeus
(M.) ensifer revelou um padrão que corresponde a cromossomos difásicos referentes aos
braços longos dos bivalentes autossômicos. Três bivalentes autossômicos de tamanho médio
apresentaram blocos intersticiais. O menor bivalente autossômico mostrou bloco telomérico.
O cromossomo X possui bloco pericentromérico e o Y é quase totalmente heterocromático
(Figura 2a). O padrão de bandeamento C de Coprophanaeus (C.) cyanescens correspondeu a
bivalentes autossômicos difásicos, o cromossomo X é quase completamente heterocromático,
e o cromossomo Y possui um pequeno bloco pericentromérico de HC (Figura 2b).
Em C. (M.) ensifer a coloração CMA3/DA/DAPI evidenciou blocos centroméricos de
heterocromatina constitutiva CMA3 positivos em todos os autossomos e no cromossomo X,
apresentando também marcações intersticiais em três bivalentes autossômicos de tamanho
médio, e nenhuma marcação foi observada no Y (Figura 3a). Em C. (C.) cyanescens, um
bloco de heterocromatina constitutiva CMA3 positivo foi visualizado no bivalente sexual
(Figura 3c). A coloração DAPI foi uniforme em todos os cromossomos do complemento das
duas espécies estudadas (Figura 3b, d).
A coloração com AgNO3 nas duas espécies foi ineficiente para detecção das
RONs, contudo, mostrou afinidade pela HC, revelando pequenos blocos pericentroméricos em
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
76
todos os bivalentes autossômicos das duas espécies analisadas (Figura 2c-d). Em adição, C.
(M.) ensifer mostrou o bivalente sexual quase inteiramente corado pelo nitrato de prata
(Figura 2c), enquanto C. (C.) cyanescens apresentou blocos teloméricos AgNO3 em três
bivalentes autossômicos e na região pericentromérica dos cromossomos sexuais (Figura 2d).
A hibridização in situ fluorescente (FISH) com sonda ribossômica permitiu a
identificação de sítios de DNAr na região pericentromérica de sete bivalentes autossômicos e
no cromossomo X de C. (M.) ensifer (Figura 4a-b). Nessa espécie os cromossomo portadores
de RONs, quando comparados entre si, apresentaram variação quanto ao tamanho dos sinais
de hibridização. Em C. (C.) cyanescens os sítios de DNAr foram localizados em regiões
teloméricas de três bivalentes autossômicos (Figura 4c-d). Nas duas espécies analisadas foi
observado um bivalente autossômico com o sinal de hibridização em apenas um dos
homólogos do par (Figura 4b, d).
Discussão
Segundo Yadav & Pillai (1979) a variação cariotípica em Scarabaeidae decorre
principalmente de cinco diferentes rearranjos cromossômicos, como fusão autossomo-
autossomo (A-A), fusão autossomo-cromossomo X (A-X), perda do cromossomo y, fissão de
autossomos e inversões pericêntricas. Contudo, o número cromossômico apresentado por C.
(Megaphanaeus) ensifer e C. (Coprophanaeus) cyanescens (2n=20), tem sido descrito em
cerca de 65% dos representantes da subfamília Scarabaeinae, sendo considerado primitivo
para a subordem Polyphaga (Smith & Virkki, 1978; Yadav & Pillai, 1979; Vidal, 1984;
Wilson & Angus, 2005; Angus et al., 2007).
O padrão cariotípico observado em C. (M.) ensifer neste trabalho foi similar ao
descrito por Martins (1994). Anteriormente esta espécie era classificada como pertencente ao
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
77
gênero Phanaeus. Nossos dados cariotípicos corroboram a inclusão da espécie para o gênero
Coprophanaeus, considerando que Phanaeus possui redução do número diplóide para 2n=14
(P. yucatanus) e 2n=12 (P. vindex, P. daphnis, P. igneus, P. mexicanus) (Smith & Virkki,
1978; Yadav & Pillai, 1979; Vidal, 1984).
Os cromossomos X e Y envolvidos na formação do mecanismo sexual do tipo XYp
observado em C. (C.) cyanescens possuem tamanhos similares. Este mecanismo é incomum
para Coleoptera, e foi descrito pela primeira vez para Scarabaeidae por Moura et al. (2003)
em Phyllophaga (Phyllophaga) aff. capillata (Melolonthinae). Segundo Mesa & Fontanetti
(1985) a ocorrência do mecanismo XYp pode ser originado de duas formas: (1) um estágio
inicial na origem do Xyp no qual os cromossomos sexuais possuem tamanhos similares ou (2)
a partir de um Xyp por adição de HC no cromossomo y. Por outro lado, o mecanismo XY,
observado em Coprophanaeus (M.) ensifer tem sido encontrado em outras espécies de
Scarabaeinae, como relatado em Bubas bison, Copris hispanus, Gymnopleurus sturmi e
Phanaeus igneus (Smith & Virkki, 1978; Martins, 1994; Colomba et al., 2000; Colomba et.
al, 1996; Angus et al., 2007). Neste tipo de mecanismo sexual ocorre pareamento do X e Y
durante a meiose. Segundo Martins (1994), a origem do mecanismo XY em Phanaeus (M.)
ensifer (= Coprophanaeus (M.) ensifer) possivelmente ocorreu por fusão entre um bivalente
autossômico e os sexuais, seguida pela fissão de um outro par autossômico, desse modo
retornando à condição metacêntrica e ao número diplóide original.
O padrão de distribuição de HC em Coprophanaeus (M.) ensifer e Coprophanaeus
(C.) cyanescens é similar com relação aos cromossomos difásicos, entretanto, difere quanto
aos blocos teloméricos em C. (M.) ensifer e em relação ao padrão observado nos
cromossomos sexuais. A presença de cromossomos difásicos nas duas espécies analisadas
difere do padrão pericentromérico de HC predominante em Scarabaeinae (Bione et al., 2005a;
Vitturi et al., 2003; Moura et al., 2003). Por outro lado, a grande quantidade de HC e a
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
78
ocorrência de cromossomos difásicos observada nas espécies de Coprophanaeus também
foram descritas em três espécies da tribo Phanaeini, Bolbites ornitoides, Diabroctis mimas e
Isocopris inhiata (Vidal, 1980 apud Virkki, 1983; Bione et al., 2005a). Entretanto, essas três
espécies analisadas apresentaram braços curtos difásicos, diferente das espécies de
Coprophanaeus cujo padrão difásico envolve os braços longos.
A grande quantidade de HC observada nos autossomos de C. (M.) ensifer e C. (C.)
cyanescens pode ser explicada pela expansão de DNA repetitivo no genoma destas espécies,
envolvendo amplificação destas seqüências através de conversão gênica, crossing-over
desigual, replicação circular e replicação slippage (Charlesworth et al., 1994; Hancock, 1999;
Li et al., 2002). A quantidade e variabilidade de HC apresentada entre os diferentes
representantes de Scarabaeidae podem estar relacionadas com as diferenças na localização e
no número de seqüências de DNA satélite. Alguns genomas podem conter diversas famílias
de DNA satélite e com repetitividade diferente, como foi relatado para Cicindela maroccana e
C. campestris (Cicindelidae) (Galián & Vogler, 2002).
O padrão de HC observado através do bandeamento C em Coprophanaeus (C.)
cyanescens para os cromossomos sexuais é bastante semelhante ao comumente relatado para
Scarabaeidae, em que o cromossomo X é quase totalmente heterocromático e o Y
eucromático (Vitturi et al., 2003; Moura et al., 2003; Bione et al., 2005b; Angus et al., 2007).
Por outro lado, o padrão de distribuição da HC observado nos cromossomos sexuais de
Coprophanaeus (M.) ensifer difere dos relatados em Diabroctis mimas e Isocopris inhiata,
que apresentam o cromossomo X completamente heterocromático (Moura et al., 2003, Bione
et al., 2005a, b). As espécies Copris sinicius e Scarabaeus laticollis (Phanaeini) (Angus et al.,
2007) compartilham com Coprophanaeus (M.) ensifer a marcação centromérica de HC no
cromossomo X e Y totalmente heterocromático.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
79
O padrão de qualificação da HC, visualizado pela coloração CMA3/DA/DAPI, revelou
uma ampla diferença entre as duas espécies analisadas. Em Coprophanaeus (M.) ensifer,
blocos CMA3 positivos foram observados em todos os cromossomos. Contudo, os blocos
marcados foram menores quando comparados com aqueles marcados pelo bandeamento C,
indicando que nem toda HC foi CMA3 positiva nesta espécie. Por outro lado, C. (C.)
cyanescens revelou que os blocos de HC positivos para CMA3 estão restritos ao bivalente
sexual. Blocos pericentroméricos CMA3+ também foram visualizados em todos os
cromossomos de Geniates borelli (Rutelinae), em oito bivalentes autossômicos e no
cromossomo X de Strategus surinamensis hirtus (Dynastinae), em um bivalente autossômico
e no cromossomo X de Phylophaga (Phylophaga) aff capilata (Melolontinae) e em todos os
bivalentes autossômicos e no cromossomo X de Gymnopleurus sturmi (Scarabaeinae)
(Colomba et al., 2000; Moura et al., 2003; Vitturi et al., 2003; Bione et al., 2005b).
Bubas bison e Isocopris inhiata (Phanaeini) mostraram riqueza em pares de bases AT,
diferindo do padrão observado nas espécies de Coprophanaeus analisadas e do comumente
relatado para Scarabaeidae, em que as espécies predominantemente mostram riqueza em pares
de bases GC (Colomba et al., 1996; Vitturi et al., 1999; Colomba et al., 2000; Vitturi et al.,
2003). A marcação positiva para CMA3 restrita ao bivalente sexual, como observada em C.
(C.) cyanescens não foi relatada para nenhuma outra espécie de Scarabaeidae.
Padrões de distribuição de RONs têm sido usados para comparações cariotípicas entre
espécies relacionadas em diferentes grupos de Coleoptera. Entretanto, a coloração AgNO3,
diferente da hibridização in situ fluorescente (FISH), não tem sido muito eficiente para a
detecção de RONs. Por outro lado, a coloração AgNO3 tem permitido a marcação de blocos
de HC, correspondendo geralmente ao padrão obtido pelo bandeamento C. Esse padrão de
marcação decorre da grande afinidade do nitrato de prata, por proteínas argirofílicas
associadas à HC. Nas duas espécies de Coprophanaeus analisadas neste trabalho e em
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
80
Thorectes intermedius (Geotrupidae) todas as regiões impregnadas pelo AgNO3
correspondem aos blocos de HC (Vitturi et al., 1999). Resultados semelhantes têm sido
descritos em Lyogenes fuscus, Phyllophaga (Phylatus) vestita, P. (Phyllophaga) aff. capillata
(Melolonthinae), Geniates borelli e Pelidnota pallidepennis (Rutelinae), corroborando a
afinidade entre o nitrato de prata e as regiões heterocromáticas (Moura et al., 2003; Bione et
al., 2005b). Em Lygirus ebenus (Dynastinae), as regiões heterocromáticas dos autossomos e
dos cromossomos sexuais também mostraram grande afinidade pelo AgNO3 (Bione et al.,
2005b).
Em todos os cromossomos do complemento de C. (C.) cyanescens e nos bivalentes
autossômicos de C. (M.) ensifer os blocos heterocromáticos AgNO3 positivos são menores do
que aqueles observados pela técnica de bandeamento C, sugerindo a presença de uma
heterocromatina heterogênea. A presença de blocos heterocromáticos AgNO3 positivos no
bivalente sexual XYp de C. (C.) cyanescens também foi observado em Diabroctis mimas e
Isocopris inhiata (Bione et al., 2005a). Contudo, em C. (M.) ensifer os cromossomos sexuais
foram quase totalmente marcados pela AgNO3, indicando que nesta espécie toda a
heterocromatina destes cromossomos apresenta afinidade pelo nitrato de prata.
O padrão de FISH com sinais teloméricos em três bivalentes autossômicos, observado
em C. (C.) cyanescens, não tem sido descrito para Scarabaeidae. Nesta família, a ocorrência
de uma ou duas RONs pericentroméricas representa a condição mais freqüente (Vitturi et al.,
2003; Moura et al., 2003; Bione et al., 2005a, b). A espécie Bubas bison (Scarabaeinae)
possui sítios de DNAr localizados em quatro bivalentes autossômicos e se destaca quando
comparada com outras espécies de Scarabaeidae por apresentar o maior número de RONs
descrito para a família (Colomba et al., 1996, 2006). Em C. (M.) ensifer sete bivalentes
autossômicos e o cromossomo X foram identificados como portadores de RONs, com
variação no tamanho do sinal de hibridização, sendo este resultado inédito para Coleoptera.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
81
Nesta ordem, uma ampla variabilidade no número de cromossomos portadores de RONs foi
descrita para o gênero Zabrus (Carabidae). Dentre as 19 espécies analisadas três apresentaram
apenas um bivalente autossômico portador de RONs, enquanto as espécies Zabrus
(Iberozabrus) ambiguus, Z. (I.) castroi e Z. (I.) vasconicus mostraram seis bivalentes
autossômicos portadores de sítios de DNAr. Foram sugeridas três possibilidades que podem
explicar a origem do elevado número de RONs observado neste gênero: 1) associação da HC
com regiões de DNAr, ocasionando rearranjos nestas regiões cromossômicas, 2) presença de
cromossomo B como uma possível fonte de sítios de DNAr para outros cromossomos do
cariótipo e 3) presença de elementos transponíveis, ocasionando pequenos rearranjos
cromossômicos (Sánchez-Gea et al., 2000).
Em C. (M.) ensifer e C. (C.) cyanescens são necessários estudos moleculares
específicos para detecção de sítios ribossômicos, visando explicar o elevado número de
cromossomos portadores de sítios de DNAr descritos para estas espécies. A variação no
tamanho do sinal de hibridização visualizado em C. (M.) ensifer pode estar relacionada à
ocorrência de diferentes números de repetições da seqüência ribossômica, como descrito para
Gymnopleurus sturmi (Colomba et al., 2000).
Em C. (M.) ensifer as RONs estão localizadas em regiões de heterocromatina
constitutiva CMA3 positiva, enquanto em C. (C.) cyanescens as regiões portadoras de RONs
são neutras para pares de bases AT e GC. Em Scarabaeidae a maioria dos resultados relatados
evidenciaram marcações CMA3 positivas associadas às RONs, constatando que as seqüências
espaçadoras de DNAr geralmente possuem riqueza em pares de bases GC (Colomba et al.,
2000; Moura et al., 2003; Bione et al., 2005b).
Nossos resultados mostram que as duas espécies de Coprophanaeus possuem
cariótipos similares e considerados comuns para Scarabaeidae, exceto pela ocorrência dos
mecanismos sexuais XY e XYp. Entretanto, uma análise citogenética molecular de outros
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
82
membros do gênero Coprophanaeus é necessária para melhor compreensão dos padrões
evolutivos ocorrentes neste gênero, bem como uma análise mais refinada das seqüências de
DNA satélite e dos sítios de DNAr.
Agradecimentos
Os autores são gratos ao Dr. Sérgio Ide, ao Dr. Fernando Zagury Vaz-de-Mello e ao
biólogo Fernando Augusto Barbosa Silva pela identificação taxonômica das espécies
analisadas neste trabalho, à Cirlene Maria da Silva e Francisca Tavares de Lira pela
assistência técnica, ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
CNPq e ao PPP/MTC/CNPq/CT-INFRA/FACEPE (Projeto nº. 006/2003) pelo auxílio
financeiro.
Referências
Angus RB, Wilson CJ, Mann DJ (2007) A chromosomal analysis of 15 species of
Gymnopleurini and Coprini (Coleoptera: Scarabaeidae). Tijdschrift voor Entomologie
150:201-211.
Bione EG, Camparoto ML, Simões ZLP 92005a) A study of the constitutive heterochromatin
and nucleolus organizer regions of Isocopris inhiata and Diabroctis mimas (Coleoptera:
Scarabaeidae, Scarabaeinae) using C-banding, AgNO3 staining and FISH techniques.
Gen. Mol. Biol. 28(1):111-116.
Bione EG, Moura RC, Carvalho R, Souza MJ (2005b) Karyotype, C-banding pattern, NOR
location and FISH study of five Scarabaeidae (Coleoptera) species. Gen. Mol. Biol.
28(3):376-381.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
83
Cabral-de-Mello DC, Silva FAB, Moura RC (2007) Karyotype characterization of
Eurysternus caribaeus: The smallest diploid number among Scarabaeidae (Coleoptera:
Scarabaeoidea). Micron 38:323-325.
Chaelesworth B, Snlegowskl P, Stephan W (1994) The evolution dynamics of repetitive DNA
in eukaryotes. Nature 371:215-220.
Colomba MS, Monteresino E, Vitturi R, Zunino M (1996) Characterization of mitotic
chromosomes of the scarab beetles Glyphoderus sterquilinus (Westwood) and Bubas
bison (L.) (Coleoptera: Scarabaeidae) using conventional and banding techniques. Biol.
Zent. Bl. 115:58-70.
Colomba MS, Vitturi R, Libertini A, Gregorini A, Zunino M (2006) Heterochromatin of the
scarab beetle, Bubas bison (Coleoptera: Scarabaeidae) II. Evidence for AT-rich
compartmentalization and a high amount of rDNA copies. Micron 37:47-51.
Colomba MS, Vitturi R, Zunino M (2000) Karyotype analysis, banding, and fluorescent in
situ hybridization in the scarab beetle Gymnopleurus sturmi McLeay (Coleoptera
Scarabaeoidea: Scarabaeidae). J. Hered. 91(3):260-264.
Costa C (2000) Estado de conocimiento de los Coleoptera Neotropicales, p.183-195. In: F.
Martin-Piera; J.J. Morrone & A. Melic (eds.). Hacia un Proyecto CYTED para el
inventario y estimación de la diversidad Entomológica en Iberoamérica: PrIBES-2000,
Zaragoza, Sociedad Entomológica Aragonesa & CYTED, m3m: Monografias Tercer
Milenio, v. 1, 326p.
Edmonds WD (1972) Comparative skeletal morphology, systematics and evolution of the
Phanaeine dung beetles (Coleoptera: Scarabaeidae). Univ. Kansas Sci. Bull. 49:731-874.
Endres AA, Hernández MIM and Creão-Duarte AJ (2005) Considerações sobre
Coprophanaeus ensifer (Germar) (Coleoptera, Scarabaeidae) em um remanescente de
Mata Atlântica no Estado da Paraíba, Brasil. Rev. Brasil. Entom. 49(3): 427-429.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
84
Ferreira A, Cella D, Tardivo JR, Virkki N (1984) Two pairs of chromosomes: a new low
record for coleoptera. Rev. Bras. Genet. 2:231-239.
Galián J, Hogan JE, Vogler AP (2002) The origin of multiple sex chromosomes in tiger
beetles. Mol. Biol. Evol. 19(10):1792-1796.
Galián J, Vogler AP (2002) Evolutionary dynamics of a satellite DNA in the tiger beetle
species pair Cicindela campestris and C. maroccana. Genome 46:213-223.
Gill BD (1991) Dung beetles in American tropical florest, p. 211-229. In: Hanski I e
Cambefort Y (eds). Dung beetle ecology. Princeton University Press, Princeton, 481 pp.
Halffter G and Edmonds WD (1982) The nesting behavior of dung beetles. Instituto de
Ecología, Mexico City.
Halffter G, Favilla ME (1993) The Scarabaeinae (Insecta: Coleoptera) an animal group for
analyzing, inventorying and monitoring biodiversity in tropical rainforest and modified
landscapes. Biology International 27:15-21.
Halffter GV, Halffter V and López GI (1974) Phanaeus behaviour: food transportation and
bisexual cooperation. Envir. Entomol. 3: 341–345.
Hancock JM (1999) Microsatellites and other simple sequences: genomic context and
mutational mechanisms. In: Goldtein DB and Schlotterer C (eds) Microsatellites,
Oxford Univ. Press: Oxford:1-8.
Hanski I, Cambefort Y (1991) Dung Beetles Ecology. Princeton, New Jersey, 481p.
Lawrence JF, Newton AFJr (1995) Families and subfamilies of Coleoptera (with selected
genera, notes, references and data on family-group names). In: Pakaluk & Slipinski
(eds.). Biology, Phylogeny, and classification of Coleoptera: Papers Celebrating the 80th
Birthday of Roy A. Crowson. p. 779-1092.
Li Y, Korol AB, Fahima T, Beiles A, Nevo E (2002) Microsatellites: genomic distribution,
putative functions and mutational mechanisms: a review. Mol. Ecol. 11:2453-2465.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
85
Martins VG (1994) The chromosome of five species of Scarabaeidae (Polyphaga,
Coleoptera). Naturalia 19:89-96.
Mesa A, Fontanetti C (1985) The chromosomes of a Primitive Species of Beetle: Ytu-zeus
(Coleoptera, Myxophaga, Torridincolidae). Acad. Nat. Phil. 137:102-105.
Moscone EA, Matzke MA, Matzke AJM (1996) The use of combined FISH/GISH in
conjunction with DAPI counterstaining to identify chromosomes containing transgene
inserts in amphidiploid tobacco. Chromosoma 105(4):231-236.
Moura RC, Souza MJ, Melo NF, Lira-Neto AC (2003) Karyotypic characterization of
representatives from Melolonthinae (Coleoptera: Scarabaeidae): karyotypic analysis,
banding and fluorescent in situ hybridization (FISH). Hereditas 138:200-206.
Otronen M (1988) Intra- and intersexual interactions at breeding burrown in the horned
beetle, Coprophanaeus ensifer. Anim. Behav. 36: 741-748.
Philips TK, Edmonds WD, Scholtz CH (2004) A phylogenetic analysis of the New World
tribe Phanaeini (Coleoptera: Scarabaeidae: Scarabaeinae): hypotheses on relationships
and origins. Insect Syst. Evol. 35:43-63.
Rozék M, Lachowska D, Petitpierre E, Holecová M (2004) C-bands on chromosomes of 32
beetles species (Coleoptera: Elateridae, Cantharidae, Oedemeridae, Cerambycidae,
Anthicidae, Chrysomelidae, Attelabidae and Curculionidae). Hereditas 140:161-170.
Rufas JS, Esponda P, Gosálvez J (1985) NOR and nucleolus in the spermatogenesis of
acridoid grasshopper. Genetica 66:139-144.
Sánchez-Gea JF, Serrano J, Gálian J (2000) Variability in rDNA loci in Iberian species of the
genus Zabrus (Coleoptera: Carabidae) detected by fluorescence in situ hybridization.
Genome 43:22-28.
Schweizer D (1976) Reverse fluorescent chromosome banding with chromomicin and DAPI.
Chromosoma 58:307-324.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
86
Silva FAB, Hernández MIM, Ide S, Moura RC (2007) Comunidade de escarabeíneos
(Coleoptera, Scarabaeidae) corpo-necrófagos da região de Brejo Novo, Caruaru,
Pernambuco, Brasil. Rev. Brasil. Entom. 51(2):228-233.
Smith SG, Virkki N (1978) Coleoptera. In: John B (ed) Animal Cytogenetics, Borntraeger,
Berlin, Stuttgard, 366pp.
Souza MJ (1991) Two simple methods for the preparation of mitotic and meiotic Orthoptera
chromosomes. Rev. Brasil. Gen. 14(4):1079-1084.
Sumner AT (1972) A simple technique for demonstrating centromeric heterochromatin. Exp.
Cell Res. 75:304-306.
Vaz-de-Mello FZ (2000) Estado atual de conhecimento dos Scarabaeidae s. str. (Coleoptera:
Scarabaeoidea) do Brasil, p.183-195. In: F. Martin-Piera; J.J. Morrone & A. Melic
(eds.). Hacia un Proyecto CYTED para el inventario y estimación de la diversidad
Entomológica en Iberoamérica: PrIBES-2000, Zaragoza, Sociedad Entomológica
Aragonesa & CYTED, m3m: Monografias Tercer Milenio, v. 1, 326p.
Vidal OR (1984) Chromosome numbers of Coleoptera from Argentina. Genetica 65:235-239.
Vidal OR, Nocera CP (1984) Citogenética de la tribo Eucranini (Coleoptera, Scarabaeidae).
Estudios convencionales y com bandeo C. Physis (Buenos Aires) 42:83-90.
Virkki N (1983) Banding of Oedionychina (Coleoptera: Alticinae) chromosomes: C- and Ag-
bands. J. Agric. Univ. P. R. 67: 221-255.
Virkki N (1988) The sex chromosomes of Disonychina (Coleoptera, Alticinae): Xy+ nX
systems. Cytobios 53: 43-55.
Vitturi R, Colomba MS, Barbieri R, Zunino M (1999) Ribosomal DNA location in the scarab
beetle Thorectes intermedius (Costa) (Coleoptera: Geotrupidae) using banding and
fluorescent in-situ hybridization. Chrom. Res. 7:255-260.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
87
Vitturi R, Colomba MS, Volpe N, Lannino A, Zunino M (2003) Evidence for male X0 sex-
chromosome system in Pentodon bidens punctatum (Coleoptera: Scarabaeoidea:
Scarabaeidae) with X-linked 18S-28S clusters. Genes Genet. Syst. 78:427-432.
White MJD (1973) Animal cytology and evolution. Third edition. Cambridge University.
London, 961pp.
Wilson CJ, Angus RB (2005) A chromosomal analysis of 21 species of Oniticellini and
Onthophagini (Coleoptera: Scarabaeidae). Tijdschrift voor Entomologie 148: 63-76.
Yadav JS, Pillai RK (1979) Evolution of karyotypes and phylogenetic relationships in
Scarabaeidae (Coleoptera). Zool Anz Jena 202:105-118.
Yadav JS, Pillai RK, Karamjeet (1979) Chromosome numbers of Scarabaeidae (Polyphaga:
Coleoptera). The Coleopterists Bulletin 33(3):309-318.
Yadav JS, Pillai RK, Yadav AS (1990) Karyotypic study of some scarab beetles with
comments on phylogeny (Coleoptera: Scarabaeoidea). Elytron 4:41-51.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
92
5. Conclusões
1. O número cromossômico 2n=20 e a ocorrência de cromossomos meta-
submetacêntricos observados em Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer, C. (C.)
cyanescens coincidiu com o padrão comum para a família Scarabaeidae;
2. O mecanismo sexual XY, observado em C. (M.) ensifer possivelmente se originou a
partir da fusão entre um bivalente autossômico e os sexuais, seguida pela fissão de um
outro par autossômico;
3. O mecanismo sexual do tipo XYp observado em C. (C.) cyanescens representa uma
variação do mecanismo sexual Xyp, no qual o cromossomo Y possui tamanho similar
ao X, provavelmente originado a partir de rearranjos cromossômicos;
4. Coprophanaeus (M.) ensifer e C. (C.) cyanescens apresentaram cromossomos
difásicos, com braços autossômicos inteiramente heterocromáticos, diferindo do
padrão pericentromérico comumente observado em Scarabaeidae;
5. A marcação CMA3 positiva restrita ao bivalente sexual de C. (C.) cyanescens difere
dos padrões descritos para Scarabaeidae e reforça a ampla heterogeneidade observada
nos representantes desta família;
6. A coloração com AgNO3 não foi eficiente para a identificação dos cromossomos
portadores de RONs. Contudo, revelou afinidade pelas regiões heterocromáticas nas
duas espécies analisadas;
7. Os diferentes padrões observados com a utilização do bandeamento C, coloração
AgNO3 e fluorocromos base específicos sugerem a presença de uma heterocromatina
heterogênea em C. (M.) ensifer e C. (C.) cyanescens;
8. Coprophanaeus (C.) cyanescens apresentou sítios de RNAr revelados pela FISH na
região telomérica de três bivalentes autossômicos, diferindo da maioria dos
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
93
representantes de Scarabaeidae, nos quais a ocorrência de uma ou duas RONs tem sido
a condição mais freqüente;
9. Coprophanaeus (M.) ensifer apresentou o maior número de cromossomos portadores
de RONs descrito para Coleoptera e a variação no tamanho do sinal de hibridização
decorre possivelmente de diferentes repetições no número de sítios de DNAr.
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
94
6. Abstract
The chromosomes of Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer and C. (Coprophanaeus)
cyanescens were studied using conventional staining, C-banding, staining with silver nitrate
(AgNO3), base specific fluorochromes and FISH. The species presented symmetrical
karyotype, diploid number of 2n=20 and meta-submetacentric morphology. The species C.
(M.) ensifer and C. (C.) cyanescens showed, respectively, sexual mechanisms of the type XY
and XYp. The analysis of the distribution of constitutive heterochromatin (CH) in the two
species revealed diphasic chromosomes corresponding to the long arms of the autosomal
bivalents. In addition, C. (M.) ensifer showed pericentromeric blocks in three autosomal
bivalents and in the X, telomeric block in the pair 9 and Y almost totally heterochromatic. C.
(C.) cyanescens presented X chromosome almost completely heterochromatic and Y with
small pericentromeric block. The staining CMA3/DA/DAPI evidenced heterochromatic blocks
CMA3 positive in the sexual bivalent of C. (C.) cyanescens, while in C. (M.) ensifer
pericentromeric blocks CMA3+ were visualized in all the autosomes and in the X, and
interstitial in three autosomal bivalents. The DAPI staining was uniform in the two species.
The staining with AgNO3 was inefficient for detection of chromosomes bearers of NORs,
however, showed affinity for the CH. FISH evidenced sites of DNAr in the telomeric
autosomal area of three bivalents of C. (C.) cyanescens, and in seven autosomal bivalents and
in the X of C. (M.) ensifer. The karyotypic differences and similarities found in the two
species are discussed and compared with data described for other Coleoptera species.
Key-words: Coprophanaeus, heterochromatin, NOR, FISH
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
95
7. Anexos
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
96
7.1. Anexo I Instruções para autores
Revista Genetica
ISSN 1573-6857
Dordrecht, Holanda
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
97
Instructions for Authors Genetica Online Manuscript Submission Springer now offers authors, editors and reviewers of Genetica the option of using our fully web-enabled online manuscript submission and review system. To keep the review time as short as possible (no postal delays!), we encourage authors to submit manuscripts online to the journal‘s editorial office. Our online manuscript submission and review system offers authors the option to track the progress of the review process of manuscripts in real time. The online manuscript submission and review system for Genetica offers easy and straightforward log-in and submission procedures. This system supports a wide range of submission file formats: for manuscripts - Word, WordPerfect, RTF, TXT and LaTex; for figures - TIFF, GIF, JPEG, EPS, PPT, and Postscript. NOTE:
By using the online manuscript submission and review system, it is NOT necessary to submit the manuscript also in printout + disk. In case you encounter any difficulties while submitting your manuscript on line, please get in touch with the responsible Editorial Assistant by clicking on “CONTACT US” from the tool bar.
Manuscripts should be submitted to: http://gene.edmgr.com Electronic Figures You should supply the electronic versions of your figures. We prefer figures in TIFF, EPS, PS, PDF and Microsoft® Office format. Be aware that we may not be able to use other file formats and that the hard copy may be scanned instead. For vector graphics, EPS is the preferred format. For bitmapped graphics, TIFF is the preferred format. The following resolutions are optimal: line figures − 600 − 1200 dpi; photographs − 300 dpi; screen dumps − leave as is. Colour figures can be submitted in the RGB colour system. Font−related problems can be avoided by using standard fonts such as Times Roman, Courier and Helvetica. Figures should be saved in separate files. The figure legends should be included in the text file. Language We appreciate any efforts that you make to ensure that the language is corrected before submission. This will greatly improve the legibility of your paper if English is not your first language. Manuscript Presentation The journal‘s language is English. British English or American English spelling and terminology may be used, but either one should be followed consistently throughout the article British English (American English) spelling and terminology should be used consistently throughout the article. Manuscripts should be printed or typewritten on A4 or US Letter bond paper, one side only, leaving adequate margins on all sides to allow reviewers‘ remarks. Please double−space all material, including notes and references. Quotations of more
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
98
than 40 words should be set off clearly, either by indenting the left−hand margin or by using a smaller typeface. Use double quotation marks for direct quotations and single quotation marks for quotations within quotations and for words or phrases used in a special sense. Number the pages consecutively with the first page containing: Title page
The title page should list in order: the title of the manuscript; the authors names and their institutional affiliations with concise addresses; the name, address, telephone and fax numbers, and E−mail address.
Abstract
The abstract should consist of a single paragraph of approximately 200 words which summarizes the subject. References should not be cited in the abstract.
Key words
Please provide 5 to 10 key words or short phrases in alphabetical order. Abbreviations
Abbreviations and their explanations should be collected in a list. Text
Four levels of headings should be used in the text. The first level should be bold−faced, freestanding and positioned flush to the left margin. This heading level should be reserved for blocks or text that constitute a major fraction of the article (e.g. Materials and methods). The second level of headings should be italics, freestanding, flush left. This heading level is used to group two or more closely related third−level heads in long−papers. The third level headings is the most frequently used subhead. It is italics, flush left with no white line underneath and is used to initiate the first paragraph of a sub−topic. The fourth level heading is paragraph−initiating italic followed by a colon. Desired location of tables and figures should be indicated in the margins. Text citations with three or fewer authors should include all names while those with four or more authors should cite the first author and et al. Only articles that are published or in press should be cited. Citations of personal communications or unpublished results should list all names and initials. Numbers of ten or less should be written in full unless part of a date, a fraction or decimal, a percent or a unit of measurement.
Taxonomic names
Taxonomic names of genera and lower taxa should be italicized. Authors are requested to mention the authorities of any taxa named in the articles.
Appendices
This section should be reserved for large bodies of data of mathematical derivations that would disrupt the main text.
Cross−Referencing
In the text, a reference identified by means of an author‘s name should be followed by the date of the reference in parentheses and page number(s) where appropriate. When there are more than two authors, only the first author‘s name should be mentioned, followed by
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
99
‘et al.‘. In the event that an author cited has had two or more works published during the same year, the reference, both in the text and in the reference list, should be identified by a lower case letter like ‘a‘ and ‘b‘ after the date to distinguish the works. Examples: Winograd (1986, p. 204) (Winograd , 1986a, b) (Winograd, 1986; Flores et al., 1988) (Bullen, Beauchamp & Bennett, 1990)
Acknowledgements
Acknowledgements of people, grants, funds, etc. should be placed in a separate section before the References.
References 1. Journal article: Smith J, Jones M Jr, Houghton L et al (1999) Future of health insurance. N Engl J Med 965:325–329 2. Inclusion of issue number (optional): Saunders DS (1976) The biological clock of insects. Sci Am 234(2):114–121 3. Journal issue with issue editor: Smith J (ed) (1998) Rodent genes. Mod Genomics J 14(6):126–233 4. Journal issue with no issue editor: Mod Genomics J (1998) Rodent genes. Mod Genomics J 14(6):126–233 5. Book chapter: Brown B, Aaron M (2001) The politics of nature. In: Smith J (ed) The rise of modern genomics, 3rd edn. Wiley, New York 6. Book, authored: South J, Blass B (2001) The future of modern genomics. Blackwell, London 7. Book, edited: Smith J, Brown B (eds) (2001) The demise of modern genomics. Blackwell, London 8. Chapter in a book in a series without volume titles: Schmidt H (1989) Testing results. In: Hutzinger O (ed) Handbook of environmental chemistry, vol 2E. Springer, Berlin Heidelberg New York, p 111 9. Chapter in a book in a series with volume title: Smith SE (1976) Neuromuscular blocking drugs in man. In: Zaimis E (ed) Neuromuscular junction. Handbook of experimental pharmacology, vol 42. Springer, Berlin Heidelberg New York, pp593–660 10. Proceedings as a book (in a series and subseries): Zowghi D et al (1996) A framework for reasoning about requirements in evolution. In: Foo N, Goebel R (eds) PRICAI'96: topics in artificial intelligence. 4th Pacific Rim conference on
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
100
artificial intelligence, Cairns, August 1996. Lecture notes in computer science (Lecture notes in artificial intelligence), vol 1114. Springer, Berlin Heidelberg New York, p 157 11. Proceedings with an editor (without a publisher): Aaron M (1999) The future of genomics. In: Williams H (ed) Proceedings of the genomic researchers, Boston, 1999 12. Proceedings without an editor (without a publisher): Chung S-T, Morris RL (1978) Isolation and characterization of plasmid deoxyribonucleic acid from Streptomyces fradiae. In: Abstracts of the 3rd international symposium on the genetics of industrial microorganisms, University of Wisconsin, Madison, 4–9 June 1978 13. Paper presented at a conference: Chung S-T, Morris RL (1978) Isolation and characterization of plasmid deoxyribonucleic acid from Streptomyces fradiae. Paper presented at the 3rd international symposium on the genetics of industrial microorganisms, University of Wisconsin, Madison, 4–9 June 1978 14. Patent: Name and date of patent are optional Norman LO (1998) Lightning rods. US Patent 4,379,752, 9 Sept 1998 15. Dissertation: Trent JW (1975) Experimental acute renal failure. Dissertation, University of California 16. Institutional author (book): International Anatomical Nomenclature Committee (1966) Nomina anatomica. Excerpta Medica, Amsterdam 17. Non-English publication cited in an English publication: Wolf GH, Lehman P-F (1976) Atlas der Anatomie, vol 4/3, 4th edn. Fischer, Berlin. [NB: Use the language of the primary document, not that of the reference for "vol" etc.!] 18. Non-Latin alphabet publication: The English translation is optional. Marikhin VY, Myasnikova LP (1977) Nadmolekulyarnaya struktura polimerov (The supramolecular structure of polymers). Khimiya, Leningrad 19. Published and In press articles with or without DOI: 19.1 In press Wilson M et al (2006) References. In: Wilson M (ed) Style manual. Springer, Berlin Heidelberg New York (in press) 19.2. Article by DOI (with page numbers) Slifka MK, Whitton JL (2000) Clinical implications of dysregulated cytokine production. J Mol Med 78:74–80. DOI 10.1007/s001090000086 19.3. Article by DOI (before issue publication with page numbers) Slifka MK, Whitton JL (2000) Clinical implications of dysregulated cytokine production. J Mol Med (in press). DOI 10.1007/s001090000086 19.4. Article in electronic journal by DOI (no paginated version)
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
101
Slifka MK, Whitton JL (2000) Clinical implications of dysregulated cytokine production. Dig J Mol Med. DOI 10.1007/s801090000086 20. Internet publication/Online document Doe J (1999) Title of subordinate document. In: The dictionary of substances and their effects. Royal Society of Chemistry.Available via DIALOG. http://www.rsc.org/dose/title of subordinate document. Cited 15 Jan 1999 20.1. Online database Healthwise Knowledgebase (1998) US Pharmacopeia, Rockville. http://www.healthwise.org. Cited 21 Sept 1998 Supplementary material/private homepage Doe J (2000) Title of supplementary material. http://www.privatehomepage.com. Cited 22 Feb 2000 University site Doe J (1999) Title of preprint. http://www.uni-heidelberg.de/mydata.html. Cited 25 Dec 1999 FTP site Doe J (1999) Trivial HTTP, RFC2169. ftp://ftp.isi.edu/in-notes/rfc2169.txt. Cited 12 Nov 1999 Organization site ISSN International Centre (1999) Global ISSN database. http://www.issn.org. Cited 20 Feb 2000 Figures
All photographs, graphs and diagrams should be referred to as a 'Figure' and they should be numbered consecutively (1, 2, etc.). Multi−part figures ought to be labeled with lower case letters (a, b, etc.). Please insert keys and scale bars directly in the figures. Relatively small text and great variation in text sizes within figures should be avoided as figures are often reduced in size. Figures may be sized to fit approximately within the column(s) of the journal. Provide a detailed legend (without abbreviations) to each figure, refer to the figure in the text and note its approximate location in the margin. Please place the legends in the manuscript after the references.
Tables
Each table should be numbered consecutively (1, 2, etc.). In tables, footnotes are preferable to long explanatory material in either the heading or body of the table. Such explanatory footnotes, identified by superscript letters, should be placed immediately below the table. Please provide a caption (without abbreviations) to each table, refer to the table in the text and note its approximate location in the margin. Finally, please place the tables after the figure legends in the manuscript.
Proofs Proofs will be sent to the corresponding author by e−mail (if no e−mail address is available or appears to be out of order, proofs will be sent by regular mail). Your response, with or without corrections, should be sent within 72 hours. Please do not make any changes to the PDF file. Minor corrections (+/− 10) should be sent as an e−mail attachment to:
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
102
proofscorrection@springer.com
Always quote the four−letter journal code and article number and the DO No. from your proof in the subject field of your e−mail. Extensive corrections must be clearly marked on a printout of the PDF file and should be sent by first−class mail (airmail overseas). Offprints 50 offprints of each article will be provided free of charge. Additional offprints (both hard copies and PDF files) can be ordered by means of an offprint order form supplied with the proofs. Page Charges and Colour Figures No page charges are levied on authors or their institutions except for colour pages. Up to two (2) colour pages (irrespective of the number of individual figures on them) will be published free of charge if the Editor and Referees consider this essential. Additional colour pages will be charged accordingly. Copyright Authors will be asked, upon acceptance of an article, to transfer copyright of the article to the Publisher. This will ensure the widest possible dissemination of information under copyright laws. Permissions It is the responsibility of the author to obtain written permission for a quotation from unpublished material, or for all quotations in excess of 250 words in one extract or 500 words in total from any work still in copyright, and for the reprinting of figures, tables or poems from unpublished or copyrighted material. Springer Open Choice In addition to the normal publication process (whereby an article is submitted to the journal and access to that article is granted to customers who have purchased a subscription), Springer now provides an alternative publishing option: Springer Open Choice. A Springer Open Choice article receives all the benefits of a regular subscription−based article, but in addition is made available publicly through Springers online platform SpringerLink. To publish via Springer Open Choice, upon acceptance please click on the link below to complete the relevant order form and provide the required payment information. Payment must be received in full before publication or articles will publish as regular subscription−model articles. We regret that Springer Open Choice cannot be ordered for published articles. www.springer.com/openchoice Additional Information Additional information can be obtained from: Genetica Springer Van Godewijckstraat 30 P.O. Box 17 3300 AA Dordrecht The Netherlands
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
103
Fax: 00 31 78 6576377 http://www.springer.com
Oliveira, S.G. Análise cromossômica comparativa de duas espécies de Coprophanaeus...
104
7.2. Anexo II
Fotografias de espécimes machos do gênero Coprophanaeus analisadas citogeneticamente neste trabalho. a) Coprophanaeus (Megaphanaeus) ensifer e b) Coprophanaeus (Coprophanaeus) cyanescens. Barra = 0,5
Recommended