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apostila nocões ambiental
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CAPACITAÇÃO EM GESTÃO FLORESTAL
MÓDULO II: NOÇÕES GERAIS SOBRE LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Profº Edir Santana Pereira de Queiroz Filho, MSc Política, Planejamento, Economia e Legislação Florestal
2
S U M Á R I O
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 3
2 DEFINIÇÕES ................................................................................................................... 4
2.1 DIREITO AMBIENTAL.................................................................................................. 4
2.2 NORMAS LEGAIS ......................................................................................................... 5
3 A AMAZÔNIA ................................................................................................................ 11
3.1 A AMAZÔNIA INTERNACIONAL: PANAMERICANA............................................. 11
3.2 AMAZÔNIA LEGAL: RECURSOS .............................................................................. 12
3.2.1 Mapa Integrado dos Estados da Amazônia Legal .................................................... 13
3.2.2 Zoneamento Ecológico econômico dos Estados da Amazônia Legal ....................... 14
4 POLÍTICA PARA O DESENVOLVIMENTO FLORESTAL ...................................... 14
4.1 TERMOS USUAIS NO DESENVOLVIMENTO........................................................... 14
4.2 CIDADANIA E MEIO AMBIENTE .............................................................................. 15
4.3 FUNDAMENTOS DAS POLÍTICAS FLORESTAIS DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL ................................................................................................................. 16
4.3.1 Política Estadual de Extrativismo ............................................................................. 17
4.3.2 Política Nacional De Manejo Florestal Comunitário e Familiar ............................. 20
5 MARCOS LEGISLATIVOS AMBIENTAIS/FLORESTAIS ....................................... 23
5.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL - 1988 ............................................................................. 23
5.2 CÓDIGO FLORESTAL ................................................................................................. 24
5.3 CRIMES AMBIENTAIS................................................................................................ 34
5.4 GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS ....................................................................... 47
6 INSTRUMENTOS DA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .................. 74
6.1 ESTATUTO DA TERRA ............................................................................................... 74
6.2 POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE ........................................................ 112
6.3 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ................................ 134
7 ESTRATÉGIA PARA FORMULAÇÃO DE GESTÃO FLORESTAL ...................... 149
8 BIBLIOGRAFIA........................................................................................................... 150
3
1 INTRODUÇÃO
A Amazônia é, hoje, uma das últimas fronteiras de expansão do conhecimento e de
atrações de investimentos e de capitais externos. É uma região multicultural composto por
ecossistemas diversificados, situado na maior bacia hidrográfica do planeta e com vastas
possibilidades econômicas, para o estabelecimento de cadeias produtivas florestais, agrícolas,
pecuárias, minerais e outros
O aproveitamento da biodiversidade, com o desenvolvimento agrossilvopastoril capaz
de gerar excedentes e reduzir dependências a importação de produtos entre regiões, lhe
confere amplas condições de implantar uma POLÍTICA FLORESTAL DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL para a exploração de suas riquezas naturais em
favor das populações correntes, visando efetivamente diminuir as desigualdades sociais
através do combate a pobreza e a fome.
Em consonância com os anseios populares de mudanças profundas no atual quadro político,
econômico e social.
O modelo econômico vigente caracterizou-se pelo privilégio dos interesses do grande
capital, com reflexos perversos na concentração da renda, da terra, e demais meios de
produção.
O desenvolvimento sustentável da Amazônia é uma questão central diante da
necessidade de se estudar, discutir e formular a política florestal da Amazônia, a qual
estabelecerá a participação da sociedade aproximar-se do uso dos recursos naturais e sua
repercussão para o futuro da humanidade e das populações regionais.
No Brasil a Constituição Federal – CF/1988 em seu Art. 225 estabelece que a
FLORESTA AMAZÔNICA É PATRIMÔNIO NACIONAL, e sua utilização deve ser na
forma de leis, que assegurem a proteção do meio ambiente através da preservação e
conservação ambiental.
Desta forma, para se promover a Política florestal de Desenvolvimento Sustentável da
Amazônia é necessário se valorizar o progresso social, econômico e minimizar os riscos de
impacto ao meio ambiente,
Por tanto, defendo que o desenvolvimento para a Amazônia deve ser estudada através
de se discutir com visão do futuro da vida na Amazônia, no Brasil e no Mundo pelos agentes
de inovação e gestão florestal para suprir a escassez de recursos humanos com sistematização,
propostas e projetos florestais na Amazônia.
4
2 DEFINIÇÕES
2.1 DIREITO AMBIENTAL
"O conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos organicamente estruturados
para assegurar um comportamento que não atente contra a sanidade mínima do meio
ambiente." (Sérgio Ferraz).
"Conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos sistematizados e informados por
princípios apropriados que tenham por fim a disciplina do comportamento relacionado
ao meio ambiente" (Diogo Figueiredo Moreira Neto).
"Conjunto de normas e princípios editados objetivando a manutenção do perfeito
equilíbrio nas relações do homem com o meio ambiente" (Tycho Brahe Fernando
Neto)
"Conjunto de princípios e regras destinados à proteção do meio ambiente,
compreendendo medidas administrativas e judiciais, com a reparação econômica e
financeira dos danos causados ao meio ambiente e aos ecossistemas de uma maneira
geral.” (Carlos Gomes de Carvalho).
"O Direito do Ambiente é um direito à conservação do meio ambiente" (Alexandre
Kiss) – Crítica específica quanto a esta definição: A palavra conservação associa-se à
utilização racional; pode-se dizer, hoje, que sua expressão mais atual é o
desenvolvimento sustentável. Em contraposição à conservação, existe a preservação,
imbuída do caráter de intocabilidade, ou seja, deixar o recurso ambiental íntegro, sem
exploração.
"O Direito Ambiental é um conjunto de normas e institutos jurídicos pertencentes a
vários ramos do direito reunidos por sua função instrumental para a disciplina do
comportamento humano em relação ao meio ambiente." (Toshio Mukai). Crítica
Específica a esta definição: sob certa ótica, a definição nega a autonomia do direito
ambiental. Este tem objeto próprio (o meio ambiente), institutos e metodologia
própria, como também, princípios próprios, bem definidos, de sorte que tratá-lo como
institutos jurídicos pertencentes a vários ramos do direito, sugerem uma minimização
deste ramo dos "novos direitos".
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2.2 NORMAS LEGAIS
Agroecologia: enfoque científico destinado a apoiar a transição de modelos de
desenvolvimento rural e da agricultura convencionais para estilos de desenvolvimento
rural e da agricultura familiar sustentáveis (CAPORAL & COSTABEBER, 2000;
2001; 2002). Constitui-se em um enfoque teórico e metodológico que, lançando mão
de diversas disciplinas científicas, pretende estudar a atividade agrária sob uma
perspectiva ecológica. A partir de um enfoque sistêmico adota o agroecossistema
como unidade de análise, tendo como propósito, em última instância, proporcionar as
bases científicas (princípios, conceitos e metodologias) para apoiar o processo de
transição do atual modelo de agricultura convencional para estilos de agricultura
sustentáveis. Mais do que uma disciplina específica, constitui-se um campo de
conhecimento que reúne várias “reflexões teóricas e avanços científicos, oriundos de
distintas disciplinas que têm contribuído para conformar o seu atual corpus teórico e
metodológico (CASADO et al., 2000). Por outro lado, como ensina GLIESSMAN
(2000), o enfoque agroecológico pode ser definido como “a aplicação dos princípios e
conceitos da Ecologia no manejo e desenho de agroecossistemas sustentáveis, num
horizonte temporal, partindo do conhecimento local que, integrado ao conhecimento
científico, dará lugar à construção e expansão de novos saberes socioambientais,
alimentando assim, permanentemente, o processo de transição agroecológica. Desta
forma, a Agroecologia trata de uma orientação que vai além de aspectos tecnológicos
ou agronômicos de produção, incorporando dimensões mais amplas e complexas, que
incluem tanto variáveis econômicas, sociais e ambientais, como variáveis culturais,
políticas e éticas da sustentabilidade (CAPORAL & COSTABEBER, 2003; 2004).
(Conceito retirado da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural –
PNATER, 2008, p. 23)
Agroecossistemas: segundo HART (1980), citado por OLIVEIRA (2005), os
agroecossistemas são ecossistemas que possuem, pelo menos, uma população agrícola.
São diferenciados dos ecossistemas naturais, pois podem ser regulados pela
intervenção humana na busca de um propósito, sendo assim considerados unidade de
trabalho. São de três tipos principais: os que possuem somente culturas; os que
possuem subsistema animal; e os que possuem subsistemas animal e vegetal. Há ainda
alguns tipos de agroecossistemas, como os aquáticos, os florestais, os agroflorestais,
os silvipastorais e os agrossilvipastorais.
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Ambiente: "Conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos no
interior da biosfera, incluindo clima, solo, recursos hídricos e outros organismos."
Antrópico: “relativo à humanidade, à sociedade humana, à ação do homem. Em
sentido restrito, diz-se dos impactos, no meio ambiente, gerados por ações do
homem."
Área de Preservação Permanente (APP): área protegida, coberta ou não por vegetação
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Tais áreas estão indicadas nos
artigos 2º e 3º da Lei 4.771/65 (Código Florestal), tendo como exemplos: ao longo dos
rios ou qualquer curso d’água, com largura mínima definidas pelo artigo 2º da citada
Lei; ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; nas
nascentes, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros; no topo de morros, montes,
montanhas e serras; nas encostas com declividade superior a 45º; etc. Para definição
dos parâmetros de demarcação das APPs, observar as disposições da Resolução
CONAMA nº 303 de 20 de março de 2002.
Área de Preservação Permanente: Área protegida nos termos do Código Florestal,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico da
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas"
Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária (ATES): conjunto de
técnicas e métodos, constitutivos de um processo educativo, de natureza solidária,
continuada, pública e gratuita, voltadas à promoção da igualdade entre homens e
mulheres, construção do conhecimento e das ações direcionadas à melhoria da
qualidade de vida das famílias assentadas nos projetos de reforma agrária, tomando
por base a qualificação das pessoas, das comunidades e de suas organizações, visando
a sua promoção em termos ambientais, econômicos, sociais e culturais, no âmbito
local, territorial e regional, dentro do que enseja o conceito de desenvolvimento rural
sustentável.
Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER): é um processo educativo, que adota as
metodologias participativas, e que se orienta pelos princípios da Agroecologia,
visando a implementação de estratégias de desenvolvimento ambientalmente
sustentável, economicamente viável, sócio-culturalmente aceitável e que respeitem as
diversidades existentes no país visando a universalização do conhecimento no campo,
7
o resgate da cidadania, a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida da
população, com estímulo à produção de alimentos sadios e de melhor qualidade
biológica.
Assoreamento: Processo de sedimentação do solo geralmente causada pelo
carreamento da terra superficial, em virtude de algum processo erosivo.
Averbação: a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de
matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada à alteração de
sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de
retificação de área, com as exceções previstas na Lei nº 4.771/65 – Código Florestal.
A averbação da reserva legal do pequeno estabelecimento ou posse rural familiar é
gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário.
Biocenose: "é um conjunto de populações animais ou vegetais, ou de ambos, que
vivem em determinado local. Constitui a parte de organismos vivos de um
ecossistema."
Bioma: Amplo conjunto de ecossistemas terrestres, caracterizados por tipos
fisionômicos semelhantes de vegetação com diferentes tipos climáticos.
Biosfera: Sistema integrado de organismos vivos e seus suportes, compreendendo o
envelope periférico do planeta Terra com a atmosfera circundante, estendendo-se para
cima e para baixo até onde existe naturalmente qualquer forma de vida.
Biota: Conjunto de seres vivos que habitam um determinado ambiente ecológico, em
estreita correspondência com as características físicas, químicas e biológicas deste
ambiente. Também pode ser definido como: Conjunto de seres vivos de um
ecossistema.
CITES: Convenção Internacional sobre o Comércio de Espécies Ameaçadas de
Extinção. Tratado assinado por cerca de 80 países, desde l973, proibindo o comércio
internacional de 600 espécies mais raras de plantas e animais, e exigindo uma licença
do país de origem para a exportação de 200 outras espécies.
Código Florestal: Lei nº 4.771, de 15/09/1965
Conservação "in situ": "Conservação de ecossistema e habitats naturais e a
manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais
e, no caso de espécies domesticadas ou cultivas, nos meios onde tenham desenvolvido
suas propriedades características."
Constituição Federal – 1988/Art. 225
8
Degradação da Qualidade Ambiental: "a alteração adversa das características do meio
ambiente"
Efluente: Qualquer tipo de água, ou líquido, que flui de um sistema de coleta, de
transporte, como tubulações, canais, reservatórios, elevatórias, de um sistema de
tratamento ou disposição final, com estações de tratamento e corpos d’água.
Fauna: Conjunto de animais que vivem em um determinado ambiente, região ou
época. A existência e conservação da fauna estão vinculadas à conservação dos
respectivos habitats.
Flora: a totalidade das espécies vegetais que compreende a vegetação de uma
determinada região, em qualquer expressão de importância individual.
Função Social do Estabelecimento Rural: o estabelecimento rural cumpre com a sua
função social quando se torna produtiva sem agredir o meio ambiente e respeitando as
relações de trabalho. Segundo a Constituição Federal/88, em seu artigo 186, cumpre
sua função social o estabelecimento que atenda os seguintes requisitos: a)
aproveitamento racional e adequado, b) utilização adequada dos recursos naturais
disponíveis e preservação do meio ambiente, c) observância das disposições que
regulam as relações de trabalho e d) exploração que favoreça o bem-estar dos
proprietários e trabalhadores.
Gerenciamento costeiro: é uma aplicação do zoneamento ambiental com normas
específicas para compatibilizar as atividades econômicas com a preservação ou
recuperação das características ambientais nas zonas costeiras. A Constituição Federal
considera a zona costeira e seus ecossistemas como patrimônio nacional.
Gestão Florestal: Lei nº 11.284, de 02/03/2006
Habitat: o lugar onde um animal ou uma planta vive normalmente, muitas vezes
caracterizado por uma forma vegetal ou características físicas dominante.
Ictiofauna: Totalidade das espécies de peixe de uma dada região.
Lei de Crimes Ambientais nº 9.605, de 12/12/1998
Localização da Reserva Legal: a área de reserva legal deve ser escolhida pelo
proprietário e ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante
convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada,
devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social do
estabelecimento, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: o plano de
bacia hidrográfica; o plano diretor municipal; o zoneamento ecológico-econômico;
outras categorias de zoneamento ambiental e a proximidade com outra reserva legal,
9
área de preservação permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente
protegida.
Manejo Florestal Sustentável de Uso Múltiplo: é um conjunto de técnicas operacionais
que implica na administração do recurso natural para a obtenção de benefícios
econômicos, sociais e ambientais, respeitando os mecanismos de sustentação do
ecossistema objeto do manejo e considerando cumulativa ou alternativamente a
utilização de diversas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não
madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal.
Ele, portanto, deve seguir 3 premissas: ser economicamente viável, ecologicamente
correto e socialmente justo.
Mata ciliar: mata estreita existente à beira dos rios.
Meio Ambiente: "o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas"
Poluição: "A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente: a)- prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar de população; b)-
criam condições adversas às atividades sociais e econômicas; c)- afetem
desfavoravelmente a biota; d)- afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente; d)- lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos."
Poluidor: "a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental."
Predador: Um animal (raramente uma planta) que mata e como animais.
Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF): o PNCF é uma ação complementar
às ações de reforma agrária, pois institui um mecanismo de acesso à terra, que
contribui para a ampliação e a consolidação da agricultura familiar, permite incorporar
a este universo as áreas não passíveis de desapropriação por interesse social, em
particular, as áreas produtivas e inferiores a 15 módulos fiscais.
Recuperação De Áreas Degradadas: técnicas de caráter vegetativo, edáfico e
mecânico, utilizadas para recompor solos danificados e pobres em nutrientes,
protegendo o solo contra a erosão, evitando a formação de sulcos e voçorocas que
secam o solo e favorecem a formação de áreas desérticas, assim como práticas para a
recomposição de áreas ciliares que margeiam os corpos d’água, evitando-se o
assoreamento e a perda da quantidade e qualidade dos recursos hídricos.
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Reforma Agrária: conjunto de medidas que visam promover a melhor distribuição da
terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender ao
princípio de justiça social, ao aumento de produtividade e ao cumprimento da função
socioambiental do estabelecimento.
Reserva Legal nos Pequenos Estabelecimentos ou Posse Rural Familiar: para o
cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequeno
estabelecimento ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores
frutíferas, ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em
sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas.
Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
excetuada a de preservação permanente, necessária ou uso sustentável dos recursos
naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da
biodiversidade e ao abrigo de proteção de fauna e flora nativas. Seu tamanho é
determinado por lei e varia conforme a cobertura vegetal e a região do país.
Reserva Legal: é uma área localizada no interior do estabelecimento ou posse rural,
cuja vegetação, seja de florestas ou de outras formas, não pode ser suprimida, podendo
apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, por ser necessária ao
uso sustentável dos recursos naturais, ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas, à
conservação da biodiversidade e reabilitação dos processos ecológicos. A legislação
vigente estabelece um percentual mínimo de 80% de reserva legal, para os
estabelecimentos rurais localizados em áreas de florestas na Amazônia Legal. Para os
estabelecimentos rurais localizados em áreas de Cerrado, o percentual de reserva legal
é de 35%. Nos demais ecossistemas e regiões do país, o percentual de reserva legal é
de 20% do total do estabelecimento. Não fazem parte da área de reserva legal as Áreas
de Preservação Permanente, devendo os proprietários rurais declará-las separadamente
e delas cuidar de acordo com a legislação vigente.
Resolução CONAMA nº 237, de 19/12/1997
Ruderal: Diz-se da vegetação que cresce sobre escombros, em terrenos baldios,etc.
Rupestre: Gravado, traçado ou desenvolvido sobre a rocha. Em biologia, refere-se ao
vegetal que cresce sobre rochedos.
Secretaria de Reordenamento Agrário (SRA): é a Secretaria que no âmbito do
Ministério do Desenvolvimento Agrário detém a atribuição de execução do Programa
Nacional de Crédito Fundiário.
11
Silvicultura: práticas de plantio e manejo de florestas plantadas, da produção das
mudas até a colheita final, para obtenção de matéria-prima para diversos fins, como
papel, celulose, carvão, construção civil, serraria, energia, movelaria, fixação de
carbono, produção de óleos, resinas e frutos, dentre outros.
Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC – Lei nº 9.985, de 18/07/2000
Sistemas Agroflorestais (SAFs): a atividade agroflorestal é uma forma de manejo e
uso dos recursos naturais, representada pelo consórcio de árvores destinadas à
produção e ao corte com o cultivo de lavouras e frutas e a criação de animais,
simultaneamente distribuídos numa mesma área ou em seqüência temporal.
Unidade de Conservação (UC): espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo
as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituída
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. As
categorias de UCs encontrados no país estão dispostos na Lei nº 9.985/2000 (Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC), e se dividem em 2 tipos:
UCs de Proteção Integral e UCs de Uso Sustentável
Xerófita: vegetação adaptada a habitat seco.
3 A AMAZÔNIA
3.1 A AMAZÔNIA INTERNACIONAL: PANAMERICANA
PAÍSES:
Bolívia;
Colômbia:
Equador;
Guiana
Suriname;
Venezuela
12
3.2 AMAZÔNIA LEGAL: RECURSOS
Terra
4.892.000 km²
Solos – quase 60% do Território Nacional Subsolo
Bacia sedimentar Escudos cristalinos
Fonte: SUDAM
Água
Bacia de drenagem
Total: 7,3 x 106 km²
1/5 das reservas mundiais de água doce
19.000 km de rios permanentemente navegáveis
47% do potencial hidrelétrico total brasileiro
Recursos de pesca Marítima
Continental
Desmatamento
Poluição
Propriedade
Floresta
260.000.000 ha
Madeira (mais de 45 bilhões de m³ de madeira em pé) Produtos não madeireiros
Fauna silvestre Serviços Ambientais
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3.2.1 Mapa Integrado dos Estados da Amazônia Legal
Participação:
ESTADOS Km² HABITANTES
ACRE 158.881 680.073
AMAPÁ 142.930 613.164
AMAZONAS 1.601.920 3.393.369
MARANHÃO 335.902 6.305.539
MATO GROSSO 904.895 2.498.634
PARÁ 1.249.576 7.431.020
RONDÔNIA 240.404 1.503.928
RORAIMA 226.232 412.783
TOCANTINS 278.998 1.243.627
TOTAL 5.139.738 24.082.137
Fontes: IBGE 2008/2009 - PRODES (INPE)
14
3.2.2 Zoneamento Ecológico econômico dos Estados da Amazônia Legal
• Áreas com estrutura produtiva
• Áreas à recuperar - reflorestamento
• Áreas Frágeis – proteção de produtos da socio biodiversidade
• Áreas com Manejo Florestal
• Áreas Protegidas Propostas
• Áreas Protegidas Criadas
• Áreas de preservação permanentes
4 POLÍTICA PARA O DESENVOLVIMENTO FLORESTAL
4.1 TERMOS USUAIS NO DESENVOLVIMENTO
CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL: Difere da abordagem econômica tradicional de
crescimento econômico; este último é orientado para a produção, por seu enfoque
sobre o produto interno e limitações na quantidade e qualidade dos fatores de
produção; é uma visão quantitativa. O crescimento sustentável, por sua vez, incorpora
indicadores de Renda Nacional voltada para o bem-estar, o que é uma visão
quantitativa.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: Implica usar os recursos renováveis
naturais de maneira a não degradá-los ou eliminá-los, ou diminuir sua utilidade para as
gerações futuras. Implica usar os recursos naturais não renováveis de maneira tal que
não necessariamente se destrua o acesso a eles pelas gerações futuras. O
desenvolvimento é que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer as
habilidades das futuras gerações de satisfazerem suas necessidades.
MANEJO: Conjunto de intervenções que promovam a conservação biológica,
incluindo inventários, planejamento de usos, criação e implantação de unidades de
conservação e ações que permitam a manutenção da integridade dos ecossistemas.
MEIO AMBIENTE: É uma área de conhecimento considerada como multidisciplinar.
Em seu corpo as ações forma-se com base no conhecimento das outras ciências. Pode
ser dividido em seis aspectos: ar; água; solo e subsolo; fauna; flora e paisagem.
-Madeira
- Óleos
-Frutos/alimentos
- Sementes
-Medicinais
-Outros
15
POLÍTICA: Conjunto de princípios, objetivos, diretrizes, estratégias e instrumentos
que servem de base ao planejamento do desenvolvimento sustentável e expressam os
limites das atividades do governo, baseada no conjunto do desejo da sociedade
visando garantir a vida no ambiente.
LEGISLAÇÃO: É a ciência das Leis, que é o conjunto de leis acerca de determinada
matéria de um Estado, obrigado apoiar o aprovado pela sociedade
4.2 CIDADANIA E MEIO AMBIENTE
Mudar atitudes
Preservar a vida Buscar alternativas
Refletir Postura crítica
Questionar
CIDADANIA, TÃO NECESSÁRIA PARA A CONSTRUÇÃO DE UM
MUNDO MELHOR
16
4.3 FUNDAMENTOS DAS POLÍTICAS FLORESTAIS DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
INSTRUMENTOS LEGAIS
INSTRUMENTOS ECONÔMICOS
INSTRUMENTOS ADMINISTRATIVOS
BASE TÉCNICA
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4.3.1 Política Estadual de Extrativismo
DECRETO Nº 1.001, DE 29 de maio de 2008
(DOE 30/05/2008)
Institui a Política Estadual de Desenvolvimento do
Extrativismo no Pará.
A GOVERNADORA DO ESTADO DO PARÁ, no uso das atribuições que lhe são conferidas
pelo art. 135, inciso V, da Constituição Estadual, e
Considerando, a demanda dos extrativistas do Pará, no sentido de elaborar uma proposta de
política de desenvolvimento da economia extrativista adequada à realidade regional,
respeitando suas peculiaridades;
Considerando, que foi instituído um grupo de trabalho, através do Decreto nº 370, de 23 de
agosto de 2007, com o objetivo de elaborar a política de desenvolvimento da economia
extrativista no Pará;
Considerando, os resultados do Seminário Estadual de Extrativismo e Populações
Tradicionais;
Considerando, as orientações da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos
e Comunidades Tradicionais, instituída pelo Decreto Nacional nº 6.040, de 7 de fevereiro de
2007,
D E C R E T A:
Art. 1º Fica instituída a Política Estadual de Extrativismo no Pará, na forma do Anexo deste
Decreto.
Art. 2º Para os fins deste Decreto e do seu Anexo, compreende-se por:
I - Atividade Extrativista Florestal: a coleta, o uso, o beneficiamento e a comercialização de
produtos não-madeireiros originários de recursos florestais, fauna silvestre, recursos
pesqueiros nativos e a prestação de serviços ambientais;
II – Extrativista: toda e qualquer pessoa física que comprove a prática da atividade
extrativista, por meio de documento pessoal ou de organização representativa, desde que
reconhecidos pela Delegacia Regional do Trabalho;
III - Produtos florestais não-madeireiros: qualquer recurso natural nativo retirado de forma
sustentável da floresta, lagos e rios, excetuando-se a madeira e seus subprodutos;
IV - Serviços ambientais extrativistas: serviços oferecidos pelos ecossistemas e mantidos
pelos extrativistas por meio de atividades sustentáveis (produção de oxigênio e seqüestro de
carbono, belezas cênicas, conservação da biodiversidade, proteção de solos e regulação das
funções hídricas).
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO, 29 de maio de 2008.
ANA JÚLIA CAREPA
Governadora do Estado
18
POLÍTICA ESTADUAL DE EXTRATIVISMO
Dos Princípios
Art. 1º As ações e atividades voltadas para o alcance dos objetivos da Política
Estadual de Extrativismo deverão ocorrer de forma intersetorial, integrada, coordenada,
sistemática e observar os seguintes princípios:
I - o reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural dos
extrativistas;
II - a segurança alimentar e nutricional como direitos tradicionais ao acesso
regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o
acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de
saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e
socialmente sustentáveis;
III - o desenvolvimento sustentável como promoção da melhoria da qualidade de vida para as
gerações presentes, garantindo as mesmas possibilidades para as gerações futuras e
respeitando os seus modos de vida e as suas tradições;
IV - a promoção da descentralização e transversalidade das ações e da ampla participação da
sociedade civil na elaboração, monitoramento e execução desta Política a ser implementada
pelas instâncias governamentais;
V - a articulação com as demais políticas públicas relacionadas aos direitos dos extrativistas
nas diferentes esferas de governo;
VI - a promoção dos meios necessários para a efetiva participação dos extrativistas nas
instâncias de controle social e nos processos decisórios relacionados aos seus direitos e
interesses;
VII - a articulação e integração com o Sistema Estadual de Segurança Alimentar e
Nutricional;
VIII - a contribuição para a formação de uma sensibilização coletiva por parte dos órgãos
públicos sobre a importância dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais, ambientais
e do controle social para a garantia dos direitos dos extrativistas;
IX - a preservação dos direitos culturais, o exercício de práticas comunitárias, a memória
cultural e a identidade racial e étnica.
Do Objetivo-Geral
Art. 2º Política Estadual de Extrativismo tem como principal objetivo promover de forma
integrada o desenvolvimento sustentável da economia extrativista no Estado do Pará, com
ênfase no reconhecimento, fortalecimento e garantia dos direitos territoriais, sociais,
ambientais, econômicos e culturais das comunidades extrativistas, com respeito e valorização
a sua identidade, suas formas de organização e suas instituições.
Dos Objetivos Específicos
Art. 3º São objetivos específicos da Política Estadual de Extrativismo:
I - normatizar o uso dos recursos florestais extrativistas, levando em consideração os aspectos
regionais, socioeconômicos e culturais;
II - apoiar as atividades de uso comunitário e familiar sustentável nas florestas localizadas no
Estado do Pará;
III - instituir a assistência técnica florestal pública para o desenvolvimento de cadeias
produtivas extrativistas com base nos recursos florestais do Estado do Pará;
19
IV - articular, junto aos órgãos afins do Governo Federal, definição de prioridades regionais, a
serem atendidas no âmbito dos programas desenvolvidos no Estado, conforme demandas da
Comissão;
V - estruturar arranjos produtivos locais da economia extrativista, o estudo de suas
potencialidades de uso e acesso a mercados, a estruturação de unidades industriais e apoiar o
fortalecimento da capacidade de gestão de negócios;
VI - promover a capacitação e a qualificação profissional dos extrativistas para a indução de
novas atividades de geração de renda com base no uso de recursos florestais;
VII - articular junto ao Banco do Estado do Pará S.A. a inserção de linhas de crédito de acesso
direto simplificadas e adequadas à realidade das populações extrativistas;
VIII - promover incentivos fiscais para a execução e instalação de empreendimentos
extrativistas em escalas familiar e comunitária, desde que sejam de relevância para o
desenvolvimento econômico local ou regional;
IX - implementar ações de ensino médio e programas de alfabetização e ensino fundamental
de jovens e adultos voltadas aos extrativistas, de acordo com as especificidades das realidades
locais;
X - implementar, no âmbito da ETPP - Escola de Trabalho e Produção do Pará, o ensino
profissionalizante extrativista;
XI - disponibilizar linhas de fomento à pesquisa local diferenciada;
XII - garantir a comunicação e a inclusão digital, em áreas essenciais para o desenvolvimento
da economia extrativista;
XIII - garantir a proteção da propriedade intelectual dos extrativistas;
XIV - promover investimentos em infra-estrutura para o acesso aos locais de produção, para o
funcionamento de plantas de beneficiamento próximas às comunidades, para o
armazenamento e comercialização da produção extrativista;
XV - desenvolver mecanismos para o reconhecimento das atividades extrativistas para o
acesso à seguridade e a benefícios sociais;
XVI - articular ações que viabilizem o atendimento das demandas das comunidades
extrativistas quanto ao acesso à energia elétrica e água potável;
XVII - implementar ações de proteção, recuperação, manutenção e uso das áreas de
manguezais e outras formações florestais de influência marinha;
XVIII - fortalecer as organizações sociais representativas das populações extrativistas;
XIX - formular a política estadual de remuneração por serviços ambientais.
Dos Instrumentos
Art. 4º São instrumentos de implementação da Política Estadual de Extrativismo:
I - a Comissão Estadual de Extrativismo - COMEX, composta pelos membros do Grupo de
Trabalho instituído pelo Decreto nº 370, de 23 de agosto de 2007, acrescidos da Secretaria
Estado de Pesca e Aqüicultura - SEPAq e do Instituto de Terras do Pará - ITERPA;
II - o Plano Plurianual:
a) Pará Florestal;
b) Ciência, Tecnologia e Informação;
c) Desenvolve Pará.
III - o Plano de Ação, compreendendo:
a) a Terra de Direitos;
b) o Campo Cidadão;
c) a Bolsa Trabalho para capacitação para o desenvolvimento de atividades extrativistas de
base florestal.
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Da Implementação
Art. 5º A implementação da Política de Extrativismo requer instância colegiada que busque o
cumprimento dos interesses dessa Política junto ao Governo Estadual, zele pela
descentralização da execução das ações e vise assegurar a participação dos setores
interessados.
§ 1º Fica instituída a Comissão Estadual de Extrativismo - COMEX, que será composta pelos
membros do Grupo de Trabalho, instituído pelo Decreto nº 370, de 23 de agosto de 2007.
§ 2º As atribuições da Comissão serão definidas em regulamento.
Art. 6º A coordenação da Política de Extrativismo caberá ao Instituto de Desenvolvimento
Florestal do Estado do Pará - IDEFLOR, que terá as seguintes atribuições:
I - articular as ações da Política Estadual de Extrativismo junto aos demais setores do governo
e da sociedade;
II - acompanhar e avaliar a execução dos componentes da Política de Extrativismo e elaborar
relatórios de desempenho das atividades da economia extrativista no Pará;
III - articular-se com os demais órgãos públicos e instituições afetos aos temas tratados para a
elaboração e encaminhamento de propostas de criação ou modificação de instrumentos legais
necessários à boa execução da Política de Extrativismo;
IV - promover a integração de políticas setoriais para aumentar a sinergia na implementação
de ações direcionadas à gestão sustentável do extrativismo (conservação, utilização
sustentável e repartição de benefícios), evitando que estas sejam conflituosas;
V - estimular a cooperação interinstitucional e internacional para a melhoria da
implementação das ações de gestão do extrativismo.
4.3.2 Política Nacional De Manejo Florestal Comunitário e Familiar
PRINCÍPIOS
Art. 1º. A Política Nacional de Manejo Florestal Comunitário e Familiar observará os
seguintes princípios:
I. desenvolvimento Sustentável, por meio do uso múltiplo das florestas, com geração de
trabalho e renda e participação dos manejadores florestais comunitários e familiares em todas
as fases da gestão da política pública e dos empreendimentos comunitários;
II. igualdade étnica, de raça, gênero e de geração;
III. descentralização da gestão florestal e articulação das ações entre as políticas e instituições
existentes
IV. valorização das diversas formas de organização social e produtiva;
V. valorização do conhecimento tradicional acumulado pelos manejadores florestais
comunitários e familiares e a garantia da repartição de benefícios;
OBJETIVOS
Art. 2º. São objetivos da Política Nacional de Manejo Florestal Comunitário e Familiar:
I. assegurar a conservação e uso sustentável do patrimônio cultural e ambiental brasileiro, por
meio do manejo florestal sustentável comunitário e familiar;
II. promover o fortalecimento e articulação das instituições responsáveis pela gestão do
manejo florestal comunitário e familiar;
III. promover a destinação formal das florestas sob a posse de agricultores familiares ou
comunidades, nas formas previstas na legislação federal e estadual em vigor.
IV. definir programas, instrumentos e ações direcionadas à inclusão social e à justa repartição
de benefícios entre os usuários dos recursos florestais;
21
V. promover o uso sustentável dos recursos naturais, por meio do manejo florestal
de uso múltiplo;
VI. promover a adaptação de normas e procedimentos adequados à elaboração de Plano de
Manejo Florestal Comunitário e Familiar, respeitando as especificidades nos diferentes
Biomas;
VII.promover a criação e implementação de mecanismos tributários, creditícios e de
facilitação administrativa específicos para o manejo florestal sustentável comunitário e
familiar;
VIII.promover a assistência técnica e extensão rural adaptadas às demandas do manejo
florestal comunitário e familiar;
IX. valorizar o conhecimento tradicional associado ao uso e conservação dos produtos e
serviços do manejo florestal comunitário e familiar;
X. fortalecer as diferentes formas de organização social e produtiva;
XI. garantir o acesso das comunidades das florestas aos recursos naturais nelas existentes;
XII. garantir apoio à produção e gestão de conhecimentos e tecnologias que favoreçam o uso
sustentável dos recursos naturais pelos manejadores florestais comunitários e familiares;
XIII.promover a geração de trabalho e renda associado ao manejo sustentável comunitário e
familiar;
XIV. fortalecer e estruturar as cadeias produtivas, estimulando a diversificação produtiva e a
agregação de valor à produção florestal de base comunitária e familiar;
XV. valorizar o pagamento dos serviços ambientais gerados a partir do Manejo Florestal
Comunitário e Familiar.
DIRETRIZES
Art. 3º. Os programas e projetos destinados ao fomento do manejo florestal comunitário e
familiar obedecerão às seguintes diretrizes:
I. articulação de políticas públicas e ações de interface com o manejo florestal comunitário e
familiar;
II. promoção da inclusão econômica, cultural e socioambiental;
III. articulação entre ações dos órgãos públicos e agentes privados nas ações relacionadas ao
manejo florestal comunitário e familiar;
IV. apoio a processos de geração participativa de conhecimentos e tecnologias, envolvendo
manejadores florestais comunitários e familiares e suas organizações, instituições de ensino,
de pesquisa e outras organizações da sociedade civil;
V. fomento à organização de redes de pesquisas, desenvolvimento e difusão de tecnologias
apropriáveis pelos beneficiários;
VI. promoção de mecanismos para remuneração por serviços ambientais gerados a partir do
manejo e das atividades executadas por manejadores florestais comunitários e familiares;
VII. adoção de mecanismos que facilitem o acesso dos manejadores florestais familiares e
comunitários ao crédito;
VIII. promoção e viabilização de ações dirigidas especificamente para a capacitação e
orientação da juventude rural, visando estimular a sua permanência na produção familiar, de
modo a assegurar o processo de sucessão;
IX. garantia de estratégias que permitam a construção e valorização de mercados locais e a
inserção não subordinada dos manejadores florestais familiares e comunitários no mercado
globalizado, visando gerar novas fontes de renda;
X. promoção da capilaridade e da capacidade técnica-institucional dos órgãos públicos de
meio ambiente, de modo a fortalecer o Sistema Nacional do Meio Ambiente e garantir o
necessário aporte institucional às demandas específicas do manejo florestal comunitário e
familiar.
22
EIXOS DA POLÍTICA
Art 4º. São eixos da Política Nacional de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, a serem
contemplados nas ações referentes à sua implementação:
I. fortalecimento organizacional (sociedade civil)
II. fortalecimento institucional (governamental)
III. regularização fundiária e ordenamento territorial
IV. regularização ambiental
V. crédito, fomento e incentivos
VI. assistência técnica e extensão rural
VII. capacitação de base florestal
VIII.pesquisa, desenvolvimento e inovação
IX. infra-estrutura
X. comercialização
XI. adequação de marcos regulatórios
Parágrafo único. O Plano deverá considerar a operacionalização destes eixos em sua
elaboração.
INSTRUMENTOS DE IMPLEMENTAÇÃO
Art.5. Para a implementação da Política Nacional de Manejo Florestal Comunitário e
Familiar, o Plano Anual de Manejo Florestal Comunitário e Familiar deverá considerar,
dentre outros, os seguintes instrumentos:
I. os Programas do Plano Plurianual – PPA com interface com o Manejo Florestal
Comunitário e Familiar;
II. os Fundos:
a) Fundos Constitucionais;
b) Fundo Refloresta – BNDES, linha de crédito para apoiar o desenvolvimento da silvicultura
no Distrito Florestal Sustentável de Carajás;
c) Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal – FNDF, criado pela Lei nº 11.284, de 2 de
março de 2006;
d) Fundo Amazônia Sustentável;
e) Fundo Nacional de Meio Ambiente – FNMA, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de
1989;
f) Fundo de Restauração do Bioma Mata Atlântica, instituído pela Lei nº 11.428, de 22 de
dezembro de 2006.
III. os Planos:
a) Plano Anual de Manejo Florestal Comunitário e Familiar, de que trata este Decreto;
b) Plano Amazônia Sustentável – PAS;
c) Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável para os Povos e Comunidades
Tradicionais, previsto no Anexo ao Decreto no 6.040, de 7 de fevereiro de 2007;
d) Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade;
e) Plano de Combate ao Desmatamento.
IV. a Agenda Social dos Povos e Comunidades Tradicionais.
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5 MARCOS LEGISLATIVOS AMBIENTAIS/FLORESTAIS
Os estados devem adotar LEGISLAÇÃO AMBIENTAL eficaz. Padrões ambientais
e objetivos e prioridades em matéria de ordenação do meio ambiente devem refletir o
contexto ambiental e de desenvolvimento a que se aplicam.
Como todos sabemos, as FLORESTAS estão intimamente ligadas ao crescimento
sustentável dos produtos que participam diretamente em nossas vidas.
A PROTEÇÃO através da CONSERVAÇÃO e PRESERVAÇÃO das florestas são
muito importantes para a humanidade.
As relações entre NECESSIDADE de desenvolvimento econômico e a destruição das
áreas florestais são bastante evidentes e igualmente são as relações entre destruição das
florestas e a POBREZA.
5.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL - 1988
Capítulo VI
Do Meio Ambiente
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das
espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as
entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a
serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através
de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará
publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias
que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco
sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade.
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei.
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§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-
Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da
lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao
uso dos recursos naturais.
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida em lei
federal, sem o que não poderão ser instaladas.
5.2 CÓDIGO FLORESTAL
- Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 –
Art. 1º - As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação,
reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os
habitantes do País, exercendo- se os direitos de propriedade, com as limitações que a
legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.
Parágrafo único. As ações ou omissões contrárias às disposições deste Código na utilização e
exploração das florestas são consideradas uso nocivo da propriedade (Art. 302, XI, "b", do
Código de Processo Civil).
§ 1o As ações ou omissões contrárias às disposições deste Código na utilização e exploração
das florestas e demais formas de vegetação são consideradas uso nocivo da propriedade,
aplicando-se, para o caso, o procedimento sumário previsto no art. 275, inciso II, do Código
de Processo Civil.
§ 2o Para os efeitos deste Código, entende-se por:
I - Pequena propriedade rural ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho
pessoal do proprietário ou posseiro e de sua família, admitida a ajuda eventual de terceiro e
cuja renda bruta seja proveniente, no mínimo, em oitenta por cento, de atividade agroflorestal
ou do extrativismo, cuja área não supere:
a) cento e cinqüenta hectares se localizada nos Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima,
Rondônia, Amapá e Mato Grosso e nas regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos
Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão ou
no Pantanal mato-grossense ou sul-mato-grossense;
b) cinqüenta hectares, se localizada no polígono das secas ou a leste do Meridiano de 44º W,
do Estado do Maranhão; e
c) trinta hectares, se localizada em qualquer outra região do País;
II - Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e 3o desta Lei,
coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a
de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação
25
e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e
proteção de fauna e flora nativas;
IV - Utilidade pública:
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária;
b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte,
saneamento e energia; e
c) demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resolução do Conselho Nacional
de Meio Ambiente - CONAMA;
V - Interesse social:
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como:
prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e
proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução do CONAMA;
b) as atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena propriedade ou
posse rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função
ambiental da área; e
c) demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em resolução do CONAMA;
VI - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e
Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e
Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão.
Art. 2º - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e
demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa
marginal cuja largura mínima seja:
1 - de 30 m (trinta metros) para os cursos d'água de menos de 10 m (dez metros) de largura;
2 - de 50 m (cinqüenta metros) para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 m
(cinqüenta metros) de largura;
3 - de 100 m (cem metros) para os cursos d'água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 m
(duzentos metros) de largura;
4 - de 200 m (duzentos metros) para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 m
(seiscentos metros) de largura;
5 - de 500 m (quinhentos metros) para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 m
(seiscentos metros).
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a
sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 m (cinqüenta metros) de largura;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45 , equivalente a 100% na linha
de maior declive;
f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 m (cem metros) em projeções horizontais;
h) em altitude superior a 1.800 m (mil e oitocentos metros), qualquer que seja a vegetação.
Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos
perímetros urbanos definidos por lei municipal e nas regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos planos
diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo.
26
Art. 3º - Consideram-se, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato
do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:
a) a atenuar a erosão das terras;
b) a fixar as dunas;
c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares;
e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;
f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;
g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas;
h) a assegurar condições de bem-estar público.
§ 1º - A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida
com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de
obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social.
§ 2º - As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de
preservação permanente (letra "g") pelo só efeito desta Lei.
Art. 3°-A. A exploração dos recursos florestais em terras indígenas somente poderá ser
realizada pelas comunidades indígenas em regime de manejo florestal sustentável, para
atender a sua subsistência, respeitados os arts. 2o e 3o deste Código.
Art. 4º A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser
autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizados e
motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e
locacional ao empreendimento proposto.
§ 1o A supressão de que trata o caput deste artigo dependerá de autorização do órgão
ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou
municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto no § 2o deste artigo.
§ 2° A supressão de vegetação em área de preservação permanente situada em área urbana,
dependerá de autorização do órgão ambiental competente, desde que o município possua
conselho de meio ambiente com caráter deliberativo e plano diretor, mediante anuência prévia
do órgão ambiental estadual competente fundamentada em parecer técnico.
§ 3° O órgão ambiental competente poderá autorizar a supressão eventual e de baixo impacto
ambiental, assim definido em regulamento, da vegetação em área de preservação permanente.
§ 4º O órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da autorização para a
supressão de vegetação em área de preservação permanente, as medidas mitigadoras e
compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor.
§ 5º A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, ou de dunas e mangues, de que
tratam, respectivamente, as alíneas "c" e "f" do art. 2o deste Código, somente poderá ser
autorizada em caso de utilidade pública.
§ 6º Na implantação de reservatório artificial é obrigatória a desapropriação ou aquisição,
pelo empreendedor, das áreas de preservação permanente criadas no seu entorno, cujos
parâmetros e regime de uso serão definidos por resolução do CONAMA.
§ 7º É permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação permanente, para
obtenção de água, desde que não exija a supressão e não comprometa a regeneração e a
manutenção a longo prazo da vegetação nativa.
Art. 5º - O Poder Público criará:
a) Parques Nacionais, Estaduais e Municipais e Reservas Biológicas, com a finalidade de
resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da
fauna e das belezas naturais com a utilização para objetivos educacionais, recreativos e
científicos;
b) Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, com fins econômicos, técnicos ou sociais,
inclusive reservando áreas ainda não florestadas e destinadas a atingir aquele fim.
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Parágrafo único. Ressalvada a cobrança de ingresso a visitantes, cuja receita será destinada
em pelo menos 50% (cinqüenta por cento) ao custeio da manutenção e fiscalização, bem
como de obras de melhoramento em cada unidade, é proibida qualquer forma de exploração
dos recursos naturais nos parques e reservas biológicas criados pelo poder público na forma
deste artigo.
Art. 6º - O proprietário da floresta não preservada, nos termos desta Lei, poderá gravá-la com
perpetuidade, desde que verificada a existência de interesse público pela autoridade florestal.
O vínculo constará de termo assinado perante a autoridade florestal e será averbado à margem
da inscrição no Registro Público.
Art. 7º - Qualquer árvore poderá ser declarada imune de corte, mediante ato do Poder Público,
por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes.
Art. 8º - Na distribuição de lotes destinados à agricultura, em planos de colonização e de
reforma agrária, não devem ser incluídas as áreas florestadas de preservação permanente de
que trata esta Lei, nem as florestas necessárias ao abastecimento local ou nacional de
madeiras e outros produtos florestais.
Art. 9º - As florestas de propriedade particular, enquanto indivisas com outras, sujeitas a
regime especial, ficam subordinadas às disposições que vigorarem para estas.
Art. 10 - Não é permitida a derrubada de florestas, situadas em áreas de inclinação entre 25 a
45 graus, só sendo nelas tolerada a extração de toros, quando em regime de utilização
racional, que vise a rendimentos permanentes.
Art. 11 - O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de
dispositivo, que impeça difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios, nas florestas e
demais formas de vegetação marginal.
Art. 12 - Nas florestas plantadas, não consideradas de preservação permanente, é livre a
extração de lenha e demais produtos florestais ou a fabricação de carvão. Nas demais florestas
dependerá de norma estabelecida em ato do Poder Federal ou Estadual, em obediência a
prescrições ditadas pela técnica e às peculiaridades locais.
Art. 13 - O comércio de plantas vivas, oriundas de florestas, dependerá de licença da
autoridade competente.
Art. 14 - Além dos preceitos gerais a que está sujeita a utilização das florestas, o Poder
Público Federal ou Estadual poderá:
a) prescrever outras normas que atendam às peculiaridades locais;
b) proibir ou limitar o corte das espécies vegetais raras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas
de extinção, bem como as espécies necessárias à subsistência das populações extrativistas,
delimitando as áreas compreendidas no ato, fazendo depender de licença prévia, nessas áreas,
o corte de outras espécies;
c) ampliar o registro de pessoas físicas ou jurídicas que se dediquem à extração, indústria e
comércio de produtos ou subprodutos florestais.
Art. 15 - Fica proibida a exploração sob forma empírica das florestas primitivas da bacia
amazônica que só poderão ser utilizadas em observância a planos técnicos de condução e
manejo a serem estabelecidos por ato do Poder Público, a ser baixado dentro do prazo de um
ano.
Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de
preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou
objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a
título de reserva legal, no mínimo:
I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia
Legal;
II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na
Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na
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forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e
seja averbada nos termos do § 7o deste artigo;
III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de
vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e
IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer
região do País.
§ 1º O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será
definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo.
§ 2° A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob
regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e
científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste
artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas.
§ 3º Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena
propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas
ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar
ou em consórcio com espécies nativas.
§ 4º A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual
competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição
devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social
da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver:
I - o plano de bacia hidrográfica;
II - o plano diretor municipal;
III - o zoneamento ecológico-econômico;
IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e
V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de
conservação ou outra área legalmente protegida.
§ 5° O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico - ZEE e
pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o
Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá:
I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta
por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente,
os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva
biodiversidade e os corredores ecológicos; e
II - ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste
Código, em todo o território nacional.
§ 6º Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à
vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de
reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do
solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal
exceder a:
I - oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal;
II - cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e
III - vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso
I do § 2o do art. 1o.
§ 7º O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no
parágrafo anterior.
§ 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel,
no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de
transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções
previstas neste Código.
29
§ 9º A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita,
devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário.
§ 10º. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado
pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título
executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características
ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicando-se, no que couber,
as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural.
§ 11º. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma
propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do
órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis
envolvidos.
Art. 17 - Nos loteamentos de propriedades rurais, a área destinada a completar o limite
percentual fixado na letra "a" do artigo antecedente, poderá ser agrupada numa só porção em
condomínio entre os adquirentes.
Art. 18 - Nas terras de propriedade privada, onde seja necessário o florestamento ou o
reflorestamento de preservação permanente, o Poder Público Federal poderá fazê-lo sem
desapropriá-las, se não o fizer o proprietário.
§ 1º - Se tais áreas estiverem sendo utilizadas com culturas, de seu valor deverá ser
indenizado o proprietário.
§ 2º - As áreas assim utilizadas pelo Poder Público Federal ficam isentas de tributação.
Art. 19 - A exploração de florestas e de formações sucessoras, tanto de domínio público como
de domínio privado, dependerá de aprovação prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, bem como da adoção de técnicas de
condução, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas
que a cobertura arbórea forme.
Parágrafo único. No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que
contemplem a utilização de espécies nativas.
Art. 20 - As empresas industriais que, por sua natureza, consumirem grandes quantidades de
matéria-prima florestal serão obrigadas a manter, dentro de um raio em que a exploração e o
transporte sejam julgados econômicos, um serviço organizado, que assegure o plantio de
novas áreas, em terras próprias ou pertencentes a terceiros, cuja produção sob exploração
racional, seja equivalente ao consumido para o seu abastecimento.
Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, além das penalidades previstas
neste Código, obriga os infratores ao pagamento de uma multa equivalente a 10% (dez por
cento) do valor comercial da matéria-prima florestal nativa consumida além da produção da
qual participe.
Art. 21 - As empresas siderúrgicas, de transporte e outras, à base de carvão vegetal, lenha ou
outra matéria-prima florestal, são obrigadas a manter florestas próprias para exploração
racional ou a formar, diretamente ou por intermédio de empreendimentos dos quais
participem, florestas destinadas ao seu suprimento.
Parágrafo único. A autoridade competente fixará para cada empresa o prazo que lhe é
facultado para atender ao disposto neste artigo, dentro dos limites de 5 a 10 anos.
Art. 22 - A União, diretamente, através do órgão executivo específico, ou em convênio com
os Estados e Municípios, fiscalizará a aplicação das normas deste Código, podendo, para
tanto, criar os serviços indispensáveis.
Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se refere o parágrafo único, do Art. 2º, desta Lei, a
fiscalização é da competência dos municípios, atuando a União supletivamente.
Art. 23 - A fiscalização e a guarda das florestas pelos serviços especializados não excluem a
ação da autoridade policial por iniciativa própria.
30
Art. 24 - Os funcionários florestais, no exercício de suas funções, são equiparados aos agentes
de segurança pública, sendo-lhes assegurado o porte de armas.
Art. 25 - Em caso de incêndio rural, que não se possa extinguir com os recursos ordinários,
compete não só ao funcionário florestal, como a qualquer outra autoridade pública, requisitar
os meios materiais e convocar os homens em condições de prestar auxílio.
Art. 26 - Constituem contravenções penais, puníveis com três meses a um ano de prisão
simples ou multa de uma a cem vezes o salário-mínimo mensal, do lugar e da data da infração
ou ambas as penas cumulativamente:
a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em
formação, ou utilizá-la com infringência das normas estabelecidas ou previstas nesta Lei;
b) cortar árvores em florestas de preservação permanente, sem permissão da autoridade
competente;
c) penetrar em floresta de preservação permanente conduzindo armas, substâncias ou
instrumentos próprios para caça proibida ou para exploração de produtos ou sub-produtos
florestais, sem estar munido de licença da autoridade competente;
d) causar danos aos Parques Nacionais, Estaduais ou Municipais, bem como às Reservas
Biológicas;
e) fazer fogo, por qualquer modo, em floresta e demais formas de vegetação, sem tomar as
precauções adequadas;
f) fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e
demais formas de vegetação;
g) impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação;
h) receber madeira, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas, sem exigir a
exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da
via que deverá acompanhar o produto, até final beneficiamento;
i) transportar ou guardar madeiras, lenha, carvão e outros produtos procedentes de florestas,
sem licença válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela
autoridade competente;
j) deixar de restituir à autoridade licenças extintas pelo decurso do prazo ou pela entrega ao
consumidor dos produtos procedentes de florestas;
l) empregar, como combustível, produtos florestais ou hulha, sem uso de dispositivo que
impeça a difusão de fagulhas, suscetíveis de provocar incêndios nas florestas;
m) soltar animais ou não tomar precauções necessárias para que o animal de sua propriedade
não penetre em florestas sujeitas a regime especial;
n) matar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de
logradouros públicos ou em propriedade privada alheia ou árvore imune de corte;
o) extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem
prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer outra espécie de minerais;
p) Vetado;
q) transformar madeiras de lei em carvão, inclusive para qualquer efeito industrial, sem
licença da autoridade competente.
Art. 27 - É proibido o uso de fogo nas florestas e demais formas de vegetação.
Parágrafo único. Se peculiaridades locais ou regionais justificarem o emprego do fogo em
práticas agropastoris ou florestais, a permissão será estabelecida em ato do Poder Público,
circunscrevendo as áreas e estabelecendo normas de precaução.
Art. 28 - Além das contravenções estabelecidas no artigo precedente, subsistem os
dispositivos sobre contravenções e crimes previstos no Código Penal e nas demais leis, com
as penalidades neles cominadas.
Art. 29 - As penalidades incidirão sobre os autores, sejam eles:
a) diretos;
31
b) arrendatários, parceiros, posseiros, gerentes, administradores, diretores, promitentes
compradores ou proprietários das áreas florestais, desde que praticadas por prepostos ou
subordinados e no interesse dos preponentes ou dos superiores hierárquicos;
c) autoridades que se omitirem ou facilitarem, por consentimento legal, na prática do ato.
Art. 30 - Aplicam-se às contravenções previstas neste Código as regras gerais do Código
Penal e da Lei das Contravenções Penais, sempre que a presente Lei não disponha de modo
diverso.
Art. 31 - São circunstâncias que agravam a pena além das previstas no Código Penal e na Lei
das Contravenções Penais:
a) cometer a infração no período de queda das sementes ou de formação das vegetações
prejudicadas, durante a noite, em domingos ou dias feriados, em épocas de seca ou
inundações;
b) cometer a infração contra a floresta de preservação permanente ou material dela provindo.
Art. 32 - A ação penal independe de queixa, mesmo em se tratando de lesão em propriedade
privada, quando os bens atingidos são florestas e demais formas de vegetação, instrumentos
de trabalho, documentos e atos relacionados com a proteção florestal disciplinada nesta Lei.
Art. 33 - São autoridades competentes para instaurar, presidir e proceder a inquéritos
policiais, lavrar autos de prisão em flagrante e intentar a ação penal, nos casos de crimes ou
contravenções, previstos nesta Lei, ou em outras leis e que tenham por objeto florestas e
demais formas de vegetação, instrumentos de trabalho, documentos e produtos procedentes
das mesmas:
a) as indicadas no Código de Processo Penal;
b) os funcionários da repartição florestal e de autarquias, com atribuições correlatas,
designados para a atividade de fiscalização.
Parágrafo único. Em caso de ações penais simultâneas, pelo mesmo fato, iniciadas por várias
autoridades, o Juiz reunirá os processos na jurisdição em que se firmou a competência.
Art. 34 - As autoridades referidas no item "b" do artigo anterior, ratificada a denúncia pelo
Ministério Público, terão ainda competência igual à deste, na qualidade de assistente, perante
a Justiça comum, nos feitos de que trata esta Lei.
Art. 35 - A autoridade apreenderá os produtos e os instrumentos utilizados na infração e, se
não puderem acompanhar o inquérito, por seu volume e natureza, serão entregues ao
depositário público local, se houver e, na sua falta, ao que for nomeado pelo Juiz, para ulterior
devolução ao prejudicado. Se pertencerem ao agente ativo da infração, serão vendidos em
hasta pública.
Art. 36 - O processo das contravenções obedecerá ao rito sumário da Lei nº 1.508, de 19 de
dezembro de 1951, no que couber.
Art. 37 - Não serão transcritos ou averbados no Registro Geral de Imóveis os atos de
transmissão "inter-vivos" ou "causa mortis", bem como a constituição de ônus reais, sobre
imóveis da zona rural, sem a apresentação de certidão negativa de dívidas referentes a multas
previstas nesta Lei ou nas leis estaduais supletivas, por decisão transitada em julgado.
Art. 37-A. Não é permitida a conversão de florestas ou outra forma de vegetação nativa para
uso alternativo do solo na propriedade rural que possui área desmatada, quando for verificado
que a referida área encontra-se abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada,
segundo a vocação e capacidade de suporte do solo.
§ 1o Entende-se por área abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada, aquela
não efetivamente utilizada, nos termos do § 3o, do art. 6o da Lei no 8.629, de 25 de fevereiro
de 1993, ou que não atenda aos índices previstos no art. 6o da referida Lei, ressalvadas as
áreas de pousio na pequena propriedade ou posse rural familiar ou de população tradicional.
§ 2o As normas e mecanismos para a comprovação da necessidade de conversão serão
estabelecidos em regulamento, considerando, dentre outros dados relevantes, o desempenho
32
da propriedade nos últimos três anos, apurado nas declarações anuais do Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural - ITR.
§ 3o A regulamentação de que trata o parágrafo anterior estabelecerá procedimentos
simplificados:
I - para a pequena propriedade rural; e
II - para as demais propriedades que venham atingindo os parâmetros de produtividade da
região e que não tenham restrições perante os órgãos ambientais.
§ 4o Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão da vegetação que abrigue
espécie ameaçada de extinção, dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras
que assegurem a conservação da espécie.
§ 5o Se as medidas necessárias para a conservação da espécie impossibilitarem a adequada
exploração econômica da propriedade, observar-se-á o disposto na alínea "b" do art. 14.
§ 6o É proibida, em área com cobertura florestal primária ou secundária em estágio avançado
de regeneração, a implantação de projetos de assentamento humano ou de colonização para
fim de reforma agrária, ressalvados os projetos de assentamento agro-extrativista, respeitadas
as legislações específicas.
Art. 38 - (Revogado pela Lei número 5.106, de 2 de setembro de 1966).
Art. 39 - (Revogado pela Lei nº 5.868/1972).
Art. 40 - Vetado.
Art. 41 - Os estabelecimentos oficiais de crédito concederão prioridades aos projetos de
florestamento, reflorestamento ou aquisição de equipamentos mecânicos necessários aos
serviços, obedecidas as escalas anteriormente fixadas em lei.
Parágrafo único. Ao Conselho Monetário Nacional, dentro de suas atribuições legais, como
órgão disciplinador do crédito e das operações creditícias em todas suas modalidades e
formas, cabe estabelecer as normas para os financiamentos florestais, com juros e prazos
compatíveis, relacionados com os planos de florestamento e reflorestamento aprovados pelo
Conselho Florestal Federal.
Art. 42 - Dois anos depois da promulgação desta Lei, nenhuma autoridade poderá permitir a
adoção de livros escolares de leitura que não contenham textos de educação florestal,
previamente aprovados pelo Conselho Federal de Educação, ouvido o órgão florestal
competente.
§ 1º - As estações de rádio e televisão incluirão, obrigatoriamente, em suas programações,
textos e dispositivos de interesse florestal, aprovados pelo órgão competente no limite mínimo
de cinco (5) minutos semanais, distribuídos ou não em diferentes dias.
§ 2º - Nos mapas e cartas oficiais serão obrigatoriamente assinalados os Parques e Florestas
Públicas.
§ 3º - A União e os Estados promoverão a criação e o desenvolvimento de escolas para o
ensino florestal, em seus diferentes níveis.
Art. 43 - Fica instituída a Semana Florestal, em datas fixadas para as diversas regiões do País,
por Decreto Federal. Será a mesma comemorada, obrigatoriamente, nas escolas e
estabelecimentos públicos ou subvencionados, através de programas objetivos em que se
ressalte o valor das florestas, face aos seus produtos e utilidades, bem como sobre a forma
correta de conduzi-las e perpetuá-las.
Parágrafo único. Para a Semana Florestal serão programadas reuniões, conferências, jornadas
de reflorestamento e outras solenidades e festividades com o objetivo de identificar as
florestas como recurso natural renovável, de elevado valor social e econômico.
Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa, natural,
primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao
estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos seus §§ 5o e 6o,
deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente:
33
I - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos, de no
mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies nativas, de acordo
com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente;
II - conduzir a regeneração natural da reserva legal; e
III - compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e
extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia,
conforme critérios estabelecidos em regulamento.
§ 1o Na recomposição de que trata o inciso I, o órgão ambiental estadual competente deve
apoiar tecnicamente a pequena propriedade ou posse rural familiar.
§ 2o A recomposição de que trata o inciso I pode ser realizada mediante o plantio temporário
de espécies exóticas como pioneiras, visando a restauração do ecossistema original, de acordo
com critérios técnicos gerais estabelecidos pelo CONAMA.
§ 3o A regeneração de que trata o inciso II será autorizada, pelo órgão ambiental estadual
competente, quando sua viabilidade for comprovada por laudo técnico, podendo ser exigido o
isolamento da área.
§ 4o Na impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma micro-bacia
hidrográfica, deve o órgão ambiental estadual competente aplicar o critério de maior
proximidade possível entre a propriedade desprovida de reserva legal e a área escolhida para
compensação, desde que na mesma bacia hidrográfica e no mesmo Estado, atendido, quando
houver, o respectivo Plano de Bacia Hidrográfica, e respeitadas as demais condicionantes
estabelecidas no inciso III.
§ 5o A compensação de que trata o inciso III deste artigo, deverá ser submetida à aprovação
pelo órgão ambiental estadual competente, e pode ser implementada mediante o arrendamento
de área sob regime de servidão florestal ou reserva legal, ou aquisição de cotas de que trata o
art. 44-B.
§ 6o O proprietário rural poderá ser desonerado, pelo período de trinta anos, das obrigações
previstas neste artigo, mediante a doação, ao órgão ambiental competente, de área localizada
no interior de Parque Nacional ou Estadual, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva
Biológica ou Estação Ecológica pendente de regularização fundiária, respeitados os critérios
previstos no inciso III deste artigo.
Art. 44-A. O proprietário rural poderá instituir servidão florestal, mediante a qual
voluntariamente renuncia, em caráter permanente ou temporário, a direitos de supressão ou
exploração da vegetação nativa, localizada fora da reserva legal e da área com vegetação de
preservação permanente.
§ 1o A limitação ao uso da vegetação da área sob regime de servidão florestal deve ser, no
mínimo, a mesma estabelecida para a Reserva Legal.
§ 2o A servidão florestal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel,
no registro de imóveis competente, após anuência do órgão ambiental estadual competente,
sendo vedada, durante o prazo de sua vigência, a alteração da destinação da área, nos casos de
transmissão a qualquer título, de desmembramento ou de retificação dos limites da
propriedade.
Art. 44-B. Fica instituída a Cota de Reserva Florestal - CRF, título representativo de
vegetação nativa sob regime de servidão florestal, de Reserva Particular do Patrimônio
Natural ou reserva legal instituída voluntariamente sobre a vegetação que exceder os
percentuais estabelecidos no art. 16 deste Código.
Parágrafo único. A regulamentação deste Código disporá sobre as características, natureza e
prazo de validade do título de que trata este artigo, assim como os mecanismos que assegurem
ao seu adquirente a existência e a conservação da vegetação objeto do título.
Art. 44-C. O proprietário ou possuidor que, a partir da vigência da Medida Provisória no
1.736-31, de 14 de dezembro de 1998, suprimiu, total ou parcialmente florestas ou demais
34
formas de vegetação nativa, situadas no interior de sua propriedade ou posse, sem as devidas
autorizações exigidas por Lei, não pode fazer uso dos benefícios previstos no inciso III do art.
44.
Art. 45 - Ficam obrigados ao registro do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, os estabelecimentos comerciais responsáveis pela
comercialização de moto- serras, bem como aqueles que adquirirem este equipamento.
§ 1º - A licença para o porte e uso de moto-serras será renovada a cada 2 (dois) anos perante o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.
§ 2º - Os fabricantes de moto-serras ficam obrigados, a partir de 180 (cento e oitenta) dias da
publicação desta Lei, a imprimir, em local visível deste equipamento, numeração cuja
seqüência será encaminhada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA e constará das correspondentes s fiscais.
§ 3º - A comercialização ou utilização de moto-serras sem a licença a que se refere este artigo
constitui crime contra o meio ambiente, sujeito à pena de detenção de 1 (um) a 3 (três) meses
e multa de 1 (um) a 10 (dez) Salários Mínimos de Referência e a apreensão da moto- serra,
sem prejuízo da responsabilidade pela reparação dos danos causados.
Art. 46 - No caso de florestas plantadas, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, zelará para que seja preservada, em cada município,
área destinada à produção de alimentos básicos e pastagens, visando ao abastecimento local.
Art. 47 - O Poder Executivo promoverá, no prazo de 180 dias, a revisão de todos os contratos,
convênios, acordos e concessões relacionados com a exploração florestal em geral, a fim de
ajustá-las às normas adotadas por esta Lei.
Art. 48 - Fica mantido o Conselho Florestal Federal, com sede em Brasília, como órgão
consultivo e normativo da política florestal brasileira.
Parágrafo único. A composição e atribuições do Conselho Florestal Federal, integrado, no
máximo, por 12 (doze) membros, serão estabelecidas por decreto do Poder Executivo.
Art. 49 - O Poder Executivo regulamentará a presente Lei, no que for julgado necessário à sua
execução.
Art. 50 - Esta Lei entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias após a data de sua publicação,
revogados o Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934 (Código Florestal) e demais
disposições em contrário.
5.3 CRIMES AMBIENTAIS
- Lei nº 9.605, de 12 de dezembro de 1998 –
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º (VETADO)
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei,
incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente
conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua
entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for
obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.
35
Art. 5º (VETADO)
CAPÍTULO II
DA APLICAÇÃO DA PENA
Art. 6º Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará:
I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a
saúde pública e para o meio ambiente;
II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
Art. 7º As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade
quando:
I - tratar-se de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a quatro
anos;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem
como os motivos e as circunstâncias do crime indicarem que a substituição seja suficiente
para efeitos de reprovação e prevenção do crime.
Parágrafo único. As penas restritivas de direitos a que se refere este artigo terão a mesma
duração da pena privativa de liberdade substituída.
Art. 8º As penas restritivas de direito são:
I - prestação de serviços à comunidade;
II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.
Art. 9º A prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado de tarefas
gratuitas junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, no caso de dano da
coisa particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.
Art. 10. As penas de interdição temporária de direito são a proibição de o condenado contratar
com o Poder Público, de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como
de participar de licitações, pelo prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos, e de três anos,
no de crimes culposos.
Art. 11. A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às
prescrições legais.
Art. 12. A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade
pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário
mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do
montante de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
Art. 13. O recolhimento domiciliar baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do
condenado, que deverá, sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade
autorizada, permanecendo recolhido nos dias e horários de folga em residência ou em
qualquer local destinado a sua moradia habitual, conforme estabelecido na sentença
condenatória.
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou limitação
significativa da degradação ambiental causada;
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
36
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a
regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou
beneficiada por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.
Art. 16. Nos crimes previstos nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada
nos casos de condenação a pena privativa de liberdade não superior a três anos.
Art. 17. A verificação da reparação a que se refere o § 2º do art. 78 do Código Penal será feita
mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz
deverão relacionar-se com a proteção ao meio ambiente.
Art. 18. A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz,
ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o
valor da vantagem econômica auferida.
Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante
do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa.
Parágrafo único. A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser
aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.
Art. 20. A sentença penal condenatória, sempre que possível, fixará o valor mínimo para
reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido
ou pelo meio ambiente.
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá efetuar-se
pelo valor fixado nos termos do caput, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano
efetivamente sofrido.
Art. 21. As penas aplicáveis isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de
acordo com o disposto no art. 3º, são:
I - multa;
II - restritivas de direitos;
III - prestação de serviços à comunidade.
Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são:
I - suspensão parcial ou total de atividades;
II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções
ou doações.
§ 1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às
disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
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§ 2º A interdição será aplicada quando o estabelecimento, obra ou atividade estiver
funcionando sem a devida autorização, ou em desacordo com a concedida, ou com violação
de disposição legal ou regulamentar.
§ 3º A proibição de contratar com o Poder Público e dele obter subsídios, subvenções ou
doações não poderá exceder o prazo de dez anos.
Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em:
I - custeio de programas e de projetos ambientais;
II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas;
III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de
permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação
forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor
do Fundo Penitenciário Nacional.
CAPÍTULO III
DA APREENSÃO DO PRODUTO E DO INSTRUMENTO DE INFRAÇÃO
ADMINISTRATIVA OU DE CRIME
Art. 25. Verificada a infração, serão apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os
respectivos autos.
§ 1º Os animais serão libertados em seu habitat ou entregues a jardins zoológicos, fundações
ou entidades assemelhadas, desde que fiquem sob a responsabilidade de técnicos habilitados.
§ 2º Tratando-se de produtos perecíveis ou madeiras, serão estes avaliados e doados a
instituições científicas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes.
§ 3° Os produtos e subprodutos da fauna não perecíveis serão destruídos ou doados a
instituições científicas, culturais ou educacionais.
§ 4º Os instrumentos utilizados na prática da infração serão vendidos, garantida a sua
descaracterização por meio da reciclagem.
CAPÍTULO IV
DA AÇÃO E DO PROCESSO PENAL
Art. 26. Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada.
Parágrafo único. (VETADO)
Art. 27. Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata
de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro
de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano
ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade.
Art. 28. As disposições do art. 89 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, aplicam-se aos
crimes de menor potencial ofensivo definidos nesta Lei, com as seguintes modificações:
I - a declaração de extinção de punibilidade, de que trata o § 5° do artigo referido no caput,
dependerá de laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a
impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do mesmo artigo;
II - na hipótese de o laudo de constatação comprovar não ter sido completa a reparação, o
prazo de suspensão do processo será prorrogado, até o período máximo previsto no artigo
referido no caput, acrescido de mais um ano, com suspensão do prazo da prescrição;
III - no período de prorrogação, não se aplicarão as condições dos incisos II, III e IV do § 1°
do artigo mencionado no caput;
IV - findo o prazo de prorrogação, proceder-se-á à lavratura de novo laudo de constatação de
reparação do dano ambiental, podendo, conforme seu resultado, ser novamente prorrogado o
período de suspensão, até o máximo previsto no inciso II deste artigo, observado o disposto
no inciso III;
38
V - esgotado o prazo máximo de prorrogação, a declaração de extinção de punibilidade
dependerá de laudo de constatação que comprove ter o acusado tomado as providências
necessárias à reparação integral do dano.
CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE
Seção I
Dos Crimes contra a Fauna
Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em
rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou
em desacordo com a obtida:
Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas:
I - quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a
obtida;
II - quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;
III - quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito,
utiliza ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota
migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não
autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
§ 2º No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção,
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.
§ 3° São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas,
migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo
de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais
brasileiras.
§ 4º A pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:
I - contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da
infração;
II - em período proibido à caça;
III - durante a noite;
IV - com abuso de licença;
V - em unidade de conservação;
VI - com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.
§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça profissional.
§ 6º As disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.
Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a
autorização da autoridade ambiental competente:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença
expedida por autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou
domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo,
ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Art. 33. Provocar, pela emissão de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de
espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas
jurisdicionais brasileiras:
39
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas:
I - quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio
público;
II - quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão
ou autorização da autoridade competente;
III - quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de
moluscos ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão
competente:
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem:
I - pesca espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos
permitidos;
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos,
petrechos, técnicas e métodos não permitidos;
III - transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta,
apanha e pesca proibidas.
Art. 35. Pescar mediante a utilização de:
I - explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;
II - substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:
Pena - reclusão de um ano a cinco anos.
Art. 36. Para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair,
coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos,
moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico, ressalvadas
as espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.
Art. 37. Não é crime o abate de animal, quando realizado:
I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais,
desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;
III – (VETADO)
IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.
Seção II
Dos Crimes contra a Flora
Art. 38. Destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em
formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 38-A. Destruir ou danificar vegetação primária ou secundária, em estágio avançado ou
médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas de
proteção: (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente. (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006).
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Incluído pela Lei nº
11.428, de 2006).
Art. 39. Cortar árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da
autoridade competente:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Art. 40. Causar dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o
art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente de sua localização:
40
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas, as
Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida
Silvestre. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades
de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação
da pena. (Redação dada pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)
§ 3º Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.
Art. 40-A. (VETADO) (Artigo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)
§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção
Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas
Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as
Reservas Particulares do Patrimônio Natural. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de
18.7.2000)
§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades
de Conservação de Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação
da pena. (Parágrafo inluído pela Lei nº 9.985, de 18.7.2000)
§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade. (Parágrafo inluído pela Lei nº
9.985, de 18.7.2000)
Art. 41. Provocar incêndio em mata ou floresta:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas
florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento
humano:
Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Art. 43. (VETADO)
Art. 44. Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente,
sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 45. Cortar ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada por ato do Poder
Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração, econômica ou
não, em desacordo com as determinações legais:
Pena - reclusão, de um a dois anos, e multa.
Art. 46. Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e
outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada
pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final
beneficiamento:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito,
transporta ou guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença
válida para todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade
competente.
Art. 47. (VETADO)
Art. 48. Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de
vegetação:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 49. Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de
ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
41
Parágrafo único. No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.
Art. 50. Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas,
protetora de mangues, objeto de especial preservação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em
terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente: (Incluído pela
Lei nº 11.284, de 2006)
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do
agente ou de sua família. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1
(um) ano por milhar de hectare. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Art. 51. Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de
vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Art. 52. Penetrar em Unidades de Conservação conduzindo substâncias ou instrumentos
próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da
autoridade competente:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 53. Nos crimes previstos nesta Seção, a pena é aumentada de um sexto a um terço se:
I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do
regime climático;
II - o crime é cometido:
a) no período de queda das sementes;
b) no período de formação de vegetações;
c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no
local da infração;
d) em época de seca ou inundação;
e) durante a noite, em domingo ou feriado.
Seção III
Da Poluição e outros Crimes Ambientais
Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição
significativa da flora:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
§ 2º Se o crime:
I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;
II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;
III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;
IV - dificultar ou impedir o uso público das praias;
V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou
substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:
Pena - reclusão, de um a cinco anos.
§ 3º Incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando
assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano
ambiental grave ou irreversível.
42
Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente
autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou
explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do
órgão competente.
Art. 56. Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva
à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis
ou nos seus regulamentos:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos no caput,
ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.
§ 2º Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto a
um terço.
§ 3º Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 57. (VETADO)
Art. 58. Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:
I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;
II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;
III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.
Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não
resultar crime mais grave.
Art. 59. (VETADO)
Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do
território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Art. 61. Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à
pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Seção IV
Dos Crimes contra o Ordenamento Urbano e o Patrimônio Cultural
Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar:
I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial;
II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido
por lei, ato administrativo ou decisão judicial:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem
prejuízo da multa.
Art. 63. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei,
ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico,
artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem
autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 64. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado
em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso,
43
arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em
desacordo com a concedida:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Art. 65. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu
valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de seis meses a um ano de detenção, e
multa.
Seção V
Dos Crimes contra a Administração Ambiental
Art. 66. Fazer o funcionário público afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar
informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de
licenciamento ambiental:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com
as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato
autorizativo do Poder Público:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano de detenção, sem
prejuízo da multa.
Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação
de relevante interesse ambiental:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de três meses a um ano, sem prejuízo da
multa.
Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Público no trato de questões
ambientais:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro
procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso
ou enganoso, inclusive por omissão: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 1o Se o crime é culposo: (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.(Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao
meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou
enganosa. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
CAPÍTULO VI
DA INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA
Art. 70. Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as
regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente.
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo
administrativo os funcionários de órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio
Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização, bem como os agentes
das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.
§ 2º Qualquer pessoa, constatando infração ambiental, poderá dirigir representação às
autoridades relacionadas no parágrafo anterior, para efeito do exercício do seu poder de
polícia.
44
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a
promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-
responsabilidade.
§ 4º As infrações ambientais são apuradas em processo administrativo próprio, assegurado o
direito de ampla defesa e o contraditório, observadas as disposições desta Lei.
Art. 71. O processo administrativo para apuração de infração ambiental deve observar os
seguintes prazos máximos:
I - vinte dias para o infrator oferecer defesa ou impugnação contra o auto de infração,
contados da data da ciência da autuação;
II - trinta dias para a autoridade competente julgar o auto de infração, contados da data da sua
lavratura, apresentada ou não a defesa ou impugnação;
III - vinte dias para o infrator recorrer da decisão condenatória à instância superior do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, ou à Diretoria de Portos e Costas, do Ministério da
Marinha, de acordo com o tipo de autuação;
IV – cinco dias para o pagamento de multa, contados da data do recebimento da notificação.
Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o
disposto no art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos,
equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X – (VETADO)
XI - restritiva de direitos.
§ 1º Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas,
cumulativamente, as sanções a elas cominadas.
§ 2º A advertência será aplicada pela inobservância das disposições desta Lei e da legislação
em vigor, ou de preceitos regulamentares, sem prejuízo das demais sanções previstas neste
artigo.
§ 3º A multa simples será aplicada sempre que o agente, por negligência ou dolo:
I - advertido por irregularidades que tenham sido praticadas, deixar de saná-las, no prazo
assinalado por órgão competente do SISNAMA ou pela Capitania dos Portos, do Ministério
da Marinha;
II - opuser embaraço à fiscalização dos órgãos do SISNAMA ou da Capitania dos Portos, do
Ministério da Marinha.
§ 4° A multa simples pode ser convertida em serviços de preservação, melhoria e recuperação
da qualidade do meio ambiente.
§ 5º A multa diária será aplicada sempre que o cometimento da infração se prolongar no
tempo.
§ 6º A apreensão e destruição referidas nos incisos IV e V do caput obedecerão ao disposto no
art. 25 desta Lei.
§ 7º As sanções indicadas nos incisos VI a IX do caput serão aplicadas quando o produto, a
obra, a atividade ou o estabelecimento não estiverem obedecendo às prescrições legais ou
regulamentares.
§ 8º As sanções restritivas de direito são:
45
I - suspensão de registro, licença ou autorização;
II - cancelamento de registro, licença ou autorização;
III - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
IV - perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em estabelecimentos
oficiais de crédito;
V - proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três anos.
Art. 73. Os valores arrecadados em pagamento de multas por infração ambiental serão
revertidos ao Fundo Nacional do Meio Ambiente, criado pela Lei nº 7.797, de 10 de julho de
1989, Fundo Naval, criado pelo Decreto nº 20.923, de 8 de janeiro de 1932, fundos estaduais
ou municipais de meio ambiente, ou correlatos, conforme dispuser o órgão arrecadador.
Art. 74. A multa terá por base a unidade, hectare, metro cúbico, quilograma ou outra medida
pertinente, de acordo com o objeto jurídico lesado.
Art. 75. O valor da multa de que trata este Capítulo será fixado no regulamento desta Lei e
corrigido periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo
o mínimo de R$ 50,00 (cinqüenta reais) e o máximo de R$ 50.000.000,00 (cinqüenta milhões
de reais).
Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou
Territórios substitui a multa federal na mesma hipótese de incidência.
CAPÍTULO VII
DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE
Art. 77. Resguardados a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, o Governo
brasileiro prestará, no que concerne ao meio ambiente, a necessária cooperação a outro país,
sem qualquer ônus, quando solicitado para:
I - produção de prova;
II - exame de objetos e lugares;
III - informações sobre pessoas e coisas;
IV - presença temporária da pessoa presa, cujas declarações tenham relevância para a decisão
de uma causa;
V - outras formas de assistência permitidas pela legislação em vigor ou pelos tratados de que
o Brasil seja parte.
§ 1° A solicitação de que trata este artigo será dirigida ao Ministério da Justiça, que a
remeterá, quando necessário, ao órgão judiciário competente para decidir a seu respeito, ou a
encaminhará à autoridade capaz de atendê-la.
§ 2º A solicitação deverá conter:
I - o nome e a qualificação da autoridade solicitante;
II - o objeto e o motivo de sua formulação;
III - a descrição sumária do procedimento em curso no país solicitante;
IV - a especificação da assistência solicitada;
V - a documentação indispensável ao seu esclarecimento, quando for o caso.
Art. 78. Para a consecução dos fins visados nesta Lei e especialmente para a reciprocidade da
cooperação internacional, deve ser mantido sistema de comunicações apto a facilitar o
intercâmbio rápido e seguro de informações com órgãos de outros países.
46
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 79. Aplicam-se subsidiariamente a esta Lei as disposições do Código Penal e do Código
de Processo Penal.
Art. 79-A. Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do
SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização
dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam
autorizados a celebrar, com força de título executivo extrajudicial, termo de compromisso
com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais,
considerados efetiva ou potencialmente poluidores. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.163-41, de 23.8.2001)
§ 1o O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar-se-á, exclusivamente, a
permitir que as pessoas físicas e jurídicas mencionadas no caput possam promover as
necessárias correções de suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas
autoridades ambientais competentes, sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha
sobre: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
I - o nome, a qualificação e o endereço das partes compromissadas e dos respectivos
representantes legais; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
II - o prazo de vigência do compromisso, que, em função da complexidade das obrigações
nele fixadas, poderá variar entre o mínimo de noventa dias e o máximo de três anos, com
possibilidade de prorrogação por igual período; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41,
de 23.8.2001)
III - a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento previsto e o cronograma
físico de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a
serem atingidas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
IV - as multas que podem ser aplicadas à pessoa física ou jurídica compromissada e os casos
de rescisão, em decorrência do não-cumprimento das obrigações nele pactuadas; (Incluído
pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
V - o valor da multa de que trata o inciso IV não poderá ser superior ao valor do investimento
previsto; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
VI - o foro competente para dirimir litígios entre as partes. (Incluído pela Medida Provisória
nº 2.163-41, de 23.8.2001)
§ 2o No tocante aos empreendimentos em curso até o dia 30 de março de 1998, envolvendo
construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades
utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores, a
assinatura do termo de compromisso deverá ser requerida pelas pessoas físicas e jurídicas
interessadas, até o dia 31 de dezembro de 1998, mediante requerimento escrito protocolizado
junto aos órgãos competentes do SISNAMA, devendo ser firmado pelo dirigente máximo do
estabelecimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
§ 3o Da data da protocolização do requerimento previsto no § 2
o e enquanto perdurar a
vigência do correspondente termo de compromisso, ficarão suspensas, em relação aos fatos
que deram causa à celebração do instrumento, a aplicação de sanções administrativas contra a
pessoa física ou jurídica que o houver firmado. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41,
de 23.8.2001)
§ 4o A celebração do termo de compromisso de que trata este artigo não impede a execução
de eventuais multas aplicadas antes da protocolização do requerimento. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
47
§ 5o Considera-se rescindido de pleno direito o termo de compromisso, quando descumprida
qualquer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito ou de força maior. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
§ 6o O termo de compromisso deverá ser firmado em até noventa dias, contados da
protocolização do requerimento. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
§ 7o O requerimento de celebração do termo de compromisso deverá conter as informações
necessárias à verificação da sua viabilidade técnica e jurídica, sob pena de indeferimento do
plano. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de 23.8.2001)
§ 8o Sob pena de ineficácia, os termos de compromisso deverão ser publicados no órgão
oficial competente, mediante extrato. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.163-41, de
23.8.2001)
Art. 80. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias a contar de
sua publicação.
Art. 81. (VETADO)
Art. 82. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 12 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Gustavo Krause
5.4 GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS
A – Lei nº 11.284, de 02 de março de 2006 –
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO ÚNICO
DOS PRINCÍPIOS E DEFINIÇÕES
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre a gestão de florestas públicas para produção sustentável, institui
o Serviço Florestal Brasileiro - SFB, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, e cria o
Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF.
Art. 2o Constituem princípios da gestão de florestas públicas:
I - a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores culturais
associados, bem como do patrimônio público;
II - o estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das florestas e
que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento sustentável local, regional
e de todo o País;
III - o respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de acesso às
florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação;
IV - a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da agregação de valor
aos produtos e serviços da floresta, bem como à diversificação industrial, ao desenvolvimento
tecnológico, à utilização e à capacitação de empreendedores locais e da mão-de-obra regional;
V - o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão de florestas
públicas, nos termos da Lei no 10.650, de 16 de abril de 2003;
VI - a promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacionada à
conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas;
VII - o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre a
importância da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos recursos florestais;
VIII - a garantia de condições estáveis e seguras que estimulem investimentos de longo prazo
no manejo, na conservação e na recuperação das florestas.
48
§ 1o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão as adaptações necessárias de
sua legislação às prescrições desta Lei, buscando atender às peculiaridades das diversas
modalidades de gestão de florestas públicas.
§ 2o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e em
relação às florestas públicas sob sua jurisdição, poderão elaborar normas supletivas e
complementares e estabelecer padrões relacionados à gestão florestal.
Art. 3o Para os fins do disposto nesta Lei, consideram-se:
I - florestas públicas: florestas, naturais ou plantadas, localizadas nos diversos biomas
brasileiros, em bens sob o domínio da União, dos Estados, dos Municípios, do Distrito
Federal ou das entidades da administração indireta;
II - recursos florestais: elementos ou características de determinada floresta, potencial ou
efetivamente geradores de produtos ou serviços florestais;
III - produtos florestais: produtos madeireiros e não madeireiros gerados pelo manejo florestal
sustentável;
IV - serviços florestais: turismo e outras ações ou benefícios decorrentes do manejo e
conservação da floresta, não caracterizados como produtos florestais;
V - ciclo: período decorrido entre 2 (dois) momentos de colheita de produtos florestais numa
mesma área;
VI - manejo florestal sustentável: administração da floresta para a obtenção de benefícios
econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do
ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização
de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem
como a utilização de outros bens e serviços de natureza florestal;
VII - concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de
praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa unidade de
manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências
do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco e por prazo determinado;
VIII - unidade de manejo: perímetro definido a partir de critérios técnicos, socioculturais,
econômicos e ambientais, localizado em florestas públicas, objeto de um Plano de Manejo
Florestal Sustentável - PMFS, podendo conter áreas degradadas para fins de recuperação por
meio de plantios florestais;
IX - lote de concessão florestal: conjunto de unidades de manejo a serem licitadas;
X - comunidades locais: populações tradicionais e outros grupos humanos, organizados por
gerações sucessivas, com estilo de vida relevante à conservação e à utilização sustentável da
diversidade biológica;
XI - auditoria florestal: ato de avaliação independente e qualificada de atividades florestais e
obrigações econômicas, sociais e ambientais assumidas de acordo com o PMFS e o contrato
de concessão florestal, executada por entidade reconhecida pelo órgão gestor, mediante
procedimento administrativo específico;
XII - inventário amostral: levantamento de informações qualitativas e quantitativas sobre
determinada floresta, utilizando-se processo de amostragem;
XIII - órgão gestor: órgão ou entidade do poder concedente com a competência de disciplinar
e conduzir o processo de outorga da concessão florestal;
XIV - órgão consultivo: órgão com representação do Poder Público e da sociedade civil, com
a finalidade de assessorar, avaliar e propor diretrizes para a gestão de florestas públicas;
XV - poder concedente: União, Estado, Distrito Federal ou Município.
49
TÍTULO II
DA GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS PARA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 4o A gestão de florestas públicas para produção sustentável compreende:
I - a criação de florestas nacionais, estaduais e municipais, nos termos do art. 17 da Lei
no 9.985, de 18 de julho de 2000, e sua gestão direta;
II - a destinação de florestas públicas às comunidades locais, nos termos do art. 6o desta Lei;
III - a concessão florestal, incluindo florestas naturais ou plantadas e as unidades de manejo
das áreas protegidas referidas no inciso I do caput deste artigo.
CAPÍTULO II
DA GESTÃO DIRETA
Art. 5o O Poder Público poderá exercer diretamente a gestão de florestas nacionais, estaduais
e municipais criadas nos termos do art. 17 da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, sendo-lhe
facultado, para execução de atividades subsidiárias, firmar convênios, termos de parceria,
contratos ou instrumentos similares com terceiros, observados os procedimentos licitatórios e
demais exigências legais pertinentes.
§ 1o A duração dos contratos e instrumentos similares a que se refere o caput deste artigo fica
limitada a 120 (cento e vinte) meses.
§ 2o Nas licitações para as contratações de que trata este artigo, além do preço, poderá ser
considerado o critério da melhor técnica previsto no inciso II do caput do art. 26 desta Lei.
CAPÍTULO III
DA DESTINAÇÃO ÀS COMUNIDADES LOCAIS
Art. 6o Antes da realização das concessões florestais, as florestas públicas ocupadas ou
utilizadas por comunidades locais serão identificadas para a destinação, pelos órgãos
competentes, por meio de:
I - criação de reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável, observados os
requisitos previstos da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000;
II - concessão de uso, por meio de projetos de assentamento florestal, de desenvolvimento
sustentável, agroextrativistas ou outros similares, nos termos do art. 189 da Constituição
Federal e das diretrizes do Programa Nacional de Reforma Agrária;
III - outras formas previstas em lei.
§ 1o A destinação de que trata o caput deste artigo será feita de forma não onerosa para o
beneficiário e efetuada em ato administrativo próprio, conforme previsto em legislação
específica.
§ 2o Sem prejuízo das formas de destinação previstas no caput deste artigo, as comunidades
locais poderão participar das licitações previstas no Capítulo IV deste Título, por meio de
associações comunitárias, cooperativas ou outras pessoas jurídicas admitidas em lei.
§ 3o O Poder Público poderá, com base em condicionantes socioambientais definidas em
regulamento, regularizar posses de comunidades locais sobre as áreas por elas
tradicionalmente ocupadas ou utilizadas, que sejam imprescindíveis à conservação dos
recursos ambientais essenciais para sua reprodução física e cultural, por meio de concessão de
direito real de uso ou outra forma admitida em lei, dispensada licitação.
CAPÍTULO IV
DAS CONCESSÕES FLORESTAIS
Seção I
Disposições Gerais
Art. 7o A concessão florestal será autorizada em ato do poder concedente e formalizada
mediante contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e do
edital de licitação.
50
Parágrafo único. Os relatórios ambientais preliminares, licenças ambientais, relatórios de
impacto ambiental, contratos, relatórios de fiscalização e de auditorias e outros documentos
relevantes do processo de concessão florestal serão disponibilizados por meio da Rede
Mundial de Computadores, sem prejuízo do disposto no art. 25 desta Lei.
Art. 8o A publicação do edital de licitação de cada lote de concessão florestal deverá ser
precedida de audiência pública, por região, realizada pelo órgão gestor, nos termos do
regulamento, sem prejuízo de outras formas de consulta pública.
Art. 9o São elegíveis para fins de concessão as unidades de manejo previstas no Plano Anual
de Outorga Florestal.
Seção II
Do Plano Anual de Outorga Florestal
Art. 10. O Plano Anual de Outorga Florestal - PAOF, proposto pelo órgão gestor e definido
pelo poder concedente, conterá a descrição de todas as florestas públicas a serem submetidas a
processos de concessão no ano em que vigorar.
§ 1o O Paof será submetido pelo órgão gestor à manifestação do órgão consultivo da
respectiva esfera de governo.
§ 2o A inclusão de áreas de florestas públicas sob o domínio da União no Paof requer
manifestação prévia da Secretaria de Patrimônio da União do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão.
§ 3o O Paof deverá ser previamente apreciado pelo Conselho de Defesa Nacional quando
estiverem incluídas áreas situadas na faixa de fronteira definida no § 2o do art. 20 da
Constituição Federal.
§ 4o (VETADO)
Art. 11. O Paof para concessão florestal considerará:
I - as políticas e o planejamento para o setor florestal, a reforma agrária, a regularização
fundiária, a agricultura, o meio ambiente, os recursos hídricos, o ordenamento territorial e o
desenvolvimento regional;
II - o Zoneamento Ecológico-Econômico - ZEE nacional e estadual e demais instrumentos
que disciplinam o uso, a ocupação e a exploração dos recursos ambientais;
III - a exclusão das unidades de conservação de proteção integral, das reservas de
desenvolvimento sustentável, das reservas extrativistas, das reservas de fauna e das áreas de
relevante interesse ecológico, salvo quanto a atividades expressamente admitidas no plano de
manejo da unidade de conservação;
IV - a exclusão das terras indígenas, das áreas ocupadas por comunidades locais e das áreas de
interesse para a criação de unidades de conservação de proteção integral;
V - as áreas de convergência com as concessões de outros setores, conforme regulamento;
VI - as normas e as diretrizes governamentais relativas à faixa de fronteira e outras áreas
consideradas indispensáveis para a defesa do território nacional;
VII - as políticas públicas dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
§ 1o Além do disposto no caput deste artigo, o Paof da União considerará os Paofs dos
Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
§ 2o O Paof deverá prever zonas de uso restrito destinadas às comunidades locais.
§ 3o O Paof deve conter disposições relativas ao planejamento do monitoramento e
fiscalização ambiental a cargo dos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente -
SISNAMA, incluindo a estimativa dos recursos humanos e financeiros necessários para essas
atividades.
Seção III
Do Processo de Outorga
Art. 12. O poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato justificando a
conveniência da concessão florestal, caracterizando seu objeto e a unidade de manejo.
51
Art. 13. As licitações para concessão florestal observarão os termos desta Lei e,
supletivamente, da legislação própria, respeitados os princípios da legalidade, moralidade,
publicidade, igualdade, do julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento
convocatório.
§ 1o As licitações para concessão florestal serão realizadas na modalidade concorrência e
outorgadas a título oneroso.
§ 2o Nas licitações para concessão florestal, é vedada a declaração de inexigibilidade prevista
no art. 25 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993.
Seção IV
Do Objeto da Concessão
Art. 14. A concessão florestal terá como objeto a exploração de produtos e serviços florestais,
contratualmente especificados, em unidade de manejo de floresta pública, com
perímetro georreferenciado, registrada no respectivo cadastro de florestas públicas e incluída
no lote de concessão florestal.
Parágrafo único. Fica instituído o Cadastro Nacional de Florestas Públicas, interligado ao
Sistema Nacional de Cadastro Rural e integrado:
I - pelo Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União;
II - pelos cadastros de florestas públicas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 15. O objeto de cada concessão será fixado no edital, que definirá os produtos florestais e
serviços cuja exploração será autorizada.
Art. 16. A concessão florestal confere ao concessionário somente os direitos expressamente
previstos no contrato de concessão.
§ 1o É vedada a outorga de qualquer dos seguintes direitos no âmbito da concessão florestal:
I - titularidade imobiliária ou preferência em sua aquisição;
II - acesso ao patrimônio genético para fins de pesquisa e desenvolvimento, bioprospecção ou
constituição de coleções;
III - uso dos recursos hídricos acima do especificado como insignificante, nos termos da Lei
no 9.433, de 8 de janeiro de 1997;
IV - exploração dos recursos minerais;
V - exploração de recursos pesqueiros ou da fauna silvestre;
VI - comercialização de créditos decorrentes da emissão evitada de carbono em florestas
naturais.
§ 2o No caso de reflorestamento de áreas degradadas ou convertidas para uso alternativo do
solo, o direito de comercializar créditos de carbono poderá ser incluído no objeto da
concessão, nos termos de regulamento.
§ 3o O manejo da fauna silvestre pelas comunidades locais observará a legislação específica.
Art. 17. Os produtos de uso tradicional e de subsistência para as comunidades locais serão
excluídos do objeto da concessão e explicitados no edital, juntamente com a definição das
restrições e da responsabilidade pelo manejo das espécies das quais derivam esses produtos,
bem como por eventuais prejuízos ao meio ambiente e ao poder concedente.
Seção V
Do Licenciamento Ambiental
Art. 18. A licença prévia para uso sustentável da unidade de manejo será requerida pelo órgão
gestor, mediante a apresentação de relatório ambiental preliminar ao órgão ambiental
competente integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA.
§ 1o Nos casos potencialmente causadores de significativa degradação do meio ambiente,
assim considerados, entre outros aspectos, em função da escala e da intensidade do manejo
florestal e da peculiaridade dos recursos ambientais, será exigido estudo prévio de impacto
ambiental - EIA para a concessão da licença prévia.
52
§ 2o O órgão ambiental licenciador poderá optar pela realização de relatório ambiental
preliminar e EIA que abranjam diferentes unidades de manejo integrantes de um mesmo lote
de concessão florestal, desde que as unidades se situem no mesmo ecossistema e no mesmo
Estado.
§ 3o Os custos do relatório ambiental preliminar e do EIA serão ressarcidos pelo
concessionário ganhador da licitação, na forma do art. 24 desta Lei.
§ 4o A licença prévia autoriza a elaboração do PMFS e, no caso de unidade de manejo
inserida no Paof, a licitação para a concessão florestal.
§ 5o O início das atividades florestais na unidade de manejo somente poderá ser efetivado com
a aprovação do respectivo PMFS pelo órgão competente do Sisnama e a conseqüente
obtenção da licença de operação pelo concessionário.
§ 6o O processo de licenciamento ambiental para uso sustentável da unidade de manejo
compreende a licença prévia e a licença de operação, não se lhe aplicando a exigência de
licença de instalação.
§ 7o Os conteúdos mínimos do relatório ambiental preliminar e do EIA relativos ao manejo
florestal serão definidos em ato normativo específico.
§ 8o A aprovação do plano de manejo da unidade de conservação referida no inciso I do art.
4o desta Lei, nos termos da Lei n
o 9.985, de 18 de julho de 2000, substitui a licença prévia
prevista no caput deste artigo, sem prejuízo da elaboração de EIA nos casos previstos no §
1o deste artigo e da observância de outros requisitos do licenciamento ambiental.
Seção VI
Da Habilitação
Art. 19. Além de outros requisitos previstos na Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, exige-se
para habilitação nas licitações de concessão florestal a comprovação de ausência de:
I - débitos inscritos na dívida ativa relativos a infração ambiental nos órgãos competentes
integrantes do Sisnama;
II - decisões condenatórias, com trânsito em julgado, em ações penais relativas a crime contra
o meio ambiente ou a ordem tributária ou a crime previdenciário, observada a reabilitação de
que trata o art. 93 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.
§ 1o Somente poderão ser habilitadas nas licitações para concessão florestal empresas ou
outras pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração
no País.
§ 2o Os órgãos do Sisnama organizarão sistema de informações unificado, tendo em vista
assegurar a emissão do comprovante requerido no inciso I do caput deste artigo.
Seção VII
Do Edital de Licitação
Art. 20. O edital de licitação será elaborado pelo poder concedente, observados os critérios e
as normas gerais da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, e conterá, especialmente:
I - o objeto, com a descrição dos produtos e dos serviços a serem explorados;
II - a delimitação da unidade de manejo, com localização e topografia, além de mapas e
imagens de satélite e das informações públicas disponíveis sobre a unidade;
III - os resultados do inventário amostral;
IV - o prazo da concessão e as condições de prorrogação;
V - a descrição da infra-estrutura disponível;
VI - as condições e datas para a realização de visitas de reconhecimento das unidades de
manejo e levantamento de dados adicionais;
VII - a descrição das condições necessárias à exploração sustentável dos produtos e serviços
florestais;
VIII - os prazos para recebimento das propostas, julgamento da licitação e assinatura do
contrato;
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IX - o período, com data de abertura e encerramento, o local e o horário em que serão
fornecidos aos interessados os dados, estudos e projetos necessários à elaboração dos
orçamentos e apresentação das propostas;
X - os critérios e a relação dos documentos exigidos para a aferição da capacidade técnica, da
idoneidade financeira e da regularidade jurídica e fiscal;
XI - os critérios, os indicadores, as fórmulas e parâmetros a serem utilizados no julgamento da
proposta;
XII - o preço mínimo da concessão e os critérios de reajuste e revisão;
XIII - a descrição das garantias financeiras e dos seguros exigidos;
XIV - as características dos bens reversíveis, incluindo as condições em que se encontram
aqueles já existentes;
XV - as condições de liderança da empresa ou pessoa jurídica responsável, na hipótese em
que for permitida a participação de consórcio;
XVI - a minuta do respectivo contrato, que conterá as cláusulas essenciais referidas no art. 30
desta Lei;
XVII - as condições de extinção do contrato de concessão.
§ 1o As exigências previstas nos incisos II e III do caput deste artigo serão adaptadas à escala
da unidade de manejo florestal, caso não se justifique a exigência do detalhamento.
§ 2o O edital será submetido a audiência pública previamente ao seu lançamento, nos termos
do art. 8o desta Lei.
Art. 21. As garantias previstas no inciso XIII do art. 20 desta Lei:
I - incluirão a cobertura de eventuais danos causados ao meio ambiente, ao erário e a
terceiros;
II - poderão incluir, nos termos de regulamento, a cobertura do desempenho do concessionário
em termos de produção florestal.
§ 1o O poder concedente exigirá garantias suficientes e compatíveis com os ônus e riscos
envolvidos nos contratos de concessão florestal.
§ 2o São modalidades de garantia:
I - caução em dinheiro;
II - títulos da dívida pública emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema
centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil, e avaliados
pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda;
III - seguro-garantia;
IV - fiança bancária;
V - outras admitidas em lei.
§ 3o Para concessão florestal a pessoa jurídica de pequeno porte, microempresas e associações
de comunidades locais, serão previstas em regulamento formas alternativas de fixação de
garantias e preços florestais.
Art. 22. Quando permitida na licitação a participação de pessoa jurídica em consórcio,
observar-se-ão, adicionalmente aos requisitos referidos no art. 19 desta Lei, os seguintes
requisitos:
I - comprovação de compromisso, público ou particular, de constituição de consórcio,
subscrito pelas consorciadas;
II - indicação da empresa-líder, que deverá atender às condições de liderança estipuladas no
edital e será a representante das consorciadas perante o poder concedente;
III - apresentação dos documentos de que trata o inciso X do caput do art. 20 desta Lei, por
parte de cada consorciada;
IV - comprovação de cumprimento da exigência constante do inciso XV do caput do art. 20
desta Lei;
54
V - impedimento de participação de empresas consorciadas na mesma licitação, por
intermédio de mais de 1 (um) consórcio ou isoladamente.
§ 1o O licitante vencedor ficará obrigado a promover, antes da celebração do contrato, a
constituição e registro do consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I
do caput deste artigo.
§ 2o A pessoa jurídica líder do consórcio é responsável pelo cumprimento do contrato de
concessão perante o poder concedente, sem prejuízo da responsabilidade solidária das demais
consorciadas.
§ 3o As alterações na constituição dos consórcios deverão ser submetidas previamente ao
poder concedente para a verificação da manutenção das condições de habilitação, sob pena de
rescisão do contrato de concessão.
Art. 23. É facultado ao poder concedente, desde que previsto no edital, determinar que o
licitante vencedor, no caso de consórcio, constitua-se em empresa antes da celebração do
contrato.
Art. 24. Os estudos, levantamentos, projetos, obras, despesas ou investimentos já efetuados na
unidade de manejo e vinculados ao processo de licitação para concessão, realizados pelo
poder concedente ou com a sua autorização, estarão à disposição dos interessados.
§ 1o O edital de licitação indicará os itens, entre os especificados no caput deste artigo, e seus
respectivos valores, que serão ressarcidos pelo vencedor da licitação.
§ 2o As empresas de pequeno porte, microempresas e associações de comunidades locais
ficarão dispensadas do ressarcimento previsto no § 1o deste artigo.
Art. 25. É assegurado a qualquer pessoa o acesso aos contratos, decisões ou pareceres
relativos à licitação ou às próprias concessões.
Seção VIII
Dos Critérios de Seleção
Art. 26. No julgamento da licitação, a melhor proposta será considerada em razão da
combinação dos seguintes critérios:
I - o maior preço ofertado como pagamento ao poder concedente pela outorga da concessão
florestal;
II - a melhor técnica, considerando:
a) o menor impacto ambiental;
b) os maiores benefícios sociais diretos;
c) a maior eficiência;
d) a maior agregação de valor ao produto ou serviço florestal na região da concessão.
§ 1o A aplicação dos critérios descritos nos incisos I e II do caput deste artigo será
previamente estabelecida no edital de licitação, com regras e fórmulas precisas para avaliação
ambiental, econômica, social e financeira.
§ 2o Para fins de aplicação do disposto no inciso II do caput deste artigo, o edital de licitação
conterá parâmetros e exigências para formulação de propostas técnicas.
§ 3o O poder concedente recusará propostas manifestamente inexeqüíveis ou financeiramente
incompatíveis com os objetivos da licitação.
Seção IX
Do Contrato de Concessão
Art. 27. Para cada unidade de manejo licitada, será assinado um contrato de concessão
exclusivo com um único concessionário, que será responsável por todas as obrigações nele
previstas, além de responder pelos prejuízos causados ao poder concedente, ao meio ambiente
ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelos órgãos competentes exclua ou atenue
essa responsabilidade.
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§ 1o Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere o caput deste artigo, o concessionário
poderá contratar terceiros para o desenvolvimento de atividades inerentes ou subsidiárias ao
manejo florestal sustentável dos produtos e à exploração dos serviços florestais concedidos.
§ 2o As contratações, inclusive de mão-de-obra, feitas pelo concessionário serão regidas pelo
direito privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os terceiros contratados
pelo concessionário e o poder concedente.
§ 3o A execução das atividades contratadas com terceiros pressupõe o cumprimento das
normas regulamentares relacionadas a essas atividades.
§ 4o É vedada a subconcessão na concessão florestal.
Art. 28. A transferência do controle societário do concessionário sem prévia anuência do
poder concedente implicará a rescisão do contrato e a aplicação das sanções contratuais, sem
prejuízo da execução das garantias oferecidas.
Parágrafo único. Para fins de obtenção da anuência referida no caput deste artigo, o
pretendente deverá:
I - atender às exigências da habilitação estabelecidas para o concessionário;
II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.
Art. 29. Nos contratos de financiamento, os concessionários poderão oferecer em garantia os
direitos emergentes da concessão, até o limite que não comprometa a operacionalização e a
continuidade da execução, pelo concessionário, do PMFS ou das demais atividades florestais.
Parágrafo único. O limite previsto no caput deste artigo será definido pelo órgão gestor.
Art. 30. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas:
I - ao objeto, com a descrição dos produtos e dos serviços a serem explorados e da unidade de
manejo;
II - ao prazo da concessão;
III - ao prazo máximo para o concessionário iniciar a execução do PMFS;
IV - ao modo, à forma, às condições e aos prazos da realização das auditorias florestais;
V - ao modo, à forma e às condições de exploração de serviços e prática do manejo florestal;
VI - aos critérios, aos indicadores, às fórmulas e aos parâmetros definidores da qualidade do
meio ambiente;
VII - aos critérios máximos e mínimos de aproveitamento dos recursos florestais;
VIII - às ações de melhoria e recuperação ambiental na área da concessão e seu entorno
assumidas pelo concessionário;
IX - às ações voltadas ao benefício da comunidade local assumidas pelo concessionário;
X - aos preços e aos critérios e procedimentos para reajuste e revisão;
XI - aos direitos e às obrigações do poder concedente e do concessionário, inclusive os
relacionados a necessidades de alterações futuras e modernização, aperfeiçoamento e
ampliação dos equipamentos, infra-estrutura e instalações;
XII - às garantias oferecidas pelo concessionário;
XIII - à forma de monitoramento e avaliação das instalações, dos equipamentos, dos métodos
e práticas de execução do manejo florestal sustentável e exploração de serviços;
XIV - às penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita o concessionário e sua
forma de aplicação;
XV - aos casos de extinção do contrato de concessão;
XVI - aos bens reversíveis;
XVII - às condições para revisão e prorrogação;
XVIII - à obrigatoriedade, à forma e à periodicidade da prestação de contas do concessionário
ao poder concedente;
XIX - aos critérios de bonificação para o concessionário que atingir melhores índices de
desempenho socioambiental que os previstos no contrato, conforme regulamento;
XX - ao foro e ao modo amigável de solução das divergências contratuais.
56
§ 1o No exercício da fiscalização, o órgão gestor terá acesso aos dados relativos à
administração, contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros do concessionário,
respeitando-se os limites do sigilo legal ou constitucionalmente previsto.
§ 2o Sem prejuízo das atribuições dos órgãos do Sisnama responsáveis pelo controle e
fiscalização ambiental, o órgão gestor poderá suspender a execução de atividades
desenvolvidas em desacordo com o contrato de concessão, devendo, nessa hipótese,
determinar a imediata correção das irregularidades identificadas.
§ 3o A suspensão de que trata o § 2
o deste artigo não isenta o concessionário do cumprimento
das demais obrigações contratuais.
§ 4o As obrigações previstas nos incisos V a IX do caput deste artigo são de relevante
interesse ambiental, para os efeitos do art. 68 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Art. 31. Incumbe ao concessionário:
I - elaborar e executar o PMFS, conforme previsto nas normas técnicas aplicáveis e
especificações do contrato;
II - evitar ações ou omissões passíveis de gerar danos ao ecossistema ou a qualquer de seus
elementos;
III - informar imediatamente a autoridade competente no caso de ações ou omissões próprias
ou de terceiros ou fatos que acarretem danos ao ecossistema, a qualquer de seus elementos ou
às comunidades locais;
IV - recuperar as áreas degradadas, quando identificado o nexo de causalidade entre suas
ações ou omissões e os danos ocorridos, independentemente de culpa ou dolo, sem prejuízo
das responsabilidades contratuais, administrativas, civis ou penais;
V - cumprir e fazer cumprir as normas de manejo florestal, as regras de exploração de
serviços e as cláusulas contratuais da concessão;
VI - garantir a execução do ciclo contínuo, iniciada dentro do prazo máximo fixado no edital;
VII - buscar o uso múltiplo da floresta, nos limites contratualmente definidos e observadas as
restrições aplicáveis às áreas de preservação permanente e as demais exigências da
legislação ambiental;
VIII - realizar as benfeitorias necessárias na unidade de manejo;
IX - executar as atividades necessárias à manutenção da unidade de manejo e da infra-
estrutura;
X - comercializar o produto florestal auferido do manejo;
XI - executar medidas de prevenção e controle de incêndios;
XII - monitorar a execução do PMFS;
XIII - zelar pela integridade dos bens e benfeitorias vinculados à unidade de manejo
concedida;
XIV - manter atualizado o inventário e o registro dos bens vinculados à concessão;
XV - elaborar e disponibilizar o relatório anual sobre a gestão dos recursos florestais ao órgão
gestor, nos termos definidos no contrato;
XVI - permitir amplo e irrestrito acesso aos encarregados da fiscalização e auditoria, a
qualquer momento, às obras, aos equipamentos e às instalações da unidade de manejo, bem
como à documentação necessária para o exercício da fiscalização;
XVII - realizar os investimentos ambientais e sociais definidos no contrato de concessão.
§ 1o As benfeitorias permanentes reverterão sem ônus ao titular da área ao final do contrato de
concessão, ressalvados os casos previstos no edital de licitação e no contrato de concessão.
§ 2o Como requisito indispensável para o início das operações de exploração de produtos e
serviços florestais, o concessionário deverá contar com o PMFS aprovado pelo órgão
competente do Sisnama.
§ 3o Findo o contrato de concessão, o concessionário fica obrigado a devolver a unidade de
manejo ao poder concedente nas condições previstas no contrato de concessão, sob pena de
57
aplicação das devidas sanções contratuais e administrativas, bem como da responsabilização
nas esferas penal e civil, inclusive a decorrente daLei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.
Art. 32. O PMFS deverá apresentar área geograficamente delimitada destinada à reserva
absoluta, representativa dos ecossistemas florestais manejados, equivalente a, no mínimo, 5%
(cinco por cento) do total da área concedida, para conservação da biodiversidade e avaliação e
monitoramento dos impactos do manejo florestal.
§ 1o Para efeito do cálculo do percentual previsto no caput deste artigo, não serão computadas
as áreas de preservação permanente.
§ 2o A área de reserva absoluta não poderá ser objeto de qualquer tipo de exploração
econômica.
§ 3o A área de reserva absoluta poderá ser definida pelo órgão gestor previamente à
elaboração do PMFS.
Art. 33. Para fins de garantir o direito de acesso às concessões florestais por pessoas jurídicas
de pequeno porte, micro e médias empresas, serão definidos no Paof, nos termos de
regulamento, lotes de concessão, contendo várias unidades de manejo de tamanhos diversos,
estabelecidos com base em critérios técnicos, que deverão considerar as condições e as
necessidades do setor florestal, as peculiaridades regionais, a estrutura das cadeias produtivas,
as infra-estruturas locais e o acesso aos mercados.
Art. 34. Sem prejuízo da legislação pertinente à proteção da concorrência e de outros
requisitos estabelecidos em regulamento, deverão ser observadas as seguintes salvaguardas
para evitar a concentração econômica:
I - em cada lote de concessão florestal, não poderão ser outorgados a cada concessionário,
individualmente ou em consórcio, mais de 2 (dois) contratos;
II - cada concessionário, individualmente ou em consórcio, terá um limite percentual máximo
de área de concessão florestal, definido no Paof.
Parágrafo único. O limite previsto no inciso II do caput deste artigo será aplicado sobre o
total da área destinada à concessão florestal pelo Paof e pelos planos anuais de outorga em
execução aprovados nos anos anteriores.
Art. 35. O prazo dos contratos de concessão florestal será estabelecido de acordo com o ciclo
de colheita ou exploração, considerando o produto ou grupo de produtos com ciclo mais
longo incluído no objeto da concessão, podendo ser fixado prazo equivalente a, no mínimo,
um ciclo e, no máximo, 40 (quarenta) anos.
Parágrafo único. O prazo dos contratos de concessão exclusivos para exploração de serviços
florestais será de, no mínimo, 5 (cinco) e, no máximo, 20 (vinte) anos.
Seção X
Dos Preços Florestais
Art. 36. O regime econômico e financeiro da concessão florestal, conforme estabelecido no
respectivo contrato, compreende:
I - o pagamento de preço calculado sobre os custos de realização do edital de licitação da
concessão florestal da unidade de manejo;
II - o pagamento de preço, não inferior ao mínimo definido no edital de licitação, calculado
em função da quantidade de produto ou serviço auferido do objeto da concessão ou do
faturamento líquido ou bruto;
III - a responsabilidade do concessionário de realizar outros investimentos previstos no edital
e no contrato;
IV - a indisponibilidade, pelo concessionário, salvo disposição contratual, dos bens
considerados reversíveis.
§ 1o O preço referido no inciso I do caput deste artigo será definido no edital de licitação e
poderá ser parcelado em até 1 (um) ano, com base em critérios técnicos e levando-se em
consideração as peculiaridades locais.
58
§ 2o A definição do preço mínimo no edital deverá considerar:
I - o estímulo à competição e à concorrência;
II - a garantia de condições de competição do manejo em terras privadas;
III - a cobertura dos custos do sistema de outorga;
IV - a geração de benefícios para a sociedade, aferidos inclusive pela renda gerada;
V - o estímulo ao uso múltiplo da floresta;
VI - a manutenção e a ampliação da competitividade da atividade de base florestal;
VII - as referências internacionais aplicáveis.
§ 3o Será fixado, nos termos de regulamento, valor mínimo a ser exigido anualmente do
concessionário, independentemente da produção ou dos valores por ele auferidos com a
exploração do objeto da concessão.
§ 4o O valor mínimo previsto no § 3
o deste artigo integrará os pagamentos anuais devidos pelo
concessionário para efeito do pagamento do preço referido no inciso II do caput deste artigo.
§ 5o A soma dos valores pagos com base no § 3
o deste artigo não poderá ser superior a 30%
(trinta por cento) do preço referido no inciso II do caput deste artigo.
Art. 37. O preço referido no inciso II do caput do art. 36 desta Lei compreende:
I - o valor estabelecido no contrato de concessão;
II - os valores resultantes da aplicação dos critérios de revisão ou de reajuste, nas condições
do respectivo contrato, definidos em ato específico do órgão gestor.
Parágrafo único. A divulgação do ato a que se refere o inciso II do caput deste artigo deverá
preceder a data de pagamento do preço em, no mínimo, 30 (trinta) dias.
Art. 38. O contrato de concessão referido no art. 27 desta Lei poderá prever o compromisso de
investimento mínimo anual do
Art. 39. Os recursos financeiros oriundos dos preços da concessão florestal de unidades
localizadas em áreas de domínio da União serão distribuídos da seguinte forma:
I - o valor referido no § 3o do art. 36 desta Lei será destinado:
a) 70% (setenta por cento) ao órgão gestor para a execução de suas atividades;
b) 30% (trinta por cento) ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA, para utilização restrita em atividades de controle e fiscalização
ambiental de atividades florestais, de unidades de conservação e do desmatamento;
II - o preço pago, excluído o valor mencionado no inciso I do caput deste artigo, terá a
seguinte destinação:
a) Estados: 30% (trinta por cento), destinados proporcionalmente à distribuição da floresta
pública outorgada em suas respectivas jurisdições, para o apoio e promoção da utilização
sustentável dos recursos florestais, sempre que o ente beneficiário cumprir com a finalidade
deste aporte;
b) Municípios: 30% (trinta por cento), destinados proporcionalmente à distribuição da floresta
pública outorgada em suas respectivas jurisdições, para o apoio e promoção da utilização
sustentável dos recursos florestais, sempre que o ente beneficiário cumprir com a finalidade
deste aporte;
c) Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF: 40% (quarenta por cento).
§ 1o Quando os recursos financeiros forem oriundos dos preços da concessão florestal de
unidades localizadas em florestas nacionais criadas pela União nos termos do art. 17 da Lei
no 9.985, de 18 de julho de 2000, serão distribuídos da seguinte forma:
I - o valor referido no § 3o do art. 36 desta Lei será destinado ao órgão gestor para a execução
de suas atividades;
II - o preço pago, excluído o valor mencionado no inciso I do caput deste artigo, terá a
seguinte destinação:
a) Instituto Chico Mendes: 40% (quarenta por cento), para utilização restrita na gestão das
unidades de conservação de uso sustentável; (Redação dada pela Lei nº 11.516, 2007)
59
b) Estados: 20% (vinte por cento), destinados proporcionalmente à distribuição da floresta
pública outorgada em suas respectivas jurisdições, para o apoio e promoção da utilização
sustentável dos recursos florestais, sempre que o ente beneficiário cumprir com a finalidade
deste aporte;
c) Municípios: 20% (vinte por cento), destinados proporcionalmente à distribuição da floresta
pública outorgada em suas respectivas jurisdições, para o apoio e promoção da utilização
sustentável dos recursos florestais, sempre que o ente beneficiário cumprir com a finalidade
deste aporte;
d) FNDF: 20% (vinte por cento).
§ 2o (VETADO)
§ 3o O repasse dos recursos a Estados e Municípios previsto neste artigo será condicionado à
instituição de conselho de meio ambiente pelo respectivo ente federativo, com participação
social, e à aprovação, por este conselho:
I - do cumprimento das metas relativas à aplicação desses recursos referentes ao ano anterior;
II - da programação da aplicação dos recursos do ano em curso.
Art. 40. Os recursos financeiros oriundos dos preços de cada concessão florestal da União
serão depositados e movimentados exclusivamente por intermédio dos mecanismos da conta
única do Tesouro Nacional, na forma do regulamento.
§ 1o O Tesouro Nacional, trimestralmente, repassará aos Estados e Municípios os recursos
recebidos de acordo com o previsto nas alíneas a e b do inciso II docaput e nas
alíneas b e c do inciso II do § 1o, ambos do art. 39 desta Lei.
§ 2o O Órgão Central de Contabilidade da União editará as normas gerais relativas à
consolidação das contas públicas aplicáveis aos recursos financeiros oriundos da concessão
florestal e à sua distribuição.
Seção XI
Do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal
Art. 41. Fica criado o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF, de natureza
contábil, gerido pelo órgão gestor federal, destinado a fomentar o desenvolvimento de
atividades sustentáveis de base florestal no Brasil e a promover a inovação tecnológica do
setor.
§ 1o Os recursos do FNDF serão aplicados prioritariamente em projetos nas seguintes áreas:
I - pesquisa e desenvolvimento tecnológico em manejo florestal;
II - assistência técnica e extensão florestal;
III - recuperação de áreas degradadas com espécies nativas;
IV - aproveitamento econômico racional e sustentável dos recursos florestais;
V - controle e monitoramento das atividades florestais e desmatamentos;
VI - capacitação em manejo florestal e formação de agentes multiplicadores em atividades
florestais;
VII - educação ambiental;
VIII - proteção ao meio ambiente e conservação dos recursos naturais.
§ 2o O FNDF contará com um conselho consultivo, com participação dos entes federativos e
da sociedade civil, com a função de opinar sobre a distribuição dos seus recursos e a avaliação
de sua aplicação.
§ 3o Aplicam-se aos membros do conselho de que trata o § 2
o deste artigo as restrições
previstas no art. 59 desta Lei.
§ 4o Adicionalmente aos recursos previstos na alínea c do inciso II do caput e na alínea d do
inciso II do § 1o, ambos do art. 39 desta Lei, constituem recursos do FNDF a reversão dos
saldos anuais não aplicados, doações realizadas por entidades nacionais ou internacionais,
públicas ou privadas, e outras fontes de recursos que lhe forem especificamente destinadas,
inclusive orçamentos compartilhados com outros entes da Federação.
60
§ 5o É vedada ao FNDF a prestação de garantias.
§ 6o Será elaborado plano anual de aplicação regionalizada dos recursos do FNDF, devendo o
relatório de sua execução integrar o relatório anual de que trata o § 2odo art. 53 desta Lei, no
âmbito da União.
§ 7o Os recursos do FNDF somente poderão ser destinados a projetos de órgãos e entidades
públicas, ou de entidades privadas sem fins lucrativos.
§ 8o A aplicação dos recursos do FNDF nos projetos de que trata o inciso I do § 1
o deste
artigo será feita prioritariamente em entidades públicas de pesquisa.
§ 9o A aplicação dos recursos do FNDF nos projetos de que trata o § 1
o deste artigo poderá
abranger comunidades indígenas, sem prejuízo do atendimento de comunidades locais e
outros beneficiários e observado o disposto no § 7o deste artigo.
Seção XII
Das Auditorias Florestais
Art. 42. Sem prejuízo das ações de fiscalização ordinárias, as concessões serão submetidas a
auditorias florestais, de caráter independente, em prazos não superiores a 3 (três) anos, cujos
custos serão de responsabilidade do concessionário.
§ 1o Em casos excepcionais, previstos no edital de licitação, nos quais a escala da atividade
florestal torne inviável o pagamento dos custos das auditorias florestais pelo concessionário, o
órgão gestor adotará formas alternativas de realização das auditorias, conforme regulamento.
§ 2o As auditorias apresentarão suas conclusões em um dos seguintes termos:
I - constatação de regular cumprimento do contrato de concessão, a ser devidamente validada
pelo órgão gestor;
II - constatação de deficiências sanáveis, que condiciona a manutenção contratual ao
saneamento de todos os vícios e irregularidades verificados, no prazo máximo de 6 (seis)
meses;
III - constatação de descumprimento, que, devidamente validada, implica a aplicação de
sanções segundo sua gravidade, incluindo a rescisão contratual, conforme esta Lei.
§ 3o As entidades que poderão realizar auditorias florestais serão reconhecidas em ato
administrativo do órgão gestor.
Art. 43. Qualquer pessoa física ou jurídica, de forma justificada e devidamente assistida por
profissionais habilitados, poderá fazer visitas de comprovação às operações florestais de
campo, sem obstar o regular desenvolvimento das atividades, observados os seguintes
requisitos:
I - prévia obtenção de licença de visita no órgão gestor;
II - programação prévia com o concessionário.
Seção XIII
Da Extinção da Concessão
Art. 44. Extingue-se a concessão florestal por qualquer das seguintes causas:
I - esgotamento do prazo contratual;
II - rescisão;
III - anulação;
IV - falência ou extinção do concessionário e falecimento ou incapacidade do titular, no caso
de empresa individual;
V - desistência e devolução, por opção do concessionário, do objeto da concessão.
§ 1o Extinta a concessão, retornam ao titular da floresta pública todos os bens reversíveis,
direitos e privilégios transferidos ao concessionário, conforme previsto no edital e
estabelecido em contrato.
§ 2o A extinção da concessão autoriza, independentemente de notificação prévia, a ocupação
das instalações e a utilização, pelo titular da floresta pública, de todos os bens reversíveis.
61
§ 3o A extinção da concessão pelas causas previstas nos incisos II, IV e V do caput deste
artigo autoriza o poder concedente a executar as garantias contratuais, sem prejuízo da
responsabilidade civil por danos ambientais prevista na Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981.
§ 4o A devolução de áreas não implicará ônus para o poder concedente, nem conferirá ao
concessionário qualquer direito de indenização pelos bens reversíveis, os quais passarão à
propriedade do poder concedente.
§ 5o Em qualquer caso de extinção da concessão, o concessionário fará, por sua conta
exclusiva, a remoção dos equipamentos e bens que não sejam objetos de reversão, ficando
obrigado a reparar ou indenizar os danos decorrentes de suas atividades e praticar os atos de
recuperação ambiental determinados pelos órgãos competentes.
Art. 45. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a critério do poder concedente, a
rescisão da concessão, a aplicação das sanções contratuais e a execução das garantias, sem
prejuízo da responsabilidade civil por danos ambientais prevista na Lei no 6.938, de 31 de
agosto de 1981, e das devidas sanções nas esferas administrativa e penal.
§ 1o A rescisão da concessão poderá ser efetuada unilateralmente pelo poder concedente,
quando:
I - o concessionário descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais e regulamentares
concernentes à concessão;
II - o concessionário descumprir o PMFS, de forma que afete elementos essenciais de
proteção do meio ambiente e a sustentabilidade da atividade;
III - o concessionário paralisar a execução do PMFS por prazo maior que o previsto em
contrato, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior, ou as que, com
anuência do órgão gestor, visem à proteção ambiental;
IV - descumprimento, total ou parcial, da obrigação de pagamento dos preços florestais;
V - o concessionário perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a
regular execução do PMFS;
VI - o concessionário não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos;
VII - o concessionário não atender a notificação do órgão gestor no sentido de regularizar o
exercício de suas atividades;
VIII - o concessionário for condenado em sentença transitada em julgado por crime contra o
meio ambiente ou a ordem tributária, ou por crime previdenciário;
IX - ocorrer fato superveniente de relevante interesse público que justifique a rescisão,
mediante lei autorizativa específica, com indenização das parcelas de investimento ainda não
amortizadas vinculadas aos bens reversíveis que tenham sido realizados;
X - o concessionário submeter trabalhadores a condições degradantes de trabalho ou análogas
à de escravo ou explorar o trabalho de crianças e adolescentes.
§ 2o A rescisão do contrato de concessão deverá ser precedida da verificação de processo
administrativo, assegurado o direito de ampla defesa.
§ 3o Não será instaurado processo administrativo de inadimplência antes da notificação do
concessionário e a fixação de prazo para correção das falhas e transgressões apontadas.
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a inadimplência, a rescisão será
efetuada por ato do poder concedente, sem prejuízo da responsabilização administrativa, civil
e penal.
§ 5o Rescindido o contrato de concessão, não resultará para o órgão gestor qualquer espécie
de responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com
terceiros ou com empregados do concessionário.
§ 6o O Poder Público poderá instituir seguro para cobertura da indenização prevista no inciso
IX do § 1o deste artigo.
Art. 46. Desistência é o ato formal, irrevogável e irretratável pelo qual o concessionário
manifesta seu desinteresse pela continuidade da concessão.
62
§ 1o A desistência é condicionada à aceitação expressa do poder concedente, e dependerá de
avaliação prévia do órgão competente para determinar o cumprimento ou não do PMFS,
devendo assumir o desistente o custo dessa avaliação e, conforme o caso, as obrigações
emergentes.
§ 2o A desistência não desonerará o concessionário de suas obrigações com terceiros.
Art. 47. O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa do concessionário, no
caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação
judicial especialmente intentada para esse fim.
Seção XIV
Das Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais
Art. 48. As concessões em florestas nacionais, estaduais e municipais devem observar o
disposto nesta Lei, na Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e no plano de manejo da unidade
de conservação.
§ 1o A inserção de unidades de manejo das florestas nacionais, estaduais e municipais no Paof
requer prévia autorização do órgão gestor da unidade de conservação.
§ 2o Os recursos florestais das unidades de manejo de florestas nacionais, estaduais e
municipais somente serão objeto de concessão após aprovação do plano de manejo da unidade
de conservação, nos termos da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000.
§ 3o Para a elaboração do edital e do contrato de concessão florestal das unidades de manejo
em florestas nacionais, estaduais e municipais, ouvir-se-á o respectivo conselho consultivo,
constituído nos termos do art. 17, § 5o, da Lei n
o 9.985, de 18 de julho de 2000, o qual
acompanhará todas as etapas do processo de outorga.
TÍTULO III
DOS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELA GESTÃO E FISCALIZAÇÃO
CAPÍTULO I
DO PODER CONCEDENTE
Art. 49. Cabe ao poder concedente, no âmbito de sua competência, formular as estratégias,
políticas, planos e programas para a gestão de florestas públicas e, especialmente:
I - definir o Paof;
II - ouvir o órgão consultivo sobre a adoção de ações de gestão de florestas públicas, bem
como sobre o Paof;
III - definir as áreas a serem submetidas à concessão florestal;
IV - estabelecer os termos de licitação e os critérios de seleção;
V - publicar editais, julgar licitações, promover os demais procedimentos licitatórios, definir
os critérios para formalização dos contratos para o manejo florestal sustentável e celebrar os
contratos de concessão florestal;
VI - planejar ações voltadas à disciplina do mercado no setor florestal, quando couber.
§ 1o No exercício da competência referida nos incisos IV e V do caput deste artigo, o poder
concedente poderá delegar ao órgão gestor a operacionalização dos procedimentos licitatórios
e a celebração de contratos, nos termos do regulamento.
§ 2o No âmbito federal, o Ministério do Meio Ambiente exercerá as competências definidas
neste artigo.
63
CAPÍTULO II
DOS ÓRGÃOS DO SISNAMA RESPONSÁVEIS PELO CONTROLE E FISCALIZAÇÃO
AMBIENTAL
Art. 50. Caberá aos órgãos do Sisnama responsáveis pelo controle e fiscalização ambiental
das atividades florestais em suas respectivas jurisdições:
I - fiscalizar e garantir a proteção das florestas públicas;
II - efetuar em qualquer momento, de ofício, por solicitação da parte ou por denúncia de
terceiros, fiscalização da unidade de manejo, independentemente de prévia notificação;
III - aplicar as devidas sanções administrativas em caso de infração ambiental;
IV - expedir a licença prévia para uso sustentável da unidade de manejo das respectivas
florestas públicas e outras licenças de sua competência;
V - aprovar e monitorar o PMFS da unidade de manejo das respectivas florestas públicas.
§ 1o Em âmbito federal, o Ibama exercerá as atribuições previstas neste artigo.
§ 2o O Ibama deve estruturar formas de atuação conjunta com os órgãos seccionais e locais do
Sisnama para a fiscalização e proteção das florestas públicas, podendo firmar convênios ou
acordos de cooperação.
§ 3o Os órgãos seccionais e locais podem delegar ao IBAMA, mediante convênio ou acordo
de cooperação, a aprovação e o monitoramento do PMFS das unidades de manejo das
florestas públicas estaduais ou municipais e outras atribuições.
CAPÍTULO III
DO ÓRGÃO CONSULTIVO
Art. 51. Sem prejuízo das atribuições do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA,
fica instituída a Comissão de Gestão de Florestas Públicas, no âmbito do Ministério do Meio
Ambiente, de natureza consultiva, com as funções de exercer, na esfera federal, as atribuições
de órgão consultivo previstas por esta Lei e, especialmente:
I - assessorar, avaliar e propor diretrizes para gestão de florestas públicas da União;
II - manifestar-se sobre o Paof da União;
III - exercer as atribuições de órgão consultivo do SFB.
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disporão sobre o órgão
competente para exercer as atribuições de que trata este Capítulo nas respectivas esferas de
atuação.
Art. 52. A Comissão de Gestão de Florestas Públicas será composta por representantes do
Poder Público, dos empresários, dos trabalhadores, da comunidade científica, dos movimentos
sociais e das organizações não governamentais, e terá sua composição e seu funcionamento
definidos em regulamento.
Parágrafo único. Os membros da Comissão de Gestão de Florestas Públicas exercem função
não remunerada de interesse público relevante, com precedência, na esfera federal, sobre
quaisquer cargos públicos de que sejam titulares e, quando convocados, farão jus a transporte
e diárias.
CAPÍTULO IV
DO ÓRGÃO GESTOR
Art. 53. Caberá aos órgãos gestores federal, estaduais e municipais, no âmbito de suas
competências:
I - elaborar proposta de Paof, a ser submetida ao poder concedente;
II - disciplinar a operacionalização da concessão florestal;
III - solicitar ao órgão ambiental competente a licença prévia prevista no art. 18 desta Lei;
IV - elaborar inventário amostral, relatório ambiental preliminar e outros estudos;
V - publicar editais, julgar licitações, promover os demais procedimentos licitatórios,
inclusive audiência e consulta pública, definir os critérios para formalização dos contratos e
64
celebrá-los com concessionários de manejo florestal sustentável, quando delegado pelo poder
concedente;
VI - gerir e fiscalizar os contratos de concessão florestal;
VII - dirimir, no âmbito administrativo, as divergências entre concessionários, produtores
independentes e comunidades locais;
VIII - controlar e cobrar o cumprimento das metas fixadas no contrato de concessão;
IX - fixar os critérios para cálculo dos preços de que trata o art. 36 desta Lei e proceder à sua
revisão e reajuste na forma desta Lei, das normas pertinentes e do contrato;
X - cobrar e verificar o pagamento dos preços florestais e distribuí-los de acordo com esta
Lei;
XI - acompanhar e intervir na execução do PMFS, nos casos e condições previstos nesta Lei;
XII - fixar e aplicar as penalidades administrativas e contratuais impostas aos concessionários,
sem prejuízo das atribuições dos órgãos do Sisnama responsáveis pelo controle e fiscalização
ambiental;
XIII - indicar ao poder concedente a necessidade de extinção da concessão, nos casos
previstos nesta Lei e no contrato;
XIV - estimular o aumento da qualidade, produtividade, rendimento e conservação do meio
ambiente nas áreas sob concessão florestal;
XV - dispor sobre a realização de auditorias florestais independentes, conhecer seus
resultados e adotar as medidas cabíveis, conforme o resultado;
XVI - disciplinar o acesso às unidades de manejo;
XVII - atuar em estreita cooperação com os órgãos de defesa da concorrência, com vistas em
impedir a concentração econômica nos serviços e produtos florestais e na promoção da
concorrência;
XVIII - incentivar a competitividade e zelar pelo cumprimento da legislação de defesa da
concorrência, monitorando e acompanhando as práticas de mercado dos agentes do setor
florestal;
XIX - efetuar o controle prévio e a posteriori de atos e negócios jurídicos a serem celebrados
entre concessionários, impondo-lhes restrições à mútua constituição de direitos e obrigações,
especialmente comerciais, incluindo a abstenção do próprio ato ou contrato ilegal;
XX - conhecer e julgar recursos em procedimentos administrativos;
XXI - promover ações para a disciplina dos mercados de produtos florestais e seus derivados,
em especial para controlar a competição de produtos florestais de origem não sustentável;
XXII - reconhecer em ato administrativo as entidades que poderão realizar auditorias
florestais;
XXIII - estimular a agregação de valor ao produto florestal na região em que for explorado.
§ 1o Compete ao órgão gestor a guarda das florestas públicas durante o período de pousio
entre uma concessão e outra ou, quando por qualquer motivo, houver extinção do contrato de
concessão.
§ 2o O órgão gestor deverá encaminhar ao poder concedente, ao Poder Legislativo e ao
conselho de meio ambiente, nas respectivas esferas de governo, relatório anual sobre as
concessões outorgadas, o valor dos preços florestais, a situação de adimplemento dos
concessionários, os PMFS e seu estado de execução, as vistorias e auditorias florestais
realizadas e os respectivos resultados, assim como as demais informações relevantes sobre o
efetivo cumprimento dos objetivos da gestão de florestas públicas.
§ 3o O relatório previsto no § 2
o deste artigo relativo às concessões florestais da União deverá
ser encaminhado ao Conama e ao Congresso Nacional até 31 de março de cada ano.
§ 4o Caberá ao Conama, considerando as informações contidas no relatório referido no §
3o deste artigo, manifestar-se sobre a adequação do sistema de concessões florestais e de seu
monitoramento e sugerir os aperfeiçoamentos necessários.
65
§ 5o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disporão sobre o órgão competente para
exercer as atribuições de que trata este Capítulo nas respectivas esferas de atuação.
TÍTULO IV
DO SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO
CAPÍTULO I
DA CRIAÇÃO DO SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO
Art. 54. Fica criado, na estrutura básica do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal
Brasileiro - SFB.
Art. 55. O SFB atua exclusivamente na gestão das florestas públicas e tem por competência:
I - exercer a função de órgão gestor prevista no art. 53 desta Lei, no âmbito federal, bem como
de órgão gestor do FNDF;
II - apoiar a criação e gestão de programas de treinamento, capacitação, pesquisa e assistência
técnica para a implementação de atividades florestais, incluindo manejo florestal,
processamento de produtos florestais e exploração de serviços florestais;
III - estimular e fomentar a prática de atividades florestais sustentáveis madeireira, não
madeireira e de serviços;
IV - promover estudos de mercado para produtos e serviços gerados pelas florestas;
V - propor planos de produção florestal sustentável de forma compatível com as demandas da
sociedade;
VI - criar e manter o Sistema Nacional de Informações Florestais integrado ao Sistema
Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente;
VII - gerenciar o Cadastro Nacional de Florestas Públicas, exercendo as seguintes funções:
a) organizar e manter atualizado o Cadastro-Geral de Florestas Públicas da União;
b) adotar as providências necessárias para interligar os cadastros estaduais e municipais ao
Cadastro Nacional;
VIII - apoiar e atuar em parceria com os seus congêneres estaduais e municipais.
§ 1o No exercício de suas atribuições, o SFB promoverá a articulação com os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios, para a execução de suas atividades de forma compatível com
as diretrizes nacionais de planejamento para o setor florestal e com a Política Nacional do
Meio Ambiente.
§ 2o Para a concessão das florestas públicas sob a titularidade dos outros entes da Federação,
de órgãos e empresas públicas e de associações de comunidades locais, poderão ser firmados
convênios com o Ministério do Meio Ambiente, representado pelo SFB.
§ 3o As atribuições previstas nos incisos II a V do caput deste artigo serão exercidas sem
prejuízo de atividades desenvolvidas por outros órgãos e entidades da Administração Pública
federal que atuem no setor.
CAPÍTULO II
DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E GESTÃO DO SERVIÇO FLORESTAL
BRASILEIRO
Seção I
Do Conselho Diretor
Art. 56. O Poder Executivo disporá sobre a estrutura organizacional e funcionamento do SFB,
observado o disposto neste artigo.
§ 1o O SFB será dirigido por um Conselho Diretor, composto por um Diretor-Geral e 4
(quatro) diretores, em regime de colegiado, ao qual caberá:
I - exercer a administração do SFB;
II - examinar, decidir e executar ações necessárias ao cumprimento das competências do SFB;
III - editar normas sobre matérias de competência do SFB;
IV - aprovar o regimento interno do SFB, a organização, a estrutura e o âmbito decisório de
cada diretoria;
66
V - elaborar e divulgar relatórios sobre as atividades do SFB;
VI - conhecer e julgar pedidos de reconsideração de decisões de componentes das diretorias
do SFB.
§ 2o As decisões relativas às atribuições do SFB são tomadas pelo Conselho Diretor, por
maioria absoluta de votos.
Art. 57. O SFB terá, em sua estrutura, unidade de assessoramento jurídico, observada a
legislação pertinente.
Art. 58. O Diretor-Geral e os demais membros do Conselho Diretor do SFB serão brasileiros,
de reputação ilibada, experiência comprovada e elevado conceito no campo de especialidade
dos cargos para os quais serão nomeados.
§ 1o (VETADO)
§ 2o O regulamento do SFB disciplinará a substituição do Diretor-Geral e os demais membros
do Conselho Diretor em seus impedimentos ou afastamentos regulamentares e ainda no
período de vacância que anteceder à nomeação de novo diretor.
Art. 59. Está impedido de exercer cargo de direção no SFB quem mantiver, ou tiver mantido
nos 24 (vinte e quatro) meses anteriores à nomeação, os seguintes vínculos com qualquer
pessoa jurídica concessionária ou com produtor florestal independente:
I - acionista ou sócio com participação individual direta superior a 1% (um por cento) no
capital social ou superior a 2% (dois por cento) no capital social de empresa controladora;
II - membro do conselho de administração, fiscal ou de diretoria executiva;
III - empregado, mesmo com o contrato de trabalho suspenso, inclusive das empresas
controladoras ou das fundações de previdência de que sejam patrocinadoras.
Parágrafo único. Também está impedido de exercer cargo de direção no SFB membro do
conselho ou diretoria de associação ou sindicato, regional ou nacional, representativo de
interesses dos agentes mencionados no caput deste artigo, ou de categoria profissional de
empregados desses agentes.
Art. 60. O ex-dirigente do SFB, durante os 12 (doze) meses seguintes ao seu desligamento do
cargo, estará impedido de prestar, direta ou indiretamente, independentemente da forma ou
natureza do contrato, qualquer tipo de serviço às pessoas jurídicas concessionárias, sob
regulamentação ou fiscalização do SFB, inclusive controladas, coligadas ou subsidiárias.
Parágrafo único. Incorre na prática de advocacia administrativa, sujeitando-se o infrator às
penas previstas no art. 321 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código
Penal, o ex-dirigente do SFB que descumprir o disposto no caput deste artigo.
Art. 61. Os cargos em comissão e funções gratificadas do SFB deverão ser exercidos,
preferencialmente, por servidores do seu quadro efetivo, aplicando-se-lhes as restrições do art.
59 desta Lei.
Seção II
Da Ouvidoria
Art. 62. O SFB contará com uma Ouvidoria, à qual competirá:
I - receber pedidos de informação e esclarecimento, acompanhar o processo interno de
apuração das denúncias e reclamações afetas ao SFB e responder diretamente aos
interessados, que serão cientificados, em até 30 (trinta) dias, das providências tomadas;
II - zelar pela qualidade dos serviços prestados pelo SFB e acompanhar o processo interno de
apuração das denúncias e reclamações dos usuários, seja contra a atuação do SFB, seja contra
a atuação dos concessionários;
III - produzir, semestralmente e quando julgar oportuno:
a) relatório circunstanciado de suas atividades e encaminhá-lo à Diretoria-Geral do SFB e ao
Ministro de Estado do Meio Ambiente;
67
b) apreciações sobre a atuação do SFB, encaminhando-as ao Conselho Diretor, à Comissão de
Gestão de Florestas Públicas, aos Ministros de Estado do Meio Ambiente, da Fazenda, do
Planejamento, Orçamento e Gestão e Chefe da Casa Civil da Presidência da República, bem
como às comissões de fiscalização e controle da Câmara dos Deputados e do Senado Federal,
publicando-as para conhecimento geral.
§ 1o O Ouvidor atuará junto ao Conselho Diretor do SFB, sem subordinação hierárquica, e
exercerá as suas atribuições sem acumulação com outras funções.
§ 2o O Ouvidor será nomeado pelo Presidente da República para mandato de 3 (três) anos,
sem direito a recondução.
§ 3o O Ouvidor somente poderá perder o mandato em caso de renúncia, condenação judicial
transitada em julgado ou condenação em processo administrativo disciplinar.
§ 4o O processo administrativo contra o Ouvidor somente poderá ser instaurado pelo Ministro
de Estado do Meio Ambiente.
§ 5o O Ouvidor terá acesso a todos os assuntos e contará com o apoio administrativo de que
necessitar.
§ 6o Aplica-se ao ex-Ouvidor o disposto no art. 60 desta Lei.
Seção III
Do Conselho Gestor
Art. 63. (VETADO)
Seção IV
Dos Servidores do SFB
Art. 64. O SFB constituirá quadro de pessoal, por meio da realização de concurso público de
provas, ou de provas e títulos, ou da redistribuição de servidores de órgãos e entidades da
administração federal direta, autárquica ou fundacional.
Art. 65. O SFB poderá requisitar, independentemente da designação para cargo em comissão
ou função de confiança, e sem prejuízo dos vencimentos e vantagens a que façam jus no órgão
de origem, servidores de órgãos e entidades integrantes da administração pública federal
direta, autárquica e fundacional, observado o quantitativo máximo estabelecido em ato
conjunto dos Ministros de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão e do Meio Ambiente.
Parágrafo único. No caso de requisição ao Ibama, ela deverá ser precedida de autorização do
órgão.
Art. 66. Ficam criados 49 (quarenta e nove) cargos do Grupo Direção e Assessoramento
Superiores - DAS, no âmbito do Poder Executivo Federal, para reestruturação do Ministério
do Meio Ambiente, com a finalidade de integrar a estrutura do SFB, assim distribuídos:
I - 1 (um) DAS-6;
II - 4 (quatro) DAS-5;
III - 17 (dezessete) DAS-4;
IV - 10 (dez) DAS-3;
V - 9 (nove) DAS-2;
VI - 8 (oito) DAS-1.
Seção V
Da Autonomia Administrativa do SFB
Art. 67. O Poder Executivo poderá assegurar ao SFB autonomia administrativa e financeira,
no grau conveniente ao exercício de suas atribuições, mediante a celebração de contrato de
gestão e de desempenho, nos termos do § 8o do art. 37 da Constituição Federal, negociado e
firmado entre o Ministério do Meio Ambiente e o Conselho Diretor.
68
§ 1o O contrato de gestão e de desempenho será o instrumento de controle da atuação
administrativa do SFB e da avaliação do seu desempenho, bem como elemento integrante da
sua prestação de contas, bem como do Ministério do Meio Ambiente, aplicado o disposto
no art. 9o da Lei n
o 8.443, de 16 de julho de 1992, sendo sua inexistência considerada falta de
natureza formal, conforme disposto no inciso II do art. 16 da mesma Lei.
§ 2o O contrato de gestão e de desempenho deve estabelecer, nos programas anuais de
trabalho, indicadores que permitam quantificar, de forma objetiva, a avaliação do SFB.
§ 3o O contrato de gestão e de desempenho será avaliado periodicamente e, se necessário,
revisado por ocasião da renovação parcial da diretoria do SFB.
Seção VI
Da Receita e do Acervo do Serviço Florestal Brasileiro
Art. 68. Constituem receitas do SFB:
I - recursos oriundos da cobrança dos preços de concessão florestal, conforme destinação
prevista na alínea a do inciso I do caput e no inciso I do § 1o, ambos do art. 39 desta Lei,
além de outros referentes ao contrato de concessão, incluindo os relativos aos custos do edital
de licitação e os recursos advindos de aplicação de penalidades contratuais;
II - recursos ordinários do Tesouro Nacional, consignados no Orçamento Fiscal da União e
em seus créditos adicionais, transferências e repasses que lhe forem conferidos;
III - produto da venda de publicações, material técnico, dados e informações, inclusive para
fins de licitação pública, e de emolumentos administrativos;
IV - recursos provenientes de convênios ou acordos celebrados com entidades, organismos ou
empresas públicas, ou contratos celebrados com empresas privadas;
V - doações, legados, subvenções e outros recursos que lhe forem destinados.
TÍTULO V
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS
Art. 69. Sem prejuízo do disposto nos incisos VI e VII do art. 23 da Constituição Federal, a
execução das atividades relacionadas às concessões florestais poderá ser delegada pelos
Estados, Distrito Federal e Municípios à União, bem como pela União aos demais entes
federados, mediante convênio firmado com o órgão gestor competente.
Parágrafo único. É vedado ao órgão gestor conveniado exigir do concessionário sob sua ação
complementar de regulação, controle e fiscalização obrigação não prevista previamente em
contrato.
Art. 70. As unidades de manejo em florestas públicas com PMFS aprovados e em execução
até a data de publicação desta Lei serão vistoriadas:
I - pelo órgão competente do Sisnama, para averiguar o andamento do manejo florestal;
II - pelo órgão fundiário competente, para averiguar a situação da ocupação, de acordo com os
parâmetros estabelecidos na legislação específica.
§ 1o As vistorias realizadas pelo órgão fundiário competente serão acompanhadas por
representante do Poder Público local.
§ 2o Nas unidades de manejo onde não for verificado o correto andamento do manejo
florestal, os detentores do PMFS serão notificados para apresentar correções, no prazo
estabelecido pelo órgão competente do Sisnama.
§ 3o Caso não sejam atendidas as exigências da notificação mencionada no § 2
o deste artigo, o
PMFS será cancelado e a área correspondente deverá ser desocupada sem ônus para o Poder
Público e sem prejuízo das demais penalidades previstas em lei.
69
§ 4o As unidades de manejo onde o correto andamento do manejo florestal for verificado ou
saneado nos termos do § 2o deste artigo serão submetidas a processo licitatório, no prazo de
até 24 (vinte e quatro) meses a partir da data da manifestação dos órgãos a respeito da vistoria
prevista no caput deste artigo, desde que não seja constatado conflito com comunidades
locais pela ocupação do território e uso dos recursos florestais.
§ 5o Será dada a destinação prevista no art. 6
o desta Lei às unidades de manejo onde o correto
andamento do manejo florestal for verificado e os detentores dos PMFS forem comunidades
locais.
§ 6o Até que sejam submetidas ao processo licitatório, as unidades de manejo mencionadas no
§ 4o deste artigo permanecerão sob a responsabilidade do detentor do PMFS, que poderá dar
continuidade às atividades de manejo mediante assinatura de contrato com o poder
concedente.
§ 7o O contrato previsto no § 6
o deste artigo terá vigência limitada à assinatura do contrato de
concessão resultante do processo licitatório.
§ 8o Findo o processo licitatório, o detentor do PMFS que der continuidade à sua execução,
nos termos deste artigo, pagará ao órgão gestor competente valor proporcional ao preço da
concessão florestal definido na licitação, calculado com base no período decorrido desde a
verificação pelo órgão competente do Sisnama até a adjudicação do vencedor na licitação.
Art. 71. A licitação para a concessão florestal das unidades de manejo mencionadas no § 4o do
art. 70 desta Lei, além de observar os termos desta Lei, deverá seguir as seguintes
determinações:
I - o vencedor da licitação, após firmar o contrato de concessão, deverá seguir o PMFS em
execução, podendo revisá-lo nas condições previstas em regulamento;
II - o edital de licitação deverá conter os valores de ressarcimento das benfeitorias e
investimentos já realizados na área a serem pagos ao detentor do PMFS pelo vencedor do
processo de licitação, descontado o valor da produção auferida previamente à licitação nos
termos do § 8o do art. 70 desta Lei.
Art. 72. As florestas públicas não destinadas a manejo florestal ou unidades de conservação
ficam impossibilitadas de conversão para uso alternativo do solo, até que sua classificação de
acordo com o ZEE esteja oficializada e a conversão seja plenamente justificada.
Art. 73. As áreas públicas já ocupadas e convertidas para uso alternativo do solo na data de
publicação desta Lei estarão excluídas das concessões florestais, desde que confirmada a sua
vocação para o uso atual por meio do ZEE aprovado de acordo com a legislação pertinente.
§ 1o Nos remanescentes das áreas previstas no caput deste artigo, o Poder Público poderá
autorizar novos Planos de Manejo Florestal Sustentável, observada a legislação vigente.
§ 2o Fica garantido o direito de continuidade das atividades econômicas realizadas, em
conformidade com a lei, pelos atuais ocupantes em áreas de até 2.500ha (dois mil e
quinhentos hectares), pelo prazo de 5 (cinco) anos a partir da data de publicação desta Lei.
Art. 74. Os parâmetros para definição dos tamanhos das unidades de manejo a serem
concedidas às pessoas jurídicas de pequeno porte, micro e médias empresas, na forma do art.
33 desta Lei, serão definidos em regulamento, previamente à aprovação do primeiro Paof.
Art. 75. Após 5 (cinco) anos da implantação do primeiro Paof, será feita avaliação sobre os
aspectos técnicos, econômicos, sociais e ambientais da aplicação desta Lei, a que se dará
publicidade.
Art. 76. Em 10 (dez) anos contados da data de publicação desta Lei, a área total com
concessões florestais da União não poderá ultrapassar 20% (vinte por cento) do total de área
de suas florestas públicas disponíveis para a concessão, com exceção das unidades de manejo
localizadas em florestas nacionais criadas nos termos doart. 17 da Lei no 9.985, de 18 de julho
de 2000.
70
Art. 77. Ao final dos 10 (dez) primeiros anos contados da data de publicação desta Lei, cada
concessionário, individualmente ou em consórcio, não poderá concentrar mais de 10% (dez
por cento) do total da área das florestas públicas disponíveis para a concessão em cada esfera
de governo.
Art. 78. Até a aprovação do primeiro Paof, fica o poder concedente autorizado a realizar
concessões florestais em:
I - unidades de manejo em áreas públicas que, somadas, não ultrapassem 750.000ha
(setecentos e cinqüenta mil hectares), localizadas numa faixa de até 100Km (cem
quilômetros) ao longo da rodovia BR-163;
II - florestas nacionais ou estaduais criadas nos termos do art. 17 da Lei no 9.985, de 18 de
julho de 2000, observados os seguintes requisitos:
a) autorização prévia do órgão gestor da unidade de conservação;
b) aprovação prévia do plano de manejo da unidade de conservação nos termos da Lei
no 9.985, de 18 de julho de 2000;
c) oitiva do conselho consultivo da unidade de conservação, nos termos do § 3o do art. 48
desta Lei;
d) previsão de zonas de uso restrito destinadas às comunidades locais.
Parágrafo único. As concessões de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo devem
ser objeto de licitação e obedecer às normas previstas nos arts. 8o e 12 a 47 desta Lei.
Art. 79. As associações civis que venham a participar, de qualquer forma, das concessões
florestais ou da gestão direta das florestas públicas deverão ser constituídas sob as leis
brasileiras e ter sede e administração no País.
Art. 80. O inciso XV do art. 29 da Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, passa a vigorar com
a seguinte redação:
"Art. 29. .....................................................................
.....................................................................
XV - do Ministério do Meio Ambiente o Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Conselho
Nacional da Amazônia Legal, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, o Conselho de
Gestão do Patrimônio Genético, o Conselho Deliberativo do Fundo Nacional do Meio
Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro, a Comissão de Gestão de Florestas Públicas e até 5
(cinco) Secretarias;
....................................................................." (NR)
Art. 81. O art. 1o da Lei n
o 5.868, de 12 de dezembro de 1972, passa a vigorar acrescido do
seguinte inciso V:
"Art. 1o .....................................................................
.....................................................................
V - Cadastro Nacional de Florestas Públicas.
....................................................................." (NR)
Art. 82. A Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, passa a vigorar acrescida dos seguintes
arts. 50-A e 69-A:
"Art. 50-A. Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em
terras de domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente:
Pena - reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa.
§ 1o Não é crime a conduta praticada quando necessária à subsistência imediata pessoal do
agente ou de sua família.
§ 2o Se a área explorada for superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1
(um) ano por milhar de hectare."
"Art. 69-A. Elaborar ou apresentar, no licenciamento, concessão florestal ou qualquer outro
procedimento administrativo, estudo, laudo ou relatório ambiental total ou parcialmente falso
ou enganoso, inclusive por omissão:
71
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1o Se o crime é culposo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se há dano significativo ao
meio ambiente, em decorrência do uso da informação falsa, incompleta ou enganosa."
Art. 83. O art. 19 da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, passa a vigorar com a seguinte
redação:
"Art. 19. A exploração de florestas e formações sucessoras, tanto de domínio público como de
domínio privado, dependerá de prévia aprovação pelo órgão estadual competente do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, bem como da adoção de técnicas de condução,
exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com os variados ecossistemas que a
cobertura arbórea forme.
§ 1o Compete ao Ibama a aprovação de que trata o caput deste artigo:
I - nas florestas públicas de domínio da União;
II - nas unidades de conservação criadas pela União;
III - nos empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou
regional, definidos em resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.
§ 2o Compete ao órgão ambiental municipal a aprovação de que trata o caput deste artigo:
I - nas florestas públicas de domínio do Município;
II - nas unidades de conservação criadas pelo Município;
III - nos casos que lhe forem delegados por convênio ou outro instrumento admissível,
ouvidos, quando couber, os órgãos competentes da União, dos Estados e do Distrito Federal.
§ 3o No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que contemplem a
utilização de espécies nativas." (NR)
Art. 84. A Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, passa a vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 9o .....................................................................
.....................................................................
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro
ambiental e outros." (NR)
"Art. 9o-A. Mediante anuência do órgão ambiental competente, o proprietário rural pode
instituir servidão ambiental, pela qual voluntariamente renuncia, em caráter permanente ou
temporário, total ou parcialmente, a direito de uso, exploração ou supressão de recursos
naturais existentes na propriedade.
§ 1o A servidão ambiental não se aplica às áreas de preservação permanente e de reserva legal.
§ 2o A limitação ao uso ou exploração da vegetação da área sob servidão instituída em relação
aos recursos florestais deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a reserva legal.
§ 3o A servidão ambiental deve ser averbada no registro de imóveis competente.
§ 4o Na hipótese de compensação de reserva legal, a servidão deve ser averbada na matrícula
de todos os imóveis envolvidos.
§ 5o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração da destinação da
área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título, de desmembramento ou de
retificação dos limites da propriedade."
"Art. 14. .....................................................................
.....................................................................
§ 5o A execução das garantias exigidas do poluidor não impede a aplicação das obrigações de
indenização e reparação de danos previstas no § 1o deste artigo." (NR)
"Art. 17-G .....................................................................
.....................................................................
§ 2o Os recursos arrecadados com a TCFA terão utilização restrita em atividades de controle e
fiscalização ambiental." (NR)
72
Art. 85. O inciso II do caput do art. 167 da Lei no 6.015, de 31 de dezembro de 1973, passa a
vigorar acrescido dos seguintes itens 22 e 23:
"Art. 167. .....................................................................
.....................................................................
II - .....................................................................
.....................................................................
22. da reserva legal;
23. da servidão ambiental." (NR)
Art. 86. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 2 de março de 2006; 185o da Independência e 118
o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Antonio Palocci Filho
Paulo Bernardo Silva
Marina Silva
B – RESOLUÇÃO CONAMA Nº 379, de 19 de outubro de 2006 –
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso de suas
competências previstas na Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto no
99.274, de 6 de julho de 1990, e tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, anexo à
Portaria no 168, de 10 de junho de 2005; e
Considerando a necessidade de integrar a atuação dos órgãos do Sistema Nacional do Meio
Ambiente-SISNAMA na execução da Política Florestal do país;
Considerando a necessidade de regulamentar os procedimentos e critérios de padronização e
integração de sistemas, instrumentos e documentos de controle, transporte e armazenamento de
produtos e subprodutos florestais pela União, Estados e Distrito Federal, especialmente para
eficiência dos procedimentos de fiscalização ambiental;
Considerando as disposições das Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de
agosto de 1981, e 11.284, de 2 de março de 2006;
Considerando, ainda, o disposto na Lei no 10.650, de 16 de abril de 2003, que dispõe sobre o
acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do
SISNAMA, resolve:
Art. 1o Os órgãos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente-SISNAMA disponibilizarão
na Rede Mundial de Computadores - INTERNET as informações sobre a gestão florestal, no prazo
máximo de cento e oitenta dias, observadas as normas florestais vigentes e, em especial:
I - autorizações de Plano de Manejo Florestal Sustentável-PMFS, sua localização georreferenciada
e os resultados das vistorias técnicas;
II - autorizações para a supressão da vegetação arbórea natural para uso alternativo do solo cuja
área deverá estar georreferenciada, nos termos da legislação em vigor, bem como a localização do
imóvel, das áreas de preservação permanente e da reserva legal;
III - Plano Integrado Floresta e Indústria-PIFI ou documento similar;
IV - reposição florestal no que se refere a:
a) operações de concessão, transferência e compensação de créditos;
b) apuração e compensação de débitos;
V - documento para o transporte e armazenamento de produtos e subprodutos florestais de origem
nativa;
VI - informações referentes às aplicações de sanções administrativas, na forma do art. 4o da Lei no
10.650, de 16 de abril de 2003 e do 61-A do Decreto no 3.179, de 21 de setembro de 1999,
incluindo a tramitação dos respectivos processos administrativos, bem como os dados constantes
dos relatórios de monitoramento, controle e fiscalização das atividades florestais;
73
VII - imagens georreferenciadas e identificação das unidades de conservação integrantes do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, terras indígenas e quilombolas
demarcadas e, quando a informação estiver disponível, as Áreas de Preservação Permanente-
APPs;
VIII - legislação florestal;
IX - mecanismos de controle e avaliação social relacionados à gestão florestal; e
X - tipo, volume, quantidade, guarda e destinação de produtos e subprodutos florestais
apreendidos.
§ 1o Fica dispensada da indicação georreferenciada da localização do imóvel, das áreas de
preservação permanente e da reserva legal de que trata o inciso II deste artigo, a pequena
propriedade rural, ou posse rural familiar, nos termos do art. 1o, § 2o, inciso I da Lei no 4.771, de
1965.
§ 2o Os órgãos integrantes do SISNAMA disponibilizarão semestralmente as informações
referidas no caput deste artigo, ao Sistema Nacional de Informação sobre o Meio Ambiente-
SINIMA, instituído na forma do art. 9o, inciso VII da Lei no 6.938, de 1981.
§ 3o Além das informações referidas neste artigo deverão ser disponibilizadas anualmente para
fins de publicidade aquelas pertinentes à gestão florestal relativas a:
I - instituições responsáveis pela gestão florestal;
II - recursos humanos envolvidos com a gestão florestal;
III - recursos orçamentários previstos e efetivamente aplicados à gestão florestal;
IV - infra-estrutura e equipamentos utilizados na gestão florestal; e
V - apoios recebidos para o fortalecimento institucional dos órgãos florestais.
§ 4 oOs órgãos integrantes do SISNAMA elaborarão anualmente relatório de avaliação de
desempenho relacionado ao licenciamento, controle e fiscalização das atividades florestais, que
será disponibilizado na INTERNET.
§ 5o O CONAMA definirá, no prazo de cento e oitenta dias, a contar da publicação desta
Resolução, os critérios e procedimentos para acompanhamento e avaliação do processo de gestão
florestal compartilhada, ouvida a Comissão Nacional de Florestas-CONAFLOR.
§ 6 oCaberá aos Conselhos de Meio Ambiente o acompanhamento e a avaliação da gestão
florestal, sem prejuízo de outras instâncias de gestão florestal existentes.
Art. 2o O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-IBAMA
disponibilizará de imediato, sem ônus para os órgãos integrantes do SISNAMA, o sistema de
controle e emissão dos documentos relacionados às atividades florestais, e apoiará a capacitação
para sua implementação, mediante assinatura de termo de cooperação com os entes da federação
interessados.
Art. 3 oCaberá aos órgãos integrantes do SISNAMA responsáveis pela gestão florestal:
I - facilitar e disponibilizar a todos os entes da federação o acesso a sistemas e documentos de
controle da atividade florestal, em especial aqueles necessários às atividades de fiscalização
ambiental;
II - disponibilizar ao público, por meio da INTERNET, as informações necessárias para
verificação da origem de produtos e subprodutos florestais;
III - adotar os critérios fixados nesta Resolução e o conteúdo mínimo de informações na
expedição de documentos para o controle do transporte de produtos e subprodutos florestais;
IV - publicar e manter atualizada e disponível na INTERNET a lista de produtos e subprodutos
florestais dispensados de cobertura de documento de transporte, no âmbito de sua jurisdição.
§ 1 oO atendimento ao disposto neste artigo dar-se-á no prazo de até cento e oitenta dias a partir
da data de publicação desta Resolução.
§ 2 oOs sistemas eletrônicos e os modelos de documentos para controle do transporte e
armazenamento de produtos e subprodutos florestais de origem nativa serão cadastrados junto ao
IBAMA.
Art. 4o O Ministério do Meio Ambiente e o IBAMA manterão atualizado um portal na
INTERNET, que integre e disponibilize as informações sobre o controle da atividade florestal,
74
para atendimento do disposto na legislação ambiental, em especial as que tratem do fluxo
interestadual de produtos e subprodutos florestais.
§ 1 oA metodologia do portal deverá considerar a identificação e padronização dos dados e
informações, visando à operacionalização integrada, sem prejuízo dos sistemas e instrumentos
adotados pelos entes da federação.
§ 2 oAs informações referentes às autorizações, em especial de supressão de vegetação nativa,
licenciamentos e documentos para o transporte e armazenamento, necessários à fiscalização das
atividades florestais, em especial ao fluxo de produtos e subprodutos florestais, permanecerão
disponíveis na INTERNET em sistema integrado.
§ 3o Os documentos para cobertura, transporte e armazenamento de produtos e subprodutos
florestais de origem nativa emitidos pelos órgãos ambientais, na forma do Anexo desta Resolução
terão validade em todo o território nacional.
Art. 5o As informações referentes às autorizações, licenciamentos e documentos para o transporte
e armazenamento de produtos e subprodutos florestais de origem nativa observarão, no mínimo,
as seguintes diretrizes:
I - garantia do controle da origem, destino e respectivas transformações industriais dos produtos e
subprodutos florestais de origem nativa;
II - garantia do acesso aos usuários, União, Estados, Municípios e Distrito Federal e ao público
em geral às informações por meio da INTERNET;
III - geração, emissão e controle dos documentos por meio de sistema eletrônico e informatizado;
IV - emissão, uso e conteúdo de responsabilidade do usuário;
V - transparência das informações disponibilizadas na INTERNET.
Art. 6o Os documentos para o transporte e armazenamento de produtos e subprodutos florestais de
origem nativa, instituídos pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal, conterão as
informações e características mínimas contidas no Anexo desta Resolução.
§ 1 oTodas as informações constantes do Anexo desta Resolução devem conter formato eletrônico
e ficar disponíveis para consulta na INTERNET em sistema que permita aferir sua validade.
§ 2 oOs Estados, cujos documentos do controle do transporte e armazenamento de produtos
florestais atendam ao Anexo desta Resolução, poderão continuar a utilizar estes instrumentos com
validade em todo o país.
Art. 7 oEsta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
MARINA SILVA
Presidente do Conselho
6 INSTRUMENTOS DA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
6.1 ESTATUTO DA TERRA
- Lei nº 4.504 de 30 de novembro de 1964 –
TÍTULO I
Disposições Preliminares
CAPÍTULO I
Princípios e Definições
Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais,
para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política Agrícola.
§ 1° Considera-se Reforma Agrária o conjunto de medidas que visem a promover melhor
distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender
aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade.
§ 2º Entende-se por Política Agrícola o conjunto de providências de amparo à
propriedade da terra, que se destinem a orientar, no interesse da economia rural, as atividades
agropecuárias, seja no sentido de garantir-lhes o pleno emprego, seja no de harmonizá-las
com o processo de industrialização do país.
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Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra,
condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei.
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando,
simultaneamente:
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim
como de suas famílias;
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade;
c) assegura a conservação dos recursos naturais;
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a
possuem e a cultivem.
§ 2° É dever do Poder Público:
a) promover e criar as condições de acesso do trabalhador rural à propriedade da terra
economicamente útil, de preferencia nas regiões onde habita, ou, quando as circunstâncias
regionais, o aconselhem em zonas previamente ajustadas na forma do disposto na
regulamentação desta Lei;
b) zelar para que a propriedade da terra desempenhe sua função social, estimulando
planos para a sua racional utilização, promovendo a justa remuneração e o acesso do
trabalhador aos benefícios do aumento da produtividade e ao bem-estar coletivo.
§ 3º A todo agricultor assiste o direito de permanecer na terra que cultive, dentro dos
termos e limitações desta Lei, observadas sempre que for o caso, as normas dos contratos de
trabalho.
§ 4º É assegurado às populações indígenas o direito à posse das terras que ocupam ou
que lhes sejam atribuídas de acordo com a legislação especial que disciplina o regime tutelar a
que estão sujeitas.
Art. 3º O Poder Público reconhece às entidades privadas, nacionais ou estrangeiras, o
direito à propriedade da terra em condomínio, quer sob a forma de cooperativas quer como
sociedades abertas constituídas na forma da legislação em vigor.
Parágrafo único. Os estatutos das cooperativas e demais sociedades, que se organizarem
na forma prevista neste artigo, deverão ser aprovados pelo Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária (I.B.R.A.) que estabelecerá condições mínimas para a democratização dessas
sociedades.
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se:
I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua localização
que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de
planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada;
II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado pelo
agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e
o progresso social e econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de
exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros;
III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior;
IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da propriedade
familiar;
V - "Latifúndio", o imóvel rural que:
a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, desta Lei,
tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se
destine;
b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou superior à
dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às
possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja
76
deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de
empresa rural;
VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de condição de
rendimento econômico ...Vetado... da região em que se situe e que explore área mínima
agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e previamente, pelo Poder
Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e
artificiais e as áreas ocupadas com benfeitorias;
VII - "Parceleiro", aquele que venha a adquirir lotes ou parcelas em área destinada à
Reforma Agrária ou à colonização pública ou privada;
VIII - "Cooperativa Integral de Reforma Agrária (C.I.R.A.)", toda sociedade cooperativa
mista, de natureza civil, ...Vetado... criada nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, contando
temporariamente com a contribuição financeira e técnica do Poder Público, através do
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, com a finalidade de industrializar, beneficiar,
preparar e padronizar a produção agropecuária, bem como realizar os demais objetivos
previstos na legislação vigente;
IX - "Colonização", toda a atividade oficial ou particular, que se destine a promover o
aproveitamento econômico da terra, pela sua divisão em propriedade familiar ou através de
Cooperativas ...Vetado...
Parágrafo único. Não se considera latifúndio:
a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características recomendem,
sob o ponto de vista técnico e econômico, a exploração florestal racionalmente realizada,
mediante planejamento adequado;
b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objeto de preservação florestal
ou de outros recursos naturais haja sido reconhecido para fins de tombamento, pelo órgão
competente da administração pública.
Art. 5° A dimensão da área dos módulos de propriedade rural será fixada para cada zona
de características econômicas e ecológicas homogêneas, distintamente, por tipos de
exploração rural que nela possam ocorrer.
Parágrafo único. No caso de exploração mista, o módulo será fixado pela média
ponderada das partes do imóvel destinadas a cada um dos tipos de exploração considerados.
CAPÍTULO II
Dos Acordos e Convênios
Art. 6º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão unir seus
esforços e recursos, mediante acordos, convênios ou contratos para a solução de problemas de
interesse rural, principalmente os relacionados com a aplicação da presente Lei, visando a
implantação da Reforma Agrária e à unidade de critérios na execução desta.(Vide Medida
Provisória nº 2.183-56, de 24.8.2001)
§ 1o Para os efeitos da Reforma Agrária, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária - INCRA representará a União nos acordos, convênios ou contratos multilaterais
referidos neste artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 2o A União, mediante convênio, poderá delegar aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios o cadastramento, as vistorias e avaliações de propriedades rurais situadas no seu
território, bem como outras atribuições relativas à execução do Programa Nacional de
Reforma Agrária, observados os parâmetros e critérios estabelecidos nas leis e nos atos
normativos federais. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 3o O convênio de que trata o caput será celebrado com os Estados, com o Distrito
Federal e com os Municípios que tenham instituído órgão colegiado, com a participação das
organizações dos agricultores familiares e trabalhadores rurais sem terra, mantida a paridade
77
de representação entre o poder público e a sociedade civil organizada, com a finalidade de
formular propostas para a adequada implementação da política agrária. (Incluído pela Medida
Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 4o Para a realização da vistoria e avaliação do imóvel rural para fins de reforma
agrária, poderá o Estado utilizar-se de força policial. (Incluído pela Medida Provisória nº
2.183-56, de 2001)
§ 5o O convênio de que trata o caput deverá prever que a União poderá utilizar
servidores integrantes dos quadros de pessoal dos órgãos e das entidades da Administração
Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, para a execução das atividades
referidas neste artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
Art. 7º Mediante acordo com a União, os Estados poderão encarregar funcionários
federais da execução de Leis e serviços estaduais ou de atos e decisões das suas autoridades,
pertinentes aos problemas rurais, e, reciprocamente, a União poderá, em matéria de sua
competência, cometer a funcionários estaduais, encargos análogos, provendo às necessárias
despesas de conformidade com o disposto no parágrafo terceiro do artigo 18 da Constituição
Federal.
Art. 8º Os acordos, convênios ou contratos poderão conter cláusula que permita
expressamente a adesão de outras pessoas de direito público, interno ou externo, bem como de
pessoas físicas nacionais ou estrangeiras, não participantes direta dos atos jurídicos
celebrados.
Parágrafo único. A adesão efetivar-se-á com a só notificação oficial às partes
contratantes, independentemente de condição ou termo.
CAPÍTULO III
Das Terras Públicas e Particulares
SEÇÃO I
Das Terras Públicas
Art. 9º Dentre as terras públicas, terão prioridade, subordinando-se aos itens previstos
nesta Lei, as seguintes:
I - as de propriedade da União, que não tenham outra destinação específica;
II - as reservadas pelo Poder Público para serviços ou obras de qualquer natureza,
ressalvadas as pertinentes à segurança nacional, desde que o órgão competente considere sua
utilização econômica compatível com a atividade principal, sob a forma de exploração
agrícola;
III - as devolutas da União, dos Estados e dos Municípios.
Art. 10. O Poder Público poderá explorar direta ou indiretamente, qualquer imóvel rural
de sua propriedade, unicamente para fins de pesquisa, experimentação, demonstração e
fomento, visando ao desenvolvimento da agricultura, a programas de colonização ou fins
educativos de assistência técnica e de readaptação.
§ 1° Somente se admitirá a existência de imóveis rurais de propriedade pública, com
objetivos diversos dos previstos neste artigo, em caráter transitório, desde que não haja
viabilidade de transferi-los para a propriedade privada.
§ 2º Executados os projetos de colonização nos imóveis rurais de propriedade pública,
com objetivos diversos dos previstos neste artigo, em caráter transitório.
§ 3º Os imóveis rurais pertencentes à União, cuja utilização não se enquadre nos termos
deste artigo, poderão ser transferidos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, ou com ele
permutados por ato do Poder Executivo.
Art. 11. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária fica investido de poderes de
representação da União, para promover a discriminação das terras devolutas federais,
restabelecida a instância administrativa disciplinada pelo Decreto-Lei n. 9.760, de 5 de
78
setembro de 1946, e com autoridade para reconhecer as posses legítimas manifestadas através
de cultura efetiva e morada habitual, bem como para incorporar ao patrimônio público as
terras devolutas federais ilegalmente ocupadas e as que se encontrarem desocupadas.
§ 1° Através de convênios, celebrados com os Estados e Municípios, iguais poderes
poderão ser atribuídos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, quanto às terras devolutas
estaduais e municipais, respeitada a legislação local, o regime jurídico próprio das terras
situadas na faixa da fronteira nacional bem como a atividade dos órgãos de valorização
regional.
§ 2º Tanto quanto possível, o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária imprimirá ao
instituto das terras devolutas orientação tendente a harmonizar as peculiaridades regionais
com os altos interesses do desbravamento através da colonização racional visando a erradicar
os males do minifúndio e do latifúndio.
SEÇÃO II
Das Terras Particulares
Art. 12. À propriedade privada da terra cabe intrinsecamente uma função social e seu uso
é condicionado ao bem-estar coletivo previsto na Constituição Federal e caracterizado nesta
Lei.
Art. 13. O Poder Público promoverá a gradativa extinção das formas de ocupação e de
exploração da terra que contrariem sua função social.
Art. 14. O Poder Público facilitará e prestigiará a criação e a expansão de associações de
pessoas físicas e jurídicas que tenham por finalidade o racional desenvolvimento extrativo
agrícola, pecuário ou agroindustrial, e promoverá a ampliação do sistema cooperativo, bem
como de outras modalidades associativas e societárias que objetivem a democratização do
capital. (Redação dada Medida Provisória nº 2.183-56, 2001)
§ 1o Para a implementação dos objetivos referidos neste artigo, os agricultores e
trabalhadores rurais poderão constituir entidades societárias por cotas, em forma consorcial ou
condominial, com a denominação de "consórcio" ou "condomínio", nos termos dos arts. 3o e
6o desta Lei.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
§ 2o Os atos constitutivos dessas sociedades deverão ser arquivados na Junta Comercial,
quando elas praticarem atos de comércio, e no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas,
quando não envolver essa atividade. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
Art. 15. A implantação da Reforma Agrária em terras particulares será feita em caráter
prioritário, quando se tratar de zonas críticas ou de tensão social.
TÍTULO II
Da Reforma Agrária
CAPÍTULO I
Dos Objetivos e dos Meios de Acesso à Propriedade Rural
Art. 16. A Reforma Agrária visa a estabelecer um sistema de relações entre o homem, a
propriedade rural e o uso da terra, capaz de promover a justiça social, o progresso e o bem-
estar do trabalhador rural e o desenvolvimento econômico do país, com a gradual extinção do
minifúndio e do latifúndio.
Parágrafo único. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será o órgão competente para
promover e coordenar a execução dessa reforma, observadas as normas gerais da presente Lei
e do seu regulamento.
Art. 17. O acesso à propriedade rural será promovido mediante a distribuição ou a
redistribuição de terras, pela execução de qualquer das seguintes medidas:
a) desapropriação por interesse social;
b) doação;
c) compra e venda;
d) arrecadação dos bens vagos;
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e) reversão à posse (Vetado) do Poder Público de terras de sua propriedade,
indevidamente ocupadas e exploradas, a qualquer título, por terceiros;
f) herança ou legado.
Art. 18. À desapropriação por interesse social tem por fim:
a) condicionar o uso da terra à sua função social;
b) promover a justa e adequada distribuição da propriedade;
c) obrigar a exploração racional da terra;
d) permitir a recuperação social e econômica de regiões;
e) estimular pesquisas pioneiras, experimentação, demonstração e assistência técnica;
f) efetuar obras de renovação, melhoria e valorização dos recursos naturais;
g) incrementar a eletrificação e a industrialização no meio rural;
h) facultar a criação de áreas de proteção à fauna, à flora ou a outros recursos naturais, a
fim de preservá-los de atividades predatórias.
Art. 19. A desapropriação far-se-á na forma prevista na Constituição Federal, obedecidas
as normas constantes da presente Lei.
§ 1° Se for intentada desapropriação parcial, o proprietário poderá optar pela
desapropriação de todo o imóvel que lhe pertence, quando a área agricultável remanescente,
inferior a cinqüenta por cento da área original, ficar:
a) reduzida a superfície inferior a três vezes a dimensão do módulo de propriedade; ou
b) prejudicada substancialmente em suas condições de exploração econômica, caso seja
o seu valor inferior ao da parte desapropriada.
§ 2º Para efeito de desapropriação observar-se-ão os seguintes princípios:
a) para a fixação da justa indenização, na forma do artigo 147, § 1°, da Constituição
Federal, levar-se-ão em conta o valor declarado do imóvel para efeito do Imposto Territorial
Rural, o valor constante do cadastro acrescido das benfeitorias com a correção monetária
porventura cabível, apurada na forma da legislação específica, e o valor venal do mesmo;
b) o poder expropriante não será obrigado a consignar, para fins de imissão de posse dos
bens, quantia superior à que lhes tiver sido atribuída pelo proprietário na sua última
declaração, exigida pela Lei do Imposto de Renda, a partir de 1965, se se tratar de pessoa
física ou o valor constante do ativo, se se tratar de pessoa jurídica, num e noutro caso com a
correção monetária cabível;
c) efetuada a imissão de posse, fica assegurado ao expropriado o levantamento de oitenta
por cento da quantia depositada para obtenção da medida possessória.
§ 3º Salvo por motivo de necessidade ou utilidade pública, estão isentos da
desapropriação:
a) os imóveis rurais que, em cada zona, não excederem de três vezes o módulo de
produto de propriedade, fixado nos termos do artigo 4º, inciso III;
b) os imóveis que satisfizerem os requisitos pertinentes à empresa rural, enunciados no
artigo 4º, inciso VI;
c) os imóveis que, embora não classificados como empresas rurais, situados fora da área
prioritária de Reforma Agrária, tiverem aprovados pelo Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária, e em execução projetos que em prazo determinado, os elevem àquela categoria.
§ 4° O foro competente para desapropriação é o da situação do imóvel.
§ 5º De toda decisão que fixar o preço em quantia superior à oferta formulada pelo órgão
expropriante, haverá, obrigatoriamente, recurso de ofício para o Tribunal Federal de Recursos.
Verificado, em ação expropriatório, ter o imóvel valor superior ao declarado pelo
expropriado, e apurada a má-fé ou o dolo deste, poderá a sentença condená-lo à penalidade
prevista no artigo 49, § 3º, desta Lei, deduzindo-se do valor da indenização o montante da
penalidade.
80
Art. 20. As desapropriações a serem realizadas pelo Poder Público, nas áreas prioritárias,
recairão sobre:
I - os minifúndios e latifúndios;
II - as áreas já beneficiadas ou a serem por obras públicas de vulto;
III - as áreas cujos proprietários desenvolverem atividades predatórias, recusando-se a
pôr em prática normas de conservação dos recursos naturais;
IV - as áreas destinadas a empreendimentos de colonização, quando estes não tiverem
logrado atingir seus objetivos;
V - as áreas que apresentem elevada incidência de arrendatários, parceiros e posseiros;
VI - as terras cujo uso atual, estudos levados a efeito pelo Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária comprovem não ser o adequado à sua vocação de uso econômico.
Art. 21. Em áreas de minifúndio, o Poder Público tomará as medidas necessárias à
organização de unidades econômicas adequadas, desapropriando, aglutinando e redistribuindo
as áreas.
Art. 22. É o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária autorizado, para todos os efeitos
legais, a promover as desapropriações necessárias ao cumprimento da presente Lei.
Parágrafo único. A União poderá desapropriar, por interesse social, bens do domínio dos
Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios, precedido o ato, em qualquer caso, de
autorização legislativa.
Art. 23. Os bens desapropriados por sentença definitiva, uma vez incorporados ao
patrimônio público, não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do
processo de desapropriação. Qualquer ação julgada procedente, resolver-se-á em perdas e
danos.
Parágrafo único. A regra deste artigo aplica-se aos imóveis rurais incorporados ao
domínio da União, em conseqüência de ações por motivo de enriquecimento ilícito em
prejuízo do Patrimônio Federal, os quais transferidos ao Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária, serão aplicados aos objetivos desta Lei.
CAPÍTULO II
Da Distribuição de Terras
Art. 24. As terras desapropriadas para os fins da Reforma Agrária que, a qualquer título,
vierem a ser incorporadas ao patrimônio do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária,
respeitada a ocupação de terras devolutas federais manifestada em cultura efetiva e moradia
habitual, só poderão ser distribuídas:
I - sob a forma de propriedade familiar, nos termos das normas aprovadas pelo Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária;
II - a agricultores cujos imóveis rurais sejam comprovadamente insuficientes para o
sustento próprio e o de sua família;
III - para a formação de glebas destinadas à exploração extrativa, agrícola, pecuária ou
agro-industrial, por associações de agricultores organizadas sob regime cooperativo;
IV - para fins de realização, a cargo do Poder Público, de atividades de demonstração
educativa, de pesquisa, experimentação, assistência técnica e de organização de colônias-
escolas;
V - para fins de reflorestamento ou de conservação de reservas florestais a cargo da
União, dos Estados ou dos Municípios.
Art. 25. As terras adquiridas pelo Poder Público, nos termos desta Lei, deverão ser
vendidas, atendidas as condições de maioridade, sanidade e de bons antecedentes, ou de
reabilitação, de acordo com a seguinte ordem de preferência:
I - ao proprietário do imóvel desapropriado, desde que venha a explorar a parcela,
diretamente ou por intermédio de sua família;
81
II - aos que trabalhem no imóvel desapropriado como posseiros, assalariados, parceiros
ou arrendatários;
III - aos agricultores cujas propriedades não alcancem a dimensão da propriedade
familiar da região;
IV - aos agricultores cujas propriedades sejam comprovadamente insuficientes para o
sustento próprio e o de sua família;
V - aos tecnicamente habilitados na forma dá legislação em vigor, ou que tenham
comprovada competência para a prática das atividades agrícolas.
§ 1° Na ordem de preferência de que trata este artigo, terão prioridade os chefes de
família numerosas cujos membros se proponham a exercer atividade agrícola na área a ser
distribuída.
§ 2º Só poderão adquirir lotes os trabalhadores sem terra, salvo as exceções previstas
nesta Lei.
§ 3º Não poderá ser beneficiário da distribuição de terras a que se refere este artigo o
proprietário rural, salvo nos casos dos incisos I, III e IV, nem quem exerça função pública,
autárquica ou em órgão paraestatal, ou se ache investido de atribuições parafiscais.
§ 4º Sob pena de nulidade, qualquer alienação ou concessão de terras públicas, nas
regiões prioritárias, definidas na forma do artigo 43, será precedida de consulta ao Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária, que se pronunciará obrigatoriamente no prazo de sessenta
dias.
Art. 26. Na distribuição de terras regulada por este Capítulo, ressalvar-se-á sempre a
prioridade pública dos terrenos de marinha e seus acrescidos na orla oceânica e na faixa
marginal dos rios federais, até onde se faça sentir a influência das marés, bem como a reserva
à margem dos rios navegáveis e dos que formam os navegáveis.
CAPÍTULO III
Do Financiamento da Reforma Agrária
SEÇÃO I
Do Fundo Nacional de Reforma Agrária
Art. 27. É criado o Fundo Nacional de Reforma Agrária, destinado a fornecer os meios
necessários para o financiamento da Reforma Agrária e dos órgãos incumbidos da sua
execução.
Art. 28. O Fundo Nacional de Reforma Agrária será constituído:
I - do produto da arrecadação da Contribuição de Melhoria cobrada pela União de acordo
com a legislação vigente;
II - da destinação específica de 3% (três por cento) da receita tributária da União;
III - dos recursos destinados em lei à Superintendência de Política Agrária (SUPRA),
ressalvado o disposto no artigo 117;
IV - dos recursos oriundos das verbas de órgãos e de entidades vinculados por convênios
ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária;
V - de doações recebidas;
VI - da receita do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.
§ 1° Os recursos de que tratam os incisos I e II, deste artigo, bem como os provenientes
de quaisquer créditos adicionais destinados à execução dos planos nacional e regionais de
Reforma Agrária, não poderão ser suprimidos, nem aplicados em outros fins.
§ 2º Os saldos dessas dotações em poder do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária ou a
seu favor, verificados no final de cada exercício, não prescrevem, e serão aplicados, na sua
totalidade, em consonância com os objetivos da presente Lei.
82
§ 3° Os tributos, dotações e recursos referidos nos incisos deste artigo terão a destinação,
durante vinte anos, vinculada à execução dos programas da Reforma Agrária.
§ 4° Os atos relativos à receita do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária constituída
pelos recursos previstos no inciso II, e pelos resultados apurados no exercício anterior, nas
hipóteses dos incisos I, III e IV, considerar-se-ão registrados, pelo Tribunal de Contas, a 1° de
janeiro, e os respectivos recursos distribuídos ao Tesouro Nacional, que os depositará no
Banco do Brasil, à disposição do referido Instituto, em quatro parcelas, até 31 de janeiro, 30
de abril, 31 de julho e 31 de outubro, respectivamente.
Art. 29. Além dos recursos do Fundo Nacional de Reforma Agrária, a execução dos
projetos regionais contará com as contribuições financeiras dos órgãos e entidades vinculadas
por convênios ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, notadamente os de valorização
regional, como a Superintendência do Desenvolvimento Econômico do Nordeste (SUDENE),
a Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA) a Comissão
do Vale do São Francisco (CVSF) e a Superintendência do Plano de Valorização Econômica
da Região da Fronteira Sudoeste do País (SUDOESTE), os quais deverão destinar, para este
fim, vinte por cento, no mínimo de suas dotações globais.
Parágrafo único. Os recursos referidos neste artigo, depois de aprovados os planos para
as respectivas regiões, serão entregues ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, que, para a
execução destes, contribuirá com igual quantia.
Art. 30. Para fins da presente Lei, é o Poder Executivo autorizado a receber doações,
bem como a contrair empréstimos no país e no exterior, até o limite fixado no artigo 105.
Art. 31. É o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária autorizado a:
I - firmar convênios com os Estados, Municípios, entidades públicas e privadas, para
financiamento, execução ou administração dos planos regionais de Reforma Agrária;
II - colocar os títulos da Dívida Agrária Nacional para os fins desta Lei;
III - realizar operações financeiras ou de compra e venda para os objetivos desta Lei;
IV - praticar atos, tanto no contencioso como no administrativo, inclusive os relativos à
desapropriação por interesse social ou por utilidade ou necessidade públicas.
SEÇÃO II
Do Patrimônio do Órgão de Reforma Agrária
Art. 32. O Patrimônio do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será constituído:
I - do Fundo Nacional de Reforma Agrária;
II - dos bens das entidades públicas incorporadas ao Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária;
III - das terras e demais bens adquiridos a qualquer título.
CAPÍTULO IV
Da Execução e da Administração da Reforma Agrária
SEÇÃO I
Dos Planos Nacional e Regionais de Reforma Agrária
Art. 33. A Reforma Agrária será realizada por meio de planos periódicos, nacionais e
regionais, com prazos e objetivos determinados, de acordo com projetos específicos.
Art. 34. O Plano Nacional de Reforma Agrária, elaborado pelo Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária e aprovado pelo Presidente da República, consignará necessariamente:
I - a delimitação de áreas regionais prioritárias;
II - a especificação dos órgãos regionais, zonas e locais, que vierem a ser criados para a
execução e a administração da Reforma Agrária;
III - a determinação dos objetivos que deverão condicionar a elaboração dos Planos
Regionais;
IV - a hierarquização das medidas a serem programadas pelos órgãos públicos, nas áreas
prioritárias, nos setores de obras de saneamento, educação e assistência técnica;
83
V - a fixação dos limites das dotações destinadas à execução do Plano Nacional e de
cada um dos planos regionais.
§ 1º Uma vez aprovados, os Planos terão prioridade absoluta para atuação dos órgãos e
serviços federais já existentes nas áreas escolhidas.
§ 2º As entidades públicas e privadas que firmarem acordos, convênios ou tratados com
o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, nos termos desta Lei, assumirão, igualmente
compromisso expresso, quanto à prioridade aludida no parágrafo anterior, relativamente aos
assuntos e serviços de sua alçada nas respectivas áreas.
Art. 35. Os Planos Regionais de Reforma Agrária antecederão, sempre, qualquer
desapropriação por interesse social, e serão elaborados pelas Delegacias Regionais do
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (I.B.R.A.), obedecidos os seguintes requisitos
mínimos:
I - delimitação da área de ação;
II - determinação dos objetivos específicos da Reforma Agrária na região respectiva;
III - fixação das prioridades regionais;
IV - extensão e localização das áreas desapropriáveis;
V - previsão das obras de melhoria;
VI - estimativa das inversões necessárias e dos custos.
Art. 36. Os projetos elaborados para regiões geo-econômicas ou grupos de imóveis
rurais, que possam ser tratados em comum, deverão consignar:
I - o levantamento sócio-econômico da área;
II - os tipos e as unidades de exploração econômica perfeitamente determinados e
caracterizados;
III - as obras de infra-estrutura e os órgãos de defesa econômica dos parceleiros
necessários à implementação do projeto;
IV - o custo dos investimentos e o seu esquema de aplicação;
V - os serviços essenciais a serem instalados no centro da comunidade;
VI - a renda familiar que se pretende alcançar;
VII - a colaboração a ser recebida dos órgãos públicos ou privados que celebrarem
convênios ou acordos para a execução do projeto.
SEÇÃO II
Dos Órgãos Específicos
Art. 37. São órgãos específicos para a execução da Reforma Agrária: (Redação dada pela
Decreto Lei nº 582, de 1969)
I - O Grupo Executivo da Reforma Agrária (GERA); (Redação dada pela Decreto Lei nº
582, de 1969)
Il - O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA), diretamente, ou através de suas
Delegacias Regionais; (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969)
III - as Comissões Agrárias. (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969)
Art. 38. O IBRA será dirigido por um Presidente nomeado pelo Presidente da
República. (Redação dada pela Decreto Lei nº 582, de 1969)
§ 1º O Presidente do IBRA terá a remuneração correspondente a 75% (setenta e cinco
por cento) do que percebem os Ministros de Estado. (Redação dada pela Decreto Lei nº 582,
de 1969)
§ 2º Integrarão, ainda, a Administração Superior do IBRA Diretores, até o máximo de
seis, de nomeação do Presidente do IBRA, mediante aprovação do GERA.(Redação dada pela
Decreto Lei nº 582, de 1969)
Art. 39. Ao Conselho Técnico competirá discutir e propor as diretrizes dos planos
nacional e regionais de Reforma Agrária, estudar e sugerir medidas de caráter legislativo e
administrativo, necessárias à boa execução da Reforma.
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Art. 40. À Secretaria Executiva competirá elaborar e promover a execução do plano
nacional de Reforma Agrária, assessorar as Delegacias Regionais, analisar os projetos
regionais e dirigir a vida administrativa do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.
Art. 41. As Delegacias Regionais do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (I.B.R.A.),
cada qual dirigida por um Delegado Regional, nomeado pelo Presidente do Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária dentre técnicos de comprovada experiência em problemas
agrários e reconhecida idoneidade, são órgãos executores da Reforma nas regiões do país,
com áreas de jurisdição, competência e funções que serão fixadas na regulamentação da
presente Lei, compreendendo a elaboração do cadastro, classificação das terras, formas e
condições de uso atual e potencial da propriedade, preparo das propostas de desapropriação, e
seleção dos candidatos à aquisição das parcelas.
Parágrafo único. Dentro de cento e oitenta dias, após a publicação do decreto que a criar,
a Delegacia Regional apresentará ao Presidente do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária o
plano regional de Reforma Agrária, na forma prevista nesta Lei.
Art. 42. A Comissão Agrária, constituída de um representante do Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária, que a presidirá, de três representantes dos trabalhadores rurais, eleitos ou
indicados pelos órgãos de classe respectivos, de três representantes dos proprietários rurais
eleitos ou indicados pelos órgãos de classe respectivos, um representante categorizado de
entidade pública vinculada à agricultura e um representante dos estabelecimentos de ensino
agrícola, é o órgão competente para:
I - instruir e encaminhar os pedidos de aquisição e de desapropriação de terras;
II - manifestar-se sobre a lista de candidatos selecionados para a adjudicação de lotes;
III - oferecer sugestões à Delegacia Regional na elaboração e execução dos programas
regionais de Reforma Agrária;
IV - acompanhar, até sua implantação, os programas de reformas nas áreas escolhidas,
mantendo a Delegacia Regional informada sobre o andamento dos trabalhos.
§ 1° A Comissão Agrária será constituída quando estiver definida a área prioritária
regional de reforma agrária e terá vigência até a implantação dos respectivos projetos.
§ 2º Vetado.
SEÇÃO III
Do Zoneamento e dos Cadastros
Art. 43. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a realização de estudos
para o zoneamento do país em regiões homogêneas do ponto de vista sócio-econômico e das
características da estrutura agrária, visando a definir:
I - as regiões críticas que estão exigindo reforma agrária com progressiva eliminação dos
minifúndios e dos latifúndios;
II - as regiões em estágio mais avançado de desenvolvimento social e econômico, em que
não ocorram tenções nas estruturas demográficas e agrárias;
III - as regiões já economicamente ocupadas em que predomine economia de
subsistência e cujos lavradores e pecuaristas careçam de assistência adequada;
IV - as regiões ainda em fase de ocupação econômica, carentes de programa de
desbravamento, povoamento e colonização de áreas pioneiras.
§ 1° Para a elaboração do zoneamento e caracterização das áreas prioritárias, serão
levados em conta, essencialmente, os seguintes elementos:
a) a posição geográfica das áreas, em relação aos centros econômicos de várias ordens,
existentes no país;
b) o grau de intensidade de ocorrência de áreas em imóveis rurais acima de mil hectares
e abaixo de cinqüenta hectares;
c) o número médio de hectares por pessoa ocupada;
85
d) as populações rurais, seu incremento anual e a densidade específica da população
agrícola;
e) a relação entre o número de proprietários e o número de rendeiros, parceiros e
assalariados em cada área.
§ 2º A declaração de áreas prioritárias será feita por decreto do Presidente da República,
mencionando:
a) a criação da Delegacia Regional do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária com a
exata delimitação de sua área de jurisdição;
b) a duração do período de intervenção governamental na área;
c) os objetivos a alcançar, principalmente o número de unidades familiares e
cooperativas a serem criadas;
d) outras medidas destinadas a atender a peculiaridades regionais.
Art. 44. São objetivos dos zoneamentos definidos no artigo anterior:
I - estabelecer as diretrizes da política agrária a ser adotada em cada tipo de região;
II - programar a ação dos órgãos governamentais, para desenvolvimento do setor rural,
nas regiões delimitadas como de maior significação econômica e social.
Art. 45. A fim de completar os trabalhos de zoneamento serão elaborados pelo Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária levantamentos e análises para:
I - orientar as disponibilidades agropecuárias nas áreas sob o controle do Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária quanto à melhor destinação econômica das terras, adoção de
práticas adequadas segundo as condições ecológicas, capacidade potencial de uso e mercados
interno e externo;
II - recuperar, diretamente, mediante projetos especiais, as áreas degradadas em virtude
de uso predatório e ausência de medidas de proteção dos recursos naturais renováveis e que se
situem em regiões de elevado valor econômico.
Art. 46. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá levantamentos, com
utilização, nos casos indicados, dos meios previstos no Capítulo II do Título I, para a
elaboração do cadastro dos imóveis rurais em todo o país, mencionando:
I - dados para caracterização dos imóveis rurais com indicação:
a) do proprietário e de sua família;
b) dos títulos de domínio, da natureza da posse e da forma de administração;
c) da localização geográfica;
d) da área com descrição das linhas de divisas e nome dos respectivos confrontantes;
e) das dimensões das testadas para vias públicas;
f) do valor das terras, das benfeitorias, dos equipamentos e das instalações existentes
discriminadamente;
II - natureza e condições das vias de acesso e respectivas distâncias dos centros
demográficos mais próximos com população:
a) até 5.000 habitantes;
b) de mais de 5.000 a 10.000 habitantes;
c) de mais de 10.000 a 20.000 habitantes;
d) de mais de 20.000 a 50.000 habitantes;
e) de mais de 50.000 a 100.000 habitantes;
f) de mais de 100.000 habitantes;
III - condições da exploração e do uso da terra, indicando:
a) as percentagens da superfície total em cerrados, matas, pastagens, glebas de cultivo
(especificadamente em exploração e inexplorados) e em áreas inaproveitáveis;
b) os tipos de cultivo e de criação, as formas de proteção e comercialização dos produtos;
c) os sistemas de contrato de trabalho, com discriminação de arrendatários, parceiros e
trabalhadores rurais;
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d) as práticas conservacionistas empregadas e o grau de mecanização;
e) os volumes e os índices médios relativos à produção obtida;
f) as condições para o beneficiamento dos produtos agropecuários.
§ 1° Nas áreas prioritárias de reforma agrária serão complementadas as fichas cadastrais
elaboradas para atender às finalidades fiscais, com dados relativos ao relevo, às pendentes, à
drenagem, aos solos e a outras características ecológicas que permitam avaliar a capacidade
do uso atual e potencial, e fixar uma classificação das terras para os fins de realização de
estudos micro-econômicos, visando, essencialmente, à determinação por amostragem para
cada zona e forma de exploração:
a) das áreas mínimas ou módulos de propriedade rural determinados de acordo com
elementos enumerados neste parágrafo e, mais a força de trabalho do conjunto familiar médio,
o nível tecnológico predominante e a renda familiar a ser obtida;
b) dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis rurais, os quais não excederão a
seiscentas vezes o módulo médio da propriedade rural nem a seiscentas vezes a área média
dos imóveis rurais, na respectiva zona;
c) das dimensões ótimas do imóvel rural do ponto de vista do rendimento econômico;
d) do valor das terras em função das características do imóvel rural, da classificação da
capacidade potencial de uso e da vocação agrícola das terras;
e) dos limites mínimos de produtividade agrícola para confronto com os mesmos índices
obtidos em cada imóvel nas áreas prioritárias de reforma agrária.
§ 2º Os cadastros serão organizados de acordo com normas e fichas aprovadas pelo
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária na forma indicada no regulamento, e poderão ser
executados centralizadamente pelos órgãos de valorização regional, pelos Estados ou pelos
Municípios, caso em que o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária lhes prestará assistência
técnica e financeira com o objetivo de acelerar sua realização em áreas prioritárias de
Reforma Agrária.
§ 3º Os cadastros terão em vista a possibilidade de garantir a classificação, a
identificação e o grupamento dos vários imóveis rurais que pertençam a um único
proprietário, ainda que situados em municípios distintos, sendo fornecido ao proprietário o
certificado de cadastro na forma indicada na regulamentação desta Lei.
§ 4º Os cadastros serão continuamente atualizados para inclusão das novas propriedades
que forem sendo constituídas e, no mínimo, de cinco em cinco anos serão feitas revisões
gerais para atualização das fichas já levantadas.
§ 5º Poderão os proprietários requerer a atualização de suas fichas, dentro de um ano da
data das modificações substanciais relativas aos respectivos imóveis rurais, desde que
comprovadas as alterações, a critério do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária.
§ 6º No caso de imóvel rural em comum por força de herança, as partes ideais, para os
fins desta Lei, serão consideradas como se divisão houvesse, devendo ser cadastrada a área
que, na partilha, tocaria a cada herdeiro e admitidos os demais dados médios verificados na
área total do imóvel rural.
§ 7º O cadastro inscreverá o valor de cada imóvel de acordo com os elementos
enumerados neste artigo, com base na declaração do proprietário relativa ao valor da terra
nua, quando não impugnado pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, ou o valor que
resultar da avaliação cadastral.
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TÍTULO III
Da Política de Desenvolvimento Rural
CAPÍTULO I
Da Tributação da Terra
SEÇÃO I
Critérios Básicos
Art. 47. Para incentivar a política de desenvolvimento rural, o Poder Público se utilizará
da tributação progressiva da terra, do Imposto de Renda, da colonização pública e particular,
da assistência e proteção à economia rural e ao cooperativismo e, finalmente, da
regulamentação do uso e posse temporários da terra, objetivando:
I - desestimular os que exercem o direito de propriedade sem observância da função
social e econômica da terra;
II - estimular a racionalização da atividade agropecuária dentro dos princípios de
conservação dos recursos naturais renováveis;
III - proporcionar recursos à União, aos Estados e Municípios para financiar os projetos
de Reforma Agrária;
IV - aperfeiçoar os sistemas de controle da arrecadação dos impostos.
SEÇÃO II
Do Imposto Territorial Rural
Art. 48. Observar-se-ão, quanto ao Imposto Territorial Rural, os seguintes princípios:
I - a União poderá atribuir, por convênio, aos Estados e Municípios, o lançamento, tendo
por base os levantamentos cadastrais executados e periodicamente atualizados;
II - a União também poderá atribuir, por convênio, aos Municípios, a arrecadação,
ficando a eles garantida a utilização da importância arrecadada;
III quando a arrecadação for atribuída, por convênio, ao Município, à União caberá o
controle da cobrança;
IV - as épocas de cobrança deverão ser fixadas em regulamento, de tal forma que, em
cada região, se ajustem, o mais possível, aos períodos normais de comercialização da
produção;
V - o imposto arrecadado será contabilizado diariamente como depósito à ordem,
exclusivamente, do Município, a que pertencer e a ele entregue diretamente pelas repartições
arrecadadoras, no último dia útil de cada mês;
VI - o imposto não incidirá sobre sítios de área não excedente a vinte hectares, quando os
cultive só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel (artigo 29,
parágrafo único, da Constituição Federal).
Art. 49. As normas gerais para a fixação do imposto sobre a propriedade territorial rural
obedecerão a critérios de progressividade e regressividade, levando-se em conta os seguintes
fatores: (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
I - o valor da terra nua; (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
II - a área do imóvel rural; (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
III - o grau de utilização da terra na exploração agrícola, pecuária e florestal; (Redação
dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
IV - o grau de eficiência obtido nas diferentes explorações; (Redação dada pela Lei nº
6.746, de 1979)
V - a área total, no País, do conjunto de imóveis rurais de um mesmo
proprietário. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
§ 1º Os fatores mencionados neste artigo serão estabelecidos com base nas informações
apresentadas pelos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título, de
imóveis rurais, obrigados a prestar declaração para cadastro, nos prazos e segundo normas
fixadas na regulamentação desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
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§ 2º O órgão responsável pelo lançamento do imposto poderá efetuar o levantamento e a
revisão das declarações prestadas pelos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores,
a qualquer título, de imóveis rurais, procedendo-se a verificações "in loco" se
necessário. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
§ 3º As declarações previstas no parágrafo primeiro serão apresentadas sob inteira
responsabilidade dos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título,
de imóvel rural, e, no caso de dolo ou má-fé, os obrigará ao pagamento em dobro dos tributos
devidos, além das multas decorrentes e das despesas com as verificações
necessárias. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
§ 4º Fica facultado ao órgão responsável pelo lançamento, quando houver omissão dos
proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores, a qualquer título, de imóvel rural, na
prestação da declaração para cadastro, proceder ao lançamento do imposto com a utilização
de dados indiciários, além da cobrança de multas e despesas necessárias à apuração dos
referidos dados. (Incluído pela Lei nº 6.746, de 1979)
Art. 50. Para cálculo do imposto, aplicar-se-á sobre o valor da terra nua, constante da
declaração para cadastro, e não impugnado pelo órgão competente, ou resultante de avaliação,
a alíquota correspondente ao número de módulos fiscais do imóvel, de acordo com a tabela
adiante: (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
NÚMERO DE MÓDULOS FISCAIS Alíquotas
Até 2 .................................................................................................................... 0,2%
Acima de 2 até 3 ................................................................................................. 0,3%
Acima de 3 até 4 ................................................................................................. 0,4%
Acima de 4 até 5 ................................................................................................. 0,5%
Acima de 5 até 6 ................................................................................................. 0,6%
Acima de 6 até 7 ................................................................................................. 0,7%
Acima de 7 até 8 ................................................................................................. 0,8%
Acima de 8 até 9 ................................................................................................. 0,9%
Acima de 9 até 10 ............................................................................................... 1,0%
Acima de 10 até 15 ............................................................................................. 1,2%
Acima de 15 até 20 ............................................................................................. 1,4%
Acima de 20 até 25 ............................................................................................. 1,6%
Acima de 25 até 30 ............................................................................................. 1,8%
Acima de 30 até 35 ............................................................................................. 2,0%
Acima de 35 até 40 ............................................................................................. 2,2%
Acima de 40 até 50 ............................................................................................. 2,4%
Acima de 50 até 60 ............................................................................................. 2,6%
Acima de 60 até 70 ............................................................................................. 2,8%
Acima de 70 até 80 ............................................................................................. 3,0%
Acima de 80 até 90 ........................................................................................... 3,2%
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Acima de 90 até 100 ........................................................................................... 3,4%
Acima de 100 ...................................................................................................... 3,5%
§ 1º O imposto não incidirá sobre o imóvel rural, ou conjunto de imóveis rurais, de área
igual ou inferior a um módulo fiscal, desde que seu proprietário, titular do domínio útil ou
possuidor, a qualquer título, o cultive só ou com sua família, admitida a ajuda eventual de
terceiros. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
§ 2º O módulo fiscal de cada Município, expresso em hectares, será determinado
levando-se em conta os seguintes fatores: (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
a) o tipo de exploração predominante no Município:
I - hortifrutigranjeira;
Il - cultura permanente;
III - cultura temporária;
IV - pecuária;
V - florestal;
b) a renda obtida no tipo de exploração predominante;
c) outras explorações existentes no Município que, embora não predominantes, sejam
expressivas em função da renda ou da área utilizada;
d) o conceito de "propriedade familiar", definido no item II do artigo 4º desta Lei.
§ 3º O número de módulos fiscais de um imóvel rural será obtido dividindo-se sua área
aproveitável total pelo modulo fiscal do Município. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de
1979)
§ 4º Para os efeitos desta Lei; constitui área aproveitável do imóvel rural a que for
passível de exploração agrícola, pecuária ou florestal. Não se considera aproveitável:(Redação
dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
a) a área ocupada por benfeitoria;
b) a área ocupada por floresta ou mata de efetiva preservação permanente, ou
reflorestada com essências nativas;
c) a área comprovadamente imprestável para qualquer exploração agrícola, pecuária ou
florestal.
§ 5º O imposto calculado na forma do caput deste artigo poderá ser objeto de redução de
até 90% (noventa por cento) a título de estímulo fiscal, segundo o grau de utilização
econômica do imóvel rural, da forma seguinte: (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
a) redução de até 45% (quarenta e cinco por cento), pelo grau de utilização da terra,
medido pela relação entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel
rural;
b) redução de até 45% (quarenta e cinco por cento), pelo grau de eficiência na
exploração, medido pela relação entre o rendimento obtido por hectare para cada produto
explorado e os correspondentes índices regionais fixados pelo Poder Executivo e multiplicado
pelo grau de utilização da terra, referido na alínea "a" deste parágrafo.
§ 6º A redução do imposto de que trata o § 5º deste artigo não se aplicará para o imóvel
que, na data do lançamento, não esteja com o imposto de exercícios anteriores devidamente
quitado, ressalvadas as hipóteses previstas no artigo 151 do Código Tributário
Nacional. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
§ 7º O Poder Executivo poderá, mantido o limite máximo de 90% (noventa por cento),
alterar a distribuição percentual prevista nas alíneas a e b do § 5º deste artigo, ajustando-a à
política agrícola adotada para as diversas regiões do País. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de
1979)
§ 8º Nos casos de intempérie ou calamidade de que resulte frustração de safras ou
mesmo destruição de pastos, para o cálculo da redução prevista nas alíneas "a" e "b" do § 5º
90
deste artigo, poderão ser utilizados os dados do período anterior ao da ocorrência, podendo
ainda o Ministro da Agricultura fixar as percentagens de redução do imposto que serão
utilizadas. (Redação dada pela Lei nº 6.746, de 1979)
§ 9º Para os imóveis rurais que apresentarem grau de utilização da terra, calculado na
forma da alínea a § 5º deste artigo, inferior aos limites fixados no § 11, a alíquota a ser
aplicada será multiplicada pelos seguintes coeficientes: (Incluído pela Lei nº 6.746, de 1979)
a) no primeiro ano: 2,0 (dois);
b) no segundo ano: 3,0 (três);
c) no terceiro ano e seguintes: 4,0 (quatro).
§ 10. Em qualquer hipótese, a aplicação do disposto no § 9º não resultará em alíquotas
inferiores a: (Incluído pela Lei nº 6.746, de 1979)
a) no primeiro ano: 2% (dois por cento);
b) no segundo ano: 3% (três por cento);
c) no terceiro ano e seguintes: 4% (quatro por cento).
§ 11. Os limites referidos no § 9º são fixados segundo o tamanho do módulo fiscal do
Município de localização do imóvel rural, da seguinte forma: (Incluído pela Lei nº 6.746, de
1979)
ÁREA DO MÓDULO FISCAL GRAU DE UTILIZAÇÃO DA
TERRA
Até 25 hectares .......................................................... 30%
Acima de 25 hectares até 50 hectares ....................... 25%
Acima de 50 hectares até 80 hectares ....................... 18%
Acima de 80 hectares ................................................ 10%
§ 12. Nos casos de projetos agropecuários, a suspensão da aplicação do disposto nos §§
9º 10 e 11 deste artigo, poderá ser requerida por um período de até 3 (três) anos. (Incluído
pela Lei nº 6.746, de 1979)
Art. 51. Vetado.
Parágrafo único. Vetado.
SEÇÃO III
Do Rendimento da Exploração Agrícola e Pastoril e das Indústrias
Extrativas, Vegetal e Animal
Art. 53. Na determinação, para efeitos do Imposto de Renda, do rendimento líquido da
exploração agrícola ou pastoril, das indústrias extrativas, vegetal e animal, e de transformação
de produtos agrícolas e pecuários feita pelo próprio agricultor ou criador, com matéria-prima
da propriedade explorada, aplicar-se-á o coeficiente de três por cento sobre o valor referido no
inciso I do artigo 49 desta Lei, constante da declaração de bens ou do balanço patrimonial.
§ 1° As construções e benfeitorias serão deduzidas do valor do imposto, sobre elas não
recaindo a tributação de que trata este artigo.
§ 2° No caso de não ser possível apurar o valor exato das construções e benfeitorias
existentes, será ele arbitrado em trinta por cento do valor da terra nua, conforme declaração
para efeito do pagamento do imposto territorial.
§ 3º Igualmente será deduzido o valor do gado, das máquinas agrícolas e das culturas
permanentes, sobre ele aplicando-se o coeficiente da um por cento para a determinação da
renda tributável.
§ 4º No caso de imóvel rural explorado por arrendatário, o valor anual do arrendamento
poderá ser deduzido da importância tributável, calculado nos termos deste artigo e §§ 1°, 2° e
3º. Admitir-se-á essa dedução dentro do limite de cinqüenta por cento do respectivo valor,
91
desde que se comuniquem à repartição arrecadadora o nome e endereço do proprietário, e o
valor do pagamento que lhe houver sido feito.
§ 5º Poderá também ser deduzida do valor tributável, referido no parágrafo anterior, a
importância paga pelo contribuinte no último exercício, a título de Imposto Territorial Rural.
§ 6° Não serão permitidas quaisquer outras deduções do rendimento líquido calculado na
forma deste artigo, ressalvado o disposto nos §§ 4° e 5°.
§ 7º Ao proprietário do imóvel rural, total ou parcialmente arrendado, conceder-se-á o
direito de excluir o valor dos bens arrendados, desde que declarado e comprovado o valor do
arrendamento e identificado o arrendatário.
§ 8º Às pessoas físicas é facultado reajustar o valor dos imóveis rurais em suas
declarações de renda e de bens, a partir do exercício financeiro de 1965, independentemente
de qualquer comprovação, sem que seja tributável o aumento de patrimônio resultante desse
reajustamento. Às empresas rurais, organizadas sob a forma de sociedade civil, serão
outorgados idênticos benefícios quanto ao registro contábil e ao aumento do ativo líquido.
§ 9º À falta de integralização do capital das empresas rurais, referidas no parágrafo
anterior, não impede a correção do ativo, prevista neste artigo. O aumento do ativo líquido e
do capital resultante dessa correção não poderá ser aplicado na integralização de ações ou
quotas.
§ 10. Os aumentos de capital das pessoas jurídicas resultantes da incorporação, a seu
ativo, de ações distribuídas em virtude da correção monetária realizada por empresas rurais,
de que sejam acionistas ou sócias nos termos deste artigo, não sofrerão qualquer tributação.
Idêntica isenção vigorará relativamente às ações resultantes daquele aumento de capital.
§ 11. Os valores de que tratam os §§ 8º e 10, deste artigo, não poderão ser inferiores ao
preço de aquisição do imóvel e das inversões em benfeitorias, atualizadas de acordo com os
coeficientes de correção monetária, fixados pelo Conselho Nacional de Economia.
Art. 54. Vetado.
§ 1º Vetado
§ 2º Vetado
§ 3º Vetado
§ 4º Vetado
§ 5º Vetado
CAPÍTULO II
Da Colonização
SEÇÃO I
Da Colonização Oficial
Art. 55. Na colonização oficial, o Poder Público tomará a iniciativa de recrutar e
selecionar pessoas ou famílias, dentro ou fora do território nacional, reunindo-as em núcleos
agrícolas ou agro-industriais, podendo encarregar-se de seu transporte, recepção, hospedagem
e encaminhamento, até a sua colocação e integração nos respectivos núcleos.
Art. 56. A colonização oficial deverá ser realizada em terras já incorporadas ao
Patrimônio Público ou que venham a sê-lo. Ela será efetuada, preferencialmente, nas áreas:
I - ociosas ou de aproveitamento inadequado;
II - próximas a grandes centros urbanos e de mercados de fácil acesso, tendo em vista os
problemas de abastecimento;
III - de êxodo, em locais de fácil acesso e comunicação, de acordo com os planos
nacionais e regionais de vias de transporte;
IV - de colonização predominantemente estrangeira, tendo em mira facilitar o processo
de interculturação;
V - de desbravamento ao longo dos eixos viários, para ampliar a fronteira econômica do
país.
92
Art. 57. Os programas de colonização têm em vista, além dos objetivos especificados no
artigo 56:
I - a integração e o progresso social e econômico do parceleiro;
II - o levantamento do nível de vida do trabalhador rural;
III - a conservação dos recursos naturais e a recuperação social e econômica de
determinadas áreas;
IV - o aumento da produção e da produtividade no setor primário.
Art. 58. Nas regiões prioritárias definidas pelo zoneamento e na fixação de suas
populações em outras regiões, caberão ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária as
atividades colonizadoras.
§ 1° Nas demais regiões, a colonização oficial obedecerá à metodologia observada nos
projetos realizados nas áreas prioritárias, e será coordenada pelo Órgão do Ministério da
Agricultura referido no artigo 74, e executada por este, pelos Governos Estaduais ou por
entidades de valorização regional, mediante convênios.
§ 2º As atribuições referentes à seleção de imigrantes são da competência do Ministério
das Relações Exteriores, conforme diretrizes fixadas pelo Ministério da Agricultura, em
articulação com o Ministério do Trabalho e Previdência Social, cabendo ao órgão referido no
artigo 74 a recepção e o encaminhamento dos imigrantes.
Art. 59. O órgão competente do Ministério da Agricultura referido no artigo 74, poderá
criar núcleos de colonização, visando a fins especiais, e deverá igualmente entrar em
entendimentos com o Ministério da Guerra para o estabelecimento de colônias, com
assistência militar, na fronteira continental.
SEÇÃO II
Da Colonização Particular
Art. 60. Para os efeitos desta Lei, consideram-se empresas particulares de colonização as
pessoas físicas, nacionais ou estrangeiras, residentes ou domiciliadas no Brasil, ou jurídicas,
constituídas e sediadas no País, que tiverem por finalidade executar programa de valorização
de área ou distribuição de terras. (Redação dada pela Lei nº 5.709, de 19/01/71)
§ 1° É dever do Estado estimular, pelos meios enumerados no artigo 73, as iniciativas
particulares de colonização.
§ 2º A empresa rural, definida no inciso VI do artigo 4°, desde que incluída em projeto
de colonização, deverá permitir a livre participação em seu capital dos respectivos parceleiros.
Art. 61. Os projetos de colonização particular, quanto à metodologia, deverão ser
previamente examinados pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, que inscreverá a
entidade e o respectivo projeto em registro próprio. Tais projetos serão aprovados pelo
Ministério da Agricultura, cujo órgão próprio coordenará a respectiva execução.
§ 1° Sem prévio registro da entidade colonizadora e do projeto e sem a aprovação deste,
nenhuma parcela poderá ser vendida em programas particulares de colonização.
§ 2º O proprietário de terras próprias para a lavoura ou pecuária, interessados em loteá-
las para fins de urbanização ou formação de sítios de recreio, deverá submeter o respectivo
projeto à prévia aprovação e fiscalização do órgão competente do Ministério da Agricultura
ou do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, conforme o caso.
§ 3º A fim de possibilitar o cadastro, o controle e a fiscalização dos loteamentos rurais,
os Cartórios de Registro de Imóveis são obrigados a comunicar aos órgãos competentes,
referidos no parágrafo anterior, os registros efetuados nas respectivas circunscrições, nos
termos da legislação em vigor, informando o nome do proprietário, a denominação do imóvel
e sua localização, bem como a área, o número de lotes, e a data do registro nos citados órgãos.
§ 4º Nenhum projeto de colonização particular será aprovado para gozar das vantagens
desta Lei, se não consignar para a empresa colonizadora as seguintes obrigações mínimas:
a) abertura de estradas de acesso e de penetração à área a ser colonizada;
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b) divisão dos lotes e respectivo piqueteamento, obedecendo a divisão, tanto quanto
possível, ao critério de acompanhar as vertentes, partindo a sua orientação no sentido do
espigão para as águas, de modo a todos os lotes possuírem água própria ou comum;
c) manutenção de uma reserva florestal nos vértices dos espigões e nas nascentes;
d) prestação de assistência médica e técnica aos adquirentes de lotes e aos membros de
suas famílias;
e) fomento da produção de uma determinada cultura agrícola já predominante na região
ou ecologicamente aconselhada pelos técnicos do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária ou
do Ministério da Agricultura;
f) entrega de documentação legalizada e em ordem aos adquirentes de lotes.
§§ 5° - 6º - 7º - 8º - Vetados.
Art. 62. Os interessados em projetos de colonização destinados à ocupação e valorização
econômica da terra, em que predominem o trabalho assalariado ou contratos de arrendamento
e parceria, não gozarão dos benefícios previstos nesta Lei.
SEÇÃO III
Da Organização da Colonização
Art. 63. Para atender aos objetivos da presente Lei e garantir as melhores condições de
fixação do homem à terra e seu progresso social e econômico, os programas de colonização
serão elaborados prevendo-se os grupamentos de lotes em núcleos de colonização, e destes
em distritos, e associação dos parceleiros em cooperativas.
Art. 64. Os lotes de colonização podem ser:
I - parcelas, quando se destinem ao trabalho agrícola do parceleiro e de sua família cuja
moradia, quando não for no próprio local, há de ser no centro da comunidade a que elas
correspondam;
II - urbanos, quando se destinem a constituir o centro da comunidade, incluindo as
residências dos trabalhadores dos vários serviços implantados no núcleo ou distritos,
eventualmente às dos próprios parceleiros, e as instalações necessárias à localização dos
serviços administrativos assistenciais, bem como das atividades cooperativas, comerciais,
artesanais e industriais.
§ 1° Sempre que o órgão competente do Ministério da Agricultura ou o Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária não manifestarem, dentro de noventa dias da consulta, a
preferência a que terão direito, os lotes de colonização poderão ser alienados:
a) a pessoas que se enquadrem nas condições e ordem de preferência, previstas no artigo
25; ou
b) livremente, após cinco anos, contados da data de sua transcrição.
§ 2º No caso em que o adquirente ou seu sucessor venha a desistir da exploração direta,
os imóveis rurais, vendidos nos termos desta Lei, reverterão ao patrimônio do alienante,
podendo o regulamento prever as condições em que se dará essa reversão, resguardada a
restituição da quantia já paga pelo adquirente, com a correção monetária de acordo com os
índices do Conselho Nacional de Economia, apurados entre a data do pagamento e da
restituição, se tal cláusula constar do contrato de venda respectivo.
§ 3º Se os adquirentes mantiverem inexploradas áreas suscetíveis de aproveitamento,
desde que à sua disposição existam condições objetivas para explorá-las, perderão o direito a
essas áreas, que reverterão ao patrimônio do alienante, com a simples devolução das despesas
feitas.
§ 4º Na regulamentação das matérias de que trata este capítulo, com a observância das
primazias já codificadas, se estipularão:
a) as exigências quanto aos títulos de domínio e à demarcação de divisas;
b) os critérios para fixação das áreas-limites de parcelas, lotes urbanos e glebas de uso
comum, bem como dos preços, condições de financiamento e pagamento;
94
c) o sistema de seleção dos parceleiros e artesãos;
d) as limitações para distribuição, desmembramentos, alienação e transmissão dos lotes;
e) as sanções pelo inadimplemento das cláusulas contratuais;
f) os serviços que devam ser assegurados aos promitentes compradores, bem como os
encargos e isenções tributárias que, nos termos da lei, lhes sejam conferidos.
Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva do
módulo de propriedade rural. (Regulamento)
§ 1° Em caso de sucessão causa mortis e nas partilhas judiciais ou amigáveis, não se
poderão dividir imóveis em áreas inferiores às da dimensão do módulo de propriedade rural.
§ 2º Os herdeiros ou os legatários, que adquirirem por sucessão o domínio de imóveis
rurais, não poderão dividi-los em outros de dimensão inferior ao módulo de propriedade rural.
§ 3º No caso de um ou mais herdeiros ou legatários desejar explorar as terras assim
havidas, o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá prover no sentido de o requerente
ou requerentes obterem financiamentos que lhes facultem o numerário para indenizar os
demais condôminos.
§ 4° O financiamento referido no parágrafo anterior só poderá ser concedido mediante
prova de que o requerente não possui recursos para adquirir o respectivo lote.
§ 5o Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos de imóveis rurais
em dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário federal, quando promovidos
pelo Poder Público, em programas oficiais de apoio à atividade agrícola familiar, cujos
beneficiários sejam agricultores que não possuam outro imóvel rural ou urbano. (Incluído pela
Lei nº 11.446, de 2007).
§ 6o Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5
o deste artigo poderá ser
desmembrado ou dividido. (Incluído pela Lei nº 11.446, de 2007).
Art. 66. Os compradores e promitentes compradores de parcelas resultantes de
colonização oficial ou particular, ficam isentos do pagamento dos tributos federais que
incidam diretamente sobre o imóvel durante o período de cinco anos, a contar da data da
compra ou compromisso.
Parágrafo único. O órgão competente firmará convênios com o fim de obter, para os
compradores e promitentes compradores, idênticas isenções de tributos estaduais e
municipais.
Art. 67. O Núcleo de Colonização, como unidade básica, caracteriza-se por um conjunto
de parcelas integradas por uma sede administrativa e serviços comunitários.
Parágrafo único. O número de parcelas de um núcleo será condicionado essencialmente
pela possibilidade de conhecimento mútuo entre os parceleiros e de sua identificação pelo
administrador, em função das dimensões adequadas a cada região.
Art. 68. A emancipação do núcleo ocorrerá quando este tiver condições de vida
autônoma, e será declarada por ato do órgão competente, observados os preceitos legais e
regulamentares.
Art. 69. O custo operacional do núcleo de colonização será progressivamente transferido
aos proprietários das parcelas, através de cooperativas ou outras entidades que os
congreguem. O prazo para essa transferência, nunca superior a cinco anos, contar-se-á:
a) a partir de sua emancipação;
b) desde quando a maioria dos parceleiros já tenha recebido os títulos definitivos,
embora o núcleo não tenha adquirido condições de vida autônoma.
Art. 70. O Distrito de Colonização caracteriza-se como unidade constituída por três ou
mais núcleos interligados, subordinados a uma única chefia, integrado por serviços gerais
administrativos e comunitários.
Art. 71. Nos casos de regiões muito afastadas dos centros urbanos e dos mercados
consumidores, só se permitirá a organização de Distrito de Colonização.
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Art. 72. A regulamentação deste capítulo estabelecerá, para os projetos de colonização
que venham a gozar dos benefícios desta Lei:
a) a forma de administração, a composição, a área de jurisdição e os critérios de
vinculação, desmembramento e incorporação dos núcleos aos Distritos de Colonização;
b) os serviços gerais administrativos e comunitários indispensáveis para a implantação de
núcleos e Distrito de Colonizações;
c) os serviços complementares de assistência educacional, sanitária, social, técnica e
creditícia;
d) os serviços de produção, de beneficiamento e de industrialização e de eletrificação
rural, de comercialização e transportes;
e) os serviços de planejamento e execução de obras que, em cada caso, sejam
aconselháveis e devam ser considerados para a eficácia dos programas.
CAPÍTULO III
Da Assistência e Proteção à Economia Rural
Art. 73. Dentro das diretrizes fixadas para a política de desenvolvimento rural, com o fim
de prestar assistência social, técnica e fomentista e de estimular a produção agropecuária, de
forma a que ela atenda não só ao consumo nacional, mas também à possibilidade de obtenção
de excedentes exportáveis, serão mobilizados, entre outros, os seguintes meios:
I - assistência técnica;
II - produção e distribuição de sementes e mudas;
III - criação, venda e distribuição de reprodutores e uso da inseminação artificial;
IV - mecanização agrícola;
V - cooperativismo;
VI - assistência financeira e creditícia;
VII - assistência à comercialização;
VIII - industrialização e beneficiamento dos produtos;
IX - eletrificação rural e obras de infra-estrutura;
X - seguro agrícola;
XI - educação, através de estabelecimentos agrícolas de orientação profissional;
XII - garantia de preços mínimos à produção agrícola.
§ 1° Todos os meios enumerados neste artigo serão utilizados para dar plena capacitação
ao agricultor e sua família e visam, especialmente, ao preparo educacional, à formação
empresarial e técnico-profissional:
a) garantindo sua integração social e ativa participação no processo de desenvolvimento
rural;
b) estabelecendo, no meio rural, clima de cooperação entre o homem e o Estado, no
aproveitamento da terra.
§ 2º No que tange aos campos de ação dos órgãos incumbidos de orientar, normalizar ou
executar a política de desenvolvimento rural, através dos meios enumerados neste artigo,
observar-se-á o seguinte:
a) nas áreas abrangidas pelas regiões prioritárias e incluídas nos planos nacional e
regionais de Reforma Agrária, a atuação competirá sempre ao Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária;
b) nas demais áreas do país, esses meios de assistência e proteção serão utilizados sob
coordenação do Ministério da Agricultura; no âmbito de atuação dos órgãos federais, pelas
repartições e entidades subordinadas ou vinculadas àquele Ministério; nas áreas de jurisdição
dos Estados, pelas respectivas Secretarias de Agricultura e entidades de economia mista,
criadas e adequadamente organizadas com a finalidade de promover o desenvolvimento rural;
c) nas regiões em que atuem órgãos de valorização econômica, tais como a
Superintendência do Desenvolvimento Econômico do Nordeste (SUDENE), a
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Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), a Comissão do
Vale do São Francisco (CVSF), a Fundação Brasil Central (FBC), a Superintendência do
Plano de Valorização Econômica da Região Fronteira Sudoeste do País (SUDOESTE), a
utilização desses meios poderá ser, no todo ou em parte, exercida Por esses órgãos.
§ 3° Os projetos de Reforma Agrária receberão assistência integral, assim compreendido
o emprego de todos os meios enumerados neste artigo, ficando a cargo dos organismos
criados pela presente Lei e daqueles já existentes, sob coordenação do Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária.
§ 4º Nas regiões prioritárias de Reforma Agrária, será essa assistência prestada, também,
pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, em colaboração com os órgãos estaduais
pertinentes, aos proprietários rurais aí existentes, desde que se constituam em cooperativas,
requeiram os benefícios aqui mencionados e se comprometam a observar as normas
estabelecidas.
Art. 74. É criado, para atender às atividades atribuídas por esta Lei ao Ministério da
Agricultura, o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário (INDA), entidade autárquica
vinculada ao mesmo Ministério, com personalidade jurídica e autonomia financeira, de acordo
com o prescrito nos dispositivos seguintes:
I - o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário tem por finalidade promover o
desenvolvimento rural nos setores da colonização, da extensão rural e do cooperativismo;
II - o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário terá os recursos e o patrimônio
definidos na presente Lei;
III - o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário será dirigido por um Presidente e
um Conselho Diretor, composto de três membros, de nomeação do Presidente da República,
mediante indicação do Ministro da Agricultura;
IV - Presidente do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário integrará a Comissão
de Planejamento da Política Agrícola;
V - além das atribuições que esta Lei lhe confere, cabe ao Instituto Nacional do
Desenvolvimento Agrário:
a) vetado;
b) planejar, programar, orientar, promover e fiscalizar as atividades relativas ao
cooperativismo e associativismo rural;
c) colaborar em programas de colonização e de recolonização;
d) planejar, programar, promover e controlar as atividades relativas à extensão rural e
cooperar com outros órgãos ou entidades que a executem;
e) planejar, programar e promover medidas visando à implantação e desenvolvimento da
eletrificação rural;
f) proceder à avaliação do desenvolvimento das atividades de extensão rural. Vetado;
g) realizar estudos e pesquisas sobre a organização rural e propor as medidas deles
decorrentes;
h) vetado;
i) atuar, em colaboração com os órgãos do Ministério do Trabalho incumbidos da
sindicalização rural visando a harmonizar as atribuições legais com os propósitos sociais,
econômicos e técnicos da agricultura;
j) estabelecer normas, proceder ao registro e promover a fiscalização do funcionamento
das cooperativas e de outras entidades de associativismo rural;
k) planejar e promover a aquisição e revenda de materiais agropecuários, reprodutores,
sementes e mudas;
l) controlar os estoques e as operações financeiras de revenda;
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m) centralizar a movimentação de recursos financeiros destinados à aquisição e revenda
de materiais agropecuários, de acordo com o plano geral aprovado pela Comissão de
Planejamento da Política Agrícola;
n) exercer as atribuições de que trata o artigo 88, desta Lei, no âmbito federal;
o) desempenhar as atribuições constantes do artigo 162 da Constituição Federal,
observado o disposto no § 2º do artigo 58, desta Lei, coordenadas as suas atividades com as
do Banco Nacional de Crédito Cooperativo;
p) firmar convênios com os Estados, Municípios e entidades privadas para execução dos
programas de desenvolvimento rural nos setores da colonização, extensão rural,
cooperativismo e demais atividades de sua atribuição;
VI - a organização do Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário e de seus sistemas
de funcionamento será estabelecida em regulamento, com competência idêntica à fixada para
o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, no artigo 104 e seus parágrafos.
SEÇÃO I
Da Assistência Técnica
Art. 75. A assistência técnica, nas modalidades e com os objetivos definidos nos
parágrafos seguintes, será prestada por todos os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alíneas a,
b e c.
§ 1° Nas áreas dos projetos de reforma agrária, a prestação de assistência técnica será
feita através do Administrador do Projeto, dos agentes de extensão rural e das equipes de
especialistas. O Administrador residirá obrigatoriamente, na área do projeto. Os agentes de
extensão rural e as equipes de especialistas atuarão ao nível da Delegacia Regional do
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e deverão residir na sua área de jurisdição, e durante a
fase da implantação, se necessário, na própria área do projeto.
§ 2º Nas demais áreas, fora das regiões prioritárias, este tipo de assistência técnica será
prestado na forma indicada no artigo 73, parágrafo 2º, alínea b.
§ 3º Os estabelecimentos rurais isolados continuarão a ser atendidos pelos órgãos de
assistência técnica do Ministério da Agricultura e das Secretarias Estaduais, na forma atual ou
através de técnicos e sistemas que vierem a ser adotados por aqueles organismos.
§ 4º As atividades de assistência técnica tanto nas áreas prioritárias de Reforma Agrária
como nas previstas no § 3º deste artigo, terão, entre outros, os seguintes objetivos:
a) a planificação de empreendimentos e atividades agrícolas;
b) a elevação do nível sanitário, através de serviços próprios de saúde e saneamento
rural, melhoria de habitação e de capacitação de lavradores e criadores, bem como de suas
famílias;
c) a criação do espírito empresarial e a formação adequada em economia doméstica,
indispensável à gerência dos pequenos estabelecimentos rurais e à administração da própria
vida familiar;
d) a transmissão de conhecimentos e acesso a meios técnicos concernentes a métodos e
práticas agropecuárias e extrativas, visando a escolha econômica das culturas e criações, a
racional implantação e desenvolvimento, e ao emprego de medidas de defesa sanitária,
vegetal e animal;
e) o auxílio e a assistência para o uso racional do solo, a execução de planos de
reflorestamento, a obtenção de crédito e financiamento, a defesa e preservação dos recursos
naturais;
f) a promoção, entre os agricultores, do espírito de liderança e de associativismo.
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SEÇÃO II
Da Produção e Distribuição de Sementes e Mudas
Art. 76. Os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alínea b, deverão expandir suas atividades
no setor de produção e distribuição e de material de plantio, inclusive o básico, de modo a
atender tanto aos parceleiros como aos agricultores em geral.
Parágrafo único. A produção e distribuição de sementes e mudas, inclusive de novas
variedades, poderão também ser feitas por organizações particulares, dentro do sistema de
certificação de material de plantio, sob a fiscalização, controle e amparo do Poder Público.
SEÇÃO III
Da Criação, Venda, Distribuição de Reprodutores e Uso da Inseminação Artificial
Art. 77. A melhoria dos rebanhos e plantéis será feita através de criação, venda de
reprodutores e uso da inseminação artificial, devendo os órgãos referidos no artigo 73, § 2º,
alínea b, ampliar para esse fim, a sua rede de postos especializados.
Parágrafo único. A criação de reprodutores e o emprego da inseminação artificial
poderão ser feitos por entidades privadas, sob fiscalização, controle e amparo do Poder
Público.
SEÇÃO IV
Da Mecanização Agrícola
Art. 78. Os planos de mecanização agrícola, elaborados pelos órgãos referidos no artigo
73, § 2°, alínea b, levarão em conta o mercado de mão-de-obra regional, as necessidades de
preparação e capacitação de pessoal, para utilização e manutenção de maquinaria.
§ 1° Esses planos serão dimensionados em função do grau de produtividade que se
pretende alcançar em cada uma das áreas geoeconômica do país, e deverão ser condicionados
ao nível tecnológico já existente e à composição da força de trabalho ocorrente.
§ 2º Nos mesmos planos poderão ser incluídos serviços adequados de manutenção e de
orientação técnica para o uso econômico das máquinas e implementos, os quais, sempre que
possível deverão ser realizados por entidades privadas especializadas.
SEÇÃO V
Do Cooperativismo
Art. 79. A Cooperativa Integral de Reforma Agrária (CIRA) contará com a contribuição
financeira do Poder Público, através do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, durante o
período de implantação dos respectivos projetos.
§ 1° A contribuição financeira referida neste artigo será feita de acordo com o vulto do
empreendimento, a possibilidade de obtenção de crédito, empréstimo ou financiamento
externo e outras facilidades.
§ 2º A Cooperativa Integral de Reforma Agrária terá um Delegado indicado pelo
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, integrante do Conselho de Administração, sem
direito a voto, com a função de prestar assistência técnico-administrativa à Diretoria e de
orientar e fiscalizar a aplicação de recursos que o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária tiver
destinado à entidade cooperativa.
§ 3º Às cooperativas assim constituídas será permitida a contratação de gerentes não-
cooperados na forma de lei.
§ 4º A participação direta do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária na constituição,
instalação e desenvolvimento da Cooperativa Integral de Reforma Agrária, quando constituir
contribuição financeira, será feita com recursos do Fundo Nacional de Reforma Agrária, na
forma de investimentos sem recuperação direta, considerada a finalidade social e econômica
desses investimentos. Quando se tratar de assistência creditícia, tal participação será feita por
intermédio do Banco Nacional de Crédito Cooperativo, de acordo com normas traçadas pela
entidade coordenadora do crédito rural.
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§ 5º A Contribuição do Estado será feita pela Cooperativa Integral de Reforma Agrária,
levada à conta de um Fundo de Implantação da própria cooperativa.
§ 6° Quando o empreendimento resultante do projeto de Reforma Agrária tiver
condições de vida autônoma, sua emancipação será declarada pelo Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária, cessando as funções do Delegado de que trata o § 2° deste artigo e
incorporando-se ao patrimônio da cooperativa o Fundo requerido no parágrafo anterior.
§ 7º O Estatuto da Cooperativa integral de Reforma Agrária deverá determinar a
incorporação ao Banco Nacional de Crédito Cooperativo do remanescente patrimonial, no
caso de dissolução da sociedade.
§ 8º Além da sua designação qualitativa, a Cooperativa Integral de Reforma Agrária
adotará a denominação que o respectivo Estatuto estabelecer.
§ 9º As cooperativas já existentes nas áreas prioritárias poderão transformar-se em
Cooperativas Integradas de Reforma Agrária, a critério do Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária.
§ 10. O disposto nesta seção aplica-se, no que couber, às demais cooperativas, inclusive
às destinadas a atividades extrativas.
Art. 80. O órgão referido no artigo 74 deverá promover a expansão do sistema
cooperativista, prestando, quando necessário, assistência técnica, financeira e comercial às
cooperativas visando à capacidade e ao treinamento dos cooperados para garantir a
implantação dos serviços administrativos, técnicos, comerciais e industriais.
SEÇÃO VI
Da Assistência Financeira e Creditícia
Art. 81. Para aquisição de terra destinada a seu trabalho e de sua família, o trabalhador
rural terá direito a um empréstimo correspondente ao valor do salário-mínimo anual da região,
pelo Fundo Nacional de Reforma Agrária, prazo de vinte anos, ao juro de seis por cento ao
ano.
Parágrafo único. Poderão acumular o empréstimo de que trata este artigo, dois ou mais
trabalhadores rurais que se entenderem para aquisição de propriedade de área superior à que
estabelece o número 2 do artigo 4°, desta Lei, sob a administração comum ou em forma de
cooperativa.
Art. 82. Nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, a assistência creditícia aos parceleiros
e demais cooperados será prestada, preferencialmente, através das cooperativas.
Parágrafo único. Nas demais regiões, sempre que possível, far-se-á o mesmo com
referência aos pequenos e médios proprietários.
Art. 83. O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, em colaboração com o Ministério da
Agricultura, a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC) e a Coordenação Nacional
do Crédito Rural, promoverá as medidas legais necessárias para a institucionalização do
crédito rural, tecnificado.
§ 1° A Coordenação Nacional do Crédito Rural fixará as normas do contrato padrão de
financiamento que permita assegurar proteção ao agricultor, desde a fase do preparo da terra,
até a venda de suas safras, ou entrega das mesmas à cooperativa para comercialização ou
industrialização.
§ 2º O mesmo organismo deverá prover à forma de desconto de títulos oriundos de
operações de financiamento a agricultores ou de venda de produtos, máquinas, implementos e
utilidades agrícolas necessários ao custeio de safras, construção de benfeitorias e
melhoramentos fundiários.
§ 3º A Superintendência da Moeda e do Crédito poderá determinar que dos depósitos
compulsórios dos Bancos particulares, à sua ordem, sejam deduzidas as quantias a serem
utilizadas em operações de crédito rural, na forma por ela regulamentada.
100
SEÇÃO VII
Da Assistência à Comercialização
Art. 84. Os planos de armazenamento e proteção dos produtos agropecuários levarão em
conta o zoneamento de que trata o artigo 43, a fim de condicionar aos objetivos desta Lei, as
atividades da Superintendência Nacional de Abastecimento (SUNAB) e de outros órgãos
federais e estaduais com atividades que objetivem o desenvolvimento rural.
§ 1° Os órgãos referidos neste artigo, se necessário, deverão instalar em convênio com o
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, armazéns, silos, frigoríficos, postos ou agências de
compra, visando a dar segurança à produção agrícola.
§ 2º Os planos deverão também levar em conta a classificação dos produtos e o adequado
e oportuno escoamento das safras.
Art. 85. A fixação dos preços mínimos, de acordo com a essencialidade dos produtos
agropecuários, visando aos mercados interno e externo, deverá ser feita, no mínimo, sessenta
dias antes da época do plantio em cada região e reajustados, na época da venda, de acordo
com os índices de correção fixados pelo Conselho Nacional de Economia.
§ 1° Para fixação do preço mínimo se tomará por base o custo efetivo da produção,
acrescido das despesas de transporte para o mercado mais próximo e da margem de lucro do
produtor, que não poderá ser inferior a trinta por cento.
§ 2º As despesas do armazenamento, expurgo, conservação e embalagem dos produtos
agrícolas correrão por conta do órgão executor da política de garantia de preços mínimos, não
sendo dedutíveis do total a ser pago ao produtor.
Art. 86. Os órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alínea b, deverão, se necessário e quando
a rede comercial se mostrar insuficiente, promover a expansão desta ou expandir seus postos
de revenda para atender aos interesses de lavradores e de criadores na obtenção de
mercadorias e utilidades necessárias às suas atividades rurais, de forma oportuna e econômica,
visando à melhoria da produção e ao aumento da produtividade, através, entre outros, de
serviços locais, para distribuição de produção própria ou revenda de:
I - tratores, implementos agrícolas, conjuntos de irrigação e perfuração de poços,
aparelhos e utensílios para pequenas indústrias de beneficiamento da produção;
II - arames, herbicidas, inseticidas, fungicidas, rações, misturas, soros, vacinas e
medicamentos para animais;
III - corretivo de solo, fertilizantes e adubos, sementes e mudas.
SEÇÃO VIII
Da Industrialização e Beneficiamento dos Produtos Agrícolas
Art. 87. Nas áreas prioritárias da Reforma Agrária, a industrialização e o beneficiamento
dos produtos agrícolas serão promovidos pelas Cooperativas Integrais de Reforma Agrária.
Art. 88. O Poder Público, através dos órgãos referidos no artigo 73, § 2º, alínea b,
exercerá atividades de orientação, planificação, execução e controle, com o objetivo de
promover o incentivo da industrialização, do beneficiamento dos produtos agropecuários e
dos meios indispensáveis ao aumento da produção e da produtividade agrícola, especialmente
os referidos no artigo 86.
Parágrafo único. Vetado.
SEÇÃO IX
Da Eletrificação Rural e Obras de Infra-estrutura
Art. 89. Os planos nacional e regional de Reforma Agrária incluirão, obrigatoriamente,
as providências de valorização, relativas a eletrificação rural e outras obras de melhoria de
infra-estrutura, tais como reflorestamento, regularização dos deflúvios dos cursos d'água,
açudagem, barragens submersas, drenagem, irrigação, abertura de poços, saneamento, obras
de conservação do solo, além do sistema viário indispensável à realização do projeto.
101
Art. 90. Os órgão públicos federais ou estaduais referidos no artigo 73, § 2º, alíneas a, b
e c, bem como o Banco Nacional de Crédito Cooperativo, na medida de suas disponibilidades
técnicas e financeiras, promoverão a difusão das atividades de reflorestamento e de
eletrificação rural, estas essencialmente através de cooperativas de eletrificação e
industrialização rural, organizadas pelos lavradores e pecuaristas da região.
§ 1° Os mesmos órgãos especialmente as entidades de economia mista destinadas a
promover o desenvolvimento rural, deverão manter serviços para atender à orientação,
planificação, execução e fiscalização das obras de melhoria e outras de infra-estrutura,
referidas neste artigo.
§ 2º Os consumidores rurais de energia elétrica distribuída através de cooperativa de
eletrificação e industrialização rural ficarão isentos do respectivo empréstimo compulsório.
§ 3º Os projetos de eletrificação rural feitos pelas cooperativas rurais terão prioridade nos
financiamentos e poderão receber auxílio do Governo federal, estadual e municipal.
SEÇÃO X
Do Seguro Agrícola
Art. 91. A Companhia Nacional de Seguro Agrícola (C.N.S.A.), em convênio com o
Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, atuará nas áreas do projeto de Reforma Agrária,
garantindo culturas, safras, colheitas, rebanhos e plantéis.
§ 1° O estabelecimento das tabelas dos prêmios de seguro para os vários tipos de
atividade agropecuária nas diversas regiões do pais será feito tendo-se em vista a necessidade
de sua aplicação, não somente nas áreas prioritárias de Reforma Agrária, como também nas
outras regiões selecionadas pela Companhia Nacional de Seguro Agrícola, nas quais a
produção agropecuária represente fator essencial de desenvolvimento.
§ 2º Os contratos de financiamento e empréstimo e os contratos agropecuários, de
qualquer natureza, realizados através dos órgãos oficiais de crédito, deverão ser segurados na
Companhia Nacional de Seguro Agrícola.
CAPÍTULO IV
Do Uso ou da Posse Temporária da Terra
SEÇÃO I
Das Normas Gerais
Art. 92. A posse ou uso temporário da terra serão exercidos em virtude de contrato
expresso ou tácito, estabelecido entre o proprietário e os que nela exercem atividade agrícola
ou pecuária, sob forma de arrendamento rural, de parceria agrícola, pecuária, agro-industrial e
extrativa, nos termos desta Lei.
§ 1° O proprietário garantirá ao arrendatário ou parceiro o uso e gozo do imóvel
arrendado ou cedido em parceria.
§ 2º Os preços de arrendamento e de parceria fixados em contrato ...Vetado.. serão
reajustados periodicamente, de acordo com os índices aprovados pelo Conselho Nacional de
Economia. Nos casos em que ocorra exploração de produtos com preço oficialmente fixado, a
relação entre os preços reajustados e os iniciais não pode ultrapassar a relação entre o novo
preço fixado para os produtos e o respectivo preço na época do contrato, obedecidas as
normas do Regulamento desta Lei.
§ 3º No caso de alienação do imóvel arrendado, o arrendatário terá preferência para
adquiri-lo em igualdade de condições, devendo o proprietário dar-lhe conhecimento da venda,
a fim de que possa exercitar o direito de perempção dentro de trinta dias, a contar da
notificação judicial ou comprovadamente efetuada, mediante recibo.
§ 4° O arrendatário a quem não se notificar a venda poderá, depositando o preço, haver
para si o imóvel arrendado, se o requerer no prazo de seis meses, a contar da transcrição do
ato de alienação no Registro de Imóveis.
102
§ 5º A alienação ou a imposição de ônus real ao imóvel não interrompe a vigência dos
contratos de arrendamento ou de parceria ficando o adquirente sub-rogado nos direitos e
obrigações do alienante.
§ 6º O inadimplemento das obrigações assumidas por qualquer das partes dará lugar,
facultativamente, à rescisão do contrato de arrendamento ou de parceria. observado o disposto
em lei.
§ 7º Qualquer simulação ou fraude do proprietário nos contratos de arrendamento ou de
parceria, em que o preço seja satisfeito em produtos agrícolas, dará ao arrendatário ou ao
parceiro o direito de pagar pelas taxas mínimas vigorantes na região para cada tipo de
contrato.
§ 8º Para prova dos contratos previstos neste artigo, será permitida a produção de
testemunhas. A ausência de contrato não poderá elidir a aplicação dos princípios estabelecidos
neste Capítulo e nas normas regulamentares.
§ 9º Para solução dos casos omissos na presente Lei, prevalecerá o disposto no Código
Civil.
Art. 93. Ao proprietário é vedado exigir do arrendatário ou do parceiro:
I - prestação de serviço gratuito;
II - exclusividade da venda da colheita;
III - obrigatoriedade do beneficiamento da produção em seu estabelecimento;
IV - obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utilidades em seus armazéns ou
barracões;
V - aceitação de pagamento em "ordens", "vales", "borós" ou outras formas regionais
substitutivas da moeda.
Parágrafo único. Ao proprietário que houver financiado o arrendatário ou parceiro, por
inexistência de financiamento direto, será facultado exigir a venda da colheita até o limite do
financiamento concedido, observados os níveis de preços do mercado local.
Art. 94. É vedado contrato de arrendamento ou parceria na exploração de terras de
propriedade pública, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. Excepcionalmente, poderão ser arrendadas ou dadas em parceria terras
de propriedade púbica, quando:
a) razões de segurança nacional o determinarem;
b) áreas de núcleos de colonização pioneira, na sua fase de implantação, forem
organizadas para fins de demonstração;
c) forem motivo de posse pacífica e a justo título, reconhecida pelo Poder Público, antes
da vigência desta Lei.
SEÇÃO II
Do Arrendamento Rural
Art. 95. Quanto ao arrendamento rural, observar-se-ão os seguintes princípios:
I - os prazos de arrendamento terminarão sempre depois de ultimada a colheita, inclusive
a de plantas forrageiras temporárias cultiváveis. No caso de retardamento da colheita por
motivo de força maior, considerar-se-ão esses prazos prorrogados nas mesmas condições, até
sua ultimação;
II - presume-se feito, no prazo mínimo de três anos, o arrendamento por tempo
indeterminado, observada a regra do item anterior;
III - o arrendatário, para iniciar qualquer cultura cujos frutos não possam ser recolhidos
antes de terminado o prazo de arrendamento, deverá ajustar, previamente, com o arrendador a
forma de pagamento do uso da terra por esse prazo excedente; (Redação dada pela Lei nº
11.443, de 2007).
IV - em igualdade de condições com estranhos, o arrendatário terá preferência à
renovação do arrendamento, devendo o proprietário, até 6 (seis) meses antes do vencimento
103
do contrato, fazer-lhe a competente notificação extrajudicial das propostas existentes. Não se
verificando a notificação extrajudicial, o contrato considera-se automaticamente renovado,
desde que o arrendador, nos 30 (trinta) dias seguintes, não manifeste sua desistência ou
formule nova proposta, tudo mediante simples registro de suas declarações no competente
Registro de Títulos e Documentos; (Redação dada pela Lei nº 11.443, de 2007).
V - os direitos assegurados no inciso IV do caput deste artigo não prevalecerão se, no
prazo de 6 (seis) meses antes do vencimento do contrato, o proprietário, por via de notificação
extrajudicial, declarar sua intenção de retomar o imóvel para explorá-lo diretamente ou por
intermédio de descendente seu; (Redação dada pela Lei nº 11.443, de 2007).
VI - sem expresso consentimento do proprietário é vedado o subarrendamento;
VII - poderá ser acertada, entre o proprietário e arrendatário, cláusula que permita a
substituição de área arrendada por outra equivalente no mesmo imóvel rural, desde que
respeitadas as condições de arrendamento e os direitos do arrendatário;
VIII - o arrendatário, ao termo do contrato, tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis; será indenizado das benfeitorias voluptuárias quando autorizadas pelo
proprietário do solo; e, enquanto o arrendatário não for indenizado das benfeitorias
necessárias e úteis, poderá permanecer no imóvel, no uso e gozo das vantagens por ele
oferecidas, nos termos do contrato de arrendamento e das disposições do inciso I deste
artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.443, de 2007).
IX - constando do contrato de arrendamento animais de cria, de corte ou de trabalho, cuja
forma de restituição não tenha sido expressamente regulada, o arrendatário é obrigado, findo
ou rescindido o contrato, a restituí-los em igual número, espécie e valor;
X - o arrendatário não responderá por qualquer deterioração ou prejuízo a que não tiver
dado causa;
XI - na regulamentação desta Lei, serão complementadas as seguintes condições que,
obrigatoriamente, constarão dos contratos de arrendamento:
a) limites da remuneração e formas de pagamento em dinheiro ou no seu equivalente em
produtos; (Redação dada pela Lei nº 11.443, de 2007).
b) prazos mínimos de arrendamento e limites de vigência para os vários tipos de
atividades agrícolas; (Redação dada pela Lei nº 11.443, de 2007).
c) bases para as renovações convencionadas;
d) formas de extinção ou rescisão;
e) direito e formas de indenização ajustadas quanto às benfeitorias realizadas;
XII - a remuneração do arrendamento, sob qualquer forma de pagamento, não poderá ser
superior a 15% (quinze por cento) do valor cadastral do imóvel, incluídas as benfeitorias que
entrarem na composição do contrato, salvo se o arrendamento for parcial e recair apenas em
glebas selecionadas para fins de exploração intensiva de alta rentabilidade, caso em que a
remuneração poderá ir até o limite de 30% (trinta por cento) (Redação dada pela Lei nº
11.443, de 2007).
XIII - a todo aquele que ocupar, sob qualquer forma de arrendamento, por mais de cinco
anos, um imóvel rural desapropriado, em área prioritária de Reforma Agrária, é assegurado o
direito preferencial de acesso à terra ..Vetado...
Art. 95-A. Fica instituído o Programa de Arrendamento Rural, destinado ao atendimento
complementar de acesso à terra por parte dos trabalhadores rurais qualificados para participar
do Programa Nacional de Reforma Agrária, na forma estabelecida em regulamento.(Incluído
pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Regulamento)
Parágrafo único. Os imóveis que integrarem o Programa de Arrendamento Rural não
serão objeto de desapropriação para fins de reforma agrária enquanto se mantiverem
arrendados, desde que atendam aos requisitos estabelecidos em regulamento. (Incluído pela
Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
104
SEÇÃO III
Da Parceria Agrícola, Pecuária, Agro-Industrial e Extrativa
Art. 96. Na parceria agrícola, pecuária, agro-industrial e extrativa, observar-se-ão os
seguintes princípios:
I - o prazo dos contratos de parceria, desde que não convencionados pelas partes, será no
mínimo de três anos, assegurado ao parceiro o direito à conclusão da colheita, pendente,
observada a norma constante do inciso I, do artigo 95;
II - expirado o prazo, se o proprietário não quiser explorar diretamente a terra por conta
própria, o parceiro em igualdade de condições com estranhos, terá preferência para firmar
novo contrato de parceria;
III - as despesas com o tratamento e criação dos animais, não havendo acordo em
contrário, correrão por conta do parceiro tratador e criador;
IV - o proprietário assegurará ao parceiro que residir no imóvel rural, e para atender ao
uso exclusivo da família deste, casa de moradia higiênica e área suficiente para horta e criação
de animais de pequeno porte;
V - no Regulamento desta Lei, serão complementadas, conforme o caso, as seguintes
condições, que constarão, obrigatoriamente, dos contratos de parceria agrícola, pecuária, agro-
industrial ou extrativa:
a) quota-limite do proprietário na participação dos frutos, segundo a natureza de
atividade agropecuária e facilidades oferecidas ao parceiro;
b) prazos mínimos de duração e os limites de vigência segundo os vários tipos de
atividade agrícola;
c) bases para as renovações convencionadas;
d) formas de extinção ou rescisão;
e) direitos e obrigações quanto às indenizações por benfeitorias levantadas com
consentimento do proprietário e aos danos substanciais causados pelo parceiro, por práticas
predatórias na área de exploração ou nas benfeitorias, nos equipamentos, ferramentas e
implementos agrícolas a ele cedidos;
f) direito e oportunidade de dispor sobre os frutos repartidos;
VI - na participação dos frutos da parceria, a quota do proprietário não poderá ser
superior a:
a) 20% (vinte por cento), quando concorrer apenas com a terra nua; (Redação dada pela
Lei nº 11.443, de 2007).
b) 25% (vinte e cinco por cento), quando concorrer com a terra preparada; (Redação
dada pela Lei nº 11.443, de 2007).
c) 30% (trinta por cento), quando concorrer com a terra preparada e moradia; (Redação
dada pela Lei nº 11.443, de 2007).
d) 40% (quarenta por cento), caso concorra com o conjunto básico de benfeitorias,
constituído especialmente de casa de moradia, galpões, banheiro para gado, cercas, valas ou
currais, conforme o caso; (Redação dada pela Lei nº 11.443, de 2007).
e) 50% (cinqüenta por cento), caso concorra com a terra preparada e o conjunto básico
de benfeitorias enumeradas na alínea d deste inciso e mais o fornecimento de máquinas e
implementos agrícolas, para atender aos tratos culturais, bem como as sementes e animais de
tração, e, no caso de parceria pecuária, com animais de cria em proporção superior a 50%
(cinqüenta por cento) do número total de cabeças objeto de parceria; (Redação dada pela Lei
nº 11.443, de 2007).
f) 75% (setenta e cinco por cento), nas zonas de pecuária ultra-extensiva em que forem
os animais de cria em proporção superior a 25% (vinte e cinco por cento) do rebanho e onde
se adotarem a meação do leite e a comissão mínima de 5% (cinco por cento) por animal
vendido; (Redação dada pela Lei nº 11.443, de 2007).
105
g) nos casos não previstos nas alíneas anteriores, a quota adicional do proprietário será
fixada com base em percentagem máxima de dez por cento do valor das benfeitorias ou dos
bens postos à disposição do parceiro;
VII - aplicam-se à parceria agrícola, pecuária, agropecuária, agro-industrial ou extrativa
as normas pertinentes ao arrendamento rural, no que couber, bem como as regras do contrato
de sociedade, no que não estiver regulado pela presente Lei.
Parágrafo único. Os contratos que prevejam o pagamento do trabalhador, parte em
dinheiro e parte percentual na lavoura cultivada, ou gado tratado, são considerados simples
locação de serviço, regulada pela legislação trabalhista, sempre que a direção dos trabalhos
seja de inteira e exclusiva responsabilidade do proprietário, locatário do serviço a quem cabe
todo o risco, assegurando-se ao locador, pelo menos, a percepção do salário-mínimo no
cômputo das duas parcelas.
VIII - o proprietário poderá sempre cobrar do parceiro, pelo seu preço de custo, o valor
de fertilizantes e inseticidas fornecidos no percentual que corresponder à participação deste,
em qualquer das modalidades previstas nas alíneas do inciso VI do caput deste
artigo; (Incluído pela Lei nº 11.443, de 2007).
IX - nos casos não previstos nas alíneas do inciso VI do caput deste artigo, a quota
adicional do proprietário será fixada com base em percentagem máxima de 10% (dez por
cento) do valor das benfeitorias ou dos bens postos à disposição do parceiro. (Incluído pela
Lei nº 11.443, de 2007).
§ 1o Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra,
por tempo determinado ou não, o uso específico de imóvel rural, de parte ou partes dele,
incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e/ou facilidades, com o objetivo de nele ser
exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista;
e/ou lhe entrega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias-
primas de origem animal, mediante partilha, isolada ou cumulativamente, dos seguintes
riscos: (Incluído pela Lei nº 11.443, de 2007).
I - caso fortuito e de força maior do empreendimento rural; (Incluído pela Lei nº 11.443,
de 2007).
II - dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados
os limites percentuais estabelecidos no inciso VI do caput deste artigo;(Incluído pela Lei nº
11.443, de 2007).
III - variações de preço dos frutos obtidos na exploração do empreendimento
rural. (Incluído pela Lei nº 11.443, de 2007).
§ 2o As partes contratantes poderão estabelecer a prefixação, em quantidade ou volume,
do montante da participação do proprietário, desde que, ao final do contrato, seja realizado o
ajustamento do percentual pertencente ao proprietário, de acordo com a produção. (Incluído
pela Lei nº 11.443, de 2007).
§ 3o Eventual adiantamento do montante prefixado não descaracteriza o contrato de
parceria. (Incluído pela Lei nº 11.443, de 2007).
§ 4o Os contratos que prevejam o pagamento do trabalhador, parte em dinheiro e parte
em percentual na lavoura cultivada ou em gado tratado, são considerados simples locação de
serviço, regulada pela legislação trabalhista, sempre que a direção dos trabalhos seja de inteira
e exclusiva responsabilidade do proprietário, locatário do serviço a quem cabe todo o risco,
assegurando-se ao locador, pelo menos, a percepção do salário mínimo no cômputo das 2
(duas) parcelas. (Incluído pela Lei nº 11.443, de 2007).
§ 5o O disposto neste artigo não se aplica aos contratos de parceria agroindustrial, de
aves e suínos, que serão regulados por lei específica. (Incluído pela Lei nº 11.443, de 2007).
106
SEÇÃO IV
Dos Ocupantes de Terras Públicas Federais
Art. 97. Quanto aos legítimos possuidores de terras devolutas federais, observar-se-á o
seguinte:
I - o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária promoverá a discriminação das áreas
ocupadas por posseiros, para a progressiva regularização de suas condições de uso e posse da
terra, providenciando, nos casos e condições previstos nesta Lei, a emissão dos títulos de
domínio;
II - todo o trabalhador agrícola que, à data da presente Lei, tiver ocupado, por um ano,
terras devolutas, terá preferência para adquirir um lote da dimensão do módulo de propriedade
rural, que for estabelecido para a região, obedecidas as prescrições da lei.
Art. 98. Todo aquele que, não sendo proprietário rural nem urbano, ocupar por dez anos
ininterruptos, sem oposição nem reconhecimento de domínio alheio, tornando-o produtivo por
seu trabalho, e tendo nele sua morada, trecho de terra com área caracterizada como suficiente
para, por seu cultivo direto pelo lavrador e sua família, garantir-lhes a subsistência, o
progresso social e econômico, nas dimensões fixadas por esta Lei, para o módulo de
propriedade, adquirir-lhe-á o domínio, mediante sentença declaratória devidamente transcrita.
Art. 99. A transferência do domínio ao posseiro de terras devolutas federais efetivar-se-á
no competente processo administrativo de legitimação de posse, cujos atos e termos
obedecerão às normas do Regulamento da presente Lei.
Art. 100. O título de domínio expedido pelo Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será,
dentro do prazo que o Regulamento estabelecer, transcrito no competente Registro Geral de
Imóveis.
Art. 101. As taxas devidas pelo legitimante de posse em terras devolutas federais,
constarão de tabela a ser periodicamente expedida pelo Instituto Brasileiro de Reforma
Agrária, atendendo-se à ancianidade da posse, bem como às diversificações das regiões em
que se verificar a respectiva discriminação.
Art. 102. Os direitos dos legítimos possuidores de terras devolutas federais estão
condicionados ao implemento dos requisitos absolutamente indispensáveis da cultura efetiva e
da morada habitual.
TÍTULO IV
Das Disposições Gerais e Transitórias
Art. 103. A aplicação da presente Lei deverá objetivar, antes e acima de tudo, a perfeita
ordenação do sistema agrário do país, de acordo com os princípios da justiça social,
conciliando a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho humano.
§ 1° Para a plena execução do disposto neste artigo, o Poder Executivo, através dos
órgãos da sua administração centralizada e descentralizada, deverá prover no sentido de
facultar e garantir todas as atividades extrativas, agrícolas, pecuárias e agro-industriais, de
modo a não prejudicar, direta ou indiretamente, o harmônico desenvolvimento da vida rural.
§ 2º Dentro dessa orientação, a implantação dos serviços e trabalhos previstos nesta Lei
processar-se-á progressivamente, seguindo-se os critérios, as condições técnicas e as
prioridades fixados pelas mesmas, a fim de que a política de desenvolvimento rural de
nenhum modo tenha solução de continuidade.
§ 3º De acordo com os princípios normativos deste artigo e dos parágrafos anteriores,
será dada prioridade à elaboração do zoneamento e do cadastro, previstos no Título II,
Capítulo IV, Seção III, desta Lei.
Art. 104. O Quadro de servidores do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária será
constituído de pessoal dos órgãos e repartições a ele incorporados, ou para ele transferidos, e
de pessoal admitido na forma da lei.
107
§ 1° O disposto neste artigo não se aplica aos cargos ou funções cujos ocupantes estejam
em exercício como requisitados, nos mencionados órgãos incorporados ou transferidos, bem
como aos funcionários públicos civis ou militares, assim definidos pela legislação especial.
§ 2º O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá admitir, mediante portaria ou
contrato, em regime especial de trabalho e salário, dentro das dotações orçamentárias
próprias, especialistas necessários ao desempenho de atividades técnicas e científicas para
cuja execução não dispuser de servidores habilitados.
§ 3º O Instituto Brasileiro de Reforma Agrária poderá requisitar servidores da
administração centralizada ou descentralizada, sem prejuízo dos seus vencimentos, direitos e
vantagens.
§ 4° Nenhuma admissão de pessoal, com exceção do parágrafo segundo, poderá ser feita
senão mediante prestação de concurso de provas ou de títulos e provas.
§ 5º Os servidores da Superintendência da Política Agrária (SUPRA), pertencentes aos
quadros do extinto Instituto Nacional de Imigração e Colonização (I.N.I.C.), e do Serviço
Social Rural (S.S.R.) poderão optar pela sua lotação em qualquer órgão onde existirem cargos
ou funções por eles ocupados.
Art. 105. Fica o Poder Executivo autorizado a emitir títulos, denominados Títulos da
Dívida Agrária, distribuídos em séries autônomas, respeitado o limite máximo de circulação
equivalente a 500.000.000 de OTN (quinhentos milhões de Obrigações do Tesouro
Nacional). (Redação dada pela Lei nº 7.647, de 19/01/88)
§ 1° Os títulos de que trata este artigo vencerão juros de seis por cento a doze por cento
ao ano, terão cláusula de garantia contra eventual desvalorização da moeda, em função dos
índices fixados pelo Conselho Nacional de Economia, e poderão ser utilizados:
a) em pagamento de até cinqüenta por cento do Imposto Territorial Rural;
b) em pagamento de preço de terras públicas;
c) em caução para garantia de quaisquer contratos, obras e serviços celebrados com a
União;
d) como fiança em geral;
e) em caução como garantia de empréstimos ou financiamentos em estabelecimentos da
União, autarquias federais e sociedades de economia mista, em entidades ou fundos de
aplicação às atividades rurais criadas para este fim;
f) em depósito, para assegurar a execução em ações judiciais ou administrativas.
§ 2º Esses títulos serão nominativos ou ao portador e de valor nominal de referência
equivalente ao de 5 (cinco), 10 (dez), 20 (vinte), 50 (cinqüenta) e 100 (cem) Obrigações do
Tesouro Nacional, ou outra unidade de correção monetária plena que venha a substituí-las, de
acordo com o que estabelecer a regulamentação desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 7.647, de
19/01/88)
§ 3° Os títulos de cada série autônoma serão resgatados a partir do segundo ano de sua
efetiva colocação em prazos variáveis de cinco, dez, quinze e vinte anos, de conformidade
com o que estabelecer a regulamentação desta Lei. Dentro de uma mesma série não se poderá
fazer diferenciação de juros e de prazo.
§ 4° Os orçamentos da União, a partir do relativo ao exercício de 1966, consignarão
verbas específicas destinadas ao serviço de juros e amortização decorrentes desta Lei,
inclusive as dotações necessárias para cumprimento da cláusula de correção monetária, as
quais serão distribuídas automaticamente ao Tesouro Nacional.
§ 5º O Poder Executivo, de acordo com autorização e as normas constantes deste artigo e
dos parágrafos anteriores, regulamentará a expedição, condições e colocação dos Títulos da
Dívida Agrária.
Art. 106. A lei que for baixada para institucionalização do crédito rural tecnificado nos
termos do artigo 83 fixará as normas gerais a que devem satisfazer os fundos de garantia e as
108
formas permitidas para aplicação dos recursos provenientes da colocação, relativamente aos
Títulos da Dívida Agrária ou de Bônus Rurais, emitidos pelos Governos Estaduais, para que
estes possam ter direito à coobrigação da União Federal.
Art. 107. Os litígios judiciais entre proprietários e arrendatários rurais obedecerão ao rito
processual previsto pelo artigo 685, do Código do Processo Civil.
§ 1° Não terão efeito suspensivo os recursos interpostos contra as decisões proferidas nos
processos de que trata o presente artigo.
§ 2º Os litígios relativos às relações de trabalho rural em geral, inclusive as reclamações
de trabalhadores agrícolas, pecuários, agro-industriais ou extrativos, são de competência da
Justiça do Trabalho, regendo-se o seu processo pelo rito processual trabalhista.
Art. 108. Para fins de enquadramento serão revistos, a partir da data da publicação desta
Lei, os regulamentos, portarias, instruções, circulares e outras disposições administrativas ou
técnicas expedidas pelos Ministérios e Repartições.
Art. 109. Observado o disposto nesta Lei, será permitido o reajustamento das prestações
mensais de amortizações e juros e dos saldos devedores nos contratos de venda a prazo de:
I - lotes de terra com ou sem benfeitorias, em projetos de Reforma Agrária e em núcleos
de colonização;
II - máquinas, equipamentos e implementos agrícolas, a cooperativas agrícolas ou
entidades especializadas em prestação de serviço e assistência à mecanização;
III instalação de indústrias de beneficiamento, para cooperativas agrícolas ou empresas
rurais.
§ 1° O reajustamento de que trata este artigo será feito em intervalos não inferiores a um
ano, proporcionalmente aos índices gerais de preços, fixados pelo Conselho Nacional de
Economia.
§ 2º Os contratos relativos às operações referidas no inciso I, serão limitados ao prazo
máximo de vinte anos; os relativos às do inciso II ao prazo máximo de cinco anos; e as
referentes às do inciso III ao prazo máximo de quinze anos.
§ 3º A correção monetária ...Vetado... não constituirá rendimento tributável dos seus
beneficiários.
Art. 110. Será permitida a negociação nas Bolsas de Valores do País, warrants fornecidos
pelos armazéns-gerais, silos e frigoríficos.
Art. 111. Os oficiais do Registro de Imóveis inscreverão obrigatoriamente os contratos
de promessa de venda ou de hipoteca celebrados de acordo com a presente Lei, declarando
expressamente que os valores deles constantes são meramente estimativos, estando sujeitos,
como as prestações mensais, às correções de valor determinadas nesta Lei.
§ 1° Mediante simples requerimento, firmado por qualquer das partes contratantes,
acompanhado da publicação oficial do índice de correção aplicado, os oficiais do Registro de
Imóveis averbarão, à margem das respectivas instruções, as correções de valor determinadas
por esta Lei, com indicação do novo valor do preço ou da dívida e do saldo respectivo, bem
como da nova prestação contratual.
§ 2º Se o promitente comprador ou mutuário se recusar a assinar o requerimento de
averbação das correções verificadas, ficará, não obstante, obrigado ao pagamento da nova
prestação, podendo a entidade financiadora, se lhe convier, rescindir o contrato com
notificação prévia no prazo de noventa dias.
Art. 112. Passa a ter a seguinte redação o artigo 38, alínea b, do Decreto n. 22.239, de 19
de dezembro de 1932, revigorado pelo Decreto-Lei n. 8.401, de 19 de dezembro de 1945:
"b) do beneficiamento, industrialização e venda em comum de produtos de origem extrativa,
agrícola ou de criação de animais".
109
Art. 113. O Estabelecimento Rural do Tapajós, incorporado à Superintendência de
Política Agrária pela Lei Delegada n. 11, de 11 de outubro de 1962, fica, para todos os efeitos
legais e patrimoniais, transferido para o Ministério da Agricultura.
Art. 114. Para fins de regularização, os núcleos coloniais e as terras pertencentes ao
antigo Instituto Nacional de Imigração e Colonização, incorporados à Superintendência de
Política Agrária pela Lei Delegada referida no artigo anterior, serão transferidos:
a) ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, os localizados nas áreas prioritárias de
reforma agrária;
b) ao patrimônio do Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário, os situados nas
demais áreas do país.
Art. 115. As atribuições conferidas à Superintendência de Política Agrária pela Lei
Delegada n. 11, de 11 de outubro de 1962, e que não são transferidas para o Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária, ficam distribuídas pelos órgãos federais, na forma dos
seguintes dispositivos:
I - para os órgãos próprios do Ministério da Agricultura, transferem-se as atribuições, de:
a) planejar e executar, direta ou indiretamente, programas de colonização visando à
fixação e ao acesso à terra própria de agricultores e trabalhadores sem terra nacionais ou
estrangeiros, radicados no país, mediante a formação de unidades familiares reunidas em
cooperativas nas áreas de ocupação pioneira e, nos vazios demográficos e econômicos;
b) promover, supletivamente, a entrada de imigrantes necessários ao aperfeiçoamento e à
difusão de métodos agrícolas mais avançados;
c) fixar diretrizes para o serviço de imigração e seleção de imigrantes, exercido pelo
Ministério das Relações Exteriores, através de seus órgãos próprios de representação;
d) administrar, direta ou indiretamente, os núcleos de colonização fora das áreas
prioritárias de Reforma Agrária;
II - para os órgãos próprios de representação do Ministério das Relações Exteriores, as
atividades concernentes à seleção de imigrantes;
III - para os órgãos próprios do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, os assuntos
pertinentes à legalização de permanência, prorrogação e retificação de nacionalidade de
estrangeiros, no território nacional;
IV - para a Divisão de Turismo e Certames, do Departamento Nacional de Comércio, do
Ministério da Indústria e do Comércio, o registro e a fiscalização de empresas de turismo e
venda de passagens;
V - para os órgãos próprios do Ministério do Trabalho e Previdência Social:
a) a assistência e o encaminhamento dos trabalhadores rurais migrantes de uma para
outra região, à vista das necessidades do desenvolvimento harmônico do país;
b) a recepção dos imigrantes selecionados pelo Ministério das Relações Exteriores,
encaminhando-os para áreas predeterminadas de acordo com as normas gerais
convencionadas com o Ministério da Agricultura.
Art. 116. Fica revogada a Lei Delegada n. 11, de 11 de outubro de 1962, extinta a
Superintendência de Política Agrária (SUPRA) e incorporados ao Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária, ao Ministério da Agricultura, ao Instituto Nacional do Desenvolvimento
Agrário e aos demais Ministérios, na forma do artigo 115, para todos os efeitos legais,
jurídicos e patrimoniais, os serviços, atribuições e bens patrimoniais, na forma do disposto
nesta Lei.
Parágrafo único. São transferidos para o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e para o
Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário, quando for o caso, os saldos das dotações
orçamentárias e dos créditos especiais destinados à Superintendência de Política Agrária,
inclusive os recursos financeiro arrecadados e os que forem a ela devidos até a data da
promulgação da presente Lei.
110
Art. 117. As atividades do Serviço Social Rural, incorporados à Superintendência de
Política Agrária pela Lei Delegada n. 11, de 11 de outubro de 1962, bem como o produto da
arrecadação das contribuições criadas pela Lei n. 2.613, de 23 de setembro de 1955, serão
transferidas, de acordo com o disposto nos seguintes incisos:
I - ao Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário caberão as atribuições relativas à
extensão rural e cinqüenta por cento da arrecadação;
II - ao órgão do Serviço Social da Previdência que atenderá aos trabalhos rurais,
...Vetado... caberão as demais atribuições e cinqüenta por cento da arrecadação. Enquanto não
for criado esse órgão, suas atribuições e arrecadações serão da competência da autarquia
referida no inciso I;
III - Vetado.
Art. 118. São extensivos ao Instituto Brasileiro de Reforma Agrária os privilégios da
Fazenda Pública no tocante à cobrança dos seus créditos e processos em geral, custas, prazos
de prescrição, imunidades tributárias e isenções fiscais.
Art. 119. Não poderão gozar dos benefícios desta Lei, inclusive a obtenção de
financiamentos, empréstimos e outras facilidades financeiras, os proprietários de imóveis
rurais, cujos certificados de cadastro os classifiquem na forma prevista no artigo 4°, inciso V.
§ 1° Os órgãos competentes do Instituto Brasileiro de Reforma Agrária e do Ministério
da Agricultura, poderão acordar com o proprietário, a forma e o prazo de enquadramento do
imóvel nos objetivos desta Lei, dando deste fato ciência aos estabelecimentos de crédito de
economia mista.
§ 2º Vetado.
Art. 120. É instituído o Fundo Agro-Industrial de Reconversão, com a finalidade de
financiar projetos apresentados por proprietários cujos imóveis rurais tiverem sido
desapropriados contra pagamento por meio de Títulos da Dívida Agrária.
§ 1° O Fundo, administrado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico
(B.N.D.E.), terá as seguintes fontes:
I - dez por cento do Fundo Nacional de Reforma Agrária;
II - recursos provenientes de empréstimos contraídos no país e no exterior;
III - resultado de suas operações;
IV - recursos próprios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico ou de outras
entidades governamentais que venham a ser atribuídos ao Fundo.
§ 2º O Fundo somente financiará projetos de desenvolvimento econômico agropecuário
ou industrial, que satisfaçam as condições técnicas e econômicas estabelecidas pelo Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e que se enquadrem dentro dos critérios de
propriedade fixados pelo Ministério Extraordinário para o Planejamento e Coordenação
Econômica.
§ 3º Os encargos resultantes do financiamento, inclusive amortização e juros, serão
liquidados em Títulos da Dívida Agrária.
§ 4º Dentro dos recursos do Fundo, o financiamento será concedido em total nunca
superior a cinqüenta por cento do montante dos Títulos da Dívida Agrária que tiverem entrado
na composição do preço da desapropriação.
Art. 121. É o Poder Executivo autorizado a abrir, pelo Ministério da Agricultura, o
crédito especial de Cr$100.000.000,00 (cem milhões de cruzeiros) para atender às despesas de
qualquer natureza com a instalação, organização e funcionamento do Instituto Brasileiro de
Reforma Agrária, bem como as relativas ao cumprimento do disposto nesta Lei.
Art. 122. O Poder Executivo, dentro do prazo de cento e oitenta dias, a partir da
publicação da presente Lei, deverá baixar a regulamentação necessária à sua execução.
Art. 123. O critério da tributação constante do Título III, Capítulo I, passará a vigorar a
partir de 1° de janeiro de 1965.
111
Parágrafo único. Do Imposto Territorial Rural, calculado na forma do disposto no artigo
50 e seus parágrafos serão feitas, nos três primeiros anos de aplicação desta Lei, as seguintes
deduções:
a) no primeiro ano, setenta e cinco por cento do acréscimo verificado entre o valor
apurado e o imposto pago no último exercício anterior à aplicação da Lei;
b) no segundo ano, cinqüenta por cento do acréscimo verificado entre o valor apurado
naquele ano e o imposto pago no último exercício anterior à aplicação da Lei, com a correção
monetária pelos índices do Conselho Nacional de Economia;
c) no terceiro ano, vinte e cinco por cento do acréscimo verificado para o respectivo ano,
na forma do disposto na alínea anterior.
Art. 124. A aplicação do disposto no artigo 19, § 2°, a e b, só terá a vigência
respectivamente a partir das datas de encerramento da inscrição do cadastro das propriedades
agrícolas e da de declaração do Imposto de Renda relativa ao ano-base de 1964.
Art. 125. Dentro de dez anos contados da publicação da presente Lei ficam isentas do
pagamento do imposto sobre lucro imobiliário as transmissões de imóveis rurais realizadas
com o objetivo imediato de eliminar latifúndio ou efetuar reagrupamentos de glebas, no
propósito de corrigir minifúndios, desde que tais objetivos sejam verificados pelo Instituto
Brasileiro de Reforma Agrária.
Art. 126. A Carteira de Colonização do Banco do Brasil, sem prejuízo de suas
atribuições legais, atuará como entidade financiadora nas operações de venda de lotes rurais
...Vetado...
§ 1° As Letras Hipotecárias que o Banco do Brasil está autorizado a emitir, em
provimento de recursos e em empréstimos da sua Carteira de Colonização, poderão conter
cláusula de garantia contra eventual desvalorização de moeda, de acordo com índices que
forem sugeridos pelo Conselho Nacional de Economia, assegurando ao mesmo Banco o
ressarcimento de prejuízos já previstos no artigo 4º da Lei n. 2.237, de 19 de junho de 1954.
§ 2º Caberá à Diretoria do Banco do Brasil fixar o limite do valor dos empréstimos que o
Banco fica autorizado a realizar no país ou no estrangeiro para aplicação, pela sua Carteira de
Colonização, revogado, portanto o limite estabelecido no parágrafo único do artigo 80 da Lei
n. 2.237, de 19 de junho de 1964, e as disposições em contrário.
Art. 127. Vetado.
Art. 128. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições
em contrário.
Brasília, 30 de novembro de 1964; 143º da Independência e 76º da República.
H. CASTELLO BRANCO
Presidente da República
112
6.2 POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
- Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 –
Art 1º - Esta lei, com fundamento nos incisos VI e VII do art. 23 e no art. 235 da
Constituição, estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama) e institui
o Cadastro de Defesa Ambiental. (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
DA POLíTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições
ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios:
I - ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio
ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo
em vista o uso coletivo;
II - racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;
Ill - planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;
IV - proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;
V - controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras;
VI - incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a
proteção dos recursos ambientais;
VII - acompanhamento do estado da qualidade ambiental;
VIII - recuperação de áreas degradadas; (Regulamento)
IX - proteção de áreas ameaçadas de degradação;
X - educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a educação da comunidade,
objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - meio ambiente, o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física,
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;
II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio
ambiente;
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos;
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável,
direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;
V - recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a
flora. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
DOS OBJETIVOS DA POLíTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Art 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará:
I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da
qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;
II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao
equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios e dos Municípios;
113
III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas
relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;
IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso
racional de recursos ambientais;
V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e
informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de
preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;
VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização
racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio
ecológico propício à vida;
VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os
danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins
econômicos.
Art 5º - As diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente serão formuladas em
normas e planos, destinados a orientar a ação dos Governos da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios no que se relaciona com a preservação da qualidade
ambiental e manutenção do equilíbrio ecológico, observados os princípios estabelecidos no
art. 2º desta Lei.
Parágrafo único - As atividades empresariais públicas ou privadas serão exercidas em
consonância com as diretrizes da Política Nacional do Meio Ambiente.
DO SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Art 6º - Os órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios
e dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela
proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema Nacional do Meio
Ambiente - SISNAMA, assim estruturado:
I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da
República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio
ambiente e os recursos ambientais; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo,
diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar,
no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; (Redação dada pela Lei nº
8.028, de 1990)
III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a
finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política
nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela
Lei nº 8.028, de 1990)
IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e
diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; (Redação dada pela Lei nº 8.028, de
1990)
V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de
programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a
degradação ambiental; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e
fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições; (Incluído pela Lei nº 7.804, de
1989)
114
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua jurisdição, elaboração
normas supletivas e complementares e padrões relacionados com o meio ambiente,
observados os que forem estabelecidos pelo CONAMA.
§ 2º O s Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, também
poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior.
§ 3º Os órgãos central, setoriais, seccionais e locais mencionados neste artigo deverão
fornecer os resultados das análises efetuadas e sua fundamentação, quando solicitados por
pessoa legitimamente interessada.
§ 4º De acordo com a legislação em vigor, é o Poder Executivo autorizado a criar uma
Fundação de apoio técnico científico às atividades do IBAMA. (Redação dada pela Lei nº
7.804, de 1989)
DO CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Art. 8º Compete ao CONAMA: (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento de
atividades efetiva ou potencialmente poluídoras, a ser concedido pelos Estados e
supervisionado pelo IBAMA; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das
possíveis conseqüências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando aos órgãos
federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as informações
indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no
caso de obras ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas áreas
consideradas patrimônio nacional. (Redação dada pela Lei nº 8.028, de 1990)
III - decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, mediante depósito
prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA;(Redação dada pela Lei nº
7.804, de 1989) (Vide Lei nº 11.941, de 2009)
IV - homologar acordos visando à transformação de penalidades pecuniárias na
obrigação de executar medidas de interesse para a proteção ambiental; (VETADO);
V - determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios
fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou
suspensão de participação em linhas de fiananciamento em estabelecimentos oficiais de
crédito; (Redação dada pela Vide Lei nº 7.804, de 1989)
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por
veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos Ministérios
competentes;
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e à manutenção da
qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais,
principalmente os hídricos.
Parágrafo único. O Secretário do Meio Ambiente é, sem prejuízo de suas funções, o
Presidente do Conama. (Incluído pela Lei nº 8.028, de 1990)
DOS INSTRUMENTOS DA POLíTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE
Art 9º - São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:
I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental; (Regulamento)
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de
tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Público federal,
estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico
e reservas extrativistas; (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
115
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente
pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis -
IBAMA; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigando-se o
Poder Público a produzí-las, quando inexistentes; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou
utilizadoras dos recursos ambientais. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental, seguro
ambiental e outros. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Art. 9o-A. Mediante anuência do órgão ambiental competente, o proprietário rural pode
instituir servidão ambiental, pela qual voluntariamente renuncia, em caráter permanente ou
temporário, total ou parcialmente, a direito de uso, exploração ou supressão de recursos
naturais existentes na propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 1o A servidão ambiental não se aplica às áreas de preservação permanente e de reserva
legal. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 2o A limitação ao uso ou exploração da vegetação da área sob servidão instituída em
relação aos recursos florestais deve ser, no mínimo, a mesma estabelecida para a reserva
legal. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 3o A servidão ambiental deve ser averbada no registro de imóveis competente.(Incluído
pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 4o Na hipótese de compensação de reserva legal, a servidão deve ser averbada na
matrícula de todos os imóveis envolvidos. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
§ 5o É vedada, durante o prazo de vigência da servidão ambiental, a alteração da
destinação da área, nos casos de transmissão do imóvel a qualquer título, de desmembramento
ou de retificação dos limites da propriedade. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Art. 10 - A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente
poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras
licenças exigíveis. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
§ 1º - Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão
publicados no jornal oficial do Estado, bem como em um periódico regional ou local de
grande circulação.
§ 2º Nos casos e prazos previstos em resolução do CONAMA, o licenciamento de que
trata este artigo dependerá de homologação do IBAMA. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de
1989)
§ 3º O órgão estadual do meio ambiente e o IBAMA, esta em caráter supletivo, poderão,
se necessário e sem prejuízo das penalidades pecuniárias cabíveis, determinar a redução das
atividades geradoras de poluição, para manter as emissões gasosas, os efluentes líquidos e os
resíduos sólidos dentro das condições e limites estipulados no licenciamento
concedido. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
§ 4º Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
- IBAMA o licenciamento previsto no caput deste artigo, no caso de atividades e obras com
116
significativo impacto ambiental, de âmbito nacional ou regional. (Redação dada pela Lei nº
7.804, de 1989)
Art. 11. Compete ao IBAMA propor ao CONAMA normas e padrões para implantação,
acompanhamento e fiscalização do licenciamento previsto no artigo anterior, além das que
forem oriundas do próprio CONAMA. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
§ 1º A fiscalização e o controle da aplicação de critérios, normas e padrões de qualidade
ambiental serão exercidos pelo IBAMA, em caráter supletivo da atuação do órgão estadual e
municipal competentes. (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
§ 2º - Inclui-se na competência da fiscalização e controle a análise de projetos de
entidades, públicas ou privadas, objetivando a preservação ou a recuperação de recursos
ambientais, afetados por processos de exploração predatórios ou poluidores.
Art 12 - As entidades e órgãos de financiamento e incentivos governamentais
condicionarão a aprovação de projetos habilitados a esses benefícios ao licenciamento, na
forma desta Lei, e ao cumprimento das normas, dos critérios e dos padrões expedidos pelo
CONAMA.
Parágrafo único - As entidades e órgãos referidos no " caput " deste artigo deverão fazer
constar dos projetos a realização de obras e aquisição de equipamentos destinados ao controle
de degradação ambiental e à melhoria da qualidade do meio ambiente.
Art 13 - O Poder Executivo incentivará as atividades voltadas ao meio ambiente,
visando:
I - ao desenvolvimento, no País, de pesquisas e processos tecnológicos destinados a
reduzir a degradação da qualidade ambiental;
II - à fabricação de equipamentos antipoluidores;
III - a outras iniciativas que propiciem a racionalização do uso de recursos ambientais.
Parágrafo único - Os órgãos, entidades, e programas do Poder Público, destinados ao
incentivo das pesquisas científicas e tecnológicas, considerarão, entre as suas metas
prioritárias, o apoio aos projetos que visem a adquirir e desenvolver conhecimentos básicos e
aplicáveis na área ambiental e ecológica.
Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e
municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos
inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os
transgressores:
I - à multa simples ou diária, nos valores correspondentes, no mínimo, a 10 (dez) e, no
máximo, a 1.000 (mil) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTNs, agravada em
casos de reincidência específica, conforme dispuser o regulamento, vedada a sua cobrança
pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal, Territórios ou pelos
Municípios.
II - à perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos pelo Poder Público;
III - à perda ou suspensão de participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito;
IV - à suspensão de sua atividade.
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados
ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e
dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos
causados ao meio ambiente.
§ 2º - No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao Secretário do
Meio Ambiente a aplicação das penalidades pecuniárias previstas neste artigo.
117
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos II e III deste artigo, o ato declaratório da perda,
restrição ou suspensão será atribuição da autoridade administrativa ou financeira que
concedeu os benefícios, incentivos ou financiamento, cumprindo resolução do CONAMA.
§ 5o A execução das garantias exigidas do poluidor não impede a aplicação das
obrigações de indenização e reparação de danos previstas no § 1o deste artigo.(Incluído pela
Lei nº 11.284, de 2006)
§ 1º A pena e aumentada até o dobro se: (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
I - resultar:
a) dano irreversível à fauna, à flora e ao meio ambiente;
b) lesão corporal grave;
II - a poluição é decorrente de atividade industrial ou de transporte;
III - o crime é praticado durante a noite, em domingo ou em feriado.
§ 2º Incorre no mesmo crime a autoridade competente que deixar de promover as
medidas tendentes a impedir a prática das condutas acima descritas. (Redação dada pela Lei
nº 7.804, de 1989)
Art. 17. Fica instituído, sob a administração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
Recursos Naturais Renováveis - IBAMA: (Redação dada pela Lei nº 7.804, de 1989)
I - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental, para
registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se dedicam a consultoria técnica sobre
problemas ecológicos e ambientais e à indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e
instrumentos destinados ao controle de atividades efetiva ou potencialmente
poluidoras; (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
II - Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras
de Recursos Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se
dedicam a atividades potencialmente poluidoras e/ou à extração, produção, transporte e
comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de
produtos e subprodutos da fauna e flora. (Incluído pela Lei nº 7.804, de 1989)
Art. 17-A. São estabelecidos os preços dos serviços e produtos do Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, a serem aplicados em âmbito
nacional, conforme Anexo a esta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.960, de 2000)
Art. 17-B. Fica instituída a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA, cujo fato
gerador é o exercício regular do poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA para controle e fiscalização das
atividades potencialmente poluidoras e utilizadoras de recursos naturais." (Redação dada pela
Lei nº 10.165, de 2000)
§ 1o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 2o Revogado.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
Art. 17-C. É sujeito passivo da TCFA todo aquele que exerça as atividades constantes do
Anexo VIII desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 1o O sujeito passivo da TCFA é obrigado a entregar até o dia 31 de março de cada ano
relatório das atividades exercidas no ano anterior, cujo modelo será definido pelo IBAMA,
para o fim de colaborar com os procedimentos de controle e fiscalização.(Redação dada pela
Lei nº 10.165, de 2000)
§ 2o O descumprimento da providência determinada no § 1
o sujeita o infrator a multa
equivalente a vinte por cento da TCFA devida, sem prejuízo da exigência desta.(Redação
dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 3o Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
Art. 17-D. A TCFA é devida por estabelecimento e os seus valores são os fixados no
Anexo IX desta Lei." (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 1o Para os fins desta Lei, consideram-se: (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
118
I – microempresa e empresa de pequeno porte, as pessoas jurídicas que se enquadrem,
respectivamente, nas descrições dos incisos I e II do caput do art. 2o da Lei n
o 9.841, de 5 de
outubro de 1999; (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000)
II – empresa de médio porte, a pessoa jurídica que tiver receita bruta anual superior a R$
1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) e igual ou inferior a R$ 12.000.000,00 (doze
milhões de reais); (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000)
III – empresa de grande porte, a pessoa jurídica que tiver receita bruta anual superior a R$
12.000.000,00 (doze milhões de reais). (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 2o O potencial de poluição (PP) e o grau de utilização (GU) de recursos naturais de cada
uma das atividades sujeitas à fiscalização encontram-se definidos no Anexo VIII desta
Lei. (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 3o Caso o estabelecimento exerça mais de uma atividade sujeita à fiscalização, pagará a
taxa relativamente a apenas uma delas, pelo valor mais elevado.(Incluído pela Lei nº 10.165,
de 2000)
Art. 17-E. É o IBAMA autorizado a cancelar débitos de valores inferiores a R$ 40,00
(quarenta reais), existentes até 31 de dezembro de 1999. (Incluído pela Lei nº 9.960, de 2000)
Art. 17-F. São isentas do pagamento da TCFA as entidades públicas federais, distritais,
estaduais e municipais, as entidades filantrópicas, aqueles que praticam agricultura de
subsistência e as populações tradicionais. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
Art. 17-G. A TCFA será devida no último dia útil de cada trimestre do ano civil, nos
valores fixados no Anexo IX desta Lei, e o recolhimento será efetuado em conta bancária
vinculada ao IBAMA, por intermédio de documento próprio de arrecadação, até o quinto dia
útil do mês subseqüente.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
Parágrafo único. Revogado. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 2o Os recursos arrecadados com a TCFA terão utilização restrita em atividades de
controle e fiscalização ambiental. (Incluído pela Lei nº 11.284, de 2006)
Art. 17-H. A TCFA não recolhida nos prazos e nas condições estabelecidas no artigo
anterior será cobrada com os seguintes acréscimos: (Redação dada pela Lei nº 10.165, de
2000)
I – juros de mora, na via administrativa ou judicial, contados do mês seguinte ao do
vencimento, à razão de um por cento; (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
II – multa de mora de vinte por cento, reduzida a dez por cento se o pagamento for
efetuado até o último dia útil do mês subseqüente ao do vencimento;(Redação dada pela Lei
nº 10.165, de 2000)
III – encargo de vinte por cento, substitutivo da condenação do devedor em honorários
de advogado, calculado sobre o total do débito inscrito como Dívida Ativa, reduzido para dez
por cento se o pagamento for efetuado antes do ajuizamento da execução.(Incluído pela Lei nº
10.165, de 2000)
§ 1o-A. Os juros de mora não incidem sobre o valor da multa de mora.(Incluído pela Lei
nº 10.165, de 2000)
§ 1o Os débitos relativos à TCFA poderão ser parcelados de acordo com os critérios
fixados na legislação tributária, conforme dispuser o regulamento desta Lei.(Redação dada
pela Lei nº 10.165, de 2000)
Art. 17-I. As pessoas físicas e jurídicas que exerçam as atividades mencionadas nos
incisos I e II do art. 17 e que não estiverem inscritas nos respectivos cadastros até o último dia
útil do terceiro mês que se seguir ao da publicação desta Lei incorrerão em infração punível
com multa de: (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
I – R$ 50,00 (cinqüenta reais), se pessoa física; (Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000)
II – R$ 150,00 (cento e cinqüenta reais), se microempresa; (Incluído pela Lei nº 10.165,
de 2000)
119
III – R$ 900,00 (novecentos reais), se empresa de pequeno porte; (Incluído pela Lei nº
10.165, de 2000)
IV – R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais), se empresa de médio porte; (Incluído pela Lei
nº 10.165, de 2000)
V – R$ 9.000,00 (nove mil reais), se empresa de grande porte. (Incluído pela Lei nº
10.165, de 2000)
Parágrafo único. Revogado.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
Art. 17-L. As ações de licenciamento, registro, autorizações, concessões e permissões
relacionadas à fauna, à flora, e ao controle ambiental são de competência exclusiva dos órgãos
integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente. (Incluído pela Lei nº 9.960, de 2000)
Art. 17-M. Os preços dos serviços administrativos prestados pelo IBAMA, inclusive os
referentes à venda de impressos e publicações, assim como os de entrada, permanência e
utilização de áreas ou instalações nas unidades de conservação, serão definidos em portaria do
Ministro de Estado do Meio Ambiente, mediante proposta do Presidente daquele
Instituto. (Incluído pela Lei nº 9.960, de 2000)
Art. 17-N. Os preços dos serviços técnicos do Laboratório de Produtos Florestais do
IBAMA, assim como os para venda de produtos da flora, serão, também, definidos em
portaria do Ministro de Estado do Meio Ambiente, mediante proposta do Presidente daquele
Instituto. (Incluído pela Lei nº 9.960, de 2000)
Art. 17-O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto
sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental -
ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei
no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº
10.165, de 2000)
§ 1o-A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez
por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº
10.165, de 2000)
§ 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é
obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 2o O pagamento de que trata o caput deste artigo poderá ser efetivado em cota única ou
em parcelas, nos mesmos moldes escolhidos pelo contribuinte para o pagamento do ITR, em
documento próprio de arrecadação do IBAMA.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 3o Para efeito de pagamento parcelado, nenhuma parcela poderá ser inferior a R$ 50,00
(cinqüenta reais). (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 4o O inadimplemento de qualquer parcela ensejará a cobrança de juros e multa nos
termos dos incisos I e II do caput e §§ 1o-A e 1
o, todos do art. 17-H desta Lei.(Redação dada
pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 5o Após a vistoria, realizada por amostragem, caso os dados constantes do ADA não
coincidam com os efetivamente levantados pelos técnicos do IBAMA, estes lavrarão, de
ofício, novo ADA, contendo os dados reais, o qual será encaminhado à Secretaria da Receita
Federal, para as providências cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
Art. 17-P. Constitui crédito para compensação com o valor devido a título de TCFA, até
o limite de sessenta por cento e relativamente ao mesmo ano, o montante efetivamente pago
pelo estabelecimento ao Estado, ao Município e ao Distrito Federal em razão de taxa de
fiscalização ambiental.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
§ 1o Valores recolhidos ao Estado, ao Município e ao Distrital Federal a qualquer outro
título, tais como taxas ou preços públicos de licenciamento e venda de produtos, não
constituem crédito para compensação com a TCFA. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de
2000)
120
§ 2o A restituição, administrativa ou judicial, qualquer que seja a causa que a determine,
da taxa de fiscalização ambiental estadual ou distrital compensada com a TCFA restaura o
direito de crédito do IBAMA contra o estabelecimento, relativamente ao valor
compensado.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)
Art. 17-Q. É o IBAMA autorizado a celebrar convênios com os Estados, os Municípios e
o Distrito Federal para desempenharem atividades de fiscalização ambiental, podendo
repassar-lhes parcela da receita obtida com a TCFA." (Redação dada pela Lei nº 10.165, de
2000)
Art 19 -(VETADO).
Art. 19. Ressalvado o disposto nas Leis nºs 5.357, de 17 de novembro de 1967, e 7.661,
de 16 de maio de 1988, a receita proveniente da aplicação desta Lei será recolhida de acordo
com o disposto no art. 4º da Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. (Incluído pela Lei nº
7.804, de 1989))
Art 20 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art 21 - Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, em 31 de agosto de 1981; 160º da Independência e 93º da República.
JOÃO FIGUEIREDO
Mário David Andreazza
Este texto não substitui o Publicado no D.O.U de 2.9.1981
121
ANEXO
(Incluído pela Lei nº 9.960, de 2000)
TABELA DE PREÇOS DOS SERVIÇOS E PRODUTOS COBRADOS PELO INSTITUTO
BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS -
IBAMA
DESCRIÇÃO VALOR (R$)
I - FAUNA
1. LICENÇA E RENOVAÇÃO
1. Licença ou renovação para transporte nacional de fauna
silvestre, partes, produtos e derivados para criadouros científicos
ligados a instituições públicas de pesquisa, pesquisadores ligados a
instituições públicas de pesquisa e zoológicos públicos
ISENTO
Licença ou renovação para transporte nacional de fauna
silvestre, partes, produtos e derivados da fauna exótica constante do
Anexo I da Convenção sobre Comercio Internacional de Espécies da
Fauna e Flora em perigo de extinção - CITES (por formulário)
21,00
Licença ou renovação para exposição ou concurso de animais
silvestres (por formulário)
32,00
Licença para importação, exportação ou reexportação de animais
vivos, partes, produtos e derivados da fauna para criadouros científicos
e pesquisadores ligados a instituições públicas de pesquisa e zoológicos
públicos
ISENTO
Licença para importação, exportação ou reexportação de animais
vivos, partes, produtos e derivados da fauna:
1.5.1 Por formulário de até 14 itens 37,00
1.5.2 Por formulário adicional 6,00
2. LICENCIAMENTO AMBIENTAL
2.1 - Criadouro de espécimes da fauna exótica para fins comerciais:
2.1.1 - Pessoa física 600,00
2.1.2 - Microempresa 800,00
2.1.3 - Demais empresas 1.200,00
2.2 - Mantenedor de fauna exótica :
2.2.1 - Pessoa física 300,00
2.2.2 - Microempresa 400,00
2.2.3 - Demais empresas 500,00
2.3. Importador de animais vivos, abatidos, partes, produtos e
subprodutos da fauna silvestre brasileira e exótica:
2.3.1. Microempresa 500,00
2.3.2. Demais empresas 600,00
2.4. Circo:
122
2.4.1. Microempresa 300,00
2.4.2. Demais empresas 600,00
Obs.: O licenciamento ambiental da fauna será renovável a cada dois
anos
3. REGISTRO
3.1. Criadouros de espécies da fauna brasileira para fins científicos:
3.1.1. Vinculados a instituições públicas de pesquisas ISENTO
3.1.2. Não vinculados 100,00
3.2. Criadouros de espécies da fauna brasileira para fins comerciais:
3.2.1. Categoria A – Pessoa Física 400,00
3.2.2. Categoria B – Pessoa Jurídica 300,00
3.3. Industria de beneficiamento de peles, partes, produtos e derivados
da fauna brasileira
400,00
3.4. Zoológico Público – Categorias A, B e C ISENTO
3.5. Zoológico privado:
3.5.1. Categorias A 300,00
3.5.2. Categorias B 350,00
3.5.3. Categorias C 400,00
3.6. Exportador de animais vivos, abatidos, partes, produtos e derivados
da fauna
300,00
3.7. Importador de animais vivos, abatidos, partes, produtos e derivados
da fauna
400,00
4. CAÇA AMADORISTA
4.1. Liberação de armas e demais petrechos de caça 373,00
4.2. Autorização anual de caça amadorista de campo e licença de
transporte das peças abatidas
300,00
4.3. Autorização anual de caça amadorista de banhado e licença de
transporte das peças abatidas
300,00
4.4. Autorização de ingresso de caça abatida no exterior (por
formulário)
319,00
5. VENDA DE PRODUTOS
5.1. Selo de lacre de segurança para peles, partes, produtos e derivados
da fauna
1,10
6. SERVIÇOS DIVERSOS
6.1. Expedição ou renovação anual de carteira da fauna para sócios de
clubes agrupados à Federação Ornitófila
30,00
6.2. Identificação ou marcação de espécimes da fauna (por unidade por
ano).
16,00
123
II - FLORA
1. LICENÇA E RENOVAÇÃO
1.1. Licença ou renovação para exposição ou concurso de plantas
ornamentais
53,00
1.2. Licença ou renovação para transporte nacional de flora brasileira,
partes, produtos e derivados para jardins botânicos públicos e
pesquisadores ligados a instituições públicas de pesquisa
ISENTO
1.3. Licença ou renovação para transporte nacional de flora exótica
constante do Anexo I da CITES (por formulário)
21,00
1.4. Licença ou renovação para importação, exportação ou reexportação
de plantas vivas, partes, produtos e derivados da flora para jardins
botânicos públicos e pesquisadores ligados a instituições públicas de
pesquisa
ISENTO
1.5. Licença ou renovação para importação, exportação ou reexportação
de plantas vivas, partes, produtos e derivados da flora:
1.5.1. Por formulário de 14 itens 37,00
1.5.2. Por formulário adicional 6,00
1.6. Licença para porte e uso de motosserra - anual 30,00
2. AUTORIZAÇÃO
2.1. Autorização para uso do fogo em queimada controlada:
2.1.1. Sem vistoria ISENTO
2.1.2. Com vistoria:
2.1.2.1. Queimada Comunitária:
. Área até 13 hectares 3,50
. De 14 a 35 hectares 7,00
. De 36 a 60 hectares 10,50
. De 61 a 85 hectares 14,00
. De 86 a 110 hectares 17,50
. De 111 a 135 hectares 21,50
. De 136 a 150 hectares 25,50
2.1.2.2. Demais Queimadas Controladas:
. Área até 13 hectares 3,50
. Acima de 13 hectares – por hectare autorizado 3,50
2.2. Autorização de Transporte para Produtos Florestais-ATPF
2.2.1. Para lenha, rachas e lascas, palanques roliços, escoramentos,
xaxim, óleos essenciais e carvão vegetal
5,00
2.2.2. Para demais produtos 10,00
124
2.3. Autorização para Consumo de Matéria Prima Florestal -
m3 consumido/ano
vide formula
Até 1.000 = (125, 00 + Q x 0,0020) Reais
1.001 a 10.000 = (374,50 + Q x 0,0030) Reais
10.001 a 25.000 = (623,80 + Q x 0,0035) Reais
25.001 a 50.000 = (873,80 + Q x 0,0040) Reais
50.001 a 100.000 = (1.248,30 + Q x 0,0045) Reais
100.001 a 1.000.000 = (1. 373,30 + Q x 0,0050) Reais
1.000.001 a 2.500.000 = (1. 550,00 + Q x 0,0055) Reais
Acima de 2.500.000 = 22.500,00 Reais
Q = quantidade consumida em metros cúbicos
3. VISTORIA
3.1. Vistorias para fins de loteamento urbano 532,00
3.2. Vistoria prévia para implantação de Plano de Manejo Florestal
Sustentado (área projetada):
. Até 250 há 289,00
. Acima de 250 ha. - Valor = R$ 289,00 + R$ 0,55 por ha. excedente vide fórmula
3.3. Vistoria de acompanhamento de Plano de Manejo Florestal
Sustentado (área explorada):
. Até 250 há 289,00
. Acima de 250 ha. – Valor = R$ 289,00 + R$ 0,55 por ha excedente vide fórmula
3.4. Vistoria técnica para coleta de plantas ornamentais e medicinais
(área a ser explorada):
. Até 20 ha/ano ISENTO
. De 21 a 50 ha/ano 160,00
. De 51 a 100 ha/ano 289,00
. Acima de 100 ha/ano – Valor = R$ 289,00 + R$ 0,55 por ha vide fórmula
3.5. Vistoria para limpeza de área (área solicitada) 289,00
3.6. Vistoria técnica de desmatamento para uso alternativo do solo de
projetos enquadrados no Programa Nacional de Agricultura Familiar-
PRONAF ou no Programa de Financiamento à Conservação e Controle
do Meio Ambiente-FNE VERDE (área a ser explorada):
. Até Módulo INCRA por ano ISENTO
. Acima de Módulo INCRA por ano - Valor = R$ 128,00 + R$ 0,55 por
ha excedente
vide fórmula
3.7. Vistorias de implantação, acompanhamento e exploração de
florestas plantadas, enriquecimento (palmito e outras frutíferas) e
cancelamentos de projetos (por área a ser vistoriada):
125
. Até 50 ha/ano 64,00
. De 51 a 100 ha/ano 117,00
. Acima de 100 ha/ano – Valor = R$ 289,00 + R$ 0,55 por ha excedente vide fórmula
3.8. Vistoria técnica para desmatamento para uso alternativo do solo e
utilização de sua matéria-prima florestal:
. Até 20 há ISENTO
. De 21 a 50 ha/ano 160,00
. De 51 a 100 ha/ano 289,00
. Acima de 100 ha/ano – Valor = R$ 289,00 + R$ 0,55 por ha excedente vide fórmula
3.9. Vistoria para fins de averbação de área de Reserva Legal (sobre a
área total da propriedade):
. Até 100 ha/ano ISENTO
. De 101 a 300 ha/ano 75,00
. De 301 a 500 ha/ano 122,00
. De 501 a 750 ha/ano 160,00
. Acima de 750 ha/ano – Valor = R$ 160,00 + R$ 0,21 por ha excedente vide fórmula
Obs.: Quando a solicitação de vistoria para averbação de reserva legal
for concomitante a outras vistorias (desmatamento, plano de manejo,
etc.), cobra-se pelo maior valor
3.10. Vistoria de áreas degradadas em recuperação, de avaliação de
danos ambientais em áreas antropizadas e em empreendimentos cujas
áreas estão sujeitas a impacto ambiental - EIA/RIMA:
- até 250 ha/ano 289,00
- acima de 250 ha/ano – Valor = R$ 289,00 + R$ 0,55 por ha excedente vide fórmula
3.11. Demais Vistorias Técnicas Florestais:
- até 250 ha/ano
- acima de 250 ha/ano – Valor = R$289,00 + 0,55 por ha excedente
289,00
vide fórmula
4. INSPEÇÃO DE PRODUTOS E SUBPRODUTOS DA FLORA
PARA EXPORTAÇÃO OU IMPORTAÇÃO
4.1. Inspeção de espécies contingenciadas ISENTO
4.2 Levantamento circunstanciado de áreas vinculados à reposição
florestal e ao Plano Integrado Florestal, Plano de Corte e Resinagem
(projetos vinculados e projetos de reflorestamento para implantação ou
cancelamento):
- Até 250 ha/ano 289,00
- Acima de 250 ha/ano – Valor = R$ 289,00 + R$ 0,55 por ha excedente vide fórmula
5. OPTANTES DE REPOSIÇÃO FLORESTAL
5.1. Valor por árvore 1,10
126
III – CONTROLE AMBIENTAL
1. LICENÇA E RENOVAÇÃO
1.1. Licença Ambiental ou Renovação vide tabela
EMPRESA DE PEQUENO PORTE
Impacto Ambiental Pequeno Medio Alto
Licença Prévia 2.000,00 4.000,00 8.000,00
Licença de Instalação 5.600,00 11.200,00 22.400,00
Licença de Operação 2.800,00 5.600,00 11.200,00
EMPRESA DE PORTE MÉDIO
Impacto Ambiental Pequeno Medio Alto
Licença Prévia 2.800,00 5.600,00 11.200,00
Licença de Instalação 7.800,00 15.600,00 31.200,00
Licença de Operação 3.600,00 7.800,00 15.600,00
EMPRESA DE GRANDE PORTE
Impacto Ambiental Pequeno Medio Alto
Licença Prévia 4.000,00 8.000,00 16.000,00
Licença de Instalação 11.200,00 22.400,00 44.800,00
Licença de Operação 5.600,00 11.200,00 22.400,00
1.2. Licença para uso da configuração de veículo ou motor vide fórmula
Valor = R$266,00 + N x R$1,00
N = número de veículos comercializados no mercado interno –
pagamento até o último dia do mês subsequente à comercialização.
1.3. Licença de uso do Selo Ruído 266,00
1.4. Certidão de dispensa de Licença para uso da configuração de
veículo ou motor por unidade.
266,00
1.5. Declaração de atendimento aos limites de ruídos 266,00
2. AVALIAÇÃO E ANÁLISE
2.1. Análise de documentação técnica que subsidie a emissão de:
Registros, Autorizações, Licenças, inclusive para supressão de
vegetação em Áreas de Preservação Permanente e respectivas
renovações :
vide fórmula
Valor = {K + [(A x B x C) + (D x A x E)]}
A - No de Técnicos envolvidos na análise
B - No de horas/homem necessárias para análise
C - Valor em Reais da hora/homem dos técnicos envolvidos na análise
+ total de obrigações sociais
(OS) = 84,71% sobre o valor da hora/homem
127
D - Despesas com viagem
E - No de viagens necessárias
K - Despesas administrativas = 5% do somatório de (A x B x C) + (D x
A x E)
2.2. Avaliação e classificação do Potencial de Periculosidade Ambiental
- PPA:
2.2.1. Produto Técnico 22.363,00
2.2.2. Produto formulado 11.714,00
2.2.3. Produto Atípico 6.389,00
2.2.4. PPA complementar 2.130,00
2.2.5. Pequenas alterações 319,00
2.3. Conferência de documentação técnica para avaliação e registro de
agrotóxicos e afins
319,00
2.4. Avaliação de eficiência de agrotóxicos e afins para registro 2.130,00
2.5. Reavaliação técnica de agrotóxicos (inclusão de novos usos) 3.195,00
2.6. Avaliação Ambiental Preliminar de Agrotóxicos, seus componentes
e afins, com ou sem emissão de Certificado de Registro Especial
Temporário:
2.6.1. Fase 2 532,00
2.6.2. Fase 3 2.130,00
2.6.3. Fase 4 4.260,00
2.7. Avaliação/Classificação Ambiental de Produtos Biotecnológicos
para fins de registro
6.389,00
2.8. Avaliação Ambiental de Preservativos de Madeira 4.260,00
2.9. Avaliação Ambiental de Organismos Geneticamente Modificados 22.363,00
3. AUTORIZAÇÃO
3.1. Autorizações para supressão de vegetação em Área de Preservação
Permanente:
. Até 50 há 133,00
. Acima de 50 há vide fórmula
Valor = R$ 6.250,00 +( 25,00 x Área que excede 50 ha)
3.2. Autorização para importação, produção, comercialização e uso de
mercúrio
vide fórmula
Valor = R$ 125,00 + (125,00 x 0,003 x QM)
QM = quantidade de Mercúrio Metálico (medido em quilograma)
importado, comercializado ou produzido por ano
4. REGISTRO
4.1. Proprietário e comerciante de motosserra ISENTO
128
4.2. Registro de agrotóxicos, seus componentes e afins 1.278,00
4.3. Manutenção de registro ou da classificação do PPA (Classe I e II) 7.454,00
4.4. Manutenção de registro ou da classificação do PPA(Classe III e IV) 3.195,00
4.5. Registro ou renovação de produto preservativo de madeira 1.278,00
4.6. Registro de produtos que contenham organismos geneticamente
modificados
1.278,00
4.7. Manutenção de registro de produtos que contenham organismos
geneticamente modificados
5.325,00
ANEXO VIII
(Incluído pela Lei nº 10.165, de 27.12.2000)
atividades potenciaLmente poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais
Código Categoria Descrição Pp/gu
01 Extração e Tratamento
de Minerais
- pesquisa mineral com guia
de utilização; lavra a céu
aberto, inclusive de aluvião,
com ou sem beneficiamento;
lavra subterrânea com ou sem
beneficiamento, lavra
garimpeira, perfuração de
poços e produção de petróleo
e gás natural.
AAlto
02 Indústria de Produtos
Minerais Não Metálicos
- beneficiamento de minerais
não metálicos, não
associados a extração;
fabricação e elaboração de
produtos minerais não
metálicos tais como produção
de material cerâmico,
cimento, gesso, amianto,
vidro e similares.
MMédio
03 Indústria Metalúrgica - fabricação de aço e de
produtos siderúrgicos,
produção de fundidos de
ferro e aço, forjados, arames,
relaminados com ou sem
tratamento; de superfície,
inclusive galvanoplastia,
metalurgia dos metais não-
ferrosos, em formas
primárias e secundárias,
inclusive ouro; produção de
laminados, ligas, artefatos de
metais não-ferrosos com ou
sem tratamento de superfície,
inclusive galvanoplastia;
AAlto
129
relaminação de metais não-
ferrosos, inclusive ligas,
produção de soldas e anodos;
metalurgia de metais
preciosos; metalurgia do pó,
inclusive peças moldadas;
fabricação de estruturas
metálicas com ou sem
tratamento de superfície,
inclusive; galvanoplastia,
fabricação de artefatos de
ferro, aço e de metais não-
ferrosos com ou sem
tratamento de superfície,
inclusive galvanoplastia,
têmpera e cementação de
aço, recozimento de arames,
tratamento de superfície.
04 Indústria Mecânica - fabricação de máquinas,
aparelhos, peças, utensílios e
acessórios com e sem
tratamento térmico ou de
superfície.
MMédio
05 Indústria de material
Elétrico, Eletrônico e
Comunicações
- fabricação de pilhas,
baterias e outros
acumuladores, fabricação de
material elétrico, eletrônico e
equipamentos para
telecomunicação e
informática; fabricação de
aparelhos elétricos e
eletrodomésticos.
MMédio
06 Indústria de Material de
Transporte
- fabricação e montagem de
veículos rodoviários e
ferroviários, peças e
acessórios; fabricação e
montagem de aeronaves;
fabricação e reparo de
embarcações e estruturas
flutuantes.
MMédio
07 Indústria de Madeira - serraria e desdobramento de
madeira; preservação de
madeira; fabricação de
chapas, placas de madeira
aglomerada, prensada e
compensada; fabricação de
estruturas de madeira e de
móveis.
Médio
130
08 Indústria de Papel e
Celulose
- fabricação de celulose e
pasta mecânica; fabricação
de papel e papelão;
fabricação de artefatos de
papel, papelão, cartolina,
cartão e fibra prensada.
Alto
09 Indústria de Borracha - beneficiamento de borracha
natural, fabricação de câmara
de ar, fabricação e
recondicionamento de
pneumáticos; fabricação de
laminados e fios de borracha;
fabricação de espuma de
borracha e de artefatos de
espuma de borracha,
inclusive látex.
Pequeno
10 Indústria de Couros e
Peles
- secagem e salga de couros e
peles, curtimento e outras
preparações de couros e
peles; fabricação de artefatos
diversos de couros e peles;
fabricação de cola animal.
Alto
11 Indústria Têxtil, de
Vestuário, Calçados e
Artefatos de Tecidos
- beneficiamento de fibras
têxteis, vegetais, de origem
animal e sintéticos;
fabricação e acabamento de
fios e tecidos; tingimento,
estamparia e outros
acabamentos em peças do
vestuário e artigos diversos
de tecidos; fabricação de
calçados e componentes para
calçados.
Médio
12 Indústria de Produtos de
Matéria Plástica.
- fabricação de laminados
plásticos, fabricação de
artefatos de material plástico.
Pequeno
13 Indústria do Fumo - fabricação de cigarros,
charutos, cigarrilhas e outras
atividades de beneficiamento
do fumo.
Médio
14 Indústrias Diversas - usinas de produção de
concreto e de asfalto.
Pequeno
15 Indústria Química - produção de substâncias e
fabricação de produtos
químicos, fabricação de
produtos derivados do
processamento de petróleo,
Alto
131
de rochas betuminosas e da
madeira; fabricação de
combustíveis não derivados
de petróleo, produção de
óleos, gorduras, ceras,
vegetais e animais, óleos
essenciais, vegetais e
produtos similares, da
destilação da madeira,
fabricação de resinas e de
fibras e fios artificiais e
sintéticos e de borracha e
látex sintéticos, fabricação de
pólvora, explosivos,
detonantes, munição para
caça e desporto, fósforo de
segurança e artigos
pirotécnicos; recuperação e
refino de solventes, óleos
minerais, vegetais e animais;
fabricação de concentrados
aromáticos naturais,
artificiais e sintéticos;
fabricação de preparados
para limpeza e polimento,
desinfetantes, inseticidas,
germicidas e fungicidas;
fabricação de tintas,
esmaltes, lacas, vernizes,
impermeabilizantes,
solventes e secantes;
fabricação de fertilizantes e
agroquímicos; fabricação de
produtos farmacêuticos e
veterinários; fabricação de
sabões, detergentes e velas;
fabricação de perfumarias e
cosméticos; produção de
álcool etílico, metanol e
similares.
16 Indústria de Produtos
Alimentares e Bebidas
- beneficiamento, moagem,
torrefação e fabricação de
produtos alimentares;
matadouros, abatedouros,
frigoríficos, charqueadas e
derivados de origem animal;
fabricação de conservas;
preparação de pescados e
fabricação de conservas de
Médio
132
pescados; beneficiamento e
industrialização de leite e
derivados; fabricação e
refinação de açúcar; refino e
preparação de óleo e
gorduras vegetais; produção
de manteiga, cacau, gorduras
de origem animal para
alimentação; fabricação de
fermentos e leveduras;
fabricação de rações
balanceadas e de alimentos
preparados para animais;
fabricação de vinhos e
vinagre; fabricação de
cervejas, chopes e maltes;
fabricação de bebidas não-
alcoólicas, bem como
engarrafamento e
gaseificação e águas
minerais; fabricação de
bebidas alcoólicas.
17 Serviços de Utilidade - produção de energia
termoelétrica; tratamento e
destinação de resíduos
industriais líquidos e sólidos;
disposição de resíduos
especiais tais como: de
agroquímicos e suas
embalagens; usadas e de
serviço de saúde e similares;
destinação de resíduos de
esgotos sanitários e de
resíduos sólidos urbanos,
inclusive aqueles
provenientes de fossas;
dragagem e derrocamentos
em corpos d’água;
recuperação de áreas
contaminadas ou degradadas.
Médio
18 Transporte, Terminais,
Depósitos e Comércio
- transporte de cargas
perigosas, transporte por
dutos; marinas, portos e
aeroportos; terminais de
minério, petróleo e derivados
e produtos químicos;
depósitos de produtos
químicos e produtos
perigosos; comércio de
Alto
133
combustíveis, derivados de
petróleo e produtos químicos
e produtos perigosos.
19 Turismo - complexos turísticos e de
lazer, inclusive parques
temáticos.
Pequeno
20
20
(Redação dada
pela Lei nº
11.105, de
2005)
Uso de Recursos
Naturais
Uso de Recursos
Naturais
- silvicultura; exploração
econômica da madeira ou
lenha e subprodutos
florestais; importação ou
exportação da fauna e flora
nativas brasileiras; atividade
de criação e exploração
econômica de fauna exótica e
de fauna silvestre; utilização
do patrimônio genético
natural; exploração de
recursos aquáticos vivos;
introdução de espécies
exóticas ou geneticamente
modificadas; uso da
diversidade biológica pela
biotecnologia.
Silvicultura; exploração
econômica da madeira ou
lenha e subprodutos
florestais; importação ou
exportação da fauna e flora
nativas brasileiras; atividade
de criação e exploração
econômica de fauna exótica e
de fauna silvestre; utilização
do patrimônio genético
natural; exploração de
recursos aquáticos vivos;
introdução de espécies
exóticas, exceto para
melhoramento genético
vegetal e uso na agricultura;
introdução de espécies
geneticamente modificadas
previamente identificadas
pela CTNBio como
potencialmente causadoras de
significativa degradação do
meio ambiente; uso da
diversidade biológica pela
biotecnologia em atividades
previamente identificadas
Médio
Médio
134
pela CTNBio como
potencialmente causadoras de
significativa degradação do
meio ambiente.
21 (VETADO) x x
22 (VETADO) x x
ANEXO IX
(Incluído pela Lei nº 10.165, de 27.12.2000)
VALORES, EM REAIS, DEVIDOS A TÍTULOS DE TCFA POR ESTABELECiMENTO
POR TRIMESTRE
Potencial de
Poluição,
Grau de utilização de
Recursos Naturais
Pessoa
Física
Microempresa Empresa
de Pequeno
Porte
Empresa
de Médio
Porte
Empresa
de Grande
Porte
Pequeno - - 112,50 225,00 450,00
Médio - - 180,00 360,00 900,00
Alto - 50,00 225,00 450,00 2.250,00
6.3 SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
- Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 –
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza –
SNUC, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de
conservação.
Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
II - conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a
preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do
ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais
gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações
futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral;
III - diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens,
compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade
dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas;
IV - recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os
estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora;
135
V - preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a
longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos
ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais;
VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por
interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais;
VII - conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção
e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de
espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades
características;
VIII - manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da
diversidade biológica e dos ecossistemas;
IX - uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos
recursos naturais;
X - uso direto: aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais;
XI - uso sustentável: exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos
recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os
demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável;
XII - extrativismo: sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo
sustentável, de recursos naturais renováveis;
XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre
degradada a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original;
XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre
degradada o mais próximo possível da sua condição original;
XV - (VETADO)
XVI - zoneamento: definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com
objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as
condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica
e eficaz;
XVII - plano de manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos
objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas
que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação
das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade;
XVIII - zona de amortecimento: o entorno de uma unidade de conservação, onde as
atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de
minimizar os impactos negativos sobre a unidade; e
XIX - corredores ecológicos: porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando
unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da
biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a
manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior
do que aquela das unidades individuais.
CAPÍTULO II
DO SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
DA NATUREZA – SNUC
Art. 3o O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC é
constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e municipais, de
acordo com o disposto nesta Lei.
Art. 4o O SNUC tem os seguintes objetivos:
I - contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no
território nacional e nas águas jurisdicionais;
II - proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
136
III - contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas
naturais;
IV - promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;
V - promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no
processo de desenvolvimento;
VI - proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
VII - proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica,
espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;
VIII - proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
IX - recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;
X - proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e
monitoramento ambiental;
XI - valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;
XII - favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação
em contato com a natureza e o turismo ecológico;
XIII - proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais,
respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e
economicamente.
Art. 5o O SNUC será regido por diretrizes que:
I - assegurem que no conjunto das unidades de conservação estejam representadas
amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e
ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, salvaguardando o patrimônio
biológico existente;
II - assegurem os mecanismos e procedimentos necessários ao envolvimento da
sociedade no estabelecimento e na revisão da política nacional de unidades de conservação;
III - assegurem a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e
gestão das unidades de conservação;
IV - busquem o apoio e a cooperação de organizações não-governamentais, de
organizações privadas e pessoas físicas para o desenvolvimento de estudos, pesquisas
científicas, práticas de educação ambiental, atividades de lazer e de turismo ecológico,
monitoramento, manutenção e outras atividades de gestão das unidades de conservação;
V - incentivem as populações locais e as organizações privadas a estabelecerem e
administrarem unidades de conservação dentro do sistema nacional;
VI - assegurem, nos casos possíveis, a sustentabilidade econômica das unidades de
conservação;
VII - permitam o uso das unidades de conservação para a conservação in situ de
populações das variantes genéticas selvagens dos animais e plantas domesticados e recursos
genéticos silvestres;
VIII - assegurem que o processo de criação e a gestão das unidades de conservação sejam
feitos de forma integrada com as políticas de administração das terras e águas circundantes,
considerando as condições e necessidades sociais e econômicas locais;
IX - considerem as condições e necessidades das populações locais no desenvolvimento e
adaptação de métodos e técnicas de uso sustentável dos recursos naturais;
X - garantam às populações tradicionais cuja subsistência dependa da utilização de
recursos naturais existentes no interior das unidades de conservação meios de subsistência
alternativos ou a justa indenização pelos recursos perdidos;
XI - garantam uma alocação adequada dos recursos financeiros necessários para que,
uma vez criadas, as unidades de conservação possam ser geridas de forma eficaz e atender aos
seus objetivos;
137
XII - busquem conferir às unidades de conservação, nos casos possíveis e respeitadas as
conveniências da administração, autonomia administrativa e financeira; e
XIII - busquem proteger grandes áreas por meio de um conjunto integrado de unidades
de conservação de diferentes categorias, próximas ou contíguas, e suas respectivas zonas de
amortecimento e corredores ecológicos, integrando as diferentes atividades de preservação da
natureza, uso sustentável dos recursos naturais e restauração e recuperação dos ecossistemas.
Art. 6o O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:
I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama,
com as atribuições de acompanhar a implementação do Sistema;
II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de coordenar o
Sistema; e
III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em caráter supletivo, os
órgãos estaduais e municipais, com a função de implementar o SNUC, subsidiar as propostas
de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas
respectivas esferas de atuação. (Redação dada pela Lei nº 11.516, 2007)
Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a critério do Conama,
unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para atender a peculiaridades
regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente
atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas características permitam, em
relação a estas, uma clara distinção.
CAPÍTULO III
DAS CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos,
com características específicas:
I - Unidades de Proteção Integral;
II - Unidades de Uso Sustentável.
§ 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo
admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos
nesta Lei.
§ 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação
da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais.
Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias
de unidade de conservação:
I - Estação Ecológica;
II - Reserva Biológica;
III - Parque Nacional;
IV - Monumento Natural;
V - Refúgio de Vida Silvestre.
Art. 9o A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização
de pesquisas científicas.
§ 1o A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo
com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.
§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem
como àquelas previstas em regulamento.
§ 4o Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso
de:
I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados;
138
II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica;
III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;
IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele
causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas,
em uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão total da unidade e até o
limite de um mil e quinhentos hectares.
Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais
atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as
ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade
biológica e os processos ecológicos naturais.
§ 1o A Reserva Biológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o É proibida a visitação pública, exceto aquela com objetivo educacional, de acordo
com regulamento específico.
§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem
como àquelas previstas em regulamento.
Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas
naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de
pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de
Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e
àquelas previstas em regulamento.
§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem
como àquelas previstas em regulamento.
§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão
denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.
Art. 12. O Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros,
singulares ou de grande beleza cênica.
§ 1o O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja
possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos
naturais do local pelos proprietários.
§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou
não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela
administração da unidade para a coexistência do Monumento Natural com o uso da
propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 3o A visitação pública está sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de
Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração e
àquelas previstas em regulamento.
Art. 13. O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde
se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora
local e da fauna residente ou migratória.
§ 1o O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde que
seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos
naturais do local pelos proprietários.
139
§ 2o Havendo incompatibilidade entre os objetivos da área e as atividades privadas ou
não havendo aquiescência do proprietário às condições propostas pelo órgão responsável pela
administração da unidade para a coexistência do Refúgio de Vida Silvestre com o uso da
propriedade, a área deve ser desapropriada, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 3o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de
Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e
àquelas previstas em regulamento.
§ 4o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela
administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem
como àquelas previstas em regulamento.
Art. 14. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de
unidade de conservação:
I - Área de Proteção Ambiental;
II - Área de Relevante Interesse Ecológico;
III - Floresta Nacional;
IV - Reserva Extrativista;
V - Reserva de Fauna;
VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.
Art. 15. A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau
de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e
tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de
ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.(Regulamento)
§ 1o A Área de Proteção Ambiental é constituída por terras públicas ou privadas.
§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições
para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Proteção Ambiental.
§ 3o As condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública nas áreas
sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade.
§ 4o Nas áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições
para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais.
§ 5o A Área de Proteção Ambiental disporá de um Conselho presidido pelo órgão
responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos públicos, de
organizações da sociedade civil e da população residente, conforme se dispuser no
regulamento desta Lei.
Art. 16. A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena
extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais
extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter
os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas
áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.
§ 1o A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras públicas ou
privadas.
§ 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições
para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Relevante Interesse
Ecológico.
Art. 17. A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies
predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos
recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável
de florestas nativas.(Regulamento)
140
§ 1o A Floresta Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o Nas Florestas Nacionais é admitida a permanência de populações tradicionais que a
habitam quando de sua criação, em conformidade com o disposto em regulamento e no Plano
de Manejo da unidade.
§ 3o A visitação pública é permitida, condicionada às normas estabelecidas para o manejo
da unidade pelo órgão responsável por sua administração.
§ 4o A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do órgão
responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este estabelecidas e
àquelas previstas em regulamento.
§ 5o A Floresta Nacional disporá de um Conselho Consultivo, presidido pelo órgão
responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos, de
organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais residentes.
§ 6o A unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será
denominada, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal.
Art. 18. A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas
tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura
de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos
proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos
recursos naturais da unidade.(Regulamento)
§ 1o A Reserva Extrativista é de domínio público, com uso concedido às populações
extrativistas tradicionais conforme o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação
específica, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser
desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o A Reserva Extrativista será gerida por um Conselho Deliberativo, presidido pelo
órgão responsável por sua administração e constituído por representantes de órgãos públicos,
de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes na área, conforme
se dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade.
§ 3o A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e de
acordo com o disposto no Plano de Manejo da área.
§ 4o A pesquisa científica é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do
órgão responsável pela administração da unidade, às condições e restrições por este
estabelecidas e às normas previstas em regulamento.
§ 5o O Plano de Manejo da unidade será aprovado pelo seu Conselho Deliberativo.
§ 6o São proibidas a exploração de recursos minerais e a caça amadorística ou
profissional.
§ 7o A exploração comercial de recursos madeireiros só será admitida em bases
sustentáveis e em situações especiais e complementares às demais atividades desenvolvidas
na Reserva Extrativista, conforme o disposto em regulamento e no Plano de Manejo da
unidade.
Art. 19. A Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de espécies
nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-
científicos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.
§ 1o A Reserva de Fauna é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares
incluídas em seus limites devem ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei.
§ 2o A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da
unidade e de acordo com as normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua
administração.
§ 3o É proibido o exercício da caça amadorística ou profissional.
141
§ 4o A comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas obedecerá
ao disposto nas leis sobre fauna e regulamentos.
Art. 20. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga
populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos
recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas
locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da
diversidade biológica.(Regulamento)
§ 1o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo básico preservar a
natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução
e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das
populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as
técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações.
§ 2o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é de domínio público, sendo que as
áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de
acordo com o que dispõe a lei.
§ 3o O uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais será regulado de acordo com
o disposto no art. 23 desta Lei e em regulamentação específica.
§ 4o A Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho
Deliberativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por
representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações
tradicionais residentes na área, conforme se dispuser em regulamento e no ato de criação da
unidade.
§ 5o As atividades desenvolvidas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável
obedecerão às seguintes condições:
I - é permitida e incentivada a visitação pública, desde que compatível com os interesses
locais e de acordo com o disposto no Plano de Manejo da área;
II - é permitida e incentivada a pesquisa científica voltada à conservação da natureza, à
melhor relação das populações residentes com seu meio e à educação ambiental, sujeitando-se
à prévia autorização do órgão responsável pela administração da unidade, às condições e
restrições por este estabelecidas e às normas previstas em regulamento;
III - deve ser sempre considerado o equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a
conservação; e
IV - é admitida a exploração de componentes dos ecossistemas naturais em regime de
manejo sustentável e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que
sujeitas ao zoneamento, às limitações legais e ao Plano de Manejo da área.
§ 6o O Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável definirá as zonas de
proteção integral, de uso sustentável e de amortecimento e corredores ecológicos, e será
aprovado pelo Conselho Deliberativo da unidade.
Art. 21. A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com
perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. (Regulamento)
§ 1o O gravame de que trata este artigo constará de termo de compromisso assinado
perante o órgão ambiental, que verificará a existência de interesse público, e será averbado à
margem da inscrição no Registro Público de Imóveis.
§ 2o Só poderá ser permitida, na Reserva Particular do Patrimônio Natural, conforme se
dispuser em regulamento:
I - a pesquisa científica;
II - a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais;
III - (VETADO)
142
§ 3o Os órgãos integrantes do SNUC, sempre que possível e oportuno, prestarão
orientação técnica e científica ao proprietário de Reserva Particular do Patrimônio Natural
para a elaboração de um Plano de Manejo ou de Proteção e de Gestão da unidade.
CAPÍTULO IV
DA CRIAÇÃO, IMPLANTAÇÃO E GESTÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público.(Regulamento)
§ 1o (VETADO)
§ 2o A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e
de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais
adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento.
§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2
o, o Poder Público é obrigado a fornecer
informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas.
§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é obrigatória a consulta
de que trata o § 2o deste artigo.
§ 5o As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável podem ser transformadas
total ou parcialmente em unidades do grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo
do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos
de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.
§ 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos seus
limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, pode ser feita por instrumento normativo do
mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os procedimentos de
consulta estabelecidos no § 2o deste artigo.
§ 7o A desafetação ou redução dos limites de uma unidade de conservação só pode ser
feita mediante lei específica.
Art. 22-A. O Poder Público poderá, ressalvadas as atividades agropecuárias e outras
atividades econômicas em andamento e obras públicas licenciadas, na forma da lei, decretar
limitações administrativas provisórias ao exercício de atividades e empreendimentos efetiva
ou potencialmente causadores de degradação ambiental, para a realização de estudos com
vistas na criação de Unidade de Conservação, quando, a critério do órgão ambiental
competente, houver risco de dano grave aos recursos naturais ali existentes. (Incluído pela Lei
nº 11.132, de 2005) (Vide Decreto de 2 de janeiro de 2005)
§ 1o Sem prejuízo da restrição e observada a ressalva constante do caput, na área
submetida a limitações administrativas, não serão permitidas atividades que importem em
exploração a corte raso da floresta e demais formas de vegetação nativa. (Incluído pela Lei nº
11.132, de 2005)
§ 2o A destinação final da área submetida ao disposto neste artigo será definida no prazo
de 7 (sete) meses, improrrogáveis, findo o qual fica extinta a limitação
administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.132, de 2005)
Art. 23. A posse e o uso das áreas ocupadas pelas populações tradicionais nas Reservas
Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável serão regulados por contrato,
conforme se dispuser no regulamento desta Lei.
§ 1o As populações de que trata este artigo obrigam-se a participar da preservação,
recuperação, defesa e manutenção da unidade de conservação.
§ 2o O uso dos recursos naturais pelas populações de que trata este artigo obedecerá às
seguintes normas:
I - proibição do uso de espécies localmente ameaçadas de extinção ou de práticas que
danifiquem os seus habitats;
II - proibição de práticas ou atividades que impeçam a regeneração natural dos
ecossistemas;
143
III - demais normas estabelecidas na legislação, no Plano de Manejo da unidade de
conservação e no contrato de concessão de direito real de uso.
Art. 24. O subsolo e o espaço aéreo, sempre que influírem na estabilidade do
ecossistema, integram os limites das unidades de conservação. (Regulamento)
Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva
Particular do Patrimônio Natural, devem possuir uma zona de amortecimento e, quando
conveniente, corredores ecológicos.(Regulamento)
§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá normas específicas
regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores
ecológicos de uma unidade de conservação.
§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos e as respectivas
normas de que trata o § 1o poderão ser definidas no ato de criação da unidade ou
posteriormente.
Art. 26. Quando existir um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes
ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas,
constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e
participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma a
compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o
desenvolvimento sustentável no contexto regional.(Regulamento)
Parágrafo único. O regulamento desta Lei disporá sobre a forma de gestão integrada do
conjunto das unidades.
Art. 27. As unidades de conservação devem dispor de um Plano de
Manejo. (Regulamento)
§ 1o O Plano de Manejo deve abranger a área da unidade de conservação, sua zona de
amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua
integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas.
§ 2o Na elaboração, atualização e implementação do Plano de Manejo das Reservas
Extrativistas, das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, das Áreas de Proteção
Ambiental e, quando couber, das Florestas Nacionais e das Áreas de Relevante Interesse
Ecológico, será assegurada a ampla participação da população residente.
§ 3o O Plano de Manejo de uma unidade de conservação deve ser elaborado no prazo de
cinco anos a partir da data de sua criação.
§ 4o § 4
o O Plano de Manejo poderá dispor sobre as atividades de liberação planejada e
cultivo de organismos geneticamente modificados nas Áreas de Proteção Ambiental e nas
zonas de amortecimento das demais categorias de unidade de conservação, observadas as
informações contidas na decisão técnica da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança -
CTNBio sobre:
I - o registro de ocorrência de ancestrais diretos e parentes silvestres;
II - as características de reprodução, dispersão e sobrevivência do organismo
geneticamente modificado;
III - o isolamento reprodutivo do organismo geneticamente modificado em relação aos
seus ancestrais diretos e parentes silvestres; e
IV - situações de risco do organismo geneticamente modificado à
biodiversidade. (Redação dada pela Lei nº 11.460, de 2007) (Vide Medida Provisória nº 327,
de 2006).
Art. 28. São proibidas, nas unidades de conservação, quaisquer alterações, atividades ou
modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus
regulamentos.
Parágrafo único. Até que seja elaborado o Plano de Manejo, todas as atividades e obras
desenvolvidas nas unidades de conservação de proteção integral devem se limitar àquelas
144
destinadas a garantir a integridade dos recursos que a unidade objetiva proteger, assegurando-
se às populações tradicionais porventura residentes na área as condições e os meios
necessários para a satisfação de suas necessidades materiais, sociais e culturais.
Art. 29. Cada unidade de conservação do grupo de Proteção Integral disporá de um
Conselho Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído
por representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil, por proprietários de
terras localizadas em Refúgio de Vida Silvestre ou Monumento Natural, quando for o caso, e,
na hipótese prevista no § 2o do art. 42, das populações tradicionais residentes, conforme se
dispuser em regulamento e no ato de criação da unidade.(Regulamento)
Art. 30. As unidades de conservação podem ser geridas por organizações da sociedade
civil de interesse público com objetivos afins aos da unidade, mediante instrumento a ser
firmado com o órgão responsável por sua gestão.(Regulamento)
Art. 31. É proibida a introdução nas unidades de conservação de espécies não autóctones.
§ 1o Excetuam-se do disposto neste artigo as Áreas de Proteção Ambiental, as Florestas
Nacionais, as Reservas Extrativistas e as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, bem
como os animais e plantas necessários à administração e às atividades das demais categorias
de unidades de conservação, de acordo com o que se dispuser em regulamento e no Plano de
Manejo da unidade.
§ 2o Nas áreas particulares localizadas em Refúgios de Vida Silvestre e Monumentos
Naturais podem ser criados animais domésticos e cultivadas plantas considerados compatíveis
com as finalidades da unidade, de acordo com o que dispuser o seu Plano de Manejo.
Art. 32. Os órgãos executores articular-se-ão com a comunidade científica com o
propósito de incentivar o desenvolvimento de pesquisas sobre a fauna, a flora e a ecologia das
unidades de conservação e sobre formas de uso sustentável dos recursos naturais, valorizando-
se o conhecimento das populações tradicionais.
§ 1o As pesquisas científicas nas unidades de conservação não podem colocar em risco a
sobrevivência das espécies integrantes dos ecossistemas protegidos.
§ 2o A realização de pesquisas científicas nas unidades de conservação, exceto Área de
Proteção Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, depende de aprovação prévia
e está sujeita à fiscalização do órgão responsável por sua administração.
§ 3o Os órgãos competentes podem transferir para as instituições de pesquisa nacionais,
mediante acordo, a atribuição de aprovar a realização de pesquisas científicas e de credenciar
pesquisadores para trabalharem nas unidades de conservação.
Art. 33. A exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou
desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração
da imagem de unidade de conservação, exceto Área de Proteção Ambiental e Reserva
Particular do Patrimônio Natural, dependerá de prévia autorização e sujeitará o explorador a
pagamento, conforme disposto em regulamento.(Regulamento)
Art. 34. Os órgãos responsáveis pela administração das unidades de conservação podem
receber recursos ou doações de qualquer natureza, nacionais ou internacionais, com ou sem
encargos, provenientes de organizações privadas ou públicas ou de pessoas físicas que
desejarem colaborar com a sua conservação.
Parágrafo único. A administração dos recursos obtidos cabe ao órgão gestor da unidade, e
estes serão utilizados exclusivamente na sua implantação, gestão e manutenção.
Art. 35. Os recursos obtidos pelas unidades de conservação do Grupo de Proteção
Integral mediante a cobrança de taxa de visitação e outras rendas decorrentes de arrecadação,
serviços e atividades da própria unidade serão aplicados de acordo com os seguintes critérios:
I - até cinqüenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na implementação,
manutenção e gestão da própria unidade;
145
II - até cinqüenta por cento, e não menos que vinte e cinco por cento, na regularização
fundiária das unidades de conservação do Grupo;
III - até cinqüenta por cento, e não menos que quinze por cento, na implementação,
manutenção e gestão de outras unidades de conservação do Grupo de Proteção Integral.
Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de significativo
impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente, com fundamento em
estudo de impacto ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a
apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral,
de acordo com o disposto neste artigo e no regulamento desta Lei.(Regulamento)
§ 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não
pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do
empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com
o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento.
§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de conservação a serem
beneficiadas, considerando as propostas apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o
empreendedor, podendo inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de
conservação.
§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação específica ou sua zona de
amortecimento, o licenciamento a que se refere o caput deste artigo só poderá ser concedido
mediante autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade afetada,
mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, deverá ser uma das beneficiárias
da compensação definida neste artigo.
CAPÍTULO V
DOS INCENTIVOS, ISENÇÕES E PENALIDADES
Art. 37. (VETADO)
Art. 38. A ação ou omissão das pessoas físicas ou jurídicas que importem inobservância
aos preceitos desta Lei e a seus regulamentos ou resultem em dano à flora, à fauna e aos
demais atributos naturais das unidades de conservação, bem como às suas instalações e às
zonas de amortecimento e corredores ecológicos, sujeitam os infratores às sanções previstas
em lei.
Art. 39. Dê-se ao art. 40 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, a seguinte redação:
"Art. 40. (VETADO)
"§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Proteção Integral as Estações Ecológicas,
as Reservas Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de
Vida Silvestre." (NR)
"§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades
de Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação
da pena." (NR)
"§ 3o ...................................................................."
Art. 40. Acrescente-se à Lei no 9.605, de 1998, o seguinte art. 40-A:
"Art. 40-A. (VETADO)
"§ 1o Entende-se por Unidades de Conservação de Uso Sustentável as Áreas de Proteção
Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Florestas Nacionais, as Reservas
Extrativistas, as Reservas de Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável e as
Reservas Particulares do Patrimônio Natural." (AC)
"§ 2o A ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades
de Conservação de Uso Sustentável será considerada circunstância agravante para a fixação
da pena." (AC)
"§ 3o Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade." (AC)
146
CAPÍTULO VI
DAS RESERVAS DA BIOSFERA
Art. 41. A Reserva da Biosfera é um modelo, adotado internacionalmente, de gestão
integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de
preservação da diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa, o
monitoramento ambiental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria
da qualidade de vida das populações.(Regulamento)
§ 1o A Reserva da Biosfera é constituída por:
I - uma ou várias áreas-núcleo, destinadas à proteção integral da natureza;
II - uma ou várias zonas de amortecimento, onde só são admitidas atividades que não
resultem em dano para as áreas-núcleo; e
III - uma ou várias zonas de transição, sem limites rígidos, onde o processo de ocupação
e o manejo dos recursos naturais são planejados e conduzidos de modo participativo e em
bases sustentáveis.
§ 2o A Reserva da Biosfera é constituída por áreas de domínio público ou privado.
§ 3o A Reserva da Biosfera pode ser integrada por unidades de conservação já criadas
pelo Poder Público, respeitadas as normas legais que disciplinam o manejo de cada categoria
específica.
§ 4o A Reserva da Biosfera é gerida por um Conselho Deliberativo, formado por
representantes de instituições públicas, de organizações da sociedade civil e da população
residente, conforme se dispuser em regulamento e no ato de constituição da unidade.
§ 5o A Reserva da Biosfera é reconhecida pelo Programa Intergovernamental "O Homem
e a Biosfera – MAB", estabelecido pela Unesco, organização da qual o Brasil é membro.
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas quais sua
permanência não seja permitida serão indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias
existentes e devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e condições acordados entre
as partes.(Regulamento)
§ 1o O Poder Público, por meio do órgão competente, priorizará o reassentamento das
populações tradicionais a serem realocadas.
§ 2o Até que seja possível efetuar o reassentamento de que trata este artigo, serão
estabelecidas normas e ações específicas destinadas a compatibilizar a presença das
populações tradicionais residentes com os objetivos da unidade, sem prejuízo dos modos de
vida, das fontes de subsistência e dos locais de moradia destas populações, assegurando-se a
sua participação na elaboração das referidas normas e ações.
§ 3o Na hipótese prevista no § 2
o, as normas regulando o prazo de permanência e suas
condições serão estabelecidas em regulamento.
Art. 43. O Poder Público fará o levantamento nacional das terras devolutas, com o
objetivo de definir áreas destinadas à conservação da natureza, no prazo de cinco anos após a
publicação desta Lei.
Art. 44. As ilhas oceânicas e costeiras destinam-se prioritariamente à proteção da
natureza e sua destinação para fins diversos deve ser precedida de autorização do órgão
ambiental competente.
Parágrafo único. Estão dispensados da autorização citada no caput os órgãos que se
utilizam das citadas ilhas por força de dispositivos legais ou quando decorrente de
compromissos legais assumidos.
Art. 45. Excluem-se das indenizações referentes à regularização fundiária das unidades
de conservação, derivadas ou não de desapropriação:
I - (VETADO)
147
II - (VETADO)
III - as espécies arbóreas declaradas imunes de corte pelo Poder Público;
IV - expectativas de ganhos e lucro cessante;
V - o resultado de cálculo efetuado mediante a operação de juros compostos;
VI - as áreas que não tenham prova de domínio inequívoco e anterior à criação da
unidade.
Art. 46. A instalação de redes de abastecimento de água, esgoto, energia e infra-estrutura
urbana em geral, em unidades de conservação onde estes equipamentos são admitidos
depende de prévia aprovação do órgão responsável por sua administração, sem prejuízo da
necessidade de elaboração de estudos de impacto ambiental e outras exigências legais.
Parágrafo único. Esta mesma condição se aplica à zona de amortecimento das unidades
do Grupo de Proteção Integral, bem como às áreas de propriedade privada inseridas nos
limites dessas unidades e ainda não indenizadas.
Art. 47. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pelo abastecimento de
água ou que faça uso de recursos hídricos, beneficiário da proteção proporcionada por uma
unidade de conservação, deve contribuir financeiramente para a proteção e implementação da
unidade, de acordo com o disposto em regulamentação específica.(Regulamento)
Art. 48. O órgão ou empresa, público ou privado, responsável pela geração e distribuição
de energia elétrica, beneficiário da proteção oferecida por uma unidade de conservação, deve
contribuir financeiramente para a proteção e implementação da unidade, de acordo com o
disposto em regulamentação específica.(Regulamento)
Art. 49. A área de uma unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral é
considerada zona rural, para os efeitos legais.
Parágrafo único. A zona de amortecimento das unidades de conservação de que trata este
artigo, uma vez definida formalmente, não pode ser transformada em zona urbana.
Art. 50. O Ministério do Meio Ambiente organizará e manterá um Cadastro Nacional de
Unidades de Conservação, com a colaboração do Ibama e dos órgãos estaduais e municipais
competentes.
§ 1o O Cadastro a que se refere este artigo conterá os dados principais de cada unidade de
conservação, incluindo, dentre outras características relevantes, informações sobre espécies
ameaçadas de extinção, situação fundiária, recursos hídricos, clima, solos e aspectos
socioculturais e antropológicos.
§ 2o O Ministério do Meio Ambiente divulgará e colocará à disposição do público
interessado os dados constantes do Cadastro.
Art. 51. O Poder Executivo Federal submeterá à apreciação do Congresso Nacional, a
cada dois anos, um relatório de avaliação global da situação das unidades de conservação
federais do País.
Art. 52. Os mapas e cartas oficiais devem indicar as áreas que compõem o SNUC.
Art. 53. O Ibama elaborará e divulgará periodicamente uma relação revista e atualizada
das espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção no território brasileiro.
Parágrafo único. O Ibama incentivará os competentes órgãos estaduais e municipais a
elaborarem relações equivalentes abrangendo suas respectivas áreas de jurisdição.
Art. 54. O Ibama, excepcionalmente, pode permitir a captura de exemplares de espécies
ameaçadas de extinção destinadas a programas de criação em cativeiro ou formação de
coleções científicas, de acordo com o disposto nesta Lei e em regulamentação específica.
Art. 55. As unidades de conservação e áreas protegidas criadas com base nas legislações
anteriores e que não pertençam às categorias previstas nesta Lei serão reavaliadas, no todo ou
em parte, no prazo de até dois anos, com o objetivo de definir sua destinação com base na
categoria e função para as quais foram criadas, conforme o disposto no regulamento desta
Lei. (Regulamento)
148
Art. 56. (VETADO)
Art. 57. Os órgãos federais responsáveis pela execução das políticas ambiental e
indigenista deverão instituir grupos de trabalho para, no prazo de cento e oitenta dias a partir
da vigência desta Lei, propor as diretrizes a serem adotadas com vistas à regularização das
eventuais superposições entre áreas indígenas e unidades de conservação.
Parágrafo único. No ato de criação dos grupos de trabalho serão fixados os participantes,
bem como a estratégia de ação e a abrangência dos trabalhos, garantida a participação das
comunidades envolvidas.
Art. 57-A. O Poder Executivo estabelecerá os limites para o plantio de organismos
geneticamente modificados nas áreas que circundam as unidades de conservação até que seja
fixada sua zona de amortecimento e aprovado o seu respectivo Plano de Manejo.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não se aplica às Áreas de Proteção
Ambiental e Reservas de Particulares do Patrimônio Nacional. (Redação dada pela Lei nº
11.460, de 2007) Regulamento. (Vide Medida Provisória nº 327, de 2006).
Art. 58. O Poder Executivo regulamentará esta Lei, no que for necessário à sua aplicação,
no prazo de cento e oitenta dias a partir da data de sua publicação.
Art. 59. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 60. Revogam-se os arts. 5o e 6
o da Lei n
o 4.771, de 15 de setembro de 1965; o art.
5o da Lei n
o 5.197, de 3 de janeiro de 1967; e o art. 18 da Lei n
o 6.938, de 31 de agosto de
1981.
Brasília, 18 de julho de 2000; 179o da Independência e 112
o da República.
MARCO ANTONIO DE OLIVEIRA MACIEL José Sarney Filho
149
7 ESTRATÉGIA PARA FORMULAÇÃO DE GESTÃO FLORESTAL
PROJETOS FLORESTAL DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
PROGRAMAS FLORESTAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
PLANO FLORESTAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
POLÍTICA FLORESTAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
F
O
R
M
U
L
A
Ç
Ã
O
E
X
E
C
U
Ç
Ã
O
SOCIEDADE
SOCIEDADE
150
8 BIBLIOGRAFIA
1. ALCÂNTARA, Maria Emília Mendes. Responsabilidade do Estado por atos
legislativos e judiciários. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1988.
2. ANÔNIMO, 2000. Política Florestal Brasileira. Documento Básico apresentado à
Reunión de Expertos sobre Política Florestal em Sudamérica realizada pelo Escritório
Regional da FAO para a América Latina e Caribe, Santiago, Chile de 10 a 12 de abril de 2000
(mimeo).
3. BASTOS, Celso Ribeiro. Dicionário de direito constitucional. São Paulo: Saraiva,
1994.
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