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Artigo apresentado ao 7º Ciclo de Temas de Economia promovido pela Ordem de Economistas - Regiao Norte
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As Políticas de Proteccionismo num Contexto de Globalização
“Aqueles que não conhecem o passado estão condenados a repeti-lo” George Santayana
Artigo apresentado por
Eduardo Manuel Nogueira Nunes Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
Aluno nº355409009 do Mestrado em Gestão – UCP – Centro Regional do Porto
No âmbito do concurso – 7º Ciclo de Temas de Economia Ordem dos Economistas – Delegação Regional do
Norte
27-03-2011
Eduardo Manuel Nogueira Nunes 2
Qual o contexto?
Portugal encontra-se numa grave crise financeira, acompanhada por uma
perigosa alternância entre o fraco crescimento e a depressão económica.
Após diversas medidas de apoio ao tecido empresarial e à competitividade nos
anos passados, as medidas contrárias, de austeridade e controlo do défice
público, e a falta de liquidez, eliminaram o efeito desejado. As empresas
sentem-se agora constrangidas, incapazes de crescer e adquirir uma quota de
mercado e produtividade que lhes permita a sobrevivência. Os cidadãos
começam também a sentir que o esforço adicional em termos de carga fiscal é
insuportável e surgem pressões sociais dos mais diversos estratos. Pedem-se
medidas alternativas que permitam evitar consequências tão graves e ponham
termo a esta conjuntura. Surge assim, uma vez mais, a discussão em torno das
políticas proteccionistas, no contexto de globalização no Século XXI.
Porquê proteger a economia?
Estas políticas, já empregues em vários momentos da história mundial (sem
sucesso), têm como objectivos i) A protecção da economia interna face à
concorrência externa, nomeadamente a importação de bens; ii) O aumento
artificial da competitividade das indústrias nacionais nos mercados
internacionais.
Para o efeito, existem diversos e numerosos mecanismos, entre os quais se
distingue as tradicionais tarifas sobre bens importados, quotas de importação
e subsídios directos aos produtores nacionais ou às exportações, às
“modernizadas” barreiras administrativas (regras sobre a segurança
alimentar, padrões de qualidade e protecção ambiental, etc.) e à inevitável
manipulação da taxa de câmbio.
Sem estas políticas, é argumentado, as economias de países menos
desenvolvidos serão incapazes de sobreviver às consequências da competição
internacional derivada do comércio livre. Consequentemente, a actividade é
reduzida, tal como e os lucros das empresas locais, diminuindo o emprego e
assim reduzindo o consumo, que por sua vez diminui ainda mais a actividade,
criando um efeito em espiral.
Eduardo Manuel Nogueira Nunes 3
Quais as consequências?
As políticas proteccionistas, direccionadas para a redução ou encarecimento
das importações, ou para o aumento da competitividade (a nível de preço) da
produção interna nos mercados internacionais, trazem vantagens no curto
prazo. Através do aumento da produção nacional, do emprego e do consumo
interno, é possível inverter a espiral acima referida. No entanto, no longo
prazo tem efeitos desastrosos:
• A produtividade diminui, levando a uma quebra na qualidade do
produto e do serviço, tal como uma subida dos preços;
• As exportações são reduzidas drasticamente, sobretudo pela redução
da competitividade, cada vez mais desfasada, quanto maior for o
período de tempo;
• O apoio é indiscriminado. As empresas que não apresentam vantagens
competitivas recebem também benefícios, reduzindo o montante
disponível para suportar as empresas que são mais competitivas.
• Aumento do sentimento nacionalista, levando ao distanciamento e
desconhecimento de países e culturas vizinhas e que por diversas vezes
complementam a nacional (factor decisivo para o despoletar da 1ª e 2ª
Guerra Mundial).
Independentemente da possibilidade de utilização de qualquer um dos
mecanismos (limitada pela existência de uma União Monetária e diversos
acordos multilaterais celebrados com a OMC), num contexto de globalização e
pelos motivos acima referidos, conclui-se que estes levariam, no longo prazo,
a um caminho sem futuro.
Qual a solução?
A alternativa passa pela aceitação da existência de um efeito de globalização
e liberdade de trocas comerciais entre a maioria dos países, que levará, cada
vez mais, a uma intensificação das interdependências.
Embora haja sempre renovados interesses em políticas que visam proteger a
economia nacional por via da limitação do comércio, uma consideração mais
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ponderada sobre a teoria das Vantagens Competitivas de Ricardo merece
maior atenção.
Nomeadamente, devemos focar as fontes nacionais de vantagens
competitivas. São esses factores que permitem que cada país seja competitivo
internacionalmente. Através da promoção de indústrias especializadas nessas
mesmas vantagens (como recursos naturais, produtos regionais tradicionais,
condições de produção favoráveis ou recursos humanos), estas irão obter
naturalmente espaço de mercado, escoando a produção através de
exportações.
Apesar de haver argumentos contra esta teoria, nomeadamente a nível da
mobilidade de capitais, devemos ir mais longe. De facto, analisar estas fontes
mais pormenorizadamente permitirá detectar segmentos de mercado
específicos que são vantajosos para a indústria que explore estas vantagens, e
que apenas são rentáveis num contexto de exportação. A importação de bens
em que outros países são comparativamente mais competitivos terá assim
aceitação.
O decorrer da história permite já vislumbrar um desfecho favorável para os
países que seguirem esta linha teórica. A China e a Índia, através do aumento
dos salários reais inerentes ao aumento da riqueza e que provocam o aumento
do consumo, começam a importar cada vez mais produtos acabados
produzidos nos países mais desenvolvidos, desequilibrando a balança
comercial a favor de Portugal.
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