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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM

CÂNCER E CUIDADOS PALIATIVOS

Profa. Dra. Marina G. Salvetti

Disciplina ENC 240 - Enfermagem na saúde do adulto e do idoso em cuidados

clínicos e cirúrgicos - 1ºsem/2018

Panorama geral da aula

Cuidados paliativos

Principais sintomas associados ao câncer

Manejo de sintomas

Conceito

Em português a palavra paliativo ganhou o significado de solução

temporária, remendar e não resolver

A palavra paliativo deriva do latim pallium, que significa manto –

proteção

Conceito OMS

Cuidado Paliativo: Uma abordagem que melhora a qualidade de

vida dos pacientes e suas famílias no enfrentamento de problemas

associados a doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção

e alívio do sofrimento através da identificação precoce, da

avaliação detalhada e do tratamento da dor e outros problemas

físicos, psicossociais e espirituais.

World Heath Organization 2005 (www.who.int/cancer/palliative/definition/en/)

Assistência no fim da vida

Modelo de cuidados totais, ativos e integrais oferecido ao

paciente com doença avançada e terminal, e à sua família,

legitimados pelo direito do paciente de morrer com dignidade

Cuidado Paliativo

Floriani & Schramm, 2008

X

Obstinação terapêutica

Pacientes fora de possibilidade terapêutica????

Público-Alvo

Deve ser incorporado o quanto antes, se possível desde o dia do

diagnóstico

Curar, às vezes, aliviar, frequentemente, dar conforto, sempre

Cuidado Paliativo

Princípios

1. Promover alívio da dor e outros sintomas que causam sofrimento

2. Afirmar a vida e considerar a morte um processo natural

3. Não pretender apressar, nem retardar a morte

4. Integrar os aspectos psicossociais e espirituais ao cuidado do paciente

5. Oferecer sistema de apoio com intuito de ajudar pacientes a viverem ativamente tanto quanto possível até a morte

6. Oferecer sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente e seu próprio luto

7. Utilizar equipe para abordar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo aconselhamento para o luto quando indicado

8. Reforçar e aprimorar a qualidade de vida e, também, influenciar positivamente o curso da doença

9. Ser aplicável no início do curso da doença, em conjunto com outras terapiasque prolonguem a vida, como quimio e/ou radioterapia, e incluir investigações necessárias para o melhor entendimento e abordagem das complicações clínicas que causam sofrimento

Aspectos Fundamentais

Equipe Interdisciplinar

Avaliação e controle de sintomas

Comunicação adequada

Equipe, família e paciente

Tratamento farmacológico

e não farmacológico

Esclarecimento

Adesão

Aceitação

Filosofia Hospice

Abordagem sistemática de controle da dor

Atenção às necessidades emocionais, sociais e espirituais

Alternativa positiva à rejeição desesperada da medicina à

morte (“não há mais nada a fazer”), oferecendo alívio da dor,

mantendo a dignidade e fortalecendo o período restante de

vida, ainda que curto

Hospice – um lugar de encontro entre a religião e a ciência (Cicely Saunders)

Filosofia Hospice

Atmosfera na qual qualquer pessoa possa ser ajudada, por

comunicação verbal e não verbal, a encontrar seu próprio

significado e maneira de lidar com as situações pessoais.

Abordagem aberta e não dogmática

Elisabeth Kubler-Ross

“Aqueles que aprendem a

conhecer a morte, ao invés

de temê-la ou lutar contra

ela, tornam-se nossos

melhores professores

sobre a vida”

Resultados do Cuidado Paliativo

Estudo de revisão recente mostrou que pacientes que recebem

cuidados paliativos mais cedo apresentam melhor qualidade

de vida e maior sobrevida.

O controle de sintomas aumenta a tolerabilidade do

tratamento e aumenta a sobrevida global.

KHAN AS, GOMES B, HIGGINSON IJ. End-of-life care – what do cancer patients want? Nat Rev Clin

Oncol 2014;11:100-108.

O que querem os pacientes com câncer?

Manter o controle e estar mentalmente alerta até a morte,

tomando decisões sobre o cuidado

Estar confortável (dor e outros sintomas controlados)

Reconhecer a iminência da morte e ter um senso de

conclusão/completismo

Auto-afirmação e auto-valorização, com crenças e valores

respeitados

Confiança nos profissionais que prestam o cuidado, incluindo

uma forte aliança terapêutica médico-paciente

KHAN AS, GOMES B, HIGGINSON IJ. End-of-life care – what do cancer patients want? Nat Rev Clin

Oncol 2014;11:100-108.

O que querem os pacientes com câncer?

Relações otimizadas com família e amigos, diminuindo a

sobrecarga da família

Família cuidada, incluindo suporte ao luto

Morrer no lugar que escolher (casa/hospital)

Orações ou meditação

Assuntos pessoais em ordem

Deixar um legado

Você gostaria de ficar doente?

Como você gostaria de ser cuidado?

Como você se sentiria se sua doença não tivesse cura?

Como você se comportaria?

No que você acredita?

O que você pensa sobre a morte?

Como você gostaria de morrer?

Reflexão...

“Eu me importo pelo fato de você ser você, me importo até o último momento de sua vida e faremos tudo

o que está ao nosso alcance, não somente para ajudar você a morrer em paz, mas também para

você viver até o dia da sua morte.”

Cicely Saunders

Sintomas associados ao câncer

Sintomas como dor, fadiga, náuseas, insônia, ansiedade e

depressão, são muito frequentes em pacientes com câncer e

muitas vezes ocorrem em comorbidade, influenciando-se

mutuamente.

Dor – 67%

Náusea e vômito – 80 a 90%

Depressão e ansiedade – 30 a 40%

Fadiga – 50 a 90%

Distúrbios do sono – 23 a 80%

Sawada et al. 2009; Tel, Tel, Dogan, 2011; Addington-Hall, 2013; Mitchell et al. 2011; Andrade, Sawada, Barichello, 2013; Fisch et al,

2012; Rafihi-Ferreira, Soares, 2012; Rafihi-Ferreira, Pires, Soares, 2012 .

Sintomas associados ao câncer

Superposição de sintomas, que são comuns em pacientes com

câncer e nem sempre são tratados adequadamente.

Estes sintomas prejudicam a qualidade de vida, a

funcionalidade e o autocuidado, podendo afetar a adesão e

os resultados do tratamento.

Intervenções em grupo

Intervenções em grupo são úteis em diversos contextos e

situações de saúde, consideradas estratégias significativas de

suporte social.

O contexto de grupo promove um ambiente favorável para a

educação, facilita a troca de experiências e a aquisição de

habilidades de enfrentamento, além de permitir a discussão de

questões existenciais.

Santos et al. 2011

Intervenções educativas

Oferecer informações sobre o tratamento e o manejo dos

eventos adversos é fundamental para o controle dos sintomas

associados à quimioterapia.

Intervenções educativas têm mostrado benefícios no controle de

sintomas e podem incluir estratégias educativas, promoção do

autocuidado, aconselhamento e suporte de outros pacientes.

Controle de Sintomas

Identificar o sintoma que mais incomoda

Investigar fatores de melhora e piora

Discutir com o paciente e cuidador as estratégias disponíveis

Estratégias para controle de sintomas

Massagem

Aplicação de calor/frio

Relaxamento

Meditação

Musicoterapia

Controle do ambiente

Promoção do conforto

Escalas Avaliação Dor

Inventário de Dor McGill; Inventário Breve de Dor

Avaliação da dor

Escalas

multidimensionais

Pimenta, Teixeira. Rev Esc Enf USP

996;30(3):473-83.

“Questionário para dor McGill”

(Melzack,1975)

• Objetivo: avaliação, discriminação e

mensuração da experiência

dolorosa

Multidimensionais

DOR

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Tratar a dor

FarmacológicasNão-

farmacológicas

Analgésicos:

❖ Explicar razões tratamento,

efeitos colaterais e

preferências paciente

❖ Suporte emocional

❖ Métodos físicos: massagem, calor ou frio

❖ Métodos cognitivos: terapia cognitivo-

comportamental, música; imaginação

dirigida

❖ Religiosidade (oração)

WHO, 2004

Analgésicos WHO, 2004; WHO, 2013

Não opióides

(aspirina ou paracetamosl ou ibuprofeno)

Opióide para dor leve ou moderada (codeína)

+- Não opióides

(aspirina ou paracetamosl ou ibuprofeno)

Opióide para dor moderada a severa (morfina oral)

+-Não opióides

+ Adjuvantes+ Adjuvantes

+ Adjuvantes

DOR

Efeitos colaterais:

Constipação

Náusea e /ou vômito

Depressão respiratória

Confusão, diminuição no estado de alerta, sonolência

Prurido

Retenção urinária

WHO, 2013

Náusea e vômito

Usar escalas para avaliar intensidade

Início, duração e frequência de episódios, de hábito intestinal, náusea e vômitos, além da quantidade e qualidade das náuseas e vômitos

Fatores de melhora e piora

História do paciente e sua prescrição atual (determinação das possíveis causas de náusea)

Excluir obstrução intestinal, comprometimento do SNC e/ou outros mecanismos

Avaliação laboratorial de eletrólitos, função renal e hepática

(Consenso Brasileiro de Náuseas e Vômitos, 2011)

Náusea e vômito – Tratamento não

farmacológico

Bonassa EMA, Molina P. Reações adversas dos agentes antineoplásicos.

In: Bonassa, Gato. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos. 2012

▪ Intervenções comportamentais (técnicas de

relaxamento)

▪ Dieta (adaptações)

▪ Acupressure (estimulação de um ponto específico no

punho com eletrodos transcutâneos e biobands)

Náusea e vômito – Dieta

Preferir alimentos frios ou a temperatura ambiente

Evitar frituras, alimentos gordurosos, condimentados,

salgados, ácidos, azedos, açucarados e com odor

forte

Oferecer líquidos entre as refeições

Preferir refeições com alto teor proteico e pobres em

carboidratos

(Consenso Brasileiro de Náuseas e Vômitos, 2011)

Náusea e vômito – dieta

Fracionamento da dieta: pequenas refeições em

intervalos menores

Refeições em ambiente arejado e tranquilo

Horários pré-estabelecidos

Alimentos da preferência do paciente

Manter decúbito elevado até duas horas após as

refeições

(Consenso Brasileiro de Náuseas e Vômitos, 2011)

CONSTIPAÇÃO

Constipação (SINTOMA) em

cuidados paliativos é complexa:

Uso de opióides

Inatividade física

Inapetência (baixa ingestão de

fibras e líquidos

É POUCO AVALIADA E TRATADA

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DIAGNÓSTICO

Anamnese e exame físico

Avaliar: flatulência, ruídos abdominais, dor para

evacuar, sangramento, dor lombar, náuseas e vômitos,

hábito intestinal, qualidade das evacuações, uso de

enemas ou laxantes, alimentação, medicações

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TRATAMENTO

Tratamento não medicamentoso:

Consumo de líquidos e fibras,

medidas físicas (exercício, massagem, acupuntura, etc)

promoção de conforto e privacidade durante a evacuação,

fracionamento da dieta,

alimentos funcionais (prebióticos e probióticos),

fitoterápicos,

medidas cognitivas e psicocomportamentais (psicoterapia)

Fadiga

“Sensação de cansaço que não alivia após o emprego das

estratégias usuais para a restauração de energia, interferindo na

capacidade da pessoa desempenhar as atividades do dia-a-dia”

Mota & Pimenta, 2006

Fadiga - avaliação

Escala numérica (0 a 10)

Escala de Fadiga de Piper

Pictograma de Fadiga

Pictograma de Fadiga

Mota, Pimenta, 2009

Pictograma de Fadiga

Fadiga – intervenções não

farmacológicas

Objetivo do tratamento: alívio do sintoma

Objetivo das intervenções de enfermagem:

Educação do paciente e familiar para manejo do sintoma e a

conservação de energia

Diário

Equilíbrio entre sono-repouso e vigília

Nutrição (dieta leve fracionada)

Exercícios físicos

Realização das atividades diárias dentro do possível

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