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Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP
Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
Curso de Serviço Social – 2015/1
Disciplina: Teoria Social e Serviço Social – 1º Período
Docente: Professor Douglas Ribeiro Barboza
Discentes: Ana Luiza Campos, Celma M. Marota, Renan Alcântara, Marcilene Silvia
2ª Avaliação
Atividade em grupo – Entrega 23/06/2015
Vimos, ao longo da disciplina, que o modo como, mundialmente, se organiza a
produção traduz uma longa história de exploração do homem, exploração esta que assume uma
condição específica no interior da organização do modo de produção capitalista, que tem na
mercadoria a sua “célula básica”.
A partir desta reflexão, disserte sobre a relação existente entre capital, produção de
mercadoria, trabalho e desigualdade social.
Segundo José Paulo Netto, em seu livro Economia Política, o trabalho está na base da
atividade econômica e torna possível a produção de qualquer bem, criando os valores que constituem
a riqueza social.
Para Marx, a História tem início quando o homem deixa fazer intercâmbio com a natureza,
típico dos animais, e passa a fazer um intercâmbio orgânico típico do ser social, que se dá através do
trabalho. Portanto, o trabalho funda o ser social, aquele capaz de transformar e modificar a natureza.
O ser social tem a capacidade de planejar suas ações (capacidade teleológica) e desenvolver meios
que possibilitem sua objetivação.
Na sociedade primitiva, os grupos (de pessoas) caçavam e coletavam para garantir os meios
de sobrevivência, sendo assim, eram nômades. A divisão sexual do trabalho se fazia presente, onde
as mulheres eram responsáveis pela coleta e preparação dos alimentos, enquanto os homens caçavam.
Com a domesticação de animais e o surgimento da agricultura, eles passaram a ser sedentários, o que
permitiu uma produção além do que era necessário para a satisfação de suas necessidades. Surgiu,
então, a acumulação dos produtos, o que é tratado como excedente econômico.
O surgimento econômico e a possibilidade de acumular os produtos do trabalho
(mercadorias) fez com que os bens não utilizados fossem destinados a troca. Nesse momento “nasce
a mercadoria” e, com ela, as primeiras formas de comércio, abrindo a possibilidade de exploração do
trabalho humano. A partir daí, a sociedade primitiva entra em dissolução, sendo substituída pelo
escravismo.
A sociedade escravista organiza-se em dois polos: uma minoria de proprietários de terras e
escravos e uma massa de homens que detém somente a força de trabalho. A atenção se volta para a
produção, permitindo que a sociedade se mantenha. Aqui, o trabalho cria bens (valores de uso), mas
para que cumpra seu papel, os bens devem ser distribuídos e consumidos. A distribuição é
determinada pelas relações de produção, ou seja, elas modelam a estrutura social e a separação da
sociedade em classes.
Na primeira metade do 1º milênio de nossa Era, o Império Romano foi abaixo e, junto dele,
o escravismo. Impôs-se o modo de produção feudal, cuja economia era rural e o senhor feudal tinha
poder absoluto no seu feudo. O destaque das atividades comerciais vai contribuir para a crise do
feudalismo, colocando em ruínas o Antigo Regime e, os comerciantes constituíram a burguesia que
derrotou o sistema.
Abre-se, no século XIX, o Estado burguês, iniciando o modo de produção capitalista, no
qual, a produção generalizada de mercadorias ocupa o centro da vida econômica.
Quando as condições materiais mudam, também se alteram as relações entre os homens que
ocupam a mesma posição na sociedade de classes.
Para Marx, a mercadoria é a célula de formação da sociedade capitalista, onde tudo e todos
são absorvidos pela lógica da compra e venda. O modo de produção capitalista universaliza a relação
mercantil, tornando tudo objeto de compra e venda. Nessa espécie de mercantilização, a mercadoria
aparece como forma de sociabilidade humana em que, as condições indispensáveis à produção é a
divisão social do trabalho e a propriedade privada dos meios de produção.
No modo de produção capitalista, os meios de produção transferem seu valor à mercadoria
que está sendo produzida. O valor da força de trabalho é determinado pelo trabalho socialmente
necessário para produzir os bens que permitem a sua manutenção. No entanto, a força de trabalho
gera um valor superior ao que custa – denominado mais-valia. É desse excedente que o capitalista se
apropria.
O trabalho assalariado é parte do sistema de exploração próprio do modo de produção
capitalista, em que num primeiro momento, o trabalhador produz o valor equivalente a sua
reprodução, o que é pago em forma de salário. Na outra parte da jornada, produz a mais-valia que é
extraída pelo capitalista.
De acordo com Marx, as relações antagônicas que estão postas entre o capital e o trabalho
configuram as desigualdades sociais, na qual pode-se destacar pontos importantes como: exploração
e alienação.
Na exploração, o homem se vê obrigado a vender sua força de trabalho para poder sobreviver
e, a burguesia, detentora dos meios de produção, enriquece se apropriando da mais-valia. Disso
resulta a alienação, provocada pela retirada do poder de decisão do trabalhador sobre o produto do
seu trabalho.
Em suma, de acordo com o pensamento marxista a produção geral é uma abstração que
aponta somente um fenômeno comum a todas as histórias, o fenômeno de que em qualquer época a
produção irá implicar sempre em um mesmo sujeito (a sociedade) e o mesmo objeto (a natureza). Por
tanto, para Marx a sociedade capitalista é a organização histórica mais desenvolvida da produção,
onde o conhecimento de produção industrial não é o suficiente para esclarecer as riquezas das relações
sociais que o objetivam em uma sociedade complexa e contraditória. A existência da desigualdade
entre o desenvolvimento da produção material e o modo em que as relações de produção jurídicas
procedem um desenvolvimento desigual onde o trabalho é o elemento fundamental para o
desenvolvimento da história da humanidade. Por meio dele, os seres humanos em todas as formas de
sociedade produzem meios necessários para a sobrevivência, no entanto, na sociedade capitalista,
movida pelo lucro e pelo capital, o trabalho é explorado por uma minoria que detém os meios de
produção, obrigando assim que a maioria venda a sua força de trabalho. Essa exploração do homem
pelo homem gera a detenção das riquezas nas mãos de uma minoria, onde as desigualdades sociais
tão presentes e enraizadas na sociedade capitalista vigente se torne o seu principal fator.
Bibliografia:
IAMAMOTO, Marilda V. Proposta de Interpretação histórico-mercadológica. In:_____;
CARVALHO, Raul de. Relações sociais e Serviço Social no Brasil. Esboço de uma interpretação
histórico-mecadológica.
São Paulo: Cortez, 2005.p.29-121
______. Trabalho e indivíduo social: um estudo sobre a condição operária na agroindústria canavieira
paulista. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2006.( cap. 1, p.31-80).
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política, Livro I, Tomos 1 e 2. São Paulo: Nova Cultural,
1996. 5v. (cap. 1).
NETTO, José Paulo.; BRAZ, Marcelo. Economia Política: uma introdução crítica. São Paulo:
Cortez, 2007.
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