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Biofotogrametria computadorizada como ferramenta
da fisioterapia na avaliação postural
Samara Maman Nazaré
E-mail: samarapina@hotmail.com
Dayana Priscila Maia Mejia
Pós-graduação em Reabilitação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapia Manual
Faculdade de Tecnologia do Ipê-FAIPE/Bio Cursos Manaus – Faculdade Faipe
Resumo
Pesquisas têm divulgado resultados positivos da utilização da biofotogrametria na área da
fisioterapia. O objetivo geral desse trabalho foi abordar a importância da biofotogrametria
na avaliação postural como técnica e como recurso de avaliação na fisioterapia. Para tal foi
necessário: suscitar teorias pertinentes à biofotogrametria computadorizada em seus
aspectos históricos e conceituais; descrever a importância da avaliação postural através da
biofotogrametria e sua utilização como ferramenta de avaliação; e mostrar a eficácia de sua
utilização na fisioterapia em diversos seguimentos de avaliação. Metodologicamente, esse
artigo caracteriza-se como um estudo de revisão, baseado em pesquisa bibliográfica. Os
principais aportes teóricos revelaram que dentre as vantagens da biofotogrametria,
destacam-se: maior cuidado e detalhamento na análise postural; boa nitidez das estruturas
avaliadas; precisão e ser quantificável. A biofotogrametria ainda apresenta como vantagens:
menor custo, maior praticidade e menor risco à saúde pela não exposição à radiação, além
de serem mais apropriadas em avaliações populacionais. Quanto aos resultados alcançados
ressalta-se que, a utilização da biofotogrametria na avaliação postural apresenta resultados
positivos, no entanto, sua correta aplicação, demanda uma avaliação bem detalhada. Nesse
sentido, a realização de mais estudos clínicos é necessária para uma compreensão completa
da utilização da biofotogrametria no contexto da fisioterapia.
Palavras-chave: Biofotogrametria; Avaliação Postural; Fisioterapia.
1. Introdução
A biofotogrametria computadorizada constitui-se no objeto de estudo desse artigo, cuja
delimitação contempla a aplicação dessa técnica como ferramenta da fisioterapia, no contexto
da avaliação postural.
A postura pode ser caracterizada como a atitude que o corpo adota como um apoio no
decorrer da inatividade muscular, através da ação coordenada que envolve inúmeros
ligamentos e músculos, que atuam com a finalidade de assumir a base essencial, que se adapta
de forma constante ao movimento a ser realizado, ou para manter a estabilidade do corpo
(MOMESSO, 1997).
Há várias décadas, a avaliação da postura corporal vem sendo amplamente utilizada, tanto no
âmbito da prática clínica, quanto na pesquisa acadêmica, como um instrumento de
diagnóstico, de planejamento e de acompanhamento do tratamento fisioterapêutico (SOUZA
et al., 2011).
Nesse cenário de diagnóstico surgiu mais um recurso: a biofotogrametria que é um método de
tecnologia que utiliza imagens obtidas, de forma mais confiável para interpretação das
medidas, sendo, de forma simples, definida como uma avaliação através de fotografias.
Muitas abordagens e discussões para o tema foram desenvolvidas ao longo dos anos, existe
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um consenso geral definindo-a como a ciência e tecnologia de se obter informação confiável,
através de imagens adquiridas por sensores. E embora seja uma área da engenharia, o termo
biofotogrametria computadorizada tem sido utilizado por pesquisadores para definir a sua
utilização nas áreas da fisioterapia, educação física e outras áreas afins. O objetivo principal
da biofotogrametria é a obtenção de valores confiáveis e diminuir os erros nas avaliações
subjetivas aonde a interferência do avaliador pode alterar os resultados das coletas
(PELEGRINI, 2015).
Para se justificar a relevância da discussão do tema em meios acadêmicos e sociais, estudos
têm divulgado resultados positivos da utilização da biofotogrametria computadorizada na área
da fisioterapia. Além de pesquisas nessa área, também tem aumentado por parte dos
fisioterapeutas que vêm essa técnica em seus diagnósticos.
Tem-se conhecimento de que muitas são as oportunidades do uso da biofotogrametria na área
da Fisioterapia. Para avaliações posturais clássicas, por exemplo, os exames fisioterápicos
eram realizados de maneira arcaica, sem padronização, de difícil arquivamento do conteúdo
absorvido, dificultando muito as condições de comparação antes/depois da intervenção
terapêutica. Hoje, com a biofotogrametria as fotos são extraídas através de métodos
confiáveis, transportadas para computadores e trabalhadas por meio de softwares específicos,
onde se consegue com precisão a mensuração através dos cálculos dos ângulos e distâncias
entre segmentos corporais (MIRANDA, 2014).
Além disso, julga-se relevante uma pesquisa que também busca demonstrar no contexto da
avaliação corporal a importância da biofotogrametria como técnica e recurso de avaliação na
fisioterapia e demonstrar ainda a inserção da biofotogrametria no cotidiano dos serviços de
saúde. E levando-se em considerando esse contexto, torna-se cada vez mais importante
conhecer a biofotogrametria para que sejam criadas intervenções práticas e seguras através
dela.
O problema que deu origem à pesquisa está delimitado na seguinte questão: Qual a
importância da biofotogrametria na avaliação postural como técnica e recurso de avaliação na
fisioterapia? A hipótese que norteia a pesquisa, parte da assertiva de que, a avaliação postural
dos segmentos corporais feitas através da biofotogrametria é realizada com imagens
fotográficas e marcações de pontos anatômicos estratégicos, possibilitando aos fisioterapeutas
uma avaliação postural com dados sincronizados e quantificados sob um mesmo plano de
estudo, em menor tempo e com muito mais precisão.
O objetivo geral desse trabalho foi abordar a importância da biofotogrametria na avaliação
postural como técnica e como recurso de avaliação na fisioterapia. Para tal foi necessário:
suscitar teorias pertinentes à biofotogrametria computadorizada em seus aspectos históricos e
conceituais; descrever a importância da avaliação postural através da biofotogrametria e sua
utilização como ferramenta de avaliação; e mostrar a eficácia de sua utilização na fisioterapia
em diversos seguimentos de avaliação. Em seus aspectos metodológicos, este trabalho caracteriza-se como um artigo de revisão,
resultado de uma pesquisa bibliográfica utilizando livros e artigos disponibilizados em
bibliotecas virtuais na internet relacionados a utilização da biofotogrametria na avaliação
postural como técnica e recurso de avaliação na fisioterapia. E com a finalidade de atender
aos objetivos do trabalho, o artigo foi estruturado em cinco seções, conforme descritas a
seguir. A primeira seção foi direcionada à introdução, onde se faz uma breve contextualização
do tema, da apresentação do problema e sua hipótese, bem como da justificativa, dos
objetivos e da organização do artigo. A segunda seção apresenta a revisão da literatura, com
abordagem qualitativa das categorias conceituais sobre a biofotogrametria, seguida da terceira
seção de metodologia. Na revisão se buscou embasar teoricamente o trabalho, e que serviu de
subsídio para a elaboração da seção de apresentação dos resultados e discussão, quarta seção,
bem como da quinta seção reservada à conclusão e recomendações para estudos futuros.
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2. Revisão da Literatura
2.1 Biofotogrametria: Evolução histórica no Mundo e sua origem no Brasil
Segundo Miranda (2014), a literatura sobre a evolução da biofotogrametria no contexto da
humanidade revela que muitas evoluções foram registradas ao longo da história,
especialmente se tratando de melhorias tecnológicas para apuração e registro das imagens.
350 A.C. - Aristóteles mencionava como projetar imagens por meio ótico;
1492 - Leonardo da Vinci demonstrou graficamente os princípios da aerodinâmica e
da projeção ótica. Também projetou mecanismos para o polimento de lentes;
1525 - O alemão Albrecht Drer produziu um esboço das leis da perspectiva e
construiu um aparato mecânico para desenhar perspectivas verdadeiras, construindo
também um mecanismo para produzir desenhos estereoscópicos.
1600 - O alemão Johannes Kepler formulou uma definição precisa para estereos
copia e o pintor florentino Jacopo Chimenti produziu o primeiro par estereoscópico
desenhado a mão;
1726 - O suíco F. Kapeller utilizou a estereoscopia pela primeira vez em um
levantamento prático para construção de cartas topográficas.
1759 - O suíço Johann Heinrich Lambert escreveu um tratado sobre a perspectiva,
sugerindo a sua utilização na construção de mapas.
1839 - Para viabilizar o uso da Fotogrametria, o francês Louis Daguerre anunciou o
invento do processo fotográfico baseado em placas de metal com iodeto de prata.
1840 - O francês Dominique Francois Jean Arago demonstrou a viabilidade do uso
de fotografias nos levantamentos topográficos (MIRANDA, 2014, p. 20-21).
Continuando seus relatos históricos, Miranda (2014) ressalta que, no ano de1849, o francês
Coronel Almé Laussedat, considerado o “Pai da Fotogrametria”, obteve fotografias a bordo de
balões. Percebendo as dificuldades então existentes para a obtenção de fotos aéreas,
concentrou seus esforços no mapeamento usando fotogrametria terrestre. A partir daí destaca-
se ainda a seguinte cronologia histórica:
1909 - O alemão Carl Pulfrich iniciou experimentos com esterco pares,
estabelecendo os fundamentos de muitos dos procedimentos instrumentais até hoje
utilizados.
1913 - O avião foi utilizado pela primeira vez para a tomada de fotografias aéreas
com o objetivo de mapeamento. Durante a Primeira Guerra as aerofotos foram
intensamente utilizadas, especialmente em atividades de reconhecimento. No
período entre as duas Guerras Mundiais, a Aerofotogrametria tornou-se uma
tecnologia largamente utilizada para a produção de mapas.
1958 - O finlandês Uki Helava apresentou o primeiro protótipo do restituidor
analítico que viria a revolucionar a Fotogrametria. Apesar do pioneirismo, o
equipamento desenvolvido não foi aceito devido ao estágio ainda embrionário. No
congresso de Hamburgo as grandes companhias produtoras de equipamentos
fotogramétiácos apresentaram seus modelos de restituidores analíticos. Era o fim da
era dos equipamentos analógicos (MIRANDA, 2014, p. 21).
De acordo com Tomaselli et al. (1999), no Brasil, a partir do ano de 1982, a fotogrametria a
curta distância começou a ser desenvolvida na Universidade Estadual de São Paulo - UNESP
de Presidente Prudente, na área da arquitetura. Já no ano de 1986, foi empregada na
cartografia para cadastro urbano e rural. A partir de 1992, com a aplicação da metodologia
utilizando câmeras fotográficas, que já representava baixo custo em relação às câmeras
fotogramétricas foi que passou a serem estimulados novos estudos. Neste período, também se
iniciou a aplicação no curso de fisioterapia para auxílio em diagnósticos.
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Atualmente houve a necessária substituição da fotogrametria analógica e analítica pela
fotogrametria digital.
2.2 Aspectos conceituais e classificação da Biofotogrametria
Antes de apresentar os aspectos conceituais da biofotogrametria, não se pode furtar à
perspectiva etimológica do vocábulo fotogrametria que, segundo Miranda (2014), o referido
termo deriva das palavras gregas “photos” que significa luz, e “gramma”, que significa algo
desenhado ou escrito e “metron”, que significa “medir”. Portanto, Fotogrametria, de acordo
com suas origens etimológicas, significa “medir graficamente usando luz”.
Até a década de 196, de acordo com a American Society of Photogrammetry – ASP, a
definição de fotogrametria era: “ciência e arte de obter medidas confiáveis por meio de
fotografias”. No entanto, com o advento de novos tipos de sensores uma definição mais
abrangente de Fotogrametria foi proposta também pela ASP (1979, apud Miranda, 2014, p.20)
como sendo:
Fotogrametria é a arte, ciência e tecnologia de obtenção de informação confiável
sobre objetos físicos e o meio ambiente através de processos de gravação, medição e
interpretação de imagens fotográficas e padrões de energia eletromagnética radiante
e outras fontes (MIRANDA, 2014, p.20).
Slama (1980 apud Miranda, 2014, p.20) conceitua a fotogrametria como a arte, ciência e
tecnologia “de obterem-se informações sobre objetos e seu ambiente através de processos de
leitura, gravação e interpretação de imagens fotográficas e/ou padrões de energia
eletromagnética emitida entre outros fenômenos”.
Na visão de Abe et. al. (2004), o recurso da fotogrametria expressa a aplicação da fotografia à
métrica. Muitos dos conceitos interpretativos e metodológicos fundamentais da fotogrametria
cartográfica, utilizadas na agrimensura, foram aos poucos sendo adaptados para o estudo dos
movimentos humanos, dentre os quais estão os da restituição (planejamento e construção de
um mapa planimétrico condizente com a realidade que se pretende refletir) e da
fotointerpretaçao ou interpretação fotográfica (o exame das imagens para identificacão de
objetos e julgamento de seu significado), sendo esta uma nova ferramenta no estudo da
cinemática.
Atualmente, em conformidade com a Sociedade Americana de Fotogrametria e
Sensoriamento Remoto, a fotogrametria é definida como um recurso tecnológico confiável
para obtenção de informações sobre objetos físicos por meio de gravação, medição e
interpretação de imagens fotográficas. A técnica registra de maneira sutil a relação das partes
humanas difíceis de serem mensuradas pela observação visual (CÉSAR et al., 2012).
Sabendo-se que originalmente a fotogrametria se preocupa em analisar basicamente
“fotografias”, na visão de Miranda (2014), atualmente esta definição também obriga a inserir
nos seus dados, sensores remotos, incluindo duas áreas a saber:
1. Fotogrametria (métrica): relacionada aos métodos de obtenção de dados quantitativos,
como coordenadas, áreas, a partir dos quais são elaborados os mapas e as cartas topográficas
(MIRANDA, 2014).
2. Fotointerpretação: relacionada à obtenção dos dados qualitativos a partir da análise das
fotografias e de imagens de satélite. Devido ao grande volume de trabalhos na área,
convencionou-se classificá-la dentro da área de Sensoriamento Remoto (TOMMASELLI et.
al., 1999).
Quanto à participação instrumental para medição e redução dos dados, classifica-se a
fotogrametria em:
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- Fotogrametria Analógica: utilização de instrumentos analógicos;
- Fotogrametria Analítica: utilização de computadores, aumentando a precisão e
permitindo a sofisticação dos modelos matemáticos;
- Fotogrametria Digital: a participação instrumental era necessária para digitalizar
fotografias utilizando “scanner”, porém com as câmaras digitais, isso se torna
desnecessário (MIRANDA, 2014, p.26).
Sacco et al. (2007) esclarecem a que biofotogrametria computadorizada é a combinação de
fotografia digital com softwares que permitem a mensuração de ângulos e distâncias
horizontais e verticais para finalidades diversas, como o Corel Draw, ou outros softwares
especificamente desenvolvidos para avaliação postural, como o Software para Avaliação
Postural, conhecido popularmente sob a sigla SAPO, que é um software livre e gratuito
desenvolvido com financiamento de pesquisa nacional com fundamentação científica, banco
de dados e acesso pela internet.
As mensurações devem ser padronizadas das articulações e partes do corpo para permitir
comparações das fases de avaliação e para divulgação para outros profissionais (SACCO et
al., 2007).
2.3 Avaliação pela biofotogrametria na avaliação postural
O Instituto Henriqueta Teixeira (2004), esclarece que a avaliação pela biofotogrametria foi
aprimorada pelos pesquisadores portugueses Ferreira e Correa da Silva da Universidade
Técnica de Lisboa, para ser mais um método preciso e objetivo da avaliação postural, quando
desenvolveram um programa experimental para computadores que permitia a delimitação de
pontos e os cálculos dos ângulos formados entre esses pontos. Posteriormente, o Dr. Mario
Antonio Baraúna e a Drª Denise da Vinha Ricieri, aprofundaram os seus estudos com o
objetivo de qualificar as amplitudes articulares de forma precisa, nas análises cinemáticas
angulares dos movimentos e posturas por meio de imagens, desenvolvendo assim uma
ferramenta de diagnóstico.
Historicamente, no Brasil, a partir de 1992, com a aplicação da metodologia utilizando
câmeras fotográficas, que já representava baixo custo em relação às câmeras fotogramétricas
foi, que passou a serem estimulados novos estudos. Inclusive, neste período, também se
iniciou a aplicação no curso de fisioterapia para auxílio em diagnósticos (TOMASELLI et al.,
1999).
Um relato importante e que não pode deixar de ser referenciado da utilização da
Fotogrametria pela fisioterapia é descrito por Baraúna et. al. (2004) que utilizaram a
fotogrametria para quantificar as oscilações corporais no plano sagital e frontal em indivíduos
idosos, porém colheram as imagens através de uma câmera de vídeo.
Conforme Sacco et al. (2007) a fotogrametria também facilita a coleta dos dados em
ambientes de trabalho aonde não pode-se interromper o ciclo de atividade, possibilitando uma
análise posterior que contemple os movimentos e gestos através da fotogrametria dinâmica e
também realizar avaliações posturais e análise da marcha de maneira rápida e precisa.
A biofotogrametria computadorizada fundamenta-se na aplicação do princípio
fotogramétrico às imagens fotográficas, obtidas de movimentos corporais, onde se
realizam as bases apropriadas para a fotointerpretação. Sendo um recurso de
avaliação não invasivo, que apresenta vantagens na efetividade de sua aplicação
clínica, oferece baixo custo do sistema de recolha e fotointerpretação da imagem,
assim como, a alta precisão e reprodutibilidade dos resultados. Para a avaliação
postural, os indivíduos devem se submeter previamente a demarcações nos pontos
anatômicos referenciais, que deverão corresponder aos ângulos e, as imagens
captadas, devem ser de boa qualidade, para uma adequada interpretação
fotogramétrica (SANCHEZ, 2008, p.13).
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Sanchez (2008) ainda esclarece que, a biofotogrametria computadorizada é um recurso que
pode ser usado na avaliação, para diagnóstico físico funcional pelos fisioterapeutas, e em
diferentes áreas, e já foi utilizada em vários estudos mostrando sua fidedignidade. Através da
biofotogrametria podem ser avaliados vários seguimentos do corpo humano como: desvios
posturais, valgismo pelo ângulo Q, lordose cervical e lombar, analise da marcha, mecânica da
respiração, dentre outros. Com os avanços da tecnologia, a biofotogrametria vem sendo uma
ferramenta importante para avaliação postural devido sua avaliação linear e angular da
postura humana.
3. Metodologia
No que se refere à metodologia, conforme já destacado na introdução, este trabalho
caracteriza-se como um artigo de revisão, que é resultado de uma pesquisa bibliográfica.
Segundo Gil (2007, p. 65), a pesquisa bibliográfica “é desenvolvida a partir de material já
elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”, sendo que “há pesquisas
desenvolvidas exclusivamente a partir dessas fontes”.
A apresentação dos resultados e sua respectiva discussão foi dividida em três subseções a
saber: estudos da biofotogrametria na Fisioterapia como avaliação postural e outros;
benefícios, vantagens e desvantagens da biofotogrametria na Fisioterapia; e áreas de atuação
da Fisioterapia no contexto da avaliação de imagem através da biofotogrametria.
Na discussão e análise bibliográfica foram levadas em consideração as teorias relevantes para
a realização do artigo. Quanto aos aspectos éticos e legais, nessa pesquisa foram adotadas
todas as disposições e normas preconizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas -
ABNT, quanto às citações, referenciação e retextualização do material bibliográfico
consultado, dando as devidas credenciais e respeitando os direitos autorais das publicações.
4. Resultados e Discussão
No que se refere aos estudos da biofotogrametria na Fisioterapia como avaliação postural e
outros, destaca-se que, no cenário atual da fisioterapia geral, já se encontram alguns estudos
com o método da biofotogrametria, porém, a grande maioria sem atestar o nível de
confiabilidade presente nas referidas pesquisas.
Nesse sentido, Miranda (2014) destaca que, é importante verificar o quanto é confiável o
método da biofotogrametria, tendo em vista a gama de informações e possibilidades
emprestadas por esta técnica para o mundo científico, e de modo particular, no contexto
clínico, uma medida não deve ser considerada significativa se não for válida e confiável.
De acordo com Venturini et al. (2006), pacientes podem ser avaliados e reavaliados por
diferentes fisioterapeutas ao longo de seu tratamento, logo, a confiabilidade da medida é um
importante parâmetro para permitir a consistência dos dados ao longo da evolução dos
pacientes e nos estudos científicos.
Alguns pesquisadores já tiveram essa preocupação, testando a confiabilidade da
biofotogrametria. Sato, Vieira e Gil Coury (2003) verificaram a confiabilidade da
biofotogrametria para medir a flexão anterior do tronco; Ribeiro et al. (2006) testaram a
confiabilidade da fotopodometria e fotopodoscopia. Iunes et al. (2009) verificaram a
confiabilidade intra e inter-examinadores para medir ângulos no registro fotográfico da face e
do corpo inteiro no plano sagital, frontal, anterior e posterior, Todos estes autores
encontraram valores de confiabilidade aceitáveis para as medidas angulares estudadas,
demonstrando que a técnica possui uma margem de erro quase sempre aceitáveil na repetição
das medidas numa mesma fotografia. A sensibilidade da fotogrametria foi bem descrita por
Döhnert e Tomasi (2008). Segundo Ricieri (2005), denomina-se confiabilidade o conjunto de
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reprodutibilidade dos resultados, com a manutenção da exatidão. Miranda (2014) destaca que
a avaliação da Confiabilidade pode ser feita de três formas diferentes: repetitividade,
reprodutibilidade e teste-Reteste.
De acordo com Bister et al. (2002 apud Miranda, 2014, p.41), a repetibilidade refere-se às
“condições testadas tão constantes quanto possíveis, usando a mesma metodologia, o mesmo
laboratório, o mesmo operador, o mesmo equipamento com intervalos curtos de tempo. É o
que se chama de análise intra-examinador”. A reprodutibilidade refere-se a condições de
testes obtidos com o mesmo método, mas em diferentes laboratórios, com diferentes
operadores, usando diferentes equipamentos. É o que se denomina de análise
interexaminador. Já o teste-reteste caracteriza-se pelo mesmo conjunto de dados, coletado em
ocasiões diferentes, não apresentando diferenças e consequentemente não alterando as
medidas realizadas pelos intra e inter-examinadores (MIRANDA, 2014).
Watson e Macdonncha (2000, apud Moreira, 2014, p.41), para analisar o nível de confiança
de uma técnica de avaliação devem-se ter três propostas primárias: “1) estabelecer a confiança
de um mesmo examinador; 2) determinar a repetibilidade da postura assumida pelo
voluntário; 3) estabelecer a confiança entre os examinadores”.
Watson e Macdonncha (2000, apud Moreira, 2014), realizaram um estudo acerca do nível de
confiança na avaliação postural através do uso de fotografias em vista anterior, posterior e de
perfil. Fotografaram para amostragem 114 adolescentes, com idade de 15 a 17 anos,
utilizando para análise um papel quadriculado. Para avaliar o nível de confiança de um
mesmo examinador foram selecionados aleatoriamente as fotografias de 30 participantes que
foram avaliados em duas ocasiões distintas, sendo a segunda avaliação executada duas
semanas após a primeira, para que o examinador não memorizasse os resultados.
A análise estatística dos estudos de Watson e Macdonncha (2000, apud Moreira, 2014, p.41),
demonstrou uma maior conflabilidade na segunda avaliação. Os dados foram considerados de
alto índice de confiança, “pois tiveram um intervalo de confiança maior que 75%, exceto a
posição do tornozelo que teve um intervalo de confiança de 66,6% na primeira avaliação”. A
simetria de ombros e cifose “tiveram um intervalo de confiança de 73,3% também na primeira
avaliação. No reteste todos os itens avaliados tiveram um intervalo maior que 85%”.
Para estabelecer o grau de confiança entre diferentes examinadores, 30 participantes ao acaso
foram selecionados e avaliados por um dos autores (Watson e Macdonncha) e por um assessor
experiente. A análise estatística de todos os itens avaliados demonstrou um alto índice de
confiança, superior a 90%. Esta pesquisa nos revela que o nível de confiabilidade para
avaliações posturais é bastante significativo (MOREIRA, 2014).
Em seguida serão apresentados alguns estudos de avaliações com o uso da fotogrametria
computadorizada, realizados na área de fisioterapia e que também demonstram a eficácia da
biofotogrametria, como meio de mensuração científica.
Iunes et al. (2005) realizaram um estudo pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, com
o objetivo de verificar a reprodutibilidade bem como a repetibilidade do método de avaliação
postural por meio da fotogrametria computadorizada. Para isto 21 indivíduos, com idade 24,2
± 1,3 anos de idade, foram fotografados em posição anterior, posterior, perfil e face. Para
realização destas fotografias foram demarcados sobre a pele pontos anatômicos que são
normalmente utilizados na avaliação postural tradicional. A partir destes pontos foram
analisados diferentes ângulos através do software ALCimagem® 2000. Para a análise
interexaminador as fotos foram avaliadas por três examinadores diferentes e os resultados
comparados. Para a análise intraexaminador as mesmas fotos foram avaliadas pelo mesmo
examinador em duas ocasiões diferentes com um mês de intervalo. Para a análise da
repetibitidade do método os voluntários foram fotografados duas vezes com intervalo de uma
semana e as fotos avaliadas pelo mesmo examinador. Para comparação dos resultados intra e
interexaminadores foram aplicados o coeficiente de correlação intraclasse. Os resultados
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revelaram que o método proposto apresenta significativa confiabilidade interexaminadores.
Dos ângulos estatisticamente confiáveis, alguns tiveram menor coeficiente de confiabilidade,
principalmente os ângulos do plano sagital referentes às curvaturas vertebrais, como lordose
cervical, cifose torácica e lordose lombar. Na avaliação intra-examinador só não apresentou
confiabilidade o ângulo da cifose torácica. Na repetibilidade do método somente o ângulo
inferior da escápula não apresentou confiabilidade. Portanto, pôde-se concluir que a
fotogrametria computadorizada sugere ser um método confiável para avaliação postural no
plano frontal anterior e posterior. Porém, para a análise no plano sagital necessita de mais
estudos para definir parâmetros de normalidade das curvaturas vertebrais.
Sacco et al. (2007) realizaram um estudo na Universidade de São Paulo - USP onde tiveram o
objetivo de verificar a confiabilidade paralela da fotogrametria computadorizada, utilizando
dois softwares: o CorelDraw® e o Software para Avaliação Postural - SAPO, em relação à
goniometria para quatro ângulos nos membros inferiores. Foram estudados 26 voluntários de
ambos os sexos, assintomáticos, com idade entre 18 e 45 anos, sem anisomelia de membros
inferiores maior que 1 cm. Foram mensurados os ângulos tíbio-társico (TT) de flexo/extensão
do joelho (flex/ext), ângulo Q (Q) e ângulo do retropé, inicialmente, com um goniômetro
manual e, posteriormente, pela fotogrametria digital por meio dos softwares Corel Draw v. 12
e SAPO v 0.63. Obtiveram-se os seguintes resultados: os ângulos TT (p = 0,9991), do retropé
(p = 0,2159) e de flexo/extensão do joelho (p = 0,402l não foram estatisticamente diferentes
entre os 3 métodos de avaliação. Já o ângulo Q foi significativamente entre a goniometria e os
dois softwares usados na fotogrametria (p = 0,0067), embora os valores obtidos pelos mesmos
não tenham diferido entre si (p = 0,9920), demonstrando que os resultados da fotogrametria
não foram influenciados pelos softwares utilizados, concluindo-se que, para os ângulos
avaliados em sujeitos jovens assintomáticos, a fotogrametria computadorizada é confiável
paralelamente à goniometria, exceto para o ângulo Q.
Braz et al. (2008) realizaram uma pesquisa na Universidade Católica de Brasília, com a
finalidade de verificar a confiabilidade inter e intraavaliador, bem como a validade de
medidas angulares através do Software para Avaliação Postural – SAPO v. 0.68. Foram
utilizadas 15 medidas angulares diferentes, obtidas por meio de goniômetros dispostos em um
painel. A imagem foi captada por uma máquina Sony de 7,2 megapixels a três metros de
distância, que permaneceu apoiada sobre um tripé. Posteriormente, três avaliadores (A, B e C)
experientes ao uso do SAPO analisaram, de forma cega, todos os ângulos, procedimentos que
se repetiram sete dias após a primeira avaliação para as análises de confiabilidade inter e
intra-avaliador. Nessas pesquisas, obtiveram-se os seguintes resultados: na confiabilidade
intra-avaliador não foram encontradas diferenças estatísticas, tanto para o avaliador A (p=
0,09) quanto para B (p = 0,77) e C (p = 0,3l) obtidas no teste t pareado, sendo que o avaliador
B apresentou menor variação média entre as medidas (p = 0,04). A confiabilidade
interavaliador de A-B (p =0,60), A-C (p =0,64) e B-C (p=0,83) também não foram
significativos para um p-valor < 0,05. O coeficiente de correlação intra-classe (ICC) foi de
0,99 para todas as análises. Na investigação da validade, o gráfico de Bland-Pdtman ratificou
a forte consistência entre os métodos, com diferença média igual a 0,004, levando a conclusão
de que o SAPO, juntamente com o método da fotogrametria se mostraram confiáveis e válidos
para mensurar valores angulares nos segmentos corporais.
Santos et al. (2011) realizaram um estudo pela Universidade do Vale do Paraíba, em São José
dos Campos/SP cujo objetivo foi verificar a confiabilidade inter e intraexaminadores na
quantificação das medidas angulares obtidas a partir da fotogrametria computadorizada e a
goniometria e determinar a confiabilidade paralela entre esses dois diferentes instrumentos de
avaliação 26 voluntários e 4 examinadores foram utilizados no estudo. A coleta foi realizada
em 4 etapas sequenciais: 1) demarcação dos pontos anatômicos de referência, 2) mensuração
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e registro dos valores goniométricos, 3) captação da imagem do voluntário com os
marcadores fixados no corpo e 4) avaliação do registro fotográfico no programa Imagem.
Nos estudos de Santos et al. (2011), obtiveram-se os seguintes resultados: o goniômetro é um
instrumento confiável na maioria das evidências, porém, a confiabilidade das medições
depende principalmente da uniformização dos procedimentos. Considerações metodológicas
relativas ao estabelecimento de confiabilidade e padronização da colocação dos marcadores se
fazem necessárias de modo a oferecer opções de avaliação ainda mais confiáveis para a
prática clínica. Como conclusão, os autores inferiram que ambos os instrumentos são
confiáveis e aceitáveis, porém, mais evidências ainda são necessárias para suportar a
utilização desses instrumentos, pois poucos pesquisadores têm utilizado o mesmo desenho de
estudo, e a comparação dos resultados entre eles muitas vezes são difíceis.
Carvalho et al. (2012) realizaram um estudo na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/SP
no ano de 2008, onde o objetivo era avaliar a confiabilidade intra e interexaminadores e a
reprodutibilidade da goniometria em relação à fotogramecria na mão, comparando os ângulos
da abdução de polegar, flexão da AIFP do II dedo e flexão da AMCF do V dedo. Participaram
deste estudo 30 voluntários, divididos em 3 grupos, um grupo de 10 estudantes de
Fisioterapia, outro por 10 fisioterapeutas e o terceiro com 10 terapeutas da mão. Cada
avaliador realizou as medidas no mesmo molde de mão, utilizando o goniômetro e em seguida
dois softwares de fotogrametria, o CorelDraw® e o ALCimagem®.
Os resultados das pesquisas de Carvalho et al. (2012) revelaram que os grupos e os métodos
propostos apresentam confiabilidade interexaminadores no geral classificada como excelente
(ICC 0,998, IC 95° 0,995 - 0,999). Na avaliação intraexaminadores, foi encontrado excelente
nível de confiabilidade entre os três grupos. Na comparação entre os grupos para cada ângulo
e cada método, observou-se que não houve diferença significativa entre os grupos para a
maioria das medidas.
Adentrando nas questões dos benefícios, vantagens e desvantagens da biofotogrametria na
Fisioterapia, segundo Ricieri (2005), a biofotogrametria computadorizada desenvolveu-se
pela aplicação dos princípios fotogramétricos às imagens fotográficas obtidas em movimentos
corporais. A essas imagens foram aplicadas bases de fotointerpretação, gerando uma nova
ferramenta de estudo da cinemática. De acordo com Miranda (2014), a fotointerpretação é
realizada através das regiões corporais como referências ósseas e articulares e suas relações
com os planos e eixos, e através dela, obtém-se o planejamento e construção de um mapa
planimétrico condizente com a realidade que se pretende refletir sobre o segmento corporal a
ser estudado. E nesse contexto, são muitas as oportunidades do uso da biofotogrametria na
área da Fisioterapia. Conforme já destacado anteriormente, para avaliações posturais
clássicas, por exemplo, os exames fisioterápicos eram realizados de maneira arcaica, sem
padronização, de difícil arquivamento do conteúdo absorvido, dificultando muito as condições
de comparação antes/depois da intervenção terapêutica.
Hoje, continua Miranda (2014), com a utilização da biofotogrametria as fotos são extraídas
através de métodos confiáveis, transportadas para computadores e trabalhadas por meio de
softwares específicos, onde se consegue com precisão a mensuração através dos cálculos dos
ângulos e distâncias entre segmentos corporais possibilitando uma avaliação postural com
dados sincronizados e quantificados sob um mesmo plano de estudo, em menor tempo e com
muito mais precisão. Atualmente, a Biofotogrametria exerce um poder de contribuição
bastante significativo na área da fisioterapia, seja no âmbito científico ou não científico,
especialmente associada ao ambiente clínico do profissional fisioterapeuta. Embora cada área
de atuação da fisioterapia se beneficie do método de acordo com as suas peculiaridades, em
seguida pontuam-se de maneira geral alguns dos vários benefícios:
- Melhoria da qualidade das avaliações dos indivíduos e postos de trabalho;
- Comprovações em laudos periciais;
10
- Avaliações diagnósticas precisas e mais confiáveis que o modo convencional;
- Avaliações posturais e cinesiológicas mais quantitativas cinemática;
- Captação de parâmetros pré e pós condutas terapêuticas (MIRANDA, 2014, p.78).
Em seguida apresenta-se um quadro com algumas das vantagens e desvantagens mediante o
uso da Biofotogrametria.
PARÂMETROS VANTAGENS DESVANTAGENS
Manuseio Depois de treinamento adequado, o
manuseio é simples e direto
Requer domínio de teorias e prática
instrumental em análise de imagens
Custo
Aplicável a outros setores de um
serviço de Fisioterapia
Não se constitui exatamente num
diferencial profissional
Reposição Fácil
Poder Diagnóstico
Ampara estabelecimento de
resultados de precisão
Não ampara estabelecimento de
resultados de precisão
Qualidade do Instrumento Validada para cada aplicação
específica
Não representa uma evidência forte
no controle diagnóstico ao paciente
Precisão do
Instrumento
Margem de erro calculada em + ou
– 1,3% pela não observação de
orientações referentes ao
posicionamento da câmera
Mau posicionamento dos
marcadores são a principal causa
da presença de erros de leitura
angular
Habilidade do Aferidor Possível de calcular a
confiabilidade intra e
interobservadores
Outros Armazenamento de imagens para
acompanhamento clínico de cada
paciente e revisão das medidas
Figura 1 – Quadro com Vantagens e Desvantagens da Biofotogrametria conforme Ricieri (2005).
Fonte: Compilado e adaptado por Miranda (2014, p. 79).
Dentre as vantagens da fotogrametria, Penha (2007) ainda destaca o fato desta permitir maior
cuidado e detalhamento na análise postural, propiciar boa nitidez das estruturas avaliadas, ser
precisa e quantificável. A fotogrametria ainda apresenta como vantagens: menor custo, maior
praticidade e menor risco à saúde pela não exposição à radiação, além de serem mais
apropriadas para realizar avaliações populacionais.
No entanto, a fotogrametria também apresenta suas limitações tais como a avaliação da
postura em um único instante e em um único plano. Harrison et al. (1996, apud Penha, 2007)
mostram, em seu estudo, a necessidade de avaliar os desvios posturais em diversos momentos
e, não apenas em um único registro fotográfico, devido ao deslocamento do indivíduo.
No que tange às áreas de atuação da Fisioterapia no contexto da avaliação de imagem através
da biofotogrametria, Miranda (2014) esclarece que, são várias as áreas de atuação da
Fisioterapia no contexto da avaliação de imagem através da biofotogrametria
computadorizada. Além disso, outras áreas se beneficiam da biofotogrametria, dentre as quais
se destacam: Ortopedia e Traumatologia; Articulação Temporomandibular – ATM e
Desordens Temporo-mandibulares - DTM e Dentística; Neurologia; Perícias Judiciais;
Avaliações Ergonômicas do Trabalho; Dermato-funcional; UTI com Fisioterapia Respiratória;
Geriatria com ganho e perda de amplitude de movimento - ADM, Academias, dentre várias
outras áreas, apontando uma infinidade de possibilidades.
Em seguida são demonstradas algumas das possibilidades de atuação da fotogrametria nas
áreas da Fisioterapia, iniciando com Fisioterapia do Trabalho, passando por nichos
terapêuticos e finalizando com biofotogrametria para fins periciais. Na área de fisioterapia do
trabalho, pode-se utilizar a biofotogrametria para aferição de distâncias entre prateleiras e
material do arquivo morto da empresa (figura 2) e para aferição de aspectos antropométricos
(figura 3) no posto de trabalho.
11
Figura 2 - Fotogrametria do espaço entre as prateleiras e material do “Arquivo Morto” da empresa.
Fonte: Miranda (2014, p. 114).
Figura 3 - Fotogrametria antropométrica aferindo a altura do mobiliário.
Fonte: Miranda (2014, p. 116).
Ainda no âmbito da área de fisioterapia do trabalho a biofotogrametria pode ser utilizada para
aferição antropométrica entre o centro do monitor e o campo de visão do trabalhador (figura
4), bem como da utilização da biofotogrametria angular para utilização da ferramenta Rapid
Upper Limb Assessment – RULA (figura 5).
Figura 4 – Fotogrametria da distância entre o monitor e o campo de visão.
Fonte: Miranda (2014, p. 115).
12
Figura 5 - Fotogrametria demonstrando o ângulo fotogramétrico em abdução do ombro direito.
Fonte: Miranda (2014, p. 115).
Em seguida demonstra-se a utilização da biofotogrametria clínica para acompanhamento
terapêutico (figuras 6 e 7) e para mensuração de desvios comparativos (figuras 8).
Figura 6 - Fotogrametria demonstrando assimetria antes da condição terapêutica.
Fonte: Miranda (2014, p. 115).
Figura 7 - Fotogrametria demonstrando redução de assimetria após 11 minutos
de Postura Cruzada Reeducação Postural Global - RPG.
Fonte: Miranda (2014, p. 117).
13
Figura 8 - Biofotogrametria mensurando o grau de desvio radial do punho direito.
Fonte: Miranda (2014, p. 118).
A seguir demonstra-se a utilização da biofotogrametria clínica para avaliação postural (figuras
9, 10 e 11).
Figura 9 - Avaliação biofotogramétrica angular para mensuração postural.
Fonte: Miranda (2014, p. 119).
Figura 10 – Ângulos utilizados na avaliação biofotogramétrica para mensuração postural.
Fonte: Santos et al. (2012, p. 168).
14
Figura 11 – Avaliação dos desvios posturais.
Fonte: PELEGRINI (2015, p.11).
Segundo Santos et al. (2012, p.167), para avaliação de alterações posturais, uma eficiente
alternativa está na utilização do Software de Avaliação Postural (SAPO). O SAPO consiste
“em um programa para computador gratuito que pode ser utilizado por profissionais da saúde
para a mensuração da posição, comprimento, ângulo e alinhamento, entre outras propriedades,
dos segmentos corporais de um indivíduo”.
No entanto, para isso, Santos et al. (2012, p.167), esclarecem que, “é necessário o registro de
fotografias do corpo inteiro nas vistas anterior, posterior e lateral direita e esquerda e com
marcação de pontos anatômicos específicos”. Dessa forma, “o software fornece uma série de
medidas objetivas e relevantes para a avaliação postural, além de ser possível medir distâncias
e ângulos de livre escolha do profissional”.
De acordo com Penha (2007), a fotogrametria pode ser usada para arquivar posturas e
verificar suas mudanças como resultado de um tratamento.
A seguir demonstra-se a utilização da biofotogrametria clínica para avaliação dos ângulos
“Valgo/Varo” (Q) (figura 12) e pós-cirúrgico de “Hállux Valgus” (Joanete) (figura 13).
Figura 12 – Avaliação biofotogramétrica clínica em pós-cirúrgico grave
de tornozelo com assimetria de MMII.
Fonte: Miranda (2014, p. 119).
15
Figura 13 - Biofotogrametria em Pós-cirúrgico de Hallux Valgus (Joanete).
Fonte: Miranda (2014, p. 120).
Em seguida demonstra-se a biofotogrametria na área de perícia judicial (figura 14).
Figura 14 - Biofotogrametria Pericial para comprovação de grau de capacidade funcional.
Fonte: Miranda (2014, p. 121).
Atualmente, a fotogrametria vem sendo utilizada como um valioso recurso diagnóstico para a
verificação e mensuração de alterações posturais e nas mais diversas áreas. No entanto,
Miranda (2014) esclarece que, em todas as áreas de aplicação da biofotogrametria, o sucesso
da avaliação biofotogramétrica torna-se de responsabilidade exclusiva do avaliador, uma vez
que é ele quem define e utiliza dos aspectos metodológicos necessários para a característica
da avaliação em questão. Importante salientar que vários estudos científicos revelaram que
grande parte dos insucessos nas avaliações biofotogramétricas foram por motivo de
desconhecimento da anatomia palpatória. Portanto, estudos prévios se fazem necessários, para
que o momento da marcação dos pontos anatômicos não se torne “nocivo” ao diagnóstico
final prejudicando todo o sistema de análise.
16
5. Conclusão
As considerações finais desse artigo está dividida em dois pontos básicos: o primeiro
relacionado ao balanço positivo dos objetivos alcançados, e o segundo com enfoque nas
recomendações, bem como nas possibilidades de avanços em alguns aspectos nos quais o
tema abordado ainda demanda pesquisas mais aprofundadas.
E ao se pesquisar sobre a biofotogrametria computadorizada como ferramenta da fisioterapia
na avaliação postural, observou-se que, as pesquisas precisam ser desenvolvidas a partir de
uma visão que contemple, de fato, a importância da biofotogrametria para o cotidiano da
fisioterapia, afinal, a precisão das medidas proporcionadas pela biofotogrametria no contexto
da análise cinemática estática ou dinâmica humana, tem sua base na localização precisa das
referências anatômicas a serem investigadas em associação com a sistematização na captação
das imagens.
No entanto, o que se percebeu na realidade, é que nem sempre as pesquisas desenvolvidas,
sejam elas com abordagens teóricas ou práticas, proporcionam uma visão ampla e dinâmica
biofotogrametria, não levando em consideração, que a biofotogrametria, assumiu grande
relevância no contexto da fisioterapia, haja vista que, a utilização dessa ferramenta leva a
bons resultados na avaliação postural e em outros segmentos corporais também, se
configurando como uma ferramenta fundamental para o diagnóstico, planejamento e
acompanhamento da evolução e dos resultados de um tratamento fisioterapêutico.
Nesse contexto, torna-se essencial que os fisioterapeutas, bem como outros profissionais da
área de saúde, que necessitam determinar valores angulares, levem em consideração os níveis
de confiabilidade da biofotogrametria no contexto da prática clínica. Além disso, tem-se a
expectativa de que os profissionais de saúde, dentre eles, os fisioterapeutas que trabalham
com quantificação angular sejam estimulados a utilização da biofotogrametria e sua respectiva
aplicação clínica da fotointerpretação.
Atualmente a biofotogrametria computadorizada apresenta-se como uma ferramenta eficaz e
confiável para a avaliação fisioterápica e como um dos recursos mais eficazes de diagnóstico
para avaliação corporal. Configura-se ainda como uma ferramenta importante para o
diagnóstico e futuros planos de tratamentos, sendo possível visualizar uma evolução positiva
do tratamento fisioterapêutico.
Para a fisioterapia esta ferramenta se mostra importante e útil para a avaliação postural, e para
se detectar possíveis limitações corporais e ainda de um membro com limitações de amplitude
de movimento - ADM, por exemplo, sendo possível elaborar o tratamento mais eficaz e
saudável.
Estudos vêm demonstrando a eficácia e resultados satisfatórios alcançados pela
biofotogrametria, de modo particular por se tratar de uma ferramenta de baixo custo,
facilidade no método de avaliação e facilidade da armazenagem dos dados de evolução para
os avaliadores, que podem manter tudo registrado através de um arquivo no computador.
Trata-se de uma excelente técnica para diversos segmentos do corpo humano, porém
apresenta algumas limitações em determinadas segmentos, em decorrência da massa corporal
do indivíduo.
A literatura revela que a biofotogrametria é um método que apresenta confiabilidade para
utilização tanto intra como interexaminadores, além de ser uma técnica confiável também nos
valores de teste e reteste, o que a habilita para ser usada na prática pelos fisioterapeutas que
desejam avaliar a postura de um ou até um grupo de indivíduos.
Nesse cenário, sugere-se ainda para estudos futuros a validação da repetibilidade do método
de biofotogrametria, para que este possa ser utilizado para acompanhar o desenvolvimento
postural ao longo de um período de tempo, haja vista que, desta maneira, haverá a ainda a
possibilidade de contribuir para outros segmentos corporais, favorecendo a identificação dos
17
mecanismos compensatórios, o que pode possibilitar uma intervenção de prevenção no que se
refere à correção postural e melhora do nível de flexibilidade.
Embora ainda existam algumas controvérsias, a biofotogrametria é capaz de fornecer dados
válidos e reprodutíveis na avaliação postural, quando os métodos de aplicação forem seguidos
de forma rigorosa, e quanto à melhor forma de avaliar alguns segmentos. Logo, na área de
fisioterapia ainda existe muitos pontos a serem abordados em novas pesquisas, para que exista
um consenso e uma comunicação compreensiva entre os profissionais da saúde que trabalham
na área. A biofotogrametria é confiável e aceitável na avaliação postural e de outros
segmentos corporais, porém, mais pesquisas ainda são necessárias para comprovar a
utilização eficaz dessa ferramenta, inclusive comparando-a com outras técnicas.
A complexidade do tema abordado revela a principal limitação desse estudo, portanto,
recomendam-se outros estudos no sentido de agregar o conhecimento sobre a
biofotogrametria computadorizada como ferramenta da fisioterapia na avaliação postural, bem
como os desdobramentos relacionados à sua aplicabilidade, representando um campo fértil
para futuras pesquisas na área de Fisioterapia, Ortopedia e Traumatologia com ênfase em
Terapia Manual. É importante ainda ressaltar que pesquisas futuras devam investigar a
biofotogrametria como ferramenta da fisioterapia na avaliação postural e em outros segmentos
corporais para que se confirmem os resultados advindos do presente estudo.
6. Referências
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