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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁCURSO DE ESPECIALIZAÇÃO GESTÃO DO CUIDADO EM SAÚDE DA FAMÍLIA
ROXANNE AMIGO DE LA ROSA
IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO AO USUÁRIO COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE MAPIRI, MUNICÍPIO SANTAREM - PARÁ
SANTARÉM / PARÁ2018
ROXANNE AMIGO DE LA ROSA
IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO AO USUÁRIO COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE MAPIRI, MUNICÍPIO SANTAREM - PARÁ
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização Gestão do Cuidado em Saúde da Família, Universidade Federal do Pará, para Obtenção do Certificado de Especialista.
Orientador(a): Mestre Luciana de Paiva Rêgo
SANTARÉM / PARÁ2018
ROXANNE AMIGO DE LA ROSA
IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO AO USUÁRIO COM HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÉMICA E DIABETES MELLITUS NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE MAPIRI, MUNICÍPIO SANTAREM - PARÁ
Banca examinadora
Professor (a). Mestre Luciana de Paiva Rêgo – Universidade Federal do Pará
(UFPA)
Professor (a) Nome - Instituição
Aprovado em Belém, em-------de--------de 2018.
DEDICATORIA
A minha família por todos os valores que me impulsionaram
para ser uma pessoa melhor e por seu apoio incondicional.
Ao meu esposo por todo o amor e compreensão.
Aos meus pais por permitir-me formar como profissional.
Ao Brasil por dar-me a oportunidade de estar aqui.
A todas essas pessoas que fizeram possível que eu chegasse
até aqui.
Obrigada.
AGRADECIMENTOS
A todos meus companheiros de trabalho, em especial ao Dr: Felipe Grasset Cervino
por sua dedicação; ao meu esposo e minha tutora. A todos, muito obrigado.
RESUMO
A hipertensão arterial sistêmica e a diabetes mellitus são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A prevalência da hipertensão no Brasil varia entre 22% a 44% em adultos, atingindo, em média de 32 em cada 100 indivíduos. Já a diabetes mellitus é uma doença crônica, tendo aproximadamente 387 milhões da população mundial com a doença e se estima que alcance 471 milhões em 2035. O número de diabéticos está aumentando em virtude do crescimento e do envelhecimento populacional, da maior urbanização, da progressiva prevalência de obesidade e sedentarismo, bem como da maior sobrevida de pacientes com DM. Os desafios de controle e prevenção da hipertensão arterial e a diabetes mellitus e suas complicações são, sobretudo, das equipes de Atenção Básica. Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo propor um plano de intervenção para melhorar a atenção à saúde aos usuários com hipertensão e diabetes mellitus pertencentes à área de abrangência da Unidade Básica de Saúde Mapiri, Município Santarém, estado do Pará. O foco da intervenção foi escolhido após a realização de uma análise situacional da unidade de saúde com o objetivo de identificar a ação programática mais deficitária. No projeto de intervenção foram feitos alguns passos como descrição do problema selecionado, explicação do problema, seleção dos nós críticos e desenho das operações. Também foi realizada uma revisão bibliográfica sobre Estratégia de Saúde da Família, Atenção Primaria de Saúde, Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus. Com o projeto de intervenção visamos conseguir diminuir a morbimortalidade por Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus por meio de atividade de prevenção e promoção em saúde.
Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde. Diabetes Mellitus. Hipertensão Arterial. Estratégia Saúde da Família. Santarém.
ABSTRACT
Hypertension is a serious public health problem in Brazil and in the world. Prevalence in Brazil varies between 22% to 44% in adults, reaching an average of 32 in every 100 individuals. Diabetes improvement is a chronic disease that is currently estimated to be the world`s population with diabetes in the order of 387 million that reaches 471 million in 2035. The number of diabetics is increasing due to population growth and aging, greater urbanization, the progressive prevalence of obesity and sedentary lifestyle, as well as the greater survival of patients with DM. thr challenges of control and prevention of arterial hypertension and diabetes mellitus are its complications, above all, of the primary care teams. Therefore, the present study aims to propose and intervention plan to improve health care for users with hypertension and diabetes mellitus belonging to the area of basic unit coverage Mapiri, Municipality of Santarem state of Pará. The focus of the intervention is chosen after conducting a situational analysis of health facility to identify programmatic action more deficit. In the project of intervention were made some steps as a description of de problem, selection of the critical critics and design of the operations. A review of the Family Health Strategy, Primary Health Care, Arterial Hypertension and Diabetes Mellitus was also carried out. With de intervention project, we aimed to reduce morbidity and mortality due to arterial hypertension and diabetes mellitus through prevention and health promotion activities
Keywords: Primary health care. Diabetes mellitus. Hypertension, Family Health Strategy. Santarém.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1. Classificação de prioridade para os problemas identificados no
diagnóstico da comunidade adscrito à equipe de saúde Mapiri, Unidade Básica de
saúde Mapiri, município de Santarém, estado do Pará. 17
Quadro 2. Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de diabetes
mellitus e seus estágios pré-clínicos 26
Quadro 3. Grupo de pacientes com Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus
compensados, descompensados e com sequelas da UBS Mapiri. 28
Quadro 4. Operações sobre o “nó critico 1” relacionado ao problema “elevada
prevalência de pacientes hipertensos e diabéticos na UBS Mapiri”, na população sob
responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Mapiri, município de Santarém,
estado do Pará.......................................................................................................... 29
Quadro 5. Operações sobre o “nó crítico 2” relacionado ao problema sobre: Hábitos
e estilos de vidas inadequados na população sob responsabilidade da Equipe de
Saúde da Família Mapiri, do município de Santarém, estado do Pará. 32
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 101.1. Aspectos gerais do município 10
1.2. Aspectos da Comunidade 11
1.3. O sistema municipal de saúde 11
1.4. A Unidade Básica de Saúde Mapiri 13
1.5. Equipe de Saúde da família Mapiri, da Unidade Básica de Saúde Mapiri 14
1.6. O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe Mapiri 14
1.7. O dia a dia da equipe 15
1.8. Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade (primeiro
passo) 16
1.9. P Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de
intervenção (segundo plano) 16
2. JUSTIFICATIVA 183. OBJETIVO 193.1. Objetivo geral 19
3.2. Objetivo específicos 19
4. METODOLOGIA 205. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 225.1. Estratégia Saúde da Família 22
5.2. Atenção primaria de saúde 23
5.3. Hipertensão 25
5.4. Diabetes Mellitus 25
6. PLANO DE INTERVENÇÃO 276.1. Descrição do problema selecionado (terceiro passo) 27
6.2. Explicação do problema (quarto passo) 28
6.3. Seleção dos nós críticos (quinto passo 29
6.4. Desenho das operações (sexto passo) 29
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 34REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 35
11
1. INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos gerais do município
Santarém é uma cidade do estado de Pará e se encontra situada na
confluência dos rios Tapajós e Amazonas, localizada a cerca de 800 km das
metrópoles da Amazônia. Foi fundada o 22 de junho de 1661, constituindo assim
uma das cidades mais antigas da região da Amazônia e culturalmente uma das
cidades mais significativas do Pará, ostentando um Produto Interno Bruto (PIB) de
R$ 3,9 bilhões, sendo o sétimo município com maior PIB do estado (GOVERNO DO
ESTADO DO PARÁ, 2015).
Possui aproximadamente 294.620 habitantes, destes 145.533 são homens e
149.087 são mulheres. Com relação a faixa etária, 29.114 têm menos de cinco anos
e 28.620 têm mais de 60 anos de idade. A maior parte da população reside na zona
urbana, correspondendo a 215.790 habitantes e 78.790 residem na zona rural. A
expectativa de vida ao nascer é de 78,6 para mulheres e de 71,3 para homens
(IBGE, 2010).
Com relação a escolaridade, Santarém ainda apresenta cerca de 6,78% de
pessoas analfabetas. Segundo informações do IBGE (2010), temos um total de
234.565 pessoas vinculadas às escolas, o que representa 79,6% do total da
população. Desse total temos 117.476 de pessoas analfabetas e com ensino
fundamental incompleto (50%); 47.970 com fundamental completo e ensino médio
incompleto (20,4%); 56.901 com ensino médio completo e superior incompleto
(24,2%); 11.025 com superior completo (4,7%) e 1.193 não determinadas (0,5%).
As principais alternativas de lazer são praias, chácaras, shopping e praças.
Quanto à economia, é baseada principalmente da agricultura, comércio e
serviços. O município tem 8,84% de desempregados (IBGE, 2010). A maior empresa
da cidade é Simões Duarte LTDA, que trabalha no ramo de supermercados e tem
750 funcionários.
O retorno de imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) ao
município é de R$41.919.588,44 por ano, e deste total, 15% são destinados para à
saúde (IBGE, 2010).
12
1.2. Aspectos da comunidade
Mapiri é um bairro que fica na zona urbana onde moram cerca de 3.508
habitantes. O acesso da comunidade se da por meios de transporte como ônibus,
moto-táxi e táxis.
O analfabetismo é elevado sobre todo na população idosa. Na comunidade
existem 2 escolas, 1 de ensino médio e 1 de ensino fundamental.
A maioria das casas são de tijolo, em condições estruturais e sanitárias
precárias, segundo o portal G1 (2017), a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) no
bairro Mapiri tem despejado a água nos lagos. A enxurrada e o lixo deixado por
banhistas são outros problemas apontados por eles. Com relação aos serviços
sanitários, na comunidade a coleta de lixo é feita 3 vezes por semana.
A população conserva hábitos e costumes próprios da população urbana
brasileira e gosta de comemorar festas religiosas.
Como apoio social, apresenta 4 igrejas (evangélicas e católicas) além disso
tem esgoto sanitário e algumas ruas tem asfaltos.
1.3 O sistema municipal de saúde
O município de Santarém conta com um sistema de saúde organizado com
Unidade Básica de Saúde, Estratégia de Saúde da Família (ESF), Hospital Municipal
e Regional, Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e outras instituições que
serão citadas a seguir, que visam atender de maneira integrada à população de
Santarém.
O município também conta com um Conselho Municipal de Saúde (CMS) que
se reúne com frequência, é atuante nos planejamentos das ações de saúde,
prestação de contas e nas realizações das conferências de saúde que acontecem
no município bienalmente.
O CMS foi instituído em 8 de julho de 1992 e tem como presidente Junior
Aguiar Azevedo, tendo atualmente 16 membros titulares, sendo 08 usuários, 04
representantes dos trabalhadores em saúde, não tem dos prestadores de serviço e
04 dos gestores (PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTARÉM, 2015).
O sistema municipal de saúde em Santarém está formado por 2.595
funcionários da secretaria municipal de saúde. Deles 637 são Agentes Comunitários
de Saúde (ACS), 108 Agentes de Combate a Endemias e 123 enfermeiros.
13
Contamos também com 27 equipes de saúde bucal (PREFEITURA MUNICIPAL DE
SANTARÉM, 2015).
No município ainda há centro de referência de saúde da criança, centro de
referência de saúde da mulher, centro de referência de saúde do idoso, centro de
controle de zoonose, centro de atenção psicossocial álcool e drogas 24H, centro
auditivo, centro de referência em saúde do trabalhador, centro de atenção
psicossocial ll, hemocentro, unidade de referência especializada e uma sala de
hemodiálise. Há 9 ambulâncias do serviço de atendimento móvel de urgência
(samu), uma de suporte avançado e 3 de suporte básico, além de 5 ambulâncias
para o traslado dos pacientes das comunidades ribeirinhas.
Em relação à estrutura física que compõe a rede de serviços de saúde, o
município possui estabelecimentos da gestão pública e do setor privado (conveniado
ou não com o Sistema Único de Saúde). O município concentra a maior oferta de
serviços de média complexidade e é o único a ofertar serviços de alta complexidade
no Oeste do Pará, como: oncologia, neurocirurgia, hemodiálise, radiodiagnóstico,
entre outros (PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTARÉM, 2015).
O município tem o hospital municipal com 199 leitos e um hospital Regional
com 144 leitos. O hospital municipal possui uma sala de urgência e emergência,
reanimação, enfermaria masculina, enfermaria feminina e enfermaria pediátrica,
onde se faz exames simples; os de tecnologia avançada são feitos pelo convenio de
saúde. Estão sendo feitas consultas agendadas pelo cardiologista, psiquiatria e
ortopedista uma vez ao mês (PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTARÉM, 2016).
As causas de internação mais frequentes são traumatismos e doenças do
aparelho circulatório Quanto às causas de óbitos, as três mais frequentes são
traumatismos, doenças do sistema circulatório e doença pulmonar obstrutiva
crônica. Entre as mulheres, a principal causa de óbito foi o câncer de mama e
câncer do colo do útero e entre os homens os traumatismos (IBGE, 2010).
A atenção de urgência e emergência é feita nos postos de saúde, onde os
doentes recebem as primeiras atenções para logo serem encaminhados aos
hospitais de referência.
Ainda existem algumas dificuldades com relação à realização de exame de
alta complexidade como Tomografia Axial Computorizada e Ressonância Magnética
Nuclear, além disso, existem dificuldades principalmente no sistema de referência e
contra referência já que após ser feito o encaminhamento ao nível secundário de
14
saúde os pacientes voltam até as unidades básicas de saúde sem contra referência,
o que dificulta um adequado acompanhamento médico, tema que tem sido tratado nas reuniões do conselho de saúde. Também há deficiência de medicamentos e
insumos médicos provocando insatisfação no grupo de pacientes.Com relação aos medicamentos, existe uma padronização dos medicamentos
da assistência farmacêutica básica, porém vários outros medicamentos são
adquiridos com recursos do Tesouro Municipal para suprir a demanda da população.
Existe uma regularidade na distribuição dos medicamentos de uso continuo para os
portadores de patologias crônicas todos os meses.
Temos três equipes do NASF que dispõem de serviço de fisioterapia,
nutrição, assistência social e atenção psicológica. Agora está em projeto a criação
do novo Núcleo de Apoio de Saúde da Família.
Apesar de extremadamente importantes, promoção de saúde, vigilância em
saúde e prevenção de doenças acabam ficando no segundo plano no cotidiano dos
serviços de saúde, mas é preciso avançar na construção do SUS garantindo os
recursos materiais e humanos necessários. Na promoção de saúde temos algumas
ações exitosas como grupos Hiperdia e Operativos, Puericultura, Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional e posteriormente a adesão ao programa de saúde
na escola.
1.4 A Unidade Básica de Saúde Mapiri
A Unidade Básica de Saúde (UBS) de Mapiri foi inaugurada no dia 12 de
dezembro de 1996, e fica localizada na travessa Presidente Keneddy, no bairro de
Mapiri.
A UBS de Mapiri tem boas condições estruturais, com um lugar adequado
para fazer o acolhimento e triagem dos usuários, também possui 2 consultórios
médicos, 1 consultório para consulta de enfermagem, 1 sala de curativo, 1 sala de
vacinação e 1 sala onde é feita a produção da unidade.
Embora a sua localização não seja muito boa, porque as ruas não têm asfalto
e são pouco iluminadas, são feitas reuniões mensais e algumas atividades de grupo
em um terreno localizado na parte de trás do posto. A mesma não está bem
equipada, para fazer atendimento de urgência-emergência já que não temos bala de
oxigênio, aparelho para fazer eletrocardiograma e faltam medicamentos e insumos
médicos necessários no tratamento das urgências e emergências.
15
1.5 A Equipe de Saúde da Família Mapiri, da Unidade Básica de Saúde Mapiri
A equipe está formada por um total de 15 trabalhadores, compostas por 1
médico, 2 enfermeiras, 2 técnicas de enfermagem, 6 ACS, 1 administrativo, 1
odontólogo, 1 técnica de saúde bucal e 2 vigias.
Com relação aos determinantes de saúde, a população apresenta inadequado
estilo de vida já que a maioria não tem uma boa alimentação. Se alimentam com
muita gordura e sal o que favorece à elevada prevalência e incidência de doenças
crônicas não transmissíveis e complicações associadas, como hipertensão arterial,
diabetes mellitus, doenças cerebrovasculares e insuficiência renal. Além disso, são
poucos os pacientes que praticam atividade física. Nos grupos de hiperdia são
realizadas palestras relacionadas com alimentação saudável e a importância da
prática de atividades físicas.
Alguns pacientes jogam lixo na rua, sendo fator de risco para o aumento de
doenças infecciosas como leptospirose e dengue. Em nossas reuniões mensais
foram elaboradas estratégias para identificar alguns problemas de saúde que podem
provocar a pouca higiene nas casas e ruas, preparando os ACS na identificação de
sintomas e sinais de algumas doenças infecciosas, para que sejam tomadas as
devidas providências.
Quanto aos serviços de saúde não temos NASF na comunidade, quando
necessário é feito referência às unidades que tem. Temos como dificuldade os
pacientes que são referidos tardiamente para receber atendimento.
1.6. O funcionamento da Unidade de Saúde da Equipe Mapiri
O trabalho da equipe é bem direcionado e atende aos princípios do SUS,
existindo bom relacionamento entre os membros e boa participação nas atividades
planejadas, tanto individuais quanto coletivas.
Na unidade se faz avaliação às gestantes, crianças e adultos com doenças
crônicas não transmissíveis e transmissíveis. As gestantes com risco elevado são
referidas para atendimento diferenciado na casa da mulher pelo especialista em
ginecologia. Após serem avaliadas pelo ginecologista se realiza acompanhamento
pelo médico da atenção primaria em parceria com o especialista. As crianças de
risco são avaliadas pelo pediatra na casa da criança.
Os pacientes com doenças crônicas que precisam de atendimento por
especialista são encaminhados, porém as consultas para avaliação tardam muito e
16
normalmente se consegue atender alguns pacientes de doenças crônicas na
unidade. Nos casos de pacientes com doenças infecciosas, estes são avaliados
rapidamente pelo médico da unidade e infectologista.
A equipe garante um adequado tratamento e ajuda na supervisão dos
mesmos.
1.7 O dia a dia da equipe Mapiri
A unidade de saúde de Mapiri funciona de 07 horas às 17 horas, de segunda
a sexta feira. Todos os membros da equipe tem sua função determinada, fazendo
cumprimento da mesma a cada dia, além disso, todos recebem ao usuário, realizam
os atendimentos de acordo com as necessidades dos pacientes.
Nesta unidade o atendimento é feito através de consultas agendadas e
demandas espontâneas. O total dos pacientes agendados são 12 pela manhã e 12
pela tarde. As consultas por demandas espontâneas são geralmente 5 pacientes
pela manhã e 5 pela tarde, que incluem pacientes com febre, diarreia, crianças com
vômitos entre outros. Na equipe de saúde se é feito reunião uma vez ao mês.
Quando o paciente chega à unidade é acolhido pela enfermeira e técnicas de
enfermagem as quais realizam a triagem, escrevem no prontuário as medidas
antropométricas e realizam medição da pressão, o que favorece o adequado
atendimento médico. As consultas médicas são feitas com boa qualidade,
orientando aos pacientes sobre as principais hipótese diagnósticas, tratamentos
médicos adequados e exames laboratoriais necessários, além disso se fala sobre a
importância do retorno para reavaliação.
As consultas médicas são feitas segunda, quarta e quinta no horário da
manhã e da tarde. A sexta-feira a médica da unidade se dedica ao curso de
Especialização de Saúde da Família.
As consultas de enfermagem são feitas de segunda até quinta, nos casos de
dúvidas pela enfermeira relacionada a algum paciente é feita a avaliação pela
médica, além das consultas programadas nesse dia.
As visitas domiciliares são realizadas na terça pela médica, enfermeira,
técnica de enfermagem e ACS, aos casos prioritários onde os pacientes e
cuidadores recebem orientações sobre medidas de prevenção relacionadas com as
doenças.
17
Os grupões são feitos 2 vezes no mês pela manhã geralmente as quintas
feiras, onde são feitas palestras relacionados a diversos temas para melhorar a
qualidade de vida dos pacientes além disso são renovadas as receitas médicas.
1.8 Estimativa rápida: problemas de saúde do território e da comunidade (primeiro
passo)
Para a realização do diagnóstico de saúde foi utilizado o método de estimativa
rápida com o objetivo de identificar os principais problemas de saúde da área de
abrangência.
Os principais problemas detectados foram:
- Elevada prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como
hipertensão arterial e diabetes mellitus;
- Alta incidência de Infeções respiratórias agudas;
- Elevada prevalência de idosos com transtornos mentais.
1.9 Priorização dos problemas – a seleção do problema para plano de intervenção
(segundo passo)
A seleção dos problemas para o plano de intervenção leva em consideração
critérios como importância do problema, sua urgência e capacidade de intervenção.
O quadro a seguir mostra a classificação de prioridades para os problemas.
18
Quadro 1 - Classificação de prioridade para os problemas identificados no diagnóstico da adscrita à equipe de Saúde de Mapiri, Unidade Básica de Saúde Mapiri, município de Santarém, estado do Pará.
Problemas Importância* Urgência** Capacidade de
enfrentamento**
*
Seleção/
Priorização***
*
Elevada
prevalência
de pacientes
com
hipertensão
arterial e
diabetes
mellitus
Alta 15 Parcial 1
Alta
incidência de
Infeções
respiratórias
agudas.
Alta 10 Parcial 2
Elevada
prevalência
de idosos
com
transtornos
mentais.
Alta 5 Parcial 3
*Alta, média ou baixa** Total dos pontos distribuídos até o máximo de 30***Total, parcial ou fora****Ordenar considerando os três itens
19
2 JUSTIFICATIVA
O Diabetes Mellitus (DM) e a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) são
consideras doenças crônicas com uma grande morbimortalidade e responsáveis por
hospitalizações no SUS, representando, ainda, mais da metade do diagnóstico
primário em pessoas com insuficiência renal crônica e acidente cerebrovascular
submetida à diálise (MALTA, 2017).
No Brasil, HA atinge 32,5% (36 milhões) de indivíduos adultos, mais de 60%
dos idosos, contribuindo direta ou indiretamente para 50% das mortes por doença
cardiovascular (DCV).7 Junto com DM, suas complicações (cardíacas, renais e AVE)
têm impacto elevado na perda da produtividade do trabalho e da renda familiar,
estimada em US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2015( MALACHIAS, 2016).
Na comunidade de Mapiri se tem uma elevada prevalência de pacientes
hipertensos e diabéticos. Os pacientes identificados com estas doenças na UBS de
Mapiri apresentam inadequados hábitos alimentares, com elevado consumo de sal e
gordura; não praticam atividade física e apresentam irregularidade no tratamento
médico. Além disso, muitos pacientes são idosos, que não se lembram de tomar sua
medicação.
Na análise situacional verificou-se que na maioria dos casos os portadores
de DM e HAS não eram sintomáticos, não havia procura pelos serviços de saúde e a
doença não estava controlada, uma vez que a maioria dos hipertensos e diabéticos
não procura a consulta de forma regular e não realizam o tratamento adequado.
Esse fato pode ser justificado pela falta de motivação ou de recursos financeiros
próprios.
Mesmo sendo realizado pela equipe grupos de hiperdia e visitas
domiciliares, onde são feitas orientações aos cuidadores e aos pacientes sobre os
horários das medicações e alimentos que devem consumir de maneira regular, esse
índice continua elevado na unidade, fato este que incentivou a realização deste
projeto, a fim de mais uma vez, propor ações variadas que atraiam e estimulem os
pacientes a adotarem hábitos mais saudáveis e aderirem corretamente ao
tratamento, evitando as consequências da doença e até mesmo diminuir o
surgimento de novos casos.
20
3 OBJETIVOS
3.1Objetivo Geral
Propor o plano de intervenção para pacientes com hipertensão arterial e
diabetes mellitus a fim de garantir uma melhor qualidade de vida aos mesmos.
3.2Objetivos Específicos
- Verificar o nível de conhecimento da população a respeito da HAS e DM;
- Identificar os principais fatores de risco na população com HAS e DM como idade,
histórico familiar de hipertensão arterial e diabetes mellitus e hábitos e estilos de
vida;
- Identificar pacientes com HAS e DM que tenham regularidade no tratamento e
assistência às consultas médicas.
21
4 METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de intervenção, onde foi utilizado o Planejamento
Estratégico Situacional para estimativa rápida dos problemas observados e definição
do problema prioritário, dos nós críticos e das ações.
O cenário da intervenção compreende a UBS Mapiri, do município de
Santarém-Pará. A população da intervenção será constituída pelos usuários a partir
de 18 anos, cadastrados como hipertensos e diabéticos aptos físico e mentalmente,
pertencentes à área de abrangência da UBS Mapiri.
Para a detecção dos pacientes com HAS e DM, serão utilizados os
prontuários médicos e perfil da unidade. Serão identificados quais dos pacientes
apresentam histórico familiar das doenças, que medicamentos tomam e seus
horários, nos casos de pacientes diabéticos serão feitos teste de glicemia e serão
coletadas cifras antigas de glicemia descrita no prontuário. Vai ser feita uma coleta
de dados usando os prontuários médico.
Para realizar o plano de intervenção, primeiramente foi identificado o
diagnóstico situacional da área de abrangência da unidade determinando o
problema prioritário. A partir da seleção do problema prioritário adotou-se como guia
os Cadernos de Atenção Básica, diretrizes sobre DM e HAS. Ambas publicações
estão disponíveis na UBS. Tal guia será dotado como protocolo que regerá nossas
ações para melhorar a atenção e qualidade de vida dos usuários hipertensos e/ou
diabéticos. O conteúdo educativo vai ser repassado através de palestras, exibição
de vídeos, distribuição de panfletos informativos. Será destinado um espaço, ao final
de cada encontro, para que os pacientes tirem suas dúvidas e assim possam discuti-
las juntamente com os profissionais envolvidos.
A equipe realizou uma revisão em todos os prontuários dos pacientes
cadastrados, a fim de conhecer os principais fatores de risco, sendo classificados
em quatro grupos: saudável, em situação de risco, enfermos e usuários com
sequelas. Também serão identificados os dados pessoais de cada usuário, sua
história pessoal e familiar, estado vacinal, funcionamento familiar, as condições
higiênicas e epidemiológicas das famílias, os faltosos à consulta.
A equipe de saúde recebeu um treinamento sobre metodologias de educação
em saúde; práticas de alimentação saudável; prática de atividade física regular;
22
verificação da pressão arterial de forma criteriosa, incluindo: uso adequado do
manguito; realização do hemoglico teste; registro adequado dos procedimentos
clínicos em todas as consultas, peso, altura, índice de massa corporal e pressão.
Durante as consultas médicas, de enfermagem, visitas domiciliares e ações
de educação em saúde, será divulgado os objetivos da intervenção, onde será feito
a coleta de informações sobre o acompanhamento dos usuários hipertensos e/ou
diabéticos.
Também será feito, pelo médico e enfermeiro, um encontro mensal durante
três meses com 01 hora de duração na unidade básica de saúde. As atividades
educativas vão ser realizadas mensalmente na sala de espera para as consultas do
HIPERDIA, e durante as visitas domiciliares para hipertensos acamados que não
podem se dirigir até o posto de saúde.
Ao finalizar o trabalho, os resultados serão avaliados através de entrevistas,
verificando os conhecimentos adquiridos e as mudanças de estilo de vida, para
prevenção das complicações oriundas da HAS e DM. O projeto será avaliado pelo
autor do projeto e equipe de saúde responsável pelas atividades executadas
frequentemente. O gestor municipal de saúde será informado sobre os dados para
analisar, avaliar e sugerir mudanças, caso se faça necessário, após a realização das
atividades propostas.
23
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5.1. Estratégia de Saúde da Família
“A Estratégia Saúde da Família (ESF) representa uma alternativa significativa
e estruturante para a política de saúde brasileira” (SORATTO, 2015, p. 585).
A Saúde da Família foi criada pelo Ministério da Saúde com o objetivo de
consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS) que tem como base os princípios de
acesso, tais como a equidade, integralidade e universalidade e, também, princípios
organizativos como a descentralização, participação da comunidade e
regionalização (MOTTA, 2014).
A equipe de saúde da família (ESF) é responsável pelo acompanhamento de
um número definido de famílias, localizadas numa área geográfica delimitada. As
equipes de saúde são responsáveis de ações de prevenção e promoção em saúde.
Além disso as equipes de saúde devem acompanhar às famílias no processo saúde
–doença e garantir melhorar a qualidade de vida dos pacientes (MOTTA, 2014).
A criação das estratégias de saúde no Brasil tem um impacto positivo sobre
os indicadores de saúde principalmente mortalidade materna e fetal, além disso, se
vem observando uma diminuição na gravidez na adolescência. Identifica-se
precocemente os fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis e atua-se
diretamente sobre eles para modificar o estilo de vida e evitar a morbimortalidade e
complicações. Também são identificadas e tratadas doenças transmissíveis
(BRASIL, 2013).
Com a criação das equipes de Agentes Comunitários de Saúde se logrou
fortalecer os vínculos entre os serviços de saúde e a população. Os agentes são
responsáveis pelo acompanhamento de pequenas áreas dentro do território da
unidade de saúde. Eles encontram-se identificados com a população e contribuem
nas atividade de prevenção e promoção em saúde (BRASIL, 2013).
Nas estratégias de saúde da família se realizam assistência integral e com
qualidade aos pacientes e estimula a organização da comunidade para o efetivo
exercício do controle social.
Dentro das diretrizes operacionais da ESF temos: caráter substitutivo;
complementaridade e hierarquização adscrição de clientela; instalação das unidades
24
de Saúde da Família, visitas domiciliares; cadastramento, composição das equipes e
atribuições das equipes (BRASIL, 2013).
5.2. Atenção Primaria de Saúde
Atenção Primaria de Saúde (APS) caracteriza-se por um conjunto de ações
de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da
saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento e reabilitação
(OLIVEIRA, 2013).
A Atenção Primaria de Saúde é considerada uma parte essencial do sistema
sanitário. É a porta de entrada onde os pacientes tem o primeiro contato com os
serviços de saúde. A atenção Primaria é uma assistência essencial com base em
métodos e tecnologias praticas onde pacientes, famílias e comunidades são tratados
de maneira integral. É parte integral do sistema de saúde levando o mais perto
possível a saúde onde moram e trabalham as pessoas (VILAÇA, 2015).
A Atenção Primaria de Saúde aborda os problemas das pessoas tendo em
conta os componentes biológicos, psicológicos e sociais como parte do processo
saúde doença, o processo de atenção à saúde são previamente coordenado
realizando ações de prevenção e promoção, diagnostico, tratamento, reabilitação e
analise do entorno social. As atividade são feitas ao longo da vida dos pacientes em
diferentes lugares onde eles moram e trabalham. As atividades são realizadas pelos
profissionais da saúde detectando e tratando precocemente as doenças (VILAÇA,
2015).
O trabalho na atenção primaria de saúde aborda os principais problemas dos
indivíduos, famílias e comunidade, além disso, são organizadas atividades de
prevenção e promoção em saúde para melhora a saúde e o bem- estar da
população também se estabelecem diagnósticos, cura e reabilitação dos pacientes.
Segundo Brasil (2013), os princípios ordenadores da APS são:
- Primeiro Contato e/o Acessibilidade: acessibilidade e uso de serviços de saúde
pelos usuários na ocorrência de problema de saúde independentes de um problema
novo, existente ou inexistente.
- Longitudinalidade: acompanhamento dos cuidados prestados pela equipe, de
forma regular e consistente ao longo do tempo, num ambiente de relação mútua e
humanizada entre equipe de saúde, indivíduos e famílias, ou seja, estabelecendo
vínculo e relações implicadas.
25
- Integralidade: implica na prestação de um conjunto de serviços que atendam às
necessidades mais comuns da população, a responsabilização pela oferta de
serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento adequado dos
determinantes que causam doenças/agravos.
- Coordenação: é a disponibilidade de informações sobre problemas de saúde e
serviços prestados.
- Abordagem familiar: refere-se ao conhecimento das famílias para as quais a
comunidade é governada, os fatores positivos e negativos que podem influenciá-los.
- Orientação comunitária: é aquela orientação brindada pelos agentes de saúde.
- Equidade: Busca corrigir as iniquidades sociais e em saúde, ou seja, reduzir as
disparidades na oferta de serviços e ações de saúde. Incorporação de tecnologias e
do planejamento para a identificação de prioridades na atenção as situações agudas
ou extremas. Considerar a realidade local no planejamento das ações e serviços.
- Universalidade: É a oferta dos serviços e ações a todos que deles necessitam. É a
possibilidade efetiva de acesso a todo e qualquer cidadão. A oferta das ações
devem ir do nível de atenção primária ao mais complexo. Tem que ser eficiente,
eficaz e efetivo.
- Integralidade: Conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e
curativos, individuais e coletivos, exigido para cada caso, em todos os níveis de
complexidade.
- Descentralização: Implica em transferir poder e recursos para mais próximo de
onde estão as pessoas que necessitam de atenção à saúde. Redistribui as
responsabilidades às ações e aos serviços de saúde. Permite maior participação
social na definição de prioridades para a saúde, aproximando população dos
gestores responsáveis. Possibilita a adequação/mudança da forma que se organiza
a assistência à saúde. Possibilita fiscalização mais próxima e melhor aplicabilidade
dos recursos destinados a saúde.
- Participação social: É um instrumento de controle que possibilita a população
através de seus representantes definir, acompanhar a execução e fiscalizar as
políticas de saúde.
- Regionalização: Distribuição dos serviços em uma determinada região, levando-se
em conta a oferta de serviços e a população a ser atendida. Evita a duplicidade de
ações e desperdício de recursos. Possibilita oferecer as ações de saúde mais
26
próximas de onde as pessoas moram além de permitir o oferecimento de outras
ações de saúde
- Hierarquização: Organiza os níveis de atenção na saúde numa cadeia de
complexidade. Primário, Secundário e Terciário.
5.3. Hipertensão Arterial
A Hipertensão Arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial
caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA) (PA> 140 x
90 mmHg) (MALACHIAS, 2016).
A Hipertensão Arterial Sistêmica é uma doença de distribuição mundial onde
para sua identificação temos que ter em conta fatores econômicos, social, ambiental
e étnicos (DOS SANTOS, 2013).
A prevalência da HAS está associada a modelos alimentares inadequados,
diminuição da atividade física, hábitos tóxicos, estrese, estilo de vida inadequado,
além disso, em pacientes com doenças cardiovasculares e cerebrovasculares com
pouca adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico. (SILVA, 2017).
Para avaliar aos pacientes hipertensos temos que ter em conta alguns
objetivos como avaliação do estilo de vida dos pacientes, detectar precocemente
fatores de risco cardiovasculares, valorar afetação de órgãos específicos como
cérebro, coração e rim, além disso, identificar outras doenças associadas que
possam influir no diagnóstico e tratamento (SILVA, 2017).
Para ter um adequado controle da Hipertensão arterial temos que fazer
atividades educativas preventivas nos pacientes onde possam compreender melhor
sua doença e suas consequências. As ações de prevenção e promoção neste
grupos de pacientes devem ser uma prioridade nas instituições de saúde e garantir
uma boa qualidade de vida, reduzir a morbimortalidade e as internações (MALTA,
2017).
5.4. Diabetes Mellitus
Diabetes Mellitus (DM) é um transtorno metabólico de etiologias
heterogêneas, caracterizada por hiperglicemia e distúrbio no metabolismo dos
carboidratos, proteínas e gorduras, resultante de defeitos da secreção e/ou da ação
da insulina (OLIVEIRA, 2016).
27
Os principais fatores de risco nesta doença são histórico familiar de diabetes
mellitus, obesidade, não pratica de atividade física, dislipidemias, hábitos
alimentares inadequados. A combinação do controle de peso com a prática de
atividade física e a eliminação de hábitos tóxicos como consumo de cigarro e álcool
podem evitar complicações nos pacientes diabéticos (BRASIL, 2013).
As principais causas de morte nos diabéticos são infarto agudo do miocárdio,
insuficiência renal crônica, transtornos metabólicos agudos e acidentes vasculares
encefálicos (BRASIL, 2013).
As complicações neste grupo de pacientes influenciam na mortalidade do país
e repercute na qualidade de vida pelas incapacidades que acontecem após as
eventualidades agudas. A diabetes mellitus provoca complicações agudas e
crônicas como cetoacidose diabética, coma hiperosmolar, acidentes vasculares
encefálicos, infarto agudo do miocárdio, retinopatia diabética, neuropatia diabética e
insuficiência renal. Pelo que se faz necessário orientar aos pacientes com relação à
adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso (BRASIL, 2013).
Os valores de glicose plasmáticas que definem o diagnóstico da doença serão
mostrados no quadro a seguir.
Quadro 2. Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de diabetes mellitus e seus estágios pré-clínicos.
Categoria Jejum 2horas após 75g
de glicose
Casual
Glicemia normal < 100 < 140
Tolerância à
glicose diminuída
≥ 100 a < 126 ≥ 140 a < 200
Diabetes mellitus 126 ≥ 200 ≥ 200 (com
sintomas
clássicos)
Fonte: Diretrizes Brasileira, 2016.
28
6 PLANO DE INTERVENÇÃO:
Essa proposta refere-se ao problema priorizado “Elevada prevalência de
pacientes com hipertensão arterial e diabetes mellitus”, para o qual se registra uma
descrição do problema selecionado, a explicação e a seleção de seus nós críticos.
6.1 Descrição do problema selecionado (terceiro passo)
Na UBS de Mapiri foram identificados vários problemas, com uma maior
prioridade a elevada prevalência de pacientes hipertensos e diabéticos. Temos um
total de 817 hipertensos, maiores de 18 anos cadastrados no posto de saúde, o que
representa 23% do total da população da área de abrangência deles 314 são
mulheres e 503 homens com predomínio da cor da pele mestiça. No caso dos
diabéticos temos um total de 524 pacientes cadastrados representado 14% da
população de Mapiri deles 295 são mulheres e 229 homens com predomínio da cor
da pele branca.
Segundo dados registrados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), Santarém tem um total de 10.596 pacientes hipertensos, desse total pode-se
dizer que os pacientes desta UBS com essa doença representam 7,7% do total. O
mesmo acontece com aqueles pacientes diabéticos com 8.430 pessoas cadastradas
com diabetes, representando 6.2% de esse total (IBGE, 2010).
Os principais fatores de risco identificados na UBS referente a hipertensão
arterial e diabetes mellitus foram: histórico familiar das doenças, hábitos alimentares
inadequados como consumo de sal e alimentos gorduroso na dieta, estresse,
sedentarismo, hábito de fumar e consumo de álcool. Baseado nesses fatores, a
equipe desenvolveu ações para minimizar os fatores de risco modificáveis,
realizando atividades educativas de prevenção em saúde como palestras sobre
alimentação saudável e prática de atividade física, além disso, orientamos sobre uso
correto da medicação. Com essas ações, a equipe vem obtendo resultados positivos
como a diminuição do número de internações e mortalidade pelas doenças.
Poucos pacientes procuram a UBS para receber orientações e tratamento
adequado, alegando que as mesmas não são eficazes. Essas são algumas razões
pelas quais é necessário aprofundar e aperfeiçoar o atendimento, já que assim
podemos evitar futuras complicações da doença.
É importante conscientizar a população de que tanto a diabetes como a
hipertensão são doenças de alta prevalência no mundo, que podem apresentar
29
complicações como cardiopatias, acidentes vasculares encefálicos, alterações
renais, entre outros. Devemos orientá-los sobre como ter uma vida mais saudável,
evitar ou atenuar os fatores de risco e promover estilos de vidas adequados.
O quadro a seguir mostra a realidade dessas doenças na UBS Mapiri.
Quadro. 3 Grupo de pacientes com Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus compensados, descompensados e com sequelas da UBS Mapiri.
Grupos Hipertensos Diabéticos
Compensados 721 488
Descompensado
s
104 27
Sequelas 15 9
Total 817 524
Fonte: Unidade de Saúde Mapiri, 2017.
6.2 Explicação do problema selecionado (quarto passo)
Na UBS Mapiri a prevalência da hipertensão arterial e da diabetes mellitus
são uns dos principais problemas identificados. A causa principal do problema é que
temos uma população idosa com padrões alimentares inadequados como citado
anteriormente. Muitos desses pacientes moram sozinhos e não lembram de tomar
sua medicação na hora certa ou não tomam sua medicação. Alguns não têm
dinheiro para comprar os medicamentos quando a unidade não pode oferecer. Além
disso, são pessoas sedentárias que não praticam atividade física e apresentam
níveis elevados de triglicerídeos e colesterol total.
A irregularidade no tratamento tem sido identificada como uma causa principal
de complicações nos pacientes, além disso, alguns pacientes chegam à unidade
com complicações estabelecidas que precisam de avaliação por especialistas da
atenção secundaria. Estamos tendo dificuldade quanto a avaliação com
especialistas, já que os pacientes precisam de ser avaliado e pelo SUS tarda muito.
30
6.3 Seleção dos nós críticos (quinto passo)
Os nós críticos selecionados e que sua resolução terá grande impacto na
resolução do problema prioritário serão listados a seguir:
- Educação insuficiente sobre a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus.
- Hábitos e estilos de vidas inadequados
6.4 Desenho das operações (sexto passo)
As operações sobre cada um dos “nós críticos” relacionado ao problema
“Elevada prevalência de pacientes com hipertensão arterial e diabetes mellitus”, na
população sob responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Mapiri, no
município de Santarém, estado do Pará, serão detalhados em quadros a seguir.
Quadro 4 – Operações sobre o “nó crítico 1” relacionado ao problema “Elevada prevalência de pacientes com hipertensão arterial e diabetes mellitus”, na população sob responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Mapiri, do município de Santarém, estado do Pará.
Nó critico 1 Educação insuficiente sobre a Hipertensão Arterial e
Diabetes Mellitus.
Operação (operações) Aumentar o nível de conhecimento da população sobre
HAS e DM, como o que é a doença, fatores de risco,
causas, diagnóstico e tratamento.
Projeto Saber +
Resultados esperados População com mais conhecimento sobre os principais
aspectos da HAS e DM
Produtos esperados Avaliação do nível de conhecimento da população sobre
Hipertensão Arterial e DM; campanha educativa na rádio
local; Programa de Saúde Escolar; Capacitação dos
ACS.
Recursos necessários Cognitivo: conhecimento sobre o tema e sobre
estratégias de comunicação e pedagógicas;
31
Organizacional: organização da agenda;
Político: articulação Inter setorial (parceria com o setor
educação) e mobilização social.
Estrutural: profissionais capacitados para acompanhar os grupos
Financeiro: Recurso para impressão de folhetos
educativos
Recursos críticos Político: conseguir o espaço na rádio local;
Financeiro: para aquisição de recursos audiovisuais,
folhetos educativos, etc.
Controle dos recursos críticos
Equipe de ESF; Secretaria de saúde; Setor de
comunicação social; Secretaria de Educação
Ações estratégicas Criação Realização de palestras educativas; Capacitação
da equipe sobre as doenças.
Prazo - Realização de palestras educativas sobre HAS aos
pacientes (mensalmente) - (Abril 2018 até Janeiro 2019);
- Realização de palestras educativas sobre DM aos
pacientes (mensalmente). (Abril 2018 até Janeiro 2019)
Capacitação da equipe de saúde por meio das atividades
de educação permanente cada 3 meses - (Abril, Julho e
outubro 2018);
- Programa de saúde na escola cada 6 meses - (Abril e
setembro 2018);
- Atividade de promoção em saúde anualmente -
(Janeiro 2019).
Responsável (eis) pelo acompanhamento das ações
Equipe de saúde da família de Mapiri
Processo de monitoramento e
Aplicar questionário sobre HAS e DM aos pacientes para
avaliar o nível de conhecimento com relação às doenças.
32
avaliação das ações Fazer entrevista à equipe para avaliar conhecimentos
sobre HAS e DM.
Avaliação mensal das ações.
Fonte: Autoria própria
33
Quadro 5 – Operações sobre o “nó crítico 2” relacionado ao problema sobre: Hábitos e estilos de vidas inadequados na população sob responsabilidade da Equipe de Saúde da Família Mapiri, do município de Santarém, estado do Pará.
Nó critico 2 Hábitos e estilos de vida inadequados
Operação (operações)
Aumentar o nível de conhecimento da população sobre
hábitos e estilos de vidas saudável, com alimentação
adequada e adoção regular de atividades físicas.
Projeto Para a vida
Resultados esperados
População começar a adotar alimentação saudável e
praticar atividade física de forma regular.
Produtos esperados Grupos educativos atuantes
População orientada e adotando hábitos e estilos de vida
saudável e de forma regular.
Recursos necessários
Cognitivo: conhecimento sobre o tema e sobre
estratégias de comunicação e pedagógicas;
Organizacional: organização da agenda;
Político: articulação Inter setorial (parceria com o setor
educação) e mobilização social.
Estrutural: profissionais capacitados para acompanhar os grupos
Financeiro: Recurso para impressão de folhetos
educativos
Recursos críticos Político: conseguir o espaço na rádio local;
Financeiro: para aquisição de recursos audiovisuais,
folhetos educativos, etc.
Controle dos recursos críticos
Equipe de ESF; Secretaria de saúde; Setor de
comunicação social; Secretaria de Educação
Ações estratégicas Criação Realização de palestras educativas; Capacitação
34
da equipe sobre as doenças.
Criar um grupo de pacientes idosos que recebam
orientações sobre atividade física
Prazo - Realizar palestras sobre hábitos alimentares adequados
e pratica de atividade física aos pacientes hipertensos e
diabéticos cada 3 meses - (Abril, julho e outubro 2018);
- Fazer atividade de orientação nutricional com
nutricionista do NASF com apoio da secretaria de saúde
cada 3 meses - (Abril, julho e outubro 2018);
- Fazer atividade em conjunto com o professor de
educação física do NASF e apoio da secretaria de saúde
do município com os pacientes Hipertensos e Diabéticos
cada 3 meses - (Abril, julho e outubro 2018).
Responsável (eis) pelo acompanhamento das ações
Equipe de saúde da família de Mapiri
Processo de monitoramento e avaliação das ações
Aplicar questionários aos pacientes hipertensos e
diabéticos para avaliar o nível de conhecimento com
relação aos hábitos e estilos de vida adequados.
Fazer avaliação cardiovascular e respiratório após da
realização de exercício físicos em coordenação com o
professor do NASF e médico da unidade
A avaliação das ações será mensal.
Fonte: Autoria própria
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
35
A hipertensão arterial e diabetes mellitus são doenças com elevadas cifras de
prevalência a nível mundial. Na UBS Mapiri, há um elevado índice dessas doenças
entre a comunidade. Diante disso, foi proposto o trabalho com o objetivo principal de
propor o plano de intervenção em pacientes com hipertensão arterial e diabetes
mellitus e garantir uma melhor qualidade de vida nos mesmos.
Este trabalho permitirá um enriquecimento quanto ao conhecimento da
população, que a partir do plano de intervenção implementado, se tornará mais
participativa e capaz de optar por estilos de vida saudáveis, uma vez que saberá as
consequências que a doença pode acarretar com a não adoção das orientações
fornecidas. Quanto aos profissionais, estes terão mais capacidade e atitude na hora
de fazer os atendimentos médicos e das demais áreas da saúde, além disso será
um aporte investigativo para o município e desta maneira melhorar a saúde pública.
A UBS exerce um papel fundamental na prevenção e controle da hipertensão
arterial e a diabetes mellitus assim como em seus fatores de risco. Ainda se precisa
continuar trabalhando neste grupo de pacientes de maneira multiprofissional e com a
participação da gestão municipal de Santarém para diminuir a morbimortalidades
com respeito às doenças.
36
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da atenção básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Diário Oficial da União, Brasília, DF, Seção 1, n. 204, p. 48, 24 out. 2011. Disponível em: Acessoem:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>. Acesso em: 27 maio 2013.
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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ. História. Disponível em:<http://www.pa.gov.br/O_Para/historia.asp> Acesso em: 27 maio 2013.
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37
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