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CONSULTORIA (EQUIPE 3) JARDIM BOTNICO DE CUBATO
Atendendo ao Termo de Referncia BR-T1117/BID Desenvolvimento de mtodos e
modelos de manejo e recuperao ambiental em reas em reas protegidas do Estado de
So Paulo
RELATRIO
Programa de atividades de recuperao e reabilitao ambiental
Segundo produto
CAPTULO 1 - MEDIDAS DE RECUPERAO, REABILITAO E
ORAMENTOS E ZONEAMENTO DA REA DO JARDIM BOTNICO DE
CUBATO.
2- Medidas de recuperao e reabilitao e os oramentos para as reas degradadas
localizadas no Parque Estadual de Serra do Mar.
Bairro gua Fria
Bairro Stio dos Queirz
Piles
Bairros Cota 95/100
Pinhal do Miranda
Cota 200 e Setor 11
Cota 400/500
Biol. Erico F. Lopes Pereira-Silva
So Paulo Brasil
Fevereiro de 2009
Sumrio
CAPTULO 1 - MEDIDAS DE RECUPERAO, REABILITAO E ORAMENTOS E ZONEAMENTO DA REA DO JARDIM BOTNICO DE CUBATO.............................................1 1. INTRODUO ............................................................................................................................3 2. OBJETIVOS DA ETAPA DE TRABALHO...................................................................................8 3. MEDIDAS DE RECUPERAO E DE REABILITAO DAS REAS DO JARDIM BOTNICO DE CUBATO .................................................................................................................................8 3.1 REAS DEGRADADAS..........................................................................................................10 3.1.1 SETOR NORDESTE ............................................................................................................13 3.1.1.1 GUA FRIA .......................................................................................................................13 3.1.1.2 LIMITE COM PINHAL DO MIRANDA ...............................................................................14 3.1.1.3 RECOMENDAES DE RECUPERAO DO SETOR NORDESTE.............................15 3.1.2 SETOR NOROESTE............................................................................................................21 3.1.2.1 LIMITE COM O BAIRRO COTA 200.................................................................................21 3.1.2.2 RECOMENDAES DE RECUPERAO DO SETOR NOROESTE ............................21 3.1.3 SETOR SUDOESTE ............................................................................................................25 3.1.3.1 ANTIGO PTIO DE OBRAS DA DUPLICAO DA ROD. IMIGRANTRES ....................25 3.1.3.2 RECOMENDAES DE RECUPERAO DO SETOR SUDOESTE.............................25 3.1.4 SETOR SUDESTE ...............................................................................................................28 3.1.4.1 STIO DOS QUEIRZ.......................................................................................................28 3.1.4.2 RECOMENDAES DE RECUPERAO DO SUDESTE .............................................28 3.2 AVALIAO DOS PLANTIOS ................................................................................................31 3.3 OS MODELOS DE PLANTIO EM REAS DEGRADADAS E CUSTOS ................................32 3.4 CUSTOS..................................................................................................................................32 3.5 DENSIDADE DE PLANTIO E GRUPOS DE ESPCIES........................................................33 3.6 MANUTENO.......................................................................................................................33 3.7 REAS PERTURBADAS ........................................................................................................34 3.8 SUBSDIOS PARA AS ATIVIDADES DE RECUPERAO...................................................34 4. ZONEAMENTO DO JARDIM BOTNICO DE CUBATO........................................................36 ANEXO I ........................................................................................................................................43 ANEXO III ......................................................................................................................................44 ANEXO III A) CUSTO ESTIMADO DE MO-DE-OBRA BRAAL PARA IMPLANTAO DO PROJETO DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS.....................................................45 ANEXO III B) CUSTO ESTIMADO DE INSUMOS E MATERIAIS PARA IMPLANTAO DO PROJETO......................................................................................................................................46 ANEXO III C) CUSTO TOTAL ESTIMADO DE IMPLANTAO DO PROJETO ......................47
CAPTULO 2 - MEDIDAS DE RECUPERAO E REABILITAO E OS ORAMENTOS PARA AS REAS DEGRADADAS LOCALIZADAS NO PARQUE ESTADUAL DE SERRA DO MAR, CUBATO, SP ..............................................................................................................................48 5. MEDIDAS DE RECUPERAO E DE REABILITAO DAS REAS DEGRADADAS ..........49 6. OBJETIVOS ..............................................................................................................................51 7. INTERVENES E PLANTIOS DE RECUPERAO EM TERRENOS INCLINADOS..........52 8 AVALIAO DOS PLANTIOS ...................................................................................................54 9 MANUTENO..........................................................................................................................55 10 REAS PERTURBADAS .........................................................................................................56 ANEXO III - MODELO DE PLANTIO ............................................................................................57 ANEXO IV A) CUSTO ESTIMADO DE MO-DE-OBRA BRAAL PARA IMPLANTAO DO PROJETO DE RECUPERAO DE REAS DEGRADADAS.....................................................58 ANEXO IV B) CUSTO ESTIMADO DE INSUMOS E MATERIAIS PARA IMPLANTAO DO PROJETO......................................................................................................................................59 ANEXO IV C) CUSTO TOTAL ESTIMADO DE IMPLANTAO DO PROJETO......................60
1. INTRODUO
A degradao ambiental pode ser definida como sendo as modificaes impostas
pela sociedade aos ecossistemas naturais, alterando (degradando) as suas
caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas, comprometendo, assim, a qualidade de vida
dos seres humanos. As reas degradadas no esto presentes somente em zonas
rurais, mas tambm se fazem presentes na zona urbana. De acordo com a Embrapa
(2004), mais de 15% dos solos do mundo encontram-se degradados ou em processo de
degradao (Angelis Neto et al. 2004).
Na regio tropical, mais da metade dos solos possuem algum grau de degradao.
Das reas degradas existentes at 2004 nessas regies, 98,8% esto relacionadas s
atividades de produo e extrativismo e 1,2% a aes como minerao, construo de
estradas, represas, reas industriais, disposio do lixo urbano de forma incorreta e
erradicao da mata ciliar e de galeria, entre outras formas de degradao, resultando em
impacto imediato sobre o solo. No Brasil estima-se em mais de 200 milhes de hectares
sejam reas degradadas. Nesse cenrio que se estabelece de forma crescente, o uso da
vegetao na recuperao de reas degradas, seja em zonas rurais ou urbanas, consiste
em um dos principais instrumentos de uso que tem gerado resultados satisfatrios
(Angelis Neto et al. 2004).
Para a Mata Atlntica sensu lato, a situao de degradao e de destruio chegou
a tal ponto que hoje j se faz necessrio tratar de sua recuperao. Segundo Noffs et al.
(2004), para que as aes nessa direo sejam coerentes, preciso entender que
praticamente todas as reas remanescentes desse bioma que ainda hoje existem devem
ser preservadas. Essa preservao, e recuperao so fundamentais para a conservao
de sua biodiversidade e s se dar atravs da ampliao da rea de seus remanescentes
e de suas Unidades de Conservao (UC) que hoje so redutos insuficientes para garantir
a proteo de todas as suas espcies (Noffs et al. 2000).
As UC que atualmente existem na Mata Atlntica brasileira so insuficientes para
garantir qualquer integridade de ecossistemas naturais e, no Estado de So Paulo, essas
reas protegidas, alm de tambm serem poucas, tm enfrentado entraves que
ultrapassam a esfera de um adequado programa de gesto. As UC paulistas no
possuem recursos financeiros, infra-estrutura, equipamentos e pessoal que sejam
suficientes para administrar, proteger, fiscalizar e operacionalizar outras aes.
Os poucos esforos investidos no tm garantido a conservao e a preservao
desse patrimnio natural e, na tentativa de atenuar a situao de ineficincia da gesto,
tem sido buscadas verbas internacionais vultosas para viabilizao de infra-estrutura,
organizao de planos de manejo e otimizao da fiscalizao dessas reas. Apesar
disso, o governo paulista ainda se mostra incapaz de resolver problemas historicamente
srios de suas UC como, por exemplo, a indefinio fundiria e o cumprimento das
disposies legais na conteno das invases humanas que essas reas vm sofrendo. A
insuficincia em garantir a integridade de suas UC tem permitido a ocupao ilegal e tem
facilitado a ameaa do entorno dessas reas que aos poucos esto sendo "ilhadas" pela
expanso das atividades humanas.
Dentre os inmeros fatores que alteram a qualidade ambiental e comprometem a
preservao, a conservao da biodiversidade e das funes ecolgicas dos
ecossistemas que esto inseridos em UC, a ocupao ilegal e desordenada tm sido um
dos maiores problemas, pois est resultando em sucessivos e acumulativos impactos
sobre a terra e sua cobertura vegetal, conduzindo perda da biodiversidade, alteraes
das redes de drenagem, proliferao de doenas via sistemas hdricos deteriorados,
contaminao e perda de produtividade do solo e da gua, acmulo de lixo e aumentos
dos processos erosivos.
No mesmo sentido de recuperar e conservar as fitofisionomias da Mata Atlntica
sensu lato, tem sido necessria especial ateno recomposio de matas ciliares, ou
seja, recompor todos os tipos de vegetao arbrea que estejam vinculadas beira de
rios, seja atravs de mecanismos naturais de regenerao ou pela interveno humana
atravs da restaurao. A recomposio de matas ciliares constitui uma estipulao legal
obrigatria no Pas desde 1991 pela lei da poltica agrcola 8171/91 que determina a
recuperao da vegetao nativa onde foi eliminada, inclusive as reas de Preservao
Permanente (APP) (Kageyama & Gandara, 2001). A APP segundo a Lei Federal 4.771/65
se constitui como rea protegida, coberta ou no por vegetao nativa, com a funo
ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a
biodiversidade, o fluxo gnico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar
das populaes humanas.
Uma rea degradada pode ser recuperada tendo em vista sua destinao para
diversos usos possveis (Noffs et al. 2000). O termo recuperao no se aplica
indistintamente a todos os usos possveis e, segundo o Instituto de Pesquisas
Tecnolgicas do Estado de So Paulo (IPT 1993), esse termo deve ser aplicado conforme
a possibilidade e a finalidade da recuperao:
a) restaurao, associado idia de reproduo das condies exatas do local, tais
como eram antes de serem alteradas pela interveno;
b) recuperao, associado idia de que o local alterado seja trabalhado de modo
que as condies ambientais situem-se prximas s condies anteriores
interveno, ou seja, trata-se de devolver ao local o equilbrio dos processos
ambientais ali atuantes anteriormente;
c) reabilitao, associado idia de que o local alterado dever ser destinado a
uma dada forma de uso do solo, de acordo com projeto prvio e em condies
compatveis com a ocupao circunvizinha, ou seja, trata-se de reaproveitar a rea
para outra finalidade.
Tm sido realizados esforos para restabelecer terrenos degradados em diversas
partes do mundo e, para as reas protegidas do Estado de So Paulo, o cenrio no pode
ser diferente. So necessrias aes concentradas e muitas bem planejadas para
recuperao ambiental das reas protegidas ocupadas ilegalmente. Os objetivos
preliminares seriam a desocupao e a adequada reintegrao social dos invasores, o
restabelecimento da cobertura arbrea para fins ambientais, especialmente para controlar
a eroso do solo e proteger as bacias hidrogrficas e a integrao entre homem e
ambiente como medida preventiva a novas invases.
Nas reas protegidas desocupadas das invases, uma vez que se tenha
restabelecido a cobertura arbrea e se tenha restaurado a capacidade produtiva do solo e
as funes ambientais, existe a possibilidade de aproveitamento sustentvel. No Bioma
da Mata Atlntica tm sido concatenados esforos para conservao, recuperao e uso
sustentvel, envolvendo mltiplos atores. A recuperao dessas reas pode estar
associada gerao de empregos e renda, na produo de mudas destinadas a planos
de recuperao, ao trabalho de recomposio ambiental ou, ainda, na produo de
recursos florestais secundrios passveis de manejo comercial.
A situao das reas degradadas nas diferentes formaes florestais de todo o
estado de So Paulo especialmente preocupante. Estudos estimam a existncia de
mais de 1,3 milho de hectares de reas marginais a cursos dgua sem vegetao ciliar.
Esta projeo, que ainda fruto de uma avaliao preliminar, j indica a expressiva
necessidade de recuperao. Se fossem recuperadas apenas as matas ciliares, seria
necessrio produzir mais de dois bilhes de mudas (Barbosa 2006).
Atualmente existem tecnologias e metodologias adequadas que permitem obter o
sucesso do modelo de recuperao implementado, tanto no aspecto ambiental como no
social, porm, os custos dessas recuperaes ainda tm sido muito elevados, sendo
muitas vezes recomendada como alternativa menos custosa apenas conservao
preventiva e a regenerao natural dessas reas, sem considerar se fizeram parte de um
cenrio passado de ocupao ilegal, um cenrio presente de pobreza e excluso social e
que compem parte de um cenrio ambiental futuro de educao, conscientizao,
recuperao e conservao.
A implantao de um programa de recuperao de uma rea degradada procura
diminuir ou ento eliminar os efeitos negativos causados pelas intervenes e alteraes
antrpicas, as quais podem ser potencialmente geradoras de fenmenos indutores de
impactos ambientais. Para um projeto de recuperao devem ser considerados alguns
pontos importantes como:
a) Indicar atravs de mapas em escala compatvel a quantidade de nascentes, rea
(em ha), os locais a recuperar e proteger aqueles perturbados;
b) Apresentar lista das espcies florestais nativas a serem utilizadas, com base de
dados florsticos do bioma ou em levantamentos fitossociolgicos existentes,
c) Diferenciar as formas de recuperao e proteo florestal (manejo da
regenerao natural, plantios de enriquecimento, reflorestamento da gleba) a serem
utilizadas;
d) Prever condies de coleta, armazenamento e beneficiamento de sementes
nativas prprias ou adquiridas em redes regionais de sementes florestais;
e) Prever tratos silviculturais para manuteno dos plantios; prticas
conservacionistas do solo ; terraos em curva de nvel, escoramento de taludes,
planejamento das vias de acesso, dentre outras, visando iniciar reverso de
processo erosivo;
f) Apresentar as licenas ambientais cabveis, aps identificao das reas a serem
trabalhadas;
g) Elaborar um plano de adequao ambiental;
h) Estabelecer mecanismos de monitoramento e avaliao do projeto relativo a
recursos florestais, hdricos, entre outros.
Os resultados que podem ser obtidos com essas estratgias de recuperao podem
ser diversos frente riqueza que a Mata Atlntica oferece quanto paisagem e opes a
serem desenvolvidas, somadas s agresses que toda esta regio tem sofrido durante
dcadas de explorao do solo de uma forma totalmente desenfreada e inadequada.
Considerando esses fatores, este trabalho apresenta uma proposta metodolgica para
solues ambientais na regio do Parque Estadual da Serra do Mar (PESM), na regio de
Cubato, sendo portanto, sugeridos alguns resultados que se pode obter do processo de
recuperao de reas degradadas e perturbadas nesse trecho da Unidade de
Conservao:
a) Recuperao e proteo das reas de preservao permanentes que margeiam
nascentes, corpos dgua, topos de morro e dos mananciais hdricos integrantes da
UC;
c) Melhoria da qualidade da gua na rea de abrangncia da recuperao;
f) Comprometimento formal legal e jurdico de atores sociais com a conservao das
florestas dessa regio, nascentes, e cursos dgua;
g) Integrao e envolvimento efetivo dos rgos envolvidos na gesto de recursos
hdricos do projeto, desencadeando condies futuras de replicabilidade e
regularidade;
Os Planos de Recuperao de reas Degradadas so importantes instrumentos da
gesto ambiental para outros tipos de atividades antrpicas, sobretudo aquelas que
envolvem desmatamentos, terraplenagem, explorao jazidas de emprstimos, bota-
foras, etc.
Davide (1999) afirma que um dos pontos importantes no planejamento de
recuperao de reas degradadas a escolha de espcies vegetais. Essa escolha deve
considerar estudos da composio florstica das matas remanescentes da regio. A partir
desses levantamentos, experimentos silviculturais devem ser montados procurando
explorar a variao ambiental e nveis de tecnologia, sendo que as espcies pioneiras e
secundrias iniciais devero ter prioridade na primeira fase da seleo de espcies.
Nesse sentido, o conhecimento das fases sucessionais e das relaes ecolgicas
importante para a escolha certa das espcies a serem utilizadas na recuperao. Esta
observao auxilia no sucesso da atividade, visto que a utilizao de plantas adequadas
ao ambiente destinado recuperao permite que a prpria natureza direcione o
processo de sucesso ecolgica.
Alm desses aspectos, deve-se levar em considerao a ocorrncia natural das
espcies a serem escolhidas, suas caractersticas quanto exigncia de luminosidade
(helifita e escifita), caractersticas quanto exigncia de umidade (xerfita e higrfita),
adaptao a solos empobrecidos, capacidade de fixao de nitrognio e usos de fontes
nitrogenadas presentes no solo, plantas com sistema radicular vasto, capazes de conter o
solo em encostas suscetveis eroso, plantas com frutos comestveis (bagueiras) e de
caractersticas melferas que atraiam fauna que otimizem a disperso.
2. OBJETIVOS DA ETAPA DE TRABALHO
Esse relatrio tem como objetivo fornecer informaes quantitativas e qualitativas de
importncia para as orientaes sobre a recuperao e reabilitao das reas
degradadas pelo efeito do uso inadequado da terra que se encontram dentro de uma
parte dos limites do Parque Estadual da Serra do Mar no municpio de Cubato.
3. MEDIDAS DE RECUPERAO E DE REABILITAO DAS REAS DO JARDIM
BOTNICO DE CUBATO
Como apresentado no Primeiro produto: Identificao de reas degradadas do
Jardim Botnico de Cubato, foram identificados 57,09 ha de reas degradadas pelo uso
inadequado da terra, distribudos em 32 trechos dos trs fragmentos florestais do Jardim
Botnico. Essas reas devero ser recuperadas de acordo com o grau de alterao em
que se encontram. Vale ressaltar que nessa rea total esto includas as reas de matas
ciliares, cuja recomendao de recuperao est no Termo de Referncia para Programa
de Recuperao de reas Degradadas de Mata Ciliar e Termo de Referncia para
Implantao de Viveiro de Mudas Florestais Nativas.
Para as recomendaes dessa consultoria foram utilizadas as informaes
disponibilizadas pela SMA do Estado de So Paulo que norteiam a recuperao florestal
com plantios heterogneos, sendo elas:
a) Resoluo SMA 48 de 2004,
b) Resoluo SMA 08 de 2008,
c) Lista das Espcies Arbreas com suas principais caractersticas ecolgicas, grau
de ameaa quanto extino e as regies de ocorrncias,
d) Chave de Tomada de Decises que abordam as diferentes situaes a serem
restauradas.
Esse trabalho procura apresentar medidas de recuperao das reas degradadas e
perturbadas que esto inseridas no limite do PESM na regio de Cubato e que faro
parte dos limites do novo Jardim Botnico e se justifica pelos benefcios ambientais que
as recomendaes propiciaro s famlias que continuaro residindo em habitaes
localizadas naqueles Bairros-Cota que sero regularizados, ao ambiente com a remoo
de grande parte das moradias irregulares da Serra do Mar, com a recuperao de reas
significativas de Mata Atlntica e a devoluo de reas desafetadas ao PESM e tambm
para as reas de risco geolgico que se no forem protegidas hoje, podero representar
riscos em um futuro prximo.
As recomendaes para a recuperao dessas reas degradadas vo desde a
simples proteo da rea para a regenerao natural, ou atravs de processos de
nucleao, como a instalao de poleiros artificiais para atrao de avifauna, ou
transposio de camadas superiores de solos com o seu banco de sementes e at
mesmo o plantio de espcies arbreas seguindo modelos adequados para cada situao.
Contudo, no caso especfico de recuperao de reas de escorregamentos recomenda-se
a interveno se houver dificuldades para o estabelecimento de plntulas, elevada
instabilidade do solo, fluxo excessivo de gua e limitaes severas de fertilidade. Nestes
casos, recomendvel utilizar mudas juvenis, com implantao prvia de medidas de
conteno de eroso e correo da fertilidade do solo. A inteno dessa etapa no a
esgotar as possibilidades de aes de recuperao, mas explanar alguns exemplos como
forma de mostrar os caminhos que podem ser adotados para os projetos recuperao a
serem recomendados para as diferentes situaes dos bairros Cota e queles que sero
vizinhos ou removidos com suas reas absorvidas pelo novo Jardim Botnico em
Cubato.
A implantao dos projetos de recuperao das reas degradadas e perturbadas
procurar indicar formas de minimizar ou eliminar os efeitos adversos decorrentes das
aes antrpicas que desencadearam os danos ambientais que se fazem presentes, as
quais tm sido potencialmente geradoras de fenmenos indutores de impactos ambientais
negativos que se manifestam no entorno das moradias de cada bairro do entorno do
Jardim Botnico e que acabam colocando em risco a vida das pessoas que l habitam.
Para um projeto de recuperao nesse contexto, so apresentadas as recomendaes
iniciais a seguir, as quais devero ser analisadas e apresentadas definitivamente como
parte do segundo produto dessa consultoria.
3.1 REAS DEGRADADAS
Para a rea destinada ao Jardim Botnico (Figura 1a) j foram feitas as
recomendaes para recuperao das reas de Matas Ciliares (Vide o Termo de
Referncia para Programa de Recuperao de reas Degradadas de Mata Ciliar e Termo
de Referncia para Implantao de Viveiro de Mudas Florestais Nativas Figura 1b),
sendo necessria a recomendao de recuperao das demais reas e definio de uma
zona para as dependncias gerais do Jardim Botnico. Dessa forma, para a gerao dos
custos de recuperao foram subtradas, dos mapas de reas degradadas e perturbadas
desse relatrio, as reas de matas ciliares para que ento restassem apenas reas do
entorno imediato (Figura 1c) de reas de Preservao Permanente (APP) dos corpos
dgua localizados nos limites do Jardim Botnico de Cubato (Vide o Termo de
Referncia para Programa de Recuperao de reas Degradadas de Mata Ciliar e Termo
de Referncia para Implantao de Viveiro de Mudas Florestais Nativas). Isso permitiu a
gerao de oramentos mais exatos e que atendessem a necessidade da recuperao.
Na regio da gua Fria, o relevo no apresenta declive acentuado, sendo portanto
relativamente plano, o que facilita as atividades para recuperao. As reas degradadas
identificadas no limite do Jardim Botnico esto ocupadas, em maioria, pelas moradias
irregulares que devero ser removidas (Figura 2).
Essas moradias se concentram nos bairros da gua Fria e no Stio dos Queirz e,
para o melhor entendimento e localizao das situaes, foi elaborado um mapa
setorizado em quatro regies do Jardim Botnico (Figura 1a). Nessas localidades, o
impacto da ao humana contnua est impedindo, em diferentes intensidades, a
capacidade do ambiente de retornar ao estado original, no existindo em diversas reas
condies de equilbrio pelos meios naturais de regenerao. Outras reas onde foi
efetuado desmatamento recente ou ento que foram abandonadas e quelas que fazem
margem com a floresta contnua, a resilincia do ambiente ainda pode existir de forma
expressiva, o que permite a conduo do processo de regenerao natural ou ento
alguma interveno humana de pequena escala.
Aps a subtrao, atravs de SIG ArcView 9.2, das reas de mata ciliar a serem
recuperadas, restou para essa consultoria, fornecer recomendaes para 43 ha de reas
degradadas pelo uso inadequado da terra, distribudos ao Nordeste, Noroeste, Sudoeste
e Sudeste do Jardim Botnico (Figura 1a e 1c), que devero ser recuperados de acordo
com o grau de alterao em que se encontram:
Setor Nordeste bairro gua Fria e limite com o bairro Pinhal do Miranda;
Setor Noroeste limite com o bairro Cota 200;
Setor Sudoeste antigo ptio de obras da duplicao da rod. Imigrantres
Setor Sudeste Stio dos Queirz e entorno imediato.
So reas inseridas nos limites do Jardim Botnico e que possuem resilincia muito
baixa ou nula, o que leva necessidade de interveno humana, inicialmente com a
identificao dos fatores degradantes que devero ser eliminadas e tomada de medidas
preventivas para que esses fatores negativos no se instalem novamente.
O programa de recuperao de reas degradadas dever ser planejado em etapas
distintas, inicialmente uma fase de avaliao das condies atuais das reas em cada um
dos quatro setores.
Figura 1a. Total de reas degradadas e perturbadas localizadas no interior do Jardim Botnico de Cubato e no seu entorno imediato.
Figura 1b. reas degradadas e perturbadas a serem recuperadas em mata ciliar e mata no-ciliar e a Zona Especial que esto localizadas no interior do Jardim Botnico de Cubato.
Figura 1c: reas degradadas e perturbadas de Floresta Ombrfila Densa Submontana a serem recuperadas localizadas no interior do Jardim Botnico de Cubato.
3.1.1 SETOR NORDESTE
Esse setor um dos mais crticos quanto presena de reas degradadas, pois
envolve todo o bairro da gua Fria alm do avano irregular do bairro Pinhal do Miranda
dentro da rea do PESM.
3.1.1.1 GUA FRIA
Na regio do bairro da gua Fria, junto ao Rio Cubato, o relevo plano no oferece
risco geotcnico ou ocorrncias de fenmenos geolgico-geotcnicos. Para esse local
existe a grande necessidade de remoo da populao e das moradias (Figura 2), a fim
de devolver essa rea ao PESM e poderem ser feitas atividades adequadas de
recuperao e obras de instalao do Jardim Botnico. Alm disso, nesse local, ser
delimitada uma Zona de Uso Especial (Figura 1b) no destinada recuperao ambiental,
mas para a instalao das dependncias do Jardim Botnico. Para isso, ser considerado
o roteiro metodolgico de zoneamento utilizado no Plano de manejo do PESM. O
zoneamento completo da rea ser tratado mais adiante.
Na figura 2, Setor Nordeste, podem ser visualizadas duas situaes de degradao
muito comuns no bairro gua Fria, a primeira (A) ocasionada por desmatamento e a
segunda (B), decorrente dos impactos das moradias e vias de acesso. Para esses dois
casos predominantes, as possibilidades e pretenses para a recuperao de reas so
favorecidas pela matriz regional que ainda predominantemente florestal e que pode ser
utilizada como importante subsdio restaurao.
Em situaes que se assemelham cena A (Figura 2), recomenda-se a remoo
dos fatores de degradao existentes e a recuperao a partir da proteo da rea para
que a regenerao natural conduza formao da nova cobertura florestal, aproveitando
o impacto positivo da proximidade da rea degradada com remanescentes e bordas
florestais. Caso sejam identificados indivduos arbreos exticos nesses locais, ao invs
de remov-los, esses devero ser anelados, servindo como poleiros artificiais de avifauna
que permitiro uma otimizao nos processos de disperso de propgulos e de
regenerao.
A ocupao humana desordenada que predomina no Setor Nordeste (situao B)
iniciou um processo de perda de hbitat por perfurao com a substituio de parte das
matas secundrias em estdios inicial e mdio/avanado por uma rede de vias de ligao
entre as quadras demarcadas e por edificaes e campos antrpicos com diferentes
nveis de degradao. Nesses locais foram observados indicadores visuais de ao
antrpica nas bordas da floresta como ocorrncia de lixo, de trilhas ou caminhos, de
clareiras no naturais, de animais domsticos e de injrias, cortes e queimada na
vegetao, compactao severa do solo por asfalto e moradias, deixando claro os efeitos
negativos que essas reas de mata esto enfrentando (Vide Primeiro produto:
Identificao de reas degradadas do Jardim Botnico de Cubato.
Ainda na situao B, ocorreu a compactao do solo, exemplificada pelo prprio
cho das moradias, dos quintais, terrenos baldios e vias de acesso tanto em terra como
com cobertura de asfalto. Para viabilidade de atividades de recuperao devem ser feitas
intervenes como a remoo das moradias, lixo e entulhos e, posteriormente a essa
limpeza, deve ser feita arao, gradagem, subsolagem, anlise do solo e sua adequada
correo e adubao para melhoria das qualidades fsicas e qumicas antes de efetuar
qualquer plantio de mudas. Alm disso, nessas reas podem ser aplicadas tcnicas
alternativas para recuperao ou para a melhoria da qualidade do solo como o plantio de
adubao verde, para melhoria das caractersticas fsicas e qumicas do solo, o
transplante de serapilheira (camada superior do solo e banco de sementes) de reas
florestais remanescentes e vizinhas ao local e o plantio em rea total. Essas medidas
para esse setor devero ser apresentadas a seguir de forma mais detalhada e roteirizada.
3.1.1.2 LIMITE COM PINHAL DO MIRANDA
No limite entre o Jardim Botnico (limite do PESM) e bairro Pinhal do Miranda, as
reas degradadas so consideradas como de risco geotcnico, existindo portanto, a
necessidade de remoo das moradias. So reas de risco que foram delimitadas e
caracterizadas pela CDHU, dentro do Programa de Recuperao Socioambiental da Serra
do Mar (Municpio de Cubato), no relatrio nmero cinco que se refere ao Arrolamento e
Caracterizao Socioeconmica do Ncleo Pinhal do Miranda - 2008.
Os mapas gerados por esse trabalho da CDHU indicam as reas que tm potencial
de ocorrncia de eventos de natureza geolgica ou geotcnica que podem provocar
conseqncias danosas ao ambiente e populao presente. Uma parte desse bairro
invade os limites do PESM no sentido Sul, causando a desestabilizao do solo,
desmatamento e fragilizando as reas mais ngremes das encostas, o que aumenta a
possibilidade de escorregamentos de terra, alm da compactao do solo causada pelas
moradias e pelas vias de acesso irregulares, bem como causa alteraes na paisagem.
Todas essas caractersticas permitem organizar um terceiro cenrio de degradao
(situao C), exemplificado na Figura 3 e que dever ter suas medidas de recuperao
roteirizadas a seguir.
Para essa situao de degradao em reas com terreno inclinado, deve ser
executada a interveno humana se houver dificuldades para o estabelecimento de
plntulas, elevada instabilidade do solo, fluxo excessivo de gua e limitaes severas de
fertilidade. Nestes casos, recomendvel utilizar mudas juvenis, com implantao prvia
de medidas de conteno de eroso e correo da fertilidade do solo.
3.1.1.3 RECOMENDAES DE RECUPERAO DO SETOR NORDESTE
Atividades propostas de recuperao das reas degradadas desse setor abordaram as
trs situaes A, B e C:
Situao A: regenerao natural em reas desmatadas e com relevo plano a
atividade de recuperao pode ser feita a partir do isolamento dessas reas degradadas,
desde que constatada a possibilidade da regenerao sem o auxilio de plantios de mudas
ou sementes. A presena ou a ausncia de um banco de sementes ou de plntulas de
espcies pioneiras pode determinar o grau de interveno. Em reas como a da situao
A, em que existe proximidade com a matriz florestal, a regenerao pode ser a alternativa
de recuperao. Isso busca aproveitar a capacidade de recuperao por meio de
sucesso ecolgica. Dessa forma, podem ser seguidos os seguintes procedimentos:
a) Isolamento da rea
b) Retirada dos fatores de degradao
c) Anelamento de espcies exticas destinadas aos poleiros artificiais
d) Proteger os indivduos arbreos remanescentes
e) Eliminao seletiva e desbaste de espcies competidoras e remoo de
gramneas
f) Induo e conduo de propgulos autctones.
Situao B: intervenes e plantios de recuperao em reas desocupadas pelas
moradias:
a) Isolamento da rea
b) Retirada dos fatores de degradao e remoo de lixo e entulhos
c) Descompactao do solo atravs de subsolagem mecnica nas reas
planas ou outra tcnica capaz de promover essa ao
d) Preparao do terreno, anlise e correes no solo (caractersticas
fsicas, qumicas e microbiolgicas).
e) Melhoria da qualidade do solo por tcnica alternativa de transposio do
solo (camada orgnica) e banco de sementes
f) Plantio de mudas de no mnimo 80 espcies arbreas nativas. Os
modelos de plantio que separam espcies em grupos funcionais tm
otimizado o potencial das espcies plantadas na restaurao de reas
degradadas.
- Esse modelo pode possuir 40 % de espcies no pioneiras (NP)
- Espaamento 2 x 2 m, o que permite a implantao de 2500 mudas/ha
organizadas em grupos ecolgicos e distribudas no campo conforme o
esquema representado no Anexo I
- Distribuio espacial que evite a repetio de grupos sucessionais e a
superposio de copas
- Utilizao de 20% das espcies (500 mudas/ha) zoocricas nativas e
5% das espcies (125 mudas/ha) enquadradas em alguma categoria de
ameaa, conforme Resoluo SMA 48/04
- Observao: Existindo maior diversidade de espcies em viveiros da
regio, recomenda-se aumentar o nmero de espcies no plantio,
diversificando o modelo de recuperao. A escolha das espcies dever
ser feita com base na lista de espcies vegetais, presente na Resoluo
SMA 08/08 e na lista de espcies gerada pelo Plano de Manejo do
PESM, de tal forma a utilizar o maior nmero de espcies regionais
possvel.
Situao C: intervenes e plantios de recuperao em terrenos inclinados:
As reas de encostas na Serra do Mar esto associadas a situaes de equilbrio
precrio, com estabilidade diretamente relacionada s caractersticas do relevo, dos tipos
de solo, da cobertura de vegetao, da forma, da drenagem, do lenol fretico e outras
caractersticas fsicas e antrpicas como os usos urbanos, tipos de edificaes, materiais
e tcnicas imprprias, desmatamento, falta de redes de drenagem de guas servidas e
pluviais, infiltraes, aterros e outras aes humanas degradadoras do ambiente.
As atividades de recuperao nessa situao devem levar em considerao a
drenagem das reas que sero desocupadas, devendo ser executadas as obras cabveis,
cuja responsabilidade seja da CDHU nas reas de risco geotcnico e geolgico, para a
readequao e preveno de processos erosivos em virtude da declividade e
descobertura vegetal do terreno que ser desocupado de moradias irregulares. Nos
limites do PESM com o bairro Pinhal do Miranda, devero ser executadas as seguintes
atividades de recuperao:
a) Isolamento da rea a ser desocupada
b) Retirada dos fatores de degradao e remoo de lixo e entulhos
c) Descompactao do solo atravs de tcnicas que no comprometam a
estrutura do solo e que no ocasionem movimentao de massa
d) Preparao do terreno, anlise e correes no solo (caractersticas
fsicas, qumicas e microbiolgicas)
e) Em casos de terrenos muito inclinados que sero desocupados e que
possuem elevada instabilidade do solo:
- Se for necessrio devero ser feitos terraos de interceptao com
escoadouros, visando captar o movimento de excessos de enxurradas e
conduzir a gua em um desnvel progressivo, evitando seu acmulo e
prevenindo escorregamentos de encosta.
- Na rea em que for necessrio o terraceamento recomenda-se o plantio
de adubao verde, para melhoria das caractersticas fsicas e qumicas
do solo, o transplante de serapilheira juntamente com a transposio da
camada superior do solo (camada orgnica) e banco de sementes e o
plantio em rea total. Existindo bananeiras, essas devero ser
erradicadas, uma vez que suas razes no cumprem com a funo de
estruturao do solo e podem acumular grandes volumes de gua
Observao: Para as atividades de plantio em reas de encostas
recomendvel utilizar mudas juvenis, com implantao prvia de medidas
de conteno de eroso e correo da fertilidade do solo.
f) A seleo de espcies para o plantio de recuperao nesse tipo de
situao deve considerar 60% delas (1500 mudas/ha) com crescimento
rpido (Anexo II), ou seja, espcies pioneiras (P) que, se possvel, sejam
atrativas de fauna, de tal forma a otimizar a sucesso ecolgica e reduzir
qualquer processo de eroso com escorregamento de encostas em
virtude da remoo das moradias e do tratamento do terreno. O uso de
espcies pioneiras dever favorecer o desenvolvimento de espcies
tardias e a germinao do banco de sementes que foi transposto
anteriormente com a camada de solo. Assim como na situao anterior,
devero ser eleitas no mnimo 80 espcies arbreas ocorrentes na
Floresta Ombrfila Densa Submontana da regio. Alm disso, outras
recomendaes podem ser seguidas:
- Espaamento 2 x 2 m, o que permite a implantao de 2500 mudas/ha
organizadas em grupos ecolgicos e distribudas no campo conforme o
esquema representado no Anexo II.
- Distribuio espacial que evite a repetio de grupos sucessionais e a
superposio de copas.
- Na situao de terreno inclinado, fica recomendado o plantio em curvas
de nvel, pois isto ajudar a evitar a eroso.
Observao: Existe a necessidade de esclarecimentos e conscientizao
da comunidade local que dever permanecer para que evitem a
impermeabilizao de terrenos, evitando futuros problemas com a
conduo das guas pluviais e conseqentes movimentos de terra.
Figura 2. Setor Nordeste - Situao com ocupaes irregulares e reas degradadas (___) no Bairro gua Fria, Jardim Botnico de Cubato.
Figura 3. Setor Nordeste - reas potenciais de escorregamentos naturais na Serra que so as linhas de drenagens que cortam a regio do Bairro Pinhal do Miranda e fazem limite com o Jardim
Botnico de Cubato.
3.1.2 SETOR NOROESTE
3.1.2.1 LIMITE COM O BAIRRO COTA 200
Apesar do Jardim Botnico possuir uma extensa rea livre de riscos geotcnicos ou
ocorrncias de fenmenos geolgico-geotcnicos s margens do Rio Cubato e sua
vizinhana, essas caractersticas de risco podem ser observadas na poro norte externa ao
Jardim, evidenciando uma situao de degradao em terreno ngreme (D), como exemplo,
cicatrizes de escorregamentos naturais na Serra que so as drenagens que cortam a regio
do bairro Cota 200 (Figura 4). Esse bairro compe parte do entorno do Jardim Botnico e
podem ser considerados bastante distintos, uma vez que o Bairro-Cota 200 est em encostas
mais ngremes, enquanto que o Bairro Pinhal do Miranda (situao C do Setor Nordeste)
situa-se em encostas de declividades menos acentuadas, mas tambm com riscos geolgico-
geotcnicos.
No bairro Cota 200 existem 1300 moradias com alguma situao irregular, segundo os
mapas da CDHU para essa localidade. Alm disso, aproximadamente120 moradias
ultrapassam o limite de desafetao e invadem os limites do PESM e ocupam APP. Essas
moradias que esto dentro da Unidade de Conservao devero ser removidas e as reas
remanescentes precisaro ser recuperadas.
3.1.2.2 RECOMENDAES DE RECUPERAO DO SETOR NOROESTE
Situao limite Jardim Botnico com Cota 200: intervenes e plantios de recuperao em
terrenos inclinados:
As reas que devero ser desocupadas e recuperadas se assemelham muito com a
situao observada no Pinhal do Miranda (situao C). As atividades de recuperao nessa
situao devem levar em considerao a drenagem das reas que sero desocupadas,
devendo ser executadas as obras cabveis de responsabilidade da CDHU nas reas de risco
geotcnico e geolgico, para a readequao e preveno de processos erosivos em virtude
da declividade e descobertura vegetal do terreno que ser desocupado de moradias
irregulares:
a) Remoo de moradias e isolamento da rea que pertence ao PESM
b) Retirada dos fatores de degradao e remoo de lixo e entulhos
c) Descompactao do solo atravs de tcnicas que no comprometam a
estrutura do solo e que no ocasionem movimentao de massa,
especialmente nos locais mais ngremes
d) Preparao do terreno, anlise e correes no solo (caractersticas fsicas,
qumicas e microbiolgicas)
e) Em casos de terrenos muito inclinados que sero desocupados e que
possuem elevada instabilidade do solo:
- Se for necessrio devero ser feitos terraos de interceptao com
escoadouros, visando interceptar o movimento de excessos de enxurradas e
conduzir a gua em um desnvel progressivo, evitando seu acmulo e
prevennindo escorregamentos de encosta.
- Na rea de terraceamento recomenda-se o plantio de adubao verde, para
melhoria das caractersticas fsicas e qumicas do solo, o transplante de
serapilheira juntamente com a transposio da camada superior do solo
(camada orgnica) e banco de sementes e o plantio em rea total. Existindo
bananeiras, essas devero ser erradicadas, uma vez que suas razes no
cumprem com a funo de estruturao do solo e podem acumular grandes
volumes de gua
Observao: Para as atividades de plantio em reas de encostas
recomendvel utilizar mudas juvenis, com implantao prvia de medidas de
conteno de eroso e correo da fertilidade do solo. Se a rea for de difcil
acesso, recomenda-se o uso de sementes de espcies pioneiras com
crescimento rpido
f) A seleo de espcies para o plantio de recuperao nesse tipo de situao
deve considerar 60% delas (1500 mudas/ha) com crescimento rpido (Anexo
II), ou seja, espcies pioneiras (P) que, se possvel, sejam atrativas de fauna,
de tal forma a otimizar a sucesso ecolgica e reduzir qualquer processo de
eroso com escorregamento de encostas em virtude da remoo das
moradias e do tratamento do terreno. O uso de espcies pioneiras dever
favorecer o desenvolvimento de espcies tardias e a germinao do banco
de sementes que foi transposto anteriormente com a camada de solo. Assim
como na situao anterior, devero ser eleitas no mnimo 80 espcies
arbreas ocorrentes na Floresta Ombrfila Densa Submontana da regio.
Alm disso, outras recomendaes podem ser seguidas:
- Espaamento 2 x 2 m, o que permite a implantao de 2500 mudas/ha
organizadas em grupos ecolgicos e distribudas no campo conforme o
esquema representado no Anexo II.
- Distribuio espacial que evite a repetio de grupos sucessionais e a
superposio de copas.
- Na situao de terreno inclinado, fica recomendado o plantio em curvas de
nvel, pois isto ajudar a evitar a eroso.
Figura 4. Setor N
oroe
ste - reas poten
ciais de
escorrega
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tos na
turais na Serra que
so
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agen
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Bairro Cota 20
0 e faze
m limite co
m o Jardim B
otn
ico de
Cub
ato
.
3.1.3 SETOR SUDOESTE
3.1.3.1 ANTIGO PTIO DE OBRAS DA DUPLICAO DA ROD. IMIGRANTRES
O trecho de um antigo ptio de obras de duplicao da Rodovia do Imigrantres
possui uma rea onde as atividades de recuperao podem ser feitas a partir do
processo de regenerao natural. As condies desse local se enquadram situao
A observada no bairro de gua Fria, sendo portanto recomendado seu isolamento em
relao aos fatores de degradao. Esse local favorecido pela proximidade com a
matriz florestal, logo, a regenerao pode ser uma alternativa de recuperao.
3.1.3.2 RECOMENDAES DE RECUPERAO DO SETOR SUDOESTE
Dever ser constatada a possibilidade da regenerao sem o auxilio de plantios
de mudas ou sementes, caso contrrio, poder ser necessrio executar algum plantio
de adensamento, o que seria interessante para o processo de sucesso que j pode
estar ocorrendo. Podem ser observados indivduos arbreos esparsos, o que pode ser
atribudo tentativa de recuperao aps a desocupao do ptio (Figura 5). Essas
rvores podem servir de subsdio na recuperao, devendo, portanto, serem
protegidas como poleiros naturais de oferta de condies e recurso para avifauna e
fauna local. Dessa forma, podem ser seguidos os seguintes procedimentos:
a) Isolamento da rea
b) Retirada dos fatores de degradao
c) Anelamento de espcies exticas destinadas aos poleiros artificiais
d) Proteger os indivduos arbreos remanescentes
e) Eliminao seletiva e desbaste de espcies competidoras e remoo
de gramneas
f) Induo e conduo de propgulos autctones
g) Plantio de adensamento que poder ser feito com mudas ou
sementes de espcies ocorrentes na regio, acelerando a dinmica
de sucesso ecolgica.
h) Plantio de mudas de no mnimo 80 espcies arbreas nativas. Os
modelos de plantio que separam espcies em grupos funcionais tm
otimizado o potencial das espcies plantadas na restaurao de reas
degradadas.
- Esse modelo pode possuir 40 % de espcies no pioneiras (NP)
- Espaamento 2 x 2 m, o que permite a implantao de 2500
mudas/ha organizadas em grupos ecolgicos e distribudas no campo
conforme o esquema representado no Anexo I
- Distribuio espacial que evite a repetio de grupos sucessionais e
a superposio de copas
- Utilizao de 20% das espcies (500 mudas/ha) zoocricas nativas
e 5% das espcies (125 mudas/ha) enquadradas em alguma
categoria de ameaa, conforme Resoluo SMA 48/04
- Observao: Existindo maior diversidade de espcies em viveiros da
regio, recomenda-se aumentar o nmero de espcies no plantio,
diversificando o modelo de recuperao. A escolha das espcies
dever ser feita com base na lista de espcies vegetais, presente na
Resoluo SMA 08/08 e na lista de espcies gerada pelo Plano de
Manejo do PESM, de tal forma a utilizar o maior nmero possvel de
espcies regionais.
Figura 5. Setor Sudoeste rea de recuperao onde se localizava um antigo ptio de obras da Rodovia Imigrantes e que far parte dos limites do Jardim Botnico de Cubato.
3.1.4 SETOR SUDESTE
3.1.4.1 STIO DOS QUEIRZ
A ocupao dessa rea de encosta s margens da Rodovia Padre Manoel da
Nbrega est em expanso na direo do Parque Estadual da Serra do Mar (Figura
6). Diversas habitaes esto instaladas ao sop do morro e precisam ser removidas
j que concentram, depois do bairro da gua Fria, as maiores presses humanas no
Jardim Botnico de Cubato.
3.1.4.2 RECOMENDAES DE RECUPERAO DO SUDESTE
Situao B: intervenes e plantios de recuperao em reas desocupadas
pelas moradias:
g) Isolamento da rea aps a remoo das moradias
h) Retirada dos fatores de degradao e remoo de lixo e entulhos
i) Descompactao do solo atravs de subsolagem mecnica nas reas
planas ou outra tcnica capaz de promover essa ao
j) Preparao do terreno, anlise e correes no solo (caractersticas
fsicas, qumicas e microbiolgicas).
k) Melhoria da qualidade do solo por tcnica alternativa de transposio
do solo (camada orgnica) e banco de sementes
l) Plantio de mudas de no mnimo 80 espcies arbreas nativas. Os
modelos de plantio que separam espcies em grupos funcionais tm
otimizado o potencial das espcies plantadas na restaurao de reas
degradadas.
- Esse modelo pode possuir 40 % de espcies no pioneiras (NP)
- Espaamento 2 x 2 m, o que permite a implantao de 2500
mudas/ha organizadas em grupos ecolgicos e distribudas no campo
conforme o esquema representado no Anexo I
- Distribuio espacial que evite a repetio de grupos sucessionais e
a superposio de copas
- Utilizao de 20% das espcies (500 mudas/ha) zoocricas nativas
e 5% das espcies (125 mudas/ha) enquadradas em alguma
categoria de ameaa, conforme Resoluo SMA 48/04
- Observao: Existindo maior diversidade de espcies em viveiros da
regio, recomenda-se aumentar o nmero de espcies no plantio,
diversificando o modelo de recuperao. A escolha das espcies
dever ser feita com base na lista de espcies vegetais, presente na
Resoluo SMA 08/08 e na lista de espcies gerada pelo Plano de
Manejo do PESM, de tal forma a utilizar o maior nmero de espcies
regionais possvel.
Figura 6. Setor Sudeste rea de recuperao onde se localizava o Stio dos Queirz
3.2 AVALIAO DOS PLANTIOS
O acompanhamento das aes de recuperao ser feito atravs da avaliao
anual da rea recuperada, durante um perodo de dois anos. Nas reas destinadas
recomposio natural dever ser feito um acompanhamento dos padres de
regenerao da vegetao, considerando aspectos como a cobertura do terreno, a
formao de uma estratificao horizontal e a composio de espcies.
Nas reas em que se dar o plantio de mudas devero ser avaliados aspectos
como o controle de pragas, taxa de sobrevivncia, visando determinar a necessidade
de replantio naqueles locais que apresentem baixos ndices de sobrevivncia.
Essa avaliao do processo de recuperao dever trazer informaes que
permitam observar os sucessos ou insucessos das estratgias escolhidas para a
recuperao da rea degradada, bem como os fatos que conduziram a estes
resultados. As tcnicas que podem ser utilizadas para a avaliao da recuperao
so:
- Avaliao da percentagem de cobertura do solo;
- Avaliao da conteno ou persistncia de processos erosivos;
- Avaliao da sobrevivncia de mudas e sementes implantadas;
- Avaliao quantitativa de serrapilheira;
- Avaliao quantitativa e qualitativa do banco de sementes;
- Avaliao da abundncia e densidade de espcies vegetais;
- Avaliao da regenerao natural e outros indicadores concernentes ao
plantio.
Com o desenvolvimento das mudas poder variar em virtude de uma srie de
fatores ambientais e das condies de implementao dos plantios, essas avaliaes
podero ser organizadas em uma matriz de avaliao da recuperao, classificando o
plantio em timo, bom, regular e ruim.
O nmero mnimo espcies florestais arbreas nativas de ocorrncia regional
dever ser adequado e garantir o sucesso da restaurao, logo, fica salientada que a
simples escolha de espcies da flora regional no ser a garantia de estabelecimento
e sobrevivncia das mudas, nem mesmo de reestruturao da floresta outrora
existente. Deve ser lembrado que em florestas tropicais o processo de sucesso
ecolgica gradual e ocorre com substituio de espcies, com o direcionamento e o
aumento da complexidade em uma escala de tempo. Essa substituio deve ser
entendida sob o ponto de vista de grupos ecolgicos ou categorias de sucesso
ecolgica.
3.3 OS MODELOS DE PLANTIO EM REAS DEGRADADAS E CUSTOS
Os modelos de plantio para recuperao da rea foram baseados em
informaes que tm sido constantemente aprimoradas e alimentadas pelos
conhecimentos bsicos sobre ecologia, demografia, gentica, biogeografia, bem como
por informaes obtidas sobre o ambiente fisco e biolgico da regio onde se insere a
rea objeto de recuperao. Alm dos conhecimentos cientficos, outro ponto
importante e considerado foi a disponibilidade de tecnologia silvicultural para as
espcies nativas, envolvendo a produo e beneficiamento de sementes, produo de
mudas e a prpria implantao da floresta.
Os principais parmetros norteadores do modelo aqui apresentado, foram
baseados na Resoluo SMA 08/08 que dispe sobre as orientaes para
reflorestamento heterogneo com espcies florestais nativas em reas degradadas,
que estabelece em seu artigo 6 o um nmero mnimo espcies florestais arbreas
nativas de ocorrncia regional, que devem estar estabelecidas aps dois anos da
implantao do projeto de restaurao.
As espcies florestais arbreas utilizadas no reflorestamento devem seguir a
orientao da lista de espcies anexa a Resoluo SMA 08/08, para a regio
ecolgica Litoral Sul, seguindo ainda a sua ocorrncia no bioma. Pode-se ainda,
utilizar outras espcies vegetais que foram levantadas pelo Plano de Manejo do
PESM, alm de considerar tambm os estudos florsticos disponveis para a regio.
Seguindo as recomendaes do Termo de Referncia para Implantao de
Viveiro de Mudas Florestais fica salientada a importncia da criao de um viveiro de
espcies nativas florestais para a produo de mudas com qualidade gentica e
fitossanitria. De acordo com o termo de referncia supra citado, este viveiro dever
ser incorporado ao Jardim Botnico de Cubato, para uso posterior ao
reflorestamento, como instrumento para educao ambiental e auxilio a recuperao
ambiental de reas prximas e permitir o desenvolvimento de pesquisas cientficas,
incluindo a de tecnologias de sementes de espcies florestais nativas.
3.4 CUSTOS
Os custos estimados desta proposta esto divididos nas fases de implantao e
de manuteno durante o perodo de dois anos (Anexos 1a, 1b e 1c). Dessa forma, a
Secretaria de Meio Ambiente poder decidir se participa de alguma das duas fases
com pessoal prprio, fazendo a devida deduo do custo correspondente, ou se opta
pela contratao de empresa especializada, que ir acrescentar custos de
administrao e elaborao de projeto.
3.5 DENSIDADE DE PLANTIO E GRUPOS DE ESPCIES
Sero utilizadas densidades de plantio que atendam aos dois cenrios de
degradao nos limites do Jardim Botnico de Cubato. O primeiro, que atende a
situao de reas planas devidamente desocupadas, que dever ser de 2.500 mudas
por hectare, sendo 20% das espcies (500 mudas/ha) zoocricas nativas e 5% das
espcies (125 mudas/ha) enquadradas em alguma categoria de ameaa, conforme
Resolues SMA 08 de 2008 e SMA 48 de 2004. Nesse caso, em relao ao nmero
de indivduos a ser utilizado nas situaes de plantio deve-se considerar que o total de
indivduos pertencentes a um mesmo grupo ecolgico (pioneiro ou no pioneiro) no
pode exceder 60% do total de indivduos do plantio. Nenhuma espcie pioneira pode
ultrapassar o limite mximo de 20% de indivduos do total de plantio, assim como,
nenhuma espcie no pioneira pode ultrapassar o limite mximo de 10% de indivduos
do total do plantio. Em dez por cento (10%) das espcies implantadas, no mximo,
podem ter menos de doze (12) indivduos no projeto.
O segundo cenrio, que atende a situao de encostas e terrenos com inclinao
e com risco geotcnico que esto nos limites do Jardim Botnico, tambm ser
utilizada a densidade de 2.500 mudas/ha, porm, 60% delas (1500 mudas/ha) devem
ser de crescimento rpido, pertencente ao grupo de espcies pioneiras, que sejam
atrativas de fauna, de tal forma a acelerar e otimizar o processo de sucesso
ecolgica e reduzir qualquer processo de eroso e de escorregamento de encostas
em virtude da remoo das moradias e do tratamento do terreno.
3.6 MANUTENO
A Resoluo SMA 08/08 determina em seu artigo 10 que o monitoramento de
projeto de recuperao de reas degradadas e suas prticas de manuteno devem
ser realizados, no mnimo, por um perodo de 24 meses.
As adubaes de manuteno foram estimadas em trs vezes por ano, com as
seguintes quantidades, sendo as quantidades ideais definidas aps anlise de solo:
Adubo qumico _ gr / muda / vez _
1 Ano _ 2 Ano _
Superfosfato Simples 100 150
Cloreto de potssio 50 75
Sulfato de amnia 75 125
A aplicao de calcrio para correo do teor de acidez do solo pode ser feita
uma vez ao ano na quantidade estimada de 400 gramas por planta, ou seguindo
recomendao aps anlise de solo.
3.7 REAS PERTURBADAS
A subtrao das reas perturbadas em mata ciliar gerou uma rea perturbada
total de Floresta Ombrfila Densa Submontana de 13,5 ha. Pela avaliao das
imagens e fotos em Sistema de Informao Geogrfica ArcView 9.2 e as idas ao
campo, foi possvel constatar que so, em grande parte, fragmentos florestais
dispersos entre as moradias (casas de alvenaria, barracos de madeira aproveitada e
material improvisado) dos bairros que esto irregularmente instalados no PESM
(Figura 7). Nesse tipo de situao, essas reas perturbadas ainda sofrem um certo
distrbio, porm, tm a capacidade de se regenerar naturalmente ou de se estabilizar
em outra condio tambm dinamicamente estvel. Para reas desse tipo, quando o
distrbio aparentemente foi pequeno, a interveno para recuperao pode consistir
apenas em iniciar o processo de sucesso ecolgica naturalmente, abandonando a
rea e prevenindo qualquer outro tipo de distrbio. As reas perturbadas, desde que
removido os agentes de perturbao, podem funcionar como pequenas ilhas de
diversidade, pois possuem diferentes densidades e diversidades de espcies arbreas
teis para atrair dispersores de sementes das espcies presentes nas ilhas, assim
como para trazer propgulos de outras espcies da matriz florestal que compe o
entorno imediato do Jardim Botnico de Cubato.
Esses pequenos trechos de floresta podem permitir a recolonizao por diversas
espcies e o restabelecimento do fluxo gnico e a conectividade entre as populaes
arbreas outrora isoladas pelo efeito da perfurao que o bairro da gua Fria causou
localmente. Na proposta de zoneamento do Jardim Botnico, essas reas perturbadas
podero compor a Zona de Recuperao.
3.8 SUBSDIOS PARA AS ATIVIDADES DE RECUPERAO
O viveiro de mudas florestais arbreas nativas do Jardim Botnico de Cubato
ter como principal finalidade a produo de mudas nativas que sero utilizadas na
restaurao das reas degradadas dentro do limite do Jardim Botnico. Esse viveiro
poder auxiliar na recuperao de reas degradadas no Parque Estadual Serra do
Mar (PESM), dentro do Programa de Recuperao Socioambiental da Serra do Mar e
Sistema de Mosaicos da Mata Atlntica, ale, de ainda subsidiar as atividades de
educao ambiental e capacitao profissional para a comunidade de entorno ao
PESM.
Figura 7. Trecho do bairro gua Fria indicando reas perturbadas (___) dispersa entre
as moradias irregulares que esto nos limites do Jardim Botnico de Cubato (___).
4. ZONEAMENTO DO JARDIM BOTNICO DE CUBATO
Atualmente os Jardins Botnicos no se incluem dentre as categorias de
Unidade de Conservao disciplinadas pela Lei 9.985/00 que institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservao (SNUC). Entretanto, j foram assim
considerados pelo CONAMA que, atravs da Resoluo n 011/87, declarara os
Jardins Botnicos, como Unidades de Conservao, dentre outras categorias de
Stios Ecolgicos de Relevncia Cultural. So consideradas reas protegidas,
conforme Resoluo CONAMA no. 339/03, que dispe sobre a criao, normatizao
e funcionamento dos jardins botnicos brasileiros.
Levando-se em conta as consideraes acima, alm do ponto de vista jurdico do
relatrio Proposta e justificativa para a criao do Jardim Botnico de Cubato,
Parque Estadual da Serra do Mar e a manifestao da Fundao Florestal de que no
h bices implantao de um jardim botnico nos limites do PESM, no bairro da
gua Fria, em Cubato, faz-se necessria a elaborao de uma proposta de
zoneamento da rea do Jardim Botnico de Cubato, considerando para tanto o
modelo apresentado no Plano de Manejo do PESM, as informaes apresentadas at
esse segundo relatrio e as diretrizes do Decreto Estadual n 25.341/86 que trata do
Regulamento dos Parques Estaduais Paulistas.
Considerando as informaes disponibilizadas no Plano de Manejo do PESM, o
zoneamento constitui um instrumento de ordenamento territorial, usado como recurso
para se atingir melhores resultados no manejo em Unidade de Conservao, pois
estabelece usos diferenciados para cada zona, segundo seus objetivos que so
apresentados a seguir:
I - Zona Intangvel aquela onde a primitividade da natureza
permanece intacta, no se tolerando quaisquer alteraes humanas,
representando o mais alto grau de preservao . Funciona como matriz de
repovoamento de outras zonas onde j so permitidas atividades humanas
regulamentadas. Esta zona dedicada proteo de ecossistemas, dos
recursos genticos e ao monitoramento ambiental. O objetivo do manejo a
preservao garantindo a evoluo natural;
II - Zona Primitiva aquela onde tenha ocorrido pequena ou mnima
interveno humana, contendo espcies da flora e da fauna os fenmenos
naturais de grande valor cientfico. Deve possuir as caractersticas de zona de
transio entre a Zona Intangvel e a Zona de Uso Extensivo. O objetivo geral
do manejo a preservao do ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar as
atividades de pesquisa cientfica, educao ambiental e proporcionar formas
primitivas de recreao;
III - Zona de Uso Extensivo aquela constituda em sua maior parte
por reas naturais, podendo apresentar alguma alterao humana. Caracteriza-
se como uma zona de transio entra a Zona Primitiva e a Zona de Uso
Intensivo. O objetivo do manejo a manuteno de um ambiente natural com
mnimo impacto humano, apesar de oferecer acesso e facilidade pblica para
fins educativos e recreativos;
IV - Zona de Uso Intensivo aquela constituda por reas naturais ou
alteradas pelo homem. O Ambiente mantido o mais prximo possvel do
natural, devendo conter centro de visitantes, museus, outras facilidades de
servios. O objetivo geral do manejo e o de facilita a recreao intensiva e
educao ambiental em harmonia com o meio;
V - Zona Histrico-Cultural aquela onde so encontradas
manifestaes histricas e culturais ou arqueolgicas, que sero preservadas,
estudadas e interpretadas para o pblico, servindo a pesquisa, educao e uso
cientifico. O objetivo geral do manejo o de proteger stios histricos ou
arqueolgicos, em harmonia com o meio ambiente;
VI - Zona de Recuperao aquela que contm reas
consideravelmente alteradas pelo homem. Zona provisria, uma vez
restaurada, ser incorporada novamente a uma das zonas permanentes. As
espcies exticas introduzidas devero ser removidas e a restaurao dever
ser natural ou naturalmente agilizada. O objetivo geral de manejo deter a
degradao dos recursos ou restaurar a rea;
VII - Zona de Uso Especial aquela que contm as reas
necessrias a administrao, manuteno e servios do Parque Estadual,
abrangendo habitaes, oficinas e outros.
A proposta de criao do Jardim Botnico de Cubato no se afasta do plano
para algumas das zonas do PESM, pelo contrrio, podem servir de instrumento
adequado aos objetivos visados no Plano de Manejo, representando, portanto, uma
forma efetiva e eficaz de implement-lo.
Aps os estudos realizados pelo grupo de trabalho e pelos consultores
especializados e considerando ainda a deciso judicial que foi relatada na consulta
Proposta e justificativa para a criao do Jardim Botnico de Cubato, Parque
Estadual da Serra do Mar, foi delimitado no PESM uma rea para o Jardim Botnico,
sobre parte de duas zonas definidas pelo Plano de Manejo: a Zona de Ocupao
Temporria (ZOT) e a Zona de Recuperao (ZR). A Fundao Florestal, aps anlise
do Plano de Manejo do PESM verificou a compatibilidade de implantao de um
Jardim Botnico nas zonas supra citadas, concluindo que esta medida pode ser a
forma mais adequada para alcanar os objetivos buscados pelo Plano de Manejo.
Avaliando a situao das duas zonas inicialmente, ambas so setores de
transio que, aps a desocupao e recuperao, tero trechos destinados um
zoneamento mais restritivo com nova adequao aos limites do Jardim Botnico.
Inicialmente, a desocupao da ZOT foi determinada por deciso judicial e o relatrio
Identificao de reas degradadas do Jardim Botnico de Cubato avaliou a rea
como bastante degradada, com intensa ocupao antrpica. Dessa forma, a ZOT
poderia abrigar as instalaes do Jardim Botnico, formando a Zona de Uso Especial
(ZUE) e destinando outros trechos Zona de Uso Intensivo (ZUI). A atual Zona de
Recuperao (ZR) teria de ser readequada, com uma parte atrelada aos propsitos da
recuperao de reas degradadas e uma outra parte destinada Zona Primitiva (ZP)
do Jardim, uma vez que consiste em trechos com pouca interveno humana. A
delimitao dessas zonas servir como subsdios para o planejamento do projeto
arquitetnico do Jardim Botnico, que dever ser executado pelo grupo do Plano
Diretor.
Avaliando em maior detalhe a proposta de zoneamento do Jardim Botnico de
Cubato (Figura 8), pode-se considerar a implementao de cinco zonas, cujos
objetivos no iro conflitar com aqueles definidos para os Parques Estaduais, desde
que observado o Plano de Manejo do PESM e algumas normas e restries
constantes da legislao especfica de Unidades de Conservao:
I - Zona Primitiva Nos limites do Jardim Botnico de Cubato, corresponde a duas
reas, a primeira, no setor Sudoeste, com 95 ha (ZP1) e, a segunda, no Sudeste, com
69 ha (ZP2) (Figura 8). So setores onde, embora tenha ocorrido interveno humana
em pequena escala, ainda abriga espcies de fauna e da flora e fenmenos naturais
de grande valor cientfico. A ZP2 tm maior grau de conservao no contexto do
Jardim Botnico, uma vez que compe a encosta do Morro do Marzago, rea de
difcil acesso. Ao todo, a ZP possui algumas caractersticas da zona de transio entre
a Zona Intangvel e a Zona de Uso Extensivo. O objetivo dessa zona preservar o
ambiente natural e ao mesmo tempo facilitar as atividades de pesquisa cientfica,
educao ambiental e proporcionar formas primitivas de recreao. Com a
implementao do Jardim e de suas atividade propostas na misso, essa Zona
Primitiva poder ser revista posteriormente e elevada Zona Intangvel se atingir os
requisitos para isso.
II - Zona de Uso Extensivo - constituda em sua maior parte por trechos naturais,
abrangendo uma rea de 14 ha localizada nos setores Noroeste e Sudoeste (Figura
8), adjacente ZP. Nesse setor pde ser observada a alterao humana causada pela
ocupao irregular que ser removida e a rea recuperada. Essa zona ir ser a
transio entre a Zona Primitiva e a Zona de Uso Intensivo. O terreno tem pouca
inclinao e abriga trechos de Floresta Ombrfila Densa Submontana de diferentes
estdios sucessionais. O objetivo dessa zona ser o de manter o ambiente natural
com o mnimo impacto humano, podendo ser oferecidos acesso e facilidades ao
pblico, programas educativos e recreativos.
III - Zona de Intensivo Abriga reas naturais ou alteradas pelo homem. No Jardim
Botnico, a recuperao dessa rea poder permitir a instalao de um Centro de
Interpretao para Visitantes e outras facilidades e servios. Nessa rea, o ambiente
dever ser recuperado e mantido o mais prximo do natural. O objetivo geral do
manejo facilitar a recreao intensiva e a educao ambiental, em harmonia com o
meio. Procurando atender essa premissa, o acesso essa zona poder ser feito
atravs da alameda Elias Zazur, onde o visitante poder conhecer o setor do viveiro,
trechos da mata ciliar do Rio Cubato e de Floresta Ombrfila Densa Submontana
recuperada e, mais adiante, se deparar com o contraste entre as pistas da Rodovia do
Imigrantes e a Floresta Atlntica.
IV - Zona de Recuperao No Jardim Botnico, uma das prioridades a
recuperao de reas degradadas e perturbadas pela ocupao humana, logo, foram
delimitados dois setores para essa zona, o primeiro com 64 ha e que compe a
vertente Sul do Morro do Marzago e o segundo, com 68 ha, compondo a os limites
com os bairros cota ao norte e toda a rea de mata ciliar do Rio Cubato. Essa zona
contm reas consideravelmente alteradas pelo homem, possuir carter provisrio e,
uma vez restaurada, poder ser incorporada a uma das zonas permanentes. Nesta
Zona, a restaurao dever ser natural ou naturalmente agilizada, e as espcies
exticas introduzidas devero ser removidas. O objetivo geral do manejo deter a
degradao dos recursos ou restaurar a rea inserida nessa zona.
V - Zona de Uso Especial - Na rea do bairro da gua Fria, poder ser aproveitada
uma rea de 18,4 ha que poder ser destinada s reas necessrias administrao,
manuteno, servios e vigilncia do Jardim Botnico, abrangendo habitaes,
escritrios, guaritas e portarias, oficinas, viveiros, jardins, colees, estufas, praas,
estacionamentos e outros. Trata-se do aproveitamento de grande parte da prpria
rea do bairro gua Fria. O objetivo geral do manejo minimizar o impacto da
implantao das estruturas ou os efeitos das obras no ambiente natural ou cultural.
Essa zona estar localizada na rea mais plana do Jardim Botnico, fazendo limite
com a APP do Rio Cubato, reas de Floresta Ombrfila Densa Submontana e reas
degradadas e perturbadas em processo de recuperao, logo aps a desocupao. O
traado da Rua Elias Zazur poder ser readequado e aproveitado como alameda
principal de acesso ao setor administrativo do Jardim e s Zonas de Uso Intensivo e
de Recuperao, finalmente ligando-se segunda entrada do Jardim, via portaria do
Ncleo Piles do PESM. Vale ressaltar que o planejamento de uso da terra dessa
Zona dever ser feito pelo grupo do Plano Diretor para a instalao do Jardim
Botnico.
As zonas que no atendem, nesse momento proposta de zoneamento do
Jardim Botnico de Cubato so:
I - Zona Intangvel - representa o mais alto grau de preservao, onde a primitividade
da natureza permanece intacta, no sendo toleradas quaisquer alteraes humanas.
Funciona como matriz de repovoamento de outras zonas onde j so permitidas
atividades humanas regulamentadas. Esta zona destinada a proteo integral de
ecossistemas, dos recursos genticos e ao monitoramento ambiental. O objetivo
bsico do manejo a preservao, garantindo a evoluo natural.
II - Zona Histrico-Cultural abriga os stios histricos, culturais e arqueolgicos que
sero preservados, estudados, restaurados e interpretados para o pblico, servindo
pesquisa, educao e ao uso cientfico. O objetivo do manejo proteger os stios,
em harmonia com o meio ambiente. No Jardim Botnico, sendo de interesse do grupo
de Plano Diretor, poderia ser mantido um pequeno trecho do bairro da gua Fria,
representativo das interferncias humanas que outrora ocorreram ali, como forma
ldica de mostrar aos visitantes o antes e o depois do processo de recuperao da
rea. Existindo essa possibilidade, o local poder constituir essa zona.
Essas duas ltimas zonas supra citadas, em especial a Zona Intangvel, podero
ser includas na reviso do Plano de Manejo do PESM, tendo como base os resultados
da recuperao das reas degradadas, perturbadas e aquelas que faro parte das
Zonas Primitiva e de Recuperao do Jardim Botnico de Cubato.
Figura 8. Proposta de zoneamento para os limites do Jardim Botnico de Cubato.
ANEXO I
Modelo de Plantio I
P1 NP41 P2 NP42 P3 NP43 P4
NP44 P5 NP45 P6 NP46 P7 NP47
P8 NP48 P9 NP49 P10 NP50 P11
NP50 P12 NP51 P13 NP52 P14 NP53
P15 NP54 P16 NP55 P17 NP56 P18
NP57 P19 NP58 P20 NP59 P21 NP60
P22 NP61 P23 NP62 P24 NP63 P25
NP64 P26 NP65 P27 NP66 P28 NP67
P29 NP68 P30 NP69 P31 NP70 P32
NP71 P33 N72 P35 NP73 P36 NP74
P37 NP75 P38 NP76 P39 NP77 P40
LEGENDA : P = Pioneira
NP = No Pioneira
ANEXO III
Modelo de Plantio
P1 NP46 P2 NP47 P3 P4 P5
P6 NP48 P7 P8 NP49 NP50 P9
P10 NP51 P11 NP52 P12 P13 P14
P15 P16 P17 P18 P19 P20 P21
P22 NP53 P23 NP54 P24 P25 P26
P27 NP55 P28 P29 NP56 NP57 P30
P31 NP58 P32 NP59 P33 P34 P35
P36 P37 P38 P39 P40 P41 P42
P43 NP60 P44 NP61 NP62 NP63 P45
LEGENDA : P = Pioneira
NP = No Pioneira
ANEXO III A) CUSTO ESTIMADO DE MO-DE-OBRA BRAAL PARA IMPLANTAO DO PROJETO DE RECUPERAO DE REAS
DEGRADADAS
Atividade
Unidade
Produo diria
por homem
Dias/homem/ha
Custo
(R$)
Custo/ha
(R$)
Combate inicial s formigas
ha
2 1
50,00
50,00
Coveamento
cova
80
30
50,00
1.500,00
Mistura e transporte de calcrio e fertilizantes
ton.
1 4
50,00
200,00
Distribuio de calcrio e fertilizantes nas covas
cova
250
8 50,00
400,00
Preparo das covas
cova
80
25
50,00
1.250,00
Seleo de espcies de mudas e montagem do modelo de
plantio(1)
Centro
5 6
150,00
900,00
Transporte e distribuio das mudas nas covas
centro
5 5
50,00
250,00
Plantio das mudas, corromento e embaciamento
cova
80
40
40,00
1.250,00
Subtotal Mo-de-Obra Braal por Hectare
---
---
---
---
6.150,00
(1) Atividade a ser desenvolvida por pessoa especializada.
ANEXO III B) CUSTO ESTIMADO DE INSUMOS E MATERIAIS PARA IMPLANTAO DO PROJETO
Atividade
Unidade
Quantidade* por
Hectare
Custo Unitrio
( R$ )
Custo / Hectares
(R$)
1. INSUMOS
Formicida
Kg
3 20,00
60,00
Calcrio
Kg
2000
1,50
3.000,00
Superfosfato simples
Kg
800
2,00
1.600,00
Cloreto de Potssio
Kg
400
2,00
800,00
Mudas
Unidade
2.500
2,50
6.250,00
Substrato Orgnico
Kg
12.500
0,50
2.500,00
2. EQUIPAMENTOS E VECULOS
Trator
H
4 100,00
400,00
Subtotal Insumos e Materiais / hectare
14.610,00
* considerando a unidade.
ANEXO III C) CUSTO TOTAL ESTIMADO DE IMPLANTAO DO PROJETO
Especificao
Custo por hectare (R$)
Mo-de-Obra-Braal
6.150,00
Insumos e Materiais
14.610,00
Total / ha
20.760,00
TOTAL GERAL reas degradadas do Jardim Botnico de Cubato = 25,5 HECTARES: R$ 529.380,00
CONSULTORIA (EQUIPE 3) JARDIM BOTNICO DE CUBATO
Atendendo ao Termo de Referncia BR-T1117/BID Desenvolvimento de mtodos e
modelos de manejo e recuperao ambiental em reas em reas protegidas do Estado de
So Paulo
RELATRIO
Programa de atividades de recuperao e reabilitao ambiental
Segundo produto
CAPTULO 2 - MEDIDAS DE RECUPERAO E REABILITAO E OS
ORAMENTOS PARA AS REAS DEGRADADAS LOCALIZADAS NO
PARQUE ESTADUAL DE SERRA DO MAR, CUBATO, SP
Piles
Bairros Cota 95/100
Pinhal do Miranda
Cota 200 e Setor 11
Cota 400/500
Biol. Erico F. Lopes Pereira-Silva
So Paulo Brasil
Fevereiro de 2009
5. MEDIDAS DE RECUPERAO E DE REABILITAO DAS REAS DEGRADADAS
Para a situao dos bairros Cota localizados nos interior do PESM e na rea de
desafetao, o IPT em parceria com a CDHU, realizaram em 2008 o relatrio
Recuperao scio-ambiental da Serra do Mar - projeto bsico de intervenes nos
bairros-cota onde apresentam o zoneamento das reas de risco geolgico-geotcnico.
Isso permitiu, juntamente com os dados de indicao das reas degradadas e
perturbadas (Vide Primeiro produto: Identificao de reas degradadas do Jardim
Botnico de Cubato), vislumbrar um cenrio em que se inclui duas situaes, a primeira
delas, com os ncleos consolidveis dos Bairros-Cota 200, 100/95 e Pinhal do Miranda, o
quais possuem condies geolgico-geotcnicas mais seguras e, a segunda situao,
que seriam as reas com risco de ocorrncia de acidentes geotcnicos, como Cota
400/500 e quelas que compem, em grande parte, o entorno imediato dos bairros aqui
analisados e que esto nos limites do PEMS.
Os bairros localizados na Serra do Mar da regio de Cubato apresentam, de modo
agravante, formaes geolgicas superficiais de elevada suscetibilidade a
movimentaes. A dinmica geolgico-geotcnica dessa regio se manifesta atravs de
escorregamentos naturais de solos e rochas. A escala de tempo tem demonstrado que as
intervenes humanas para o estabelecimento de bairros nessas encostas, representam
aes potenciais para induzir ocorrncia de instabilizaes, especialmente quando essas
intervenes so irregulares e sem cuidados tcnicos de planejamento.
De acordo com a CDHU, em seu relatrio Recuperao scio-ambiental da Serra
do Mar - projeto bsico de intervenes nos bairros-cota, existem duas grandes
drenagens que cortam a regio, a primeira no espao natural ainda no ocupado
existente entre os Bairros Cota 200 e 100/95, e a segunda, vizinha ao vale do Rio das
Pedras, cortando o Bairro Cota 100/95. Essas drenagens situadas a montante dos
Bairros-Cota so cenrios comuns da Serra do Mar, porm, se continuarem a serem
ocupados indiscriminadamente, podero se tornar instveis quanto natureza geolgico-
geotcnico e ,indubitavelmente, iro atingir esses bairros.
O avano dessas ocupaes tem sido constatado pela ao humana sobre a terra,
como desmatamento, nivelamento do terreno para a construo (corte e aterro), local e
mtodo inadequados de construo das moradias, ausncia de impermeabilizao e
drenagem, descobertura de reas com florestas, favorecendo a eroso pluvial
vazamentos de gua generalizados que favorecem a infiltrao e acmulo de gua,
moradias assentadas em terreno margem de drenagem, ausncia de proteo no canal
e concentrao de guas pluviais causando eroso e solapamento das margens dos
corpos dgua potencializando a instabilidade do solo. Notvel ainda que quanto mais
recente o avano das ocupaes, mais precrias so as condies de moradias, o que
acaba colocando sob ameaa a populao.
O projeto proposto para as intervenes nos Bairros-Cota foi importante para a
elaborao do Zoneamento de Riscos, que classificou e conceituou diferentes setores das
reas ocupadas, segundo a possibilidade de ocorrncia de acidentes geotcnicos e
hidrulicos na Serra do Mar. A classificao dos graus de risco a escorregamentos,
proposto pelo IPT e que podem ser encontrados no relatrio da CDHU supra citado,
prope a partir o Grau de Risco R3 (alto), dentre outras recomendaes, medidas de
estabilizao ou remoo de edificaes existentes, sendo necessria a recuperao
florestal das reas remanescentes.
No interior das reas desafetadas sero desocupadas as reas que apresentam as
seguintes caractersticas:
- edificaes instaladas em: reas classificadas como de risco geolgico e
geotcnico Muito Alto (R4) e Alto (R3), no Bairro-Cota 200;
- reas de proteo de cursos dgua numa distncia de 15 metros para cada lado
da linha do talvegue ou do fundo de vale;
- faixas de domnio de linhas de alta tenso, numa distncia de 15m para cada lado
do eixo das mesmas;
- faixas de segurana operacional de 30m de cada lado dos acostamentos da
rodovia Anchieta.
Em relao a reas de risco necessrio atualizar e ampliar a escala dos estudos e
levantamentos existentes. Uma definio dos limiares crticos dos indicadores do grau de
estabilidade de solo precisa ser elaborada, incluindo assoreamento de drenagens,
cicatrizes de escorregamentos, formas de ocupao do solo e degradao da vegetao.
Considerando-se em termos ideais, as variveis de altitude, relevo e outros aspectos
fisiogrficos, a recuperao de reas degradadas deve ser feita com espcies nativas do
local, o que permitir a restaurao tambm das interaes ecolgicas, contribuindo
assim para o restabelecimento de outros elementos importantes ao funcionamento do
sistema como os microrganismos, a fauna silvestre, etc. Espcies raras ou ameaadas de
extino devem ser priorizadas e a diversidade das formaes remanescentes deve ser
considerada na definio das espcies e do nmero de espcies a ser usado, assim como
as caractersticas da paisagem regional, o estado de preservao desses fragmentos e
outros. Em locais com problemas ambientais especficos devem ser selecionadas
espcies resistentes aos fatores de tenso (por exemplo poluio). Tambm
recomendada a priorizao de espcies de cicatrizao para o grande nmero de
remanescentes da regio, que certamente contribuiro com as espcies finais da
sucesso. Em taludes recomenda-se o plantio inicial de espcies escandentes e de
espcies herbceas, seguindo-se as arbreas com razes profundas que permitam o
ancoramento do solo.
6. OBJETIVOS
Esse relatrio tem como objetivo fornecer informaes quantitativas e qualitativas de
importncia para as orientaes sobre a recuperao e a reabilitao das reas
degradadas pelo efeito do uso inadequado da terra que se encontram dentro de uma
parte dos limites do Parque Estadual da Serra do Mar no municpio de Cubato. A
implantao de um programa de recuperao de uma rea degradada dever buscar
minimizar ou ento eliminar os efeitos negativos causados pelas intervenes e
alteraes antrpicas das ocupaes irregulares, as quais podem ser potencialmente
geradoras de fenmenos indutores de impactos ambientais. Para tanto, esse relatrio
apresenta diretrizes tcnicas para a recuperao florestal das reas de remoes dos
bairros Cota.
No caso especfico de recuperao de reas de escorregamentos recomenda-se a
interveno se houver dificuldades para o estabelecimento de plntulas, elevada
instabilidade do solo, fluxo excessivo de gua e limitaes severas de fertilidade. Nestes
casos, recomendvel utilizar mudas juvenis, com implantao prvia de medidas de
conteno de eroso e correo da fertilidade do solo. As fases de demolio, de
remoo do entulho, estabilizao geotcnica e reflorestamento, devero ser
consideradas como integrantes de uma mesma ao geotcnica, pelo que, no devero
ocorrer solues de continuidade e dissociaes em sua execuo. Exemplificando, logo
que em uma sub-rea sejam concludos os servios de demolio e remoo de entulhos,
devero ser, de imediato, iniciados os servios de estabilizao geotcnica, incluindo
nesses a implantao das medidas de recuperao de reas.
7. INTERVENES E PLANTIOS DE RECUPERAO EM TERRENOS INCLINADOS
A quantificao de reas degradadas que se enquadram nessas caractersticas
supra citadas totalizam 111 ha e esto distribudas conforme os resultados do relatrio
Indicao de reas degradadas no limite do Jardim Botnico de Cubato (Captulos I e
II). As atividades de recuperao nessa situao devem levar em considerao a
drenagem das reas que sero desocupadas, devendo ser executadas as obras cabveis
de responsabilidade da CDHU nas reas de risco geotcnico e geolgico, para a
readequao e preveno de processos erosivos em virtude da declividade e
descobertura vegetal do terreno que ser desocupado de moradias irregulares:
a) Remoo de moradias e isolamento da rea
b) Retirada dos fatores de degradao e remoo de lixo e entulhos
c) Descompactao do solo atravs de tcnicas que no comprometam a
estrutura do solo e que no ocasionem movimentao de massa,
especialmente nos locais mais ngremes
d) Preparao e melhoramento das condies agronmicas dos solos
superficiais do terreno, anlise e correes no solo (caractersticas fsicas,
qumicas e microbiolgicas)
Observao: no perodo crtico entre o final de remoes e o incio da
implantao efetiva do reflorestamento, poder ser utilizada, somente em
reas mais suscetveis a movimentos do solo, a tcnica de hidrossemeadura
com leguminosas e forrageiras naturais da regio, buscando estabelecer
melhor agregao do solo pelo enraizamento envolvente das plantas com o
solo superficial em um tempo menor
e) Em casos de terrenos muito inclinados que sero desocupados e que
possuem elevada instabilidade do solo:
- Se for necessrio devero ser feitos terraos de interceptao com
escoadouros, visando interceptar o movimento de excessos de enxurradas e
conduzir a gua em um desnvel progressivo, evitando seu acmulo e
prevenindo escorregamentos de encosta.
- Na rea de terraceamento recomenda-se o plantio de adubao verde, para
melhoria das caractersticas fsicas e qumicas do solo, o transplante de
serapilheira juntamente com a transposio da camada s
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