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1
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ
FACULDADE CEARENSE
CURSO DE TURISMO
ANA BEATRIZ LÔBO MESQUITA
A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE RIO 2013 COMO UM DESPERTAR PARA
O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RELIGIOSO NO BRASIL
FORTALEZA
2013
2
ANA BEATRIZ LÔBO MESQUITA
A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE RIO 2013 COMO UM DESPERTAR PARA
O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RELIGIOSO NO BRASIL
Monografia submetida à aprovação da Coordenação do Curso de Turismo do Centro de Ensino Superior do Ceará- Faculdade Cearense, como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação, sob orientação da professora Isabel Mamede.
FORTALEZA
2013
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ANA BEATRIZ LÔBO MESQUITA
A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE RIO 2013 COMO UM DESPERTAR PARA
O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RELIGIOSO NO BRASIL
Monografia como pré-requisito para obtenção
do título de Bacharelado em Turismo,
outorgado pela Faculdade Cearense - FaC,
tendo sido aprovada pela banca examinadora
composta pelos professores abaixo citados.
Data da aprovação: 10/12/2013
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Professora Ms. Maria Isabel de Barros Mamede Holanda
___________________________________
Professora Esp. Paula Roberta de Oliveira Leite
___________________________________
Professor Esp. Mansueto da Silva Brilhante
4
A Deus, a minha mãe e a minha família.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida, pela sabedoria e força para executar este trabalho.
A minha mãe Amélia, que desde criança me ensinou o valor do estudo e sempre me
incentivou a ser uma boa pessoa e profissional.
Ao meu noivo Júnior, por todos os dias disponibilizar seu tempo em vir me deixar e
me buscar durante as aulas e por toda a ajuda durante a realização deste trabalho.
Aos meus avós e tios pela grande ajuda e pelo incentivo.
A Professora Isabel Mamede por ter me orientado no desenvolvimento deste
trabalho.
Aos meus gatos, que foram meu refúgio nos momentos difíceis.
Aos meus colegas da Turma Master por estarem presentes nesses três anos de
caminhada rumo a vida profissional.
A todos os meus professores, que foram responsáveis pela minha formação
acadêmica.
As colegas de estágio Inara Nascimento e Adélia Gurgel pela ajuda e pelo incentivo.
Aos peregrinos, Marcos Antonio Jr, Elzilane dos Santos, Paloma Santos e Matheus
Ribeiro, por participarem gentilmente das entrevistas.
A todos que torceram, para que esse sonho se tornasse realidade.
6
“Com tua mão ó meu Senhor segura a minha,
pois não me atrevo a um passo só, sem teu
amparo, sem teu apoio.”
(Com tua mão – Suely Façanha)
7
RESUMO
Lugares santos, peregrinações, festejos, eventos a nível mundial, esses são
alguns dos motivos que levam milhares de pessoas a deixarem suas residências
para praticarem o Turismo Religioso. Em Julho de 2013, a cidade do Rio de Janeiro,
foi palco para o maior evento religioso: a Jornada Mundial da Juventude. O evento
tomou grandes dimensões, chegando a marca de mais de 3 milhões1 de pessoas no
último dia de evento. Em vista da magnitude do evento para o país, este trabalho
busca realizar um estudo sobre o assunto. A problemática a seguinte questão: Quais
os impactos causados pela JMJ RIO 2013 ao Turismo brasileiro? O objetivo geral é
identificar os impactos causados pelo evento ao turismo brasileiro, os objetivos
específicos são: identificar as oportunidades geradas pelo evento, estudar a
qualidade dos serviços e a estrutura oferecida durante o evento e realizar um
diagnóstico da situação da cidade para o recebimento dos próximos eventos
mundiais. No que se refere à metodologia, realizou-se primeiramente um
levantamento bibliográfico e documental com delineamento exploratório-explicativo,
através método de pesquisa qualitativa. A técnica de coleta de dados foi à entrevista
aplicada a quatro participantes, sendo dois peregrinos e dois voluntários. Após a
aplicação dessas realizou-se a analise dos dados, na qual se pode concluir que
segmento de Turismo Religioso tem grande potencialidade de expansão e que JMJ
RIO 2013 causou grandes mudanças ao setor turístico.
.
Palavras-chave: Turismo Religioso. Eventos religiosos. JMJ RIO 2013.
1 Site Ministério do Turismo do Brasil (2013)
8
ABSTRACT
Holy places, pilgrimages , festivals , events worldwide , these are some
reasons why thousands people go from their homes to practice Religious Tourism .
In July 2013, the city of Rio de Janeiro , was host to the largest religious event :
World Youth Day . The event took large , reaching the mark of over 3 million people
on the last day of the event . In view of the magnitude of the event for the country ,
this paper seeks to conduct a study on the subject . The problem is: what are the
impacts causef by JMJ RIO 2013 to Brazilian tourism ? The overall objective is to
identify the impacts caused by the Brazilian tourism event , the specific objectives are
to identify the opportunities generated by the event , studying the structure and
quality of services provided during the event and perform a diagnosis of the situation
of the city to receive the next world events . With regard to methodology, held
primarily a bibliographic and documentary survey design with exploratory-
explanatory, through qualitative research method . The data collection technique was
applied to interview four participants , two pilgrims and two volunteers . After
application of these was held on data analysis , in which one can conclude that the
religious tourism segment has great potential for expansion and WYD Rio 2013
caused major changes to the tourism sector .
Words Keys: Religious Tourism, Religious Events, WYD Rio 2013
9
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Logomarca do Festival da Paz..........................................................
FIGURA 2: Logomarca JMJ Buenos Aires 1987..................................................
FIGURA 3: Logomarca JMJ Santiago de Compostela 1989................................
FIGURA 4: Logomarca JMJ Czetochowa 1991 ..................................................
FIGURA 5: Logomarca JMJ Denver 1993............................................................
FIGURA 6: Logomarca JMJ Manila 1995 ............................................................
FIGURA 7: Logomarca JMJ Paris 1997...............................................................
FIGURA 8: Logomarca JMJ Roma 2000..............................................................
FIGURA 9: Logomarca JMJ Toronto 2002...........................................................
FIGURA 10: Logomarca JMJ Colônia 2005.........................................................
FIGURA 11: Logomarca JMJ Sydney 2008 ........................................................
FIGURA 12: Logomarca JMJ Madrid 2011..........................................................
FIGURA 13: Logomarca JMJ Rio 2013................................................................
FIGURA 14:Cruz Peregrina sendo carregada por jovens em Crateús-CE..........
FIGURA15: Ícone de N. Senhora sendo carregado por jovens em Aparecida
do Norte-SP..........................................................................................................
FIGURA 16: Itinerário dos símbolos da JMJ no Brasil.........................................
FIGURA 17:D. Orani- Arcebispo do RJ e Gustavo Muguenin..............................
FIGURA 18: Logomarca da JMJ RIO 2013 e o significado de cada elemento....
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 11
2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE TURISMO....................................................
2.1 Turismo: Evolução histórica............................................................................
2.2 Histórico e conceitos de Turismo Religioso....................................................
2.2.1 O Turismo Religioso como gerador de economia.......................................
3 HISTÓRICO E CONCEITOS DE TURISMO DE EVENTOS.............................
3.1 Os eventos religiosos no Brasil...................................................................
4 A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE.........................................................
4.1 A Jornada Mundial da Juventude RIO 2013...................................................
4.2 Público do Evento...........................................................................................
4.3 Alguns números da JMJ RIO 2013.................................................................
5 METODOLOGIA DA PESQUISA.......................................................................
6 APLICAÇÃO DA ENTREVISTA.........................................................................
7 ANÁLISE DOS DADOS.....................................................................................
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21
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37
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CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 57
APÊNDICE............................................................................................................ 58
11
INTRODUÇÃO
O Turismo que hoje é praticado começou com o Grand Tour do século
XVII, quando os aristocratas saiam de suas residências, motivados pela busca de
conhecimento, pelas cidades europeias e desfrute do lazer. Já pelo século XIX, com
a Revolução Industrial, a prática do Turismo ficou mais acessível; as pessoas das
cidades buscavam fazer passeios para o campo, mar e montanha, com intuito de
restabelecer a saúde física e mental, além também de descanso e lazer.
Já no mundo denominado pós-moderno, o Turismo deixou de ter o lado
conotativo de apenas lazer e descanso, passando a ser considerada uma atividade
econômica, rentável e que busca cada vez mais a segmentação e o atendimento
das expectativas do turista.
O Turismo do século XXI é marcado pela segmentação do mercado
através das expectativas do turista. Dentre os segmentos turísticos, o que mais
crescem na atualidade, pode-se citar o Turismo Religioso, abrangendo
peregrinações, romarias, visitações a espaços, festividades religiosas, eventos e
outras atividades de cunho religioso.
Dentro da perspectiva de eventos e festividades religiosas, em 2013
ocorreu um grande evento católico no Brasil, a Jornada Mundial da Juventude. O
evento foi realizado nos dias 23 a 28 de julho de 2013 na cidade do Rio de Janeiro.
Segundo os resultados das primeiras pesquisas do Ministério do Turismo do Brasil,
no último dia da programação prevista, foi registrado um número de Três milhões de
pessoas, além da grande injeção na economia carioca e regiões próximas. O
referido evento religioso católico acontece a cada três anos, em uma cidade-sede
pré-escolhida, sendo o Rio de Janeiro a última cidade a sediar o evento,
apresentando um dos maiores públicos da história da cidade e do evento.
Em cima disto, formula-se a problemática deste estudo, que será
constituída através do seguinte questionamento: quais os impactos causados pela
JMJ RIO 2013 ao turismo brasileiro?
Tal pergunta pretende ser respondida considerando as estatísticas
lançadas pelo Ministério do Turismo do Brasil. Por tanto, este estudo procura tratar
de uma investigação dos reais impactos causados pela Jornada Mundial da
Juventude Rio 2013 para o Turismo brasileiro.
12
Já os objetivos específicos são: identificar as oportunidades geradas pelo
evento; estudar a qualidade dos serviços e estrutura do evento e realizar um
diagnóstico da cidade do Rio de Janeiro para receber os próximos eventos mundiais
que serão realizados na cidade.
As hipóteses desenvolvidas para este estudo são: o evento desencadeou
muitas oportunidades para o Turismo no Brasil, a infraestrutura desenvolvida para a
prática do turismo ainda é ineficiente e o segmento de Turismo Religioso possui
grande potencial de desenvolvimento no Brasil.
Para a realização deste trabalho, será feita uma pesquisa bibliográfica e
documental, com finalidade de obtenção dos conceitos e contexto histórico de
Turismo com enfoque no Turismo Religioso, Turismo de Eventos e o evento JMJ
RIO 2013. Também será realizada pesquisa quantitativa, em busca dos números
gerados pelo evento, e entrevistas com algumas pessoas que participaram da JMJ.
Sendo assim, o presente estudo se dividirá em sete capítulos, sendo o
primeiro esta introdução. O capítulo dois abordará o contexto histórico e conceitos
de Turismo, com enfoque no segmento de Turismo Religioso e seus impactos
econômicos. No terceiro capítulo será abordado sobre Turismo de Eventos, com
contexto histórico, conceitos e enfoque nos eventos religiosos. No capítulo quatro
será tratado sobre o objeto de estudo deste trabalho: a Jornada Mundial da
Juventude, abordando no primeiro subitem o contexto histórico do evento, um
segundo subitem, relacionado à Jornada Mundial da Juventude RIO 2013,
identificando os números gerados e o perfil dos participantes do mesmo.
No capítulo cinco será apresentado à metodologia usada para obtenção
dos dados para a realização deste estudo. No sexto capítulo estão presentes todas
as entrevistas realizadas com os participantes da JMJ RIO 2013 e no capítulo
seguinte, as respostas serão analisadas juntamente algumas considerações sobre a
visita ao evento. Por fim, seguem as Considerações Finais, as Referências
Bibliográficas e o apêndice.
13
2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS DE TURISMO
A origem da palavra Turismo é francesa, Tour, que significa giro ou
círculo, ou movimento ao redor de um eixo. Outra vertente da origem etimológica é
um vocábulo hebreu, Tur, com significado de viagem de reconhecimento ou ainda
exploração de novas terras (BARBOSA, 2002).
Ainda na perspectiva etimológica, de acordo com Aurélio (apud
BARBOSA, 2005, p.69), Turismo significa viagem ou excursão feita por prazer a
locais que despertam interesse.
Trazendo para visão acadêmica, segundo Beni, o Turismo pode ser
conceituado em três visões. Na primeira, a definição é vinda do economista
austríaco Hermann Von Schullern zu Schattenhofen (1910), que conceituava o
turismo como:
A soma das operações, principalmente da natureza econômica, que estão diretamente relacionadas com a entrada, permanência e deslocamento de estrangeiros para dentro ou para fora de um país, cidade ou região.
Ou seja, o Turismo seria apenas os deslocamentos e permanência das
pessoas em lugares, por motivos econômicos.
Já na segunda perspectiva, a técnica, as empresas turísticas e
organizações governamentais lançaram sua definição em 1930, com base no turista,
sendo o individuo considerado turista de acordo com o objetivo da viagem, a
duração e a distância percorrida.
Na terceira e última visão, há a necessidade da incorporação de teorias
de áreas afins como a antropologia, sociologia, geografia, marketing, para o estudo
do turismo, como pode ser compreendido através de Jafar Jafari (apud BENI,
2003,p36):
É o estudo do homem longe de seu local de residência, da indústria que satisfaz suas necessidades, e dos impactos que ambos, ele e a indústria, geram sobre os ambientes físicos, econômicos e socioculturais da área receptora.
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Atualmente, não há uma única definição de Turismo, o que pode ser
encontrado são ideias de autores com várias perspectivas de visão. Das definições
propostas, a mais aceita mundialmente é a sugerida pela Organização Mundial do
Turismo (apud IGNARRA, 2003, p11):
O turismo engloba as atividades das pessoas que viajam e permanecem em lugares fora de seu ambiente usual durante não mais do que um ano consecutivo, por prazer, negócios ou outros fins.
Sendo assim, o Turismo deixa de ser apenas um conjunto de atividades
ligadas ao lazer, para tornar-se um mercado econômico, que ao longo dos anos
ganhou seu espaço e atualmente é um grande fenômeno socioeconômico, buscando
sempre atingir e suprir as necessidades e expectativas do seu público alvo.
2.1 Turismo: Evolução histórica
O ser humano está em constante movimento, seja ele causado por
necessidades físicas, financeiras, climáticas ou simplesmente por lazer. O turismo
está ligado às viagens e deslocamentos. Os primeiros deslocamentos humanos
tinham diversos motivos como, por exemplo, os movimentos migratórios dos animais
e a germinação das sementes, observando que era possível a domesticação de
certas espécies e plantio de sementes, usadas no consumo diário, o ser humano
tornou-se nômade, fazendo com que a motivação de deslocar-se fosse outra, como
cita Dias (2005).
Já para Ignarra (2003) o inicio da atividade turística está relacionada com
o fato de o homem ter deixado de ser sedentário, passando a viajar motivado pela
necessidade de comércio. Em vista disto, Ignarra (2003) considera o turismo de
negócios como o primeiro tipo de turismo, antecedendo até mesmo o de lazer.
Os deslocamentos humanos passaram a ter outros motivos de acordo
com a necessidade e motivação da época. Na antiga Grécia, as pessoas viajam por
motivos religiosos e esportivos. Já os romanos viajavam a procura dos tratamentos
de saúde, descanso e lazer e viagens para conhecer outras civilizações, como a
grega e a egípcia.
15
Partindo para Idade Média, a grande motivação dos deslocamentos era
de cunho religioso: as peregrinações. Além da motivação religiosa, havia também
aqueles que buscavam comprar produtos para comercialização.
A partir dos séculos XVII e XVIII, observam-se os primeiros passos do
modelo de Turismo que se praticado hoje através do Gran Tur, viagens voltadas
para a nobreza europeia, em que a mesma enviava seus filhos a longas viagens
pela Europa, Egito e Oriente Médio, para conhecerem novas culturas, agregarem
conhecimento e obterem status social. Posteriormente, no fim do século XVIII, com a
decadência da nobreza, e ascensão da burguesia o gran tur passou a ser realizados
pela nova classe emergente.
Já no século XIX, há o desenvolvimento do Turismo Moderno, através da
primeira viagem organizada na Inglaterra por Thomas Cook, em que a mesma foi
possível graças avanços tecnológicos da época, como a descoberta do uso do vapor
como fonte de energia, para mover os meios de transportes e o desenvolvimento
das vias de locomoção, que podiam transportar grandes números de pessoas, com
conforto, segurança e rapidez.
A maior contribuição de Thomas Cook para o Turismo Moderno foi a
formatação dos pacotes turísticos, incluindo o transporte, acomodação e as
atividades a serem realizadas nos lugares visitados, além de ferramentas que
facilitam o cambio dos clientes, com os vouchers e traveler’s check usados
atualmente. A partir daí, a ideia de Thomas Cook foi copiada e executada por todo o
mundo e cada vez mais o Turismo se expandia, apesar disso, e mesmo com o
avanço dos meios de transportes e vias de acessos o Turismo ainda era uma
atividade elitista, e continuou assim até meados do século XX.
Seguindo pelo século XX, houve o surgimento do automóvel por Henri
Ford, o que causou o aumento no número de viajantes, consequentemente a
construção de rodovias que suportasse os deslocamentos de massa. Partindo desse
avanço, o automóvel trouxe grandes contribuições para o turismo como o clube de
associações, que garantiam ajuda aos afiliados e descontos em hotéis e
restaurantes; o afastamento dos hotéis das áreas próximas de ferrovias para
próximas das rodovias e a implantação de serviços de alimentação ao longo das
rodovias, que serviam refeições rápidas, e até mesmo sem que haja necessidade do
viajante sair do próprio automóvel.
16
No ano de 1936, houve um importante fato para o desenvolvimento do
Turismo, que foi a realização de uma convenção internacional do trabalho, tendo
como objetivo a obtenção de férias remuneradas aos trabalhadores das grandes
fábricas. A partir daí as legislações trabalhistas estabeleceram um período
obrigatório de descanso para os trabalhadores, o que hoje é denominado Turismo
Social.
O desenvolvimento do Turismo está intimamente ligado ao
desenvolvimento dos meios de transportes e vias de acesso, a partir do ano de
1945, período da Segunda Guerra Mundial, a atividade turística incorpora um novo
meio de transporte: o avião. Nesse período houve situações relevantes como um
aumento significativo no fluxo de norte-americanos em direção às regiões europeias
e Caribe. Há também um aumento no fluxo nos centros de férias do Mediterrâneo,
graças ao clima e ao sol.
Nos primeiros anos da década de 70, a atividade turística sofre uma leve
recessão, por conta do aumento dos preços do petróleo, matéria prima para a
geração de energia dos meios de transportes, ficando nessa situação até o ano de
1978, quando há recuperação dos valores. Durante as décadas de 70 e 80 houve
grandes e importantes fatos que caracterizaram o Turismo Pós Moderno, como a
consolidação das empresas de aviação comercial, o uso da informática como aliado
das empresas turísticas, consolidação de destinos turísticos e a consolidação
mundial de empresas turísticas particulares: cadeias hoteleiras, as operadoras e
agencias de viagens e as próprias empresas de aviação comercial como citado
acima, através de seus voos regulares e voo charters.
Já a década de 90 é marcada pelo crescimento do turismo de massa,
voltado à natureza com predominância o “sol e praia”. O turista passa a ser mais
exigente quanto à qualidade nos serviços comprados e consciência ambiental. No
início do século XXI observa-se o crescimento do Turismo de natureza, o
Ecoturismo, sendo o seguimento com maior índice de crescimento.
Durante toda a evolução história da atividade turística, houve vários
fatores essenciais para o crescimento, sendo a Globalização o novo fator de
desenvolvimento da atividade no século XXI. Com a globalização, há um maior fluxo
de informações, sendo as mesmas cada vez mais acessíveis.
17
Analisando a maior acessibilidade as informações e o maior poder de
compra das pessoas, a atividade turística passou a ser considerada como um
mercado econômico e gerador de riquezas.
Visando a maior geração destas riquezas, o mercado turístico, busca
cada vez mais se segmentar e se especializar, oferecendo ao consumidor produtos
de qualidade e que atendam as suas expectativas.
Com a segmentação da demanda turística, percebe-se o desenvolvimento
de segmentos turísticos como o Ecoturismo, Turismo de Eventos e o Turismo
Religioso, sendo estes últimos o cenário do presente estudo. Para obter mais
embasamento sobre o assunto, no próximo subitem será dada ênfase no Turismo
Religioso e no próximo capítulo sobre Turismo de Eventos.
2.2 Histórico e conceitos de Turismo Religioso
A origem dos deslocamentos humanos por motivação religiosa divide
opiniões e pontos de vista de estudiosos. Para BARBOSA (2005) os primeiros
deslocamentos religiosos podem ser representados na Bíblia, livro sagrado do
cristianismo, com a expulsão do homem do Paraíso, sendo as viagens vistas como
uma sentença de morte. Ainda na concepção cristã citada por BARBOSA (2005), o
homem é marcado pela partida e retorno nos eventos mitológico-religioso do Êxodo,
a arca de Noé e a fuga dos hebreus do Egito.
Já DIAS (2008), parte de uma visão antropológica e sociológica em que
os primórdios do Turismo Religioso, oriunda pelo ano de 2700 a.c, no Império
Egípcio, quando há a construção de monumentos religiosos e fúnebres e as pessoas
começaram a desenvolver curiosidade e realizavam grandes peregrinações aos
locais dos mesmos.
Posteriormente, na Grécia Antiga, encontra-se outro marco de Turismo
Religioso: os Jogos Olímpicos. Datados dos anos de 800 a.c (DIAS, 2008, p42) os
Jogos Olímpicos atraiam cerca de 200.000 pessoas para participarem dos jogos,
sendo os mesmos considerados como culto aos deuses. Neste período os anfitriões
dos jogos, disponibilizavam suas casas para os estrangeiros.
Já na era medieval as grandes peregrinações cristãs à Jerusalém e
mulçumanas à Meca, reuniam milhares de peregrinos. Em que o objetivo maior do
deslocamento era em cumprimento as leis ditadas por cada religião, sem que
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houvesse grandes estruturas turísticas de apoio aos que realizavam as
peregrinações. No entanto, foi neste cenário que as primeiras estruturas de apoio ao
Turismo começaram a se desenvolver.
O turismo religioso praticado no século XXI é bem diferente do que era
praticado em seus primórdios. Hoje, existe uma grande estrutura por trás de todo
lado místico ou religioso. A motivação inicial de visitar lugares santos ou participar
de festas ou eventos religiosos continua, no entanto uma nova motivação leva as
pessoas a praticarem essa tipologia.
As peregrinações do Turismo Religioso tornaram-se grande fenômeno
para o Turismo e principalmente para a indústria hoteleira como cita URRY (apud
BARBOSA, 2005, p. 25):
Nos séculos XII e XIV as peregrinações haviam se tornado um amplo fenômeno servido por uma indústria crescente de redes de hospedarias para viajantes, mantidas por religiosos e por manuais de indulgências produzidos em massa. Essas peregrinações incluíam frequentemente uma mescla de devoções religiosas, culturas e prazer.
Além das peregrinações, outras demonstrações de fé são consideradas
práticas pertencentes ao segmento de Turismo Religioso, sendo as mais frequentes:
as visitações a templos religiosos (igrejas, catedrais, mesquitas, templos);
participações de festejos de santos (festas de padroeiros, homenagem à divindades)
e também os eventos religiosos (feiras, congressos, conferencias episcopais), sendo
esse último o que mais se destaca no segmento.
Partindo desse ponto, Dias (2003) define o Turismo Religioso, como:
Turismo Religioso é aquele compreendido por pessoas que se deslocam por motivações religiosas e/ou para participação em eventos de caráter religioso. Compreender romarias, peregrinações e visitações a espaços, festas, espetáculos e atividades religiosas.
Uma segunda definição de Turismo Religioso é dada pelo dicionário de
Turismo de Montaner, Antiach e Arcarons (1998, p.380 apud DIAS, 2003):
Atividade turística que consiste em realizar viagens (peregrinações) ou estadas em lugares religiosos (retiros espirituais, atividades culturais e liturgias religiosas, etc), que, para os praticantes de uma religião
19
determinada, supõe um fervor religioso por serem lugares sagrados de veneração ou preceituais segundo sua crença.
Uma terceira definição é dada por Andrade (apud DIAS, 2003, p. 77):
Conjunto de atividades com utilização parcial ou total de equipamentos e realização de visitas a receptivos que expressem sentimentos místicos ou suscitem fé, esperança e caridade aos crentes ou pessoas vinculadas a religiões.
Em vista disto, Turismo Religioso, tornou-se um segmento turístico de
grande expressividade e que também requer uma infraestrutura de apoio para a
realização das atividades. O segmento de Turismo Religioso é responsável por
porcentagem de lucro gerado pela atividade turística no Brasil. O segmento gera
grande número de pessoas, consequentemente renda e desenvolvimento
socioeconômico às regiões anfitriãs. Este assunto será abordado com mais
profundidade no tópico a seguir.
2.2.1 Turismo Religioso como gerador de economia
De acordo com o Ministério do Turismo, o Turismo Religioso incrementa a
economia de 344 municípios brasileiros, sendo os maiores índices de eventos
voltados à fé católica com: romarias, procissões, festas de padroeiros, eventos
religiosos, locais de visitações como igrejas e templos, que muitos deles são
tombados pelo Patrimônio Histórico e cultural.2
Pesquisas realizadas pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
(FIPE) 3,6% das viagens domésticas são com finalidade religiosa.
O Brasil possui uma vasta opção de destinos para o turismo religioso
como as cidades históricas de Ouro Preto e Congonhas em Minas Gerais; o polo da
região do Vale do Paraíba em São Paulo com as cidades de Aparecida do Norte
(Santuário de Nossa Senhora Aparecida), Guaratinguetá (Santuário de Santo
Antônio de Sant’ Ana Galvão e o Monteiro da Luz) e Cachoeira Paulista
(Comunidade Canção Nova). Na região Norte e Nordeste com a Festa do Círio de
Nazaré em Belém-PA, as romarias de São Francisco e Padre Cícero à Canindé e
Juazeiro do Norte no Ceará, o Santuário de Santa Rita de Cássia no Rio Grande do
2 Fonte: http://www.turismoreligioso.org.br/
20
Norte, com a maior imagem da santa na América Latina, com 56 metros de altura, a
encenação da Paixão de Cristo na Nova Jerusalém-PE na páscoa, dentre outros.
Atualmente surgem novos destinos para prática do Turismo Religioso no
Brasil como o Santuário do Divino Pai Eterno em Trindade-GO, romaria à Nova
Trento- SC em devoção à Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus e à
Salvador-BA em devoção à Bem-Aventurada Dulce dos Pobres e festejos do Senhor
do Bonfim.
Dentro das visitações e peregrinações surgem também grandes eventos
religiosos, que abrangem as tradicionais festas de santos e padroeiros até as
conferencias, feiras, congressos e encontros mundiais.
O mais atual exemplo de peregrinação e evento de cunho religioso é a
Jornada Mundial da Juventude, evento católico realizado durante os dias 23 a 28 de
julho de 2013 na cidade do Rio de Janeiro.
O evento reuniu um grande número de participantes e segundo as
primeiras pesquisas realizadas pelo Ministério do Turismo do Brasil, obtendo uma
boa aceitação do público e gerou grandes impactos ao turismo na cidade, que será
abordado com mais ênfase nos capítulos a seguir.
21
3 HISTÓRICO E CONCEITOS DE TURISMO DE EVENTOS
Além do Turismo Religioso, a grande tendência do mercado turístico é o
Turismo de Eventos ou Negócios. O conceito de Turismo de negócios ou eventos
causam contradições, já que alguns teóricos não consideram como Turismo, a
viagem e/ou deslocamento com motivação de negócios.
Entretanto, TENAN (2006) explica o motivo dessa contradição sendo
“pelo fato de que maior parte das sociedades considere o trabalho em oposição ao
ócio e ao lazer” (TENAN, p10, 2006).
BENI (apud Tenan, p10, 2006) classifica a segmentação do turismo de
eventos através da motivação da viagem e conceitua o setor como:
O Turismo de eventos é a parte do turismo que leva em consideração o critério relacionado ao objetivo da atividade turística. É praticado como interesse profissional e cultural por meio de congressos, convenções, simpósios, feiras, encontros culturais, reuniões internacionais, entre outros, e é uma das atividades econômicas que mais crescem no mundo atual.
No entanto TENAN (2006) salienta que turismo de negócios não é a
mesma coisa do turismo de eventos, pois um empresário pode viajar e fechar um
negócio e não participar de algum evento, como também um turista pode viajar para
participar de um evento religioso ou alguma festa popular e não fazer uma viagem
de negócios.
TENAN (2006) considera o evento como sinônimo de algum
acontecimento não rotineiro e que desperta curiosidade, podendo ser um eclipse,
um nascimento ou uma descoberta, como cita o próprio autor.
No Mercado Turístico, o Evento adquire outro significado, passa a ser um
acontecimento que é planejado e organizado antecipadamente, envolvendo muitas
pessoas para sua realização, além de data, nome e local pré-definidos, como cita
MEIRELLES:
Evento é um instrumento institucional e promocional, utilizado na comunicação dirigida, com a finalidade de criar conceito e estabelecer a imagem de organizações, produtos, serviços ideias e pessoas, por meio de um acontecimento previamente planejado, a ocorrer em um único espaço de tempo com a aproximação entre os participantes, que seja física, quer seja por meio de recursos da tecnologia. (MEIRELLES, p21, 1999).
22
Os eventos podem ser classificados através de vários critérios sendo
eles: frequência, localização, forma de participação, alcance de público, porte,
objetivos, área de interesse, espaço geográfico e tipologia.
Quanto a tipologia podem ser: assembleias, campeonatos, concílio,
conclaves, conferência, congresso, convenção, concurso, debate, desfile, encontro,
excursão, feira, festival, jornada, palestras, rodadas de negócios, dentre outros.
A evolução dos eventos oriunda na Antiguidade e passa por vários
períodos históricos como cita MATIAS:
Os eventos são acontecimentos que possuem suas origens na Antiguidade e que atravessam diversos períodos da história da civilização humana, atingindo nossos dias. Nessa trajetória, foram adquirindo características econômicas, sociais e políticas das sociedades representativas de cada época.
Os primeiros eventos desenvolvidos pelo homem, e com características
próximas aos que hoje acontecem, possuem suas raízes nos primeiros Jogos
Olímpicos na Grécia Antiga, datados de 776 a.C. O Evento acontecia de quatro em
quatro anos na cidade de Atenas, possuía caráter religioso e era de tamanha
importância que não era permitido nenhum tipo de combate.
Foi nesse contexto, de Jogos Olímpicos, que o espírito de hospitalidade
surgiu, segundo a história de que Zeus, o deus mais importante do Panteão Grego,
disfarçava-se de participante, e as pessoas das vilas tratavam todos os participantes
como deus, pois algum deles poderia ser o próprio.
Seguindo esta linha, um segundo acontecimento que marca a história da
evolução dos eventos, foram as Festas Satur nálias, instituídas no ano de 500 a.C e
que posteriormente derivariam o carnaval.
O primeiro congresso aconteceu em 311 a.C, na cidade grega de Corinto
que tinha como objetivo reunir todos os delegados das cidades gregas para a
eleição de Felipe. O último evento da Idade Antiga ocorreu em 56 a.C na cidade de
Luca, nomeado de Conferencia de Luca, que tinha como objetivo reconciliar Pompeu
e Crasso, grandes rivais do período.
O período da Idade Média foi importante para o Turismo de Eventos “pois
praticamente plantou as bases para o desenvolvimento desse tipo de turismo”, como
cita Matias (p5, 2007).
23
O perfil dos eventos deste período eram os religiosos com os concílios e
representações teatrais e os comerciais com as feiras comerciais. Os concílios
caracterizavam-se pelo deslocamento do clero, para discutir assuntos a respeito da
doutrina e dogmas da igreja; as representações teatrais tinham função de encenar
passagens da missa, este tipo de evento atraia muitos expectadores. Já as feiras
comerciais, como próprio nome já sugere, eram espaços de comercialização de
produtos, entre mercadores e compradores.
Outra tipologia de Turismo de Eventos, os eventos técnicos e científicos,
surgiu no período de Revolução Industrial. Miaymoto (apud Matias, p6 2007),
conceitua respectivamente os eventos científicos e técnicos como aqueles
“promovidos por entidades ligadas a os ramos das ciências naturais e biológicas” e
“aqueles realizados por entidades ligadas às ciências exatas e sociais”.
Matias (2007) considera Thomas Cook como o precursor do Turismo de
Eventos, como uma atividade organizada, apenas no século XIX, onde o mesmo
organizou um grupo de pessoas para participar de um evento.
No século XIX, como citado acima, o Turismo de Eventos tornou-se uma
atividade organizada, mas foi apenas no século XX em que o mesmo se consolidou
como atividade econômica e social. O grande contribuinte para essa consolidação
foram os jogos esportivos, exposições e feiras de amostra.
Matias (2007) ainda considera a evolução tecnológica dos transportes,
comunicação e comercialização de serviços turísticos como “as molas propulsoras
do desenvolvimento do Turismo e Turismo de Eventos”
No Brasil, os primeiros indícios de eventos eram as feiras que ocorriam
aos domingos ou festividades religiosas, como as que ocorriam na Idade Média. Se
considerarmos o evento com espaço destinado à realização do evento, o primeiro foi
o Baile de Carnaval em fevereiro de 1840, nos salões do Hotel Itália no Rio de
Janeiro. Este acontecimento seria o precursor do Carnaval.
Já a primeira exposição brasileira ocorreu em dezembro de 1861, no
prédio da Escola Central do Largo de São Francisco no Rio de Janeiro. A partir
deste evento, o Brasil a passou a organizar algumas exposições, mas só veio a se
consolidar como organizador de feiras no ano de 1922 com a Exposição
Internacional do Centenário no Palácio de Festas, Rio de Janeiro.
24
Segundo Matias (2007) a Exposição Internacional do Centenário pode ser
considerada como “um grande passo para o Brasil começar a desenvolver o Turismo
de Eventos” (Matias, p27, 2007).
A evolução dos eventos brasileiros deu-se também em decorrência da
inauguração de muitos hotéis cassinos, que disponibilizava grandes salões para a
realização de evento. Um exemplo disso é o Hotel Copacabana Palace no Rio de
Janeiro, que foi inaugurado em 1923 e contava com grandes salões que recebiam
vários tipos de eventos.
O primeiro evento brasileiro de cunho turístico foi a Convenção
Interestadual de Turismo e contou apenas com a participação dos associados da
Sociedade Brasileira de Turismo, posteriormente em 1932, houve uma segunda
edição do evento.
No ano de 1950 houve a inauguração do Estádio do Maracanã, no Rio de
Janeiro. Este novo equipamento e os outros acontecimentos citados acima, fizeram
com que grande número de pessoas fosse atraídas a visitar o Brasil, tornando o
Turismo uma atividade importante e que cada vez mais se especializava.
Outro evento importante para o Turismo são os congressos da ABAV
(Associação Brasileira de Agencias de Viagens), que se iniciaram em 1950 em São
Paulo e continuam até atualmente.
Além dos Congressos da ABAV, outro evento turístico que marcou o
crescimento do segmento foi o primeiro Encontro Nacional de Bacharéis e
Estudantes de Turismo o ENBETUR, em 1979 em Niterói. Posteriormente em 1999 o
evento passou a se chamar Congresso Brasileiro de Turismo.
Atualmente, o segmento de Turismo de Eventos no Brasil é o segmento
turístico que mais cresce, com 23,3%3 ficando à frente das agencias de viagens. A
tendência é mais crescimento, já que o país sediou grandes eventos como a JMJ
Rio 2013, Copa do Mundo 2014 e Olimpíadas 2016.
O setor de eventos movimenta não só a economia das grandes capitais
brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, mas também a pequenas
cidades do interior de todo o Brasil.
E é a partir do elo de Turismo Religioso com Turismo de Eventos, que o
país começa a perceber o grande potencial turístico que os dois segmentos geram
3 Fonte: MTUR: http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20130610.html
25
na economia brasileira. Dessa forma, torna-se relevante explanar um pouco sobre a
temática dos eventos religiosos no Brasil.
3.1 Os eventos Religiosos no Brasil
Como visto no tópico anterior, os primeiros eventos realizados possuíam
tipologia religiosas: eram jogos oferecidos aos deuses, posteriormente com a
consolidação do cristianismo, as primeiras festas de santos, que formavam
comércios, os concílios e as encenações religiosas.
No Brasil não foi diferente, os primeiros eventos eram de cunho religioso,
baseavam-se em feiras que ocorriam aos domingos, em dias santos e outros
festejos religiosos, como cita Matias (2007).
A maioria dos eventos religiosos eram realizados pela Igreja Católica, e
até hoje continua com maioria, no entanto pode-se observar uma maior participação
de outras seitas e religiões, mas o presente trabalho dará enfoque nos eventos
católicos.
Atualmente o Brasil está a torna-se um grande destino para a realização
do Turismo Religioso e consequentemente para a realização de grandes eventos
religiosos. Dentre os mais importantes e com maiores públicos, pode-se citar o Círio
de Nazaré em Belém-PA com cerca dois milhões4 de participantes em 2013, a
tradicional Festa de São Francisco das Chagas em Canindé-CE com um milhão5 de
romeiros também em 2013 e as Romarias à Juazeiro do Norte no dia de finados,
reunindo dois milhões6 de romeiros.
Além das manifestações tradicionais, os eventos religiosos também
apresentam uma diversidade de outras tipologias como congressos, conferencias,
palestras, exposições, lançamentos de livros e DVDs, shows, dentre outros.
Com o avanço tecnológico dos meios de comunicação houve também um
avanço nas formas de evangelização da fé católica por meio da mídia e dos eventos
Atualmente o mercado da música possui uma fatia destinada a cantores e
grupos católicos, que reúnem grande número de pessoas. Na cidade de Fortaleza,
4Fonte: G1 http://g1.globo.com/pa/para/cirio-de-nazare/2013/noticia/2013/10/cirio-de-nazare-2013-
reune-numero-recorde-de-fieis-aponta-dieese.html 5 Fonte: UOL http://mais.uol.com.br/view/pj4p9vzv54s1/14688519?types=A&
6Fonte:Terra: http://vidaeestilo.terra.com.br/turismo/brasil/5-destinos-religiosos-mais-badalados-do-
brasil,d00824558b237310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html
26
pode-se citar o maior evento católico ligado às artes, o Halleluya. O evento começou
no ano de 1997 em Fortaleza com a Comunidade Católica Shalom, como objetivo de
proporcionar lazer para a juventude da capital cearense como também para os
turistas que frequentavam a cidade no mês do julho.
O evento tornou-se um grande sucesso e posteriormente foi e é realizado
em outras cidades brasileiras como Salvador, Rio de Janeiro e Natal, além também
de ser realizado em outros como Israel, Uruguai e Itália.
Outro evento religioso que reúne grande número de participantes é a
encenação da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém na cidade-teatro em Brejo da
Madre de Deus-PE7. O evento acontece durante nove dias do mês de abril, mais
necessariamente durante a Semana Santa há quarenta e seis anos. O evento
começou pequeno, com poucos recursos e efeitos especiais, com atores da região.
Atualmente os espetáculos atingiram majestosos números em suas
realizações, como a participação de 500 atores e figurantes, 800 peças de figurino e
um público de cerca de 70 mil pessoas8.
Além dos grandes festivais, há também um número importante de
congressos, fóruns, palestras e encontros em todo território brasileiro, que geram um
importante público e movimenta a economia de pequenas cidades como em
Cachoeira Paulista em São Paulo.
A Comunidade Católica Canção Nova realiza muitos encontros durante
todo o ano, encontros esses, que atraem pessoas da própria região interiorana de
São Paulo como também de outros estados. Esses eventos movimentam a
economia da cidade, que abriga a sede da comunidade, gerando empregos diretos
com as hospedagens e indiretos com os comércios que ficam ao redor do espaço de
realização dos eventos.
Neste cenário de eventos religiosos o último evento que causou grandes
impactos para o segmento turístico foi a Jornada Mundial da Juventude Rio 2013. O
encontro mundial de jovens católicos com o Papa ocorreu na cidade do Rio de
Janeiro durante os dias 23 e 28 de julho de 2013; o evento não só gerou grande
renda como também despertou uma nova vocação turística ao Brasil, evento esse
que será abordado mais profundamente no capítulo a seguir.
7 Fonte:Site do evento: http://www.novajerusalem2013.com.br/noticiaInterna.php?noticia=MjU=
8 Fonte: O diário da região: http://www.odiariodaregiao.com/paixao-de-cristo-de-nova-jerusalem-atrai-
espectadores-de-varias-cidades-do-nordeste/
27
4 A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
A Jornada Mundial da Juventude ou JMJ, em português, é um evento
católico, que teve suas raízes no ano de 1984, durante as celebrações do Encontro
Internacional da Juventude, no Vaticano e com a presença do então Papa João
Paulo II.
No ano seguinte, a Organização das Nações Unidas, ONU, declarou o
ano de 1985, como o ano Internacional da Juventude. Em março de 1985, o Papa
João Paulo II convidou os jovens católicos para outro encontro internacional na
Praça São Pedro no Vaticano e anunciou a criação da Jornada Mundial da
Juventude.
Durante o Seminário sobre as Jornadas Mundiais, realizado em
Czestochowa-Polonia, em 8 de maio de 1996, o Papa João Paulo II redigiu uma
carta para o Cardeal Eduardo Francisco, contando o objetivo das JMJ que seria
colocar a pessoa de Jesus Cristo como referencia de pessoa para a juventude e
educação para as próximas gerações:
O principal objetivo das Jornadas é fazer a pessoa de Jesus o centro da fé e da vida de cada jovem para que Ele possa ser seu ponto de referência constante e também a inspiração para cada iniciativa e compromisso para a educação das novas gerações.
A JMJ é um evento católico, direcionado, primeiramente para a juventude
católica, no entanto estende-se para todos os jovens e pessoas do mundo. Acontece
a cada dois ou três anos em cidades sedes e à nível mundial.
Ao todo já aconteceram treze Jornadas ao redor do mundo, sendo elas
em: Roma, no ano de 1986; em Buenos Aires (Argentina – 1987) - com a
participação de 1 milhão de jovens; em Santiago de Compostela (Espanha – 1989) -
600 mil; em Czestochowa (Polônia – 1991) - 1,5 milhão; em Denver (Estados Unidos
– 1993) - 500 mil; em Manila (Filipinas – 1995) – 4 milhões; em Paris (França -1997)
– 1 milhão; em Roma (Itália – 2000) – 2 milhões, em Toronto (Canadá – 2002) – 800
mil; em Colônia (Alemanha – 2005) – 1 milhão; em Sidney (Austrália – 2008) – 500
mil; em Madri (Espanha – 2011) – 2 milhões; e em Rio de Janeiro (Brasil-2013) –
3,7milhões.
28
Cada edição das Jornadas Mundiais possuem algumas características
peculiares e que identifica cada um delas. Essas características são: lema, de
caráter bíblico e a logomarca. Abaixo poderá ser visto cada uma dessas
características e suas respectivas Jornadas9.
Roma 1986: "Estejam sempre preparados para responder a qualquer que
lhes pedir a razão da esperança que há em vocês"(1Pd 3, 15)
Figura1 : Logomarca do Festival da Paz em 1986
Buenos Aires – Argentina 1987: “Nós conhecemos o amor que Deus
nos tem, pois cremos nele.” (1 Jo 4, 16)
Figura 2: Logomarca da JMJ Buenos Aires 1987
Santiago de Compostela – Espanha 1989: “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida”(Jo 14,6).
9 Todas as imagens e informações foram retiradas dos sites http://www.comofazer.com.br e
http://www.rio2013.com
29
Figura 3: Logomarca JMJ Santiago de Compostela 1989
Czestochowa – Polônia 1991: “Vocês receberam o Espírito que os adota
como filhos" (Rm 8,15).
Figura 4: Logomarca JMJ Czetochawa 1991
Denver – Estados Unidos 1993: “Eu vim para que tenham vida, e a
tenham plenamente” (Jo 10,10).
Figura 5: Logomarca JMJ Denver 1993
Manila – Filipinas 1995: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos
envio"(Jo 20,21)
30
Figura 6: Logomarca JMJ Manila 1995
Paris – França 1997: “Mestre, onde moras? Vinde e vereis" (Jo 1,38-39).
Figura 7: Logomarca JMJ Paris 1997
Roma – Itália 2000: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo
1,14)
Figura 8: Logomarca JMJ Roma 2000
Toronto – Canadá 2002: 10“Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do
mundo" (Mt 5,13-14).
10
JMJ Toronto 2002: Última JMJ presidida pelo Papa João Paulo II.
31
Figura 9: Logomarca JMJ Toronto 2002
Colônia – Alemanha 2005:11 "Viemos adorá-lo" (Mt 2, 2)
Figura 10: Logomarca JMJ Colônia 2005
Sydney – Austrália 2008: "Recebereis a força do Espírito Santo, que virá
sobre vós, e sereis minhas testemunhas"(Atos 1, 8)
Figura 11: Logomarca JMJ Sydney 2008
Madri – Espanha 2011: 12“Enraizados e edificados em Cristo, firmes na
fé” (cf. Cl 2, 7).
11
JMJ Colônia 2005: Primeira JMJ presidida pelo Papa Bento XVI, sucessor de João Paulo II, após sua morte em 2 de abril de 2005. 12
JMJ Madri 2011: Última JMJ presidida pelo Papa Bento XVI. O mesmo renunciou o pontificado em 28 de fevereiro de 2013.
32
Figura 12: Logomarca JMJ Madrid 2011
Rio de Janeiro – Brasil 2013: “Ide,fazei discípulos de todas as nações”
(Mt 28, 19).
Figura 13: Logomarca JMJ Rio de Janeiro 2013
Além dos lemas e logomarcas das Jornadas Mundiais, há também mais
dois grandes símbolos que representam o evento: A Cruz Peregrina e o Ícone de
Nossa Senhora.
A Cruz Peregrina ou Cruz dos Jovens, é uma cruz de madeira que possui
3,8 metros de altura, que foi construída e colocada como símbolo da fé Católica,
próximo do altar principal da Basílica de São Pedro durante o ano Santo da
Redenção13, a pedido do então Papa João Paulo II.
Na Semana Santa de 1983, a Cruz Peregrina foi entreguem pelo Papa
João Paulo II aos Jovens em ocasião a finalização do Ano Santo da Redenção como
citado acima. Durante esse evento, o Papa João Paulo II escreveu aos jovens:
13
Ano Santo da Redenção: Comemoração dos 1950 anos da morte de Cristo.
33
“Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção” (Sua Santidade João Paulo II, Roma, 22 de abril de 1984).
. Em 1994 a Cruz tornou-se símbolo das Jornadas e é tradição que a
mesma percorra todas as dioceses do país que será sede da respectiva Jornada
Mundial, como uma forma de preparação para o evento maior.
Fonte: Site do Diário do Nordeste Figura 14: Cruz Peregrina sendo carregada por jovens em Crateús-CE.
O segundo símbolo das Jornadas Mundiais é o Ícone de Nossa Senhora.
O ícone é uma réplica do original e antigo ícone de “Salus Populi Romani” encontrado na Basílica Maria Mãe de Deus no Oriente.
34
Figura 15: Ícone de N. Senhora sendo carregado por jovens em Aparecida do Norte-SP Fonte: Jovens Conectados
O Ícone de Nossa Senhora foi dado aos jovens pelo Papa João Paulo II
para acompanhar a Cruz Peregrina pelo mundo durante a Jornada Mundial em
Roma 2003.
“Hoje eu confio a vocês... o ícone de Maria. De agora em diante, ele vai acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude, junto com a cruz. Contemplem a sua Mãe! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens que são chamados, como o apóstolo João, a acolhê-la em suas vidas” (Roma, Jornada Mundial da Juventude Roma 2003).
Como dito acima, os dois símbolos percorrem todas as dioceses do país
que sediará a JMJ; na edição brasileira, foi organizado um evento intitulado Bote Fé,
que era realizado nas dioceses das capitais e de outras cidades importantes, onde o
objetivo era proporcionar aos jovens que não poderiam ir ao evento maior no Rio de
Janeiro, uma experiência próxima, e aos que iriam participar do evento maior, serviu
como uma preparação para o mesmo.
O itinerário dos símbolos da JMJ chegou ao Brasil em setembro de 2011,
e passaram por vários estados brasileiros. Em dezembro de 2013 os símbolos
também passaram pelo Paraguai e pelo Uruguai. A seguir, pode-se observar todo o
35
itinerário percorrido pelos dois ícones antes da realização da Jornada Mundial da
Juventude RIO 2013 nos estados brasileiros:
Fonte: Site Canção Nova Notícias14
Figura 16: Itinerário dos Símbolos da JMJ no Brasil
4.1 A Jornada Mundial da Juventude RIO 2013
A Jornada Mundial da Juventude RIO 2013 aconteceu nos dia 23 a 28 de
Julho de 2013 na cidade do Rio de Janeiro. A edição da Jornada Mundial da
Juventude Rio 2013 teve um público estimado de 3,7 milhões de pessoas, dos quais
617 mil são turistas, gerando R$ 1,285 bilhão na economia do Rio de Janeiro e
quase 100% de satisfação15 dos participantes.
A Jornada Mundial da Juventude RIO 2013 foi anunciada em 21 de
agosto de 2011 pelo então Papa Bento XVI, durante a Missa de Envio e
encerramento da Jornada Mundial da Juventude MADRID 2011:
14
Fonte: Site Canção Nova Notícias http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=283411 15
Fonte: Site do Ministério do Turismo do Brasil http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20130801.html
36
"Tenho o prazer de anunciar que a sede da próxima Jornada Mundial da Juventude, em 2013, será o Rio de Janeiro. Peçamos ao Senhor já desde este momento que ajude os jovens de todo o mundo que tiverem de se preparar para que possam se reunir novamente com o papa nessa bela cidade brasileira" (Madrid, Jornada Mundial da Juventude Madrid 2011)
16.
Assim como as demais edições da JMJ, a do Rio de Janeiro, também
contou com uma logomarca, hino e lema. Os dois primeiros foram escolhidos através
de um concurso, em que os jovens podiam enviar ao Comitê Organizador Local da
JMJ RIO 2013 seus trabalhos para que fosse decido o que melhor identificava o
evento. A logomarca escolhida e usada em toda a identidade visual da JMJ RIO
2013 foi do jovem Gustavo Huguenin de 25 anos, natural da cidade do Cantagalo.
Fonte: http://www.rio2013.com Figura 17: D. Orani Tempesta Arcebispo do RJ e Gustavo Huguenin
A logomarca é formada por elementos que representam a cidade do Rio
de Janeiro como o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor, e o amor para com o próximo
como citou o autor da logomarca. Na figura abaixo pode-se observar o significado de
cada elemento contido na logomarca.
16
Fonte:Site da revista Época: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI259093-15223,00.html
37
Fonte: http://www.rio2013.com/pt/noticias/detalhes/202/logomarca-oficial-da-jmj-rio2013-conceito Figura 18: Logomarca da JMJ Rio 2013 e o significado de cada elemento.
Assim como a logomarca, o Hino Oficial, intitulado de “Esperança do
Amanhecer”, também foi escolhido através de um concurso realizado pela COL. Ao
todo foram 180 títulos enviados e o escolhido foi escrito pelo Padre José Cândido de
Minas Gerais. Segundo o autor a inspiração para composição do hino, foi nas
belezas naturais do Rio de Janeiro, no monumento do Cristo Redentor e no próprio
lema da JMJ. A gravação do Hino contou com a participação de vários cantores
católicos brasileiros.
4.2 Público do Evento
As primeiras pesquisas realizadas para traçar o perfil dos turistas da
Jornada Mundial da Juventude, foram realizadas pelo Ministério do Turismo e pelo
Instituto Alberto Luis Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisas de Engenharia.
Ao todo, foram entrevistados 4450 turistas, sendo eles 3,1 mil brasileiros
e 1350 estrangeiros de 175 países. As pesquisas foram realizadas durante toda a
programação do evento.
Segundo as primeiras pesquisas realizadas pelo Ministério do Turismo do
Brasil, o perfil dos participantes da Jornada Mundial da Juventude foi composto por:
51,5% de mulheres, 55,7% de jovens de até 25 anos, 49,4% utilizou o avião como
meio de transporte para chegar ao evento, 59,8% utilizaram hospedagem especial
(alojamentos oferecidos na inscrição do evento: casas de família, salões de igrejas,
38
colégios e outros), 71,1% veio em grupos, 84,8% estão participando pela primeira
vez de uma Jornada Mundial, 95,1% desejam retornar ao Rio de Janeiro.17
Abaixo, podem-se encontrar os alguns gráficos obtidos com as
informações coletadas durante as pesquisas.
Na primeira categoria analisada encontra-se a classificação por gênero. O
público do evento foi formado por 51,5% de pessoas do sexo feminino e 48,5% por
pessoas do sexo masculino.
Gráfico 1:Categoria de Gênero
A segunda categoria analisada foi a faixa etária dos participantes. Sendo
55,7% formado por pessoas de até 25 anos, 24,8% entre 26 e 35 anos, 9,5% entre
36 e 45 anos, 6,6% de 46 a 55 anos, 2,4% de 56 e 64 anos e apenas 1% acima de
64 anos.
17
Dados obtidos a partir da pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo e Instituto Alberto Luis Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisas de Engenharia, com objetivo de traçar o perfil dos
participantes da JMJ RIO 2013.
39
Gráfico 2: Categoria Faixa etária
A terceira categoria foi sobre o meio de transporte utilizado pra chegar a
cidade do Rio de Janeiro. Sendo 49,4% de voo regular, 34,1% de ônibus fretado,
11,8% de ônibus regular, 2,3% de carro particular, 1,9% de voos fretados e 0,6%
outros.
Gráfico 3: Categoria Meio de Transporte
40
A quarta categoria é sobre o meio de hospedagem utilizado na viagem. Sendo
59,8% ter utilizado a hospedagem especial, 16,9% casa de amigos e/ou parentes,
9,0% Hotel, 4,8% Albergue, 1,2% camping e 8,3% outros.
Gráfico 4: Categoria Meio de Hospedagem utilizado
Na categoria cinco foi questionado sobre a forma de acompanhamento na
viagem. Dos entrevistados 71,1% disseram que foram em grupo religioso, 17,7%
com parentes e amigos, 6,6% sozinho, 2,3% com namorado ou conjugue 1,4% com
conjugue e filhos e 0,9% outros.
Gráfico 5: Categoria Acompanhamento na viagem
41
Na sexta categoria foi perguntado sobre a participação em outras JMJ.
84,8% afirmaram que não e 15,2% disse que sim.
Gráfico 6: Categoria de participação em outras JMJ.
Na sétima categoria foi questionado se o entrevistado tinha pretensão de
voltar ao Rio de Janeiro. 95,1% disseram que pretendem retornar e 4,9% não
pretendem retornar à cidade.
Categoria 7: Categoria de pretensão de retorno ao Rio de Janeiro
42
Esses foram alguns dos resultados obtidos com a pesquisa realizada pelo
MTUR e a COPPE UFRJ. Baseado nesse perfil, o próximo tópico dará continuidade
aos números gerados pela JMJ RIO 2013.
4.3 Alguns números da JMJ RIO 2013
Segundo as pesquisas realizadas pelo Ministério do Turismo, a Jornada
Mundial da Juventude RIO 2013 gerou uma receita de 1,285 bilhão18 na economia
do Rio de Janeiro. O gasto médio durante a permanência no Brasil foi de R$1830,00
para os turistas estrangeiros e R$1370,00 para os turistas brasileiros.
A Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense
(UFF), juntamente com a secretaria Estadual de Turismo do Rio de Janeiro, realizou
uma pesquisa durante os dias 23 e 25 de julho de 2013 e chegaram à conclusão de
que 1,8 bilhões de reais foram injetados na economia da cidade-sede, um ganho
econômico de 17 vezes mais que na Copa das Confederações19.
Uns dos setores que mais lucraram com a realização da JMJ foram o de
bares e restaurantes e hotéis. Durante os seis de evento, houve faturamento
dobrado nos restaurantes e bares da região de Copacabana e Zona Sul do Rio de
Janeiro, cerca de 25 mil pratos foram vendidos a mais por dia, e 78,36% de
ocupação hoteleira, entre os dias 25 de 28 de julho.
Além do grande faturamento gerado na economia fluminense, outros
números que chamaram atenção dos organizadores foi o recolhimento de dejetos
produzidos durante todo o evento. No total foram 390 toneladas de lixo, desses 45
toneladas de reciclados, sendo que, em apenas uma noite de Réveillon na Praia de
Copacabana são recolhidos 320 toneladas e o número de voluntários inscritos, 60
mil no total, que ajudaram os peregrinos e a Comissão Organizadora durante a JMJ.
Talvez o maior legado deixado pela JMJ RIO 2013 não seja apenas a
renda gerada durante os dias do evento, ou as estruturas montadas para o mesmo,
mas algo maior, como a valorização do segmento de Turismo Religioso pelo
Ministério do Turismo como pelo próprio brasileiro.
18
Fonte: Ministério do Turismo do Brasil 19
Todos os dados e números presentes neste subitem foram retirados do Site Oficial do Evento e do Ministério do Turismo do Brasil (em 4 de novembro de 2013 às 0h22min).
43
O primeiro sinal de interesse pelo segmento religioso foi a criação da
Cidade Da Fé durante a JMJ RIO 2013 para abrigar duas feiras: a Expocatólica e
ExpoVocacional20. Ambas reuniram uma estrutura de 200 tendas para exposição de
produtos e destinos religiosos. Além das exposições, o espaço também foi
preparado para realização de 70 shows católicos, sessões de autógrafos e
dedicatórias e espaços para realizações de negócios. Por dia eram esperadas 60 mil
pessoas.
Durante a ExpoCatólica, como aprofundado no capítulo anterior, maior
feira católica, o ministro do Turismo Gastão Vieira e o secretário de Turismo do Rio
de Janeiro Ronald Azário, afirmaram sobre o grande potencial turístico do segmento
religioso, cerca de 1,7 milhões de viagens feitas no Brasil em 2012 eram de cunho
religioso, e da necessidade de investimento na área.
Segundo o atual secretário de Políticas Públicas do Ministério do Turismo,
Sandro Ricardo Fernandes, o Ministério começou a despertar para a potencialidade
do Turismo Religioso no Brasil há dois anos com a anunciação do Rio de Janeiro
como sede de uma JMJ e a realização da ExpoCatólica foi o primeiro passo dado
para o desenvolvimento dos destinos potencias do Turismo Religioso e a promoção
dos destinos e do segmento.
Em um balanço geral, a JMJ RIO 2013 pode ser considerada como um
evento de grande sucesso, pois atraiu um bom número de pessoas para a prática do
Turismo Religioso, foi sustentável e que gerou grandes impactos no Turismo
brasileiro e principalmente, mostrou ao país o grande potencial que o Turismo
Religioso tem e o quanto pode gerar de renda ao Brasil.
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Fonte: Site Cidade da Fé http://www.cidadedafe.com.br/cidade-da-fe-marcara-o-turismo-religioso-no-brasil/
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5 METODOLOGIA DA PESQUISA
Este capítulo tem como objetivo apresentar e descrever os métodos e
instrumentos usados para coleta e análises dos dados e justificando o uso dos tais
instrumentos e procedimentos para dar embasamento teórico ao presente estudo.
Os capítulos anteriores foram fundamentados a partir de métodos e
instrumentos de pesquisas. O método utilizado no presente trabalho foi a
Metodologia da Pesquisa, que segundo DENCKER (2004) “é a maneira concreta
como se realiza a busca de conhecimento”.
Segundo GIL (apud Dencker, 2004 pg 124) a classificação das pesquisas
voltadas ao Turismo podem ser dividas quanto aos seus objetivos e procedimentos
técnicos. Quanto aos objetivos a pesquisa pode ser exploratória, descritiva e
explicativa. O presente estudo é uma pesquisa com objetivo exploratório, pois se
buscou a fundamentação das ideias através da pesquisa bibliográfica e de
entrevistas.
O estudo também pode ser classificado como uma pesquisa explicativa,
pois se buscou identificar os fatores que levaram o sucesso do evento. Nessa
classificação foi-se usada uma pesquisa ex-post-facto, pois o estudo foi feito após o
acontecimento do evento.
A pesquisa também é classificada como qualitativa, pois a mesma não
utiliza de dados estatísticos para o seu embasamento.
Já quanto os procedimentos técnicos usados, pode-se classificar como
um estudo bibliográfico, pois é baseada em materiais já elaborados e pesquisa
documental através do uso de dados de pesquisas de instituição como o MTUR.
Foi utilizado também o método de entrevista, tendo como objetivo, obter
um diagnóstico sobre a opinião dos participantes quanto ao evento como um todo.
Ao todo foram entrevistados quatro participantes da JMJ RIO 2013. Para escolha
dos entrevistados foram utilizados os critérios de forma de participação do evento,
se o respondente era voluntário ou peregrino e quanto ao gênero. Os respondentes
foram divididos em peregrinos e voluntários, sendo uma peregrina, um peregrino,
uma voluntária e um voluntário. Essa divisão foi feita para que obtivesse o maior
número de opiniões de acordo com o perfil dos participantes.
Juntamente com embasamento teórico e as entrevistas houve também a
pesquisa de campo, com a observação e participação do evento em questão.
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A pesquisa de campo ocorreu durante os dias do evento, 23 a 28 de julho
de 2013, o período da pesquisa bibliográfica ocorreu durante os meses de agosto e
novembro de 2013 e as entrevistas com os participantes do Espírito Santo foram
realizadas pelo computador no dia 25 de novembro, sendo que os respondentes
receberam as perguntas por e-mail e enviaram as respostas pelo mesmo meio. Já
as entrevistas com os respondentes do Ceará foram realizada presencialmente no
dia 26 de novembro.
Após as entrevistas foi feita uma análise e comparação das respostas e
também a realização do diagnóstico sobre o evento, que será detalhada nos
capítulos seguintes de aplicação da entrevista e de Análise dos Dados.
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6 APLICAÇÃO DA ENTREVISTA
Neste capítulo poderão ser encontradas as opiniões dos entrevistados. O
primeiro respondente foi a voluntária Paloma Santos de 18 anos, o segundo
respondente foi o voluntário Matheus Ribeiro de 18 anos, ambos são do estado do
Espírito Santo. O terceiro respondente foi o peregrino Marcos Antonio Jr de 28 anos
e a quarta respondente foi a peregrina Elzilane dos Santos de 33 anos, ambos do
estado do Ceará.
As primeiras entrevistas apresentadas a seguir serão apenas dos
voluntários, posteriormente serão dos peregrinos. No próximo capítulo serão
apresentados alguns pontos importantes que foram abordados nas entrevistas e
com as considerações observadas na visita de campo.
1. Nome e idade.
R. Paloma Helena S. Santos, 18 anos.
R. Matheus Vieira Lessa Ribeiro, 18 anos
2. Qual a sua opinião geral sobre o evento
Paloma: A Jornada foi o novo Pentecostes derramado na Igreja Católica,
principalmente no Brasil. Após o evento, percebi que muitos jovens retornaram a
igreja e se entregaram definitivamente ao amor fraterno de Deus e aos seus planos.
Matheus: O evento foi muito marcante, maravilhoso. Teve pontos
positivos e pontos negativos como qualquer evento de porte mundial. Mas o que
ficará marcado sem dúvida será o acolhimento do carioca, a harmonia entre os
povos, a paciência do católico diante das dificuldades e a união de todos para
proclamar a Boa Nova e o amor a Jesus Cristo.
3. Quanto aos serviços oferecidos no pacote de inscrição da JMJ, o
que mais lhe agradou E o que mais desapontou
Paloma: Não tive problemas com nenhum pacote de inscrição. Exceto na
entrega dos kits, pois faltaram muitos ticket’s de alimentação e transporte para os
voluntários que tiveram de ser retirados no dia seguinte.
Matheus: Eu gostei do kit contendo os livros, 4 camisas, 1 mochila, além
dos ticket-alimentação e transporte. Pude me locomover e me alimentar bem
durante os dias da Jornada. De Decepção apenas as condições de alojamento e
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higiene, mas o povo acolhedor de Madureira supriu esse ponto negativo com muita
alegria e receptividade.
4. A estrutura de segurança, locomoção, meios de hospedagens,
alimentação e informação pela cidade foi eficiente durante o evento
Paloma: Quanto a segurança não tive problemas com isso, percebi que a
cidade, principalmente nos locais onde aconteceram os Atos Centrais estava bem
policiada. Quanto a locomoção, deixou a desejar, os ônibus e metros circulavam
muito lotados. Fiquei hospedada em uma igreja juntamente com outros voluntários e
peregrinos e também não tive problemas nesse quesito. Quanto a alimentação, me
senti prejudicada nos fins de semana e nos dias que foi declarado feriado na cidade,
pois haviam poucos restaurantes abertos no Centro da cidade, e os que estavam
abertos eram caros e a comida não me agradou muito.
Matheus: Segurança: Não houve brigas nem ameaças e a segurança foi
perfeita, visto que o RJ é bastante conhecido por sua violência.
Locomoção: Nos dias de eventos principais a locomoção deixou a
desejar, pois na minha opinião, a prefeitura não esperava tanto fluxo, principalmente
no metrô que por sinal sempre estava lotado. Porém com o ticket de transporte
podíamos nos dar o luxo de pegar várias opções como trem, ônibus, barca e metro.
A hospedagem foi o ponto negativo, pois tínhamos condições básicas.
Era dividido dois banheiros para 70 homens aproximadamente. Dormimos grande
parte da JMJ em um salão. Mas como o Papa sempre pregava a questão da
humildade, encarnamos o verdadeiro espírito da Jornada e saímos de lá bastante
felizes.
Alimentação: 40 reais por dia dava pra se alimentar bem durante as três
principais refeições diárias. Além disso, sempre tinha algum estabelecimento que
aceitava o ticket, o ponto negativo foi a fila, mas nada que não fosse esperado vista
a dimensão do evento.
Informação pela cidade: Na central sempre tinha pontos de informação
pelos voluntários, além disso o carioca nos passava informações com bastante
paciência e receptividade
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5.Levando em consideração a sua experiência de
peregrino/voluntario, a cidade do Rio de Janeiro está bem preparada para os
próximos eventos nacionais ou internacionais Por que
Paloma: Sim. Mas ainda há muito em se investir em locomoção, não
somente no Rio de Janeiro mas em muitas outras cidades importantes do Brasil.
Matheus: Sim, pois o carioca é um povo bastante receptivo. Na minha
opinião a violência, já tradicionalmente conhecida, não foi vista e a segurança
cumpriu seu papel. o Rio tem o diferencial da beleza e das paisagens turísticas
também. Pude ir no Rock in Rio depois e fiquei satisfeito com a organização e
transporte também.
6- Voltaria a participar de algum evento religioso no Brasil? Por quê?
Paloma: Sim. Por experiência de fé e turismo!
Matheus: Claro! Foi uma experiência maravilhosa, a mais marcante da
minha vida! Fiz amigos que levarei para a vida toda e renovei a minha fé, gostaria de
viver momentos assim sempre.
Perguntas apenas para os voluntários
7. Por que decidiu ser voluntário no evento
Paloma: Servir a Deus!
Matheus: Não sei. Sempre tive um grande prazer em ajudar e já participei
de vários projetos como voluntário. Vi ainda que a minha paróquia não iria fazer
caravana, ou seja, teria que ir sozinho. Então conclui que seria um prazer enorme
trabalhar na Jornada, ainda mais como voluntário. Mas confesso que não esperava
ser como foi, não sabia aonde eu estava me metendo.
8. Voltaria a ser voluntário em outro evento
Paloma: Sim, após a jornada procurei ser voluntária de uma Casa de
Freiras da Congregação da Madre Tereza de Calcutá (As Missionárias da Caridade),
mas devido a falta de tempo só pude visitar uma vez. Tenho planos de ser voluntária
de um orfanato da minha cidade juntamente com outro amigo também.
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Matheus: Claro! Já trabalhei em dois retiros depois da JMJ e é uma coisa
que eu tenho grande prazer em fazer. Nascemos para ajudar e servir aos outros,
como Jesus sempre fez.
Após a entrevista realiza com os voluntários, foi realizada a entrevista
com os peregrinos Marcos Antonio Jr e Elzilane dos Santos, como pode ser visto
abaixo:
1. Nome e idade.
R. Marcos Antonio de Souza Rodrigues Júnior – 28 anos
R. Elzilane Maria Silva dos Santos – 33 anos
2. Qual a sua opinião geral sobre o evento
Marcos Antonio: Na minha opinião a JMJ foi um evento de grande
magnitude e ascensão econômica, pode proporcionar as pessoas, participantes e
moradores do Rio de Janeiro, um contato diferente apresentando a seus participes
uma nova visão da cidade. No contexto geral veio suprir as necessidades e metas
pré estabelecidas.
Elzilane: Foi um evento maravilhoso de grande porte, no qual
proporcionou a todos que dele participaram um crescimento na Fé., e uma interação
com pessoas de diversos países diferentes. Essa experiência de Fé ficará marcada
para sempre em nossa memória
3. Quanto aos serviços oferecidos no pacote de inscrição da JMJ, o
que mais lhe agradou E o que mais desapontou
Marcos Antonio: O que me agradou: a forma de conduzir a alimentação,
dividindo em todos os lugares do Rio restaurantes que recebiam o ticket entregue
por eles, a precisão e a meta estabelecida pela agência Obra de Maria cumprindo
com tudo que foi disposto no contrato assinado.
O que me desapontou: falta de organização por parte do governo do Rio
como no sistema de transporte publico, falta de opção para compra de ingressos
para visitas, falta de linhas exclusivas.
Elzilane: Com relação ao pacote turístico o que mais me agradou foi o
serviço que na minha opinião a empresa prestadora cumpriu com tudo o que estava
no contrato. O que mais me desapontou foi um pouco a falta de estrutura da cidade
para acomodar um grande numero de pessoas.
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4. A estrutura de segurança, locomoção, meios de hospedagens,
alimentação e informação pela cidade foi eficiente durante o evento?
Marcos Antonio: No que se diz a segurança não tenho nada a reclamar,
até por que vimos de modo eficiente a presença de policiais e as forças armadas no
que tangia a segurança do peregrino. Hospedagens na minha opinião ficou de
acordo com que cada pacote oferecia, as pessoas fechavam seus pacotes e iam de
acordo com ele. Alimentação muito boa, até como citado anteriormente, o peregrino
escolhia onde comer, com o limite pré-estabelecido. Informação ficou a desejar, não
por parte do evento, mas por parte do governo, poderia se ter mais quiosques de
informação de localização.
Elzilane: No evento da JMJ pude observar que a cidade tem que investir
mais na qualidade dos transportes públicos que ainda deixa a desejar para eventos
de grande porte.
5. Levando em consideração a sua experiência de
peregrino/voluntario, a cidade do Rio de Janeiro está bem preparada para os
próximos eventos nacionais ou internacionais Por que
Marcos Antonio: Não. Ainda tem muito que melhorar desenvolver um
plano de contingência para que possa acolher, informar e manter bem as pessoas
que virão.
Elzilane: Tem que melhorar muito para poder proporcionar não só para
os brasileiros como estrangeiro uma cidade agradável onde os transportes a
públicos possasm proporcionar uma melhor comodidade a todos.
6- Voltaria a participar de algum evento religioso no Brasil? Por quê?
Marcos Antonio: Sim. O cunho religioso é forte no Brasil então o povo
vai e faz. O governo ajuda, mas o povo que faz o melhor, ou seja, o evento. Eu iria
com certeza.
Elzilane: Sim. sem dúvidas acredito que o Brasil ta crescendo muito no
turismo religioso.
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7 ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo busca-se realizar uma análise geral dos dados obtidos nas
entrevistas e complementá-las com as observações feitas durante a visita a campo
ao evento em questão.
Como falado no capítulo anterior, esta entrevista contou com a
participação de quatro participantes da JMJ RIO 2013. A entrevista foi composta por
seis questionamentos iguais para peregrinos e voluntários e mais duas questões
específicas para os voluntários. Vale salientar que todos os presentes respondentes
autorizaram a divulgação e publicação dos dados fornecidos durante as entrevistas
para a realização deste estudo.
De modo geral, todos os respondentes afirmaram que o evento foi
maravilhoso e marcante. Não só pela visão religiosa como também quanto a sua
organização, no entanto ainda era necessário que houvesse melhores investimentos
e organização no item de mobilidade pública. Também foi falado sobre a boa
hospitalidade dos cariocas para com os peregrinos.
No terceiro questionamento foi perguntado sobre os serviços oferecidos
nos pacotes de inscrição da JMJ apontando os pontos que agradou e os que não
agradaram. O peregrino Marcos Antônio Jr e o voluntário Matheus compartilharam a
mesma opinião, ambos gostaram da forma que foi conduzida a alimentação e o
transporte dos participantes. No entanto, a voluntária Paloma afirmou que houve um
pequeno problema na entrega dos tickets de alimentação e transporte entre alguns
voluntários.
Todos respondentes afirmaram que houve uma falha na estrutura da
cidade para receber todos os peregrinos, sendo o setor de transportes o mais
criticado. Outro ponto negativo foi na visitação de alguns pontos turísticos do Rio de
Janeiro e nos próprios alojamentos que foram disponibilizados durante o evento.
Na visita ao evento pode ser constatada essa falha nos transportes,
principalmente quando aconteciam os atos centrais na Praia de Copacabana. O
fluxo de pessoas era muito grande e os meios de transporte que eram
disponibilizados não supriam a demanda.
No quarto questionamento foi perguntado sobre os serviços e as
estruturas que estavam à disposição dos participantes durante o evento. Para
peregrina Elzilane o ponto mais crítico foi quanto a mobilidade pela cidade, pois os
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transportes públicos não supriram a demanda do evento. Os voluntários Matheus e
Paloma também se queixaram quanto aos transportes.
No quesito de segurança todos se sentiram seguros durante o evento,
mesmo sabendo que a cidade do Rio de Janeiro, possuía número relativamente alto
de violência. O peregrino Marcos Antonio Jr afirmou que havia a presença de muitos
policiais e as forças armadas. Vale salientar, que durante a visita de campo ao
evento foi realmente constatado grande número de policiais e das forças armadas,
além também dos serviços de emergência.
Quanto à hospedagem houve divergência de opiniões. Para o voluntário
Matheus a hospedagem deixou a desejar, pois eram muitas pessoas para poucos
espaços para realização de higiene. Já para a voluntária Paloma não houve
problemas. Um problema que foi observado quanto à hospedagem foi referente aos
espaços para higiene pessoal, era muitas pessoas para poucos banheiros.
Já quanto à alimentação, o voluntário Matheus e o peregrino Marcos
Antonio Jr novamente compartilham da mesma opinião, afirmaram que o valor
disponível para consumo foi bom e que havia muitos estabelecimentos que
aceitavam o recebimento dos tickets. Já para a voluntária Paloma a alimentação
deixou a desejar, pois nos dias do evento houve feriados na cidade do Rio de
Janeiro, e muitos estabelecimentos encontravam-se fechados, e os que estavam
abertos possuíam valores altos e a comida não a agradou muito.
Quanto à alimentação, o esquema que foi desenvolvido pela COL foi
eficiente, havia vários tipos de restaurante e estabelecimentos que aceitavam o
ticket alimentação, e ficou perceptível que a demanda era muito maior que a oferta
dos meios de alimentação, havia muitas filas em todos os estabelecimentos
cadastrados que recebiam o ticket alimentação do evento.
Quando perguntado sobre o item informações pela cidade, o peregrino
Marcos Antonio Jr afirmou que esse item também deixou a desejar, no entanto o
mesmo salienta que essa falha foi por parte do governo. Já para o voluntário
Matheus não houve nenhuma queixa quanto a isso, até afirmou que o próprio
carioca ajudava bastante em passar informações.
No quinto questionamento foi perguntado sobre a estrutura da cidade do
Rio de Janeiro para receber os próximos eventos mundiais. A voluntária Paloma
afirmou que a cidade está preparada, mas que se deve investir em locomoção,
salientou que essa medida deve ser tomada não só no Rio de Janeiro, mas também
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em outras cidades. Já para o peregrino Marcos Antonio Jr a cidade não está
preparada para receber outros eventos de grande porte, ainda disse que se deve
desenvolver um plano de contingencia para melhor acolher, informar e manter as
próximas pessoas que vierem para outros eventos. A peregrina Elzilane, também
partilha da mesma ideia de que a cidade deve melhorar para bem receber os
brasileiros como também os estrangeiros, ela frisa que aja uma melhora nos
transportes públicos. Já os voluntários Matheus e Paloma, consideram a cidade do
Rio de Janeiro preparada para receber outros eventos.
Na última pergunta voltada a todos os respondentes, foi questionado se
os mesmos voltariam a participar de outro evento de cunho religioso no Brasil.
Todos afirmaram que participariam de outros eventos religiosos no Brasil, e que a
JMJ RIO 2013 foi uma grande experiência, em que puderam fazer novas amizades e
fortaleceram-se na fé. O peregrino Marcos Antonio JR ainda afirmou que é preciso
maiores investimentos no segmento de Turismo Religioso no Brasil.
Além das seis perguntas feitas aos respondentes peregrinos e
voluntários, foi feita também mais duas perguntas direcionadas apenas aos
voluntários.
Na primeira foi indagado sobre o motivo que levou os mesmos a
candidatar-se como voluntários. A voluntária Paloma afirmou que o motivo foi o
serviço a Deus, já o voluntário Matheus não teve um motivo certo, mas afirmou que
sempre gostou de ajudar e já se voluntariou em vários outros projetos. Ele também
afirmou que o que o levou a se voluntariar foi pelo fato de que ninguém iria de sua
paróquia e que iria sozinho, sendo assim resolveu se voluntariar.
Na segunda e última pergunta voltada aos voluntários, foi perguntado se
os mesmo voltariam a se voluntariar em outros eventos. Assim como na questão
anterior, ambos responderam que sim, que voltariam a voluntariar-se, inclusive
ambos afirmou que a após a JMJ já buscaram projetos sociais e retiros religiosos
para ajudarem.
De uma forma geral, pode-se perceber que o evento foi bem visto pelos
peregrinos e voluntários, no entanto ocorreram grandes falhas em serviços básicos
que incomodaram os mesmos. É interessante que o Governo busque desenvolver
fórmulas de sanar esses tipos de erros, parra que os mesmos não venham ser
presentes nos próximos eventos programados para acontecerem no Brasil.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atividade turística no Brasil tem apresentado um bom crescimento nos
últimos anos; isso se deu com a grande exposição do país em eventos de nível
mundial. No mês de julho de 2013 ocorreu na cidade do Rio de Janeiro a Jornada
Mundial da Juventude RIO 2013, evento de cunho religioso que gerou grandes
impactos ao Turismo brasileiro e por ter desenvolvido tamanha importância turística,
tornou-se o objeto de estudo desta pesquisa.
Com o crescimento da atividade turística desenvolveu-se a necessidade
de segmentar o mercado, buscando atender melhor cada grupo de pessoas com
expectativas de viagens semelhantes. Dos segmentos que hoje são conhecidos, o
que mais cresce é o Turismo Religioso e o Turismo de Eventos.
Foi nessa temática que este trabalho se fundamentou. A princípio buscou-
se realizar um estudo aprofundado sobre o Turismo, apresentando conceitos e
histórico do mesmo, posteriormente foi dado ênfase aos segmentos citados acima. A
partir deste embasamento teórico, foi apresentado sobre o objeto de estudo, a JMJ
RIO 2013 e a repercussão deste grandioso evento ao turismo brasileiro.
No inicio do estudo foi proposto um questionamento sobre os impactos
causados pela JMJ RIO 2013 ao Turismo brasileiro. Também foram propostas três
hipótese sendo elas: o evento desencadeou muitas oportunidades para o Turismo
no Brasil, a infraestrutura desenvolvida para a prática do turismo ainda é ineficiente
e o segmento de Turismo Religioso possui grande potencial de desenvolvimento no
Brasil. Todas as três hipóteses se confirmaram, e para que as mesmas fossem
respondidas utilizou-se da pesquisa bibliográfica, dos estudos realizados pelo MTUR
e das entrevistas feitas com quatro participantes da JMJ RIO 2013.
A primeira hipótese foi confirmada através dos números gerados pela JMJ
RIO 2013, como por exemplo, a renda de 1,8 bilhões de reais gerada na economia
carioca, um ganho econômico 17 vezes maior que a Copa das Confederações, o
que despertou interesse do MTUR para com o Turismo Religioso.
A segunda hipótese foi respondida com os dados obtidos durantes as
entrevistas com quatro participantes do evento e visita à campo. Eles responderam
que mesmo o evento sendo maravilhoso, houve alguns problemas quanto o
deslocamento pela cidade, a falta de informações, demora dos serviços de
alimentação. Com a participação do evento pode-se confirmar as respostas dadas
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pelos respondentes e ficou claro que a cidade do Rio de Janeiro, assim como as
outras que irão sediar outros eventos precisam melhorar suas estruturas para que
possam receber melhor seus visitantes e abrigar melhor os seus próprios
moradores.
A terceira e última hipótese foi provada com os dados obtidos pelas
pesquisas bibliográficas que apontaram o número de 344 cidades brasileiras com
vocação para o Turismo Religioso, como Nova Jerusalém e Aparecida do Norte, e
após a realização da JMJ RIO 2013 o MTUR mostrou-se interessado em
desenvolver e investir no segmento de Turismo Religioso.
Além das hipóteses também foram formulados três objetivos específicos,
as quais foram detalhadas a seguir: o primeiro apontou a surgimento de grandes
oportunidades, entre geração de empregos diretos, indiretos e principalmente
geração de renda para a cidade que sediou o evento. No que tange a qualidade dos
serviços e infraestrutura básica, o estudo apontou que alguns serviços não foram
bem avaliados por parte dos peregrinos e voluntários, entre esses pode destacar:
mobilidade pública, hospedagem, informação turística e alimentação. Entretanto,
avaliaram positivamente a segurança. Por fim, alguns entrevistados afirmaram que a
cidade do Rio não se encontra preparada para receber outros eventos de grande
porte, porém mesmo diante de alguns problemas estruturais encontrados todos
responderam que voltariam à cidade, uma vez que foi uma grande experiência, em
que puderam fazer novas amizades e fortaleceram-se na fé.
A partir do que foi exposto pode-se então concluir que a JMJ RIO 2013 foi
um grandioso evento, um verdadeiro teste de qualidade para os próximos eventos
que serão sediados no Brasil. Pode-se aprender muito com seus erros e acertos do
evento. Durante as pesquisas alguns problemas de infraestrutura básica foram muito
explorados, como transporte e mobilidade urbana. Na visita ao evento pode ser
constatada essa falha nos transportes, principalmente quando aconteciam os atos
centrais na Praia de Copacabana. O fluxo de pessoas era muito grande e os meios
de transporte que eram disponibilizados não supriam a demanda. Problemas como
esse precisam ser sanados para que se possa oferecer um turismo melhor para os
que visitam e também para aqueles que moram nos destinos.
Por fim, o evento deixou um legado de desenvolvimento de algumas
práticas como o voluntariado e acolhimento da população local durante evento. Dos
70 mil voluntários inscritos na JMJ RIO 2013 cerca de 38 mil eram cariocas, isso
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mostra como o povo brasileiro possui o espírito da hospitalidade e receptividade
para quem visita o país.
A grandiosidade do evento, a renda e empregos gerados, mostram o
quanto o segmento turístico-religioso tem potencial e quanto precisa de investimento
para se adequar ao mercado e satisfazer as expectativas dos turistas que viajam em
busca de destinos religiosos e de boas estruturas turísticas. A JMJ RIO 2013 causou
e ainda causará grandes impactos e mudanças no cenário do Turismo brasileiro,
sendo um ‘divisor de águas’ para o Turismo Religioso.
Contudo, espera-se que esta pesquisa desperte atenção dos governos
municipais, estaduais e federais para um melhor planejamento e organização do
Turismo Religioso no Brasil e também que desperte interesse em realizar novos
estudos sobre a temática de Turismo Religioso e o que podem proporcionar ao
Turismo brasileiro.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRETTO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. Campinas,
São Paulo: Papirus, 2005.
BARBOSA, Yaçarim Melgaço. História das viagens e do Turismo. São Paulo, São
Paulo: Aleph, 2002.
BENI, Mario Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo, São Paulo: SENAC,
2003.
DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e Técnicas de pesquisa em
Turismo.São Paulo- SP: Futura, 2004.
DIAS, Reinaldo. Introdução ao Turismo. São Paulo, São Paulo: Atlas, 2005.
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reflexões. Campinas, São Paulo. Alínea, 2003.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, São Paulo:
Atlas, 2008.
IGNARRA, Luiz Renato. Fundamentos do Turismo.São Paulo, São Paulo:
Thomson, 2003.
MATIAS, Marlene. Organização de Eventos: Procedimentos e técnicas. Barueri,
São Paulo: Manole, 2007.
MEIRELLES, Gilda Fleury. Tudo sobre eventos. São Paulo, São Paulo: STS, 1999.
TENAN, Ilka Paulete Svissero. Eventos-ABC do Turismo. São Paulo, São Paulo::
Aleph, .
58
APÊNDICE
PERGUNTAS PARA ENTREVISTAS DA MONOGRAFIA
1. Nome e idade.
2. Qual a sua opinião geral sobre o evento
3. Quanto aos serviços oferecidos no pacote de inscrição da JMJ, o que mais lhe
agradou E o que mais desapontou
4. A estrutura de segurança, locomoção, meios de hospedagens, alimentação e
informação pela cidade foi eficiente durante o evento
5. Levando em consideração a sua experiência de peregrino/voluntario, a cidade do
Rio de Janeiro está bem preparada para os próximos eventos nacionais ou
internacionais Por que
6- Voltaria a participar de algum evento religioso no Brasil? Por quê?
Perguntas apenas para os voluntários
7. Por que decidiu ser voluntário no evento
8. Voltaria a ser voluntário em outro evento
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