View
220
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
1/15
APLICAO DO SISTEMA DE INFORMAES GEOGRFICAS NA
ANLISE ESPACIAL DA OCORRNCIA DA ESQUISTOSSOMOSE NO
MUNICPIO DE ILHA DAS FLORES-SE/BR.
Marlia Matos Bezerra Lemos SilvaMestranda em Geografia, Universidade Federal de Sergipe/BR,
mariliawill@hotmail.com.
Acacia Maria Barros SouzaGraduanda em Geografia-Bac., Universidade Federal de Sergipe/BR,
acaciaravel30@hotmail.com
Jos Antnio Pacheco de AlmeidaProf. Dr. do Departamento de Geografia, Universidade Federal de Sergipe/BR,
jalmeida@ufs.br.
Amlia Maria Ribeiro de JesusProfessora Dr. do Departamento de Medicina, Universidade Federal de
Sergipe/BR,jesus-amelia@uol.com.br.
INTRODUO
A esquistossomose doena que acompanha o homem desde a
antiguidade, se constitui atualmente em um problema de Sade Pblica em
todo o Brasil, principalmente na Regio Nordeste e no Estado de Minas Gerais.
Dados da Secretaria de Vigilncia em Sade (2009) indicam que, o Estado deSergipe apresenta a maior prevalncia do pas.Entretanto, este indicador no
retrata especificidades locais, como, por exemplo, o municpio de Ilha das
Flores-SE/BR, nosso objeto de estudo, apresentou 46,5% de positividade para
s. mansonida populao examinada no ano de 2007.
Para esta pesquisa, a reproduo da esquistossomose discutida a
partir da organizao social do espao como exerccio de operacionalizao
entre o paradigma ambiental e o social em sade coletiva. Como asseveraBarbosa (1996, p.614), preciso que a investigao epidemiolgica, alm do
carter ecolgico, assuma a complexidade da endemia, compreendendo a
essncia social do processo sade/doena e a historicidade dos seus
determinantes.
Nesta perspectiva, realiza-se um estudo transversal, no perodo de 2008
a 2010, com 570 indivduos residentes no municpio de Ilha das Flores-SE/BR.
Com o objetivo de compreender o dinamismo espacial dos fatores quepotencializam para tornar o referido municpio endmico.
mailto:mariliawill@hotmail.commailto:mariliawill@hotmail.commailto:acaciaravel30@hotmail.commailto:acaciaravel30@hotmail.commailto:jalmeida@ufs.brmailto:jalmeida@ufs.brmailto:jesus-amelia@uol.com.brmailto:jesus-amelia@uol.com.brmailto:jesus-amelia@uol.com.brmailto:jesus-amelia@uol.com.brmailto:jalmeida@ufs.brmailto:acaciaravel30@hotmail.commailto:mariliawill@hotmail.com8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
2/15
Por ser um estudo de carter interdisciplinar, envolvendo pesquisadores
da rea geogrfica e mdica, obtm uma viso integrada das principais
influncias diretas e indiretas associadas gravidade da doena. Fator
importante para determinar reas de risco e condies ambientais,
socioeconmicas e culturais, favorveis ocorrncia da endemia no municpio.
O uso do Sistema de Informaes Geogrficas oferece ao projeto
tcnicas aprimoradas de coleta, tratamento, manipulao e apresentao de
dados espaciais, destinados identificao de variveis que revelem onde
riscos sade esto presentes. Ao delimitar reas de risco e analisar hipteses
de investigao, esta ferramenta proporciona subsdios para medidas de
interveno junto aos rgos competentes. Sendo neste contexto, um
poderoso instrumento a servio da pesquisa em sade.
2. RESULTADOS E DISCUSSES
A esquistossomose uma doena milenar que acompanha a
humanidade desde a Antiguidade, quando esta habitava preferencialmente os
campos, todavia, no foi debelada ou minimizada com os progressos
modernos. Contraditoriamente, o processo de urbanizao desordenado
permite em seus centros perifricos, sem infra-estrutura de saneamento bsico
e alimentado pelo processo migratrio, a escalada da doena em um espao
inteiramente novo, dessa feita, urbano. De fato, ela se encontra entre as
poucas doenas parasitrias cuja distribuio em escala mundial continua a
aumentar (ROLLEMBERG; SILVA et al, 2011).
Hoje em dia, a esquistossomose afeta em torno de 200 milhes de
indivduos na frica, sia e Amrica, constituindo-se ainda em risco para 650
milhes de pessoas residentes em reas endmicas. Sendo considerada umadas seis grandes endemias que afligem o mundo, afetando principalmente
aqueles que, por necessidade de trabalho ou falta de opo de lazer, so
forados a contatos constantes com guas infestadas com cercarias. Assim, a
distribuio da infeco na populao se d forosamente com maior
freqncia e gravidade em indivduos que vivem em piores condies de vida
(ANDRADE, 1996).
O Brasil o pas mais atingido pela enfermidade nas Amricas.Acometendo 2,5 a 6 milhes de pessoas principalmente nos Estados
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
3/15
nordestinos da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco e no Estado de Minas
Gerais. De acordo com a Secretaria de Vigilncia em Sade (2009), o Estado
de Sergipe apresenta a maior prevalncia do pas.
Em estudo ecolgico da distribuio espacial da ocorrncia da
esquistossomose no Estado de Sergipe no perodo de 2005 2008, detectou-
se que a prevalncia da doena, representada em termos de positividade
parasitolgica dos exames realizados pelo PCE foi de 13,6% (14471/106287)
em 2005, 11,2% (16196/145069) em 2006, 11,8% (10220/86824) em 2007 e
10,6% (8329/78859) em 2008 (ROLLEMBERG & SILVA, 2011). Mantendo-se
sempre acima da mdia nacional de 6,1%, 5,9%, 5,8% e 6,1%,
respectivamente para estes anos (MS e SVS, 2009).
Dentre os municpios sergipanos com maior prevalncia e incidncia da
endemia. Elegeu-se como objeto de estudo desta pesquisa o municpio de Ilha
das Flores-SE/BR. Objetivando compreender o dinamismo espacial dos fatores
que potencializam para tornar a rea endmica. No ano de 2007, o referido
municpio apresentou um percentual altssimo de 46,5% de positividade para S.
mansoni da populao examinada. Superando a mdia nacional de 5,8% e
Estadual de 10,6% neste ano (Figura - 1).
Figura 1 - Mapas de Ocorrncia da Esquistossomose no Estado de Sergipe-BR/ 2005 a 2008.Fonte: Rollemberg, Silva et al, 2011.
Buscando caracterizar as diversas condies potenciais de exposio,
que se configuram enquanto espaos determinantes na transmisso da
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
4/15
doena. Foi confeccionado o mapa temtico de uso e ocupao do solo (Figura
2). Este ao permitir o conhecimento da realidade local, torna-se ferramenta
fundamental na perspectiva de monitorar as condies geradoras do processo
sade/doena/vetor no territrio estudado.
Figura 2 - Mapa do Uso e Ocupao do Solo - Ilha das Flores SE/2009.
Espao Urbano (EU) O espao urbano compreende no
uso misto residencial e comercial no espao fsico das cidades, contudo,
essas caractersticas tambm so encontradas em parcelas
significativas do espao rural. Nesta categoria, inclui-se a sede
municipal (EUsm) e os povoados(EUp), estes localizados prximos a
sede
Espao Construdo (EC) envolve reas de rodovias,servios de transportes, comrcio local, energia e comunicao. Sendo
destacada a subcategoria rodovia pavimentada (ECrp), a qual
determinante para o acesso ao municpio, conseqentemente,
influenciando diretamente no uso potencial da terra.
Espao Agrcola (EA) compreende as reas onde a terra
utilizada na produo de alimentos. Consistindo na maior atividade
econmica do municpio. representada pela cultura do arroz (EAca)seguida pela cultura do coco (EAcc), e em menor proporo, a cultura
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
5/15
diversificada frutfera (EAcd), a qual encontra-se, em grande parte, no
entorno do espao urbano do municpio.
Espao Agro-pastoril (EAp) as atividades de pastoreio
comumente ocorrem em terras onde foi parcial ou totalmente
interrompida a produo agrcola. Comumente, se apresenta em reas
desmatadas, porm, conservando rvores dispersas como propsito de
proporcionar sombras para gado. Observar-se tambm, a pastagem
associada cultura do coco-da-baa (EApc). Num primeiro momento
estas reas, se apresentavam destinadas a cocoicultura, por questes
econmicas, passou a ceder lugar para a pecuria, assim, as duas
atividades acabaram se reproduzindo no mesmo espao. Outro tipo de
atividade o da pastagem associada ao solo desnudo (EAps),
apresenta-se em pequena proporo, normalmente em solos arenosos
com baixa fertilidade, estando tambm relacionados criao bovina.
Espao Florestal (EF) - Em funo do processo de
ocupao do espao pelas atividades agrcolas, a vegetao nativa
acabou sendo profundamente devastada. Encontrando-se fragmentada
em pequenas manchas residuais. Os poucos remanescentes de
vegetao nativa, d a restinga arbustiva/arbrea (EFra), se encontram
isolados mais ao sul do municpio, cercados geralmente pelo uso
agrcola, da rizicultura e da cocoicultura. O processo de ocupao
urbana ao longo das margens do Rio So Francisco propiciou um
intenso desmatamento da mata de galeria (EFmg).
Espao Aqutico (EAq) abrange os rios, riachos, canais e
outros corpos dgua. O rio (EAqr) So Francisco banha todo municpio
e responsvel pelo abastecimento do espao urbano, como tambm,pela drenagem dos canais de irrigao. A rea alagadia (EAqa), sujeita
ao rebaixamento sazonal do lenol fretico, pode mudar gradualmente
para um espao agrcola. Alguns desses espaos de inundao so
utilizados para o cultivo do arroz e em funo de sua dinmica oferecem
tambm, suporte para a reproduo da atividade pecuarista. Outra
atividade encontrada no espao aqutico consiste na atividade da
piscicultura (EAqp). Esta se apresenta se apresentam em forma de
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
6/15
pequenos reservatrios, e constituem o complemento da atividade
econmica do municpio.
O preliminar diagnstico scio-ambiental estabelecido no municpio, a
partir do reconhecimento da rea por trabalhos de campo, mapa temtico do
uso e ocupao do solo e aplicao de questionrios (em anexo) com a
populao. Possibilitou intuir que, o municpio de Ilha das Flores apresenta-se
como um grande reservatrio de S. mansoni. A elevada prevalncia da doena
no municpio associa-se, sobretudo, ao conjunto de fatores ambientais (clima,
hidrologia, geologia e geomorfologia), socioeconmicos (precrias condies
de habitao, deficientes sistemas de abastecimento de gua e de sistemas de
esgotos sanitrios, baixos nveis educacionais, dentre outros) e culturais
(freqentar colees hdricas para o lazer), descritos em seguida, favorveis
manuteno da infeco porS. mansoni.
A geologia e a geomorfologia do municpio favorecem a formao de
grandes reas alagadias, as quais correspondem a mais de 10% da rea total
do municpio. O mau remanejamento destas reas convertem-nas em locais
propcios contaminao e favorveis proliferao do agente infeccioso
(S.mansoni) e a adaptao do caramujo (hospedeiro intermedirio). Somado a
isso, as condies climticas do municpio, clima do tipo megatrmico seco e
sub-mido, com temperatura mdia no ano de 26C e precipitao
pluviomtrica mdia anual de 1.200 mm, tanto favorecem a concentrao de
massas d'gua, como a temperatura e a luminosidade necessrias a
proliferao deste parasita, agravando ainda mais a situao.
A proximidade da populao com as colees hdricas, propcia alta
freqncia de contato com as guas infectadas, dos lagos e canais.
Principalmente em pocas de calor intenso, quando hbitos culturais como:banho, pesca, lavagem de roupas ou pratos, atividades de lazer e outros, ficam
quase irresistveis (Foto 1).
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
7/15
Foto 1 Local de contaminao- canais de irrigao no municpio de Ilha das Flores- SE.
Trabalhos de campo, realizados com o apoio de bilogos comprovaram
que as colees hdricas de Ilha das Flores, esto altamente colonizadas pela
Biomphalaria (Foto 2), gnero de caramujos, hospedeiros intermedirios
naturalmente suscetveis ao S. mansonicujo habitatnatural so os cursos de
gua doce com pouca ou nenhuma correnteza como represas, lagos, lagoas,
crregos, riachos, brejos, audes, canais de irrigao e outros. Isto se deve,
sobretudo, as caractersticas fsico-qumicas das guas naturais do municpio,
favorveis proliferao destes parasitas, tais como o pH, a temperatura e a
luminosidade.
Foto 2 - Colees hdricas em Ilha das Flores-SE colonizadas pelo gnero de caramujoBiomphalaria.
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
8/15
O municpio de Ilha das Flores-SE, esta inserido na grande rea
produtora de arroz irrigado do nordeste, regio do Baixo So Francisco
Sergipano, proveniente dos altos investimentos feitos pela companhia de
desenvolvimento do vale do So Francisco (CODEVASF). A produtividade da
rizicultura em Sergipe, em 2008, alcanou 58,6 mil toneladas, se situando 20%
acima da mdia brasileira e 201% superior a media nordestina. Ilha das Flores
manteve o segundo lugar no ranking do Estado, ampliando a produo de 7 mil
toneladas para 11,3 mil toneladas, neste ano (LACERDA, 2010).
Dentre os 46.59% da rea do municpio destinos ao espao agrcola,
39,25% so para a produo de arroz (Foto 3), conforme mapa do uso e
ocupao do solo. Esta atividade concentra-se nas reas inundveis em torno
do permetro irrigado, sendo de grande expresso econmica e de amplo valor
estratgico para o municpio. Desenvolvida geralmente por pequenos
produtores, os quais arrendam os lotes e com ajuda da cooperativa, tm nessa
atividade a principal fonte de renda familiar.
Foto 3 rea de rizicultura no municpio Ilha das Flores-SE.
As reas de irrigao so mundialmente reconhecidas como importantes
focos de transmisso das esquistossomoses. Sendo necessrio, um
planejamento inicial sobre a questo de sade, antes da instalao de represas
de cursos d'gua para irrigao (COUTINHO, 1992). Estas reas so
consideradas pelo Ministrio da Sade (1988) vulnerveis ou de risco que
necessitam de um esquema permanente de vigilncia epidemiolgica
realmente eficaz.
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
9/15
O permetro de irrigao do municpio de Ilha das Flores-SE prximo
aos povoados onde os trabalhadores residem e desenvolvem suas atividades
culturais. O inadequado remanejamento destes locais por parte dos
agricultores, sem roupas adequadas e o alto ndice de poluio fecal. Somado
a situao socioeconmica e sanitria em que se depara esta populao, baixa
qualidade de vida e deficincia em servios bsicos como: sade, educao,
saneamento bsico e infra-estrutura, constitui-se no principal fator da
proliferao da endemia no municpio. Tornando-o um grande reservatrio de
S.mansoni, conforme mapa temtico das fontes hdricas (Figura 3).
Figura 3 - Fontes Hdricas associadas s distncias dos canais de irrigao.
Em consonncia com Barbosa (1996), alm dos fatores supracitados,
preciso que a investigao epidemiolgica assuma a complexidade da
endemia, compreendendo a essncia social do processo sade/doena e a
historicidade dos seus determinantes. Para que, as posteriores medidas de
controle contemplem a diversidade dos grupos sociais nos quais ele ocorre, e
logrem efetividade nas suas aes.
Neste sentido, almejando compreender a estrutura social e a dinmica
da populao do municipio, foram aplicados os questionrios,
socioeconmicos, culturais e de sade. A tabulao destas informaes em um
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
10/15
Banco de Dados permitiu, atravs de analises geoestatsticas no SPSS verso
17.0, estabelecer padres que identificam populaes mais suscetveis a
infeco.
Dentre os 500 indivduos entrevistados, 120 foram positivos para S.
mansoni, o que corresponde a 24% da populao estudada. Destes 65,2%
eram do sexo masculino. Houve resultados considerveis nas associaes
entre este parasita e ser do sexo masculino (RP = 2,0, 95% CI 1,27-3,26, p =
0,003), agricultor(RP = 2,7 p, 95% CI, 1,29-5,40, p
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
11/15
Figura 4 Carta- imagem das reas Urbanas do municpio de Ilha das Flores-SE
A partir das consultas espacias foi possivel identificar a precariedade da
rede de esgostos do municipio, cobrindo apenas 3,30% da populao. A rea
urbana possui escoamento pluvial, e esgotamento sanitrio, geralmente
efetuado atravs fossas spticas e comuns e de esgotos a cu-aberto (Figura
5). Sendo estas, um possvel veculo de contaminao para esquistossomose.
Figura 5 - Esgotamento Sanitrio do Municpio de Ilha das Flores- SE 2010.
A, B, C, D- Povoado Serro/ E- Bolvar/ F- Sede Municipal/ G- Bongue.
A
B
C
D
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
12/15
Almejando identificar, localizar e visualizar a ocorrncia da
esquistossomose no municpio, tarefas possibilitadas pelo uso dos SIG,
utilizou-se a estatstica espacial onde foi possvel modelar a ocorrncia deste
evento. O mapeamento da endemia consistiu na descrio do processo de
distribuio espacial, visando avaliar a variao geogrfica na sua ocorrncia,
para assim, identificar diferenciais de risco e levantar hipteses etiolgicas,
etapa em andamento.
Dentre as tcnicas disponveis de anlise exploratria espacial para
detectar e mapear reas quentes ou aglomerados utilizou-se no projeto o
estimador de densidade Kernel do Software Crime Stat III. Este produziu para o
estudo uma superfcie contnua, com densidades calculadas em todas as
localizaes, a partir da qual se considera que os pontos (indivduos positivos)
formaram um aglomerado em uma distribuio espacial. Por ser um Kernel
dual ou de razo, o risco expresso como uma probabilidade de ocorrncia
com valores variando de 0 a no mximo1 (Figura 6).
Figura6 Estimador de densidade Kernel para prevalncia esquistossomose Ilha das Flores - SE.
Os mapas temticos gerados pela anlise exploratria espacial
possibilitou identificar reas que necessitam de mais ateno. Por no ser
influenciado por divises poltico-administrativas, este tipo de anlise permite
uma viso geral da distribuio de primeira ordem do evento.
ESTIMADOR DE DENSIDADE KERNEL PARAPREVALNCIA ESQUISTOSSOMOSE ILHA DAS
FLORES - SE 2010.
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
13/15
O Kernel apresentou reas expostas maior risco de infeco, na parte
sul do Serro, nordeste do Bolvar, centro-leste da sede e no centro-oeste do
Bongue. Localidades onde a populao mais carente e apresenta condies
de vida precrias, existindo um maior contato e consumo direto de guas
superficiais contaminadas e deficincia em sistemas de esgotamentos
sanitrios (Foto 4). Confirmando o que fora exposto pelas analises
geoestatstica e trabalhos de campo desta pesquisa.
Foto 4 - Cmodos de uma residncia localizada no centro do povoado Bongue em Ilha das Flores-SE.
Obtidos os dados socioeconmicos, culturais e de sade da populao,
os aspectos fisiogrficos da rea e os inquritos epidemiolgicos e sanitrios
das comunidades, associados aos os valores das razes de prevalncia (RP)
das anlises geoestatsticas. Dando continuidade a esta pesquisa, sero
determinados pesos para as diferentes variveis a serem utilizadas na
confeco do ndice de vulnerabilidade e posteriormente, a confeco do mapa
de vulnerabilidade, sntese deste estudo. Identificando de formar categrica, os
fatores determinantes nos padres de transmisso da endemia.
CONSIDERAES PRELIMINARES
A complexidade da dinmica de transmisso da esquistossomose indica
que esta doena no deve ser compreendida como um problema restrito rea
da sade, e sim requerer intervenes articuladas de maneira multidisciplinar.
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
14/15
Nesta perspectiva, a abordagem espacial, constitui-se em uma categoria de
estudo imprescindvel na investigao do processo sade-doena, otimizando
a capacidade de promover novas estratgias de controle epidemiolgico.
Sendo possvel perceber que os dados de sade e doena tm
dimenso espacial e podem ser expressos neste contexto da distribuio
geogrfica, onde o espao o palco para circulao do agente infeccioso que
em condies especficas deflagra uma doena.
O uso de geotecnologias ofereceu ao estudo possibilidades inovadoras e
eficazes na anlise de dados no espao geogrfico, ou seja, da situao de
sade e de suas tendncias. Propiciando ao projeto melhor compreenso dos
fatores que determinam as condies de vida e o estado de sade da
populao. Os trabalhos de campo e laboratrio permitem o desenvolvimento
de tcnicas acuradas de: tratamento digital de imagens, confeco de mapas
(temticos e cadastrais) e gerenciamento de Banco de Dados geoespaciais.
Contribuindo assim, para futuro planejamento de aes integradas de controle
da doena no municpio.
Diante do diagnstico exposto observou-se que, faz-se necessria
educao em sade das comunidades e a construo de obras de engenharia
sanitria e de saneamento bsico, alm do adequado abastecimento de gua.
Procurando assim, minimizar as condies naturais do desenvolvimento dos
hospedeiros intermedirios (caramujos) e da proliferao do agente infeccioso
(s.mansoni). Neste sentido, de primordial importncia que o Poder Pblico
encontre uma forma de reduo das mazelas do municpio Ilha das Flores,
numa tentativa de abrandar a consternao desta populao.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBARBOSA, Constana Simes; SILVA, Carlos Bernardo da; BARBOSA,
Frederico Simes. Esquistossomose: reproduo e expanso da endemia no
Estado de Pernambuco no Brasil. Rev. Sade Pblica [online]. 1996, vol.30,
n.6, pp. 609-616. ISSN 0034-8910.
BARCELLOS C, RAMALHO W. Situao atual do geoprocessamento e da
anlise de Dados espaciais em sade no Brasil. Revista IP Informtica
Pblica, 4:221-30, 2002.
8/6/2019 CIG-027 Marilia Matos Bezerra Lemos Silva
15/15
BARCELLOS, C. Elos entre geografia e epidemiologia. IN: Debate sobre o
artigo de Dina Czeresnia & Adriana Maria Ribeiro.Cadernos de Sade Pblica,
Rio de Janeiro, vol. 16, n. 3, p. 595-617, jul./set. 2000. ISSN 0102-311X.
BARCELLOS, Christovam; BASTOS, Francisco Incio. Geoprocessamento,
ambiente e sade: uma unio possvel?. Cad. Sade Pblica [online]. 1996,
vol.12, n.3, pp. 389-397. ISSN 0102-311X.
BOUSQUAT, A.; COHN, A. A dimenso espacial nos estudos sobre sade:
uma trajetria histrica. Histria, Cincias, Sade - Manguinhos. Rio de
Janeiro, vol. 11, n. 3, p. 549-568, set./dez. 2004.
BRASIL, Controle da esquistossomose: diretrizes tcnicas elaborado por
Afonso Diniz Costa Passos [et al]. 2 ED. Braslia: Ministrio da Sade:
Fundao Nacional da Sade, 1998.
BRASIL. Manual SPRING 5.1.6. INPE - Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais, SJ Campos/SP, 2010.
Capacitao e Atualizao em Geoprocessamento em Sade/ Ministrio da
Sade, Fundao Oswaldo Cruz; Simone M. Santos, Christovam Barcellos,
organizadores. Braslia : Ministrio da Sade, 2006.
CARVALHO, M.S; PINA, M. F. de; SANTOS, S. M dos. Conceitos Bsicos de
Sistemas de Informaes Geogrficas e Cartografia Aplicados a Sade.
Braslia, 2000.
COUTINHO, A. D; SILVA M. L; GONALVES, J.F. Estudo Epidemiolgico da
Esquistossomose Mansnica em reas de irrigao do nordeste brasileiro .
Caderno de Sade Pblica, Rio de Janeiro, 8 (3): 302-310, jul/set, 1992.
ROLLEMBERG, C.V.V; SILVA, M.M.B.L; SOUZA, A.M.B; ALMEIDA, J.A.P;
SANTOS, C.M; SILVA, A.M da; ALMEIDA, R.P; JESUS, A.R de. Aspectos
epidemiolgicos e distribuio geogrfica da esquistossomose e geo-helmintos,
no Estado de Sergipe, de acordo com os dados do Programa de Controle da
Esquistossomose. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. [online]. 2011, vol.44, n.1, pp.
91-96. ISSN 0037-8682.
SANTOS, Milton. Por uma geografia nova: Da crtica da Geografia a uma
Geografia Crtica. So Paulo: Hucitec, 1980. 2 ed.
_______________A Natureza do Espao: Tcnica e Tempo, Razo e Emoo.
So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo, 2006. - (Coleo MiltonSantos; 1)
Recommended