Curso de Introdução àCurso de Introdução à Psicologia Jurídica - Dr Jorge Trindade Psicologia...

Preview:

DESCRIPTION

Curso de Introdução à Psicologia Jurídica - Dr Jorge Trindade, ministrado em Sergipe em 2011

Citation preview

Escola Superior do Ministério Público de Sergipe

Curso de Introdução à

Psicologia Jurídica

Prof. Dr. Jorge Trindade

Novembro/2011

1

Dados Curriculares

Mestre em Desenvolvimento Comunitário; Doutor (PhD) em Psicologia Clínica e Saúde Mental; Livre-Docente em Psicologia Jurídica; Professor Titular da Universidade Luterana do

Brasil - ULBRA; Professor do Curso de Especialização da Criança e

Adolescente da Fundação Escola Superior do Ministério Público/RS;

Professor do Curso de Mestrado em Criminologia da Universidade de Aconcágua (Argentina);

Prof. Dr. Jorge Trindade 2

Dados Curriculares

Presidente da Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica (SBPJ);

Vice-Presidente da Associação Latino Americana de Magistrados e Operadores de Criança, Adolescência e Família;

Membro Associado do Colégio Oficial de Psicólogos da Espanha;

Membro da International Academy of Law and Mental Health.

Prof. Dr. Jorge Trindade 3

Bibliografia

TRINDADE, J. Manual de Psicologia Jurídica para Operadores do Direito. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 5ª. Edição, 2011. TRINDADE, J. Psicologia Judiciária para a Carreira da Magistratura. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010. TRINDADE, J. Delinqüência Juvenil: abordagem transdisciplinar. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 3ª. Ed, 2004. TRINDADE, J. e BREIER, R. Pedofilia: aspectos psicológicos e penais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2ª. Edição, 2010.

TRINDADE, J. Psicopatia: a máscara da justiça. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009.

Prof. Dr. Jorge Trindade 4

Psicologia Jurídica: uma disciplina ainda por fazer

Psicologia do Direito: explica a essência do direito, a sua fundamentação psicológica. Seria semelhante à Filosofia do Direito.

Psicologia no Direito: estuda a estrutura das normas Jurídicas enquanto estímulos dos vetores das condutas humanas: produz ou evita certos comportamentos.

Psicologia para o Direito: disciplina auxiliar do

direito, convocada a iluminar os fins do próprio direito. Aplicada ao seu melhor exercício.

Prof. Dr. Jorge Trindade 5

Exemplos

psicologia criminal (júri, depoimento, interrogatório) psicologia da vítima psicologia penitenciária psicologia judicial (acusado, testemunhas, réu) psicologia do trânsito psicologia a serviço da criança e do adolescente psicologia da família (SAP) psicologia das decisões judiciais psicologia do testemunho psicologia investigativa

Prof. Dr. Jorge Trindade 6

UMA DISCIPLINA AINDA POR CONSTRUIR

Psicologia Jurídica é:

Prof. Dr. Jorge Trindade 7

A Importância da Psicologia Jurídica para os Profissionais do Direito

1. Parece não haver dúvida de que o sistema de justiça tem se aperfeiçoado em todos os sentidos ao longo do tempo. Isso é fruto do esforço de doutrinadores, legisladores, professores, magistrados, estudiosos, não só do Direito, mas também da Sociologia, da Psicologia e de outros ramos do conhecimento.

Prof. Dr. Jorge Trindade 8

2. Entretanto, é razoável estimar que uma parte dos erros judiciais está associada ao desconhecimento de assuntos psicológicos essenciais.

3. Se pretendemos aprimorar a Justiça e as Instituições, devemos conhecer os mecanismos psicológicos do comportamento humano.

Prof. Dr. Jorge Trindade 9

4. Isso começa por instrumentalizar os advogados, que são sempre o primeiro Juiz da causa (SPOTTA); mas também os Promotores de Justiça, que lidam a todo instante com os conflitos individuais e sociais; e cooperar com os Juízes, que têm a missão de resolver esses conflitos.

Prof. Dr. Jorge Trindade 10

5. Como acontece na Medicina – onde um grande número de consultas médicas, na verdade, é a busca de soluções para problemas psicológicos - também muitos conflitos jurídicos são decorrentes, motivados ou permeados, por questões de natureza emocional e psicológica.

Prof. Dr. Jorge Trindade 11

6. Pensemos nas questões de família: separação, divórcio, regulamentação de visitas, guarda e a adoção, e logo veremos o manancial de problemas emocionais, tais como a raiva, o ciúme e medo de perder o objeto amado, o ódio, a retaliação ou a vingança de um cônjuge contra o outro: a Síndrome de Alienação Parental (SAP) é um excelente exemplo disso.

Prof. Dr. Jorge Trindade 12

7. Pensemos no Direito Penal. A começar pelo crime e suas motivações. Todo crime é o resultado grave de uma alteração do comportamento humano (conduta).

Homicídio Parricídio/ Matricídio Parenticídio/ Filicídio

Todos são expressões criminosas carregadas de sentimentos conflituosos.

Prof. Dr. Jorge Trindade 13

7.1. Destaque especial merece o crime passional e o uxoricídio, amores que matam (?).

7.2. Pensemos nos delitos sexuais, nas personalidades perversas, na pedofilia, nos crimes perpetrados por sádicos e masoquistas, e, por todos os lados, veremos questões psicológicas informando o mundo jurídico.

Prof. Dr. Jorge Trindade 14

7.3. Pensemos, mais especificamente nas questões de Inimputabilidade e na Responsabilidade Diminuída de que tratam, respectivamente, o artigo 26, “Caput” e parágrafo único do Código Penal.

7.4. Pensemos também nas Medidas de Segurança e no procedimento de Declaração do Incidente de Insanidade Mental.

Prof. Dr. Jorge Trindade 15

Mas não só:

8. Pensemos pelo outro lado. Pensemos na vítima e quão valioso é o estudo acerca da personalidade das vítimas (vitimologia). Por que determinados tipos psicológicos são mais suscetíveis ao crime do que outros; que aspectos conscientes e inconscientes os levam ao lugar da vítima; que mensagens (linguagem) a vítima está emitindo para seu algoz?

Prof. Dr. Jorge Trindade 16

8.1. Pensemos no doloroso processo de re-vitimização (Primária, Secundária e Terciária), na segunda agressão que pode representar a má condução de um procedimento policial, senão mesmo judicial, capaz de fazer a pessoa já vitimada a reviver o momento traumático como um novo insulto.

8.2. Nesse contexto, vejamos a importância do depoimento sem dano (RS).

Prof. Dr. Jorge Trindade 17

9. Pensemos também no homem condenado (réu), que está cumprindo pena, e logo veremos a importância da Psicologia Jurídica no Direito Penitenciário. Afastado pelo direito da sociedade que feriu ele deverá ser reintegrado, pois a função da pena é retributiva e ressocializadora.

Prof. Dr. Jorge Trindade 18

10. Pensemos ainda no Direito da Criança e do Adolescente e no modelo da Proteção Integral proposta pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

O direito à família natural; O direito à família saudável, livre de drogas e outras

dependências; O direito à escola e ao processo de aprendizado

formal exitoso; O direito à saúde, que a OMS refere não apenas como

bem-estar físico, mas também emocional e social.

Prof. Dr. Jorge Trindade 19

11. Pensemos nos Direitos do Idoso, daquelas pessoas que trabalharam, produziram, viveram antes de nós e sonharam o que hoje é realidade para nós, e que nos brindaram com sua experiência e que, por tudo isso, merecem cuidados especiais, que estão no umbral mais avançado da existência e, também por isso, merecem esmerada atenção psicológica.

Prof. Dr. Jorge Trindade 20

12. Pensemos na importância da Psicologia Jurídica nos delitos de trânsito – especialidade que hoje se denomina Direito do Trânsito ou Automobilístico, cujas ações tramitam nas Varas Especializadas de Acidentes de Trânsito; mas Pensemos também na delicada tarefa de seleção e preparo de motoristas, bem como na reabilitação de indivíduos sinistrados.

Prof. Dr. Jorge Trindade 21

13. Passemos ainda para um outro lado e logo comprovaremos a importância da Psicologia Jurídica no âmbito do Direito Civil quando, por exemplo, trata da capacidade das pessoas, do agente da compra-venda ou da doação, e, mais especificamente, da interdição, mormente quando a causa é a doença mental ou psicológica.

Prof. Dr. Jorge Trindade 22

14. Pensemos ainda no Processo Penal, nos procedimentos de oitiva de testemunhas, na veracidade dos depoimentos, no interrogatório do réu e nas estratégias de convencimento dos jurados, aspectos que autorizam falar de uma verdadeira Psicologia do Júri.

Prof. Dr. Jorge Trindade 23

15. Pensemos, de outra banda, no Direito do Consumidor e aí novamente encontramos a importância da Psicologia Jurídica nas hipóteses do dano moral e do dano psicológico, nas prestações de serviços médicos, hospitalares, de saúde em geral; nos descapacitados em particular e nas intervenções em casos de tratamento de saúde mental.

Prof. Dr. Jorge Trindade 24

16. Pensemos no toxidependentes, na Psicologia dos usuários de drogas, quase sempre vítimas de uma outra psicologia – aquela que anima a mente inescrupulosa dos traficantes.

17.Pensemos na proposta da Justiça Terapêutica, já implementada em muitos países desenvolvidos (USA, Canadá) e em alguns Estados brasileiros.

Prof. Dr. Jorge Trindade 25

18. Pensemos no trabalhador e no trabalhador desempregado, humilhado, e como ele irá olhar o rosto dos filhos quando chegar em casa com as mãos vazias de pão (Psicologia no Direito do Trabalho e nos Direitos Sociais, dano psicológico e no acosso moral).

Prof. Dr. Jorge Trindade 26

19. Em fim, por qualquer lado que se olhe o vasto Panorama Jurídico está estampada a importância da Psicologia Jurídica e esses exemplos servem para demonstrar como a Psicologia Jurídica permeia todos os ramos do direito, do cível ao crime, do administrativo ao trabalhista, do direito material ao processual.

Prof. Dr. Jorge Trindade 27

20. Pensemos ainda nos direitos do funcionário público que ficou enfermo pela rotina do trabalho ou pelo excesso de responsabilidade ou de risco, como o professor ou o policial – civil ou militar – que expõe sua própria vida e nem sempre é condizentemente remunerado. Pensemos na matéria dos Concursos Públicos e na seleção e recrutamento de recursos humanos, e outra vez lá está a contribuição da Psicologia Jurídica.

Prof. Dr. Jorge Trindade 28

21. Pensemos na mulher violentada ou agredida, às vezes dentro do próprio lar. Pensemos na família, e na violência que ela sofre, às vezes, na frente dos próprios filhos.

22. Pensemos no réu alcoolista, naquele que deliberadamente recorre ao álcool para, nesse estado, cometer o crime, e naquele outro que o comete por um vício ou defeito da mente ou da personalidade.

Prof. Dr. Jorge Trindade 29

23. Pensemos ainda no importante auxílio que a Psicologia Jurídica pode oferecer ao próprio advogado como pessoa humana, ao promotor e, sobretudo, o que a Psicologia pode informar quanto à produção das decisões judiciais: a psicossociologia (sociopsicologia) das decisões judiciais e na formação dos magistrados (psicologia dos magistrados).

Prof. Dr. Jorge Trindade 30

24. Pensemos na tarefa policial e na investigação criminal; nas teorias criminológicas de explicação da delinqüência, da violência e da guerra, do direito dos expatriados e dos grupos minoritários, na psicologia criminal e política e até mesmo no direito internacional.

Então, tudo mostra que a enciclopédia jurídica é também uma enciclopédia da psicologia.

Prof. Dr. Jorge Trindade 31

Direito e Psicologia são duas disciplinas co-irmãs que nascem com o mesmo fim.

Direito e Psicologia compartem o mesmo objeto de estudo: o homem e seu comportamento.

Direito e Psicologia estão ambos destinados a servir o homem e a promover um mundo melhor.

Podemos dizer, figurativa e expressivamente, que Direito e Psicologia estão “condenados” a dar as mãos.

Prof. Dr. Jorge Trindade 32

A Psicologia é fundamental ao Direito e, bem

mais que isso, essencial para a Justiça.

Então, já não é mais preciso recorrer a argumentos ad terrorem para mostrar que uma grande parte dos erros judiciais decorre da falta de conhecimento da Psicologia Jurídica.

Prof. Dr. Jorge Trindade 33

A PSICOLOGIA JURÍDICA/FORENSE/LEGAL

Do Direito à Psicologia:

Prof. Dr. Jorge Trindade 34

Prof. Dr. Jorge Trindade 35

Prof. Dr. Jorge Trindade 36

Indícios

Não se sabe se aconteceu há séculos, ou há pouco, ou nunca. Na hora de ir para o trabalho, um lenhador descobriu que o machado tinha sumido. Observou o vizinho e comprovou que tinha o aspecto típico de um ladrão de machados, o olhar, os gestos, a maneira de falar...

Alguns dias depois, o lenhador achou o machado, que estava perdido num canto qualquer. E, quando tornou a observar seu vizinho, comprovou que não parecia nem um pouco um ladrão de machados, nem no olhar, nem nos gestos, nem na maneira de falar. Eduardo Galeano

Prof. Dr. Jorge Trindade 37

PERCEPÇÃO

Noções sobre Psicologia do Testemunho:

Prof. Dr. Jorge Trindade 38

Prof. Dr. Jorge Trindade 39

Prof. Dr. Jorge Trindade 40

Prof. Dr. Jorge Trindade 41

Prof. Dr. Jorge Trindade 42

Prof. Dr. Jorge Trindade 43

Prof. Dr. Jorge Trindade 44

Prof. Dr. Jorge Trindade 45

Prof. Dr. Jorge Trindade 46

Prof. Dr. Jorge Trindade 47

Execução ou Legítima Defesa?

Prof. Dr. Jorge Trindade 48

Prof. Dr. Jorge Trindade 49

PERSONALIDADE: “Persona”

Psicológico

Sociológico Biológico

É um conjunto bio-psico-social, dinâmico, que

possibilita a adaptação do homem consigo mesmo e com o meio.

Prof. Dr. Jorge Trindade 50

Equação Etiológica da Personalidade

Pp= Hereditariedade + Vivências

Pp+ = H+ + V+ (forte)

Pp- = H- + V- (fraca)

Pp+-= H- + V+ (média)

Pp+-= H+ + V- (média)

Fatos e Memória dos Fatos

A prova testemunhal não trata sobre fatos

Fatos são acontecimentos que se exaurem em si próprios

A prova testemunhal é: “aquilo que se diz sobre aquilo que aconteceu”.

O que pode ser evocado não são os fatos, mas a memória, aquela que se tem sobre os fatos: aquilo que é passível de ser dito ou falado.

Os fatos são líquidos. O que pode ser evocado são recordações: re-cordis: aquilo que passa de novo pelo coração (Bauman, 2007).

Prof. Dr. Jorge Trindade 51

Convite

Sociedade Brasileira de Psicologia Jurídica

www.sbpj.org

Instituto de Psicologia Prof. Jorge Trindade

www.jorgetrindade.com.br

Prof. Dr. Jorge Trindade 52

Recommended