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DARCY RIBEIRO E “O POVO BRASILEIRO”

Prof. Dr. Giovanni Cirino

A FORMAÇÃO E O SENTIDO DO BRASIL

ESCOLA DE GOVERNO

Estrutura da Aula

1. Um pouco sobre a vida e a obra

2. Inserção de Darcy Ribeiro na Antropologia Brasileira

3. O Povo Brasileiro

3.1 Introdução

3.2 O Novo Mundo

3.3 Gestação Étnica

3.4 Processo Sociocultural

3.5 Os Brasis na História

3.6 O Destino Nacional

4. Darcy Ribeiro e alguns dos intérpretes do Brasil

5. Localização da Obra e Críticas

Vida e a obra

Darcy Ribeiro nasceu em Minas Gerais (Montes Claros, 26 de outubro de 1922).

Em 1939 vai para a Bahia estudar medicina por vontade de sua mãe, uma professora primária. Não se adaptando à carreira, começa a freqüentar a Faculdade de Filosofia.

Recebe uma bolsa de estudos de um sociólogo norte-americano - Donald Pierson - para a Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Vida e a obra

Formou-se em Antropologia em São Paulo (1946) e dedicou seus primeiros anos de vida profissional ao estudo dos índios do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia (1946/1956).

Fundou o Museu do Índio; criou do Parque Indígena do Xingu; elaborou para a UNESCO um estudo do impacto da civilização sobre os grupos indígenas brasileiros no Século XX e; colaborou com a OIT (1954) na preparação de um manual sobre os povos aborígenes de todo o mundo.

Vida e a obra

Criou a Universidade de Brasília, de que foi o primeiro Reitor, e foi Ministro da Educação, no Gabinete Hermes Lima. Mais tarde, foi Ministro-Chefe da Casa Civil de João Goulart.

Foi assessor do presidente Salvador Allende, no Chile, e de Velasco Alvarado, no Peru.

Recebeu ainda títulos de Doutor Honoris Causa da Sorbonne, da Universidade de Copenhague, da Universidade da República do Uruguai e da Universidade Central da Venezuela.

Vida e a obra

Retornou ao Brasil em 1976 e dedica-se à educação e à

política. Elegeu-se Vice-Governador do Rio de Janeiro

(1982), foi Secretário da Cultura e Coordenador do

Programa Especial de Educação, com o encargo de

implantar 500 CIEPs.

Criou, então, a Biblioteca Pública Estadual, a Casa

França-Brasil, a Casa Laura Alvim, o Centro Infantil de

Cultura de Ipanema e o Sambódromo, em que

colocou 200 salas de aula para fazê-lo funcionar

também como uma enorme escola primária.

Vida e a obra

Contribuiu para o tombamento de 96 quilômetros de

praias e encostas. Colaborou na criação do Memorial

da América Latina.

Elegeu-se Senador da República (1991).

Elaborou e fez aprovar no Senado e enviar à Câmara

dos Deputados a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional - LDB, conhecida como Lei Darcy Ribeiro.

Vida e a obra

Planejou e fundou a Universidade Estadual do Norte Fluminense - UENF (1994). Durante a Conferência Mundial do Meio Ambiente - ECO 92 - realizada no Rio de Janeiro, implantou o Parque Floresta da Pedra Branca.

Foi romancista: escreve os romances Maíra e O Mulo (no exílio) e, já no Brasil, escreveu dois outros: Utopia Selvagem e Migo.

Em 1992 foi eleito membro da ABL (Cadeira 11, sucedido por Celso Furtado).

Vida e a obra

Organizou a Fundação Darcy Ribeiro, instituída por ele em

janeiro de 1996, com sede própria, localizada em sua

antiga residência em Copacabana.

Darcy Ribeiro faleceu em 17 de fevereiro de 1997. No seu

último ano de vida, dedicou-se especialmente a organizar

a Universidade Aberta do Brasil e a Escola Normal

Superior, para a formação de professores de 1º grau.

Vida e a obra

Vida e a obra

Darcy Ribeiro e a Antropologia

Formação em Antropologia e Sociologia

Darcy Ribeiro e a Escola de Sociologia e Política de São

Paulo [Donald Pierson]

Antropologia Cultural e Estudos de Comunidade [Herbert

Baldus, Oracy Nogueira, Florestan Fernandes, Esdras

Borges da Costa, Josildeth Consorte, Donald Pierson]

O Povo Brasileiro

Introdução

O Novo Mundo

Gestação Étnica

Processo Sociocultural

Os Brasis na História

O Destino Nacional

O Povo Brasileiro: introdução

Por baixo da aparente “...uniformidade cultural brasileira, esconde-se uma profunda discrepância, gerada pelo tipo de estratificação que o processo de formação nacional produziu.”

Em razão deste processo “...as elites dirigentes, viveram sempre e vivem ainda sob o pavor pânico do alçamento das classes oprimidas.”

A mobilidade social é praticamente inexistente.

O Povo Brasileiro: introdução

“Portanto, não se iluda comigo, leitor. Além de

antropólogo sou homem de fé e de partido. Faço

política e faço ciência movido por razões éticas e por

um profundo patriotismo. Não procure, aqui, análises

isentas. Este é um livro que quer ser participante, que

inspira a influir sobre as pessoas, que aspira a ajudar

o Brasil a encontrar-se a si mesmo”.

Obra de maturidade, inclusive a intelectual, e representa

o “gran finale” de uma longa e profícua vida intelectual

e política.

O Povo Brasileiro: introdução

Ganhou a honra posteriormente de ser o volume final da

série de trabalhos aos quais Darcy chamou de Estudos da

Antropologia da Civilização: O Processo Civilizatório, As

Américas e a Civilização, Os Brasileiros, O Dilema da

América Latina e Os Índios e a Civilização.

Darcy traz conceitos antropológicos de forma mais enxuta e

palatável ao público em geral.

Novo Mundo: mistura de raças

Miscigenação foi sustentada por quatro pilares:

1) as matrizes que compuseram o nosso povo;

2) as proporções que essa mistura tomou em nosso país;

3) as condições ambientais em que ela ocorreu e;

4) os objetivos de vida e produção assumidos por cada

uma dessas matrizes.

Aos quatro pilares da miscigenação somam-se três forças:

I) ecologia; II) economia e; III) imigração.

Novo Mundo: conflitos iniciais

Houve vários conflitos principalmente entre colonos e índios e

entre colonos e jesuítas.

Pelo fato de reunirem vários índios nessas missões jesuítas,

entraram em vários conflitos com os colonos, que queriam

se apossar dos índios para realizarem seus trabalhos de

extração. Assim, invadiram muitas dessas missões e

mataram índios e saquearam os jesuítas.

Novo Mundo: grandes navegações

Portugal lançou-se nessa aventura pelos mares

principalmente por três fatores: 1) a tecnologia de

navegação, 2) experiência comercial que possuíam;

2) o caráter centralizado de seu Estado por estarem

agora livres do domínio mouro.

Portugal: império mercantil salvacionista.

Estilos de Colonização: o gótico (Russo e Inglês) e o

barroco (Espanhol e Português).

Novo Mundo: grandes navegações

Esse estilo de colonização barroca fomentou a estruturação

econômica e social do nosso povo em três planos:

1) Adaptativo: pela tecnologia que se implantava, pelo

engenho, pela introdução da pastagem de gado;

2) Associativo: pela escravatura, pela estrutura sóciopolítica;

3) Ideológico: pela igreja, pela língua nova que era trazida

ao Brasil.

Gestação Étnica: ocupação do Brasil

A segunda parte do livro trata da formação dos

neobrasileiros pela mistura de índios, africanos e

portugueses.

Os portugueses são os grandes patrocinadores deste

processo que resulta na criação de uma nova etnia. O

brasileiro é criado por um processo duro e violento.

Gestação Étnica: ocupação do Brasil

A ocupação do Brasil só foi possível através do

cunhadismo. Para o colono era extremamente

conveniente formar vínculos familiares com os

indígenas, pois esses lhe serviriam na extração de

pau-brasil e outros produtos tropicais.

Esse cunhadismo foi marcante na Bahia e São Vicente.

Na primeira, destaca-se a figura de Diogo Álvares,

que conseguiu estabelecer-se atingindo um equilíbrio

com os índios, com os portugueses e com os jesuítas.

Gestação Étnica: neobrasileiros

Os neobrasileiros [macroetnia], viviam em comunidades

auto-suficientes e produziam para o mercado externo.

Falavam tupi e nheengatu. Sofreram uma forte rejeição,

pois já não eram mais índios nem portugueses.

Os negros inicialmente foram “passivos” na formação cultural

do nosso povo: desgarrados de suas tribos, hostis uns com

os outros, e raramente falarem a mesma língua uns dos

outros.

Gestação Étnica: miscigenação

A mistura dessas três raças foi mais intensa na época da

mineração aurífera que atraiu levas de gente de todos

os cantos que foram forçadas a conviver.

A mineração articulou os núcleos coloniais com a criação de

uma rede de intercâmbio comercial.

Processo sociocultural: conflitos

Os conflitos que se deram nessa nova formação foram

principalmente de caráter classista, interétnico e religioso.

Os conflitos interétnicos se deram principalmente entre os

índios e os colonos.

Conflitos nacionais: colocam os brasileiros em posições

antagônicas graças às estruturas sociais do território ou

pela ganância de uma elite desvinculada dos interesses

do povo.

Processo sociocultural: a empresa

A nova empresa brasileira era sustentada por quatro

pilares, a saber:

1) escravista, que garantia o empreendimento colonial;

2) jesuítica, que permitia o amansamento dos índios em

suas reduções;

3) Empresas que produziam os gêneros de subsistência

4) Banqueiros, portuários e intermediários comerciais

que sustentavam todos os outros 3 e incorporavam os

mestiços.

Processo sociocultural: urbanização

A urbanização ocorreu mais pelo êxodo dos campos do que

pelos atrativos da cidade. Surgiam assim os quatro

estratos que compõem a nossa sociedade:

1) a classe dominante: dita as regras e comanda o sistema

econômico e político do país;

2) os profissionais liberais: estrato mais dinâmico, opera ora

como agravador, ora como atenuador dos conflitos;

Processo sociocultural: urbanização

3) os subalternos: são os mais combativos, buscam conquistar

mais do que têm e não uma reestruturação social;

4) os oprimidos: vivem na esperança de entrar no sistema

produtivo – o que só é possível através do rompimento da

estrutura social.

Processo sociocultural: urbanização

Processo sociocultural: urbanização

Processo sociocultural: industrialização

A industrialização fez principalmente nascer um corpo

gerencial cujos ganhos iam para fora do país e

centrou-se em São Paulo: transferiu o domínio da

nação de uma classe externa para outra interna, não

menos socialmente descomprometida e irresponsável.

Duas grandes revoluções: a agráriomercantil, baseada

na escravidão, no mercado externo, carente de mão-

de-obra. Depois a industrial, em que o negro aprendia

a ser livre.

Os Brasis na História

Crioulo

Caboclo

Sertanejo

Caipira

Sulinos: gaúchos, matutos e gringos.

O destino brasileiro

Porque o Brasil não deu certo?

Desindianização dos índios e desafricanização dos negros:

invenção de uma nova etnicidade.

Apesar da multiplicidade de origens raciais o que

desagrega o brasileiro é a estratificação de classes: bem

como a frouxidão, anarquismo, falta de coesão,

desordem, indisciplina e indolência, e ainda, pendor ao

mandonismo e ao autoritarismo.

O destino brasileiro

Unificação dos latino-americanos [sonho bolivariano].

Gênero humano novo: Nova Roma, tardia e tropical.

O Brasil precisa dominar a tecnologia da futura civilização.

Nova Civilização: alegre, mais tolerante e generosa.

Darcy e os intérpretes do Brasil

Darcy Ribeiro e alguns dos intérpretes do Brasil: Caio

Prado Júnior, Oliveira Vianna e Gilberto Freyre.

Localização da Obra e Críticas.

Debate: O Povo Brasileiro

Como se forjou inicialmente a estrutura social no novo Brasil

e qual a participação de cada uma das “raças”

envolvidas nesse processo?

Comente a forma de relacionamento estabelecida entre as

classes dominantes e as subalternas conforme análise de

Darcy Ribeiro.

Debate: O Povo Brasileiro

Descreva como se deu a integração nacional e

tomando como referencial os conflitos com as etnias

tradicionais.

Discorra sobre o sistema de cotas para negros nas

universidades públicas com base na formação do

povo brasileiro.

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