De Viseu para Marinha agora no Corno de África · põe, torna-se mais fácil comu-nicar com a...

Preview:

Citation preview

De Viseu para a Marinhae agora no "Corno de África"Simão Paixão, de 28 anos, é tenente da Marinha, encontrando-se actualmente em missão a bordoda fragata Corte-Real, integrando a operação Atalanta, cujo objectivo é, entre outros, assegurar a protecçãodos navios que transportam ajuda alimentar ao povo somali no âmbito do Programa Alimentar Mundial.0 nosso Jornal quis conhecer melhor este marinheiro, nascido em Viseu

José Fonseca

Diário de Viseu Como e quan-do surgiu a ideia de ir para a

Marinha?

Simão Paixão A ideia de ir para

a Marinha surgiu durante o ensi-

no secundário e foi motivada pela

aventura que a profissão propor-

ciona. Tinha em mente seguir

uma carreira militar e, dos três

ramos, o que me atraiu mais foi a

Marinha. Foi então que parti em

busca da aventura e tenho esta-

do a gostar bastante. Considero

que, além de uma profissão,estar na Marinha é um estilo de

vída. É com grande orgulho que

sirvo Portugal no Mar.

DV Em quantas missões jáparticipou?SP Em missões reais como a

Operação Atalanta é a primeira

vez. Ando embarcado já há cerca

de cinco anos e já passei por

alguns navios da Marinha. Já

participei em diversos exercícios,

tanto nacionais como interna-

cionais, com o objectivo de au-

mentar a capacidade de respos-

ta duma força naval num variado

leque de cenários tácticos. Adi-

cionalmente, a bordo da "Baca-

marte", participei também em

exercícios de combate à po-

luição que visam treinar a rea-

cção dos nossos meios a desas-

tres ambientais com impacto

nos ecossistemas ribeirinhos.

Por último, tive a oportunidade

de, a bordo do "Creoula", pro-

mover o mar e as suas poten-

cialidades junto da comunidade

civil, através da realização de

diversos cruzeiros disponíveis ao

público.

DV Como surge a participa-

ção na Operação Atalanta?SP Faço parte da Guarnição da

fragata "Corte-Real" desde Julho

de 2010, que foi disponibilizada

por Portugal, no âmbito da União

Europeia, para integrar a EUNAV-

FOR na Operação Atalanta, de

Escolta aos Navios do WFP e

combate à pirataria no Golfo de

Áden. Decorrente desta missão,

contribuo com o meu trabalho,

juntamente com os outros 195

militares que prestam serviço a

bordo da "Corte-Real" para ga-rantir o sucesso do navio, da Ma-

rinha e do País.

DV Como é o dia-a-dia?Quais são as principais tare-fas que desempenha? Como

é a vida a bordo?

SP Eu sou o oficial navegador da

Fragata "Corte-Real", dou asses-

soria ao Comandante no que diz

respeito à navegação. Faço a

gestão da ponte do navio garan-

tindo que o plano de navegação

aprovado é cumprido. Coordeno

uma equipa que desempenha

funções na ponte do navio que

está guarnecida 24 horas por dia

num regime de turnos, para ga-rantir a segurança da navegação.

Além destas funções, coordeno

algumas operações mais sensí-

veis ao nível da manobra, como a

navegação em águas restritas ou

o reabastecimento no mar. Além

destas funções, mantenho o Co-

mando permanentemente actua-

lizado das condições meteoroló-

gicas que se fazem e farão sentir,

bem como do seu impacto que

possam vir a ter na condução das

operações que desempenhamos.

DV Como é estar longe de

casa durante dois meses?SP Estar longe de casa é a parte

que custa mais. No entanto, gra-

ças às modernas comunicações

por satélite de que o navio dis-

põe, torna-se mais fácil comu-

nicar com a família e com quem

nos é querido. Na minha opinião,

custa mais aos nossos familiares

que ficam em casa do que a nós

que estamos sempre ocupados.

Como este é um meio fechado e

os 196 militares do navio têm

que conviver 24 horas por dia

num espaço exíguo de cerca de

115 metros de comprimento,acabam por se estabelecer e for-

talecer laços de sã camarada-

gem que vão desaguar no con-

ceito a que apelidamos de "famí-

lia naval". Esta família, apesar de

não ser a família de sangue, aca-

ba por ganhar uma grande im-

portância e assume-se como um

grande apoio para os momentos

bons e menos bons que aqui

passamos.

DV Quais são as principaisdificuldades?

SP As principais dificuldades são

a distância aos nossos entes

mais queridos e o tempo que por

vezes passamos no mar sem ir a

terra. Apesar destas dificuldades,

vamos criando automatismos

que nos permitem lidar com as

adversidades com que nos va-

mos deparando, dedicando al-

gum tempo ao convívio e activi-

dades lúdicas, importantíssimas

para o bem-estar psicológico de

toda a guarnição.

DV Sente receio por se en-contrar numa zona de con-flito?

SP É claro que há sempre um

risco associado numa missão

deste género. No entanto, tento

não pensar nisso, dedicando-me

exclusivamente ao trabalho queestamos a desenvolver. I

Prevençãoe repressãode actos de

pirataria noMar Vermelho

« A fragata Corte-Real Éte-

gra a EUNAVTOR com o

objectivo de assegurar a

protecção dos navios que

transportam ajuda alimentar

ao povo somall no âmbito

do Programa AlimentarMundial (WFP) e a pro-

tecção dos navios de apoio

togfetfco à África Untai Mfe-

sion in Somália (AWSOM) eainda contribuir para o es-

forço m*ar na prevenção e

repressão de actos de pira-

taria e de assalto à mão

armada nomar.

Esta é a segunda integração

de ravios to Marinha Portu-

guesa neste força naval da

União &tfopeia, empadrada

nos empenhamentos nacio-

nais no combate à pirataria

noGoifcdeAdenenaßacíada Somaßa, quer no âmbito

da Uráão Europeia, quer no

àmbítD da OTAN (Operação

"QCÈAHShyoI.A operação é comandada

pete co^ca-aknirarrte Dun-

can Potts (Reírra Unido) a

psrttr do Quartßi-generai em

Norttwootí, no Reino Uítido.

O contra-almirante Jean-

Baptiste Dupuís (França)comanda no mar.

A EUNAVTOfI opera numaárea que compreende o Sul

do Mar vermelho, o Golfo de

Aden e parte do Oceano

hoTco, incluindo a Repúbß-

ca da? Seychelles, numa

área comparável à do Mar

Mediterrâneo.

Actualmente compõe a for-

ça, incluindo m estruturas

era terra, 11 navios e quatro

aeronaves, num total de

cerca de 3.Ô00 militares.Esta operação é parte da

acção integrada que está a

ser conduzida pela UE no

Como de Á&fca ctó forma afeiar com a crise na Somá-

lia, a qual Insere aspectoshumajitários, poWkxs e cte

seprançal

Recommended