Disciplina de Parasitologia · •Pesquisa de cistos e trofozoítos nas fezes uma vez/semana x 3...

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Disciplina de Parasitologia Curso de Medicina

2018

Faculdade de Medicina de Jundiaí

Profa. Dra. Juliana Quero Reimão

Tema: Giardíase e tricomoníase

Giardíase

Giardíase

• Generalidades • Infecção causada por parasitas flagelados que se prendem à parede do

intestino delgado provocando diarreia e desconforto abdominal.

• Agente etiológico • Giardia duodenalis

• (= Giardia lamblia e Giardia intestinalis)

• Parasita monoxênico eurixeno • Exige apenas um hospedeiro

• Variedade de hospedeiros vertebrados

• Homem e alguns animais

• Mamíferos, aves e répteis

• Formas de vida • Trofozoíto e cisto

Morfologia

• Trofozoíto • 4 pares flagelo

• Corpo piriforme

• Simetria bilateral

• 2 núcleos

• Iguais e simétricos

• Corpo basal

• Aparelho de Golgi

• Axóstilo

• Feixe de microtúbulos

• De onde emergem os flagelos

Núcleo

Flagelo caudal

Corpo basal

Flagelo ventral

Flagelo posterior

Flagelo anterior Disco

ventral

10 a 20 µm comprimento

Morfologia

• Trofozoíto • Achatamento dorsoventral

• Disco ventral

• Suctorial

• Adesão ao epitélio intestinal

http://www2.nau.edu/ Vista dorsal Vista lateral

Morfologia • Ao encistar-se, torna-se globoso, desaparece o disco adesivo e os flagelos se tornam intracitoplasmáticos. Os núcleos e os corpos basais sofrem divisão.

• Formas de resistência • Viáveis na água por até 3 meses Núcleos

Axonemas

Parede cística

Corpo basal

12 m

• Cisto • Oval

• Núcleo e corpo basais sofrem divisão

• Cada cisto produz 2 trofozoítos

• Forma de resistência • Viáveis na água por até 3 meses

• Resistentes ao processo de cloração da água

• São eliminados nas fezes milhões/dia

Biologia

• Habitat • Intestino delgado

• Duodeno e início do jejuno

• Locomoção • Batimento flagelar

• Reprodução • Assexuada

• Divisão binária longitudinal

• Alimentação • Pinocitose

• Transporte pela membrana

Ciclo de vida 1. Ingestão de cistos

• Água ou alimentos contaminados

• Via fecal-oral

2. Excistamento (intestino delgado)

• Liberação de trofozoítos

3. Trofozoítos se multiplicam

• Divisão binária

4. Encistamento (cólon)

5. Eliminados nas fezes

• Cistos e trofozoítos

Cistos

Trofozoítos

Ciclo de vida

• Cães e gatos podem ser fontes de infecção eliminam cistos! • Sua importância como reservatórios não é clara

Aspectos clínicos

• Em imunocompetentes • Em geral é assintomático

• Diarreia • Manifestação mais comum (90% casos)

• 2 a 4 semanas

• Raramente contém sangue

• Esteatorreia • Presença de gordura nas fezes

• Desconforto abdominal/cólicas

• Náuseas e vômitos

• Perda de peso

• Autolimitada ou recorrente

• Em imunodeprimidos • A infecção pode ser grave, com longa duração (> 7 semanas)

Patogenia

• Barreira mecânica para absorção de nutrientes (?) • Área funcional de uma quadra de tênis

• Hipótese insustentável, diante das pequenas dimensões do parasito

• Ocorrência de atrofia de vilos e hiperplasia das criptas

Mucosa normal

Mucosa alterada

vilos

enterócito cripta

microvilosidades

Patogenia Atrofia de vilos e hiperplasia

das criptas

Redução da absorção e na produção de enzimas (ex. lactase)

Mucosa normal Mucosa alterada

Patogenia

• Efeito citotóxico • Células epiteliais

• Destruição das vilosidades

• Contato com a margem dos discos suctoriais

Patogenia

Fixação de Giardia na membrana mucosa

Contato entre a margem dos discos suctoriais e as células epiteliais

Patogenia

Infecção assintomática

ou

Síndrome da má absorção

• Fatores que contribuem para esta variabilidade:

• Virulência das cepas

• Número de cistos ingeridos

• Idade

• Estado imune do hospedeiro

• Exposição prévia ao parasito

Infecção assintomática

Síndrome da má absorção

Virulência das cepas Número de cistos ingeridos

Idade Estado imune do hospedeiro Exposição prévia ao parasito

Evolução da infecção

infecção

horas

Aparecimento dos sintomas

semanas tempo

Barreiras naturais Muco Peristaltismo Proteases Lipases Microbiota

Respostas adaptativas Anticorpos (IgA) Células T

Respostas inatas Óxido nítrico Espécies reativas de oxigênio Fagocitose Células dendríticas

dias

Transmissão

• Forma mais comum • Ingestão de cistos maduros

• Alimentos ou água contaminada com fezes

• Formas mais raras • Transmissão sexual (contato oral-anal)

• Fontes de infecção • Água sem tratamento

• Verduras e frutas cruas

• Veiculação por insetos

• Patas de baratas e moscas

• Manipuladores de alimentos

• Falta de higiene

• Fezes de cães e gatos (em teoria)

Diagnóstico

• Parasitológico • Exame de fezes

• Sensibilidade

• 1 amostra: 60 a 80%

• 3 amostras: 90%

• Aspiração intestinal

• Biópsia duodenal

• Sorológico • ELISA, RIFI, hemaglutinação indireta

• Usados quando os exames de fezes são negativos

• Molecular

• PCR

cistos (fezes formadas) ou trofozoítos (fezes diarreicas)

trofozoítos

Teste imunoenzimático (ELISA) Reação de imunofluorescência

indireta (RIFI)

Teste de aglutinação

PCR

Tratamento

• Nitroimidazóis Nitroimidazóis: Mais recomendados Metronidazol: usado tb para amebíase, tricomíase e bactérias anaeróbicas

http://www.drugbank.ca/

Metronidazol

• Controle de cura: • Pesquisa de cistos e trofozoítos nas fezes uma vez/semana x 3 semanas

Medicamento Adulto Criança

Secnidazol 2g, VO, dose única 30 mg/kg, dose única

Tinidazol 2 g, VO, dose única -

Metronidazol 250 mg, VO, 2 vezes

ao dia por 5 dias

15 mg/kg/dia (máximo de 250 mg), VO,

dividida em 2 tomadas, por 5 dias

secnidazol tinidazol metronidazol

Epidemiologia

• 200 milhões de indivíduos sintomáticos

• 500 mil casos/ano

• Distribuição mundial

Ekdal, Andersson, Am J Trop Med Hyg, 2005.

Global Parasita intestinal mais comum em países desenvolvidos Ásia, África e América Latina Maior incidência em regiões de clima temperado do que em climas tropicais

Precárias

condições de higiene, educação

sanitária e alimentação

Prevenção e controle

• Principal fonte de infecção • Indivíduos assintomáticos (sem tratamento)

• Principal veículo de transmissão

• Água e alimentos

• Veiculadores de alimentos

• Vetores mecânicos (moscas e baratas)

• Profilaxia • Fervura da água

• Condições sanitárias adequadas

• Educação sanitária

• Tratamento de portadores assintomáticos

(manipuladores de alimentos)

http://www.wikihow.com/

O cloro nas concentrações usadas habitualmente para o tratamento da água, não é suficiente para destruição dos cistos

Tricomoníase

Tricomoníase

• Generalidades • Doença sexualmente transmitida, que atinge homens e mulheres, mas

geralmente assintomática em homens.

• Agente etiológico • Trichomonas vaginalis

• Outras espécies • T. tenax (boca) e T. hominis (intestino)

• Não patogênicas

• Parasita monoxênico estenoxeno • Possui apenas um hospedeiro

• Nunca descrita em outro hospedeiro

• Forma de vida • Trofozoíto

Triconomíase

• Importância • DST de etiologia não viral mais prevalente no mundo

• Causa de baixo peso de bebês e de nascimento prematuro

• Predispõe mulheres à doença inflamatória pélvica, câncer cervical e infertilidade

• Aumenta o risco de contágio e transmissão de outras DSTs

• HIV, HPV, herpes, gonorreia e clamídia

Morfologia

• Trofozoítos • Organismo polimorfo

• Piriforme ou oval

• Pseudópodes

• 1 membrana ondulante

• Flagelos

• 4 anteriores

• 1 axóstilo

axóstilo

flagelo

membrana plasmática

microtúbulos

Dimensões: 7 a 32 µm comprimento

5 a 12 µm largura

núcleo

axóstilo Flagelo posterior

hidrogenossomos

pelta

flagelos

membrana ondulante

axóstilo Flagelos e axóstilo

microtúbulos

• Axóstilo • Formado por microtúbulos

• Uma extremidade livre

• Flexível

• Locomoção, suporte e divisão celular

• Corpo basal

• Aparelho de Golgi

• Costa

• Feixe de microtúbulos

• Hidrogenossomos

• Síntese de ATP

• Ausência de mitocôndrias

Morfologia

Morfologia

Cultura

Biologia

• Habitat • Trato geniturinário (vagina, uretra e próstata)

• Locomoção • Pseudópodes

• Flagelos

• Membrana ondulante

• Reprodução • Divisão binária longitudinal

• Alimentação • Fagocitose e pinocitose

• Transporte pela membrana

Ciclo de vida

• Não formam cistos

• Não sobrevivem no meio ambiente (máx. 6 horas)

• Transmissão sexual

• Secreção vaginal

• Secreção prostática

• Urina

• Transmissão vertical

• Autolimitada (pH)

Aspectos clínicos

• Mulher • Variável

• 25% assintomático

• Vaginite • Corrimento vaginal

• Fluido abundante

• Amarelo-esverdeada

• Espumoso

• Odor fétido

• Mais frequente no período pós-menstrual

• Prurido ou irritação vulvovaginal

• Dor durante as relações sexuais

• Disúria (dor ao urinar) e poliúria (aumento da frequência miccional)

Período de incubação: 3 a 20 dias

Aspectos clínicos

• Espumosa / bolhosa (presente em 20% das pacientes)

• Strawberry cervix (presente em 2% das pacientes)

Pontos hemorrágicos na parede cervical

Strawberry cervix

Aspectos clínicos

• Homem • Comumente assintomática

• Uretrite • Corrimento leitoso ou purulento

• Prurido

• Ardência miccional

• Hiperemia do meato uretral

• Complicações

• Prostatite

• Balanopostite

• Glande e prepúcio

• Cistite (bexiga)

Patogenia

• Estabelecimento da infecção

1. Aumento do pH vaginal • Alteração da microbiota

• Redução de Lactobacillus acidophilus

• Aumento de bactérias anaeróbicas

2. Aderência e degradação de mucinas

3. Degradação da matriz extracelular, anticorpos e complemento

4. Lesão da junção entre as células epiteliais • Inflamação e formação de úlceras

• Aumento da vulnerabilidade a infecções oportunistas

Alteração do pH Aderência Citotoxicidade

Diagnóstico laboratorial

• Exame microscópico • A fresco

• Trofozoítos em movimento

• Secreção vaginal

• Colhida no máx. há 20 min

• Secreção + salina lâmina

• Sêmen fresco

• Exsudato uretral

• Secreção prostática

espéculo

Diagnóstico laboratorial

• Exame microscópico • Sedimento urinário

• Papanicolau

• Baixa sensibilidade

• Fixação dificulta a identificação

Exame a fresco de conteúdo vaginal

Papanicolau (seta: T. vaginalis)

Sedimento urinário

Diagnóstico laboratorial

• Cultivo • InPouchTV®

• Maior sensibilidade (90%)

• Resultado em 1-5 dias

• Sorologia • ELISA

• Imunofluorescência

• Hemaglutinação

• Testes imunocromatográficos

• Rapid test® e Xenostrip-Tv®

• 10 minutos

• Molecular • PCR

Sistema de cultura para T. vaginalis

Um sistema único de transporte e de teste. Adequado para clínicas hospitalares e ambulatoriais. Diminuição do tempo de trabalho por causa de dois procedimentos são combinados em um teste. Um sistema preciso para a detecção de Trichomonas vaginalis em ambos os machos e fêmeas. Ele contém um meio altamente selectivo de T. vaginalis, o que facilita a detecção precoce da infecção e detecta um menor número de organismos do que outros métodos competitivos. Isto significa que o paciente recebe um tratamento mais rápido e menos infecções graves podem ser mais facilmente detectados.

Diagnóstico laboratorial

• Testes imunocromatográficos

Xenostrip-Tv®

Tratamento

• Nitroimidazóis

• Contra indicados para gestantes

• Apenas aplicação local

• Ambos os parceiros devem ser tratados

Nitroimidazóis: Mais recomendados Metronidazol: usado tb para amebíase, tricomíase e bactérias anaeróbicas

http://www.drugbank.ca/

Metronidazol

Medicamento Dose (adulto)

Tinidazol 2 g, VO, dose única

Metronidazol 2 g, VO, dose única

tinidazol metronidazol

Epidemiologia

• Mundialmente • DST não viral mais comum

• 170 milhões de casos/ano

• Prevalência

• Até 74% em mulheres

• Até 29% em homens

• Brasil • 4,3 milhões de casos/ano

• Prevalência em mulheres: 22%

• Maior incidência

• Populações de baixa renda

• Múltiplos parceiros

• Portadores de outras DSTs

Incidência nas Américas (WHO, 2008)

Profilaxia e controle

• Uso de preservativos • Método mais eficaz para a redução do risco de DSTs

• Diagnóstico e tratamento • Casos sintomáticos ou não (ex. parceiros)

• Aconselhamento • Orientações ao paciente

• Observação das possíveis situações de risco

• Percepção da importância do tratamento conjunto

• Promoção do uso de preservativos

Dúvidas? Giardia e Trichomonas

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