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DISCUSSÃO DO TERMO NOVAS
ECONOMIAS
Luís Felipe Riehs Camargo (UNISINOS)
feliperiehs@yahoo.com.br
Christopher Rosa Pohlmann (UNISINOS)
chrispohlmann@terra.com.br
Este artigo aborda um estudo cuja objetivo é apresentar e dicutir um
novo conceito, o conceito de Novas Economias. A demanda para
discussão do termo surgiu em um orgão governamental no estado do
Rio Grande do Sul. O artigo propõem significaados para o termo
Novas Economias a partir de distintos enfoques, entre eles, a inovação,
empreendedorismo, orientação para o mercado, competitividade e
sustentabilidade. O conceito proposto é então desdobrado em ações a
serem desenvolvidas para que as novas oportuindades sejam
absorvidas pelas empresas. Por fim, o artigo apresenta dois casos de
sucesso onde Novas Economias foram desenvolvidas.
Palavras-chaves: Novas Economias, Novas oportunidades,
Desenvolvimento regional
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão
Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009
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1. Introdução
No vigente contexto dos mercados competitivos, as indústrias se esforçam a cada dia para
encontrarem novos caminhos e manterem e ampliarem sua participação no mercado. Neste
esforço algumas conseguem se destacar e outras sucumbem a exigências cada vez mais fortes.
E não raro muitas indústrias repetem velhas fórmulas de competitividade sem pensar em criar
alternativas mais inovadoras e desafiadoras.
Nesse contexto o desafio é pensar em uma Nova Indústria, uma indústria que esteja alinhada
ao mercado global e atenda às necessidades regionais e suas exigências, procurando novos
caminhos.
“Novas Economias” é uma expressão recente no cenário econômico mundial. Apesar de não
estar consolidada uma definição que detalhe essa nova forma de explorar o mercado, esta
pesquisa buscou discutir alguns conceitos sobre o tema proposto, na busca de novos
caminhos.
O termo Novas Economias é utilizado em diferentes contextos de discussão envolvendo a
temática de desenvolvimento sustentável do Brasil. Mas como se pode definir esse termo? O
que ele representa em termos de ações e possibilidades de mudança de visão frente à
perspectiva econômica vigente?
A indústria brasileira vem realizando esforços para sua inserção nos padrões de competição
nos mercados globais. Novos padrões derivam das novas regras de competição impostos pela
Nova Economia global. Essa Nova Economia prega o livre comércio e a ampla concorrência
entre os players mundiais. Ao mesmo tempo em que os níveis de competição são elevados,
oportunidades para novos negócios surgem, motivadas pelas peculiaridades, características e
incentivos governamentais, específicas de cada de região ou setor. Novos nichos surgirão em
todos os países e estão só esperando ser descobertos. Quantos setores que conhecemos hoje
eram desconhecidos 20 anos atrás? E quantos setores que não conhecemos hoje
provavelmente existirão em 10 anos?
Este artigo descreve uma pesquisa realizada em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi – RS,
para construção do termo Novas Economias e proposição de ações para a Nova Indústria do
Rio Grande Sul. Para tanto, descreve diferentes dimensões a serem consideradas e visa
estabelecer uma discussão inicial sobre esse conceito, junto à comunidade acadêmica, com
foco no papel dos sindicatos patronais neste contexto.
2. Novas Economias: Oportunidades em Modelos Econômicos
Uma Nova Economia deve ajustar-se aos elementos conceituais principais de um modelo
econômico. A Figura 1 apresenta elementos motivadores do surgimento de Novas Economias:
Novas oportunidades, que representam a centelha de geração de uma Nova Economia, pela
inovação em produtos, processos, gestão ou mercados. Quantas novas oportunidades de
produção de bens e serviços surgiram a partir do comércio virtual? E da telefonia celular?
A convergência tecnológica permitiu a comunicação e a troca de informações, de forma
rápida e confiável. A exploração desse meio para a geração de comércios eletrônicos e de
mercados de informação traz diversos exemplos de novas economias geradas a partir dessa
inovação (cybercafés, SMS, sebos virtuais, etc.).
Novos paradigmas e novas relações de produção e trabalho, ou seja, novas formas de ver a
realidade que nos cerca e as relações entre atores de uma cadeia. Por exemplo, substituir a
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visão de fornecedor pela de cooperado ou parceiro, ou de concorrente por associado, bem
como, estabelecer uma nova relação com os colaboradores.
Geração de riquezas, materializada por índices econômicos expressivos, que permite a
formação de capital e investimentos, consolidando o modelo econômico.
Figura 1 – Os elementos motivadores de Novas Economias
3. Uma Proposição para o Conceito de Novas Economias
As Novas Economias podem ser exploradas pelo viés da inovação, da sustentabilidade, das
redes de cooperação e de novos mercados. Sua essência é a geração de oportunidades, pelo
repensar de práticas vigentes ou por implementar práticas de geração de valor não existentes
(BALESTRIN e VERSCHOORE, 2008). As Novas Economias encontram terreno fértil em
contextos onde políticas governamentais cooperam com ações empreendedoras e criam um
ambiente propício para a formação de novos mercados, novos produtos e novas cadeias de
produção.
Mas políticas governamentais adequadas são apenas parte do quadro. Elas podem contribuir
injetando recursos e ou concedendo benefícios, mas não serão capazes de gerar, por si, Novas
Economias. Os elementos do empreendedorismo e da articulação de atores são fundamentais
para o sucesso de uma Nova Economia. A partir das leituras de Kim (2005) e Friedman
(2007) os autores destacam, na Figura 2, alguns aspectos que envolvem o termo Novas
Economias.
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Figura 2 – Aspectos do conceito de Novas Economias
3.1. Competitividade
Num cenário econômico onde a competição é mais acirrada as empresas começam a
considerar diferentes dimensões na formulação de suas estratégias de produção, procurando
tratar, de forma conjunta e simultânea, algumas das dimensões conforme Quadro 1.
Dimensões Descrição
Preço/custo Relação preço/custo de produção
Flexibilidade Adaptação do sistema de produção às
necessidades dos mercados
Mix de produção
Variedade de produtos
Volumes de produção
Produção em escala x Diferenciação
Qualidade Produtos sem falhas
Diferenciação dos produtos (níveis de
qualidade) para manter e conquistar
novos clientes
Agregação de valor
Prazos e Atendimento Definição de prazos de entrega de
produtos/serviços
Cumprimento de prazos de entrega
Gestão de pós-vendas
Lead-time Velocidade de respostas a mudanças
externas
Tempos de fabricação e entrega de
produtos/serviços
Inovação Necessidade de introdução de novos
produtos no mercado
Processos, materiais, mercados e gestão
Fonte: Adaptado de Hayes (2008)
3.2. Formulação de estratégias de produçãoEmpreendedorismo
Dentro de um contexto econômico, empreendedorismo pode ser visualizado como uma forma
de inovação que tenha uma relação com a prosperidade da empresa. Em empresas novas ou já
há algum tempo estabelecidas, é o fator que permite que os negócios sobrevivam e prosperem
num ambiente econômico de mudanças. Caracteriza-se como um processo contínuo:
conforme novas oportunidades apareçam na economia, os indivíduos com visão
empreendedora as percebem e as exploram.
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Logo o empreendedorismo, entendido como a disposição para buscar novos desafios e
oportunidades, funciona como fator promotor para o desenvolvimento de Novas Economias.
Uma Nova Economia não pode ser criada sem a iniciativa de motivar e mover atores para a
geração de novas oportunidades de geração de valor ao produto/negócio. Essa mobilização
deve levar os atores a:
perceber e avaliar oportunidades de negócios;
prover recursos necessários para pô-los em vantagens; e
iniciar ações apropriadas para assegurar o sucesso.
Como fruto espera-se atores com espírito empreendedor orientados para a ação, altamente
motivados, capazes de assumir riscos para atingirem seus objetivos, através da articulação
pela representatividade (legitimidade) e pela liderança (visão de longo prazo e interlocução
setorial e social) junto ao segmento econômico em prospecção.
3.3. Sustentabilidade
A sustentabilidade é um conceito que busca o desenvolvimento harmônico e sistêmico entre
os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Novas Economias surgem buscando
dar nova inspiração para atividades econômicas. A inspiração pode se reverter em atividades
totalmente novas ou na renovação do que já existe, promovendo sustentabilidade. Desse ponto
de vista destaca-se:
Um modo diferente de olhar o mercado, identificando, avaliando e criando oportunidades
sustentáveis até então não-existentes, que propiciem uma nova agregação de valor;
A criação de espaços de mercado inexplorados, mobilizando e articulando atores em uma
cadeia de geração de valor.
3.4. Inovação
Novas Economias não dizem respeito apenas a aperfeiçoamentos no já conhecido. Podem
surgir de modos totalmente diferentes de dispor materiais e forças. A esses modos diferentes
chamou-se de inovações ou de „novas combinações‟, e referem-se a (ANTUNES et al., 2008):
Inovação de Produto/Serviço: Introdução de um novo bem - ou seja, um bem com que os
consumidores ainda não estejam familiarizados - ou de uma nova qualidade de um bem.
Desenvolver alimentos funcionais é um exemplo de uma Nova Economia baseada neste
tipo de inovação;
Inovação de Processo: Introdução de um novo método de produção ou distribuição de
bens ou de serviços, ou de novas tecnologias de processo. Novos métodos não precisam ser
baseados numa descoberta cientificamente nova; podem consistir apenas de uma nova
maneira de manejar comercialmente uma mercadoria ou ofertar um serviço. A co-produção
de leite e biocombustíveis geram uma inovação regional, transformando perdas em
vantagem do ponto de vista produtivo;
Inovação no Mercado: Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o
ramo particular da indústria de transformação ou de serviços em questão não tenha ainda
entrado, quer esse mercado tenha existido antes ou não. A exportação de vegetais
congelados, sem perda de propriedades funcionais, é um exemplo de Nova Economia
gerada por uma inovação de mercado;
Inovação de Materiais/Matérias-Primas: Conquista de uma nova fonte de matérias-
primas ou de bens semimanufaturados, mais uma vez independentemente do fato de que
essa fonte já existia ou teve que ser criada. A produção de plásticos de origem vegetal é um
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exemplo de Nova Economia impulsionada por inovação em materiais;
Inovação de Gestão: Estabelecimento de novas formas organização hierárquica ou entre
atores de um segmento industrial ou de serviços, visando agregar valor ou reduzir riscos
por meio de ações coordenadas. A formação de redes de pequenas empresas constitui-se
em uma forma de inovação da gestão.
A Figura 3 mostra algumas características de inovação nas quais as Novas Economias podem
ser impulsionadas pela combinação de um ou mais tipos de estratégias de inovação.
3.5. Orientação ao Mercado
Novas Economias surgem da possibilidade de desenvolver e vislumbrar mercados não
acessados e não conhecidos, e de antecipar-se às mudanças que ocorrem nos mercados. A
identificação de diferentes preferências, diferentes perfis de consumidores, mudanças
culturais, etc. permite entregar produtos e serviços mais ajustados às preferências dos
diferentes segmentos de público.
Gerar inteligência de mercado promove a prospecção de novos mercados e identifica
mudanças pela observação de tendências e de variáveis mercadológicas. Compartilhar
informações com segmentos afins e identificar oportunidades de abrir novas frentes
comerciais são ações importantes ligadas ao conceito de Novas Economias. Trata-se da
geração de oportunidades pela constituição de elementos de inteligência de mercado e de
articulação setorial.
Figura 3 – O aspecto de inovação das Novas Economias
4. Ações e Possibilidades de Mudança a Partir Dessa Visão de Novas Economias
A construção de Novas Economias no Estado do Rio Grande do Sul é um meio para tornar a
indústria gaúcha de bens e serviços mais forte. Para isso, se faz necessário compreender:
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O que se deseja com a difusão deste conceito?
Quais os potenciais deste conceito no Estado?
Com a difusão do conceito de Novas Economias deseja-se primeiramente estabelecer uma
visão comum sobre o tema, de modo a facilitar a comunicação e a articulação entre diferentes
atores e setores da economia do Estado.
O compartilhamento de informações e a discussão sobre esse tema catalisam a formação de
novas oportunidades. Na percepção atual do grupo de trabalho que originou este texto, a
constituição de Novas Economias emerge de iniciativas locais e compartilhadas. Essas
iniciativas podem ser beneficiadas de condições de contexto ou podem requerer ações
externas (por exemplo, articulação governamental) para serem bem sucedidas. Mas não
podem ser “importadas”, artificialmente, sem relação com os valores e potenciais de uma
região, um setor ou seus atores.
4.1. Qual o Papel dos Sindicatos Patronais Para Desenvolver Novas Economias?
O mercado está cada vez mais competitivo aumentando a necessidade e a velocidade na
implementação de novos caminhos.Para explorar novos caminhos a indústria deve estar
preparada, tanto no ambiente interno (contexto da indústria), como no ambiente externo
(articulações políticas). Isto significa que os aspectos de sustentabilidade, competitividade,
empreendedorismo, inovação e orientação ao mercado, ou seja, os aspectos que formam o
conceito proposto de Novas Economias, têm que ser olhados de forma sistêmica.
Os sindicatos patronais, como formadores de opinião e articuladores, possuem um potencial
estratégico na prospecção e formação de Novas Economias. O papel empreendedor e de
impulso ao aprendizado, pela articulação dos sindicatos, contribui para agregar visão
estratégica de atuação tanto no ambiente externo das indústrias como no ambiente interno, na
busca por novas oportunidades. Assim, o papel dos sindicatos patronais, no contexto de
Novas Economias, envolve:
Articular ações para a Nova Indústria;
Articular a busca de informações sobre novos mercados, nacionais e internacionais
(BRICS, etc.);
Estimular a análise das cadeias produtivas em que os setores industriais encontram-se
inseridos para identificar as suas necessidades;
Identificar os gargalos que afetam a competitividade dos setores e das cadeias e
desenvolver propostas de ações;
Atuar na defesa de interesses da indústria, promovendo ações para competitividade e
sustentabilidade;
Identificar financiamentos disponíveis e captar recursos;
Articular para permitir a busca de novas tecnologias e matérias-primas;
Promover ações de apoio ao desenvolvimento de indústrias de pequeno e médio porte,
buscando agregar valor a seus produtos;
Incentivar e atuar na busca da sustentabilidade, ou seja, na busca do desenvolvimento
harmônico e sistêmico entre os aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais.
O papel dos Sindicatos Patronais é “trazer as empresas para o jogo”, ou seja, tornar as novas
oportunidades conhecidas, oportunizar o acesso pelas empresas e atuar na defesa de
interesses. A defesa de interesses é o instrumento de articulação dos Sindicatos Patronais para
a Nova Indústria, um sindicalismo de geração de oportunidades econômicas e sociais. Os
modelos econômicos são subordinados a uma visão política construída a partir de interesses.
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Em função disso, oportunidades em Novas Economias devem ser buscadas através da atuação
na defesa de interesses da indústria.
Figura 4 – Aspectos do conceito de Novas Economias
A proposta de atuação dos sindicatos patronais passa pelos seguintes direcionadores:
Mercado: Disponibilizar informações de mercado, auxiliando as empresas a encontrar
novas oportunidades
Tecnologia: Acessar a identificação de novos materiais, novos conceitos de produção,
distribuição, etc.
Educação: Acessar os caminhos para a qualificação da mão-de-obra e desenvolver
competências para as empresas competirem nas Novas Economias.
Gestão: Promover o acesso a novas ferramentas de gestão.
Esta proposta de atuação requer a gestão dos elementos apresentados, principalmente, através
da construção de parcerias estratégicas capazes de dar sustentabilidade e competitividade às
empresas envolvidas.
4.2. O que se Pode Fazer?
A seguir são apresentadas algumas sugestões de ações e articulações para promover Novas
Economias:
4.2.1. Constituir Observatórios Setoriais e de Tendências Mundiais
Os sindicatos podem atuar diretamente vinculados com as indústrias de seu setor,
acompanhando o desenvolvimento tecnológico e as movimentações do mercado. Podem
também identificar instituições e empresas que determinem tendências para as indústrias de
seu setor, nos países mais desenvolvidos ou em outros mercados potenciais, obtendo
indicadores para benchmarking.
O olhar sobre o mercado deve abranger as questões tecnológicas e inovações mundiais, de
modo que seja possível detectar que Novas Economias estão se formando. Para isso, é
necessário levantar as informações políticas, econômicas e sociais do setor em âmbito
nacional e internacional, analisá-las e identificar o que de diferente está sendo feito. Isso pode
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ser realizado, por meio de uma equipe ou de uma rede de parceiros, por exemplo, com foco
em:
consultar e analisar fontes de informação: identificar sites que mostrem as tendências
mundiais em cada setor, sites de economia internacional e acompanhar indicadores
econômicos.
estabelecer contatos com instituições nacionais e internacionais de cada setor.
4.2.2. Fomentar a Interação entre Sindicatos Patronais
Em geral, a movimentação das Novas Economias envolve ou repercute em vários setores. A
interação entre os sindicatos dos setores envolvidos é fundamental. Também assim torna-se
possível potencializar a atuação individual dos sindicatos, ampliando sua visão sobre Novas
Economias. Neste sentido, possíveis ações são:
Promover ações que aproximem os sindicatos;
Mapear as cadeias produtivas;
Criar fóruns de discussão entre sindicatos para avaliar as inovações em cada setor.
4.2.3. Fomentar o Pensamento Estratégico
Descobrir uma potencial Nova Economia não é tarefa fácil, exige esforço e concentração. O
sindicato é o ambiente para este trabalho, afinal, congrega as indústrias e os líderes de seu
setor. O pensar estratégico pode ser realizado com o auxílio de diversas metodologias de
criatividade e análise. A função do sindicato seria propiciar estes momentos aos seus
associados. E junto com estudos, apontar as potenciais Novas Economias. Esses momentos
permitiriam, por exemplo, gerar oportunidades buscando a excelência no que se faz muito
bem.
O meio possível de difundir tais conceitos pode ocorrer pela organização de workshops com
as empresas do setor, utilizando ferramentas de análise, discutindo os caminhos do setor,
pensando em cases de sucesso.
4.2.4. Coletar e Compilar Dados e Informações de Mercado
Para toda e qualquer empresa é complexo estruturar e manter indicadores de desempenho
sobre o seu setor. Para o Sindicato Patronal é mais fácil, e a FIERGS junto com a CNI já
possui um sistema de coleta de dados para a elaboração do Indicador de Desempenho
Industrial. A partir desse ambiente pode-se pensar em ampliar o sistema de coleta e análise de
informações, com vistas a acompanhar as tendências positivas e negativas, gerar informações
que auxiliem articulações. Para isso, é necessário ampliar o sistema de coleta e análise de
informações existente no sistema FIERGS e divulgá-las por meio de relatórios setoriais.
4.2.5. Fomentar a Capacitação de Quadros
Conhecendo seu setor, cada sindicato sabe em que as empresas precisam se capacitar nas
Novas Economias. Essas capacitações que podem ser feitas pelo sindicato tendem a ser mais
eficazes, uma vez que abordam exemplos do próprio setor, e não de setores distintos. Além
disso, para as empresas é uma facilidade poder ter a capacitação que precisa sem ter que
montar o treinamento. O sindicato, sabendo o que as empresas precisam e tendo proximidade
com seus representados, pode criar um novo patamar de parceria e participação
empreendedora junto a seus afiliados, gerando oportunidades de integração e
compartilhamento de experiências. Além disso, pela consolidação de iniciativas similares no
ambiente do sindicato patronal, essa iniciativa pode representar, para as empresas, uma
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oportunidade de redução de custos, e, para os sindicatos, uma fonte de arrecadação, gerando
uma relação de ganho mútuo.
Para programas de capacitação que atendam aos requisitos apresentados faz-se necessário
levantar as necessidades de treinamento das empresas (técnicos, comportamentais, visão de
cenários e tendências, Novas Economias e cases de sucesso). A partir da compilação de
necessidades das empresas, planejar treinamentos. O sindicato pode articular os cursos com
outras instituições, sendo um facilitador do processo de capacitação.
4.2.6. Agregar Valor a Visitas Técnicas e de Prospecção
A identificação de casos de referência e o compartilhamento de boas práticas podem
promover o desenvolvimento de Novas Economias. Nesse caso os sindicatos patronais
poderiam cumprir papel importante ao organizar visitas técnicas a empresas de sucesso e a
participação de empresas em feiras e congressos.
Identificar empresas de sucesso e que tenham movimentado Novas Economias, fazendo
contato e agendando visitas.
Articular com agentes públicos e privados para propiciar a participação, em feiras e
eventos, de seus associados.
4.2.7. Obter Verbas para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Com foco em inovação, o sindicato pode prospectar verbas de pesquisa junto ao sistema de
federação de empresas ou ao Governo Federal. Pode divulgar as oportunidades junto aos seus
associados, articulando, para as empresas interessadas, a montagem de projetos. O sindicato
pode defender interesses de seus associados para o financiamento de linhas de pesquisa sobre
inovações que podem gerar Novas Economias, para isso o mesmo pode:
Identificar editais disponíveis para pesquisa, verificando quais editais podem atender às
demandas de seus associados.
Buscar empresas para participar do projeto, apontando as possibilidades de pesquisa
existente.
5. Casos de Sucesso
O case do Vale dos Vinhedos mostra como pequenas, médias e grandes empresas unidas
podem gerar resultados financeiros melhores ao cooperarem na construção de um selo de
procedência e na demarcação de um território como marca de referência. Essas empresas
souberam aumentar o valor agregado de seus produtos e aumento de seus ganhos via acesso a
novos mercados. Como conseqüência desta valorização dos vinhos, a certificação de origem
propiciou uma valorização das terras daquela região.
Não são apenas os produtores de vinho que buscam a indicação geográfica. Em janeiro, foram
os produtores de arroz do litoral norte gaúcho que entraram com um pedido de Denominação
de Origem (DO), uma espécie de indicação geográfica na qual características geográficas
influem nas características do produto. Caso tenham sucesso, eles vão conseguir a primeira
DO de brasileiros, já que os outros registros, como o do Vale dos Vinhedos, são de Indicação
de Procedência (IP), no qual não há necessidade de relacionar o produto com o clima ou a
geografia, apenas com o renome da região.
Este modelo de Nova Economia busca a diferenciação como forma de elevar o ganho da
empresa. Diferente da tradicional briga entre concorrentes, os mesmos se unem na busca de
uma marca e um selo de procedência que garantam reconhecimento do valor e da qualidade
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dos produtos gerados pelos participantes da cadeia na região demarcada.
Este modelo de Nova Economia busca:
Competitividade, diferenciação como forma de elevar o ganho da empresa;
Empreendedorismo e Inovação de Gestão, diferente da tradicional briga entre concorrentes,
os mesmos se unem na busca de uma marca e um selo de procedência que garantam
reconhecimento do valor e da qualidade dos produtos gerados pelos participantes da cadeia
na região demarcada;
Sustentabilidade, através da valorização das terras, consolida o cultivo de uvas para fins
nobres, proporcionando o desenvolvimento socioeconômico e turístico da região;
Vislumbrar um olhar estratégico de um mercado consumidor disposto a pagar mais por um
produto cultivado e engarrafado na origem, além do desenvolvimento do potencial
turístico.
O exemplo do Vale dos Vinhedos demonstra como a tecnologia de produção dos vinhos, a
qualidade do produto e a articulação das empresas associadas, viabilizaram a organização da
cadeia do vinho no vale em direção a certificação de origem. A certificação de origem ao
mesmo tempo em que gerou novas riquezas para a região do Vale dos Vinhedos, gerou
oportunidades para outros elos da cadeia produtiva como o de rolhas, de garrafas, de
tecnologias de produção, de turismo e outros serviços.
A ação de articulação necessária entre empresas do segmento vitivinícola e entre os atores da
cadeia produtiva teve papel fundamental para a certificação do Vale dos Vinhedos e
exemplifica bem o modelo a ser seguido em outras regiões.
O papel do sindicato nesta modalidade de Nova Economia é articular as empresas e atores em
busca do objetivo comum da certificação de procedência dos produtos fabricados por elas.
Auxiliar os processos de reconhecimento junto ao INPI, através de busca de informações,
documentação necessária etc., é outro papel que pode ser executado pelos sindicatos
patronais.
A certificação de procedência dos produtos do Vale dos Vinhedos potencializou o turismo na
rota onde as empresas estão instaladas, gerando Novas Economias potenciais, especialmente
em outros produtos industriais e na prestação de serviços. Outras oportunidades são
identificadas na região da Serra, como os Caminhos de Pedra e a Estrada do Sabor. Outros
exemplos de certificação que podem ser exploradas no Estado do Rio Grande do Sul seriam a
Cachaça do Litoral Norte e o Morango de Bom Princípio e região, dentre outros.
Uma visão estratégica da ação dos sindicatos patronais na promoção de Novas Economias em
contextos similares pode ser vista na figura a seguir.
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Figura 5 – Aspectos do conceito de Novas Economias
O exemplo do pólo naval de Rio Grande/RS alavancado pelos investimentos da Petrobras
gerou novas oportunidades, como a construção do dique seco e a construção de plataformas e
cascos de navio. O acesso a essas oportunidades pelas empresas requisitou, das empresas,
tecnologia e capacidade técnica para atender as especificações de projeto e qualificação de
mão-de-obra.
A fixação do Pólo Naval gera demandas por mão-de-obra qualificada que necessita ser
atendida. Na construção da primeira plataforma, o que a região não atendeu foi atendido por
mão-de-obra e empresas de outros estados. É necessário estruturar um sistema de formação e
capacitação de mão-de-obra para indústria naval (por exemplo, soldadores).
Este modelo de Nova Economia busca:
Apostar na competitividade do RS em suprir as diversas necessidades decorrentes do Pólo
Naval, impulsionando cadeias direta (como Construção Naval e Náutica, Marinha
Mercante, Apoio Marítimo e Offshor) e indireta como (Metal-mecânica, construção civil
etc.);
Vislumbrar um olhar estratégico de um mercado aproveitando o potencial portuário da
região de Rio Grande.
A constituição de pólos industriais pode ser incentivada por políticas públicas governamentais
e investimentos da iniciativa privada. Para identificar oportunidades de pólos industriais os
sindicatos podem articular atores integrantes das cadeias produtivas e as instituições de
pesquisa e centros de conhecimento, com representantes do setor público.
O fator motivador é o aspecto estratégico da constituição de um pólo de desenvolvimento, por
meio da articulação política consubstanciada numa robusta proposta técnica que demonstre a
geração de renda e de emprego.
Nesse caso, as empresas responderiam com capacidade, expertise e empreendedorismo para
atender às novas demandas dos pólos de desenvolvimento industrial.
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Uma visão estratégica da ação dos sindicatos patronais na promoção de Novas Economias em
contextos similares pode ser vista na figura a seguir.
Figura 6 – Aspectos do conceito de Novas Economias
6. Conclusões
Os conceitos de Novas Economias aqui trabalhados procuram explorar os novos caminhos
que caracterizam novas oportunidades, a partir da sustentabilidade, competitividade,
empreendedorismo, inovação e orientação para o mercado. Esses conceitos são reflexões a
cerca de possíveis caminhos do pensar uma Nova Indústria, em alguns momentos
relacionados conjuntamente, outras relacionados parcialmente ou até mesmo isoladamente.
A Nova Indústria, preocupada em vislumbrar Novas Economias, passa por transformações
que envolvem o empreendedorismo na busca de novas oportunidades, novos paradigmas e
novas relações de produção e trabalho, bem como, a geração de riquezas. Tais transformações
refletem-se no papel dos Sindicatos Patronais para atender essa Nova Indústria, um
sindicalismo de geração de oportunidades econômicas e sociais, preocupado em consolidar o
papel dos Sindicatos para a Nova Indústria, através de sugestões de ações/articulações de
atuação junto ao empresariado.
Essas sugestões devem promover:
Representatividade: legitimidade dos dirigentes (sindical-setoriais) e a ampliação da base
representada;
Liderança: visão de longo prazo e a interlocução institucional com a sociedade;
Desenvolvimento: alcançar ferramentas de competitividade e atuação propositiva;
Inovação: disseminar a inovação e acessibilidade às fontes de suporte à inovação.
O presente trabalho é uma proposição conceitual, fruto de um trabalho realizado junto a
sindicatos patronais e à Federação de Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul. Visa
constituir uma discussão conceitualmente sustentada que abarque os conceitos anteriormente
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apresentados e promova desenvolvimento e novas oportunidades para empresas industriais e
de serviços, revertendo-se em bem para a sociedade.
Referências
ANTUNES, Junico et al. Sistemas de produção: conceitos e práticas para projeto e gestão da produção enxuta.
Porto Alegre: Bookman, 2008.
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