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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A CONTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS NEUROCIENTÍFICOS COMO
POTENCIALIZADOR DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL.
Por: Wania Elisa Martins
Orientador
Professora Marta Pires Relvas
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A CONTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS NEUROCIENTÍFICOS COMO
POTENCIALIZADOR DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL.
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Neurociência Pedagógica.
Por: Wania Elisa Martins
Rio de Janeiro
2014
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, aos meus pais,
meu companheiro de vida pelas
inúmeras trocas, aos professores e aos
amigos.
4
DEDICATÓRIA
Dedico ao meu pai exemplo de vida a
minha mãe guerreira de todas as batalhas,
a minha irmã que sempre me incentiva,
aos meus amigos e ao meu companheiro
de jornada e amigo.
5
“Esse amor (materno), no qual alguns viram o grande mistério da vida, talvez nos revelasse o segredo dela. Ele nos mostra cada geração voltada para aquela que a
seguirá. Ele nos deixa entrever que o ser vivo é sobretudo um lugar de passagem, e que o essencial da vida reside no movimento que a transmite.” (HENRI BERGSON)
6
RESUMO
As ações na educação nos dias de hoje precisam ser claramente
discutidas no que se refere às questões relacionadas à sustentabilidade,
existem muitas divergências sobre como inserir esse tema no contexto escolar.
As pesquisas da neurociência aproximam-se das questões referentes à
sustentabilidade, desmistificando muitos conceitos em relação ao
funcionamento do cérebro e sobre aprendizagem.
Tem-se no cérebro humano, uma área responsável pelo processamento
dos nossos valores, desta forma o entendimento sobre ética e moralidade muda
completamente e inclui as dinâmicas neurofisiológicas, que precisam ser
discutidas e inseridas no contexto de uma vida Sustentável.
Sabe-se da dificuldade da integração dessas dinâmicas da vida
cotidiana, pois existe uma enorme diferença entre “perceber” e de “agir”, entre a
percepção e a atitude existe um longo caminho de conscientização que precisa
ser feito e integrado no cotidiano para que práticas em busca de uma vida
melhor e de uma melhor sociedade sejam integradas, precisamos tornar essas
práticas necessárias para a nossa vida e mais precisamos acreditar que vale a
pena, para que todos possam se comprometer verdadeiramente em busca de
satisfação e bem estar rumo a uma vida melhor, saudável, sustentável.
Precisa-se integrar o pensamento sistêmico ao ético, mesmo sendo este
um desafio para as próximas gerações, mas precisamos explorar formas de
realizar essa missão, para garantir-se a sobrevivência da nossa espécie no
planeta. O trabalho justifica-se por pretender contribuir com a indicação de
algumas práticas para a vida cotidiana que poderiam melhorar essa relação,
homem – natureza no ensino das ciências e trazer um bem estar maior ao
indivíduo e com isso integrá-lo ao meio em que vive de forma harmoniosa e
feliz.
Palavras Chaves: Neuroanatomia, Aprendizagem, Alfabetização Ecológica,
Educação Integral e Educação Holística.
7
METODOLOGIA
Para elaboração deste trabalho foi utilizado como metodologia à
pesquisa bibliográfica, por meio de livros, periódicos e revistas científicas e tem
abordagem exploratória do tema, analítica e reflexiva.
Como referências bibliográficas seguem os seguintes autores que contribuem
para a pesquisa:
AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D. & HANESIAN, H. Psicologia educacional. Rio de
Janeiro: Interamericana, 1980.
_________________________________________. Aquisição e retenção de
conhecimentos: Uma perspectiva cognitiva. Lisboa: Editora Plátano,2003.
___________________________________________.A Aprendizagem
Significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.
BERGSON, H - A Evolução Criadora. Tradução Bento Prado Neto. São Paulo:
Martins Fontes, 2005.
BORDENAVE, J.D. Estratégias de ensino – aprendizagem. Vozes, Petrópolis,
1996.
BRUCE H. LIPTON – A Biologia da Crença – Editora Butterfly, 2007
BRUCE H. LIPTON E STEVE BHAERMAN – Evolução Espontânea - Editora
Butterfly, 2013
CAPRA, F - A Teia da Vida - uma nova compreensão científica dos sistemas
vivos. Tradução Newton Roberval Eichemberg. São Paulo: Cultrix, 2006.
____________________ – Alfabetização Ecológica. São Paulo: Cultrix, 2006.
IVAN IZQUIERDO – Memória
KOLB & WHISHAW. Neurociência do comportamento. São Paulo: Manole, 2002.
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de
Neurociência. Atheneu: São Paulo, 2002 e 2005.
MARCELLO ÁRIAS DANUCALOW E ROBERTO SERAFIM SIMÕES –
Neurofisiologia da Meditação – Editora Phorte SP - 2009
MARCUS LIRA BRANDÃO – As Bases Biológicas do Comportamento –
Introdução a Neurociência
MOREIRA, M.A. (1999). Aprendizagem significativa. Brasília: Editora da UnB.
8
PETER SENGE, C. Otto Scharer, Joseph Jaworski, Betty Sue Flowers
Presença.Editora Cultrix (2007).
RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação: despertando
inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak,
2005.
_______________, Neurociência e Educação - Editora WAK - 2010
SABATTINI, Renato M.E. Neurônios e sinapses: A história de sua descoberta.
Revista Cérebro & Mente, n.º 17, Maio-Agosto, 2003.
VYGOTSKY L.S – A Formação Social da Mente – 1981
Periódicos:
Outras Terapias Para o Corpo e Para a Mente - Revista Mente Cérebro –
2014 – edição especial nº 41
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I - NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA 12 1.1 – Breve Histórico
1.2 - Sistema Nervoso
1.3 - Cérebro – Encéfalo
1.4 - Cerebelo
1.5 - Tronco Encefálico
1.6 - Diencéfalo
1.7 - Telencéfalo
1.8 - Neurônios
1.9 - Córtex ou Neocórtex
CAPÍTULO II - FACILITADORES DA APRENDIZAGEM 25 1.1 - Sistema Límbico - Aprendizagem Emocional
1.1.2 – Educação Emocional
1.1.3 – Inteligência Cognitiva
1.2 - Plasticidade Cerebral
1.3 – Memória
CAPÍTULO III – A MELHOR VERSÃO DE SI MESMO 35 1.1 – Desafios para a Educação: Alfabetização Ecológica
1.2 - Educação Integral
1.3 - Educação Holística
1.3.1- Exemplos de práticas para uma vida Sustentável segundo Fritjof
Capra
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
BIBLIOGRAFIA CITADA 48
ÍNDICE 51
10
INTRODUÇÃO
A finalidade desse trabalho é através de um maior entendimento da
Neurociência, informar como o Sistema Nervoso Central é formado, suas
estruturas, funções e capacidades e através desse entendimento os docentes
utilizarem-se dessas ferramentas em favor de uma educação integral,
sistêmica, holística, aprimorando-se cada vez mais essa construção conjunta de
uma nova percepção em busca de uma vida melhor e sustentável.
“a evolução da vida se encaminha na formação gradual do nosso sistema nervoso que tem a função de receber estímulos e organizar ações. O desenvolvimento destes centros superiores torna cada vez mais numerosas as possibilidades de escolha entre uma ou outra via de ação. Desta maneira, alcançamos a liberdade, que sendo considerada no tempo ou no espaço, tem
sua origem na necessidade”. (BERGSON, p 291)
Acredita-se ser pertinente iniciar este capítulo versando sobre o sistema
nervoso e a Neurociência, sendo esta a responsável pelos grandes avanços de
estudos em relação ao funcionamento cerebral e seus desafios.
Pode-se repensar a educação das novas gerações, legitimando ao
educador ações mais significativas e autônomas, já que o mesmo atua nas
transformações neurobiológicas que produzem na aprendizagem, mas
desconhece como o cérebro funciona. No Brasil, a educação ainda não faz uso
do conhecimento disponível sobre o funcionamento do sistema nervoso para
orientação de sua prática. Por isso, pretende-se orientar educadores na
utilização do conhecimento das Neurociências, visando o desenvolvimento de
práticas promotoras da aprendizagem, pois, todos os processos biológicos
pelos quais os seres humanos se movem, pensam, percebem, aprendem,
lembram, são reflexões das funções cerebrais.
Visando atender aos objetivos propostos, apresenta-se a seguinte
estrutura:
O primeiro capítulo proporciona aos leitores, uma visão de como o
cérebro é constituído, suas estruturas e finalidades, aplicados posteriormente
11
no processo de ensino-aprendizagem em ciências, refere-se a uma nova fase
do cérebro, ou seja, à nova era cerebral numa perspectiva da Neurociência e
percebe-se, ao longo da trajetória da pesquisa o quanto os fundamentos da
Neurociência são ainda desconhecidos dos professores e distanciados da
educação.
No segundo capítulo se discute sobre os benefícios da aprendizagem,
quais são as estruturas envolvidas nesse processo e como o sistema límbico é
importante para a aprendizagem emocional e na articulação com a educação
para que se torne uma aprendizagem eficiente com o auxílio da inteligência
cognitiva e cita também como o cérebro se capacita na criação de novas
conexões através da plasticidade cerebral e a forma de utilização dessas
estruturas na formação de tipos de memórias diferentes para cada necessidade
específica.
No capítulo três discute-se um dos maiores desafios da educação que é
a Alfabetização Ecológica, a Educação Integral e a Educação Holística, em
como a integração dessas práticas, se torna cada vez mais necessárias para a
vida nos dias de hoje. Assim como a Neurociência entende o cérebro como um
sistema que se trabalha em conjunto o ser humano também precisa ser visto
pelo sistema educacional como alguém que precisa integrar-se a natureza e
aos conceitos de ecologia e sustentabilidade, para que se possa viver daqui pra
frente sem ameaçar as gerações futuras, precisa-se entender o mundo como
uma rede onde tudo está interconectado e para isso se apresenta um exemplo
de construção de horta como forma de integração do homem com a natureza e
seus valores.
A Humanidade tem a capacidade de atingir o desenvolvimento sustentável, ou seja, de atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras
gerações de atender às próprias necessidades.(LESTER BROWN 1980)
12
CAPÍTULO I
NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA
1.1 – BREVE HISTÓRICO
Segundo Henrique Del Nero em Neurofisiologia da Meditação, acredita-
se ser pertinente iniciar este capítulo versando sobre o Sistema Nervoso e a
Neurociência, sendo esta a responsável pelos grandes avanços de estudos em
relação ao funcionamento cerebral e seus desafios. Afirma-se que qualquer
evento realizado está associado à ativação de complexos circuitos neuronais
pertencentes às estruturas fisiológicas de nosso encéfalo.
Segundo Robert Lent em Cem Bilhões de Neurônios: a Neurociência é a
disciplina que apareceu nos anos 1970, resultado da confluência de várias
disciplinas que lidavam com o sistema nervoso de modo independente e
desarticulado. Além disso, ocorreu nessa ocasião que os instrumentos e
conceitos de disciplinas mais afastadas passaram a ser utilizados para o estudo
do sistema nervoso. Isso aconteceu com a biologia molecular, principalmente,
mas também com especialidades da física e da engenharia que lidam com
informação, modelagem e robótica. Foi desse caldeirão que surgiu a
Neurociência.
Segundo Marcos Lira Brandão em As Bases Biológicas do
Comportamento, a macro divisão anatômica do sistema nervoso pode ser
dividida em duas partes principais: o sistema nervoso central (SNC), que
contém as estruturas existentes em nosso crânio (encéfalo) e na medula
espinhal; e o sistema nervoso periférico (SNP), constituído pelos nervos que
saem do SNC em direção aos nossos músculos, órgãos e vísceras em geral.
13
1.2 – SISTEMA NERVOSO
A base e a comunicação do sistema nervoso, é feita pelos neurônios e
pelas células glia que percebendo e identificando as condições ambientais
externas e internas do nosso corpo, capacita o organismo na elaboração de
respostas adequadas para se adaptar a essas condições.
Lent (2005) adota uma terminologia básica simples em relação ao
sistema nervoso. O neurocientista divide o sistema em três níveis de
classificação o primeiro: sistema nervoso central (SNC) é o sistema nervoso
periférico (SNP). O SNC tem como definição o conjunto de componentes do
sistema nervoso contido em caixas ósseas (crânio e coluna vertebral),
enquanto o SNP distribui-se por todo o organismo. O segundo nível de
classificação divide-se o SNC em encéfalo e medula espinhal. No terceiro nível
divide o encéfalo em cérebro, cerebelo e tronco encefálico, onde o tronco
encefálico divide-se em mesencéfalo, ponte e bulbo. A secção mediana do
tronco encefálico permite a visualização do diencéfalo, que é composto pelo
tálamo e hipotálamo.
Fig. 1.1 - Divisão do sistema nervoso, segundo critérios anatômicos.
Fonte: As Bases Biológicas do Comportamento-Marcos Lira Brandão– PG 5
Fig. 1.2 - Superfície medial da metade direita do encéfalo humano.
Telencéfalo, diencéfalo, mesencéfalo, ponte, bulbo, medula espinal e
cerebelo. Fonte: As Bases Biológicas do Comportamento – Marcos Lira
Brandão – PG 6
14
O SNP é constituído por vias que conduzem os estímulos ao SNC, ou
que levam até os órgãos efetuadores as órdens emanadas da porção central,
fromando os nervos espinhais e cranianos, gânglios e terminações nervosas.
Os nervos transportam impulsos do cérebro para o corpo e do corpo para o
cérebro. Os nervos sensoriais ou aferentes levam informações dos receptores
ou órgãos dos sentidos até o SNC, enquanto que os nervos motores ou
aferentes levam informações do SNC para os músculos e glândulas,
conduzindo sinais estimulatórios.
1.3 – CÉREBRO - ENCÉFALO:
O cérebro é mais do que um sistema complexo é simplesmente, um complexo de sistemas complexo. Ele não dispõe de nenhum
centro de comando, portanto, é acêntrico e policêntrico. (Relvas,2005 p.37-38).
Protegido por um conjunto de membranas que são as meninges, situa-se
dentro do crânio e encontra-se dividido em dois hemisférios o esquerdo e
direito, ligados longitudinalmente por um feixe de fibras nervosas, denominado
corpo caloso, onde se permite a transferência de informações entre os dois
lados do cérebro, fazendo com que funcionem harmonicamente.
A constituição de sua superfície cerebral é dada por saliências chamadas
de giros e reentrâncias conhecidas como sulcos, recebe o nome de
circunvoluções.
Segundo Relvas, pode-se dizer que o nosso cérebro, sede de todos os
nossos comportamentos, é composto por duas semi-esferas: o hemisfério
direito e o hemisfério esquerdo, os quais mantêm conexões recíprocas. Cada
tipo de habilidade ou de comportamento vivenciado pode ser mais bem
relacionado a uma área do cérebro em particular. As regiões posteriores do
córtex - os lobos occipitais são especializados na visão; as regiões laterais - os
lobos temporais na audição e linguagem; as partes superiores - os lobos
parietais são responsáveis pelo tato e informações sinestésicas e as áreas
situadas na parte anterior, isto é, os lobos frontais, estão mais bem
15
relacionados a funções motoras e planejamento e execução de
comportamentos complexos. (RELVAS, 2005, pg.37).
Em termos de funções especializadas, há uma importante diferença entre
os dois hemisférios: para a maior parte das pessoas, o hemisfério esquerdo é
dominante para o processamento verbal e aspectos cognitivos da linguagem, e
o hemisfério direito, para a ortografia e percepção de formas e direção. A
dominância cerebral é cruzada para a visão, audição, funções motoras e
percepção somática.
Relvas (2005) afirma, que “há uma conexão complexa entre
racionalidade-afetividade-pulsão no conhecimento”. Mas fica claro que a
verdade encéfalo-epistemológico reside no caráter ambidestro do cérebro, ou
seja, em qualquer situação, a racionalidade é frágil, deve ser objeto de reflexão
permanente e de redefinição. A afetividade é inseparável do conhecimento e do
pensamento humano.
1.4 – CEREBELO
Para Bear,
[...] o cerebelo é primariamente um centro para o controle do movimento que possui extensivas conexões com o cérebro e a medula espinhal ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado
esquerdo do cerebelo está relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto o lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo. (2006, p. 167).
Fig 1.3: Área do córtex e neocórtex Fonte: figuras cerebrais: site visitado http://www.google.com.br/2008
16
A palavra cerebelo vem do latim e significa "pequeno cérebro”, situada
sobre a superfície dorsal do tronco encefálico. Anatomicamente é parecido com
o cérebro, possui giros e sulcos e é dividido em dois hemisférios e três lobos
envolvidos pelo córtex.
Suas principais funções são: manutenção do equilíbrio corporal, a
regulação do tônus muscular e o controle da precisão e da harmonia dos
movimentos, com informações sensoriais. (Lent, 2008).
Lundy-Ekman descreve que além de seus papéis no controle e no
planejamento motores, o cerebelo também contribui para o desvio voluntário da
atenção. (2004, p.311).
1.5 - TRONCO ENCEFÁLICO
Sendo parcialmente encoberto pelo cerebelo, localiza-se na parte
posterior do cérebro, seu formato é de um tronco e sua função principal é a
ativação de áreas específicas do cérebro.
As informações que chegam através dos sentidos biológicos, formulando
as respostas motoras necessárias são reunidas pelo mesencéfalo, que é
composto por um conjunto de núcleos onde é encontrada a substância negra,
responsável pela produção de dopamina, importante neurotransmissor para o
controle dos movimentos e a modulação da motivação.
Figura 1.4: O Cerebelo Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre em 25/07/2008.
17
Para alcançar as partes mais distantes do corpo e por onde passam um
grande número de feixes e fibras temos a ponte.
O bulbo raquidiano, também chamado de medula oblonga, participa de
processos vitais, como respiração, batimentos cardíacos e vasoconstrição. Esta
estrutura contígua à medula espinal difere-se dela quanto à sua organização
morfológica. O bulbo, a ponte e o cerebelo constituem o rombencéfalo na
divisão embriológica do SNC. O bulbo contém núcleos e tratos que levam a
informação sensorial para os centros superiores do cérebro como núcleos e
vias que deles trazem comandos motores para a medula espinal.
Importante pela concentração de massa cinzenta, pelo controle da
excitabilidade das regiões corticais e algumas funções orgânicas, coordena
também o sono e vigília.
1.5. DIENCÉFALO
O diencéfalo é uma parte do cérebro localizada em continuidade ao
mesencéfalo, ligado ao cérebro por núcleos e robustos feixes de fibras,
formando o tálamo e o hipotálamo. O tálamo (em grego significa “antecâmara”)
controla o meio externo, abriga núcleos responsáveis pelo processamento de
informação sensorial visual e auditiva, estabelecendo um circuito de
comunicação do córtex cerebral, dos núcleos da base e do cerebelo; outros
núcleos estão envolvidos no sistema límbico. (LENT, 2008)
O hipotálamo controla os estados internos do organismo e ajuda mantê-
los em equilíbrio. (GOLDBERG, 2001), contém um grande número de circuitos
neuronais relacionados às funções vitais. Estes circuitos regulam a temperatura
corporal, frequência cardíaca, pressão arterial, osmolaridade sanguínea,
ingestão de alimento e água. Os mecanismos hipotalâmicos agem em conjunto
no sentido de preservar as condições constantes do meio interno, um processo
denominado de homeostasia, assegurando as condições necessárias para uma
vida livre e independente. O hipotálamo exerce sua influência sobre os meios
18
interno e externo, através de três sistemas: o sistema endócrino (controlando as
funções da hipófise), o sistema nervoso autônomo (originando o sistema
simpático e parassimpático) e o sistema motivacional (através de suas
conexões com outras estruturas que constituem o sistema límbico).
A hipófise é constituída pela hipófise anterior (adeno-hipófise), a
intermédia e pela hipófise posterior (neuro-hipófise). Neurônios da região medial
do hipotálamo, na sua porção basal, secretam hormônios reguladores que caem
no sistema porta-hipofisário, rede de vasos sanguíneos localizada na eminência
média, que conecta o hipotálamo à hipófise anterior ou adeno-hipófise. Uma
vez na adeno-hipófise, estas substâncias vão facilitar ou inibir a liberação dos
hormônios aí produzidos que, normalmente, atuam na regulação do
funcionamento das glândulas sexuais, da tireóide, do córtex adrenal, do
crescimento ósseo. O trato supra-óptico hipofisário contém os axônios dos
núcleos supra-óptico e paraventricular que se projetam para a neuro-hipófise,
onde liberam vasopressina e ocitocina na drenagem venosa da hipófise. O
hipotálamo e a hipófise funcionam como um sistema de integração e saída para
todo o SNC. A relação entre as funções hipotalâmicas e hipofisárias fica
evidente quando observamos que certos distúrbios endócrinos cursam com
sintomas psiquiátricos e que alguns distúrbios psiquiátricos são acompanhados
de perturbações endócrinas.
Fig 1.5 - Vista medial do encéfalo. A relação espacial entre os lobos cerebrais é mostrada embaixo. Fonte: As Bases Biológicas do Comportamento – Marcos Lira Brandão Pg 14.
19
1.6. TELENCÉFALO
Ocupa a maior parte do cérebro, podendo ser dividido em córtex cerebral e
núcleo da base, telencéfalo é o nome dado aos hemisférios cerebrais.
A parte evolutivamente moderna do córtex cerebral é designada por
neocórtex; enquanto que a maior parte do córtex mais antiga é conhecida como
córtex límbico (DAMÁSIO, 2010) ou sistema límbico.
Entre os núcleos da base, destacam-se o núcleo caudado e o núcleo
putâmen. Os núcleos da base desempenham uma importante função no
controle de movimentos, mantendo estreita relação entre as áreas motoras do
cerebelo.
O telencéfalo predomina nos vertebrados superiores e apresenta-se sob a
forma de dois grandes hemisférios cerebrais, separados pela fissura
longitudinal superior.
Cada hemisfério possui três pólos: frontal, temporal e occipital e três faces:
inferior, súpero-lateral e medial. Abaixo do córtex cerebral existem diversos
agrupamentos organizados de neurônios e feixes de fibras constituindo as
estruturas subcorticais. As principais são o corpo caloso, o fórnix, a área septal,
o hipocampo, a amígdala e os núcleos da base.
1.7 – NEURÔNIOS
Os neurônios são células nervosas funcionais, altamente especializadas,
são constituídas por um corpo celular de onde partem dois prolongamentos,
dendritos e axônios.
Nossa capacidade mental de pensar sobre nossa origem é um dos
muitos produtos do funcionamento dos nossos neurônios, nossas células
cerebrais, e suas conexões: as sinapses. O neurônio, sua estrutura e suas
funções começaram a ser descoberto há cerca de 100 anos apenas, com os
20
trabalhos do espanhol Santiago Ramón y Cajal. O cérebro de um ser humano
adulto normal contém um número impressionante de neurônios: de 100 a 200
bilhões. Cada neurônio pode estabelecer até 100.000 ligações com os seus
vizinhos: são as sinapses. É através das sinapses que ocorre a
neurotransmissão.
Segundo Barbosa,
O cérebro fabrica uma infinidade de neurônios e sinapses. Apesar do “estoque”, haverá uma seleção daqueles que serão inicialmente
utilizados, sendo o restante mantido. Se os estímulos recebidos são positivos, há um fortalecimento seletivo de população de sinapses. Se não houver estímulos, pode haver um enfraquecimento. Os estímulos
internos e externos são de fundamental importância para o desenvolvimento do cérebro humano. (2007, p.65)
Segundo Denucalov e Simôes (2009 p 52) Apesar dos neurônios
diferirem em seus formatos e funções, todos os neurônios são constituídos por
três estruturas básicas que são:
Dendritos: prolongamentos em forma de fios que têm como
função principal, aumentar a área de contato do neurônio,
recebendo as informações procedentes de outras células
nervosas da redondeza ou de localidades mais afastadas.
Corpo Celular: contém todas as organelas necessárias à
manutenção da vida na célula e ainda reúne as informações que
chegam através de seus dendritos.
Axônio: um tipo de fio condutor que leva a informação do
neurônio para outros neurônios ou, para órgãos, glândulas e
músculos de todo o corpo.
Esse número inimaginável de sinapses justifica a plenitude de nossas
capacidades mentais: memorizar, criar, pensar. Existem pessoas que decoram
milhares de livros, que falam dezenas de idiomas. Na prática, nossa capacidade
de aprendizagem é inesgotável. Aprendemos durante toda a vida, mesmo em
idades avançadas, devido à grande quantidade de neurônios, de sinapses e de
plasticidade neuronal.
21
O cérebro, simplesmente, pode transformar-se, de modo permanente ou
pelo menos prolongado, a sua função e a sua forma, em resposta à ação do
ambiente externo, por meio dos neurônios. São eles, portanto, os grandes
responsáveis por tudo o que podemos perceber e pensar. Por outro lado,
encontramos os dendritos que se ramificam no cérebro como galhos ou raízes
de uma árvore, para receber sinais de outras células nervosas. Quando sadios,
os dendritos podem reorganizar sua morfologia em resposta a estímulos
ambientais. Assim, tanto os axônios como os dendritos possuem ao longo de
suas funções, o poder da plasticidade, de regeneração. (LENT, 2005, P.134).
Pensando nessa possibilidade, Relvas esclarece que,
Estes dendritos funcionam como antenas do neurônio e são cobertos por milhares de sinapses, ou seja, por junções formadas com outras células nervosas onde o terminal pré-
sináptico de uma célula faz contato com a membrana pós-sináptica de outra. São nestas junções que os neurônios são excitados, inibidos ou modulados. (2005, p.26).
Por conseguinte, baseada nestas informações buscou-se na figura
abaixo as partes principais do neurônio (corpo, dendrito, axônio).
Para Presa,
[...] só de neurônios sensoriais (os que processam os cinco sentidos) têm-se cinco tipos, quais sejam: visuais, auditivos, táteis, olfativos e
gustativos. Somente entre os neurônios sensoriais visuais têm-se três subtipos, quais sejam: neurônios visuais para cores; neurônios
visuais para formas e neurônios visuais para a percepção do movimento dos objetos e das coisas. Percebe-se que nessa linha,
encontram-se centenas de tipos de neurônios. (2006, p.27).
Figura 1.6: Elementos que compõe os neurônios. Fonte: Revista CD-ROM - Ano oito - Nº92 - Mar 2003.
22
Os neurotransmissores são os mensageiros químicos que realizam as
sinapses. São muito ínfimos, quase moleculares em tamanho e quantidade. Os
neurônios parecem gigantes diante de determinado neurotransmissor.
[...] o nosso universo biológico interno com centenas de milhões de pequenas células nervosas que formam o cérebro e o sistema nervoso comunicam-se umas com as outras através de
pulsos eletroquímicos para produzir atividades muito especiais: nossos pensamentos, sentimentos, dor, emoções, sonhos, movimentos e
muitas outras funções mentais e físicas, sem as quais não seria possível expressarmos toda a nossa riqueza interna e nem perceber o nosso mundo externo, como o som, cheiro, sabor.
(Relvas 2005, p.21).
Nos anos 70 do século passado conheciam-se cerca de oito
neurotransmissores: eles eram suficientes para explicar todo comportamento.
Atualmente conhecem-se mais de 90 e sabe-se que há outros para serem
descobertos. Todos eles têm implicações diretas sobre as emoções,
pensamentos, percepções e comportamentos. As medicações psicotrópicas
funcionam basicamente mexendo na neurotransmissão.
Para Presa (2006), a palavra sinapse vem do latim synapsis, que
significa contato, ligação. Foi descoberta por Ramón y Cajal (1852-1934) que
nos diz “... os neurônios nunca se tocam”. Durante o século XX o fisiologista
inglês William Sherrington (1861-1952) demonstrou que ela é unidirecional, ou
seja, só ocorre em uma direção. Os neurotransmissores são substâncias
químicas geradas pelos neurônios (retículo endoplasmático). Alterações
radicais no comportamento de uma pessoa podem ser causadas por drogas,
estímulos elétricos e doenças que alteram as quantidades normais dos
neurotransmissores.
O problema da natureza da transmissão de um neurônio para outro
também foi um ponto importante de consideração e pesquisa entre os
neurofisiologistas do começo do século XX. Muitos defendiam a ideia de que a
transmissão era elétrica, da mesma forma como a propagação ao longo da
célula. Em 1846, o grande fisiologista Emil Du Bois-Reymond, o descobridor do
potencial de ação, tinha proposto que somente duas hipóteses poderiam ser
23
consideradas para a transmissão entre neurônios: elétrica ou química. Ele não
tinha nenhum apoio experimental para esta reflexão, de modo que ela acabou
sendo esquecida. Muitos anos depois, entretanto, ao renascer o interesse no
mecanismo sináptico, a hipótese de transmissão elétrica parecia fazer mais
sentido, pois configurava uma imagem mais simples do sistema nervoso.
Infelizmente para esta hipótese, havia três pontos de evidência que a
contradiziam:
A primeira delas era o fluxo unidirecional de informação em uma cadeia
neuronal. Por ser sempre na direção axo-dendrítica, a sinapse deveria
ser a responsável por isso. Se a sinapse fosse elétrica, seria difícil
imaginar como impedir o fluxo na direção oposta quando o elemento pós-
sináptico fosse excitado;
A segunda é que os cientistas estavam começando a acumular
evidências de que existiam sinapses excitatórias e inibitórias. Como já se
sabia que o potencial de ação tinha sempre a mesma polaridade, era
difícil imaginar uma sinapse puramente elétrica produzindo excitação ou
inibição;
A terceira era que existia claramente um retardo na transmissão através
de uma sinapse, como comprovavam os estudos de cronometragem de
um reflexo proprioceptivo simples, como o reflexo patelar, que é
puramente espinhal e monossináptico. Uma transmissão elétrica
dificilmente teria algum retardo. Muitos dos experimentos que forneceram
estas informações foram realizados no laboratório do grande fisiologista
inglês Charles S. Sherrington (1852-1952), que investigou no final de
1890 a fisiologia dos reflexos motores simples e complexos; a conexão
entre os neurônios, via final da regulação da transmissão no sistema
nervoso e, desta forma complementar a linha de raciocínio do "pai" da
fisiologia, Claude Bernard (1813-1878), que tinha descoberto o papel
integrativo do sistema nervoso no organismo.
24
1.8 - CÓRTEX OU NEOCÓRTEX
O córtex cerebral recobre com uma camada de massa cinzenta os
hemisférios cerebrais, correspondendo em grande parte, a grupo de corpos
celulares e neurônios. Abaixo do córtex encontram-se uma farta camada de
substância branca, derivada de feixes de axônios mielinizados.
O córtex forma a superfície com circunvoluções do cérebro em homens e
animais superiores. Consiste em camadas múltiplas de neurônios
interconectados de forma complexa. É a estrutura mais nova do cérebro em
termos evolucionários (neocórtex) e é bem desenvolvida somente em
mamíferos. O neocórtex representa a maior parte do cérebro humano e contém
aproximadamente, dez bilhões de neurônios.
O córtex ocupa a maior parte do telencéfalo, sendo responsável, pelo
desempenho de funções motoras, sensitivo motoras, auditivas ou visuais,
coordenações de ações muito elaboradas como o raciocínio abstrato, atividades
gestuais, memória, interpretação e emissão da fala e linguagem que
correspondem as funções cognitivas superiores.
O médico Korbinian Brodman, em 1909, mapeou cinquenta e duas áreas,
suas diferenças celulares e seus limites anatômicos e as classificou em áreas
de projeção primária, áreas de associação secundária e terciária, sendo está
última responsável receber e integrar as informações sensoriais, já elaboradas
pelas áreas secundárias, criando estratégias de comportamento.
No córtex pré-frontal ocorre uma síntese cognitiva e a formulação de
planos e programas de ação voluntária. O resultado destes programas é
comunicado às zonas motoras primárias, que se encarregam de sua execução
em resposta aos estímulos sensoriais.
A extensão e a complexidade do córtex aumentaram progressivamente e
evolutivamente, atingindo o maior desempenho da espécie humana, o que
provavelmente está relacionado com o grande aumento das funções
intelectuais necessárias à capacidade de aprender e de interagir com o meio.
25
CAPÍTULO II
FACILITADORES DA APRENDIZAGEM
1.1 - SISTEMA LÍMBICO - APRENDIZAGEM EMOCIONAL
Definiu-se a Inteligência Emocional, pela primeira vez em 1990, por Peter
Salovey, como:
"a capacidade de monitorar os sentimentos e emoções próprios e alheios, de reconhecer as diferenças entre eles e de usar essa
informação para orientar o pensamento e a ação das pessoas".
Em publicação recente Peter Salovey, considera que a definição anterior
trata somente de percepções e do controle da emoção, omitindo o pensamento
sobre o sentimento, propõe-se uma nova definição para inteligência emocional:
"A Inteligência Emocional envolve a capacidade de perceber acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de perceber e/ou gerar sentimentos quando eles
facilitam o pensamento; a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o crescimento emocional
e intelectual" .
1.1.2 - EDUCAÇÃO EMOCIONAL
O ser-humano capaz de aprender conteúdos com facilidade, com
excelente memória e diversos diplomas está fadado ao sucesso na profissão ou
em suas relações? Nem sempre...
“Nós todos vivemos experiências que demonstram quanto nossas emoções interferem em todas as demais competências. Por vezes,
as emoções vêm sombrear nossas capacidades intelectuais, procedimentais ou relacionais. Outras, embelezam-nas, iluminam-nas
e facilitam-nas. Por isso é tão importante prestar uma atenção especial ao desenvolvimento de nossas competências emocionais, no
intuito delas retirar o melhor proveito em nossas atividades cotidianas.” (CHABOT, 2005)
Fig: 1.7 – Sistema Límbico Fonte: http://neuroinformacao.blogspot.com.br/2012/08/o-sistema-limbico.html
26
Sabe-se de muitos relatos de pessoas ao nosso redor que, apesar de
muito conceituadas, não têm capacidade de lidar com situações de estresse,
que simplesmente “congelam” perante uma prova ou apresentação em público,
que têm diplomas e aprendem conteúdos com facilidade, mas, que não
consegue modular as suas emoções de maneira adequada.
Inteligência é muito mais do que o simples acúmulo de informações que
se dão a partir do meio externo. A interpretação e a resposta a tais estímulos,
ou seja, a saída da reação pelos nervos eferentes é a parte verdadeiramente
importante de todo o processo. Para Relvas "As emoções sempre consideradas
irracionais são, na verdade, produto da lógica do mesmo cérebro que pensa
racionalmente."
Ao longo da vida, o ser-humano recebe as experiências emocionais
através de seu sistema límbico. Este não “lê” tais emoções e as reconhece
como boas ou más, ou positivas e negativas. Tal decisão acontece no córtex
pré-frontal. É ali que se educa a emoção (RELVAS, 2012). Faz-se necessário,
então, se moldar a leitura destas sensações, visto que as reações em princípio
fazem parte de um mecanismo de defesa, que muitas vezes desperta o sistema
límbico. "A educação emocional é a chave do poder pessoal, pois as emoções
são poderosas." (STEINER, 2001, pg. 15)
O sistema límbico é responsável pelas emoções, mas também comanda
os sistemas endócrinos e vegetativos, por isso pode-se ter como consequência
de emoções não racionalizadas a sobrecarga nos órgãos e descontrole na
produção dos hormônios, podendo até serem geradas doenças
psicossomáticas devido à diminuição da imunidade. Desta maneira, pode-se
compreender a importância da educação emocional, que conforme Steiner
(2001) “é a chave do poder pessoal, pois as emoções são poderosas." (pg. 15)
Diferente da inteligência cognitiva que é presente no homem, a educação
emocional, deve ser adquirida e desenvolvida, o que segundo Wedderhoff:
27
“constitui-se num processo complexo de construção permanente, originado no seio da família, passando pela escola e continuando por toda a vida.”
A educação emocional propicia um maior controle das emoções e uma
visão mais apurada dos estímulos provenientes do meio. A pessoa cuja
inteligência emocional foi bem trabalhada tem maior probabilidade de sucesso
frente a situações de estresse, pois tem maior resiliência. Não são pouco
usuais os casos de pessoas que acabam tendo maior êxito em suas vidas
particulares ou profissionais do que outras que, se comparadas, teriam um
conhecimento acadêmico superior.
O homem mantém em sua constituição cerebral as camadas mais
primitivas, como demonstrado na ilustração abaixo:
Se o cérebro mantém estas camadas em sua estrutura, todas devem ser
educadas para termos o que o Professor Albérico Cony chama em publicação
de seu blog (Trabalho em Equipe – Serviço Voluntário) de inteligência integral,
constituída de: inteligência cognitiva, inteligência emocional e inteligência
volitiva, respectivas a cada camada cerebral. “Ou seja, o pensar, o sentir e o
querer. Ou em outras palavras: razão, sentimento e vontade.”
Fig: 1.8 – Filogenética
Fonte: A biologia do cérebro com
interface na sala de aula - Profa. Marta Relvas
Fig:1.9 INTELIGÊNCIA INTEGRAL
http://professorconyresponde.wordpress.com/2012/
01/27/trabalho-em-equipe-servico-voluntario/
28
Destas inteligências a que vem sendo mais desenvolvida é a inteligência
cognitiva, muito provavelmente pela dicotomia entre razão e emoção iniciada
por Descartes, porém algumas instituições vêm reconhecendo a importância
voltando sua atenção para educação emocional, porém ainda não se atenta
para um desenvolvimento da inteligência volitiva.
Assim, podemos dizer que quanto mais palavras conhecemos, mais frases podemos formular. Quanto mais sentimentos desenvolvemos, melhor nos relacionaremos. Quanto mais
fortalecemos nossa vontade, mais ações éticas e ecológicas desenvolveremos. Assim também essa integralidade estrutura a interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade, a
transpessoalidade, a visão holística, a ação ecologicamente profunda. (De Mais apud Cony)
1.1.3 - INTELIGÊNCIA COGNITIVA:
A inteligência cognitiva é própria do ser humano, o homem tem a
capacidade inata de aprender, realizar raciocínios lógicos e abstrair. Porém,
tudo que se apreende chega ao cérebro através dos sentidos, conforme
Aristóteles afirmara: nihil est in intellectu quod non fueritprius in sensu, isto é,
nada chega à inteligência sem ter passado pelos sentidos. Contudo, a
informação quando chega ao cérebro tem como caminho de entrada o sistema
límbico, o qual é responsável pelas emoções. Por isso, Relvas afirma que a
"razão é uma atitude do ser humano, é a emoção elaborada".
“A forma de aprender está relacionada ao recebimento de estímulos que captamos pelos nossos sentidos, esses nossos fiéis escudeiros e selecionadores de estímulos chamados
canais sensoriais. Esses estímulos conhecidos como informações (som, visão, tato, gustação, olfação) chegam ao tálamo que é uma estrutura no cérebro que tem a função de receber
esses estímulos e reenviá-los para áreas específicas que são responsáveis na elaboração, decodificação e associação dessas informações. O tálamo funciona como um “aeroporto” e junto com o hipotálamo, as amígdalas cerebrais (responsável pela emoção), e o hipocampo
(responsável pela memória de longo prazo), promovem as lembranças e a aprendizagem significativa.” (RELVAS,2012)
A aprendizagem e o cérebro se misturam e completam. Alguns
aprendizados ocorrem de maneira instintiva ao longo do desenvolvimento do
ser humano e se aprimoram com o tempo, como o falar e o andar. Outros
aprendizados, inerentes apenas ao cérebro humano e relativos à cultura, são
passados de maneira estruturada e planejada.
29
A cognição ocorre a partir de estímulos provenientes do ambiente
externo. O cérebro, através do Sistema Nervoso Central, responde a estes
estímulos que chegam pelo Sistema Nervoso Periférico. Uma das principais
funções do sistema nervoso é justamente a cognição, ou aprendizagem.
De acordo com Maia & Thompson (2011),
“O cérebro, como estrutura mais desenvolvida do SNC, tem as atribuições mais complexas dentre as supracitadas,incluindo projeção
sensorial e cognição, planejamento e iniciação de movimentos voluntários, processos mentais complexos (pensamento, raciocínio), compreensão e expressão da linguagem, memória e aprendizagem,
experiências emocionais e motivacionais.”
A partir das informações recebidas pelo cérebro através dos órgãos dos
sentidos por meio de estímulos nervosos, o SNC dá significado a esta
sensação. Estas são chamadas funções cognitivas, ou “conjunto de funções
cerebrais básicas que permitem a recepção e o processamento de estímulos
(externos e internos) e as respostas aos mesmos.” (MAIA, 2011) Tais funções
possibilitam a elaboração do raciocínio e da emoção, e acontecem em
diferentes estruturas cerebrais especializadas. Esta primeira etapa seria a de
Percepção.
Em seguida, a interpretação desta informação é levada para a área da
Memória. Esta pode ser armazenada de forma temporária ou consolidada,
dependendo da necessidade. São três os tipos de memória: a memória de
trabalho, “responsável pelo processamento em tempo real das informações
recebidas do meio e das informações resgatadas da memória permanente para
a execução do raciocínio” (MAIA, 2011); a consolidação, responsável pela
seleção das informações que devem ser armazenadas permanentemente no
córtex cerebral; e a memória permanente, ou “o acúmulo de informações desde
os nossos primeiros momentos de vida” (MAIA, 2011).
Diante do exposto, conclui-se que apesar da inteligência cognitiva, o
conhecimento passa pela emoção, então, uma pessoa pode ter um nível de QI
alto e não ser bem sucedido em sua profissão ou relações por não ter o
controle das emoções, o qual só é adquirido através da educação destas.
30
1.2- PLASTICIDADE CEREBRAL
“Plasticidade pode ser definida como qualquer mudança duradoura nas propriedades morfológicas ou funcionais
do córtex cerebral em resposta a mudanças ambientais ou lesões”. (ROSENZWEIG, 1996).
Segundo Relvas, a plasticidade cerebral é a capacidade do sistema
nervoso, alterar o funcionamento do sistema motor e perceptivo baseado em
mudanças no ambiente, através da conexão e (re) conexão das sinapses
nervosas, organizando e (re) organizando as informações dos estímulos
motores e sensitivos, sendo controladas por grupos especiais de neurônios
(células glias). Somos o que vivenciamos, experimentamos e pelo que
lembramos, aprende-se com o cérebro, e todas as ações perpassam como um
filme na máquina fotográfica, ou comparando a um hardware, onde vários
softwares são “rodados” por meio de impulsos elétricos, e pela centelha dos
afetos ou desafetos existentes e recebidos ao longo de nossas vidas.
Todo aprendizado é uma forma de plasticidade, e recuperação funcional
necessita de evidências de mudanças morfológicas como o desenvolvimento de
ramificação neural. A plasticidade acontece por toda a vida como um dos
mecanismos de obtenção dos ajustes necessários para responder às
exigências funcionais.
“ [...]o aprimoramento cognitivo, pode realmente mudar a estrutura cerebral e melhorar sua capacidade de processamento de informação. O crescimento de novas células foi
especialmente evidente no giro dentado do hipocampo, uma estrutura na superfície mediana do lobo temporal, considerado especialmente importante na formação de memória.”
(GOLDBERG E., 2001, p.248)
Promovendo plasticidade cerebral, encontram-se os neurotransmissores
importantes e suas funções. A dopamina controla os níveis de estimulação e
Fig: 1.11 – Plasticidade Cerebral Fonte: Arquivos Marta Relvas
31
controle motor em muitas partes do cérebro, a serotonina é o neurotransmissor
do “bem-estar”, a acetilcolina controla a atividade de áreas cerebrais
relacionadas à atenção, aprendizagem e memória, a noradrenalina induz a
excitação física e mental e bom humor, o glutamato é o principal
neurotransmissor excitante do cérebro, vital para estabelecer os vínculos entre
os neurônios, que são a base da aprendizagem e da memória à longo prazo,
por fim as encefalinas e endorfinas que são quem modulam a dor e reduzem o
estresse.
Conjugando os três recursos: utilização da memória com a junção do
sistema límbico e mais a plasticidade cerebral, podemos estabelecer a
aprendizagem de uma forma muito complexa e eficiente, pois é através do
sistema límbico e das emoções que podemos despertar a vontade de aprender
e estimulado pela vontade ocorre à plasticidade cerebral, consolidando o
aprendizado conduzindo cada vez mais informações para memória de longo
prazo, assim podendo ocorrer à consolidação da memória e do aprendizado.
1.3 – MEMÓRIA
Para falar sobre aprendizagem o conceito a ser explorado é o da
memória. A memória é a base de todo o saber, ou seja, da nossa
individualidade, da nossa história, da nossa individualidade, das nossas
experiências captadas pelo corpo por meio de movimentos e sentidos e, a
capacidade de julgamento, planejamento, abstração e atenção. Diferentes
partes do encéfalo envolvidas no armazenamento de determinados tipos de
informações formam a memória. (BEAR, 2006, p. 740).
Têm-se notícias de que existem vários tipos de memória e que são
processadas de formas diferentes e em partes diferentes do cérebro. Conforme
Capovilla e do Valle “a memória humana, está localizada em sistemas cerebrais
conjugados”. (2004, p.429)
32
Dentre os tipos de memórias podemos citar de acordo com Relvas:
Memória Ultrarrápida: retenção da informação não dura mais que
alguns minutos, Memória de Curto prazo ou de Curta Duração: não forma
“arquivos”, nela guardamos informações que serão utilizadas dentro de pouco
tempo. Logo após ser utilizada, esquecemos os dados nela armazenados,
Memória de Longo prazo ou de Longa duração: armazena as informações
por um longo período. A capacidade de armazenamento é limitada. Pode ser
dividida em Declarativa e Não declarativa. Memória declarativa: é a memória
para fatos e eventos reúne tudo que podemos evocar por meio de palavras.
Pode ser Episódica: quando envolver eventos datados, isto é, relacionados ao
tempo, e será Semântica: quando envolver o significado das palavras ou
quando envolver conceitos atemporais. Memória Não Declarativa: é aquela
para procedimentos e habilidades. Pode ser de Procedimentos: quando se
referir as habilidades e aos hábitos, pode ser de Dicas: quando for evocada,
resgatada por meio de dicas, como acontece quando ouvimos um som ou
sentimos algum odor que nos lembram de uma situação há tempos vivida. Será
Associativa: quando nos fizer associar um determinado comportamento a um
fato e a Não Associativa: quando for resgatada por meios de estímulos
repetitivos.
Pode-se perceber que uma determinada informação pode ser
armazenada temporariamente como memória de curta duração, mas o
armazenamento permanente como memória de longa duração precisa ser
concretizado. A memória é base da aprendizagem.
Entretanto, a capacidade de informação dessas memórias está
relacionada às condições psico-físico-afetivas do ser humano, pois, cada
pessoa apresenta diferentes reações conforme a utilização de suas mentes e
da capacidade biológica de suas células. Relvas tem um discurso que
demonstra essa relação psico-físico-afetiva. “ela é um fenômeno biológico e
33
psicológico envolvendo uma aliança de sistemas cerebrais que funcionam
juntos”. (2005, p.53).
A repetição fixa a memória e a fixação da memória sofre a influência do
sistema límbico, quanto maior a motivação, maior a fixação. “O aprendizado
acontece, quando a memória é criada e reforçada pela repetição”. (GAZANICA,
2006)
O circuito cerebral da aprendizagem funciona da seguinte forma: o
sistema sensorial captam informações do ambiente e as enviam ao hipocampo,
este transmite informações sensoriais novas para as regiões da substância
negra (SN) e da área tegumentar ventral (ATV), do complexo SN/ATV partem
fibras neurais de volta para o hipocampo, provocando a liberação de dopamina
por várias vezes, fechando o circuito. A liberação de dopamina no hipocampo
facilita a potenciação de longa duração (LTP) um fortalecimento duradouro das
sinapses.
O lobo temporal é uma região no cérebro que apresenta um significativo
envolvimento com a memória. Ele está localizado abaixo do osso temporal
(acima das orelhas). Existem consideráveis evidências apontando esta região
como sendo particularmente importante para armazenar eventos passados.
O lobo temporal contém o neocórtex temporal, que pode ser a região
potencialmente envolvida com a memória de longo prazo. Nesta região também
existe um grupo de estruturas interconectadas entre si que parece exercer a
função da memória para fatos e eventos (memória declarativa), entre elas está
o hipocampo, as estruturas corticais circundando-o e as vias que conectam
estas estruturas com outras partes do cérebro. O hipocampo ajuda a selecionar
onde os aspectos importantes para fatos e eventos serão armazenados e está
envolvido também com o reconhecimento de novidades e com as relações
espaciais, tais como o reconhecimento de uma rota rodoviária.
34
A amígdala, por sua vez, é uma espécie de "aeroporto" do cérebro. Ela
se comunica com o tálamo e com todos os sistemas sensoriais do córtex,
através de suas extensas conexões. Os estímulos sensoriais vindos do meio
externo como som, cheiro, sabor, visualização e sensação de objetos, são
traduzidos em sinais elétricos, e ativam um circuito na amígdala que está
relacionado à memória, o qual depende de conexões entre a amígdala e o
tálamo.
Conexões entre amígdala e hipotálamo, onde as respostas emocionais
provavelmente se originam, permitem que as emoções influenciem a
aprendizagem, porque elas ativam outras conexões da amígdala para as vias
sensoriais, por exemplo, o sistema visual. O córtex pré-frontal exibe também
um papel importante na resolução de problemas e planejamento do
comportamento. Uma razão para se acreditar que o córtex pré-frontal esteja
envolvido com a memória, é que ele está interconectado com o lobo temporal e
o tálamo.
35
CAPÍTULO III
A MELHOR VERSÃO DE SI MESMO 1.1 – DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO – ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) responsável em definir
e regularizar o sistema de educação brasileiro “a educação tem como finalidade
educar para a cidadania, isto é desenvolver competências de interação e
participação social”. Esta educação para cidadania ocorre a partir da
abordagem dos conteúdos curriculares e dos temas transversais que
perpassam os referidos conteúdos, com intuito de promover uma reflexão sobre
o ensino, aprendizagem e seus valores, procedimentos e concepções a eles
relacionados, possibilitando ao aluno, analisar sua forma de viver e aplicar a
sua realidade. (BRASIL, 1997).
Ligada aos temas transversais, está um dos desafios da educação que é
à Alfabetização Ecológica, como nos relata um documento do Center for
Ecoliteracy, Fritjof Capra (1999) apresenta a Alfabetização Ecológica como o
desafio da educação, e prossegue sublinhando a necessidade imperativa do ser
humano compreender os princípios de organização que os ecossistemas
desenvolvem para sustentar a teia da vida, para que seja possível reformar as
instituições sociais. Para ele, a sabedoria da natureza, que fez com que os
ecossistemas se organizassem de forma a maximizar a sustentabilidade em
mais de três bilhões de anos de evolução, é o motivo para se confiar na
necessidade de aprendermos lições a partir dos princípios da ecologia. A
longevidade da natureza a qualifica como uma boa mestra, abrindo a
perspectiva do determinismo biológico.
Conforme David Orr (1992), que expôs no capítulo V do Ecological
Literacy a sua concepção da Alfabetização Ecológica, uma pessoa
ecologicamente alfabetizada seria aquela que possui o senso estético de
encantamento com o mundo natural, e com a teia da vida. Seria aquele
36
indivíduo portador do sentimento da biofilia, descrito por Wilson (1984), como
sendo a ligação que os seres humanos subconscientemente buscam para se
integrar com o restante da vida, em busca de uma maior intimidade com o
mundo natural. A finalidade da Alfabetização Ecológica se baseia então na
possibilidade de nutrir esse sentimento de afinidade para com o mundo natural,
ou seja, despertar a biofilia nos educandos.
A rigor, David Orr (1992) e Capra (1992), são responsáveis pela origem
e divulgação do tema, Alfabetização Ecológica. Segundo David Orr (1992) a
condição essencial para a Alfabetização Ecológica é a necessidade da
experiência direta com a natureza, oportunidade essa que se articula com uma
tendência da educação ambiental, a “educação no meio ambiente”. De acordo
com Lucas (1981), tornar-se ecologicamente alfabetizado, significa
compreender o humano como uma súbita erupção na enormidade do tempo
evolucionário, nesse sentido, a Alfabetização Ecológica pressupõe a
compreensão das relações estabelecidas entre as sociedades humanas e a
natureza, e como elas poderiam ocorrer em bases sustentáveis. Isso requer a
compreensão filosófica da separação e distanciamento do ser humano em
relação à natureza e seus problemas.
Capra (1999) afirma que reconectar-se à teia da vida significa criar e
manter comunidades humanas sustentáveis, onde se pode satisfazer as
necessidades e aspirações sem diminuir as oportunidades das futuras
gerações. O autor afirma que a sobrevivência da humanidade dependerá da
alfabetização ecológica, ou seja, da habilidade em compreender esses
princípios da ecologia, e viver em harmonia com eles, afirma que à medida que
novo século se desdobra, um dos maiores desafios é o de construir e manter
comunidades sustentáveis. Como tem havido muita confusão a respeito do
conceito de sustentabilidade ecológica, acho que vale a pena refletir por um
momento a respeito do verdadeiro significado da palavra “sustentabilidade”.
37
O conceito foi introduzido no início da década de 1980, por Lester Brown,
fundador do Worldwatch Instituto, que definiu comunidade sustentável como a
que é capaz de satisfazer às próprias necessidades sem reduzir as
oportunidades das gerações futuras. Anos depois, o chamado Relatório
Brundtland, encomendado pelas Nações Unidas, usou a mesma definição para
apresentar o conceito de “desenvolvimento sustentável”.
A Humanidade tem a capacidade de atingir o desenvolvimento sustentável, ou seja, de atender às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras
gerações de atender às próprias necessidades.
Esta definição de sustentabilidade implica que o primeiro passo nesse
esforço para construir comunidades sustentáveis deva ser a compreensão dos
princípios de organização que os ecossistemas desenvolveram para manter a
teia da vida. Esse entendimento se tornou conhecido como “alfabetização
ecológica”. Nas próximas décadas, a sobrevivência da Humanidade dependerá
da nossa alfabetização ecológica, nossa capacidade de compreender os
princípios básicos da ecologia e viver de acordo com eles.
1.2 - EDUCAÇÃO INTEGRAL
Segundo Cosme D. B. Massi (2009) em um artigo sobre Educação
Integral, a educação é tarefa de todos. Educam-se pais, professores, médicos,
todos aqueles que desempenham tarefas socialmente úteis podem ser
considerados educadores. Embora a palavra "educação" possa ser empregada
nessa acepção ampla, trata-se, no entanto, de dotá-la de uma significação mais
específica, a ser caracterizada neste texto, quando se utiliza adjetivada na
expressão "Educação Integral". A expressão "Educação Integral" está
Fig:1.10 HOMEM INTEGRAL
Fonte: http://edgardbadari.blogspot.com.br/
38
associada à outra expressão "Homem Integral", que se caracteriza por um tipo
ideal de homem.
É nesse contexto que o pensamento sistêmico propõe uma visão
integrada do ser vivo. Ele se concentra em princípios básicos de organização,
em que a vida se manifesta como uma teia de relações entre as várias partes
de um todo unificado. Como sistema vivo, o humano torna-se participante do
processo de seu desenvolvimento, sendo responsável por suas ações e
condutas (CAPRA, 1996).
Na trajetória histórica da educação brasileira, a partir da década de 1930,
com o pioneirismo de Anísio Teixeira, surgiram as primeiras propostas de educa-
ção integral. Essas experiências têm servido de inspiração para embasar propos-
tas de educação que têm por princípio não apenas ensinar a ler, escrever e
contar, mas desenvolver na criança um conjunto de hábitos, atitudes e
habilidades, preparando-a para os desafios do cotidiano.
A concepção de educação integral coloca o ser humano no centro das
preocupações da educação. De acordo com Guará (2006, p. 16):
[...] agrega-se à ideia filosófica de homem integral, realçando a necessidade de desenvolvimento integrado de suas faculdades cognitivas, afetivas, corporais e espirituais,
resgatando como tarefa prioritária da educação, a formação do homem, compreendido em sua totalidade.
Abordando a educação integral, Yus (2002) refere-se ao ensino e aprendi-
zagem como um processo sistêmico. Segundo o autor, nessa concepção não se
consideram as estratégias pedagógicas como formas hierárquicas e fechadas,
mas como formas de concretizar os esforços de estudantes e professores,
tornando-os eficientes e capazes de produzir conhecimentos significativos.
Segundo Capra (2002), quando o pensamento sistêmico é aplicado ao
estudo das múltiplas relações que interligam os membros da Casa Terra,
alguns princípios básicos podem ser reconhecidos como princípios da ecologia,
princípios da sustentabilidade ou princípios da comunidade.
40
Segundo Yus (2002), para entender a visão Holística da educação se faz
necessário saber a sua origem. A palavra Holismo, vem do grego “holon”,
significa inteiro, integral, totalidade, realidade, que faz referência a um universo
feito de conjuntos integrados que não pode ser reduzido a simples soma de
suas partes.
“O termo Educação Holística foi proposto pelo americano R. Miller (1997) para designar o trabalho de um conjunto heterogêneo de liberais, de humanistas e de românticos que têm em comum a convicção de que a personalidade global de cada criança deve ser considerada na
educação. São consideradas todas as facetas da experiência humana, não só o intelecto racional e as responsabilidades de vocação e cidadania, mas também os aspectos físicos,
emocionais, sociais, estéticos, criativos, intuitivos e espirituais inatos da natureza do ser humano”. (Yus, 2002, p.16).
Conforme Pierre Weil (2007) em “A Arte de Viver em Paz”, “(...) a
educação ao longo da vida baseia-se em quatro pilares básicos, aprender a
fazer, aprender a conhecer, aprender a ser e, aprender a viver juntos”. O autor
afirma que para alcançar esses pilares, a Visão Holística traça um perfil de ser
humano, que pode ser descrito da seguinte forma: “ativo e autodeterminado
com autonomia para reconstruir um novo mundo, pacífico com sensibilidade e
criatividade, solidário que se opõe ao acúmulo de bens como fonte de poder,
busca a justiça social, autoconsciente que luta pela felicidade o bem-estar e a
paz, intuitivo, intuição esta que alimenta hipóteses dentro de uma perspectiva
interdisciplinar, pleno de amor que descarta a competição, o egoísmo, a inveja
e estimula a adesão, a participação e o compartilhar, sensível ao belo e ao
criativo podendo observar, sentir, captar, empolgar-se com detalhes do mundo
e ser espiritualizado que significa buscar internamente um encontro com a
manifestação divina que existe em cada um de nós”.
Esta visão contribui para a percepção do aluno como um ser integral que
aprende a viver junto, a vivenciar as dinâmicas de grupo e a valorizar as coisas
simples da vida, confere ao indivíduo uma condição de estudante e não de
aluno, desperta o indivíduo para o desenvolvimento da razão, da intuição, das
sensações e do sentimento. (Pierre Weil, 2007)
41
1.3.1 – EXEMPLOS DE PRÁTICAS PARA UMA VIDA SUSTENTÁVEL
SEGUNDO FRITJOF CAPRA
Desenvolve-se no Centro de Ecoalfabetização da Califórnia, um sistema
de educação para uma vida sustentável e de uma pedagogia centrada na
compreensão da vida, uma experiência de aprendizagem no mundo real que
supera a alienação da natureza e reacende o senso de participação e um
currículo que ensine aos jovens os princípios básicos da ecologia. A
Alfabetização Ecológica acontece em uma rede crescente de escolas da
Califórnia e começa a se espalhar para outras regiões do mundo. Esforços
semelhantes estão se encaminhando para o ensino superior, liderados pela
Second Nature, uma organização educacional em Boston que colabora com
muitas instituições de ensino para tornar a educação para a sustentabilidade
uma parte fundamental da vida universitária.
Segundo Capra (2002), nos últimos anos, experimentos de práticas para
se viver de forma a aplicar o conceito de Alfabetização Ecológica nas escolas
estão sendo feitos, descobriu-se que plantar uma horta e usá-la como recurso
para o preparo de refeições na escola é um projeto perfeito para experimentar o
pensamento sistêmico e os princípios da ecologia em ação. A horta
reestabelece uma conexão dos jovens com os fundamentos da alimentação,
com os próprios fundamentos da vida, e ao mesmo tempo, que se integra e se
torna cada vez mais interessantes praticamente todas as atividades que
acontecem na escola.
“onde existe vida, existem redes, e onde existem redes vivas existem ciclos. A teia da vida, o fluxo de energia e os ciclos da natureza são exatamente os fenômenos que as crianças podem
experimentar, investigar e compreender enquanto estão cuidando de uma horta”.(CAPRA,1999)
Defende Capra (1999), que na horta, aprende-se sobre os ciclos
alimentares e integra-se os ciclos naturais dos alimentos aos ciclos de plantio,
cultivo, colheita, compostagem e reciclagem. Através desta prática, aprende-se
ainda que a horta como um todo, está inserida em sistemas maiores que
42
também são redes vivas, com seus próprios ciclos. Os ciclos dos alimentos
interagem com esses ciclos maiores, o ciclo da água, o ciclo das estações, que
são todos filamentos da rede planetária da vida. A experiência se torna cada
vez mais consciente, de que se faz parte da teia da vida, com o tempo, a
experiência da ecologia na natureza nos proporciona um senso de lugar. Dá-se
conta de que se está inseridos em um ecossistema, numa paisagem com flora e
fauna peculiares, em um sistema social e uma cultura própria.
A experiência na horta para as crianças é algo mágico, segue um dos
relatos de um professor que participou do processo. “uma das coisas mais
interessantes sobre a horta é que estamos criando um espaço mágico para
crianças que jamais teriam acesso a um lugar como este, nem a oportunidade
de travar contato com a terra e com as coisas que crescem. Você pode ensinar
tudo o que quiser às crianças, mas estar ali, plantando, cozinhando e comendo,
essa é uma ecologia que toca o coração e se tornará importante para elas”.
A integração do currículo com a horta só é possível, se a escola tornar-
se uma verdadeira comunidade de aprendizagem, onde professores, alunos e
administradores estão conectados em uma rede de relações, trabalhando juntos
para facilitar a aprendizagem. O ensino não acontece de cima para baixo, mas
existe uma troca intrínseca e cíclica de informações, onde o foco está na
aprendizagem, e todos no sistema são ao mesmo tempo mestres e aprendizes.
Afirma Capra que o pensamento sistêmico é crucial para a compreensão
do funcionamento das comunidades de aprendizagem, na verdade, os
princípios da ecologia podem ser também interpretados como princípios da
comunidade e com o passar dos anos, passar-se a definir currículo como “os
conteúdos e contextos que ajudam o estudante a criar significados, desenvolver
comportamentos e valores e compreender o mundo”.
43
CONCLUSÃO
A Neurociência contribui com a prática pedagógica no sentido de levar o
professor a conhecer os mecanismos do cérebro e de como ele aprende assim
como também conhecer os processos neurobiológicos das emoções e da
aprendizagem e a influência da emoção nesse processo, dependendo da
qualidade pedagógica do docente e da interação afetiva com os alunos.
Relvas afirma que, "o antigo paradigma defendia um ideal de razão livre
do peso da emoção. O novo paradigma incita o ser humano a harmonizar
cabeça e coração", abrindo-se uma perspectiva de caminho a ser seguido de
forma mais consciente e em conformidade com as leis da natureza, para mudar
paradigmas, se faz necessário mudar crenças e as percepções do mundo que
os cerca, não é algo fácil, mas deve se dar o primeiro passo.
Precisa-se dar um salto em direção ao ser humano visto como um todo,
holístico, sistêmico, não como seres segmentados por estruturas e sim como
pessoas que funcionam como: “uma rede de relações e interconexões onde o
tudo pertence ao todo e o todo é muito mais do que a soma das
partes”.(OSMAR MOTOMURA)
[...] o padrão básico de organização da vida é o da rede ou teia; a matéria percorre ciclicamente a teia da vida; todos os ciclos ecológicos são sustentados pelo fluxo constante de energia
proveniente do sol. Esses três fenômenos básicos - a teia da vida, os ciclos da natureza e o fluxo de energia - são exatamente os
fenômenos que as crianças vivenciam, exploram e entendem por meio de experiências diretas com o mundo natural. (Capra, 2006b,
p.14).
Para compreender o sentido do estudo da teia numa visão sistêmica se
faz necessário compreender o significado de "pensamento sistêmico" que é
definido como a compreensão de um fenômeno dentro de um todo maior, pois
"entender as coisas sistemicamente significa, literalmente, colocá-las dentro de
um contexto e estabelecer a natureza de suas relações" (CAPRA, 2006a, p.
39).
44
A experiência da horta como uma ferramenta para a integração dos
jovens com os princípios básicos da natureza é um dos exemplos que se pode
fazer nesse resgate do ser holístico, onde todos pertencem a um mesmo
mundo e com isso se deve interagir de forma harmoniosa com ele.
A partir disso, instalou-se a possibilidade de modificação da realidade de
ensino em relação às novidades que o cérebro e a Neurociência podem trazer
aos professores e aos estudantes. De acordo com Kubo e Botomé, “a
conclusão de que houve aprendizagem, não será expressa pela emissão de um
determinado comportamento no aluno, mas, será observada nas relações que o
aluno estabelece com seu meio, no sentido de modificá-lo”. (2001, p. 133).
“À medida que nosso novo século se desdobra, a sobrevivência da Humanidade dependerá de
nossa alfabetização ecológica: nossa capacidade de compreender os princípios básicos da ecologia e viver de acordo com eles. Este é um empreendimento que transcende todas as diferenças de raça, cultura ou classe social. A Terra é nosso lar comum, e criar um mundo
sustentável para nossas crianças e para as futuras, gerações é uma tarefa para todos nós”. (CAPRA, 2006)
Ressalta-se que o pensamento sistêmico é o núcleo intelectual da
Alfabetização Ecológica e que se permite integrar seus vários componentes:
compreender os princípios da ecologia, sua experimentação na natureza e a
consequente aquisição de um senso de lugar; incorporar insights nascidos de
um novo conceito de aprendizagem, enfatizar a busca de padrões e significados
por parte da criança; implementar os princípios de ecologia para construir e
manter uma comunidade de aprendizagem e a integrar o currículo através da
aprendizagem baseada em projetos.
Além disso, não se pode deixar de frisar que o estudo não termina aqui,
mas abrem-se perspectivas para ir além, na busca de novos conhecimentos,
mesmo sabendo-se que para isso haverá um logo caminho a percorrer.
45
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A biologia do cérebro com interface na sala de aula - Profa. Marta Relvas
51
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 9
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I - NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA 12
1.1 – Breve Histórico 1.2 - Sistema Nervoso 1.3 - Cérebro – Encéfalo 1.4 - Cerebelo 1.5 - Tronco Encefálico 1.6 - Diencéfalo 1.7 - Telencéfalo 1.8 - Neurônios 1.9 - Córtex ou Neocórtex
CAPÍTULO II - FACILITADORES DA APRENDIZAGEM 25
1.2 - Sistema Límbico - Aprendizagem Emocional 1.1.2 – Educação Emocional 1.1.3 – Inteligência Cognitiva
1.2 - Plasticidade Cerebral 1.3 – Memória
CAPÍTULO III – A MELHOR VERSÃO DE SI MESMO 35
1.1 – Desafios para a Educação: Alfabetização Ecológica 1.2 - Educação Integral 1.3 - Educação Holística
1.3.1- Exemplos de práticas para uma vida Sustentável segundo Fritjof Capra
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
BIBLIOGRAFIA CITADA 48
ÍNDICE 51
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