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1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INQUÉRITO POLICIAL
RODRIGO DOS SANTOS PEREZ CARNEIRO
ORIENTADOR: Prof. JEAN ALVES
Rio de Janeiro 2016
DOCUMENTO P
ROTEGID
O PELA
LEID
E DIR
EITO A
UTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Direito e Processual Penal.
Por: Rodrigo dos Santos Perez Carneiro
INQUÉRITO POLICIAL, PROCEDIMENTO INQUISITIVO,
ACUSATÓRIO E MISTO
Rio de Janeiro 2016
4
DEDICATÓRIA
Dedica-se ao meu pai Alberto Carneiro, minha
mãe Jussara dos Santos Perez Carneiro, meu tio
Roberto Carneiro, a todos meus familiares,
amigos e minha noiva Bruna Mello da Silva .
5
RESUMO
Este trabalho de Inquérito Policial são para os estudantes e
operadores do direito, que militam em delegacias pelo Estado do Rio de
Janeiro e Brasil, onde normalmente são impedidos de ter acesso aos
procedimentos criminais onde seus clientes estão sob investigação, e que os
investigadores informam que estão sob sigilo erradamente.
Desde já, vale ilustrar que a lei Federal 8.906/94 (Estatuto da
Advocacia e da OAB) garante ao advogado "examinar, em qualquer
repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito,
findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar
peças e tomar apontamentos" (artigo 7º, XIV). Ratificando tal afirmação,
imprescindível é mencionar, também, a 14ª súmula vinculante, ao garantir
que "É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Valendo lembrar que foi atualizada pela nova lei Federal,
13.245/16, alterando o Estatuto da OAB, traz importantes dispositivos acerca
da atuação dos advogados em procedimentos voltados à investigação de
crimes, tanto pelas polícias judiciárias (civil e federal), quanto pelo Ministério
Público.
Ademais, a garantia de acesso aos autos, ainda que incurso
perante autoridade policial é garantia constitucional de ampla defesa, pois, a
ampla defesa – "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes" artigo 5, LV da CF.
6
Conclui-se que os inquéritos policiais como qualquer outro
procedimento que esteja em curso é indispensável ao defensor que possa
tomar conhecimento de tal fato, mesmo estando em segredo de justiça, assim
para que seja assegurada o contraditório e ampla defesa conforme a Carta
Magna.
7
METODOLOGIA
Os métodos utilizados foram basicamente as bibliografias, como
também entrevista a advogados que militam na área criminal e alguns autores
como Norberto Avena, Guilherme Nucci, André Nicollit, Cezar Roberto
Bitencourt e Gabriel Habib.
Contudo o desenvolvimento do presente estudo baseou-se na
análise do procedimento em delegacias e em Tribunais de Justiça como que
agem os servidores na questão dos advogados com seus clientes, nos acessos
aos procedimentos e processos em que estejam atuando.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
O início do Inquérito Policial 12
CAPÍTULO II
Característica do Inquérito Policial 16
CAPÍTULO III
Inquérito Policial artigo 5º, CPP 21
CAPÍTULO IV Diligenciais Investigatórias 27 CAPÍTULO V Identificação Criminal do Indiciado 31 CAPÍTULO VI Reprodução Simulada ou Reconstituição 32 CAPÍTULO VII Prazos de Conclusão do Inquérito Policial 33 CAPÍTULO VIII Incomunicabilidade 37 CAPÍTULO IX Atuação do Advogado no Inquérito Policial com Advento da lei 13.245/16 40
9
CAPÍTULO X Conclusão do Inquérito Policial 43 CAPÍTULO XI Indiciamento 44 CAPÍTULO XII Inquérito até ao Juízo 46 CAPÍTULO XIII Inquérito Presidido por Autoridade Policial de Outra Circunscrição 51 CAPÍTULO XIV Termo Circunstanciado 53
CONCLUSÃO 56
BIBLIOGRAFIA 58
ÍNDICE 59
10
INTRODUÇÃO
A presidência do inquérito policial está centralizada na figura do
delegado de polícia, cujo modelo se consolidou com a Constituição Federal de
1988, fortalecido pela Lei 12.830/13. Com base nesse formato, busca-se uma
dinâmica investigatória que visa sopesar direitos e garantias fundamentais do
indivíduo, sem que este novo delineamento acarrete prejuízos à ordem pública,
à eficácia da lei penal ou aos interesses da coletividade.
Portanto, ao final de todo o procedimento investigatório, o quadro
fático desenhado pelo delegado de polícia deverá se aproximar dos
acontecimentos reais, propiciando a responsabilização criminal de uns e a
ratificação da inocência de outros, como forma de aplicação dos princípios
basilares do Estado Democrático de Direito, impedindo acusações injustas,
arbitrárias e desprovidas de necessidade. A investigação criminal atua,
portanto, como um primeiro filtro a evitar um processo penal desnecessário.
A Lei Complementar 75/93, ato normativo primário que dispõe sobre
a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público da União,
aponta, no artigo 38, entre suas funções institucionais, requisitar diligências
investigatórias e instauração de inquérito policial, podendo acompanhá-los e
apresentar provas. Percebe-se que o órgão ministerial, quanto a sua relação
com inquérito policial, não tem disponíveis poderes ou funções que o
autorizem a atuar como ator principal no inquérito policial. Cabe-lhe, nos
termos legais, funções anômalas, estranhas à capacidade investigatória do
delegado de polícia.
Assim, como podemos analisar existem 3 (três) tipos de
procedimentos de Inquérito Policial, o inquisitivo, acusatório e o misto, que
serão analisados no decorrer deste artigo, o inquisitivo não há ampla defesa
e contraditório (salvo em expulsão de estrangeiro decreto lei 86.715/81), é o
tipo processual penal reservado de direitos e garantias ao acusado, onde
11
prevalece a dignidade da pessoa humana frente ao arbítrio do Estado, já o
misto, é um pouco de cada onde há um contraditório e ampla defesa e uma
instrução probatória sendo assegurado o processo acusatório.
Concluindo que, o sistema adotado no Brasil, apesar de muitos
dizerem que é o acusatório, o que muitos juristas também dizem como os
que militam nesta área o que predomina é o sistema Inquisitivo.
12
CAPÍTULO I
O INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL
O Inquérito Policial foi criado através de um Decreto, Decreto n.
4.82, de 22 de novembro de 1871, nascendo assim um verdadeiro instrumento
oficial da persecutio criminis extra-juditio. Referido decreto não encontrasse
mais em vigor. Com o advento do Código de Processo Penal de 1941, o
inquérito policial foi mantido, como um instrumento de garantia do cidadão
contra abusivas acusações. Pelas mesmas razões, a Constituição Federal de
1988, conhecido a Constituição Cidadã, através de seus princípios foi o mesmo
recepcionado, já que para acusar alguém, necessário elementos com
fundamentos fáticos e jurídicos suficientes para ser promovida a ação penal. E
em regra esta sustentação somente se consegue, em regra com o Inquérito
Policial.
O inquérito policial1 é instrução provisória, preparatória, destinada a
reunir os elementos necessários (provas) à apuração da prática de uma
infração penal e sua autoria. Previsto nos artigos 4º a 23 do CPP, é o
instrumento formal de investigações, compreendendo o conjunto de diligências
realizadas por agentes da autoridade policial e também por ela mesma
(delegado de polícia) para apurar o fato criminoso e descobrir sua autoria. Em
suma, é a documentação das diligências efetuadas pela polícia judiciária,
conjunto ordenado cronologicamente e autuado das peças que registram as
investigações.
Existem alguns tipos de inquérito Policial: o inquérito policial militar,
presidido por militares com o fito de apurar exclusivamente crimes militares; o
inquérito judicial nos crimes falimentares, presidido pelo juiz, mas que não
existe mais devido a alteração na lei de falências; o inquérito policial de
expulsão, procedimento administrativo e com ampla defesa realizado pela
Polícia Federal visando colher provas e subsídios para que o Ministro da
1 Mirabete, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado. Ed. Atlas, São Paulo.
2000.
13
Justiça decida pela expulsão do país de estrangeiro que cometera ilícito penal
em território nacional e o inquérito civil, que visa colher elementos para a
proposição da ação civil pública por danos causados ao patrimônio público e
social, ao meio ambiente e a outros interesses difusos e coletivos, presidido por
membro do Ministério Público2.
1.1. Sistemas Processuais penais (Inquisitivo, Acusatório e
Misto)
Há muita discussão acerca da classificação do sistema processual
penal brasileiro. Alguns autores afirmam que, após a promulgação da
Constituição de 1988, o processo penal no Brasil se enquadra como
acusatório, ou seja, as funções acusatórias e julgadoras não se concentrariam
no mesmo órgão.
Entretanto, alguns doutrinadores ousam discordar de tal
posicionamento, apontando que em razão da atual legislação
infraconstitucional brasileira o sistema processual penal não poderia ser
classificado como acusatório puro, mas sim inquisitivo garantista.
No processo inquisitório a autoridade (inquisidor) assume todos os
ângulos da persecução penal, desde a apuração do fato ate o seu julgamento,
enfeixando numa pessoa só as funções de acusador, defensor e julgador.
E o misto se daria nas duas vertentes, um acumula desses
procedimentos que seria uma melhor forma de se tornar o inquérito policial.
Concluindo, o Inquérito Policial na realidade Brasileira e como age
todos em departamento Policial, o Sistema adotado é o Inquisitivo, ou seja,
sem ampla defesa e contraditório, em minha opinião só incha mais o
judiciário Brasileiro e o Sistema Prisional3.
2 Tourinho Filho, Fernando da Costa. Processo Penal, 13ª ed. Ed. Saraiva, São Paulo. 1992.
3 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 3ª ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2007. p. 104-105
14
1.2. Sistema Inquisitivo
O sistema Inquisitivo, é o procedimento em que não cabe o
contraditório nem ampla defesa do suposto investigado no Inquérito Policial, o
advogado em muitos casos é impedido de ter acesso ao procedimento, sob
alegação do sigilo dos atos ali praticados pelos Delegados de Policia e seus
investigadores, mesmo quando fazem seus apontamentos para defesa do seu
cliente, em alguns casos dificilmente consegue algum êxito.
Assim, nas delegacias não se faz valer a carta magna, o artigo 5º,
LV, muito menos a Lei Federal 8.906/94, Estatuto da OAB, artigo 7º, XIV.
“Fernando da Costa Tourinho Filho, por sua vez, nos
ensina que, havendo o princípio do contraditório, a defesa
não deveria estar sujeita a restrições, porque quando se
fala em contraditório, fala-se da completa igualdade entre
acusação e defesa - o que não há realmente no inquérito
policial pois, não há neste momento procedimental um
acusado e sim um indiciado.”
1.3. Sistema Acusatório
No Brasil foi adotado, com a Constituição Federal de 1988, o
sistema acusatório, ficando definidas as funções de acusar e julgar em órgãos
distintos. São inúmeros os princípios e garantias previstos na Carta Maior
ratificando tal sistema, entre eles há a ação penal pública promovida,
privativamente, pelo Ministério Público (art. 129, I); A autoridade julgadora é a
autoridade competente juiz natural (art. 5º, LIII, 92 a 126); há publicidade dos
atos processuais (art. 5º, LX).
Assim, esse sistema e como dizem totalmente garantista, ou seja
com todas as garantias que é imposta na Constituição Federal de 1988, como
Estado Democrático de Direito, qual seja do devido processo legal (art. 5º, LIV),
da garantia do acesso à justiça (art. 5º,LXXIV), da ampla defesa (art. 5º, LV,
LVI e LXII), da publicidade dos atos processuais e motivação dos atos
decisórios (art. 93, IX) e da presunção da inocência (art. 5º, LVII).
15
1.4. Sistema Misto
No sistema misto, ocorre que na fase instrutória ou preparatória,
também chamada de fase pré-processual, mantiveram fortes resquícios do
modelo inquisitório, em contrapartida, na fase processual propriamente dita,
ganhou traços característicos do tipo acusatório.
O sistema misto, conhecido por muitos como sistema francês,
propôs uma solução intermediária entre os sistemas inquisitivo e acusatório,
por meio da união da eficiência inquisitória na investigação dos delitos e o tipo
processual acusatório, sendo o mais adequado na defesa dos direitos
humanos.
Esse modelo tem como característica primária a existência de duas
fases: primeiramente a inquisitória, em que vigora as práticas admissíveis no
modelo inquisitivo, respeitando a dignidade da pessoa investigada – tais como
procedimento sigiloso, escrito, sem contraditório e a ampla defesa. Na segunda
etapa de processo propriamente dito, predominam todas as regras do modelo
acusatório as quais se destacam a clara separação das funções de acusar,
julgar e defender, as garantias da ampla defesa o contraditório, etc.
16
CAPÍTULO II
CARACTERÍSTICA DO INQUÉRITO POLICIAL
O Inquérito Policial apresenta algumas características o presente
texto busca identificar e analisar as características principais do inquérito
policial, delimitando as suas peculiaridades e traços distintivos dos demais
institutos da persecução criminal.
a) “Procedimento escrito: todos os atos realizados no curso das
investigações policiais serão formalizados de forma escrita e rubricadas pela
autoridade, incluindo-se nesta regra os depoimentos, testemunhos,
reconhecimentos, acareações, enfim, todo gênero de diligências que sejam
realizadas” (art. 9º do CPP).
b) “Oficiosidade: ressalvadas as hipóteses de crimes de ação penal
pública condicionada à representação e dos delitos de ação penal privada, o
inquérito policial deve ser instaurado ex officio ( independente de provocação)
pela autoridade policial sempre que tiver conhecimento da prática de um delito,
com fulcro do art.5º, l, do CPP.
Assim como em outros aspectos eventuais evidenciais de o fato ter
sido praticado por excludente de ilicitude ou culpabilidade, não é necessário
abertura do inquérito policial, já que o mesmo justifica-se diante de uma notícia
contra ocorrência de uma infração penal”.
c) “Oficialidade: trata-se de investigação que deve ser realizada por
autoridade e agentes integrantes dos quadros públicos, sendo vedada a
delegação da atividade investigatória a particulares, inclusive por força da
própria Constituição Federal. Consoante o artigo 144, paragrafo 4º, da CF/88, “
ás policias civis, dirigidas por delegados de policia de carreira, incubem,
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a
apuração de infrações penais, exceto as militares.” Cabe ressaltar que, em
nenhuma hipótese, a atividade de presidência desse inquérito poderá ser
17
realizada pelo Juiz e nem pelo ministério público sob pena de violação as
regras que informam o sistema acusatório. Estes poderão apenas requisitar ao
delegado de polícia a instauração do inquérito, nos termos do art 5º, II, CPP”.
d) “Discricionariedade: a persecução, no inquérito policial,
concentra-se na figura do delegado de polícia que, por isso mesmo, pode
determinar ou postular, com discricionariedade, todas as diligências que julgar
necessárias ao esclarecimento dos fatos. Isto quer dizer que, uma vez
instaurado o inquérito, possui a autoridade policial liberdade para decidir acerca
das providências pertinentes ao êxito da investigação. Isso quer dizer que o
delegado de polícia poderá requerer oitivas de testemunhas, perícias.
Assim, embora possa o delegado, por exemplo, segundo sua
discricionariedade, concluir pela necessidade de efetivação de busca e
apreensão domiciliar ou interceptação das conversas telefônicas, antes de
adotar essas providências deverá obter a competente ordem judicial, sob pena
de ilicitude das provas então obtidas. Do mesmo modo, ao proceder ao
interrogatório do investigado, não poderá constrangê-lo a falar caso se reserve
ele ao direito de permanecer em silêncio, pois este decorre não apenas da
sistemática constitucional (art.5º, LXIII da CF e art. 6º, V c/c o art. 186, ambos
do CPP)”.
e) “Inquisitorial: O inquérito instaurado pela polícia federal visando
a expulsão de estrangeiro cabe o contraditório e a ampla defesa. Assim o
inquérito policial de um procedimento inquisitivo, voltado para obtenção de
elementos para suporte do oferecimento da denuncia ou de queixa, em razão
da natureza que é o inquérito faculta as partes (ofendido ou investigado) de
requerer diligências. Contudo deve-se atentar que, em determinados casos, os
tribunais tem concedido ordem de habeas corpus com a finalidade de
determinar a autoridade policial o atendimento de diligências requeridas pelo
ofendido ou pelo investigado conforme o art. 14 do CPP.
Além disso, é oportuno referir que, mesmo em termos de legislação
processual, a faculdade indeferitória da autoridade policial não é absoluta, pois
não atinge o requerimento de perícia destinada a comprovar materialidade do
18
vestígio do crime, art 184 do CPP. Entretanto, a autoridade policial não poderá
negar a perícia requerida pelas partes quando se tratar de exame para
comprovação da materialidade do crime”.
f) “Indisponibilidade: uma vez instaurado o inquérito, não pode a
autoridade policial, por sua própria iniciativa, promover o seu arquivamento, art.
17 do CPP, ainda que venha a constatar eventual atipicidade do fato apurado
ou que não tenha detectado indícios que apontem o seu autor. Em suma, o
inquérito sempre deverá ser concluído e encaminhado a juízo”. 4
2.1. Da Desnecessidade do Inquérito Policial (Comissões
Parlamentares de Inquérito - CPI)
O inquérito policial está disciplinado nos artigos 4º ao 23º do CPP, e
preenche alguns requisitos para sua propositura, mas existe uma exceção
nesse caso, a famosa Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), prevista no
artigo 58, §3º, da CF/88.
As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados
e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante
requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade civil
ou criminal dos infratores.
O conteúdo do parágrafo supracitado evidencia que, nos casos de
incidência da atuação das Comissões Parlamentares de Inquérito, cabe a estas
os poderes de investigação, com eventual remessa posterior ao Ministério
Público, sem a necessidade de instauração do inquérito policial para a colheita
de informações a embasarem a peça acusatória.
4 Avena, Norberto Claudio Pâncaro – Processo penal: esquematizado / Noberto Avena.- 3ª
edição –Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: método 2011, pagina 164
19
A Lei nº 9.099/95, em seus artigos 69 e 77, caput e parágrafo 1º,
também dispõem sobre casos de dispensa do inquérito policial, deve a
autoridade policial lavrar um termo circunstanciado da ocorrência, ou seja,
elaborar um relato do fato tido como infração penal de menor potencial
ofensivo. Esse termo de ocorrência não exige requisitos formalísticos, mas
deve conter os elementos necessários para que se demonstre a existência de
um ilícito penal, de suas circunstâncias e da autoria, citando-se de forma
sumária o que chegou ao conhecimento da autoridade pela palavra da vítima,
do suposto autor, de testemunhas, de policiais etc.
2.2. O Que pode ou não fazer a CPI e seu Prazo
Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) é formada por
deputados para conduzir uma investigação a partir da tomada de depoimentos
e análise de documentos, pelo prazo máximo de seis meses (120 dias + 60
dias de prorrogação). A CPI precisa investigar um fato específico e
determinado, não genérico. A CPI pode;
Convocar ministro de Estado;
Tomar depoimento de autoridade federal, estadual ou municipal;
Ouvir suspeitos (que têm direito ao silêncio para não se autoincriminar) e
testemunhas (que têm o compromisso de dizer a verdade e são obrigadas a
comparecer);
ir a qualquer ponto do território nacional para investigações e audiências
públicas;
Prender em flagrante delito;
Requisitar informações e documentos de repartições públicas e
autárquicas;
Requisitar funcionários de qualquer poder para ajudar nas investigações,
inclusive policiais;
Pedir perícias, exames e vistorias, inclusive busca e apreensão (vetada
em domicílio);
Determinar ao Tribunal de Contas da União (TCU) a realização de
inspeções e auditorias; e
20
Quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados (inclusive telefônico, ou seja,
extrato de conta e não escuta ou grampo)
A CPI não pode fazer
Não pode investigar crimes comuns;
Não pode mandar prender (salvo em flagrante);
Não pode determinar medidas processuais de garantia, tais como:
sequestro de bens, decretar indisponibilidade de bens;
Não pode impedir que pessoa deixe o País;
Não pode decretar prisão preventiva;
Não pode pedir violação de domicílio;
Não pode quebrar sigilo das comunicações telefônicas (escuta
telefônica, “grampo”)
As CPIs não possuem todos os poderes instrutórios dos juízes. Elas
apenas investigam fatos determinados, mas não processam e julgam.
2.3 INQUERITO EXTRAPOCILIAIS
“Existem inquéritos extrapoliciais como nesse caso é presidido por juiz de
direito á apuração de infrações falimentares, tal possibilidade não mais subsiste
em nosso ordenamento jurídico. Com efeito, com advento da nova Lei de
Falências (Lei nº 11.101,9 de fevereiro de 2005), a qual revogou o decreto-Lei
nº 7.661/45, não há mais se falar em investigações presididas por juiz de direito
no crimes falimentares, já que o mencionado diploma legal aboliu o inquérito
judicial que compunha o procedimento bifásico da antiga Lei de Falências (fase
do inquérito judicial a fase processual). Com advento da Lei n. 11.101/2005, o
juiz em qualquer fase processual, surgindo indícios da pratica de crime
falimentar, cientificará o Ministério Publico, artigo 187, §2º”. 5
5 Capez ,Fernando, Curso de Processo penal / Fernando Capez. – 14. Ed. Ver. E atual.- São
Paulo: Saraiva,2007
21
APÍTULO III
DO INQUÉRITO POLICIAL ARTIGO 5º DO CPP
Aqui é o inicio do inquérito Policial no Código de Processo Penal em
seu artigo 5º, comtemplam as formas de inicio do procedimento, as quais
dependem, sobretudo, da natureza do crime a ser investigado, como ação
penal publica incondicionada, condicionada ou privada.
3.1. Crimes de ação penal pública incondicionada.
Nos crimes de ação penal pública incondicionada, o inquérito policial
pode se dar EX OFFICIO, ou seja, quando a próprio autoridade instala o
inquérito por si só, sponte sua. A materialização do inquérito se dá com a
portaria. O delegado de Policia conterá o objeto da investigação, as
circunstancia conhecidas em torno do fato a ser apurado. Tal forma de
instauração independe de provocação de interessados deverá sempre
instaurada na ocorrência de um crime.
Assim, verifica-se que o artigo 5º § 3º, do CPP, que qualquer
pessoa, do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em
que caiba ação penal pública poderá comunicar á autoridade policial, isso
chamasse delatio criminis simples. Nestes casos o delegado irá verificar a
procedência do fato e mandará instaurar inquérito.
E também existem as comunicações anônimas ou aquelas
comunicações apócrifas, apesar de existirem algumas divergências e não
obstante o anonimato seja vedado até mesmo em nível constitucional, a
comunicação de um fato criminoso a autoridade policial não exige a
identificação do denunciante como condição para do ato ilícito narrado.
22
3.2. Requisição da autoridade judiciária ou do Ministério
Público artigo 5º, II, CPP
A requisição de instauração de inquérito pelo juiz ou pelo Ministério
Público possui conotação de existência, determinação, razão pela qual, em
tese, não poderá ser descumprida pela autoridade policial. Este forma de
instauração, em que pese obrigue ao desencadeamento do procedimento
investigatório, não confere à autoridade requisitante poder para dirigir ou
conduzir o inquérito, o que deve ser feito pelo delegado de polícia, que é a
quem incumbe a presidência do expediente policial.
Podemos dizer que a autoridade policial nega cumprir a requisição
conforme o art. 5º, II, CPP, sob alegação descabida a investigação? Como o
crime de ação pública incondicionada, a regra deverá ser a autoridade policial
atender a requisição de abertura de inquérito, não lhe sendo facultado, ao
receber o ofício requisitório, deixar de proceder à instauração.
Contudo, o poder requisitório que assiste ao Juiz e ao Ministério Público não
atinge a obrigação de um indiciamento que no qual consiste no ato resultante
das investigações policiais, tratando-se de ato privativo da autoridade policial,
que para assim proceder deverá fundamentar-se em elementos de convicção
que possibilite o mínimo de certeza quanto à autoria de infração devidamente
materializada. Assim, totalmente errado o procedimento do Juiz ou do promotor
no sentido de requisitar ao delegado o indiciamento de alguém. 6
3.3. Requerimento da Vitima ou de seu representante Legal
Artigo 5º, § 1º do CPP
Este é outra forma de inicio do inquérito policial em crimes de ação
penal pública incondicionada o qual deverá sempre conter, sempre que
6 Capez, Fernando , Curso de Proceso Penal São Paulo : Saraiva,2006, p. 85
23
possível, narração do fato. O requerimento opostamente a requisição do juiz e
do Ministério Publico, não possui conotação de ordem, mas de mera
solicitação, podendo ser indeferido pelo delegado de policia, na hipótese de
evidente atipicidade da conduta descrita pelo requerente, neste caso cabe
recurso administrativamente ao chefe de policia, artigo 5º, § 2º, do CPP.
3.4. Auto de Prisão em Flagrante (APF)
Apesar de não estar mencionado no artigo 5º do CPP, é outra forma
de instauração de inquérito policial, dispensando a portaria subscrita pelo
delegado. Note-se que em algumas delegacias é equivocada de não
procederem dessa forma. Considerando que a APF é procedimento célere,
formalizado o mínimo de elementos de convicção, ainda que possua o
Ministério Público, com base nele, oferecer denuncia, mesmo assim o inquérito
devera ser realizado pela autoridade policial, aprofundando as investigações.7
3.5. Representação do ofendido ou seu representante legal
De acordo com o artigo 5º paragrafo 4º, do CPP, nos crimes de ação
penal publica condicionada à representação, não poderá sem ela ser indiciado.
Por representação, também conhecida como delatio criminis, compreende-se a
manifestação pela qual a vitima ou representante legal autoriza o Estado a
desenvolver as providencias necessárias a investigação e apuração judicial dos
crimes. Não exige um rigor na sua elaboração, sendo suficiente que contenha a
inequívoca intenção de ver apurada a responsabilidade penal do autor do fato,
podendo ser apresentado ao delegado ao Ministério Publico e até mesmo ao
juiz.
O direito a representação está sujeito a decadência. Assim, se não
se for exercido pelo prazo legal de seis meses contados da ciência quanto
autoria do fato, onde ocorrerá a extinção da punibilidade. Se a vítima for menor
7 Avena, Norberto Claudio Pâncaro – Processo penal: esquematizado / Noberto Avena.- 3ª
edição – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: método 2011 pagina 168
24
de 18 anos a representação devera ser feita pelo representante legal, sumula
594 STF, verificar artigo 25, 38 e 39 do CPP.
3.6. Requisição do Ministro da Justiça
Essa é condição necessária para apuração nos crimes, cometidos
por estrangeiro contra Brasileiro fora do Brasil, artigo 7º,§ 3º, b, do CP, e
crimes contra honra cometidos contra o Presidente da República ou Chefe de
Governo estrangeiro, artigo 141, I c/c o artigo 145, parágrafo único, do CP.
Nestes casos a requisição do Ministro da Justiça não pode ser
considerada uma forma de inicio do inquérito policial, isso porque o ofício
requisitório não é destinado ao delegado, mas sim ao Ministério Publico. Este
quando receber a requisição, cabe verificar se estão os pressupostos
necessários para ação penal, indícios autoria e materialidade. Assim devera
oferecer a denuncia nos moldes do artigo 39,§ 5º, do CPP. Caso não entenda
ter os requisitos citado acima devera o Ministério Publico determinar a
autoridade policial para investigação, como dito acima não será a requisição do
Ministro da Justiça e sim a requisição do Ministério Pulico feita pelo delegado.
Além dos crimes supracitados existe o crime previsto na Lei de
segurança Nacional, nº 7.170/1983, que dispõe em seu artigo 31, que o
Inquérito Policial poderá ser instaurado pela Policia Federal de ofício, mediante
requisição do Ministério Público, de autoridade Militar responsável pela
segurança interna ou do Ministro da Justiça. Isso pode ser uma forma de inicio
do inquérito.
3.7. Crimes de ação penal privada
Nos crimes dessa natureza inicia-se por requerimento da vítima ou
de quem legalmente represente como pode ser observado no artigo 5º, § 5º, do
CPP, assim somente a autoridade policial poderá instaurar o inquérito mediante
requerimento de que tenha qualidade para ajuizar queixa-crime, vide artigo 30
25
do CPP e no caso de ausência seu cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão, artigo 31, do CPP. A instauração sem esse procedimento gera
constrangimento legal, possibilitando o ingresso de habeas corpus, visando o
trancamento do inquérito policial., devendo somente conter a forma descrita no
artigo 5º, § 1º, do CPP.
Nos crimes de ação penal privada o ajuizamento da queixa-crime
deve ocorrer antes do prazo decadencial de seis meses, contados da ciência
do autor do fato, que devera ser observado para fins de inquérito, porque sem
ela não há razão plausível que se autorize a instauração do inquérito.8
3.8. Formas de instauração do inquérito policial
Crimes de ação penal pública
incondicionada
Ex Officio pela autoridade policial,
por meio de portaria;
Requerimento de qualquer
interessado, independentemente
de vontade da vítima;
Requisição do juiz ou do
Ministério Público;
Auto de prisão em flagrante (APF)
Representação da vítima ou de
quem legalmente a represente;
Requisição do juiz ou do
Ministério Público, desde que
acompanhada da representação
8 Avena, Norberto Claudio Pâncaro – Processo penal: esquematizado / Noberto Avena.- 3ª
edição – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: método 2011 pagina167/177
26
Crimes de ação penal pública
condicionada
da vítima ou da requisição do
Ministro da Justiça, conforme o
caso;
Auto de prisão em flagrante,
desde que instruído com a
representação da vítima ou de
quem a represente.
Crimes de ação penal privada
Requerimento da vítima ou de
quem legalmente a represente;
Requisição do juiz ou do
Ministério Público, desde que
instruída com requerimento da
vítima ou de seu representante
legal;
Auto de prisão em flagrante,
desde que contenha o
requerimento da vítima ou de
quem represente,
27
CAPITULO IV
DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS
Dispõem os artigos 6º e 7º do CPP determinadas providências que,
sendo cabíveis e mostrando-se adequadas à espécie investigada, deverão ser
adotadas com vista à elucidação do crime.
Embora seja dispensável a análise individual de cada uma delas até
porque a relação não é exaustiva, permitindo o art. 6°, III, a determinação de
“todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias” , algumas merecem destaque, em especial.
Assim, verificaremos aqui como funcionam estas investigações,
como devem ser realizadas, no primeiro passo é dirigir ao local mais rápido
possível para que nada possa ser modificado porque principalmente naquelas
infrações que deixam vestígios, estupro, homicídio, latrocínio, para
recolhimento de amostra de sangue, fotografia, impressões digitais entre
outros, artigo 6º, I, CPP.
Contudo, as autoridades policias devem apreender todos os objetos
na cena do crime, podendo ser qualquer objetos como ilícitos ou não, ou seja
de qualquer natureza, cuja seja relevante para chegar o mínimo da verdade
real dos fatos. Esses objetos não poderão ser devolvidos que ainda
apresentarem interesse na investigação e que deverão acompanhar os autos
do inquérito, podendo ser liberados se forem objetos restituíveis, artigo 118
CPP.
As diligenciais de busca e apreensão apenas serão válidas e
poderão contribuir para a formação do convencimento do juiz quando
realizadas em obediência ás disposições legais e constitucionais pertinentes,
como o caso de busca pessoal, artigo 244 CPP, ficará dispensada a
apresentação de mandado quando for executada sobre individuo que esta
sendo preso quando houver fundada suspeita de algum ilícito penal com algum
28
objeto ou posse de arma proibido e por fim quando existir mandado de busca
domiciliar, artigo 5º, XI, CF/88, que deverá ser cumprida de acordo com as
regras constitucionais, como durante o dia, munido de ordem fundamentada do
juiz e de forma pormenorizada.
Ademais, em se tratando de busca em escritório de advocacia, lei
11.767/08, que introduziu nova redação no artigo 7º, II, do Estatuto da
advocacia, assegurando o referido profissional o direito de inviolabilidade de
seu escritório ou local de trabalho, bem como seus instrumentos de trabalho,
correspondência todas elas, desde que relativo ao exercício profissional, no
mesmo dispositivo no § 6º, abre a exceção a referida inviolabilidade.
O artigo 6, III, CPP, colher provas para elucidação do crime, bem
como a intimação das testemunhas, inquirição, na verdade esse inciso deixa
aberto para o delegado de policia todas as formas para colher todos os meios
de provas possível para esclarecimento do fato, sendo observadas as garantias
constitucionais. No inciso IV, embora o depoimento da vítima, até mesmo pelo
seu envolvimento emocional no fato, deva ser visto com certa reserva, não há
dúvida de que, sendo, possível, assume o caráter de providência
imprescindível, já que poderá prestar informações úteis ao desenvolvimento
das investigações. Se, regularmente notificado, deixar o ofendido de
comparecer, poderá ser conduzido à presença da autoridade conforme o
art.201,§ 1º, do CPP.
Continuando com as diligências investigatórias o art. 6º V, CPP,
ouvirá o investigado, atentando, no que for aplicável, às regras do interrogatório
judicial (Título VII, capítulo III, do CPP). Como se vê, não são todas as normas
pertinentes à oitiva judicial do acusado que deverão ser observadas pelo
delegado, mas unicamente aquelas que tiverem pertinência com a natureza
inquisitorial do procedimento investigativo. Dentro desse contexto, surgem as
seguintes questões, relativas à aplicação em sede policial de dispositivos que
estipulam regras para o procedimento judicial. Tais como:
29
Não é exigido em interrogatório policial curador para menor de vinte
um anos, isto por que o novo código civil equiparou a maioridade civil à penal
para dezoito anos.
Ademais, é obrigatória a presença do defensor no interrogatório
judicial, art. 185 do CPP, e também em sede policial, mesmo que o
interrogatório seja inquisitivo, vejo nisso o contraditório e ampla defesa,
assegurado pela constituição federal e pelo estatuto da OAB, assegura o
advogado em todas as fases do processo penal e interrogatório policial, há
divergências entre doutrinadores nesse caso.
Finalizando este inciso V, não menos importante esta o silêncio no
interrogatório, assegurado no artigo 186, CPP, bem como artigo 5º, LXIII,
CF/88, e isto não pode ser interpretado como culpado e o juiz não poderá levar
em consideração o seu silêncio na hora da sentença.
Proceder ao reconhecimento das pessoas, coisas e acareações,
inciso VI, artigo 6º, CPP, este artigo fala em todos os envolvidos, vitima,
testemunhas, o acusado e investigados, o artigo 226, CPP, estabelece essas
formalidades, assim a pessoa devera descrever a pessoa a ser reconhecida e
aponta-la entre outras lado a lado, lavrando no final o termo assinado por 2
testemunhas. Dizer todas as qualificações do suposto identificado como altura,
cor, objetos do crime, revolver, faca, barra de ferro..., veiculo usado, objeto que
foi subtraído, no que for cabível.
E a acareação que consiste em colocar frente a frente pessoas que
já prestaram depoimentos, para que esclareçam mediante confirmação ou
retratação os aspectos que evidenciaram o contraditório. O fundamento desta
acareação está em constrangimento, descobrir pontos conflitantes, nestes
depoimentos serão feitas pelo delegado de policia ou juiz.
Do exame de corpo de delito ou quaisquer outras pericias, esta
ligado nos crimes que deixam vestígios, rompimento de obstáculos, estupro,
homicídio entre outros, e nestes crimes são obrigatório o exame pericial, não
podendo ser substituído pela confissão do suposto acusado, ver artigo 158,
30
CPP, podendo ser suprido por prova testemunhal, quando o vestígio for
desaparecer, artigo 167.
Tal é, aliás, a importância dessa prova que, apesar de o art. 14 do
CPP facultar ao delegado de polícia o indeferimento de diligências requeridas
pelo ofendido ou pelo investigado, esta discricionariedade não alcança o
exame de corpo de delito que, se requerido por qualquer dos envolvidos, não
poderá ser indeferido pela autoridade policial ou judiciária conforme o art. 184
do CPP.
O art. 6º VIII do CPP, fala da identificação criminal está regulada
pela lei 12.037/2009, trata-se de colheita de impressões digitais do investigado,
que falaremos no capitulo a seguir.
E por fim, encerrando o capitulo da diligencia investigatória temos o
ultimo inciso, IX, do CPP, artigo 6º, verificar a vida pregressa do indiciado, que
não consta na folha de antecedentes criminais, permite detectar o caráter e a
idoneidade moral e social do indiciado, sua condição econômica, personalidade
que posa ser uteis na valoração do crime sob investigação e na dosimetria da
pena a ser imposta no caso de eventual sentença condenatória.
31
CAPÍTULO V
IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL DO INDICIADO
A lei Brasileira 12.654/2012, alterou a lei 12.037/2009, assim a
identificação criminal incluirá o processo datiloscópico e o fotográfico, que
serão juntados aos autos da comunicação da prisão em flagrante, ou de
inquérito policial ou outra forma de investigação, o artigo 3º, desta lei menciona
a possibilidade, mesmo apresentando documento de identificação, a
identificação criminal que for essencial as investigações segundo o despacho
da autoridade judiciária competente que decidira de oficio ou mediante
representação da autoridade policial, do ministério publico ou da defesa, assim
a lei 12.654/2012, acrescenta a identificação criminal poderá incluir a coleta de
material biológico.
Assim, antes do advento da lei 12.654/2012, discutia-se a
possiblidade de identificação criminal do investigado já civilmente identificado,
diante do mandado constitucional contido no artigo 5º, LVIII, ate o regulamento
deste dispositivo constitucional pela lei 12.037/2009, que estabeleceu as
hipóteses em que se ressalva esse comando maior. Assim com a nova lei
12.654/12, introduziu em acréscimo a admissibilidade da coleta de material
biológico para obtenção do perfil genético para fins de identificação criminal,
porem, apenas, na hipótese em que for ela essencial as investigações policiais,
assim reconhecida da autoridade judiciaria, quer mediante de representação
policial, de oficio do Ministério Publico ou da defesa.
Concluindo que a identificação criminal é uns dos meios para
diligência a serem efetuadas pela autoridade policial até o relatório final do
delegado.9
9 Prado, Luiz Regis Direito de execução penal / Denise Hammerschimidt, Douglas Bonaldi
Maranhao, Mario Coimbra; Çuiz Regis Prado,(coordenação). 3 ed. Ver., atual. E ampl. – São
Paulo: editora Revista dos Tribunais. 2013, pagina 54 e seg.
32
CAPITULO VI
DA REPRODUÇÃO SIMULADA OU RECONSTITUIÇÃO
DO CRIME
A reconstituição de um crime tem cunho objetivo de constatar a
plausibilidade das versões trazidas nos autos, são aquelas informadas no
artigo anterior 6º do CPP, e incisos, e se possível com ajuda e colaboração do
réu, da vítima se possível e eventuais testemunhas.
O art. 7º do CPP expressa que a Reconstituição poderá (não deverá)
ser requisitada por autoridade policial Judiciária Criminal, Judiciária Militar,
Policial Militar e membro do Ministério Público. Conclui-se, assim, que a
Reconstituição constitui u m exame de corpo de delito facultativo e requisitado
quando remanescem dúvidas da forma ou circunstâncias com o fato
verdadeiramente se desenrolou, isto é, quais foram os comportamentos
assumidos pelo(s) sujeito(s) ativo(s) da infração penal, relativamente à(s)
vítima(s), quando da consumação ou tentativa de perpetração do evento.
Faltando-lhe os elementos materiais arrolados, não deverá
improvisar, procedendo um a Reconstituição claudicante, unilateral, e sim
solicitar à autoridade policial, policial militar, judiciária ou ao membro do
Ministério Público os necessários meios para elaborar seu trabalho de modo
coerente e assim formar sua própria convicção sobre o trabalho que,
tecnicamente, deverá dirigir. Deste modo, deverá o perito solicitar a intimação
das partes e testemunhas, vistas dos autos, isto é, deve partir do perfeito
conhecimento da atividade que deverá orientar no local do fato a fim de serem
atingidos os reais objetivos de seu trabalho.
Na minha opinião sendo advogado do réu, trazendo para parte
pratica, jamais levaria um cliente para tal reconstituição, que se nem mesmo a
autoridade policial com seus aparatos conseguiu descobrir o envolvimento do
investigado, não serei eu que levarei o cliente para tal reprodução, salvo para
beneficiar suposto acusado. O advogado terá que tomar muito cuidado com
essa tal reprodução simulada.
33
CAPITULO VII
PRAZOS DE CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
O inquérito policial tem suas formalidades e também tem prazo para
sua conclusão, em regra geral 30 dias, isso réu preso, caso réu solto 10 dias,
mas existe prazo para começar precisamos diferenciar.
Encontrando-se preso o investigado, o prazo é de 10 dias fluirá a
partir do dia em que for executada a prisão, não importando se é caso de
prisão em flagrante ou da prisão preventiva, esta regra, esta expressamente no
artigo 10º do CPP.
Se o réu se encontrar em liberdade (regra do processo penal), o
prazo é de 30 dias, a partir da expedição da portaria, quando se tratar de
inquérito instaurado pela autoridade policial, ex offcio. E a partir do
recebimento, pela autoridade policial, da requisição do juiz ou do Ministério
Publico, da representação nos crimes da ação penal publica condicionada e do
requerimento nos crimes de ação penal privada, artigo 5º, II e paragrafo 4º e 5º
do CPP.
Prazo de conclusão do inquérito policial, de natureza processual,
exclui o dia do inicio e inclui o dia final, o prazo não se inicia e nem se finaliza
em dias não uteis, o de natureza material inclui o dia do inicio e exclui o dia
final e o inicio, e o fim do prazo podem ocorrer em dias não uteis. Assim não
podemos ignorar a circunstancia de que a ultima posição a material,
possibilitada a contagem do prazo de forma mais benéfica para o investigado,
mas aderimos a primeira corrente, qual seja, ade que a natureza e processual.
Assim o fato de que ao tratar o prazo do inquérito quando o preso o
investigado, determinou o legislador que a fluência do prazo tenha o inicio a
partir do dia em que executar a ordem de prisão, sugerindo a o dia posterior o
da segregação.
34
7.1. Impossibilidade de cumprimento dos prazos pela
Autoridade Policial
Assim, neste ponto de cumprimento de prazos pode ocorrer que não
seja possível ao delegado concluir o inquérito policial dentro do prazo legal,
podendo nesses casos ocorrerem dificuldades na elucidação do fato. Neste
caso, deverá ele, assim mesmo encaminhar o inquérito a juízo, solicitando o
magistrado, se estiver em liberdade o suspeito, a devolução dos autos para
que sejam concluídas as diligencias, as quais deverão ser realizados, então, o
prazo assinalado pelo juiz.
Encontrando-se, preso o investigado, existem divergências
doutrinarias, predomina o entendimento de que não é possível a fixação pelo
juiz de novo prazo para conclusão do inquérito, cabendo ao Ministério Publico
adotar as providencias que lhe incubem no prazo legal, sob pena de
IMEDIATA, soltura do indiciado.
7.2. Prisão Temporária e o artigo 10 do CPP
Inicialmente, é preciso ter em vista que o prazo para prisão
temporária, regra é 5 dias, no caso de crimes hediondos ou equiparados, esse
prazo será de 30 dias. Em ambos os casos, é possível a prorrogação do prazo
por igual período, desde que comprovada tal necessidade. Verifica-se que o
juiz não pode fixar a prisão temporária em prazo superior ao limite legal e nem
mesmo considerar, já na fixação, o prazo máximo a que pode chegar.
Se por um lado CPP, e a lei dos crimes hediondos, estabelecem
essa regra temporal em relação a prisão temporária, por outro, o artigo 10 do
CPP, como vimos, dispõe , que se tratando de investigado preso, o inquérito
deve ser concluído no prazo de 10 dias contados da ordem de prisão.
35
Surgem alguns questionamentos sobre compartilhar, se podemos
dizer assim dos prazos da prisão temporária que tem em vista a
imprescindibilidade para a investigação policial, e, desse modo, não se justifica
após a conclusão do inquérito, com a disciplina do artigo 10 CPP.
Na verdade, esse problema apenas existe quando se trata de prisão
temporária pela pratica de crime hediondo, pois, não sendo esse tipo de crime,
o máximo da separação não poderá passar de 10 dias, 5 mais 5, o que
coincide com o período, estabelecido no artigo 10 do CPP, para o termino do
inquérito quando preso o suspeito. Tratando-se de crime hediondo, o período
da prisão temporária, pode alcançar 60 dias, 30 mais 30.
Vejamos, existem algumas correntes de tenta compatibilizar as
regras da prisão esses prazos, mas a que vale é o precipitado no artigo 10 do
CPP, ao estabelecer o prazo máximo de 10 dias para a conclusão do inquérito
quando preso o investigado, é taxativo em se referir-se as hipótese de prisão
preventiva e prisão em flagrante, não havendo base jurídica para que se
estenda mesma regra da prisão temporária. Essa modalidade de prisão tem
por objetivo êxito nas investigações e um prazo razoável de prisão.
7.3. Prazos especiais de conclusão de inquérito
Policia Federal: no âmbito da Justiça Federal, o art.66 da Lei
5.010/1966 estabelece prazo diferenciado para a conclusão do Inquérito,
dispondo que será de 15 (quinze) dias, quando o indiciado estiver preso,
podendo ser prorrogado por mais 15 (quinze), a pedido, devidamente
fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o
conhecimento do processo. Não havendo previsão do prazo de conclusão
quando estiver em liberdade o investigado, aplica-se, analogicamente, o prazo
previsto no CPP: 30 dias.
36
Lei de Drogas: tratando-se de apuração de crime de tóxicos, reza o
art.51 da lei 111,343/2006 que o inquérito policial será concluído no prazo de
30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando
solto, sendo que os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados
pelo Juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da
autoridade de polícia judiciária.
Crimes contra a economia popular: nos crimes contra a economia
popular e saúde pública (lei 1,521/1951), a previsão é a de que o inquérito seja
concluído em dez dias, não importando se está preso ou solto o investigado
(art 10, § 1º).
Inquérito Policial Militar: O inquérito Policial Militar (IPM), de
acordo com o CPPM, tem prazo de conclusão de 20 dias, caso preso o
investigado, e 40 dias, prorrogáveis por outros 20, se solto (art. 20 do decreto-
lei 1.002/1969).
37
CAPITULO VIII
INCOMUNICABILIDADE
Em face deste dispositivo legal, artigo 21 do CPP, o legislador
permitiu que o indiciado preso pudesse ser colocado em situação de
incomunicabilidade, para se evitar sua comunicação com demais pessoas, com
o intuito de se impedir que ele, mesmo estando preso, possa embaraçar o
curso das investigações, destruindo provas ou ameaçando testemunhas do
crime.
Há de se frisar, no entanto, que esta incomunicabilidade de que se
trata o referido artigo não atinge a pessoa de seu advogado e ás autoridades
responsáveis pelas investigações. Principalmente em relação ao advogado,
trata o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, lei n° 8.906/94, artigo 7º.
No entanto, ainda que respeitado o direito de poder comunicar a sua
prisão ao seu advogado, é inconcebível a possibilidade de que, em um estado
democrático de direitos, ainda seja possível que um cidadão seja retirado do
meio social sem que a nenhum familiar seu seja comunicado a sua situação de
preso, a lembrar os períodos ditatoriais em que a dignidade do indivíduo fora
ignorada com o pretexto de se manter a paz e a ordem social. Trata-se de um
claro desrespeito à dignidade humana, e não fora por acaso que a atual
constituição cidadã estabelece como principio fundamental, dentre outros, o
respeito à dignidade do indivíduo, artigo 5º, LXII e LXIII, da CF/88.
Nota-se que ao indivíduo preso é garantido não apenas o direito á
presença de um advogado, mas também a assistência familiar ou qualquer
pessoa que ele possa indicar. Isso por que ao cidadão não se deve impor
tamanha violência e restrição de direitos, haja vista que sequer este indivíduo
se encontra condenado, e mesmo se assim o fosse, tal despropósito não se
mantém, pois mesmo condenado, o ser humano não perde sua condição digna,
não podendo ser privado totalmente do meio social através do corte aos laços
familiares.
38
Há de se ressaltar também que, uma vez que haja a possibilidade de
o preso se comunicar com o advogado como forma de se garantir o direito
constitucional ao contraditório e à defesa, não se sustenta o pretexto de se
impossibilitar o contato com o mundo externo para se evitar o embaraço às
investigações, haja vista que este contato não é de todo interrompido e as
investigações, na prática, não estão completamente sigilosas.
Não obstante a polêmica da permanência de tal dispositivo
infraconstitucional, encontra-se pacificado na doutrina majoritária o
entendimento da inconstitucionalidade de tal artigo do Código de Processo
penal. A maior parte da doutrina compartilha a posição de que o referido artigo
não fora recepcionado pela Constituição de 1988, não se podendo mais aceitar
a incomunicabilidade do indivíduo preso.
8.1. Do regime disciplinar diferenciado (RDD) e da
Incomunicabilidade do preso
O Regime Disciplinar Diferenciado não é pena, e sim um regime de
cumprimento de pena com regras mais rígidas, uma vez que o preso provisório
ou condenado permanece isolado na cela, 22 (vinte e duas) horas do dia, tendo
apenas 2 (duas) horas de banho de sol também sozinho. Informa-se que, no
RDD, o custodiado tem direito a visita semanal de tão somente 2 (dois) adultos
por 2 (duas) horas, de modo que, são separados por um vidro, impedindo
qualquer tipo de contato físico com o mundo externo.
O legislador, no momento que, alterou a Lei de Execução Penal
estabeleceu os seguintes requisitos para que possa ser aplicado o RDD, quais
sejam, a prática de qualquer crime previsto como doloso; como a subversão
da ordem ou disciplina interna; presos que apresentem alto risco para a
sociedade, e suspeitas sobre envolvimento em organizações criminosas.
39
As garantias e direitos fundamentais previstos, na Carta Magna de
1988, são violados com a aplicação do Regime Disciplinar Diferenciado, sendo
a discussão de tais transgressões o cerne da problematização do trabalho.
Afinal, não resta dúvida, que a aplicação de tal sistema viola o
princípio da proibição ao tratamento desumano ou degradante, pois manter o
preso isolado por 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias, podendo tal período
ser ampliado obedecendo ao limite de 1/6 da pena, tendo apenas 2 (duas)
horas de banho de sol e 2 (duas) horas de visita semanal, contraria os
princípios da Constituição Federal, dos Tratados Internacionais ratificados pelo
Brasil, da Lei de Execução Penal, bem como das Diretrizes político-criminais e
penitenciárias existentes.
Não obstante a violação à proibição do tratamento desumano ou
degradante, há outras inconstitucionalidades como: submissão à pena cruel,
violação à integridade física e moral, desrespeito ao princípio da legalidade e
proporcionalidade dos delitos.
Cabe frisar ainda, outro aspecto negativo, que são os problemas
psicológicos e enfermidades que surgem devido ao isolamento exacerbado no
Regime Disciplinar Diferenciado.
Em face destas características que singularizam o RDD, parcela da
doutrina sustenta a sua inconstitucionalidade, sob o argumento de que importa
na incomunicabilidade do preso.
40
CAPITULO IX
ATUAÇÃO DO ADVOGADO NO INQUERITO POLICIAL
COM O ADVENTO DA NOVA LEI 13.245/2016
O importante frisar que a atuação do advogado na fase de inquérito
policial é indispensável para que possa acessar os autos, tomar ciência das
diligencias já realizadas e devidamente documentadas entre outras questões
relevantes como requerimento de diligencias, requerimento de produção de
provas pertinentes dentre outras, mas sabemos que é bem complicado esses
requerimentos na pratica.
Valendo lembrar que esta em vigor a nova lei 13.245/2016, da
atuação do advogado no inquérito policial.
9.1. Requerimentos de diligência ao delegado
Durante o tramite do inquérito o defensor poderá requerer diligencias
ou a produção de provas visando angariar elementos em prol do investigado.
Contudo o delegado não estará obrigado, em regra a atender estas
solicitações, conforme o artigo 14 CPP, possui a discricionariedade em deferi-
las, o que apenas se ressalva em hipóteses expressamente previstas, como
ocorre no artigo 184 do CPP, dispondo que o exame destinado à comprovação
do vestígio deixado pela infração não poderá ser indeferida pelo delegado ou
juiz, caso seja indeferido caberá a impetração do habeas corpus ou mandado
de segurança.
9.2. Advogado acompanhar e intervir na produção de provas
O advogado regularmente constituído pelo investigado possui direito
de acompanhar atos do inquérito, desde que isto mão implique frustrar objetivo
da diligencia, poderá assim participar de depoimento de testemunhas,
41
interrogatório, reconstituições (quando forem para o bem do investigado) dentre
outros. Esse direito, contudo, não importa em lhe assegurar a intervenção nos
atos de produção de provas, exigindo, como exemplo a palavra para
formulação de perguntas a testemunhas, e nem a condução da linha
investigativa.
Entretanto, o advento da nova lei recém-criada de 13.245 de 12 de
janeiro de 2016, alterando o artigo 7º do Estatuto da OAB, lei 8.906/94, em
relação ao advogado que passo a seguir,
Art. 7o .........................................................................
.............................................................................................
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir
investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de
investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que
conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em
meio físico ou digital;(grifo nosso)
.............................................................................................
XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de
infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou
depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e
probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente,
podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração:
a) apresentar razões e quesitos;
b) (VETADO).
............................................................................................
§ 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração
para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV.
§ 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá
delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a
diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando
houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da
finalidade das diligências.
§ 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o
fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que
houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará
responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do
responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de
prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do
advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.
42
Assim, a referida lei prevê os seguintes pontos: a) acesso aos autos
de investigação por parte do advogado; b) direito do advogado de assistir aos
seus clientes investigados ao longo de todos os atos de apuração de infrações;
c) responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do
responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o
exercício da defesa. Quanto ao acesso aos autos de investigação, a novidade
trazida com a lei foi estender tal direito a todo e qualquer procedimento
investigativo, conduzido por qualquer que seja a autoridade investigativa, a
exemplo do Ministério Público, que vem realizando cada vez mais apurações
criminais por meio dos seus procedimentos investigatórios criminais. Portanto,
não mais será tolerada a sonegação de cópias, ou mesmo seu retardamento.
Doravante, com a nova lei, também nos procedimentos ministeriais
deve ser respeitado o direito do advogado de acompanhar os seus
constituintes em todos os atos de apuração. Assim, pela literalidade do
dispositivo legal, infere-se que o defensor constituído deve ser notificado
acerca dos atos apuratórios a serem realizados no âmbito do procedimento,
como, por exemplo, colheita de depoimentos, sob pena de nulidade absoluta.
Concluindo que essa nova lei já estava prevista no estatuto da OAB,
e na constituição federal, o legislador poderia ser mais radical em alguns
artigos colocando o verdadeiro papel do advogado nos inquéritos policias como
garantidor da constituição, ele foi meio tímido, poderia por exemplo colocar o
contraditório e a ampla defesa no inquérito policial, poderia ter avançado mais.
43
CAPITULO X
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
Após o término das investigações criminais, para proceder ao
encerramento do inquérito caberá ao delegado realizar um relatório contendo
descrição minuciosa das diligências realizadas, bem como das testemunhas
ouvidas e a indicação das pessoas que não foram ouvidas, mas possuem
importância ao inquérito.
Juntamente com este relatório os autos do inquérito são remetidos
ao juiz acompanhados dos instrumentos e objetos relacionados à investigação,
conforme parágrafos 1º e 2º do artigo 10 e artigo 11 do CPP, neste momento o
CPP determina que a autoridade faça o minucioso relatório do que houve
apurado, encaminhados ao juízo.
O relatório devera limitar-se a declinar as providencias realizadas,
resumir depoimentos, mencionar o resultado da diligencias durante as
investigações, indicar testemunhas que não tiveram sido inquiridas e a partir
dai expor seu entendimento acerca da tipicidade do delito de sua autoria e
materialidade.
Em nenhuma hipótese será licito ao delegado examinar ou tecer
considerações no relatório acerca de aspectos relativos à ilicitude da conduta
ou à culpabilidade do indiciado, não podendo externar opinião pessoal.
Aqui o delegado procederá à classificação do crime, apontando o
dispositivo legal violado, claro que esse enquadramento não vincula o
Ministério Público ou o querelado, nada impedindo, por exemplo, que o
indiciado pela pratica de furto seja denunciado por roubo.
44
CAPITULO XI
INDICIAMENTO
Embora o Código de Processo Penal não faça referencia expressa
ao ato de indicar, a pratica policial consolidou o indiciamento como referencia
por meio da qual o delegado atribui a alguém a condição de provável autor ou
partícipe de um crime devidamente materializada, valendo destacar que esse
ato não exige a comprovação do envolvimento no fato, o que será objeto de
discussão na instrução criminal, após o oferecimento da denúncia ou queixa
crime.
Citada diligência permanece a critério subjetivo da autoridade
policial, colocando o indivíduo em estado de insegurança jurídica em razão de
ausência de normas que dêem direção à condução do inquérito policial.
Todavia, o indiciamento não é ato arbitrário, ao contrário, para ser levado a
efeito, a autoridade deve possuir indícios fortes que garantam a ligação entre o
indivíduo e a conduta penal. A autoridade policial não pode escolher entre
indiciar ou não o suspeito, preenchidas as condições exigidas por lei deve o
infrator ser indiciado. Somente assim o indiciamento do indivíduo não
configurará, a princípio, constrangimento ilegal.
Necessariamente, deve ser indiciada apenas a pessoa que tenha
contra si indícios de autoria do crime que está sendo objeto de investigação,
sob pena de estar sofrendo patente constrangimento ilegal.. Suspeitas, isto é,
simples convicção desfavorável a respeito de alguém, ou, leves opiniões
subjetivas a respeito do indivíduo, por si sós, não são mais que sombras; não
possuem estrutura para dar corpo à prova da autoria. Nada aproveitam para a
instrução criminal, apenas importam à simples investigação. Desta forma,
devem existir elementos mínimos que indiquem a prática de infração penal por
aquele contra quem está sendo instaurado o inquérito. Inexistente, em
processo administrativo pendente, elementos indicadores da materialidade
delitiva e da autoria, não cabe o indiciamento de plano, devendo
45
primeiramente, o suspeito ser ouvido em declarações, sem prejuízo do regular
andamento do inquérito policial já instaurado.
O delegado de polícia somente procederá ao indiciamento do
investigado após fundamentado despacho nos autos. A portaria nº 18 da
Delegacia Geral de Polícia, de 25 de novembro de 1998, dispõe em seu artigo
5º que logo que reúna, no curso das investigações, elementos suficientes
acerca da autoria da infração penal, a autoridade policial procederá ao formal
indiciamento do suspeito, decidindo, outrossim, em sendo o caso, pela
realização da sua identificação pelo processo dactiloscópico.
Descabe o indiciamento após a denúncia, pois se trata de ato
próprio da fase inquisitorial, o que se torna impropria a sua efetivação quando
já instaurado o processo penal.
46
CAPÍTULO XII
INQUÉRITO ATÉ AO JUÍZO
Aportando o inquérito policial a juízo e tratando-se de investigação
de crime de ação penal privada, deverá o magistrado determinar vista imediata
ao Ministério Público, para deliberação quanto às providencias cabíveis.
Sendo opostamente, o inquérito policial instaurado para apurar crime
de ação penal privada, uma vez finalizado, não poderá permanecer na
delegacia de policia, devendo, igualmente, ser remetido ao fórum. Deverá ser
encaminhado ao Ministério Público para que este se verifique, efetivamente, o
crime investigado é de ação penal privada, ainda que o seja, senão há,
também evidencias de pratica de crime de ação penal publica que possa dar
margem ao oferecimento da denuncia. Nada disso ocorrendo e devolvido o
inquérito ao juízo, este aguardará em cartório a iniciativa do ofendido quanto ao
ajuizamento da possível queixa-crime, artigo 19, 1ª parte, do CPP, pelo prazo
legal de 6 meses, sob pena de decadência.
Decidindo o Ministério Público ou ofendido ajuizar ação penal, a
denuncia e a queixa-crime deverão ser confeccionados segundo as
formalidades prevista no artigo 41 CP, incorporando a exposição do fato
narrado com todas as suas circunstancias, elementos mínimos para
identificação do investigado e o rol de testemunhas.
Porém, sendo hipótese de arquivamento do inquérito policial, deverá
o ministério publico, promove-lo com todos os seus fundamentos, abrangendo,
na respectiva manifestação, todos os investigados e todos os delitos apurados.
Esse arquivamento deverá ser homologado pelo juiz. Discordando desta
solução, deverá o magistrado, no âmbito da Justiça Estadual, remeter o
inquérito ao Procurador-Geral de justiça, que deliberará a respeito. Caso este
entenda que razão assiste ao Promotor que Postulou o arquivamento,
devolverá o inquérito ao juiz, acolher o pedido. Na eventualidade de entender
47
que a razão está com o magistrado que desacolheu o arquivamento, poderá o
Procurador-Geral de justiça oferecer diretamente a denúncia (hipótese que não
acontece, na prática) ou designar outro Promotor para fazê-lo, mediante
delegação, o qual não poderá recusar-se a dar início à ação penal sob pena de
estar cometendo falta funcional, afinal, o Promotor designado estará agindo,
nesse caso, em nome do Procurador-Geral de justiça.
12.1. Recurso contra arquivamento a pedido do ministério
público
Assim como regra, neste caso a decisão é irrecorrível para o
arquivamento, mas existe duas correntes:
Primeira corrente: arquivamento de inquérito policial que apurou
crime contra a economia popular ou a saúde pública, que enseja reexame
necessário, também chamado de recurso ex officio. Destarte, ao proceder ao
arquivamento, impõe-se ao magistrado determinar, independente de
provocação de qualquer interessado, o encaminhamento dos autos ao tribunal
competente para apreciação, podendo este manter ou reformar a decisão que
homologou o arquivamento do procedimento policial.
Segunda corrente: arquivamento de inquérito policial instaurado
para apurar as contravenções relacionadas ao jogo do bicho previsto no
Decreto-lei 6,259/1944 que, consoante previsão do art. 6º e seu parágrafo
único da Lei 1,508/1951, ensejam recurso em sentido estrito. Outra questão
importante diz respeito as hipóteses em que o agente possua prerrogativa
como exemplo o Prefeito no exercício do mandado. Neste caso, não incumbe o
Promotor, mas sim ao Procurador Geral de Justiça a adoção de medidas
pertinentes. E quando o Procurador Geral requer o arquivamento e o tribunal
não concorde? Assim tendo em vista a ausência de solução prevista em lei,
predomina o artigo 28 CPP, sendo obrigatório seu arquivamento, em face de
ausência superior.
48
12.2. Arquivamento do Inquérito e Surgimento de Novas Provas
O artigo 18 do CPP diz que, “depois de ordenado o arquivamento do
inquérito pela autoridade judiciaria, por volta de base para denuncia, a
autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas
tiver notícias”.
Significa que, uma vez promovido o arquivamento do Inquérito
Policial pelo Ministério Público e homologado, não poderá a ação penal ser
ajuizada contra os mesmos investigados e em relação aos mesmos fatos, nem
mesmo ação penal privada subsidiária da publica, sem que surjam novas
provas. Neste sentido sumula 524 STF.
Frise que a nova prova há de ser substancialmente inovadora, ou
seja apta para alterar o convencimento anteriormente formado sobre a
desnecessidade da persecução criminal.
12.3. Arquivamento Implícito e Indireto do Inquérito Policial
12.3.1. Arquivamento Implícito
O arquivamento implícito é uma conceituação doutrinária e
rechaçada pela legislação brasileira. Ocorre quando o promotor deixa de incluir
na peça denunciatória algum dos indiciados elencados pela autoridade policial
ou um fato investigado, sem justificar ou manifestar, no entanto, qualquer
motivação dessa decisão, e, ainda nesse contexto, o magistrado não questiona
essa conduta omissiva, tampouco aplica o princípio da devolução (art. 28 do
CPPB). Esse arquivamento implícito poderá ocorrer sob dois aspectos:
1. Subjetivo: ocorre quando houver omissão do MP em relação à inclusão
de algum có-réu na denúncia em questão
2. Objetivo: se caracterizar quando a omissão diz respeito a fatos
investigados, como infrações penais ou qualificadoras.
49
Ressalta-se que com a combinação dos arts. 129 § 4º e 93, IX, ambos da
Constituição Federal vigente, e utilizando-se ainda das técnicas de
interpretação do sistema pátrio, cumpre salientar que todas as decisões do
membro do Parquet devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade, o que
corrobora com a inaplicabilidade do arquivamento implícito10.
Outrossim, o arquivamento implícito podendo ocorrer em 2
hipóteses, uma delas é o Ministério Publico deixa de incluir na denuncia algum
dos fatos investigados no inquérito ou alguns dos indivíduos nele indiciados,
sem qualquer justificativa para tanto, quer no sentido de requerer diligencias,
ou no sentido de promover o arquivamento expresso quanto a fatos ou
indiciados remanescentes.
E a outra hipótese é quando o Ministério Público, diante do inquérito
Policial que indiciou mais de um investigado ou apurou mais de um fato
criminoso, postula e tem deferido pelo juiz o arquivamento do procedimento
policial, referindo-se, todavia, a apenas um ou alguns investigados ou um ou
alguns fatos, sem menção aos demais.
12.3.2. Arquivamento Indireto
Esse é o arquivamento indireto, quando há um impasse entre
promotor e juiz e nesse caso a doutrina entende que se deve aplicar o art. 28
CPPB. Ressalta-se que, caso o juiz não concorde, enviará os autos ao
Procurador Geral de Justiça.
Este arquivamento ocorre na hipótese em que o promotor deixa de
oferecer a denuncia, sob pena de fundamento de que o juízo em que oficia e
no qual distribuído o inquérito é incompetente para ação penal, requerendo,
então ao magistrado a remessa dos autos respectivos ao juízo que reputa
competente.
10
Nesse sentido, STF RHC 95141/RJ (DJe de 23.10.2009); HC 92445/RJ (DJe de 3.4.2009). HC
104356/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 19.10.2010. (HC-104356)
50
Se o órgão do MP ao invés de oferecer denúncia requer a
declinação de competência e o juiz não concorda, essa manifestação deve ser
entendida como um pedido indireto de arquivamento, aplicando-se por analogia
o art. 28 do CPPB. O IP é remetido ao Procurador Geral, a quem cabe dar o
veredicto sobre o imbróglio.
Esse arquivamento já mereceu tutela do STF e do STJ ainda em
tempos remotos, quando foi afirmado que: “Se o magistrado discorda da
manifestação ministerial, que entende ser o juízo incompetente, deve
encaminhar os autos ao procurador-geral de justiça, para, na forma do art. 28
do CPP, dar solução ao caso, vendo-se, na hipótese, um pedido indireto de
arquivamento.11
Segundo Guilherme de Souza Nucci ensina que:
“Arquivamento indireto: é a hipótese de o promotor deixar
de oferecer denúncia por entender que o juízo é
incompetente para a ação penal”. 12
11
Conflito de Atribuições, Min. rel. Rafael Mayer, DJ: 09-12-83, pg: 19415, Julgamento:
01/04/1982 – Tribunal 12
NUCCI, Guilherme de Souza Código de Processo Penal Comentado, 12ª edição, Editora Revista
dos Tribunais, 2013. pg. 331.
51
CAPITULO XIII
INQUÉRITO PRESIDIDO POR AUTORIDADE POLICIAL
DE OUTRA CIRCUNSCRIÇÃO
Este inquérito quando em hipótese um delegado irá investigar algum
fato ocorrido, fora de sua circunscrição, assim o artigo 4º CPP, limita a atuação
da policia judiciária ao território de suas circunscrição, poder-se-ia,
eventualmente cogitar no sentido de que estaria viciado o procedimento assim
instaurado.
Mas, como podemos dizer que esse artigo ele e meio equivocado,
não podendo esta o inquérito contaminado se presidido por outro delegado de
circunscrição distinta.
A atribuição para a lavratura do auto de prisão em flagrante é da
autoridade do lugar em que se efetivou a prisão (arts. 290 e 308 CPP),
devendo os atos subsequentes ser praticados pela autoridade do local
em que o crime se consumou.
Releve notar, ainda, que, não obstante as disposições sobre
competência das autoridades policiais, tem-se entendido que a falta de
atribuição das mesmas não invalida os seus atos, ainda que se trate de
prisão em flagrante, pois, não exercendo a polícia atividade jurisdicional,
não se submete ela a competência jurisdicional ratione loci. Note que o
art.5º, inciso LIII, da Constituição Federal não se aplica as autoridades
policiais, porquanto não presidem processo, nem tão pouco sentenciam,
Assim Entrementes, a norma constitucional não prevê, em momento
algum, o direito de o suspeito ser investigado pelo delegado previamente
indicado, até porque, sendo o inquérito m procedimento inquisitivo, não
haveria, que se falar em devido processo legal. À vista disso, não se pode falar
em princípio do "delegado natural", muito menos em nulidade dos atos
52
investigatórios realizados fora da circunscrição da autoridade policial, até
porque, para a maioria da doutrina o inquérito é mera peça de informação,
cujos vícios, não contaminam a ação penal.
53
CAPITULO XIV
TERMO CIRCUNSTANCIADO
O Termo circunstanciado é disciplinado pela lei federal 9.099/1995,
esta não previu a instauração do inquérito policial para conduta que se incluem
no seu âmbito de incidência, quais seja as infrações de menos potencia
ofensivo, assim compreendidas de contravenções penais e os crimes que a
pena máxima não superior a 2 (dois) anos de prisão, culminada ou não com
multa, artigo 61.
O termo circunstanciado de ocorrência exsurge como mais uma
espécie de procedimento investigatório da polícia judiciária. A Lei dos Juizados
Especiais, como não poderia deixar de ser, manteve nas mãos do delegado de
polícia a função de conduzir a investigação criminal, ao dispor que a
“autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado” (artigo 69 da Lei 9.099/95).
Assim, referir-se ao termo circunstanciado de ocorrência por meio de
eufemismos como “mero registro de fatos” ou “boletim de ocorrência mais
robusto” consiste em discurso enganoso para tentar legitimar usurpação de
função pública. Ainda que o TCO não seja complexo, sua lavratura não
consiste em simples atividade mecânica, mas jurídica e investigativa, na qual o
delegado de polícia decide sobre uma série de questões, tais como tipificação
formal e material da infração penal, concurso de crimes, qualificadoras e
causas e aumento de pena, nexo de causalidade, tentativa, desistência
voluntária, arrependimento eficaz e arrependimento posterior, crime impossível,
justificantes e dirimentes, conflito aparente de leis penais, incidência ou não de
imunidade, erro de tipo, apreensão dos objetos arrecadados, restituição de
objetos apreendidos, requisição de perícia, requisição de documentos e dados
cadastrais, representação por medidas assecuratórias, representação por
busca e apreensão domiciliar, reprodução simulada dos fatos, entre outras
atribuições de polícia judiciária e de apuração de infrações penais comuns.
54
Ademais, caso se constate delito envolvendo violência doméstica e
familiar contra a mulher, lesão corporal culposa de trânsito em circunstâncias
específicas ou concurso de crimes de menor potencial ofensivo em que se
supere o patamar do Juizado Especial Criminal, além de todas as análises já
mencionadas, a autoridade de polícia judiciária deve deliberar acerca da
existência do estado de flagrância, da concessão da liberdade provisória
mediante fiança, da presença de requisitos da prisão temporária ou preventiva
ou de outras medidas cautelares, do indiciamento, dentre outras medidas
restritivas da liberdade do cidadão.
O termo circunstanciado não pode conduzir ao indiciamento do autor
do fato, isso justifica duas circunstancia a primeira a simplicidade que
caracteriza o termo, e, a segunda o fato que o ato da indicação conduz ao
registro da imputação nos assentamentos pessoais do indiciado. O que não
ocorre no caso das infrações de competência do jecrim, relativamente às quais
determina o artigo 76, § 6º da lei 9.0099/95 que a sanção imposta em razão da
transação penal não constará na certidão de antecedentes criminais e não
produzira efeitos civis. Ora se em fase mais adiantada do procedimento
preliminar instituído por essa lei momento da aceitação de proposta de
transição penal, veda-se que constem registros nos assentamentos do
envolvido, com muito mais razão isso também não poderá ser aceito quando se
trata de um simples termo circunstanciado instaurado no âmbito policial.
Muito embora, nas infrações de menor potencial, a regra seja a
lavratura de termo circunstanciado, não é impossível que sua apuração venha
a ocorrer no âmbito de inquérito policial. Por exemplo, que, flagrado na prática
de infração de menor potencial ofensivo, o autor do fato não aceite comparecer
imediatamente à sede do juizado especial criminal ou se negue a assumir o
compromisso de fazê-lo em momento posterior.
Contudo, mesmo ocorrendo a lavratura de termo circunstanciado, não é
impossível que, em momento posterior, seja instaurado inquérito policial
relativamente à mesma conduta que já foi objeto daquele procedimento
simplificado. Isto poderá ocorrer quando, inexiste a transação penal no curso
55
de audiência preliminar, forem requisitadas pela autoridade judiciária ou pelo
Ministério Público outras diligências investigatórias com o fim de serem
angariados elementos que possibilitem o oferecimento de denúncia.
56
CONCLUSÃO
Assim, neste presente trabalho podemos verificar a forma como
inquérito policial é conduzido nas delegacias policiais de todo Brasil, todo seu
procedimento administrativo até que chegue as mãos do Ministério Público,
verificamos como ele se inicia, com todas as fases até que se forme a
conclusão da autoridade policial com seu relatório final, como também o
advogado é visto neste ato, como o inquérito e totalmente inquisitivo.
O advogado, nesta fase teria que ser imprescindível, ser respeitada
a Constituição Federal e seu estatuto, que é uma lei federal artigo 5º, LV e LXIII
e artigo 7º, III e XIII, XIV, XV, XVI e XXI, bem como a sumula vinculante 14
STF, respectivamente, para uma melhor resolução do inquérito onde seu
cliente esteja preso, apesar de muitos doutrinadores não concordarem com
essa intromissão do advogado no inquérito policial.
Vimos também que o inquérito policial é um procedimento
informativo e probatório e inquisitivo, ou seja, totalmente contra a ampla defesa
e o contraditório e sem a presença do advogado, contrariando a Carta Magna e
a Convenção Americana sobre direitos Humanos o famoso Pacto José da
Costa Rica, no qual o Brasil faz parte e promulgado.
Analisando bem o procedimento do inquérito policial, existindo uma
legislação para que o inquérito fosse de forma mista, ou seja, de forma que a
ampla defesa e o contraditório e o advogado pudesse a qualquer momento ter
vista do inquérito, poderíamos ter muito menos prisões ilegais e muito menos
processos judiciais, visto que existem muitos erros na delegacia, sendo que
nessa diapasão o volume de procedimento administrativo e judiciais iriam
diminuir de forma significativa.
Ademais conseguimos observar com o advento da nova lei
13.245/2016, que alterou e incluiu alguns artigos no estatuto da OAB, para
estabelecer balizas sobre a atuação do causídico na defesa do cliente
57
investigado pela prática de ilícitos. Isso porque alguns enxergaram a
possibilidade de o dispositivo funcionar como a pedra fundamental de um
sistema policial remodelado, finalmente de contornos acusatórios. Por mais que
acreditemos que o inquérito policial como instrumento de garantias
fundamentais seja uma inexorável tendência, não parece que tenha perdido
seu caráter inquisitório do dia para a noite.
Com efeito, a nova redação do Estatuto da OAB, muito embora não
tenha promovido uma revolução na fase pré-processual, ressaltou que a
presença do advogado é extremamente recomendável em toda a persecução
penal, até mesmo na fase inquisitorial, atuando como mais uma garantia de
credibilidade do procedimento policial.
Concluindo que a referida monografia vem esclarecer alguns pontos
do inquérito policial na pratica do advogado e muitos que adentram a
delegacia, que é infelizmente inquisitivo, e não admite o contraditório e ampla
defesa para boa parte da doutrina como, Manoel Messias Barbosa, José
Frederico Marques, Alexandre de Moraes e Ada Pellegrini Grinover, entre
outros, mas podemos mudar isso com o tempo para que possamos melhor
conduzir uma investigação, com todos os direitos e garantias constitucionais.
58
BIBLIOGRAFIA
ALBERNAZ, F.B. e PONTES, E.F.de; Contraditório e Inquérito Policial, Editora
Aga-Juris
FILHO, F da C.T; Manual de Processo Penal, 7ª Edição, Editora Saraiva
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 3ª ed. São Paulo: RT,
2004, p. 67
ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 8 ed.
São Paulo: Juspodivm, 2013
Tourinho Filho, Fernando da Costa. Processo Penal, 13ª ed. Ed. Saraiva, São Paulo. 1992. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 3ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. p. 104-105
TÁVORA, Nestor e ALENCAR, Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. 3.ª ed.,
Salvador:JusPodivm,2009
Mirabete, Júlio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado. Ed. Atlas, São Paulo. 2000.
GRINOVER, Ada Pellegrini. Investigações pelo Ministério Público. Boletim IBCCRIM, São
Paulo,v.12,n.145,p.4,dezembro de 2004.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal – Parte Geral. p. 150
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.
Capez ,Fernando, Curso de Processo penal / Fernando Capez. – 14. Ed. Ver. E atual.- São
Paulo: Saraiva, 2007.
Disponível<http://www.conjur.com.br/2013-mai-10/francisco-sannini-confissao-fase-
investigacao-valor-probatorio.> acesso 2016.
Avena, Norberto Claudio Pâncaro – Processo penal: esquematizado / Noberto Avena.- 3ª
edição – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: método 2011
Capez, Fernando , Curso de Proceso Penal São Paulo : Saraiva,2006, p. 85
59
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 07 SUMÁRIO 08 INTRODUÇÃO 10
CAPÍTULO I
O Início do Inquérito Policial. 12
1.1. Sistemas Processuais Penais (Inquisitivo, Acusatório e Misto) 13
1.2. Sistema Inquisitivo 13
1.3. Sistema Acusatório 14
1.4. Sistema Misto 14
CAPÍTULO II
Características Do Inquérito Policial. 16
2.1. Da Desnecessidade Do Inquérito Policial (Comissões Parlamentares do Inquérito) 18
2.2. O Que Pode ou Não Fazer a CPI e Seu Prazo. 19
CAPÍTULO III
Do Inquérito Policial. Art 5º do CPP 21
3.1. Crimes de Ação Penal Pública Incondicionada 21
3.2. Requisição da Autoridade Judiciária ou do Ministério Público Art.5º, II, CPP 22
3.3. Requerimento da Vítima ou de seu Representante Legal Art 5º§1 Do CPP 22
3.4. Auto de Prisão em Flagrante (APF) 23
3.5 Representação Do Ofendido ou seu Representante Legal. 23
3.6. Requisição do Ministro da Justiça. 24
3.7. Crimes de Ação Penal Privada 24
3.8. Formas de Instauração do Inquérito Policial 25
CAPÍTULO IV
Diligências Investigatórias 27
CAPÍTULO V
Identificação Criminal do Indiciado 31
60
CAPÍTULO VI
Da Reprodução Simulada ou Reconstituição do Crime 32
CAPÍTULO VII
Prazos De Conclusão do Inquérito Policial 33
7.1. Impossibilidade de Cumprimento dos Prazos Pela Autoridade Policial 34
7.2 Prisão Temporária e Art. 10º Do CPP 34
7.3. Prazos Especiais de Conclusão de Inquérito 35
CAPÍTULO VIII
Incomunicabilidade 37
8.1. Do Regime Disciplinar Diferenciado e Da Incomunicabilidade Do Preso 38
CAPÍTULO IX
Atuação do Advogado no Inquérito Policial com advento da nova lei 13.245/2016 40
9.1. Requerimentos de Diligencias ao Delegado 40
9.2. Advogado Acompanhar e intervir na Produção de Provas 40
CAPÍTULO X
Conclusão do Inquérito Policial 43
CAPÍTULO XI
Indiciamento 44
CAPÍTULO XII
Inquérito Até o Juízo
12.1. Recurso Contra Arquivamento a Pedido do Ministério Público 47
12.2 Arquivamento do inquérito e Surgimento de Novas Provas 48
12.3. Arquivamento implícito e Indireto do Inquérito policial 48
12.3.1 Arquivamento Implícito 48
12.3.2 Arquivamento Indireto 49
CAPÍTULO XIII
Inquérito Presidido por Autoridade Policial de Outra Circunscrição 51
CAPÍTULO XIV
Termo Circunstanciado 53