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1 PÁGINA 1 PÁGINA 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA – FDUFBA CONTEÚDO DO CADERNO DE DIREITO PENAL I-A – 2009.2 Assuntos de Direito Penal I-A Penal I Unidade I - Apresentação do Programa Bibliografia A dogmática penal - Conceitos - Objetivo A Lei Penal Estatuto Sujeito TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - História do Direito Penal - Lex Talious - Zafaroui; Pierangelli; Mirabete; Hungrix - Obra “Dos delitos e das penas”, de Césare Beccaria (1974) – A partir dessa obra o preso, o réu, passou a ser sujeito de direitos; - Determinação e certeza das penas; - As penas não deveriam se corporais; - É preciso respeitar a dignidade da pessoa humana; - Todo réu tem direito a defesa (ninguém pode ser julgado sem defesa); - Escolas penais Academias (espaços não delimitados, mas que apresentavam debates de idéias). Ali debatiam-se várias tendências do pensamento; - ESCOLA CLÁSSICA - Por que o homem pratica crimes? - Silogismo - Livre Arbítrio (faccere non faccere) - punitur quia precatum est - Obra “O apólogo da Ilha Deserta”, de Immanuel Kant – Ainda que toda a humanidade desapareça e reste apenas um condenado de pena de morte, esta sanção deve ser cumprida, efetivada; - O crime é um “ente jurídico”, para os Clássicos. Daí advém a dúvida: “O crime é „crime‟ por si mesmo?” - ESCOLA POSITIVA OU SOCIOLÓGICA - Passou a sofrer outras influências - Frenólogos e fisiognomistas pessoas voltadas para o estudo dos chamados “traços morfológicos”, os quais achavam que eles eram preponderantes ao julgamento; - Lombroso; 1 - As idéias penais através dos tempos; 2 - Período humanitário; 3 - O surgimento das escolas penais; 4 - O ideal 5 - O pensamento positivista; 5.1 Lombroso; 5.1.1 A teoria do criminoso nato; 5.1.2 L‟umo delinqüente; 5.1.3 A teoria do atavismo; 5.1.4 As taras degenerativas e patológicas

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Assuntos de Direito Penal I-A

Penal I – Unidade I - Apresentação do Programa Bibliografia A dogmática penal - Conceitos - Objetivo A Lei Penal Estatuto Sujeito TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - História do Direito Penal - Lex Talious - Zafaroui; Pierangelli; Mirabete; Hungrix - Obra “Dos delitos e das penas”, de Césare Beccaria (1974) – A partir dessa obra o preso, o réu, passou a ser sujeito de direitos; - Determinação e certeza das penas; - As penas não deveriam se corporais; - É preciso respeitar a dignidade da pessoa humana; - Todo réu tem direito a defesa (ninguém pode ser julgado sem defesa); - Escolas penais – Academias (espaços não delimitados, mas que apresentavam debates de idéias). Ali debatiam-se várias tendências do pensamento; - ESCOLA CLÁSSICA - Por que o homem pratica crimes? - Silogismo - Livre Arbítrio (faccere – non faccere) - punitur quia precatum est - Obra “O apólogo da Ilha Deserta”, de Immanuel Kant – Ainda que toda a humanidade desapareça e reste apenas um condenado de pena de morte, esta sanção deve ser cumprida, efetivada; - O crime é um “ente jurídico”, para os Clássicos. Daí advém a dúvida: “O crime é „crime‟ por si mesmo?” - ESCOLA POSITIVA OU SOCIOLÓGICA - Passou a sofrer outras influências - Frenólogos e fisiognomistas – pessoas voltadas para o estudo dos chamados “traços morfológicos”, os quais achavam que eles eram preponderantes ao julgamento; - Lombroso; 1 - As idéias penais através dos tempos; 2 - Período humanitário; 3 - O surgimento das escolas penais; 4 - O ideal 5 - O pensamento positivista; 5.1 – Lombroso; 5.1.1 – A teoria do criminoso nato; 5.1.2 – L‟umo delinqüente; 5.1.3 – A teoria do atavismo; 5.1.4 – As taras degenerativas e patológicas

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5.2 – Enrico Ferri – A Sociologia Criminal; 5.2.1 – Os substitutivos penais; 5.2.2 – A teoria do Estado Perigoso; 5.3 – Garófalo/ A Criminologia ASSUNTOS ABORDADOS NECROPSIA – O homem examinando o cadáver que qualquer animal detenha; AUTOPSIA – O homem examinando o cadáver de outro homem; NECROFILIA – Doença mental que induz à obsessão de fazer sexo com cadáveres; BESTIALISMO – Doença mental que induz à obsessão de faze sexo com animais; PIGMALIONISMO – Doença mental que induz à obsessão de faze sexo com estátuas; - Lombroso e a análise do crânio de Vilella; - Segundo a teoria do criminoso nato, o criminoso já nasce criminoso; - A teoria de Lombroso influenciou as obras de Machado de Assis e Nina Rodrigues; - A teoria do criminoso nato se baseava no atavismo. Ou seja, Lombroso acreditava que o indivíduo herdava uma herança mediata. - Traços morfológicos do indivíduo criminoso: - Fronte fugidia; - Olhos cavernosos; - Engomas salientes; - Orelhas pontiagudas; - Tendência pela tatuagem; - Insensibilidade à dor. ONANISMO – Obsessão por mastubar-se; EXIBICIONISMO – Prazer mórbido de mostrar as partes pudendas; - A teoria lombrosiana está defasada atualmente; - Padre Vieira: Ninguém pode julgar ninguém. Sermão da 5ª Dominga do Advento; - Ferri foi um grande jurista que recebeu muita influência de August Comte - Influência dos fatores mesológicos (do meio) – Ferri propunha uma relativização da lei. O homem é um ser gregário; - A teoria do Estado perigoso (Rossi) – Um indivíduo, aparentemente apresenta uma calma, mas em seu íntimo detém um perigo latente. A TUMULTOSA SAGA DO CRIMINOSO NATO: DARMON, Pierre: médicos e assassinos na belle époque. Tradução de Regina Grissi de Agostino. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991. - Cesare Lombroso era um grande professor de Turin, fundador e mestre da Escola Italiana e Antropologia Criminal, que acabara de demonstrar ao mundo atônito que todo delinqüente é um indivíduo que carrega os estigmas atávicos de suas tendências criminosas; - A documentação da Exposição Universal, em Paris, tinha por objetivo demonstrar a existência de um tipo humano destinado ao crime e estigmatizado por sua formação morfológica defeituosa; - Na exposição os cientistas haviam trazido crânios, encéfalos, rostos de cera, cérebros, “cerâmicas criminais”. Até mesmo um antopômetro destinado a medir as dimensões do pavilhão da orelha e o cateterômetro, pequena obra-prima da tecnologia que permitia efetuar nos crânios de assassinos as medições mais precisas e mais variadas em condições de luxo e de conforto incomparáveis; - Disciplinas voltadas para o estudo da delinqüência: antropologia criminal, biologia e etiologia criminais, sociologia e psiquiatria criminais, medicina legal e direito penal;

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- O mestre Turim construiu a teoria do criminoso nato que revolucionou a criminologia, suscitou paixões e deu origem a um dos maiores debates de idéias do final do século. O que estava em jogo era saber se o homem criminoso, repentinamente visto sob uma nova luz através da ciência de Lombroso, estava desde o nascimento predestinado ou não ao crime. Para além dessa questão era novamente colocado o antigo problema do livre arbítrio e do determinismo. A sociologia criminal demonstrava assim os seus limites, e a jurisprudência, bem como o sistema penal clássico eram atacados em seus fundamentos através da negação da responsabilidade criminal. O juiz perdia em parte a sua razão de existir e até corria o risco de ver-se despojado de suas prerrogativas em favor do médico; - Naquela época os crânios e a craniologia já estavam há muito tempo em voga. Camper e Gall haviam rompido com as doutrinas espiritualistas e sondado a inteligência e os sentimentos através da configuração da caixa craniana. Cedo ou tarde, era inevitável que os crânios de assassinos ganhassem forma; - Camper adquire a certeza de que existe uma relação íntima entre a inteligência e o volume da massa cerebral. Nos indivíduos de fronte alta, o cérebro pode desenvolver-se amplamente, mas, quando a fronte é projetada para trás, a massa cervical comprimida tem a sua expansão prejudicada; - A partir de uma intersecção entre duas linhas da face, Camper constatou que, com um ângulo facial de 70º, o negro encontra-se a meio caminho entre o homem e o macaco. Essa teoria foi banida pela teoria do orifício occipital de Cuvier. Posteriormente o alemão Blumenbach propõe o estudo dos crânios pela sua parte superior. Owen, por sua vez, decide que é preciso examinar os crânios pela parte inferior. Mas também aqui surgem críticas de todas as partes; - De vicissitudes em vicissitudes, os craniologistas põem-se a medir a capacidade da caixa craniana das diferentes raças; - A craniologia pretende estabelecer uma ligação entre o desenvolvimento intelectual e a estrutura da caixa craniana. Desta ciência, que caiu em desuso com o passar dos anos, não resta nada hoje a não ser uma pseudociência, a morfopsicologia. Alguns vestígios da frenologia também encontraram refúgio na linguagem corrente, na qual não é raro ouvir-se dizer que tal indivíduo tem “a bossa da matemática” e outro tem “a bossa do comércio”; - A craniologia marcou um progresso no sentido de supor que o cérebro é a sede dos pensamentos e sentimentos; - A fisiognomonia pretende descobrir os segredos da alma e da inteligência fundamentando-se não no exame dos crânios, mas no estudo da fisionomia; - O aspecto mais original do pensamento criminológico de Gall repousa sobre a singular novidade de suas idéias em matéria de sanção penal. Em sua opinião, a pena deveria ser estabelecida não em função do delito, mas do criminoso. As prisões deveriam ser concebidas como casas de educação para todos aqueles que são educáveis e como locais de internação para os criminosos destinados ao crime em razão de sua organização fisiológica defeituosa; - Houve o apelo dos cientistas que almejavam a doação de cérebros para estudos. Principalmente cérebros, crânios e esqueletos de homens ilustres. Da imensa coleta de cérebros realizada no mundo inteiro foi extraída uma grande quantidade de observações; - De uma maneira geral, associou-se à inteligência a complexidade das circunvoluções cerebrais e o peso do encéfalo. Em 1903, o Prof. Marthiega, de Praga, estabelece a escala dos pesos do encéfalo em função da categoria sócio-profissional; - No decurso do Sexto Congresso de Antropologia Criminal que teve lugar em Turim no ano de 1906, Cesare Lombroso relatou, com ênfase teatral, a origem da descoberta que iria abalar a criminologia: Lombroso asseverou que, após várias pesquisas em prisões e hospícios, constatou que os caracteres dos homens primitivos e dos animais inferiores deviam reproduzir-se em nosso tempo. - A documentação de Lombroso tinha por objetivo demonstrar a existência de um tipo humano destinado ao crime e estigmatizado por sua organização morfológica defeituosa;

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No decênio que se segue à publicação de “O homem criminoso”, surgem revistas de antropologia criminal por toda parte e os especialistas do gênero adquirem o hábito de reunirem-se em congressos cujos trabalhos encontram ego no grande público. Através dessas revistas ou desses congressos, manifesta-se o sonho de uma grande antropologia criminal de essência pluridisciplinar; - Filme “Minority Report”, de Steven Spielberg. Aborda um futuro no qual os crimes são investigados antes mesmo de serem cometidos pelos criminosos; - O Prof. Topinard e o Prof. Alexander teceram críticas às teorias de Lombroso. Alexander se insurge contra o lado místico da teoria de Lombroso. O meio social é o caldo de cultura do que o faz fermentar. Topinard contestou dizendo que o tipo criminalóde não passaria de um conjunto artificial de caracteres reunidos de qualquer maneira pelo criminologista italiano; - Questionamento proposto: Discorrer sobre as abordagens científicas acerca do crime e da criminalidade desenvolvidas pela antropologia positivista do século XIX. Localize nesse âmbito a teoria do criminoso nato, elaborada por Césare Lombroso, indicando suas principais características; - Fundada por volta da metade do século XVIII, a craniologia pretende estabelecer uma ligação entre o desenvolvimento intelectual e a estrutura da caixa craniana; - “O julgamento é feito antecipadamente”, nota Topinard, “depois procuram-se as provas, defende-se a tese, como um advogado que acaba persuadindo a si próprio”. - Escola Positiva; - Lombroso; - Ferri; - Garófalo; - A Importância do pensamento de Ferri - Os substutivos penais; - O estado perigoso; - Pena e medida de segurança (diferenças); - Garófalo e a Criminologia; - A nova ciência. TÓPICOS ABORDADOS - Ferri era um grande advogado criminal. Ainda assim ele era um grande humanista; - Mitigação do livre arbítrio – Nem todo homem é dotado de livre arbítrio; - Hostipal de Custódia e Tratamento – HCT - Código Penal, artigo 44 – Inspirado na contribuição de Ferri.

Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998) § 1o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998)

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§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. (Incluído pela Lei nº 9.714, de 1998) § 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz

da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for

possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. (Incluído pela Lei nº

9.714, de 1998)

- As espécies de pena são: - Penas privativas de liberdade (detenção e reclusão); - Penas restritivas de Direito (interdição temporária de direito; limitação de finais de semana; prestação de serviços à comunidade; suspensão de direito) - Pena de multa. - Casos nos quais podem ser aplicadas penas restritivas de Direito: - Quando a pena privativa de liberdade não for superior a 4 anos; - Quando o crime não for praticado com violência ou grave ameaça; - Quando o réu for primário. - Estado perigoso – Conceito estudado por Pelegrine Rossi; - Maníacos Sexuais; - Doentes mentais; - Delinqüentes reincidentes; - Serial killers; - Estudo dos artigos 213 e 214 do Código Penal Brasileiro;

Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) § 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

Atos libidinosos – “inter foemura”; “cunilinguas”; “anilingus”; “felatio in ore”. - A pena é aplicável aos imputáveis (tem capacidade de entender se uma conduta é criminosa ou não). As medidas de segurança são aplicadas aos inimputáveis. - Menores de 18 anos não praticam crimes, mas “atos infracionais”. - As penas são certas e determinadas. As propostas de medida de segurança não têm prazo final definido. - As penas estão ligadas ao juízo da culpabilidade. As medidas de segurança estão ligadas ao juízo da periculosidade.

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- As penas se destinam “erga omnes” e são direcionadas para todos. A pena tem efeito de retribuição, retribuitivo. Há também o efeito ressocializador. - As medidas de segurança têm caráter preventivo, profilático; - Importância de Ferri – Criação dos chamados “substitutivos”; - ESCOLA ANTROPOLÓGICA, SOCIOLÓGICA OU POSITIVA - Garófalo (formação sociológica). Buscava a genealogia do crime. - Criminogênese – Estudo da origem do crime; Para os positivistas, o crime é um fenômeno social; Atualmente adota-se a concepção de que um crime é um ente jurídico. - No Direito Penal Brasileiro, o incesto não é crime. A nossa legislação acredita que o crime é um ente jurídico. - “nulum crimen sine praevia lege”; - Legalidade, anterioridade e taxatividade; - Garófalo – criador da criminologia; - O que veio antes, o crime ou a lei? - Criminologia – O estudante e o criminólogo. ESCOLAS ECLÉTICAS - Início do Século XX; - São uma síntese do pensamento universal daquela época; - Alemanha e Itália se notabilizaram por esses pensamentos ecléticos; - Tecnicismo jurídico-penal; - Ernest Von Beling publica em 1906 “Die Lehre Vom Tatbestand”; - Hans Kelsen escreve “Teoria Pura do Direito”; - “A ciência do Direito vem sendo deturpada pela escola positivista. Hoje não mais sabemos o que é Direito e o que é Sociologia”, diziam os ideólogos dessa nova escola. “Devemos voltar à visão estritamente para o Direito”. Se rebelam contra a miscigenação do Direito. - Figura retora – Partida para o entendimento do movimento do tecnicismo jurídico-penal. (LEIT-BILD); - Anselmo von Feuerbach (1860). Inspirou-se no Direito Romano e enunciou: “nulum crimen sine praevia lege”; - Tipo Penal – Quadro no qual acha-se descrita abstratamente a conduta e também a sanção pelo descumprimento. Está na lei. - Tipicidade penal – Está na conduta do agente. É o encontro entre a conduta e o tipo. AS TERCEIRAS ESCOLAS - O tecnicismo jurídico-penal; - A obra de Beling e a sua importância para o estudo do Direito Penal moderno; - O tipo penal e a tipicidade (Tatbestand); - Característica/ fases - Tipo penal e a Segurança jurídica; - De Beling a Binding (Karl); - Teoria das Normas Penais;

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- Kelsen; - Mezger; - Wessels; - Nicolau Hartmann. - O movimento do finalismo penal; - Finalismo X Causalismo TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - Se a conduta não estiver taxativamente descrita na lei não será crimonosa, por ferir o princípio da taxatividade; - Quando a conduta não se amoldar a um determinado tipo penal ela é convencionada como atípica; - Cada tipo tem o seu “nomen juris”; - O tipo penal apresenta uma segurança jurídica. - Segurança Jurídica do Cidadão – O cidadão sabe que determinada conduta é ilícita antes mesmo de praticá-la. “animus jocandi” – intenção de brincar, de curtir. Tipicidade é o encontro de uma determinada conduta com um determinado tipo penal; - Processo de Adequação Típica Mediata – Ocorre quando não se pode fazer a adequação típica mediata; Tipo penal subjetivo 1ª fase – Fase do “ratio essendi”. Essa é a fase descritiva; 2ª fase – Escreve a obra “Diehehre vom Verbrechen”. Beling; - Para Mezger, toda vontade é direcionada para um determinado fim; - Toda ação, toda conduta nasce para uma determinada finalidade. - Finalismo Penal – Tem como principais mentores Mezger, Wessels e Nicolau Hartmann; - A conduta humana não pode ser vista como meramente mecânica. Quando alguém pratica um crime está realizando uma conduta voltada para um determinado fim. Para os finalistas o dolo estaria no tipo enquanto para os causalistas o dolo estaria na culpabilidade. CONCEITO ANALÍTICO (OU GENÉRICO) DE CRIME Crime é toda conduta humana típica, culpável e anti-jurídica. A conduta pode ser por ação ou de omissão; - “societas delinqüere non potest”. Discussão acerca das pessoas jurídicas; CRIMES OMISSIVOS – Se praticam com a simples omissão do agente. Ex.: Artigo 135. É um crime omissivo propriamente dito. CRIMES COMISSIVOS – Se praticam por ação. CRIMES OMISSIVOS IMPRÓPRIOS OU COMISSIVO POR OMISSÃO– Os quais em regra são praticados por uma ação e impropriamente por uma omissão. Por exemplo, uma mãe que deixa de amamentar o filho e acarreta a morte do mesmo. CRIMES OMISSIVOS-COMISSIVOS– São praticados por omissão quando o agente tem dever legal de agir. Por exemplo, o art. 269;

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“Nem todo direito está na lei. Nem toda lei encerra o Direito”; - A conduta para ser criminosa tem que contrariar o Direito; BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 1 - Cesar Bittencourt – Manual do Direito Penal / Saraiva; 2 – Paulo José Costa Júnior – Direito Penal Saraiva – Tratado de Direito Penal; 3 – Eugênio Henrique Zafaroni e José Pirangell – Manual do Direito Penal; 4 – Julio Mirabete – Manual do Direito Penal; 5 – Nelson Hungria – Comentários ao Código Penal Brasileiro. Florena. V. 1. 6 – Luíz Regis Prado 7 – Francisco de Assis – Princípios Básicos de Direito Penal; 8 – Rogério Greco – Direito Penal; 9 – Aníbal Bruno – Direito Penal; 10 – Muniz Sodré – As Três Escolas Penais; 11 – Francisco Bertino B. de Carvalho. TIPO PENAL 1 – Desenvolvimento: do “Tatbestand” aos dias de hoje; 2 – Espécies. 2.1 – Estrutura (nomen juris; núcleo; sujeitos; objeto jurídico; elementos acidentais – acidentalis -, essenciais – essentialiae); - Para os teóricos finalistas todo crime advém da vontade do agente. Nesse sentido, se todo crime advém da vontade do agente, como se explicaria o culposo? A teoria finalista da ação “saiu pela tangente”, mas se desvencilhou: No crime culposo o agente produz o resultado porque o indivíduo deixou de tomar cuidado e de atenção indispensável; - Dica de obra: O juramento de Nuremberg; - Dicas de filme: “O Leitor”; “O Menino do Pijama Listrado”; ESPÉCIES DE TIPO PENAL - Hoje a doutrina, a dogmática classifica os tipos penais nas seguintes espécies: GERAIS – São aqueles que apresentam por conceitos ou princípios ou normas gerais. Encontram-se na parte geral;

Culpável

Dolo Culpa

Direto Indireto Preterdolo

Alternativa

Eventual

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NORMATIVOS – Apresentam preceito e sanção (enunciado de lei e a resposta penal/estatal pelo descumprimento da vontade legal). PERMISSIVOS – São aqueles que permitem determinadas condutas. Por exemplo o art. 23 do Código Penal.

Exclusão de ilicitude (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - em legítima defesa;(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Código Penal Geral – 1º ao 120º Especial – 121º ao 361º - Psitacismo Verborrágico (uso de linguagem empolada, rebuscada excessivamente); - Dica de Filme – “Náufrago”, de Tom Hanks; - Linguagem Jurídica: Uxoricídio – matar o cônjuge; Fratricídio – matar um irmão; Matricídio – matar a mãe; Parricídio – matar o pai; Filhicídio – matar o filho; Infanticídio – matar o filho (logo ao nascer); - Teses absolvitórias e teses redutoras (São estes dois tipos de teses com as quais os advogados trabalham); - Inexibilidade de conduta diversa ou inexegibilidade de outra conduta. TIPO PENAL – ESTRUTURA 1 – “Nomen Juris”; 2 – Classificação; 3 – Núcelo; 4 – Sujeitos; 5 – Elementos (acidentais e Essenciais); 6 – Objeto Jurídico; 7 – Elemento subjetivo. TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - Tipos compostos ou mistos – quando apresentam mais de um núcleo (art. 122). No caso seria misto alternativo, pois apresenta mais de um núcleo ligado por um termo alternativo (ou);

Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:

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Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. Parágrafo único - A pena é duplicada: Aumento de pena I - se o crime é praticado por motivo egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

- O núcleo está no verbo que está regendo o tipo; - Em penal, sujeito ativo é aquele que pratica a conduta; - Elementos acidentais; - Quando a circunstância integrar o tipo, a supressão da mesma poderá causar duas hipóteses: atipicidade absoluta ou atipicidade relativa. - Atipicidade: absoluta ou relativa; ESTRUTURA DO TIPO – CONTINUAÇÃO - Circunstâncias (Essenciais – elementares – e Acidentais); - Deslocamento do tipo: Atipicidade Absoluta e Atipicidade Relativa; - Elementos Normativos; - Tipos Subjetivos. TÓPICOS ABORDADOS Circunstância Essencial – Se extraída há uma atipicidade absoluta; Circunstância Acidental – Toda aquela que orna o tipo e, quando retirada, não há alteração substancial do tipo; Elementos Normativos – Chega-se ao entendimento através de um “processo elaborativo mental”. Não se sabe plenamente qual o sentido pleno de certo termo (por exemplo, “mulher honesta”). O juiz deverá ter como base o “fuod islerumque accidit”; - O furto de gado, na doutrina, é denominado “abigeato”; - Tipo que apresenta norma penal em branco – Quando for necessário outra norma para fundamentar aquele tipo. Por exemplo, o artigo 269 do Código Penal Brasileiro;

Omissão de notificação de doença Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

- Lei morta da lei – Lei não mais usada; - Tipos penais subjetivos – São tipos nos quais se encontram, expressamente contemplado, o elemento volitivo. São aqueles tipos que, no Código Penal, têm expressões como: “com o fim de...”, “com o intuito de...”; “visando a...”, “a fim de...”, “para...”. Por exemplo, o art. 158.

Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90

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§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. (Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009)

- Tipo penal subjetivo sem expressão própria – Por exemplo o art. 261.

Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo Art. 261 - Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: Pena - reclusão, de dois a cinco anos. Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Prática do crime com o fim de lucro § 2º - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem. Modalidade culposa § 3º - No caso de culpa, se ocorre o sinistro: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES Os crimes são classificados pela doutrina de acordo com a sua forma, com o resultado, com o sujeito ativo, com o sujeito passivo, entre outros critérios. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO RESULTADO Crimes Formais – O tipo prevê a obtenção de um resultado, só que o legislador, “nervosamente”, antecipou esse resultado no próprio tipo; Crimes de Mera Conduta – A simples conduta do agente, independentemente da vontade. A lei pune a simples conduta do agente. Por exemplo, o art. 130.

Perigo de contágio venéreo Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação.

Crimes Materiais – O tipo prevê a obtenção de um resultado. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À AUTORIA - Autoria Intelectual; - Autoria Material; - Autoria Incerta; - Autoria Colateral; - Autoria Mediata.

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CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES (CONTINUAÇÃO) 1 – Quanto ao resultado: 1.1 – Crimes materiais; 1.2 – Crimes Formais. 2 – Quanto à Autoria: 2.1 – Intelectual; 2.2 – Material; 2.3 – Mediata; 2.4 – Incerta/Colateral 3 – Quanto ao sujeito ativo: 3.1 – Próprio 3.2 – De mão própria. TÓPICOS ABORDADOS - A pena para o autor intelectual é diferenciada. Ele é o responsável por “arquitetar o plano”. Pode ou não participar. - O autor material é todo aquele que flexiona o núcleo do tipo realizando a conduta principal. Em um crime pode haver mais de um. - A autoria mediata ocorre nas seguintes hipóteses: - Quando o agente imputável se utilizar de um agente inimputável para realizar os crimes; - Quando ocorre na coação moral irresistível. Nesse âmbito há dois indivíduos: o “coactor” e o “coacto”; - Quando ocorre um caso de obediência hierárquica; - Quem responde criminalmente no caso de autoria mediata é o superior hierárquico, o coactor ou o agente imputável; - A autoria é incerta quando não se sabe qual é o autor do crime; - Autoria colateral é uma subespécie da autoria incerta. - Primeira corrente para responder à hipótese da autoria colateal (vexata questio) – na autoria colateral recomenda-se que ambos os autores respondam por homicídio consumado (art. 121 do Código Penal), pois ambas as intenções são de matar;

Homicídio simples Art 121. Matar alguem: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Caso de diminuição de pena § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio qualificado § 2° Se o homicídio é cometido: I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; II - por motivo futil; III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Homicídio culposo § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de um a três anos.

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Aumento de pena § 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)

- A segunda corrente almeja que, na impossibilidade de definir-se quem é o autor do crime, recomenda-se que ambos respondam por homicídio tentado (corrente predominante); - A terceira corrente almeja a absolvição de ambos os réus com o intuito de não cometer quaisquer injustiças. ABSORÇÃO – O crime mais grave “absorve” o menos grave. CRIMES QUANTO AO SUJEITO ATIVO PRÓPRIOS – São aqueles que só podem ser praticados por determinadas pessoas ou categorias de pessoas. Por exemplo, o art. 312 e o art. 269;

Peculato Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem Peculato móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta.

Omissão de notificação de doença Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

CRIME DE MÃO PRÓPRIA – Cuja ação só pode ser praticada pelo próprio agente. Por exemplo o art. 124;

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos.

CRIMES QUANDO AO MOMENTO CONSUMATIVO INSTANTÂNEOS – Se consumam num só momento. O homicídio é um crime instantâneo de efeitos permanentes;

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PERMANENTES – A consumação perdura no tempo. Por exemplo, a posse de substância tóxica, cárcere privado (art. 148);

Seqüestro e cárcere privado Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005) II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005) § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: Pena - reclusão, de dois a oito anos

CLASSIFICAÇÃO DE CRIMES (CONTINUAÇÃO) 1 - Quanto ao momento de execução: - Tentado; - Consumado; - Exaurido. 2 - Quando ao concurso: - Eventual (co-autoria); - Necessário. TÓPICOS ABORDADOS NA AULA INTER-CRIMINIS (itinerário, rota) 1ª fase – Cogitar (idealização do crime) cogitatio – Penalmente irrelevante; 2ª fase – Atos preparatórios (conactus remotus) – Penalmente relevante; 3ª fase – Execução

Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Crime tentado é aquele em que, iniciada a execução o resultado não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. Crime consumado é aquele que reúne todas as características da sua definição legal Crime exaurido é aquele em que a fase de exaurimento ocorre antes mesmo da consumação;

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Crime de Concurso Eventual – A maioria dos designados no Código Penal. São também chamados de “monossubjetivos” (um sujeito), mas que eventualmente podem ser praticados por mais de uma pessoa. É todo crime monossubjetivo, mas que eventualmente podem ser praticados por mais de uma pessoa (por exemplo o art. 121); Crime de Concurso Necessário – São aqueles nos quais há uma participação plurima de pessoas (Crimes plurissubjetivos). Por exemplo, o art. 137.

Rixa Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.

QUANTO AO CONCURSO DE CRIMES - De concurso formal; - De concurso material; - Crime continuado. a) Concurso formal (art. 70 CP) – Unidade de conduta e pluralidade de eventos – pena exacerbada;

Concurso formal Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

b) Concurso formal imperfeito (art. 70/ Parte final) – Unidade de conduta, pluralidade de eventos e desígnios autônomos – pena cumulativa;

Art. 70 - [...] As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

c) Concurso material (art. 69 CP) – Pluralidade de condutas e pluralidade de eventos – pena cumulativa.

Concurso material Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - O concurso de crimes ocorre quando um agente pratica dois ou mais crimes, mediante uma só conduta ou mediante duas ou mais condutas; - Concurso – O agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. Esse é o conceito de CONCURSO FORMAL. Ver art. 70 do Código Penal; - Crime de concurso formal com “aberratio ictus”; - “facultas agendi” – Faculdade de escolher do juiz o acréscimo da pena; - “animus necandi” – Vontade de matar; - “animus furandi” – Vontade de caluniar; - “animus faedendi” – Vontade de lesar; - Crime de Concurso Formal Imperfeito – existe unidade de conduta, pluralidade de eventos e autonomia de desígnios “desígnios autonomus”; Se os desígnios forem autônomos as penas são aplicadas cumulativamente, de acordo com o art. 70 do Código Penal; - “animus jocandi” – Vontade de brincar. - Crime de concurso material – Pluralidade de condutas e pluralidade de eventos. - Crime continuado: para que assim seja classificado, deve haver: Pluralidade de condutas (ação e omissão), vários crimes, identidade de tempo, identidade de modo e identidade de lugar. E os crimes subseqüentes devem ser tidos como continuação dos crimes antecedentes. Crimes da mesma espécie. - Continuidade delitiva; - Majoração da pena; - Majorantes Legais – São as chamadas “causas especiais de aumento da pena”; Sistema trifásico de aplicação da pena 1ª Fase – Pena base; 2ª Fase – Reconhecimento dos Agravantes e Atenuantes; 3ª Fase – Análises das causas especiais. Outras espécies de crime - Crimes em “aberratio” – erro - “ aberratio ictus” – erro no ataque; - “aberratio persona” – erro contra a pessoa; - “aberratio delicti” ou “aberratio criminis” – resultado diverso do pretendido; - Nem todo indício é prova; - Aforismo: “A ninguém é dado desconhecer a lei”; - O erro é uma falsa percepção de uma realidade penal; - Legítima defesa putativa; - Putatividade. CRIMES MULTITUDINÁRIOS – São crimes praticados por multidões em tumulto; CRIMES PLURILOCAIS – São aqueles que têm início na execução em um determinado local e a conclusão em outro local (Por exemplo, o art. 6º do Código Penal);

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Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

- Ubiquidade. - Crimes pluriofensivos; - Crimes unissubsistentes; - Crimes plurissubsistentes. 1 – Lei Penal no tempo e no espaço; 1.1 – Princípios: - da atividade; - da ubiqüidade; - da irretroatividade (lex mitior e lex gravor) 2 – “Abolitio criminis”; 3 – Concurso aparente de normas. TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - A regra é que a lei penal é irretroativa, não retroage. É o conceito geral; Exceção: a lei penal só retroage em benefício do réu. Chama-se “retroatividade benigna”; - Lei nº. 8.072/90 e lei nº. 8.930/94; - Ultratividade da Lei Penal – Por exemplo, no caso das chamadas leis temporárias (como nos períodos de emergência); - Conflito temporal de Leis penais; - Lei nº. 6.368/76; - Lei nº.11.343 (Políticas Públicas sobre Drogas); - Não se pode fazer uma “mesclagem” das “lex mitior”, como uma “colcha de retalhos”; - PRINCÍPIO DA ATIVIDADE – Também chamado de “teoria da atividade”; Considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro venha a ser o momento do resultado (art. 4º);

Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

- Lei 8.069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA; - Medidas Sócio-Educativas; PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE – também denominado de “teoria da ubiqüidade”. Utilizada para explicar o lugar do crime. Significa que a lei penal será aplicada tanto no local que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado (art. 6º).

Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

- “abolitio criminis” – Acontece tanto em relação a uma lei quanto em relação a um tipo penal;

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- Lei nº. 11.106, de 28/03/2005 revogou o crime de sedução. Por conseguinte, as pessoas que estavam presas por crime de sedução foram libertas assim que a lei foi revogada (no mesmo dia é expedido um alvará de soltura) pelo conceito de “abolitio criminis”; - Outro exemplo: Rapto (art. 219 a 222) e Adultério (art. 240). O adultério, atualmente, constitui injúria grave no casamento.

Rapto violento ou mediante fraude Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Rapto consensual Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Diminuição de pena Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Concurso de rapto e outro crime Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

Adultério Art. 240 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

- “Cláusula de Fidelidade, com base no Direito Americano”. CONCURSO APARENTE DE NORMAS OU CONFLITO INTERTEMPORAL DE LEIS PENAIS Ocorre quando duas ou mais normas penais com VIGÊNCIA SIMULTÃNEA se propuserem a regular o mesmo fato. - Parte-se do pressuposto de que no Direito não deve haver lacunas; - Princípios solucionadores resolúveis do concurso aparente de normas; - Princípio da absorção – O crime mais grave absorve o crime menos grave, “lex major” ou “lex major absorvet lex minus”. - Princípio da Consunção – “lex consumer” – O crime-fim consome o crime-meio. “lex comsuptal legi” - Princípio da Especialidade – A lei espacial prevalece sobre a lei geral. “lex specialis derogat legi generali”. - Princípio da Subsidiariedade Expressa. - Princípio da Subsidiariedade Tácita. - Revogação – Lei posterior revoga a lei anterior (total ou parcialmente). - Derrogação – Revogação parcial de uma lei; - Abrrogação – Revogação Total. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO 1 – A Introdução; 2 – Princípios: - Anterioridade da Lei Penal; - Irretroatividade da Lei Penal mais gravosa. 3 – Novatio Legis Incriminadora; 4 – Abolitio Criminis; 5 – Novatio Legis in Pejus; 6 – Novatio Legis in Mellius; 7 – Leis Sucessivas; 8 – Lei Temporária; 9 – Tempo do Crime.

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TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - A lei penal é regida por diversos princípios; - Art. 1 – Designa o critério da anterioridade da lei penal, ou seja, da legalidade: “nullum crimen sine preve lege”. Esse princípio dá certa segurança ao ordenamento jurídico;

Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

- Existem princípios de segurança na Lei penal; - O Direito Penal é dinâmico, não é estático. Normas penais são publicadas e revogadas; - Irretroatividade da Lei Penal mais gravosa (lex gravio); - A Lei Penal mais gravosa jamais poderá retroagir para alcançar fatos que ocorreram antes da sua vigência; - “novatio legis penal incriminadora” – Poderá ser aplicada apenas no período posterior à sua ratificação (posterior também ao “vacatio legis”); - A Lei nova que determina a exclusão (abolição ou redução ou determinação de benefícios, como liberdade provisória) poderá retroagir: “abolitio criminis”. - “novatio legis in pejus”; - “novatio legis in mellius”; - A “abolitio criminis” alcançará o Processo Penal ainda que depois do trânsito em julgado. - Ultratividade – Preceitos podem ser percebidos à frente. É possível a ultratividade da lei penal no caso da lei mais benéfica para ser aplicada. - A lei penal mais benéfica, além da retroatividade, possui a ultratividade. - A lei excepcional ou temporária é aquela que possui vigência previamente fixada pelo legislador ou que vigem durante situação de emergência (designada no artigo 3º do CP);

Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

- Estas leis (as temporárias) têm ultratividade, aplicando-se ao fato cometido mesmo depois de revogado ou superado o estado excepcional; - Um fato ocorre na vigência de uma lei excepcional. Posteriormente, na ocasião do julgamento, essa mesma lei é alterada, sendo “lex mitior”. Qual deverá ser aplicada ao caso em questão? Duas correntes discutem essa situação. Uma dessas, a primeira corrente, diz que não se aplica a “lex mitior”, pois a lei é excepcional, foi criada num momento específico, então não se pode trazer uma nova abordagem para alterá-la. Outra corrente – a segunda corrente –, por sua vez, diz que se aplica a “lex mitior”, com o embasamento de que a retroatividade deve ser observada também nesses casos, sem exceção. TEMPO DO CRIME - Deve ser analisado por duas teorias (somando também a teoria mista); Teoria da Atividade – O tempo do crime é o marco temporal que devemos nos deter para estipular como será a incidência da norma. O momento do crime é aquele da ação ou da omissão. O Brasil, no Código Penal, adota essa. Teoria do Resultado – O que vale é o resultado. PRESCRIÇÃO – Quando ao termo inicial do prazo de prescrição não se aplica a regra geral da atividade, adotada pelo Código Penal. A prescrição, antes do trânsito em julgado, é regida pelo momento da consumação.

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os casos de crimes permanentes a prescrição será contada do momento que cessou a permanência. - Lei 11.343, Art. 33 – Exemplo de lei com vários núcleos. APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO 1 – A questão da soberania estatal; 2 – Princípios: 2.1 – Territorialidade; 2.2 – Princípio Real; 2.3 – Princípio da Bandeira. 3 – Conceito de Território: - Superfície Terrestre; - Águas Territoriais; - Espaço Aéreo. 4 – O conceito de território por extensão; 5 – O lugar do delito: - Teoria da ação; - Teoria do resultado; - Teoria da intenção; - Teoria da ubiqüidade. 6 – Extraterritorialidade do Direito Penal; 7 – Imunidade Diplomática: 7.1 – Inviolabilidade; 7.2 – Imunidade da Jurisdição Civil e Penal; 7.3 – Isenção Fiscal. 8 – Imunidade Parlamentar: - Imunidade material (Civil e Penal); - Termo (inicial e final) - Imunidade Formal 1 – Prisão – Flagrante crime inafiançável; 2 – Procedimental – Suspenção de Processo; 3 – Suspensão de Prescrição; 4 – Testemunha. TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - A aplicação da lei penal é um reflexo da soberania do espaço;

Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984) I - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) II - os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984) b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

- O Direito Penal é fragmentário; - Duas opções (seguir) ou (violar – sanção penal); - Princípio da Territorialidade – Aplica-se a lei penal aos fatos puníveis praticados no território nacional, independentemente da nacionalidade do agente; - Princípio real (ou de Proteção ou de Defesa); - Aplica-se a lei penal no estado titular do bem jurídico onde quer que este fato tenha ocorrido (onde quer que o delito tenha ocorrido). (Artigo 7º, I, CP); - Princípio da bandeira: Nas embarcações ou aeronaves que se encontram a serviço do Estado Brasileiro aplica-se a lei brasileira. - Nas embarcações ou aeronaves militares em serviço do território brasileiro aplica-se a lei brasileira; - Nas embarcações particulares – quando estão no mar nacional ou no mar internacional, seguem a lei brasileira. Por outro lado, quando estão no mar de outros países seguem a lei dos outros países. TEORIA DA AÇÃO – O lugar do crime é o lugar da ação ou da omissão; TEORIA DO RESULTADO – O que vale é o lugar do resultado; TEORIA DA INTENÇÃO – O lugar do crime seria onde deveria, por dolo do agente, ter ocorrido o resultado; TEORIA DA UBIQUIDADE – Vê-se no art. 6º do Código Penal. Confira também o art. 70 do Código do Processo Penal e o art. 63 da lei 9.099, de 26 de setembro de 1995. - Princípio de Prevenção para determinação de competência. EXTRATERRITORIALIDADE DO DIREITO PENAL INCONDICIONADA – Trata-se do parágrafo I do Art. 7º; CONDICIONADA – Trata-se do art. 7º, inciso II. - “bis in idem” – Ocorre quando o sujeito é julgado duas vezes pelo mesmo fato;

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A IMUNIDADE DIPLOMÁTICA - A imunidade diplomática é um privilégio outorgado aos agentes diplomáticos observando-se sempre a reciprocidade; - Inviolabilidade – Os artigos, as pastas, os documentos da sede da embaixada são invioláveis; - A sede da embaixada não é mais considerada território do país acreditante, mas sim considerada território nacional – só que ainda é inviolável; - Imunidade de jurisdição civil e penal; - Isenção fiscal. A IMUNIDADE PARLAMENTAR - Imunidade material (civil e penal); - Termo inicial: diplomação; - Termo final: fim do mandato; - Imunidade formal (Procedimento, Art. 53 Constituição Federal) - Prisão – Flagrante crime inafiançável (24h); - Procedimental – Suspensão do Processo (Recebimento da Denúncia); - Suspensão Prescrição (§ 5º) - Não está obrigado a testemunhar acerca das informações concernentes ao exercício do mandato. - Ser julgado no Supremo Tribunal Federal – Prerrogativa Funcional. Parágrafo 1º, art. 53. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 1 – Reserva Legal (ou princípio da legalidade) – Não há crime sem lei anterior que o defina. Também relacionado com o princípio do tipo penal e da tipicidade penal. O princípio da reserva legal é rígido, taxativo. Só se pode fazer interpretação extensiva com o intuito de beneficiar o réu. 2 – Anterioridade – Não há pena sem prévia cominação legal; 3 – Insignificância – Alguns atos perdem a tipicidade por motivo de irrelevância. Ocorre quando a aplicação da norma pode tornar-se desproporcional; 4 – Princípio da Individualização da Pena (ou Pessoalidade) – Existem circunstâncias que são pessoais, personalíssimas. A pena pode ter agravantes, por exemplo. Matar alguém tem uma penalidade, mas matar o irmão, especificamente, a pena deve ser agravada. Princípio indispensável ao Direito Penal. 5 – Princípio da Confiança – Há uma presunção de que as pessoas vão cumprir a norma penal. O direito penal tem a confiança de que as pessoas vão seguir as normas – embora muitas vezes isso não aconteça. 6 – Intervenção Mínima – O Direito Penal deve ser tido como “soldado de reserva”, devendo ser utilizado o mínimo possível. Deve ser usado em última necessidade. Existem defensores ferrenhos pretendendo acabar com o Direito Penal. “ultima ratio” – deve ser usado somente para casos raros. O Direito Penal deve ser usado de forma mínima. 7 – Fragmentalidade – Ele consegue proteger uma parte dos bens jurídicos (fragmentos dos bens jurídicos). Protege alguns bens somente. 8 – Subsidiariedade – Direito Penal deve ser usado como última possibilidade, “ultima ratio”; 9 – Proporcionalidade – A pena deve ser proporcional ao delito. Crime de menor potencial ofensivo – cuja pena máxima não é superior a 2 anos. (Lei nº. 9.099/95) A pena de prisão, neste caso, é desproporcional. As penas alternativas são prestação pecuniária, perda de bens

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e valores, prestação de serviços à comunidade, interdição temporária de direito, limitação de fins de semana. 10 – Imputação Pessoal – A pena é pessoal, devendo ser aplicada à pessoa que cometeu o crime. Conseqüentemente, não poderá passar da pessoa do condenado. 11 – Intranscedência – O Direito Penal unicamente refere-se a restringir a liberdade ou uma certa quantia do condenado e não seus direitos em seu todo. PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA – paga à Vítima MULTA – paga ao Estado A morte exclui a punibilidade do crime (art. 107, inc. I); 12 – “Ne bis in idem” – Ninguém poderá ser apenado duas vezes pelo mesmo fato. DICA DE FILME – “Risco Duplo”; 13 – Princípio da Isonomia – Tratar de forma igual aqueles que estão em ocasiões diferenciadas. Igualdade formal e igualdade material. 14 – Ninguém poderá ser considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença criminal condenatória. Não se pode dizer que um réu que não já tinha sido processado com trânsito em julgado é reincidente. - Comentários sobre a situação criminal de Paulo Salim Maluf 15 – Não auto-incriminação – (Pacto São José da Costa Rica) – Diz que ninguém é obrigado a constituir prova contra si mesmo. Esse é um princípio constitucional assinado neste pacto pelo Brasil. O réu pode mentir, pode omitir, pode calar-se. No direito penal o silêncio jamais poderá ser entendido de forma contrária ou mesmo incriminar o réu. “Nemo tenetur se detegere” – Ninguém é obrigado a constituir prova contra si mesmo. 16 – Ampla Defesa – O réu tem direito à auto-defesa e também à defesa técnica de forma ampla e, no júri, plena. A deficiência da defesa técnica para o réu pode causar a nulidade do processo. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE Relação de Causalidade – Causa – (condição/ causa concorrente/ concausa) – Conseqüência (evento).

Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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- Considera-se “causa” a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe der causa (art. 13 CP); - Teoria da “conditio sine qua non” (condição sem a qual) – Para que nós saibamos qual a causa de um crime temos de nos valer do processo de eliminação hipotética; - Partindo do resultado, numa trajetória regressiva, vou buscando as causas de um determinado evento; - Causa é tudo aquilo que pode gerar um evento típico, um resultado típico; - A causa liga-se à conseqüência pelo nexo de causalidade; - Teoria da equivalência dos antecedentes causais; - “regressum ad infinitum” – Zenão de Eléia, filósofo grego da Antiguidade Clássica. “Se o lugar é um ente próprio, deve sempre existir um lugar do lugar para o lugar do lugar”; - Culpabilidade – Vínculo Psicológico – Liame subjetivo, vínculo subjetivo; - Nenhum objeto é finalístico a si mesmo; - “Não existe maldade nas coisas, a maldade está na essência do ser humano” – Schoppenhauer; - “O homem não é bom nem mau, o homem é bom e mau” – Niestche. - TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS – Considera-se causa toda e qualquer ação ou omissão capaz de gerar um resultado. - Liame subjetivo – Une o fato ao autor; - Concurso de Pessoas – Quando várias pessoas concorrem para o mesmo crime (Art. 29 CP);

Regras comuns às penas privativas de liberdade Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

QUESTÃO RESOLVIDA: A, B, C e D resolvem matar o sujeito E. Ficou acertado que o sujeito A localizaria a vítima, dando informações ao seu respeito; o sujeito B compraria a arma para o crime e dirigiria o veículo para levar os comparsas e lhes daria fuga; enquanto que os sujeitos C e D executariam materialmente o homicídio. Assim foi feito, vindo a vítima a falecer em virtude dos disparos da arma de fogo produzidos por C e D. Solucionar o caso em face das disposições contidas nos artigos 13 e 29 do Código Penal. RESPOSTA – Homicídio qualificado. Concurso de pessoas (eventual, porque o homicídio não é um concurso necessário). A vítima veio a falecer em decorrência do atos de A, B, C e D. Quanto à relação de causalidade, podemos dizer que foi conseqüência das condutas de A, B, C e D. Eles respondem porque entre eles existia acerto prévio (não foi adesão de vontade) com o intuito de matar. Eles estão ligados por vínculo subjetivo – ou psicológico – que estão ligados à conseqüência, ao evento, por nexo de causalidade. No parágrafo I do Art. 29 indica que: “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este...” Todos respondem pelo mesmo crime (Art. 121 CP) porque existe um nexo de causalidade entre a conduta dos agentes e a consequência.

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CONCAUSA - A hemofilia seria uma concausa neste exemplo: João dá três facadas em Luiz, portador de hemofilia, que vem a falecer. SUPERVENIÊNCIA CAUSAL Superveniente é algo que vem após o fato, ou seja, após a conduta do agente. “O sujeito toma três tiros e é levado pela ambulância ao hospital, ainda vivo. No trajeto a ambulância bate e ele morre”. Como resolver? O Código Penal almeja saber a causa superveniente é relativamente dependente ou absolutamente dependente. Fundamentação em Art. 13 §1º CP.

Relação de causalidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

QUESTÕES PROPOSTAS: 1 – Antônio, inimigo de Francisco, desfere três tiros de arma de fogo contra este. Levado para o hospital, no percurso vem a falecer em virtude de uma colisão sofrida pela ambulância que o transportava. Pergunta-se: o agente responde: por homicídio consumado, homicídio tentado, lesões corporais ou não responde por crime algum em face da superveniência causal? 2 – Pedro adiciona veneno à comida de Manuel que, após ingeri-la, é levado ao hospital. Enquanto se encontrava no Hospital, a vítima veio a falecer em decorrência do desmoronamento do teto da enfermaria. Como resolver a hipótese em face do art. 13, Parágrafo I do CP? 3 – Celso dá dois golpes de faca em Francisco, ficando a lâmina da faca cravada no tórax da vítima. No percurso para o hospital a vítima veio a falecer em virtude de um raio que foi atraído pelo metal da faca. Solucionar o caso à luz do Art. 13, Parágrafo I do CP. A OMISSÃO E SUAS FORMAS

Art. 13 – [...] Relevância da omissão (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

1 – Considerações Gerais

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- Normas proibitivas X Normas imperativas; - A conduta que infringe uma norma imperativa consiste em não fazer a ação ordenada pela norma; - O agente não faz o que pode e deve fazer; 2 – Classificação: - Omissivo próprio; - Omissivio impróprio. 3 – Crimes omissivos próprios - Crime de mera atividade: Exemplo, omissão de socorro - Não se atribui resultado; - São previstos em tipos penais específicos; - Desobediência ao dever de agir; - O resultado é irrelevante para a consumação, podendo configurar uma majorante; - Em relação a esta majorante é indispensável a análise do nexo causalidade. 4 – Crimes omissivos impróprios: - O dever de agir é para evitar um resultado; - Crime material. Elementos: 1º - Ocorrência da situação geradora do dever de agir; 2º - Abstenção da atividade que a norma impôs; 3º - Superveniência do resultado típico em decorrência da omissão. 4.1 – A figura do garantidor - Devem prevenir, ajudar, instruir, defender o bem titulado. 4.2 – Fontes originadoras da posição do garantidor: - Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; - De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado; - Criou o risco. TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - O Código Penal determina normas proibitivas (non faccere). Também normas imperativas (faccere); - A omissão e relevante quando o agente, agindo, poderia ter alterado o resultado; - AÇÃO (O agente agiu) – RESULTADO (Ocorreu o resultado); - OMISSÃO (O agente agiu) – RESULTADO (Não ocorreu o resultado); - Os crimes omissivos impróprios podem também ser chamados de “comissivos por omissão”; - Crime omissivo impróprio: Abstenção da atividade (não agir); O garantidor tem o dever de impedir o resultado ainda que, para isso, ponha-se em risco pessoal. 5 – Relevância causal da omissão – “nexo de não-impedimento”. OMISSÃO – RESULTADO. Na verdade, o sujeito não impediu o resultado, e é equiparado ao causador. Na omissão há o nexo de causalidade, há o nexo de “não-impedimento”, que é erigido pelo Direito à condição de causa. CONCLUSÃO DE RELAÇÃO DE CAUSALIDADE - Para o Código Penal tudo que se relaciona com o resultado é causa – mesmo que seja concausa; - A concausa não pode excluir a causa;

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CAUSA SUPERVENIENTE RELATIVAMENTE INDEPENDENTE - “animus necandi” – Dolo de matar; vontade de matar. - “Todo homem tem dentro de si Deus e o diabo”, Niestche. - “animus laedendi” – ânimo de furar; - Posso aferir o “animus” através de critérios; - Dica de leitura: Fernando Pessoa; - Critérios objetivos para pesquisar o “animus” agente: Sede topográfica da lesão (no tórax, no jugular, no pescoço – queria matar; na mão, no pé – não queria matar, mas estima-se, mas, se atingir a coxa, no fêmur, pode acarretar a morte); Potencial ofensivo ou grau de lesividade do instrumento ou do objeto (com uma metralhadora, revólver 38 – alto efeito ofensivo). - Discussão do Artigo 14 do Código Penal;

Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Crime consumado (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Pena de tentativa (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

- “res publica” – República, coisa pública. - O crime é consumado quando nele se reúne todos os elementos de sua definição legal; - Diz-se que houve tentativa do crime quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. - Quando é que se inicia a execução? - “Intercriminis” – Caminho do Crime – “Cogitatio”; Atos preparatórios; Execução; Consumação. - “As ofensas devolvidas intactas não ferem”;

Execução

Tentativa (fixio

juris)

Desistência

voluntária

Arrependimento

Perfeita Imperfeita Eficaz Ineficaz

Eficiente

Ineficiente

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- Não existe “tentativa de homicídio culposo”; A TENTATIVA PERFEITA PODE SER CONCEITUADA COMO: Quando o agente esgotar os meios de realizar o resultado e mesmo assim o resultado não acontece. Ele usou todo o potencial ofensivo, mas o resultado não ocorreu por circunstâncias alheias à sua vontade; A TENTATIVA IMPERFEITA PODE SER CONCEITUADA COMO: O agente poderia prosseguir. Ele tinha um “plus”. - TENTATIVA – Crime que não obteve resultado (art. 14, II) - DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA – Quando o agente, iniciada a execução, o resultado desse crime não ocorre por vontade subjetiva dele. O agente desiste de finalizar o crime (art. 15);

Desistência voluntária e arrependimento eficaz (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

- ARREPENDIMENTO – O agente inicia a execução do crime, executa a conduta até o último instante e, no final, volta e faz a conduta oposta (salvar). Ele responderá pelos atos já praticados. Se a vítima não morrer, o arrependimento é eficaz. O agente pratica a conduta, ultima o ato executório, mas se arrepende. A vítima não deve morrer, senão ela responde pelo crime. Se a vítima morrer o arrependimento é ineficaz. O agente responde. - Arrependimento ineficaz eficiente – Arrependimento, embora ineficaz, é eficiente (leva a um excelente médico). A pena pode ser diminuída. - Arrependimento ineficaz ineficiente – Arrepende-se, mas age de forma ineficiente (passar merthiolate); - “modus in rebus” – vamos com calma!, vamos devagar! O Direito Penal é a “ultima ratio”, a última instância para proteção dos bens jurídicos considerados mais relevantes à sociedade. ARREPENDIMENTO POSTERIOR – Ocorre depois do crime realizado. Deve haver um pressuposto: que o crime não for aplicado com violência ou grave ameaça. Causa especial de diminuição de pena contempladas na parte geral do Código Penal (art. 16).

Arrependimento posterior (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

IMUNIDADE PARLAMENTAR (Material ou Inviolabilidade e Formal); Federal – Senador e Deputado Federal Estadual – Deputados Estaduais Municipal – Vereadores Imunidade Parlamentar Material (53, caput; 27 § 1º, 29, VIII) ou inviolabilidade (perpétua) - Como ela é do cargo, não da pessoa do parlamentar, ele não pode renunciá-la. - Ela, na realidade, constitui uma causa pessoal de isenção de pena.

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Formal (não se aplica ao vereador) - 53, com seus parágrafos; - A denúncia é uma peça oferecida pelo Ministério Público para crimes de Ação Pública. - Só protege os parlamentares durante o exercício do mandato. CONFLITO APARENTE DE NORMAS Concurso Aparente de Tipos Penais ou Concurso Ideal Impróprio Fato = Eliminação de uma vida. Várias normas incidem. Por exemplo: Art. 121; Art. 123; Art. 124; Art. 129, §3º; Art. 158, §3º; Art. 157, §3º. 1 – CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE – “Lex Specialis derogat Legi Generali” – O único que detém aceitação pacífica. Considera-se uma norma especial em relação a outra geral quando reúne todos os elementos desta, acrescidos de mais alguns denominados especializantes. Também existe relação de especialidade entre os tipos básicos e os tipos derivados, sejam eles qualificados ou privilegiados. Exemplo da professora: Filho desliga aparelhos que mantêm a mãe, que está em estágio terminal, viva, por pedido dela, que sofria muito. Ele responderá por 121, C/C §1º §1º caput (tipo básico) §1º (tipo derivativo – privilegiadora) §2º (tipo derivado, III, IV) 2 – CRITÉRIO DA SUBSIDIARIEDADE – Há relação de primariedade e subsidiariedade entre duas normas quando descrevem graus de violação de um mesmo bem jurídico, de forma que a norma subsidiária é afastada pela aplicabilidade da norma principal, porque aquela representa um grau menor de violação do bem jurídico. O tipo subsidiário é denominado de soldado de reserva. A pena do tipo primário ou principal é sempre mais grave que a pena do tipo subsidiário. Pode ser expressa, quando está descrita no próprio tipo. Ex. art. 132; Art. 238. Pode ser tácita, quando determinada figura típica funcionar como elemento constitutivo, majorante ou meio prático de execução de outra figura mais grave. - Figura típica funciona como elemento constitutivo – Art. 146 (constrangimento ilegal) ou Art. 213 (estupro); - Figura típica funciona como majorante – Art. 157, §2º, V (seqüestro ou cárcere privado funcionando como majorante do crime de roubo, 148. Meio Prático de execução de outra figura mais grave). CRITÉRIO DA CONSUNÇÃO OU ABSORÇÃO – Não confudir com concussão (art. 316). O princípio da consunção ou absorção defende que a norma definidora de um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação ou execução de outro crime. Há consunção quando o fato previsto em determinada norma é compreendida pela outra, mais ampla, aplicando somente esta. Na relação consultiva, os fatos se apresentam numa relação de fração e inteiro. Daí que o crime-fim absorve o crime-meio. O crime que absorve se chama de crime consultivo e o crime absorvido se chama crmie consunto. CRITÉRIO DA ALTERNATIVIDADE- Só trabalha como crime de ação múltipla. Nesse crime o tipo penal prevê várias condutas como típicas. Por exemplo, o art. 122 (induzir, instigar, prestar auxilia – art. 122).

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TEORIA DO DELITO O FATO PUNÍVEL – Divisão tripartida e divisão bipartida: Tripartida: Crimes, delitos e contravenções; Bipartida: Crimes ou delitos e contravenções (adotada no Brasil); Crimes ou Delitos – Art. 32 do CP – Sanções Penas privativas de liberdade; Penas restritivas de Direito Multas Contravenções Decreto-Lei 3.688/41 Multa Prisão Simples Conceito de Crime – O Código Penal não dá uma definição legal sobre o crime. A doutrina que tomou a responsabilidade de idealizá-las. Conceito Formal ou Nominal – Crime é todo fato humano proibido pela lei penal; Conceito Material ou Substancial – Crime é toda lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico-penal, de caráter individual, coletivo ou difuso. Conceito analítico ou dogmático – Crime é fato típico, anti-jurídico e culpável. CRIME = FATO TÍPICO + ANTIJURIDICIDADE + CULPABILIDADE (Conferir se há esses três elementos, nessa ordem. Possuindo todos, haverá o crime) Na Europa, insere-se, ainda, a “punibilidade”. EXCLUDENTES DE ILICITUDE Retiram o caráter anti-jurídico do fato. Crime (analítico) – Tipicidade, Antijuridicidade e Culpabilidade; Artigo 24 (Estado de Necessidade) – Perigo atual (ou iminente); não provocado por vontade própria; inevitável; direito próprio; direito alheio; sacrifício inexigível.

Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

INTERPRETAÇÃO AMPLIATIVA ANALÓGICA - Não se pode usar Interpretação Ampliativa Analógica em se tratando de norma penal incriminadora. - Quando a lei emprega a expressão “não é crime” está indicando uma excludente de ilicitude. - O Estado de necessidade é maior do que o Direito de Proteção.

Estado de necessidade Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

INEXEGIBILIDADE DE CONDUTA ADVERSA Não está na lei, é chamada de causa supralegal de excludente de punibilidade; - “extraneus” – Terceira pessoa envolvida LEGÍTIMA DEFESA

Legítima defesa Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

1 – Moderadamente (exige-se prudência); 2 – Meios necessários; 3 – Agressão injusta; 4 – Atual 5 – Iminente 6 – Direito próprio 7 – Terceiros EXCESSO PUNÍVEL NA LEGÍTIMA DEFESA LEGÍTIMA DEFESA PRÉ-ORDENADA - “ofendiculum” - Colocação de determinadas fontes de segurança. LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA – É admissível no Direito Penal e ocorre quando o agente pratica a conduta na suposição de um perigo que na verdade não ocorre. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO – Significa que o agente está legitimado pelo Direito para proceder daquela forma. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL – Aplica-se para determinadas ações policiais. DIRIMENTES DE CULPABILIDADE – Há crime, mas não há pena. - Coação moral irresistível – Ocorre quando um agente chamado coactor exerce um comando sobre a conduta do coacto para que este último esteja obrigado a praticar uma conduta não permitida pela lei. - Obediência Hierárquica. - Coação irresistível – É toda aquela que não pode ser afastada pelo coacto. “fuod plerumque accidit” – Com base no pensamento comum da sociedade. Depende do processo intelectivo do juiz. - Coactor (incubo) – Coacto (súcubo) OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA – “obedere” (obedecer) – Ato que envolve uma relação de poder, a qual pode ocorrer dentro de uma relação familiar – pátrio poder – ou do âmbito militar). Dica de filme – “O leitor”; “O juramento de Nuremberg”;

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CONCURSO DE PESSOAS – Ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática de um ou mais crimes. CONCURSO NECESSÁRIO CONCURSO EVENTUAL Teoria Unitária ou Monística – Todos aqueles que concorrem pelo crime respondem pelo crime. CLASSIFICAÇÃO DA DOUTRINA Autor – Aquele que pratica ato executório, ou seja, ato de execução. É todo ato que perfaz materialmente o tipo penal, flexiona o núcleo; Co-autor – também pratica conduta executória; Partícipe – Pode ser moral (instigação ou induzimento) ou auxílio material. Não pratica ato executório, mas participou do crime.

Pluralidade de pessoas (com 2 já constitui concurso); - Uniformidade de desígnios – homogeneidade de elemento subjetivo; - Tem que ocorrer um liame subjetivo (ou adesão de vontade ou acerto prévio). CONCURSO DE PESSOAS 1 – Requisitos - Existência de dois ou mais agentes; - Relação de causalidade entre as condutas e o resultado; - Vínculo psicológico; - Prática de uma mesma infração; - Existência de um fato punível. 2 – Teorias - Teoria Unitária; - Teoria Pluralista; - Teoria Dualista. 3 – Distinção entre co-autoria e participação; 4 – Participação de menor importância; 5 – Cooperação dolosamente distinta; 6 – Autoria mediata; 7 – Autoria colateral; 8 – Teoria do domínio do fato; 9 – Concurso de agentes em crime culposo.

PARTÍCIPE

MORAL AUXÍLIO MATERIAL

INSTIGAÇÃO INDUZIMENTO

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TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - O nosso Código Penal adota a teoria unitária; DISTINÇÃO ENTRE CO-AUTORIA E PARTICIPAÇÃO; Teorias: Teoria Formal – Autor é quem realiza a figura típica e partícipe é aquele que realiza condutas fora do núcleo do tipo. Não consegue explicar a chamada “autoria intelectual”; Teoria do Domínio do Fato – Autor é aquele que tem o poder de fazer a conduta continuar ou fazer o fato cessar. Partícipe seria aquele que não tem domínio do fato. - O cúmplice é aquele partícipe material, que auxilia. - Participação de menor importância – Art. 29, §1º, CP. Este dispositivo somente se aplica ao partícipe;

Regras comuns às penas privativas de liberdade Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

- Neste caso o partícipe colabora minimamente; - Participação e menor importância não é igual a ausência de participação; - Cooperação dolosamente distinta – é o desvio subjetivo entre co-autores e partícipes (ver art. 29, §2º do CP); O agente que desejava praticar determinado delito sem condição de prever crime mais grave, deve responder pelo que pretendeu, não podendo imputar a ele conduta não desejada. Resultado previsível é aquele que se pode imaginar pela conduta realizada. AUTORIA MEDIATA – Ocorre quando um agente A se utiliza de um agente C para cometer um crime. Ocorre quando um agente se vale de uma pessoa não-culpável, que atua sem dolo ou culpa para o cometimento do crime. - Teoria do “homem de trás”. AUTORIA COLATERAL – Ocorre quando dois ou mais agentes agem sem que um saiba da existência do outro. Um desconhece a conduta do outro. Ambos concorrem para o resultado. Chama-se de autoria incerta a hipótese de autoria colateral quando não se sabe qual dos autores conseguiu chegar ao resultado. 1 – Concurso de pessoas (continuação); 2 – Comunicabilidade e Incomunicabilidade; 3 – A “vexata quaestio” da comunicabilidade nos crimes próprios. CONCURSO DE PESSOAS (CONTINUAÇÃO) Crimes monossubjetivos – Duas ou mais pessoas se associam na prática de uma conduta delituosa; Princípio do Direito ao Silêncio; Princípio de não auto-incriminar-se; - “O poder da força cessa a força do Direito”;

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Caso citado: Assassinato de um neonato, com participação da mãe (A) e do pai (B): A + B = C (neonato) Três correntes Corrente legalista – No caso de infanticídio, A e B respondem por infanticídio. Corrente crítica – A mulher (A) responderia por infanticídio e o homem (B) responderia por homicídio. Corrente eclética – No crime de infanticídio, decidiu o STJ, se o co-réu praticar ato de execução, responde por homicídio. Se praticar ato que não for executório, então responderá por infanticídio. DIVISÃO BRASILEIRA Bipartida – Crime X Contravenção - O princípio do “duplo binário” X vicariante “Plus” – Os crimes ou delitos são apenados: Reclusão, detenção, multas ou penas alternativas; “Mnus” – As contravenções são apenadas: Prisão simples ou multa. LEI DAS CONTRAVENÇÕE PENAIS Infrações menores – conceito; Infrações de menor potencial ofensivo – conceito; Lei das Contravenções Penais – Lei em desuso. Contudo, permanece em vigor. Lei nº. 9.099/95 Decreto Lei nº. 3.688/41 - Temos que focalizar na prevenção dos crimes, não em sua penalidade. - Pena aos imputáveis. Medida de segurança aos inimputáveis. - No sistema duplo binário o mesmo indivíduo poderia ser considerado imputável e inimputável. FUNDAMENTO DA PENA - A pena é uma sanção imposta pelo Estado pelo não-cumprimento de uma de suas normas; - A pena tem também aspectos utilitaristas: - Intimidar – Pode ser intimidativo particular ou intimidativo geral (erga omnes) - Prevenção; - Ressocializar. A lei está acima de tudo, como a espada de Tâmocles. - Crítica ao sistema: “A pena ressocializa” – Esta frase é uma falácia. A pena não socializa, a pena criminaliza. - Temos de fazer a crítica dos fatos. Não podemos aceitar a intolerância. Não sejamos intolerantes. PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 1 – Reclusão, detenção e prisão simples: - Regimes; - Incapacidade para o pátrio poder; - Internação; - Fiança. 2 – Regime progressivo; 3 – Regime fechado;

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4 – Regime semi-aberto; 5 – Regime aberto; 6 – Direitos do preso: - Visita íntima; - Proteção ao preso; - Execução provisória; - Trabalho do preso. 7 – Remição; 8 – Detração Penal. TÓPICOS ABORDADOS NA AULA - A tendência do sistema atual é desprisionalizar; - A pena privativa de liberdade tem por fundamento a prisão provisória ou definitiva do acusado no processo criminal; - As penas em geral podem ser privativas, restritivas e multa.

- A pena privativa tem três subespécies; - A prisão simples é aplicada para as contravenções penais. Ela não pode ser cumprida em regime fechado. E o cidadão não pode cumpri-la juntamente com os demais presos. A regra é que ele preste medidas; - O sistema brasileiro adotou o regime progressivo; REGIME FECHADO – (+8) anos – Em Salvador é cumprido na Penitenciária Lemos de Brito, localizada na Mata Escura. REGIME ABERTO – (-4) anos – Em Salvador há a Casa do Albergado, que fica também na Mata Escura; REGIME SEMI-ABERTO – 4 a 8 anos. Em Salvador há a Colônia Agrícola Lafaiete Coutinho, no bairro Castelo Branco. LIVRAMENTO CONDICIONAL – Não volta ao cárcere, mas tem de comunicar mudanças de endereço. REMIÇÃO: 3 dias de trabalho = 1 ano a menos de pena. - Presos provisórios ficam na Casa de Detenção (também localizado no Complexo da Mata Escura); - Não há diferenciação ontológica entre Detenção e Reclusão: Detenção – Delitos menos graves; Reclusão – Delitos mais graves. - Quanto ao regime: Reclusão – Pode ser iniciada em regime fechado, em regime aberto ou em regime semi-aberto; Detenção – Somente no regime semi-aberto ou aberto pode ser iniciada.

PENAS

PRIVATIVAS RESTRITIVAS MULTA (Para o Estado,

vai ao Fundo

Penitenciário – FUNPEN)