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Leis Especiais Para Concursos - Vol. 12 - Tomo II - Gabriel Habib - 2015

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Lei Especial Penal

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  • GABRIEL HABIB Defensor Pblico Federal no Rio de Janeiro.

    Mestrando em Cincias Jurdico-Criminais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Portugal. Forscher am Max-Planck-Institut fr auslndisches und intemationales Strafrecht. Freiburg, Alemanha, em 2013 . Ps graduado em Direito Penal Econmi

    co pelo Instituto de Direito Penal Econmico e Europeu da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Professor da EMERJ - Escola da Magistratura do Estado do

    Rio de Janeiro. Professor da ESMAFE - Escola da Magistratura Federal do Paran. Professor de FESUDEPERJ - Fundao Escola da Defensoria Pblica do Estado do Rio de Janeiro. Professor do Curso CEJUS - Centro de Estudos Jurdicos de Salvador/BA.

    Professor do CURSO FORUM/RJ. Professor do Curso Supremo/MG. Professor do Curso Jurdico/PR.

    LEIS PENAIS ESPECIAIS 1 TOMO II 1

    LEIS N' 2.889/1956; 5.553/1968; 7.347/1985; 7.716/1989; 7.853/1989; 8.429/1992; 12.694/2012 E 12.850/2013; 9.609/1998; 9.807/1999;

    LC 105/2001; 10.74112003.

    Dicas para realizao de provas de concursos artigo por artigo

    6! edio Revisada, ampliada e atualizada.

    2015

    EDITORA ]usPODIVM

    www.editorajuspodivm.com.br

  • LEIS PENAIS ESPECIAIS 1 TOMO II 1

    LEIS N' 2.889/1956; 5.553/1968; 7.347/1985; 7.716/1989; 7.853/1989; 8.429/1992; 12.694/2012 E 12.850/2013; 9.609/1998; 9.807/1999;

    LC 105/2001; 10.74112003.

    Dicas para realizao de provas de concursos artigo por artigo

  • 1t1 EDITORA.JusPODIVM www.editorajuspodivm.com.br

    Rua Mato Grosso, 175 - Pituba, CEP: 41830-151 - Salvador - Bahia Tel: (71) 3363-8617 /Fax: (7\) 3363-5050 E-mail: [email protected]

    Copyright: Edies JusPODlVM

    Conselho Editorial: Eduardo Viana Portela Neves, Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr., Jos Henrique Mouta, Jos Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Jnior, Nestor Tvora, Robrio Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogrio Sanches Cunha.

    Capa: Rene Bueno e Daniela Jardim (www.buenojardim.com.br)

    Diagramao: Cendi Coelho (cendicoe/[email protected])

    Todos os direitos desta edio reservados Edies JusPODIVM. terminantemente proibida a reproduo total ou parcial desta obrn, por qualquer meio ou processo. sem a expressa autorizao do autor e da Edies JusPODIVM. A violao dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislao em vigor, sem prejuzo das sanes civis cabveis.

  • Agradecimentos

    Aos meus alunos e amigos Bruno Srgio, Marcela Cruz, Renan Gavioli e Renata de Brito, pela valiosa contribuio que deram para a formao da presente obra.

    A todos os meus alunos e leitores que, com suas perguntas sempre relevantes, pertinentes e tempestivas, contribuem para o meu crescimento como professor e operador do Direito. Nunca se esqueam que os sonhos so as molas propulsaras da vida; que s o estudo traz a liberdade; que as vitrias so conquistadas na medida em que nos reerguemos a cada queda; que o esforo pessoal a exata medida das bnos que a vida no traz; que na vida, o fato de no haver resultados imediatos, no significa que vocs no estejam prosperando nos estudos; que a vida sempre segue o seu curso normal e no para para voc chorar ou ficar olhando para trs, lamentando-se com a reprovao, pois se voc ficar olhando para trs no ver a aprovao que ainda vir pela/rente; que as coisas definitivas levam tempo para serem construdas; que h certos caminhos para os quais no existem atalhos, devendo ser totalmente percorridos; que s o estudo constante conduz ao sucesso; que o tempo, senhor da razo, sempre vai bendizer o fruto do seu esforo pessoal. e s o seu esforo pessoal os levar a conhecer pessoas e mundos que os acomodados jamais conhecero, e isso se chama sucesso.

    No se esqueam, ainda, de lutar sempre, vencer talvez e sempre prosperar, pois todo esforo ser bem recompensado!

  • "Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo"

    (Fernando Pessoa).

  • SUMRIO

    Proposta da Coleo Leis Especiais para Concursos................................................................. 1 1Nota 6 edio . . .. . . . .. . .. . . .. .. . . . . . . . . . . .. .. . . . . . ... . .. ....... . . . . . . .. . ... . . .. . . . . . . . . . . .. .. .... . . . . 13 Apresentao .. . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Prefcio . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Direcionamento para o estudo das leis penais especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Abrangncia da obra .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1

    Organizaes criminosas Lei n 12.850, de 2 de agosto de 2013 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

    Organizaes criminosas Lei n 1 2.694, de 24 de julho de 2012 . . .. . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    Crime de genocdio Lei n 2.889, de 1 de outubro de 1 956 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1

    Crime previsto na Lei de Improbidade Administrativa Lei n 8.429, de 2 junho de 1 992 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

    Lei de proteo a vtimas e testemunhas ameaadas. Lei n 9 .807, de 13 de julho de 1999 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

    Crimes contra os Portadores de Deficincia Lei 7.853, de 24 de outubro de 1 989 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121

    Cdigo penal Decreto-lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1.940 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139

    Crimes de Preconceito de Raa ou de Cor Lei n 7 .716, de 5 de janeiro de 1989. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143

    Crime de violao de sigilo das operaes de instituies financeiras Lei complementar n 1 05, de 1 O de janeiro de 200 !.................................. 18 1

    9

  • GABRIEL HABIB

    Contraveno de reteno de documento Lei n 5.553, de 6 de dezembro de 1 968 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 85

    Crimes contra a propriedade intelectual de programa de computador Lei 9.609, de 19 de fevereiro de 1998 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 9 1

    Estatuto do Idoso Lei 1 0.741 , de 1 de outubro de 2003 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 201

    Crime d e Desobedincia na Lei da Ao Civil Pblica Lei n 7.347, de 24 de julho de 1 985 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243

    Bibliografia consultada............................................................................ 245

    ANEXO Decreto n 30.822, de 6 de maio de 1.952 .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249

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  • PROPOSTA DA COLEO LEIS ESPECIAIS PARA CONCURSOS

    A coleo Leis Especiais para Concursos tem como objetivo preparar os candidatos para os principais certames do pas.

    Pela experincia adquirida ao longo dos anos, dando aulas nos principais cursos preparatrios do pas, percebi que a grande maioria dos candidatos apenas lem as leis especiais, deixando os manuais para as matrias mais cobradas, como constitucional, administrativo, processo civil, civil, etc .. Isso ocorre pela falta de tempo do candidato ou porque falta no mercado livros especficos (para concursos) em relao a tais leis.

    Nesse sentido, a Coleo Leis Especiais para Concursos tem a inteno de suprir uma lacuna no mercado, preparando os candidatos para questes relacionadas s leis especficas, que vm sendo cada vez mais contempladas nos editais.

    Em vez de somente ler a lei seca, o candidato ter dicas especficas de concursos em cada artigo (ou captulo ou ttulo da lei), questes de concursos mostrando o que os examinadores esto exigindo sobre cada tema e, sobretudo, os posicionamentos do STF, STJ e TST (principalmente aqueles publicados nos informativos de jurisprudncia). As instituies que organizam os principais concursos, como o CESPE, utilizam os informativos e notcias (publicados na pgina virtual de cada tribunal) para elaborar as questes de concursos. Por isso, a necessidade de se conhecer (e bem!) a jurisprudncia dos tribunais superiores.

    Assim, o que se pretende com a presente coleo preparar o leitor, de modo rpido, prtico e objetivo, para enfrentar as questes de prova envolvendo as leis especficas.

    Boa sorte! Leonardo de Medeiros Garcia

    (Coordenador da coleo) [email protected]

    [email protected]. br www.leonardogarcia.com. br

    11

  • NOTA 6 EDIO

    Da mesma forma que ocorreu com o Tomo I, a 6 edio desta obra continua a nos dar a certeza de que conseguimos atingir nosso objetivo quando pensamos em escrev-la.

    Mantivemos a linguagem direta, clara e objetiva, sem perdermos a dogmtica e a tcnica do Direito. Mantivemos tambm a finalidade

    principal dessa obra, que sempre foi destin-la s questes relevantes para concurso pblico.

    O livro continua a ser uma obra objetiva e completa, sobretudo na parte de jurisprudncia. Todos os Informativos do STF e do STJ, publicados no ano de 20 14, referentes aos temas tratados no presente livro, foram inseridos.

    Inserimos tambm novas questes de concursos pblicos diversos que ocorreram em 20 13 e 20 14.

    A 6 edio apresentada, ampliada a atualizada com novidades jurisprudenciais.

    Continuaremos a receber as crticas construtivas e as sugestes dos leitores.

    Gabriel Habib.

    Rio de Janeiro, vero de 20 15.

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  • PRESENTAO

    Foi com muita honra que recebemos o convite do professor Leonardo Garcia, coordenador da coleo Leis Especiais para Concursos, para escrever as Leis Penais Especiais.

    O presente trabalho tem por finalidade proporcionar aos candidatos aos mais variados concursos pblicos uma viso global do tratamento das leis especiais, dando nfase parte doutrinria e, sobretudo, jurisprudencial.

    Buscamos manter sempre uma linguagem objetiva e clara, sem perder a necessria dogmtica nos temas. Procuramos agregar, em uma s obra, tudo o que o candidato precisa para a sua aprovao em concurso pblico: lei, doutrina e jurisprudncia.

    Na parte de legislao, fizemos comentrios artigo por artigo, para facilitar a leitura da obra. Em relao doutrina, procuramos abordar as opinies dominantes e as mais modernas entre os autores, bem como as que so cobradas nos concursos pblicos.

    Na parte de jurisprudncia, atentos sua extrema importncia nos concursos pblicos da atualidade, procuramos trazer as notcias publicadas nos Boletins Informativos de Jurisprudncia do STF e do STJ, bem como acrdos variados que tratam sobre as leis especiais, para que o candidato esteja atualizado com a jurisprudncia mais moderna. Para facilitar a leitura e no cansar o leitor, optamos por colocar os informativos e acrdos no corpo do texto, suprimindo notas de rodap.

    Trouxemos no anexo o Decreto n 30.882, de 6 de maio de 1.952, que promulga a Conveno para a Prevenao e a Represso deo crime de Genocdio, para que sirva de fonte de consulta para o leitor no estudo desse crime.

    Esperamos ter cumprido nossos objetivos. Boa leitura.

    O autor.

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  • PREFCIO

    com muita satisfao que fao a apresentao do livro sobre LeisEspeciais de autoria do amigo, professor e Defensor Pblico Federal, Dr. Gabriel Habib.

    O autor uma daquelas pessoas obstinadas pelo estudo do Direito Penal e suas implicaes prticas. Como no poderia deixar de ser, na presente obra, procura analisar os detalhes mais importantes, as discusses mais atuais sobre os temas que se props a enfrentar no Tomo 1, vale dizer: a lei de abuso de autoridade, o estatuto do desarmamento, a lei sobre os crimes contra a ordem tributria, a lei de lavagem de dinheiro, a lei de crimes hediondos, a lei de tortura, a lei que prev os crimes contra as finanas pblicas, bem como a lei de licitaes; no Tomo li: a lei de organizao criminosa, a lei do crime de genocdio, o crime previsto na lei de improbidade administrativa, a lei de delao premiada, a lei dos crimes contra os portadores de deficincia, a lei dos crimes de preconceito de raa ou de cor, a lei dos crimes de violao de sigilo das operaes de instituies financeiras, a lei da contraveno de reteno de documento, a lei dos crimes contra a propriedade intelectual de programa de computador, a lei dos crimes contra o idoso, bem como a lei que trata do crime de desobedincia na ao civil pblica; e no Tomo III: a lei que trata dos crimes de trnsito, a lei do crime de discriminao de gravidez, a lei dos crimes previstos na lei de transplante de rgos e tecidos, a lei que trata dos crimes relacionados s atividades nucleares, a lei dos crimes contra o planejamento familiar, a lei que cirou o estatuto do torcedor, a lei de interceptao telefnica, a lei de violncia domstica, as leis dos crimes contra o consumidor, a lei que estabeleceu o estatuto da criana e adolescente, a lei dos crimes falimentares, e, porfim, a lei dos crimes contra o sistema financeiro nacional.

    Percebe-se, com toda clareza, que o autor trouxe ao conhecimento do pblico o que h de melhor sobre os temas, enfrentando questes complexas que, aps a sua explicao, tomaram-se simples, tendo em vista a clareza, a didtica e a profundidade com que as resolve.

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  • GABRIEL HABrn

    Gabriel Habib, sem qualquer dvida, pertence a uma "nova safra" de penalistas, que no se limita a transcrever pensamentos j exaustivamente discutidos por outros doutrinadores. Trata-se de um verdadeiro pensador das cincias penais, um professor que procura, de acordo com uma tica nova, moderna, trazer as solues aos problemas enfrentados no dia a dia do penalista.

    Para mim, portanto, uma honra inigualvel poder apresentar esta obra que, certamente, se encontrar entre aquelas de consulta obrigatria para os estudantes e profissionais do direito.

    Ficam aqui registrados os meus agradecimentos ao grande amigo Gabriel Habib por nos ter brindado com um trabalho digno de sua capacidade intelectual. O mercado se ressentia de uma obra com esse estilo. Tenho certeza de que todos apreciaro cada linha escrita, cada raciocnio desenvolvido. Fiquem na paz.

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    ROGRIO GRECO Procurador de Justia

    Mestre em Cincias Penais pela UFMG Doutor pela Universidade de Burgos (Espanha)

  • DIRECIONAMENTO PARA O ESTUDO DAS LEIS PENAIS ESPECIAIS

    Aps uma pesquisa feita nas provas de concursos pblicos variados nos ltimos anos, conseguimos fazer uma estatstica das Leis Especiais que so mais cobradas em concursos de um modo geral.

    A nossa ideia direcionar os leitores no estudo das leis mais importantes, ou seja, aquelas que mais so cobradas nas provas de concursos.

    Assim, do Tomo II, as leis s quais os leitores devem prestar mais ateno so:

    1- Organizao Criminosa (lei 9.03411995);

    2- Estatuto do Idoso (lei 10.741/2003).

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  • ABRANGNCIA DA OBRA

    Esta obra tem a finalidade de ser a mais completa e abrangente da literatura especfica brasileira, com 32 Leis Penais Especiais, dividida em trs Tomos.

    Do Tomo 1 constam as seguintes leis: 1- Abuso de autoridade (lei 4.898/ 1965); 2- Estatuto do Desarmamento (lei 10.826/2003); 3- Crimes Contra a Ordem Tributria (lei 8. 137/ 1990); 4- Crime de Lavagem de Dinheiro (lei 9.6 131 1998); 5- Crimes Hediondos (lei 8.072/ 1990); 6-Crime de Tortura (lei 9.455/ 1997); 7- Crimes Contra as Finanas Pblicas (lei 10.028/2000); 8- Crimes contra as Licitaes (lei 8.666/ 1993).

    Do Tomo II constam as seguintes leis: 1- Organizao Criminosa (leis 12.850/20 l 3 e 12.694/2012); 2- Crime de Genocdio (lei 2.889/1956); 3- Crime na lei de Improbidade Administrativa (lei 8.429/1992); 4- Lei de Proteo s Vtimas e Testemunhas Ameaadas. (lei 9.80711999); 5- Crimes contra os Portadores de Deficincia (lei 7.853/ 1989); 6- Crimes de Preconceito de Raa ou de Cor (lei 7.716/ 1989); 7-Crime de Violao de Sigilo das Operaes de Instituies Financeiras (lei complementar 105/200 1 ); 8-Contraveno de Reteno de Documento (lei 5.553/ 1968); 9- Crimes contra a Propriedade Intelectual de Programa de Computador (lei 9.609/ 1998); 10- Estatuto do Idoso (lei 10.74 112003); 11- Crime de Desobedincia na lei da Ao Civil Pblica (lei 7.347/ 1985).

    Do Tomo III constam as seguintes leis: 1- Crimes de T?nsito (lei 9 .5031 1997); 2- Crime de Discriminao de Gravidez (I1ei 9.0291 1995); 3- Crimes previstos na lei de Transplante de rgos e Tecidos (lei 9.434/1997); 4- Crimes relacionados Atividades Nucleares (lei 6.453/ 1977); 5- Crimes contra o Planejamento Familiar (lei 9 .263/1996); 6- Crimes previstos no Estatuto do Torcedor (lei 10.67 1/2003); 7- Lei de Interceptao Telefnica (lei 9.296/96); 8- Lei de Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher (lei 1 1.340/2006); 9- Crimes contra as Relaes de Consumo (leis 8.078/90 e 8.137/90); 1 O- Estatuto da Criana e do Adolescente (lei 8.069/ 1990); 11- Crimes Falimentares (lei 1 1. 10 1/2005); 12- Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (lei 7.492/86).

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  • RGANIZAES CRIMINOSAS LEI N 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013

    CAPTULOI DA pR: "" - O CJUMINOS,4..

    ..... \.'r !11 ,rt 1 Esta Lei,define orgahiZiio criminosa e dispe .sobre a inv ga

    o criminal, os meosde obten da prova, infraes penais correlatas e o procedimento criminal a ser aplicado. .

    1 Consideras{organizao. criminosa a associao.de 4 (quatro} _Ciu .. , mais pessoas esttl1turalmen.te ordenf}da e caraterizada pela ru:vis() de : tarefas, inda que informalmente,_on objetivo de obter, direta ou iiefu"

    tamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prtica de ifraes penais cujas penas mximas sejam superiores a.4 (quatro) aneis, ou que sejam de carter transnacional. ..

    . se apP,c:;i 1 - s infraes pnas prev;1s .. s '"tratado ou conveno internacionl

    quando, iniciada a exeuo no Pas, o resultado tenh ou devesse .. ter coirido no estrangeiro, ou reciprocamente;

    II - s organiza,t:s terroristas)nrnacionais, teconhecilas segunqq as norms de direito interaiona; por foro do qual o Brasil faa' pl:rf .!\

    cujos atos de suporte ao terrorismo, bem comei os atos preparatris ou . de execuo de atos terroristas, ocorram ou possam ocorrer em territrio nacional.

    1. Objeto da lei. A lei possui c inco objetivos: Em primeiro lugar, e la traz aconceituao de organizao criminosa; em segundo lugar, d ispe sobre ai nvestigao crimina l das organizaes criminosas; em terceiro lugar, trata dos meios de obteno de prova que podero levar ao conhecimentodo Poder Jud ici rio; em quarto lugar, cria i nfraes penais correlatas sorganizaes crim inosas; por f im, em quinto lugar, trata do procedimentocrimina l ap l icvel .

    2. 1!!. Norma penal explicativa. O a rt. 1, 1!! positivou uma norma penal de natureza expl icativa, uma vez que explicita o conceito de organizao crim inosa e traz os seus elementos identificadores.

    23

  • GABRIEL HABIB

    3. 1!!. Conceituao de organizao criminosa. Para a perfeita compreenso desse tpico, faz-se necessrio trazer a evoluo histrica da noo de organizao criminosa. Assim, dividiremos esse tpico em trs partes. Inicialmente, trataremos da conceituao de organizao criminos3 quando vigorava a lei 9.034/95. Depois, abordaremos essa questo aps o advento da lei 12.694/2012. Por fim, trataremos da conceituao de organizao criminosa trazida pela lei 12.850/2013.

    4. 1!!. Conceito de organizao criminosa quando vigorava a lei 9.034/95.

    24

    Sempre houve grande crtica da doutrina no sentido de que o legislador teria violado o princpio da reserva legal, na vertente da taxatividade, em razo de no ter conceituado o que seria organizao criminosa. A celeuma se instalou em razo de a lei 9.034/95 ter feito meno organizao criminosa na sua ementa e em diversos de seus dispositivos sem ter, entretanto, conceituado tal instituto. Na redao originria do art. 1!! da lei 9.034/95, s havia meno a bando ou quadrilha (atualmente denominado associao criminosa), in verbis: "Art. 1 Esta lei define e regula meios de prova e procedimentos investigatrios que versarem sobre crime resultante de aes de quadrilha ou bando' Sucede que a lei 9.034/95 teve a sua redao alterada pela lei 10.217, de 11 de abril de 2001, que inseriu no seu art. 1!! as associaes criminosas e as organizaes criminosas. Mesmo depois de muitos anos aps a edio da lei 9.034/95 o legislador no havia conceituado o que seria uma organizao criminosa. No se via em nenhum dispositivo legal a conceituao, nem os elementos tpicos do que seria a organizao criminosa. Assim, tal conceituao ficou a cargo da doutrina, o que inaceitvel, uma vez que, segundo o princpio da legalidade penal, todo e qualquer elemento tpico deve estar previsto em lei. doutrina, como fonte de conhecimento mediata do direito penal, cabe interpretar a lei, mas no criar tipos penais, sob pena de se gerar insegurana jurdica. Tal falha legislativa tinha o condo de comprometer todos os dispositivos da lei 9.034/95, no tocante aplicao dos mesmos s organizaes criminosas. Entretanto, a jurisprudncia do STJ considerou que o conceito de organizao criminosa estava positivado no art. 2 da Conveno das Naes Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, adotada em Nova York, em 15 de novembro de 2000, chamada de Conveno de Palermo, promulgada pelo Decreto 5.015, de 12 de maro de 2004, que diz: "Para efeitos da presente Conveno, entende-se por: a) "Grupo criminoso organizado" - grupo estruturado de trs ou mais pessoas, existente h algum tempo e atuando concertadamente com o propsito de cometer uma ou mais infraes graves ou enunciadas na presente Conveno, com

  • RGANIZAES CRIMINOSASLEI N 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013

    a inteno de obter, direta ou indiretamente, um benefcio econmico ou outro benefcio material".

    ..... STJ

    INFORMATIVO N 467.

    Sexta Turma

    ORGANIZAO CRIMINOSA. DESCAMINHO. LAVAGEM. DINHEIRO.

    Trata-se de paciente denunciada em decorrncia de operao policial a qual investigava as atividades de sociedades empresrias pertencentes ao mesmo grupo empresarial, como incursa nos arts. 288 e 334 do CP c/c art. l\?, V e VII, da Lei n . 9.613/1998, em continuidade del itiva. Na impetrao, busca-se o trancamento parc ia l da ao penal quanto acusao de lavagem de dinheiro (art. l\?, V I I , da Lei n. 9.613/1998) e em relao acusao por formao de quadri lha (art. 288 do CP). Alega haver inpcia da pea vestibular no que diz respeito ao crime previsto no art. 288 do CP, sustentando que no existe conceito lega l da expresso "organ izao criminosa''. Para o Min . Relator, o trancamento da ao penal em habeas corpus medida excepcional e a tese da impetrao no merece prosperar. Expl ica q ue a expresso "organ izao criminosa" ficou estabelecida no ordenamento jurdico brasi leiro com o Dec. n. 5.015/2004, o qual promulgou a Conveno das Naes Un idas contra o Crime Organ izado Transnacional (Conveno de Pa lermo, que, no art. 2, a, defin iu tal conceito), aprovado pelo Dec. Legislativo n. 231/2003. Segundo o M in . Relator, a defin io jurdica de organizao criminosa no se submete ao princpio da taxatividade como entende a impetrao, pois o ncleo do tipo penal previsto na norma "ocultar ou d issimular a natureza, origem, localizao, d isposio, movimentao ou propriedade de bens, d i reitos ou valores proven ientes, direta ou indiretamente, de crime", sendo a expresso "organizao criminosa" um complemento normativo do tipo, tratando-se, no caso, de uma norma penal em branco heterloga ou em sentido estrito, que independe de complementao por meio de lei formal . Assevera que entender o contrrio, de acordo com a tese defendida pelos impetrantes, seria no admitir a existncia de normas penais em branco em nosso ordenamento jurdico, situao que impl icaria o completo esvaziamento de inmeros tipos penais. Tambm destaca que a Recomendao n . 3/2006 do Conselho Nacional de Justia (CNJ) prope a adoo do conceito de "crime organizado" estabelecido na Conveno de Palermo, bem como a jurisprudncia do STF e do STJ no d iverge desse entendimento. Por fim, ressalta que no procedem as alegaes de inpcia da in ic ia l , pois a denncia aponta fatos que, em tese, configuram o crime de formao de quadri lha para prtica de crimes de lavagem de d inheiro e contra a Administrao P-

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  • GABRJEL HABm

    bl ica, bem como que somente o deta lhamento das provas na instruo criminal esclarecer se houve e qual foi a participao da paciente nos del itos imputados pelo Parquet. Diante do exposto, a Turma denegou a ordem. P recedentes citados do STF: RHC 102.046-SP, DJe 10/11/2010; HC 100.637-BA, DJe 24/6/2010; HC 91 .516-P I, DJe 4/12/2008; do STJ: AP n 460-RO, DJ 25/6/2007; HC 77.771-SP, DJe 22/9/2009; HC 63.716-SP, DJ 17/12/2007; HC 89.696-SP, DJe 23/8/2010; HC 89.472-P R, DJe 3/8/2009, e HC 102.292-SP, DJe 22/9/2008. HC 138.058-RJ, Rei. Min. Haroldo Rodrigues (Desemba rgador convocado do TJ-CE), j ulgado em 22/3/2011.

    5. 1!!. Caractersticas da organizao criminosa quando vigorava a lei 9.034/95. De acordo com o disposto no Decreto 5.015/2004, so elementos caracterizadores da organ izao criminosa: 1. Grupo estruturado de trs ou mais pessoas; 2. Existncia do grupo h a lgum tempo; 3. Propsito de cometer uma ou mais i nfraes graves ou enunciadas na prpria Conveno de Palermo e 4. Inteno de obter, direta ou indiretamente, um benefcio econmico ou outro benefcio mater ia l .

    6. 1!!. Resoluo n 517 do Conselho da Justia Federal. Em 30 de junho de 2006, o Conselho da Justia Federal editou a Resoluo n 5 17, que a lterou a Resoluo n 314, de 12 de maio de 2003, autorizando a criao, pelos Tribunais Regionais Federais, de Varas Especial izadas para o processo e ju lgamento os crimes praticados por organ izaes criminosas, independentemente do carter transnacional ou no das infraes. Alm disso, a Resoluo n 314, no pargrafo nico do art. 1!! dispe que devero ser adotados os conceitos previstos na Conveno das Naes Unidas contra o Crime Organizado Transnacional promulgada pelo Decreto n!! 5.015, de 12 de maro de 2004.

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    Eis as mencionadas Resolues:

    Conselho da Justia Federal.

    Resoluo n 517, de 30 de junho de 2006. ''Art. 1 O art. 1 da Resoluo n 314, de 12 de maio de 2003, passa a vigorar com a seguinte redao: ''Art. 1 Os Tribunais Regionais Federais, na sua rea de jurisdio, podero especializar varas federais criminais com competncia exclusiva ou concorrente para processar e julgar: 1- os crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem ou ocultao de bens, direitas e valores; e li - os crimes praticados por organizaes criminosas, independentemente do carter transnacional ou no das infraes." Pargrafo nico. Devero ser adotados os conceitos previstos

  • ORGANIZAES CRIMINOSASLEI N 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013

    na Conveno das Naes Unidas contra o Crime Organizado Transnacional promulgada pelo Decreto n 5.015, de 12 de maro de 2004."

    Resoluo n 314, de 12 de maio de 2003. "Dispe sobre a especializao de varas federais criminais para processar e julgar, na Justia Federal, crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem ou ocultao de bens, direitos e valores. O PRESIDENTE DO CONSELHO DA JUSTIA FEDERAL, usando de suas atribuies legais e tendo em vista o decidido na sesso ordinria realizada em 31 de maro de 2003, resolve: Art. 1 Os Tribunais Regionais Federais, na sua rea de jurisdio, especializaro varas federais criminais com competncia exclusiva ou concorrente, no prazo de sessenta dias, para processar e julgar os crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem ou ocultao de bens, direitos e valores. Art. 2 Esta Resoluo entrar em vigor na data de sua publicao."

    7. 1. Recomendao n 3 do CNJ - Conselho Nacional de Justia. Em 30 de maio de 2006, o CNJ editou a Recomendao nmero 3, na qua l recomendou ao Sistema Judicirio Federal, bem como aos Tribunais de Justia dos Estados, a criao de Varas Criminais especializadas em Organizaes Criminosas, sugerindo, a inda, a adoo do disposto na Conveno das Naes Unidas contra o Crime Organizado Tra nsnaciona l , conhecida como Conveno de Pa lermo, para fins de definio de Organizao Criminosa.

    CNJ - Conselho Nacional de Justia.

    RECOMENDAO N 3, DE 30 DE MAIO DE 2006.

    Recomenda a especializao de varas criminais para processar e julgar delitos praticados por organizaes criminosas e d outras providncias. A PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA, no uso de suas atribuies, tendo em vista o decidido na Sesso de 30 de maio de 2006, e CONSIDERANDO a necessidade de o Estado combater o crime organizado, mediante a concentrao de esforos e de recursos pblicos e informaes; CONSIDERANDO a necessidade de resposta judicial gil e pronta, em relao s medidas especiais de investigao aplicveis no combate ao crime organizado, nos termos da Lei n 9.034/95 e da Conveno de Palermo; CONSIDERANDO que a especializao ao combate ao crime organizado j foi levada a efeito pelo Ministrio Pblico e pelas Foras Policiais; CONSIDERANDO que a especializao de varas tem se revelado medida salutar, com notvel incremento na qualidade e na celeridade da prestao jurisdicional, em especial para o processamento de delitos de maior complexidade, seja quanto ao modus operandi, seja quanto ao nmero de pessoas envolvidas; CONSIDERANDO que os Tribunais Regionais Federais possuem autorizao legal para especializar

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  • GABRIEL HABrn

    varas, de acordo com o disposto nos artigos 11 e 12 da Lei n 5.010/66, c/c o artigo 11, pargrafo nico, da Lei n 7. 72 7 /89 e que os Tribunais de Justia dos Estados esto tambm autorizados a especializar varas nos termos da legislao de organizao judiciria local, resolve

    RECOMENDAR

    1. Ao Conselho da Justia Federal e aos Tribunais Regionais Federais, na que respeita ao Sistema Judicirio Federal, bem como aos Tribunais de Justia dos Estados, a especializao de varas criminais, com competncia exclusiva ou concorrente, para processar e julgar delitos praticados por organizaes criminosas. 2. Para os fins desta recomendao, sugere-se: a) a adoo do conceito de crime organizado estabelecido na Conveno das Naes Unidas sobre Crime Organizado Transnacional, de 15 de novembro de 2000 (Conveno de Palermo), aprovada pelo Decreto Legislativo n 231, de 29 de maio de 2003 e promulgada pelo Decreto n 5.015, de 12 de maro de 2004, ou seja, considerando o "grupo criminoso organizado" aquele estruturado, de trs ou mais pessoas, existente h algum tempo e atuando concertadamente com o propsito de cometer uma ou mais infraes graves ou enunciadas na Conveno das Naes Unidas sobre Crime Organizado Transnacional, com a inteno de obter, direta ou indiretamente, um beneficio econmico ou outro beneficio material."

    8. 1!!. Conceito de organizao criminosa aps a lei 12.694/2012. Com o advento da lei 12.694/2012, toda essa questo da ausncia de definio do que seria organ izao criminosa ficou superada. Com efeito, o art. 2 da lei 12.694/2012 trouxe para o ordenamento j urdico brasi leiro o conceito de organizao criminosa ao dispor que se considera organizao criminosa a associao, de 3 (trs) ou mais pessoas, estrutura l mente ordenada e caracterizada pela d iviso de tarefas, a inda que informalmente, com objetivo de obter, d ireta ou indiretamente, vantagem de qua lquer natureza, mediante a prtica de crimes cuja pena mxima seja igual ou superior a 4 (quatro) anos ou que sejam de carter transnaciona l .

    9. 1!!. Caractersticas da organizao criminosa na lei 12.694/2012. Podemos destacar os seguintes elementos da organizao criminosa, no conceito trazido pela lei 12.694/20 12: 1 . Associao, de 3 (trs) ou mais pessoas; 2. Estrutura l mente ordenada e caracterizada pela diviso de tarefas, a inda que informalmente; 3. Objetivo de obter, direta ou ind iretamente, vantagem de qualquer natureza e 4. Prtica de crimes cuja pena mxima seja igua l ou superior a 4 (quatro) a nos ou q ue sejam de carter transnacional .

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  • RGANIZAES CRJMINOSASLEI N 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013

    10. 1!!. Conceito de organizao cnmmosa na lei 12.850/2013. A lei 12.850/2013, a exemplo da le i 12 .692/2012, trouxe o conceito de organizao crim inosa e no art. 12, 1 dispe que "considera-se organizao criminosa a associao de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela diviso de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prtica de infraes penais cujas penas mximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de carter transnacional".

    11. 1!!. Caractersticas da organizao criminosa na lei 12.850/2013. Podemos destacar os seguintes elementos da organizao criminosa, no conceito trazido pela lei 12.850/2013: 1. Associao, de 4 (quatro) ou mais pessoas; 2. Estrutura lmente ordenada e caracterizada pela d iviso de tarefas, a inda que informalmente; 3. Objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza e 4. Prtica de infraes penais cujas penas mximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de carter transnaciona l . Note-se que nesse ltimo elemento, caso a infrao penal seja de carter transnacional, no importar o quantum de pena mxima cominada.

    12. 1!!. Diferenas entre o conceito de organizao cnmmosa na lei 12.694/2012 e na lei 12.850/2013. Como possvel notar, houve pouca modificao em re lao ao conceito de organ izao criminosa entre as leis 12 .694/2012 e 12.850/2013. Destacam-se trs modificaes: em primeiro lugar, o nmero m nimo de pessoas que compem a organ izao aumentou de trs para quarto; em segundo lugar, enquanto a lei 12.694/2012 referia-se a crimes, excluindo, dessa forma, a prtica de contravenes penais, a lei 12 .850/2013 refere-se a infraes penais, conferindo uma maior abrangncia le i para abarcar tambm as contravenes penais; em terceiro lugar, a lei 12 .694/2012 fazia meno a crimes com pena igual ou superior a quatro anos. A lei 12 .850/2013 foi mais restritiva ao dispor infraes penais cujas penas mximas sejam superiores a 4 (quatro) anos.

    13. 1!!. Irretroatividade da lei 12.850/2013. Conforme destacado acima, a lei 12 .850/2013 tem um ponto no qual mais severa do que a lei 12 .694/2012, qual seja: enquanto a lei 12 .694/2012 referia-se a crimes, excluindo, dessa forma, a prtica de contravenes penais, a le i 12 .850/2013 refere-se a infraes penais, conferindo uma maior abrangncia lei para abarcar tambm as contravenes penais. Portanto, trata-se, nesse ponto especfico, de novatio legis in pejus que no pode retroagir em obedincia ao

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  • GABRIEL HABm

    princpio da irretroatividade da lei pena l mais severa positivado no art. S, XL da CRFB/88.

    14. 1!!. Diferenas entre Associao Criminosa no art. 288 do Cdigo Penal e organizao criminosa. Da an lise dos elementos tpicos previstos no art. 288 do Cdigo Pena l e no art. 2 , 1 da le i 12.850/2013, extraem-se as seguintes diferenas entre a mbos: 1. No del ito de Associao Criminosa exige-se o mn imo de 3 pessoas. Para a configurao da organ izao criminosa, basta a reunio de, no mn imo, 4 pessoas; 2. O delito de Associao Criminosa somente pode estar configurado se a sua destinao for para a prtica de crimes, uma vez que o legislador uti lizou ta l expresso crimes no plural, ou seja, jamais haver uma associao criminosa com destinao prtica de apenas um del ito, independe ntemente do quantum de pena cominada. A organizao criminosa pode existir para a prtica de infraes penais cujas penas mximas sejam superiores a 4 (quatro) a nos, ou que sejam de carter transnacional ; 3. O delito de Associao Criminosa no exige a diviso de tarefas entre os agentes para a sua configurao. A organizao crimin osa requer que a associao seja estruturalmente ordenada e seja tambm caracterizada pela diviso de tarefas, ainda que informalmente; e 4. Na Associao Criminosa, o legislador exigiu expressamente especial fim de agir de cometer crimes. A organ izao criminosa exige como especial fi m de agir o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qua lquer natureza .

    Associao Criminosa '

    , OrganizQ crimi.nosa

    Exige-se o mn imo de 3 pessoas Exige-se a reunio de, no mnimo, 4 pessoas

    Destina-se prtica de crimes, indepen- Destina-se prtica de infraes penais dentemente da pena cominada. cujas penas mximas sejam superiores

    a 4 (quatro) anos, ou que sejam de ca-rter transnacional

    No se exige a diviso de tarefas entre Exige-se que a organ izao crim inosa os agentes para a sua configurao. seja estruturalmente ordenada e seja

    tambm caracterizada pela diviso de tarefas.

    Exige-se o especial fim de agir de come- Exige-se como especial fim de agir o ob-ter crimes. jetivo de obter, direta ou indiretamente,

    vantagem de qualquer natureza.

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  • RGANIZAES CRIMINOSASLEI N 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013

    15. 1!?. Revogao do art. 2!? da lei 12.694/2012. Como possvel notar, o art. 1, 1 da lei 12.850/2013 e o art. 22 da lei 12.694/2012 tratam da mesma coisa: conceituao de organ izao criminosa. Est insta lada, assim, uma clara antinomia entre ambas, que deve ser solucionada pelos critrios da hierarqu ia, especialidade ou cronolgico. Como as duas normas tm a mesma hierarquia e ambas tratam especificamente de organ izao criminosa, no podemos util izar o critrio da hierarquia, nem o da especial idade. Assim, resta o critrio cronolgico como fator de resoluo da antinomia . Tendo em vista que a lei 12.850/2013 posterior, o art. 22 da le i 12.694/2012 est tacitamente revogado.

    16. 2!?. Aplicabilidade da lei . O legis lador preocupou-se com a possib i l idade de infraes penais previstas em tratados ou convenes internacionais ou praticadas por organ izaes terroristas internacionais serem, de alguma forma, praticadas no territrio brasi leiro. O legislador positivou uma man ifestao da teoria da u biqu idade adotada pelo art. 6 do Cdigo Pena l brasi le iro, segundo a qua l se considera praticado o crime tanto no loca l da conduta (ao ou omisso), quanto no local do resu ltado. Assim, no inciso 1, tendo a execuo do del ito ocorrido no Bras i l ou ento no exterior, mas o resultado ocorra ou deva ocorrer no Bras i l, a le i bras i le ira ap l icvel, desde que a infrao penal praticada seja prevista em tratados ou convenes internacionais . No inciso li, no caso de organ izaes terroristas internacionais, a lei brasi leira ser ap l icvel se os atos de suporte ao terrorismo, bem como os atos preparatrios ou de execuo de atos terroristas ocorram ou possam ocorrer em territrio nacional .

    Art. 2 Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organizao criminosa:

    -

    Pena - recluso, de 3 (trs) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuzo das penas corresondentes s demais infraes penais praticadas. 1 Nas mests penas incorre quem impede ou, de qualquer forma,embaraa li invstigao de infrao penal que -envolva organizao criminosa. - 2 As penas aumentam-se at a metade se na_ atuao d organizao criminosa houver_ emprego de arm de fogo. 3 A pena -gravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, d organizao criminosa, ainda que no pratique pessoalmente atos de-execuo.

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  • GABRIEL HABIB

    . 4 A pepa aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (r.lois teros): . . ' > ;.,; . .- . '

    I - se h participao de criana ou adolescei;ite; n - se h cncso de funcionrio pbiico, valendo-se a organizao criininosa''dessa condio para a prtica de infrao pen!i:J;

    4' III se o produto ou proveito da infrao penal destjnar-se, no todo ou em parte, ao exterior; l IV - se a organizao criminosa mantm conexo COln outras organiza-es criminosas independentes; l V - se as circunstncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da organizao. 5 Se houver indcios suficientes de que o funcionrio pblico integra organizao criminosa, poder o juiz determinar seu afastamento c.iiutelar do cargo, emprego ou funo, sem prejuzo da remlmerao, quando a medida se fizer necessria investigao ou instruprocessual.

    6 A condenao com trnsito ein julgado acarretfu. ao funcionrio pblico a perda do cargo, funo, empreg ou mandto eletivo e a interdio para o exerclcio de funo ou cargo pblico pelo prazo. de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento da pena. 'I'. 7 Se houver indcios de participao .de p?licial nosfrimes de que trata esta Lei, a Corregedoria de Polcia instaurar inqurito policial e comunicar ao Ministrio Pblico, que designar membro p .. 1 ara acompanhar ofeito at a sua concluso. 1 t

    1. Sujeito ativo. Trata-se de crime comum, uma vez que pode ser praticadopor qua lquer pessoa .

    2. Sujeito passivo. O Estado e a coletividade.

    3. Promover, constituir, financiar ou integrar. Promover sign ifica efetuar, gerar, originar, ou seja, cria r, dar in cio organizao criminosa. Constituir significa formar, organizar. Ao que parece, o legislador foi repetitivo ao dispor promover e constituir, uma vez que os verbos confundem-se. Financiar quer dizer custear, prover as despesas. Trata-se da conduta do agenteque financeiramente sustenta a organizao crim inosa (No dicionrio dal ngua portuguesa Aurl io os verbos f inanciar e custear aparecem comoexpresses s innimas) . Integrar fazer parte da organizao criminosa.

    4. Tipo misto alternativo. A prtica de duas ou mais condutas descritas notipo no gera concurso de crimes, respondendo o agente por a penas umde lito.

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  • RGANIZAES CRIMINOSASLEI N J 2 .850, DE 2 DE AGOSTO DE 20 1 3

    5 . Norma penal e m branco. Trata-se de norma pena l em branco homognea homovitel ina, uma vez que o conceito de organ izao cr imin osa deve ser buscado n o art. 1, 1 da prpria lei .

    6. I rretroatividade. Antes dessa lei, a conduta de promover, constitu i r, f inanciar ou i ntegra r organ izao criminosa n unca foi um del ito na ordemjurdica bras i le ira . Desde quando vigorava a lei 9.034/1995, atua l menterevogada pela le i ora comentada, no existia um tipo penal nesses moldes.Portanto, a criao desse tipo penal constitui uma novatio legis in pejus, q ue no pode retroagir em homenagem ao princpio da i rretroatividadeda lei penal mais severa positivado no a rt. 5, XL da CR/88. Dessa forma,quem j promoveu, constitu iu, fi nanciou ou i ntegrou organ izao criminosa a ntes da lei 12.850/2013 entrar em vigor no pode ser penalmenteresponsabi l izado, sa lvo se a conduta admiti r a forma de crime permanente, como o caso das condutas financiar e integrar, nas quais a sua consumao pode arrastar-se no tempo. Especificamente em relao ao verbofinanciar, a conduta pode ou no configurar um crime permanente. Noser permanente na hiptese de o financiador investi r o seu capita l umanica vez para depois obter o ga nho de capita l ; ser permanente no casode o financiador constantemente, de forma repetida, injetar capital prprio na organ izao para obter l ucro de sua atividade, fazendo o seu capital girar dentro da organ izao crim inosa . Em re lao ao verbo integrar,temos que ele configura um crime permanente. Dessa forma, se as condutas financiar (na modal idade permanente) e integrar estivessem sendopraticadas quando a lei 12 .850/2013 entrou em vigor, o agente poder serpena l mente responsabi l izado. Na jurisprudncia, confira-se a Smula 711do STF : "A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crimepermanente, se a sua vigncia anterior cessao da continuidade ou dapermanncia".

    7. Cumulao de penas. De acordo com o preceito secu ndrio do tipo penal , caso o agente pratique outro del ito, a lm do ora comentado, havercumu lao de penas entre esse crime e o praticado, soma ndo-se as penas.

    8. Princpio da especialidade. O tipo legal de crime ora estudado constituiespecial idade em relao ao de l ito de Associao Criminosa, previsto noa rt. 288 do Cdigo Penal, que tem a segu inte redao: "Art. 288. Associarem-se 3 (trs) ou mais pessoas, para o fim especfico de cometer crimes."

    9. Consumao. Com a efetiva rea l izao das condutas descritas no tipo.

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  • GABRIEL HABIB

    10. Classificao. Crime comum; materia l ; doloso; comissivo; i nstantneo nosverbos promover, constituir e financiar (se for o caso) e permanente nascondutas financiar (se for o caso) e integrar; admite tentativa .

    11. Suspenso condicional do processo. I ncab vel, pois a pena mnima cominada u ltrapassa 1 ano (art. 89 da le i 9 .099/95) .

    12. 1. Condutas equiparadas. Impedir ou embaraar. Impedir sign ifica obstar, no permitir. Embaraar consiste em atra pa lhar, perturbar. Trata-se da conduta do agente que quer obstacu l izar a investigao crimina l de uma infrao pena l praticada por uma organ izao criminosa.

    13. Sujeito ativo. Trata-se de crime comum, uma vez que pode ser praticadopor qua lquer pessoa.

    14. Sujeito passivo. O Estado e a coletividade.

    15. Norma penal em branco. Trata-se de norma penal em branco homogneahomovitel i na, uma vez que o conceito de organizao criminosa deve serbuscado no a rt . 1, 1 da prpria le i .

    16. Crime de atentado. O cr ime ora comentado constitui um cr ime de atentado, que aquele que j traz a figura da tentativa como elemento do tipo. Logo, se a tentativa j esgota a figura tpica na conduta do agente, o de l ito j est consumado. Seria correto, portanto, afirmar que, nesses crimes, o tentar j consumar. Dessa forma, o del ito no admite a figura da tentativa. Com efeito, o verbo embaraar j constitui u ma tentativa do verbo impedir, ou seja, o agente que tenta impedir, mas no consegue por motivos a l heios sua vontade, causa, por si s, uma embarao na investigao crim ina l . Dito de outra forma, o agente que embaraa a investigao criminal, tenta impedi- la . O embaraar j a tentativa do impedir. Portanto, o del ito sempre estar consumado, no admitindo, portanto, a figura datentativa.

    17. Consumao. Com o efetivo ato de impedir ou embaraar a investigaocrimina l .

    18. Classificao. Cr ime comum; material; doloso; comissivo; instantneo; no admite tentativa por ser crime de atentado.

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  • RGANIZAES CRJMINOSASLEI N 1 2 .850, DE 2 DE AGOSTO DE 20 1 3

    19. 2. Causa de aumento de pena. Se a organ izao criminosa atuar com o emprego de arma de fogo, a pena aumentada at a metade. Comoa le i no fez d istino entre arma de fogo de uso permitido ou pro ibido, conc lu i-se que ambas esto inseridas no au mento de pena. Trata-se de causa de aumento de pena que deve inc id ir na 3 fase da ap l icao da pena crim ina l .

    20. No incidncia de concurso de crimes. Tendo em vista que o emprego dea rma de fogo j fu nciona como causa de aumento de pena nesse del ito,no haver concurso de crimes entre o del ito ora comentado e o cr ime deporte de arma de fogo.

    21. 3. Circunstncia agravante para o autor intelectual. Essa c i rcu nstncia agravante apl icada ao denominado pela doutrina autor i ntelectual , q ue a pessoa que tem em suas mos o comando, i nd iv idua l ou coletivo, da organ izao crim inosa, mas no pratica o del ito pessoalmente. Trata-se de c ircunstncia agravante que incide na segunda fase da ap l icao da pena cr im ina l .

    22. No incidncia do a rt. 62, 1 do Cdigo Penal. O a rt . 62, 1 do Cd igo Pena l traz previso semelhante ao d ispor que "a pena ser a inda agravada em relao ao agente que promove, ou orga n iza a cooperao no crime ou d i r ige a atividade dos demais agentes". A incidncia da agravante do art. 2Q, 3Q da le i 12.850/2013 afasta a i ncidncia do art. 62, 1 do Cdigo Pena l , em razo do pri ncpio da especia l idade, sob pena de i ncidncia em bis is idem, no podendo i ncid i r, ao mesmo tempo, as duas agravantes.

    23. 4. Causa de aumento de pena. Trata-se de causa de aumento de pena que deve inc id i r na 3 fase da ap l icao da pena crim ina l .

    24. Inciso 1 . Participao de criana ou adolescente. A s imples partic ipaode criana ou adolescente na organ izao criminosa j denota uma corrupo na mora l social do menor, desvirtua ndo o seu conceito de moral idade soc ia l . Ass im, a incidncia dessa causa de au mento de pena afastaa tipificao do del ito de corrupo de menores previsto no a rt . 244-B doEstatuto da Criana e do Adolescente ( lei 8.069/90), in verbis: "Corromperou facilitar a corrupo de menor de 18 {dezoito) anos, com ele praticandoinfrao penal ou induzindo-o a pratic-la: Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos". Com efeito, se o agente induz i r o menor a praticar o del itode promover, constitu i r, financ iar ou i ntegrar uma organ izao cri m inosa

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  • GABRJEL HABIB

    ou ento induz ir o menor a pratic-lo, ele j est corrompendo a mora l social do menor, bem jurdico tutelado pelo art . 244-B do Estatuto da Criana e do Adolescente . A inc idncia da causa de aumento de pena e dr, a rt . 244-B ao mesmo tempo configuraria bis in idem.

    25. Inciso l i . Concurso de funcionrio pblico. No basta que o agente sejafuncionrio pbl ico. necessrio que a organ izao cr iminosa se va l hadessa condio para a prtica de infrao pena l .

    26. Inciso I l i . Produto ou proveito da infrao penal destinado ao exterior. Para a incidncia desta majorante no necessrio que o produto ou o proveito da i nfrao penal seja efetivamente remetido ao exterior, bastando a penas essa fina l idade por parte dos agentes.

    27. Inciso IV. Conexo com outras organizaes criminosas independentes.A conexo com outras organ izaes criminosas independentes gera umamaior periculosidade da organ izao, uma vez que elas, j untas, conseguem formar uma rede maior de prtica de i nfraes pena is, justificando,portanto, o aumento da pena .

    28. Inciso V. Transnacionalidade da organizao. A transnacional idade daorgan izao permite- lhe uma maior influncia e faci l idade na p rtica dei nfraes penais, sobretudo as infraes que possam ter carter transnacional, como o trfico de drogas e de armas, justificando o aumento depena.

    29. 5!!. Afastamento cautelar do funcionrio pblico. O legis lador determinou o afastamento cautelar do funcionrio pbl ico das suas funes, em caso de indcios sufic ientes de que ele i ntegra uma organ izao criminosa, quando a medida se fizer necessria investigao ou instruo p rocessua l . Pensamos que o dispositivo constitui verdadeiro exagero e inverso dos valores constitucionais . O exagero reside j ustamente na poss ib i l idade do afastamento do servidor pbl ico pelos s imples indcios de que ele integre uma organ izao criminosa. E se o servidor for afastado de suas funes e depois da concluso do Inqurito Policial o M in istrio Pbl ico no oferecer denncia contra ele? Houve o afastamento do funcionrio de suas funes e sequer os indcios foram confi rmados. Como conci l iar esse dispositivo lega l com o princpio da presuno de inocncia? Na rea l idade, o legis lador est a inverter os va lores constitucionais ao presumir a cu lpabi l idade do servidor, e no a sua i nocncia. Nada obsta que o Ju iz afaste um servidor pbl ico de seu cargo no decorrer das investigaes, mas isso requer dados concretos colh idos no curso das investigaes e deciso jud i -

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  • ORGANIZAES CRJMINOSASLEI N 1 2 .850, DE 2 DE AGOSTO DE 20 1 3

    cia l fundamentada, e no meros indcios. Por essas razes, pensamos que o dispositivo flagrantemente inconstituciona l .

    30. 6!!. Perda d o cargo, funo, emprego ou mandato eletivo e a interdio para o exerccio de funo ou cargo pblico. O legis lador tratou da perda do cargo, emprego, funo ou mandato eletivo e da interdio para o exerccio de funo ou cargo pbl ico pelo prazo de 8 anos subsequentes ao cumprimento da pena. Os institutos so distintos. A perda refere-se ao cargo que j era ocupado pe lo agente. A interd io refere-se impossib il idade de o agente vir a ocupar qua lquer outra funo ou cargo pbl ico pelo prazo de 8 anos, isso , com efeitos futuros. Trata-se de efeito da condenao que s pode ser apl icado a ps o trnsito em ju lgado da sentena penal condenatria. Esse efeito a utomtico e decorre da condenao, no sendo necessria motivao expressa na sentena.

    31. Diferena entre o art. 22, 6!! da lei 12.850/2013 e o art. 92, 1 do CdigoPenal. No art. 92, 1 do Cdigo Penal, a lei trata da perda do cargo que jera ocupado pelo condenado. No a rt . 22, 6 da lei 12 .850/2013, a lei tratano s da perda do cargo, como tambm da interdio, que a impossib i l idade de se vir a ocupar cargo ou funo pbl ica, com efeitos futuros.Adema is, no a rt. 92, 1 do Cdigo Pena l a perda do cargo no automtica,dependendo de motivao expressa na sentena, ao contrrio do previstono dispositivo em comento, em que a perda do cargo automtica .

    32. No incidncia do art. 92, 1 do Cdigo Penal . Tendo em vista que o legis lador j inseriu nessa lei especia l a perda do cargo, no incide o a rt . 92, 1 doCdigo Penal, em razo do princpio de especia l idade.

    33. 7!!. Indcios de participao de policial. Havendo indcios de participao de pol ic ia l nos crimes previstos na nesta lei, o inqurito pol ic ia l ser instaurado pela Corregedoria de Pol cia e ter o acompa nhamento do M in istrio Pb l ico. Como o legis lador foi genrico ao dispor "nos crimes de que trata esta lei", esse d ispositivo ap l ica-se no caso de indcios de participao de pol ic ial no somente no del ito previsto no a rt . 2, mas, tambm nos a rts. 18, 19, 20 e 21 da le i .

    CAPTULO II DA INVESTIGAO E DOS_ MEIOS

    DE OBTENO DAPROVA

    Art. 3 Em qualquer fase da persecuo penal, sero permitidos, sem prejuzo de outros j previstos em lei, os seguintes meios de obteno da prova:

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  • GABRIEL HABIB

    I - colaborao premiada; II - captao ambiental de sinais eletromagnticos, pticos ou acsticos; III - ao controlada;

    N - acesso a registros de ligaes telefnicas e telemticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados pblicos ou privados e a informaes e leitorais ou comerciais;

    V - interceptao de comunicaes telefnicas e telemticas, nos termos da legislao especfica; '

    VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancrio e fiscal, nos termos da legislao especfica;

    VII - infiltrao, por policiais, em atividade de investigao, na forma do art. 1 1 ;

    vm - cooperao entre instituies e rgos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informaes de interesse da investigao ou da instruo criminal.

    1. Abrangncia. O legislador abrangeu todas as fases da persecuo penal , ou seja, a pr imeira fase, do inqurito pol ic ia l , e a segunda fase, da ao pena l . O a rt . 3Q da lei trouxe um rol de medidas que servem como meios de obteno de prova, ou seja, meios pelos quais os rgos de persecuo penal i ro obter e lementos probatrios que sero levados ao Poder Judicirio para embasa r a acusao .

    2. Inciso 1 . Colaborao premiada. Ver comentrios aos a rts . 4Q ao 7 da le i .

    3. Inciso l i . Captao ambiental de sinais eletromagnticos, pticos ou acsticos. A captao ambienta/ ocorre quando um interlocutor obtm dados de outro i nterlocutor. A conversa se d entre ambos, havendo o contato pessoa l entre os interlocutores. Aqui a gravao do teor da conversa feita pelo prprio interlocutor. O legis lador no abrangeu a interceptao ambienta/, na qua l a obteno dos dados feita por uma terceira pessoa, que no nenhum dos interlocutores e grava a conversa que acontece entre outras duas ou mais pessoas.

    4. Tempo de durao. Tendo em vista que a le i no fez ressalva quanto ao tempo de durao da captao, conc lu i-se que e la no possui prazo mximo de d u rao.

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  • RGANIZAES CRIMfNOSASLEI N 1 2 .850, DE 2 DE AGOSTO DE 20 1 3

    5. Diferenas entre o a rt. 3, l i da l e i 12.850/2013 e a l e i 9.296/96. Ale i 9 . 296/96, q u e regu l a mentou o art . 52, X I I da CRF B/88, trouxe, emseu texto, a figura j u rdica da interceptao telefn ica . Embora as duasle i s t ratem de i n stitutos seme lha ntes, h d iversas d ife renas entre ambas, a segu i r e lencadas : 1 . Na 12 .850/2013 o legis lador fez menoexpressa captao a m bienta l . N a le i 9 . 296/96, o legis l ador fez meno somente interceptao (Art. 12 A i nterceptao de com u n icaestelefn icas, de qua lquer natureza, para prova e m i nvestigao cr i m i n a le e m i n struo processua l p e n a l , observa r o d i sposto n esta Lei e depender de ordem do ju iz competente da ao pr inc ipa l , sob segredode j u st ia) ; 2. Na lei 12 .85 0/2013 no h prazo determinado para ad u rao da med ida . N a le i 9 . 296/96, o prazo de 15 d ias, ren ovvelpor igua l tem po, uma vez comprovada a i n d i spensab i l idade da medida(Art. 52 A dec iso ser fundamentada, sob pena de n u l ida de, i nd icandota m b m a forma de execuo da d i l ig nc ia , q u e no poder exceder oprazo de q u i nze d ias , renovvel por igua l tempo u m a vez com provadaa i n d ispensab i l idade do meio de prova ) ; 3. A le i 1 2 . 850/2013 permitea ca ptao a m biental de s i na i s e letromagnticos, ticos ou acsti cos .A le i 9 . 296/96 permite a i nterceptao do f luxo de com u n icaes emsistemas de i nformtica e telemtica (Art . 12 . . . Pargrafo n ico. O d i sposto nesta Lei ap l i ca-se i nterceptao do fluxo de com u n icaes ems istemas de informtica e te lemtica ) ; 4. Na le i 12 .850/2013 a ca ptao a m bienta l pode ser feita de forma i ncon d ic ion a l . Na lei 9 .296/96,a i nterceptao possu i natu reza de meio subs id irio de prova, uma vezque o legis lador d i sps que ta l medida somente ser cab ve l se nohouver outro me io d i spo n ve l para a formao da prova (Art. 22 Noser a d m it ida a interceptao de comun i caes te lefn icas quandoocorrer qua lquer das segu i ntes h ipteses . . . 1 1 - a prova puder ser feitapor outros meios d i spon ve is ) ; 5. Na le i 1 2 . 850/2013 possvel a ca ptao a m b ienta l para a i nvestigao de q u a lquer i nfrao pen a l praticadan o m bito de uma orga n i zao crim i nosa . Na le i 9 . 296/96, a i nterceptao somente pode ser a utorizada para fi ns de i nvestigao de de l itoa penado com rec l uso (Art. 22 N o ser a d mit ida a interceptao decom u n icaes telefn icas q u a n d o ocorrer q u a lquer das segu i ntes h i pteses . . . 1 1 1 - o fato i nvestigado constitu i r i n frao pena l pun ida, n omxi mo, c o m p e n a de deten o ) .

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  • GABRIEL HABIB

    Art. 3!!, li da lei 12.850/2013 Lei 9.296/96

    Captao ambienta l . I nterceptao telefnica.

    No h prazo determinado para a dura- O prazo de 15 dias, renovvel por o. igual tempo.

    Captao ambiental de s ina is eletro- Interceptao do fluxo de comunica-magnticos, ticos ou acsticos. es em sistemas de informtica e te-

    lemtica.

    A captao pode ser feita de forma in- A interceptao possui natureza de condiciona l . meio subsidirio de prova.

    possvel a captao ambiental para a A interceptao somente pode ser au-investigao de qualquer infrao penal torizada para fins de investigao de praticada no mbito de uma organ iza- del ito apenado com recluso o criminosa.

    6. Direito intimidade. A CRFB/88, no a rt. S, X, d ispe que "so inviolveis a inti m idade, a vida privada, a honra e a i magem das pessoas, assegurado o d i reito a inden izao pelo dano material ou mora l decorrente de sua violao". Dessa forma, a intimidade e a vida privada tm proteo constitucional . Assim, se a conversa entre os interlocutores se der em u m ambiente privado, o u d e forma reservada, deve haver autorizao judic ia l .

    7 . Inciso I l i . Ao controlada. Ver comentrios aos arts. 8 e 9 da lei .

    8. Inciso IV. Acesso a registros de ligaes telefnicas e telemticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados pblicos ou privados e a informaes eleitorais ou comerciais. Ver comentrios aos arts. 15 ao 17.

    9. Inciso V. Interceptao de comunicaes telefnicas e telemticas, nos termos da legislao especfica. A interceptao de comunicaes telefn icas e telemticas deve ser feita nos moldes defin idos na le i 9 .296/96, qua l remetemos o le itor.

    10. Inciso VI. Afastamento dos sigilos financeiro, bancrio e fiscal, nos termos da legislao especfica. O legis lador permitiu como meio de obteno de prova o afastamento dos sigi los financeiro, bancrio e fiscal . A CRFB/88, no art. S, X, dispe que "so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o d i reito a indenizao pelo dano material ou mora l decorrente de sua violao". Apesar de no haver

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    exigncia expressa, justamente e m razo da proteo constitucional que a v ida privada e a inti midade recebem, que deve ser exigida autorizao jud icia l para o afastamento do s ig i lo referente s informaes financeiras, banc rias e fisca is .

    11. Quebra do sigilo pelo Ministrio Pblico. Questo relevante versa sobrea possib i l idade de o Min istrio Pbl ico afasta r d i retamente tais s ig i los,independentemente de autorizao jud ic ia l . A Lei Complementar 75/93,que d ispe sobre a o rgan izao, as atribuies e o estatuto do Min istrioPbl ico da Unio, prev, em seu a rt. 8, incisos l i, IV e VI I I que "para oexerccio de suas atribu ies, o M i nistrio Pbl ico da Un io poder, nosprocedimentos d e sua competncia: l i - requ isitar i nformaes, exames,percias e documentos de autoridades da Admin istrao Pbl ica d i reta ouind ireta; IV - requ is itar informaes e documentos a entidades privadas;V I I I - ter acesso incondicional a qua lquer banco de dados de carter pbl ico ou relativo a servio de relevncia pb l ica". Apesar da redao dodispositivo lega l, o Min istrio Pbl ico no pode quebra r o sigilo d iretamente, independentemente de autorizao jud icial, em razo da c lusulade reserva de ju risd io, face proteo constitucional da intimidade evida privada assegurada no art . S, X, da CRFB/88.

    STJ

    INFORMATIVO N 482.

    Quinta Turma

    SIGILO FISCAL. QUEBRA. MP. IMPOSSIBILIDADE.

    A Turma reiterou o entend imento de que o Min istrio Pbl ico, no uso de suas prerrogativas institucionais, no est autorizado a requisitar documentos fiscais e bancrios sigilosos diretamente ao Fisco e s instituies financeiras, sob pena de violar os d ireitos e garantias constitucionais de intimidade da vida privada dos cidados. Somente quando precedida da devida autorizao judic ia l , tal medida v l ida . Assim, a Turma concedeu a ordem para determinar o desentranhamento dos autos das provas decorrentes da quebra do sigi lo fiscal realizada pelo Min istrio Pblico sem autorizao judicial, cabendo ao magistrado de origem verificar quais outros elementos de convico e decises proferidas na ao pena l em tela e na medida cautelar de sequestro esto contaminados pela i l icitude ora reconhecida. HC 160.646-SP, Rei. Min . Jorge M ussi, ju lgado em 1/9/2011.

    12. Inciso VII . Infiltrao, por policiais, em atividade de investigao, na forma do art. 11. Ver comentrios aos arts. 10 ao 14 da lei .

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  • GABRJEL HABIB

    13. Inciso VI I I . Cooperao entre instituies e rgos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e informaes de interesse da investigao ou da instruo criminal. Trata-se de obrigao que ns ita aos rgos estatais, motivada pelo dever de colaborao entre entes pbl icos em prol da i nvestigao crim ina l , para que se tenha a maior gama de informaes possveis sobre o i nvestigado ou sobre o ru .

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    -7 Aplicao em concurso.

    (Cespe - Defensor Pblico - T0/2013) No que diz respeito ao crime organ izado, assi nale a opo correta.

    A) De acordo com a lei de regncia, os procedimentos para a investigao da organ izao cr iminosa e a formao de provas podem ser executados em qualquer fase da persecutio crimin is, na apurao de qualquer infrao penal, sem prazo de durao da medida.

    B) A autorizao jud icia l circunstanciada para a adoo dos procedimentos de investigao da organizao crim inosa e de formao de provas, previstos na le i de regncia, fica cond icionada prvia demonstrao do esgotamento da colheita da prova por outro meio.

    C) A caracterizao de organizao cr iminosa depende de prvia consumao do crime de formao de quadri lha ou bando e do carter transnacional das infraes penais perpetradas.

    D) A prtica de contravenes penais pela organ izao crim inosa afasta a incidncia da norma de regncia pelo princpio da lega l idade penal .

    E) Para a investigao desse crime, a lei de regncia autoriza expressamente a captao ambienta l de s ina is eletromagnticos e a interceptao telefnica, no prazo mximo de qu inze d ias, renovvel por igual perodo, med iante circunstanciada autorizao jud icia l , desde que no haja outro meio para a formao da prova.

    Alternativa carreta: letra A.

    Seo 1 Da Colaborao Premiada

    Art. 4 O juiz poder, a requerimento das partes, conceder o perdo judicial, reduzir em at 2/3 (dois teros) a pena privativa de l iberdade ou substitu-la por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigao e com o processo criminal, desde que dessa colaborao advenha um ou mais dos seguihtes resultados:

    !

  • RGANJZAES CRJMINOSASLEI N 1 2 .850, DE 2 DE AGOSTO DE 20 1 3

    1 - a identificao dos demais coautores e partcipes da organizao criminosa e das infraes penais por eles praticadas;

    II - a revelao da estrutura hierrquica e da diviso de tarefas da organizao criminosa;

    III - a preveno de infraes penais decorrentes das atividades da organizao criminosa;

    TV - a recuperao total ou parcial do produto ou do proveito das infraes penais praticadas pela organizao criminosa;

    V - a localizao de eventual vtima com a sua integridade fisica preservada.

    1 Em qualquer caso, a concesso do benefcio levar em conta a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstncias, a gravidade e a repercusso social do fato criminoso e a eficcia da colaborao.

    2 Considerando a relevncia da colaborao prestada, o MinistrioPblico, a qualquer tempo, e o delegado de polcia, nos autos do inqurito policial, com a manifestao do Ministrio Pblico, podero requerer ou representar ao juiz pela concesso de perdo judicial ao colaborador, ainda que esse benefcio no tenha sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei n 3 .689, de 3 de outubro de 1 94 1 (Cdigo de Processo Penal).

    3 O prazo para oferecimento de denncia ou o processo, relativos aocolaborador, poder ser suspenso por at 6 (seis) meses, prorrogveis por igual perodo, at que sejam cumpridas as medidas de colaborao, suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.

    4 Nas mesmas hipteses do caput, o Ministrio Pblico poder deixarde oferecer denncia se o colaborador:

    I - no for o lder da organizao criminosa;

    II - for o primeiro a prestar efetiva colaborao nos termos deste artigo. 5 Se a colaborao for posterior sentena, a pena poder ser reduzidaat a metade ou ser admitida a progresso de regime ainda que ausentes os requisitos objetivos.

    6 O juiz no participar das negociaes realizadas entre as partes para a fonnalizao do acordo de colaborao, que ocorrer entre o delegado de polcia, o investigado e o defensor, com a manifestao do Ministrio Pblico, ou, confonne o caso, entre o Ministrio Pblico e o investigado ou acusado e seu defensor.

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  • GABRIEL HABIB

    7 Realizado o acordo na forma do 6, o respectiyo termo, acompanhado das declaraes do colaborador e de cpia da investigao, ser remetido ao juiz para homologao, o qual dever verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presena de seu defensor. 1 8 O juiz poder recusar homologao proposta qpe no atender aos requisitos legais, ou adequ-la ao caso concreto. t

    r 9 Depois de homologado o acordo, o colaboradbr poder, sempre acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo medibro do Ministrio Pblico ou pelo delegado de polcia responsvel pelas! investigaes. 1 0. As partes podem retratar-se da proposta, caso elll que as provas autoincriminatrias produzidas pelo colaborador no podero ser utilizadas exclusivamente em seu desfavor.

    l 1 1 . A sentena apreciar os termos do acordo homologado e sua efi-ccia. 12. Ainda que beneficiado por perdo judicial ou ho denunciado, o colaborador poder ser ouvido em juzo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial.

    1 3 . Sempre que possvel, o registro dos atos de colaborao ser feito pelos meios ou recursos de gravao magntica, estJnotipia, digital ou tcnica similar, inclusive audiovisual, destinados a obtr maior fidelidade das informaes. '

    14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciar, na presen-' a de seu defensor, ao direito ao silncio e estar sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade. 1 15. Em todos os atos de negociao, confirmao e ekecuo da colaborao, o colaborador dever estar assistido por defensbr. 1 1 6. Nenhuma sentena condenatria ser proferida com fundamento apenas nas declaraes de agente colaborador.

    1. Colaborao premiada. A colaborao premiada consiste em u m acordo que o investigado ou ru faz com o Estado, no sentido de obter um benefcio em troca de informaes prestadas por ele. Diz-se premiada porque o colaborador recebe u m benefcio do Estado em troca das informaes prestadas . Na lei ora comentada, o "prmio" consiste na concesso do perdo jud icia l , na reduo da pena ou na substituio da pena privativa de l iberdade por pena restritiva de d i reitos.

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  • RGANIZAES CRIMINOSASLEI N 1 2 .850, DE 2 DE AGOSTO DE 20 1 3

    2 . Beneficirio da colaborao premiada. O benefic irio d a colaborao somente pode ser um agente i ntegrante da organ izao cr iminosa. Mesmo que u m estranho orga nizao, como no caso de u m i ntegrante de organ izao cr iminosa riva l que tenha informaes relevantes sobre aquela organ izao e possa fornec-las com o fim de destru i- la, ele no poder va ler-se da co laborao premiada, uma vez que o legis lador deixou c laro que o colaborador deve i ntegrar a organ izao crim inosa ao fazer meno expressa aos "demais coautores e partcipes da organizao criminosa", deixando claro que o colaborador deva fazer parte da organ izao sobre a qual ele presta as i nformaes.

    3. Perdo judicial. A pr imeira consequncia da colaborao a concesso,pelo Ju iz, do perdo jud ic ia l , previsto no a rt. 120 do Cd igo Penal , queconstitu i causa de extino da pun ib i l i dade prevista no a rt . 107, IX do Cdigo Pena l . A sentena que o concede tem natureza jurd ica de sentenadeclaratria de extino da pun ib i l idade, no subsistindo qua lquer efeitocondenatrio (smula 18 do STJ ) , bem como no ser considerada paraefeitos de reincidncia, de acordo com o a rt . 120 d o Cdigo Pena l .

    4. Diminuio da pena. A segunda consequncia da colaborao red uoda pena privativa de l i berdade em at 2/3 . Essa reduo de pena temnatureza jurdica de causa especial de d im inu io de pena, que deve serap l icada na terceira fase da ap l icao da pena, nos moldes do a rt. 68 doCdigo Pena l . Nessa fase a pena pode ficar aba ixo do m n imo lega l .

    5. Possibilidade de aplicao em conjunto com circunstncia atenuante.Questo relevante versa sobre a poss ib i l idade de apl icao, a um s tempo, de uma c ircunstncia atenuante e da causa de d im in u io de penaprevista no a rtigo ora comentado, como na h iptese de o ru confessar aprtica d a i nfrao penal e fornecer i nformaes relevantes no acordo decolaborao premiada. Nesse caso, ele pode ter apl icada a s i a atenuanteda confisso e a causa de d im inu io de pena em conjunto? Como sa bido,a c i rcunstncia atenuante i ncide na segunda fase da ap l icao da penacri m ina l, enquanto a causa de d im inu io de pena inc ide na terceira fase.A confisso versa sobre os fatos imputados na den ncia; a colaboraopremiada versa sobre as i nformaes que o i nvestigado ou o ru fornecesobre a organ izao cr iminosa . Tendo em vista as naturezas d iversas dosdois institutos, bem como as suas i ncidncias em momentos d istintos daapl icao da pena cri m i na l , pensamos que nada obsta a a pl icao conjunta dos dois institutos.

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  • GABRIEL HABIB

    6. Substituio da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. A terceira consequncia da colaborao a su bstituio da pena privativa de l i berdade por pena restritiva de d i reitos. As espcies de penasrestritivas de d i reitos e os requ isitos pa ra a substituio esto previstos,respectivamente, nos a rt . 43 e 44 do Cdigo Pena l .

    7. Subordinao ao requerimento das partes. Pe la redao legal percebe-se que o Ju i z somente pode homologar o acordo de colaborao premiada e ap l icar as suas consequncias (concesso do perdo jud icia l , na reduo d a pena ou na substituio da pena privativa de l i berdade por pena restritiva de d i reitos), se houver requerimento das partes ( M i n istrio Pbl ico e ru}, o que sign ifica afirmar que o J u iz no pode oferecer o acordo de colaborao premiada de ofcio.

    8. Possibilidade de aplicar as consequncias da colaborao premiada.Questo relevante versa sobre a obrigatoriedade ou a faculdade de o Ju i zapl icar as conseq uncias da colaborao premiada . Seria uma obrigaoou uma faculdade do J u iz? Tendo em vista que o legislador util izou as expresses "o ju iz poder", parece que a sua vontade foi no sentido de seruma faculdade do J u iz.

    9. Colaborao efetiva e voluntria. Colaborao efetiva aquela que resu lta, segundo o d ispositivo lega l, na identificao dos demais coautorese partcipes da orga n izao crim inosa e das i nfraes penais por eles praticadas, na revelao da estrutura h ierrquica e da diviso de tarefas daorgan izao cr iminosa, na preveno de i nfraes pena is decorrentes dasatividades da orga n izao, na recuperao total ou parc ia l do produto oudo proveito das infraes pena is praticadas pela organ izao e na loca l izao de eventual vti ma com a sua i ntegridade fsica preservada . Colaborao voluntria a colaborao que o agente presta por vontade prpria,sem que n i ngum o tenha constrangido a ta l . Note-se que o legis lador noexigiu que a colaborao fosse espontnea, bastando que seja voluntr ia .Dessa forma, no i mporta o motivo pelo qua l o agente colabora, podendoocorrer, por exemplo, por ped ido ou influncia de algum.

    10. Momento para a colaborao premiada. Questo relevante versa sobea necessidade de o i nvestigado ou ru ter que colabora r nas duas fasesda persecuo penal (fase do inqurito e do processo j ud ic ia l ) ou na suficincia de colaborao em apenas uma das fases. I magine-se a h iptese em que o ru resolveu colaborar somente na fase do processo pena l ,no presta ndo as i nformaes na fase de inqurito pol ic ia l . E le poderia

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    rea l izar a colaborao premiada? Apesar de sermos levados a o raciocnio segundo o qual nada impede que o ru resolva colabora r na segu nda fase da persecuo penal e que as informaes por ele prestadas possam ser teis ao desenvolvimento do processo cri m ina l , somos forados a confer ir i nterpretao l itera l ao d ispositivo ora ana l isado, u ma vez que o legis lador expressou "com a i nvestigao e com o processo cr imina l". Percebe-se que a inteno do legis lador foi exig ir que o colaborador prestasse as i nformaes nas duas fases da persecuo penal, ou seja, na fase do inqurito pol ic ia l e tambm na fase do processo cri m ina l . Assim, caso o colaborador preste as informaes apenas em uma das fases da persecuo penal , no poder va ler-se da colaborao premiada.

    11. Alternatividade dos resultados. A colaborao premiada se sujeita ao advento dos resu ltados previstos nos incisos do a rt. 42, que podem ser a lternativos, conforme a redao lega l .

    12. Incomunicabilidade. A colaborao premiada ato pessoa l do co laborador. Portanto, em caso de concurso de pessoas, no se comun ica aos outros coautores e participes da o rgan izao crim inosa .

    13. Inciso 1. Identificao dos demais coautores e participes da organizao criminosa e das infraes penais por eles praticadas. A identificao dos demais coautores e partic ipes da organ izao cr iminosa pode se dar de qualquer forma, ou seja, por meio do fornecimento do nome, endereo, caractersticas pessoais etc, desde que seja eficaz na identificao. Basta que o delator identifique um dos coautores ou partic ipes, no sendo necessria a identificao de todos. Alm da identificao dos demais coautores e partic ipes, o legis lador exigiu que o colaborador identificasse tambm as infraes penais por eles praticadas. Tratam-se, portanto, de requ is itos cumulativos, no basta ndo a identificao somente de pessoas ou somente de i nfraes por ele praticadas .

    14. Inciso l i . Revelao da estrutura hierrquica e da diviso de tarefas da organizao criminosa. A estrutura h ierrqu ica e a d iviso de ta refas so elementos da organ izao cri m in osa, segundo o conceito traz ido pelo art . 22, 12 da lei . A revelao desses elementos fac i l ita aos rgos de persecuo penal uma forma mais eficaz de desfazi mento da orga n izao cri m i nosa, alm de permiti r que se tenha acesso a todos os membros da organ izao, desde o "baixo esca lo" at o "alto escalo".

    15. Inciso I l i . Preveno de infraes penais decorrentes das atividades da organizao criminosa. No inciso I l i o legislador buscou uma forma de

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    obter informaes q ue poss ib i l item aos rgos de persecuo penal a preveno d a prtica de i nfraes penais pela organ izao crim inosa . De forma d iversa do i nciso 1, aqu i se quer evitar a prtica de infraes futuras .

    16. Inciso IV. Recuperao total ou parcial do produto ou do proveito das infraes penais praticadas pela organizao criminosa. Ta l requ is ito somente ser exigido quando, a depender do del ito praticado, for possvel a recuperao do seu produto, como no caso do trfico de drogas ou de receptao. Entretanto, ta l requ isito seria i nvivel em outros casos, como na h iptese do del ito de extorso mediante sequestro, em que embora consu mado pela privao da l i berdade da vtima, o pagamento do va lor correspondente ao resgate a inda no foi efetuado.

    17. Inciso V. Localizao de eventual vtima com a sua integridade fsica preservada. O legis lador exigiu que a vtima fosse encontrada com a sua i ntegridade fs ica preservada. Pensamos que essa exigncia i rrazovel, u ma vez q ue a vtima enco ntrar-se com a sua i ntegridade fsica preservada i ndepende da vontade do cola borador. Mesmo que o agente queira colaborar com as i nvestigaes, ter que contar com a sorte de a vtima estar com a sua i ntegridade fsica preservada no momento em que for encontrada .

    18. No revogao dos arts. 13 e 14 da le i 9.807/99. A le i 12 .850/2013 no revogou os arts. 13 e 14 da le i 9.807 /99 por do is motivos: em primeiro lugar, no houve revogao expressa; em segundo lugar, os d ispositivos no so incompatveis entre si, podendo conviver perfeitamente.

    19. 1!!. Elementos para a concesso do benefcio da colaborao premiada. Alm de a concesso dos benefcios a dvindos da colaborao depender dos requ isitos estabelecidos no caput d o art . 4, o legis lador estabeleceu outros req uis itos l igados pessoa do colaborador, ao fato cr iminoso e eficcia da colaborao.

    20. 2!!. Concesso do perdo judicial sem previso na proposta de colaborao. Mesmo que o perdo jud ic ia l no faa parte da proposta de colaborao, possvel a sua ap l icao ao colaborador, em razo da relevncia da colaborao. O legis lador no estabeleceu o que seria a relevncia da colaborao. Pensamos que essa relevncia deva estar l igada aos resultados descritos nos i ncisos do art . 4, caput. A apl icao do art . 28 do Cdigo de Processo Penal "no que couber" est l igada h iptese de o J uiz d iscordar da ap l icao d o perdo jud icial , quando ento dever remeter os autos ao chefe do M i n istrio Pbl ico. Porm, parece-nos que essa medida

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    absolutamente descabida, pois caso o J u i z entenda n o ser a h iptese d e apl icao do perdo jud icia l por n o constar d o acordo inic ia l , ele s implesmente no o apl ica, e ap l ica o resu ltado previsto no acordo (d iminu io da pena ou substituio da pena privativa de l i berdade pela pena restritiva de d i reitos) . Com efeito, o Ju i z que tem competncia para ap l icar ou no o perdo jud icial , no podendo essa deciso ficar a cargo do Min istrio Pbl ico.

    21. 32. Prazo para oferecimento da denncia e suspenso do pr9cesso. E m relao suspenso do prazo para o oferecimento da denncia ou suspenso do processo, se o investigado ou ru estiver solto, ela no oferece problemas. Porm, na h iptese de o i nvestigado ou ru estar preso, a suspenso desse prazo ou do processo por 6 meses, prorrogvel por igual perodo, a bsolutamente descabida, pois haver um a largamento indevido da priso provisria do investigado ou ru, sendo certo que a privao da l iberdade ttu lo de priso provisria deve estar estritamente vinculada aos requ isitos descritos no a rt . 312 do Cdigo de P rocesso Penal, e no ao cumprimento das medidas de colaborao. Assi m, caso o i nvestigado ou ru esteja preso, parece que a melhor soluo seria o Juiz coloc-lo em l iberdade para que o prazo ou o processo fosse suspenso; na h iptese de estarem presentes os requ isitos do a rt. 312 do Cdigo de Processo Penal, que impeam a soltura do investigado ou ru, essa suspenso do prazo no pode ser apl icada.

    22. Suspenso do prazo prescricional. Trata-se de uma causa de suspenso do prazo prescric ional fora do rol do art. 116 do Cdigo Penal, a confirmar a ide ia de que esse rol exem pl ificativo.

    23. 42. Possibilidade de o Ministrio Pblico no oferecer a denncia. Na h iptese de o colaborador no ser o l der da o rgan izao criminosa ou for o primeiro a prestar a efetiva colaborao nos termos deste a rtigo, o Min istrio Pbl ico poder deixar de oferecer a denncia em seu desfavor. Trata-se de mais uma h iptese de mitigao do princpio da obrigatoriedade que rege a ao penal pbl ica, uma vez que mesmo q ue haja prova da existncia do crime e indcios suficientes de autoria - caso em que o Min istrio P blico obrigado a oferecer a denncia -, o legis lador trouxe a poss ibi l idade excepcional de a denncia no ser oferecida, hiptese na qual o M i n istrio Pbl ico poder promover o a rquivamento dos autos do inqurito pol icia l e requer-lo ao Ju iz nos moldes defin idos no art. 28 do Cdigo de P rocesso Pena l . Nessa h iptese, no ser possvel a apl icao do perdo judicial , da d im inu io de pena, nem da substituio da pena

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    privativa de l i berdade por pena restritiva de d i reitos, uma vez que sequer haver processo i nstau rado. Trata-se de um s imples pedido de a rqu ivamento do inqurito pol icia l pelo M in istrio Pbl ico.

    24. 5!1. Colaborao posterior sentena. Como regra, a cola borao deve ser feita na fase de i nvestigao e na fase processual, conforme o a rt. 4, caput. Porm, o legis lador permitiu que a colaborao fosse posterior sentena, caso em que poder haver a reduo de metade da pena imposta ou a progresso de regime a inda que ausentes os req uis itos objetivos previstos no a rt. 112 da LEP e no a rt . 2, 2 da lei de crimes hediondos ( le i 8 .072/90). Porm, o legislador no especificou se a colaborao poderia ser posterior sentena com o processo em fase de recurso ou com o trnsito em ju lgado e isso a ltera a competncia para a concesso da d im inu io da pena e para a concesso da progresso de regime. Dessa forma, algumas h ipteses podero surgir : na primeira hiptese, caso o processo esteja em fase recursa i , ca ber ao Tribuna l , como rgo recursai , ap l ica r a red uo da pena ou conceder a progresso de regime. Lem bre-se q u e apesar de n o haver a inda o trnsito em ju lgado, a smula 716 do STF admite a progresso de regime a ntes do tr nsito em ju lgado da sentena condenatria ao d ispor que "admite-se a progresso de regime de cumprimento da pena ou a aplicao imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trnsito em julgado da sentena condenatria"; na segunda hiptese, caso a cola borao seja posterior sentena com o tr nsito em ju lgado, caber ao J u zo da Execuo Penal conceder a progresso de regime ou apl icar a reduo de pena.

    25. 6!1. No participao do Juiz no acordo de colaborao premiada. O acordo de colaborao celebrado entre as partes, sem a i nterveno do J u iz, que se torna somente um espectador do acordo. Justamente por no ser parte do processo, o Juiz no possui nenhuma ingerncia na realizao dos termos do acordo e colaborao premiada . Porm, isso no sign ifica que o Ju i z obrigado a homologar o acordo, podendo recusar a sua homologao nos termos do 8.

    26. 7!1. Homologao do acordo. Depois de rea l izado entre as partes sem a i nterveno j udicia l , o termo do acordo de cola borao remetido ao Ju i z para a sua homologao. Como cabe ao Ju iz zelar pela regularidade processual, ele dever verificar a regu laridade, a lega l idade e a vo luntariedade dos termos do acordo de colaborao, assegurando-se da sua perfeita rea l izao nos moldes lega is e poder, a inda, de forma sigi losa ouvir o colaborador na presena de seu defensor, para certificar-se sobre a lea ldade

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    das i nformaes e sobre a volu ntariedade d a prestao das i nformaes pelo colaborador. Constatada pelo J u iz a regularidade do acordo, ele homologar o termo.

    27. 8. Recusa de homologao do acordo. Conforme mencionado acima, cabe ao Ju iz assegurar a regu laridade, a lega l idade e a voluntariedade dos termos do acordo de colaborao, zela ndo pela sua rea l izao nos moldes lega is . Caso o Ju i z verifique que o termo do acordo de colaborao no atende aos requis itos lega is, ele poder recusar a sua homologao ou ento poder adequar o acordo de cola borao ao caso concreto. No caso de recusa de homologao do acordo, as informaes dele constantes podem ser usadas? Parece-nos que no. O legis lador deixou claro que a produo dos efeitos do acordo est subord inada sua homologao pelo J u iz . Se o acordo no foi homologado pelo Ju iz, ele no prod uz efeitos, e, consequentemente, nada poderia ser aproveitado dele, sobretudo as informaes fornecidas pelo colaborador. O acordo no homologado no tem o condo de prod uzir efeitos.

    28. 9. Posterior oitiva do colaborador. O legis lador trouxe a poss ib i l idade de o colaborador ser ouvido pelo Delegado de Polcia ou pelo membro do M in istrio Pbl ico aps a homologao do acordo, sempre acompanhado de seu defensor. Ao que pa rece, nessa oitiva posterior homologao do acordo, o cola borador poder apenas prestar esclarecimentos sobre as i nformaes j fornecidas anteriormente que constem do acordo, e no fornecer novas i nformaes, pois as i nformaes que ele se prontificou a prestar j foram co lh idas no momento da elaborao dos termos do acordo a ntes de sua homologao. No se trata de nova colaborao (at porque se fosse isso e la teria que ser nova mente homologada pelo Ju iz}, e s im prestao de esclarecimentos.

    29. 10. Retratao da proposta de colaborao premiada. Depois de homologado o acordo de colaborao premiada, as partes podero retratar-se da proposta . Nesse caso, as provas autoincrim inatrias produzidas pelo colaborador no podero ser uti l izadas exclus iva mente em seu desfavor. H uma questo l igada poss ib i l idade ou no do uso das demais provas que o legislador no resolveu, ou seja, se as provas autoincrimi natrias prod uzidas pelo cola borador no podero ser uti l izadas exclusivamente em seu desfavor, as demais provas poderiam ser usadas? Pensamos que a resposta negativa . A colaborao premiada um acordo de vontade concretizado pelas partes. Se as partes resolveram rea l i z-lo, depois de homolog