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Economia e Poder

Licenciatura Estudos Africanos

FLUL 15 / 11 / 2012

“Sociedades agrárias. Estudo de caso: a sociedade Felupe”

Lúcia Bayan

Sociedades africanas

• Inexistência de “sociedades nacionais”:

extensão e constituição não são coincidentes

com os limites do Estado.

Sociedade Joola

Sociedade Felupe

Sociedades agrárias africanas

• Únicas sociedades africanas com orientação produtiva;

• Garantem o sustento a cerca de metade da população africana;

• Importantes para a sobrevivência das populações urbanas;

• Inexistência do “indivíduo” – qualidades atribuídas à sociedade, ao grupo de referência, a entidades espirituais.

• Classes de idade produzem laços horizontais que reforçam e compensam os laços verticais de descendência;

• Sociedades inclusivas – não existe discriminação considerada injusta.

Sociedades agrárias africanas

• Constituídas etnicamente – auto-organização em padrões de

parentesco, com extensão territorial e dimensão espiritual;

• Estrutura societal inclui organização secreta e guerreira que

serve de defesa ao acesso aos recursos e contra perigos

externos;

• Controlo do acesso aos recursos é constitutivo da

estruturação societal.

Sociedades agrárias africanas

Dimensão espiritual:

• Produz os mecanismos para a regulação da estruturação societal;

• Produz os mecanismos para a regulação das relações internas de poder e autoridade;

• Regula as relações interétnicas;

• Mecanismos espirituais são fundamentais para a identidade social.

Sociedades agrárias africanas

A sua reprodução depende de:

• Garantir o acesso aos recursos naturais;

• Garantir o controlo sobre a sua mão-de-obra;

• Capacidade de lidar com outras sociedades;

• Capacidade de lidar com as forças políticas, militares e policiais do Estado.

Produção

• Sistemas produtivos de subsistência de baixo nível tecnológico e economia de bom tempo;

• Padrões de consumo rigorosamente limitados pela tradição;

• Resiliência depende da flexibilidade interna e de estratégias de aproveitamento dos recursos sociais e genéticos;

• Acesso aos recursos é regulado pela pertença a grupos sociais específicos que garantem o abastecimento através de mecanismos de solidariedade;

• Protecção do ambiente integrada na estrutura espiritual, mental e societal;

• Mão-de-obra regulada pela família, práticas de entreajuda e mecanismos sociais, parcialmente baseados na dimensão espiritual.

Sociedade Felupe

Sociedade Felupe

Cultura do arroz

Arroz

Sociedade Felupe

• Arroz,

• Caju,

• Amendoim,

• Produtos hortícolas,

• Pesca

Caju

Horticultura

Pesca

Economia Sociedades agrárias:

• Transcções económicas são realizadas em redes pessoais;

• As redes garantem o cumprimento das regras;

• A confiança depende da proximidade e esta do grau de parentesco e da convivência;

Sociedade Felupe:

• Economia muito vulnerável;

• Transcções económicas efectuadas em pequenos mercados;

• Acesso deficiente aos mercados e para os comerciantes;

• Vulnerabilidade às flutuações de preços do mercado mundial.

Conclusão:

• África está a ser “despedida” da participação activa no comércio e na economia mundial (Schiefer 2012);

• Colapso físico das infraestruturas de produção:

– falta de manutenção;

– falta de capacidade de investimentos de substituição;

– destruição propositada e por desleixo;

– desmoronamento das instituições da administração pública.

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