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EDITORIAL
As pesquisas do Projeto Paleotocas continuam
surgindo nas publicações científicas: desta
vez foi publicado na Revista Brasileira de
Paleontologia um artigo detalhado sobre a
paleotoca da propriedade Laudir Ogliari em
Boqueirão do Leão:
http://www.sbpbrasil.org/revista/edicoes/16_1
/07_Frank_et_al.pdf
É um resultado de um trabalho em
equipe. Foram várias saídas a campo e
inúmeras horas no computador, incluindo o
trabalho dos revisores da Revista, através dos
quais o artigo ficou mais preciso.
Agradecemos a todos e vamos partir para o
próximo artigo, cujo rascunho já está pronto.
DICAS CIENTÍFICAS
Em muitos eventos científicos – de todas as
áreas - são apresentados Resumos Científicos
de baixa qualidade, são expostos Pôsters
muito mal feitos e são realizadas
Apresentações Orais que não seguem as
mínimas regras básicas. Orientações de como
elaborar bons Resumos, bons Pôsters e boas
Apresentações Orais podem ser encontrados
no site do Projeto Paleotocas:
www.ufrgs.br/paleotocas/Producao.htm .
NOVA TENTATIVA DE
CLONAGEM DE MAMUTES
Cientistas russos encontraram em uma ilha do
Oceano Ártico o cadáver de uma fêmea de
mamute que morreu há mais de 10.000 anos
atrás com uma idade de 60 anos. Enquanto as
costas e a cabeça foram atacadas por
predadores já naquela época, a parte de baixo
do cadáver estava dentro de um lago
congelado e se manteve tão bem que os
cientistas encontraram carne ainda vermelha e
sangue ainda fluido. Como já em 2008, os
cientistas tentarão clonar o mamute. Mas o
procedimento é muito complexo e jamais foi
tentado; as possibilidades de sucesso são
pequenas, mas sempre há uma chance. O
simples anúncio da tentativa já mostra que a
intenção dos cientistas é absolutamente séria.
PALEOTOCAS NO JORNAL DO ALMOÇO
No dia 10 de maio foi veiculada uma matéria
sobre paleotocas, com 5 minutos de duração,
no Jornal do Almoço, da RBS-TV. O vídeo
está disponível em:
http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/nossa-
terra/2013/noticia/2013/05/rs-tem-mais-de-600-
paleotocas-que-abrigaram-animais-pre-
historicos.html
Boletim Informativo das Pesquisas do Projeto Paleotocas
Número 26 – junho de 2013
Responsável: Prof. Heinrich Frank Site: www.ufrgs.br/paleotocas
Contato: paleotocas@gmail.com
ESTAMOS RODEADOS DE PALEOTOCAS !
Encontrando uma paleotoca aqui, outra paleotoca acolá, outra lá mais adiante, fica a
impressão de que antigamente havia alguns animais pré-históricos que de vez em quando cavavam
algumas tocas – nada de muito intenso nem freqüente. Pois exatamente o oposto é o que ocorre,
como mostra um trabalho de campo recente que fizemos.
Nos últimos dois anos está sendo duplicado o trecho da BR-386 entre Tabaí (RS) e Estrela
(RS). E ficamos acompanhando os grandes cortes que foram feitos ao longo da rodovia nas coxilhas
daquela região. Especialmente entre a cidade de Tabaí e a cidade de Fazenda Vilanova.
Corresponde a um trecho de 17 km de estrada. Desconsiderando alguns cortes muito pequenos,
foram feitos naquele trecho 15 cortes grandes, com alturas de até 12 metros e comprimentos de até
500 metros. Os cortes expõem a história geológica daquela região: as grandes dunas do deserto
Jurássico, algumas rochas vulcânicas que foram injetadas para dentro das areias enquanto as dunas
ainda estavam ativas, as cascalheiras de basalto que depois foram trazidas do Norte pelos grandes
rios há milhões de anos atrás, e finalmente a espessa capa de material alterado vermelho superficial.
Ao longo destes dois anos, passando dezenas de vezes neste trecho, sempre com uma
máquina fotográfica em punho, fomos fotografando as feições que surgiram: em 4 dos cortes
conseguimos detectar paleotocas – sempre preenchidas; surgem como manchas circulares ou
elípticas escuras dentro da rocha da rocha clara que forma os cortes. São entre 2 e 6 paleotocas por
corte, com larguras entre 0,8 e 2,3m e alturas de até 1,0 m. Algumas, como esta, muito bonitas:
Considerando que os cortes feitos expõem apenas uma pequena porção das coxilhas e que ¼
dos cortes mostraram paleotocas, é lícito supor que todas as coxilhas da região têm pelo menos um
sítio com paleotocas. Estamos rodeados de paleotocas, elas estão por toda parte. Este trabalho será
apresentado no Congresso Brasileiro de Paleontologia, em outubro/2013, em Gramado.
O tamanho do túnel sugere
que não foi escavado por tatus
gigantes, mas sim por preguiças
gigantes. As camadas horizontais
do seu preenchimento mostram que
ele foi entulhando lentamente, ao
longo de centenas ou milhares de
anos, talvez em períodos de chuvas.
VIDEO SOBRE MEGAFAUNA
Nosso colega Renato Lopes chama atenção para um vídeo sobre Megafauna que está
disponível no YouTube (http://www.youtube.com/watch?v=UzSMVEHT9sU). Trata-se de um
documentário de ótima qualidade produzido pela BBC e falado em inglês. Aborda a megafauna do
Hemisfério Norte, mostrando tigres-de-dente-de-sabre, preguiças gigantes, gliptodontes, mamutes e
outros, muito semelhantes aos que havia por aqui. Há algumas coisas muito interessantes.
1. O caso do estrume de preguiças gigantes
Na região do Grand Canyon, em um local bastante inacessível, há uma caverna
relativamente grande dentro da qual há pilhas de estrume de preguiça gigante; parecem bolas de
estrume de gado, só que maiores. O estrume está muito bem preservado, porque o clima da região é
desértico e simplesmente não houve água para apodrecer o material. Analisando as pilhas de
estrume, que chegam a 1,5 metros de altura, é possível analisar a sua composição em termos de
restos vegetais e a partir daí obter conclusões sobre a flora da região – as plantas que as preguiças
comiam. Além disso, pode-se fazer a datação do estrume por Carbono 14: o estrume da base tem
mais de 45.000 anos de idade, o do topo é muito mais jovem. Combinando as datações com a
análise composicional do estrume, é possível diferenciar estrume depositado durante períodos
interglaciais (mais quentes, mais plantas) de estrume depositado durante períodos glaciais (mais
frios, menos plantas). Mais uma sensacional pesquisa envolvendo preguiças gigantes e cavernas.
2. O caso das rochas polidas.
Em uma região na costa da Califórnia há alguns rochedos no meio da planície costeira.
Vários destes rochedos mostram superfícies muito lisas, extremamente polidas, um polimento que o
vento, a chuva ou outros agentes naturais jamais conseguiriam produzir. Estranho é que as
superfícies polidas estendem-se apenas até pouco mais de 3 metros de altura. As pesquisas
conduzidas na região concluíram que o mais provável é que as superfícies representam locais nos
quais os mamutes se esfregavam para limpar a pele. Durante décadas e séculos, naqueles locais
preferidos, gerações e gerações de mamutes esfregavam as costas naquelas pedras, que acabaram se
tornando polidas. Hoje em dia a gente vê o gado fazendo isso em postes e cercas. E três metros de
altura correspondem exatamente à altura dos ombros dos mamutes que viveram naquela região.
Algo semelhante temos visto em várias paleotocas: as paredes são extremamente lisas, praticamente
polidas. Apenas não brilham porque a rocha é arenito, que não adquire polimento. Nossa conclusão,
ratificada pelos revisores dos artigos, é que as superfícies foram alisadas pelo contínuo roçar dos
corpos das preguiças gigantes, durante séculos e séculos, geração após geração.
TRABALHOS DE CAMPO EM ANDAMENTO
1) Campo em Bom Retiro do Sul
Voltamos em duas oportunidades à paleotoca conhecida como “Gruta da Santa”, realizando
fotografias de detalhes e topografia na Gruta. Desta vez estavam na equipe a Natália, a Manuella e a
Luciana.
2) Campo em Fazenda Vilanova
Continuamos a cavar, pela quarta vez, para encontrar o acesso a uma grande paleotoca. Não
conseguimos ainda. Na equipe o Rafael, o Fernando e a Luciana.
3) Campo em Porto Alegre
Recebemos a indicação de duas paleotocas em uma obra da Zona Sul. Já estão bastante
entulhadas e desabadas, mas são bem interessantes. Na equipe, o Diego e a Luciana.
4) Campo em Estância Velha
Investigamos uma informação de Estância Velha. São dois restos de paleotocas pequenas,
situadas no alto de um barranco, de difícil acesso.
O resultado dos trabalhos de campo surge nas publicações científicas: submetemos 4 Resumos para
apresentação no Congresso Brasileiro de Paleontologia que transcorre em outubro/2013 em
Gramado. Novos trabalhos de campo e publicações estão em elaboração.
Obrigado pela leitura.
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