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Engenhos e Quilombolas

Portugal e a escravidão Africana

Os primeiros empreendimentos escravagistas de Portugal são anteriores ao achamento do Brasil, datando de 1485 quando o navegador Diogo Cão estabeleceu relações comerciais com o reino do Congo.

Desde o início do empreendimento colonial Angola foi o principal ponto de embarque de escravos africanos para o Brasil. Na região os portugueses utilizavam padres para aprender e ensinar línguas e catequizar nativos.

África Geral

Angola (Detalhe de Luanda)

Escravidão na África antes do tráfico

Antes do tráfico as guerras não eram o principal sistema de aquisição de escravos, mas uma séries de regras jurídicas de cada povo. Feitiçaria, roubo, assassinato, adultério, penhora (um membro da família era escravizado enquanto os demais trabalhavam para libertá-lo).

Em geral, a alienabilidade do escravo era baixa.

É importante recordar que a escravidão era prática disseminada por todo o mundo conhecido no período, incluindo Europa, Oriente Médio, Ásia, África.

O empreendimento colonial

O comércio triangular: Dentre as rotas comerciais do período colonial se destaca a do comércio triangular entre Europa, África e Américas.

Europa: Produtos refinados/ manufaturados

África: Metais, peles, madeiras e escravos

Américas: Metais e plantios de grande porte (plantation) -> Açúcar, Tabaco, Café, Algodão

O conceito de escravidão

Escravidão como status

Escravidão como processo

Para Marcelo Rede (1998), entender a escravidão como processo é pensá-la de modo não-imóvel, imutável, mas complexa e dinâmica.

Denominamos de escravidão uma série de práticas que são identificadas com a noção de escravo-mercadoria

Rotas comerciais coloniais

E o Brasil nisso tudo?

O Brasil ocupou, inicialmente, uma posição marginalizada neste comércio, na medida em que boa parte do primeiro século do país foi marcada por tentativas de consolidação territorial e social.

O principal produto do país era o Pau-Brasil (Pau de Pernambuco ou ibirapitanga

Ciclo do pau-brasil

Elementos importantes do primeiro povoamento

1538:Fundação e criação de um engenho na vila de São Vicente – Provável chegada dos primeiros africanos no Brasil.

1549: Fundação de Salvador Capital

Chegada de Tomé de Souza, primeiro governador geral

1565: Fundação do Rio de Janeiro (Conflitos com franceses)

1534-1821: Período de funcionamento das capitanias hereditárias.

Capitanias Brasileiras (Hereditárias)

Antonil e retratos do Brasil Colonial

Antonil: Os africanos civilizaram o Brasil

Para além do serviço manual negros e mestiços desempenhavam papéis fundamentais: construtores, técnicos-cientistas (fundição de metais, manutenção de engenhos), barbeiros (cirurgião barbeiro).

Para Antonil era importante que os senhores de engenho fossem justos com seus escravos visando evitar motins e revoltas

Esquema de um engenho de cana

Características do engenho

Tração animal ou por rodas movidas a água.

Em um engenho era produzidos melado (mel de engenho), rapadura, açúcar mascavo e cachaça.

Portugal chegou a proibir a venda de cachaça pois esta rivalizava com o comércio de vinhos.

Engenho de açucar Real

Engenho trapiche

Engenho manual

Do cotidiano escravo nos engenhos

Em um engenho o número de escravos variava de 60 a mais de 200 dependendo do porte da fazenda.

Homens, mulheres e crianças trabalhavam. Era altíssima a taxa de mortalidade infantil e de abortos espontâneos em função da carga de trabalho.

Em geral os escravos trabalhavam em sistema de cotas, após preencher a sua estavam livres para outras atividades, inclusive para trabalhar em outras atividades para acumular dinheiro.

O trabalho era dividido em “feitorias”, coordenadas individualmente, muitas vezes por negros ou mulatos.

Muitos escravos acabaram tornando-se mestre de açucar

Do cotidiano escravo nas lavouras

Não era incomum haverem escravos assalariados, especialmente em posições de feitoria. O pagamento era feito em roupas, açúcar, sal, dinheiro.

O açúcar produzido no Brasil era exportado na forma de cristais mascavos. O refino era feito na Europa, principalmente na Holanda.

A principal forma de acumulo de capital dos escravos era a formação de roças, nas quais, em geral, cediam parte da produção a seus donos e ficavam com o restante. Muitas alforrias foram compradas graças às roças.

Conflitos coloniais

O período colonial foi marcado por diversos conflitos que retratavam a falta de unidade e a busca pela formação de um Estado no Brasil.

Entre os mais contundentes poderíamos citar a “Confederação dos Tamoios” (Rj a Bahia) e a “Guerra dos Guararapes” (Pernambuco) -> Marcam o término do período de invasões (especialmente francesas e holandesas)

A batalha dos Guararapes (1648-1649) foi, por muito tempo, um dos principais símbolos de unidade nacional na medida em que houve destaque para líderes portugueses (Vidal de Negreiros, Fernandes Vieira), indígenas (Felipe Camarão – Poti) e negros (Henrique Dias).

Henrique Dias

Os quatro líderes da batalha foram alçados à condição de Heróis Nacionais.

Na batalha também foi formado o primeiro exército feminino do país liderado por Clara Camarão, cuja principal façanha se deu na vila de tejecupapo.

Os movimentos negros em geral não utilizaram a imagem de Henrique Dias que acabou sendo identificado como colaborador do império e do sistema colonial.

Henrique Dias

Felipe Camarão e Clara Camarão

Kilombo (Palmares)

Na região do Congo os Kilombo eram agrupamentos militares.

Quilombos são estruturas sociais que persistem até hoje. Não era exclusividade do Brasil: Maroon na Jamaica, Palenques em Cuba e Colombia.

Nem todos os Quilombos eram isolados como Palmares, na verdade eram em geral muito próximos de fazendas.

Palmares (1630-1695): Maior dos quilombos antigos, território da atual Alagoas, chegou a reunir dezenas de milhares de pessoas.

1678 – Crise entre Zumbi e Ganga Zumba.

Zumbi e Ganga Zumba

Literatura brasileira no primeiro período colonial

Barroco

Influência religiosa (contra-reforma) -> Catolicismo

Principais manifestações: Poesia, prosa e epístolas

Uso abundante de figuras de linguagem.

Conflito entre o corpo e a alma: o corpo, em geral, deveria sofrer para purificar a alma.

Padre Antônio Vieira

O negro na obra de Padre Vieira

Cumpriram-se principalmente depois que os portugueses conquistaram a Etiópia ocidental, e estão se cumprindo hoje, mais e melhor que em nenhuma outra parte do mundo nesta da América, aonde trazidos os mesmos etíopes em tão inumerável número, todos com os joelhos em terra, e com as mãos levantadas ao céu, crêem, confessam e adoram.

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