View
225
Download
1
Category
Preview:
DESCRIPTION
Ensaios sobre Consciência refere-se a uma obra que tem como “objeto” a reflexão sobre a Consciência em si, tempo em que aborda, de forma experienciada, o objeto, finalidade, justificativa, fundamentos, método, recursos e fonte relativos à consciência, como bases para a compreensão do seu valor real e significativo no dia a dia das relações.
Citation preview
Maribel Oliveira Barreto
Ensaios sobre Consciência
Salvador, Bahia
2016
Projeto gráfico e editoração: Sathyarte - Arte e Mídia Ltda. e-mail:sathyart@terra.com.br
Capa:
Ana Paula Amorim
B26
Barreto, Maribel Ensaios sobre consciência / Maribel Oliveira Barreto. Salvador: Sathyarte, 2016. 142p.
1. Consciência - ensaios. 2. Consciência - espiritualidade. 3. Consciência - educação. I. Título.
CDD: 989
2ª Edição - Salvador/Bahia, 2016. Direitos desta edição reservados à autora,
que permite e estimula a reprodução de parte do livro, desde que seja citada a fonte.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
33333
SUMÁRIO
PREFÁCIO .......................................................................... 07
APRESENTAÇÃO ................................................................ 11
1 OBJETO .................................... 15
2 FINALIDADE ............................. 27
3 JUSTIFICATIVA .......................... 41
4 FUNDAMENTO ......................... 57
5 MÉTODO ................................... 71
6 RECURSOS .................................................... 87
7 FONTE .......................................... 101
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
55555
AGRADECIMENTOS
Compartilho sensações de gratidão, grandeza
e até mesmo de graça, enfim de alegria, com todos
os seres que fazem parte da nossa Existência, e
que nos auxiliam a plantar flores em nosso jardim
e, desfrutam, junto conosco, a atração das
borboletas, alargando a nossa consciência, e nos
favorecendo, nas ações do dia a dia, viver fazendo
tudo religiosamente.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
7
PREFÁCIO
Todo ser humano é possuído pelo Respirar da
Energia da Consciência em si mesmo que lhe faz respirar.
O sopro da abundância da VIDA DIVINA CRIADORA na
respiração de todo ser existente é AMOR. A música do
pulsar DIVINO em todas as células do corpo humano É
PRESENÇA. Todo ser humano possui a Vida de Deus em
si mesmo que lhe faz existir, respirar e viver. Deus É a
Vida do existir de toda existência humana. Falar de
consciência também implica falar da possibilidade da
abertura da visão que vê a VIDA de DEUS sendo a vida
da existência de si mesmo e de todo ser humano.
Haja a LUZ da CONSCIÊNCIA e veja a LUZ da
CONSCIÊNCIA: este é o eixo central da abordagem do
livro Ensaios sobre a consciência de Maribel Barreto,
que propõe o(a) leitor(a) mergulhar no oceano da
PRESENÇA da VIDA CRIADORA em si mesmo.
Fundamentada na compreensão de Jair Tércio de que a
consciência é a Presença de DEUS em nós, a autora
revela que a consciência É VIDA CRIADORA jorrando,
initerruptamente, na existência de todos os seres
humanos e de todas as outras formas de vida em todas
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
8
as partes do nosso planeta Terra e dos outros planetas
de nossa galáxia e de outras galáxias e outros mundos
de todos os universos.
Maribel Barreto insere-se na mesma saga de
escritoras místicas e acadêmicas como Alice Bailey,
Simone Weil, Mary Baker Eddy, Vimala Thakar, Annie
Besant, entre outras. Nas suas pesquisas vivenciais sobre
a consciência, também aplicadas no seu serviço como
educadora da educação básica, da graduação e da pós-
graduação, ela ressalta que
a consciência é a energia potencial do Ser
Humano, que vive nele em estado de latência,
aguardando apenas o momento para ser
despertada, construída e/ou desenvolvida para
impeli-lo, inclusive, à autointegração, à
Iluminação, enfim, à libertação.
A vocação mística de Maribel Barreto como
educadora da revelação da realidade absoluta da
CONSCIÊNCIA enquanto VIDA DIVINA CRIADORA
pulsando na existência humana, lhe possibilitou não
somente criar a disciplina “Conscienciologia”, como
também inserir esta disciplina na matriz curricular de
todas as séries da educação básica e de todos os cursos
de graduação, além de inseri-la em vários cursos de pós-
graduação lato sensu e stricto sensu.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
9
No seu livro Ensaios sobre a consciência a autora
afirma que
Tratar da finalidade da consciência prevê tratar
da Vida. Afinal, assim como não existe vida sem
consciência, não existe consciência sem vida.
Neste sentido, cabe considerar que, como nos
indica a reflexão sugerida por Costa (2009), a
finalidade da consciência é, também, a de
refletir a existência como um todo, mas a partir
de nós mesmos. E, não é possível assim
proceder sem verificar, em si mesmo, que a
consciência é uma das faculdades inatas
capitais do Ser Humano que lhe possibilita
conhecer o Universo e sua Causa Prima.
Fora da liberdade não se pode atingir a
consciência e fora da consciência não é possível
atingir-se a fé.
Vejo que cada capítulo do presente livro da
educadora Maribel apresenta preciosas gotas-síntese do
oceano da revelação de que a CONSCIÊNCIA não tem
idade: a CONSCIÊNCIA está sempre nascendo e é
sempre Presença pulsando na existência de todas as
formas de vida, inclusive a humana. A CONSCIÊNCIA é
a PRESENÇA de DEUS em nós.
Noemi Salgado Soares Doutora em Educação
Diretora Pedagógica da Fundação União Planetária
Coordenadora do Centro Transdisciplinar de Educação e Formação de Educadores
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
11
APRESENTAÇÃO
“Além de Deus, a nossa consciência
é a nossa maior testemunha”.
(JAIR TÉRCIO)
Ensaios sobre Consciência refere-se a uma obra que
tem como “objeto” a reflexão sobre a Consciência em
si, tempo em que aborda, de forma experienciada, o
objeto, finalidade, justificativa, fundamentos, método,
recursos e fonte relativos à consciência, como bases para
a compreensão do seu valor real e significativo no dia a
dia das relações.
Tem como “finalidade” auxiliar o Ser Humano
quanto ao despertamento, construção e/ou
desenvolvimento da Consciência, como recurso humano
de prioridade máxima para a compreensão da realidade.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
1 2
Esta obra tem como “justificativa” o fato de a
consciência ser considerada como uma das mais
importantes faculdades do Ser Humano que o favorece
a percepção direta; compreensão correta; auto-
integração; o autoconhecimento; e este, a
autotransformação, o autodesenvolvimento, por
conseguinte, a experiência completa, enfim, a
autorrealização, a iluminação.
Como “fundamentos”, dentre muitos que
norteiam a presente obra, citamos a Consciência como
aquela força interior do Ser Humano que o impele a
exteriorizá-la sob forma de ação, para os devidos fins,
pois em tudo tem uma razão de existir. Neste sentido,
pauta-se na direção de sensibilizar, despertar e renascer
o Ser Humano para aquilo que realmente se É.
No que se refere ao “método”, evidencia, de acordo
com os fundamentos da metodologia científica, o todo
que envolve a consciência, até porque, Ser Humano algum
pode evitar o que é, o que possa ser ou o que deva ser.
Este livro traz como “recursos”, artigos organizados
com códigos de reflexão de diferentes autores, parábolas
e histórias destacando os valores morais, éticos e
estéticos elevados, que indicam a consciência, bem
como citações comentadas para cada um dos itens da
metodologia científica.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
13
A “fonte” desta obra está assentada nas nossas
experiências pessoais, profissionais e espirituais, nas
experiências adquiridas junto ao nosso pai e mestre
espiritual Jair Tércio, bem como nos sentimentos,
pensamentos e/ou ações compartilhados a partir de
outros autores, com abordagens que contemplam
conhecimentos dos campos científico, filosófico e/ou
religioso, enaltecendo a máxima de que dentro de nós
mesmos existem todos os recursos que existem no
Universo; isto porque, o Ser Humano é a medida do
Universo em si mesmo.
Por fim, sintetizamos que Ensaios sobre
Consciência contempla nossas experimentações prévias
destinadas a sentirmos a utilidade prática da Consciência
na existência, considerando-a como o único
conhecimento que favorece ao Ser Humano bem lidar
com as questões da existência, pois a vida sempre nos
cobra a vida que deve ser vivida.
Quiçá eu tenha, nesta oportunidade, bem
comunicado aquilo que ela, Consciência, então,
entendo, me comunica.
A Autora
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
15
1 OBJETO
Trata da especificação do assunto que se deseja
provar ou desenvolver, de modo contextualizado,
caracterizando-o, com limites razoavelmente definidos.
Se necessário, especificar o local, circunstância e outros
detalhes que permitam situar com segurança o objeto
da investigação. A área do conhecimento da ciência em
que acontecerá o estudo também deve ser apresentada
no texto.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
16
“A nossa Consciência é diretamente proporcional ao nosso grau de razão, e além”.
(JAIR TÉRCIO)
A razão não se recusa a aceitar a teoria de que a
Consciência é aquela faculdade humana que serve de
base também para comparar, julgar e/ou apreciar o
Todo, mas, como um todo, até porque ela, a consciência,
indica que tudo é e tem tudo; tudo é feito de tudo, e
tudo é feito do mesmo. E , neste sentido, somos
convidados a refletir que, tanto o Universo, quanto o
Ser Humano são regidos pelas mesmas Leis Universais,
estas que repousam na Consciência do último, sua
maior representação consciente neste mesmo Universo,
impulsionando o mesmo a realizar uma tarefa para o
todo do Universo qual está nele.
Assim, considerando a razão de nossa existência,
a razão muito importa. Ela nos dá independência; e a
nossa independência imita a evolução, que nos
empurra para além, possibilitando-nos integrar conosco
mesmo, com nosso próximo, com o meio em que
vivemos e, por conseguinte, com o Criador, que somos.
Eis que a razão no seu limite já é a própria Consciência.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
17
Ela é, portanto, uma Potência em toda parte,
esperando apenas a ocasião favorável para emergir, e
uma vez manifesta, operar sua finalidade até o fim.
“A consciência é um fato indubitável,
uma realidade primordial e um fato, nem secundário,
nem casual, de enorme importância”.
(TUNES e SIMÃO)
A importância da Consciência se deve ao fato, inclusive e principalmente, dela nos possibilitar conhecer o Universo e sua Causa Absoluta; bem como buscar encontrar outras realidades para nós ainda desconhecidas, favorecendo-nos agir incessantemente para achá-las, como que a escavarmos a terra o mais profundamente possível; a voarmos o mais alto possível; a inflamarmo-nos o mais intensamente possível; bem como a mergulharmos o mais profundamente possível; tudo isso em nós, por nós e a partir de nós mesmos.
Busca esta que é para todos, mas principalmente aqueles que, por já atingirem grau de inteligência significativo o bastante, alcançaram o que indica a noção exata de alma, de consciência e de Lei Natural, para a sua evolução abreviada consciente. Estes seres vivem na profundidade, visando fins internos, que favorecem o Ser, portanto afastados da possibilidade de tenderem a viver na superficialidade, visando fins
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
18
externos, que só favorecem o ter, e os problemas que lhe são afeitos.
Neste sentido, a Consciência nos convoca para penetrarmos no vasto, simples e profundo das coisas, pois somente assim podemos, de maneira idêntica, justificar o fato dos Seres Humanos serem, ainda, tão superficiais.
“Há no fundo das almas
um precipício inato de justiça e de virtude,
com o qual nós julgávamos as nossas ações
e as dos outros como boas ou más;
e é a este princípio que dou o nome de consciência”.
(JEAN-JACQUES ROUSSEAU)
É através da Consciência que podemos ver nos atos
as intenções do ator, inclusive o seu lado bom. Afinal, o
mal não existe como causa no Universo. Nele tudo é
bem; tudo está bem; porque tudo acaba bem. A
evolução é prova cabal disto.
Eis que surge, neste processo, o evolutivo, a
oportunidade para que, no ser humano, os vícios
possam ser moralizados, ou seja, transformados em
virtudes, pelo conhecimento, lembrança e observância
às Leis Naturais que regem o Universo, que repousam
em sua Consciência.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
19
Neste sentido, devemos construir o nosso próprio
destino, tendo nossa Consciência como nosso primeiro
e último juiz, pois somente às Leis Naturais que regem
o Universo é facultado, por Deus, o direito de julgar a
Consciência como um todo, porquanto, assim como os
Seres Humanos regem suas relações segundo suas Leis
Materiais; Deus, por suas Leis Universais, rege as relações
Universais, afinal, Ele não joga cartas, dados ou ludo.
A parábola narra que (COSTA, 2009, p. 46):
Alguns Seres Humanos pouco inteligentes,
sabedores do trabalho de presciência do
Iluminado para com a humanidade, buscaram
encontrá-lo, propositalmente e o
questionaram muito bravos:
- O que fazes aqui?
E ouviram do Iluminado:
- Expandir a consciência da humanidade.
- Expandir o quê? Perguntaram eles.
Daí o Iluminado consumou:
- Já lhes ensinaram que, Deus não perguntará
a um Ser Humano de que raça ele é; perguntará
o que ele fez. Também lhes disseram que,
Deus retribuirá a cada um de acordo com as
suas obras. Também lhes ensinaram que,
nenhum brâmane é brâmane de nascença;
nenhum pária é pária de nascença; um pária é
um pária por suas ações; um brâmane é um
brâmane pelas suas ações. Vocês já aprenderam
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
20
que, as ações falam mais alto do que as palavras.
Também aprenderam que, uma hora de boas
ações neste mundo é melhor do que toda uma
vida no mundo que virá. E já aprenderam que,
Deus não leva em conta as suas formas e posses,
mas o seu coração e as suas obras. Todavia, em
ciência vos digo que, viveis em um mundo de
causalidades; nele um Ser Humano não é julgado,
senão por seus atos, mas por suas obras, ou
melhor, por suas intenções; e que se a intenção
é boa então a obra é boa; e se a intenção é má
então a obra é má.
Oxalá a Consciência nos conduza a vivermos
sempre com boas intenções, apoiadas pelo bom senso
e pela razão, afinal, bons sentimentos, bom senso, boa
intenção e razão, noção exata de ética, estética e moral
elevadas, bem como a noção exata de alma, de
Consciência e de Lei Natural são sinônimas.
Conta a história (COSTA, 2012, p. 32):
A CONSCIÊNCIA É A PRESENÇA DE DEUS EM NÓS
Aroní, um Mestre Religioso que residia na
Chapada Diamantina Baiana, que primava pela
Iluminação, estudioso de todas as ciências da
Iluminação, construía, juntamente com seus
Shelas, mais um Santuário de Luz, no Morro dos
Gerais, no Município de Piatã. Na medida que
ensinava aos seus Tirões acerca da importância
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
21
do saber labutar com as pedras brutas, tal
Mestre se preocupava em carregar as pedras
maiores e mais pesadas, a fim de preservá-los.
Daí um de seus Shelas apontou:
-Mestre o Senhor já atingiu a Iluminação; não
precisa carregar estas pedras para a construção
desses santuários. Deixe-nos fazer isso para o
Senhor. Estamos aqui para isso.
E ouviu dele:
- E você sabe para quem estou fazendo estes
santuários?
Ele respondeu:
- Para nós e outros que aqui poderão estar
oportunamente, é claro, Mestre.
E o Mestre prosseguiu:
- Exatamente! Portanto, para Deus. Porquanto,
desde já até agora tudo, principalmente todas
as pessoas são para mim, Deus.
Quiçá a Consciência nos faça buscar, achar e
manter o que em essência somos, pois é verificável o
fato de que, na mesma medida em que nos volvemos
para a consciência, ela se volve para nós, nos
possibilitando encontrar o caminho que vai para o nosso
interior, e além. Os grandes ícones da humanidade são
provas cabais disto.
Etimologicamente, a palavra consciência refere-se
a um atributo altamente desenvolvido na espécie
humana, pelo qual o homem toma, em relação ao mundo
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
22
e a seus estados interiores, aquela distância em que se
cria a possibilidade de níveis mais altos de integração,
‘conhecimento, noção, ideia’. Do latim: conscientia. ‘Ter
conhecimento (de algo)’ (CUNHA, 2010, p. 173).
Pode-se afirmar que a consciência relaciona-se à
descoberta ou reconhecimento de algo, quer de algo
exterior, como um objeto, uma realidade, uma situação
etc., quer de algo interior, como as modificações sofridas
pelo próprio eu, conhecimento do bem e do mal.
O sociólogo Camargo (2010, p. 2) evidencia três
sentidos da consciência: o psicológico, o epistemológico
e o metafísico e assim expressa:
Em sentido psicológico, a consciência é a
percepção do eu por si mesmo, este é o
conceito mais conhecido. Em sentido
epistemológico, a consciência é primeiramente
o sujeito do conhecimento. Em termos
metafísicos, chamamos muitas vezes à
consciência o Eu.
A Consciência, nesta concepção, parece-nos claro,
envolve subjetividade, autoconsciência e a capacidade
de perceber a relação entre si e o outro; é uma qualidade
psíquica, e também é um atributo do espírito.
De acordo com Neumann (2008, p. 220), há razões
científicas justas para que se considere a consciência
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
23
um dos órgãos experimentais da vida, o que é mais
justificável, em todo caso, do que deixar de lado esse
fator fundamental da existência espiritual humana e
relegá-lo ao campo da reflexologia ou do
comportamentalismo.
Para Velmans (1997) a consciência é termo com
vários sinônimos: a atenção e estado de atenção, o
‘conteúdo da consciência’ e a autoconsciência. Assim,
o problema da investigação psicológica reside em não
se limitar ao estudo de fenômenos e processos na
superfície da consciência, mas em penetrar em sua
estrutura interna.
E, portanto, a consciência deve ser considerada
como um movimento interno específico gerado pelo
movimento da atividade humana. Corroborando com
tal compreensão, Minsky (1991) atribui ao termo
consciência o significado da organização de diferentes
formas de sabermos o que acontece dentro da mente,
corpo, e no mundo exterior.
Penrose (1999) argumenta que a consciência é uma
característica da ação quântica do cérebro não podendo
ser simulada em computador. E Goswami aprofunda ainda
mais e evidencia: “A consciência tem de ser uma identidade
diferente do cérebro, a fim de produzir um efeito causal
sobre ele. Ela pertence a um mundo separado, fora do
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
24
corpo material” (GOSWAMI, 2008, p.155).
Vejamos a analogia citada por Ferguson (2007) que
nos conduz para além do cérebro, para além do tempo
presente e do nosso próprio corpo:
Uma consciência saudável é como uma teia de
aranha, e você é a aranha no centro. O centro
da teia é o momento presente. Mas o
significado de nossa vida depende daqueles
finos fios que se estendem para outros tempos,
outros lugares, e das vibrações por toda a teia
(WILSON, 1978 apud FERGUSON, 2007, p. 204).
E de acordo com esta concepção é fácil
compreender a hipótese elaborada por Leon (1995) de
que a consciência seria uma propriedade natural do
mesmo tipo que a vida, quando surgiu de processos
evolutivos.
A partir do trabalho de Chalmers (1996), muitos
pesquisadores atuais vieram a assumir a compreensão da
consciência incluindo, além do processo que gera a
consciência desperta, também a experiência de um mundo
fenomenal ou um ‘como é sentir-se em tal situação’, que
caracteriza a chamada ‘perspectiva da primeira pessoa’
ou o ‘aspecto subjetivo’ da experiência consciente.
Neste caso, temos uma teoria subjetivista da
consciência, defendida por Searle (1998), que se apoia
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
25
na ideia de que os nossos estados de consciência
(experiências sensoriais, pensamentos, etc.) são estados
intrinsecamente subjetivos e, portanto, quanto a esse
aspecto, irredutíveis a qualquer definição e explicação
de caráter científico.
A consciência, pois, é constituída por diferentes
fenômenos, os quais precisam ser explicados na sua
totalidade para se chegar a uma explicação final cada
vez mais elaborada. E como bem expressa Chalmers
(2003) nas suas pesquisas sobre consciência, alguns dos
fenômenos da consciência são mais fáceis de descrever
utilizando-se de métodos científicos atuais, já outros,
por não poderem ser explicados por esses tipos de
métodos, podem ser classificados como difíceis. Uma
vez que necessitariam de uma nova visão científica para
sua solução e ele tem sido persistente na busca de
desvendar, de forma cada vez mais profunda, este
sentido mais difícil da consciência, em si.
E nesta busca de compreensão do todo da
consciência Di Biase (2005) bem evidencia que matéria,
vida e consciência não são consequentemente entidades
separadas, mas uma “unidade holística indivisível, um
continuum holoinformacional inteligente, auto-
organizador, permeando todo o universo e se desdobrando
em uma infinita holoarquia cósmica” (DI BIASE, 2005, p.7).
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
26
Assim, podemos evidenciar, após análise de
diferentes, porém, complementares, pesquisadores acerca
do objeto da consciência, que tal compreensão é, apesar
de simples, vasta e profunda. E isso deve ser objeto de
nossas buscas, ainda que pareça corresponder a,
concomitantemente, atravessar um deserto muito
extenso e mais do que extenuante; descer um abismo
muito profundo e mais do que apavorante; bem como
subir uma montanha muito alta e mais do que
intimidante. Contudo, tal conhecimento, o da
consciência, é inegável, inevitável e autossustentável, pois
a verdade, inclusive de nós mesmos, não só propõe, mas
também impõe ser compreendida, para os devidos fins.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
27
2 FINALIDADE
2.1 Objetivo geral:
· Trata da própria significação do tema
investigado. Deve dizer o mais precisamente
possível os fins teóricos e práticos que se
propõe alcançar; qual o objetivo maior do
tema.
2.2 Objetivo específico:
· Apresenta caráter mais concreto. Têm função
intermediária e instrumental, permitindo, de
um lado, atingir o objetivo geral e, de outro,
aplicá-lo a situações particulares.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
28
“A consciência é uma das faculdades inatas capitais
do Ser Humano e sua finalidade é também a de refletir
a Existência como um todo”.
(JAIR TÉRCIO)
Tratar da finalidade da consciência prevê tratar
da V ida. Afinal, assim como não existe vida sem
consciência, não existe consciência sem vida. Neste
sentido, cabe considerar que, como nos indica a
reflexão sugerida por Costa (2009), a finalidade da
consciência é, também, a de refletir a existência como
um todo, mas a partir de nós mesmos. E, não é possível
assim proceder sem verificar, em si mesmo, que a
consciência é uma das faculdades inatas capitais do
Ser Humano que lhe possibilita conhecer o Universo e
sua Causa Prima.
Não é difícil perceber que, somente quando
conhecemos algo, a ponto de compreendê-lo, é que
podemos refleti-lo significativamente; não é possível
compreender se não com o Todo, porquanto, no
Universo não há fragmentação em essência; assim,
mesmo as partes contém nelas o Todo da Vida; afinal,
tudo é e tem tudo; tudo é feito de tudo, e tudo é feito
do mesmo. Bom que se rediga. Portanto se queremos
algo compreender é necessário integrarmo-nos, a
ponto de enxergar a integração das partes quais
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
29
entram em tal equação.
Eis mais um dos papéis da Consciência:
demonstrar-nos que já conhecemos a Existência, tempo
em que nos indica que no Universo não há espaço para
desintegração, pois, para o Real só há infinitude,
atemporalidade, enfim, totalização. E daí podemos dizer
estar preparados para refleti-la em nossa conduta
individual. Para tanto, é dela também auxiliar o Ser
Humano a adquirir confiança, convicção e certeza para
com as coisas da vida, no sentido de poder viver e morrer
bem, de acordo com as Leis, que nela repousam.
“Qual a verdadeira contribuição da consciência?
A resposta é uma grande variedade de vantagens óbvias e não
tão óbvias na gestão da vida”.
(ANTÓNIO DAMÁSIO)
A consciência, como repouso das Leis Naturais que
Regem o Universo, é a força interior do Ser Humano
que o impele a exteriorizá-la sob forma de ação que
gera e/ou mantém o equilíbrio dinâmico, isto é, a imitar
a Criação. Ela é, portanto, a força do Ser Humano que o
permite - tal qual o fez com os Iluminados, grandes
mestres da Humanidade - exilar-se, meditar e silenciar-
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
30
-se, de forma voluntária, consciente e ciente, para
ouvir tudo, d’Aquilo que lhe é Origem Causal. Origem
esta da qual, tudo tem sido dito e que todos têm ouvido,
embora nada tenha sido falado.
Não é preciso muito para se entender que a
consciência é muito mais do que o que ela faz; e senão
pode-se afirmar, mas não é demais sugerir que ela é a
energia potencial do Ser Humano, e que vive nele em
estado de latência, aguardando apenas o momento para
ser despertada, construída e/ou desenvolvida para
impeli-lo, inclusive, à autointegração, à Iluminação,
enfim, à libertação.
Isto considerado, podemos dizer que é
provadamente verdadeira a teoria de que a inteligência
tem papel preponderante em tal processo, pois fora dela
não é possível atingir-se a verdade; fora desta não é
possível atingir-se a liberdade; fora da liberdade não se
pode atingir a consciência e fora da consciência não é
possível atingir-se a fé.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
31
"Quando o ser humano usa
das suas forças em domínio,
a exemplo da reflexão, concentração,
meditação, vibração, percepção,
contemplação e exaltação,
produzindo atenção plena
para com qualquer objeto e/ou fenômeno,
acessa o reino incorruptível da coisa em si,
ou seja, do que é tal qual se manifesta.
Isto é a consciência e ciência desperta”.
(JEFERSON FREIRE)
Para o Ser Humano, estados harmônicos de
consciência, tais como: reflexão, concentração, meditação,
vibração, percepção, contemplação e exaltação são, além
de, ao mesmo tempo, necessidade e desejo, também
instrumentos capazes de sincronização com a Ordem
Universal, que sobeja à realidade que vivenciamos. A
Realidade, tal qual é, não só importa, como exige ser
contatada, pois existe algo em nós, e no nosso interior,
que só a Consciência pode acessar, fomentando uma
compreensão maior de Deus, a Vida das Leis e suas Leis,
por parte do gênero humano. Para tanto, o cultivo da
virtuosidade caracterizado, inclusive, por estas citadas
forças em domínio é o caminho da Iluminação; até porque,
tais práticas nos levam de nossa exterioridade à nossa
interioridade; de nossa aparência à nossa essência.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
32
A prática da reflexão, concentração, meditação,
vibração, percepção, contemplação e exaltação nos
ajudam a despertar, construir e/ou desenvolver o melhor
de nós mesmos e nos envolver com isso. Envolvimento
este, que nos leva a exercitar a atenção plena, o que
significa consentir conseguir manter-se abreviando o
inevitável encontro com o que é verdadeiro. Afinal, a
compreensão, assim como a concepção, advém com a
percepção direta do que é tal qual é e não tal como
pensamos ser.
A parábola (COSTA, 2009, p.12) narra que:
Um Ser Humano pouco inteligente observava
o Iluminado ajudando à humanidade a
despertar, construir e/ou desenvolver a
consciência dela. De repente, como se do nada,
o Iluminado lhe indagou:
- O que você faz quanto ao Princípio Criador, a
Finalidade da Vida, bem como a Razão de Nossa
Existência?
Irritado, o Ser Humano pouco inteligente
lhe disse:
- Você está me questionando como tolo?
O Iluminado, então, disse:
- Diga você.
E ouviu dele:
- O que quero; só o que quero.
Daí o Iluminado consumou:
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
33
- Pois em ciência vos digo - o Ser Humano tem o
dever moral de saber o que faz, enquanto está
fazendo, pois é mais fácil se quiser parar.
Tal exemplo nos indica que a nossa consciência deve
estar em cada ato nosso; ela é a diferença entre o sono
e a vigília, pois, ainda que nada deva ser proibido, nem
tudo convém para que todos vivam em harmonia. Eis
a importância da pratica; assim, prático é aquele que,
embora não produza, vive a agir, porém, deliberando
acerca do que convém, ou não, logo, se inteligentes o
bastante fazemos de nossas consciências nossos juízes.
É fato que vontade, consciência e ciência são
faculdades indispensáveis para o Ser Humano que deseja
realizar, porquanto quando usamos a nossa vontade
buscamos o melhor; quando usamos nossa consciência
fazemos o que é melhor; e quando usamos nossa
ciência fazemos o melhor e da melhor maneira.
Que a humanidade compreenda que a verdade
muda, reforma ou transforma o Ser Humano, mas isso
é uma questão de reforma da consciência, que é uma
questão, inclusive, de autoconhecimento do Ser
Humano. Para tanto, a consciência exige ser admirada,
a fim de que se ofereça como a única chave do domínio
sobre nós mesmos, em todos os ramos do nosso viver.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
34
A história conta que (COSTA, 2012, p.47):
ENQUANTO HOUVER INTERMEDIÁRIO HAVERÁ PERDA
O sol já estava se deitando nos braços
acalentadores da lua cheia, quando da hora de
uma outra fase da realização das tarefas de
aprimoramento espiritual do dia, no templo
espiritualista do mestre O’Mim, o despertador.
Este mestre era famoso por sua maneira nada
moderada de despertar, desenvolver e expandir
consciências. Ele era, para os que o conheciam,
um lídimo anfitrião da consciência. No momento desta tarefa, seus discípulos geralmente se aproximavam do mestre para
realizarem a rotineira contemplação na busca
de encontrar a verdadeira fonte: o Imutável de
si mesmo. Pois, para eles, a busca do Imutável
não se tratava apenas de mais uma opção, mas
a de uma condição de prioridade máxima, para
as suas vidas. Portanto, a verdadeira tarefa.
Pois bem, neste dia, quando da realização da
tarefa de meditação, verificou o mestre que
Jino, um dos mais exigentes de seus discípulos,
demonstrava dificuldade em realizá-la. Daí,
O’Mim levantou-se, foi até ele e o indagou,
sorrateiramente, acerca do seu estado, ouvindo
dele:
- Sabe o que é mestre? Estou meio chateado
comigo mesmo. É que só hoje eu vi que ainda
não consegui conceber do Imutável quantidade
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
35
suficiente para que eu viva no meu dia a dia
em equilíbrio dinâmico, factualmente. O meu
dia a dia tem sido ainda
transtornos, desconfortos e insatisfações.
- Então é para você estar bem, porquanto quem
conhece suas limitações conhece sua força.
Disse o mestre O’Mim.
- Ah! Mestre, já aprendi isso, mas ainda me é
muito difícil a praticidade que isso indica.
- Pois bem, e o que você tem feito quanto a isso,
meu querido? Perguntou o mestre.
- Tudo que posso, mestre. Consumou Jino.
- Não é o suficiente. Disse seguramente O’Mim,
e continuou.
- Porquanto, nenhuma fronteira é tão longe que
não possamos alcançar, ainda que esteja numa
dimensão inconcebível de concepção. E aquele
que deseja contactar com o Imutável deve, por
exemplo, aprender a saber pensar. E pensar a
mais não poder, enfim, até o desmedido,
porquanto, não é possível encontrar o Imutável
enquanto você está presente. Só o podeis sentir
sem ti. Não é possível encontrar o Imutável com
o mutável. O atemporal com o temporal, ou
seja, com o pensamento. Portanto, você tem o
dever moral de saber pensar, a ponto de saber
pensar sem o pensamento, se tornando você e
a coisa uma coisa só. Não pode existir
intermediário, porquanto, enquanto houver
intermediário, há perda. Pense nisso.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
36
Terminou O’Mim e voltou à contemplação. E
Jino, revigorado, demonstrava a sua gratidão
com um aperto nos lábios que forçava as maçãs
do seu rosto convidar os olhos a agirem de
maneira idêntica.
Ser humano é buscar saber
acerca de tudo aquilo que
a mente separou ou separa,
com e durante o tempo.
Pensar é de todo Ser, inclusive, o humano. Ele para
agir pensa. E o faz de três maneiras, senão vejamos:
pensando com o pensamento fixo; pensando com o
pensamento flexível; e pensando sem o pensamento. É
observável o fato de que aqueles que só pensam com
pensamento fixo, ou seja, pensam com o pensamento
sem a participação da inteligência, criam, implantam e
mantêm o caos, tanto individual, quanto social; aqueles
que pensam com pensamento flexível, ou seja, pensam
com pensamento, mas com a participação da
inteligência administram o caos em níveis aceitáveis de
boa convivência; e os que pensam sem pensamento,
ou seja, pensam com a inteligência, mas sem a
participação do pensamento, além de não mais criar o
caos deixam de lhe dar guarida e sempre convivem com
o novo e distinto, embora nunca distante. E isto o
favorece a conviver com a dimensão onde as ações têm
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
37
como base a velocidade da Luz em seu padrão absoluto.
Se assim podemos dizer.
Neste caso, destacamos a reflexão de Tolle (2007,
p. 67-68) ao afirmar que:
quando entramos em contato com essa
dimensão que trazemos dentro de nós – e isso
é nosso estado natural, e não uma conquista
milagrosa –, todas as ações que praticamos e
os relacionamentos que estabelecemos
refletem o estado de unificação com a Vida
Única que sentimos em nosso interior.
Dialogando com esta perspectiva, Ornstein (1991)
asserta que despertar a consciência significa
autoconhecimento, o percebimento dos diversos eus
que nos são interiores e sua parcialidade, tempo em
que mantemo-nos cônscios dos domínios mais amplos
da percepção. Isto ocorre porque, conforme nos indica
Leontiev (1978), a consciência não é mero
conhecimento, não é apenas um sistema de
conhecimento ou de conceitos adquiridos. Sua
propriedade é um movimento interno que reflete o
movimento real da vida do próprio sujeito, o qual ela –
consciência – media; e, somente nesse movimento, o
conhecimento encontra sua relevância com respeito.
Daí, cabe considerar que
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
38
quando as coisas vão mal no mundo, estão
mostrando que há algo de errado com o
indivíduo, porque há algo de errado em mim.
Portanto, se eu for sensato, examinarei a mim
mesmo em primeiro lugar... Em suma, o
essencial é a vida do indivíduo. Só ela faz
história, só ela promove grandes
transformações, só ela cria o futuro. Todo o
futuro, toda a história do mundo, brota da
soma gigantesca desses fontes ocultas que
existem no interior dos indivíduos. Mesmo em
nossa vida mais privada e subjetiva não somos
apenas testemunhas passivas ou vitimas de
nossa era, mas também seus construtores. Nós
fazemos nossa própria época (JUNG, 1953
apud ZOHAR e MARSHALL, 2006, p.10).
É função da Consciência, também abrir a
percepção de que somos todos parte de um todo e a
este pertencemos, eis a espiritualidade. Segundo
Leonardo Boff (2003, p. 23),
espiritualidade tem a ver com experiência, não
com doutrina, não com dogmas, não com ritos,
não com celebrações. Nasceram da
espiritualidade, podem conter a espiritualidade,
mas não são a espiritualidade. São água
canalizada, não a fonte da água cristalina. É
grandioso quando a religião ou determinado
caminho espiritual consegue de fato canalizar a
experiência espiritual e nos levar continuamente
a beber da fonte.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
39
Alcançar a verdadeira fonte, parece-nos claro, é
função da Consciência, reconhecer em si a Vida, e a
mesma V ida em tudo e em todos. Contudo, a
consciência é não-condicionada pela mente, é livre para
ser o que é: não aquilo que pensamentos e crenças
dizem ser. As palavras em um ensinamento espiritual
apenas apontam para o estado de consciência essencial
do ser humano. Alcançado esse estado de consciência,
o ser humano vive a vida na Terra, a partir dessa
liberdade, expansividade e maestria sobre a realidade
interna e externa, pois está alinhado com a essência
daquilo que o criou: a vasta inteligência criativa que
permeia e dá Vida a todo o Universo (BORINE, 2007).
Que possamos, desta forma, buscar dentro de nós
aquilo cuja fonte levamos conosco, e que contempla,
inclusive e principalmente, todos os mistérios do
Universo. Eis o fim da Consciência!
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
41
3 JUSTIFICATIVA
A Justificativa é o convencimento de que o trabalho
de pesquisa é fundamental de ser efetivado. Explica por
que o tema é de suma importância, para a sociedade
ou para alguns indivíduos. A Justificativa exalta a
importância do tema a ser estudado, ou justifica a
necessidade imperiosa de se levar a efeito tal
empreendimento.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
42
“Quanto maior é a consciência
maior é a possibilidade de contato
com a nossa essência”.
(JAIR TÉRCIO, 2009)
Só a evolução tem aquele instante que passa a
capacidade de conduzir-nos ao nível de compreensão
que está por vir, qual restabelece-nos àquilo que em
essência somos – coisa que só a Consciência admira,
descobre e celebra-nos, disponibilizando para os devidos
fins. Ora, não é porque não se pegou, não se viu ou não
se ouviu algo que se pode negar a sua existência,
porquanto a realidade não é, nem está na aparência,
mas na essência.
Eis a relevância da Consciência, o fato de que,
quando manifestada no Ser Humano, em grau
significativo, o ajuda a eleger valores morais, éticos e
estéticos, no mínimo, elevados; a identificar as
faculdades e qualidades formadoras do seu ser; bem
como a buscar saber, significativamente, acerca do
Princípio Criador, da Finalidade da Vida e da Razão de
Nossa Existência, inclusive e principalmente, a partir de
si mesmo, possibilitando, cada vez mais, o viver da
essência; e quem assim procede tão logo percebe-se
não se apegando a nenhuma forma ou aparência.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
43
Justamente por este motivo, a consciência livrar-
nos da ditadura da aparência. Quanto mais consciência
tem o Ser Humano, menos conflitos e menos
desequilíbrios tem e na sociedade produz. E por isso
consideramos que a conduta do Ser Humano é
diretamente proporcional ao grau de consciência por
ele, até então adquirido.
“Uma transformação interna radical
e evolução a um novo nível de consciência
deve ser a única esperança real que temos
para a atual crise global trazida pela dominância
do mecanismo paradigmático ocidental”.
(Stanislav Grof)
A mudança, reforma e/ou transformação da
sociedade inicia-se com a mudança, reforma e/ou
transformação de nós mesmos, em nossa
individualidade; deste modo, é dever nosso viver em
estado de eterna transformação, de eterno
renascimento, por conseguinte, devemos bem avizinhar-
-nos das coisas que nos são mais próximas e não das
mais distantes, mesmo porque, não é possível haver
transformação, se não houver compreensão do objeto
a ser transformado. E não pode haver compreensão se
não houver atenção plena, enfim, aproximação. Neste
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
44
sentido, cabe considerar que ao empreender
na transformação do átomo exterior, como até
então fazemos, demonstramos não saber, ainda, como
realizar a transformação do nosso átomo interior.
Eis que podemos, mais uma vez, reportarmos ao
exemplo dos grandes mestres da humanidade, que
demonstra, factualmente, a verdade do fato de que a
transformação, momento a momento, não é presunção,
mas arma do sábio. Afinal, reforma, mudança ou
transformação alguma ocorre na sociedade, enquanto
não ocorre reforma, mudança ou transformações na
consciência da individualidade que a compõe, mantém
e amplia. Contudo, muito importa empreendermos na
transformação, e não nas reformas e/ou mudanças,
porquanto, diferente das últimas, transformação implica
naquela revolução que é irreversível, pois que se realiza
no interior.
Portanto, devemos ser breves e conscientes na
busca desta revolução que possibilita, minimamente, o
enfraquecimento das paixões animalescas; a construção
do senso de igualdade, extinguindo toda e qualquer
desavença; o desenvolvimento da fraternidade, ocupando
o espaço do egoísmo; bem como o alcance da liberdade
como expressão máxima da consciência. Neste caso,
estamos tratando da única revolução indispensável, que
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
45
é a revolução espiritual, portanto, aquela que se realiza
no interior do Ser Humano, esta trindade que tem dever
moral de viver não mais adormecida.
“É dito que a Consciência, o ser atemporal,
é o presente além do tempo – e, supostamente
atemporal é a 'fonte' da qual tempo
e todas as experiência humanas surgem”.
(PETER DZIUBAN)
Não é dispensável saber que vivemos num mundo
de causalidades, contudo, são muitas as evidências de
que existe em nós uma dimensão onde a causalidade
não é um fato; nela o que é atemporal vive manifesto e
induzindo-nos a compreendê-lo, mas sem o temporal
como meio. O meio determina o fim.
O essencial, o atemporal, enfim, o imutável é
aquilo sem o qual a coisa não é o que É, ou melhor, não
existe. O novo, o absoluto, a essência, o imutável, enfim,
o atemporal existe e sempre vem para todos, mas
principalmente para aqueles que já despertaram,
desenvolveram e/ou expandiram a sua consciência em
grau significativo o bastante, fazendo-a presente.
Contudo, somente quando nos desocupamos somos
ocupados por aquilo que é eterno, atemporal, enfim,
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
46
imutável, a verdade; afinal, não se encontra o novo, o
absoluto, a essência, o imutável, enfim, o atemporal por
adivinhação, mas por reflexão, pois só esta antecipa. O
atemporal está disponível, mas está à nossa frente,
portanto não precisamos nos esforçar para alcançá-lo;
para tanto, consciência em grau significativo o bastante.
A parábola (COSTA, 2009, p.22) narra que:
- V iemos estar contigo para fazê-lo ver algumas coisas que você não está percebendo e nós já estamos irritados e não suportamos mais. Caso você não nos ouça, nós lhe calaremos da forma que desejarmos, pois o que você está fazendo para com a humanidade, dizendo que está ajudando-a a despertar, construir e/ou desenvolver a sua consciência, não está certo.
Diziam os Seres Humanos pouco inteligentes ao Iluminado e ouviram como resposta:
- Não primo pelo certo ou errado, mas pelo legal
ou ilegal. O certo ou errado está afeito à
consciência humana e o legal ou ilegal está afeito
à consciência cósmica. Vejamos: é certo, vocês
me questionarem como fazem agora, mas não é
legal a sua intenção. O certo tem a ver conosco,
com as nossas opiniões, mas o legal tem a ver
com a Lei Natural. O certo, no muito, nos leva ao
bem supremo, mas só depois de
experimentarmos o mal extremo. E o legal nos
mantém no bem supremo. Portanto, meus caros,
precisamos compreender as diferenças
significativas que existem entre o certo-errado
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
47
e o legal-ilegal, sob pena de não nos adequarmos
àqueles princípios fundamentais que nos fazem
querer, raciocinar e realizar segundo a verdadeira
tarefa que nos faz retornar para o verdadeiro lar,
sem sair do lugar, pois não há para onde ir. Isto
porque, encontrar com Deus, nosso Pai que Sou,
não é uma questão de busca, mas de localização,
pois o centro é e está em toda parte.
Oxalá compreendamos que o Ser Humano, esse
objeto que reflete as ações, tem o dever moral de agir
de forma que se denuncie como um Ser originário
daquele Ser que é o Centro Absoluto de onde partem
todas as ações, de modo a conceber a verdade que
reside no fato de que quem não concentra a sua atenção
em si mesmo não sabe o que é vigiar; e quem vive assim
não constrói seu centro; seu Ser; enfim, sua consciência.
A história conta que (COSTA, 2012, p.91):
QUANTO MENOS CONFLITO MAIS CONSCIÊNCIA
Mc’Goi e Mc’Frai, discípulo e mestre,
respectivamente, conversavam, enquanto
caminhavam por entre as veredas do jardim do
seu templo. Esse mestre era um imutabilista,
orador deveras significativo acerca do caos e
suas ramificações. Eis que num dado instante
falou Mc’Goi ao seu mestre:
- Mestre, Mc’Lot, Mc’Igro e Mc’Esmar estão
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
48
discutindo muito. Eles estão sempre
conversando sobre as diversas manifestações
dos três maiores problemas da humanidade: a
corrupção, a violência e a volúpia no homem,
na sociedade e no mundo, e quando o fazem,
geralmente me dão a impressão de que nada
concluem e, o que é pior, brigam muito.
- Tenho visto.
Considerou o mestre.
- Mas mestre, o Senhor tem visto isto e não
toma uma providência?
Disse Mc’Goi e ouviu do mestre:
- Digo sim. Eu ouvi dizer que três pessoas
conversavam e, como você diz, discutiam muito,
mas nunca concluíam nada, pois sequer eles
sabiam onde queriam chegar. Eram Mc’Dai, Mc’Toi
e Mc’Lac. Eles conversavam, entre si, sobre as suas
qualidades e suas respectivas utilidades numa
instituição. Um exigia que o outro chegasse à
mesma conclusão que ele também havia chegado.
Eis que um dia, em tal discussão, Mc’Lac
demonstrou que queria um pouco mais de espaço
naquela sociedade para expor suas idéias. Mc’Dai,
que não a liderava, defendia Mc’Lac de Mc’Toi, que
além de liderá-la, chamava Mc’Lac de
impossibilitado, pois era retardado mental e tudo
que lhe é afeito. E Mc’Toi chamava Mc’Dai de idiota
por defender Mc’Lac. Eis que num dado momento
da discussão, intercedeu Mc’Lac e disse:
- Por favor, calma, não se chateiem, não
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
49
briguem. Então vocês não sabem que a briga é
o caminho mais longo?
Terminou o mestre e continuou a caminhada
pelo jardim do templo observando a disputa
entre um besouro e uma lesma, embora todo
ouvido para com Mc’Fai, que calado estava e
calado continuou. Era hora de aprender, na
prática, o fato de que é mais fácil realizar a fissão
nuclear do que acabar com preconceitos. Eis
porque importa sabermos analisar, pois a análise
dos fatos elimina a confusão.
Ser humano é buscar saber
sentir, pensar e agir,
segundo aquilo que é embasado
na inteligência e desprovido do pensamento.
Quiçá a humanidade compreenda que devemos ser,
desde cedo, educados de forma a não perdermos o
caminho verdadeiro, de modo que possamos contemplar
o fato de que sempre haverá estrelas brilhando para nos
mostrar o caminho; que quem contempla, no mínimo,
exercita o caminho interno; porquanto a Consciência mais
do que só mostra o seu caminho.
Deste modo, exortamos a afirmação de Ramatís
(2004) que:
não será preciso nada além da consciência para
o desbravamento de todos os caminhos; não
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
50
será preciso cabedal de cultura, mas pura e
simplesmente a pureza de intenção. O
momento exato de libertação está na
compreensão plena de todo o caminho, saiba
ou não ter o uso da palavra burilada; as almas
simples estão mais perto da verdade
(RAMATIS, 2004, p.112).
Segundo António Damásio (2010) à medida que o
processo de consciência tornou-se mais complexo, e
com o advento de funções da memória, raciocínio e
linguagem que evoluíram a par, a humanidade foi
apresentada a novos benefícios da consciência. São
inúmeras as vantagens nesse domínio, tornou-se
possível analisar o futuro possível e tardar ou inibir as
reações automáticas. Para o autor “foi esta a orientação
da consciência que nos trouxe uma gestão mais precisa
da homeostase básica e, em última análise, o início da
homeostase sociocultural” (DAMÁSIO, 2010, p. 330).
Eis que, para Emília Queiroga, conforme exposto
em seu site,
a humanidade se encontra imersa num oceano
de consciência e vida inteligente que através de
um constante processo criativo, nos permite
encontrar um propósito e um significado real,
amplo e profundo para a nossa existência.
Quando realmente percebemos nossa vida
como parte de um Todo Maior, reconhecemos
simultaneamente nossa grandeza e
insignificância diante da vida”. (QUEIROGA, site)
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
51
A razão não se recusa a teoria de que maiores
detalhes só vê quem se aproxima; e só se aproxima
quem usa a consciência, isto é, quem pensa com
inteligência. Dialogando com esta ideia, Blackmore
(2011) afirma que aos olhos da posteridade, o
‘problema da consciência’ não será diferente do
‘problema da vida’. Ainda nesta perspectiva Dziuban
(2008) nos indica que a consciência é tão ilimitada que
não deixa horizontes. Afinal, quando a consciência
chega em seu ápice, então conhece e sente o mistério
da Existência, a ponto de realizá-la.
Na busca de indicar-nos o processo de realização
da Existência em nós mesmos, Bailey (2007) chama-
-nos atenção para que
tentemos conscientizar-nos de que não existe isso
de matéria inorgânica, que cada átomo é uma
vida. Entendamos que todas as formas são vivas,
e cada uma é apenas o veículo de expressão de
uma entidade interna. Compreendamos
igualmente que isso também vale para os
conjuntos de formas. Assim encontraremos a
chave para a compreensão de nós mesmos, e
talvez do mistério do sistema solar (BAILEY,
2007, p.62).
Conforme exorta Pinheiro (2011), o ser humano
atual não mais aceita como definitivas as explicações
materialistas a respeito da vida, pois mesmo os
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
52
cientistas sabem que, na vida, tudo é impulsionado
adiante; para tanto, expande-se e requer
aprimoramento. Assim, o ser humano sente a
necessidade de evoluir, crescer e obter respostas mais
lógicas e coerentes para seus questionamentos íntimos,
sob pena de sua vida tornar-se sem sentido e se perder
em caminhos ermos. No que Borine (2008, p.34)
complementa que:
é importante sabermos que nenhum ser
humano escapa deste processo evolutivo
natural, pois ele é de inteira responsabilidade
pessoal. A consciência, a espiritualidade, a
matéria e a vida, tudo está interconectado e
interrelacionado. A teoria dos sistemas chegou
para nos mostrar isso; ela nos mostra a
importância da interatividade. Quanto mais
distantes da essência estivermos, mais
desconexões, distúrbios surgem e se refletem
como sofrimentos, dores. Quanto mais
estamos integrados com a nossa essência, mais
plenitude poderemos experimentar. Uma
grande luta, talvez a maior de todas, ocorre
dentro de nós e, na maioria das vezes, dura toda
vida: o terror da entrega e o medo da
unificação. Ansiamos retornar à origem da
consciência, mas temos medo.
As descobertas da física quântica, através de
experimentos que comprovaram a dualidade onda-
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
53
partícula, desvendaram dimensões da realidade até
então desconhecidas pela ciência. No entanto, estes
mesmos experimentos revelaram algo mais intrigante:
que a consciência do observador interfere no objeto
observado. Dito de outra maneira, a consciência
influencia na manifestação da partícula subatômica a
qual, dependendo de como é realizado o experimento,
manifesta-se como matéria ou como energia (REICHOW,
2006). Os físicos como Goswami (2007) e Wolf (2003)
constataram a nível microcósmico que a consciência
do pesquisador interfere no resultado da pesquisa.
Estes experimentos nos demonstram que não é
mais possível negar o fato de que tudo vive
dinamicamente interconectado, porém só quando
silenciamos, isto é, quando mentalmente desocupados,
podemos notar o que é ser e estar inseparavelmente
conectado com todas as coisas, conectado com o Todo;
e é aí, e somente aí, que pode-se perceber algo além
dos símbolos, além do conhecido, além das aparências,
enfim, além das formas.
Assim, podemos afirmar que nossas ações e
reações demonstram o grau de consciência que temos,
deste modo quem não vive conectado com sua
interioridade se perde na exterioridade criando todo
tipo de problema que tão logo lhe será dispensado.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
54
Diante do advento das discussões sobre
consciência, ou melhor, da preocupação para com a
mesma, Ruy Cézar do Espírito Santo (2006, p. 2),
expressa:
nesse momento, sinto que estamos no início
de uma nova época, que denominaria de
maturidade do ser humano. Claro que vamos
conviver ainda com muitos adolescentes... Não
esqueçamos que foram vinte séculos de
adolescência...Na verdade, o que chamo de
maturidade está inserido no contexto de
conscientização ou conscencilização como já
referido e, seguramente, isto implica também
num longo Caminhar...
Esta nova época citada por Espírito Santo,
naturalmente, acarreta num movimento transformador,
sobre o qual Houston (1993, p.21-2) atesta:
o que está ocorrendo, acredito, está muito
longe daquilo que se tem chamado de
‘mudança de paradigma’. Trata-se de transição
de sistema total, uma mudança na própria
realidade. Enquanto uma mudança de
paradigma poderia ser comparada ao girar de
um caleidoscópio e observar as peças
distribuindo-se de acordo com um novo padrão
e com novas relações entre elas. A transição
sistema-total demandaria a inclusão, no todo,
de peças inteiramente novas. Até mesmo o
mundo está mudando.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
55
Vivemos, pois, como seres inteligentes que somos,
no mundo de casualidades, onde não há questão sem
três soluções, tampouco corpo sem três dimensões; a
consciência encerra em si uma visão, cada vez mais,
nova, ampla e significativa acerca desta realidade.
Buda, por exemplo, já dizia que ela – a consciência
– guarda a sabedoria Universal em estado de latência,
porquanto nela só há Unidade, mas desde quando
centrada no indivíduo.
Assim sendo, é inconteste e inegável que a
realidade está disponível para todos, mas é preciso se
por a caminhar. Eis onde reside o valor real e significativo
da consciência, qual nos impele a exteriorizá-la sob
forma de ação.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
57
4 FUNDAMENTOS
Apresenta os principais conceitos teóricos
necessários ao desenvolvimento de um trabalho, é o
suporte teórico para os estudos, análise e reflexões. O
Fundamento é a base, alicerce, fundação da
investigação. Refere-se à necessidade do assunto. Afinal,
nenhuma pesquisa parte da estaca zero.
É imprescindível correlacionar o tema com o
universo teórico, optando-se por um modelo teórico
de embasamento à interpretação do significado dos
dados e fatos levantados. Os pressupostos teóricos
servem para o pesquisador fundamentar a interpretação
de suas ideias. A partir das fontes documentais ou
bibliográficas busca-se avaliar o que foi realizado e o
que baseia a relevância do tema investigado.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
58
A base teórica deve permitir ao pesquisador uma
visão ampla das várias abordagens que configuram sua
área de estudos, oferecendo condições para que se
produza uma discussão entre os resultados revelados pela
pesquisa e a bibliografia referente ao tema de estudo.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
59
“A Consciência sabe fazer ser verificada não só a sua importância,
mas também a sua relevância”.
(JAIR TÉRCIO)
Partimos da premissa de que se queremos mudar
o mundo necessitamos que a mudança básica aconteça
dentro de nós, o que confirma a importância da
Consciência. Com ela, confirmamos que não
permaneceremos assim eternamente.
Para tanto, a Consciência em grau cada vez mais
significativo, pois assim como um átomo tira do seu
núcleo sua energia, também um furacão tira do seu olho
toda a sua força, também o Ser Humano tira do seu
centro sua força. Neste sentido, temos o dever moral
de investir no nosso centro, potencializando nossas
realizações, em todas as esferas do nosso viver, quer
pessoal, profissional, bem como espiritual, afinal, o
centro é toda parte.
Eis que é função da Consciência não somente
compreender a Realidade, mas vivenciá-la, de maneira
direta, correta e completa no cotidiano do nosso viver,
oportunizando transformações, de forma cada vez mais
urgente, intensa e plena, e fortalecendo a
consonância de nossa consciência interna,
individual, com a consciência externa, Universal.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
60
“O Ser Humano pode e sempre expande
sua percepção sobre a realidade,
resultando num processo gradativo
de tomar consciência de si próprio,
como um atributo de uma Consciência maior”. (EMÍLIA QUEIROGA)
Ao tratarmos da Consciência e sua importância,
enaltecemos que esta implica em atentar-se aos fatos
da realidade, tanto interior quanto exterior, favorecendo
um viver consciente, portanto, equilibrado, consigo, com
o outro e com o Todo do qual fazemos parte.
Para tanto, bem conviver com o mundo objetivo e
o mundo subjetivo, lembrando que o mundo objetivo é
superficial, não substancial e transitório. Já o mundo
subjetivo favorece absorvermos o seu valor significativo
real, qual sua conduta o denunciará.
Eis que quanto maior integração, de forma
equilibrada, com os mundos objetivo e subjetivo, maior
será o grau de nossa consciência, portanto, maior é o
grau da nossa capacidade de alcançar, perceber e
discernir a única verdade digna do nome, a partir de
nós mesmos.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
61
“A perfeição eterna que a consciência é,
não está distante num estado divino em algum lugar”.
(PETER DZIUBAN)
Iniciamos esta reflexão lembrando que buscar
Deus significa localizar-se, ou melhor, perder-se nEle.
Neste sentido, quanto menor a distância maior o grau
de compreensão e força de realização.
Vale lembrar, entretanto, que existe mais presença
em nós do que sentimos falta e necessitamos nos
conectar, de forma firme, segura e definitiva com esta
força que nos constitui, certos de que quanto mais
focamos nossa consciência em nós mesmos, em nosso
centro, mais os possíveis conflitos são evitados e os
existentes são extintos, os quais não passam de novos
desafios que devem ser enfrentados, vencidos e
superados, à luz das Leis Naturais que regem o Universo,
que repousam na nossa Consciência.
Eis que a nossa consciência está sempre presente
em nossa natureza e nossa natureza segue sempre o
que implica, indica e orienta as Leis Divinas, as Leis
Universais, enfim, as Leis Naturais que regem o Universo,
em prol da sua evolução abreviada e consciente. E assim,
quando a consciência está presente, a experiência
humana é inteira; e mais do que inteira, é total; e muito
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
62
mais do que total, é plena, porquanto identificadora.
A parábola narra (COSTA, 2009, p. 125):
- Quem é você?
Perguntaram os Seres Humanos pouco
inteligentes ao Iluminado, preocupados com a
sua presença tão desconhecida no seio da
humanidade.
Ele respondeu:
- O presente justo e perfeito para quem tem tudo.
Que possamos nos identificar na essência com
nosso Criador, que somos, pois somente assim toda e
qualquer distância poderá ser extinta. Lembrando
que ser consciente o bastante implica viver sem
tempo, sem distância e sem resistência.
Conta a história (COSTA, 2012, p. 48):
AUTOCONHECER EXIGE SABERMOS
VOLVER O NOSSO OLHAR PARA DENTRO
DE NÓS MESMOS
Numa manhã de inverno nebulosa, fria e
sonolenta, um mendigo faminto passava diante
da casa de um homem universitário, muito rico,
que vivia bêbado e drogado, enfim,
completamente desequilibrado. A casa estava
com a porta aberta e o mendigo não hesitou e
entrou, indo direto para a cozinha, como se já
a conhecesse. Chegando lá, abriu a geladeira e
os armários, achou alimentos diversos e
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
63
começou a banquetear-se, como e o quanto
podia. O dono da casa estava presente e
movimentando-se na mesma, chegou no
ambiente onde o mendigo estava se
alimentando, muito tranquilamente, e, quando
se deparou com ele, sua única reação não foi
nada agradável.
- Ei você! O que está fazendo aqui, rapaz?
Perguntou, bradando, o dono da casa drogado,
e ouviu do mendigo, cheio de sensibilidade,
simplicidade e significado, cuja forma de falar
denunciara:
- Tomando conta de minha vida e você?
Era o sinal que o dono da casa precisava e tanto
esperava. Eis que o bêbado ouviu aquilo que o
mendigo lhe dissera, rindo, muito alegremente,
como se fosse pela primeira vez, era mágico,
era único. Flechado, o bêbado deixou que o
mendigo terminasse aquilo que fazia. Desta
data em diante sua vida mudou como da água
para o vinho. Procurou um templo de
religiosidade que lhe pudesse ajudar quanto ao
despertamento, conhecimento e expansão das
suas faculdades e qualidades, principalmente
aquelas que lhe dão a condição de concepção,
e nunca mais deixou de, cada vez mais,
exercitar a sua condição de saber pensar para
poder, cada vez mais, absorver, de maneira
suficiente, o valor significativo real das
relações.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
64
Este homem já tinha ouvido algo acerca da
possibilidade da iluminação, mas como um
acadêmico e cheio de intelecto, ou seja, de
inteligência engessada, nunca quis escutar o
que ouvia, por conseguinte, esteve adiando
aquilo que não pode ser eternamente evitado:
o nosso reencontro com a nossa origem, Deus,
afinal, tudo retorna. Deus, que é infinito na
duração e extensão, porém finito na distância,
não evita que nós, seus filhos, O encontremos,
porquanto no Universo não há perda e tudo
evolui, até identificar-se com o Absoluto. Eis
que tudo está em ascensão do relativo para o
Absoluto. Portanto, Deus, por ser Pai
Verdadeiro, não evita a aproximação de seus
filhos e os quer sempre por perto, estejam eles
crescidos ou não. Para tanto, vive Ele aspirando
e conspirando, persistente, ininterrupta e
inteligentemente.
Ser humano é buscar saber
reconhecer os Sinais Divinos,
a partir de si mesmo.
Esperamos, neste contexto, que toda e qualquer
distância que exista entre nós e o Todo que somos e
reside em nós e no Todo possa ser extinta, afinal,
enquanto há distância, há relatividade, por conseguinte,
há incompreensão. Eis que o problema da
incompreensão não deve ser nosso; para tanto,
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
65
consciência em grau cada vez mais significativo.
Fica claro para nós que com a Consciência e somente
com ela os ditos problemas com que nos defrontamos,
ao estudar os fatos conhecidos sobre a vida e a existência,
são passíveis de uma definição mais clara do que até
agora, embora não tenhamos todas as respostas a nossas
indagações, nem até agora descoberto as soluções de
todos os problemas, para remediar os males do mundo
como bem evidencia Bailey (2007).
Para ela, o simples fato de podermos definir os
ditos males, de que podemos indicar a direção em que
jaz o mistério, e que as luzes da ciência, da religião e da
filosofia tenham sido ampliadas sobre largas extensões
antes consideradas território das sombras, é uma
garantia de êxito no futuro (BAILEY, 2007).
Tal processo envolve um desabrochar de dentro
para fora, um desenvolvimento a partir do centro, indica
evolução, desenvolvendo a vida que existe no íntimo
de todas as unidades, “o impulso de expansão que acaba
por fundir todas as unidades e conjuntos, até chegarmos
à soma total de toda manifestação que pode chamar-
se de Natureza, ou Deus, e que é o conjunto de todos
os estados de consciência” (BAILEY, 2007, p. 21).
Dessa forma, a ideia fundamental que Bailey
salienta (2007) é que a evolução pode ser seguida
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
66
cosmo acima, de átomo da química e da física ao
homem, à Vida que sustenta um planeta, até o Logos,
a divindade de nosso sistema solar, a inteligência ou
Vida que existe por trás de todas as manifestações da
natureza, e além, para um esquema ainda maior, no
qual mesmo esse nosso Deus tem que representar o
seu papel e ocupar um lugar.
Nós não nascemos humanos; nós nos tornamos
humanos, através de um processo de autorrealização
que exige um enorme investimento de tempo e de
energia, em trilhas evolutivas. Assim, podemos dizer que
o ser humano introduziu uma outra qualidade de
evolução neste planeta, que se refere à evolução
consciente e intencional.
Conforme Rudolf Steiner (1985), em tempos
remotos, anteriores à época histórica, os seres humanos
tinham uma convivência direta com os mundos
suprassensíveis. A consciência humana dessa época
pode ser comparada com a nossa consciência quando
sonhamos. “Nesse período da terra, os contornos físicos
do mundo sensorial não eram tão nítidos como o são
para o homem moderno; em compensação os seres
humanos, sabiam-se conduzidos e protegidos por seres
de natureza espiritual” (MOGGI, 2008, p.1).
A consciência é, pois, algo tão maior e temos,
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
67
muitas vezes, a pretensão de limitá-la. É prudente
compreender os seus mecanismos e metas, pois o seu
desenvolvimento é a própria evolução humana. “Uma
síntese é necessária para podermos integrar as
fragmentações que ficaram por milênios perdidas, onde
muitas pessoas ainda hoje buscam fora o que está
dentro de si mesmas” (BORINE, 2009, p. 1).
De acordo com Borine (2009) é chegado o
momento da grande síntese, isto é, a integração cada
vez maior do conhecimento, para podermos atingir o
cerne do homem e o seu processo evolutivo no universo.
A Psicologia da Consciência traz uma compreensão da
dimensão do ser humano, tendo-se em vista o campo
da consciência, vasto ainda, cheio de revelações e
descobertas, mas inerente em seus mais variados
aspectos. Ela tem a possibilidade de integrar os
mecanismos da psique humana considerando o seu
campo energético.
Goswami (2011) aprofunda ainda mais e nos
mostra, praticamente, que no universo não existe um
único objeto. Em essência o que existe é a consciência.
Ela cria a matéria, isto é, a energia que é uma
consequência da existência da consciência.
Originalmente, como bem afirma Borine (2003),
de alguma forma a consciência criou a energia e de
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
68
alguma forma esta mesma consciência se desidentificou,
formando a matéria que ilusoriamente achamos que é
sólida, mas que, na verdade, é composta de imensos
vazios, também chamado de universo subatômico.
Segundo Chalmers “conhecemos a consciência
mais diretamente do que conhecemos qualquer outra
coisa e, por isso, nenhuma ‘prova’ seria apropriada”
(CHALMERS, 1996, pp. XII-XIII). Sabemos, entretanto,
que em qualquer cultura ou situação existem sempre
aqueles seres humanos que se antecipam aos outros e
demonstram a existência de um grau mais elevado de
consciência.
São as pessoas que demonstram essas qualidades
do pensar do futuro, tanto na esfera política, militar,
científica, religiosa ou artística que são reconhecidos
como verdadeiros gênios ou lideranças carismáticas, tais
como: Bethoven, Mozart que compunham operas aos 8
anos de idade; Einstein que desenvolveu a teoria da
relatividade aos 24 anos, apesar de ser considerado inábil
pelo seu professor de matemática do curso primário;
Ghandi que fez a libertação de um país a partir de uma
estratégia incomum; ou ainda Jesus, Buda, Maomé, para
ficarmos apenas com alguns exemplos (MOGGI, 2008).
A ciência, entretanto, ainda carece de consciência.
E neste sentido Chalmers (1996) bem evidencia que a
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
69
ciência não explicará tão cedo como se dá a experiência
da consciência porque a consciência é a manifestação
cósmica dentro de nós e segundo ele tudo tem
consciência, desde uma pedra até a mais gigantesca
estrela.
Eis que se considerarmos que tudo tem consciência
pode-se deduzir que existem consciências primitivas e
consciências mais desenvolvidas e avançadas. E de
acordo com Borine (2008, p.6), “assim como existem
consciências evolutivamente inferiores aos seres
humanos, como um grão de areia ou um animal, é
possível deduzir que existe vida fora da Terra, podendo
ser mais evoluída organicamente e também a nível de
consciência”.
Assim sendo, a evolução, como o maior
fundamento da consciência se pratica e ela, a
consciência, é a demonstração factual de tal evolução,
que tem a tarefa de nos levar à nossa Origem Causal;
com esforço voluntário, consciente e ciente.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
71
5 MÉTODO
Trata da maneira, ou maneiras, de ordenar a ação
de acordo com os princípios do objeto, respeitando
ainda a ordem que se segue na procura da verdade, no
estudo da ciência, para procurar um fim determinado.
Abarca as técnicas e processos de desenvolvimento do
objeto investigado.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
72
“A tomada de Consciência do Ser Humano também se dá,
quando do seu discernimento
acerca da diferença entre a necessidade e o desejo
considerando os seus fins”.
(JAIR TÉRCIO)
A consciência do ser humano é determinada, tanto
pelas escolhas que ele faz, quanto pela forma com que
ele conclui tais escolhas. É certo que todos nós temos
consciência, embora nem todos se atentem para tal
fato. Contudo, somente quem já vive, de forma
voluntária, consciente e ciente, despertando-a,
construindo-a e/ou desenvolvendo-a pode beneficiar-
-se dela em todas as circunstâncias do viver. Mas
só sabemos que a temos quando a sentimos e
agimos, concomitantemente, com base nela. Eis
que a consciência inicia-se com a atenção; e ir contra
ela não é certo, não é legal, não é são.
Estudos profundos e precisos acerca das questões
que envolvem a temática da consciência, seus
determinantes e suas implicações vêm sendo realizados
nas diversas áreas do conhecimento nos últimos anos,
o que comprova ampliação de reflexões sobre o tema,
e se configura como componente de fundamental
contribuição para o processo de desenvolvimento
integral do ser humano.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
73
Para que o ser humano possa viver integrado, e
em equilíbrio dinâmico, deve empreender esforços no
sentido de mudar sua forma de viver; no entanto, só se
muda a forma de viver através do despertamento,
construção e desenvolvimento da consciência. Para
tanto, inclusive, paciência, persistência e inteligência;
razão, bom senso e boa intenção; bem como sabedoria,
força e beleza nas ações, são fundamentais.
Portanto, o ser humano que vive de forma omissa,
preguiçosa e/ou irresponsável diante da vida, buscando
cada vez mais segurança, satisfação e prazer; que
mostra não ter compromisso com o que é nobre; e que
ironiza todo tipo de preocupação para com o próximo,
demonstra que inobserva o que indica a noção de
consciência.
Até porque, a ética universal do ser humano é algo
absolutamente indispensável à convivência humana, a
qual deve ser pautada pela consciência. Portanto, mais
do que um ser no mundo, o ser humano é uma presença
no mundo; e, como tal, deve agir de modo a contribuir
para que o todo viva em harmonia. Nesta perspectiva,
a consciência se torna indispensável e inevitável, pois
não é possível pensar o ser humano longe da ética,
muito menos fora dela.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
74
“Só a progressiva sistematização
dos conteúdos da consciência
leva ao aumento da continuidade da consciência,
ao fortalecimento da vontade e à capacidade
da livre ação”.
(ERICH NEUMANN)
A consciência está em toda parte, em todo o
Cosmo, em todos os reinos da Natureza e, finalmente,
no átomo, onde se revela como reatividade inteligente.
No entanto, o caminho que a humanidade percorreu
nas diferentes etapas evolutivas levou a um
desenvolvimento unilateral de suas potencialidades,
provocando um desequilíbrio na forma de vida,
responsável pelos problemas que hoje vivenciamos.
No entanto, o ser humano que já tem consciência
da responsabilidade como dever e da liberdade como
direito; tem consciência de sua utilidade individual e
social, e age e interage com base, não só no
conhecimento, mas também no autoconhecimento,
pois compreende que a consciência precisa ser
desenvolvida em todo o seu potencial, explorada,
expandida e aprofundada no contato consigo, com o
que está à volta e com o universo como um todo. Essa
é a condição para alcançar a plenitude do potencial
humano.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
75
Assim, quem vive pensando e agindo pela razão,
bom senso e boa intenção em grau significativo, tão
logo percebe sua consciência fortalecendo-se, a ponto
de expandir-se e influenciar tudo e todos ao seu redor.
“Da matéria para o corpo,
do corpo para a mente, da mente para o Espírito.
Em cada caso, a consciência oculta
uma identidade exclusiva
com uma dimensão menor e mais superficial,
e se abre para ocasiões
mais profundas, amplas e superiores,
até que se abra para o princípio dele,
no próprio Espírito”.
(KEN WILBER)
Para a psicologia transpessoal formulada por Wilber
(1980) e outros pesquisadores, o desenvolvimento da
consciência pode atingir diversos níveis, inclusive ordens
mais elevadas de unidade, identidade e integração, que
resultam na unidade universal e na Identidade Suprema.
Nesta perspectiva, a consciência não é abstração;
não é algo intocável, mas sim aquilo que somos na
totalidade do nosso ser, o que inclui, simultaneamente,
as dimensões do corpo, da personalidade (emoção) e
da espiritualidade.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
76
Assim, quem deseja humanizar-se, cada vez mais,
deve primar por despertar, construir e/ou desenvolver
a sua consciência; manter-se fiel aos seus propósitos
nobres; e indagar quanto à criação natural, de forma
paciente, persistente e inteligente; bem como refletir
quanto ao que é e já tem à disposição.
E quem quiser avaliar seu grau de consciência,
além de viver autoconhecendo, voluntariamente, deve
buscar pesquisar e analisar até compreender, bem como
praticar até sentir o que é estabelecido pelas Leis
Universais, segundo os três fundamentos que norteiam
o todo de suas manifestações e/ou realizações, a saber:
o Centro de onde parte todas as ações; o Agir, ou a
ação em si mesma; e o Objeto que reflete as ações.
Hoje se sabe que a consciência está relacionada,
de tal modo, com o cérebro, e por consequência com a
inteligência, que seria difícil as dissociarmos. Daí a
importância e necessidade do ser humano,
fundamentado em Leis Universais, construir e expandir
um estado de consciência em prol da preservação de
gênero humano, e por consequência de ações morais
elevadas. Isso porque, a consciência é uma das mais
importantes faculdades que possibilita ao ser humano
discernir o verdadeiro caminho que deve seguir.
No entanto, enquanto não despertamos, construímos
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
77
e/ou desenvolvemos a consciência, então construamos a
razão, em nós mesmos, pois a realidade não pode viver
eternamente oculta, tampouco sendo ocultada.
A parábola narra que (COSTA, 2009, p. 54):
A humanidade, que recebia a visita do Iluminado,
e devido às interpelações dele à mesma, quanto
ao que ela já sabia acerca do entendimento da
Vida como um todo, indagou-lhe:
- Quem é você?
Ele respondeu:
- Eu sou a única demonstração da Lei do Esforço
Desmedido; eu sou Aquilo pelo qual você
sempre rezou.
Ela prosseguiu, agora num tom de indagação:
- O que deseja de mim?
E ouviu dele:
- Ajudá-la a despertar, construir e/ou
desenvolver sua inteligência para que possa
saber reconhecer a verdade e realizar mutações
significativas em sua consciência.
Daí ouviu dela, muito antes de deixá-lo expor
suas ideias práticas:
- Ora, saia daqui, você se daria muito bem com
os Seres Humanos pouco inteligentes.
E o Iluminado disse-lhe:
- Eu já os procurei e mostrei para eles o que
devemos fazer quanto a tal, mas ainda não
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
78
entramos em acordo. Contudo, lhe asseguro que
é impossível eles não nos ajudarem, pois em
ciência vos digo - o mal em Mim, há muito,
agonizou terminalmente. Tudo tem uma razão
de existir; tudo sempre prova a sua real eficácia;
enfim, absolutamente tudo tem Eu, que Sou e
Tenho absolutamente tudo; e falo isso por minha
profundidade, pois não tenho outra autoridade.
Não é difícil de ser observando o fato de que na
mesma medida que o ser humano se volve para a
consciência, a consciência se volve para o ser humano,
pois Deus nos dá a necessidade e nós provamos isso,
na medida em que utilizamos nossa consciência para
ascender de relativos a absolutos, segundo, inclusive, a
razão, bom senso e boa intenção de nossas ações.
Conta a história (COSTA, 2012, p. 93):
TUDO É RELATIVO,
PORQUE NADA É COMPOSTO
DE UM SÓ ELEMENTO INDIVISÍVEL
Era um inverno rigoroso, não pelas chuvas, mas
pelo frio intenso, e o sol, ainda que à
disposição, não se arriscava em apresentar-se
de maneira veemente, pois quase nunca era
convidado para ser contributivo como sabia e
queria, mas sim, só como podia. E as nuvens
densas, atentas, preocupavam-se em manter
tal estado, se encarregando de assegurar a
conduta desse amigo que, embora tendo a
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
79
intenção de contribuir com os planetas ao seu
redor, quase sempre o faz de maneira
desordenada.
Pois bem, neste tempo, a terra descansava seu
solo, refrescando-o, sem preocupar-se com os
possíveis exageros das intempéries, porquanto
agora era a hora de preparar-se para as águas
que viriam e deveriam ser saudadas como bem
vindas. Era o momento de entender-se que a
fauna e flora seriam transformadas
radicalmente. Eis que novas adequações
seriam exigidas.
No templo do mestre Poquí, um dos
espiritualistas mais estudiosos acerca da
Imutabilidade, principalmente voltada às Leis
Invioláveis da Natureza, todos estavam reféns
do frio. Era um momento de reflexão e, neste
tempo, sempre o mestre usava da palavra para
falar e dizer algo de muito significativo para os
seus discípulos, que o acompanhavam na senda
da imutabilização, ou seja, na prática do
conhecimento, autoconhecimento e auto-
realização, por conseguinte, a prática da
evolução abreviada consciente. O assunto do
dia era as relações.
- Mestre - dizia Borné, um dos seus discípulos
mais estudiosos - já aprendemos contigo que a
vida se prova pelo movimento e exige ser
compreendida por todos nós, mas só nos
oferece o viver, que é ser e estar em relação
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
80
com o todo do qual somos parte integrante, tão
importante quanto todas as outras. Já
aprendemos também que ser e estar cada vez
mais conscientes disto implica em, cada vez
mais, saber absorver, em nós mesmo, o valor
significativo real das relações. E quanto mais
assim, menos problemas somos, temos ou
criamos e ampliamos.
- Pois bem, para ser e estar em condições
mínimas indubitáveis para isso realizar, tão
consciente, quanto a sua importância exige,
buscamos aqui, contigo, através das indicações
da Imutabilidade, comprovar isto, se assim
podemos dizer, o experimentando direta,
correta e completamente, em nós mesmos,
através, inclusive, do trabalho de
despertamento de nossas faculdades, tais como:
necessidade, vontade, imaginação, inteligência,
verdade, consciência e ciência, pelo
desenvolvimento de nossas qualidades, a saber:
sentir, querer, pensar, reconhecer, ousar,
raciocinar e realizar, segundo o uso de nossas
forças em domínio, tais como: reflexão,
concentração, meditação, vibração, percepção,
contemplação e exaltação, respectivamente.
Daí mestre, me surgiu uma questão: afinal, qual
a finalidade da vida, que só a alcançamos
através das relações?
- Meu querido Borné - continuou Poquí - o
mestre verdadeiro é aquele que prima pelo
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
81
método de ensino que facilita o aprendizado; é
aquele que prima pelos que estão prontos a
aprender, mas que não gostam, não necessitam,
não exigem facilidades, tampouco dependem
de ser ensinados, mas sim de ser bem
conduzidos.
- Portanto lhes digo, com aquilo que nos dizes
agora, demonstras estar em condições mínimas
indubitáveis de conseguir o que desejas. Assim,
o que esse seu prezado amigo pode agora lhe
dizer é que os persistentes vencem, mas só os
inteligentes encontram a fonte.
- Eis meu caro, que a finalidade da vida eu no-la
posso dar. Afinal, a vida não é algo que se possa
narrar, descrever, tampouco, explicar, embora se
possa favorecer alcançar o seu valor significativo
real, mas só absorvendo-o, em si mesmo,
portanto, só aquele que já chegou neste grau de
consciência pode realizar tal façanha, e contentar-
se em não poder no-la dar.
Terminou o mestre com um movimento
estático, e o seu corpo físico denunciava a sua
alegria de haver no templo, não só
entendimento, mas também compreensão,
que é, para com os seus discípulos, a sua maior
função. Porquanto, ao contrário do
entendimento a compreensão vem com a
percepção direta do que é, tal qual é, e é isso o
que possibilita a imutabilização.
E Borné? Ah! Borné relaxou e espalhou-se no
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
82
chão como que se despreocupando, porquanto
mais uma vez via, demonstrado pelo seu mestre
que, da vida tudo já foi dito e ouvido, embora
nada tenha sido falado. Tratava-se agora de ver
quem deseja tornar-se testemunha e
testemunhar.
Ser humano é buscar saber
usar o que indica, tanto a relatividade
quanto a Imutabilidade,
para alcançar, em si mesmo,
o valor significativo real das relações,
portanto, a verdade, e se libertar.
Sentir, pensar e agir com base em valores imutáveis
de Leis Universais pressupõe Consciência. E quanto mais
conhecimento de si, mais Consciência. Eis que muito
importa ao ser humano buscar, em seu viver, envolver-
se não somente com a cultura material, ou seja, aquela
que lhe oportuniza a especialização, e que com a qual
embasa o seu agir; mas também envolver-se com a
cultura espiritual, ou seja, aquela que lhe oportuniza a
redenção, porquanto o auxilia também a que desperte,
conheça, desenvolva, mantenha e use o seu potencial,
ou melhor, o seu sentimento já existente, bem como a
construir novos sentimentos, enfim, que lhe favoreça
despertar a sua consciência.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
83
Uma vez autoconscientizado do seu papel no
Universo, o ser humano passa a ser e estar em condições
mínimas, indubitáveis, para planejar o seu viver, quer
no nível pessoal, profissional, bem como espiritual;
podendo gerenciá-lo a que produza, como fatos, os
resultados plausíveis e razoavelmente úteis, esperados.
Com isso é, senão impossível, pouco provável haver, no
viver do ser humano enquanto pouco inteligente então
a confusão, os desencontros e os desconfortos
que lhe permeiam o viver.
Sustentamos que, inclusive, a prática de exercícios
psíquicos de conectividade é, seguramente, o método
mais direto, correto e completo de despertamento,
construção e/ou desenvolvimento da consciência. São
exercícios, cujas vibrações, que ativam regiões
importantes de nosso cérebro, potencializando as
nossas estruturas psíquicas, capazes de nos favorecer
maior domínio sobre nós mesmos, sobre nossas
emoções, medos e frustrações, nos auxiliando,
consequentemente, a saber lidar melhor com as
tentações, pressões e provocações no nosso dia a dia
das relações.
Especificamente, destacamos sete exercícios, a
saber: Concentração do Leão; Reflexão da Leoa;
Testemunhar da Garça; Olhar do Mangusto;
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
84
Introspecção da Crisálida; Auto-observação da
Borboleta; Giro do Elefante (BARRETO, 2011).
Tais exercícios são voltados para o despertar,
construir e/ou desenvolver da consciência, a partir dos
exemplos da própria natureza, como meio de conexão
com o divino que reside em tudo, bem como e em cada
um de nós.
É interessante a prática consciente de tais exercícios
diariamente, por em tempo que, no mínimo, nos faça
lembrar que não estamos realizando, visto que,
similarmente aos exercícios físicos, tão necessários ao
nosso bem estar, os exercícios psíquicos nos possibilitam
não apenas relaxamento físico, mas integração interior;
portanto, mais inteligência e consciência à disposição,
enfim, autoconhecimento, este que nos define tal qual
somos, capaz de nos revelar todas as nossas
potencialidades e tudo aquilo que ainda podemos ser.
Até porque, quanto maior é prática de exercícios
psíquicos de conectividade maior é o grau de
consciência do ser humano; e quanto mais consciência,
maior é a sua reputação moral; e quanto mais assim,
mais ele vive uma vida de grande valor significativo
pragmático.
Portanto, estados harmônicos de consciência - tais
como: reflexão, concentração, meditação, vibração,
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
85
percepção, contemplação e exaltação - são capazes de
sincronização com a Ordem Universal, que sobeja à
realidade que vivenciamos. E o que nos motiva a
despertar, construir e/ou desenvolver nossa consciência
está afeito ao fato de que até mesmo o mistério da
existência só pode ser desvendado por ela.
Assim, é notório o fato de que, quem reconhece
os esforços da consciência despertam-na, constroem-
na e/ou desenvolvem-na, de forma cada vez mais
abreviadamente.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
87
6 RECURSOS
Apresenta e trata dos equipamentos e materiais
necessários ao desenvolvimento e/ou manutenção do
objeto investigado e de todos os outros tópicos
abordados anteriormente.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
88
“Se silenciado interiormente, o ser humano educa-se,
disciplina-se e desperta a sua consciência
e a utiliza como recurso para o cumprimento de seus deveres,
na conquista da evolução, inclusive, abreviada”.
(JAIR TÉRCIO)
A primordial ocupação do gênero humano deve
ser, o mais breve possível, tornar-se e manter-se
consciente da sua razão de existir, bem como agir
concomitante em função disto, sob pena de fazer, de si
mesmo, mais um recurso de criação de conflitos, não
só individuais, mas também sociais. Pois, senão nada,
pouco adianta o ser humano querer encontrar-se em
estado de ser melhor e não conquistar os devidos
valores, métodos e recursos para manter-se no mesmo.
Nesta perspectiva, o ser humano deve buscar saber
determinar os recursos necessários, inclusive, os sutis e
subjetivos; bem como deve buscar saber demonstrar a
importância de se aprender, principalmente com a
experiência.
Vale considerar, no entanto, que o nosso interior
tem recursos que o externo não tem; mas quem já
concebe a verdade disto, em si mesmo, sabe. Sabe,
inclusive, reconhecer que a inteligência é também um
dos recursos disponíveis para o despertamento,
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
89
desenvolvimento e expansão da nossa consciência.
Senão vejamos:
A inteligência que é uma das características da
consciência, que no decorrer da história dos
estudos da Ciência da Mente questionava
sobre como ela havia surgido, ou mais
exatamente se partículas não inteligentes
poderiam compor um conjunto que poderia
produzir inteligência. A resposta é sim a partir
de como essas partículas se organizam.
Partículas organizadas pressupõem critérios de
inteligência e reforçando esta tese, John Searle
indica que os neurônios em si não são
conscientes, mas a partir de sua organização
no cérebro, mesmo sem apresentarem o
aspecto da consciência, apresentam-se
como inteligentes, que em si indica que a
inteligência é uma das características da
consciência. (SEARLE, 1998, p. 45)
A admissão do fator inteligência nos levará
inevitavelmente à evolução da consciência, em suas
múltiplas formas, desde os tipos de consciência que
consideramos subumanas, passando pela humana, até
a que pode ser considerada pela lógica (mesmo que
não possa ser comprovada) como super-humana
(BAILEY, 2007, p.19).
Até porque, é da inteligência favorecer ao ser
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
90
humano estar naquele estado de ser do qual só dele se
pode receber as revelações novas e absorver o seu valor
genuíno da sua existência. É da inteligência suprir nossas
inquietações. É da inteligência nos mostrar que temos
a eternidade à nossa disposição. Enfim, é da inteligência
nos colocar no centro do ciclone de nossas buscas, a
ponto de nos favorecer tornar-nos consciente de nossa
essência mais profunda. Eis que é da inteligência, e não
do intelecto, abrir as portas das dimensões da
consciência que existe também no ser humano.
Importa, no entanto, enfatizar o fato de que,
tomado concretamente, o ser humano constitui uma
totalidade complexa. Quando dizemos “totalidade”
significa que nele não existem partes justapostas. Tudo
nele se encontra articulado e harmonizado. Quando
dizemos “complexa” significa que “o ser humano não é
simples, mas a sinfonia de múltiplas dimensões. Entre
outras, discernimos três dimensões fundamentais do
único ser humano: a exterioridade, a interioridade e a
profundidade” (BOFF, 2003, p.1).
Ora, o fim do ser humano está no seu Princípio
Divino; o seu primeiro e último meio é o
autoconhecimento; e os seus únicos recursos são as Leis
Divinas, as Leis Universais, enfim, as Leis Naturais que
regem o Universo, estas que repousam na sua
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
91
consciência. Assim,
Nossa consciência desperta é apenas uma
parte da totalidade da nossa consciência
indivisa. Há também uma consciência extensa
ou intensificada que se fundamenta em
campos de informação indestrutíveis e em
constante evolução, e onde todo o
conhecimento, sabedoria e amor incondicional
estão presentes e disponíveis (LOMMEL, 2006
apud LASZLO, 2008, p. 124).
Quem sua consciência desperta, constrói e/ou
desenvolve, em grau significativo o bastante, não se
afeta com o oposto, com o relativo, enfim, com o que é
superficial. Assim, na medida em que autoconhecemos,
conhecemos o nosso interior, que deve ser conhecido
até a sua mais íntima profundidade; e quanto mais nos
autoconhecemos, melhor nos movimentamos em
relação ao mundo exterior, que deve ser conhecido até
a sua mais ampla superficialidade.
Neste contexto, importa lembrar que a unidade
de pensamento entre a religião, filosofia e ciência é o
recurso mais poderoso para o conhecimento da vida
como um todo, e tende a ser mais ainda, na medida
em que a complexidade das relações entre o indivíduo,
a sociedade e o meio ambiente exige ser compreendida
cada vez mais brevemente.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
92
A parábola narra que (COSTA, 2009, p. 54):
A humanidade encontrou-se com o Iluminado.
Era uma festa em comemoração à chegada da
estação da verdade e tocavam uma música: a
inteligência. Todos eram puro deleite com seu
espetáculo. Eis que o Iluminado se aproximou
da humanidade e lhe disse:
- Por gentileza, você pode me conceder esta
dança?
Ela respondeu com gesto no olhar, e, toda
inebriada, mais do que aceitou.
Dançando, no meio da relação ele lhe falava,
cheio de graça:
- Você está tão diferente desde a última vez que
nos encontramos.
Ela respondeu:
- E você continua o mesmo: tão igual, justo,
perfeito e imutável.
Ele continuou:
- Venha, vamos comemorar noutro lugar.
Deixemos este ambiente e vamos para a
consciência, mas antes traga contigo sua
imaginação e não esqueça sua inteligência, pois
irá necessitar delas.
Ela, então, perguntou em tom de curiosidade:
- E depois, eu acordo?
Daí ouviu dele:
- Claro minha cara! Pois em ciência vos digo -
quem vê um Iluminado não compreende e
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
93
quem compreende não vê um Iluminado.
É fato que a sabedoria divina vem do nosso
interior - ambiente de nossa consciência; e o
seu papel é descobrir a realidade, a ponto de
prover ao ser humano conexão íntima com
o nosso princípio criador, mas a partir de
si mesmo. Eis que a consciência é uma
necessidade absoluta, considerando os
resultados que buscamos.
Não será preciso nada além da consciência para o
desbravamento de todos os caminhos; não será preciso
cabedal de cultura, mas pura e simplesmente a pureza
de intenção. “O momento exato de libertação está na
compreensão plena de todo o caminho, saiba ou não
ter o uso da palavra burilada; as almas simples estão
mais perto da verdade” (RAMATIS, 2004, p.112).
Portanto, quem quer caminhar em busca da
verdade não precisa de demonstrações, mas de
sentimento próprio. Até porque, na conduta do ser
humano, são indispensáveis: a construção e o
despertamento de sentimentos elevados; a construção
de pensamentos segundo a eleição de valores imutáveis;
o exercício da reflexão; e o correto direcionamento às
nobres aspirações.
Conta a história (COSTA, 2012, p. 93):
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
94
SER OU NÃO SER. EIS A QUESTÃO
Maré de março rebentava na praia, e o mestre
espiritualista, O´Cavím, estava com seus
discípulos a contemplá-la em sua incisiva
investida contra os recifes na praia, que
deixavam clara a sua intenção em resistir para
não se transformarem de pedra bruta naquilo
que já era este pretenso amigo, que, inclusive,
sua conduta denunciava. Ali e agora, era notório,
como uma coisa viva. Sabia ela, que não seria
evitada por muito tempo pelos recifes, haja vista,
uma parte destes, já como areia, denunciava o
quanto não mais podia resistir à paciente,
persistente e inteligente investida do mar, e
chegava a ponto de ter que imitá-lo; era uma
questão de tempo. Coisa que só a água, e/ou
algo que equivalha, sabe fazer, afinal, água mole
em pedra dura tanto bate até que fura.
O mestre O’cavim tinha uma verdadeira paixão
pelos benefícios incomuns da requintada
combinação entre os complementares, e nunca
se deixava impedir de acessar o reservatório
da Imutabilidade, ou seja, da Moralidade do
Universo que a conduta dos corpos celeste
denuncia, porquanto primava pela energia pura
e a criatividade ilimitada. A confiança,
convicção e certeza, para com a verdadeira
essência, eram peculiaridades notáveis neste
mestre.
Enfim, o mar continuava sua investida à praia,
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
95
e a enamorava não só como devia, mas
também como podia.
A mesma conduta tinham os shelas para com
o seu mestre, que os fazia experimentar direta,
correta e completamente, a importância da
contemplação e a sua relação com a
consciência, uma das mais relevantes
faculdades inatas capitais do ser humano.
Ensinava, este mestre, aos seus discípulos que,
quanto mais contemplativo mais próximo.
Nesta experimentação, por parte dos
contempladores, era notório o fato de que o
mar, todo vaidoso, já fazia questão de que
fossem denunciadas a sua meiguice e doçura
para com a praia, porquanto, ela já respondia
a altura, tentando retê-lo em suas entranhas,
quando da investida do mesmo.
Eis que neste tempo, no templo, quando do
término do exercício de aprimoramento
espiritual, Greque, um dos shelas do mestre
O´Cavím, pediu-lhe que fizesse algumas
considerações acerca da relação mestre/
discípulo. Que então o fizera. Dizia ele:
- Meus caros, não existem mestres, mas
discípulos.
- O fato de se dizer que se tem um mestre não
significa que se é discípulo.
- Senão nada, pouco importa se ter um mestre
e não ser discípulo.
- O mestre dos mestres é o tolo.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
96
- Quem faz um mestre é o discípulo.
- Só os que ainda não são discípulos, exigem
mestres.
- Não depende de um mestre a nossa
iluminação, a nossa emancipação, a nossa bem-
aventurança, enfim, a nossa imutabilização,
mas de nós mesmos.-
- Ser discípulo implica na capacidade de
aprender e sentir, de autoperceber, bem como
de saber lidar racional e equilibradamente com
situações novas, enfim, de ser um eterno
aprendiz.
- Ser discípulo é uma necessidade essencial para
todos nós, principalmente para aqueles que já
se puseram no caminho e a caminhar.
- Discípulo é aquele que está pronto. Pronto
para dar seu sentimento, pensamentos, atos e
obras, mas não só seus sentimentos,
pensamentos, atos e obras, mas também seu
corpo, sua alma e seu espírito; e não só os seus
sentimentos, pensamentos, atos e obras, bem
como seu corpo, sua alma e seu espírito, mas
também seus sentimentos, pensamentos, atos
e obras, seu corpo, sua alma e seu espírito, bem
como sua vida.
- Eis que, enquanto um ser humano tolo exige,
senão ser, ter mestre, um Iluminado exige ser
discípulo.
Finalizou o mestre, mas ainda ouviu:
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
97
- Sim mestre, mas o senhor é o nosso mestre, e
lhe somos muito gratos, por tudo!
Reconsiderou Greque. E todos eram ouvidos,
tempo em que acenavam com aceite com a
cabeça, como que numa ação de confirmação.
- Meus queridos, ser mestre significa, no muito,
encorajar a outros na busca da verdadeira
morada, segundo a força do seu exemplo, mas
através da verdadeira tarefa, tal como fazemos
agora. Ser mestre significa ter estado preso
quanto, como e onde outros estão, e ter achado
a chave para escapar, e então poder, não só
dizer que é possível, mas também ensinar a
outros de como devem proceder para tal, mas,
como eu disse, pela força de seu exemplo, que
a sua conduta deve denunciar.
Terminou o mestre, indicando com os olhos e
acenando com a cabeça que o mar já
começava a recolher-se, e deveria ser, então,
imitado por esses contempladores silenciosos,
do silêncio criador.
Ser humano é buscar saber
como ser um eterno aprendiz.
Assim, devemos imitar a Deus, mas como Ele nos
criou, pois que, como um Verdadeiro Pai, Ele vive bem
conduzindo os seus filhos, dando-lhes, princípios morais,
éticos e estéticos elevados; portanto Universais. Coisa
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
98
da consciência! Afinal, em boa condição vivem aqueles
que boa condução têm.
É verificável o fato de que, quando as coisas vão
mal no mundo, estão mostrando que há algo de errado
com o indivíduo. Portanto, se sensatos o bastante,
devemos estar em estado de atenção plena, percepção
inabalável e/ou vigilância constante, para conosco, para
o nosso interior. Em suma, devemos estar cônscios de
que o caos social nada mais é senão o produto do nosso
caos individual. Ele é a demonstração factual do
resultado coletivo do nosso caos interior, porquanto não
é possível parar de agir e ao agirmos, o projetamos em
nosso exterior.
A compreensão, assim como a concepção, vem
com a percepção direta do que é tal qual é. E só a
consciência nos favorece este estado de ser! Ela, a
consciência, nunca é demais; é dela produzir aquela
condição indubitável com a qual o ser humano pode,
então, de forma direta, alcançar o que é verdadeiro; e é
isso que faz com que tal ser se encontre naquele estado
de ser, no qual o que é se mostra tal qual é.
A consciência é algo tão maior, mas enquanto
pouco inteligentes temos a pretensão de limitá-la. É
prudente compreender os seus mecanismos e metas,
pois o seu desenvolvimento é a própria evolução
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
99
humana. Uma síntese é necessária para podermos
integrar as fragmentações que ficaram por milênios
perdidas, onde muitas pessoas ainda hoje buscam fora
o que está dentro de si mesmas. É chegado o momento
da grande síntese, isto é, a integração cada vez maior
do conhecimento, para podermos atingir o cerne do
homem e o seu processo evolutivo no universo
(BORINE, 2012).
Assim, é evidente que um dos nossos maiores
problemas reside no fato de que o reconhecimento da
verdade só é realizado por poucos seres humanos, os
que já despertaram a sua consciência, a ponto de
reconhecer a verdade que reside em todas as coisas;
contudo, a divulgação de tais verdades é muito lenta; e
a integração delas nos nossos usos e costumes é mais
lenta ainda. Contudo, se há vontade, então há um
caminho; se há consciência, então há determinação; e
se há ciência, então há realização. Bom que seja redito!
Eis que é a ação de nosso ser que exerce impacto
decisivo, porquanto provoca sensibilização e
despertamento, é aquela que se radica na nossa
consciência, e que integra, em nosso ser, o sentir, pensar
e agir. Portanto, muito importa saber sentir, saber
pensar e saber agir.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
101
7 FONTE
Trata do nascedouro do tema investigado, o que
ou quem o gera, atenta também em definir esta
fonte, o que é ela e porque gera o objeto de
investigação.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
102
“A Consciência é como o nada
que está em tudo, como um todo”.
(JAIR TÉRCIO)
Sentimos que o Todo é uma Ordem exatamente
definida e, como tal, impele o Ser Humano buscar
desvendar para achar o Ser, através das experiências
em todos os níveis, bem como com Ele se unificar, ou
melhor, se identificar. Eis que a consciência, que
representa a própria presença de Deus no Ser Humano,
o possibilita encontrar aquilo que é encontrável, mas
somente quando se extingue, imensuravelmente, todo
tempo, distância e resistência.
E quando não há limite de tempo, não há distância
nem mesmo nenhum tipo de resistência, no vasto
Campo Universal, o Ser Humano não apenas sentirá o
desejo de atingir o ponto mais alto da ciência e da
perfeição, mas conseguirá fazê-lo, muito brevemente.
Entretanto, para lá chegarem, é necessário a
análise, a consciência das coisas; é necessária a análise
para poder concluir e afirmar, com plena confiança,
convicção e certeza, que tudo aquilo que está fazendo
é feito porque ele sabe fazer; e para saber tudo aquilo
que fez foi indispensável que analisasse tudo aquilo que
aprendeu, tal como impulsiona a consciência, esta que
atrai o que vai adiante.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
103
“[...] tudo que existe e se move no cosmo é gerado pela
consciência, aqui entendida como algo transcendental –
fora do espaço-tempo, não local e onipresente”.
(AMIT GOSWAMI)
A consciência nos revela que o Ser Humano nasceu
para buscar e religar-se à sua origem transcendente,
que está no nosso interior, que é tudo. E, neste sentido,
tem o dever moral de viver voluntariamente
evangelizando-se, moralizando-se, enfim,
espiritualizando-se, pois tudo tem uma razão de existir,
ainda que desconhecida, intangível ou transcendental.
Assim, é da consciência nos capacitar a viver além
do nível conhecido, mundano, profano; bem como viver
sentindo, pensando e agindo em termos de uma
dimensão transcendente.
Ela, a consciência, é tão determinada, intensa e
dinâmica que nos faz capazes em responder à
transcendentalidade à altura. Ela é prova que pode e
deve ser despertada, construída e/ou desenvolvida para
os devidos fins, que nos conduzem à nossa fonte, à nossa
origem, ao nosso centro.
Assim sendo, o Ser Humano tem o dever moral de
viver, cada vez mais, se moralizando, autoconhecendo,
enfim, espiritualizando-se. E não basta só ousar; só
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
104
querer; só assistir; só aprender; só sentir; até porque,
caminhamos para a nossa origem transcendental; e o
que nos eleva à mesma é o que aprendemos e sentimos.
“Deus é o conjunto de todos os estados de consciência”.
(ALICE BAILEY)
O Ser Humano deve se tornar e manter sensível o
suficiente a ponto de absorver e refletir Deus, através
de suas ações, como a água absorve e reflete os éteres,
a luz, ou seja, as Leis Divinas, as Leis Universais, enfim,
as Leis Naturais que regem o Universo, que repousam
na consciência do Ser Humano.
Neste sentido, o valor significativo real não está
nos atos, mas nas obras; não está na água, mas na fonte;
não está nos produtos, mas na origem; não está no ter,
mas no ser, onde repousam nossas fontes de velocidade,
sentido e direção.
E para penetrar nesta dimensão, a consciência,
através das práticas do refletir, concentrar, meditar, vibrar,
perceber, contemplar e exaltar, que favorece ao Ser
Humano se preparar para conversar com Deus, abrindo
a porta que nos leva à verdadeira fonte imorredoura.
A parábola narra (COSTA, 2009, p. 122):
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
105
Deus entregou uma carta ao Iluminado, que se
preparava para ajudar à humanidade a
despertar, construir e/ou desenvolver sua
consciência, e disse-lhe:
- Tome filho, guarde esta carta, pois a
humanidade irá procurar por ela e você a
entregará como prova de meu amor por ela.
O Iluminado indagou-lhe com inteligência:
- Pai, posso saber o conteúdo de tal documento?
Deus respondeu com paternidade:
- Sim filho; é a Lei; se quiser saber acerca dela
olhe para a natureza; se quiser sentir, olhe para
você; e se quiser ser, sede como Eu Sou,
cumpra-a fazendo-a ser cumprida.
Daí o Iluminado consumou:
- Seu discurso; minha missão; nossa Obra, Pai.
Assim, fica fácil compreender que Deus é e está
em todas as partes; é santificado em nós, que somos o
seu maior reino; e onde é feita a vontade dele, tanto no
que está acima, quanto no que está embaixo.
Conta a história (COSTA, 2012, p. 93):
DEUS NÃO É PARTICULAR, MAS SIM GERAL
Bertí era um cientista na acepção exata da
palavra, portanto um imutabilista dos mais bem
preparados quanto ao despertamento da
consciência humana. Para ele, era objeto de
trabalho nunca fazer reformas e/ou mudanças,
mas sim, transformações radicais e profundas
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
106
nas consciências dos seres humanos.
Porquanto, ele já tinha como experiência a
verdade interna do fato de que reforma ou
mudança é transformação adiada.
Era sua premissa de vida demonstrar que a
consciência é uma das mais significativas
propriedades da matéria em hominização,
portanto, uma das mais importantes
faculdades inatas capitais do gênero humano.
Essa faculdade que é alcançada cada vez mais,
efetivamente, quando o homem pensa com
inteligência, ou seja, quando pensa com o
pensamento com a participação da
inteligência, por conseguinte, pensa com
pensamentos equivalentes às Leis Divinas, às
Leis Universais, enfim, às Leis Naturais que
regem o Universo. E isso, sabia ele, era a única
atividade-meio específica que favorecia ao Ser
humano atingir a condição indubitável de
pensar sem o pensamento, ou seja, de pensar
com a inteligência sem a participação do
pensamento. Porquanto, não é possível, ao Ser
humano, deixar de conhecer, aproximar e
identificar-se com as Leis Divinas, as Leis
Universais, enfim, com as Leis Naturais que
regem o Universo. Bom que se rediga.
Hoje, primeiro dia da primavera, no templo do
mestre imutabilista Bertí era também os
primeiros minutos após a última refeição do
dia. O sol já escamotiava-se por entre as últimas
nuvens mais próximas do horizonte e a pouca
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
107
luz já favorecia que fossem vistas as primeiras
estrelas no céu, que ainda meio claro e meio
escuro, fazia com que as mais luminosas se
apresentassem para o maior espetáculo sideral,
de maneira rotineira, ou seja, equilibrada,
dinâmica e brilhantemente.
Neste tempo, estudos reflexivos eram
realizados entre o mestre e seus shelas, no
templo.
Eis que nesta oportunidade ouvira-se de Rode,
um dos discípulos do mestre Bertí:
- Mestre o que é Ser humano?
- Meu querido, recorra ao que indica a Lei de
Atração e Repulsão, bem como a Lei de
Relatividade, no que respeita não a criação, mas
a manutenção da mecânica celeste e terás as
respostas.
Disse-lhe o mestre, buscando com o olhar no
céu, a posição do astro rei e suas coadjuvantes
visíveis, naquele instante.
E Rode franziu a testa e foi pegar papel e lápis.
Era hora de recorrer a ciência material, ao
conhecimento, ao pensamento, ao intelecto,
enfim, ao conhecido. Afinal, já sabia ele que só
é possível encontrar o desconhecido através
da compreensão do conhecido.
Ser humano é buscar saber
a verdade que encerra no fato de que
o caminho é geral,
mas o caminhar é particular.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
108
Neste sentido, cada um deve fazer a sua parte para
que o todo se manifeste em cada um de nós, através de
nós e além de nós. E, enquanto seres conscientes, que
possamos fazer sempre mais, em relação ao devido para
que o todo viva em harmonia.
Assim sendo, é inegável o fato da relação do ser
humano com a natureza e com o todo do qual é parte
integrante e integrada, e recorremos a Dejours (1999,
p.74), que de maneira clara nos evidencia que “quando
dizemos que o homem pertence ao mundo da natureza,
indicamos que o funcionamento e, em parte, o
comportamento humano são submetidos a leis. Leis
imutáveis, estáveis, universais, que decorrem, em última
instância, das leis da matéria”.
E neste sentido, Deus nos dá esta lição edificante:
a sua bondade, embora infinita, não impediu que a sua
sabedoria criasse a severidade dos mundos de correção
espiritual, destinados aos que se afastam da linha reta
estabelecida pelas suas leis, pois “não basta sentir o
amor; é preciso saber exercê-lo de modo que bondade
e sabedoria formem duas linhas paralelas, a fim de que
se estabeleça o equilíbrio entre o sentir e o saber”
(RAMATIS, 2006, p.33).
E esse equilíbrio advém da faculdade da
consciência, em que através dela, como meio, o homem
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
109
tem de contemplar tudo quanto “se passa no seu íntimo,
assistir à própria existência, ser, por assim dizer,
espectador de si próprio.” (GUIZOT, 2005, p. 24). A ponto
de estar, cada vez mais, aberto para compreender, por
exemplo, o processo natural da dor, da velhice e da
morte, como fases inevitáveis do nosso processo de
evolução abreviado e consciente, até a iluminação.
Referendando esta compreensão destacamos a
afirmação de Boff (2003) acerca do envelhecer e morrer.
Na sua visão, para a pessoa espiritual o envelhecer e o
morrer pertencem à vida, não matam a vida, mas
transfiguram a vida, permitindo um patamar novo para
a vida.
Assim como ao nascer, nós mesmos não
tivemos que nos preocupar, pois, a natureza
agiu sabiamente e o cuidado humano zelou
para que esse curso natural acontecesse, assim
analogamente com a morte: passamos para
outro estado de consciência sem nos darmos
conta dessa passagem. Quando acordarmos
nos encontraremos nos braços aconchegantes
do Pai e Mãe de infinita bondade, que desde
sempre nos esperavam. Cairemos em seus
braços. E então nos perderemos para dentro
do amor e da fonte de vida (BOFF, 2003, p.3).
Estaremos assim, conectados com a fonte da vida,
com nossa consciência desperta, até porque para além
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
110
da morte só levaremos nossa consciência. Segundo
Lommel (apud Laszlo, 2008) nossa consciência desperta
é apenas uma parte da totalidade da nossa consciência
indivisa. Há também uma consciência extensa ou
intensificada que se fundamenta em campos de
informação indestrutíveis e em constante evolução, e
onde todo o conhecimento, sabedoria e amor
incondicional estão presentes e disponíveis.
Como bem define Dziuban (2008, p. Xi):
“consciência é tudo que existe, e nada existe fora disto.
Quanto mais ilógico isso soa, mais você deve a você
mesmo analisar com uma mente fresca, pensamento
aberto, e não ser limitado por uma mente cristalizada”.
Assim a compreendemos, como completamente não-
intelectual, e não-denominável. Ela simplesmente é.
Lembremos passagem do diálogo de Deus com
Moisés, conforme nos relembra Bailey (2007, p.73).
Deus assim expressou: ‘Eu sou aquilo que Sou’. Ela
propõe dividir esta frase em três partes: (1) a consciência
atômica, EU SOU; (2) depois o grupo, EU SOU AQUILO -
uma unidade autocentrada, um ser autoconsciente,
porém algo ainda maior; e, por fim, (3) EU SOU AQUILO
QUE SOU como uma realidade fundamental, quando o
homem dentro do conjunto se reconhecerá como uma
expressão da vida universal, e a própria consciência
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
111
grupal se unirá àquela que é a soma de todos os grupos.
Assim sendo, podemos destacar a afirmação de
Frankl (2005, p. 40) de que “a Consciência é a voz da
transcendência e, por isso, ela mesma é transcendente”.
Porquanto, o Ser Humano nasceu para buscar sua
origem transcendente; e Deus abençoa aqueles que já
se conscientizaram disto.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
112
REFERÊNCIAS
BAILEY, Alice. A consciência do átomo. Limeira: Editora do Conhecimento, 2007.
BARRETO, Maribel Oliveira. Os ditames da consciência, vol. III: a consciência atrai o que vai adiante. Salvador: Sathyart, 2011.
BLACKMORE, Susan. Experiências fora do corpo. São Paulo: Pensamento, 2011.
BOFF, Leonardo. Ethos mundial: um consenso mínimo entre os humanos. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
BORINE, Mônica S. Consciência e Processo Evolutivo.Disponível em: http://www.inic.com.br/ artigo- pt.asp?id=4 Acesso em: 03 out 2012.
BORINE, Mônica S. Psicoenergética da Consciência - Integrando os diversos níveis energéticos da consciência. Disponível em: http://www.inic.com.br Acesso em 03 out 2012.
BORINE, Mônica Silvia. Consciência, corpo e espiritualidade em psicologia integral. In: Simpósio Nacional sobre Consciência, 2., 2007, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2007. 1 CD-ROM.
BORINE, Monica Silvia. Psicoenergética da Consciência. Ceará: Editora Órion, 2008.
CHALMERS, D.H. The Conscious Mind. Oxford: Oxford
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
113
University Press, 1996.
CHALMERS, D.H. The Content and Epistemology of Phenomenal Belief. IN: SMITH. Q. & JOKIC, A. Consciousness: New Philosophical Perspectives. Oxford: Oxford University Press, 2003.
CHALMERS, David. The Conscious Mind. New York: Oxford University Press, 1996.
COSTA, Jair Tércio. Arca da Liderança II. Salvador: Sahyarte, 2010.
COSTA, Jair Tércio. Arca da Liderança I. Salvador: Sahyarte, 2011.
COSTA, Jair Tércio. Programa Conscientizar. Salvador: Sahyarte, 2012.
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.
CUNHA, disponível em: http://www.consciencia.org/ sobre-o-conceito-de-consciencia-em-filosofia-da- mente.
DAMÁSIO, Antônio. O mistério da consciência. São Paulo: Cia das Letras, 2000.
DEJOURS, Christophe. O fator humano. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1999.
DI BIASE, Francisco; AMOROSO, Richard (Org.). A revolução da consciência: novas descobertas sobre a mente no século XXI. Petrópolis: Vozes, 2005.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
114
DZIUBAN, Peter. Consciousness is all: Now Life Is Completely New. Grass Valley: Blue Dolphin Publishing, 2006.
ESPÍRITO SANTO, Ruy Cezar do. Autoconhecimento e consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.
FERGUSON, Marilyn. A nova consciência: arte e ciência sob novo olhar. São Paulo: Arx, 2007.
FRANKL, V. E. Um sentido para a vida (V. H. Lapenta, trad.). Aparecida, SP: Idéias e Letras, 2005.
GOSWAMI, Amit. Criatividade Quântica. São Paulo: Aleph, 2008.
GOSWAMI, Amit. O universo autoconsciente: como a consciência cria o mundo material. São Paulo: Aleph, 2007.
HOUSTON, Jean. A Busca do bem amado. São Paulo: Cultrix, 1993.
LASZLO, Ervin. A ciência e o campo akáshico: uma teoria integral de tudo. São Paulo: Cultrix, 2008.
LEAL-TOLEDO, G. Dennett and Chalmers: arguments and intuition. Trans/Form/Ação, (São Paulo), v.29(2), 2006, p.123-132.
LEON, David. The Limits of Thought and the Mind- Body Problem. In: Lund University Cognitive Studies. vol. 42, 1995.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
115
LEONTIEV, Alexei N. Actividade Consciência e Personalidade. Disponível em: http:// www.marxists.org/ Acesso em 03 out 2012.
MINSKY, M. Conscious Machines. In: MINSKY, M.
Machinery of Consciousness. 1991.
MOGGI, Jair. A evolução da consciência humana dos primórdios até a época atual. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 3., 2008, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2008. 1 CD-ROM.
NEUMANN, Erich. História da Origem da Consciência. São Paulo: Cultrix, 2008.
ORNSTEIN, Robert. A evolução da Consciência: de Darwin a Freud, a origem e os fundamentos da mente. 2 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991.
PENROSE, R. Lo Grande, lo pequeno y La mente humana. Cambridge: Cambridge Press, 1999.
PINHEIRO, Robson. Medicina da alma. Contagem: Casa dos Espíritos, 2011.
QUEIROGA, Emília. Consciência. Disponível em: http:/ /www.emiliaqb.com.br/novo/art_consciencia.htm Acesso em: 03 out 2012.
RAMATIS. O despertar da Consciência. 2 ed. São Paulo: Editora do Conhecimento, 2004. Obra psicografada por Maria Margarida Liguori.
RAMATIS. O despertar da Consciência. 2 ed. São Paulo: Editora do Conhecimento, 2004. Obra
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
116
psicografada por Maria Margarida Liguori.
REICHOW, Jeverson. Consciência e transdisciplinaridade. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.
SEARLE, J. O mistério da consciência (Uema, A.Y.P. e Safatle, V., Trad.). São Paulo: Editora Paz e Terra, 1998. (Original publicado em 1997).
STEINER, Rudolf. Verdade e Ciência. Tese de doutoramento apresentada em 1891 à Universidade de Rostock. GA 3. São Paulo: Editora Antroposófica, 1985.
TOLLE, Eckhart. Um novo mundo: o despertar de uma nova Consciência. Rio de Janeiro: Sextante, 2007. São Paulo: Cultrix, 2003, 198p.
VELMANS, Max. Defining Consciousness. In: Dialogues on consciousness course. Tucson: University of Arizona. (Proceedings)
WILBER, Ken. A consciência sem fronteiras: pontos de vista do oriente e do ocidente sobre o crescimento pessoal. São Paulo: Cultrix, 1980.
BARRETO, Maribel. Ensaios sobre Consciência
1171
CONTATOS:
maribelbarreto1@gmail.com
www.maribelbarreto.com
Recommended