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ESCOLA SUPERIOR DE DESENVOLVIMENTO RURAL
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA RURAL
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento
das receitas fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013)
Licenciatura em Economia Agrária
Autor
Martins Penicela Vilanculo
Vilankulo, Junho de 2015
Martins Penicela Vilanculo
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento
das receitas fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013)
Supervisora:
dra. Fátima Malate
UEM – ESUDER
Vilankulo
2015
Trabalho de Culminação de Curso
Apresentado ao Departamento de
Sociologia Rural da Universidade
Eduardo Mondlane – Escola
Superior de Desenvolvimento
Rural para a obtenção do grau de
Licenciatura em Economia Agrária
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro que este trabalho é da minha autoria, é resultado da minha investigação, estando
indicados no texto e na bibliografia as fontes utilizadas. Esta é a primeira vez que o submeto
para obter o grau de licenciatura, nesta instituição pública de ensino superior.
Vilankulo, ___ de Junho de 2015
______________________________
(Martins Penicela Vilanculo)
i
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho:
Em memória do meu pai Penicela Sando Murrure, que esteve ao meu lado nos meus
primeiros passos da vida dando força, a minha mãe que incansavelmente esteve ao
meu lado, aos meus queridos amigos e colegas de faculdade. Obrigado por tudo que
fizeram por mim nestes 4 anos de faculdade, a eles dedico o meu trabalho com muito
carinho e amor.
Aos meus irmãos Santos Penicela Murrure, Mertina Penicela Murrure, Manuel
Penicela Murrure, Pedro Penicela Murrure, Luisa Penicela Murrure, aos meus filhos
Kelvin, Lindo, e Aloira em especial a minha namorada Celeste Arlindo Maxlhampfo
por terem acreditado na minha formação.
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço à DEUS todo-poderoso, por me dar saúde para concretizar mais um
objectivo na minha vida.
À todos colegas do curso em especialmente para Feliciano Wilson Matsinhe, Benedita
Marrenguiça e aos primos Silvestre Campus, Maimuna Abubacar, Geraldo da Silva,
Albino Artur, Emíldo de Rosário, entre outros.
O meu reconhecimento á Direcção da área fiscal de Vilankulo e, em especial aos
técnicos Lopes Mutsape e Dinis pelo apoio no fornecimento de dados.
À todos docentes da Universidade Eduardo Mondlane que contribuíram para a minha
formação, em especial a dra: Fátima da Conceição Malate, que com sua expressiva
capacidade intelectual conseguiu transmitir seus conhecimentos na orientação deste
trabalho.
iii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DAF- Direcção da Área Fiscal
ATM- Autoridade Tributaria de Moçambique
ISPC- Imposto Simplificado dos Pequenos Contribuintes
IVA- Imposto Sobre Valor Acrescentado
INE- Instituto Nacional de Estatística
IRPC- Imposto sobre Rendimento Pessoas Colectivas
MAE- Ministério da Administração Estatal
IRPS- Imposto Sobre Pessoas Singulares
IS- Imposto de Selo
OGE- Orçamento Geral do Estado
ISV- Imposto Sobre Veículos
JMT – Juro de Taxa e Mora
SISA- Imposto sobre Sucessão e Doação
DAFV- Direcção da Área Fiscal de Vilankulo
IDE - Imposto Directo Extinto
PRE – Programa de Reabilitação Económica
FMI- Fundo Monetário Internacional
NUIT- Numero Único de Identificação Tributaria
OIT- Organização Internacional de Trabalho
USAID- Agência Internacional Para o Desenvolvimento
MINAF- Ministério das Finanças
iv
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Tabelas
Tabela 1: Divisão Etária e por Sexos dos contribuintes do ISPC…….……....……….39
Tabela 2: Estrutura de divisão de actividades dos contribuintes……..…….....………41
Tabela 3: Mapa de evolução do ISPC dos anos de 2009 a 2013 referentes a metas,
receitas e grau de realização em mil meticais…………..….……………...…….….….45
Tabela 4: Principais impostos colectados na vila municipal de Vilankulo entre 2009 e
2013……………………………………………………….…………….…..…….......47
Tabela 5: Contribuição percentual anual do ISPC nas receitas totais
anuais………………………………………………………………….…….……..….48
Gráficos
Gráfico 1: Taxas de crescimento de contribuintes do ISPC……….…………..……42
v
LISTA DE APÊNDICES E ANEXOS
Apêndices
Apêndice 1: Guião de entrevista aos funcionários da Direcção da Área Fiscal de
Vilankulo……………………………………………………………………….………I
Apêndice 2: Questionário aos contribuintes do ISPC no município de
Vilankulo……………………………………………………………………....II, III, IV
Anexos
Anexo 1: Modelo do ISPC (M/01S)
Declaração de registo ou alterações de dados de NUIT de pessoas
singulares…………………………………………………………………...………….V
Anexo 2: Mapa de evolução de ISPC dos anos 2009 a
2013…………………………………………………………………………………..VI
Anexo 3: Mapa de localização geográfica do distrito de
Vilankulo……………………………………………………………………………..VII
vi
GLOSSÁRIO
Mussoco: é um imposto anual ou renda em género que era pago como forma de afirmar
o poderio do mambo sobre a terra.
Mambo: chefe máximo que representava a cada prazo do vale de Zambeze.
Sujeito activo: é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir
o seu cumprimento ou é aquele que tem o direito de exigir a obrigação tributária
imposta ao sujeito passivo, é o credor, ou seja, o que integra o pólo activo da relação
jurídica tributária.
Sujeito passivo: é o contribuinte, ou seja, aquele que tem relação pessoal e directa com
a situação que constitua o fato gerador tributário - fato típico prescrito na lei ou é a
pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Budjet ou orçamento: é um tipo de documento onde se definem claramente os ganhos
e as perdas de uma empresa ou pessoa física.
Pequeno contribuinte: é a pessoa obrigada por lei a pagar um imposto. E, como eles
contribuem em impostos, não são pequenos (um cidadão comum), intermediária (a
empresa de pequeno porte) e mais velhos (uma multinacional).
vii
RESUMO
Foco de Pesquisa: O presente estudo tem como tema a análise do imposto simplificado
para pequenos contribuintes no incremento das receitas fiscais: Caso de estudo:
Município da Vila de Vilankulo. Neste caso fez-se uma análise no incremento das
receitas fiscais para mostrar que se o ISPC foi inserido no âmbito de os operadores
económicos informais poderem trazer benefícios palpáveis tanto para o Estado como
para os próprios operadores económicos informais, fazendo com que estes passam a
categoria de operadores formais com todos os benefícios que este estatuto lhes trará.
Método de Pesquisa: Para tornar possível o presente estudo recorreu-se a vários
métodos nomeadamente: Pesquisa Bibliográfica; Pesquisa Documental; Pesquisa de
Levantamento e estudo de caso. E por conseguinte com base numa amostra não
probabilística fez-se um levantamento de dados através de questionário destinado a 78
operadores económicos informais pagantes do ISPC da Vila de Vilankulo com o
objectivo de colher informação acerca de taxas pagas, sua percepção sobre imposto,
problemas, expectativas e desejos para o desenvolvimento das suas actividades
económicas e nas entrevistas aos funcionários da direcção área fiscal de Vilankulo
tinham como objectivo analisar as receitas do ISPC colectadas ao longo do período de
2009 a 2013 para ver o seu contributo nas receitas fiscais totais com outros impostos e
por outro lado os constrangimentos enfrentados por esta instituição na colecta desses
impostos. Principais Conclusões e Recomendações: Depois de realizado o estudo
verificou-se que o ISPC encontra-se numa fase em crescimento, para além de que este
imposto é uma forma de formalizar as actividades do sector informal, tornando este
sector contribuinte das receitas fiscais, há uma fraca cidadania fiscal por parte dos
operadores económicos informais, por um lado o ISPC continua longe de alcançar o seu
macro objectivo de alargar a base tributária e reduzir a dependência externa e interna do
orçamento geral do Estado (OGE) para financiar a despesa pública. Deste modo
recomenda-se as seguintes acções: O desenvolvimento e intensificação nas campanhas
de educação fiscal; divulgação do ISPC por via de órgãos de comunicação social;
Simplificação no preenchimento dos formulários e aumento das DAF‟s para reduzir o
congestionamento dos contribuintes.
Palavras - Chaves: Pequenos Contribuintes, Operadores Económicos Informais,
Educação Fiscal, Actividade Económica, Sistema Tributário.
INDICE
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
1.1.Contextualização .................................................................................................................. 1
1.2. Problema do estudo ............................................................................................................. 3
1.3. Justificativa do estudo ......................................................................................................... 4
1.3.0. Objectivos ........................................................................................................................ 5
1.3.1. Geral ................................................................................................................................. 5
1.3.2. Específicos ....................................................................................................................... 5
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................ 6
2.1. Literatura teórica ................................................................................................................. 6
2.1.1. Definição e Classificação de imposto .............................................................................. 6
2.1.2. Prestação definitiva .......................................................................................................... 8
2.1.3. Prestação unilateral .......................................................................................................... 8
2.1.4. Prestação estabelecida por lei .......................................................................................... 9
2.1.5. Sujeito passivo como ente público. .................................................................................. 9
2.1.6. Sistema fiscal ................................................................................................................. 11
2.1.7. Fisco ............................................................................................................................... 11
2.1.8. Fiscalidade ..................................................................................................................... 11
2.1.9. Tributo............................................................................................................................ 12
2.1.10. Princípios Gerais do Imposto ....................................................................................... 12
2.1.11.Funções Do Imposto ..................................................................................................... 13
2.1. 12. Indicadores fiscais ....................................................................................................... 15
2.1.13.Benefícios fiscais .......................................................................................................... 16
2.1.14. Taxas ............................................................................................................................ 16
2.1.15. Área fiscal .................................................................................................................... 17
2.1.16. Direcção da área fiscal ................................................................................................. 17
2.1.17. Actividade económica .................................................................................................. 17
2.1.18. Receitas ........................................................................................................................ 18
2.1.19. Receitas públicas .......................................................................................................... 18
2.1.20. Educação fiscal ............................................................................................................ 19
2.1.21. Representante fiscal ..................................................................................................... 19
2.1.22. Contribuinte ................................................................................................................. 19
2.1.23. O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes ................................................ 19
2.1.24. Critérios e mecanismos de inscrição ou enquadramento no ISPC. .............................. 19
2.1.25. Mecanismo de abrangência .......................................................................................... 20
2.1.26. Sustentabilidade orçamental ........................................................................................ 20
2.2. Literatura Empírica ........................................................................................................... 21
2.2.1. Cobrança do imposto no panorama mundial ................................................................. 21
2.3. Literatura Focalizada ........................................................................................................ 22
2.3.1. Sistema Tributário Moçambicano .................................................................................. 23
2.3.2. Período à data de Independência.................................................................................... 23
2.3.3.Período após a Independência ......................................................................................... 24
CAPÍTULO III: ABORDAGEM METODOLÓGICA ............................................................ 29
3.1. Descrição da área de estudo .............................................................................................. 29
3.2. Economia e serviços ......................................................................................................... 29
3.2.1. Agricultura ..................................................................................................................... 29
3.2.2. Pecuária e avicultura ...................................................................................................... 30
3.2.3. Indústria e Turismo ........................................................................................................ 30
3.2.4. Produção não agrícola .................................................................................................... 31
3.2.5. Explorações mineiras ..................................................................................................... 31
3.2.6. Tipo de pesquisa ............................................................................................................ 31
3.2.7. Quanto aos procedimentos técnicos ............................................................................... 32
3.2.8. Amostragem ................................................................................................................... 33
3.2.9. Técnicas de Colecta de Dados ....................................................................................... 34
CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................. 38
4.1. Características dos pequenos contribuintes por tipo de actividade;.................................. 38
4.2.Em relação a taxas pagas no Município de Vilankulo ....................................................... 42
4.3. Percepção dos contribuintes em relação ao pagamento de imposto no Município de
Vilankulo.................................................................................................................................. 43
4.4. Metas, cobranças e o grau de realização anuais provenientes dos pequenos contribuintes
da Vila Municipal de Vilankulo. .............................................................................................. 43
4.5. Contribuição do ISPC nas receitas totais do município da vila de Vilankulo; ................. 45
4.6. Dificuldades enfrentados no processo de colecta do ISPC no município da Vila de ....... 48
Vilankulo.................................................................................................................................. 48
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES...................................................... 50
5.1. Conclusão .......................................................................................................................... 50
5.1. Recomendações................................................................................................................. 51
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 52
vii
RESUMO
Foco de Pesquisa: O presente estudo tem como tema a análise do imposto simplificado
para pequenos contribuintes no incremento das receitas fiscais: Caso de estudo:
Município da Vila de Vilankulo. Neste caso fez-se uma análise no incremento das
receitas fiscais para mostrar que se o ISPC foi inserido no âmbito de os operadores
económicos informais poderem trazer benefícios palpáveis tanto para o Estado como
para os próprios operadores económicos informais, fazendo com que estes passam a
categoria de operadores formais com todos os benefícios que este estatuto lhes trará.
Método de Pesquisa: Para tornar possível o presente estudo recorreu-se a vários
métodos nomeadamente: Pesquisa Bibliográfica; Pesquisa Documental; Pesquisa de
Levantamento e estudo de caso. E por conseguinte com base numa amostra não
probabilística fez-se um levantamento de dados através de questionário destinado a 78
operadores económicos informais pagantes do ISPC da Vila de Vilankulo com o
objectivo de colher informação acerca de taxas pagas, sua percepção sobre imposto,
problemas, expectativas e desejos para o desenvolvimento das suas actividades
económicas e nas entrevistas aos funcionários da direcção área fiscal de Vilankulo
tinham como objectivo analisar as receitas do ISPC colectadas ao longo do período de
2009 a 2013 para ver o seu contributo nas receitas fiscais totais com outros impostos e
por outro lado os constrangimentos enfrentados por esta instituição na colecta desses
impostos. Principais Conclusões e Recomendações: Depois de realizado o estudo
verificou-se que o ISPC encontra-se numa fase em crescimento, para além de que este
imposto é uma forma de formalizar as actividades do sector informal, tornando este
sector contribuinte das receitas fiscais, há uma fraca cidadania fiscal por parte dos
operadores económicos informais, por um lado o ISPC continua longe de alcançar o seu
macro objectivo de alargar a base tributária e reduzir a dependência externa e interna do
orçamento geral do Estado (OGE) para financiar a despesa pública. Deste modo
recomenda-se as seguintes acções: O desenvolvimento e intensificação nas campanhas
de educação fiscal; divulgação do ISPC por via de órgãos de comunicação social;
Simplificação no preenchimento dos formulários e aumento das DAF‟s para reduzir o
congestionamento dos contribuintes.
Palavras - Chaves: Pequenos Contribuintes, Operadores Económicos Informais,
Educação Fiscal, Actividade Económica, Sistema Tributário.
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento das receitas
fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
Martins Penicela Vilanculos | Trabalho de Culminação de Curso em Economia Agrária 1
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1.Contextualização
A palavra “imposto” provém do latim imposìtu significando impor ou obrigação. No
mundo o primeiro país a usar um sistema de tributação conhecido foi o do Antigo
Egipto por volta de 3000 aC - 2800 aC, durante a primeira dinastia do Antigo império
(GASTON JEZÉ).
De salientar que no mundo cada país desde da fase da antiguidade, feudalismo até a
era moderna houve diferentes formas de tributação onde as mais comuns eram
contribuições em ouro, escravos, ou sob qualquer espécie, que nas guerras o povo
vencido, em sinal de dependência pagava ao vencedor (JONH LOCKE, 1632-1704).
Mais tarde na Índia sob domínio islâmico, onde os governantes determinavam a
cobrança do jizya (um imposto sobre os não-muçulmanos), a partir do século XI,
tendo sido abolido mais tarde e substituído por Akbar (VAN REYMERSWAELE,
1490-1546).
Na Europa o imposto data desde o início do século XVII, com a Revolução Francesa e
depois se expandiu para Holanda, Suécia e Inglaterra na década de 1600 (ADAM
SMITH, 1776)
Em Moçambique o imposto começou a ser pago antes mesmo da chegada dos
portugueses em forma de roupa, escravos, gado e outros bens. Mas, uma das
principais evidências da existência do imposto em Moçambique foi com o surgimento
dos prazos da Zambézia, em que se utilizou o tributo tradicional pela primeira vez
(VICTORINO, 2012).
Dentro dos prazos, todos os habitantes estavam sujeitos ao pagamento de um imposto
anual designado por Mussoco, que era pago como forma de afirmar o poderio do
mambo sobre a terra. O conteúdo, a taxa e o montante estabelecido, variava de prazo a
prazo e de região para região (IBRAIMO, 2002).
Os camponeses através do Mussoco, renda em género, canalizavam parte dos seus
excedentes agrícolas para a elite, dos prazos, sendo, muitas vezes, utilizados para
alimentação. Mas, com a penetração crescente do capitalismo colonial, este passou a
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento das receitas
fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
Martins Penicela Vilanculos | Trabalho de Culminação de Curso em Economia Agrária 2
ser cobrado em trabalho, depois em dinheiro, o que exprime uma mudança profunda
nas relações sociais de produção (IBRAIMO, 2002).
Para o caso do imposto simplificado dos pequenos contribuintes, objecto de estudo
desta pesquisa foi aprovado pela Assembleia da República de Moçambique-
Ministério das Finanças a 26 de Dezembro de 2008 pela Lei n˚5/2009 de 12 de
Janeiro e entrou em vigor a 01de Janeiro do mesmo ano, com o objectivo de reduzir
os custos de cumprimento das obrigações tributárias e os encargos de fiscalização e
controlo através da simplificação dos procedimentos, propiciando, assim, o
alargamento da base tributária.
Segundo o instituto nacional de estatística (INE, 2009), um dos sinais do
reconhecimento da importância do sector informal na economia nacional, pelo
governo, é a apresentação de uma legislação que abrange os operadores económicos
do sector informal que é o ISPC.
Dai que no memento da sua inserção houve necessidade de desenvolver campanhas de
educação fiscal, denominada “todos juntos fazemos Moçambique” de modo a
mobilizar bem como garantir a compreensão das obrigações e da importância de
pagamento de imposto pelo cidadão (INE, 2009).
Este trabalho é composto por cinco 5 partes. A primeira parte trata da introdução do
tema, destacando o problema de pesquisa, os objectivos gerais e específicos a serem
alcançados e justificativa do estudo.
A segunda parte do trabalho trata da revisão de literatura sobre a análise do imposto
simplificado dos pequenos contribuintes (ISPC) e aspectos ligados a ele, sua
conceitualização e sua emergência.
A terceira parte trata da abordagem metodológica.
A quarta parte trata da discussão e resultados do estudo.
A quinta parte apresenta as conclusões e recomendações.
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento das receitas
fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
Martins Penicela Vilanculos | Trabalho de Culminação de Curso em Economia Agrária 3
1.2. Problema do estudo
Segundo (PIMPAO, 2005), o pagamento de impostos em Moçambique por parte dos
operadores económicos ou indivíduos a que estão sujeitos não tem sido fácil de um
lado por que estes sujeitos passivos pensam que estão sofrendo uma redução nos seus
lucros e por outro lado alegam a não criação de condições básicas pelo Governo
Moçambicano para o desenvolvimento das suas actividades, sendo assim criam
manobras de escapar ao fisco.
A Vila Municipal de Vilankulo enfrenta também enormes problemas na contribuição
fiscal, embora nos últimos anos verificar se uma propagação cada vez maior na
ocupação dos espaços públicos por operadores económicos informais pagantes de
impostos por direito na relação Estado cidadão, estes não cumprem com seu dever de
cidadania (DAVA, 2005).
De modo geral a fraca contribuição fiscal na Vila Municipal de Vilankulo, assim
como em outros pontos do território nacional é causado por falta de conhecimentos
em matéria de educação fiscal (DAVA, 2005).
Nos últimos anos o país regista um progressivo défice orçamental causado por clima
de tensão política, cheias na zona sul e centro do país, a crise dos médicos, a crise
financeira mundial, baixo nível de poupança dos bancos comerciais (OSMAN, 2009).
Sabe-se que o Estado tem como função e fim a satisfação das necessidades colectivas
tais como segurança e tranquilidade pública, acesso a educação e saúde, construção de
infraestruturas económicas e sociais, bem como a garantia da estabilidade
macroeconómica (OSMAN, 2009).
Contudo, o Estado mesmo com a colecta destas receitas continua longe de conseguir
fundos suficientes para fazer face as despesas públicas, daí que com a contribuição
dos operadores económicos do sector informal, com o pagamento do imposto
simplificado para pequenos contribuintes seria de extrema importância para alargar a
sua base tributaria, facto que desaguaria no melhoramento do desempenho do
orçamento geral do Estado (TUBIAN, 2008).
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento das receitas
fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
Martins Penicela Vilanculos | Trabalho de Culminação de Curso em Economia Agrária 4
Importa referir que, a análise deste imposto seria de grande utilidade não só para o
sector empresarial, mas também para os próprios contribuintes no sentido de servir de
uma ponte de passagem do sector informal para o formal, levando em conta as suas
regras de aplicabilidade (PIEPOLI, 2006).
Nesta óptica levanta-se o seguinte problema: Até que ponto o imposto simplificado
para pequenos contribuintes (ISPC) contribui no incremento das receitas fiscais no
município da Vila de Vilankulo no período em estudo (2009-2013).
1.3. Justificativa do estudo
A escolha do tema deve-se a relevância que as receitas fiscais têm para o orçamento
geral do Estado no financiamento da despesa pública, para além de que o orçamento
anual do Estado é a expressão da magnitude das necessidades de recursos financeiros
(receitas) e da sua aplicação (despesas) a realizar pelo Estado em cada exercício
financeiro.
Do ponto de vista prático pretende-se criar mecanismos que venham a dar efeitos na
capacidade de autonomia e sobrevivência do Orçamento do Estado com base nas
Receitas do Estado, isto é, nas receitas internamente arrecadadas pelo Estado e sem
grande dependência de recurso ao Crédito interno e externo e aos donativos, para
financiamento do défice, ou seja implementar acções para redução do défice
orçamental e propiciar a arrecadação de recursos financeiros orçamentais adicionais
necessários para a prossecução do combate à pobreza absoluta, promoção do
crescimento económico e o alcance das metas dos objectivos de desenvolvimento do
Milénio.
É neste contexto de défice orçamental que o governo moçambicano viu-se obrigado a
encontrar formas legais de arrecadar receitas para de forma parcial ou total pôr fim a
dependência externa do orçamento geral do Estado para execução das suas
actividades, tendo assim recorrido a criação do imposto simplificado para pequenos
contribuintes foco de estudo deste trabalho de modo a garantir a sustentabilidade
orçamental.
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento das receitas
fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
Martins Penicela Vilanculos | Trabalho de Culminação de Curso em Economia Agrária 5
Perante o conhecimento profundo da realidade apresentada, o presente estudo
servirá de um instrumento estratégico capaz de ajudar os comités de gestão e as
entidades governamentais que velam pela área da direcção fiscal Vilankulo, a fazer
correcções ou ajustamentos de forma a proporcionar aos contribuintes dos impostos
capacidade que assegure a manutenção contínua das suas actividades. Os
contribuintes encontrarão neste estudo a informação que lhes permitirá tomar uma
atitude capaz de contribuir para a melhoria das condições de pagamento de impostos
e consequente rentabilização das actividades económicas por estes exercidos dentro
da área municipal.
A escolha do primeiro ano (2009) do horizonte temporal deveu-se ao facto de ter
sido o ano da criação do imposto simplificado dos pequenos contribuintes (ISPC) a
nível nacional pela lei n˚5/2009 pela Assembleia da República ao abrigo do disposto
n˚2 do artigo 127, conjugado com a alínea o) do n˚2 do artigo 179, tendo sido posto
em vigor no dia 01. 01.2009.
1.3.0. Objectivos
1.3.1. Geral
Analisar o imposto simplificado dos pequenos contribuintes para o incremento
das receitas no Município da Vila de Vilankulo no período compreendido entre
(2009-2013).
1.3.2. Específicos
Caracterizar os pequenos contribuintes no município da Vila de Vilankulo por
tipo de actividades que desenvolvem;
Indicar as metas e o grau de realização anuais das receitas fiscais provenientes
dos pequenos contribuintes no município da vila de Vilankulo;
Avaliar o nível de contribuição do ISPC nas receitas totais do município da vila
de vila de Vilankulo;
Identificar os constrangimentos enfrentados no processo de colecta do ISPC no
município da Vila de Vilankulo
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento das receitas
fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
Martins Penicela Vilanculos | Trabalho de Culminação de Curso em Economia Agrária 6
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Para melhor compreensão deste capítulo, este está divido em três partes,
nomeadamente a parte que retrata a literatura teórica, empírica e focalizada.
2.1. Literatura teórica
2.1.1. Definição e Classificação de imposto
Segundo as concepções mais representativas dos vários escritores da especialidade, o
conceito de imposto era assim expresso:
Segundo BANCO CENTRAL, imposto é uma prestação pecuniária, coactiva
unilateral a título definitivo sem carácter de sansão devido ao Estado e outros entes
públicos com vista a realização de fins públicos fiscais e extra fiscais.
Ricardo, (citado por Assis Tavares), chama ao imposto a porção dos produtos da terra
e da indústria que se põe à disposição do Governo. Muitos fizeram este tipo de
definição o caso também de Adam Smith, 1776 (citado por Assis Tavares), que
tiveram a preocupação de mostrar que o imposto não tem contrapartida e a sua
característica principal é a ideia do dever ou obrigação que nele se encontra
intimamente enraizada, mas Para Adam Smith (1776), traz uma outra definição que a
considerou mais moderna dizendo que imposto é uma quantia em dinheiro, paga
obrigatoriamente por pessoas ou organizações a um governo, a partir de ocorrência de
um facto gerador, calculado mediante a aplicação de uma alíquota a uma base de
cálculos.
Mas, porém, uma moderna definição é dado por Gaston Jèse, 1934 (citado por Assis
Tavares), que deixou ressaltar nela as suas características fundamentais, dizendo que
o imposto representa uma prestação pecuniária, exigida dos particulares por via
autoritária e segundo regras fixas, a título definitivo e sem contrapartida, para a
satisfação das despesas públicas, unicamente pelo facto de os indivíduos que o devem
pagar fazerem parte de uma comunidade política organizada.
No entanto, existe na actividade do Estado uma parcela que a todas as outras
sobreleva pela sua indiscutível importância e sobretudo pela situação em que os
particulares se encontram face ao mesmo Estado. Trata-se daquela actividade que, no
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento das receitas
fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
Martins Penicela Vilanculos | Trabalho de Culminação de Curso em Economia Agrária 7
uso do poder de imperium próprio do poder estatal, tem como a finalidade a cobrança
de determinadas receitas, os impostos e as taxas, actividade esta que apresente já
caracterizada por uma manifesta e evidente unidade, facto este que a conduziu a uma
completa autonomização que veio a originar o Direito Tributário (como o conjunto de
normas que disciplina a actividade do Estado relativamente à cobrança das receitas
que coactivamente impõe aos cidadãos no uso do seu poder de imperium: os impostos
e as taxas).
Pode-se ter ainda, de acordo com (Alain Cotta, 1976), ter uma definição mais
completa do imposto, que é, uma prestação pecuniária, obrigatória, definitiva e sem
contra partida imediata sobre os rendimentos das pessoas físicas e morais, com o
objectivo de cobrar as despesas do interesse geral da colectividade.
Segundo Sousa (1996), o imposto pode ser definido como uma prestação
patrimonial, definitiva e unilateral, estabelecida por lei a favor de uma pessoa
colectiva de direito público, sem o carácter de sansão, com vista a realização de fins
públicos.
Num outro desenvolvimento, Ribeiro (1997), define por sua vez o imposto como:
uma prestação pecuniária, coactiva e unilateral, sem o carácter de sansão, exigida
pelo Estado com vista a realização de fins públicos.
a) Natureza patrimonial versus natureza pecuniária da prestação tributária
Sousa (1996), contradiz a visão de muitos outros autores ao dizer que não é
necessária a atribuição da natureza pecuniária relativa ao dinheiro por que á
prestação tributaria, pelo facto de que o imposto pode consistir numa actividade ou
então ser pago em espécie. O mesmo autor cita alguns tipos de impostos que não
possuem a natureza pecuniária, sendo um deles o imposto de selo, cuja prestação
consiste num facto ou numa actividade quando é em forma de estampilhas fiscais,
pois segundo esta forma de pagamento, a obrigação do imposto só fica cumprida
quando se inutiliza estampilha fiscal e não aquando da sua compra.
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Importa salientar que, atribuição da natureza pecuniária, assim como da natureza
patrimonial ao imposto poderá ser mais abrangente ou mais restritiva, com forme a
legislação fiscal em vigor num determinado país em determinado período.
Pereira (at al, 2009), afirma que nos tempos modernos, as outras formas de
pagamento dos impostos que não sejam por via de prestação pecuniária são a parte.
E tal facto deve-se as seguintes razões:
Essas formas de pagamento de impostos têm efeitos demasiados incertos em
termos financeiros, face as crescentes e regulares funções a serem prosseguidas
pelo Estado.
Tendem a enfrentar grande resistência por parte dos cidadãos.
Exigem administrativos pesados e altamente dispendiosos.
2.1.2. Prestação definitiva
O carácter definitivo da prestação tributária resulta do facto de que, tendo sido
cumprida esta prestação, não há lugar para qualquer retribuição ou reembolso ao
sujeito passivo, salvo nos casos em que ocorre uma tributação indevida ou que por
erro na liquidação, o contribuinte tenha pago um valor superior ao efectivamente
devido, (Pereira, 2009).
2.1.3. Prestação unilateral
O imposto é unilateral pois ao contrário de uma aquisição, por exemplo, na qual o
comprador paga e em contrapartida recebe o bem correspondente ao valor pago, no
imposto a situação é muito diferente, pois, não existe qualquer relação entre o
montante do imposto pago pelo sujeito passivo e as vantagens que o mesmo possa
auferir dos serviços públicos, (Sousa2009).
Apesar de que as receitas arrecadadas pelos Estado destinam-se à satisfação das
necessidades públicas, esta satisfação é feita beneficiando-se indistintamente todos os
cidadãos, quer paguem os impostos ou não, portanto, o usufruto dos bens públicos não
constitui de forma alguma a contrapartida específica decorrente do pagamento do
imposto e nem o pagamento do imposto confere ao contribuinte o direito a uma
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contrapartida específica. É daí que resulta unilateralidade do imposto (Friedman,
1998).
2.1.4. Prestação estabelecida por lei
O imposto tem um carácter coactivo. A sua criação não depende da vontade do
sujeito passivo e o seu pagamento é obrigatório.
O imposto não possui a natureza de penalidade como a multa, isto é, o seu
pagamento não constitui sanção de um acto ilícito.
2.1.5. Sujeito passivo como ente público.
Segundo Sousa (1996), a prestação tributária é estabelecida a favor de uma pessoa
colectiva de direito público isto é, o sujeito activo da relação jurídica tributária, tanto
poderá ser o Estado, como uma autarquia local ou qualquer outra pessoa colectiva de
direito público que a lei designe como titular do respectivo crédito. Neste caso,
segundo o mesmo autor, não é correcto definir o imposto como prestação devida ao
Estado.
PEREIRA, et al (2009) não diverge quanto ao sujeito activo do imposto, pois
considera que do imposto são beneficiários o Estado, uma autarquia local, outros
níveis de governo ou outro ente público.
Impostos extra-fiscais: são aqueles que o Estado cobra para simultaneamente
obter receitas e atingir outras finalidades, ou só para atingir essas finalidades
(VASQUES, 2005).
Ex.: direitos alfandegários cobrados tendo em vista a protecção da indústria nacional
contra a concorrência estrangeira.
Impostos fiscais: são aqueles cujo principal objectivo de cobrança é a obtenção de
receitas.
A natureza fiscal não constitui uma absoluta característica de um determinado
imposto enquadrado neste grupo (VASQUES, 2005).
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Ao introduzir um imposto fiscal, o Estado não só tem em vista a obtenção das
receitas, mas também, a justa repartição dos encargos pelos contribuintes, segundo o
princípio de igualdade tributária (RIBEIRO, 1997).
Importa salientar entretanto, que todos os impostos cobrados, sejam eles fiscais ou
extra-fiscais, acabam por ser usados na cobertura de despesas públicas, considerando
que nenhum imposto é cobrado com o objectivo do permanente entesouramento. A
diferença entre eles reside no objectivo primordial da sua cobrança.
De acordo com ABREU (1996), imposto é uma das espécies do gênero tributo,
diferentemente de outros tributos, como taxas e contribuição de melhoria, é um tributo
não vinculado, é devido pelo contribuinte independentemente de qualquer
contraprestação por parte do Estado, sendo este destinado a atender as despesas gerais
da Administração, pelo que só pode ser exigido pela pessoa jurídica de direito público
interno que tiver competência constitucional para tal.
Segundo a agência internacional para o desenvolvimento USAID, (2011) imposto é
uma prestação pecuniária compulsiva de carácter unilateral, cujo objectivo é gerar
recursos orientados prioritariamente para o financiamento da prestação de serviços
que visem a satisfação de necessidades públicas.
MONTESQUIEU, 1974 (citado por Assis TAVARES), definia o imposto como a
porção que cada cidadão dá dos seus bens para ter a segurança dos outros ou para
poder gozá-los pacificamente. O imposto não constituiu um dever, mas sim um
pagamento de um serviço de segurança, não competindo ao Estado senão uma função
policial a exercer.
De acordo com OSMAN, (2007) em Moçambique os principais impostos cobrados
são:
Imposto sobre as Sucessões e Doações;
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA);
Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes (ISPC);
Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas Singulares (IRPS);
Imposto sobre os Rendimentos das Pessoas Colectivas (IRPC);
Imposto sobre Consumos Específicos;
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Imposto sobre Veículos;
Imposto sobre as Sucessões e Doações;
Imposto do Selo;
O Imposto do Selo incide sobre;
Imposto de Reconstrução Nacional; e no sistema autárquico os principais impostos
são:
Imposto Pessoal Autárquico;
Imposto Predial Autárquico;
Imposto Autárquico sobre Veículos;
Imposto Autárquico da Sisa (Sisa Autárquica);
Contribuição de Melhorias.
2.1.6. Sistema fiscal
Segundo (MOSCA & BYIERES, 2010) é um conjunto de impostos existentes num
dado pais ou território.
2.1.7. Fisco
Para MOSCA, (2010) é uma administração encarregada de calcular e encarregar os
tributos, erário ou tesouraria pública.
2.1.8. Fiscalidade
É um processo pelo qual há arrecadação de receitas por parte do Estado tendo em
vista a satisfação das necessidades dos cidadãos (BERLIRI, 2012).
Falar da Fiscalidade em Moçambique é sem dúvidas falar do Sistema Financeiro
Moçambicano, pois estes elementos não se dissociam, dada a sua natureza e forma
ou seja fiscalidade traduz a exigência de tributos com o objectivo de abastecer os
cofres públicos, sem que outros interesses interfiram no direcionamento da
actividade impositiva ao passo que sistema financeiro é um conjunto de instituições,
órgãos e afins que controlam, fiscalizam e fazem as medidas que dizem respeito à
circulação da moeda e de crédito dentro do país ou seja é uma forma de várias
entidades que se organizam, de modo a manter a máquina do governo funcionando
(MOREIRA, 2012).
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Para DOUGLAS, (1998) Sistema financeiro compreende o conjunto de instituições
financeiras que asseguram, essencialmente, a canalização da poupança para o
investimento nos mercados financeiros, através da compra e venda de produtos
financeiros.
Esta actividade de arrecadação de receitas, é uma actividade meramente do Estado,
pois a este cabe traçar mecanismos e políticas de modo flexibilização desta
actividade (DOUGLAS, 1998).
2.1.9. Tributo
É toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sansão de acto ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante actividade administrativa plenamente vinculada (GUMETA, 1994).
Segundo o escocês ADAM SMITH, (1977) existem alguns preceitos da boa
tributação:
2.1.10. Princípios Gerais do Imposto
A justiça fiscal é o primeiro requisito de um sistema tributário, uma vez que este
deve garantir uma distribuição equitativa de sacrifícios e uma repartição equilibrada
de recursos, em nome da coesão social. Para que haja justiça é indispensável
respeitar os seguintes princípios:
a) Princípio da justiça
Um sistema tributário é justo quando todos, do mais pobre ao mais rico, contribuem
em proporção directa à sua capacidade de pagar. Na definição de justiça tributária,
está implícito o princípio da progressividade – quem ganha mais deve contribuir com
uma parcela maior do que ganha, pois uma parte maior da sua renda não está
comprometida com o atendimento de necessidades básicas;
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b) Princípio da simplicidade
De acordo com ADAM SMITH (1977), num sistema tributário simples é
relativamente fácil e barato para o contribuinte calcular e pagar quanto deve. A
mesma facilidade tem o governo para fiscalizar se o contribuinte pagou o que devia;
c) Princípio da neutralidade
Neutralidade quer dizer que o sistema tributário não deve influenciar a evolução
natural da economia. Ou seja, não deve influir na competitividade e nas decisões das
empresas e também pouco no comportamento do consumidor/contribuinte;
d) Princípio da legalidade
Princípio da legalidade, segundo o qual o imposto deve ser estabelecido por lei
emitida pelo Parlamento, segundo o consentimento democrático;
e) Princípio da generalidade tributária
Que determina que todos os residentes de um determinado país estejam sujeitos ao
pagamento de impostos segundo critérios gerais;
f) Princípio da capacidade fiscal
De acordo com o qual cada um deve ser tributado na medida das sua capacidade
(faculdades contributivas ou “ability to pay”), (baseado no site da Ulusiada, 2008).
2.1.11.Funções Do Imposto
Expressão matemática
Ţ=T-bi
Onde:
T –é imposto autónomo;
b- sensibilidade do investimento em relação a taxa de juro;
i-taxa de juro.
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Baseando no manual de (ASSIS TAVARES), pode-se ver que foi tratado as funções
do imposto num regime de economia liberal evoluída. Entender-se-á que com a
expressão de funções do imposto se pretenderá fazer ressaltar apenas a utilização que
lhe é dada, a missão que lhe é assinalada, ou seja fazer ressaltar as consequências que,
com a sua aplicação, se pretendem atingir.
a) Função financeira do imposto
À função financeira do imposto chama-se também função fiscal do imposto. Mediante
ela são fornecidos ao tesouro público os fundos indispensáveis ao Estado para ocorrer
aos gastos com a satisfação das necessidades colectivas, o que nos indica tratar-se da
função clássica do tributo (FRANKLIN, 1493).
b) Função económica do imposto
Através da função económica do imposto pode verificar-se a intervenção dos poderes
públicos na economia (ALLEN, 1987).
Servindo-se duma conveniente orientação do sistema tributário, o Estado pode agir
sobre a conjuntura ou sobre as estruturas económicas modificando, pela utilização de
medidas temporárias ou definitivas, o volume da repartição da carga fiscal,
influenciando, assim, o nível das actividades, a importância do consumo e o montante
da poupança individual (HUGON, 2000).
O imposto, sob a forma de reduções ou de isenções, é geralmente utilizado como
incentivo ao desenvolvimento económico nos países onde tal desenvolvimento se
torna necessário em vista, nomeadamente, à promoção do bem-estar das populações
(DOUGLAS, 2001).
De uma tal intervenção estatal, o imposto pode tornar-se discriminatório,
aproximando-se, então, o sistema de economia descentralizada dum sistema de
economia centralizada (GALES, 2003).
c) Função social
No domínio da função social do imposto, o legislador pode orientá-lo no sentido da
obtenção dos efeitos mais convenientes. Assim, pode-se, mediante impostos elevados
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sobre o tabaco, desencorajar o seu consumo tendo em vista a salvaguarda da saúde
pública. Sem dúvida que, quando se atinge o resultado pretendido, o rendimento do
imposto passará a ser insignificante, mas, tal inconveniente é sabiamente compensado
pela concretização da finalidade extra fiscal pretendida (CASAL, 2005).
Um outro exemplo é o de papel importante que pode atribuir-se ao imposto numa
política demográfica: a tributação' dos solteiros e as deduções ou reduções de
impostos em função dos, encargos de família, podem encorajar os casamentos e o
consequente aumento da natalidade. Se, porém, se pretender um efeito contrário,
isentam-se ou reduz-se o imposto dos solteiros e tributam-se mais pesadamente os
casados (MARCELO, 1979).
Considerando agora, o imposto progressivo, verificaremos que com a sua, utilização
se não procura mais do que uma aproximação de condições, não apenas no plano
social como ainda no campo económico.
Por último, referir-se-á ainda que a intervenção fiscal e a intervenção financeira do
imposto podem combinar-se e completar-se num jogo de redistribuição de riquezas.
O imposto incidente sobre rendimentos elevados pode ser redistribuído, sob diversas
formas, pelos cidadãos de mais fraca capacidade económica (MARCELO, 2002).
Nestas condições, a redistribuição virá em reforça dos efeitos de igualização
promovidos pelo imposto progressivo ou, por outro lado, aumentar a propensão para o
consumo e, indirectamente, incrementar a nível da actividade económica e o nível de
emprego (REBELO, 1991).
2.1. 12. Indicadores fiscais
De acordo com o Banco de Moçambique indicadores fiscais são medidas de
evolução das finanças do sector público que permitem avaliar o desempenho fiscal
de um país ao longo do tempo. Inclui indicadores de fluxos (receitas e despesas) e
de estoque (endividamento e créditos). Os resultados fiscais (diferenças entre
receitas e créditos), ou necessidade de financiamento são calculados pelos conceitos
nominais e operacionais.
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2.1.13.Benefícios fiscais
Segundo IBRAIBO & BILA at al. (2005) Benefícios fiscais são medidas de carácter
excepcional e tendencialmente temporário, que impedem ou reduzem a tributação de
manifestações da capacidade contributiva e prosseguem objectivos extra fiscais de
interesse público relevante, nomeadamente de orientação da economia.
2.1.14. Taxas
Segundo SOUSA, (1996) taxa é prestação tributária estabelecida por lei a favor de
uma entidade que exerce funções públicas, como contrapartida da prestação
individualizada de uma actividade pública, da utilização individual de bens de
domínio público ou da remoção de um limite jurídico á actividade dos particulares.
Esta taxa apesar de ser uma contrapartida da prestação de um determinado serviço,
conforme explica a definição, a mesma não releva a equivalência económica entre
essa prestação e o serviço prestado, uma vez que o valor deste último ou dos bens
públicos, não obedece á certas regras do mercado ou de custeio.
De acordo com SOUSA, (1992), as taxas não podem ser configuradas como
obrigações voluntárias, dependentes da solicitação do contribuinte em usufruir de um
bem público de forma individualizada, pois existem taxas cobradas por serviços
obrigatórios, tais como aquelas que são cobradas pela justiça a um réu vencido numa
acção civil ou pelo réu condenado em processo penal.
Relativamente ao montante das taxas, RIBEIRO (1997, p256), considera que este
depende da finalidade que o Estado deseja alcançar, seja para simplesmente repartir as
despesas ou limitar a procura de um determinado bem.
Quando a procura de um bem é menor à oferta, a finalidade das taxas é a repartição do
custo, enquanto quando a procura é maior que a oferta, a taxa pode ter tanto a
finalidade de limitar a procura ou a de repartir os custos.
Para ADAM SMITH, (1977) na sua obra clássica intitulada a riqueza das nações”
define taxas como prestações pecuniárias compulsivas que correspondem à obrigação
que o Estado assume de prestar determinados serviços específicos virados à satisfação
de necessidades públicas ou semipúblicos, ou alternativamente colocá-los à
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disposição da população. Para o mesmo autor estas surgem como contrapartida de
uma actividade específica da administração em resposta a uma solicitação explícita do
contribuinte (licenças de caça, licença de exploração de minas, licença de corte de
florestas).
Este autor vai mais longe quando afirma que o contrário do imposto, no conceito de
taxa está ausente o carácter unilateral, pois existe, neste caso, uma contraprestação
específica do lado da administração (só paga a taxa aquele que solicita a prestação do
correspondente serviço, licença ou outro acto administrativo).
Os três autores são unânimes ao concluir que dado maior número de conflitos
existentes entre os indivíduos no dia-a-dia, há uma maior tendência de que a procura
pelos serviços de justiça seja maior, daí que interessa limitar a procura dos serviços de
justiça por motivos úteis, e para tal o Estado cobra taxas pesadas à parte vencida.
2.1.15. Área fiscal
Para USAID, (2011) designa cada uma das circunscrições territoriais em que se
encontra dividido o País para efeitos de cobrança de impostos e cadastro dos
contribuintes.
2.1.16. Direcção da área fiscal
De acordo com STEARNS, citado por MAUSSE (1994) designa a entidade a quem
estão conferidas as tarefas de cobrança de impostos e cadastro dos contribuintes no
território da respectiva área fiscal (vulgarmente também conhecidas por “repartições
de Finanças”).
2.1.17. Actividade económica
Para organização internacional de trabalho, OIT citado por MUENDANE, (2000)
engloba qualquer actividade de produção, comércio, ou prestação de serviços,
incluindo as actividades extractivas, agrícolas, silvícolas, pecuárias e de pesca.
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2.1.18. Receitas
Segundo o Banco Central, (BC) receitas são todos os recursos provenientes da
venda de mercadorias ou de uma prestação de serviços, porém nem todos são
oriundos de vendas ou prestação de serviços, como por exemplo: aluguéis,
rendimentos de uma aplicação financeira, juros e etc.
Para VERNON KAM, (1986) em seu livro intitulado “ accounting theory” define
receitas como sendo a expressão monetária, validada pelo mercado, do agregado de
bens e serviços da entidade, em sentido amplo, em determinado período de tempo, e
que provoca um acréscimo concomitante, no activo e património liquido,
considerado separadamente da diminuição do activo ou acréscimo do passivo e do
património liquido provocado pelo esforço em produzir tal receita.
Para SANDRONI, (1999) Receitas são todos os recursos provenientes da venda de
mercadorias ou de uma prestação de serviços.
2.1.19. Receitas públicas
Para MERY DEIZE DA GRAÇA MONDLANE, (2008) na sua tese de licenciatura
em administração pública define receitas públicas como sendo todas as somas em
dinheiro ou em recurso equivalente, e que tem como finalidade principal satisfazer
as necessidades financeiras e outros fins públicos relevantes. E estas podem ser
patrimoniais, donativos, taxas, empréstimos, multas.
Segundo BALEIRO, (1978) entende-se por receita pública a entrada que, integrando-
se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência
no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo.
Receita pública é o montante total em dinheiro recolhido pelo Tesouro Nacional,
incorporado ao patrimônio do Estado, que serve para custear as despesas públicas e as
necessidades de investimentos públicos (BC, 2003).
Os conceitos destes autores convergem na sua maioria nos termos como património
público, montante em dinheiro com fins de satisfazer as necessidades colectivas,
contudo divergem ao dizer as receitas públicas não advém sempre de contribuições de
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sujeitos passivos, mas sim de donativos, pagamentos de serviços em formas de taxas
aplicadas aos cidadãos (BC, 2003).
2.1.20. Educação fiscal
De acordo com BEBIANO, (2001) é a relação ou intercâmbio Estado-cidadão em
desenvolver avanços significativos na conscientização do cidadão na ampliação do
exercício da cidadania.
2.1.21. Representante fiscal
Para HENDRIKSEN & VAN BRNDA, (1999) é a pessoa designada legalmente para
representar um contribuinte não residente.
2.1.22. Contribuinte
Para BOLNICK, (2009) é o sujeito passivo obrigado a pagar tributos ou outros
encargos legais a estes associados.
2.1.23. O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes
O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes aplica-se às pessoas singulares
ou colectivas que desenvolvam, em território nacional, actividades agrícolas,
industriais ou comerciais, tais como a comercialização agrícola, o comércio
ambulante, o comércio geral a grosso, a retalho e misto, e o comércio rural,
incluindo em bancas, barracas, quiosques, cantinas, lojas e tendas bem como a
prestação de serviços de pequena dimensão.
a) Âmbito jurídico
Havendo necessidade de introduzir no sistema tributário um imposto simplificado
para pequenos contribuintes, com o objectivo de reduzir os custos de cumprimento
das obrigações tributárias e os encargos de fiscalização e controlo através da
simplificação dos procedimentos, propiciando, assim, o alargamento da base
tributária, a Assembleia da República, ao abrigo do disposto no nº2 do artigo 127,
conjugado com a alínea o) do nº2 do artigo 179, ambos da Constituição, determinou
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a criação do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes que passou a fazer
parte do sistema tributário nacional.
2.1.24. Critérios e mecanismos de inscrição ou enquadramento no ISPC.
Possuir um volume de negócio anual que não ultrapassa 2.500.000,00mt.
Não ser obrigado a possuir contabilidade organizada para efeitos do IRPS ou
IRPC;
Possuir número único de identificação tributária (NUIT);
Preencher declaração do modelo (M/01-ISPC) para início da actividade.
2.1.25. Mecanismo de abrangência
O Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes é um imposto directo que se
aplica às pessoas singulares ou colectivas que exercem, no território nacional, as
actividades agrícolas, industriais ou comerciais, de pequena dimensão, incluindo a
prestação de serviços.
Para efeitos deste imposto, consideram-se actividades de pequena dimensão, aquelas
cujo volume de negócios anual é igual ou inferior a 2.500.000,00MT.
O ISPC é pago anualmente a uma taxa de 75.000,00MT, alternativamente, é aplicada
a taxa de 3% sobre o volume de negócio desse ano. Os sujeitos passivos que optam
pela primeira vez pelo ISPC, beneficiam-se da redução da taxa de imposto em 50% no
primeiro ano do exercício da sua actividade.
A tributação dos sujeitos passivos no Imposto Simplificado para Pequenos
Contribuintes é de carácter optativo, pois estes podem optar por pagar outros tipos
de impostos já referenciados como por exemplo o IVA.
2.1.26. Sustentabilidade orçamental
De acordo com o fundo monetário internacional, (FMI) Sustentabilidade orçamental
é a capacidade de autonomia e sobrevivência do Orçamento do Estado com base nas
Receitas do Estado (isto é, nas receitas internamente arrecadadas pelo Estado) e sem
grande dependência (acima de um dígito em % do PIB) de recurso ao Crédito
(interno e externo) e aos Donativos, para financiamento do Défice.
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As principais alternativas para assegurar a sustentabilidade orçamental reside no:
Aumento da colecta de receitas internas pelo Estado;
Aumento do recurso ao endividamento interno/externo;
Aumento de Donativos;
Racionalização das Despesas do Estado.
2.2. Literatura Empírica
2.2.1. Cobrança do imposto no panorama mundial
De acordo com BRUNO, (2011) a cobrança de impostos no mundo é bastante
irregular, dependendo de país para país, com maior destaque para o Brasil que
possui uma maior carga tributária do mundo estimada em cerca 20.5%, seguido de
França com uma taxa de 19.6% e finalmente Uruguaio com 15.5%.
Colaborando com a mesma ideia, BEBIANO, (2001) afirma que as dificuldades que
muitos países encontram no processo da tributação tem a ver com o facto de os
cidadãos não conhecer os aspectos específicos sobre tributação com vistas à discussão
de alternativas para aproximar os interesses do Estado (recolhimento espontâneo dos
tributos) dos interesses do cidadão (acompanhamento da aplicação dos recursos
arrecadados).
Para BOLNICK& BYIERS, (2009) as irregularidades verificadas no âmbito da
tributação são resultados de políticas não claras sobre tributação por parte das elites
de muitos países do mundo, desenvolvendo assim fracas relações entre Cidadão-
Estado.
Em África o país com maior carga tributária de colecta de receitas fiscais é Angola
avaliada em 48.3% (LOPES, 2009).
Pra MAXWEL, (1978) na sua obra intitulada, “Pagar Tributos é minimizar o sufoco
do Estado” é optimista ao dizer pagar tributos e não usufruir os benefícios que eles
devem proporcionar, bem como a inexistência de mecanismos legais para discutir
esses impostos, revolta os cidadãos de qualquer país do mundo. O mesmo autor vai
mais longe ao afirmar que é impossível no ter uma sociedade que está
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consciencializado em matéria de edução fiscal, sendo assim havendo sempre
disparidades de taxas de qualquer imposto para com os cidadão e com diferentes
países no mundo, mesmo que estas sejam relativamente baixo.
De acordo com FABRETI, (2000) o Estado busca mais recursos na sociedade, de
outra parte, o contribuinte procura proteger-se através de acções no Judiciárias,
realizando planeamento tributário ou praticando a sonegação fiscal.
No âmbito deste duele Cidadão-Estado, HUCK, (1997) conclui que a evasão e elisão
fiscal são fenómenos sociais que coexistem com a figura do imposto, não importando
o grau de desenvolvimento económico ou cultural do povo, pois o objectivo de
sempre pagar menos impostos é uma constante na sociedade, mesmo sabendo que
embora existam outras fontes de receitas tributárias, o Estado busca mais recursos na
sociedade.
2.3. Literatura Focalizada
De acordo com o Ministério das Finanças Moçambique tem uma taxa de
crescimento das receitas fiscais anuais desde 2008 avaliadas em cerca de 18.5%
facto que é considerado favorável, embora continua ainda abaixo de 50% (GIAMBI,
2009).
Moçambique nos últimos anos tem mantido uma taxa de 19.5% de crescimento na
cobrança de imposto, com uma taxa de 5% de crescimento económico anual,
coincidindo com a taxa de crescimento da economia dos países Africanos (LUANA,
2011).
Nos últimos anos Moçambique regista progressos significativos na colecta de receitas
fiscais galvanizados pelo crescimento do sector informal e de políticas fiscais justas e
transparentes que obedecendo padrões legais da Comunidade Para o Desenvolvimento
da África Austral (SADC), as receitas fiscais representaram, no período de 1999 a
2013, cerca de 86% do total das receitas internas do país, constituindo, no entanto,
menos de metade do Orçamento do Estado (VARSANO et al, 2005).
O crescimento das receitas fiscais como proporção das despesas do Estado e do PIB
constitui pois um dos principais desafios que o país enfrenta, como forma de garantir
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento das receitas
fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
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uma maior capacidade doméstica de financiar o seu desenvolvimento, por essa via, de
expansão das receitas internas a longo prazo (CASTEL-BRANCO et al, 2008).
A política orçamental em Moçambique continua a ter como objectivo o
fortalecimento da arrecadação das receitas, invertendo os estabilizadores automáticos
(transferências de rendimentos e impostos induzidos (SCHENONE, 2004).
Este pensamento entra em unanimidade com a teoria da tributação que sugere o
aumento de receitas para financiar as despesas públicas, bens para os quais a procura
é menos sensível ao aumento de preços adequam se melhor como base de tributação
(OSSEMANE, 1999).
A maior parte da actualidade do orçamento geral do Estado é financiada com base nas
receitas fiscais, com uma percentagem de 80.6% (KUEGLER, 2009).
Para Mosca (2010), nos últimos anos o Orçamento Geral do Estado (OGE) tem - se
mostrado robusto por um lado devido o contributo das mais-valias canalizadas por
mega projectos que operam na área mineral e do próprio desempenho das finanças
públicas.
2.3.1. Sistema Tributário Moçambicano
Segundo IBRAIMO (2002), mesmo antes da chegada dos portugueses já existia o
imposto em Moçambique e era pago em forma de roupa, gado, escravos e outros bens.
Mas uma das principais evidências da existência do imposto em Moçambique, foi
com o surgimento dos prazos da Zambézia, em que utilizou o tributo tradicional pela
primeira vez.
Segundo CARLOS SERRA, (2000) o sistema tributário moçambicano conheceu três
grandes reformas desde a sua existência até aos nossos dias.
2.3.2. Período à data de Independência
Segundo IBRAIMO (2002), nesta época vigorava um sistema tributário adequado aos
objectivos do Estado que estava dimensionado as necessidades orçamentais deste
mesmo Estado. Para tal, estava organizado um sistema administrativo adequado e
dotado de pessoal apropriado, convenientemente treinado. Era um sistema fiscal com
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uma legislação complexa e quase inacessível à grande maioria dos contribuintes, e
não respeitava os princípios de justiça social onde todos deviam pagar impostos
independentemente da sua condição social e financeira.
De acordo com IBRAIMO (2002), Moçambique era uma ilha de Portugal, ou seja,
Moçambique era um Estado com sede em Portugal onde toda a maquina admiistrativa
ear supervisionado por Portugal com um orçamento que integrava as receitas por um
lado e as despesas por outro lado. Neste caso havia sempre uma necessidade de os
gastos corresponder as despesas, onde a despesa corrente como compra de
equipamentos, pagamentos de salarios aos trabalhadores de raca branca, havia uma
tabela de receitas correntes alimentada em 80% pelas receitas fiscais. O conjunto das
receitas destes impostos equilibrava o orçamento corrente do Estado Português em
Moçambique.
Para IBRAIMO (2002), os impostos indirectos por exemplo como o imposto de
consumo e direitos aduaneiros, tinham algumas taxas proteccionistas para a
importação de produtos que aparentemente eram de exportacao, taxas mais pesadas
para outros produtos considerados essenciais para consumo da população, mas que
beneficiavam se de taxas aduaneiras preferenciais, quando importadas de certos
países.
O sistema fiscal á data da independência caracterizava-se por:
Um sistema concebido e dimensionado de acordo com a política do Estado e
suficiente para fazer face à correspondente tabela de despesas;
O nível de receitas era suficiente para fazer face às despesas de funcionamento do
seu aparelho administrativo;
O conjunto de pequenas taxas e impostos de nível local ou regional cujas
características e fim a que as receitas se destinavam - despesas das instituições
locais e autónomas - estavam em perfeita consonância com a forma de
organização administrativa e eram dotados de processos orçamentais que
permitiam estipular as cobranças;
2.3.3.Período após a Independência
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fiscais. Caso do Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
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Após a independência ocorreram várias reformas no sistema fiscal moçambicano
criadas pelo facto de haver a necessidade de criar receitas internas e deixar de ser
dependente de outros paises. Apesar de Moçambique nessa altura o seu sistema
tributário estar assemelhado aos outros paises em via de desenvolvimento, mas essas
semelhaças não era boas, havendo nessecidades de reajustamento fiscal (IBRAIMO,
1997).
a) Reforma fiscal de 1978
Segundo IBRAIMO, (2002), após a independência nacional, havia uma grande
desparidade no sistema tributario mocambicano em relacao aos outros paises do
mundo e da regiao austral, acompanhado da fraca máquina da administração fiscal,
por outro lado o abandono das unidades produtivas industriais logo apois a
proclamação da independência nacional originou grande queda da producao industrial
e tendo culminado com fraca ou insenta contribuicao fiscal em Mocambique.
As pequenas empresas privadas que continuaram a operar mesmo depois de muitas
industrias terem sido abandonadas pelos proprietarios como: Dionísio Almeida, Casa
Coimbra, Vidreiras que ainda produziam lucros tinham contabilistas mais
competentes em relação aos funcionários dos impostos pelo que, o controle do fisco
passou a ser quase inexistente. E, não havendo lucros logo não existiam dividendos e,
consequentemente, não haveria imposto de aplicação de capitais.
Na Resolução 5/1977 da Assembleia Popular definiram-se princípios fundamentais a
observar no sistema tributário, fixando taxas progressivas e outras medidas que
visavam realizar os objectivos de justiça social. Foi periodo que os impostos
adoptados se enquadrassem na política orçamental do país, assentes em objectivos
mais gerais da política económica então preconizada e fazendo desta forma com que
os impostos estivessem ao serviço de um “Estado preocupado com a solução dos
problemas sociais tais como o bem-estar do povo e a defesa da soberania na nação
Moçambicana.”
Em linhas gerais esta reforma tinaha como objectivos:
A simplificacao do processo de contribuição do sistema fiscal;
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Aumentar o volume de receitas internas através do alargamento da base
tributária.
Desenvolver um quadro fiscal que integre o sector privado nacional.
b) Reforma Fiscal de 1987 (PRE).
Em 1987 criou-se um programa designado por PRE (Programa de Reabilitação
económica) com o objectivo de fazer um reajustamento total e completa da economia
nacional face as debilidades económicas que se verificavam ligados a formação de
preços, (IBRAIMO, 2002).
O sistema tributário definido na Lei 3/1987 integrava impostos directos e indirectos.
A tributação directa dos rendimentos era feita com base no seguinte sistema de
impostos.
Os objectivos da reforma foram:
Promover a justiça social
Simplificar o processo de capitação do rendimento das empresas;
Manter a contribuição industrial, com origem sobreos lucros comerciais;
Imposto predial autárquico,
Imposto sobre o Rendimento do Trabalho – Secção A, incidente sobre as
remunerações do trabalho;
Imposto sobre o Rendimento do Trabalho – Secção B, incidente sobre o valor da
produção das cooperativas de produção e das explorações individuais agrícolas,
silvícolas ou pecuárias de pequena dimensão;
Imposto Complementar, incidente sobre o rendimento global de pessoas
singulares e sobre os rendimentos de capital;
Contribuição Predial, incidente sobre os rendimentos prediais;
A tributação indirecta, que integrava os impostos sobre as despesas, com base no
seguinte sistema de impostos: Imposto sobre valor acrescentado, que incide sobre o
valor das transmissões de bens e prestações de serviços realizados no País;
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Imposto sobre Consumos Específicos, tidos como produtos de luxo;
Imposto especial sobre combustíveis, que incide sobre qualquer combustível
comercializado no território nacional.
c) Reforma fiscal de 2002
Segundo IBRAIMO (2002), em 26 de Junho a Assembleia da República aprovou a
Lei 15/2002 em substituição da Lei 3/1987. Esta reforma fiscal iniciou com a
introdução do IVA em 1998 e a alteração do Imposto de Consumo em Imposto de
Consumo Especifico, tinha como objectivos:
O alargamento da base tributária;
A redução da carga fiscal no conjunto da tributação directa;
O aumento no nível de receitas fiscais;
A simplificação de procedimentos;
A modernização do sistema de impostos; e
A racionalização do sistema de benefícios fiscais.
Sistema tributário de Moçambique passou a integrar impostos nacionais e autárquicos.
Os impostos autárquicos passaram a ser definidos em Lei própria. De acordo com a
nova Lei de Bases, os impostos do sistema tributário nacional, classificam-se em
impostos directos e impostos indirectos, nomeadamente:
Bilhetes de despacho de importações passados em forma legais, na posse do
sujeito passivo;
Imposto de Consumo de Produtos Específicos – ICE: é um imposto indirecto
que incide sobre determinados bens, considerados de luxo produzidos ou
importados em território nacional ou estrangeiro;
Direitos Aduaneiros: também um imposto indirecto que incide sobre as
mercadorias importadas e exportadas nos termos estabelecidos na pauta aduaneira
e as taxas nelas previstas.
Como forma legislativa de harmonizar o sector informal, onde prevê se aspecto como
contratos que demonstrem claramente as obrigações e direitos das partes, onde a
matéria colectável torna-se tributável, foi criado o imposto simplificado para
pequenos contribuintes com base na Lei nº5/2009 de 12 de Janeiro que considera este
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sector uma parcela significativa da actividade económica em Moçambique, pelo que,
atrair os informais para o sistema tributário constituirá um avanço significativo para o
Fisco no que respeita ao alargamento da base tributária, potenciando dessa forma a
capacidade de colecta de receita. Segundo o INE (2009), um dos sinais do
reconhecimento da importância do sector informal na economia nacional, pelo
governo, é apresentação de uma legislação que abrange os operadores do sector
informal que é o Imposto simplificado para Pequenos Contribuintes (ISPC) com o
objectivo de:
Reduzir os custos de cumprimento das obrigações tributárias por parte destes
contribuintes;
Diminuir os custos de fiscalização e controlo de pequenos contribuintes por parte
da Administração Tributária, através da simplificação das obrigações declarativas
e contabilísticas;
Promover a passagem para o sector formal dos sujeitos passivos que operam no
sector informal.
Antes da criação do imposto simplificado dos pequenos contribuintes estes sujeitos
detinham de enormes vantagens tais como:
A não pagamento de uma taxa que corresponde ao volume de negócio que
praticam;
Quem opta por pagar ISPC, no primeiro ano benefecia-se de uma redução de
50%.
Não sofriam a dupla tributação antes da inserção do ISPC;
Pagavam apenas uma taxa mensal que variava de 135 a 900 meticais de
acordo com a grandeza do espaço ocupado na área municipal.
A taxa paga era destinada ao conselho municipal e não a direção da área fiscal
de Vilankulo.
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CAPÍTULO III: ABORDAGEM METODOLÓGICA
3.1. Descrição da área de estudo
O distrito de Vilankulo fica situado a Norte da província de Inhambane, tendo como
limites a Norte com o distrito de Inhassoro, a Sul com o distrito de Massinga, a
Oeste com os distritos de Mabote e Funhalouro e a Este com o Oceano Índico
(MAE, 2007), vide em anexo 3.
De acordo com os resultados do III Censo da População e Habitação, o distrito tem
135.710 habitantes, dos quais 74.436 habitantes, corresponde a população feminina,
representando 54,8% e os restantes homens. Esta população encontra-se distribuída
em cinco Localidade, sendo a Localidade Sede com maior número de habitantes (com
62.807). (PEDD, 2011).
A população é jovem (42%, abaixo dos 15 anos de idade), maioritariamente
feminina, a matriz rural (taxa de urbanização de 18%). Das 21.590 famílias do
distrito, a maioria é do tipo sociológico alargado (42%), isto é, com um ou mais
parentes para além de filhos e têm, em média, três a cinco membros (PEDD, 2011).
O clima do distrito é dominado por zonas do tipo tropical seco, no interior, e
húmido, à medida que se caminha para a costa, com duas estações: a quente ou
chuvosa que vai de Outubro a Março e a fresca ou seca de Abril a Setembro. A zona
litoral, com solos acidentados e permeáveis, é favorável para a agricultura e
pecuária, a área total do distrito é de 585 mil hectares, dos quais 185 mil hectares
são ocupados por floresta e áreas não aproveitadas (MAE, 2007).
3.2. Economia e serviços
3.2.1. Agricultura
Dos 585 mil hectares do distrito, estima-se em 250 mil hectares o seu potencial de
terra arável (cerca de metade da área total) estando ocupados pelo sector familiar
agrícola cerca de 35 mil hectares. De um modo geral, a agricultura é praticada
manualmente em pequenas explorações familiares em regime de consociação de
culturas com base em variedades locais, nomeadamente o milho, o amendoim, o
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feijão-nhemba, a mapira, a mexoeira, a mandioca, a batata-doce (MAE, 2007).
Dada a composição alargada da maioria dos agregados moçambicanos, a estrutura
de exploração agrícola do distrito reflecte a base da economia familiar, constatando-
se que 85% das explorações são cultivadas por três ou mais membros do agregado
familiar. Estas explorações estão divididas em cerca de 60 mil parcelas, 80% com
menos de meio hectare e exploradas em 60% dos casos por mulheres. De realçar que
20% do total de agricultores são crianças menores de 10 anos de idade, de ambos os
sexos (MAE, 2007).
3.2.2. Pecuária e avicultura
A pecuária ocupa cerca de 30 mil hectares, estando a restante parte do distrito
ocupada por florestas, exploração mineira ou zonas não aproveitadas.
Comparativamente aos outros distritos, Vilankulo possui uma densidade
populacional significativa, que aliada à procura externa ao distrito de terrenos, tem
dado origem a alguns conflitos sobre a posse da terra.
No distrito existem cerca de 13 mil criadores de pecuária e 25 mil de avicultura, a
maior parte em regime familiar. O distrito aponta para uma estrutura de
comercialização da produção que varia de 1% nos bovinos a 7% nos caprinos
constituindo, para além do seu valor alimentar, uma fonte importante de rendimento
familiar (MAE, 2007).
3.2.3. Indústria e Turismo
A indústria local é muito pouco desenvolvida, sendo a actividade artesanal em
vários ofícios uma alternativa imediata à actividade agrícola, ou prolongamento da
sua actividade. A comercialização agrícola é fraca e, das 147 lojas existentes no
distrito, só 117 estão operacionais (MAE, 2007).
Para além das belas praias da costa continental, o distrito está na zona de influência
do Arquipélago de Bazaruto, o Parque Nacional mais famoso de Moçambique, cuja
exploração integrada com os objectivos de desenvolvimento da região, pode
proporcionar a este distrito uma importante alavanca para o crescimento da indústria
do turismo (MAE, 2007).
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3.2.4. Produção não agrícola
Constitui igualmente fonte importante de rendimento da população do distrito.
Deriva essencialmente, da venda de madeira, lenha, caniço e carvão, bem como da
actividade pesqueira e artesanal, efectuado num conjunto de centenas de
explorações económicas (MAE, 2007).
3.2.5. Explorações mineiras
As exportações do gás de Pande e Temane iniciaram em Fevereiro de 2004. Este
empreendimento constitui para a região, uma plataforma de desenvolvimento
importantíssima que, se devidamente integrada, poderá conduzir ao rápido
desenvolvimento económico e social de toda a província de Inhambane. A área de
Pande e Temane, onde a Sasol tem direitos de exploração, é de 16.500 km2, e
abrange os distritos de Govuro, Mabote, Inhassoro, Vilankulo, Funhalouro e
Massinga (MAE, 2007).
3.2.6. Tipo de pesquisa
Dado que o objectivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas
mediante o empregue de procedimentos científicos” (Gil, 2006). O mesmo autor vai
mais adiante ao afirmar que há vários critérios de classificação da pesquisa mediante
o problema em causa nomeadamente:
a) Pesquisa Exploratória – que tem como objectivo primordial proporcionar maior
familiaridade com o problema em causa, mostrando alguns aspectos que têm certa
relevância para um estudo. Por exemplo, o aprofundamento e a contribuição do
Sector Informal através da aplicação do imposto cujo impacto poderá ter para a
sociedade em geral.
b) Pesquisa Explicativa – a preocupação na identificação dos factores que
determinam ou contribuem para que o ISPC ao ser aplicado no sector informal
possa trazer benefícios para o Estado e para a Sociedade no geral.
c) Pesquisa Descritiva – tem como objectivo descrever as características do ISPC e
sua relação com as variáveis existentes, utilizando técnicas padronizadas como
por exemplo os questionários e as entrevistas.
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Para materializar o trabalho foi aplicado uma pesquisa descritiva, pelo facto de
permitir a descrição das características de determinada população ou fenómeno, tendo
como a principal vantagem a sua capacidade de sintetizar os dados, descrevendo
apenas variáveis de interesse fornecidas por uma amostra de dados (GIL, 2002).
3.2.7. Quanto aos procedimentos técnicos
Para este caso, recorreu-se as seguintes pesquisa: bibliográfica, levantamento e estudo
de campo, pelo facto de a primeira ser desenvolvida com base em material já
elaborado constituído principalmente de livros e artigos científicos e textos retirados
da internet; a segunda pelo facto de interrogação directa das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer, procede se á solicitação de informações a um
grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida,
mediante análise quantitativa, obterem se as conclusões correspondentes aos dados
colectados e a última procura o aprofundamento de uma realidade especifica, por
meio de observação directa das actividade do grupo estudado e dos inquéritos e
entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações do que ocorre
naquela realidade (GIL, 2002).
A pesquisa de campo deve merecer grande atenção, pois devem ser indicados os
critérios de escolha da amostragem, a forma pela qual serão colectados os dados e os
critérios de análise dos dados obtidos (AVENTURA 2002,p.79).
a) Levantamento:
É a interrogação directa das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
Procede-se a solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do
problema em estudo para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se
conclusões correspondentes aos dados colectados. Quanto o levantamento recolhe
informações de todos os integrantes do universo, pesquisando, tem-se um censo (Gil,
2008).
Foi com recurso a esta técnica que tive uma interacção facial com os contribuintes do
ISPC para juntos colher as percepções acerca do seu envolvimento no pagamento
deste imposto.
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b) Estudo do campo
Procura o aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por
meio da observação directa das actividades do grupo estudado e de questionário com
informantes para captar as explicações e as interpretações do que ocorre naquela
realidade (Gil, 2008).
Com base nesta técnica visitou-se as actividades desenvolvidas por contribuintes do
ISPC.
3.2.8. Amostragem
As pesquisas abrangem um universo de elementos tão grande que se torna impossível
considerá-los em sua totalidade, por essa razão, nos estudos é muito frequente
trabalhar com uma pequena parte dos elementos que compõe o universo (GIL, 2006).
Para a pesquisa usou se a amostragem não-probabilística por (conveniência), ou
acessibilidade em alguns mercados escolhidos onde foram questionados alguns
contribuintes do ISPC, pelo facto de consistir em seleccionar um subgrupo da
população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerada
representativa de toda população, tendo como a principal vantagem os baixos custos
da sua selecção (GIL, 2006)
Por conveniência, ser uma técnica de amostragem não probabilística, pois fica ao
critério do entrevistador, sem o mínimo de controlo, disponibilidade e acessibilidade
dos inquiridos. Uma evolução desta técnica ocorre quando; entrevistador selecciona
algumas pessoas que considera representativas de uma população, e esta técnica leva
o nome de amostragem por julgamento (BENITEZ, 2005).
Neste contexto para definir como e onde obter dados que visam responder o problema
de estudo recorreu-se a direcção da área fiscal de Vilankulo (DAF) com o propósito
de obter informação certa, onde com base no questionário, questiou-se os funcionários
daquela área fiscal acerca de todos os impostos colectados e em particular do imposto
simplificado dos pequenos contribuintes (ISPC) á volta de todos os procedimentos do
seu pagamento, a partir das percentagens aplicadas para ISPC, período de
pagamentos, mecanismos necessários para se tornar contribuinte do ISPC,
dificuldades enfrentadas no âmbito da sua colecta e depois com base na informação
Análise do imposto simplifica para pequenos contribuintes no incremento das receitas
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fornecida pela mesma instituição, com ajuda de ferramentas informáticas
nomeadamente Excel, Word seguiu-se a fase do seu processamento até que se
chegasse a conclusão. Recorreu-se a este método por que pretende-se fazer análise das
receitas fiscais no período em estudo.
Através da informação acima referenciada de total dos contribuintes do ISPC no
município da vila de Vilankulo que é de1568, delimitou-se o tamanho de amostra
avaliado em 78 contribuintes.
Segundo princípios de MACUCULE e MATAKALA (1998), relatam que quando a
população for menor ou igual a 100 unidades usa-se uma intensidade de amostragem
de 15%, se for maior que 100 até 500, usa-se 10% e se for superior a 500, a
intensidade a usar deve ser de 5%, logo:
n = N * P
Onde: n = Tamanho de amostra; N = Total de contribuintes do ISPC; P = percentagem
a usar (intensidade de amostragem), portanto: n = 1568 * 0.05 = 78.4 ≈ 78
contribuintes ou sujeitos passivos de ISPC.
3.2.9. Técnicas de Colecta de Dados
a) Consulta documental
A consulta documental é desenvolvida a partir de material já estabelecido, constituído
principalmente de livros, artigos científicos. A principal vantagem desta pesquisa
reside no facto de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenómeno
muito ampla (Gil, 2006).
A técnica consistiu na leitura de artigos científicos, revistas, teses de Mestrado, e
licenciatura alguns deles retirados da internet e foi possível recolher informação
quantitativa nos relatórios de DAF inerente ao tema.
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b) Observação Directa
A observação directa consistiu na participação real do conhecimento na vida da
comunidade, grupo ou de uma determinada situação. Neste caso, o observador assume
pelo menos até um certo ponto, o papel de um membro do grupo (Gil, 2006).
Como principal interesse deste método, foi recolher o máximo de informações e
mesmo intuições pessoais que permitiram conhecer as taxas pagas pelos contribuintes
do ISPC estabelecido no sistema fiscal de Moçambique e validar informações dadas
nas entrevistas.
Ainda com recurso a este método tornou-se possível manter um contacto facial com
os contribuintes do ISPC para além de ver as actividades por estes desenvolvidos, os
tipos de construções onde operam para melhor permitir a confrontação das
explicações por estes fornecidos e com as teorias do desenvolvimento económico que
dizem: o crescimento económico deve ser acompanhado do desenvolvimento
económico ou simplismente mudança no padrão de vida das populações.
c) Entrevistas semi-estruturadas
A entrevista semi-estruturada envolve duas pessoas numa situação “face a face” em
que uma delas formula questões e a outra responde tendo a vantagem de permitir o
contacto entre o investigador e os interlocutores e possibilitando, dessa forma, que o
investigador retire das entrevistas informações e elementos de reflexão muito ricos e
variado (GIL, 2002).
As entrevistas encorajam a comunicação bilateral e dão oportunidade de conhecer as
razões para as respostas fornecidas, assuntos sensíveis podem ser facilmente
discutidos e ajudam os investigadores a estarem mais familiarizados com os membros
das comunidades (MATAKALA, 1999).
Para a materialização da técnica de colecta de dados acima foi realizada nas
propriedades, directamente com os contribuintes do ISPC em Vilankulo, utilizando-se
um formulário com perguntas fechadas e abertas, apresentadas de forma clara e
objectiva, este questionário era composto por 17 perguntas com o objectivo de
procurar auscultar dos contribuintes do ISPC sobre o nível de participação ou
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contribuição nas receitas fiscais, problemas, desejos que estes contribuintes esperam
alcançar sobretudo no desenvolvimentos das suas actividades económicas com o
pagamento do ISPC a nível do município da vila de Vilankulo, em especial, vide em
apêndice 2.
d) Descrição e análise de dados
Para análise de dados, usou se o método quantitativo, pois caracteriza-se pelo
emprego da quantificação tanto nas modalidades de colecta de informações quanto no
tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais complexas como
taxas, e as mais simples como média, percentagens, tabelas, gráficos (LACKATOS &
MARIANA 2010).
Baseando-se nessa abordagem teórica, após o levantamento de campo, os dados foram
codificados com base nos formulários dos questionários e foram tabulados usando o
pacote estatístico Excel 2007, os resultados permitiram a determinação da evolução de
taxas evolução dos contribuintes do ISPC, construção de tabelas e gráficos, e foi
através dos mesmos que tirou se conclusões relativas ao nível contribuição do ISPC
nas receitas fiscais no município da vila de Vilankulo.
e) Limitação do Estudo
O trabalho apresentou como limitantes a falta de dados completo referentes ao
primeiro ano da inserção do imposto simplificado dos pequenos contribuintes devido
ainda a não percepção dos contribuintes e a fraca colectânea de artigos bibliográficos
relacionados com o tema, no panorama moçambicano e ao nível da província de
Inhambane.
Uma outra grande limitação surgiu pelo facto de os contribuintes do ISPC se
recusarem a responder as questões que eram colocados no momento da pesquisa,
sobretudo mulheres alegando que isso não lhes trazia benefícios. Para os contribuintes
do ISPC de nacionalidade Nigeriana, Tanzaniana, Somaliana, sobretudo estrangeiros
também se recusaram a responder as questões, apontando como principal causa a
língua que não entendiam, facto que não constituía a verdade, simplesmente recorriam
a este facto para proteger a informação relativa a impostos.
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Para obtenção de dados fidedignos considerou-se apenas aqueles que foram
fornecidos pela Direcção da Área Fiscal de Vilankulo (DAF) e de contribuintes do
ISPC que se mostraram firmes para colaborar na materialização deste estudo.
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CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo, procura-se apresentar os resultados e a sua discussão à volta dos
critérios e mecanismos de funcionamento do ISPC, as linhas mestres de pagamento
deste imposto fornecidas pela DAF de Vilankulo e do impacto do ISPC na geração de
renda dos contribuintes, perspectivas de alargamento de suas actividades comerciais
ou simplesmente desejos por alcançar a curto, médio e longo prazo de ambas as partes
do modo a tornar as finanças públicas um verdadeiro pilar para o financiamento da
despesa pública e promover o crescimento e desenvolvimento económico almejado no
país, na província e até no distrito. Mas antes importa a descrição das características
dos contribuintes e tipos de actividades desenvolvidas.
4.1. Características dos pequenos contribuintes por tipo de actividade;
O processo de caracterização dos pequenos contribuintes no Município da Vila de
Vilankulo neste subtítulo baseou-se na estrutura de faixas etárias e sexo, com o
objectivo de descrever as suas características gerais.
Tabela1: Divisão Etária e por Sexo dos contribuintes do ISPC.
Idade Frequência Homens% Mulheres%
18-25 8 7 2
25-35 20 18 5
35-45 30 15 10
45-em diante 20 17 4
Total 78 57 21
Percentagem 100 73 27
Fonte: Autor, através de dados colhidos no campo.
Com base na tabela um (1), a cima nota-se que dos 78 inqueridos 73% são homens e
apenas 27% são mulheres, este número bastante reduzido de mulheres na actividade
comercial é explicado pelo facto de em muitos dos casos esta actividade comercial ser
considerada pesada por que exige uma grande dinámica no trabalho durante todo dia,
e complicada, visto que ocupa quase na totalidade do seu tempo e não dando espaço
para realização de outras actividades como cuidar da própria família, continuar com
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os estudos, sendo assim optam em dedicar se á outras actividades como agricultura
por considerarem uma actividade praticada por mulheres e crianças.
A idade predominante é dos 45 anos em diante justificada de certo modo pela sua
larga experiencia e determinação, segundo raciocínio de alguns contribuintes do
ISPC, uma vez que consideram haver muitos riscos no negócio.
A larga experiência que é aqui referenciada diz respeito ao facto de grande parte
destes contribuintes segundo eles terem operado em muitas actividades comerciais
diferentes e em diferntes locais ou regiões do espaço geográfico nacional, até que
estejam a operar no municípiuo de Vilankulo.
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Tabela 2: Estrutura de divisão de actividades dos contribuintes.
ANO VENDAS
Produtos
alimentares
Produtos
de limpeza
Prestação
de serviços
Eletrodo
Mésticos
Vestuário Ferragem Diversos Combustíveis
lenhosos
Total
2009 60 33 26 51 38 13 27 21 269
2010 73 38 40 50 45 16 54 10 326
2011 80 69 60 78 93 22 82 58 542
2012 30 33 23 28 47 19 23 18 221
2013 34 26 15 17 40 14 54 10 210
Total 277 199 164 224 263 84 240 117 1568
Fonte: Autor, através de dados colhidos no campo de pesquisa.
De acordo com a tabela dois (2) nota-se que dos 1.568 contribuintes do ISPC,
correspondentes em toda serie temporal, estes se encontram divididos por ramos de
actividades. Sendo que, em 2009 tinham sido cadastrados 269; 326 em 2010; 542 em 2011;
221 em 2012 e 210 em 2013.
Estes números todos de contribuintes encontravam-se divididos em função de actividade que
cada um deles pratica, nomeadamente: venda de produtos alimentares, limpeza,
electrodomésticos, vestuários, ferragem, venda de diversos, e venda de combustíveis
lenhosos.
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Grafico1: Taxas de crescimento de contribuintes do ISPC
Fonte: Autor, com base nos dados da pesquisa
Como mostra o gráfico um (1) acima, referente a entrada de novos contribuintes do ISPC é
notório que as taxas de crescimento têm uma tendência crescente ao longo dos três primeiros
anos, esta situação foi caracterizada por feiras de sensibilização sobre matéria de educação
fiscal com o lema: Todos juntos fazemos Moçambique. E nos dois últimos anos da série
temporal em análise verificou-se um crescimento a taxas negativas sobretudo a partir do ano
de 2011 a 2012, este decréscimo na entrada de novos contribuintes do ISPC foi caracterizado
segundo o senhor Dinis técnico da direcção da área fiscal de Vilankulo (DAF), pela falta de
brigadas móveis de sensibilização contínua destes sujeitos passivos em matéria de educação
fiscal sobre o pagamento e popularização de imposto.
De outro lado grande parte dos contribuintes de ISPC possui um grau de escolaridade muito
baixo, sendo assim não entendendo a importância do imposto, optam em repartir os seus
empreendimentos em pequenas parcelas de negócios para melhor se escapar ao fisco e não
mais serem contribuintes do ISPC passando apenas a pagar taxas fixas que variam de 135 a
270mtn.
De acordo com WATTY, (2002) na sua obra intitulada”introdução ao direito fiscal” as taxas
de cadastro de novos contribuintes só poderão ser encorajadoras quando em Moçambique os
contribuintes entenderem a importância do pagamento do imposto.
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No entanto, a experiência mostra que, com frequência, a falta de transparência, a captura
pelas elites e a cobrança coerciva de impostos é o que medeia a relação entre os cidadãos e os
governos locais, em vez da confiança e da responsabilidade, que modo geral ajudaria na
relação Estado-cidadão no que concerne a percepção da importancia do impoto.
Diante do exposto no gráfico acima referido pode se concluir que a rigidez dos cidadãos no
pagamento de imposto como um dever cívico na relação Estado-cidadão reduz a inserção de
novos contribuintes e consequentemente baixa nas receitas fiscais locais.
Ainda nos dois últimos anos as taxas de crescimento referentes a entrada e permanência dos
contribuintes do ISPC tenderam a decrescer, este facto deveu-se a tensão política que assolou
o país nos últimos anos que dificultava a circulação de pessoas, bens e serviços, uma vez que
os contribuintes do imposto simplificado para pequenos contribuintes no município da vila de
Vilankulo operam no sector comercial e adquirem seus produtos nos diferentes lugares do
país e até mesmo fora do espaço geográfico nacional como África do sul, norte, centro e sul
localmente, obrigando estes na sua maioria a fechar seus estabelecimentos comerciais.
Está informação foi avançada pelos próprios contribuintes e tendo sido segundo eles um dos
motivos que desincentivou a permanência no sector comercial e optar por procurar outras
fontes de renda como venda de combustíveis lenhosos, pesca entre outras actividades.
De acordo com TEODORO, (2004) as diferenças políticas em Moçambique trazem um
avanço retardado no que concerne ao bom ambiente de negócio e em particular para
Município da Vila de Vilankulo, para além de que Vilankulo é um Distrito que se encontra
numa zona costeira, onde seu acesso é apenas permitido por uma via, dificultando deste modo
a saída para outras zonas em caso de conflitos armados.
4.2.Em relação a taxas pagas no Município de Vilankulo
Em relação as taxas, os contribuintes do ISPC afirmaram que para além da taxa normal anual
de 75000,00mt, equivalente a 3% paga de três em três meses como contribuintes do regime
do ISPC, paga-se ainda ao conselho municipal uma taxa de 270 meticais corresponde a
ocupação do espaço na área municipal. A condição sin quanon para se tornar contribuinte do
ISPC é posuir um volume de negócio anual não inferior e nem superior a 2.500.000,00mt.
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Esta taxa de 270 meticais foi uniformizada com o valor pago por simples vendedores de
bancas fixas que não são contribuintes do imposto simplificado dos pequenos contribuintes
na hipótese de equilibrar as taxas municipais para reduzir processos burocráticos e evitar
possíveis revoltas principalmente dos contribuintes do ISPC.
4.3. Percepção dos contribuintes em relação ao pagamento de imposto no Município de
Vilankulo.
Depois de colher o sentimento dos contribuintes do ISPC no Município da Vila de Vilankulo
verificou-se que muitos operadores económicos informais possuem níveis maiores de
resistência quanto ao pagamento de impostos, associado a isto as condições colocadas nos
mercados pelo município, sendo asim sentem se obrigados a pagar imposto para garantir a
sua permanência nos mercados. Mas nem todos contribuintes tem mesmo pensamento sobre o
pagamento de imposto como é o caso do Sr. Raul Jossias Chissico entre outros que afirmaram
em unanimidade que pagar imposto é para eles uma missão única para contribuir no
crescimento da economia nacional e foram mais longe ao dizer que gostariam que outros
fossem como eles. Estes contribuintes fazem parte dos que já estão a muito tempo na
actividade comercial que tem consciência de quanto é importante o pagamento deste imposto,
não obstante aos outros contribuintes principalmente recém cadastrados que alegam não ter
condição para o pagamento do imposto e sentirem desvantagem em paga- ló.
4.4. Metas, cobranças e o grau de realização anuais provenientes dos pequenos
contribuintes da Vila Municipal de Vilankulo.
A estrutura de cobranças, metas e grau de realização anuais nesta secção foi possível a sua
determinação com base nos dados secundários fornecidos pela direcção da área fiscal de
Vilankulo, entretanto foi preciso um esforço adicional para confirmação dos mesmos,
tratando se de etapa mais importante no exercício de cobrança de impostos em todos os anos.
A realização é o sucesso de cada exercício fiscal, sendo este um espelho do que terá sido um
ano fiscal, por isso a sua determinação requer muito a aplicação total de recursos humanos
para evitar possíveis erros e posteriores falsas interpretações de informação.
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Tabela 3:Mapa de evolução do ISPC dos anos de 2009 a 2013 referentes a metas, receitas e
grau de realização em mil meticais
Ano Meta (M) Cobrança (C) Grau Real (%)
2009 - 136.931,71
100
2010 55.940,00 421.700 753,84
2011 448.210,00 812.790,00 181,34
2012 1.195.120,00 1.054.740,00 88,25
2013 1.206.590,00 1.427.040,00 118,27
Fonte: autor, com base nos dados da pesquisa.
De acordo com a tabela três (3), acima referente as metas, cobranças e grau de realização ao
longo de toda série temporal em análise é notória a existência de anos de cumprimento e
incumprimento de metas previstos nos planos da direção da área fiscal de Vilankulo, para
além de que há uma tendência crescente do nível de cobrança de receitas fiscais como mostra
o grau de realização.
Para o primeiro ano tal como mostra a tabela houve um grau de realização em 100%, este
facto segundo técnicos afectos ao sector do cadastro e ISPC que foram unânimes em afirmar
que foi caracterizado pelo bom ambiente de negócio verificado pelos contribuintes, intensas
campanhas e feiras promovidas pela autoridade tributária de Moçambique sobre matéria de
educação fiscal no âmbito da inserção do ISPC, demanda massiva dos bens e serviços
fornecidos pelos sujeitos passivos do ISPC, entrada em grande escala dos turistas estrangeiros
e nacionais no distrito de Vilankulo.
Com base na informação do campo fornecida pelos próprios contribuintes do ISPC a nível da
vila municipal de Vilankulo consideraram este primeiro ano como período fértil, já que neste
primeiro ano de inserção do ISPC, as autoridades municipais não cobravam a taxa referente a
ocupação do espaço na área municipal equivalente a 270 mtn, para além de que quem opta
pelo ISPC no primeiro ano é beneficiado por uma redução de 50% no seu volume de venda
anual, tendo sido deixado esta para os anos subsequentes, cobrando apenas a taxa real de 3%.
Em todos os anos, excepto 2012 a direcção da área fiscal de Vilankulo conseguiu superar as
metas previstas devido ao envolvimento massivo dos funcionários na prática de actividades
relacionadas com sensibilização da população acerca da importância do pagamento de
imposto, criação de brigadas móveis, criação de planos de encorajamento sobre benefícios
fiscais de ambas partes.
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Em 2012 a direcção da área fiscal de Vilankulo deparou-se com um grave problema ligado a
problemas mecânicos de viaturas usadas no deslocamento para desenvolvimento de
campanhas juntos dos contribuintes e nas reuniões com outras direcções fiscais para troca de
experiências.
Diante de todos estes problemas a direcção área fiscal de Vilankulo viu-se obrigado a não
cumprir com as metas previstas.
Esta situação de problemas frequentes nas finanças públicas moçambicanas entra em
concordância com o estudo feito pela autora MERY DEIZE at al (2008), segundo a qual o
Estado depara-se com uma forte carência de recursos derivada do fraco desenvolvimento
económico do país, da prática da evasão fiscal por parte de alguns agentes económicos e da
ineficiência da administração na cobrança de impostos. Consequentemente, o estado depende
fortemente da ajuda externa para poder realizar uma parte substancial das suas despesas.
Num outro desenvolvimento Hodges & Tibana (2003), afirmam que trata-se da exiguidade
dos recursos públicos de Moçambique e da sua base tributária extremamente débil e
dependente da ajuda externa e cerca de 800 mil moçambicanos em idade economicamente
adulta pagam impostos directos.
4.5. Contribuição do ISPC nas receitas totais do município da vila de Vilankulo;
Nesta secção apresentou-se os principais impostos colectados na Vila Municipal de Vilankulo
e os seus reflexos nas receitas anuais em toda série temporal em análise para melhor perceber
a sua evolução bem como o próprio desempenho dentro da máquina administrativa fiscal.
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Tabela 4: Principais impostos colectados na vila municipal de Vilankulo entre 2009 e 2013.
Fonte: Autor, com base nos dados da pesquisa do campo
Ano IRPC IRPS IVA IS ISV JM IDE SISA ISPC TOTAL
2009 3.943.319,30
21.109.097,37 42.844.117,83
2.941.560,16
468.407,90
404.469,08
16.000,00
1.634.680
136.931,71
73.498.583,35
2010 4.708.216
26.557.413,46
52.267.361,25
4.165.920,30
489.374,39
1.385.388,17
3.000,00
566,51
421.703,86
8.999.8943,89
2011 11.499.119,19
30.422.774,63
58.849.793,59
2120.792,62
217.474,84
571.896,10
147.814,30
147.240,00
812.786,32
10.478.9691,59
2012 9.518.332,04
24.503.617,32
70.728.465,22
1.984.978,02
149.336,13
513.407,34
18.619,66
26.500,36
1.054.743,76
104.789.691,59
2013 9.269.030,30
25.284.390,92
74.533.525,85
379.481,70
219.532,84
535.194,98
4.245.509,07
1.416.400,00
1.427.040,90
117.310.106,5
Análise do imposto simplificado para pequenos contribuintes no incremento das receitas fiscais.
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A tabela quatro (4) acima monstra os principais impostos e as respectivas receitas coletados
na vila municipal de Vilankulo numa série temporal compreendida entre 2009 e 2013. De
acordo com informação fornecida pelos responsáveis de cadastro e ISPC os impostos que
mais receitas fornecem são o imposto sobre rendimento de pessoas colectivas (IRPC),
imposto sobre rendimento de pessoas singulares (IRPS), e imposto sobre valor acrescentado
(IVA) tidos como base ou mais influentes das receitas anuais.
Nesta tabela verifica-se ainda que no ano de 2009 a direção da área fiscal de Vilankulo
conseguiu um total de 73.498.583,35 e 89.998.943,89 em 2010; 104.789.691,59 em 2011;
104.789.691,59 em 2012; 117.310.106,5 em mil meticais no final do ano fiscal ou de cada
exercício fiscal.
Tabela 5: Contribuição percentual anual do ISPC nas receitas totais anuais.
Fonte: (Autor, com base nos dados da pesquisa do campo,2014).
A tabela cinco (5), acima ilustra a contribuição anual percentual do ISPC nas receitas totais
de todos os impostos que foram colectados pela direcção da área fiscal de Vilankulo no
período compreendido entre 2009 e 2013. Sendo assim, no ano de 2009 o ISPC contribuiu
com uma percentagem de 0,19%; 0,47% em 2010; 0,78% em 2011; 0,97% em 2012; e 1,21%
em 2013.
Para todo o período em análise o ISPC produziu receitas correspondentes a 3.853.206,55 mil
meticais. Portanto, em média contribuiu em todo período em cerca de 770.641,31 mil
meticais correspondente a 20%.
Portanto essas taxas meramente menores são devidas a fraca participação dos sujeitos
passivos na relação Estado-cidadãos fortes sobretudo nos municípios ou governos locais. Este
modo de participação entra em concordância com o pensamento de Alm e Martinez (2001) na
Ano ISPC Contribuição do ISPC (%) Média
2009 136. 931,71 0,19%
2010 421.703,86 0,47%
2011 812.786,32 0,78%
2012 1.054.743,76 0,97%
2013 1.427.040,90 1,21% M=770.641,31MT
TOTAL 3.853.206,55mt 20%
Análise do imposto simplificado para pequenos contribuintes no incremento das receitas fiscais.
Estudo de caso: Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
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sua obra sobre normas e instituições da sociedade dizendo que a forma como os governos
locais tributam os seus cidadãos é fundamental para criar ligações permanentes entre o
Estado e os seus cidadãos, estes autores foram mais longe ao dizer que a não observação
deste principio cria uma dependência estrutural dos governos locais nas transferências do
governo central ou de doações.
Para, (Mello et al. 2003) esta dependência, normalmente é associada a uma falta de
manutenção da disciplina fiscal pelos governos locais, o que é considerado, nas finanças
públicas, como um „soft budget constraint’ que permite aos governos locais expandirem as
suas despesas sem, contudo, assumirem os custos e riscos económicos e políticos do
desequilíbrio fiscal crescente.
Para o Banco Mundial (BM) a ausência de reformas regulares fiscais reguladoras no país
conduz á baixas receitas fiscais, visto que a política fiscal e o sistema tributário moçambicano
evoluiu muito pouco.
De acordo com, (WEMER, at al. 2012) mostra que uma das insuficiências das receitas fiscais
em Moçambique é a sua muito baixa arrecadação.
4.6. Dificuldades enfrentados no processo de colecta do ISPC no município da Vila de
Vilankulo.
De acordo com as entrevistas conduzidas no terreno aos funcionários da área fiscal de
Vilankulo e juntos dos seus contribuintes verificou-se como principais dificuldades o
encerramento de muitas barracas sem comunicar a Administração fiscal por um lado e por
outro a falta de documentos de identificação.
O uso da tecnologia de pontra no sistema informático exige uma capacitação permanetnte
dos técnicos das direções fiscais em Moçambique.
Um outro constrangimento está relacionado com as taxas elevadas, a complexidade dos
procedimentos para o pagamento, os quais obrigam a que os contribuintes suportem custos
elevados decorrentes maioritariamente do tempo necessário para se proceder ao pagamento.
A falta de brigadas móveis e viaturas para de três em três meses uma equipa da área fiscal
de Vilankulo se fazer ao terreno para proceder as devidas cobranças, uma vez que os
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Estudo de caso: Município da Vila de Vilankulo (2009-2013) 2015
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contribuintes do ISPC que tem suas residências longe do posto de cobrança foram
oferecidos essa oportunidade. Contudo esta actividade segundo Dinis técnico afecto neste
posto de cobrança afirmou não ser fácil uma vez que a autoridade tributária de Moçambique
desenvolveu esse plano de favorecer contribuintes que se localizem longe da área fiscal,
mas sem criar postos de cobrança específicos para contribuintes registados no regime do
ISPC.
Afirmou ainda que nos últimos anos a AT registou uma afluência significativa de novos
contribuintes no regime do ISPC, contribuintes esses que têm vindo a usar os mesmo postos
de cobrança que os contribuintes registados no regime “contabilidade organizada” e de
“sistema normal” do IVA.
Segundo a AT (20011), existe um sentimento geral de que grande parte dos constrangimentos
que se verificam no processo do pagamento dos impostos tem a ver com o facto de os
contribuintes procederem aos pagamentos apenas nos últimos dias dos prazos concedidos
para tal, provocando este facto um aglomerado de pessoas e longas horas de espera para o
respectivo atendimento.
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CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusão
Do trabalho de pesquisa realizado, que procurava analisar o imposto simplificado para
pequenos contribuintes no incremento das receitas fiscais na vila de Vilankulo, depreende-
se que quase todos os contribuintes do ISPC operam na actividade comercial ou
simplesmente comércio, a actividade contribui substancialmente para o incremento das
receitas fiscais, a mesma é mais praticada por homens que não encontram o emprego no
sector formal e as mulheres dedicam-se a outras actividades de geração de renda. O sistema
de colecta de impostos nos munícipes moçambicanos vai ao encontro dos mecanismos
descritos para arrecadação de receitas fiscais em todo território nacional.
A pesquisa mostrou ainda que há falta de brigadas móveis permanentes e contínuas para
fazer a sensibilização de todos sujeitos passivos para cumprir com as suas obrigações
fiscais. Um outro aspecto encontrado ao longo da pesquisa e revelado pelos dados da
mesma é o facto de apesar de existência de maior número de contribuintes cadastrado no
sector de ISPC, não implicar necessariamente a sua maior contribuição como pode ser visto
na direção da área fiscal de Vilankulo que tem 1568 mas com taxas muito menores de
contribuição fiscal nomeadamente 0,19%; 0,47%;0,78%; 0,97%; e 1,21% em representação
anual de cada uma dessas taxas.
Em geral a inserção do ISPC no sistema tributário moçambicano trouxe de algum modo
uma afluência significativa dos contribuintes registados no regime de ISPC, mas continua
longe de alcançar o seu macro objectivo de alargar a base tributária e reduzir a dependência
externa e interna do orçamento geral do Estado (OGE) para financiar a despesa pública.
Este facto entra em paralelo com os resultados verificados na pesquisa sobre o imposto
simplificado para pequenos contribuintes no município da vila de Vilankulo que mostraram
3.853.206,55 mil meticais para todo período em análise (2009 a 2013) e 770.641,31 em
média corresponde a 20% valores numéricos extremamente menores.
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5.1. Recomendações
Depois de algumas constatações indicadas na conclusão importa agora deixar algumas
recomendações para melhor ajudar nos procedimentos e organização na colecta de receitas
fiscais em Moçambique, principalmente para direcção da área fiscal de Vilankulo, localizada
no Município do mesmo nome, eis as recomendações:
Criação de brigadas móveis e desenvolvimento de feiras constantes e permanentes para
fazer face a sensibilização dos contribuintes em matéria de educação fiscal.
Capacitação contínua dos funcionários da direção da área fiscal de Vilankulo.
Criação de postos de cobrança específicos para contribuintes do ISPC.
Extensão do prazo de pagamento quando o último dia coincide com fim-de-semana e
feriados.
Intensificação dos mecanismos de pagamento junto dos estabelecimentos comerciais.
Redução dos procedimentos burocráticos para o cadastro de novos contribuintes como
forma de incentivo.
O governo local deve melhorar as condições dos mercados para reduzir a ira dos
contribuintes ou pagantes do imposto e garantir que estes sejam auscultados quando
possuir uma preocupação, no sentido de criar uma boa relação Estado-cidadãos fortes.
Análise do imposto simplificado para pequenos contribuintes no incremento das receitas fiscais.
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I
Apêndice 1: Guião de entrevista dirigido aos funcionários da Direcção da Área Fiscal de
Vilankulo
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
Escola Superior de Desenvolvimento Rural
Departamento de Sociologia Rural
QUESTINÁRIO DIRRIGIDO AOS FUNCINÁRIOS DA ÁREA FISCAL DE
VILANKULO
Número total dos contribuintes do ISPC de cada ano no município (2009-2013
Receitas totais de cada ano de todos impostos colectados no município (2009-2013);
Receitas do ISPC de cada ano (2009-2013);
Metas e grau de realização anuais de colectas de ISPC (2009-2013);
Para os anos que não se atingiu as metas previstas quais terão sido as possíveis razões
e no caso contrário de alcançar ou superar?
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------.
No processo de colecta do ISPC quais são as dificuldades enfrentadas pela instituição
junto aos seus contribuintes?
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
---------.
A direção da área fiscal de Vilankulo possui brigadas móveis de sensibilização dos
contribuintes em matéria de educação fiscal?
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
---------.
Quais são os impostos que são considerados básicos na arrecadação de receitas
fiscais?
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
---------.
Existe alguma realização específica conseguida com base nas receitas do ISPC? Qual?
II
Apêndice 2: Questionário dirigido aos contribuintes do ISPC do Município de Vilankulo.
UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
Escola Superior de Desenvolvimento Rural
Departamento de Sociologia Rural
QUESTIONÁRIO AOS OPERADORES ECONÓMICOS INFORMAIS OU
CONTRIBUINTES DO ISPC NO MUNICIPIO DA VILA DE VILANKULO.
1. Nome:_______________________________________________________________
___
2. Sexo:______________________________
3. Idade:_____________________________
4. Grau de escolaridade:
Primária Incompleta
Primária completa
Secundária Geral
Médio Superior
5. Que motivações encontram nesta actividade?
6. Quais os benefícios desta actividade e que dificuldades encontram nesta actividade?
7. Frequentemente onde adquire seus produtos?
Na Africa do sul ()
Na Província de Maputo ()
Na Cidade da Maxixe ()
III
Localmente ()
8. O fornecedor emite factura no acto de compra?
Sim ()
Não ()
O fornecedor tem um estabelecimento comercial fixo?
Sim ()
Não ()
9. O seu negócio está licenciado?
10. Paga alguma taxa fixa ou diária ao conselho Municipal. Se sim:
Quem faz as cobranças?
Paga quanto? E de quanto em quanto tempo?
A taxa que paga é fixa?
11. Tem NUIT? Paga algum imposto? Qual?
12. Está satisfeito com o ISPC?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____.
13. Quais as vantagens que o ISPC lhe dá? E as desvantagens?
IV
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____.
14. O seu negócio melhorou desde que começou a pagar imposto ou não? Se sim, o que
melhorou? Se não o aconteceu?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_______.
15. Quais as dificuldades encontradas no imposto?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____.
16. Que gostaria que fosse feito por Estado ou Governo local para melhorar o sector
informal?
_____________________________________________________________________
_________
V
Anexo1: Modelo do ISPC (M/01S)
Declaração de registo ou alterações de dados de NUIT de pessoas singulares.
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