View
219
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
estudando oEVANGELHO
À Luz do Espiritismo
*
Martins Peralva
SUMÁRIO
Estudemos o Evangelho .................................... 11
Introdução ........................................................ 13
1 Na pregação ..................................................... 19
2 No esforço evolutivo ...................................... 25
3 Renovação ........................................................ 29
4 O filho do homem ........................................... 33
5 O cristão e o mundo ........................................ 39
6 A mulher e o lar (I) .......................................... 43
7 A mulher e o lar (II) ........................................ 47
8 A primeira escola ............................................. 51
9 Reencarnação e Espiritismo ............................ 55
10 Contentar-se .................................................... 61
11 Reencarnação e Evangelho .............................. 65
12 Convivência ..................................................... 69
13 Reencarnação e família ................................... 73
14 Advertência ...................................................... 77
15 Reencarnação e reajuste .................................. 81
16 Riqueza ............................................................ 85
17 Reencarnação e resgate .................................... 89
18 Pobreza ............................................................. 93
19 Reencarnação e cultura ................................... 99
20 Perdão .............................................................. 105
21 Reencarnação e progresso ............................... 111
22 Vigilância ......................................................... 115
23 Jesus e Deus (I) ................................................ 121
24 Jesus e Deus (II) .............................................. 125
25 Jesus e Deus (III) ............................................. 129
26 Reconciliação ................................................... 133
27 O Cristo vitorioso ............................................ 137
28 Ante o futuro ................................................... 143
29 Mocidade e evolução ....................................... 147
30 Livre-arbítrio ................................................... 151
31 Mocidade e Evangelho .................................... 155
32 A escolha é livre .............................................. 159
33 Mocidade e trabalho ....................................... 163
34 Razão e fé ......................................................... 167
35 Mocidade e ambiente ...................................... 173
36 Eclipse, não ...................................................... 177
37 Mocidade e renúncia ....................................... 183
38 A força do exemplo ........................................ 187
39 Guardar ........................................................... 191
40 Cristo e Lázaro (I) .......................................... 195
41 Cristo e Lázaro (II) .......................................... 199
42 Cristo e Lázaro (III) ......................................... 203
43 Cristo e Lázaro (IV) ......................................... 207
44 Discernimento ................................................ 211
45 Estudo e trabalho ............................................ 215
46 Libertação ........................................................ 219
47 Liberdade cristã (I) ......................................... 223
48 Liberdade cristã (II) ........................................ 227
49 Liberdade cristã (III) ....................................... 231
50 Inferno ............................................................. 235
51 Ovelha perdida ............................................... 239
52 Céu ................................................................... 243
53 Tesouro oculto ................................................. 247
54 Inovações ......................................................... 251
55 Jesus em Betânia (I) ........................................ 257
56 Jesus em Betânia (II) ....................................... 261
57 Jesus em Betânia (III) ...................................... 265
58 A grande esperança ......................................... 269
Conclusão ........................................................ 273
“Mas eu vos digo a verdade: Convém a vós outros que
eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para
vós; se, porém, eu for, eu o enviarei.
Tenho ainda muito que vos dizer; mas vós não o podeis
suportar agora; quando vier, porém, o Espírito da Verdade,
ele vos guiará a toda a verdade.”
JESUS
“As palavras de Jesus não passarão, porque serão ver-
dadei ras em todos os tempos. Será eterno o seu código
moral, porque consagra as condições do bem que conduz o
homem ao seu des tino eterno.”
ALLAN KARDEC
“A passagem de Jesus pela Terra, os seus ensinamentos
e exemplos deixaram traços indeléveis, e a sua influência se
estenderá pelos séculos vindouros. Ainda hoje Ele preside
aos destinos do globo em que viveu, amou, sofreu.”
LÉON DENIS
“Irradiemos os recursos do amor, através de quantos
nos cruzam a senda, para que a nossa atitude se converta em
testemunho do Cristo, distribuindo com os outros consola-
ção e esperança, serenidade e fé.”
BEZERRA DE MENEZES
“O Espiritismo, sem Evangelho, pode alcançar as me-
lhores expressões de nobreza, mas não passará de atividade
destinada a modificar-se ou desaparecer, como todos os ele-
mentos transi tórios do mundo.”
EMMANUEL
“Para cooperar com o Cristo, é imprescindível sintoni-
zar a estação de nossa vida com o seu Evangelho Redentor.”
ANDRÉ LUIZ
Aprimoramento do raciocínio, na Terra, é base da evo-
lução de que os povos se glorificam.
A escola, definida como sendo a cultura do cérebro,
desde o alfabeto à especialização acadêmica, é o cérebro
da cultura. Especulações religiosas, realizações científicas,
preceitos filosó ficos e experiências artísticas devem-lhe os
fundamentos.
Tudo o que brilha nas construções da inteligência é
fruto do estudo.
Colombo foi o descobridor da América; entretanto,
não alcançou o próprio destino sem os apontamentos de
Perestrello.
Newton enunciou os conhecimentos da atração uni-
versal, mas inspirou-se nos princípios de Kepler.
Helen Keller, cuja alma de escola angariou o respeito da
humanidade, não venceu as sombras que lhe envolviam o
campo dos sentidos sem o concurso da professora que a
seguiu, passo a passo.
ESTUDEMOS O EVANGELHO
12
ESTUDANDO O EVANGELHO
Assim também, no burilamento da alma.
É indispensável conhecer o bem, para que os ensina-
mentos do bem nos aperfeiçoem a vida íntima.
Nós, os espíritas vinculados com Allan Kardec ao
Cristia nismo puro, não podemos prescindir do contato
com o divino Mestre, através das lições com que nos dirige
a renovação para as esferas superiores.
Estudemos, pois, o Evangelho.
É o apelo que formulamos no limiar deste livro que
con substancia o valioso esforço do companheiro que o pro-
duziu nas lavras luminosas da inspiração.
E qual aconteceu em nossas primeiras páginas de
comen tários simples da Boa Nova,1 aqui repetimos, com o
apóstolo Pedro,2 que “nenhuma palavra da Escritura é de
interpre tação particular”.
EMMANUEL
(Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier.)
1 Caminho, verdade e vida. 2 II PEDRO, 1:20.
O objetivo que nos levou em 1957 — Ano do Cen-
tenário — à elaboração do Estudando a mediunidade, que
mereceu confortadora acolhida dos nossos estimados con-
frades, inspi ra-nos também, agora, neste novo trabalho:
Estudando o evangelho: à luz do Espiritismo.
Esse objetivo é o de servir, com sinceridade e amor, à
causa do Evangelho e do Espiritismo.
Cristianismo e Espiritismo nos têm enriquecido e feli-
citado os dias da existência física, ensinando-nos o respeito
a Deus e aos nossos semelhantes, bem assim induzindo-nos
a amá-los, o que nos põe na condição de pessoa altamente
devedora, tanto a um, quanto ao outro.
Sentimos a necessidade de esclarecer aos companhei-
ros que, porventura, vierem a ler o Estudando o evangelho,
que lhes não comparecemos à presença na leviana atitude
de quem se julga em condições de explanar, exclusiva-
mente para outrem, as redentoras belezas da Boa Nova
do Reino.
INTRODUÇÃO
14
ESTUDANDO O EVANGELHO
Comparecemos, sim, envergando, conscientemente,
o esfar rapado uniforme de nossa indigência espiritual —
muito maior, infinitamente maior do que as nossas limita-
ções materiais.
O mais correto, em verdade, seria afirmarmos que os
58 capítulos que constituem o livro, elaborados, alguns
deles, sob a cariciosa envolvência de almas delicadíssimas,
destinam-se, especial e primordialmente, a nós próprios.
É imprescindível ressaltar que, se nos falece o direito
de escrever sobre as verdades cristãs pensando, apenas, nos
outros, o que traduziria imensa vaidade e ridícula insen-
satez, assiste -nos, inegavelmente, o universal direito de es-
tudá-las e de co mentá-las, segundo o nosso entendimento.
De meditar e escre ver em torno delas, visando a convertê-
-las, sobretudo, em ali mento para a nossa alma ansiosa por
evoluir.
Conforme se deduz do título — Estudando o evangelho:
à luz do Espiritismo —, os temas por nós apreciados trazem,
como não podia deixar de ser, a marca de nossa abençoada
Doutrina Espírita.
Doutrina de esclarecimento — que tem sido luz em
nosso caminho.
Doutrina de redenção — que nos tem amparado a
fragi lidade.
Doutrina de renovação — que nos tem apontado ru-
mos mais certos, reajustando-nos, convenientemente.
Em cada frase, em cada conceito, pobremente expos-
tos, reconhecemos, encontrar-se-á, assim o desejamos,
15
INTRODUÇÃO
aquela subs tância doutrinária que torna mais grandiosa a
personalidade augusta de nosso Senhor Jesus Cristo.
Que torna mais claros os seus ensinos.
Mais compreensivas as suas palavras.
Mais límpidas as suas lições.
Evidentemente, em sã consciência ninguém hoje pode
con testar, o pensamento evangélico permaneceu oculto du-
rante longos séculos à humanidade inteira.
Na melhor das hipóteses, esteve ele sensivelmen-
te adulte rado desde os inesquecíveis dias da “Casa do
Caminho”, nos arredores de Jerusalém, quando os primei-
ros e legítimos her deiros do Evangelho o transformavam
em ação e trabalho.
Transubstanciavam-no em ajuda e socorro, a favor dos
filhos do sofrimento.
Era necessário, portanto, ressuscitá-lo.
Restabelecer-lhe o vigor e a beleza.
Restaurar-lhe a grandeza divina, para que o Cristo não
continuasse na limitada condição de chefe de religiões, mas
sim como bênção de luz, sublime e universal, na experiên-
cia evolutiva de cada ser.
A missão, por assim dizer ressurrecional, coube ao
Espiri tismo.
E ele a vem realizando, com dignidade e nobreza, com efi-
ciência e galhardia, sem trair o mandato honroso que o próprio
Cristo lhe outorgou, na promessa do Consolador que viria.
A cortina que escondia o fulgor do Evangelho, esmaeci-
do havia dezessete séculos, começou a ser afastada logo após
16
ESTUDANDO O EVANGELHO
os memoráveis dias da Codificação, quando Allan Kardec, o
excelso missionário, estabeleceu, na França de Flammarion
e Victor Hugo, os fundamentos da Doutrina, os alicerces,
científi cos e filosóficos, que nenhum temporal haveria de
abalar, jamais, porque construídos sobre a rocha da lógica e
com a argamassa do bom senso.
Encarnados e desencarnados, notadamente estes últi-
mos, harmonizaram esforços neste sentido, em magníficos
e isócro nos movimentos divulgadores.
Médiuns abnegados surgiram em toda parte, fertilizan-
do a terra, canalizando para o mundo, vitalizada e sublime,
a pala vra do Mestre de Nazaré.
O Filho de Maria voltava ao seio da humanidade.
Retornava ao convívio dos homens, para lhes recordar
as lições de simplicidade e amor.
Reencontrava as ovelhas tresmalhadas, que se haviam
dis tanciado, invigilantes, do aprisco.
As portas dos céus se abriram, amplas e generosas, a
fim de que, por elas, jorrassem mensagens de luz que iriam
concitar as criaturas ao esclarecimento superior, à própria
edificação íntima.
Renasceram, no coração dos homens, esperanças que
se afiguravam mortas.
Nos recantos mais escondidos da alma humana as
semen tes da fraternidade recuperaram a primitiva seiva,
romperam a terra agreste, acolheram o beijo do Sol e a
carícia das chuvas, transformaram-se em árvores frutes-
centes.
17
INTRODUÇÃO
Refloriram, numa primavera de luz e cores, os car-
valhos da indulgência, que o obscurantismo houvera
estiolado.
Cristalina e pura, fluiu dos mananciais do Infinito, das
nascentes cósmicas, a água que sacia por toda a eternidade.
A mesma linfa que o Mestre ofertara à mulher samari-
tana, quando descansava à borda do poço de Jacó, no suave
cre púsculo de Sicar: “Deus é Espírito; e importa que os seus
adoradores o adorem em Espírito e Verdade”.
Secundado o esforço da Espiritualidade maior, ou,
certa mente, executando-lhe o programa, inúmeros compa-
nheiros, ainda envergando a libré física, grafaram, em livros
e artigos, valiosos conceitos, notáveis interpretações que
constituem, ainda hoje, bálsamo para as horas de provação,
claridade para os mo mentos de sombra.
Bezerra de Menezes, Bittencourt Sampaio, Sayão, Viana
de Carvalho, Leopoldo Cirne, M. Quintão, Cairbar Schutel
e tantos outros, legaram à literatura evangélica do Espiritis-
mo o fruto de seus fecundos labores, na esfera da pregação
escrita e falada.
A vida desses obreiros, que têm sido inspiração e estí-
mulo para os atuais servidores do abençoado Santuário de
Ismael; o devotamento de suas almas; a exuberância de suas
virtudes e a firmeza de suas convicções permanecem inolvi-
dáveis na me mória da família espírita brasileira, por mensa-
gem viva que o tempo, as incompreensões e os sucessos não
conseguiram apagar.
18
ESTUDANDO O EVANGELHO
Não há tempo, melhor ou pior, para a divulgação do
Evan gelho. Para que as suas luzes entrem por cima dos te-
lhados, a fim de aquecerem os lares do mundo inteiro.
Não há tempo para que as suas clarinadas repercutam
nos montes e nos vales, nas praias e nos sítios distantes,
desper tando os homens para os embates da renovação e do
progresso com o Senhor.
Na atualidade, todavia, quando o nosso orbe queri-
do vive as tormentosas experiências que precedem, via de
regra, as grandes transições, o enaltecimento da figura do
Cristo, a di vulgação do seu Evangelho e a prática dos seus
ensinos repre sentam imperativo inadiável.
O Mestre continua sendo a maior — a mais sublime e
eterna realidade que o mundo conheceu até os nossos dias.
A sua palavra permanece.
Educando e salvando.
Confortando e soerguendo.
Renovando e iluminando para a imortalidade gloriosa.
Nos instantes de vida interior, permitidos pelas lutas
que se renovam dia a dia, volve o homem o olhar para o
futuro, cheio de esperança, na certeza de que a Terra conhe-
cerá dias melhores, quando vier a se inundar das sublimes
vibrações da Fraternidade Legítima.
O homem crê nesse futuro.
Nessa era de compreensão e paz entre as criaturas.
Por isso, luta e sofre, confia e espera...
Luta e sofre, confia e espera o advento de uma fase áu-
rea, rica de espiritualidade, com inteira ausência dos sen-
timentos inferiores que emolduram, indiscutivelmente, a
fisionomia do mundo atual.
Ausência do ódio — que provoca a guerra.
Ausência do orgulho — que favorece a prepotência.
Ausência do ciúme — que acende o fogo do desespero.
Ausência da inveja — que estimula a discórdia.
Ausência da ambição — que abre caminho à lou cura.
1NA PREGAÇÃO
“Onde anunciavam o Evangelho.”
20
ESTUDANDO O EVANGELHO
Esse mundo melhor não pertencerá, exclusivamente,
aos nossos filhos e netos, como asseguram os que creem,
apenas, na unicidade das existências.
Pertencerá a nós mesmos, às nossas individualidades
espirituais, empenhadas, hoje, na construção desse mun do
feliz.
Desse mundo onde o mal não terá acesso, onde não
haverá lugar para a sombra, porque o bem e a luz lhe serão
magnífica constante.
Pela reencarnação estaremos amanhã, de novo, no ce-
nário terrestre, aqui ou em qualquer parte, utilizando ou-
tros corpos, prosseguindo, destarte, experiências evolu tivas
iniciadas em remotos milênios.
Amanhã, na ceifa, colheremos o fruto do nosso plan tio
de hoje.
Assim como participáramos, ontem, de redentoras lu-
tas, que se ocultaram, momentaneamente esquecidas, na
poeira dos milênios, na atualidade estamos, igualmen te,
contribuindo para a edificação do porvir.
As conquistas de ordem material prosseguem, des-
lumbrantes, em ritmo acelerado.
Temos a certeza de que, pelo esforço da Ciência e pela
sublimidade da Arte, desfrutaremos, mais tarde, o bem-
-estar e o conforto, com absoluta exclusão do egoísmo.
No entanto, na atualidade, uma série de indagações
invadem o nosso Espírito.
De que valem imponentes cidades e pontes maravilho-
sas, interligando continentes; naves assombrosas, cru zando
21
NA PREGAÇÃO
o espaço em todas as direções, e soberbos em preendimen-
tos de Medicina, se, apesar de todo esse arrojo e toda
essa audácia do pensamento humano, con tinuamos, em
maioria, deficientes de espiritualidade?
Permanecemos, em verdade, mendigos de amor.
Indigentes de bondade.
Maltrapilhos de compreensão.
Estátuas vivas do egoísmo.
*
Com nosso Senhor Jesus Cristo teve início, na Terra, a
preparação espiritual da humanidade para os jubilosos dias
do futuro.
Depois dele, como legatários de valioso patrimônio,
espalharam-se os discípulos por toda parte, visitando cida-
des e aldeias.
Plenos de alegria, “anunciavam o Evangelho”...
Eram eles, já àquele tempo, os precursores, os pio neiros
da civilização do terceiro milênio, eis que o Evan gelho é, in-
sofismavelmente, a base, o alicerce, o funda mento, a pedra
angular dessa “Civilização-Luz” dessa “Civilização-Amor”
que o mundo conhecerá.
Não bastou, todavia, pregassem a Boa Nova da imor-
talidade durante o Cristianismo nascente.
Nem que derramassem o sangue generoso nos circos
romanos, os corpos dilacerados por leões africanos, em
holocausto ao sublime ideal do Cristianismo.
22
ESTUDANDO O EVANGELHO
Ideal sublime, contagiante, irresistível, envolvente...
Com o tempo, cessaram os martírios físicos, as se vícias,
o ultraje.
Os circos converteram-se em pó, os tiranos foram
esquecidos.
O serviço de expansão evangélica prossegue, con tudo.
E prosseguirá, séculos afora, edificando as bases do
mundo diferente, os alicerces do mundo melhor que dese-
jamos, pelo qual lutamos, no qual cremos, mas que não está
muito próximo, como alguns supõem.
Sem o conhecimento, e, principalmente, sem a assi-
milação evangélica, tão cedo não conhecerá o mundo dias
melhores.
A engenharia continuará levantando os mais belos
monumentos.
Multiplicar-se-ão as maravilhas do mundo.
Sublimar-se-ão as manifestações do pensamento e
da cultura acadêmica.
Mas, se o espírito do Cristianismo não for, realmen-
te, sentido e aplicado, o mundo de amanhã — o decantado
mundo do terceiro milênio — assemelhar-se-á a imensa ne-
crópole, com soberbos e glaciais sarcófagos.
Insensíveis, sem calor, sem vida...
Sepultura triste — guardando as cinzas da presunção
e da vaidade.
Urge, pois, seja o Evangelho intensamente anuncia do,
a fim de que o seu divino perfume aromatize as flo restas, os
campos, os mares profundos, os céus lon gínquos.
23
NA PREGAÇÃO
Não preconizamos, obviamente, o simples anúncio,
oral ou escrito.
O anúncio da tribuna, do jornal, do livro, apenas.
Referimo-nos, sobretudo, ao anúncio vivido, exempli-
ficado, capaz de contagiar, de converter, de transformar
quantos lhe sintam a influência dinâmica, renovadora.
Na passagem em estudo, ultrajados e incom-
preendi dos, os pegureiros do Cristianismo fugiam para
outras cidades, “onde anunciavam o Evangelho” com o
mesmo denodo, o mesmo entusiasmo, o mesmo idealismo,
a mesma perseverança.
Invencíveis, deixavam em suas pegadas luminosos
rastilhos.
A civilização do terceiro milênio ficará retardada se
cruzarmos os braços, se não espiritualizarmos as aquisi ções
humanas.
Será um agradável sonho, se não aliarmos a todas as
conquistas da Ciência o mais belo aspecto da vida, que é o
espiritual.
O mais notável monumento pode converter-se, num
instante, em escombro e cinza.
Mas o coração que, pela força do Evangelho, se ergue
para o Amor — é luz dentro da Eternidade, que nunca mais
se apagará...
Recommended