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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO
PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA - PDE/2012
Título: O gênero fábula: formação de leitores e resgate de valores morais e éticos
Autor Marli Aparecida de Oliveira Nita
Disciplina/Área (ingresso no
PDE)
Língua Portuguesa
Escola de Implementação
do Projeto e sua localização
Colégio Estadual David Carneiro Ensino
Fundamental, Médio e Normal - Guapirama Pr
Município da escola Guapirama
Núcleo Regional de
Educação
Ibaiti
Professor Orientador Me. Vera Maria Ramos Pinto
Instituição de Ensino
Superior
UENP - Jacarezinho
Relação Interdisciplinar
(indicar, caso haja, as
diferentes disciplinas
compreendidas no trabalho)
Resumo
(descrever a justificativa,
objetivos e metodologia
utilizada. A informação
deverá conter no máximo
1300 caracteres, ou 200
O Presente Projeto será implementado no Colégio
Estadual David Carneiro E.F.M.N. no 8º ano A do
Ens. Fund., no período da manhã.
Levado pelo questionamento na formação do caráter
e da conduta das crianças de um modo geral na sala
de aula,percebemos que há necessidade de inserir a
INTRODUÇÃO
“A leitura de mundo precede a leitura da palavra.” Essa frase de Paulo Freire
leva-nos à reflexão de que a leitura torna-se prazerosa quando associada à
experiência de vida do leitor. Ou seja, tendo, como pano de fundo, o contexto
sociocognitivo dos participantes da interação, leitor, texto e contexto.
Desse modo, uma leitura significativa é aquela que o leitor participa,
questiona e compartilha. Não basta ler é preciso compreender. Para Koch e Elias
(2010), a leitura de um texto exige muito mais que o simples conhecimento
linguístico compartilhado pelos interlocutores: o leitor é ,necessariamente, levado a
mobilizar uma série de estratégias, tanto de origem linguística como de ordem
palavras, fonte Arial ou
Times New Roman,
tamanho 12 e espaçamento
simples)
literatura na formação intelectual e moral dos
educando e escolhemos o gênero textual fábula
para esse fim. Pretendemos utilizar as fábulas como
alternativa metodológica que permite esclarecer de
forma agradável “uma verdade” a fim de ensinar,
além das estratégias de leitura das linhas e
entrelinhas de um texto, as virtudes aos alunos.Essa
unidade didática foi feita por meio de Sequência
Didática e teve embasamento em estudiosos do
interacionismo social,(Bakthin,2003) e
especialmente nos estudiosos desenvolvidos por
representantes do interacionismo sócio-discursivo de
Bronckart(1999) e pelos precursores da transposição
didática sobre os gêneros textuais em sala de aula
Dolz, Noverraz e Schneuwly(2004).
Palavras-chave ( 3 a 5
palavras)
Gênero fábula ; Sequência Didática; Leitura e
Produção
Formato do Material
Didático
Unidade Didática
cognitivo-discursiva,com o fim de levantar hipóteses, validando ou não as hipóteses
formuladas, preenchendo as lacunas que o texto apresenta, enfim, participando de
forma ativa da construção de sentidos.
De acordo com as autoras, espera-se que o leitor processe,
critique,descorde ou aceite a informação que está a sua frente e usufrua ou afaste
colocando em foco os seus conhecimentos, pois é , dessa forma, que o
aprimoramento da competência linguística do aluno acontecerá com maior
propriedade se lhe for dado conhecer, nas práticas de leituras, de escrita e
oralidade, o caráter dinâmico dos gêneros discursivos.
Ademais, o trânsito pelas diferentes esferas de comunicação possibilitará ao
educando uma inserção social mais produtiva no sentido de poder formular seu
próprio discurso e interferir na sociedade em que está inserido ( DCE , 2008).
Para Marcuschi (2002), já se tornou trivial a ideia de que os gêneros textuais
são fenômenos históricos , profundamente vinculados à vida cultural e social das
pessoas. Fruto de trabalho coletivo , os gêneros contribuem para ordenar e
estabilizar as atividades comunicativas do dia a dia . São entidades sócio discursivas
e formam a ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa.
No processo de leitura, o leitor reconstrói o texto, atribuindo-lhe a sua
significação. O texto não é estanque e por isso pode se falar em leituras possíveis.
Quanto mais contato com textos o leitor mantiver, isso o tornará um leitor maduro e
mais profunda a sua compreensão dos livros, das gentes e da vida
(GERALDI,1984).
Bakhtin(2003), diz que os gêneros são formas como os seres humanos se
interagem e a comunicação acontece. O autor assevera que todos os diversos
campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se
perfeitamente que o caráter e as formas desse uso sejam tão multiformes quanto os
campos da atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de
uma língua. O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais ou
escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo
da atividade humana.
Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada
referido campo não só por seu conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou
seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua, mas
acima de tudo, por sua construção composicional.
Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção
composicional – estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são
igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da
comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada
campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de
enunciados, os quais são denominados “gêneros textuais”
O gênero é um instrumento semiótico constituído de signos organizados de
maneira regular, este instrumento é complexo e compreende níveis diferentes ; é
por isso que o chamamos por vezes de “megainstrumentos” para dizer que se trata
de um conjunto articulado de instrumentos à moda de usina, mas,
fundamentalmente , trata-se de um instrumento que permite realizar uma ação numa
situação particular (DOLZ, E SCHNEUWLY,2004).
Conforme o que foi analisado sobre gêneros textuais , o professor de língua
portuguesa deve ancorar suas atividades em situações reais de uso, através de
práticas discursivas orais e escritas e oportunizar um ensino que vá ao encontro das
necessidades e que tenha sentido para a vida do estudante.
Como os gêneros são considerados instrumentos de ensino devem ser
utilizados nas atividades de leitura que levem o aluno a desenvolver competências
como identificar temas, ideia central, finalidade, argumentação, informações
principais e secundárias. “Os gêneros são tidos, pois, como as unidades concretas
nas quais devem dar-se o ensino” (BAKHTIN, 2003).
Para o ensino de gênero ,Dolz,Noverraz e Schneuwly (2004) sugerem o
modelo de trabalho em Sequências Didáticas. Esse procedimento tem caráter
modular e leva em conta tanto a oralidade como a escrita e tem como finalidade
proporcionar ao aluno um procedimento de realizar todas as tarefas para a produção
de um gênero.
Sendo assim, nesse projeto de intervenção apresentamos proposta de
Unidade Didática, cujos conteúdos serão organizados com base na proposta de
Sequência Didática (SD), doravante SD, elaborada por Dolz, Noverraz e Schneuwly
(2004).
Elaboramos SD com o gênero fábula para ser aplicada no Colégio Estadual
David Carneiro da cidade de Guapirama com alunos do 8º ano do Ensino
Fundamental, desenvolvendo de forma sistematizada, utilizando esse gênero,
atividades de leitura e escrita para instigar os alunos a lerem e a compreenderem
não só o que está explícito, mas principalmente o que está nas entrelinhas do texto.
A SD constitui-se uma ferramenta essencial para o trabalho pedagógico e foi
realizada pelos autores em etapas, que compreendem: apresentação da situação,
produção inicial, módulo, produção final.
2 ETAPAS DA SD (SEQUÊNCIA DIDÁTICA)
Produção inicial – Módulo I – Módulo 2 – Módulo 3 – Produção final .
I. Apresentação da produção: apresentar aos alunos o gênero escolhido para a
realização das atividades e esclarecer de maneira detalhada a tarefa de expressão
oral e escrita que irão realizar . A primeira tarefa é a produção inicial que pode
acontecer individualmente ou em grupo.
II. A primeira produção. Essa primeira fase das atividades propicia ao professor
avaliar as capacidades já adquiridas e rever as atividades e exercícios previstos na
sequência e ajustá-las de acordo com as dificuldades apresentadas pela turma.
III. Os problemas que aparecem na produção inicial devem ser trabalhados, nos
módulos, até que sejam superados. Podem ser vários módulos, até que se
encontrem preparados para a elaboração final do texto.
No terceiro módulo, o aluno já deve ter se apropriado do conhecimento sobre o
gênero em estudo e adquirido meios de observá-lo sob vários pontos de vista. Ele
pode elaborar seu glossário a respeito do gênero ou das atividades desenvolvidas. É
o momento de capitalizar todas as aquisições feitas ao longo dos outros módulos.
IV. Produção final . Na produção final, o aluno põe em prática, o que aprendeu
durante o desenvolvimento dos outros módulos. Em especial, após análise da
produção inicial. A avaliação, neste momento, é para cerificar-se do progresso do
aluno e tudo que ainda lhe falta para chegar a uma produção efetiva de seu texto
segundo o gênero pretendido.
Dessa forma, “... as Sequências Didáticas visam ao aperfeiçoamento das práticas de
escrita e de produção oral e estão principalmente centradas na aquisição de
procedimentos e de práticas” (DOLZ,NOVERRAZ ,SCHNEUWLY, 2004).
O GÊNERO FÁBULA
Para a implementação deste projeto de leitura escolhemos o gênero fábula e
para isto procuremos nos aprofundar do contexto histórico do gênero.
De acordo com o dicionário de gêneros textuais de Costa (2009) , o conceito
de fábula tem sua origem em Esopo(séc. VI a.C) e Fedro (séc.I d.C) e foi retomada
no classicismo francês, por La Fontaine. Trata-se de uma narrativa quase sempre
breve, em prosa ou , na maioria em verso, de ação não muito tensa,de grande
simplicidade e cujos personagens (muitas vezes animais irracionais que agem como
seres humanos) não são de grande complexidade.
Aponta sempre para uma conclusão ético-moral. É um gênero de grande
projeção pragmática por seu claro objetivo moralizador e de grande efeito
perlocutório, próprio dos textos narrativos, pois vai ao encontro dos hábitos, das
expectativas e das disponibilidades culturais do leitor. (COSTA,2009).
1 Apresentação do Gênero Fábula: (2 aulas)
Como já foi mencionado, o objeto de estudo é o gênero fábula. Pretende-se,
com esse estudo, desenvolver as habilidades de leitura, compreensão, interpretação
e produção de textos. Para o desenvolvimento dessas atividades, vamos seguir os
passos da Sequência Didática (SD).
a- Para uma melhor visualização e compreensão dos conteúdos expostos,
apresentamos algumas instruções:
• Colocar os alunos sentados em círculos para que possam ouvir e participar.
• Apresentar o projeto aos alunos explicando: qual é o gênero, que atividades
serão realizadas, quem é o destinatário da produção, que suporte será utilizado.
• Levá-los a perceber a importância dos conteúdos que vão ser trabalhados.
• Fazer com que os alunos percebam que com essas atividades ampliarão os
seus conhecimentos.
• Perguntar aos alunos se conhecem o gênero fábula.
• Levar algumas fábulas e ler com os alunos.
• Dizer aos alunos que só após conhecerem bem o gênero com atividades de
leitura, compreensão, interpretação é que vão produzir suas próprias fábulas.
• Ao término de todas as atividades modular, escrita e reescrita dos textos dos
alunos, as fábulas serão reunidas, encadernadas e distribuídas aos alunos com
cópias para o acervo da escola.
Para o encerramento das atividades, pretende-se fazer uma manhã com
apresentações como: danças, dramatização das fábulas, declamação das
fábulas em versos, e autógrafos. Isto com participação da direção,pedagogos,
professores, pais, alunos e comunidade.
Obs: Nesta etapa, o professor tem condições de avaliar as capacidades adquiridas
e as dificuldades que os alunos ainda apresentam, podendo dar sequência e
adequar as atividades e os exercícios com a realidade da turma.
b- Conversação (1 aula)
Neste momento, vamos dialogar sobre o gênero fábula.
O professor deverá perguntar aos alunos quais as fábulas que conhecem, se já
vivenciaram alguns ensinamentos trazidos pela moral. Se sabem o significado de
moral e de ética. Caso não saibam, propiciar essa informação a eles.
Moral: adj. 1.Relativo aos princípios do bem e do mal. 2. Bom; virtuoso
(Minidicionário Luft,20ª Ed., 2002).
Ética:s.f. Conjunto de regras e de valores ao qual se submetem os fatos e as ações
humanas, para apreciá-los e distingui-los; moral (Minidicionário Luft,20ª Ed., 2002).
Professor, esse é o momento para diagnosticar todo o conhecimento que o aluno
possui sobre o gênero.
c- Momento de leitura (2 aula)
Selecionar algumas fábulas e ler com os alunos.
O professor deverá, para esta atividade, colocar os alunos em círculo para que haja
uma melhor interação entre o professor e seus alunos .
Sugestões de fábulas para esta atividade:
• A cabra ,o cabrito e o lobo;
• A mosca e a formiguinha;
• O veado e a moita ;
• O pastor e o leão...
• A garça velha
• O gato vaidoso
• A raposa e as uvas
• A galinha de ovos de ouro
Obs: Estas fábulas estão no livro “Fábulas” do autor Monteiro Lobato.
Professor, durante a leitura das fábulas, comentar os ensinamentos que norteiam as
condutas sociais, baseado na moral.
2. Leitura,compreensão e interpretação (2 aulas)
Texto 1 : A coruja e a águia
Monteiro Lobato
A coruja e a águia, depois de muita briga, resolveram fazer as pazes.
― Basta de guerra ― disse a coruja.
― O mundo é grande, e tolice maior que o mundo é andarmos a comer os
filhos uma da outra.
― Perfeitamente ― respondeu a águia. ―Também eu não quero outra coisa.
― Neste caso combinemos isto: de ora em diante não comerás nunca os
meus filhotes.
― Muito bem. Mas como posso distinguir os teus filhotes?
― Coisa fácil. Sempre que encontrares uns borrachudos lindos, bem feitinhos
de corpo, alegres, cheios de uma graça especial que não existe em filhotes de
nenhuma outra ave, já sabes, são os meus.
― Está feito! ― concluiu a águia.
Dias depois, andando à caça, a águia encontrou um ninho com três
monstrengos dentro, que piavam de bico aberto.
― Horríveis bichos ― disse ela . ― Vê-se logo que não são os filhos da
coruja.
E comeu-os.
Mas eram os filhos da coruja. Ao regressar à toca, a triste mãe chorou
amargamente o desastre e foi ajustar com a rainha das aves.
― Que ? ― disse está, admirada. ― Eram teus filhos aqueles
monstrenguinhos? Pois olha, não se pareciam nada com o retrato que deles me
fizeste...
Para retrato de filho, ninguém acredite em pintor pai.
Lá diz o ditado: quem ama o feio, bonito lhe parece.
• Após ler o texto responda:
a- Quem são os personagens principais do texto?
b- Qual era o motivo da briga entre os personagens?
c- A coruja achava seus filhotes lindos, perfeitos. Por que, então, a águia não achou
a mesma coisa dos filhos da coruja?
d- A águia encontrou um ninho com os filhotes da coruja e comeu-os. Por que ela
não cumpriu o trato que havia feito com a coruja?
e- Na sua opinião, a águia deve ser punida por haver rompido o trato que fez com a
coruja? Por quê?
f- No antepenúltimo parágrafo, quando a águia diz “que?”
Este “que?” com ponto de interrogação está indicando:
( ) uma pergunta, uma indagação;
( ) um susto, um espanto, uma admiração.
g- Explique com suas palavras a frase “ Para retrato de filho, ninguém acredite
em pintor pai.”
h- Você concorda com o ditado “quem ama o feio, bonito lhe parece.” Explique
sua resposta.
i- Trabalhando a oralidade:
Solicitar aos alunos (em dupla) a reescrita da fábula A coruja e a águia dando lhe
um outro final. Depois cada dupla fará a leitura de seu texto para a classe.
Texto 2: A Queixa do Pavão (1 aula)
Esopo
O pavão veio queixar-se à deusa Juno. Queria saber por que razão o rouxinol
havia de cantar melhor que ele.
― Não te preocupes ― disse a deusa. ― Tu não sabes cantar. É certo, mas
tuas penas são tão formosas, cheias de olhos que parecem estrelas. Todos os
animais invejam a tua beleza.
Porém ao pavão não restava consolo .
― Não me interessa a beleza, mais valera saber cantar ― retrucou o pavão.
Ao que Juno retrucou irritada:
― Não podes querer ter de tudo. O rouxinol tem o canto, a águia tem a força
e tu tens a formosura. Segura tua língua tola e contenta-te com tuas dádivas.
Moral: Não discuta com a Natureza
VOCÊ SABIA?
Na verdade, sabemos muito pouco de Esopo, que parece ter levado uma vida muito
interessante no século VI antes de Cristo … Dizem que ele era muito feio,
deformado, e foi escravo. Talvez tenha nascido na África, porque muitos dos animais
que ele cita em suas fábulas são de origem africana.
Após a leitura, responda:
a-Que motivo levou o pavão a queixar-se?
b-A quem ele foi se queixar?
c- Por que a deusa Juno disse que não era para ele se preocupar?
d- Para você, o pavão tinha motivo para se preocupar? Explique sua resposta.
e- Que outra moral você daria a essa fábula?
Sugestões de atividades:
Texto O cão e o lobo (Dramatização) Adaptado de Monteiro Lobato. Fábulas. 29.
ed. S. Paulo , Brasiliense, 1981. p. 46
Personagens.(Duas): um ator vestido muito pobremente, em farrapos,
representando o lobo faminto; outro ator bem vestido, com jeito de feliz e bem
alimentado, representando o cão. Este último ator deve ter uma coleira bem vistosa
no pescoço.
Enriquecer o trabalho com vídeos como:
Vídeos “Aspiração à liberdade” O cão e o lobo e “ A cigarra e a formiga” –
releitura.
Estes vídeos estão disponíveis no site: www.youtube.com.br
Texto3: A cigarra e a formiga (2 aulas)
La Fontaine
Tendo a cigarra em cantigas
Folgado todo o verão,
Achou-se em penúria extrema
Na tormentosa estação.
Não lhe restando migalha
Que trincasse, a tagarela
Foi valer-se da formiga
Que morava perto dela.
Rogou-lhe que lhe emprestasse,
Pois tinha riqueza e brio,
Algum grão com que manter-se
Té voltar o aceso estio.
A formiga nunca empresta ,
nunca dá,por isso junta.
“No verão em que lidavas?”
À pedinte ela pergunta.
Responde a outra :”Eu cantava
Noite e dia, a toda hora.”
― ”Oh! Bravo!” ― torna a formiga ―
“Cantavas? Pois dança agora!”
Você Sabia?
Jean de La Fontaine nasceu na França, em 1621. Quase virou padre, e acabou
estudando Direito, mas o que ele fez durante toda a vida foi mesmo escrever
literatura! Quando fez 60 anos, resolveu trabalhar em suas fábulas, reescrevendo
em versos muitas das histórias de Esopo e de Fedro.
a- Esta fábula deixou a moral implícita, ou seja, não deixou escrito. Na sua
opinião, qual seria a moral desta fábula?
Professor, com esta fábula, pode-se trabalhar a entonação, ritmo, rimas e a estrutura
de poemas.
Texto: A cigarra e as formigas (2 aulas)
Monteiro Lobato
I - A FORMIGA BOA
Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé dum
formigueiro. Só parava quando cansadinha; e seu divertimento então era observar
as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos,
arrepiados, passavam o dia cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes
apuros, deliberou socorrer-se de alguém.
Manquitolando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro.
Bateu - tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada num xalinho de paina.
― Que quer? ― perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a
tossir.
― Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
― E que fez durante o bom tempo, que não construiu sua casa?
A cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.
― Eu cantava, bem sabe...
― Ah!... exclamou a formiga recordando-se. Era você então quem cantava
nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas?
― Isso mesmo, era eu...
― Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua
cantoria nos proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho.
Dizíamos sempre: que felicidade ter com vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga,
que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de
sol.
II- A FORMIGA MÁ
Já houve, entretanto, uma formiga má que não soube compreender a cigarra
e com dureza a repeliu de sua porta.
Foi isso na Europa, em pleno inverno, quando a neve recobria o mundo com
seu cruel manto de gelo.
A cigarra, como de costume, havia cantado sem parar o estio inteiro, e o
inverno veio encontrá-la desprovida de tudo, sem casa onde abrigar-se, nem
folhinhas que comece.
Desesperada, bateu à porta da formiga e implorou ― emprestado, notem! ―
uns miseráveis restos de comida. Pagaria com juros altos aquela comida de
empréstimo, logo que o tempo o permitisse.
Mas a formiga era uma usuária sem entranhas. Além disso, invejosa. Como
não soubesse cantar, tinha ódio à cigarra por vê-la querida de todos os seres.
― Que fazia você durante o bom tempo?
― Eu... cantava!...
― Cantava? Pois dance agora, vagabunda! ― e fechou-lhe a porta no nariz.
Resultado: a cigarra ali morreu entanguidinha; e quando voltou a primavera, o
mundo apresentava um aspecto mais triste, que faltava na música do mundo o som
estridente daquela cigarra morta por causa da avareza da formiga. Mas se a
usurária morresse, quem daria pela falta dela?
OS ARTISTAS ― POETAS, PINTORES MÚSICOS ― SÃO AS CIGARRAS DA
HUMANIDADE.
Você Sabia?
Monteiro Lobato (1882-1948) foi um grande escritor brasileiro. Em sua vida, foi
empresário, dono de editora e escreveu romances,artigos para jornal e, o melhor de
tudo, muitos livros para crianças. A maioria de suas histórias infantis se passa no
Sítio do Picapau Amarelo...
Palavras menos conhecidas:
faina: trabalho duro.
Tulha: lugar onde se armazenam grãos.
Estridente: som agudo.
Avareza: mesquinharia, sovinice.
Usurária: mesquinha, avarenta.
Ganjenta: vaidosa.
1- Monteiro Lobato reconta a fábula de duas maneiras. Você percebeu algumas
diferenças entre as duas versões? Quais?
2-O autor demonstra ter uma pretensão . Assinale a alternativa que possa
apresentar a possível pretensão:
( ) valorizar o trabalho artístico da cigarra e consequentemente a arte assim como
os artistas.
( ) A cigarra tinha que morrer, mesmo,pois não contribuía em nada com a sua
cantoria.
3- A formiga boa e a formiga má possuem características semelhantes. Qual seria
essa característica?
4- Na sua opinião, qual atitude ,da formiga boa ou da formiga má, acontece com
maior frequência entre os seres humanos?
5- Para você, qual atitude é a mais correta? Comente sua resposta.
Esse momento é uma boa deixa para realizar um debate sobre solidariedade.
Atividade 6 – Estabelecendo valores
Complete o quadro abaixo, apontando, a partir da discussão com seus colegas de
grupo, aqueles valores que, na opinião de vocês, são, em geral, aceitos pela
sociedade, em oposição àqueles que são condenados:
VALORES ACEITOS VALORES CONDENADOS
Atividade 7- As vozes(discurso direto e indireto):
Para indicar as falas dos personagens nas fábulas é comum o uso de
travessões. Mas o diálogo pode também ser indicado pelas aspas.
Veja o exemplo:
-Que fazia você durante o bom tempo?
-Eu... cantava!...
“Cantava? Pois dance agora, vagabunda!”
No trecho A raposa e a sarça copie a fala dos personagens:
A raposa e a sarça
Então, como a planta ensanguentasse e ferisse suas patas, disse-lhe a raposa: “ Ai
de mim! Procurei a ti para salvar-me e tu trataste de forma pior.” “Mas erraste
amiga”, disse a sarça...
a -raposa: ___________________________________________________________
___________________________________________________________________
b -sarça: ____________________________________________________________
2- No trecho acima, as aspas serviram:
( ) para dar ênfase na narrativa;
( ) para indicar a fala dos personagens.
3-Reescreva o trecho da raposa e a sarça utilizando o travessão par indicar a fala
dos personagens.
a- _________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4- Nesta forma de escrever, observe:
. A raposa disse a sarça que havia procurado ela para se salvar e não para ser
tratada de forma pior.
Desta forma quem está falando é:
( ) a sarça
( ) a raposa
( ) o narrador
Portanto temos aí:
( ) discurso direto
( ) discurso indireto
8- Conversando mais sobre as fábulas. (1 aula)
1- Conforme o que já vimos sobre fábulas, você considera fábulas histórias longas
ou curtas?
a-
___________________________________________________________________
2- Fábulas são narrativas que teve sua origem em Esopo no século VI a.c. Essas
histórias, mesmo antigas, podem ser consideradas atuais? Explique.
a-
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
3- No texto A Formiga má , a história se passou na Europa em pleno inverno.
.
Responda:
a- O texto deixa claro qual inverno?
__________________________________________
b- Isto quer dizer que :
( ) as fábulas deixam claro o tempo que aconteceu a história, ou seja, um tempo
determinado;
( ) as fábulas possuem um tempo indeterminado.
2- Complete:
a- Os personagens das fábulas são quase sempre __________________________
que agem como se fossem humanos.
b- Nas fábulas há muito diálogo. Por isso aparece o discurso___________________
e quase sempre usa-se o _______________________ e não as aspas.
3- Assinale o texto que para você é uma fábula.
Texto A – Ngunga e Uassamba ( )
(…)
― Como te chamas?
― Uassamba.
― Queria falar contigo. Da outra vez quando fui à seção, quis voltar aqui, mas
não foi possível...
Ela riu.
― Eu sei. O comandante até ralhou comigo...
Este texto encontra-se em Pepetela, As aventuras de Ngunga. 6. ed. Luanda: União
dos Escritores Angolanos, 1988. p. 74
Texto B -- Cidadezinha Qualquer ( )
Carlos Drummond de Andrade
Casas entre bananeiras,
mulheres entre laranjeiras,
pomar amor cantar
(…)
Texto C - A cabra, o cabritinho e o lobo ( )
Monteiro Lobato
Antes de sair a pastar, a cabra, fechando a porta, disse ao cabritinho:
― Cuidado, meu filho. O mundo anda cheio de perigo. Não abra a porta a
ninguém antes de pedir a senha.
― E qual é a senha, mamãe?
― A senha é: “Para os quintos dos infernos o lobo e toda a sua raça maldita.”
Decorou o cabritinho aquelas palavras...
O texto está por completo no livro Fábulas de Monteiro Lobato, p. 37:
2- Produção inicial (2 aulas)
Este é o momento em que os alunos devem produzir o seu primeiro texto.
De acordo com, Dolz, Noverraz, Schuneuwly (2004), se a situação de
comunicação é bem definida durante a fase da apresentação da situação; todos os
alunos , inclusive os mais fracos, são capazes de produzir um texto oral ou escrito
que responda as características do gênero visado.
a- Pedir aos alunos que produzam uma Fábula
Temas sugeridos:
• Quem muito quer nada tem.
• Amor com amor se paga.
• Gato escaldado tem medo de água fria.
• A persistência vence obstáculo.
• Filho de peixe peixinho é.
• Mais vale um pássaro na mão do que dez voando.
Obs: Deixar os alunos livres para sugerirem outros temas que serão a moral de suas
fábulas.
3- Desenvolvimento dos módulos
Módulo 1: trabalhando com a língua (2 aulas)
Os pronomes devem ser usados nos textos para evitar nomes repetidos. Veja em
Koch e Elias (2010), Ler e compreender os sentidos do texto p. 131.
Um rato foi passear sobre um leão adormecido. Quando este acordou, pegou
o rato. Já estava para devorá-lo quando o rato, em um gesto de desespero, pediu ao
leão para que o deixasse ir embora...
Adaptado de Esopo, Fábulas. Tradução: Antonio Carlos Vianna. Porto Alegre:
L&PM, 2006.
Responda de acordo com o texto:
a- O pronome demonstrativo este está no lugar de que palavra?
___________________________________________________________________
b- Quais palavras os pronomes pessoais lo e o estão substituindo ?
___________________________________________________________________
Reescreva o texto abaixo, usando pronomes ou sinônimos,ou seja, a referenciação
adequada para evitar a repetição de algumas palavras. Faça as adaptações
necessárias.
As formigas são trabalhadeiras. As formigas se preocupam com o futuro e
armazenam alimentos para o inverno. O inverno é longo. No verão, as formigas
trabalham sem cessar para encher a tulha .
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
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Após ler a fábula abaixo, pontue corretamente usando os sinais que faltam ( . )
(? ) ( ! ) ( __ ) ( ; ) ( : )
Lobo e o cordeiro
La Fontaine
Estava o cordeiro a beber num córrego, quando apareceu um lobo esfaimado,
de horrendo aspecto.
― Que desaforo é esse de turvar a água que venho beber? ― disse o
monstro arreganhando os dentes. ― Espere, que vou castigar tamanha má-
criação!...
O cordeirinho, trêmulo de medo, respondeu com inocência:
Como posso turvar a água que o senhor vai beber se ela corre do senhor para
mim
Os adjetivos servem para dar qualidade aos nomes.
1- Relacione os adjetivos referentes ao lobo e ao cordeiro.
(a) Lobo
(b) cordeiro
( ) medroso, inocente
( ) monstruoso,esfaimado, horrível
Nas narrativas sempre aparecem advérbios ou locuções adverbiais que indicam
onde e como ocorrem as ações .Isto numa sequência de tempo, de espaço, de
modo …
2- Retire do texto O lobo e o Cordeiro palavras que podem ser advérbios ou
locuções adverbiais.
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Professor, as demais atividades devem ser trabalhadas, no desenvolver dos
módulos, conforme as dificuldades apresentadas pelos alunos.
Módulo 2: Roteiro de Avaliação para a produção dos aluno
Perguntas sim Preciso melhorar
Os personagens da
história são típicos de uma
fábula?
As situações dos
personagens podem ser
comparadas com atitudes
humanas?
A resolução da história
combina com sua intenção
e com a moral ?
A moral está de acordo
com a história?
Há diálogos? Eles estão
marcados com travessões
ou aspas?
A narrativa ficou clara,
direta e curta?
Não repetiu muitas
palavras?
O título combina com o
tema de sua fábula?
Os personagens são
animais que vivem
situações humanas?
Seu texto tem uma moral
ou um ensinamento?
Sua história possui tempo
indeterminado como o das
fábulas?
Módulo 3 – Este é o momento de lapidar a produção inicial com todos os
conhecimentos adquiridos através dos módulos 1 e 2 e sair com uma pérola em
mãos que é a produção final.
4- Produção Final (2 aulas)
a-Correção e reestruturação dos textos dos alunos
Nesse momento, o professor certificará de que seu trabalho obteve ou não
um bom resultado. Após análise da produção inicial, o aluno põe em prática o que
aprendeu ao longo dos módulos, reescrevendo seu texto.
CIRCULAÇÃO DO GÊNERO
Ao término da análise, da correção e reestruturação das produções dos
alunos, as fábulas serão editadas, expostas em mural, encadernadas e distribuídas
aos alunos(autores) e biblioteca da escola.
Orientações Metodológicas
Esta Unidade Didática foi construída com base na proposta de Sequência Didática
(SD).
A SD constitui-se uma ferramenta essencial para o trabalho pedagógico e foi
realizada pelos autores, Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), em etapas, que
compreendem: apresentação da situação, produção inicial, módulos, produção final.
Conforme seguem descritos no item 2 desta unidade.
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São Paulo:
Martins Fontes, 2003.
COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 2 ed. Belo Horizonte:
Autêntica Editora, 2009.
DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michele; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências
didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In:
SCHNEUWLY, Bernard;DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola.
Tradução de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP: Mercado das
Letras, 2004.
ESOPO. Fábulas de Esopo. Compilação Russel Ash e Bernard Higton; tradução:
Heloisa Jahn – São Paulo: Companhia das Letrinhas, 1999.
FERNANDES, Millôr. Fábulas Fabulosas. Rio de Janeiro: Record, 2003.
FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
GERALDI, João Wanderley. (org.) O texto na sala de aula. Cascavel:
Assoeste,1987.
KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e Compreender os sentidos
do texto. São Paulo: Contexto, 2010.
LA FONTAINE,Jean. de. Fábulas de La Fontaine. Trd. Milton Amado; Eugênio
Amado. Ilustração de Gustave Doré. Belo Horizonte: Itatiaia, 2003.
LOBATO, Monteiro, Fábulas . São Paulo:Brasiliense, 1995.
MARCUSCHI, Luiz Antonio. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In:
Gêneros textuais e ensino. Org. DIONISIO, A. P. et al. 4ª ed. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2005.
_________________. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São
Paulo: Parábola Editorial, 2008.
SCHNEUWLY, Bernard, DOLZ, Joaquim e Colaboradores. Gêneros orais e
escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO –SEED. Diretrizes Curriculares da
Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná – Língua Portuguesa.
Curitiba, 2008.
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