FLUXOS MATERIAIS MAIS SIGNIFICATIVOS DO METABOLISMO...

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Eco-inovação e a utilização eficiente de recursos na indústria Portuguesa: Boas práticas e instrumentos de política

ECOPOL Workshop

FLUXOS MATERIAIS MAIS SIGNIFICATIVOS

DO

METABOLISMO DA ECONOMIA PORTUGUESA

Teatro Thalia, Palácio das Laranjeiras- Lisboa

17 de Setembro 2013

F. Antunes PereiraF. Antunes PereiraF. Antunes PereiraF. Antunes PereiraProfessor Catedrático

UNIVERSIDADE DE AVEIROSetembro 2013

O PROBLEMA

INSUSTENTABILIDADE DA ECONOMIA:

�Crescimento Económico�Crescimento Económico

em correlação positiva com:

�Consumo de Recursos

UMA SOLUÇÃO

•Desmaterializar a economia

Desmaterializar: dissociar (“decouple”) o crescimento económico (PIB) do consumo de

recursosrecursos

•Tem de haver crescimento económico com menos consumo, assim produzindo menos resíduos e impactos ambientais

ESTRATÉGIAS DA UE QUE ESTABELECEM METAS E OBJETIVOS PARA A DESMATERIALIZAÇÃO

(i) As sete Estratégias Temáticas Prioritárias do 6º

PAA (Sexto Programa de Ação em Matéria deAmbiente, 2000-2010)Ambiente, 2000-2010)

(ii) As Estratégias da "Europa 2020"

(iii) O Relatório “Roteiro para uma Europa

eficiente em termos de recursos"

QUESTÃO FUNDAMENTAL

•Consumir menos? Desmaterialização será “sósó “ uma questão de peso”? (van der Voet, WuppertalInstitute)

•Nem todos os materiais têm o mesmo impacte •Nem todos os materiais têm o mesmo impacte ambiental no seu ciclo de vida

•Os materiais de maior consumo não conduzem necessariamente ao maior impacte ambiental

•Focalizar os que representam maior impacte potencial para o Ambiente

?

?COMO ?

?

• Combinando:

• ANÁLISE DE FLUXO DE MATERIAIS [MFA-Material FlowAnalysis]

• ANÁLISE DO CICLO DE VIDA [LCA-Life Cycle Analysis]

para calcular o:

IMPACTO AMBIENTAL DO CICLO DE VIDA DO CONSUMO DE RECURSOS MATERIAIS

[EMC-Environmentally Weighted Material Consumption]

PLANO DA MINHA INTERVENÇÃO:PLANO DA MINHA INTERVENÇÃO:

11--MFA (“MFA (“MaterialsMaterials FlowFlow AnalysisAnalysis”)”)Análise de Fluxo de Materiais na Economia PortuguesaAnálise de Fluxo de Materiais na Economia PortuguesaAnálise de Fluxo de Materiais na Economia PortuguesaAnálise de Fluxo de Materiais na Economia PortuguesaAnálise de Fluxo de Materiais na Economia PortuguesaAnálise de Fluxo de Materiais na Economia PortuguesaAnálise de Fluxo de Materiais na Economia PortuguesaAnálise de Fluxo de Materiais na Economia Portuguesa

22--LCA (“LCA (“LifeLife CycleCycle AnalysisAnalysis”)”)22--LCA (“LCA (“LifeLife CycleCycle AnalysisAnalysis”)”)

Avaliação de Ciclo de Vida de Processos e ProdutosAvaliação de Ciclo de Vida de Processos e ProdutosAvaliação de Ciclo de Vida de Processos e ProdutosAvaliação de Ciclo de Vida de Processos e ProdutosAvaliação de Ciclo de Vida de Processos e ProdutosAvaliação de Ciclo de Vida de Processos e ProdutosAvaliação de Ciclo de Vida de Processos e ProdutosAvaliação de Ciclo de Vida de Processos e Produtos

EMCEMC -- Impacto Ambiental potencialmente gerado pelo Impacto Ambiental potencialmente gerado pelo

consumo e utilização de Recursosconsumo e utilização de Recursos

11

MFA (“MFA (“MATERIALS FLOW ANALYSISMATERIALS FLOW ANALYSIS”)”)

ANÁLISE DE FLUXO DE MATERIAIS NA ECONOMIA ANÁLISE DE FLUXO DE MATERIAIS NA ECONOMIA ANÁLISE DE FLUXO DE MATERIAIS NA ECONOMIA ANÁLISE DE FLUXO DE MATERIAIS NA ECONOMIA ANÁLISE DE FLUXO DE MATERIAIS NA ECONOMIA ANÁLISE DE FLUXO DE MATERIAIS NA ECONOMIA ANÁLISE DE FLUXO DE MATERIAIS NA ECONOMIA ANÁLISE DE FLUXO DE MATERIAIS NA ECONOMIA PORTUGUESAPORTUGUESAPORTUGUESAPORTUGUESAPORTUGUESAPORTUGUESAPORTUGUESAPORTUGUESA

DMI = Direct Material InputDMC = Domestic Material Consumption

DPO = Domestic Product OutputNAS = Net Addition to Stocks

�Silva, G. (2011).” Metabolismo Socioeconómico e recursos materiais na economia portuguesa (1995-2009)”� RARU (2011). “Relatório Anual de Resíduos Urbanos”�EUROSTAT (2013). http://epp.eurostat.ec.europa.eu/tgm/table.do?tab=table&init=1&plugin=1&language=en&pcode=tsdpc220

-2-LCA (Avaliação de Ciclo de Vida)LCA (Avaliação de Ciclo de Vida)

Metodologia obedece às Normas

ISO 14040

METODOLOGIA ENVOLVIDA

•Modelo CMLCA

CML-Institute of Environmental Sciences

(Universidade de Leiden) (van der Voet et al., 2005).

•Base de dados de LCA

ETH-Zurich

(Institut fur Energietechnik) (Frischknecht, 1996)

•12 Categorias de Impacte (igual ponderação)

Do estudo resulta o indicador:

EMC (Environmental Impact ofMaterials Consumption) Materials Consumption)

IMPACTO AMBIENTAL POTENCIAL DOCICLO DE VIDA

DO CONSUMO DE RECURSOS MATERIAIS

INDICADORES DE DESMATERIALIZAÇÃO (Contexto ambiental)

INTENSIDADE DE IMPACTE = EMC/GDP

Impacte potencialmente criado pelo aumento de uma unidade de crescimento económico [impacte/€]

ECOEFICIÊNCIA = GDP/EMC

Riqueza gerada por uma unidade de impacteambiental resultante do consumo de recursos

materiais [€/impacte]

DESMATERIALIZAÇÃO: Dissociar (“decouple”) crescimento económico (GDP) do impacto

ambiental (EMC) �aumento da eco-eficiência � (GDP/EMC crescente)

van der Voet et al., 2005

EVOLUÇÃO DO EMC

���� Produtos da agricultura dominam a Intensidade de Impacte (EMC/GDP).

���� Mas é a crescente razão EMC/GDP que traduz a perda da ECOEFICIÊNCIA, devido ao surto do consumo de materiais abióticos (da indústria construção civil e de combustíveis fósseis)���� que são os responsáveis pela NÃO DESMATERIALIZAÇÃO.

van der Voet et al., 2005

EVOLUÇÃO DO DGP (PIB) E DMC

PRODUTIVIDADE MATERIAL [DGP/DMC] COMO MEDIDA DA ECOEFICIÊNCIA

CONCLUSÕES

�Ausência de DESMATERIALIZAÇÃO devido ao elevado e crescente consumo de materiais abióticos (da indústria construção civil e de combustíveis fósseis) que são a principal causa da perda da ECOEFICIÊNCIA a principal causa da perda da ECOEFICIÊNCIA (GDP/EMC)

�Impacte total (EMC) dominado pelos recursos bióticosprodutos da (biomassa: agroalimentar, florestal, papel)

CONJECTURAS

…………O Caminho da DesmaterializaçãoO Caminho da DesmaterializaçãoO Caminho da DesmaterializaçãoO Caminho da Desmaterialização

���� Impacte total (EMC) dominado pelos recursos bióticos (ind. agroalimentar).

���� Maior crescimento temporal do impacto global (EMC) dominado pelo surto de crescimento de materiais abióticos (ind. construção civil, plásticos, ferro, aço, combustíveis fósseis)

van der Voet et al., 2005

���� Produtos da agricultura e fabrico de papel dominam a Intensidade de Impacte (EMC/GDP).

����Aumento temporal da razão EMC/GDP traduz a perda da ECOEFICIÊNCIA, devido ao surto do consumo de materiais abióticos (da indústria construção civil e de combustíveis fósseis)���� que são os responsáveis pela NÃO DESMATERIALIZAÇÃO.

van der Voet et al., 2005

DESMATERIALIZAÇÃO:���� RECURSOS MINERAIS (Construção Civil) ���� PRODUTOS DA AGRICULTURA����ENERGIA

• Reduzir dependência da importação e/ou consumo combustíveis fósseis: incrementar produção energética por recursos renováveis: eólica, hídrica, biocombustíveis ?

• Aumentar a eficiência energética de: conversão de energia, construção e utilização dos edifícios ?

• Aumentar a valorização energética dos resíduos urbanos e industriais ?

• Reduzir e encontrar substitutos para o consumo de materiais críticos na Construção Civil (que não • Reduzir e encontrar substitutos para o consumo de materiais críticos na Construção Civil (que não sejam essencialmente abióticos, não renováveis) de menor impacte ambiental do seu ciclo de vida (na construção e na restauração do Património) ?

• Reutilizar/Reciclar resíduos de demolição dos edifícios na reconstrução ?

• Implementar a política de “construção/desconstrução” (demolir para restaurar e reconstruir) ?

• Repensar o ordenamento agrícola, de modo a reduzir o impacte ambiental da produção e consumo de produtos de origem animal (em particular na pecuária)?

QUESTÃO QUE FICA POR QUESTÃO QUE FICA POR RESPONDER:

“HÁ VIDA PARA ALÉM DA

DESMATERIALIZAÇÃO?!”DESMATERIALIZAÇÃO?!”

(LOL) !

•GDP (crescimento económico) será o único critério de sustentabilidade sócio-económico? Não faz intervir (directamente) os fatores sociais, p. ex.

•Como quantificar “happiness” (felicidade) e “welfare” (bem-estar) na Sociedade?

•Não há um modelo de desenvolvimento único para a •Não há um modelo de desenvolvimento único para a Sociedade: provàvelmente ter-se-ão que considerar outros conceitos (Ecological Footprint, Happy PlanetIndex, etc.)

•Mas de momento a única visão quantitativa global de que dispomos assenta no Impacte Ambiental do Ciclo de Vida do Consumo de Recursos

OUTROS REFERENCIAIS

• Philipp Schepelmann, Yanne Goossens and Arttu Makipaa (Ed.s)(2010). ”Towards Sustainable Development - Alternatives to GDP for measuring progress”. Wuppertal Institute for Climate, Environment and Energy, Paper 42. http://epub.wupperinst.org/frontdoor/index/index/docId/3486

• UNEP (2011). “Decoupling: natural resource use and environmental impacts from economic growth”. http://www.unep.org/resourcepanel/decoupling/files/pdf/Decoupling_Report_Enhttp://www.unep.org/resourcepanel/decoupling/files/pdf/Decoupling_Report_English.pdf?

• Sustainable Europe Research Institute (SERI). “Green Economies around the World?” http://seri.at/wp-content/uploads/2012/06/green_economies_around_the_world.pdfhttp://seri.at/en/green-economies/

• BEYOND GDP http://www.beyond-gdp.eu/

OBRIGADO PELAVOSSA

ATENÇÃO

• DMC = Indicador importante: quantifica tudo o

que “entra de novo” no sistema económico que “entra de novo” no sistema económico

produtivo, e que, em última análise, lá fica

retido representando um impacto ambiental

(acumulação, expansão física da tecnosfera,

resíduos, emissões, etc) – Pegada Ecológica

� EMC útil em:

• Monitorização das relações Crescimento vs.

Impactos• Contribuição para definição de políticas de Gestão Sustentável de Recursos

� EMC não aplicável ao estabelecimento de metas (“benchmarking”) quantitativas dessa mesmas políticas porque isso terá de ser sempre feito na base dum

Critério EMINENTEMENTE POLÍTICO !...

EVOLUÇÃO RECENTE DO PIB PORTUGUÊS

• Comparação das produtividades do DMI na EU15 e em Portugal

�Fischer-Kowalski, M. (1998). “Society's Metabolism. The Intellectual History of MFA Analysis, Part I, 1860-1970”. Industrial Ecology 2 (1), 61-78.

�Fischer-Kowalski, M., Hüttler, W. (1999). “Society's Metabolism. The Intellectual History of MFA. Part II, 1970-1998”. Journal of Industrial Ecology 2 (4), 107-136.

�Hinterberger, F., Giljum, S. and Hammer, M. (2003). “ Material Flow Accounting and Analysis (MFA)-A Valuable Tool for Analyses of Society-Nature Interrelationships”. Internet Encyclopedia of Ecological Economics.

2,00E-03

2,50E-03

PortugalNormalised impact score Global Warming

reference World1995

paper and board

wood

animal fats

oil crops

protein fish

protein animal

protein crops

0,00E+00

5,00E-04

1,00E-03

1,50E-03

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

yr-1

year

animal fibres

fibre crops

starchy crops

sand and stone

clay

ceramics

concrete

salt

glass

Zinc

Nickel

3,50E-04

4,00E-04

4,50E-04

5,00E-04

PortugalNormalised impact score Human Toxicity

reference World1995

paper and board

wood

animal fats

oil crops

protein fish

protein animal

protein crops

animal fibres

0,00E+00

5,00E-05

1,00E-04

1,50E-04

2,00E-04

2,50E-04

3,00E-04

3,50E-04

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

yr-1

year

fibre crops

starchy crops

sand and stone

clay

ceramics

concrete

salt

glass

Zinc

Nickel

lead

Mas será útil:

• Analisar as fases ambientalmente mais relevantes do ciclo de vida de cada material

• Optar por alterações aos processos dentro do ciclo com maior impacto (substituição de matériasprimas, novas tecnologias de produção, tratamento de efluentes, etc)

• Combinar as metodologias de MFA e LCA: avaliação do impacto ambiental potencialmentecriado pelo consumo e utilização de Recursos

• Minimizar as limitações dessas metodologias • Minimizar as limitações dessas metodologias

• Usar EMC como indicador de monitorização e não de “benchmarking”

• Existe uma pressão grande sobre o cidadão comum para reciclagem de RSU (resíduos sólidos urbanos).

• Contudo estes representam apenas uma pequena fracção do total de resíduos, bem como dos recursos usados.

�Fluxo mássico de RSU como fração residual (0,2%) do consumo interno (DMC), mas têm impacte significativo no nosso quotidiano

� “Política de gestão de resíduos” (focalizada � “Política de gestão de resíduos” (focalizada no fim de ciclo) deveria tornar-se “política de gestão de materiais” (montante do ciclo) enfatizando fecho de ciclos de materiais (Ecologia Industrial)

• Política nacional de desmaterialização deveria passar pela análise quantitativa do impacto ambiental do ciclo de vida (LCA) dos fluxos de materiais (MFA) que atravessam a nossa Economia

• O indicador EMC daí resultante, deveria ser calculado a partir de bases de dados nacionais, e usado em monitorização do processo de Desenvolvimento Sustentável

• Uma nova política de gestão de materiais deveria ser orientada, sobretudo, para a utilização efetiva dos mesmos ao longo de todo o seu ciclo de vidas, em vez de enfatizar as emissões associadas com o seu ciclo de vida com o seu ciclo de vida

• Na verdade, grande parte da “política de materiais” de hoje pode na verdade, ser designada como “política de resíduos”, visando a redução dos impactos ambientais durante a fase de resíduo final do ciclo de vida do produto, por meio de reciclagem.

• Assim, a reciclagem, feita agora no seu sentido mais amplo englobando a totalidade dos resíduos tipos não deve mais ser considerada como é hoje - um último recurso em "end-of-pipe" tratamento -, mas sim no contexto (mais nobres), onde os -, mas sim no contexto (mais nobres), onde os subprodutos de negócios (Serviços domésticos e industriais) são as matérias-primas para outras atividades, assim fechando completamente o ciclo de produção, de consumo e utilização numa lógica industrial Ecologia Industrial.

• Como resultado, as principais estratégias a montante das cadeias de abastecimento têm sido negligenciadas.

• A mais abrangente, política de fluxo de material • A mais abrangente, política de fluxo de material em toda a economia baseada no indicador EMC criaria novo âmbito de incentivos estruturais em direção a desmaterialização e ambientalmente mais formas benignas de uso de materiais (medida do “berço ao túmulo”).

• A reciclagem deve ser não visto no contexto de "berço ao túmulo" (LCA), mas, em vez disso, em um contexto de "cradle-to-cradle" (Ecologia Industrial), até que, no limite, os (Ecologia Industrial), até que, no limite, os resíduos em uma economia já não existia, e a palavra reciclagem desapareceu do nosso léxico.

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