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8/18/2019 Geografia_ Urbanizacão - Conceitos, Características e Problemas
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Urbanização: conceitos, características e problemas
Conceitos básicos
Urbanização e crescimento urbano
É comum confundir urbanização com crescimento urbano. Urbanização é o au-mento proporcional da população urbana em relação à população rural. Um país sóestá se urbanizando quando o crescimento da população urbana é superior ao da rural.Em alguns países desenvolvidos, em que a urbanização girava em torno de 80% a 90%e o êxodo rural praticamente cessou, o processo de urbanização também cessou. Apartir daí, ocorre apenas o crescimento urbano, ou seja, a expansão das cidades.
No Brasil atual ocorre tanto a urbanização quanto o crescimento urbano.
Conurbação
É o encontro de duas ou mais cidades, como consequência do seu crescimentohorizontal. Ex.: a região do ABCD, na Grande São Paulo.
Metrópole
É a cidade principal, a mais importante, aquela que exerce influência econômi-ca, funcional e social em âmbito nacional (metrópole nacional) e/ou regional (metró-pole regional); aquela que possui os melhores equipamentos nos setores Terciário eSecundário.
Megalópole
É a conurbação de duas ou mais metrópoles. Exs.: Bos-Wash (Boston atéWashington, tendo como centro dispersor Nova York), Chi-Pitts (Chicago-Pittsburgh),San-San (San Francisco-San Diego, tendo como centro dispersor Los Angeles),Tóquio-Nagoia-Osaka (Japão), Vale do Ruhr (Bonn-Colônia-Düsseldorf-Essen, naAlemanha). A megalópole brasileira está sendo formada na área compreendida en-tre a Grande São Paulo e a Grande Rio, passando pelo Vale do Paraíba.
TerciarizaçãoTrata-se do crescimento muito intenso da população ativa no setor de serviços em
relação à população ativa total, hipertrofiando o papel do Setor Terciário na economia.
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Terceirização
Prática empresarial de contratar de outras empresas produtos e serviços neces-
sários ao processo produtivo.
Terceiro setor
Éumaterminologiasociológicaquedásignificadoatodasasiniciativasprivadasde utilidade pública com origem na sociedade civil.
Dentre as organizações que fazem parte do Terceiro Setor estão as ONGs, enti-
dades filantrópicas, a Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e ou-
tras organizações sem fins lucrativos.
Macroencefalia urbana
Ocorre quando cidades tornam-se "cabeças muito grandes", isto é, concentram
a maior parte da população de um país.
Megacidades
São áreas urbanas com mais de 10 milhões de habitantes.
Cidades globais
São aquelas que concentram perícia e conhecimento em serviços ligados à
globalização, independente do tamanho de sua população. Isso é medido pela pre-
sença de escritórios das principais empresas mundiais em contabilidade, consulto-
ria, publicidade, bancos e advocacia. Exemplos: Tóquio, Nova York, Milão, Paris,
Londres, São Paulo, etc.
O processo de urbanização no mundo: tendências e características
O atual processo de urbanização mundial vem seacelerando desde o pós-Segunda
Guerra. Está intimamente ligado ao processo de industrialização e de intensificação do
êxodo rural-urbano, contribuindo de forma decisiva para o aumento da "terciarização".Esse fenômeno ocorre tanto nos países desenvolvidos como nos não desenvolvidos.
A intensificação da urbanização ocorreu antes nas nações desenvolvidas e indus-
trializadas, onde se formaram grandes regiões metropolitanas pelo processo de "conurba-
ção" e sua posterior união, as "megalópoles". No mundo não desenvolvido, o fenômeno é
mais recente e está relacionado ao surto de industrialização e concentrado em grandes
centros metropolitanos, como Cidade do México, São Paulo, Mumbai, Calcutá e Xangai.
Observenoquadroaseguiraprojeçãodapopulaçãodas30maioresaglome-
rações urbanas no ano 2015, feita pela Fnuap (Fundação das Nações Unidas para
Atividades em Matéria de População).
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AS 30 MAIORES AGLOMERAÇÕES URBANAS EM 2015
Posição Aglomeração e país População (milhões de habitantes)
1ª Tóquio (Japão) 27 190
2ª Daca (Bangladesh) 22 766
3ª Mumbai (Índia) 22 577
4ª São Paulo (Brasil) 21 229
5ª Nova Délhi (Índia) 20 884
6ª Cidade do México (México) 20 434
7ª Nova York (EUA) 17 944
8ª Jacarta (Indonésia) 17 268
9ª Calcutá (Índia) 16 747
10ª Karachi (Paquistão) 16 197
11ª Lagos (Nigéria) 15 966
12ª Los Angeles (EUA) 14 494
13ª Xangai (China) 13 598
14ª Buenos Aires (Argentina) 13 185
15ª Manila (Filipinas) 12 579
16ª Pequim (China) 11 671
17ª Rio de Janeiro (Brasil) 11 543
18ª Cairo (Egito) 11 531
19ª Istambul (Turquia) 11 362
20ª Osaka (Japão) 11 013
21ª Tianjin (China) 10 319
22ª Seul (Coreia do Sul) 9 918
23ª Kinshasa (República
Democrática do Congo) 9 883
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24ª Paris (França) 9 858
25ª Bangcoc (Tailândia) 9 816
26ª Lima (Peru) 9 388
27ª Bogotá (Colômbia) 8 97028ª Lahore (Paquistão) 8 721
29ª Bangalore (Índia) 8 391
30ª Teerã (Irã) 8 178
A metropolização explosiva e os desequilíbrios estruturais urbanos
Segundo a ONU, no ano 2015 haverá 21 megacidades, das quais 17 estarão si-tuadas nos países do Terceiro Mundo. São cidades-problema como a Cidade do Méxi-
co, Calcutá, São Paulo, Xangai, Cairo, Istambul e Rio de Janeiro que, entre outras,
formam enormes conurbações. Trata-se de extensos aglomerados urbanos, formados
pela integração espacial de uma ou mais metrópoles com as cidades da região. Consti-
tuem problemáticas regiões metropolitanas, com enormes e graves deficiências de in-
fraestrutura básica, de moradia, de transporte coletivo, de saúde pública, de
segurança, de áreas verdes e de lazer. Apresentam altíssimos índices de poluição do ar,
das águas e graves desequilíbrios ambientais. Estão marcadas pela especulação imobi-
liária, falta de políticas efetivas de planejamento urbano, de uso mais racional do solourbano e de políticas públicas que não priorizamosinvestimentosparainteressepúblico
da maioria dos habitantes.
Em 2006, a 3ª Conferência das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos,
a Habitat III, realizada em Vancouver, colocou em evidência a questão urbana como um
dos aspectos mais importantes do desenvolvimento econômico. Isto é, passou-se a
destacar a importância da qualidade de vida, a questão da eficiência no contexto urba-
no, os problemas da habitação, do transporte, do lazer, da política fundiária, do uso do
solo urbano, da degradação ambiental, da gestão pública e privada das cidades.Atualmente, segundo o Relatório Habitat III, cerca de 1 bilhão de habitantes
das cidades de todo o mundo não têm habitação com o mínimo de decência ou habi-
tam áreas que colocam em risco sua saúde e sua vida. O relatório analisou indicadores
sociais de vários centros urbanos e concluiu que as cidades médias e grandes atraem
migrantes com a expectativa de fugir da miséria. Os pobres que vivem nesses centros
urbanos, apesar de todas as carências e insuficiências, chegam a ter, no geral e em mé-
dia, renda de 3 a 10 vezes maior que a dos pobres das áreas rurais. O relatório mostra
também que nos países desenvolvidos gasta-se muitas vezes mais com infraestrutura
urbana por habitante do que nos países não desenvolvidos.
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Diante de todos esses e outros indicadores e tendências, a Agenda Habitat IIIpublicou uma série de propostas para se enfrentar os graves e enormes problemas, de-sequilíbrios, insuficiências e carências, para tentar minimizar e desagravar o atual "caosurbano" das grandes metrópoles "inchadas", sobretudo as dos países não desenvolvi-dos. Entre elas podemos destacar: Preocupação coma preservação ambiental e coma reciclagem dosdejetos urbanos; Direito à moradia; Prioridade para o transporte coletivo; Defesa do desenvolvimento sustentável; Descentralização e o novo papel do poder local; Parcerias entre o poder público, as organizações não governamentais (ONGs) e o se-tor privado, para implementar as políticas setoriais; Institucionalização de canais de participação popular, como o orçamento participativo.
Fonte: Folha de S. Paulo.
Os problemas ambientais e sociais urbanos
Introdução
O processo de urbanização é um fenômeno mundial que se intensificou nopós-Segunda Grande Guerra.
Tal fato está direta ou indiretamente relacionado com a industrialização e com oêxodo rural-urbano, que juntos contribuíram para o aumento da terceirização de par-cela da população ativa.
Na atualidade, todos os grandes centros urbanos aparecem como exemplos deaglomeração problemática; cidades que cresceram rapidamente e de maneira desor-denada (cidades "inchadas"), em que sua infraestrutura tornou-se incompatível com as
necessidades da população que elas abrigam.Nas metrópoles dos países não desenvolvidos, como é o caso das metrópolesbrasileiras, tal situação é mais grave.
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Londres Paris Moscou Teerã Pequim Tianjin Xangai
Nova York
Los Angeles
Cidade do México
Rio de Janeiro
São Paulo
Seul
Tóquio
Osaka
Manila
Jacarta
Bangcoc
Buenos Aires Lagos C airo Karachi Mumbai (ex-Bombaim) Nova Délhi Calcutá Daca
Os Problemas
trânsito
serviço público
desemprego
transporte
água/esgoto
lixo
poluição
moradia
AS AGLOMERAÇÕES URBANAS E SEUS PROBLEMAS
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Esses conglomerados urbanos são exemplos de até onde pode chegar a deterio-ração dascondições ambientais(poluição, lixo urbano, enchentes, modificações no mi-croclima urbano, etc.) e sociais (moradia, transporte coletivo, segurança, lazer,saneamento básico, etc.), resultado do caos urbano, da má distribuição da população,de sua condição econômica, da faltade planejamento urbano e da sobreposição do in-teresse privado ao interesse público.
Problemas ambientais dos grandes centros urbanos
Os centros urbanos representam uma das mais profundas intervenções e modi-ficações da sociedade sobre o meio ambiente.
O impacto dessas intervenções é mais intenso nas grandes metrópoles que nascidades menores e no meio rural.
Várias são as consequências ou alterações ambientais nas regiões onde se insta-lam as metrópoles: retirada da vegetação, alterações do microclima ou clima local (au-
mento da temperatura e da intensidade das chuvas), alteração do relevo, grandenúmero de edificações e veículos, lançamento de poluentes na atmosfera, acúmulo delixo, etc.
1. A poluição
A mais comum das poluições é a atmosférica, provocada pela emissão de po-luentes (gases e material particulado) sobretudo pelos meios de transporte e pelasindústrias.
A concentração de partículas de poeira e gases tóxicos na atmosfera ocasiona,
nas grandes cidades, o aumento da neblina, que torna o ar mais escuro, e a elevação datemperatura devido ao efeito estufa, produzido pela concentração maior de gás car-bônico; afeta, também, a população (os cidadãos), causando doenças no aparelho res-piratório (asma, bronquite, rinite) e irritabilidade dos olhos nos dias de poluição maisintensa.
O problema da poluição atmosférica nos grandes centros urbanos é agravadopor três motivos: a carência e a diminuição de áreas verdes; o grande número de edifi-cações que dificultam a velocidade de dispersão dos poluentes por meio dos ventos,
poisosprédiosaltoseenfileiradosprovocamo"encanamento"doar,oquelevaàdimi-nuiçãodavelocidadeeàmudançadadireçãodosventos;eofenômenoda inversão tér-mica, típico do período de inverno, que consiste na inversão da posição entre ascamadas de ar frio e as de ar quente e na consequente estagnação do ar e dos poluen-tes sobre o local onde ocorre o fenômeno. Sabe-se que o ar mais frio localiza-se nas ca-madas atmosféricas mais elevadas e que o ar mais quente fica mais próximo àsuperfície, fato que dá origem a correntes de ar ascendentes, que dispersam os po-luentes.
Porém, quando ocorre a inversão térmica, dá-se o inverso: o ar mais quente fica
sobre o ar mais frio; sendo esse mais denso, não se formam correntes de ar ascenden-tes; assim, os poluentes não são dispersados e passam a se concentrar junto à superfí-cie, agravando os efeitos da poluição. Veja os esquemas a seguir.
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Figura 1 – Comportamento da fumaça e gases poluentes na atmosfera: A) em condições normais;
B) em casos de inversão térmica.Fonte: Elementos da ciência do meio ambiente, Cetesb, 1987.
Além da poluição atmosférica, temos também a poluição sonora, provocada
pelo excesso de barulho e ruídos, o que pode levar as pessoas ao stress e à progressiva
diminuição da capacidade auditiva.
2. O clima urbano
As cidades, devido a característicasespecíficas, como maior número de edifícios
e automóveis, maior quantidade de asfalto e concreto, menor número de áreas ver-
des, maior emissão e concentração de poluentes e maior produção de calor, resul-
tado da queima de combustíveis fósseis, apresentam características climáticas
próprias, o denominado clima urbano.
Nos grandes centros urbanos normalmente faz mais calor e chove um pouco
mais que nas áreas vizinhas.Por que isso ocorre?
Vejamos a questão da elevação das médias térmicas nas áreas urbanas.
A temperatura nas grandes cidades é superior à das áreas vizinhas devido ao as-
faltamento de ruas e avenidas, à grande quantidade de concreto, à carência de áreas
verdes, à grande quantidade de poluentes e à elevada queima de combustíveis fósseis,
que,juntos,funcionamcomoumaimensafontedeproduçãoeconcentraçãodecalor.
Dentro das cidades, as temperaturas aumentam da periferia para o centro,
ocasionando um fenômeno conhecido como ilha de calor. Observe as figuras se-
guintes:
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7
a r
f r
i o
a r
f r
i o
a r a q u e c
i d o
solo quente
convecção
solo frio
estagnação
ar quente
ar frio
A B
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Figura 2 – As ilhas de temperatura em São Paulo.Fonte: Magda Lombardo, folheto Oikos/Lalekla.
Figura 3 – Curva de evolução da temperatura da periferia em direção ao centro.
Já o aumento do índice de chuvas, como ocorre? E quais são as consequênciaspara a cidade?
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Fonte: Satélitede 16.07.81
às 14h47minNoaa-7
21,5°
22,5°23,5°
24,5°
25,5°26,5°27,5°29°
Cantareira
Guarulhos
Morumbi
Osasco
Santo Amaro
Santo André
São Bernardo
São Caetano
Centro
ParqueIbirapuera
Parque doEstado
M a r g i n a l
d o P
i n
h e
i r o s
M a rg inal d o T i e t ê
Diadema Mauá
zona suburbana periférica zona urbana centralzona rural
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Devido ao elevado índice de poluentes encontrados nos centros urbanos, ocor-re um aumento do índice de chuvas, pois as partículas de poeira e fuligem suspensasno ar funcionam como núcleos de condensação, facilitando a ocorrência de precipita-ções.
Quando a água da chuva chega à superfície, ela é devolvida ao meio ambientede várias maneiras: por transpiração realizada pela vegetação e por infiltração, com-
pondo os lençóis freáticos.Mas, nas áreas urbanas, tais processos foram totalmente alterados pela inter-
venção do homem na paisagem.Devido à retirada da vegetação, o processo de transpiração quase não acontece,
e, devido à grande quantidade de asfalto e concreto, o solo torna-se impermeável, dimi-nuindo bastante a sua capacidade de infiltração. Assim, o escoamento superficial tor-na-se maior, e as águas que caminham para os bueiros e galerias (quase sempreentupidos) e para os rios (quase sempre assoreados) nãotêm por onde sair, ocasionandograndes transtornos à população por meio de enchentes nos períodos de chuvas maisintensas.
Figura 4 – O escoamento das águas de chuva.Fonte: Dunne e Leopold, Water in environmental planning.
3. A questão do lixo urbano
Outro problema que atinge as grandes cidades é a questão do lixo e esgoto ur-banos.
Boa parte do lixo urbano é jogada em terrenos baldios sem nenhum trata-mento, o que leva à proliferação de insetos, ratos e outros agentes transmissores deinúmeras doenças, além do perigo de contaminação do lençol freático.
O esgoto urbano normalmente é despejado nos rios, sem também nenhum tra-tamento anterior, levando à "morte" dos mesmos por poluição de suas águas.
A solução, já adotada em vários países do mundo, está na reciclagem do lixo
inorgânico (vidro, plástico, metal, papel, etc.) após a coleta seletiva dos resíduos; nocaso do lixo orgânico (esgoto), consiste na transformação do mesmo em adubo ougás metano (biogás) por meio de aterros sanitários e biodigestores.
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escoamento lento
campo
transpiração
cidade
rápido escoamento
infiltração natural
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Os problemas sociais dos grandes centros urbanos
A urbanização acelerada e caótica das grandes cidades, principalmente dos paí-ses subdesenvolvidos, fruto da intensificação do fluxo de mão de obra vindo do campo ede outras regiões econômicas menos dinâmicas e da falta de planejamento urbano, le-vou ao aumento do subemprego, da marginalização e periferização de boa parcela da
população de baixa renda e da deterioração da infraestrutura, com destaque para aquestão da moradia, saneamento básico e transporte coletivo, que caracterizam o "caosurbano".
1. A questão da moradia
A problemática da moradia nos centros urbanos resulta da conjugação e interaçãode diversos fatores: a especulação imobiliária; o baixo poder aquisitivo de grande parcelada população que vive na cidade e a má administração dos recursos públicos, que levaramà falência dos sistemas de financiamento de imóveis, principalmente para a população de
baixa renda; e a insuficiência de recursos aplicados na infraestrutura urbana.Nas últimas décadas, nota-se, nas grandes metrópoles brasileiras, um cresci-
mento acelerado de favelas, cortiços, habitações clandestinas, principalmente nas zo-nas centrais da cidade e na periferia junto às áreas de risco (fundo de vales e encostas);além do aumento dos "andarilhos" ou "sem-tetos" que vivem sob pontes e viadutos dacidade.
Uma outra questão que agrava o problema da moradia é a relação entre a espe-culação imobiliária e os "espaços ociosos".
Na maioria das vezes, o espaço urbano organiza-se em função do preço do solo;
a terra torna-se um bem à espera de valorização. Muitos desses "terrenos ou espaçosociosos" sãoadquiridos porempresas imobiliáriasque abrem loteamentos na periferia,em áreas sem infraestrutura instalada, deixando entre a área loteada e o bairro maispróximo um espaço de terra sem uso, a lotear.
À medida que a população ocupa a área loteada, obriga o setor público a pro-vê-la de infraestrutura, que passará obrigatoriamente pelos espaços ociosos que exis-tem antes dessa área loteada, possibilitando sua venda ou loteamento pela empresaimobiliária por um preço bem superior ao do período de sua aquisição.
2. A questão do transporte coletivo
Grande parte da população de baixa renda, devido ao elevado preço dos imóveisnas regiões centrais da cidade, desloca-se para a periferia, distanciando-se das áreas deserviço, o que levará a umaumento do tempo gasto parair ao trabalho e a umaumentodo gasto com o transporte coletivo no orçamento familiar.
É importante que o setor público, juntamente ou não com a iniciativa privada,valorize o uso do transporte coletivo em relação ao transporte individual ou particular,investindo na expansão da malha metroviária e na melhoria das linhas de ônibus e
trens urbanos, levando à integração desses meios de transporte e ao barateamento doseu custo, fazendo com que, a médio prazo, amenize-se o problema do transporte co-letivo e dos imensos congestionamentos nas grandes cidades.
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Tais características são consequência de uma sociedade dividida em classescomrendasdistintasecompoderdepressãoeaçãopolíticaedeusodosolourbanodi-ferenciados.
A partir dessa constatação, o espaço urbano pode ser dividido em dois tipos: o"formal" e o "informal". O primeiro, dotado de toda a infraestrutura urbana necessáriapara um elevado nível de vida de seus habitantes e composto pelos bairros centrais enobres; o segundo, carente de todos os serviços essenciais de infraestrutura, habitadopela população de baixa renda e composto pelos bairros mais pobres e periféricos.
Essa realidade, ao mesmo tempo integrada e fragmentada, diversificada em seusinteresses, vem levando a um aumento da organização da sociedade civil na luta pelamelhoria de suas condições de vida e pelo aprimoramentode seu exercício da cidadania;tal fato se expressa no crescimento e desenvolvimentodosmovimentos sociais urbanos,em que se destacam as associações de moradores de bairro, as dos sem-teto e as quedefendem a implantação do orçamento participativo no seu município.
Exercícios
01. (FUVEST) A formação de grandes manchas urbanas, fenômeno característico deáreas industriais, pode se constituir, nas regiões menos desenvolvidas, em focos dedesafiantes problemas político-administrativos.Discuta dois desses problemas, um socioeconômico e um ambiental, que são relevan-tes nas grandes áreas metropolitanas brasileiras.
02. (PUC) Identifique e explique o problema ambiental representado na ilustração.
03. (VUNESP) O esquema ilustra a situação davariação das temperaturas sobre as grandesmetrópoles industrializadas.a) Escreva o nome das linhas que unem, sobre omapa, os pontos de igual temperatura.b)Porqueseverificaumavariaçãodastempera-turas da periferia para o centro das grandes ci-dades?
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+ 6 C° _ 2 C°
9°8° 7° 6° 5°10°
centro
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04. (UFSCar) Observe o quadro.
As megacidades1
Tóquio, Cidade do México, Nova York, São Paulo, Mumbai,Nova Délhi, Calcutá, Buenos Aires, Xangai, Jacarta, Los Ange-les,Daca,Osaka,RiodeJaneiro,Karachi,Pequim,Cairo,Mos-cou, Manila e Lagos.
As cidades globais2 Nova York, Tóquio, Londres, Paris, Chicago, Frankfurt, Hong
Kong, Los Angeles, Milão e Cingapura.
(1) Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), com base em dados de 2004 (www.un.org/,02.09.2005.).
(2) Segundo Beaverstock, Smith & Taylor, A roster of world cities, GaWC, 1999 (www.iboro.ac.uk /,
02.09.2005.).
O quadro apresenta formas distintas de classificar as grandes cidades na atualidade.
a) Qual o critério básico para definir uma megacidade? E uma cidade global?
b) Justifique a localização das megacidades e das cidades globais, considerando o cen-
tro e a periferia do capitalismo.
05. (UNICAMP) "Surgidas na paisagem urbana desde o final do século XIX, somente apartir dos anos 1930 as favelas começaram a marcar o espaço e a trajetória das cidadesno Brasil. Foi a partir de estudos sobre favelas que se começou a pensar, sistematica-mente, a questão da habitação."
(Adaptado de Helena M. M. Balassiano, "As favelas e o comprometimento ambiental".
In: Olindina V. Mesquita & Solange T. Silva (orgs.), Geografia e
questão ambiental, Rio de Janeiro, IBGE, 1993, pág. 41.)
a) Cite duas características que distinguem uma favela de outros tipos de moradia.
b) A ocupação desordenada da favela degrada o meio físico. Explicite um problema
ambiental provocado por esse tipo de assentamento.
c) É correto afirmar que a existência de favelas decorre exclusivamente do desequilí-
brioentrebaixaofertadeimóveisealtademandademoradia?Justifiquesuaresposta.
06. (UNICAMP) "Nas últimas décadas, a proliferaçãode enclaves fortificados vemcrian-
do um novo modelo de segregação espacial e transformando a qualidade da vida pú-blica em muitas cidades ao redor do mundo. Enclaves fortificados são espaçosprivatizados, fechados e monitorados para residência, consumo, lazer ou trabalho."
(Teresa Pires do Rio Caldeira, "Enclaves fortificados: a nova segregação urbana".
In: Novos estudos, São Paulo, Cebrap, mar./1997, pág. 155.)
a) O que tem causado a disseminação dos chamados enclaves fortificados?
b) Aponte duas consequências nas relações sociais com a disseminação dos enclaves
fortificados.
c) Cite duas modificações na paisagem urbana que vêm ocorrendo com a dissemina-
ção dos enclaves fortificados.
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07. (UNICAMP) O crescimento das grandes cidades brasileiras envolve um processoque, por um lado, expande a malha urbana e, por outro, deteriora os centros mais anti-gos, modificando o uso das habitações.a) Quais as modificações que ocorrem, em geral, no uso dessas habitações?
b) Por que ocorre esse processo?
08. (UNICAMP) "Interessantes soluções habitacionais têm surgido nas cidades brasileiras.Em Porto Alegre, sete garotos compartilham um novo tipo de condomínio. (...) Diferentede outros condomínios do gênero, este é central; está a um passo de bancos, lojas, escritó-rios."
(Moacyr Scliar, Folha de S. Paulo, 09.05.1993.)
Esse texto faz referência a alguns garotos que vivem nos esgotos de Porto Alegre – os
ninjas do esgoto. Compara a "solução habitacional" encontrada pelos meninos com os
condomínios de alto padrão.
a) Explique a coexistência, nasgrandes cidades, de "soluçõeshabitacionais" tãodiferencia-das.
b)Porqueoscondomíniosdealtopadrãotêmseapresentadocomoopçãodemoradia
para uma parcela da população?
09. (UNICAMP) "Nas últimas décadas, as regiões metropolitanas passaram a sofrer umaforte disseminação de problemas relativos ao saneamento básico e à degradação deseus recursos naturais, resultantes do lançamento de efluentes domésticos e industriais,da devastação indiscriminada da cobertura vegetal, pela ocupação desordenada e im-
própria de várzeas e cabeceiras de drenagem, pela invasão de áreas de proteção demananciais e, finalmente, pela incipiente gestão dos recursos hídricos."
(Adaptado de Armando Gallo Yahn e Adriana A. R. V. Isenburg Giacomini, "Recursos hídricos e
saneamento". In: Rinaldo Barcia Fonseca, Áurea M. Q. Davanzo, Rovena M. C. Negreiros (orgs.),
Livro verde: desafios para a gestão da regiãometropolitana de Campinas, Campinas,
IE/Unicamp/Nesur, 2002, pág.196.)
a) Por que a população de baixa renda ocupa áreas de riscos ambientais nas regiões
metropolitanas?
b) Cite duas causas possíveis de inundações em áreas urbanizadas.
c)Qualéaimportânciadejardins(públicoseprivados)edeáreasvegetadasparaoam-biente urbano, no que diz respeito ao clima e à hidrologia?
Respostas
01.Problemassocioeconômicos: insuficiência de moradias,favelização, deficiênciasdo trans-porte coletivo, congestionamento e altos índicesde mortalidade em acidentes de trânsito,desemprego, grande número de crianças abandonadas e fora da escola, falta de opções
de lazer, aumento exponencial da violência e da marginalidade, falta de policiamentopreventivo, altos índices de criminalidade, de desagregação familiar e de insegurança.
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Todos esses problemas com suas sequelas são consequências das defasagens entre asdemandas – principalmente por moradia, transportes, saneamento básico, emprego,educação, saúde, lazer, segurança – e o real atendimento pelas políticas de investimen-tos públicos e privados, incapazes de dar conta dos problemas, ou mesmo minimizá-los,devidoàs insuficiências e/ou má utilização dosrecursos,ou definição de prioridades paraos investimentos. Problemas ambientais: todo tipo de poluição, da sonora à do ar, passando pela gravepoluição das águas, com comprometimento dos recursos hídricos, ocupação desorde-nada do espaço, destruição da formação vegetal, avanço da área construída, não res-peitando a topografia, as condições morfológicas e estruturais dos solos, gerandofrequentes problemas de acidentes, deslizamentos, soterramentos, poluição dos ma-nanciais d’água e de crescente acúmulo do lixo urbano, normalmente depositado ematerros superlotados.02. O desenho mostra uma grande concentração industrial, encaixada numa "bacia
ou depressão", sem a presença de área verde, o que leva a uma menor dispersão dospoluentes e a uma maior concentração dos mesmos, ocasionando uma série de pro-
blemas ambientais, como o agravamento da poluição devido ao fenômeno de "inver-
são térmica", que consiste na formação de uma camada de ar quente sobre uma
camada de ar frio. Assim, a concentração de poluentes aumenta nas proximidades do
solo, pois não existem condições de dispersão.
03. a) As linhas que, no mapa, unem pontos de igual temperatura chamam-se isoter-
mas.
b) À medida que nos aproximamos do centro de uma metrópole industrializada, inten-
sifica-se a ocupação humana, consequentemente adensam-se as construções (casas,edifícios, etc.) e torna-se mais frequente a presença de asfalto, o que aumenta a quanti-
dade de energia transferida para a atmosfera local na forma de calor, que é retido em
maior quantidade devido à maior concentração de poluentes atmosféricos, havendo
também uma menor circulação do ar (ventos), que provoca, entre outros fatores, um
aumento na temperatura.
04. a) O critério básico para definir uma megacidade é sua população absoluta, que de-
verá ser igual ou superior a 10 milhões de habitantes. Já o critério para definir cidade
global é o grau de desenvolvimento da sua infraestrutura, definida como sendo aquelaque concentra perícia e conhecimento em serviços ligados à globalização.
b) As megacidades se concentram principalmente nos países da periferia do capitalis-
mo, devido ao seu acelerado e intenso processo de urbanização. Já as cidades globais
localizam-se,principalmente,nos paísesdo centro do capitalismo,devido ao seueleva-
do desenvolvimento tecnológico e econômico e sua melhor infraestrutura.
05. a) Podemos destacar como características distintivas da favela: a ilegalidade de
100% das construções; a inobservância de princípios técnicos de construção civil liga-
dos à segurança, conforto e salubridade, com a utilização, de um modo geral, de mate-
riais não apropriados nem recomendáveis tecnicamente; a ocupação de áreas cominfraestrutura precária ou ausente.
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8/18/2019 Geografia_ Urbanizacão - Conceitos, Características e Problemas
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