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GEOPOLÍTICA DA AMAZÔNIA LEGAL
OTAVIANO CARVALHO DE SOUZA 1
MARIA LETIZIA MARCHESE 2
RESUMO:
A Amazônia Legal possui imensuráveis reservas de matéria prima e recursos
naturais que potencializam desenvolvimento sustentável a nação brasileira.
Dentro deste contexto, este trabalho tem por objetivo maximizar a importância
estratégica dos recursos naturais para o desenvolvimento e afirmação do Brasil
como país em ascensão para atingir sua potência frente às nações
desenvolvidas. Pois, é sabido, que os países ricos esgotaram suas reservas
naturais e precisam buscar matéria prima em outros Estados para sustentar o
padrão de consumo de sua população. E por isso o Ministério da Integração
Nacional juntamente com o Ministério do Meio Ambiente, através da
Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), desenvolveram
políticas para integrar a região norte ao resto do país, confirmando a
estratégica geopolítica de defesa brasileira, no fortalecimento da soberania
nacional. Para a conclusão desse trabalho, foi utilizada como metodologia a
pesquisa em bibliografias, sites, revistas que estudaram as políticas voltadas
para o desenvolvimento sustentável da Amazônia e os problemas que são
semelhantes entre os Estados que compõem a região norte do Brasil.
Palavras-Chave: Amazônia Legal, Geopolítica, Desenvolvimento Sustentável, Nações Desenvolvidas, Integração Nacional, Nação Brasileira. 1 Pós–graduando em Geopolítica e Relações Internacionais; Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Tuiuti do Paraná. E-mail: otavianobahia@hotmail.com 2 Professora orientadora.
2
SUMMARY:
The Amazon has immeasurable reserves of raw materials and natural
resources that enhance sustainable development in the Brazilian nation. Within
this context, this paper aims to maximize the strategic importance of natural
resources for the development and affirmation of Brazil as a country to meet its
rising power in the face of developed nations. Well, you know, that rich
countries have exhausted its natural resources and raw materials need to look
at other states to sustain the consumption pattern of its population. And so the
Ministry of National Integration together with the Ministry of Environment,
through the Superintendency for the Development of Amazonia (SUDAM)
developed policies to integrate the north to the rest of the country, confirming
the strategic geopolitical defense of Brazil, the strengthening of national
sovereignty. For the completion of this work was used as the research
methodology in bibliographies, websites, magazines that have studied the
policies for sustainable development in the Amazon and the problems that are
similar between the States belonging to the northern region of Brazil.
Keywords: Amazon, Geopolitics, Development, Developed Nations, National
Integration, Brazilian Nation
1. INTRODUÇÃO
Não se trata mais do domínio das instituições governamentais, nem
tanto da expansão territorial da economia e da população nacional, mas sim de
3
forças que têm hoje uma forte e diferente atuação nas escalas global, nacional
e regional, configurando verdadeiras fronteiras nesses níveis, pois que
geradoras de realidades novas. Dentre estas forças destacam-se as
populações ditas tradicionais, os governos estaduais e a cooperação
internacional. E como resultado dessa complexa configuração, a Amazônia
Legal não é mais apenas uma fronteira móvel, adquirindo uma dinâmica
regional própria, pois, com o alinhamento de uma nova ordem mundial trás
novas configurações para o novo significado da geopolítica, que não mais atua
na conquista de territórios, mas sim na apropriação da decisão sobre seu uso
(BECKER, 2006).
Dentro desta contextualização, este trabalho objetiva destacar as
políticas nacionais para integração da região norte brasileiro ao
desenvolvimento junto com as demais regiões do Brasil, afirmando a presença
e proteção do Estado em uma área que, outrora, não se fez presente nos
planejamentos das políticas nacionais para desenvolvê-la.
Com isso, afirma a soberania e capacidade da nação brasileira em
defender e desenvolver, dentro do processo de sustentabilidade ambiental, a
Amazônia Legal. Pois assim, responder a potências internacionais que
esporadicamente emitem declarações com desejo de internacionalizar a região,
alegando que os países, a qual que geograficamente pertence, não tem força
política e econômica para preserva-lá. Com discursos justificando que a
Amazônia é patrimônio da humanidade e cabe aos países desenvolvidos
protegê-la da destruição.
4
A Amazônia detém a maior biodiversidade do planeta, imensurável
banco genético, maior fonte de fitoterapêutico e recursos minerais ainda não
dimensionados. Esta região é de suma estratégia para o desenvolvimento e
concretização do Brasil como potência mundial, pois, é fato que os países
desenvolvidos já esgotaram seus recursos naturais e usam a geopolítica para
apoderarem-se dos recursos naturais de nações mais fracas economicamente
e militarmente.
2. AMAZÔNIA LEGAL
Fonte: MI3 http://www.integracao.gov.br/imagens/desenvolvimentoregional/pas.jpg
A figura 1 acima destaca e delimita a área da Amazônia Legal, os
países continentais com os quais faz fronteiras e os Estados nacionais que
fazem divisa ou compromete parte destes. Constituída por nove Estados
brasileiros que são drenados pela bacia amazônica e como trechos da floresta
amazônica. A Lei 1806, de 06 de janeiro de 1953, cria a região da Amazônia
3 Ministério da Integração Nacional. Plana Amazônia Sustentável: Diretrizes para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Brasileira. Brasília, 2008. Acesso 10 mai. 2010 em: http://www.integracao.gov.br/imagens/desenvolvimentoregional/pas.jpg
5
Legal sendo afirmada sua área de ocupação com a transformação dos
Territórios de Roraima e Amapá em Estados federados e a criação do Estado
do Tocantins pela Constituição de 1988, citados em Ato das Disposições
Constitucionais Transitoriais conforme artigo 13 e parágrafo 1o e artigo 14
parágrafo 1o. Estados que compõem a Amazônia Legal: Acre, Amapá, Pará,
Rondônia, Roraima, Tocantins, Amazonas, Mato Grosso (norte do paralelo 16o
de latitude sul), Maranhão (oeste do meridiano de 44o). Abrangendo uma área
de 4.978.247 km2 é quase toda Amazônia brasileira.
Com o objetivo de promover a integração nacional da região norte do
Brasil, o governo federal instituiu a região da Amazônia Legal, fruto de um
conceito político e não geográfico, tendo como base análises estruturais e
conjunturais onde assim, englobou regiões com semelhantes problemas
econômicos, políticos e sociais (Agência de Desenvolvimento da Amazônia.
http://www.ada.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=114&Item
id=83. Acesso em 11 de maio 2010).
De acordo com Vesentini (2003, p.305 e 306) a área da Amazônia
Legal confronta com a Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e
a colônia Guiana Francesa e a leste com o Oceano Atlântico. Mesmo com
todas essas proximidades internacionais a Amazônia Brasileira tem baixa
densidade demográfica e mesmo essa baixa ocupação regional tem causado
profundos danos ao meio ambiente, principalmente na mudança da paisagem
tendo como conseqüências o extrativismo e ocupação irregular.
2.1 POVOAMENTO
6
No contexto mundial, a Amazônia Legal representa a última fronteira
inexplorada em seu potencial da biodiversidade e dos recursos minerais. E a
circunstâncias que colaboraram para a conservação desta imensa região foi à
baixa densidade demográfica, que ao longo dos tempos manteve-se como a
menos povoada do Brasil. Historicamente a dinâmica demográfica da
Amazônia esteve sempre condicionada aos períodos de prosperidade e
decadência por ela experimentada, que eram acompanhadas de fluxos e
refluxos de população, fruto de sua frágil base econômica de natureza
extrativista.
Com a implantação de políticas de desenvolvimento, apartir de 1970,
na Amazônia, configura um novo processo de desenvolvimento econômico e
de ocupação regional. O povoamento regional tradicionalmente fundamentado
na circulação fluvial sofreu alterações estruturais substantivas, nas três últimas
décadas, como decorrência do processo de ocupação econômica verificado. As
rodovias atraíram o povoamento para a terra firme e para novas áreas, abrindo
grandes clareiras na floresta e, sob o influxo da nova circulação, a Amazônia se
urbanizou e se industrializou, embora com sérios problemas sociais e
ambientais. A várzea e a terra firme, elementos históricos de organização da
vida regional, embora esmaecidos, permanecem como pano de fundo. Na
Amazônia Legal, a integração terrestre e fluvial do território tendeu a formar
eixos de transporte e infra-estrutura, ao longo e em torno dos quais se
concentram investimentos públicos e privados. Esses eixos acabam definindo
um macrozoneamento da Região e neles se concentram a população, os
migrantes e os núcleos urbanos, verificando-se forte pressão sobre o meio
7
ambiente. Tal macrozoneamento também conforma grandes espaços entre os
eixos, domínio de terras indígenas, Unidades de Conservação e populações
extrativistas e ribeirinhas isoladas. O adensamento de estradas no leste do
Pará, Maranhão, Tocantins, Mato Grosso e Rondônia compõem um grande
arco de povoamento. Essa faixa acompanha a borda da floresta, justamente
onde se implantaram as estradas e é o coração da economia regional, à
exceção da Zona Franca de Manaus e alguns projetos minerais (SUDAM,
http://www.ada.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=34&Itemi
d=51).
Segundo Becker (2006, p. 30-31), O conflito de interesses entre
projetos conservacionistas e desenvolvimentistas configura um processo de
politização da natureza, desnaturalizando a questão ambiental, reconhecendo-
se vários sujeitos com projetos diversos em relação ao meio ambiente. A ação
combinada de processos globais, nacionais e regionais, políticas contraditórias
– ambientais e de desenvolvimento – alteram o povoamento da região,
expressando territorialmente no embate entre três grandes padrões de uso da
terra: a) a reprodução do ciclo de exploração da madeira/expansão da
pecuária/desflorestamento; b) as experiências sustentáveis do extrativismo
florestal e pesqueiro tradicional melhorados; c) a agropecuária capitalizada. Em
sua essência, tais processos constituem um jogo de forças cujo poder de
afirmação é difícil de ser previsto, razão pela qual a fase atual do povoamento
da Amazônia legal constitui uma incógnita.
2.2 A AMAZÔNIA LEGAL E A GLOBALIZAÇÃO
8
Em fins do século XX, tornam mais acentuadas as feições da
globalização, com a interconexão não só da economia e das finanças, mas
também das arenas políticas nacionais e internacionais, a redefinição do papel
do Estado, a revalorização da natureza, os financiamentos descentralizados, a
velocidade acelerada de transformação das atividades e dos territórios por
efeito das redes técnicas. Velocidade de transformação que, contudo, que não
é homogênea, pois depende do acesso às redes, bem como dos atributos do
território em termos de potencialidade humana, patrimônio natural e cultural, e
iniciativa política.
Nesse contexto, alterou-se o significado da Amazônia, com uma
valorização ecológica de dupla face: a de sobrevivência humana e a do capital
natural, sobretudo a megadiversidade e a água. Sabe-se que a Amazônia sul-
americana corresponde a 1/20 da superfície terrestre e a dois quintos da
América do Sul; contém um quinto da disponibilidade mundial de água doce
(17%) e um terço das florestas mundiais latifoliadas, mas somente 3,5 milésimo
da população planetária. Daí considera-se a Amazônia como o coração
ecológico do planeta, “Incógnita de Heartland” 4. O conceito se aplica à
Amazônia devido à extensão da massa terrestre e florestal – que
historicamente dificultou a ocupação -, constituindo auto defesa que envolve
hoje a Amazônia Sul-americana, à posição geográfica estratégica entre os
blocos regionais e à conectividade, que atualmente permiti maior mobilidade
4 Esse conceito, proposto por Sir Halford Mackinder em 1904 para a massa continental eurasiana, fundamenta-se em extensão territorial, auto-defesa decorrente de feições geográficas no seu entorno – altas montanhas, mares gelados e possibilidade de grande mobilidade interna – que lhe atribuíram condições para exercer o poder mundial.
9
interna acrescentando valor à biodiversidade, base da fronteira da ciência com
a biotecnologia e a biologia molecular. Trata-se, assim, de reconhecer um novo
e poderoso triunfo para o seu desenvolvimento (BECKER, 2001).
O novo valor atribuído ao potencial de recursos naturais confere à
Amazônia o significado de fronteira de uso científico-tecnológico da natureza e,
em sintonia com a política da formação de grandes blocos supranacionais,
revela a necessidade de pensar e agir na escala da Amazônia sul-americana.
Algumas respostas governamentais a pressões internacionais deram
lugar a grandes projetos de proteção ambiental, entre os quais vale a pena
registrar:
a) O Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais
Brasileiras (PP-G7), que negociado em Genebra em 1991 e formalmente
lançado em 1993, passou a ser operacionalizado em 1994. É financiado pela
União Européia, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos e
Reino Unido e administrado pelo Banco Mundial, com investimentos previstos
de $250 milhões, pelos países doadores e pela contrapartida brasileira. É o
maior programa ambiental implementado em um só país. Constitui um
instrumento de desregulação patente nos objetivos de preservação dos
recursos genéticos e contenção do desmatamento, bem na ênfase que atribuiu
à participação das ONGs como contraponto para controle da aplicação do
programa. Os recursos liberados – 110,41 milhões de dólares em 1999 –
permanecem muito aquém do total negociado em Genebra. Os projetos pilotos
que o compõem tardaram a iniciar, e se encontram em vários estágios de
andamentos. Uma revisão recente da organização institucional concluiu que o
10
programa reflete falta de uma estratégia conjunta, um gerenciamento franco,
um desenho e um plano de financiamentos complexos, e responsabilidades
pouco definidas e assumidas pelos participantes. É Licito, contudo, registrar o
grande sucesso da demarcação das Terras Indígenas, dos projetos
demonstrativos, das Reservas Extrativistas, assim como a tentativa de ampliar
a escala de ação e o envolvimento e parceria entre atores públicos, privados e
não governamentais no programa. Todos os projetos do PP-G7 se
materializam no território segundo um modelo endógeno, isto é, voltado para a
população local, com aproveitamento de recursos locais.
b) O sistema SIPAM/SIVAM – proteção e vigilância da Amazônia –
um gigantesco projeto do governo brasileiro para controle da Amazônia,
baseado em tecnologia moderna, inspirado em uma estratégia de defesa
ambiente. Iniciativa nacional, previsto para ser implantado em cinco anos, com
um custo total de 1,4 bilhão de dólares e necessitando de tecnologia avançada,
esse projeto fez acordo com a Raytheon, graças as facilidades de
financiamento que acompanhavam a proposta americana. Pela primeira vez,
após 15 anos, o Eximbank americano voltou a fazer um empréstimo ao Brasil,
e com grandes facilidades, respondendo por 85% do financiamento. Foi através
do financiamento do Projeto SIVAM que os Estados Unidos conseguiram
participar, de alguma forma, no War on Drugs no Brasil. E a Amazônia entra,
no século XXl sob comendo de uma sofisticado sistema de informação. Após
anos de controvérsia, finalmente, o sistema foi inaugurado em julho de 2002. A
grande novidade foi colocar parte do sistema – Sipam – sob as ordens da casa
civil da Presidência da República, enquanto o Sivam permanece subordinado
11
ao Ministério da Defesa. Reconhece-se, assim, a dupla face do sistema: a face
militar, de vigilância do tráfego aéreo e fiscalização da superfície, fundamental
para a segurança das fronteiras, e a face civil que coleta, armazena e difundem
dados e informações fundamentais para o conhecimento do território. Ademais,
os radares e sensores do sistema têm grande alcance e monitorarão parte da
Amazônia que não pertence ao Brasil, e representantes da Colômbia, Peru e
Bolívia já manifestaram o interesse de seus países em receber
sistematicamente informações colhidas pelo Sivan/Sipam. O sistema constitui,
assim, um instrumento de grande potencial para intercâmbio com os países
amazônicos, sobretudo em face da perspectiva de resgate do Tratado de
cooperação Amazônica e da instalação de seu secretariado permanente em
Brasília (BECKER, 2006).
c) Dois outros grandes projetos focalizam diretamente a
biodiversidade e o clima. O PROBEM – Programa Brasileiro de Ecologia
Molecular da Biodiversidade Amazônica é um programa multi-institucional
brasileiro que conta com o apoio de uma rede de laboratórios nacionais e
internacionais, do setor privado internacional e dos vários níveis do governo
brasileiro. Seu principal objetivo é capacitar o país nas áreas de Biotecnologia
e Química de Produtos Naturais, visando prioritariamente o desenvolvimento
de produtos industriais de alto valor agregado, além de contribuir para o
desenvolvimento sustentável e a conservação da biodiversidade. Este
programa é o marco inicial da recuperação da capacidade decisória do país
sobre a transformação do capital natural em suporte efetivo para o
desenvolvimento sustentável, construindo uma resposta estratégia às pressões
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desligitimadoras da autoridade nacional sobre a Amazônia. Foi, contudo,
imobilizado por impasses políticos. Está localizado na cidade de Manaus,
embora suas redes de laboratórios é de financiamento se estendam pelo Brasil
e o exterior. Reformulado, o PROBEM inaugurou suas instalações físicas na
Suframa (2002) como centro de Biotecnologia da Amazônia, mas os técnicos e
pesquisadores ainda não estão definidos (BECKER, 2006).
d) Por sua vez, o LBA – Large scale Biosphere Atmosphere
Experiment on the Amazon, - é uma iniciativa internacional de pesquisa global
liderada pelo Brasil que visa gerar novos conhecimentos necessários à
compreensão do funcionamento climatológico, ecológico, giogeoquímico e
hidrológico da Amazônia, do impacto das mudanças dos usos da terra nesse
funcionamento, e das interações entre a Amazônia e o sistema biogeofísico
global da terra (BECKER, 2006).
Mediante concessões e ajustes entre parceiros, gerou-se um processo
de mudanças evidenciado, por exemplo, pela alteração da meta inicial
preservacionista dos doadores do Programa Piloto para Proteção das Florestas
Tropicais Brasileiras (PP-G7), para o compromisso com o desenvolvimento
sustentável, que se consolidou como diretriz do Programa, acatada por todos
os parceiros.
Assim, embora a cooperação internacional possa ser vista como um
instrumento de coerção velada, o diálogo, a diplomacia e, em particular, o
fortalecimento dos vasos comunicantes entre Estado e sociedade civil, podem
transformar essa coerção em instrumento de mudança positiva.
13
2.3 A AMAZÔNIA TRANSNACIONAL
O novo valor estratégico atribuído à natureza amazônica tornou patente
que ela não se restringe à Amazônia brasileira, mas, sim, envolve a extensa
Amazônia sul-americana5. Os ecossistemas florestais não obedecem a os
limites políticos dos países, e muitas nascentes dos rios amazônicos localizam-
se fora do território nacional. Esta situação, que em outras partes do planeta
geram conflitos geopolíticos entre nações, no caso da Amazônia pode e deve
ser fundamento para uso conjunto e complementar dos recursos em prol do
desenvolvimento regional, tal como ocorre com a formação de blocos
supranacionais no mundo contemporâneo.
A coordenação de esforços entre os países amazônicos é um elemento
central do novo enfoque para o desenvolvimento da região, por permitir maior
eficiência na execução de programas que promovam o seu desenvolvimento
interno, nas negociações internacionais.
A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA)
pretende viabilizar e ampliar o Tratado de Cooperação Amazônico (TCA). Este
já assegura a mais ampla liberdade de navegação no curso do Amazonas e
demais rios amazônicos internacionais, respeitada a regra de cada Estado, os
tratados bilaterais e os princípios de direito internacional (Becker, 2001).
Não por acaso, a integração dos países amazônicos é parte
fundamental do Projeto Nacional, prevista no Programa Avança Brasil e no
5 Com 6,5 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia sul-americana envolve além do Brasil, sete países fronteiriços: Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, a Guina Francesa (que tem fronteira com o Brasil, mas não é um país independente), e o Equador, que não possui fronteira com o Brasil.
14
atual governo, e fortalecida pelo resgate do Tratado de Cooperação
Amazônica, cuja secretaria foi instalada permanentemente em Brasília.
São vários os fatores que induzem à integração da Amazônia sul-
americana, todos eles convergindo para tentar fortalecer o papel da América do
Sul no contexto global (BECKER et alii, 2003).
A integração é necessária para a complementaridade econômica –
particularmente quanto à energia – e alargar o espaço econômico nacional,
bem como para ganhar força política, sobretudo como contraponto à Área de
Livre Comércio das Américas (ALCA). Articulações comerciais com o Grupo
Andino, que em sua maioria se confunde com os países que compõem o TCA,
estão se ampliando. É o caso do gás Bolívia e da produção hidrelétrica em
Guri, na Venezuela: acordos comerciais firmados entre países vizinhos e os
estados do Amazonas, Roraima, Rondônia e Mato Grosso.
O risco de convulsões políticas em países vizinhos, ameaçando as
fronteiras nacionais, é outro fator que requer uma ação conjunta sobre o
território da Amazônia, necessária e urgente.
Os riscos, contudo, não se resumem à instabilidade política e às
atividades ilícitas nas fronteiras: dizem respeito também ao entorno militarizado
do território nacional. Assiste-se à crescente presença militar na América
Central e na fachada sul-americana do Pacífico. Após a Guerra Fria, verifica-se
a intenção de transformar os Andes em maré nostrum,6 utilizando a
instabilidade política dos países Andinos, e a Alca como contraponto
estratégico. Essa política é patente na instalação de localidade de operação
6 “Nosso mar” em latim.
15
avançada na Costa Rica, no Panamá, em Curaçau, no Equador, no Peru, na
Bolívia e no Chile, além do plano Colômbia.
A Amazônia brasileira constitui uma resistência à instalação de bases
estrangeiras no território nacional e sul-americano. Nela, a incidência das
pressões da globalização, como se viu acima, faz-se através de cooperação
internacional técnica, científica e financeira, seja em projetos bilaterais, em
grandes projetos com poderosos aliados, ou em redes locais-globais de
parcerias não devidamente conhecidas. É certo que tal cooperação assume por
vezes autonomia excessiva, mas vale registrar o esforço do Ministério da
ciência e Tecnologia em assumir o comando nessa relação. É certo também
que não há hoje condições no mundo de prescindir da cooperação
internacional. A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA)
pode constituir instituição chave para essa resistência e integração.
2.5 ESTRATÉGIAS DE DEFESA
A busca de um novo significado para as relações de vizinhança na
Amazônia já está impondo o redirecionamento da ação pública, com reflexos
na geopolítica. Esta última caminha, contemporaneamente, no sentido da
integração, em diversas escalas, das fronteiras políticas, como forma de
reafirmar, também em diferentes escalas, a presença nacional dentro de um
espaço mundial crescentemente perpassado por diversas forças unificadas e,
ao mesmo tempo, excludentes.
16
Na esfera do governo federal, a resposta à vulnerabilidade das
fronteiras manifesta-se na forma de três estratégias de defesa: os projetos
militares como Calha Norte e o SIVAM, as propostas de criação de territórios, e
a integração física continental.
A redefinição do mapa político-administrativo regional, com a criação
dos territórios federais tem o propósito de assegurar a presença do poder
nacional em regiões fronteiriças de ocupação ainda pouco consolidadas, como
as do alto Rio Negro, alto Solimões e Juruá. Essas áreas abrangem questões
tradicionais de defesa externa e segurança estratégica do país, bem como
aquelas atualmente tidas como de interesse da segurança nacional, como meio
ambiente, direitos humanos e tráfico de drogas. Tais questões provocam a
interferência e o apoio operacional, financeiro e político de organizações
internacionais, que, atuando em redes globais, possuem expressivo poder de
mobilização da opinião pública mundial, além de terem forte influência sobre
decisões de organizações mundiais, de agências financiadoras internacionais e
de governos nacionais.
Prevista no artigo 12 das Disposições Transitóriais da Constituição
Federal, a atual proposta de redivisão territorial da Amazônia Legal, que prevê
a criação dos três territórios federais, provoca o debate sobre a centralização
ou descentralização do poder sobre o território na federação e sobre a
condução política do processo de integração da parte ocidental da fronteira
norte da brasileira ao resto do país de dimensões continentais, cujas regiões
periféricas se debatem entre a fragilidade do poder público local e os
imperativos de forças dominantes na geopolítica mundial – como as ligadas ao
17
comércio ilegal de drogas, ao recrudescimento da guerrilha e fragilização
institucional do Estado na Colômbia, e à conservação do meio ambiente e da
cultura indígena.
Cabe ao Estado nacional integrar as áreas remotas ou de densidade
demográfica muito baixa, situadas em zonas de fronteira que estejam sendo ou
possam vir a ser polarizadas, diretamente ou indiretamente, por centros e/ou
forças políticas situadas fora do território nacional. Assim, as questões
presentes na discussão da criação dos territórios federais na Amazônia
realçam a necessidade de encaminhamento da ação do Estado brasileiro,
levando em conta:
a) A interpretação, ao constitucional relativa ao controle político-
adminstrativo do território fronteiriço, aí incluído o aprofundamento da
discussão em torno da legislação que regula a faixa de fronteira;
b) As especificidades naturais e territoriais das áreas fronteiriças do alto
Rio Negro, alto Solimões e alto Juruá, face às necessidades de maior
integração interna e externa;
c) O papel estratégicos das cidades e da infra-estrutura na maior ou
menor permeabilidade desses segmentos da fronteira amazônica
frente aos países vizinhos.
Com respeito aos projetos de origem militar, importa notar que eles
foram bastante alterados. O SIPAM/SIVAM foi uma resposta à
tentativa norte-americana de instalação de bases no território
brasileiro em nome do combate às drogas, mediante comprovação
da capacidade do país de controlar seu território e o meio ambiente
18
por meio de um eficiente sistema de informações. Em 2002, dois
eventos marcaram o projeto: primeiro, a separação dos dois
componentes, como já referido; segundo a inauguração das
instalações do SIPAM em Manaus.
Já o programa Calha Norte (PCN), criado em 1985 e abandonado
durante anos por falta de verbas, vem sendo resgatado com vistas a subsidiar
uma Estratégia de Desenvolvimento da Amazônia Setentrional (Ministério da
Defesa/Fundação Getúlio Vargas, 2001). Essa imensa região, com 1,4 milhão
de quilômetros quadrados (17% do território do país), compreende parte do
estado do Amazonas, todo o estado de Roraima, parte do Pará e todo o estado
do Amapá, abrangendo 72 municípios, 41 deles situados total ou parcialmente
na faixa de fronteira. Abriga apenas 2,7 milhões de habitantes (2 hab./km2) e
nela vivem 25% dos indígenas do Brasil. Possui 7,4 mil quilômetros de
fronteiras, com o Peru, Colômbia, Venezuela, Guina, Suriname e Guina
francesa. Em outras palavras, o Programa Calha Norte se destina a uma área
altamente estratégica.
Apesar de suas dificuldades, o PCN tem sido em grande parte
responsável pela presença constante do Estado brasileiro na Amazônia
setentrional, através dos pelotões Especiais de fronteira, do apoio aéreo, do
atendimento às tribos indígenas e comunidades carentes, e da manutenção de
infra-estrutura (energia e transporte). A partir de agora, insere-se numa visão
estratégica que envolve a parceria com o setor privado em um processo de
planejamento que inclui: planos estratégicos de desenvolvimento regional para
sub-regiões identificadas na Calha Norte; planos de desenvolvimento local
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integrado e sustentado em nível municipal, convergindo, assim, para propostas
anteriormente apresentadas; e a proposta de um novo modelo de gestão para
o PCN.
O propósito do planejamento estratégico é a “ocupação seletiva e de
desenvolvimento sustentável” num horizonte de 2001 a 2010, visando três
grandes objetivos: ordenação do processo de ocupação humana regional, que
deve ser descontínuo e pontual para evitar pressões antrópicas excessivas
sobre o meio ambiente; aceleração do crescimento economicamente
sustentável e ambientalmente sustentável; e avanço do desenvolvimento
humano (PCN, 2001).
No que tange à integração física da Amazônia sul-americana cabe
distinguir dois níveis: o regional e o local. O primeiro contendo a proposta de
promoção a articulação da base territorial sul-americana, não só através da
construção de uma infra-estrutura viária interligada mas também da
complementação de recursos (minerais e energéticos) entre países vizinhos.
Essa estratégia volta-se para a consolidação de uma plataforma regional sul-
americana fortalecedora da presença da Amazônia na geopolítica mundial,
enquanto uma base territorial integrada detentora de ativos ambientais
diversificados e não apenas como um patrimônio natural a ser preservado.
Dentre os grandes sistemas de ligações já delineados para a
integração física da Amazônia sul-americana, além da ligação rodoviária, já
concluída, de Manaus a Boa Vista e daí até Caracas (Venezuela) – estrada de
aproximadamente 1.800 quilômetros que vai ligar a Amazônia brasileira ao
Caribe – destaca-se:
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a) O eixo intermodal (hidrovias e rodovias) entre Belém, no Atlântico, e
os portos na costa do Peru (Paita) e o equatoriano (Guayaquil) do
Pacífico, envolvendo ainda a passagem pelo porto fluvial peruano
de Sarameriza (no Rio Marañón) até a cidade de Iquitos, e os
Rios Solimões e Amazonas;
b) A ligação rodoviária do trecho entre Rio Branco (Acre) e a BR 364,
ao Porto de Ilo (Peru).
Além dessas ligações, os acordos bilaterais Brasil-Venezuela,
estendendo uma linha de transmissão de energia (hidrelétrica) da cidade
venezuelana de Guri até Boa Vista, e o acordo de exploração conjunta de gás
e petróleo entre Brasil-Bolívia-Peru-Colômbia e Equador, igualmente para um
processo de adensamento de atividade e de relações fronteiriças, embora
sujeito a retrocessos, devido ao aumento de instabilidade no continente sul-
americano, como um todo, e nos países amazônicos, em particular.
O eixo rodoviário que ligações com a Venezuela viabiliza não só a
integração da parte norte do Brasil com o sul daquele país, mas principalmente
com países do Pacto Andino e do Tratado de Cooperação Amazônico, além do
intercâmbio comercial com o Caribe e o Atlântico Norte.
A saída para o Pacífico, o Caribe e o Atlântico Norte – esta última,
reforçada também, pelo início da ligação rodoviária entre Macapá e Caiena
(Guiana Francesa) -, não só irá pressionar no sentido de intensificação de
fluxos comerciais e da superação de obstáculos à livre circulação de produtos a
longa distância, como representa, em nível local, a possibilidade da
estruturação de comunidades e/ou aglomerados urbanos fronteiriços, que
21
poderão estreitar vínculos no campo econômico e compartilhar interesses e
vontades coletivas.
Finalmente cabe observar que o pólo industrial de Manaus será
diretamente beneficiado com os avanços verificados na integração econômica
com a região da América Central e, mais diretamente, do Caribe.
Uma outra vertente voltada as ações estratégicas em nível local diz
respeito ao aprofundamento da relações entre comunidades fronteiriças que
possuem cidades gêmeas no outro lado da fronteira, algumas das quais com
um potencial de adensamento de atividades sociais, econômicas e culturais, e
com entreposto do comércio exterior tanto com os países situados ao norte do
continente sul-americano quanto com os do Caribe.
Visando a integração desses “sub-sistemas fronteiriços”, há sugestões
a ser seguidas: um projeto de integração que vai além do estudos de
viabilidade econômica da zona fronteiriça, atuando através de um “Tratado de
Integração” determinado por metas específicas voltadas para sua
institucionalização em nível político, econômico, social e técnico; a formulação
de uma política de integração para a zona especificamente fronteiriça; a
formulação, ao de projetos de interesse comuns e de um regime dinâmico para
o tráfico fronteiriço (Coelho,1992).
Ao lado de políticas institucionalizadas, outras formas de ação, talvez
mais simples e especificamente dirigidas ao estreitamento de iniciativas locais
– como os consórcios municipais e os planos diretores ajustados – poderiam se
voltar para a solução de interesses e problemas comuns a um espaço próximo,
ou mesmo contíguo, como no cãs de Letícia (Colômbia) e Tabatinga (AM), no
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sentido de encaminhar um processo de consolidação de segmentos urbanos
transfronteiriços e reverter o caráter periférico que ainda hoje marca a região
da fronteira na Amazônia brasileira.
A diferenciação da faixa de fronteira indica a pertinência de políticas
diferenciadas para sua segurança e integração externa. A fronteira com a
Venezuela, guiana e Suriname é segura quanto a penetração externa, devido
às barreiras montanhosas aí presentes, enquanto a dificuldade de integração
está sendo solucionada pelas rodovias com dupla ligação. O problema está no
controle interno dos mais diversos agentes que a percorrem. A fronteira
montanhosa com a Colômbia, contudo, despovoada e isolada, é a mais
vulnerável de todas, dada a proximidade das FARC. Já as fronteiras com o
restante da Colômbia, com o Peru e Bolívia são extremamente permeáveis
pela circulação fluvial o que favorece a integração, mas também a penetração
da ilegalidade, exigindo uma Marinha moderna,capaz de ativa vigilância nos
rios. Ao que tudo indica, além das forças armadas e da diplomacia, é sobretudo
na Polícia Federal que fundamenta hoje o papel do Estado no controle das
fronteiras.
Exemplo desta orientação é a Operação Cobra. Quando o conflito
Colombiano, ativo há mais de 30 anos, acirrou-se apartir de meados da década
de 1980, envolvendo diferentes grupos armados, todos financiados pelo
narcotráfico, o governo Colombiano em parceria com os Estados Unidos e a
União Européia, elaborou o Plano Colômbia. Embora contando com cinco
componentes básicos – reativação econômica, paz, reforma do sistema judicial,
desenvolvimento social e luta antinarcóticos – o Plano concentrou sua ação no
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combate ao narcotráfico, enfatizando que suas primeiras ações seriam
desencadeadas ao longo dos rios Putumay e Caquetá, adentram o território
brasileiro com as denominações de Iça e Japurá, respectivamente.
Inquieto quanto às conseqüências que essa estratégia poderia trazer
para o Brasil, o Governo Brasileiro antecipou-se aos fatos e aprovou o
desencadeamento da Operação Cobra (OC) por parte da Polícia Federal, com
o apoio logístico das Forças Armadas. A OC é o conjunto de ações
desenvolvidas para a proteção de toda a extensão da fronteira Brasil –
Colômbia (1.644 quilômetros) e nos municípios nela sediados. Visa paralisar e
obstruir os sistemas produtivos de entorpecentes estabelecidos na Amazônia,
particularmente nas regiões de influência dos Rios Iça-Putumayo, Japurá-
Caquetá, Wanpés-Vanpes e Negro. Para tanto, a estratégia concebida foi a
implantação de controles de redes de circulação e comunicações – transporte
aéreo e fluvial, trânsito de cargas e pessoas, comunicações – localizados em
oito pontos selecionados nos rios citados (OC, Relatório Anual de 2001).
Ademais, tenta-se processar uma mudança nas relações dos policiais com a
população; a OC realiza minucioso levantamento socioeconômico nos vales
dos afluentes do alto Solimões, e visando melhorar a imagem da instituição,
procura reproduzir os métodos aprendidos com os narcotraficantes para captar
a população, oferecendo-lhe préstimos e ajudas diversas.
Para que as ações voltadas à promoção de desenvolvimento em áreas
de fronteira sejam eficazes dentro de um processo de manutenção da
integridade do território nacional e de garantia da soberania do Estado
nacional, aproveitando as potencialidades regionais de forma sustentável,
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torna-se necessário que as instituições governamentais se envolvam num
esforço conjunto e coordenado e que não sejam descartadas diferentes formas
de parcerias com a sociedade civil.
3. CONCLUSÃO
Convém frisar que, desde sempre, pairou sobre esse rico e imenso
território brasileiro, a cobiça de estrangeiros, hoje potencializada pela
globalização e fim da bipolaridade e, máxime, pela excepcional posição
geográfica e conhecimento científico de que se dispõe sobre o seu
incomensurável potencial hídrico, mineralógico e diversidade biológica que é a
Amazônia Legal.
A preocupação com a defesa e permanente vigilância da nossa
Amazônia, em particular da vulnerável Amazônia Ocidental, é prioridade do
Governo, sendo, incontestavelmente, a presença das Forças Armadas, o fator
preponderante da manutenção da soberania nacional na região.
Há tempos, são invocadas preocupantes declarações de notáveis
personalidades chefes de Estados estrangeiro a favor da limitação das
soberanias de países em desenvolvimento, sendo citada, indireta ou
explicitamente, a Amazônia, que deve ser mantida intocável, como reserva
futura de recursos naturais, água e a diversidade biológica, os principais deles.
Sob os mais variados argumentos, tais como os do combate ao narcotráfico, a
proteção de minorias marginalizadas (como as nações indígenas que poderiam
criar movimentos separatistas, enclaves e zonas de guerrilha), a preservação
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do meio ambiente; os atuais “donos do mundo” poderão intervir militarmente na
região amazônica. O cerco ameaçador à Amazônia se intensifica, para que
essas áreas, de superlativa importância, sejam preservadas em benefício dos
países hegemônicos e consideradas patrimônio da humanidade. A defesa e
guarda da Amazônia Legal está sendo desenvolvida por políticas de Estado
voltadas exclusivamente para o desenvolvimento e vigilância da região, com
objetivos de integração nacional. A presença forte e atuante do Estado na
região preencherá os espaços antes descobertos, facilitando a presença
ameaçadora de forças estrangeiras à soberania nacional.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- ADAS, Melhem. Geografia: Os Impasses da Globalização e o Mundo
desenvolvido. 4a edição, São Paulo: Ed. Moderna, 2002.
- BECKER, Berta K. Amazônia. Série Princípios, São Paulo, Ática, 1990, p.92.
- BECKER, Berta K. & MIRANDA, M. Novos Rumos da Política Regional: Por
Um Desenvolvimento Sustentável da Fronteira Amazônica. Rio de Janeiro, ed.
UFRJ, 1997, p.421-443.
- BECKER, Berta K. Amazônia: Geopolítica na Virada do lll Milênio. Rio de
Janeiro. Ed Garamond, 2004.
- CARVALHO, André; MARTINS, Sebastião. Capitalismo. 5a edição, Belo
Horizonte: Ed.Lê, 1987.
- ESTATÍSTICO, Instituto Brasileiro de Geografia e (IBGE). Atlas Geográfico
Escolar. 2a Ed. Rio de Janeiro, 2004. Escala 1:31.000.000.
- MOREIRA, Igor. O Espaço Geográfico: Geografia Geral e do Brasil. 38a
edição, São Paulo: Ed. Ática, 1998.
- Site: ENCICLOPÉDIA ELETRÔNICA, Amazônia Legal, 2005. Disponível:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia_Legal. Acesso em: 23 Dez. 2009.
- Site: Ministério da Integração Nacional. Plana Amazônia Sustentável:
Diretrizes para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Brasileira.
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