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GOVERNO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO
COORDENAO ESTADUAL DO PLANEJAMENTO
COMPANHIA ESPRITO SANTENSE DE SANEAMENTO
ESTUDOS POPULACIONAIS PARA CIDADES, VILAS E POVOADOS
(CONVNIO CESAN)
PERFIL DOS POVOADOS DO ESPRITO SANTO
INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES
ESTUDOS POPULACIONAIS PARA CIDADES, VILAS E POVOADOS
(CONVNIO CESAN)
PERFIL DOS POVOADOS DO ESPRITO SANTO
GOVERNO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO
COORDENAO ESTADUAL DO PLANEJAMENTO
COMPANHIA ESPRITO SANTENSE DE SANEAMENTO
INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES
ESTUDOS POPULACIONAIS PARA CIDADES, VILAS E POVOADOS
(CONVNIO CESAN)
PERFIL DOS POVOADOS DO ESPRITO SANTO
DEZEMBRO/1985
GOVERNO DO ESTADO DO ESPRITO SANTOGerson Camata
COORDENAO ESTADUAL DO PLANEJAMENTOOrlando Caliman
COMPANHIA ESPRITO SANTENSE DE SANEAMENTO
INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVESManoel Rodrigues Martins Filho
3
4
APRESENTAO
Pouco se conhece sobre a vida dos povoados do Esprito Santo, sua evolu
o histrica, suas especificidades, suas formas de insero na economia,
bem como seus aspectos demogrficos e fsico-espaciais. Desconsiderados,
histrica e metodologicamente, para efeitos de anlise, e de captao de
dados, pela maioria das instituies de governo,so vistos como zona rural, muito embora, mais recentemente, reconhea-se estarem vinculados aumllstatus quollurbano. Pertencem a uma mesma dinmica de reproduo dogrande capital hegemnico, esto inseridos no mesmo processo de massifi
cao da cultura, onde hbitos e necessidades urbanas lhe so oferecidos,
alm de seconstituirem em extenso de mercado, dentro dos espaos geo-ecQ
nmicos.
Haveria, com base nessa tica, a dicotomia urbano x rural? E, em caso
afirmativo, qual seria o seu papel? Essas preocupaes comeam a ganhar
importncia, medida em que se avana na investigao acerca das formas
que assumem a nova diviso internacional do trabalho, notadamente no que
se refere cooptao desses espaos na reproduo do capital. Contudo, de se reconhecer a exiguidade de informaes existentes que permitam
formar um amplo espectro de manifestaes dessa realidade.
Com efeito, verifica-se que muitos povoados possuem atividades econmicas
inexpressivas, constituindo-se em meros apndices do meio rural. Entreta~
to, outros apresentam um volume de atividades e um nvel de especializ~o que superam a situao demuitas sedes municipais. E por trs das re
laes econmicas, h vidas em esperana e expectativas vividas.
Foram essas as preocupaes ao se elaborar o presente documento. Aprovei
tando o ensejo de coletar dados apra a realizao de uma projeo popul~
cional para o Esprito Santo, a equipe de Estudos Populacionais do IJSNresolveu ampliar a sua base de informaes e buscou reunir o maior nme
5
ro possvel de subsdios para elaborar o presente perfil. Pretende-se,com ele, iniciar um processo de reconstituio da historiografia desses
povoados, espelhando a situao colhida, por cada pesquisador, procurandoretratar as mutaes sofridas por cada espao ao longo do tempo.
Foram visistados cerca de 90 povoados, mantidos contatos com moradoresmais antigos, analisados os espaos de ocupao, feito um levantamento
fotogrfico e analisada a carta do IBGE, com vistas a sua atualizao,
atravs de croquis de localizao. Com base nessas informaes, procurou
-se elaborar, discritivamente, sua historiografia, analisar sua situao
scio-econmica e espacial, verificar as condies de equipamentos e in
fra-estrutura existentes, e descrever suas singularidades. Os resulta-dos esto a seguir.
Contudo, a equipe no considera esse um trabalho acabado. Ao contrrio,
espera que seja ele apenas um incio das atividades de recuperao e de
registro da dinmica existente. Uma srie de outros estudos podem serdesenvolvidos a partir das informaes obtidas, tanto para uso instituciQ
nal como pelos prprios segmentos da sociedade capixaba. Acredita-se que
ele subsidiar a melhor compreenso da prpria dinmica geo-econmica das
regies do Esprito Santo e, com isso, ampliar as bases de entendimento
da prpria realidade estadual. E, atravs de um maior conhecimento de
suas especificidades, ampliar a viso atual desse contexto, encarado como
simples segmento da zona rural, sem sujeito e sem predicados, simples ob
jeto.
H que se considerar, ainda, os resultados mais subjacentes dessa exp~
rincia. A partir do momento em que o IJSN aliou-se CESAN, visandorequisitar um contingente de tcnicos para um trabalho de campo, estava
deixando de lado a postura tecnocrtica, assumida durante muitos anos.
Dessa forma, o Estado passou a patrocinar a essa equipe uma oportunidade
de sair dos gabinetes de trabalho, na Capital, para ir ver de perto um
universo fora de seu quotidiano.
6
No um universo de aglomerados que resguardam um prolongamento do meio de
vida das grandes cidades, mas um ambiente estreitamente ligado ao meio
rural: os chamados patrimnios. Esses locais so extremamente depende.!:!.tes, dbeis em relao s mudanas conjunturais e estruturais, e, por
isso mesmo, desconhece-se os destinos que a maioria desses embries de
cidade tomaro, podendo, no futuro, vir a se tornarem sedes de municpio~
talvez grandes cidades, setenciados estagnao, desaparecimento ou mes
mo engolidos por um grande centro.
No entanto, h que se partir de um fato inexorvel: sua existncia. A p~pulao desses ncleos est vivendo, trabalhando, lutando, buscando
gua em poo, capinando a terra, plantando e colhendo suas ddivas.
Isso tudo sem receber quaisquer atenes de Governo, muitas vezes sucepti
vel inoperncia, justificada atravs de um conflito de competncias, nas
diferentes instncias de poder. No desejam esses habitantes ser lembra
dos apenas nos perodos pr-eleitorais, mas em carter permanente, como
fora de trabalho que engravida a terra e desejam apenas ser fel iz.
o documento Perfis dos Povoados do Esprito Santo um veculo de transmisso do pensamento e da palavra desses habitantes, que as externaram
nas entrevistas levadas a efeito. Documentou-se sua luta quotidiana por
melhores condies de vida, assumindo a equipe uma postura de absoluta
fidedignidade de reproduo dos relatos e, por isso mesmo, passando a
constituir mais um veculo de manifestao de suas reivindicaes.
Ao publicar tais depoimentos, no se ofereceu nada a seus colaboradores,
a no ser a prpria oportunidade de disseminao do contedo manifesto,
ratificado ainda atravs de um acervo fotogrfico levantado nessas localldades. Nele esto resgatadas as imagens interioranas, suas formas, suas
paisagens, seus legados histricos e sua paisagem natural, alm, claro,
da imagem simples do homem do campo.
No entanto, muito h que resgatar, a partir da historiografia levantada.
Pois, afinal, abrem caminho para novas interpretaes acerca das relaes
7
sociais existentes: quem conhece o seu Joo Neves, um dos desbravadoresdo interior de Nova Vencia, que abriu a primeira clareira onde existe,atualmente, extenses de terra plantadas com caf? Quem conhece D. Doro
thia, que aglutinou e organizou os trabalhadores rurais de Santa Leopol
dina num sindicato? Quem conhece os irmos Isaias e Rafael Alto. que
fundaram, em 1951, a primeira Cooperativa de Cafeicultores de Jacigu?
Esses personagens constituem memria viva de um perodo que est prestes
a perder seu registro, caso no venham a ser documentados. Ainda h tempo, enquanto essas fontes ainda vivem as informaes. Basta atenda para
as necessidades de as novas geraes conhecerem esse universo, evitando
que elas venham a se sentir sem passado, sem histria.
Por tudo isso, a equipe dedica esse trabalho a essa populao e aos admi
nistradores pblicos que to bem saibam entender as revelaes expressas
no presente documento.
SUMARIO
APRESENTAO
1. INTRODUO
PAGINA
14
8
REGIO Ib - REA DE INFLUNCIA DA GRANDE VITRIA 27
- Ib.l - MUNICPIO DE UNHARES............................. 28
Ib.l.l. Povoado: Juncado 28Ib.l.2. Povoado: Comendador Rafael................ 31
Ib.l.3. Rio Quartel 34Ib.l.4. Povoao ...................... 35Ib.l.5. Povoado Farias 36
- Ib.2 - MUNICPIO DE RIO BANANAL 39
Ib.2.1. Povoado: So Jorge do Tiradentes 39
- Ib.3 - MUNICPIO DE ARACRUZ ............... 43Ib.3.1. Povoado: Jacupemba 43
Ib.3.2. Barra do Riacho........................... 46
Ib.3.3. Barra do Sahy............................. 48
Ib.3.4. Crrego D'gua 51
- Ib.4 - MUNICPIO DE IBIRAU 54
Ib.4.1. Povoado: Cavalinho 54
Ib.4.2. Povoado: Cristal... 56
Ib.4.3. Povoado: Santo Afonso..................... 58
Ib.4.4. Povoado: Piraqueau 60
- Ib.5 - MUNICPIO DE SANTA TEREZA
Ib.5.1. Santo Antnio de Pdua
- Ib.6 - MUNICPIO DE AFONSO CLUDIO .Ib.6.1. Fazenda Guandu .Ib.6.2. So Francisco .Ib.6.3. So Luis de Miranda .
1.7 - MUNICPIO DE SANTA LEOPOLDINA .1.7.1. Caramuru .1.7.2. Santa Maria de Jetib .1.7.3. Alto Possmouser .
PAGINA
6363
666667
68
69697582
9
- Ib.8. MUNICPIO DE DOMINGOS MARTINS 87Ib. 8. 1. Povoado: Ponto A1to 87Ib.8.2. Povoado: Perobas 90
- Ib.9. MUNICPIO DE CONCEIO DO CASTELO 93Ib.9.1. Povoado: So Joo de Viosa 93
- Ib.l0 - MUNICPIO DE CACHOEIRO DO ITAPEMIRIM 97Ib. 10. 1. Pvoado: So Jos de Fruteiras 97
REGIO 11 - CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 100- 11.1. MUNICPIO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 101
II . 1.1. Crrego dos Monos 10111.1.2. Sambra 10311.1.3. Gironda 106II .1.4. Boa Esperana.................................. 110
10
PAGINA
11.1.5. Prosperidade................................. 114
- 11.2. MUNICPIO DE ITAPEMIRIM 119
I 1.2. 1. Povoado: Gomes 119
11.2.2. Povoado: Grana.............................. 121
11.2.3. Brejo dos Patos.............................. 124
- 11.3. MUNICPIO DE ICONHA
11.3.1. Bom Destino
128
128
- 11.4. MUNICpIO DE ATLIO VIVACQUA . 131
11.4.1. Praa do Oriente............................. 131
- 11.5. MUNICpIO DE CASTELO .. 135
11.5.1. Estrela do Norte............................. 135
- 11.6. MUNICPIO DE DORES DO RIO PRETO 140
11.6.1. Mundo Novo................................... 140
- 11.7. MUNICPIO DE PRESIDENTE KENNE Y 143
I 1.7.1. Santo Eduardo 1. 143
11.7.2. Jaqueira '. 145
REGIO 111 - BOM JESUS DO ITABAPOANA RJ) 150
- IIl.l - MUNICPIO DE APlAC..... 151
II L 1. 1. Bom Sucesso 1. 151
REGIO IV - MANHUAU (MG) .
REGIO V - COLATINA .
- V.l - MUNICPIO DE COLATINA .
V. 1.1. So Joo Grande .
V.l.2. Divisa .
V. 1.3. More 110 .
- V.2 - MUNICpIO DE NOVA VEN~CIA .
V.2.1. Cristalino .
V.2.2. So Joo da Cachoeira Grande .
V.2.3. Santo Antnio do XV .
V.2.4. Praa Rica .
V.2.5. So Luiz Rei .
V.2.6. Todos os Santos .
- V.3. MUNICPIO DE MARILNDIA .
V.3.1. Monte Sinai ....................................
- V.4. MUNICpIO DE UNHARES .
V.4.1. So Jorge da Barra Seca .
- V.5. MUNICpIO DE SO GABRIEL DA PALHA , .
V.5.1. So Roque da Terra Roxa
- V.6. MUNICpIO DE BOA ESPERANA .
V.6.1. Santo Antnio .
V.6.2. Sobradinho .
1 1
PAGINA
154
155
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188
191
191
195
195
198
12
PAGINA
- V.7. MUNICipIO DE BAIXO GUANDU 202
V. 7. 1. Mascarenhas 202
- V.8. MUNICPIO DE PANCAS 205
V.8.1. Monte Carmelo 205
REGIO VI - MANTENA (MG) 208
- VI.l - MUNICrPIO DE BARRA DE SO FRANCISCO. 209
VI.l.l. Vargem Alegre................................. 209
VI.1.2. Cafelndia 211
VI.l.3. Bom Destino................................... 214
VI.l.4. Santa Luzia do Crrego Azul.. 218
VI.1.5. Monte Senir 221
- VI.2 - MUNICpIO DE ECOPORANGA 224
VI. 2. 1. Itapeba 224
VI.2.2. Muritiba 226
VI.2.3. Prata dos Baianos ou Vila Prata 227
VI.2.4. Santa Rita.................................... 229
VI.2.5. Santa Terezinha 231
VI.2.6. So Geraldo 232
VI.2.7. Ribeirozinho 234
- VI.3.1 -CEDROLNDIA
VI.3.2 - Boa Vista
236
239
13
PAGINA
- VI.4 - MUNICpIO DE MANTENOPOLIS 242VI.4.l. So Jos 242
REGIO VI I - NANUQUE (MG) 244- VII.l - MUNICpIO DE MONTANHA 245
VII. 1. 1. Povoado: So Sebastio do Norte 245
- VII.2 - MUNICpIO DE MUCURICI ,. 247VII.2.1. Povoado: Ponto Belo...................... 247VII.2.2. Povoado: gua Boa........................ 250
1.
14
INTRODUO
A histria dos povoados capixabas se confunde com a prpria histria eco
nmica que marca as relaes sociais no Esprito Santo, desde a ocupao
de seu territrio, at sua gradativa insero na diviso internacional do
trabalho. O nascimento, crescimento ou estagnao desses povoados sempre
esteve ligado s grandes transformaes scio-econmicas que ocorreramno Estado.
Na fase de ocupao territorial, os povoados assumem um papel de apoio
produo primria, inicialmente participando do ciclo de desmatamento e,em seguida, participando diretamente na produo cafeeira e pecuria. Com
a hegemonia do caf, muitos desses constituiram-se em elos da cadeia de
intermediao na comercializao dessa monocultura, ou mesmo na distribui
o de bens e de servios populao rural. Com a erradicao do caf,o rtmo de crescimento desses povoados sofre uma reverso, pois o que os
mantinha em asceno era justamente a vinculao ao capital comercial,
que perde a sua hegemonia.
Nesse perodo, a economia do Estado sacudida pelo advento dos grandes
projetos, pela consolidao de um grande plo de produo, distribuio
e consumo, na Grande Vitria, pelo crescimento acelerado do poder de atr~
o desse plo, pela emergncia do capital agrrio e industrial na economia capixaba, surgindo uma nova paisagem sobre a rede urbana do Estado.
Esses fatos vo provocar uma redefinio dos papis dos aglomerados urba
nos, por meio de um modelo que se constitui, ao mesmo tempo, concentrador
e desconcentrador onde a mesma lgica pressupe o inchamento da Grande Vidtria e proximidades, ao mesmo tempo em que se verifica um verdadeiro
pipocamento de pequenas aglomeraes em reas de produo e de consumo re
centes.
15
A gnese e a evoluo desses ncleos descreve um movimento pendular, orase inserindo na rede urbana, atravs de suas diferentes armaes, ao lon
go do tempo, ora excludos, por sua inoperncia, de acumulao do capital,pois a situao vigente diretamente responsvel pela combinao de fato
res que determinam o crescimento, a estagnao e o declnio dos ncleos
urbanos. Compreender essa realidade significa analisar as principais ~
nifestaes da dinmica scio-econmica e espacial, bem como as especifl
dades de cada povoado na regio onde se insere.
As informaeos que so agregadas a nvel de cada localidade subsidiaro a
conformao de um Perfil dos Povoados do Esprito Santo, fornecendo ele
mentos para melhor compreenso de como se rebate no espao as principais
transformaeos da realidade capixaba. No conjunto, as especificidades e~tudadas, a partir de cada povoado, no conformam um entendimento global
dessa realidade, j que essa maior do que o prprio somatrio das pa~
teso Entretanto, esse estudo possibilita alguns indicadores de como se
espacializa a prpria dinmica dos subespaos econmicos, notadamente em
relao forma que assume o modo de produo capitalista onde se inserem
esses povoados.
Infere-se paralelamente as formas que assumem os movimentos migratrios
internos a esses subespaos, no qual cada um detm, a cada momento, parc~
las maiores ou menores dessa dinmica, em relao aos perodos de distri
buio populacional interespacial correspondente. Tais movimentos so in
dicativos das estruturas motoras, ligadas massa de salrios, valor de
produo e pessoal ocupado, verificando-se que o incremento populacional
est sempre relacionado gerao de valor, aos quais sustentam os pesos
demogrficos nos vrios espaos do Esprito Santo.
canse
desemp~
ocupa naum quadro
norte do
Assim, as leis que determinaro essas atraes ou expulses sero
quncia do movimento geral da economia e do papel que cada espao
nha na reproduo dessa, bem como o papel que cada aglomeradorede urbana. Com efeito, observa-se que essa dinmica conforma
geral de distribuio das especializaes no espao. O extremo
16
Esprito Santo apresenta uma reglao rural especializada em pecuarla decorte, enquanto que o extremo sul em pecuria leiteira, a Regio I-b cen
tral, prxima a Grande Vitria, com tendncias a especializar-se em olerl
cultura e o litoral norte bem mais diversificado, que a rea de penetr~
o das culturas ligadas indstria moderna (cana e eucalipto).
o eucalipto, como matria-prima para a Aracruz Celulose, o carvo vegetaldestinado s siderrgicas mineiras, e a cana, dentro do programa de expa~
so do Pr-lcool. Essa regio apresenta, ainda, rea de grandes fazen
das de pecurias e cacau, e de culturas modernas, como pimenta-do-reino,mamo etc., altamente rentveis e produzidas sobre relaes de produotipicamente capitalistas, ou seja, pela utilizao do assalariado.
Essa reglao apresenta transformaes marcantes, com alto indice de con
centrao de terra, tendo se constituido ai um mercado de trabalho tpico
dessas culturas, ou seja, com base no trabalhador temporrio, o que se
reflete no surgimento de um grande nmero de povoados de bias-frias ao
longo da BR 101 e na inchao da cidade de So Mateus.
Segundo o documento Estudos Populacionais para Cidades, Vilas e Povoados,
ao qual o presente estudo gravita, trs momentos so especficos no prQ
cesso que consolidou essa nova agricultura. O primeiro foi a erradicaodos cafezais e sua substituio pela pecuria, acompanhado por um forte
xodo rural, concentrao da propriedade e da consolidao do capital ~grarlo. O segundo momento a entrada do capital agroindustrial (na r~s
gio ao longo da BR 101 norte), atravs do eucalipto e da cana, e do capl
tal agrrio, atravs de culturas como a pimenta-do-reino, mamo, produzl
das no pela relao tradicional, no Estado, ou seja, mo-de-obra fami
liar, mas, sim, pelo assalariado temporrio. uma forma de produo tlpicamente capitalista, cujo objetivo da unidade produtiva a acumulao.
O terceiro momento, marcado pelo replantio do caf, principalmente a
partir de 1975, e j em 1980 o nmero de cafeeiros existentes no Esprito
Santo se equipara novamente ao existente em 1960 (antes da erradicao).No obstante a modernizao do setor agricola, o capital industrial que
17
vai assumir o papel hegemnico. Visando a economia de escala, a espaci~
lizao desse capital se d na regio de Vitria e ao longo da BR 101. O
capital comercial possui variantes com a entrada de capital forneo, numaaproximao a economia nacional.
Assim, o conjunto de cidades, inseridas ou no na rede urbana, est, agQ
ra, vinculados prpria reproduo da economia modernizada, enquanto que
a configurao espacial manifesta essa relao.
Assim que a reglao central a que mais se desponta nesse processo, cre~cendo enceflicamente e inibindo, ao mesmo tempo, o surgimento de novas
aglomeraes, dado o tipo de especializao que assume. Essa regio co~
sol ida-se como centro industrial e de servios especializados, tendo, em
sua rea de influncia direta o surgimento de centros importantes, como
So Mateus e Linhares, ao norte (que at 1968 no passavam de cidades locais), como mudanas marcantes.
Vitria e seus munlclploS limtrofes constituir-se-o direo prefere~
cial dos fluxos migratrios. H um espao, denominado rea metropolitan~
cuja reproduo a reproduo do grande capital aqui instalado. Sua re
produo se d sempre no sentido da especializao e diversificao, no
sobrando espao para outras cidades exercerem funes semelhantes.
A reglao central, em Linhares, dever crescer em virtude da transferncia
de certos servios e bens s possveis na rea central para Linhares, em
virtude do mercado existente no norte. Nessa regio, foram pesquisados22% do universo, 25 povoados, nmero considerado significativo. Desses,17 povoados, cerca de 70%, surgiram num perodo anterior dcada de 70.
Do total observado, repartem-se em igual proporo o nmero de povoados
que apresentam um processo de urbanizao ordenado, malha urbana adensa
da ou dispersa.
Cerca de 60% desses apresentam um processo de crescimento populacional v~
getativo ou negativo. A economia desses em sua grande maioria, est lig~
18
dos produo rural, prevalecendo o caf, como cultura dominante. Em re
lao infra-estrutura e aos equipametnos observa-se uma situao parit!
ria. A mairia das habitaes, nesses povoados, so de alvenaria, possuemrede de gua e de luz, sendo bem servidos de transportes. No entanto,
a situao dos esgotos ainda precria, prevalecendo o sistema de fossasou eliminao de dejetos in natura. Em relao s comunicaes, so bemservidos, tanto no que concerne recepo de sinais das emissoras de fdio, de televiso, como pela rede telefnica.
A Regio 11 - Cachoeiro de Itapemirim constituda por um centro indus
trial e agroindustrial, localizado na cidade de Cachoeiro de Itapemirimao lado de uma regio rural a qual no mantm interao produtiva, onde
predomina o leite, que passa a ser industrializado em seu parque indus
trial, j bem diversificado, e o caf. uma regio que tende manuteno do status quo. Os povoados pesquisados nessa regio, num total de
14, cerca de 15% do universo, so anteriores dcada de 60. Apenas a metade desses apresenta uma ocupao ordenada, assim como o nmero dos queapresentam uma malha urbana dispersa praticamente igual ao nmero de
povoados que apresentam malha urbana dispersa. Na maioria desses preVi
lecem habitaes de alvenaria.
A maioria dos povoados situados na regio de Cachoeiro, apresenta cresci
mento prximo ao vegetativo, poucos sendo aqueles que se despovoaram, em
funo da erradicao do caf. Apresentam uma diversificao de culturas primrias, destacando-se a olericultura, a pesca, o abacaxi, a mandio
ca e o caf (no de forma dominante). A extrao do mrmore est entre
as atividades principais da economia de dois desses povoados.
Em relao situao dos equipamentos, infra-estrutura e servios, obser
va-se uma diviso paritria entre o nmero de residncias servidas por r~de de gua e por captao individual, por meio de poos. Prevalecem, tam
bm, o nmero de habitaes em alvenaria, sendo bem servidos por rede eltrica, mas insuficientemente servidos em relao rede de esgotos. A
maioria dos povoados adota o sistema de despejo de detritos sanitrios
19
in natura. Em relao aos trans ortes, a maioria dos povoados bem servida, mantendo linhas de nibus que facilitam a acessibilidade aos pri~cipais centros do Estado, recebendo bem os sinais das emissoras de rdioe televiso da Capital. No entanto, os sistemas telefnico e postagensainda so carentes, em relao aos servios que prestam.
A Regio V - Colatina mantm uma constituio clssica de configurao,
sendo articulada por Colatina que polariza centros urbanos em sua reglao
de influncia, mas deles dependendo para reproduzir-se enquanto centro r~gional. A integrao se d via capital comercial, atravs da comerciali
zao do caf e, tambm, pelo capital industrial, que domina a produo
de carne (os dois principais produtos da regio). Essa centralizao ta~
to na comercializao, quanto da industrializao desses produtos por CQ
latina se faz com que fique retido a grande parte do excedente e isso
lhe d dinmica de reproduo e diversifcao, mas a torna dependente emrelao ao entorno agrcola.
bem diferente da forma como se estrutura a regio de Colatina, pois
essa tipicamente industrial, no tendo vinculao direta com a produo
rural. Observa-se que a regio de Colatina mantm a mesma estruturao
desde a dcada de 60, embora tenha havido um processo de especializao
de funes dos centros maiores, diversificando funes entre Colatina,
Nova Vencia e So Gabriel da Palha. Assim que os povoados situados
nessa regio reproduzem o status quo vigente.
Dessa forma, a ocupao desses povoados anterior dcada de 60, sendo
a maioria engajada num processo de crescimento positivo, e tendo no cafo sustentculo de sua economia, aparecendo, como atividade secundria, a
pecuarla uo a cana. As aglomeraes so, em geral, em sua maioria, ord~
nadas, adensadas, predominando o tipo de habitao de alvenaria. Aprese~
tam um crescimento positivo, lento ou rpido, em funo da retomada do c~f, sendo bem servidas pelos transportes coletivos, de ligao a outros
centros.
Em relao s condies ambientais, verifica-se que a maioria possui ca
20
rncia de abastecimento de gua, feito por meio de nascentes ou poos a~
tesianos. A energia eltrica est presente na maioria desses, assim comoa populao da maioria dos povoados est ligada ao contexto nacional atravs das emissoras de rdio e de televiso.
J a Regio VI - Mantena formada por ncleos urbanos que se ligam ao
centro regional apenas por exercer funes de oferta debens e servios.
Isso se d pela proximidade dessa cidade com Colatina. No que se refere
produo econmica, pecuria e caf, a subordinao se d totalmente
por Colatina. Barra de So Francisco, que Ja exerce funo de cidade
local para seu entorno, e por reter parte significativa do excedente daproduo de arroz, tende a ganhar dinmica e especializar-se e confor
mar-se como cidade local para essa rede de pequenas cidades. Nesse n
vel, Mantena no cumpriria mais o papel de complementar as funes dessaregio e a ligao se daria com a cidade de Coaltina, a nvel regional
como j ocorre hoje.
Por isso mesmo a tipologia de ocupao, bem como a estrutura econmica se
assemelha s caractersticas da regio de Colatina. A maioria das aglom~raes nasceu na dcada de 50, possui um tipo de ocupao ordenado e aden
sado, sendo suas habitaes de taipa ou de alvenaria. A grande maioria
possui um crescimento positivo, lento ou acelerado, de acordo com a en
trada do caf, embora em muitos deles predomine ainda a pecuria. Em re
lao s condies fsico-espaciais, a maioria possui sistemas de ilumina
o eltrica, mas so carentes em relao rede de gua e esgotos. Pred~minam os sistemas de captao de gua por nascentes ou por poos artesianos individuais. So deficientes em relao situao sanitria, j que
os dejetos so depositados in natura ou fossas.
So bem servidos por linhas de nibus intermunicipais, assim como recebembem os sinais emitidos por emissoras de rdio ou televiso. No entanto,
so carentes em relao a servios telefnicos e de postagens.
Em relao a Regio VII - polarizada por Nanuque, h uma predominncia
das atividades pecurias. Por tratar-se de grandes propriedades que tra
21
balham com o assalariado permanente, suas cidades tm pouca integrao
com o espao agrcola e se apresentam com poucas especializaes. A cida
de de Montanha assume funes de cidade local para essa pequena rede decidades, e serve ainda como ponto de primeira intermediao da carne,
que tem como destino vrios locais: Nanuque, Bahia, Colatina e Vitria.
Nesse sentido, no tem muita ligao com Colatina no que se refere a su
bordinao econmica. Os frigorficos de Colatina no monopolizam a co
mercializao da produo desse espao. Est situada na fronteira da
agricultura capitalista moderna. A penetrao do capital agrrio, via
cultura da cana deve acontecer, j que, por tratar-se de grandes fazendas
de pecuria, nenhuma resistncia oferece. De qualquer forma, a tendncia
de constituir-se em mercado de trabalho, com base no assalariado temp~
rrio e de integrao da dinmica da regio de So Mateus. A polarizaopara consumo pode continuar por Nanuque.
Nessa reglao, h poucos povoados pesquisados, num total de trs, numa cla
ra aluso sua representatitivade em relao ao universo estudado. Os
trs so anteriores dcada de 60, sendo Ponto Belo, gua Boa e So Se
bastio do Norte redutos tradicionais de pecuria que apresentam uma gr~
dativa introduo da cana, como cultura alternativa. Em dois desses pr~
dominam, de forma absoluta, as habitaes de taib, onde se deduz o nvel de renda baixo de seus habitantes. A aglomerao constitui stio
adensado, porm de forma desordenada, apresentando rtmo de crescimento
dispares. Ponto Belo cresce aceleradamente, devido influncia de Mucu
rici, captado um comrcio que se constitui mais diversificado do que da
prpria sede. Isso favorecido pela topografia, pela capacidade deabsoro de mo-de-obra nas farinheiras, alm de se constituir em fator
gerador de circulao de uma pequena massa de dinheiro, devido massa
de salrios e a falta de importncia da sede, Mucurici.
gua Boa ainda vive os reflexos da erradicao do caf, por no ter en
contrado alternativas econmicas, apresentando crescimento negativo. J
So Sebastio do Norte se reproduz de forma lenta, provocada pela prpriareproduo da fora-de-trabalho diarista, que trabalha na cana. O abaste
22
cimento de gua deficiente em dois deles, So Sebastio do Norte e
gua Boa. Ponto Belo j dispe de rede, enquanto os demais de apenas p~
os individuais de captao de gua. A energia eltrica atende demandadesses povoados, mas os esgotos so despejados em fossas. O sistema de
transportes atende frequentemente demanda, mas a telefonia e os servi
os de postagens so deficientes. Apenas So Sebastio do Norte aprese~ta agncia postal. Em relao comunicao de massa, os sinais emiti
dos pelas emissoras de televiso e rdio da capital so bem recebidos emtodos os povoados.
A ltima das regies analisadas, a Regio VIII - So Mateus, rene 16 p~voados, 18% do universo. Essa regio apresentou mudanas significativas
em sua economia. De uma regio basicamente de economia de subsistncia,
sem muita integrao com a dinmica da economia cafeeira, passou a eng~
jar-se ao atual processo de reproduo do grande capital, facilitado pela
penetrao do capital agrarlo e agroindustrial que a modifica radicalmen
te e num curto espao de tempo.
As culturas de cana e de eucalipto e as usinas de lcool que ai se insta
lam pasam a demandar uma massa de trabalhadores que no se constitui ap~nas pelos ex-proprietrios e parceiros desapropriados. Atrai populao,
principalmente do sul da Bahia que passa a fixar-se tanto em So Mateus,
como provocam o nascimento de uma srie de povoados que outra funo no
tm alm de servirem de mroadia para os bias-frias.
A reproduo dos ncleos urbanos e em especial de So Mateus est embric~
da com a forma como se reproduz o capital agroindustrial. Por um lado
concentra a propriedade da terra e cria um mercado de trabalho assalaria
do de baixa renda e, por outro, gera emprego para um pequeno nmero de
funcionrios altamente especializados e remunerados. Essas cidades no
tm, portanto, nenhuma dinmica prpria de reproduo, no que diz respel
to gerao de valor. O excedente retido se d via consumo assalariados que viabiliza a reproduo do capital comercial e do tercirio.
23
Em relao aos ncleos pesquisados, verifica-se que seu surgimento sempre posterior dcada de 60, esto vinculados economia rural e tem no
caf, nos complexos agropecurios, no eucalpto, na cana e sua atividademaior. O nvel das habitaes precrio, pois a maioria dos povoados
pesquisados apresentam construes de taip ou madeira. A maioria possui
ocupao dispersa e desordenada, crescimento populacional rpido ou lent~
mas sempre positivo. So maus servidos, em relao gua, a maioria dis
pondo apenas de coleta de poos, individuais, sendo o sistema de esgotoso de fossas. Boa parte desses est situada junto BR 101 e, por isso
mesmo, so bem servidos, em relao demanda de transportes coletivos.
Em relao s comunicaes, a maioria recebe bem os sinais das emissoras
de televiso e rdio da Capital, mas so carentes no que se refere tel~fonia e servios de postagens. Seis desses povoados pertencem a dois mu
nicpios recentemente emancipados: Pedro Canrio e Pinheiro.
Alguns outros parmetros podem ser traados, em relao conjuntura exa
minada, quando confrontadas s realidades encontradas. Em relao ao se
tor educacional, a situao somente se agrava em relao ao quadro esta
dual. No Esprito Santo, de cada 100 crianas matriculadas na primeira
srie do l grau, apenas 46 passam para a segunda srie, 12 terminam aquarta srie e nove concluem o 2 grau. Tais dados so sujeitos revi
so, j que um sistema de acompanhamento do aluno no permite uma anlise
concreta da situao, embora seja reconhecida a prpria precariedade do
sistema de ensino pela Secretaria de Educao.
No so poucos os estudos acerca da questo da evaso escolar, bem como
da repetncia e analfabetismo. A repetncia e a evaso escolar so um
dos aspectos de destaque, atribudos como produto marginal do sistema edu
cacional, prova concreta de sua inadequao sociedade. Essa evaso tem
suas causas nas condes scio-econmicas das famlias marginalizadas doprocesso de acumulao, onde crianas so ingressadas muito cedo no mercado de trabalho. A prpria migrao tambm acarreta reflexos no sistema
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educacional, onde a mobilidade assegura explicaes em relao aos altosndices de transferncias.
A pesquisa elaborada pelos Estudos Populacionais para Cidades, Vilas e PQ
voados procurou analisar alguns dados coletados, sem que isso tenha signl
ficado a aplicao de rigorosos critrios cientficos. Serviu mais como
um pano de fundo para explicar a aplicao das equaes, visando a proj~o populacional do Esprito Santo at o ano 2.010. Por isso mesmo que o
resultado serve apenas como um indicativo s anlises mais cientficasque venham a ser realizadas nesse campo. Alm disso, o universo retra
tado diz respeito apenas aos povoados, sem que os dados coletados sejam
passveis de cruzamento com a situao encontrvel em ncleos urbanos maiores.
A partir do levantamento de dados de matrcula e do aproveitamento esco
lar dos povoados includos no projeto, referente ao ano de 1984, verifi
ca-se que a situao se aproxima tendncia encontrada a nvel nacional,
o elevado ndice de alunos repetentes, matriculados na primeira srie do
l grau, ndice esse que incide diretamente sobre a abertura de novas vagas.
verdade que, se todas as crianas matriculadas na prmeira srie do l
grau fossem aprovadoas, regularmente, em cada srie e no houvesse evasoescolar, o nmero de classes, em casa uma das sries mais avanadas seria
igual aquele da primeira. Isso determinaria um acrscimo real de salas
de aula para os alunos que completam a faixa etria de sete anos, a cada
ano. Como a evaso alcana um ndice elevado, 14% em mdia, para os PQ
voados includos no levantamento - o expediente de se manter maior nmerode vagas na primeira sri~ do l grau e nmero menor de salas nas sries
seguintes, faz com que seja possvel absorver, anualmente, a clientela
esperada, formada por gra~de parcela de novos alunos que procuram matrcula e parte do contingente de reprovados e evadidos que retornam escola.
Entretanto, dado o elevado nvel de abandono e de reprovao, nos povo~
25
dos considerados no presente levantamento, muitas crianas permanecem fo
ra da escola, dada a demanda excedente de matrcula na primeira srie,
representada pelos ingressantes que completaram 7 anos, pelos reprovados
e pelos evadidos que retornam escola. O ndice de 62% aferido, para
aprovao mdia, ligeiramente superior mdia nacional que, em 1984,foi igual a 50% na l srie.
Na tentativa de se encontrar possveis fatores determinantes dos diferen
tes ndices de reprovao, aprovao, abandono e transferncia encontra
dos foram calculados os ndices mdios para diferentes regies.
Com relao ao ndice de aprovao, verificou-se que nos povoados situa
dos na regio de Cachoeiro, foi de 67%, ndice superior ao da regio de
Linhares, que apresentou 61%. Os menores ndices de aprovao encontra
dos foram na regio de Barra de So Francisco, 58%, e Colatina, com 60%.
Com relao ao ndice de reprovao, os povoados da regio de So Mateus
tiveram os ndices mais altos, 19%, e em 2 lugar Linhares, com 18%. Asdemais regies tiveram ndices de reprovao semelhantes, em torno de
16%.
O maior ndice de abandono escolar verifica-se a maior incidncia na re
gio de Colatina, com 16%, seguindo-se as regies de Barra de So Francis
co, com 15%, e finalmente Linhares, com 13%, alm de So Mateus e Cachoei
ro, ambas com 12% de abandono.
Seria interessante analisar os possveis motivos da reprovao e abandono
expressivos, provavelmente ligados ao tipo de escola (unidoscente ou no),
produo econmica da regio e a qualificao dos professores, alm de
outras.
Em relao s condies ambientais, observa-se um predomnio das terrasutilizadas com pastagens, descanso ou improdutivas. As reas que ainda
abrigam matas naturais no chegam a constituir 2% do total, sendo inex
pressivas as reas com reflorestamento. Os povoados, de uma maneira g~
26
ral, esto localizados em stios planos, so dispersos e no planejados,
situando-se s margens dos rios. A tipologia de habitao varia de acor
do com o tempo de existncia desses ncleos, sendo melhores dotados,
em relao infra-estrutura, pela oferta de energia eltrica. A situa
o de esgotos precria, mas em relao ao provimento de gua, esses
so resolvveis, em sua maioria, de forma individual, pela instalao depoos artesianos. O sistema de coleta de lixo existe apenas em um pequ~no nmero desses, quase inexistindo na grande maioria dos povoados pesqulsados.
A grande maioria dos povoados no possui pavimentao das ruas, nem um
sistema de drenagem adequados. O sistema de transportes coeltivos atende
demanda, mas no de forma absoluta. As estradas variam de acordo com o
grau de acessibilidade, j que muitos povoados apresentam dificuldades
nos perodos chuvosos, devido s dificuldades provocadas pelo ausncia
de pavimentao e de constituio dos stios, muitos deles situados em
regio acidentada. Em relao aos equipamentos urbanos, h uma precari~
dade quase absoluta.
A igreja passa a ser um dos elementos aglutinadores na organizao so
cial. Geralmente ela quem promove os principais eventos desses povo~
dos, catalizando a maioria das populaes residentes no meio rural. Pos
suem pouca representatividade poltica, em relao s bases eleitorais do
interior do Estado. No foram observados conflitos de terra, embora as
informaes acerca da organizao social e suas formas de controle sejam
insuficientes para formar um diagnstico.
Em relao s perspectivas futuras, h que se acrescentar uma tendncia
futura de a economia estadual, consolidando a hegemonia do capital agrQ
industrial, estabelecendo especializaes cada vez maiores dos espaos,mantendo a estrutura produtiva das regies e inserindo a realidade desses
povoados nas mesmas leis que regem o jogo combinado de fatores que dete~minam o crescimento, a estagnao e o declnio dos vrios espaos ao qual
esto inseridos.
27
REGIO Ih - REA DE INFLUNCIA DA GRANDE VITRIA
Ih - 1.
Ib - 1.1. POVOADO: JUNCADO
28
MUNICPIO DE LINHARES
Este povoado est situado ao norte do estado, como tambm encontra-se na
mesma posio em relao a sede do municpio, distando desta, cerca de
30km. O relevo desta regio totalmente plano e as possibilidades deexpanso deste aglomerado no encontram nenhum entrave de ordem fsico-geo
grfica. Devido as suas resa planas, esta regio apresenta fcil formao de lagoas e em consequncia, deteriorao da qualidade de suas estra
das, o que, no perodo de chuvas (principalmente vero) vem dificultar
circulao de automveis e nibus, atrapalhando assim o escoamento da prQ
duo e trnsito das pessoas residentes.
o stio urbano formado basicamente por uma rua principal que corta opovoado em toda a sua extenso, alm de outras poucas ruas paralelas e
transversais. No centro deste stio est situada a igreja que tem a sua
volta um largo campo gramado reservado para as festas e promoes da co
munidade.
o histrico de Juncado data do incio da dcada de 60, poca em que afamlia Cezar Fornazier comprou uma rea de um alqueire para plantio de
milho e feijo, e exerceu estas atividades durante 2 anos; passado este
perodo, a localidade tinha constitudo um centro de rezas, o que atraa
os moradores das reas vizinhas, que l se reuniam para exercerem seuscultos; com a consequente consolidao deste processo, o Sr. Cesar resol
veu lotear a rea (102 lotes) e construir uma igreja, devido a estes fatos e a facilidade de acesso a alguns servios instalados, alguns colonosresolveram se instalar em Juncado, o que determinou definitivamente a
instalao do aglomerado.
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A atividade econmica predominante era a extrao da madeira, o que origi
nou 04(quatro) serrarias, das quais, atualmente, s resta uma e que noexerce muitas influncias sobre a localidade.
Recentemente alguns pequenos proprietrios tem constitudo moradias em
Juncado, deixando seus estabelecimentos sob a superviso de trabalhadores, que passam a ocupar a antiga casa do patro.
Tais fatos, por si s, no tem servido para fazer esta localidade se de
senvolver, pois, apesar da chegada de alguns novos habitantes, outros tm
sado para a sede do municpio ou ento para outros estados (principalmente para Rondnia). Como consequncia deste movimento, a vida comunit
ria, outrora bastante animada, encontra-se um tanto desagregada, sendo
prova de tal fenmeno, o fechamento da igreja h aproximadamente 02 anos.
A dinmica da economia dada basicamente pela produo familiar de ca
f, milho e feijo, que representam as atividades de maior agregao da
mo-de-obra, utilizando em seus servios, uma pequena parcela de parcei
ros e assalariados temporrios.
Alm destas culturas, destaca-se a presena da pecuria, exercida de for
ma extensiva mas que, ao nvel interno de Juncado, no exerce muitas
influncias, pois utiliza pouca mo-de-obra e os proprietrios no resi
dem no aglomerado.
Ao nvel da atividade industrial, aparece Ol(uma) serraria, que utiliza
05 a 07 pessoas em seus servios, mas que est, ano a ano, reduzindo sua
produo, derivada da escassez de matria-prima na reglao, que outrora fQra uma abundante rea para o fornecimento de madeiras de diversos tipo~
e que hoje encontra-se praticamente reduzida a reserva de Sooretama, como
exemplo do passado.
A atividade comercial serve basicamente a satisfao da demanda por ali
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mentos, e em caso de outras necessidades o fluxo orientado para a sedede Linhares.
A infra e superestrutura esto caracterizadas da seguinte forma:
- Rede Escolar: Escola de l a 7 sries.
- Rede Bancria: Os servios so executados em Crrego D'gua e na sedede Linhares.
Rede Hospitalar: Atendimento na sede do municpio.
Comunicao: Os nicos meios de comunicao existentes so o posto tele
fnico e a televiso, os quais funcionam regularmente.
- gua: utilizam cisterna.
- Esgotos: O lanamento realizado em fossas.
- Coleta de Lixo: no existe.
Drenagem e Pavimentao de Ruas: no existem.
- Transportes coletivos: dois horrios/dia para Linhares.
As evidncias verificadas para o povoado de Farias levam a crer que a n
vel populacional est tender a descrever, pois sua populao nos ltimos
05 anos passou de 492 habitantes em 1980 para 424 em 1985, assim, se no
houver uma inverso dos fatores ora existentes, com uma respectiva maior
dinamicidade de sua economia, atualmente inserida na rede de Linhares,
esta comunidade no lograr progredir.
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Ib - 1.2. 20VOAD@: COMENDADOR RAFAEL
o povoado de Comendador Rafael est situado ao norte do Estado, aproxim~damente a 25km da sede do municpio de Linhares, as margens da Lagoa Jupa
ran - na parte final desta, partindo-se da BR 101 no sentido do interior
do municpio e cortado pela antiga estrada (de cho) que fazia a lig~o dos municpios de Linhares, So Mateus, Colatina, Conceio da Barra
e caminhava rumo a Bahia.
o stio urbano formado basicamente por duas ruas, nas quais situam-sealgumas lojas de comrcio e as residncias, sendo que estas encontram-se
tambm distribudas pelos morros que conformam o perfil desta aglomera~
o clima predominantemente quente durante todo o ano e tal fato, aliadoao solo, torna esta regio propcia ao desenvolvimento das culturas de fei
jo, milho, caf e arroz.
A data de formao desta aglomerao remonta ao incio do sculoquando ento existia, na regio, um grande contingente indgena.
famlias pioneiras na ocupao foi a famlia Gama.
XX,Uma das
Os atrativos principais de formao foram: a pesca, pois a Lagoa Jupar~
n, encostada no aglomerado, representava um farto celeiro de pescado
(37km de extenso); extrao de madeira, o que levou a constituio de
04(quatro) serrarias, as quais encontram-se atualmente desativadas e o
grande fl uxo de ni bus que 1i gava Li nhares com o norte do estado, promo
vendo, assim, um grande incentivo ao comrcio.
Enquanto estes trs elementos formavam a base de sustentao da dinmica
local, o aglomerado exercia um papel importante na regio, mas com a es
cassez de matrias-primas para as serrarias, dado o simples processo dedesmatamento, e a constituio da BR 101, que passa ao largo do povoado,esta localidade passa ento a conhecer, nos ltimos 15 anos, um processo
contnuo de esvaziamento populacional e perda da importncia relativa do
seu outrora florescente comrcio.
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Por sua vez, a pesca, que representava uma atividade muito mais centrada
no prprio consumo do que no processo da comercializao, no representa,por si s, uma atividade capaz de sustentao da populao residente,
assim que so introduzidas atividades de carter como o caf (princlpal atividade agrcola), feijo, mandioca, milho e arroz.
Dadas as novas caractersticas de utilizao de mo-de-obra, onde estase assalaria diariamente ou temporariamente, comum encontrar, na maio
ria dos moradores, esta categoria de trabalhadores, que vivem num misto
de atividades, entre a pesca e a agricultura.
o comrcio, atualmente, s atende a demanda por gneros de primeiras necessidades, sendo que o restante suprido pela sede de Linhares.
A infra e superestrutura pode ser. caracterizadas da seguinte forma:
- Rede Escolar: Escola Singular Lagoa Juparan, que atende da l a 4srie e possui 03 professores e 04 salas de aulas. A escola que lecio
na a partir da 4 srie est localizada em Crrego D'gua, e devido a
distncia, muito raro algum sair para estudar fora.
- Rede Bancria: Todo o atendimento realizado na sede de Linhares.
Rede Hospitalar: Existe a sede do posto de sade, mas no est funcionando, e, em casos de necessidades, desloca-se para a sede do munic
pio.
- Comunicao: Chegam, de forma irregular, jornais e revistas; recebem,
normalmente, imagens de televiso e o posto telefnico funciona reg~
larmente.
- gua: Atendimento da SAAE.
- Energia Eltrica: Boa qualidade.
- Esgotos: Lanamento a cu aberto, fossa negra ou ento na Lagoa Jupar~
no
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- Coleta de Lixo: No existe.
- Drenagem e Pavimentao de Ruas: No existem.
- Transportes Coletivos: Existem 6 horrios que saem de Linhares, sendo 2
(dois) com destino a Jaquar, e l(um) para Colatina, So Gabriel
da Palha, Tiradentes e Nova Vencia (todos eles cortam o povoado).
Este um povoado que vem decrescendo, devido a sua perda de funes, pois
sua populao que era de 468 habitantes em 1980, passou para 313 em
1985, assim, dada a qualificao da dinmica de sua economia, de pr~
ver-se que este ncleo, atualmente ligado a regio de Linhares, tende a
continuar decrescendo nos prximos anos.
Ib - 1.3. RIO QUARTEL
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Ib - 1.4. POVOAO
35
36
1.5. POVOADO: FARIAS
Situado numa regio formada de pequenos morros, o povoado de Farias cor
tado por uma vrzea de dimenses aproximadas 700 hectares, o que, de
certa forma, representa um entrave a expanso ou aglomerao do stiourbano. Esta rea que est localizada ao norte do estado, recebe grandes
influncias da sede do municpio, devido a pequena distncia que os sep~
ra, o qu~ significa algo em torno de 18km. O clima quente, predominante
ao longo do ano, permite decifrar as potencialidades econmicas oriundas
do setor primrio, ou seja, culturas como mandioca, feijo e milho esto
diretamente associadas s condies climticas e de solo da localidade.
O surgimento deste povoado deve-se chegada da famlia Farias por voltada dcada de 40, perodo em que existia nesta regio uma densa mata, a
qual originou uma serraria de mdio porte e que serviu para atrair outros
moradores.
Com o deslanchar deste processo houve a instalao de um loteamento, o
que consolidou em definitivo a ocupao da localidade. Com a afluncia
cada vez maior de pessoas, oriundas, principalmente do munlclpio de Ara
cruz (italianos), comeou-se a cultivar a mandioca em escala comercial,que, no incio, era enviada para Presidente Kennedy, e que, dado ao prQ
gresso desta atividade, resultou na criao de uma farinheira, e, a pa~tir de ento, a mandiocultura foi se expandindo, apresentando atua1ment~
05(cinco) farinheiras instaladas, e com perspectivas de ampliao.
Apesar da predominncia da mandioca, que atravs das farinheirsa, apre
senta capital circulante na ordem semanal de Cr$ 150.000.000 (cento e cin
quenta milhes/semana), existem outras atividades agrcolas, de menor ex
panso, que so: caf, milho, feijo e arroz, sendo que, os trs ltimos
sofrero um maior incremento a partir da drenagem de 700 hectares d vrzea existentes prximo a localidade, o que vir a acrescentar m iores
perspectivas econmicas ao povoado.
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A mo-de-obra existente na localidade no suficiente para atender a
sua demanda, e a alternativa existente ir busc-la em Canivete, distrito vizinho, que fica a aproximadamente 7km de Farias, e que est localizado s margens da BR 101.
Canivete um aglomerado tpico de ocupao por bias-frias, os quais su
prem, praticamente, toda a regio circunvizinha do distrito. Tamanha a
importncia deste reduto de mo-de-obra, que s para Farias, ele fornece
aproximadamente 250 trabalhadores/dia, em perodo de pico, e segundo a
opinio de moradores locais existe tanta oferta de trabalhadores que dat para escolher.
A farinha processada comercializada em grande parte em So Paulo e Mi
nas Gerais e em menor escala em Vitria e Rio de Janeiro.
Alm das inddstrias de farinha, destacam-se tambm a presena da LASA(Linhares Alcooleira S/A) que tem suas instalaes industriais estabeleci
das a 3km de Farias, e que, no contexto geral, no provoca grandes altera
es no locus urbano do aglomerado.
o comrcio de Farias atende basicamente ao consumo de gneros de l necessidade, sendo o fluxo maior no sentido de Linhares, onde compram-se tele
vises, geladeiras, carro~etc.
A infra e superestrutura existentes podem ser assim caracterizados:
- Escola: l Grau Prof. Efignia Sizenando, a qual atende da l a 6 sries. A 7 e 8 no funcionam devido a falta de alunos e, garotos da
6 srie tm desistido de estudar devido a oferta de trabalhos. O hor
rio de funcionamento de manh e de tarde.
- Bancos: Todo o servio realizado em Linhares.
- Rede Hospitalar: Existe um posto de sade que se encontra fechado e osservios de sade so realizados em Linhares.
- Comunicao: Existe um posto telefnico que insuficiente no atendi
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mento, pois a LASA praticamente o monopoliza. O restante dos servios realizado na sede do municpio.
- gua: Abastecido por rede da SAAE.
- Energia Eltrica: Boa qualidade.
- Esgotos: O lanamento de detritos feito atravs de fossa negra e aoar livre, o que propicia o surgimento de mosquitos e a proliferao de
doenas.
- Coleta de Lixo: No existe, o lanamento do lixo realizadoem matagaisprximos.
- Drenagem e Pavimentao de Ruas: No existe drenagem e nem pavimentao.
- Transportes Coletivos: Existem 6 horrios dirios ligando Farias e sede
do municpio.
De acordo com a dinamicidade da economia observada para o povoado de Farias, entende-se que este aglomerado apresenta perspectivas de desenvolvi
mento e crescimento, quer seja industrial-transformao de produtos prl
mrios (agrcolas) - bem como da sua populao, a qual passou de 250 pe~
soas em 1980 para 644 em 1985. Aliada a tal perspectiva, destaca-se
tambm a pequena distncia da sede do municpio, que exerce enorme influncia na localidade, cuja administrao municipal tem efetivado algu
mas aes (drenagem de vrzea) que intensificam ainda mais a economia de
Farias.
Ib - 2.
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MUNICPIO DE RIO BANANAL
Ib - 2.1. POVOADO: SO JORGE DO TIRADENTES
o povoado de So Jorge do Tiradentes est situado no norte do estado, e aextremo norte do municpio de Rio Bananal, prximo a linha divisria do
municpio de Colatina, distando da sede de Bananal aproximadamente l5km,
atravs de acessos em mau estado de conservao, que apresentam declivida
de ascendente de baixa altitude.
Esta uma reglao de grande fertilidade, apresentando at bem pouco tempo
uma densa mata que foi praticamente dizimada atravs da atividade carvoei
ra, a qual serviu de base introdutria a cafeicultura alm de promover
um grande fluxo de mo-de-obra necessria ao processamento do carvo.
o stio urbano se caracteriza por apresentar um aglomerado situado atravs de uma longa rua, ao longo da qual, estabeleceram o comrcio princi
pal e os estabelecimentos residenciais. Esta rua; no sentido sul-norte,
possui uma ladeira extensa, em cujo fim cortada por um crrego, que
divide o aglomerado; seguindo pelo acesso principal, aps passar a ponte,
chega-se a escola de l grau, alm de algumas poucas residncias, as
quais determinam o limite final da aglomerao.
A localidade de So Jorge do Tiradentes banhada por dois rios: So
Joo e Tiradentes, de pequenos volumes d'gua, e que no tm muita impo~
tncia ao nvel econmico desta rea.
o processo histrico de formao deu-se atravs da existncia de um armazm de secos e molhados, para onde confluiram moradores das cercanias.No princpio, devido a rea ser cortada por um rio, cada uma das partes
recebia um nome distinto, uma chamava-se So Joo do Tiradentes e a outra
So Paulo.
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Toda esta rea era de propriedade do Sr. Luiz de Souza, residente em Cam
pos (Rio de Janeiro), o qual conservava a propriedade com pura mata.
Com a chegada do Sr. Jorge Pereira Torres, comeou o primeiro loteamento,
em 1955, e estabeleceu-se definitivamente o nome de So Jorge do Tiraden
teso A partir deste momento deslanchado um processo efetivo de ocup~
o com a vinda de imigrantes, inicialmente de Campos, MInas Gerais, e
posteriormente de Castelo, Iconha e outros municpios do sul do EspritoSanto.
Este fenmeno foi provocado devido as perspectivas de explorao da ativl
dade carvoeira alm da possibilidade de aquisio de terras a preos mdicos.
Aps a instalao do armazm, e com o adensamento populacional, seguiu-se
a construo de outros estabelecimentos comerciais.
caf apresentava bons lucros na dcada de 50, e com isto So Jorge ch~gou prosperamente a possuir bares, padaria, 03 farmcias, 09 lojas (con
feces e secos e molhados) alm de uma srie de outras atividades comer
ciais.
Com a erradicao dos cafezais, em meados dos anos 60, este quadro se in
verte, e o que se ve e um processo de emigrao populacional com destino
a Rondnia, o que acarretou uma regresso no outrora prspero crescimen
to do povoado.
Atualmente o que se encontra uma populao apresentando um pequeno ndi
ce de crescimento, sendo atendida por uma farmcia e alguns poucos estabelecimentos comerciais, acreditando que a melhora dos preos do caf
possa trazer ao povoado o crescimento j experimentado anteriormente.
caf, milho, feijo e o arroz, constituem a base econmica de So Jorge, sendo que os trs 61timos apresentam uma produo mais voltada para asubsistncia, enqunto que o caf a principal atividade comercial, e o
41
seu destino para Vitria e Colatina, atravs de compradores locais.
Alm destas atividades, destaca-se a carvoaria, que, ainda representa, no
contexto geral, uma funo intensificadora na utilizao de mo-de-obra,e que serve para aquecer a dinmica econmica local.
A indstria representada por uma fbrica de aguardente, a qual, alm
de pequeno plantio de cana de reserva, trz matria-prima de Conceio
da Barra e comercializa seus produtos em todo o Esprito Santo.
o comrcio encontra-se formado por Ol(uma) farmcia, 04(quatro) lojas degneros alimentcios e 04(quatro) bares, e atende a uma pequena demanda
por parte da comunidade, a qual compra a maior parte de seus produtso na
sede do municpio de Rio Bananal. Os comerciantes locais so, tambm,
proprietrios de terras na regio.
A infra e superestrutura caracterizam-se da seguinte forma:
- Rede Escolar: Escola de l Grau Barra do Tiradentes atende da l a 4sries e CENEC (Companhia Nacional de Escolas de Comunidades) de 5 a
8 sries.
A Escola Barra do Tiradentes tem mais de 30 anos de existncia, e se
encontra em pssimo estado de conservao, sendo que a comunidade quem tem se encarregado de sua manuteno, atravs de meios prprios.
Um problema enfrantado pelo sistema educacional, a evaso de alunos
que nesta regio representa aproximadamente a 25% de estudantes que no
concluem o ano letivo.
Dois elementos podem ser caracterizados como os responsveis por estefenmeno; um a cafeicultura, que nos perodos de colheita, arregimen
ta, indistintamente, crianas e adultos, num processo competitivo, o~
de se remunera por rea ou saco colhido diariamente, fazendo com queos pais, num artifcio para elevar a renda familiar, retirem seus fi
lhos da escola, inutilizando o ano letivo. Outro fator a atividadecarvoeira, que, em seu declnio, tem desempregado vrios trabalhadores,
42
os quais partem para outras regies em busca de trabalho, levando seusfilhos, fazendo com que estes, numa consequncia lgica, percam seusestudos do ano.
Vale ressaltar que tal fenmeno no ocorrncia exclusiva deste povo~
do, e sim de todo o estado, onde a sazonal idade da fora de trabalho seimpe como imperativo ao fluxo migratrio.
Rede Bancria: Rio Bananal e Linahres (nmero maior de bancos).
Rede Hospitalar: Atendimento mdico uma vez por semana, na igreja. Hospital em Linhares.
Comunicao: Tem posto telefnico, correio e televiso, com bom atendimento e funcionamento; existe uma biblioteca pblica a cargo da administrao municipal.
- gua: SAAE.
Rede Eltrica: Atendimento precrio.
- Rede de Esgoto: Poucas casas possuem fossas, o resto do despejo na rua.
- Coleta de Lixo: realizada 02(duas) vezes por semana, a cargo da Prefeitura.
- Drenagem e Pavimentao de Ruas: No existem.
- Transportes Coletivos: Existem 04(quatro) horrios diris que saem deLinhares e vo para Colatina e vice-versa, alm de um horrio que sai
do povoado para Linhares.
Uma avaliao rpida a respeito deste povoado, que est inserido na rede
de Linhares, mostra que atravs do processo histrico a deciso de erra
dicao aos cafezais provocou todo um desarranjo estrutural no seu quadro
econmico e populacional, que no primeiro momento decresceu, e s aps
quase 20 anos depois deste processo, volta a se equilibrar, com sua pop~lao, retomando timidamente um crescimento interrompido, pois o: nQmero
de habitantes que em 1980 estava em 422, em 1985 encontrava-se em 470,e, caso no haja nenhuma alterao nas perspectivas vigentes, esta ser
a tendncia de crescimento de So Jorge do Tiradentes.
Ih - 3.
Ib - 3.1. POVOADO: JACUPEMBA
Caracterizao da Vila de Jacumpemba
Distrito de Guaran
43
MUNICPIO DE ARACRUZ
Jacupemba est situado s margens da Rodovia BR 101, na divisa com o muni
cpio de Linhares. formado, basicamente por trs aglomerados urbanos:
Jacupemba, que o ncleo central, aproximadamente 280 casas, o bairro
So Jos, onde se localiza a fbrica de carrocerias Mambrini, que conta
com 60 domiclios e o bairro de Nova Colatina, com 144 casas. Sua situao geogrfica a seguinte: regio plana, sobre solos de Formao Barreiras e banhado pelo Rio do Norte e pelo Crrego So Jos. O stio urbano
apresenta uma rea de grandes dimenses, que servir para expanso, ao
sul do aglomerado. Pelo asfalto est a 50km da sede do municpio. H
uma rodovia estadual no pavimentada que liga Aracruz, via Crrego
D'gua, com o percurso menor. Jacupemba tem muita facilidade no que serefere a transportes, pois h nibus a todo instante passando pela BR 101,
com destino aos grandes centros.
A populao de Jacupemba apresenta os seguintes dados: 1980 = 2.475, 1985
= 2.420 e para o ano 2010, o nmero de habitantes chegar a 3.430.
Um dos fundadores do povoado o Sr. Salvador Baioco. O relato do velhodesbravador cheio de emoo, pois ao chegar na regio onde hoje situa
o aglomerado, no existia nada, a no ser a mata rica em madeiras nobres.
Fomos encontr-lo s voltas com as crianas, com um cajado na mo, esbra
vejando, pois elas insistiam em desapropriar suas belas laranjas. Segun
do o Sr. Baioco, o povoamento de Jacupemba, teve incio por volta de
1950. Sua esposa tambm participou desse processo como professora daescola local por mais de 12 anos, enquanto o marido e outros pioneiros da
44
vam conta da mata, que circundava o embrio urbano.
Contam, que uma viagem at Vitria custava um dia inteiro e s tinha um
nibus, via Santa Cruz. J a estrada que ligava a Linhares, passava
dentro do logradouro, o que muito contribuiu para o desenvolvimento pop~
lacional. Com a retirada da madeira surgiram as serrarias e iniciou uma
importante atividades econmica, no comeo dos anos 60. Com o refugo
dos desmatamentos e o aproveitamento das madeiras menos nobres, aparec~
ram as carvoarias, que gerou uma nova fonte de trabalho na regio. Na
dcada de 70, com o asfaltamento da BR 101, o aglomerado cresceu ao longoda estrada e uma nova dinmica econmica comeou a se desenvolver.
As grandes propriedades rurais comearam a fixar seus trabalhadores dia
ristas no aglomerado. Hoje Jacupemba consolida sua condio de bolso de
bia-fria, formado pelo contingente de trabalhadores das plantaes decaf, mamo (essa atividade desenvolvida nas fazendas de Linhares, e,
todo dia os caminhes chegam ao povoado para levar e trazer os trabalha
dores), cana-de-aucar, eucalipto para a Acesita, pecuria e na criaode porcos.
Algumas indstrias tambm se instalaram em Jacupemba. A BRASAGRO, que
uma fbrica de rao para porcos e emprega mo-de-obra local. A fbrica
de carrocerias para caminhes MAMBRINI, onde se formou o bairro So Jos
e um alambique, que conta com 20 empregados do povoado. Por ter essasqualificaes, Jacupemba passa hoje por um processo de inchao popula
cional. Isso se deve por oferecer condies de fixao residencial, um
atrativo para as populaes que se movimentam em busca de trabalho e mo
radia; e claro, pelo fcil acesso ao aglomerado.
H em Jacupemba quatro casas de comrcio, vendendo basicamente gneros
de primeira necessidade, pois pela proximidade de Linhares, impede o
surgimento de um comrcio mais sofisticado. Conta ainda com cinco barese alguns botequins sem registro. Segundo alguns moradores, o Posto de
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atendimento do BANESTES, se prepara para atuar na rea de financiamento.
Como forma de organizao social, o povoado conta com um Centro Comunitrio, que exerce um papel muito importante para a comunidade. Alm de
ser um veculo para a populao fazer suas reivindicaes, tambm a se
de do Posto de Sade, que tem uma enfermeira, que diariamente d assistn
cia aos habitantes. Trs vezes por semana uma mdica comparece ao Posto.
A Igreja quem controla a administrao do Centro Comunitrio. O agl~merado est ligado aos grandes centros atravs de um posto telefnico e
um posto dos correios. A rede escolar conta com o ensino de l e 2
Graus, a Escola Dlio Penedo teve 770 alunos matriculados em 1984. H tam
bm um curso de contabilidade em funcionamento em Jacupemba.
No tocante a infra-estrutura bsica, o problema de maior relevncia paraos moradores, so o estado das ruas. No existe pavimentao e quando
ocorre a poca de chuva, suas ruas ficam intransitveis, pois no existe
uma rede de drenagem pluvial. Jacupemba conta com uma estao de trata
mento e distribuio de gua, administrao pela SAAE, que considerada
pela comunidade, satisfatrio o fornecimento. Energia eltrica tambmatinge a maioria da populao. Um equipamento que pode ser considerado ra
ro nos aglomerados do interior, o sistema de tratamento de esgotos, fo~
mado por 3 filtros anaerbicos localizados estrategicamente em 3 pontos,
masque s atende o ncleo central. Tambm em Jacupemba, no tendo em
Nova Colatina e Bairro So Jos, h coleta de lixo diariamente.
O processo de urbanizao que vem se desenvolvendo em Jacupemba, j apr~senta consequncias demogrficas e econmicas. O aumento da populaodisponvel para o trabalho assalariado, um novo indicador social aparece:
a formao de favelas s margens da rodovia, constituda basicamente por
famlias dos trabalhadores diaristas na agricultura e pecuria. Esse
aglomerado, conhecido como Nova Colatina, por causa dos primeiros moradores procederem desse municpio, conta hoje com 144 casas, sem nenhuma infra-estrutura, das quais, 28 casas nem luz eltrica possui. Por ter umcrescimento reflexivo, natural o aumento da populao, pela atrao de
de bias-frias.
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Ih - 3.2. BARRA DO RIACHO
SITUAO: Zona Urbana Isolada
A - APRESENTAO
Aglomerado do distrito de Riacho, tinha, em 1980, 502 casas e 2.046 habltantes, nmero este atualmente reduzido para 468 e 1908, respectivamente,pois correspondia aquele, ao momento em que diversas obras da Aracruz Celulose e Florestal estavam em andamento. Situa-se no litoral, ao norte a
l8km de Santa Cruz e a 5km de Barra do Sahy, pela ES-010, 10km ao sul de
Riacho e a 25km a leste de Aracruz pela ES-257. Foi utilizada como rea
piloto para testagem da metodologia e treinamento da equipe; consequent~mente as informaes coletadas ficaram bastante pulverizadas.
B - INTRODUO
Barra do Riacho localiza-se em rea razoavelmente plana, e cercada por
plantaes de eucaliptos, o que, com a foz do Riacho, dificulta sua expanso urbana. A 3km, onde era a praia, foi construido o pier de pedraque constituiu o remanso onde foi instalada a Portocell, de embarque de
celulose semi-processada. O acesso ao porto se faz atravs de uma ferro
via que o liga diretamente fbrica da Aracruz, localizada a cerca de
4km. O povoado, outrora longingua aldeia de pescadores, pequenos propri~
trios e eventuais turistas, serviu de abrigo mo-de-obra no especiallzada (aquela qualificada foi localizada em Coqueiral, projetada e instala
da com essa finalidade) das empreiteiras, durante as obras civis de instalao da Aracruz Celulose e da Aracruz Florestal, adquirindo o carter
de acampanhamento livre, com todos os problemas sociais consequentes.
C - APRESENTAO DO STIO URBANO
Situado entre a barra e o eucaliptal, o povoado cortado pela ES-010,que constitui sua rua principal, onde esto localizados o comrcio, a es
cola de l e 2 Graus, a praa da igreja, o ponto inicial do nibus, a
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discoteca,etc. Nesta e nas paralelas imediatas, as casas so em alvena
ria, todavia sua qualidade piora medida em que se afasta, havendo mesmo
um bairro de barracos e choupanas, no lado oeste. Na sada sul, h um
bairro de aspecto abandonado, que se constitua na zona de prostituio,
hoje praticamente desativada. Apenas as ruas principais so paviment~
das, nos trechos prximos ao centro; em todas as outras a conservao precarla. A drenagem pluvial se resume ao trecho pavimentado. H ener
gia eltrica, iluminao pblica e abastecimento de gua, todavia muitas
famlias se abastecem de poos, provavelmente contaminados, pois no htampouco sistema de esgotos. O lixo recolhido uma vez por semana e
lanado perto do cemitrio, in natura e ao ar livre. H ainda posto mdi
co com atendimento 3 vezes por semana e escola de l 4 srie sendo
que os nveis mais acima so cursados em Aracruz. Os servios bancrios
so tambm realizados na sede, visto no haver agncia no povoado, assim
como as compras e servios mais especializados. H um posto telefnicoe outro de correio, de pequeno porte. O transporte coletivo feito pela
guia Branca e pela Viao Caboclo Bernardo, empresa que j teve sua sede
no povoado e que iniciou suas operaes h cerca de dez anos, quando co
meou a fbrica. H linhas para Vitria e para Aracruz, passando por
outros aglomerados.
D - PERFIL DE DIAGNSTICO
Barra do Riacho tem aspecto do que realmente : uma cidade que passou porum ciclo. Dizem ter chegado a abrigar 8 mil trabalhadores de empreitei
ras, atraindo aventureiros, comerciantes e prostitutas. A populao ain
da tem aspecto amedrontado ao relatar fatos como a tentativa de invaso
da escola, o desencaminhamento das filhas e dos filhos do local, a vidanoturna. Tudo como numa noite de pesadelos que ainda no terminou, pois
h ainda alguns trabalhadores de obras e muitos porturios, que ficam a
vagar enquanto aguardam a chegada dos navios, e para os quais est sendo
construdo um alojamento pelo sindicato martimo.
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A atividade mais perene a pesca, realizada de maneira no artesanal,
utilizando barcos pequenos pertencentes a pequenos armadores. So cerca
de 200 empregados na pesca e reparos de barcos, com uma produo de aprQ
ximadamente 1,5 toneladas por semana. As vendas so realizadas principal
mente em Vitria, de onde trazido o gelo. A atividade no tem se expa~dido, inclusive porque a barra no comporta barcos de maior porte. ACapitania dos Portos no dispe de posto no local, apenas de um fiscal.Os
empregos permanentes que foram gerados na indstria e no porto foram ocu
pados por trabalhadores originrios de fora. As mulheres no trabalham
ou o fazem como empregadas domsticas em Coqueiral ou para algumas po~cas famflias de renda maior em Barra do Riacho.
E - FUNES, GRAU DE ESPECIALIZAO E VINCULAO REDE URBANA
Verifica-se a impossibilidade de reproduo do capital no local, que ser
ve como bolso de reserva de mo-de-obra e de infra-estrutura urbana.Seu nfvel de atividades residual, dependendo do nfvel de empregos e deremunerao do complexo da Aracruz. O surgimento de novas atividades
tambm uma possibilidade remota, pois as terras pertencem tambm Ara
cruz. A nica atividade no subsistente, a pesca, dominada por grupos
restritos de capital mdio, com poucas possibilidades de expanso. Inse
re-se na rede urbana com a funo de cidade embrionria, sob influncia
de Aracruz.
Ib - 3.3. BARRA DO SAHY
Caracterizao do povoado de Barra do Sahy
Distrito de Riacho
O povoado de Barra do Sahy est localizado na faixa litornea norte doEstado do Espfrito Santo. Para se chegar ao aglomerado existe dois cami
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nhos: A Via BR 101 e a ES 257, que passa pela sede do municpio, AracruL
Essa estrada a ligao de Aracruz fbrica Aracruz Celulose. Inclusi
ve o bom estado de conservao da rodovia, que no asfaltada, se deveao interesse da inddstria, pois a estrada singra as matas homogneas de
eucalpto e a produo da matria prima escoada por ela. O outro aces
so feito pela ES 010, litornea, via Santa Cruz, onde a travessia sobre
o Rio Pirquaeau feita por balsa. A est localizada a reserva indg~na dos remanescentes dos Tupiniquins e Guaranis.
Barra do Sahy um povoado sui generis. Por ser uma antiga colnia de
pescadores, esta atividade, hoje, est colocada em segundo plano, j que
a principal ocupao dos habitantes do aglomerado oferecido pela Aracruz Celulose. Isto transformou radicalmente a atividade produtora pes
queira em trabalho nas plantaes de eucalpto. A situao de balnerio
que se proclama para o povoado, choca com a proximidade da fbrica, loca
lizada a menos de 4km do povoado (pode-se ver as chamins do complexo
industrial), pois atingido periodicamente pela descarga de agentes p~
luidores, inundando o aglomerado, no s com um forte cheiro de repolho
azedo, como tambm da presena da fumaa contendo elementos, que com a
frequncia em que a populao respira, vai perdendo aos poucos a capacldade sensitiva desse olfato.
A ampliao do permetro urbano, aumentou a rea ocupada e hoje o povoado
conta com 400 lotes na faixa litornea e j est em andamento o dimensio
namento de um conjunto habi~acional, patrocinado pela prefeitura com mais
de 240 casas, j dentro das matas de eucalipto que circundam o povoado.
A respeito da origem do povoado, as informaes foram coletadas princl
palmente com o Sr. Cleris Matos, 68 anos, antigo pescador profissional e
hoje trabalhando no departamento de guas e esgotos. Antiga colnia de
pescadores na Barra do Crrego Sahy, o loteamento do povoado se iniciouh 13 anos, atravs do atual prefeito, cujas terras eram de sua propriedade. A inteno era fazer da localidade uma rea de turismo, que pudesse
receber os funcionrios da Aracruz, os habitantes da cidade de Aracruz etambm os funcinrios da Vale do Rio Doce, que reisdem em Joo Neiva. Por
50
isso foi feito um investimento no povoado, o que no comum na maioria
deles por todo o estado. Para se ter uma idia, o sistema de transporte,
conta com vrias linhas de nibus, ligando o Bairro Coqueiral, fbricae a cidade de Aracruz, e tambm vila de Santa Cruz.
Hoje a populao de Barra do Sahy de 398 hab., sendo previsto para o
ano de 2010 um contingente de 923 hab. Por ter uma caracterstica nica
entre os povoados do estado, o de ser balnerio, Barra do Sahy conta com
158 domiclios de uso ocasional em 1985 e passar a ter no ano 2010,
273. Sua populao flutuante, gira em torno de 247 visitantes em 85 econtar com 573 em 2010.
No povoado de Barra do Sahy no h qualquer atividade agrcola, pelo sim
ples fato de no possuir reas para plantio, no entorno. Isto se deve a
total utilizao do espao para o plantio de eucalpto. Portanto a pop~lao totalmente dependente de Aracruz, at para adquirir um p de alfa
ce, como diz o Sr. Cleris. O povoado est localizado no complexo agro
de eucalpto. A atividade pesqueira, que seria o principal meio de subsistncia, conta hoje com apenas 04 barcos, num total de 20 pescadores.
Os demais trabalhadores esto ocupados na Aracruz Celulose, ou na cons
truo civil de casas de veraneio.
O comrcio varejista conta com 04 vendas de gneros de l necessidade. O
consumo superior feito em Aracruz. Ainda apresenta uma rede de restau
rantes especializados em alimentao base de frutos do mar, que funcio
nam nos fins de semana e nos perodos de veraneio. A produo matria-
-prima para esses restaurantes quase toda vinda de Barra do Riacho, co
mo atesta os informantes.
No que se refere a educao, existe apenas uma escola de l Grau, Escola
de l Grau Povoao do Sahy, que atende da l 4 srie. O nmero dematrculas caiu muito nos ltimos anos, passando de 90 em 1980, para 73matrculas em 1984. H promessa do prefeito no sentido de se viabilizar
a construo ou ampliao da escola para atender tambm at a 8 srie.
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o abastecimento de gua um dos melhroes, em termos de povoado, poisconta com uma estao de tratamento, inaugurado em 1982, num convnio en
tre a FSESP/SAAE/PMA. Nesse perodo contava com 72 ligaes e hoje j
chega a 189, o nmero de domiclios beneficiados. Energia eltrica atende todo o povoado, porm h carncia nos sistemas de esgotos e coleta de
lixo. Suas ruas no so pavimentadas e no h drenagens pluviais. Oposto de sade, conta com um mdico, que atende uma vez por semana, sendo
necessrio se dirigir a Aracruz para uma emergncia. H no povoado umposto telefnico, porm no conta com posto dos correios.
Da anlise concluiu-se que Barra do Sahy no se insere na Rede Urbana do
Esprito Santo, mas pela condio de balnerio e por contar com uma bela
orla martima, com bonitas praias, uma infra-estrutura voltada para aten
der aqueles que al procuram lazer, fatalmetne o aglomerado se dimensiona
r dentro de uma rede turistca do Estado e do Pas, j que h interesse
da administrao municipal pois o restante do municpio est comprometido
com as plantaes de eucalpto.
Ib - 3.4. CRREGO D'GUA
Caracterizao do povoado de Crrego D'gua
Distrito de Guaran
O acesso ao povoado se faz
prximo Vila de Guaran.
no pavimentada, que segue
pela BR 101, at o entroncamento com a
Do trevo at o povoado so 3km de
ligando a Aracruz.
ES 124,
estrada
Ao chegar a localidade h um pequeno aclive onde desponta o stio urba
no. O casaria concentra-se ao longo da estrada, com algumas ruelas - aflu
entes. A direita de quem chega, ergue-se a imponente Igreja de So Jos,
smbolo de um passado de riqueza e prosperidade. A igreja est localiza
da no adro, caracterstico de muitas cidades em que a igreja exercia gra~de influncia na comunidade. Como todo patrimnio do Brasil, no faltaum campo de futebol, que est atrs da igreja, e tem um gramado verdinho
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e quando no h jogo, a criao pasta solene. Nesse conjunto encontram-
-se, ainda um campo de bocha, a parada de coletivos e o comrcio local.
Trs riachos cortam o povoado: Crrego D'gua, Crrego Santo Antnio e
Crrego Cuiabano. As fazendas que circundam o povoado, apresentam culturas de caf, cana e, em dimenses maiores a criao de gado, que transfor
maram a paisagem frtil, em imensas pastagens. Crrego D'gua servidopor uma nica linha de nibus, que faz o trajeto Guaran x Aracruz viaES 124, com um horrio dirio.
A populao do patrimnio est muito dispersa, a impresso que se tem, de uma cidade fantasma, j que todo mundo, inclusive as crianas, traba
lham o dia inteiro nas fazendas. Nos ltimos 5 anos o crescimento da
populao foi negativo, j que em 1980 o povoado contava com 200 habitan
tes e em 84 no passa de 165. Dentro desse quadro, a projeo popul~
o, diminuiu ainda mais, passando a contar com 132 habitantes no ano
de 2010, conformando uma participao insignificante na distribuio pe~centual na populao total do municfpio.
As informaes sobre a origem do patrimnio foram narradas durante uma
conversa, na nica venda do povoado, com o Sr. Joo Franchiotti, 64 anos,
nascido no local, trabalhador do campo e hoje aposentado pelo FUNRURAL.
Segundo ele, o movimento provocado pelos madereiros, que chegaram para
a extrao a madeira, foi o principal motivo do nascimento do aglomer~
do. A medida que desmatavam, comearam a surgir as primeiras plantes
de caf, e os agricultores, ento, se fixavam na reglao. Nesse perodo,
surgiram os primeiros meeiros, que formaram o ncleo urbano. O povoado
progredeiu, chegando a contar com 7 casas de comrcio de secos e molha
dos. Tambm se instalou uma carvoaria no entorno, gerando um contingentede trabalhadores que iam ao povoado gastar o dinheiro, movimentando os
fins de semana de Crrego D'gua. Com a erradicao do caf e o fechamento da carvoaria, o processo se inverteu e o povoado deu pr trs. Os
pequenos proprietrios venderam suas terras e juntamente com os meeirosforam embora, para o Par, Paran e Rondnia. Hoje a situao do povoado
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a seguinte: predominncia de grandes proprietrios no seu entorno, que
empregam toda populao economicamente ativa, inclusive as crianas, nas
culturas de caf e cana-de-acar; e na pecuria, predominando o sistema
de diaristas. Crrego D'gua se insere nos complexos pecurios e de eu
calpto. Esse quadro compromete por demais o meio-ambiente e proporcionaum processo destrutivo, para a sobrevivncia vital.
Sua conformao urbana e infra-estrutura so bastantes precrias. Aenergia eltrica abastece o aglomerado, sem contudo, proporcionar algo
mais do que a iluminao. Somente 26 casas contam com gua encanada. Utilizam fossa negra, pois no h qualquer sistema de coleta de esgoto, e
nem to popuco de lixo; este o jogado nos fundos dos quintais ou na
beirada dos crregos. A Escola Singular Alcidlia Cardoso, a nica do
povoado, e atende de l 4 srie do l Grau, e em 1984 obteve 31 matr
culas, contra 44 em 1980. O posto de sade est fechado e qualquer emer
gncia direcionada para a sede do municpio. No conta com posto tele
fnico, nem correios.
O crescimento negativo detectado em relao a populao chega a consti
tuir um indicativo, dos motivos de no insero do povoado na Rede Urbana
do Esprito Santo. Caracterizando, assim apenas uma funo pequena de
produo, no complexo agropecurio da regio, notadamente caf, eucal~
to, cana e pecuria.
Nessas pequenas comunidades nota-se um descanso das foras polticas e ad
ministrativas do municpio, em relao ao dinamizadora em outras reas
de interesses oficiais. As reivindicaes relatas por seu Joo, no so
diferentes de outras localidades do estado.
Ib - 4.
Ib.- 4.1. POVOADO~ CAVALINHO
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MUNICPIO DE IBIRAU
Situado s margens da rodovia 259, que liga Vitria ao municpio de Cola
tina, no sentido norte do estado, cavalinho encontra-se encravado no meio
de algumas elevaes montanhosas de mdio porte, e que em suas bases
conforma um vale que cortado pela estrada de ferro da CVRD, a qual di
vide o aglomerado em duas partes. O clima tpico da regio mediana en
tre a capital e o extremo norte do estado, o que significa uma temperatu
ra que varia de semi-temperado para quente-mido, no decorrer do ano.
A Histria da localidade comeou no final do sculo passado, com o proce~so de imigrao italiana, em que os migrantes adquiriam pequenas glebasde terras com o intuito de cultiv-las.
Desta forma, a cultura do caf, cedo implantada na regio, fez com que a
localidade prosperasse economicamente, atraindo e constituindo um comr
cio prspero e uma rede de servios e infra-estrutura bsica muito bem
estruturada at meados da dcada de 60; como exemplo do que existia at
ento vale citar: indstria de mveis, posto do correio, padaria, restau
rante e hotel, farmcia, aougue, consultrio mdico e odontolgico, e~
tao ferroviria, correspondente bancrio (Banco do Brasil), grupo esco
lar (hoje escola singular), indstria de madeira e pila de arroz e caf.
Alm do destaque econmico, Cavalinho exerceu influncias na poltica do
estado, representado por um integrante da famlia Del'Caro, que exerceu
mandato de senador da repblica no perodo auge da localidade.
Mas, por si s, nem o caf nem a influncia poltica foram suficiente p~
ra assegurar um processo consolidado de desenvolvimento, e o que ocorreu
com o processo de erradicao dos cafezais, em meados da dcada de 60,
foi o incio do processo de regresso, desaparecendo uma srie deos e o fechamento de lojas comerciais.
55
servi
Outro fator inibidor do crescimento de Cavalinho o cercamento do stio
urbano, promovido por algumas famlias que so proprietrios de estabele
cimentos rurais (ex: Del'Caro, Favarato, Sfalsin e Castiglioni) que fazemfronteira com a rea do aglomerado, e que no aceitam promover novos lo
teamentos, sendo comum ouvir-se comentrios que estas famlias tm maior
interesse em fazer de Cavalinho uma extenso dos seus pastos.
As linhas de ferro da CVRD se, para algumas localidades do estado, promQ
veu desenvolvimento, em Cavalinho no pode-se dizer que isto ocorreu, pois
na poca em que mudaram de Joo Neiva para Piraqueau as linhas de trem,
o efeito em Cavalinho foi que o novo traado separou o bairro Vila Nova
do centro de aglomerado, impedindo, concretamente, que uma grande rea
intermediria se conurbasse. Em 1973, com a duplicao das linhas, a
CVRD fechou a rea, obrigando a se fazer o trnsito entre o bairro e o
centro, atravs de uma grande volta, com retorno at o asfalto, o que
prejudica em muito a comunicao entre ambos.
Atravs desta srie de fatores que influenciaram negativamente no cresci
mento da localidade, constatou-se que a populao vem decrescendo, to
mando-se como exemplo os ltimos cinco anos, onde, em 1980 existiam 98 do
miclios (482 residentes) e passou para 78 em 1985 (384 residentes).
comum ver-se casares abandonados com a populao esto centradas na
pecuria mista, caf (pequena incidncia) e nas empreiteiras da CVRD.
O processo de trabalho nas atividades agrcolas atravs de
temporrios e no mais de parceria.
contratos
O comrcio local supre as necessidades por gneros bsicos sendo que aaquisio de outras mercadorias complementares realizada em Joo Neiva.
56
A infra e a superestrutura local apresentam as seguintes caractersticas:
- Rede Escolar: Escola unidoscente de Cavalinho, atende de l 4 srie~e a complementao, quando ocorre em Joo Neiva.
- Rede Bancria: Atendimento em Joo Neiva.
- Rede Hospitalar: Existe um posto mdico que atende regularmente e orestante dos servios em Joo Neiva.
- Comunicao: S rdio e televiso.
- gua: No centro a distribuio feita por encanamento, com algum tratamento, e em Vila Nova a gua de nascente, sem tratamento.
- Esgotos: Algumas casas possuem rede de esgoto ou ento fossa, por isto,esta modalidade de servio no apresenta grandes problemas.
- Coleta de Lixo: O destino dado de forma individual.
Drenagem e Pavimentao de Ruas: Estes servios encontram-se centrados
na rua principal, sendo que nas outras ruas no existe nada.
- Transportes Coletivos: Grande frequncia, principalmente os nibus quecirculam pela BR 259.
- Energia Eltrica: Bom atendimento.
A ordem econmica e estrutural relacionadas, apontam para um processo deestagnao do aglomerado, pois, sua populao, que j no encontra meios
de vnculos com a localidade, tem procurado migrar para outras reas onde
possa reencontrar as condies anteriormen~ existentes em Cavalinho.
Ib - 4.2. POVOADO
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